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portfólio 2014

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[APRESENTAÇÃO]A minha formação académica teve início em 2007 na Escola Superior Artística do Porto onde completei os dois

primeiros anos do Mestrado Integrado em Arquitetura. No fi nal do segundo ano, em 2009, foi-me concedi-

da a transferência para a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, mudança esta que se traduziu

num maior enriquecimento académico pelo contacto com diferentes formas de ensino. Foi aqui que fi nalizei a

minha formação académica no fi nal do ano de 2013.

Ao longo do curso, o meu rol de interesses extravasou a arquitetura. Em 2011 tornei-me voluntária da VO.U.

– Associação de Voluntariado Universitário, onde tive a oportunidade de participar em projetos de distintos

cariz, sempre voltados para o apoio social a diferentes grupos populacionais. Para além de voluntária, fui colab-

oradora e posteriormente coordenadora ( juntamente com outros elementos) do projeto “VO.U. Acompanhar”,

o qual me enche de orgulho pelos feitos conseguidos ao longo dos anos. A participação voluntária nos proje-

tos desta associação, não serviram apenas como uma tentativa pessoal de apoiar outros, mas foram principal-

mente e acima de tudo uma aprendizagem pelo conhecimento de diferentes realidades. Consequência desta

descoberta pessoal terá sido a prova de dissertação de mestrado, cujo tema, ainda que não diretamente rela-

cionado, foi lançado com questões que foram surgindo durante a experiência no projeto VO.U. Acompanhar.

Para além do voluntariado, é a Dança de Salão ocupa o meu tempo livre, inicialmente de uma forma informal

e agora de forma mais séria e comprometida. Desde 2012 que participo em competições nacionais. É aqui que

desenvolvo o meu espírito de equipa, bem como o espírito competitivo ainda que sempre preservando uma

harmonia de grupo.

Estas são as experiencias que até então enriquecem a minha capacidade de trabalho e visão da arquitetura.

Mariana AlmeidaE-mail [email protected] Telemóvel 00351 918 084 667Morada Rua António Enes, 198 - 3º esquerdo. 4250-048 PortoNacionalidade PortuguesaData de Nascimento 03.Novembro.1989

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Formação Académica Mestrado Integrado em Arquitetura [set. ‘07 - nov. ‘13]

[nota de conclusão de curso: 15 valores]

FAUP - Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto [set. ‘09 - nov. ‘13]

ESAP - Escola Superior Artística do Porto [set. ‘07 - set. ‘09]

Idiomas Português [língua-mãe]

Inglês [utilizador independente]

Francês [utilizador elementar]

Espanhol [utilizador elementar]

Competências Técnicas Software Office: Word, Power Point;

Aplicações Gráficas: Autocad 2D, InDesign, Photoshop, 3D Studio Max

Competências Sociais Voluntária na VO.U. Associação de Voluntariado Universitário

] Vice-Presidente VO.U. [set. ‘12 - ]

] Voluntária no projeto “Pirueta” [nov. ‘13 – ]

] Coordenadora do projeto “VO.U. Acompanhar” [set .’12 – set. ‘13]

No cargo de coordenadora do projeto VO.U. Acompanhar, desempenhado a par com outro elemento, co-

ordenei 18 equipas, num total de 47 voluntários.

] Colaboradora no projeto “VO.U. Acompanhar” [abr. ’11 – set. ‘12: ]

Neste período fiz parte da equipa responsável pela implantação do projeto na freguesia da Vitória.

] Voluntária no projeto “VO.U. Acompanhar” [abr. ‘11 - ]

] Voluntária no projeto “Albergues On” [abr. ‘11 - Jun.’11]

] Voluntária na Conferência de Vicentinos de Matosinhos [abr. ‘11 - Jun.’11]

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ProjetosHabitação Coletiva Organizada em Banda Projeto II 2008.2009 [página 8]

Edifício Habitacional Coletivo Projeto III 2009.2010 [página 12]

Centro do ConhecimentoProjeto IV 2010. 2011 [página 16]

Projeto Urbano Projeto V 2011.2012 [página 20]

Desenhos

Ensaios e Investigações

CASA. continente versátil, humanizado. El arbol, el camino, el estanque, ante la casaTeoria II 2009.2010[página 26]

Entre o indivíduo socializado e a habitação popular: processos de produção espacial em contexto rural portuguêsDissertação de Mestrado 2012.2013 [página 30]

Desenhos [diversos]Desenho II 2008.2009[página 36]

Caderno de ViagemHistória da Arquitetura Portuguesa 2010.2011[página 38]

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[PROJETOS]

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HABITAÇÃO COLETIVA ORGANIZADA EM BANDA

Projecto II - 2º ano, 2008.2009

Docente: Arquiteto Rui Bianchi

Escola Superior Artística do Porto

O exercício desenvolvido localiza-se na freguesia piscatória de S. Pedro da Afurada. Este é um meio pequeno,

onde predomina um carácter bairrista e um espírito de comunidade notável dependente da atividade estru-

turante, a pesca e as restantes atividades associadas.

A estratégia utilizada neste exercício partiu inicialmente do tema do Farol, enquanto elemento ligado à vida

marítima, mas principalmente como símbolo de algo que vigia e controla, como acontece na população da

Afurada. Como tal, mais do que o símbolo do Farol, o ato de “espreitar” tornou-se a alavanca temática do

exercício. O “espreitar” das senhoras que se sentam à porta ou à janela a ver quem passa, numa atitude de

policiamento, controlo, preservando o espaço privado e transportando o espaço social para o exterior. Mas

também o “espreitar” direcionado para o mar/rio, local para onde os homens de família partem em busca do

sustento para a mesma.

