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    PortugalPortugalortugal PortugalC o n h e c i m e n t o G e o g r f i c o e C o n f i g u r a e s

    E M V S P E R A S D AS

    I N V A S E S F R A N C E S A S

    1 9 32 - 2 0 07

    a s e rv ir P o rtugal

    E X P O S I OC o m e m o r a t i v a

    I N S T I T U T OG EO GR F I C ODO EXRCITO

    75. Aniversrio

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    P O R T U G A Lem vsperas das invases francesas

    CONHECIMENTO GEOGRFICO&CONFIGURAES

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    Realizao e OrganizaoCentro de Estudos Geogrficos da Universidade de LisboaDireco de Infra-Estruturas do ExrcitoInstituto Geogrfico do Exrcito

    Coordenao CientficaMaria Helena Dias

    Comissariado Cientfico da ExposioCentro de Estudos Geogrficos da Universidade de LisboaDireco de Infra-Estruturas do ExrcitoInstituto Geogrfico do Exrcito

    Seleco e Descrio dos DocumentosMaria Helena Dias (CEG)

    Tratamento DocumentalSandra Fernandes (CEG)

    EdioInstituto Geogrfico do Exrcito

    Concepo e DesignGood Dog Design Comunicao e Publicidade

    ImpressoGrafivedras

    ISBN978-989-21-0086-9

    Depsito Legal????????????????????

    CATLOGO

    P O R T U G A Lem vsperas das invases francesasCONHECIMENTO GEOGRFICO & CONFIGURAES

    EXPOSIO

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    N

    o ltimo dia de Novembro de 1807, quandoJunot entrou em Lisboa acompanhado da van-guarda do exrcito francs, acabava de se fazerao mar a frota que levaria a Famlia Real para oseu longo exlio no Brasil. Comeava ento umperodo difcil para os portugueses, que nestaaltura no ultrapassariam os 2 800 000, ou seja,

    quase um quarto da populao actual.

    Com a Famlia Real embarcara tambm grande par-te do nosso mais valioso esplio cartogrfico, que garantia oconhecimento necessrio para a defesa do pas. Tentava-se p-loa salvo dos olhares inimigos, bem como dos saques, que se vieraminfelizmente a concretizar. Mas os franceses encontraram aqui dis-ponveis, mesmo assim, muitas informaes de que se serviram eque faziam tambm chegar a Paris. Em Portugal trabalhavam des-de h muito inmeros engenheiros estrangeiros, entre eles fran-ceses, como era o caso do marqus de Rozire, que teve funes

    importantes na direco do Estado-Maior do Exrcito do Minho eTrs-os-Montes (1801) e na Inspeco-Geral das Fronteiras e Cos-tas Martimas do Reino (1802-1804), ou ainda o de August du Fay,mercenrio que fazia parte do corpo do seu comando e que diri-gira os trabalhos desta Inspeco na regio entre os rios Douro eTejo. Estes foram alguns dos que passaram para as mos dos enge-nheiros franceses os reconhecimentos e levantamentos cartogrfi-cos que dirigiram, efectuaram ou tinham na sua posse. Desse ma-nancial de informao, j existente ou preparada durante os anosda ocupao francesa e do domnio ingls, uma parte, provavel-mente pequena, encontra-se hoje em arquivos estrangeiros, no-

    meadamente em Frana. Da maioria, dificilmente teremos algumdia uma ideia, mesmo que aproximada. A taxa de mortalidade danossa documentao foi tambm muito elevada nessa poca.

    Na altura da sada da Famlia Real, os oficiais doReal Arquivo Militar, que havia sido criado cinco anos antes, fo-ram intimados a entregar todas a memrias manuscritas e cartasa existentes, por ordem do Ministro e Secretrio da Guerra.Ficariam apenas os livros impressos e alguns documentos semprstimo. Mas, no gabinete do referido Ministro, o Arquivo acaboupor recuperar, entre os despojos, algumas cartas e memrias; en-

    tretanto, mandaram-se aqui copiar documentos que estavam nasmos de particulares, na tentativa de assim recompor a informa-o necessria. E, em Setembro de 1808, logo aps o embarque deJunot e do exrcito francs, dava-se j conta da existncia de uma

    vintena de memrias e de oito dezenas de mapas ou plantas, paraalm dos livros impressos e de cartas de pases estrangeiros ou,ainda, de instrumentos1.

    Mas Vincent, comandante do corpo de engenheirosdo exrcito francs, tinha exigido que os oficiais do Arquivo Militarlhe fornecessem um inventrio dos documentos existentes, bemcomo um relatrio da situao do corpo portugus homlogo. Edo pouco que a comeava a existir retirava ainda algumas cartas.Entre esses documentos contavam-se as sondagens da barra deLisboa e a carta das suas margens, ambas da autoria de Francisco

    Antnio Ciera, ou ainda plantas do forte de Lippe ou da praa de

    Partida para o Brasil do Prncipe Regente de Portugal a 27 de Novembro

    de 1807, no cais de Belm com a Famlia Real, segundo uma gravura de

    ca. 1815 (Biblioteca Nacional de Portugal, http://purl.pt/6897/1/).

    1 Informaes fornecidas pelo coronel Eusbio Dias Azedo numa cartadirigida a D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho, datada de 22 de Setembrode 1808, acompanhada do registo do material existente no Arquivo Militar, data (Arquivo Histrico Militar, 3 Diviso, 30 Seco, Caixa 2, n 65).

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    Introduo

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e Configuraes

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    Peniche (chegando mesmo a enviar uma delas para Paris, naaltura) e um mapa de Lus Gomes de Carvalho, com as obras daabertura da barra de Aveiro. Por seu lado, ao comandante docorpo de engenheiros do exrcito britnico seriam tambm forne-cidas algumas cartas para serem copiadas, tanto por oficiais ingle-ses, no seu quartel, como por oficiais portugueses.

    Quanto ao esplio embarcado para o Brasil, ape-nas uma pequenssima parte retornou a Portugal, muito tempodepois. Bem ilustrativo foi o que aconteceu chapa de gravuraque servira para a impresso de alguns poucos exemplares dacarta geral das triangulaes de Ciera, que se encontrava guardado Arquivo Militar. Esta carta havia sido uma das poucas gravadas(1803) no Depsito da Sociedade Real Martima por Lus AndrDupuis, tendo chegado a ser traduzida pelos ingleses e editada emLondres (1805), revelia do governo portugus. Ora, essa chapafoi enviada, provavelmente depois de Setembro de 1808, para oRio de Janeiro, por ordem da Secretaria de Estado daquela Corte,

    e viria a ser encontrada em Portugal, em 1826, na posse do biblio-tecrio do Convento do Esprito Santo, Frei Joaquim Dmaso, quea adquirira na venda pblica dos bens do conde de Galveias.Marino Miguel Franzini, durante muitos anos responsvel pelostrabalhos do Arquivo Militar, intercedeu ento junto do governopara que ela retornasse ao local de onde partira, o que parece teracontecido. Mas que destino ter tido depois?

    No fcil, portanto, tentar hoje reconstituir o queseria o conhecimento geogrfico que Portugal detinha do seuterritrio (bem como das suas vrias colnias espalhadas pelo

    Mundo) nas vsperas da 1. Invaso Francesa, pois isso pressupu-nha uma ideia clara da informao que foi sujeita a todas estas

    vicissitudes. A nossa leitura indirecta e muito provisria desseconhecimento teve de ser feita a partir do pouco que actualmentese sabe. Apesar disso, as cartas aqui mostradas tanto feitas porportugueses como por estrangeiros ao servio de Portugal ou cominteresses no nosso pas do-nos alguns testemunhos para a His-tria da Cartografia, numa poca de profundas transformaes.

    Ao percorrermos as peas desta exposio somosconduzidos a viajar por todo o territrio continental, detendo-nos

    embora nalguns aspectos particulares as regies portuguesas, eem especial a de Lisboa, a fronteira terrestre ou a sua extensacosta , fulcrais para a defesa militar desta poca. Mas nesta via-gem somos tambm levados a compreender este importante mo-mento de viragem da Cartografia nacional e europeia: ao lado defiguraes modernas e mais rigorosas coexistem outras que, sefossem mudas, poderamos bem dizer terem sido delineadas um

    ou mais sculos antes. Provavelmente sero estas ltimas quemais chamaro a ateno dos visitantes, pela sua singularidade epela beleza das ornamentaes.

    A defesa de Portugal era, nesta poca, e para mui-tos, sobretudo a defesa da sua capital. Com uma posio centralno territrio, mas ao mesmo tempo excntrica, a tomada deLisboa garantiria, nessa perspectiva, tambm o domnio do vastoimprio portugus. Segundo defendia o marqus de Alorna (1810),a influncia de Lisboa sobre o pas era talvez maior do que a deoutras capitais: com cerca de 230 000 habitantes, ou seja, mais de

    8 % da populao continental portuguesa, esta cidade tornara-sedemasiado grande pela continuidade das suas relaes com os

    vastos e ricos espaos ultramarinos. Sem querermos discutir aquias diferentes concepes sobre a defesa do territrio nesta poca,todos concordaremos ter sido fulcral o conhecimento geogrficoe a representao cartogrfica do pas para o desenrolar dosacontecimentos.

    MARIA HELENA DIAS

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    Imagens Gerais do Territrio&

    Perspectivas Regionais

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    ROBERT DE VAUGONDY, Didier, 1723-1786

    Carte des royaumes d'Espagne et de Portugal : diviss par provinces / par le S.Robert de Vaugondy

    Escala [ca. 1:2 000 000], 120 mille pas gometriques ou milles d'Italie[60 ao grau] = [9,8 cm]

    A Paris : chez le S.r Delamarche, 1780

    1 mapa : color. ; 51 x 71 cm

    4503-3-41-56 (DIE)

    Os dois pases ibricos conhe-ceriamnos primeiros anos dosculo XIX graves pertur-

    baes polticas e sociais, de-correntes daquela que ficouconhecida como a GuerraPeninsular (1807-1814). Oraaliados, ora rivais, Portugal eEspanha tm um passado emmuitos aspectos comum.

