port.com - edição nº 14 - dezembro de 2015

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2015 . Nº 14 . DEZEMBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 3,50€ Visite o site www.revistaport.com e fique mais perto de Portugal + www.revistaport.com Ofertas made in Portugal para toda a família Sete receitas para uma consoada doce Mundo de olhos postos na Madeira PRESENTES SOBREMESAS DE NATAL PASSAGEM DE ANO As celebrações de quem vive no estrangeiro

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2015 . Nº 14 . DEZEMBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 3,50€

Vis i te o s i te www. rev i s tapor t .com e f ique ma i s pe r to de Por tuga l+

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Ofertas made in Portugal para toda a família

Sete receitas para uma consoada doce

Mundo de olhos postos na Madeira

PRESENTES SOBREMESAS DE NATAL PASSAGEM DE ANO

As celebrações de quem vive no estrangeiro

www.revistaport.com

SUMÁRIOHistória

do bolo-rei

Roadshow vai visitar emigrantes

portugueses

26

7

14

Receitas de doces de Natal

Turismo em Sintra

está em alta

4 EDITORIAL

COMUNIDADES5. Breves

14. ACM viaja até aos portugueses pela Europa

DESTAQUENATAL PORTUGUÊS

20. O Natal dos portugueses no estrangeiro24. Presentes que falam português

26. Bolo-rei, o imigrante que conquistou os portugueses28. Receitas doces para um Natal à portuguesa

32 GASTRONOMIAUm ano em cheio para Vítor Sobral no Brasil

TURISMO35. Madeira volta a ter o início de ano mais iluminado

38. Parques de Sintra nunca foram tão visitados

40 CULTURAAna Sofia Silva restaura instrumentos antigos

num dos museus mais importantes dos EUA

NEGÓCIOS42. Sol produziu mais energia que o vento

pela primeira vez em Portugal44. Cristiano Ronaldo, novo embaixador das marcas da Altice

46 DESPORTOOs portugueses que emergem na Liga NOS

50 DISCURSO DIRETOA experiência única de viver no Dubai

P28

P38

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES4

Portugal nunca esquecerá os infames acontecimentos de 13 de novembro de 2015. Quando ao início da noite começaram a surgir as primeiras notícias sobre os atentados em Paris, os corações de milhares de

portugueses sobressaltaram-se por todo o mundo.

Pela segunda vez no mesmo ano, a capital francesa era invadida pelo ódio e pelo medo. Desta vez, identificar as vítimas era uma tarefa muito mais difícil, dado que os lugares atacados são de acesso público, como um estádio de futebol, uma sala de concertos ou a esplanada de um café.

Não se saberia quem poderia estar lá, mas provavelmente estariam portugueses, não fosse Paris a segunda cidade no mundo com maior número de cidadãos com origem em Portugal.

Os milhares de corações sobressaltados deram assim origem a te-lefonemas para os entes queridos a viver na capital francesa. Lamen-tavelmente, as tentativas de contacto a três portugueses (e outras 126 vítimas) não obtiveram resposta.

Mesmo assim, foram muito mais os telefonemas que resultaram em palavras de consolo e afeto entre pessoas que preferem o bem ao mal. Muitos desses portugueses, que passam o ano separados geografica-mente, reencontram-se agora no Natal, o tema principal desta edição.

Volvido um mês desde os trágicos acontecimentos, o amor conti-nua a mostrar que prevalece ao ódio, a paz ao terror, a solidariedade à intolerância.

Boas festas e um ano 2016 cheio de paz e felicidade a todos os leito-res da Revista PORT.COM

EDITORIAL

LUÍS CARLOS SOARESCoordenador Editorial

A AJBB Network não é responsável pelo conteúdo dos anúncios nem pela exatidão

das características e propriedades dos produtos e/ou bens anunciados. A respetiva veracidade e conformidade com a realidade são da integral e exclusiva responsabilidade

dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins,

inclusive comerciais.

FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Edição Mensal - Dezembro 2015www.revistaport.com

Nº de registo na ERC: 126526

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º3000-299 Coimbra (Portugal)

Tel: (+351) 239 820 688

[email protected]

ESTATUTO EDITORIAL www.revistaport.com/estatuto-editorial

EDITOR E PROPRIETÁRIO

[email protected]

NIF: 510 475 353

DIREÇÃO Abílio Bebiano

[email protected]

COORDENAÇÃO EDITORIALLuís Carlos Soares (CP-9959)[email protected]

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira,

Filipa Marques Colaboradores: Hugo Daniel Costa

PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos

[email protected]

DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA

www.bdmp.pt

ASSINATURAS [email protected]

PUBLICIDADE AJBB Network

Rua João de Ruão, 12 – 1º 3000-229 Coimbra (Portugal)

(+351) 967 583 [email protected]

EDIÇÃO PAPEL: Novembro 2015

Tiragem: 70.000 Exemplares Impressão: Lisgráfica

Depósito Legal: 376930/14Distrib. nacional e internacional: CTT

www.revistaport.com 5

De acordo com o mais recente relatório do Observatório da Emigração (OE), Portugal é o país da União Europeia com mais emigran-

tes, em proporção com o número de residentes. A nível mundial, ocupa a 12.ª posição, numa lista liderada pela Palestina, Albânia e Porto Rico. No total, cerca de 2,3 milhões de portu-gueses vivem atualmente no estran-geiro, o que equivale a um quinto da população (20%).

A emigração disparou 50% entre 2010 e 2013, segundo o mesmo relató-rio. Com base nos registos de Segu-rança Social dos países de destino, o Observatório calcula que no ano passado tenham emigrado 110 mil portugueses. O Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta, a partir de um inquérito, para um número ainda mais elevado, cerca de 135 mil.

Seja como for, é preciso recuar até à década de 70 do século passado para encontrar valores comparáveis aos agora registados. Tal como aconteceu nessa altura, a atual vaga de emigração é sobretudo para a Europa.

Reino Unido, o principal destino

O Reino Unido é hoje o destino para onde emigram mais portugueses: 61 mil só nos últimos dois anos. O fluxo é sobretudo composto por jovens adultos um terço tem entre 25 e 34 anos e muitos são qualificados, como os enfermeiros, que têm partido em larga escala. Só em 2013, perto de 1 200 enfermeiros portugueses começaram a trabalhar em Inglaterra, o que equivale a cerca de 30% de todos os profissionais de enferma-gem que nesse ano se formaram em Portugal.

Entre os principais destinos, seguem-se a Suíça e França. Os países escandi-navos também merecem destaque, com um aumento constante da emigração, sobretudo qualificada, nos anos mais re-centes. Em termos relativos, a Noruega

é mesmo o país onde mais tem crescido a emigração portuguesa. Fora da Europa, os países eleitos são Angola, Moçambi-que e Brasil.

França, a maior comunidade

Em números acumulados, França continua a ser o país do mundo com a maior comunidade portuguesa, composta por quase 600 mil pessoas. Em segundo lugar surge a Suíça, com 210 mil, seguida dos EUA (177 mil) e do Canadá (140 mil).

Apesar de ter subido muito o número de licenciados a deixar o país, entre os que vivem lá fora ainda predominam os indivíduos com baixas e muito baixas qualificações. Independentemente de terem ou não um canudo, a grande maio-ria não deverá regressar.

20% DOS PORTUGUESES VIVEM NO ESTRANGEIRO

Portugal é o país da União Europeia com mais emigrantes, o 12.º à escala mundial. Entre 110 mil e 135 mil partiram só no ano passado,

números comparáveis aos da década de 70.

OMUNIDADESC

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES6

Quando fizeram as malas para tentar uma nova vida lá fora, em Portugal tinham um salário médio de mil euros

por mês. No novo destino, em termos médios, estão agora a receber cerca de três vezes mais. E, apesar de em alguns casos, o custo de vida ser mais elevado na nova residência, a decisão de emigrar compensou para muitos portugueses.

Estas conclusões fazem parte do estudo “Regresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portuguesa”, desenvolvido por uma equipa da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e ISCTE. Questionários a seis mil emigrantes comprovam que, quatro em cada dez casos, foram os baixos salários pagos em Portugal e o desemprego que moti-varam as saídas do país.