Esta ideia formalizou-se através de diversos volumes que se apoiam entre si, avançam ou recuam, no sentido

de se projetarem para o rio e o mar e de motivar relações entre as habitações e o exterior. Nas habitações os

espaços que se projetam são os sociais, pois de acordo com a realidade local da Afurada, os residentes trans-

portam o seu espaço social para o exterior através da colocação de cadeiras, fogareiros, socos, vasos à porta de

casa. Ainda assim é de mencionar a preocupação que existe em resguardar os espaços privados, numa atitude

de proteção, demonstrado o outro lado da ideia de vigia.

Em termos de implantação o projeto rege-se por uma malha urbana ortogonal e regular, onde as fachadas

desenham os arruamentos, como se verifia na restante freguesia piscatória. Essa malha regular cria um per-

Planta de Implantação

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curso central que parte da praça frontal, e desenha pátios semi-privados de acesso às habitações. Assim

procurou-se criar a ideia de comunidade, sugerindo o contacto entre todos os habitantes de cada pátio. Pon-

tualmente são colocados nestes pátios espelhos de água, remetendo para esse elemento fulcral deste local,

e ainda alguns elementos arbóreos, de forma a criar sombra e uma maior privacidade. Estes pátios são ainda

pontuados por caixas em vidro que fazem o acesso ao andar subterrâneo de estacionamento e as respectivas

salas de arrumação.

A questão da territorialização foi também estudada neste projeto, por se localizar numa zona onde o costumes

tradicionais piscatórios estão tão enraizados. Alguns elementos foram pensados para garantir a apropriação

dos moradores, bem como a capacidade de pertença dos mesmos ao lugar, como por exempo as entradas, um

pequeno espaço, coberto por uma pala, com uma floreira, onde é perfeitamente possível imaginar as socas e

as canastras das senhoras, à porta, a secarem ao sol. As floreiras irão permitir a cada habitante organizá-las da

forma que melhor achar e consequentemente fazer com que cada casa se distinga da outra. Estas entradas, a

nível de fachadas, são o elemento que mais se destaca, pois o seu material é o azulejo. A justificação para tal é

o facto de querer criar uma memória, já que uma das principais caraterísticas das casas da Afurada é o azulejo,

que funciona como elemento identificador e representante dos moradores. A utilização do azulejo apenas na

entrada deve-se ao facto de procurar “receber” os habitantes com uma memória, com algo com que se iden-

tificam. O outro material utilizado e que dá um carácter neutro aos volumes é o betão.

Em suma, a ideia do projecto foi criar volumes que tenham uma relação com as características de S. Pedro a

Afurada e que preconizem uma relação e um espírito de comunidade entre todos os habitantes.

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Planta Piso Térreo[acesso direto]

Corte Longitudinal

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Planta Piso Superior

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EDIFÍCIO HABITACIONAL COLETIVO

Projecto III - 3º ano, 2009.2010

Docente: Arquiteta Paula Petiz

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

O objetivo deste exercício, localizado em Aldoar (Porto), começou por ser gerir uma porção de terreno provido

de uma área de considerável vegetação. A proposta apresentada teve como objetivo rematar a zona residen-

cial existente, através de blocos habitacionais de diferentes portes, de acordo com as diferentes realidades

existentes, isto é, através de edifícios de acesso direto, de acesso em galeria e de acesso vertical. Em articu-

lação com estes blocos propôs-se ainda a introdução de uma praça desenhada no piso térreo por escritórios e

comércio. Perpetuou-se ainda a zona verde existente com fim a criar um pequeno parque urbano em relação

com as habitações existentes, que faz por sua vez a articulação entre o cemitério também lá existente e as

habitações envolventes.

O exercício teve continuidade com o aprofundamento de uma dos edifícios anteriormente implantados, sendo

o escolhido um dos que faz articulação entre uma frente urbana já existente e outra proposta.

Este bloco habitacional constrói-se de duas barras articuladas por um elemento responsável pela ligação verti-

cal às galerias de entrada nos fogos. Cada uma destas barras tem diferentes cérceas, como forma de melhor se

adaptar à realidade construída envolvente. Os fogos do piso térreo são de acesso direto, enquanto os restante

são acessíveis por uma galeria exterior para onde se voltam os espaços da cozinha, lavandaria e instalações

sanitárias. Para a frente contrária, a frente urbana, voltam-se os espaços da sala e quartos, privilegiando assim

uma maior dimensão dos vãos.

A materialidade adotada pretende seguir a local, grandes faixas de revestimento em tijolo maciço que alter-

nam com longos vãos envidraçados recolhidos em relação ao plano do revestimento.

Alçado Frente Urbana

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PerfilRelação do edifício trabalhado com um dos conjuntos habitacionais próximos e o parque urbano proposto na intervenção urbana.

Planta de Implantação

Comércio Escritórios Habitação Habitação - Edifício aprofundado Perfil

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55 5

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6 6 6

77 77

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Planta Fogo-Tipo [acesso por galeria]

1. Entrada comum/acesso vertical | 2. Entrada Fogo | 3. Sala | 4. Cozinha | 5. Instalação Sanitária | 6. Lavandaria | 7. Quarto | 8. Aceso ao estacionamento

Planta Bloco Piso Térreo[acesso direto]

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7 7 3

4

3

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5

6

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Corte VerticalParamentos estruturais em betão armado, devidamente isolados e regularizados, reves-tidos a tijolo macico de 7x11x22 cm. A galeria de acesso aos fogos, materiliza-se em betão e tem como estrutura uma viga com corte térmico articulada com a laje horizontal. A guarda con-trói-se de uma sequência de perfis metálicos e a caleira e igualmente metálica.