    Esta imagem da PennsulaIbrica o testemunho daCartografia comercial da

    poca. Ela devida a Robertde Vaugondy, filho de umoutro cartgrafo com o mes-mo apelido mas que geral-mente assinava os seus traba-lhos apenas por Robert, am-bos produtores e editores demapas e atlas. O Atlas Uni-

    versal (Paris, 1757), realizadoem conjunto por pai e filho, uma obra exemplar da

    Cartografia setecentista fran-cesa, integrando fontes anti-gas com observaes moder-nas, provenientes dos novoslevantamentos que tinhamlugar nesta poca.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e Configuraes

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    Imagens Gerais do Territrio & Perspectivas Regionais

    JEFFERYS, Thomas, 1710?-1771

    Mappa ou carta geographica dos reinos de Portugal e

    Algarve / por T. Jefferys, geographo de Sua MagestadeBritannica

    Second edition

    Escala [ca. 1:440 000], 10 legoas commuas de Portugal ed'Espanha, 19. hum grao = [13,4 cm]

    Londres : published by W.m Faden, 1790 ([Lisboa] : MiguelRodrigues)

    1 mapa : color. ; 170 x 93 cm

    4067/I-2A-29-41 (DIE)

    Publicado em Londres, este mapa de Thomas Jefferys era, para alm de muitoconhecido poca, tambm muito utilizado em Portugal, onde esta versoparece ter sido impressa. Tendo Jefferys falecido em 1771, o seu filho, com o

    mesmo nome, associava-se pouco depois a William Faden, que, mesmo aps adissoluo da sociedade (1773-1776), continuava a editar os velhos mapas dopai. A 1. edio publicara-se em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos, alturaem que o negcio de Jefferys ganharia um enorme impulso.

    Com uma belssima cartela lembrando a expulso dos Jesutas, esta imagemtestemunha a importncia e o sucesso de um dos gravadores e editores demapas ingleses mais importantes do sculo XVIII. Tendo por base este mapa,outros foram certamente construdos em Portugal.

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    EA, Loureno Homem da Cunha de, 1767?-1833

    [Carta militar das principais estradas de Portugal / Loureno Homem daCunha de Ea]

    Escala [ca. 1:470 000]

    [1801-1808]

    1 mapa : ms., color. ; 75 x 137 cm

    4083/III-2A-29-41 (DIE)

    Este documento manuscrito daautoria do oficial Loureno Ho-mem, como vulgarmente co-

    nhecido, foi publicado a preto ebranco em 1808. Como muitosoutros redigidos neste perodopelos portugueses, ele baseia-seno mapa do espanhol TomsLpez, amplamente vulgarizadomas com inmeras imprecises,como alis os engenheiros de en-to se queixavam. Sobre esse fun-do, o autor delineou a sua cartaitinerria, marcando ao lado das

    estradas mais importantes o tem-po de percurso em lguas e emhoras de marcha a p.

    Sobre a verso impressa, diria oento coronel Eusbio Dias Azedo,na altura empregado no ArquivoMilitar e que mais tarde seria co-mandante do Real Corpo de Enge-nheiros, a D. Miguel Pereira ForjazCoutinho, em carta datada de 22

    de Setembro de 1808, que este erao mapa que o coronel engenheiro

    Vincent [engenheiro francs que,em 1807, acompanhou Junot aPortugal] fez gravar de uma cpiada de Lopes na qual o redactoradoptou vontade os itinerriosque pde haver mo sem critrioalgum geogrfico que afiance asua exactido, j duvidosa peloserros conhecidos do original.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e Configuraes

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    Imagens Gerais do Territrio & Perspectivas Regionais

    VILAS BOAS, Custdio Jos Gomes de, 1771-1809

    Mappa da provincia d'Entre Douro e Minho : levantado em 1794, e 1795 de par com as indagaeseconomico-politicas : tudo para servir regulao das comarcas da mesma provincia, e outros objectosde utilidade publica / por Custodio Joz Gomes de Villasboas

    Escala [ca. 1:97 000], 2 legoas portuguezas de 18 ao gro = [12,7 cm]

    [post 1805]

    1 mapa : ms., color. ; 131 x 98 cm

    1891-2-20-29 (DIE)

    Os objectivos deste mapa do engenheiro Vilas Boas, que trabalhou na regiodo Minho e que era sobrinho do astrnomo de nome semelhante com oqual tem sido s vezes confundido, no eram exclusivamente militares,

    como se pode constatar pelo seu contedo. Conhecem-se hoje vrias cpiasmais ou menos semelhantes, algumas delas reduzidas. O original foilevantado a partir de 1794, no contexto da lei da reforma das comarcas(1790), cujos limites aparecem aqui claramente demarcados, mas aindaestaria a ser concludo dois anos depois. Um quadro estatstico anexo retrataa situao desta provncia no ano em que comearam os trabalhos. A datado documento foi atribuda com base na promoo do autor ao posto, areferido, de major (Maro de 1805).

    At aos finais do sculo XIX, altura em que so publicadas as folhas dacarta 1:100 000 que haviam comeado sob a direco de Filipe Folque,

    nenhum outro mapa o viria a substituir, em qualidade e rigor.

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    CARTA GEOGRFICA DA PROVNCIA DE TRS-OS-MONTES

    Carta geographica da provincia de Tras-os-Montes

    Escala [ca. 1:396 000], 4 leguas [19 ao grau] = [5,9 cm]

    [179-?]

    1 mapa : ms., color. ; 98 x 125 cm

    3587-3-33-45 (DIE)

    De autor desconhecido, este mapa poderiater sido eventualmente levantado por JosJoaquim de Freitas Coelho (fl. 1797-1806),

    que foi demarcante da provncia de Trs--os-Montes mas do qual pouco se sabe.Escritas por ele, subsistem duas memriassobre a defesa desta regio (1801), queforam levadas para Frana, mas a que hojej faltam os mapas correspondentes. Tam-bm Lus Gomes de Carvalho foi aquichamado a efectuar levantamentos carto-grficos em 1797 e 1800-1801. Na memriaque acompanha a carta topogrfica dafronteira entre o rio Douro e o Sabor (1797),

    Gomes de Carvalho relatava as dificulda-des experimentadas durante os levanta-mentos, por no dispor de instrumentosadequados (tendo chegado a medir asbases para o esqueleto que suportaria acarta com a ajuda de um simples cordel),e os erros das cartas que ele e a sua equipalevavam e que impediam que para elas setentassem transferir os objectos, dado queas distncias respectivas eram ora duplas,ora metades, etc.. Na realidade, a repre-

    sentao rigorosa de Trs-os-Montes, comotambm a do Algarve, parece ter sido maistardiamente conseguida.

    Uma carta semelhante, embora reduzida,contendo a indicao de ter sido extradapara uso do Quartel do tenente-generalBernardim Freire de Andrade e Castro,comandante do Exrcito do Norte, leva--nos tambm a datar o documento aquiobservado dos finais do sculo XVIII.

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    LPEZ, Toms, 1730-1802

    Mapa de la provincia de Beira / construido segun las masmodernas memorias por Thoms Lopez, pensionista de S. M.

    Escala [ca. 1:635 000], 6 leguas de 17 al grado = [6,0 cm]

    Madrid : [Toms Lpez], 1762

    1 mapa : p&b, traados color. ; 37 x 31 cm

    3927-2-20-29 (DIE)

    Tendo estagiado em Paris nos anos 50 do sculo XVIII, o espa-nhol Toms Lpez acabaria por se estabelecer depois comocartgrafo, em Madrid, e seguir as pisadas dos mestres que o

    haviam ensinado. Apesar da vasta obra que executou, ele foisobretudo um compilador de informao ou gegrafo de ga-binete, no um homem de campo. Os seus numerosos mapasso pouco precisos mas muito comercializados.

    Toms Lpez havia idealizado um atlas de Portugal, publicandoseis mapas regionais, entre os quais este da Beira, e um mapade conjunto, pois em nota, neste ltimo, deixou referido: Estemapa general, con las seis provincias separadas, donde pormenor se expresan los pueblos de Portugal forman el atlascompleto de este reyno. Todos eles foram certamente impres-

    sos para satisfazer um pblico interessado em acompanhar acampanha militar de 1762 na Pennsula, quando as foras an-glo-lusas, comandadas pelo conde de Lippe, se bateram, j nofinal da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), contra os espanhis,aliados aos franceses.

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    ALINCOURT, Lus de, fl. 1762-1766

    Carte militaire de la province de Beira : divise en haute et basse / leve par ordrede S. A. Monseigneur le comte regnant de Schaumbourg Lippe, marechal g.al des

    arme de S. M. T. F. par Louis de Alincourt ; copier von der [?]

    Escala [ca. 1:200 000]

    [1762-1764]

    1 mapa : ms., color. ; 86 x 80 cm

    1864-2-20-29 (DIE)

    Adornado com bonitas cartelas, que entre outros motivosretratam os instrumentos utilizados pelos engenheiros dapoca nos seus levantamentos, e com um desenho exube-

    rante, to caracterstico dos mapas dos irmos francesesAlincourt, esta representao militar destaca as movimen-taes ocorridas nesta regio no quadro da Guerra dos Se-te Anos. Para alm dos aspectos militares, ele a expressodo conhecimento geogrfico da Beira Interior, poca. Daque a rea da Serra da Estrela, menos conhecida e de todifcil representao, esteja vazia.

    Do autor desta carta, conhecem-se tambm levantamentosem colaborao com o seu irmo Francisco. Mas traba-lharam em Portugal outros militares com o mesmo nome,

    nem sempre sendo fcil destrin-los. Um, provavelmenteseu filho, trabalhou na Ria de Aveiro (1758-1760), comoajudante engenheiro. O terceiro Lus de Alincourt, talvezfilho do anterior, nasceu j em Portugal (1767-post 1836).Mas h ainda um outro que viveu no Brasil, nascido 20anos depois deste, e que morreu na provncia do EspritoSanto (1839).

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e Configuraes

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    PORTUGAL. Arquivo MIlitar, 1802-1868

    Carta topografica da provincia da Extremadura :comprehendida entre o Occeano e os rios Tejo,Mondego e Zezere : redigida sobre as melhorescartas particulares existentes no R.l Arch. Mil.ar,ajustadas triangulao dos pontos geodesicos dacarta geral do reino / R.l Arch. Mil.ar

    Escala [ca. 1:250 000]

    1829

    1 mapa : ms., color. ; 92 x 56 cm

    1896-2-20-29 (DIE)

    Entre as regies histricas portuguesas, a Estremadura talvez a demais difcil definio e a menos consensual em termos da sua deli-mitao, ora estendendo-se para Sul ao longo da costa alentejana,

    ora para Norte, ou ainda restringindo-se apenas s pennsulas deLisboa e Setbal.