A Noruega e a Suíça são os países em que se pagam melhores salários aos portugueses (acima dos quatro mil euros, em média). França, Luxem-burgo e Espanha são os países onde os ordenados são menos aliciantes. Ainda assim, são superiores aos pagos no mercado de trabalho português.

Também é curioso verificar que os países lusófonos são o destino dos emigrantes que mais recebiam em Portugal. O salário médio dos portugueses que emigraram para estes países andava em torno de 1 500 euros e, com exceção de Angola, o excedente que foram ganhar para o país de acolhimento é dos mais pequenos. A atratividade desses destinos pode ser justificada pelo custo de vida mais baixo do que em Portugal.

EMIGRANTES GANHAM O TRIPLO DO QUE RECEBIAM EM PORTUGAL

De acordo com o estudo “Regres-so ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portugue-sa”, o país europeu onde a diferen-ça salarial entre Portugal e o país de destino é menos significativa, tendo em conta a média do salário mensal bruto, é a França. Os que partiram para o país gaulês rece-biam, em média, 661,19€ de salário bruto em Portugal, e passaram a auferir 1946,7€. Em sentido oposto, a Noruega é o país onde a diferença salarial mais compensa, com um sa-lário bruto de 4696,76€, bem mais do que os 1089,24€ que recebiam, em média, em Portugal.

O estudo desenvolvido por uma equipa da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra e ISCTE, com base em seis mil questionários efetuados, também concluiu que o Luxemburgo é o país que con-quista os menores níveis de satis-fação pessoal entre os emigrantes portugueses. Numa escala de zero a cinco, os portugueses no Luxem-burgo questionados mostram um grau de satisfação de 3,53, abaixo dos 3,73 dos compatriotas a residir em França. Os que se mostram mais satisfeitos são os portugueses na Noruega, com uma média de 4,43.

França é o país onde a diferença salarial menos compensa

Portugueses no Luxemburgo são os menos satisfeitos

Espanha recebe os mais qualificados

O país vizinho de Portugal desta-ca-se entre os países mais procu-rados pelos portugueses com mais do que o ensino secundário no seu currículo académico. No total da amostra recolhida pelo estudo “Re-gresso ao futuro: a nova emigração e a relação com a sociedade portu-guesa”, cerca de 86% dos portu-gueses a residir no país vizinho

têm formação no ensino superior. Entre os países que registam um maior número de emigrantes com elevados níveis de qualificação académica estão também os Esta-dos Unidos, a Irlanda, a Noruega, o Brasil e o Reino Unido. França e Luxemburgo são os destinos que registam números mais baixos no que toca a este índice.

COMUNIDADES

www.revistaport.com 7

AUMENTO DA EMIGRAÇÃO PORTUGUESA QUALIFICADA ANALISADO EM LIVRO

Seis em cada dez novos emigrantes têm entre 20 e 39 anos

O perfil do emigrante portu-guês dos últimos três anos mostra que ele é relativa-mente jovem e em idade de

trabalhar. Entre 2011 e 2014 saíram do país 114 mil emigrantes permanentes entre os 20 e os 39 anos, 57% de um total próximo dos 200 mil, de acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo os dados alusivos exclusiva-mente a 2014, os emigrantes portugue-ses que saíram do país com o objetivo de ficarem fora pelo menos um ano fixou-se em 49,5 mil, dos quais 65% são homens e 35% são mulheres. Dois terços tiveram como destino países da União Europeia e 93% eram pessoas em idade ativa, ou seja, entre os 15 e os 64 anos.

Desses 49,5 mil emigrantes perma-nentes, 27,7 mil tinha entre 20 e 39 anos e mais de um terço tinha entre 20 e 29 anos.

Entre os emigrantes temporários - que saem com o objetivo de ficar lá fora três meses a um ano -, as contas não são muito diferentes. Em 2014, eram 85 mil, muitos mais do que os emigrantes permanentes. Enquanto o número de emigrantes permanentes caiu 8% face a 2013, o número de emigrantes tempo-rários aumentou 14%. Desses 85 mil emi-grantes temporários, 72% são homens, 64% emigraram para países da UE e 62% estavam entre os 20 e os 39 anos de idade. Se também estendermos este exercício a entre 2011 e 2014, o total de temporários é de 286 mil, 54% dos quais (154 mil) está entre os 20 e os 39 anos.