1. Entrada comum/acesso vertical | 2. Entrada Fogo | 3. Sala | 4. Cozinha | 5. Instalação Sanitária | 6. Lavandaria | 7. Quarto

Planta Bloco Pisos Superiores[acesso por galeria]

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CENTRO DO CONHECIMENTO

Projecto IV - 4º ano, 2010.2011

Docente: Arquiteto Camilo Rebelo

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

Com localização prevista na Rua do Gólgota, o terreno que faz frente com a Faculdade de Arquitetura do Porto,

o programa lançado foi um Centro do Conhecimento que tivesse uma função de apoio lúdico aos equipa-

mentos académicos envolventes, mas também que garantisse a existência de alguns espaços não existentes

na proximidade.

De forma muito sucinta o edifício projetado nasceu de uma vontade de tirar partido das qualidades físicas e

naturais existentes no terreno de implantação, nomeadamente o seu declive, a vegetação existente e a pais-

agem disponível, voltada para a o Rio Douro.

Assim, o edifício projetado constrói-se por dois elementos paradoxais, cujo programa mantem essa paradox-

alidade referida. Trata-se de dois volumes, um de materialidade pétrea que segue a lógica local dos muros

de suporte e que serve de base ao segundo volume, que se destaca pela artificialidade que impera sobre o

terreno.

Uma estrutura permeável, voltada para a paisagem do Douro. Um “binóculo” sobre a margem do rio. A sua

materialidade foi pensada numa lógica de ser lido enquanto volume, massa densa, mas que também fosse, de

Planta Implantação

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certa forma, transparente, permitindo a relação com o exterior envolvente. Como tal, o material escolhido foi

uma pele metálica, uma caixa em rede metálica que envolve uma outra de vidro. Este volume, por ser aquele

que está em relação direta com a rua e com a faculdade de arquitetura, contém os espaços de carácter mais

social, o bar, esplanada, uma zona de trabalho informal (zona e-learning), bem como todos os espaços admin-

istrativos. Este é um volume, cuja organização interior não está explicitamente definida, de forma a poder pro-

porcionar uma maior flexibilidade espacial. Como tal, a ligação vertical destaca-se pelo seu carácter escultórico.

Como já foi referido, este volume metálico e translucido sustem-se sobre uma base “pétrea” onde se localizam

os auditórios e salas de exposição, bem como algumas salas de trabalho de grupo. Este é um piso cuja relação

é mais forte com a paisagem do que com a realidade urbana.

O estacionamento é garantido através da criação de dois pisos enterrados acessíveis ao exterior por uma ram-

pa, localizando-se nesta zona ainda os monta-cargas, que garantem a manutenção do bar e dos auditórios (em

articulação com um terceiro piso enterrado).

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Planta Piso -1[espaços de caráter social]

1. Recepção | 2. Espaço E-Learning | 3. Foyer | 4. Loja | 5. Cacifos | 6. Instalações Sanitárias | 7. Zona Administrativa | 8. Sala Reuniões | 9. Ga-binete | 10. Vestiários/balneares | 11. Oficina | 12. Lixo | 13. Área de Serviço Pessoal | 14. Bar | 15.Despensa | 16. Cozinha | 17. Sala de Leitura | 18. Sala Plana | 19. Sala de Apoio | 20. Auditório | 21. Backstage | 22. Espaço Expositivo | 23. Sala de Arquivo | 24. Atelier | 25. Estacionamento

Planta Piso O [entrada]

1

2

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6

7 89

99

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12 13

1415

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Alçado

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Planta Piso -2[espaços de trabalho]

Corte Longitudinal

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22 22

19

23

25

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24 24 24 6

1. Recepção | 2. Espaço E-Learning | 3. Foyer | 4. Loja | 5. Cacifos | 6. Instalações Sanitárias | 7. Zona Administrativa | 8. Sala Reuniões | 9. Ga-binete | 10. Vestiários/balneares | 11. Oficina | 12. Lixo | 13. Área de Serviço Pessoal | 14. Bar | 15.Despensa | 16. Cozinha | 17. Sala de Leitura | 18. Sala Plana | 19. Sala de Apoio | 20. Auditório | 21. Backstage | 22. Espaço Expositivo | 23. Sala de Arquivo | 24. Atelier | 25. Estacionamento

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PROJETO URBANO

Projecto V - 5º ano, 2011.2012

Docente: Arquiteta Raquel Paulino

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

Trabalho feito em colaboração com Ana Raquel Rodrigo, Nuno Mota, Patrícia Casanova e Verónica Sousa.

A área de intervenção localiza-se em Santa Cruz do Bispo (Matosinhos) e carateriza-se por ser um território

heterogéneo, fruto de um enraizamento duradouro. Acedendo por via automóvel, através da A28 (um extenso

canal de acessibilidades) deparamo-nos com uma realidade fortemente marcada por grandes contentores, que

caraterizam a paisagem à grande escala e cujo programa vive exatamente desta forte relação com as acessi-

bilidades. Mas à medida que se vai penetrando neste território, começa-se a reconhecer uma série de outros

formatos e programa, fruto de uma expansão desregulada. Indústrias e habitação co-habitam com vastos

lençóis agrícolas. Percebem-se então diferentes tempos e lógicas económicas, que pela sua falta de desenho

resultaram numa indefinição do conceito e desenho de Rua. Aqui, privilegia-se o automóvel face ao peão. No

entanto, esta realidade vai sendo alterada com a proximidade ao centro de Santa Cruz do Bispo, onde predo-

mina a habitação uni e plurifamiliar, cujos pisos térreos estão equipados por comércio de proximidade, serviços

de apoio à comunidade e de resposta local.