    Embora tardio, este mapa o resultado de compilaes efectuadasno Arquivo Militar, a partir de levantamentos parciais a existentesfeitos em datas e condies diferentes, muito provavelmente sob aorientao de Marino Miguel Franzini. Por isso, retrata bem as lacu-nas do conhecimento poca, pelos espaos vazios que deixa emcertas reas. Sabe-se que as compilaes projectadas por Franzini,que durante muitos anos dirigiu os trabalhos do Arquivo Militar,com vista obteno de cartas gerais e por regies, se iniciaram

    muito cedo, j na primeira dcada de Oitocentos. Elas acabariam,mais tarde, por motivar uma forte polmica com Filipe Folque,quando Franzini, ao apoiar os levantamentos de Charles Bonnet nosul do pas nos anos 40, lhe cedeu um esboo da sua carta geogr-fica de Portugal para que fosse corrigida e acrescentada no terreno.

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    LPEZ, Toms, 1730-1802

    Mapa de la provincia de Alentejo /construido segun las mas modernas

    memorias por Thoms Lopez,pensionista de S. M.

    Escala [ca. 1:635 000], 7 leguas de 17 al grado = [7,0 cm]

    Madrid : [Toms Lpez], 1762

    1 mapa : p&b, traados color. ; 39 x 29 cm

    4184-1-4-7 (DIE)

    Este mapa, tal como o da Beira do mesmo autor edata ou os referentes s restantes regies portu-guesas, nada acrescenta de relevante, do ponto de

    vista dos conhecimentos geogrficos, a outrosmuito anteriores, nacionais ou estrangeiros: algunslugares reportados com as suas designaes, vrioscursos de gua e uma informao muito pobresobre o relevo, figurado por pequenos montes emperspectiva ficticiamente disseminados, consti-tuem os aspectos mais importantes. Mas estes eramos mapas que a generalidade do pblico tinha sua disposio e podia adquirir; reservadas ao se-gredo militar estavam as novas imagens que se iamentretanto levantando e construindo, segundo

    tcnicas mais apuradas.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e Configuraes

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    Imagens Gerais do Territrio & Perspectivas Regionais

    MAPA DO REINO DO ALGARVE

    Mapa do reino do Algarve / por J. M. R.

    Escala [ca. 1:240 000], 5 legoas [19 ao grau] = [12,2 cm]1837

    1 mapa : ms., color. ; 48 x 68 cm

    530-1-3-5 (DIE)

    Este documento prova comoainda nos anos 30 do sculoXIX se continuavam a esbo-

    ar mapas arcaicos, emborahoje nos paream, pela suaoriginalidade e colorido,muito atractivos. Apesar dasiniciais do nome do seu au-tor no permitirem decifr--lo, pode ter sido preparadoa partir de algum mapa ante-rior, pois at as longitudes pa-recem ser ainda referidas ilha de Ferro. Mesmo as ima-

    gens de conjunto do Algarvedevidas ao engenheiro SandeVasconcelos, que trabalhounesta regio a partir de 1770,no parecem ser substan-cialmente melhores ou maisexactas. S em 1825, quandoManuel de Sousa Ramos co-mandava o Real Corpo deEngenheiros, se ordenariaque os oficiais deste Corpo

    levantassem um mapa geraldo Algarve, mais exacto.

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    A Costa e a Fronteira:Conhecimento & Defesa

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    CIERA, Francisco Antnio, 1763-1814Carta esferoidica dos pontos mais notaveis da costa de Portugal, e dos triangulos que serviro

    para a determinao das differenas em latitude, e longitude, a respeito do Observatorio daAcademia Real das Sciencias, em 1799 / por F. A. Ciera ; copiada no Real Archivo Militar em

    Dezembro de 1826 por Jos Lucas Cordeiro, tenente do Real Exercito portuguez

    Escala [ca. 1:880 000]

    1826

    1 mapa : ms., p&b ; 62 x 47 cm

    4100-2A-24A-111 (DIE)

    Em 1790 o governo portugus entregava a Ciera a responsabilidade deexecutar a triangulao geral de Portugal, com vista elaborao da cartageral do reino, na sequncia de idntico movimento surgido inicialmente

    em Frana e estendido depois a outros pases europeus. s suas ordens tra-balharam, desde o incio, os oficiais do Real Corpo de Engenheiros CarlosFrederico Bernardo de Caula e Pedro Folque, a quem depois se juntariamoutros. Entretanto, foi determinada a posio exacta de alguns pontosnotveis da costa portuguesa, trabalho em que participaria tambm Caula,e, em 1799, Ciera apresentava na Sociedade Real Martima uma exposiodas suas observaes e dos resultados alcanados, memria que foi levadapara o Brasil aquando das Invases Francesas. Este mapa uma cpiaposterior daquele que deve ter sido apresentado na altura e cujo paradeiroactual se desconhece. Sobre um fundo idntico ao mapa de Portugal(datado de 1788) que o espanhol Vicente Tofio inclura no seu inovador

    Atlas de Espaa, detalhada, em quadro anexo, a posio de trs dezenasde pontos, desde Caminha at Faro.

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    FRANZINI, Marino Miguel, 1779-1861

    Carta reduzida da costa de Portugal desde Cabo Silleiro ath barra de Huelba : ajustada s observaens astronomicas etrigonometricas executadas em diferentes epocas no sobreditoreino = Chart of the coast of Portugal from Cape Silleiro to

    Huelba Bar : constructed from astronomical and trigonomicalobservations made at different periods in that kingdom /construida pelo major do Real Corpo de Engenheiros, MarinoMiguel Franzini ; engraved under the direction of A. Arrowsmith

    Escala [ca. 1:560 000]

    London : published under the direction of A. Arrowsmith, 1811

    1 mapa em 2 folhas : p&b ; 65 x 79 cm cada folha

    4099/I-2A-24A-111 (DIE) - folha sul

    4099/III-2A-24A-111 (DIE) - folha norte

    Tendo passado da Marinha para o Real Corpo de Engenheiros, em 1803, com o fimde colaborar na carta geral do reino dirigida por Ciera, Marino Miguel Franzini, filhodo astrnomo italiano Miguel Franzini que fora contratado pelo governo portugus,

    destacar-se-ia no s pelos seus trabalhos cartogrficos como, mais tarde, pelas suasactividades de cientista e poltico. Depois daquela data, trabalharia no Arquivo Mili-tar, inicialmente como copista, pois assim ironicamente se referia s suas activida-des, certamente por ambicionar j outras responsabilidades. Para a realizao destacarta contou com o apoio do almirante ingls Berkeley, comandante em chefe dasforas navais ao servio de Portugal, tendo recebido os maiores elogios de ingleses,espanhis e franceses. Ele prprio deixou relatadas as despesas que fez para conse-guir que o melhor artista de Londres, Arrowsmith, executasse a gravura da carta,com a perfeio que merecia ou exigia. Ao proteger este trabalho de Franzini, ogoverno portugus pagou uma espcie de dvida, que tinha contrado, quandonegou a D. V. Tofio a permisso de fazer no seu territrio as mesmas observaes

    que praticou para levantar as cartas das costas de Espanha, por cuja razo ficaramas de Portugal por muitos anos depois no bem conhecidas, assim se exprimiria, arespeito desta carta hidrogrfica, o espanhol Mendonza Rios no InvestigadorPortugus(1813).

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    FRANZINI, Marino Miguel, 1779-1861Carta geral que comprehende os planos das principaes barras da costa de

    Portugal : aqual se refere a carta reduzida da mesma costa / construida por MarinoMiguel Franzini major do Real Corpo de Engenheiros em 1811 ; engraved under

    the direction of A. Arrowsmith

    Escala [ca. 1:29 000-1:150 000]

    London : published under the direction of A. Arrowsmith, 1811

    1 mapa : p&b ; 61 x 77 cm

    4098/I-2A-24A-111 (DIE)

    Este conjunto de 10 aspectosparcelares da costa portu-guesa, que acompanhava a

    carta hidrogrfica geral (1811)e o roteiro (1812), o resul-tado dos trabalhos efectua-dos por Franzini quando es-teve empregado no ArquivoMilitar, trabalhos que pas-saria depois a dirigir. Desdelogo, a reuniu e comparouas cartas existentes com asoperaes geodsicas execu-tadas sob a direco de Cie-

    ra, com vista redaco deuma grande carta geral e ain-da de outras por provncias.E para que adiantasse essetrabalho, o Rei, ento noBrasil, ordenava que lhe fos-sem remetidas todas as cartassobre Portugal que para oReal Arquivo do Rio deJaneiro haviam sido levadasem 1807. Estando j muito

    adiantado o projecto, o autorrefere em 1812 que, animadopor este patrocnio, projec-tou construir a carta marti-ma da costa de Portugal deque absolutamente se care-cia para a segurana da na-

    vegao nacional e estran-geira (no existindo nestegnero mais do que a er-radssima carta de Tofio).

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    NUSSANE, Jos Champallimaud de, fl. 1762-1796Planta topografica da praa de Valena do Minho : na qual se vem osprojectos, as obras, que indispensavelmente preciz / levantada,projectada, e riscada, por ordem de Sua Magestade, pello capp.amengenheiro Joze Champalimaud de Nussane em 12 de Abril [de] 1777

    Escala [ca. 1:3200], 125 brasas = [8,6 cm]

    1777

    1 planta : ms., color. ; 61 x 71 cm

    2791-2A-25A-36 (DIE)

    Nussane, oficial francs que veio paraPortugal em 1762, trabalhou durante maisde 30 anos sobretudo no Norte do Pas, em

    particular no Minho, onde efectuou vrioslevantamentos de praas e fortes, nomea-damente em Valena, Viana do Castelo,Pvoa do Varzim, Porto e Vila Ch. tambm o autor de uma pequena mem-ria manuscrita sobre a defesa da costaportuguesa (1793).

    Da planta de Valena, conhecem-se outrasverses assinadas por Nussane, incluindouma elaborada 10 anos antes, com

    diferenas assinalveis, fruto dos trabalhosde restaurao da praa. Vrios perfisacompanhavam a carta aqui mostrada, aque remetem os nmeros nela indicados,justificativos de obras executadas ou ne-cessrias.

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    OUDINOT, Reinaldo, 1747?-1807

    Mappa da foz do rio Douro, e das obras projectadas para a abertura, e para a

    defeza da barra, por ordem de S. Mag.de / pelo tenente coronel Raynaldo OudinotEscala [ca. 1:2300], 100 braas = [9,7 cm]

    [1790-1791]

    1 planta : ms., color. ; 49 x 71 cm

    1875-2-19A-27 (DIE)

    A trabalhar em Portugal des-de 1766, o engenheiro francsReinaldo Oudinot acabaria

    por morrer numa comissoque efectuou ilha da Ma-deira, aps quatro dcadas detrabalhos notveis. Ele foidirector das obras das barrasdo Porto e de Aveiro, entreoutras importantes comis-ses em que esteve envolvi-do, embora o seu nome te-nha ficado sobretudo ligadoaos trabalhos na foz do Dou-

    ro. Esta planta deve ter sidolevantada entre 1790, dataexpressa na posio do Cabe-delo, e 1791, atendendo suapatente de tenente-coronel(1785-1791). Documentos pos-teriores da mesma rea, hojedispersos por vrias institui-es, mostram os projectosdo farol e da edificao sobreo molhe, aqui apenas esboa-

    do, assim como a evoluodo Cabedelo sob a aco dasobras executadas.