O professor catedrático Rui Macha-do Gomes dirigiu um estudo, ela-borado por 12 investigadores, sobre emigração portuguesa qualificada, com base numa amostra composta por 1 011 licenciados, mestres e dou-tores. Os primeiros resultados desta investigação, financiada pela Fun-dação para a Ciência e Tecnologia (FCT), foram agora publicados num livro chamado “Fuga de Cérebros”.

Nesta obra pode ler-se que mais de 50% dos inquiridos sentiram-se motivados a partir porque esta-vam desempregados ou recebiam remunerações abaixo dos 1000€. Entre os portugueses com forma-ção superior que mais emigraram destacam-se os de áreas como as ciências, matemática, engenharia e até informática, com o Reino Unido e a Alemanha como os destinos mais procurados.

Pouco mais de 68% dos inquiridos dizem que não têm intenções de regressar a Portugal durante a vida ativa. Está prevista a publica-ção de um segundo livro com mais con-clusões deste estudo.

COMUNIDADES

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES8

O Clube Português de Pequim (CPP), a primeira associação lusitana fundada na capital chinesa, foi oficialmente

lançado a 14 de novembro, por um grupo de jovens portugueses. O embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pe-reira, marcou presença e tornou-se no primeiro membro honorário e um dos cinco signatários da ata inaugural.

“O objetivo fundamental é promover o convívio entre os que estão cá e ajudar e apoiar a comunidade”, disse à Lusa a fundadora do grupo e agora presidente da direção do CPP, Inês Cunha da Silva, uma madeirense de 27 anos radicada em Pequim desde 2010.

“Dar as boas vindas às pessoas novas e acompanhá-las, também será o nosso papel”, assim como oferecer “uma base de apoio para as empresas portuguesas interessadas em vir para a China”, acres-centou Inês.

“Quaisquer dificuldades ou proble-mas nos serviços que nós prestamos à comunidade portuguesa serão agora

mais fáceis de detetar e perceber como podemos melhorar”, enalteceu o embai-xador Jorge Torres-Pereira.

A iniciativa de criar o CPP nasceu na rede social WeChat, o equivalente chinês ao Whatsapp, onde havia sido lançado um grupo onde portugueses a residir em Pequim conversavam e combinavam atividades conjuntas. O primeiro encontro teve lugar em 2014, um jantar comemorativo do 40.º aniver-sário do 25 de abril.

O CPP é assim a segunda associação cultural e recreativa portuguesa criada na China continental, depois de em meados deste ano ter sido fundado o Clube Português de Xangai. Em Macau e Hong Kong, as duas regiões adminis-trativas especiais do país, existem ainda a casa de Portugal em Macau e o Clube Lusitano.

Estima-se que número de portugue-ses residentes em Pequim ronde os 150, na sua maioria jovens trabalhadores. Quase meia centena participou no ma-gusto que oficializou o CCP.

De origem cabo-verdiana pelo lado do pai e açoriana pelo lado da mãe, Jasiel Correia foi eleito, no início de outubro, mayor de Fall River. Com apenas 23 anos, é o autarca mais jovem da história da cidade no estado de Massachuse-tts e certamente um dos mais no-vos de todos os Estados Unidos da América. Os eleitores elegeram-no com 52 por cento dos votos.

Segundo os últimos censos, 49 por cento da população de Fall River são portugueses ou luso-america-nos, sendo que a grande maioria é oriunda dos Açores. No centro da cidade existe mesmo uma réplica das Portas da Cidade de Ponta Delgada.

O agora autarca é fundador e dire-tor executivo da SnoOwl, uma apli-cação para telemóveis que reúne ‘posts’ das redes sociais sobre empresas.

Lusodescendente nos EUA chega a autarca aos 23 anos

Portugueses em Pequim criam associaçãoPromover o convívio e contribuir para a integração dos recém-che-gados são alguns dos objetivos do Clube Português de Pequim. A ideia surgiu numa rede social e um ma-gusto foi a ocasião escolhida para o lançamento.