Há outro elemento marcante, a frente rio e o braço verde que a acompanha. Como tal, e num gesto de es-

tratégia de grupo, definiu-se a frente do Rio Leça e a mancha verde que o consuma, como grande zona verde

de remate dos eixos verdes que rasgam e ligam todo o território em desenvolvimento. Há ainda que fazer

referência às hortas, de pequena e grande escala.

Neste sentido a proposta final da Unidade Operativa trabalhada individualmente teve como objetivos gerais

coser e relacionar este pedaço de território ao envolvente, bem como enriquecer programaticamente a zona.

Falamos das Hortas Comunitárias e de um Parque Temático Infantil, que funciona em articulação com os eq-

uipamentos voltados para a faixa etária mais nova (escolas, campos de treino, etc.) e se estende pelo espaço

arborizado, criando uma sucessão e espaços exteriores permeáveis.

O motivo da escolha das Hortas Comunitárias prende-se com a necessidade de formalizar e melhorar as

condições das produções de auto-sustento, que muitas vezes ocorrem nos sub-dimensionados quin-

tais das habitações, bem como conferir uma vertente mais emotiva/simbólica, para a população mais en-

velhecida, bem como elemento potenciador social, lúdico ou mesmo pedagógico. As hortas são es-

truturadas por um eixo central vocacionado para receber transportes de mercadorias, evitando que o

seu acesso venha a contagiar zonas habitacionais mais a norte. Esta divisão espacial garante alguma

flexibilidade do tipo de uso, pois permite organizar as Hortas com diferentes tipos de lotes. O remate deste

equipamento com a malha envolvente é feito por pequenos equipamentos (cafés ou quiosques). Toda esta

estrutura hierarquizada das Hortas foi dimensionadas prevendo que a longo prazo, em caso de fracasso, se

tornem arruamentos viários e que sejam urbanizados.

Este equipamento é definido por um eixo viário criado à cota alta, em paralelo com o Rio Leça, que serpenteia

pelo terreno de forma a manobrar as diferenças de cotas e a consolidar e rematar as construções existentes.

Este eixo, numa estratégia geral pelo território de intervenção cria um anel de circulação, onde lhe foi asso-

ciado elementos arbóreos e uma ciclovia enquanto elementos de continuidade. Relativamente à cota baixa do

Rio Leça planeou-se a despoluição do rio e a requalificação viária, potenciando as infraestruturas existentes.

Propõe-se também, com este braço arbóreo dar continuidade ao projeto camarário Parque Radical de S. Brás

construído em 2013 a norte desta área.

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Estratégia de IntervençãoContentores existentes Programa Proposto Arborização CicloviaPrincipais vias

De forma sumária, procurou-se que o território localizado numa zona “entre” (entre centros urbanos desen-

volvidos, entre margens, entre vocações, entre escalas, entre programas, entre velocidades, ...) se tornasse coe-

so e se lesse como um todo, tentando para isso diminuir as fragmentações existentes devido ao crescimento

orgânico deste núcleo rur-urbano.

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Unidade Operativa aprofundada: Braço Verde + Hortas ComunitáriasEsquema de relações programáticas:Sistema Desportivo: Parque Radical S.Brás (existente) > Braço Verde (requalificado) > Frente Rio (requalificada) > Parque Urbano ( já exis-tente) > Centro Equestre (existente)Sistema Pedagógico: Escolas de Santa Cruz do Bispo (existentes) > AAJUDE (Associação de Apoio à Juventude Deficiente) > Centro de Inves-tigação e Experimentação Ambviental (proposto) > Centro pedagógico (proposto) > Centro Equestre (existente)

1. Café/restaurante | 2. Centro Associativo de gestão das Hortas Comunitárias | 3. Horto | 4. Estufas | 5. Hortas Comunitárias | 6. Núcleo de Serviços (tanque de água, depósito de compostos, armazenamento comum) | 7. Centro de Investigação | 8. Centro Pedagógico | 9. Quiosque | 10. Comércio de Próximidade | 11. Equipamento de apoio às atividades do Parque Racidal |12. Aluguer de biciletas | 13. Parque Temático

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1

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3 34

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8

9

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9

1

1112

12

13

7

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Planta Piso TérreoPormenor de articulação entre a malha urbana existente e o programa proposto

1

1. Café [1piso] | 2. Centro Associativo de gestão das Hortas Comunitárias [2 pisos] | 3. Hortas Comunitárias | 4. Entrada Oeste das Hortas Comunitárias | 5. Horto [1 piso] | 6.Estufas | 7. Zona de cargas e Descargas das Estufas

2

34

5 56

7

123456

1. Micro Cubo | 2. Cubo | 3. Cama de areia misturada com pó de cimento | 4. Massame de betão com rede de armação | 5. Enrocamento | 6.Terra Vegetal | 7. Guia de Granito | 8. Lintel de fundação | 9. Asfalto | 10. Contra guia de granito | 11. Perfil Metálico | 12. Grelha da Caleira | 13. Bloco de granito | 14. Pavimento ajardinado permeável | 15. Substrato Vegetal | 16. Saibro

789 10823 1112 11 1 1310 8 1415 2 1116

Perfil ConstrutivoPerfil do arruamento associado à entrada oeste nas Hortas Comunitárias

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ENSAIOS E INVESTIGAÇÕES[ ]

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“CASA. continente versátil, humanizado. El arbol, el camino, el estanque, ante la casa.”