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    PORTUGAL. Arquivo Militar, 1802-1868[Barra de Aveiro]

    Escala [ca. 1:30 000], 1. leg. [2540 braas] =[18,5 cm]

    [post 1812]

    1 mapa : ms., color. ; 95 x 58 cm

    ([Carta geral da costa de Portugal / ArquivoMilitar] ; 7. F.)

    4102/VII-2A-30A-112 (DIE)

    Nesta regio litoral, o crescimento da restinga de areia paraSul fez migrar a barra de Aveiro e acabou por impedir acomunicao da laguna interior com o mar, impondo ento

    srias alteraes ao quadro humano e s actividades econ-micas da rea. Aps sucessivas tentativas para a abertura dabarra desde meados de Setecentos, o problema s seriaresolvido no comeo do sculo seguinte. Em 1802 foi cha-mado o engenheiro francs Reinaldo Oudinot, coadjuvadopelo seu genro Lus Gomes de Carvalho, que assumiria, apsa morte do sogro, a direco dos trabalhos. E, no dia 3 de

    Abril de 1808, pelas 7 horas da noite, para se evitar a aglome-rao dos populares, a abertura da barra rompeu como umtiro de plvora () e toda a cidade ficou respirando melhorar por estas providncias ().

    Pertencendo a uma coleco de 33 folhas que cobremdetalhadamente e mesma escala toda a costa portuguesa,esta folha, que parece retomar os levantamentos de LusGomes de Carvalho, mostra a situao da barra velha em1802 (sendo, por lapso, referido o ano de 1820), quando soiniciados os trabalhos, e a sua posio poca.

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    PLANTA DE PENICHE

    Planta de Peniche

    Escala [ca. 1:8000], 1000 ps = [4,1 cm]

    [179-?]

    1 planta : ms., color. ; 61 x 45 cm

    3317-1-7-11 (DIE)

    A praa de Peniche tinha uma enorme importnciaestratgica na defesa da costa portuguesa e at na dacapital, por constituir o extremo da linha militar que,do lado do Tejo, terminava junto a Santarm. Em fren-te, a ilha Berlenga, com o seu forte, vigiava a costa eapoiava as embarcaes. O lugar de Peniche desenvol-

    via-se junto s muralhas curvas que interceptavam oistmo arenoso, retalhado entre o norte da Cidadela e asua parte de cima. Desses aspectos nos d conta estarepresentao, que no era por certo um documentode trabalho mas, muito provavelmente, uma ilustraoembelezada, extrada a partir de algum mapa relativa-mente preciso, talvez dos finais de Setecentos. A assina-tura irreconhecvel no permite afianar com seguran-

    a nem a provenincia nem a sua data.

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    EA, Loureno Homem da Cunha de, 1767?-1833

    Fortaleza de S. Joo das Berlengas / L. H. [cop.?]

    Escala [ca. 1:400], 200 palmos = [11,4 cm]

    [post 1796]

    1 planta : ms., color. ; 69 x 43 cm

    787-4-47-63 (DIE)

    Este documento, tal como acontece com outros com a assinatura deLoureno Homem, no foi provavelmente levantado mas talvez co-piado por ele j que idntica representao, com pequenas diferen-as, integra a coleco das quase seis dezenas de Plantas dos fortes efortalezas da costa do norte do reino de Portugal, oferecidas porMaximiano Jos da Serra a Lus Pinto de Sousa Coutinho, Ministro eSecretrio de Estado dos Negcios Estrangeiros e da Guerra, em1796. Neste cdice, hoje pertena do Biblioteca Pblica Municipaldo Porto, Serra refere expressamente que levantou a maior partedas plantas dos fortes para conhecimento da diligncia em que es-tou empregado, sem embargo de no me servir destes conhecimen-tos para as suas rectificaes, por estar debaixo das ordens de oficialde maior patente, a quem fiz vrias representaes. Com esta oferta

    visava dar ao seu trabalho o valor que merece e as providncias

    que as defesas martimas exigiam. Parte das suas curtas considera-es foram retomadas em 1821 numa mais ampla Memria em quese trata da defesa da barra de Lisboa e de toda a costa dos reinos dePortugal e Algarves.

    Este forte estava ento arruinado e considerava-se que no defendiaqualquer porto, servindo apenas para socorrer embarcaes quefossem perseguidas, podendo aqui fundear e ficarem abrigadas.

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834Planta de huma parte da costa do norte do reino de Portugal / [levantada por

    Maximiano Jos da Serra] em 1794 ; [copiada por?] L. Homem

    Escala [ca. 1:27 000], 28 000 palmos = [23,0 cm]

    [post 1794]

    1 mapa : ms., color. ; 31 x 60 cm

    4097/II-2A-24A-111 (DIE)

    Mais uma vez com a assinatura deLoureno Homem, como o docu-mento anterior, este mapa foi levan-tado por Serra em 1794 e por eleintegrado no conjunto de Plantasdos fortes e fortalezas da costa donorte do reino de Portugal (1796).Segundo Serra, sendo constante ogrande descuido de no haver umacarta exacta das nossas costas mar-timas, mrito de interesse pessoalda minha profisso, e de zelo, prin-cipiei a levantar a carta da costa donorte em Cabo da Roca para finali-

    zar uma poro na Torre de Belm,o que no consegui por causa demolstia, ficando levantada quasetrs lguas at Cai-guas.

    A este documento, certamenteposterior e talvez copiado por Lou-reno Homem, foi rasurada a infor-mao que decorria na sequnciado ttulo, ou que lhe havia sidoacrescentada, e que poderia estar

    relacionada com a autoria do le-vantamento.

    Como se comprova, a costa daregio prxima de Lisboa era jrazoavelmente conhecida e bemrepresentada nos finais de Sete-centos, muito por via das preocu-paes com a defesa da capital edos trabalhos de fortificao aquiefectuados.

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    FRANZINI, Marino Miguel, 1779-1861Plano hydrografico do porto de Lisboa, e costa adjacente at ao Cabo da Roca /redigido no Real Archivo Militar pelo coronel Marino Miguel Franzini ; sobre ostrabalhos geodesicos e configuraoes do terreno, executados com o theodolite eplancheta, pelos D.or Ciera, coronel Caula, e outros officiaes em 1802

    Escala [ca. 1:40 000], 3100 braas portuguezas = [17,1 cm]

    [1803-1808]

    1 mapa : ms., color. ; 60 x 129 cm

    3956/III-2-22A-109 (DIE)

    Depois de se ter transferidopara o Real Corpo de Enge-nheiros, em 1803, para coadju-

    var durante pouco tempo ostrabalhos da carta geral do rei-no, j que os mesmos foramsuspensos no ano seguinte,Franzini esteve ocupado a reu-nir debaixo de um mesmo pon-to todas as observaes e de-terminaes que se tinhamfeito para a construo do pla-no do porto de Lisboa, reunin-do ao mesmo 16 diferentes pla-nos particulares de prancheta(), do que resultou a cartacompleta. Apesar de se desco-nhecer o paradeiro dos levan-tamentos originais feitos sob adireco de Francisco AntnioCiera, que os franceses levaramdo Arquivo Militar, no hdvida que Franzini compilouesta nova imagem, detalhada erigorosa, da barra de Lisboa

    antes de 1808, servindo-se dainformao existente. Uma ver-so reduzida foi impressa em1811, em conjunto com outrosaspectos parcelares da costaportuguesa do mesmo autor,assim como foi editada separa-damente em francs (1816).Esta , sem dvida, a primeiracarta nutica moderna da bar-ra de Lisboa, que se conhece.

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    EA, Loureno Homem da Cunha de, 1767?-1833

    Planta da praa de Cascaes / Loureno Homem

    Escala [ca. 1:2000], 60 braas = [7,7 cm]

    [1796]

    1 planta : ms., color. ; 22 x 11 cm

    1062-1-8-12 (DIE)

    Entre 1791 e 1796, Loureno Homem, na altura ainda ajudante deengenheiro, trabalhou em diversas obras entre Cascais e a Torrede S. Julio da Barra, s ordens de Romo Jos do Rego. Mas asplantas aqui mostradas destes dois locais so, tambm neste caso,semelhantes s oferecidas pelo ento sargento-mor do Real Corpode Engenheiros Maximiano Jos da Serra a Lus Pinto de SousaCoutinho, em 1796. A esta planta falta a explicao do significadodas letras, que a outra apresenta.

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    EA, Loureno Homem da Cunha de, 1767?-1833Planta da Torre de S. Julia d. Barra / esta planta foi tirada por Loureno Homemd. Cunha dEa, te.te engenheiro, no anno d. 1793

    Escala [ca. 1:1000], 150 palmos = [3,3 cm]

    1793

    1 planta : ms., color. ; 52 x 39 cm

    3494/I-3-33-45 (DSE)

    Tal como a anterior, estaplanta deve ter sido levan-tada aquando da comissoem que Loureno Homemesteve s ordens do enge-nheiro Romo do Rego, sen-do tambm semelhante que integra a coleco atrsreferida. S a orientao distinta, bem como a apre-sentao dos elementos e odetalhe da informao.

    A Torre de S. Julio, original-mente construda no sculoXVI e de grande significadopara os marinheiros j quemarca, em conjunto com ado Bugio, a entrada no ocea-no ou na barra de Lisboa, eranesta poca um elemento--chave para a defesa destabarra. Foi tambm crcere,militar e poltico, e a existiadesde h muito um farol,

    destrudo no terramoto de1755 e depois restaurado.

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    A exuberncia desta vista daTorre Velha, to caractersticados desenhos de Franciscode Alincourt, est tambm pa-tente nos inmeros docu-mentos que chegaram at nsdos seus trabalhos a realiza-dos entre 1794 e 1796. Duran-te muito tempo, a Torre Velhaou de S. Sebastio da Capari-ca, situada na margem sul doTejo entre a Trafaria e Alma-da, foi considerada importan-te para a defesa da barra deLisboa mas estava j conver-tida em lazareto na segundadcada do sculo XIX.