Jorge Torres-Pereira

www.revistaport.com 9

São Martinho voltou a reunir portugueses em Paris

Pelo sexto ano consecutivo, a associação Cap Magellan reuniu centenas de portugueses num magusto de São Martinho, em

Paris. A celebração teve lugar a 11 de novembro, no estádio Elisabeth – Porta de Orleães, onde foi distribuída uma tonelada de castanhas, oferecidas pela Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM).

Para além de saborearem as castanhas assadas, o “ouro transmontano” (tal como foi escrito na edição de novembro da Revis-ta PORT.COM), os presentes fizeram a fes-ta ao som dos Gaiteiros de Paris, do grupo de bombos Marotos-Minhotos de Gonesse e dos Cabeçudos da associação Portugal du Nord au Sud de Saint-Brice-sous-Forêt.

O magusto voltou a contar com a pre-sença de Américo Pereira, presidente da Câ-mara Municipal de Vinhais e da CIM-TTM, que engloba os concelhos portugueses

de Alfandega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vinhais e Vimioso.

Neuilly-sur-Seine festejou com castanhas de Chaves

A típica generosidade transmontana também esteve evidente num outro ma-gusto parisiense. Neuilly-sur-Seine tam-bém assinalou o dia de São Martinho na tarde de 11 de novembro, com a distribui-ção de castanhas oferecidas pela Câmara Municipal de Chaves, uma tradição que se mantém há alguns anos.

O evento teve lugar na Esplanade du Souvenir Français, na avenida Charles de Gaulle. Entre as dezenas portugueses presentes esteve o cônsul-geral de Por-tugal em Paris, Paulo Neves Pocinho. A animação musical ficou a cargo do grupo de concertinas da Association Conver-gence de Montreuil.

Os fumadores que deitarem bea-tas para o chão dentro das fron-teiras luxemburguesas vão ter de pagar uma multa de 49 euros, ao abrigo de um projeto de regula-mento do Governo local. A sanção aplica-se tanto na via pública co-mo na natureza. O Grão-Ducado não é o primeiro território a aplicar coimas aos fumadores que lançam a ponta do cigarro na via públi-ca. Em outubro deste ano, Paris reforçou mesmo a multa para os fumadores, de 35 para 68 euros.

O inglês é o idioma oficial de todos os países do Reino Unido. País de Gales não é exceção, embora dete-nha uma língua local, o galês. Mas há cidades em que outros idiomas são mais falados, devido às co-munidades estrangeiras. Exemplo disso verifica-se em Wrexham (a 9.ª maior cidade do país, a poucos quilómetros da Inglaterra), onde o polaco e o português são mais falados do que o galês. Esta curio-sidade foi tornada pública por um governante local durante um deba-te recente sobre políticas de pro-moção da língua galesa.

No Luxemburgo, atirar beatas para

o chão vai dar multa

Em Wrexham fala-se mais português

do que galês

Américo Pereira (3.º a contar da esq.) representou a entidade transmontana que ofereceu uma tonelada de castanhas

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES10

COMUNIDADES

Manuel Cola Dias, 63 anos, alentejano de Corte do Pinto (Mértola), a residir em Reims há 40 anos. Précilia Correia, 35 anos, filha de pai português e mãe francesa. Christine Gonçalves, 50 anos, filha de pais portugueses. Estes são os nomes dos três portugueses entre as 129 vítimas mortais dos atentados de Paris, a 13 de novembro.

O primeiro, motorista de profissão, faleceu nas imediações do Stade de France, onde esperava pelo regresso dos três passageiros que havia transpor-tado até Paris para assistirem ao jogo de futebol entre as seleções de França e da Alemanha. Tinha sido destacado à última da hora para substituir um colega nesse serviço. Das quatro pessoas que perderam a vida nos arredores do estádio, é o único que não o fez volunta-

riamente, dado que as três outras eram terroristas que se fizeram explodir.

As duas lusodescendentes estavam no Bataclan a assistir ao concerto da banda americana Eagles of Death Metal, onde os terroristas irromperam aos tiros e mataram 89 pessoas. Précilia Correia, funcionária da FNAC e residente no bairro da sala de espetáculos, estava acompanhada pelo namorado fran-cês, também assassinado. Christine Gonçalves assistia a mais um concerto relacionado com a sua atividade profis-sional, dado que trabalhava na editora de música Mercury.