Teoria II- 3º ano, 2009.2010

Docente: Arquiteto Manuel Mendes

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

INTRODUÇÃO

Este projeto de investigação centra-se na ideia de R. Sennet “A casa não é um espaço físico”. Procurou-se per-

ceber de que forma a habitação ultrapassa a materialidade e se centra nos símbolos e nas vivências. Preten-

deu-se assim abordar a questão da habitação humanizada, da casa enquanto máquina de emoções, versátil.

Casa de símbolos e de transformações.

Para tal, a construção teórica foi baseado no estudo da Casa Ugalde, de Josep Coderch, e Upper Lawn, de Ali-

son and Peter Smithson e do livro de Luís Martínez Santa-Maria, “El árbol, el camino, el estanque, ante la casa”1.

Com isto procurou-se perceber de que se faz a casa, considerando que esta não é apenas um espaço físico.

Então, fala-se da casa construída de vivências, relações, memórias, símbolos.

EXPOSIÇÃO CRÍTICA DA OBSERVAÇÃO PRATICADA

Antes de mais, e partindo de uma expressão de Coderch, “la casa significa”2, a questão que se levanta é, o que

é o espaço da casa (num nível concreto)? As duas propostas de arquitetura que estão em cima da mesa apre-

sentam as duas vertentes do espaço da casa, o pátio e o pavilhão3.

Por pátio compreendemos uma descontinuidade no espaço, uma opacidade que rompe com a continuidade,

para dar lugar à exceção. Exclui a envolvente, cortando com toda a relação, para criar o seu próprio contexto.

Torna-se um espaço que se relaciona com o seu interior, pois desaparecem as referencias externas. O pavilhão

refere-se ao inverso, a uma transparência, uma continuidade sem qualquer ponto singular. Estabelece uma

relação privilegiada com a envolvente, o que permite dominá-la. Assim, a continuidade com o espaço que

circunda, faz com que o pavilhão não seja lido como uma barreira, mas sim como natureza integrante da ar-

quitetura. É um espaço englobado noutro, uma elevação sobre o solo natural, na continuidade da paisagem

[Quadro 1]. Santa-Maria opõe-se à ideia da casa ser um pátio, pois defende que a casa necessita de ter uma

exterioridade, uma realidade criada pelos habitantes.

Em ambas as obras está fortemente presente a árvore. Na obra de Coderch, a árvore não só é um elemento

que acompanha e orienta o percurso até à domesticidade interior, mas provoca, fundamentalmente, uma per-

da e indefinição dos limites da casa, dá-lhe profundidade. Isto permite viver o exterior desde o interior, implica

uma hierarquização da visão, conseguir ocultar elementos para os fundir (criar horizonte). Então falar de interi-

or/exterior não é falar de aberto/fechado, mas sim o que se vê/o que não se vê do mundo. Cria uma nova ex-

terioridade à casa. Relativamente à árvore na Upper Lawn, esta remete a uma outra dimensão, mais profunda.

A árvore traz consigo fenómenos ocultos (chuva, vento, etc.) ou minúsculos (os brilhos, o cair das folhas, etc.),

fenómenos estes que não se dão face à árvore, mas provêm dela, a territorialização, a criação de lugar. Assim,

a realidade desta obra é construída pelo que não se vê, o oculto. A própria relação de proximidade que as

árvores estabelecem como pavilhão demonstra esta necessária comunicação entre casa e árvores. As árvores

1 SANTA-MARIA, Luís Martínez, El árbol, el camino, el estanque, ante la casa. Barcelona: Fundação Caja de Arquitectos. Coleccíon Ar-quithosis, nº15.2 BARREÑADA, Rafael D., Codech. Variaciones sobre una casa. Barcelona: Fund. Caja de Arquitectos, 2003, pág.225.3 Nestas associações de pavilhão e pátio a cada uma das obras, não se trata de pensar nas casa enquanto construção fisica, mas rela-cioná-las de acordo com a sua espacialidade.

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Quadro 1Podemos associar a Casa Ugalde ao pavilhão e a Upper Lawn ao pátio, no sentido em que a Casa Ugalde é transparente no seu contexto, volta-se para o exterior, ao contrário da Upper Lawn, que pode ser entendida como pátio, uma cova, pois está limitada fisicamente.

Casa Ugalde Upper Lawn

Casa Ugalde. Exterioridade Upper Lawn. Interioridade

Quadro 2As duas obras adotam uma atitude contrária. Enquanto na Casa Ugalde, tratava-se de entender o interior como exterior, devido à sua implan-tação num terreno vasto e homogéneo, na Upper Lawn, pode considerar-se o contrário. Assim, o carácter de protecção que este muro ganha, acaba por definir uma interioridade, não só do pavilhão como de todo o lote, incluindo o jardim. A janela que contém, reforça esta ideia, pois abre-se para o pátio, entendo-o assim como interior.

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roçam a casa e é neste roçar que a casa acaba por participar na natureza da árvore que a acompanha e que

torna a casa escalável, acessível, compreensível. Assim, subir à árvore é uma forma de a entender, de a mirar,

de aceitar que ela e o Homem não são da mesma espécie. Assim, compreende-se que a casa é o mediador do

Homem com o território [Quadro2].