    Muitas das plantas e vistas deAlincourt apresentam mon-tagens de aspectos que sedescobrem ao levantarem-seos sucessivos papis colados,como acontece com umaoutra verso semelhante des-

    te documento, a que se aliamcores garridas e um traoforte. Nos princpios de 1800,o autor passava a trabalharem Elvas, legando-nos tam-bm um conjunto numerosode plantas e vistas de forti-ficaes.

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    ALINCOURT, Francisco de, 1733?-1816

    Vista das obras novas da Torre Velha, para deffeza da entrada do rio / que porordem do Ill.mo e Ex.mo Sr. duque de Lafoens, marechal general, junto Real

    Pessoa, projeitto coronel Fran.co d'Alincourt foe aprezentado no QuartelGeneral, com seu tenente general, inspector Sr. Guilherme Luis Antonio de Vallere,

    para enteira aprobaa

    [Escala indeterminada]

    [ca. 1795]

    1 vista : ms., color. ; 28 x 98 cm

    2688-2A-25A-36 (DIE)

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    EA, Loureno Homem da Cunha de, 1767?-1833

    Planta da Torre de S. Loureno, da barra de Lisboa, in titulada, Bugio / quepor ordem do Ill.mo e Ex.mo Senhor marechal general junto a Real Pesso

    duque de Alafoes, atirou, e dezenhou Loureno Homem da Cunha d'Ea,sargento mor do Real Corpo de Engenheiros [...] em Junho de 1797, sendo

    anto capito do mesmo R. Corpo

    Escala [ca. 1:170], 50 palmos = [6,6 cm]

    [post 1798]

    1 planta : ms., color. ; 46 x 60 cm

    3572/I-3-32-44 (DIE)

    De importncia capital, a Torre doBugio, cuja construo s foi fina-lizada no sculo XVII, vigiava edefendia o porto de Lisboa. Era pelabarra grande, situada entre os doisCachopos que bloqueiam esta en-trada, ou ento mais dificilmentepela barra pequena, entre o Cacho-po do Norte e a costa setentrional,que os navios podiam entrar em di-reco capital.

    Estranha-se que este documentocontenha a data de 1797 associadaexplicitamente ao posto de capitodo seu autor (1799-1804). Por outrolado, o desenho posterior ao anoindicado, a julgar tanto pela data deuma das obras referidas (1798) comopela nova patente de sargento-morque lhe atribuda (1804-1819) ouainda pelo cargo de lente substitutoda Academia de Fortificao, para oqual o autor foi nomeado em 1802.

    As contradies no so fceis deesclarecer. Em anexo figura um Map-pa em que se mostro as distanciasentre as torres e fortalezas(...), na es-cala aproximada de 1:50 000.

    Nova representao detalhada daTorre do Bugio seria feita pelo bri-gadeiro Serra, quando a foi encar-cerado em finais de 1828, depois deter sido comandante interino doReal Copo de Engenheiros.

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    VASCONCELOS, Jos de Sande, 1730?-1808

    Mappa hidrographico da barra da cidade de Faro : feito por ordem do Ill.moSenhor Agostinho Jansen Moller &.c. que governa as armas de este reyno do

    Algarve / feito pello major Joz d'Sande Vas.cosEscala [ca. 1:44 000], 1375 braas = [6,9 cm]

    [1782]

    1 mapa : ms., color. ; 31 x 44 cm

    2197-1A-15-20 (DIE)

    Sande Vasconcelos um enge-nheiro militar sobejamente co-nhecido pelos seus profusoslevantamentos feitos no Algarve,

    onde foi colocado em 1772 eonde acabaria por terminar osseus dias. Ele foi o autor de in-meras cartas topogrficas e hidro-grficas e ainda de plantas defortes ou de quartis. No entanto,os seus levantamentos cartogrfi-cos no nos parecem ser de gran-de rigor, nem to-pouco trazerinovaes relevantes para a po-ca, mesmo atendendo a que fo-ram realizados no ltimo quarteldo sculo XVIII. Dado que Agosti-nho Jansen Moller foi governadorinterino do Algarve em 1782, altu-ra em que Sande Vasconcelos eramajor (1771-1784), a carta datarcertamente desse ano.

    Retratando parte da ria de Faro,entre Olho e a Fuseta, o mapacentra-se na chamada barragrande (aqui designada por bar-ra de Faro), que separa as ilhasda Armona e da Culatra (ou doNorte), ficando a barra novapara l deste extracto. Faroencontra-se tambm fora do es-pao figurado, quase a idnticadistncia em linha recta deOlho relativamente que se-para esta localidade da Fuseta.

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    COUTINHO, Baltasar de Azevedo, fl. 1793-1810Carta militar offerecida a S. A. R. o Principe Regente Nosso Senhor a qual comprehende o acampamento

    das tropas nas alturas de S. Bartulomeo, e o combate victoriozo que tivera as nossas batarias no

    Guadiana, contra as de Ayamonte, e 8 barcas canhoeiras hespanholas que combatera no dia 8 de

    Junho por espao de 4 horas de vivo fogo, o qual comessando as 5 horas da menham afroxou pelas

    ditas barcas, ficando algumas em estado de na continuarem o combate por se acharem damenificadas

    com anossa artilharia, o que tudo se deve s boas dispozioens, e pontos loces que o Ex.mo monteiro

    mor do reyno governador, e capita general do reyno do Algarve fez tomar s tropas do seo commando

    par ofim de embarassar o dezembarque das tropas hespanholas naquele dia / pelo capita do Real

    Corpo de Engenheiros Balthasar de Azevedo Coutinho, que asistio ao dito combate

    Escala [ca. 1:21 000], meia legua [19 ao grau] = [13,7 cm]

    1801

    1 mapa : ms., color. ; 42 x 66 cm

    3966/I-2-19-28 (DSE)

    Tendo trabalhado com SandeVasconcelos, Azevedo Cou-tinho, que pertencia ao RealCorpo de Engenheiros, esteve

    tambm destacado no Algar-ve. Lente substituto de mate-mtica na escola do Regi-mento de Tavira, foi tambmautor de vrios mapas, tantoda foz do rio Guadiana, comoda rea da Quarteira, deLagos e de Portimo, paraalm de plantas de bateriasalgarvias. Tendo sido promo-

    vido a capito em 1796, mor-reria, com a patente de ma-jor, talvez na dcada de 1810ou nos princpios da seguin-te. Este mapa mostra, alis,algumas similitudes com osde Sande Vasconcelos e umdomnio tcnico pouco apu-rado, se comparado comoutros feitos em Portugal namesma poca. No entanto,ao testemunhar os aconteci-mentos vividos em 1801, noconflito entre Portugal eEspanha, este documento ad-quire outro valor.

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    VILAS BOAS, Custdio Jos Gomes de, 1771-1809

    Mappa das fronteiras da provincia do Minho / por Custodio Joze Gomez Villasboas

    Escala [ca. 1:96 000], 3 mil braas = [6,9 cm]

    [ca. 1800]

    1 mapa : ms., color. ; 64 x 84 cm

    3596-3-33-45 (DSE)

    O autor desta e de outrasimportantes descries doMinho, que era oficial doReal Corpo de Engenheiros,

    trabalhou quase exclusiva-mente nessa provncia desdeo incio da dcada de 1790 eat ser assassinado em Braga,pela populao. Uma cartasemelhante a este esboo,que pelos dados fornecidosem quadro anexo ter sidoconstruda depois de 1798,foi por ele apresentada Sociedade Real Martima em1801. Ela ilustrava uma Des-cripo topographica, pro-

    vavelmente preparatria dostrabalhos que Vilas Boas ha-

    via iniciado pouco tempoantes. Uma e outra mostramtambm fortes semelhanascom o seu mais amplo Mappada provincia dentre Douro eMinho, levantado em 1794e 1795.

    Apesar do fictcio desenhodos montes em perspectiva,as triangulaes que o autorrealizou asseguram umalocalizao mais exacta parao grande nmero de lugaresindicados.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS C h i t G fi C fi EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    C h i t G g fi & C fig

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    NUSSANE, Jos Champallimaud de, fl. 1762-1796

    Planta topografica da praa de Miranda : mostrando as suas ruinas, osprojectos, e avaliao, para de novo se restabelecer : notando tambemo melhor lugar, e projecto para formar se hum quartel para hum

    Regimento de Infantaria / pelo sargento mor de Infantaria, com exerciciode engenheiro, Joz Champalimaud de Nussane, em Maro de 1780

    Escala [ca. 1:1800], 100 braas = [12,5 cm]

    1780

    1 planta : ms., color. ; 98 x 122 cm

    3108-2-21-30 (DIE)

    Champallimaud de Nussane, que traba-lhou sobretudo na regio do Minho, foichamado em 1780 a Miranda do Douro,com vista reconstruo da sua praa, s

    ordens do governador das armas da pro-vncia de Trs-os-Montes. Das dilignciasefectuadas nesta extremidade oriental deTrs-os-Montes nos d conta o seu autor nadescrio que deixou relatada na margeminferior do documento.

    Este interessante mapa era acompanhadode, pelo menos, duas plantas do quartelprojectado para o Regimento de Infantariae ainda de duas belssimas vistas da praa,

    uma das quais assinalando os resultados dadestruio infligida pelos espanhis em1762 e a outra mostrando como est en-fiada pelos fogos do inimigo. Este conjun-to de documentos encontra-se hoje repar-tido por arquivos diferentes.

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    BLUMENSTEIN, Baro de, fl. 1797-1802

    Planta do Forte d'Alorna : tirada do arquivo do marques dAlorna / o barode Blumenstein, tenente coronel, o cavalheiro de Miremont, sargento-mor ;

    copiado debaixo das ordens do coronel engenheiro C. H. de Niemeyerpello major do mesmo Corpo I. J. Lio, em Junho de 1805

    Escala [ca. 1:410], 25 toisas = [11,9 cm]

    1805

    1 planta : ms., color. ; 45 x 60 cm

    567-1-3A-6 (DIE)

    Construdo em 1801, a uns 5 km a Su-doeste da Guarda, considerava-se queeste forte pudesse desempenhar umimportante papel nas operaes militares

    da Beira Interior. Dois mapas comple-mentavam esta planta, um dos seus ar-redores e outro mostrando a importnciada posio do forte no contexto regional.Tero sido talvez todos levantadosaquando da sua construo, na altura emque o marqus de Alorna comandou oexrcito reunido na provncia da Beira,pela dupla Blumenstein e Miremont,oficiais estrangeiros contratados em 1797e que regressariam aos seus pases em

    1802, embora continuando a receber osseus soldos dobrados.