A Revista PORT.COM lamenta profundamente o falecimento destas e de todas as outras vítimas dos infames atentados em Paris.

TRÊS PORTUGUESES MORTOS NOS

ATENTADOS DE PARISDa lista de 129 vítimas mortais fazem parte um emigrante alentejano, que se encontrava perto do Stade de France, e duas lusodescendentes, que não

conseguiram escapar da barbárie no Bataclan.

Margarida de Santos Sousa, porteira a poucos metros do Bataclan, abriu as portas do prédio a cerca de 40 pessoas que fugiram em pânico da sala de concertos, tendo socorrido cinco que estavam feridas, uma das quais em estado grave, alvejada com duas balas. A portuguesa natural de Penafiel, a residir em Paris há 36 anos, confessou à Lusa que se chegou a questionar se haveria terroristas entre as pessoas a quem abriu a porta, mas que “quan-do se vê as pessoas encharcadas em sangue, não se tem tempo para saber se há alguém com maldade”.

O secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas, José Cesário, deslocou-se a Paris para “prestar uma pequena homenagem a todos os mortos, principalmente os portugue-ses”, depositando um ramo de flores junto ao Bataclan. Acompanhado pelo embaixador português em Paris, José Filipe Moraes Cabral, e pelo cônsul-geral, Paulo Neves Pocinho, o gover-nante contou à Lusa que “dezenas de pessoas contactaram o consulado-ge-ral em Paris e o gabinete de emer-gência consular, em Lisboa, a pedir informações”, maioritariamente sobre o paradeiro de familiares. Cesário teve ainda oportunidade para agradecer a Margarida de Santos Sousa (na ima-gem) a coragem demonstrada.

Portuguesa abriu porta a jovens em pânico

José Cesário homenageouvítimas

www.revistaport.com 11

França em estado de emergência até 25 de fevereiro

Comunidade portuguesa incentivada a não reagir com intolerância

Na sequência dos atentados terro-ristas, o parlamento francês aprovou o estado de emergência até 25 de fevereiro, o que alarga a margem de manobra das forças de segurança em questão de detenções domiciliárias, em matéria de buscas e o prolongamento da de-tenção preventiva rela-cionada com ameaças de terrorismo.

Mãe de terrorista do Bataclan é de Póvoa de Lanhoso

O monumento lisboeta e o teatro portuense iluminaram-se com o azul, o branco e o vermelho da bandeira francesa, numa homenagem das autarquias das duas maiores cidades portuguesas às vítimas dos atentados em Paris. As luzes da Torre de Belém foram acesas pelo presidente da Câma-ra de Lisboa, Fernando Medina, e pelo embaixador de França em Portugal, Jean-François Blarel.

Iniciativas semelhantes tiveram lugar em locais emblemáticos de alg uns dos países com as maiores comunidades por tug uesas, como Reino Unido (Estádio de Wem-bley, em Londres), Estados Unidos (One World Trade Center, em Nova Iorque), Canadá (CN Tower, em To-ronto), Brasil (Cristo Redentor, no R io de Janeiro) e Austrália (Ópera de Sydney).

Lúcia Moreira nasceu há 54 anos na vila minhota, onde nunca levou o filho o Ismael Omar Mostefai. Nenhum dos dois tem passaporte português. A mãe de Ismael Omar Mostefai, um dos terroris-tas que participaram no assassínio de 89 pessoas no Bataclan, nos atentados de 13 de novembro, nasceu há 54 anos em Póvoa de Lanhoso, de onde partiu em criança. Lúcia Moreira e um imigrante argelino em França tiveram cinco filhos. O terrorista

era o terceiro mais velho, com 29 anos quando se fez explodir. Convertida ao Islão, Lúcia Moreira não detém passaporte português, mas apenas francês, tal como o filho. Mostefai viveu com os pais perto de Chartres, uma cidade a cerca de 100km a sudoeste de Paris. A aproximação ao autoproclamado Estado Islâmico terá começado em 2010.