Existe portanto uma estrita relação entre a casa e o terreno, potenciada pelos muros, que reforçam o senti-

mento de pertença. Em ambos os casos, os muros trazem consigo questões de memórias, percurso. No caso

da Casa Ugalde, o caminho, juntamente com a árvore, é a primeira resistência à neutralidade e ao anónimo. É

a ideia de descoberta e confronto do “outro”, da casa como uma construção contínua, em que a participação

de cada um altera as qualidades do lugar. Há sim uma ideia de constante mutação. Já na Upper Lawn, este

caminho de aproximação desaparece. A própria casa é o caminho. O muro existente é uma das memórias do

local a que o pavilhão se agarra. Então atravessá-lo é entender a presença de um passado, que co-existe com

um presente. A própria janela que o muro comporta acaba por ser forma de um entendimento de um “outro”

lado, da compreensão da existência de outra realidade exterior. Como tal, a ideia de Caminho, nesta obra,

prende-se mais à aceitação de um passado, de memórias e pegadas que constroem o lugar, juntamente com

a ideia presente na Casa Ugalde, de que a casa é um processo de construção inacabável [Quadro3].

Esta construção inacabável também se prende à forma como o habitante se posiciona frente à casa. Nas duas

obras, o tanque pode ser encarado como elemento de reflexão do habitante na casa, como forma de lhe ga-

rantir profundidade.

A Casa Ugalde pode ser entendida como uma lâmina de água, no sentido em que a casa é o reflexo não só

de si, mas também do seu domínio. Esta relação de continuidade que a casa estabelece com o terreno acaba

por se traduzir num caminho virtual de aproximação. Por isso, casa e paisagem são virtualmente um só. Assim,

compreende-se a ideia de casa que está sempre noutro sítio, que não é uma construção fixa.

Já a Upper Lawn é perfeitamente simbolizada pelo poço, pois esta casa prende-se a memórias e ao passado,

a uma permanência. É esta imobilidade que garante à casa uma estabilidade. Nesta casa os limites são fun-

damentais, pois à imagem do poço, cujos limites dividem duas substâncias, na Upper Lawn os muros são os

elementos que dividem interior e exterior.

Partindo do livro de Santa-Maria as conclusões alcançadas prendem-se com o entendimento de que a casa

faz-se de habitantes e das suas vivências. A casa é um continente que figura quem somos, através da mirada

de cada observador . Assim, a habitação vive da forma como os seus habitantes se apropriam do seu espaço.

Como foi demonstrado com os casos de estudo, o programa é fundamental para o desenvolvimento de uma

habitação, é o ditador do projeto, assim, percebe-se que para a realização de uma casa, colabora talvez mais

o habitante do que o arquiteto, no sentido em que o arquiteto deve-se distanciar as suas necessidades e as

suas vontades, das vontades do cliente. A questão que este problema levanta é, até que ponto a vontade

do arquiteto se deve impor? Mas por outro lado, até onde deverá o habitante intervir no projeto? Uma das

possíveis respostas à questão é que uma casa não é uma construção estagnada, é um ciclo e como tal é algo

que está em constante construção. Este é o contributo do habitante na construção do espaço, resultado das

vivências e de quotidianos.

E se se fala de habitar num continente, preenchido de memórias e vivências, há que ter em consideração

o reverso da questão.Por um lado, há uma casa construída por objetos, que são a forma de representar o

habitante, criando o seu mundo. Por outro, e em reação a este, há a casa vazia, que prescinde dos objetos,

como forma de destacar as relações entre habitantes, como é o caso da Upper Lawn. No entanto, apesar de

nesta casa se falar de habitar o vazio, fala-se de uma forma distinta de habitar o vazio e de criar a casa. A casa

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Casa Ugalde: Muros como raízes. Upper Lawn: Muro como memória.

Quadro 3

responde a todas as funcionalidades e liberta-se da sua imagem conservadora para o fazer de uma forma

flexível. Mas será possível habitar num espaço em que tudo é móvel e flexível? Haverá tempo para tal? Mais do

que objetos móveis, quando se fala de flexibilidade fala-se mais do potencial de cada espaço. Venturi sugere

que a flexibilidade tem uma maior potencialidade quando o habitante desfruta da casa por partes, de forma

versátil. E de que forma é que tal pode acontecer? Repensando o tamanho e relação dos espaços. Porquê as

dimensões dos espaços de hoje em dia serem os mesmos dos espaços do antigamente? Vive-se da mesma

forma? Hoje em dia há diferentes formas de habitar e diferentes relações familiares.

De tudo isto, corrobora a ideia de que a casa se faz de memórias, pois os três elementos apresentados con-

stroem-se de memórias, símbolos. A casa é uma máquina de emoções, uma construção imaterial, que vai para

além das suas barreiras físicas e que deve estar sujeita a diversas alterações na sua configuração. Assim, a casa

é um espaço vivo, espelho de quem o habita e do contexto em que habita.

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“Entre o indivíduo socializado e a habitação popular:

uma abordagem sobre processos de produção espacial em contexto rural português”

Disseração de Mestrado - 5º ano, 2012.2013

Orientador: Professor Doutor Virgílio Borges Pereira

Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto

[classificação: 18 valores]

O objetivo da dissertação foi perceber de que forma o indivíduo, enquanto habitante, contribui para a pro-

dução espacial. Para isto, baseou-se o desenvolvimento da mesma em arquétipos de construção dita popular,

implantada em contexto rural, pelo recurso a processos de produção espacial informais. Isto levou-nos a

aprofundar dois temas fundamentais. A importância do espaço da Casa, enquanto espaço onde a participação

dos habitantes é mais notória, e as transformações do território rural do norte de Portugal. Ensaiando uma

exploração dos temas em estudo, através da análise de dois casos que ilustram duas posturas distintas per-

ante processos de (re)produção espacial, a dissertação propõe uma investigação da relação entre a casa e o

território, em termos formais externos e internos.