    Mas o valor defensivo deste forte eradiscutvel: Augusto du Fay, que coman-dou a 2. Diviso da Inspeco-Geral dasFronteiras e Costas Martimas (1802-1804)dirigida pelo marqus de Rozire, comquem veio para Portugal em 1797, expri-me assim a sua posio numa extensamemria que preparou em Junho de1804 sobre a defesa da Beira: Demoli-ram-se para essa construo as fortesmuralhas da Guarda e se cobriram asavessas descobriu-se a frente, pois noampara de nenhum modo o forte dePorcas mais que pelas ribas do Mondegoa uma passagem remota (). Ento, foi asua construo coisa superabundante efoi coisa nociva a destruio dos fortes emuralhas da Guarda.

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    ALINCOURT, Lus de, fl. 1762-1766

    Copia do mappa de huma parte do Alemtejo, e da Beira / [levantadomilitarmente por Lus de Alincourt e Francisco de Alincourt] ; que no anno de

    1763 deu a copiar o conde reynante de Chaumbourg Lippe a Fran.co d'Alincourtque anta era junto ao Quartel General, no qual na consta mais do que vai asignalado, carecendo ser continuado a detalhar, e nele esto apontados os a

    campamentos que o dito Senhr fs com o exercito de Sua MagestadeFidelissima ; deliniado pello cappito engenheiro Camilo Joz Gomes Castella

    Escala [ca. 1:400 000], 8 lguas portuguzas [20 ao grau] = [10,2 cm]

    [1795-1801]

    1 mapa : ms., color. ; 44 x 62 cm

    510-1-4-7 (DIE)

    Figurando parte da fronteira orien-tal portuguesa, de Olivena at aoTejo e estendendo-se para a BeiraInterior prxima, a carta original

    teria sido levantada pelos irmosLus e Francisco de Alincourt, con-forme indicado noutro documen-to idntico, de que este parece seruma cpia a limpo. Estes oficiais deorigem francesa devem ter proce-dido aos levantamentos por oca-sio da campanha de 1762, emboraesta cpia, atendendo ao que nelareferido, seja posterior a 1795,altura em que o engenheiro Camilo

    Jos Gomes Castelo, que a deli-neou, foi promovido a capito, eanterior a 1801, dada a represen-tao da fronteira em Olivena.

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    COSTA, Jos Maria das Neves, 1774-1841

    Carta militar de huma parte da fronteira do Alemtejo entre o Tejo e a villa deAssumar : configurada segundo as notas itinerario-topographicas doreconhecimento feito na mencionada fonteira no anno de 1803 : novamenteredegida e desenhada pelo mesmo major por ordem do Ex.mo ten.te gen.alCommand.te do Real Corpo d'Engenheiros por se havr extraviado, no anno de1808, por morte do Inspector Geral das Fronteiras, marquz de la Rsire, a 1.carta construida no tempo do referido reconhecimento / pelo major Joze Maria das

    Neves Costa ; Secretaria do Real Corpo d'EngenheirosEscala 1:50 000

    1819

    1 mapa : ms., color. ; 93 x 177 cm

    506-1-4-7 (DIE)

    O mapa original de 1803, aque o ttulo se refere, oresultado do trabalho efec-tuado no quadro da Inspec-

    o-Geral das Fronteiras eCostas Martimas do Reino(1802-1804), dirigida pelomarqus de Rozire, em cuja1. Diviso trabalhara NevesCosta s ordens do conde deChambors. Embora se tenhapensado que se extraviara,sabe-se hoje que, aquandoda primeira Invaso Fran-cesa, Rozire passou para a

    posse deste exrcito todos osdocumentos que possua.Desconhece-se ainda o para-deiro da generalidade dosmapas, depois enviados paraFrana, mas a interessantememria que acompanhavaeste mapa da fronteira hojepertena dos Archives Histo-riques de lArme de Terre(vulgarmente conhecido por

    Arquivo Histrico de Vincen-nes), juntamente com umatraduo para francs. Poressa razo, vrios anos de-pois, Neves Costa seria en-carregado de o refazer.

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    Trata-se do clebre mapa dafronteira do Alentejo levan-tado, sob a direco de LusCndido Cordeiro Pinheiro

    Furtado, por vrios oficiaisdo Real Corpo de Enge-nheiros, entre os quais se des-taca a contribuio, nos tra-balhos de triangulao, deHenrique Niemeyer. Este en-genheiro mediu, com a exac-tido possvel, uma base jun-to a Marvo e construiu oesqueleto de referncia parao levantamento dos terrenos.

    Depois, os trabalhos foramdivididos entre trs equipas:Braun, Roze, Pedro Celestinoe Vicente Antnio trabalha-ram entre Marvo e o Tejo,enquanto Niemeyer com osoficiais sua ordem, PedroFolque e Caetano Paulo, le-

    vantaram a poro de Mar-vo a Arronches e, daqui atElvas, se ocupou Raimundo

    Valeriano, acompanhado porJos Francisco Antnio Dias eJoaquim Francisco. Nieme-

    yer procedeu ainda a vrioslevantamentos parciais, emescala maior, bem como ten-tou completar a carta cominformaes sobre a parte in-terior do Alentejo.

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    FURTADO, Lus Cndido Cordeiro Pinheiro, 1750-1822

    Carta do reconhecimento militar feito na fronteira do Alemtejo em 1797 / [pelosoficiais do Real Corpo de Engenheiros, que comanda o brigadeiro Lus Cndido

    Cordeiro Pinheiro Furtado]

    Escala [ca. 1:62 000], 10 decimos, ou huma legua, de 2540 braas = [9,0 cm]

    1797

    1 mapa : ms., color. ; 57 x 189 cm

    498-1-4-7 (DIE)

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834

    Planta de Ougola : com as duas lunetas q. mandou construir o marquez de laRozier / levantada, e construidas as dittas obras pelo s. mor eng. Maximiano

    Joze da Serra, em 1803

    Escala [ca. 1:1700], 100 b.s = [13,1 cm]

    1803

    1 planta : ms., p&b ; 41 x 98 cm

    3235-2A-27-39 (DIE)

    A praa de Ouguela, pr-ximo de Campo Maior, erauma das posies fortificadasque, alcandoradas nas mar-

    gens do rio Guadiana, guar-neciam o Alentejo e faziamfrente s espanholas, situadasna outra margem.

    Estando empregado na re-parao da praa entre Julhode 1803 e Abril do ano se-guinte, Serra procedeu aolevantamento desta planta.Provavelmente tal comisso

    fora ordenada pelo marqusde Rozire, que mandou pro-ceder a vrios destes traba-lhos ao reconhecer algumasdeficincias na defesa dafronteira do Alentejo, quan-do comandou a Inspeco--Geral das Fronteiras e CostasMartimas do Reino. Mas al-guns desses trabalhos fica-ram suspensos quando foi

    posto fim a essa Inspecoem 1804.

    Esta planta tambm curiosapela marcao, em vrioslocais, das alturas acima eabaixo da plataforma da Tor-re, utilizada para ponto decomparao.

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    TERNAY, Marqus de, ?-1813Plan de la forteresse de Xerumenha / leve vue par le lieutenant colonelm.is de Ternay pour servir l'intelligene du memoire fait par cet off.er enconsequence des ordes de S. Ex. M. le lieutenant general marquis d'Alorna

    Escala [ca. 1:2600], 400 pas = [10,0 cm]

    1807

    1 planta : ms., color. ; 58 x 62 cm

    2072-2-18-26 (DIE)

    Carlos Gabriel Hilrio dArsac, vulgarmenteconhecido por marqus de Ternay, era umoficial francs ao servio de Portugal desde1797. Viria a falecer quando se encontrava em

    servio em Castelo de Vide, em 1813. Trabalhoucom o marqus de Rozire, quer quando estedirigiu o Estado-Maior do Exrcito no Entre--Douro-e-Minho, em 1801, quer, em seguida, naInspeco das Fronteiras e Costas Martimas doReino (1802-1804). Depois, estando no Algarve eem seguida no Alentejo, ocupou-se em deixarrepresentadas vrias posies fortificadas, ge-ralmente enquadradas na regio, tambm des-critas sob a forma de memrias (Castro Marim,Elvas, Mouro, Juromenha, Alvito). Mas le-

    gou-nos ainda algumas reflexes sobre a defesatanto do Norte como do Sul de Portugal.

    A imagem deste sector do vale do Guadiana,sob a forma de brouillon rpido, identificafacilmente o seu autor, nomeadamente pelaexpresso das formas do terreno feita atravs detraos, de diferente espessura e comprimento,que modelam no papel as vertentes observadas vista na paisagem.

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    VISTA DE JUROMENHA

    [Vista de Juromenha]

    [Escala indeterminada]

    [18--]

    1 vista : ms., p&b ; 35 x 46 cm

    2068-2-18-26 (DIE)

    Sendo desconhecida a au-toria desta vista da praa deJuromenha, voltada para olado do rio Guadiana, que

    tanto poderia ter sado dasmos habilidosas de Nie-meyer (1803), como do mar-qus de Ternay (1807) ou atde Brando de Sousa (1817),os trs oficiais que aqui efec-tuaram levantamentos doterreno, tal hiptese no credvel. O mais provvel ter sido esboada por um dosmuitos oficiais estrangeiros

    que, desde o sculo XVIII,passaram por Portugal ouque aqui trabalharam.

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    NIEMEYER, Conrado Henrique de, 1761-1806

    Planta do terreno e lemites da Contenda de Moura : a qual se trata de dividirentre Portugal e Hespanha / sendo empregados neste trabalho o brigadeiroJoze Antonio da Roza, e o tenente coronel C. H. de Niemeyer, por quem foilevantada, e dezenhada em 1803

    Escala [ca. 1:45 000], 1 legoa de 20 ao gro do Equador = [12,3 cm]

    1803

    1 mapa : ms., color. ; 47 x 61 cm

    3048-2-21-30 (DSE)

    A partir de 1802, Niemeyer, que vierapara Portugal em 1778 e que aquimorreria, esteve envolvido, com v-rios outros engenheiros nacionais e

    estrangeiros, no levantamento dafronteira do Alentejo, no quadro daInspeco-Geral das Fronteiras eCostas Martimas dirigida pelo mar-qus de Rozire. Pertencia este oficialalemo 1. Diviso do Estado-Maiordessa Inspeco, comandada pelobrigadeiro conde de Chambors, tendosido por este incumbido do reconhe-cimento do terreno e praas entreJuromenha e a foz do rio Guadiana.

    Em 1803 era chamado para o levan-tamento da Contenda de Moura, emconjunto com dois oficiais espanhis.Nesta dispendiosa comisso, entre-tanto suspensa, concluiu em doismeses mais trabalho que os oficiaisespanhis haviam feito num ano,segundo ele prprio afirmava. Pelolado do pas vizinho, J. Fuentes e J.Prieto levantaram tambm um outromapa da mesma rea (1805).

    Em notas marginais, d-se conta, porum lado, do interesse da Contenda deMoura - boleta para montados deporcos, e pastos para toda a qualida-de de gados - e, por outro, dos seuslimites e da posio dos marcos. Oano mencionado para o acordo entrePortugal e Espanha (1642, em vez de1542) certamente um lapso.

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    III

    Lisboa e o Tejo

    numaCartografia Renovada

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    FAVA, Duarte Jos, 1772-1826

    Carta topografica da cidade de Lisboa, e bairro de Belem, at bateria do Bom Successo / levantada [no ano de 1807debaixo da direco do capito engenheiro Duarte Jos

    Fava] pellos officiaes do Real Corpo de Engenheiros LuizAntonio de Mello, capito, e os primeiros tenentes Joo

    Pedro Duarte Pereira e Joo Damasceno da Cunha Pinto ;copiada no Real Archivo Militar

    Escala [ca. 1:5000], 500 braas por palmo

    [1827-1831]

    1 planta : ms., color. ; 92 x 183 cm

    2305-2-16-22 (DIE)

    Esta a famosa carta de Fava, que foi levantada, numa escala dupla, entre 1806 e1808, sendo este engenheiro coadjuvado pelos oficiais nela referidos. Atendendo marca de gua do papel, trata-se de cpia posterior a 1827, feita no ArquivoMilitar, provavelmente a partir da verso reduzida na Casa do Risco das Obras

    Pblicas em 1826, que seria litografada em 1831 e impressa, a preto e branco,nesta escala.

    Segundo A. Vieira da Silva (1950), uma cpia da planta original, na escala de1:2500, que existia na antiga Direco de Obras Pblicas, em Lisboa, desapareceuem 1919 no incndio que devorou a ala oriental da Praa do Comrcio. Destacarta, o que existe so sobretudo cpias reduzidas, dado que na escala originalapenas se conhecem hoje alguns poucos fragmentos.

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    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    CIERA, Francisco Antnio, 1763-1814

    [Oeiras] / levantada pelos officiaes engenheiros o capita

    Bernardo Joze Pereira dos Santos Franco, e o 2 ten.teRodrigo Rebello Palhares [sendo] director, o D.or Francisco

    Antonio Ciera

    Escala [ca. 1:10 000], 500 braas = [11,0 cm]

    [1804]

    1 mapa : ms., traados color. ; 45 x 46 cm

    ([Carta geral do reino ; folha] N[] 14)

    4091/16-4-49-82 (DIE)

    Os inovadores trabalhos geodsicos, de que o governoportugus havia encarregado o astrnomo e mate-mtico Francisco Antnio Ciera em 1790, estenderam--se at 1804, altura em que foram suspensos. O objecti-

    vo mais prtico deste empreendimento era a elabora-o da carta geral do reino, cujos levantamentos topo-grficos, de grande detalhe, tiveram incio na regio deLisboa em 1799 ou 1800, com a participao de vriosoficiais engenheiros. Destes trabalhos chegaram at ns17 papis de prancheta, da rea entre Odivelas e Oei-ras. Interrompidos estes trabalhos, os mais importantesque foram executados em Portugal neste perodo, ascondies polticas e sociais s permitiriam o seu reco-meo em meados da dcada de 1830, embora aindacom muitas dificuldades.

    Esta folha, sem orientao expressa, cobre uma peque-na rea do litoral entre a Torre de So Julio da Barra ePao de Arcos.

    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    CIERA, Francisco Antnio, 1763-1814

    [Carta geral do reino : esquema de triangulao e de montagem dos papisde prancheta na regio de Lisboa / dir. Francisco Antnio Ciera]

    Escala [ca. 1:100 000], 10 000 braas = [21,9 cm]

    [ca. 1799]

    1 mapa : ms., p&b ; 34 x 30 cm

    3518/II-1-2-2 (DIE)

    Logo no comeo dos trabalhos geo-dsicos, Ciera definiu (1790-91) umacadeia de grandes tringulos cobrin-do Portugal, com ligao Galiza.

    Depois de ter efectuado medies deduas bases e de muitos dos ngulosdesses tringulos, dirigiu as triangula-es secundrias para o levantamen-to topogrfico da carta geral do reino.Este esboo mostra esses tringulossecundrios, com a indicao docomprimento dos seus lados, defini-dos entre o Observatrio do Castelo,em Lisboa, Sintra e Montachique, aoqual se sobrepe um esquema de

    montagem dos papis de prancheta ea respectiva identificao. Falta, noentanto, a folha de Oeiras (que seriatambm numerada com 14, como ado Sabugo), de todas a que cobremenor rea.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

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    RAMOS, Manuel de Sousa, 1751?-1832

    Mappa topografico do lugar de Sacavem : com o projecto da nova direco daestrada na entrada e saida da ponte projectada no rio do dito lugar / levantado,

    desenhado, e dirigido debaixo das ordens do Ill.mo, e Ex.mo conde de Valladares,Inspector Geral do Terreiro de Lisboa, e Obras Publicas de Riba-Tejo no anno de

    1792, por Manoel de Souza Ramos, cap.m engr.

    Escala [ca. 1:2000], 150 braas = [16,4 cm]1792

    1 planta : ms., color. ; 32 x 97 cm + nota

    3476/I-3-32-44 (DIE)

    Ainda no princpio da suavida profissional, Ramos, queseria mais tarde comandantedo Real Corpo de Enge-

    nheiros, era encarregado deprojectar uma ponte sobre orio Sacavm, de que resulta-ram trs plantas (sendo estauma cpia da n. 2) e umanota explicativa.

    Para permitir uma mais fcilcomunicao de Lisboa svilas da borda de gua, atra-

    vs da Estrada Real, a ponte

    ligaria as Casas do Cabral aoRossio e daqui rua Direita dolugar de Sacavm. A parteprincipal da obra consistia emmudar o leito do rio, para aposio EFG marcada na plan-ta a amarelo e onde se encon-tram assinalados os pilares daponte, primeiro construindo-se os seus arcos para depois seabrir o novo rio e entulhar o

    velho. Na poca, a passagemera feita por meio de barcas,num local um pouco a mon-tante da ponte projectada. Em1821-22 seria a vez de Maxi-miano Jos da Serra estabele-cer o projecto de uma pontede madeira no mesmo rio, queseria construda nessa altura equeimada dez anos depois.

    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    RAMOS, Manuel de Sousa, 1751?-1832

    Villa Franca de Xira / levantada em 1786 por Manoel de Souza Ramos, ajudante

    engenheiro ; copiada no R.l Arch. Mil.ar por Joze Candido Correa, capp.m ten.te,em Abril de 1826

    Escala [ca. 1:2000]

    1826

    1 planta : ms., color. ; 38 x 84 cm

    2935-2A-26-37 (DIE)

    Depois de ter trabalhado nasobras da abertura da barra de

    Aveiro com Isidoro PauloPereira e s ordens de Gui-

    lherme Elsden, Sousa Ramosesteve ocupado, a partir de1786, com o levantamentoda carta da estrada de Lisboapara Coimbra, quando eraainda ajudante de enge-nheiro. Levantou ento algu-mas plantas de lugares, entreas quais esta de Vila Franca,de que se mostra aqui umacpia melhor desenhada do

    borro original, a preto ebranco. No mesmo ano esbo-ou ainda a de Alhandra e, aseguir, a de Alcoentre (1787) ea de Rio Maior (1789).

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    ELSDEN, Guilherme, fl. 1762-1779

    Mappa topografico de parte do Tejo e Lizirias, que comprehendem os

    almoxarifados da Malveira e Alcoelha / tirado no anno de 1770 [por Elsden]Escala [ca. 1:100 000], 1 legoa [18 ao grau] = [6,5 cm]

    [post 1770]

    1 mapa : ms., color. ; 21 x 30 cm

    3984/IV-2A-28-40 (DIE)

    Devido aos danos causadospelo Tejo, resultantes dascheias invernais no seu sectorterminal por cujo vale largo e

    dissimtrico corre este impor-tante rio peninsular, as Lez-rias, designao habitual-mente dada s suas extensasplancies marginais, foram re-correntemente objecto demltiplas intervenes. Esta-

    vam em causa nessas inter-venes tanto a fertilidadedos terrenos como as altera-es do leito e a navegabili-

    dade do rio. Um desses levan-tamentos foi dirigido, ca.1770, pelo engenheiro inglsGuilherme Elsden, que cons-truiu um mapa de todo osector jusante do Tejo. Reto-cados estes levantamentosem 1784, o Mappa do Tejodesde a villa de Tancos ate aVilla Franca de Xira, apresen-tando as alteraes decor-

    rentes da prpria evoluoentretanto ocorrida no leito enas margens, foi impresso apreto e branco (ca. 1:100 000)e includo nas MemoriasEconomicasda Academia dasCincias de Lisboa (1790).

    queles trabalhos de Elsdenpertence a cpia aqui mos-trada.

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    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    PORTUGAL. Arquivo Militar, 1802-1868

    Carta militar de Santarem e dos seus orredores / [copiada noArquivo Militar]

    Escala [ca. 1:14 000], 1000 toezas = [13,6 cm]

    1808

    1 mapa : ms., color. ; 90 x 83 cm

    4694-3-31-43 (DIE)

    Para a defesa do pas, era fundamental planear a ne-cessidade do atravessamento do rio Tejo, nas suas posi-es mais fceis e defendidas. Santarm, pela situaogeogrfica e pelas caractersticas da topografia do ter-

    reno, poderia constituir uma alternativa a Abrantes ou aPunhete (actualmente Constana). Os oficiais franceseschegaram mesmo a idealizar, no perodo das Invases, oprojecto de uma ponte volante em Santarm, largando osbarcos durante a noite no rio Zzere.