Como tal, estruturou-se o território rural português em “Território Rural Profundo” (locais de difícil acesso, de-

pendentes da atividade agrícola e pastoril, onde prevalece um tipo de vida ancestral e uma cultura comunitária

e de autossubsistência) e “Território Rural Transformado” (territórios onde existem vestígios do comporta-

mento camponês, mas que sofreram expansão territorial, geralmente rizomática, e que integram uma série de

novas esferas de ação, contagiadas por contributos externos) [Imagem 1, Quadro 2, Quadro 3].

Na procura de conhecimento sobre o território rural português, tomando por referência obras fundamentais

como aquelas que o Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal documentou na década de 1950, as diferenças

identificadas neste trabalho foram muito claras. O território rural encontrado contrastou claramente com uma

ideia bucólica de campo. Ainda que de forma bastante remota, a urbanidade contagiou o território, se não de

forma direta, pelo menos através de alguns habitantes ou visitantes [Imagem 4]. No entanto, esta renovação

e transformação do território resulta muitas vezes subvertida. É corrente que os moradores, na recuperação

das suas casas, tentem repetir a imagem destas construções vernáculas. No entanto, estas tornam-se “falsas”,

por reproduzirem mimeticamente o aspeto formal, ignorando a causa da sua origem. O que se verifica nestes

casos é a necessidade de repetir determinadas formas, frequentemente de forma acrítica. Em oposição, o que

aqui se defende é a valorização da espacialidade sobre o estético e um estilo “fachadista”, a valorização das

características espaciais das casas (como por exemplo a existência da varanda/alpendre como dispositivo me-

diador, a relação vertical exterior como forma de separação tipos de atividades, o programa, os dispositivos

de articulação, como pátios ou quinteiros, etc.). Esta atitude resultará de uma dificuldade em compreender a

relação da arquitetura com o passado. Entender o passado não é copiar as suas formas, é retirar contributos

dos seus processos, contrariando a criação de dogmas formais.

Mas antes de mais é fundamental esclarecer o entendimento da desinição: “Arquitetura Popular”, diz respeito

a uma classe social que não tem acesso a uma série de regalias que as classes dominantes têm, tendo por isso

que recorrer a processos de construção secundários, menos elaborados. Esta nomenclatura, “Arquitetura Pop-

ular”, aplica-se a um processo de construção e não a uma formalização espacial, adquirindo por isso diferentes

configurações espaciais, de acordo com a transformação que o tempo impera sobre o território. Por isso, po-

demos atribuir esta nomenclatura tanto à arquitetura vernácula, como à denominada “casa de emigrante”. O

paradigma é o mesmo, muda o contexto. Estas construções ditas populares tiveram consequências pela modi-

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Imagem 1TERRITÓRIO RURAL PROFUNDOVila RealTerras do BouroBoticasPonte da BarcaMontalegreValpaços

TERRITÓRIO RURAL TRANSFORMADOParedesBraga Vila RealGuimarãesVila do Conde

Quadro 2TERRITÓRIO RURAL PROFUNDO: Identidade camponesa[Tourém - Montalegre e Rebordochão - Terras de Bouro]

Quadro 3TERRITÓRIO RURAL TRANSFORMADO: Crescimento territorial, simultaneadade e contib-utos exteriores[Moreira de Cónegos - Guimarães e Mondim de Bastos - Vila Real]

Imagem 4Contributos externos nas construções vernáculas[Rebordochão - Terras de Bouro]

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ficação que introduzem na relação entre a casa e o território. No caso da casa de contexto rural profundo, havia

uma relação franca com a cultura agrícola que terá sido alterada, passando a existir um desfasamento entre

atividades agrícolas e espaço doméstico. Este tipo de construção vernacular tem uma implantação menos

concentrada e mais dispersa, de maneira a se fazer rodear pelos campos agrícolas. Com o desfasamento entre

habitação e equipamentos de apoio à cultura agrícola, encontrar-se-ão zonas ligadas por movimentos pendu-

lares, de pequena escala. Relativamente à casa em contexto rural transformado, as construções trazem consigo

outras transformações no território. Implantadas em terrenos mais periféricos (por serem economicamente

menos valorizados e aqueles que ainda não estarão consolidados), próximo de vias de circulação, o paradigma

será neste caso o de ter rápida acessibilidade, não tendo como preocupação imediata estabelecer uma relação

direta com os campos agrícolas. De forma sucinta, é possível avançar com a ideia de que esta diversidade de

entendimento de “Arquitetura Popular” terá transformado não só o território como a noção de doméstico.

Esta questão do espaço doméstico transporta consigo uma carga simbólica. Por mais infor-

mal que este espaço seja, está carregado de camadas de informação, cuja organização é com-

plexa. Neste ponto é fundamental, sublinhar a defesa do indivíduo enquanto corpo que dá sen-

tido ao espaço. A necessidade de cooperação entre corpo e espaço, participando numa

construção “vivida e não simplesmente como construção de um momento original”1. Henri Raymond2 acrescenta

ainda a existência de uma forma de sabedoria dos habitantes sobre as suas habitações, refere-se à “competên-

cia de habitar”, através de um verificação que resulta da experimentação, consequência de um processo de

apropriação3 [Quadro 5]. Valoriza-se, portanto, o saber cognitivo, fruto da experimentação e do saber herdado.