    Feita pelos engenheiros franceses em 1801, conhecem-sevrias cpias desta carta manuscrita. A aqui apresentadapoder ter sido desenhada no Arquivo Militar quando setentava recompor a informao necessria, aps todo oseu esplio ter sido embarcado para o Brasil em 1807.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    Esta carta parece ser a juno de duas partes distintas,reduzidas dos originais: a de Sacavm at Tancos resultapossivelmente de uma ou mais rectificaes da cartadas Lezrias do Tejo que Guilherme Elsden levantara por

    volta de 1770, a que se juntou uma outra, de Tancos atVila Velha de Rdo, efectuada em 1801 por vriosoficiais sob a direco de Lus Cndido Cordeiro Pi-nheiro Furtado. Da que numa parte a rea representadase estenda sobretudo para a margem direita e na outrapara a margem esquerda. Existem vrios documentossemelhantes a este, tanto do sector a jusante como amontante, reduzidos ou no, alguns deles contendo ameno de terem sido desenhados em 1801. Neste ano,Furtado havia efectivamente dirigido a construo deum grande mapa, em 3 folhas, de todo o curso do Tejo,

    desde Cabo da Roca fronteira.Reconhecendo os engenheiros portugueses a poucaexactido da carta do sector a montante, feita muitorapidamente em 1801, seria pedido em 1807 a Manuelde Sousa Ramos que empreendesse outro levanta-mento dessa rea, agora apoiado nas triangulaes deCiera e de forma a poder juntar-se ao que havia sido jfeito para a carta geral do reino. Depois de concludaesta diligncia, dever-se-ia completar o levantamentotopogrfico de forma a obter-se uma carta militar de to-

    do o vale do Tejo.

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    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    PLANTA DO CURSO DO TEJO, DE SACAVM AT VILA VELHA DE RDO

    Planta do curso do Tjo, de Sacavem at Villa Velha [de Rdo]

    Escala [ca. 1:200 000], 3 legoas [20 ao grau] = [8,5 cm]

    [post 1801]

    1 mapa : ms., color. ; 35 x 95 cm

    3989/I-2A-28-40 (DIE)

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    MAPA MILITAR DA VILA

    E ARREDORES DE ABRANTESMappa militar da villa e arredores de Abrantes :com o acampamento das tropas portuguezas,

    e inglezas no anno de 1801

    Escala [ca. 1:14 000], 500 braas = [7,9 cm]

    [post 1801]

    1 mapa : ms., color. ; 69 x 46 cm

    428-1-1-1 (DIE)

    Este documento retrata a importante posio militar deAbrantes, junto margem direita do Tejo. Neste rio surge as-sinalada a ponte das barcas, que permitia a passagem de umapara a outra margem, e esboa-se ainda um vau a montante.

    Desta carta militar, construda durante a campanha de 1801,conhecem-se vrias verses, tanto em francs como em portu-gus. Por vezes, como aqui, nada consta sobre a sua autoriamas, noutras, tambm se indica por um oficial do Real Corpode Engenheiros empregado no servio de Sua MajestadeBritnica ou ainda par les lngnieurs Franais au service deS. M. B.. A escala grfica tanto surge expressa em toesas comoem braas e a orientao da carta difere entre as vrias cpias.S nalgumas apresentada a disposio das tropas portugue-sas e inglesas em 1801, como se verifica nesta, mas todas mos-

    tram idntica informao.

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    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834

    [Topographia do terreno entre a Moita, Palmella, Setubal e a Serra do Risco /levantada pelo major Serra do C. Eng.os]

    Escala [ca. 1:30 000], 3000 braas = [22,0 cm]

    [1790]

    1 mapa : ms., color. ; 67 x 127 cm

    5146-3-36-49 (DIE)

    Este manuscrito, cujo ttulo e autoriadecorrem no verso da folha, resultariada comisso para a elaborao dacarta da comarca de Setbal, manda-

    da executar pela Academia das Cin-cias a J. Pretorius, em que Serra esteveocupado durante o ano de 1790. Serrano era, no entanto, filho destadiligncia, nela tendo sido enxerta-do e depois excludo, como o prprioafirmava na altura em carta dirigida aLus Pinto de Sousa. Mas quando a

    Academia lanava estes trabalhos paraa obteno de uma carta geral doreino, semelhana da de Cassini, o

    governo incumbia Francisco AntnioCiera de dirigir os trabalhos geodsicosnecessrios sua concretizao.

    Trabalhando Serra com HenriqueNiemeyer, que executou as triangu-laes, ambos se desentenderiamcom Pretorius, o oficial de artilhariaalemo responsvel pela comisso. A

    Academia queixava-se ento dos de-morados trabalhos dos engenheiros,

    o que levaria Serra a dizer que o seuresponsvel tirava a planta das vilas apassos e pelo que lhe representa a

    vista, como tambm a maior partedos seus trabalhos, razo por quemostra muitas plantas com brevida-de, as quais no devem servir parauma carta corogrfica, e s seriamboas para plantas de campanha, paradar ideia do campo.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834Planta de Alhos Vedros / levantada por Maximiano Joze da Serra, coronel do Real

    Corpo de Engenheiros, no anno de 1805 ; dezenhada por Joze Antonio Mouro, 2tenente do mesmo Corpo, debaixo das direcoens do mesmo coronel, em 1820

    Escala 1:2000

    1820

    1 planta : ms., color. ; 49 x 64 cm

    3105-2A-25-35 (DIE)

    Com apenas quatro centenasde habitantes, Alhos Vedrosera nesta poca um pequenolugarejo. Em todo o rebordo

    da Outra Banda, as marinhasdominavam a paisagem porentre terrenos baixos e alaga-dios. Para l do rosrio delugares situados entre Almadae Alcochete, estendiam-se asterras cultivadas e as vinhas e,a seguir, os pinhais que abas-teciam Lisboa de lenha, repe-tidamente consumidos pelosfogos. Depois era o interior

    desrtico, de matos e charne-cas, da Pennsula de Setbal.

    Empregado nos aforamentosda Praa de Setbal (1804--1806) e, logo a seguir, noslevantamentos da carta destacomarca (at 1807), o enge-nheiro Serra, ento com apatente de major, seria auxi-liado por Camilo Jos Gomes

    Castelo e Jos Dionsio daSerra. Nesta altura levan-taria, entre outras, as plantasde Palmela e de Setbal, tam-bm aqui mostradas.

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    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834

    Planta da vila de Setuval / levantada por ordem de S. A. R. debaxo da Inspecoda R. Iunta dos Tres Estados por Maximiano Joze da Serra, sarg. mor do RealCorpo de Eng.s, em 1805

    Escala [ca. 1:2300], 100 braas [9,6 cm]

    1805

    1 planta : ms., color. ; 102 x 58 cm

    3810-4-56-50 (DSE)

    Setbal teve sempre, ao longo daHistria, uma enorme importn-cia, tanto no quadro regionalcomo nacional, pelo seu porto epelo dinamismo das suas activi-dades. Envolvida por uma cinturaincompleta de muralhas, o maiorcentro urbano da Pennsula deSetbal pouco ultrapassaria naaltura em que esta planta foi levan-tada os 15 000 habitantes. NestaPennsula, os maiores obstculosnaturais eram constitudos pelaSerra da Arrbida, por um lado, epelo pantanoso vale do rio das

    Enguias, por outro, que de algumaforma marcava o seu limite orien-tal. Por este vale se tentaria estabe-lecer, nos princpios de Oitocentos,um canal ligando o Tejo ao Sado,que servisse tambm de fossomilitar, um interessante projectode engenharia hidrulica que nochegaria a ser concretizado.

    Levantada a partir dos finais de

    1804 com a colaborao de JosDionsio da Serra, esta planta uma espcie de cadastro, na qualse distinguem os terrenos que,por serem valiosos, deviam ternovos emprazamentos daquelesque no causavam prejuzo fazenda pblica ou ainda dosque se podiam aforar ou quedeviam pagar foros.

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    EM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS Conhecimento Geogrfico e ConfiguraesEM VSPERAS DAS INVASES FRANCESAS

    Conhecimento Geogrfico & Configuraes

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    SERRA, Maximiano Jos da, 1750?-1834

    Planta da villa de Palmela / levantada por Maximiano Joze da Serra, coronel doReal Corpo de Engenheiros, no anno de 1806 ; dezenhada por Joze Antonio

    Moro, 2 tenente do mesmo Corpo, no anno de 1820, debaixo das direcoensdo sobreditto coronel

    Escala 1:2000

    1820

    1 planta : ms., color. ; 62 x 48 cm

    3107-4-47-63 (DIE)

    Esta expressiva cpia colorida daplanta original de Palmela, mostraum lugar alcandorado mas desen-

    volvido fora das muralhas do seucastelo, que dominava a vastidoquase desrtica da Pennsula deSetbal. Com cerca de 3000 habi-tantes, um pouco menos do que

    Almada, era o terceiro lugar maispopuloso desta Pennsula. Noapertado recinto do castelo es-tavam o Convento e a Igreja dosFreires, da Ordem de Santiago,alguns edifcios militares queserviam de quartis e armazns,

    as cisternas e uma bateria. Poucosedifcios so assinalados no pr-prio lugar de Palmela mas, peloseu interesse at militar, regista-ram-se os moinhos e chafarizes.

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    Referncias Bibliogrficas

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    DIAS, Maria Helena As exploraes geogrficas dos finais de Sete-centos e a grande aventura da Carta Geral do Reino dePortugal. Revista da Faculdade de Letras Geografia. Por-to: F.L.U.P. ISSN 0871-1666. I srie, vol. XIX (2003), p. 383-396.

    DIAS, Maria Helena (coord.) Contributos para a Histria da Car-

    tografia militar portuguesa[CD-ROM]. Lisboa: Centro deEstudos Geogrficos [etc.], 2003. ISBN 972-636-141-9.

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    MOREIRA, Lus Miguel - O Entre Douro e Minho nos finais do s-culo XVIII: Cartografia, Geografia e Histria das popula-

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    NUNES, Maria de Ftima O liberalismo portugus: iderios e cincias:

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    SILVA, Augusto Vieira da Plantas topogrficas de Lisboa. Lisboa:Cmara Municipal, 1950. 53 p.

    VICENTE, Antnio Pedro - O tempo de Napoleo em Portugal:

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    VICENTE, Antnio Pedro - Manuscritos do Arquivo Histrico deVincennes referentes a Portugal. Paris: Fundao Calous-te Gulbenkian, 1971-1983. 3 vol.

    VICENTE, Antnio Pedro Memrias polticas, geogrficas e mili-tares de Portugal: 1762-1796. Boletim do Arquivo Hist-rico Militar. Lisboa: A.H.M. N 41 (1971), p. 11-298.

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    Introduo 3

    Imagens Gerais do Territrio & Perspectivas Regionais 5

    A Costa e a Fronteira: Conhecimento & Defesa 17

    Lisboa e o Tejo numa Cartografia Renovada 47

    Referncias Bibliogrficas