Tal verifica-se muitas vezes, em processo de autoconstrução, embora isto se verifique de forma marginal e

pobre4. Esta lógica traz implícito um determinado uso de materiais e de técnicas, porque depende das capaci-

dades e conhecimentos de quem as emprega. Esta lógica é diferente nos distintos contextos. Nas casas que

contam com orçamentos menores é possível ver este tipo de processos de adição, enquanto em casos espe-

ciais, como são as “casas de emigrante”, este processo participativo por parte dos habitantes surge enquanto

controlador da obra, por intermédio de técnicas construtivas mais formais [Quadro 6].

Perante este panorama apresentado muitas questões se poderiam levantar: Principalmente nas “casas de em-

igrante”, em que os habitantes já têm uma ideia bastante bem formalizada sobre a casa, qual poderia ser a

participação do arquiteto? Como poderia o arquiteto trabalhar ao serviço deste grupo populacional? Como

participar tecnicamente em processos tão vinculados por motivos “emotivos”? Como determinar qual o pro-

grama mais acertado para determinado cliente? O que cabe na “casa de sonho”? Sem grandes respostas em

vista, julga-se fundamental, num primeiro plano, que a prática da disciplina arquitetónica seja crítica relativa-

mente ao contexto social, cultural ou familiar do cliente, contra convenções espaciais e que haja uma constante

adequação e renovação da visão do arquiteto em relação ao cliente.

Contudo, há que levantar a questão oposta. Este tipo de construção, feita à margem dos ensinamentos técnic-

os e académicos dos arquitetos, não poderá induzir contradições, nem sempre fáceis de resolver, no território?

Não resultará numa contaminação e consolidação de processos informais, o que à distância poderá contribuir

1 Cultura e Arquitectura. Incursións Antropolóxicas no Espacio Construído. Actas do Seminário Inetrnacional «Cultura e Arquitec-tura» – Universidade Fernando Pessoa. Coord: Paulo Castro Seixas, Xeraldo Pereiró Pérez, Paula Mota Santos. Santiago, Edicións Lea, S.L, 1998; pág.164.2 RAYMOND, Henri, L’Architecture, les aventures spatiales de la raison. Paris: CCI- Centre G. Pompidou, 1984; pág.184 citado em PINSON, Daniel, Usage et Architetcture. Paris: L’Harmattan, 1993; pág.37.3 PINSON, Daniel, Usage et Architetcture; pág.37.4 Autoconstrução é, por um lado, a força do espirito de comunidade e, por outro, uma alternativa social à questão da habitação, devido à existência de poucos recursos.

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Quadro 5Estas duas imagens pertencem a um dos casos estudados mais aprofundadamente, a uma das denominadas “casas de emigrante”. Nestas duas fotografias é possível observar a presença dos habitantes no espaço doméstico, naquele que é o espaço mais humanizado da casa, a cave, apesar dessa conter outros espaços formalmente vocionados para propósitos semalhantes, mas que ganharam um carácter apenas cerimonial, não sendo regularmente usados, como é o caso das salas de estar e de refeições. [Touguinhó, Vila do Conde]

Quadro 6O processo de autoconstrução segundo diferentes lógicas de atuação:[Tourém - Montalegre, Montes, Campeã - Vila Real, Touguinhó, Vila do Conde]

para uma paisagem lida como desordenada e descontrolada? Talvez por isso, os arquitetos possam intervir

de um modo cirúrgico e orientado, apoiando este tipo de construções. Assim, parece-nos, mais uma vez, fun-

damental, na prática arquitetónica, nomeadamente do espaço doméstico, que aquele para quem se constrói

esteja sempre no subconsciente do arquiteto e que seja um indicador da configuração final. O arquiteto deve

ser alguém que participa na criação de um determinado espaço para outrem.

Mesmo em jeito de finalização, a focalização no indivíduo socializado que vive em contexto ru-

ral e popular, fez-se não só com o intuito de valorizar o desempenho e importância do papel do ha-

bitante num tipo de processos espaciais participados, mas também de retirar algumas conclusões

acerca do papel do arquiteto em domínios populares. Desta forma, revelou-se fundamental ter um

entendimento flexível de casa, ajustável ao habitante e ao seu historial. Com isto não se pretende

desvalorizar o desempenho e figura do arquiteto, mas pelo contrário, dotar a disciplina arquitetónica de sen-

sibilidade não só pelo contexto, mas fundamentalmente pelo habitante.

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[DESENHO]

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36DESENHOS [diversos]

Desenho II - 2º ano, 2008.2009

Docente: Arquiteto Telmo Castro

Escola Superior Artística do Porto

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38Caderno de Viagem

História da Arquitetura Portuguesa - 4º ano, 2010.2011

Docente: Arquiteta Marta Peters Oliveira

Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto

Mosteiro de Paços de Sousa, PenafielPormenor portal

Igreja do Mosteiro de Alcobaça, AlcobaçaPormenor pilares

Claustro do Mosteiro dos Jerónimios, LisboaPortal Lateral

Igreja dos Grilos, PortoCruzeiro e altar

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Mosteiro de Alcobaça, AlcobaçaPlanta esquemática

Mosteiro da Batalha, BatalhaPlanta esquemática

Mosteiro dos Jerónimios, LisboaPortal Lateral

Torre de Belém, Lisboa

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