Torre de Belém e Rivoli iluminados com as cores francesas

O candidato do Partido Comunista Português (PCP) à Presidência da República Portuguesa, Edgar Silva, es-teve em Paris no fim de semana após os atentados, onde pediu à comunida-de portuguesa para não reagir "com intolerância aos bárbaros aconteci-mentos". Depois de se ter encontra-do com a comunidade portuguesa em Nanterre (arredores de Paris), o candidato a Belém deslocou-se às imediações do Bataclan: "Se sabemos que há muita indignação, para além da consternação, importa também dizer que à gramática das bombas, esta linguagem do terrorismo, não se pode responder com a gramática da violência”, conside-rou.

Ismael Mostefai

12 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

Tenho duas culturas, duas nacionalidades: O meu coração é portu-guês, a minha vida foi construída em Paris, em França. França, país da Liberdade, dos Direitos

do Homem e com grande diversidade (religiosa, étnica e política) foi atingi-da no dia 13 de novembro naquilo que tem de mais importante: A Liberdade. A Liberdade de se divertir à volta de um copo, de assistir a um jogo de futebol ou a um concerto de rock.

Nos dias que seguiram os atenta-dos tive muito medo e vieram-me à cabeça muitas perguntas: “Será que vamos ter que fugir daqui? “, “Será que vamos poder sair à rua sem me-do?”, “Será que a extrema-direita vai chegar ao poder?”, “Será que vamos ter de ir viver para Portugal?”.

Mas a esperança de voltar a viver nor-malmente em Paris regressou, porque acredito na força da população deste país. Depois desses primeiros dias só me faltava uma pergunta sem verdadeira resposta: Em que é que a sociedade francesa falhou para que certos filhos de uma dupla cultura franco-estrangeira, nascidos em

França, odeiem o pais onde nasceram ao ponto de atacá-lo?

Certas populações em França vivem em grande parte reunidas em bairros sociais e são vítimas de discrimina-ções na escola, para arranjar em-pregos com qualificação e até para arranjar alojamento.

Por outra parte, as autoridades não dão condições de educação muito melhores às escolas desses bair-ros que às outras, o que considero que deveria acontecer, para que os alunos possam alcançar resultados

equivalentes aos de zonas mais be-neficiadas. E as mesmas autoridades perderam completamente o controlo sobre tráfico de drogas e de armas em certos bairros sociais.

Tudo isto é um círculo vicioso do qual é difícil sair sem verdadeira mudança nas mentalidades da po-pulação.

É evidente que a sociedade não é culpada destas atitudes bárbaras e completamente loucas, mas acho que podemos fazer mais para evitar ao máximo que isto dure durante anos.

Não podemos esquecer que o nosso único adversário é aquele que ataca aquilo que temos em comum: A França e a nossa Liberdade. E espero que es-tes momentos difíceis nos façam per-ceber que o futuro da França pertence a cada um de nós: filhos de franceses, de portugueses, de marroquinos, de israelitas, de chineses, etc. E nunca esqueçam aquilo que este país deu aos nossos pais ou avós quando chegaram cá, para alguns em plena ditadura.

A França deu-lhes algo que não tinham nessa altura: Liberdade, abertura para o mundo e diversidade.

O FUTURO DA FRANÇA PERTENCE A CADA UM DE NÓS

“NOS DIAS QUE SEGUIRAM OS ATENTADOS TIVE MUITO MEDO E VIERAM-ME À CABEÇA MUITAS PERGUNTAS: “SERÁ QUE VAMOS TER QUE FUGIR DAQUI? “, “SERÁ QUE VAMOS PODER SAIR À RUA SEM MEDO?”, “SERÁ QUE VAMOS TER DE IR VIVER PARA PORTUGAL?””

Emmanuel Machado nasceu há 33 anos em Paris, onde continua a viver. As suas raízes são provenientes de Serapicos e Argeriz, aldeias transmon-tanas a poucos quilómetros de Valpaços.

O P I N I ÃO

DESDE QUE SAÍMOS DE PORTUGAL, UMA COISA É CERTA: OS DEPÓSITOS DESTE NATAL SÃO NA CAIXA.Não há Natal como o nosso, em Portugal: com a nossa família, os nossos amigos, as nossas tradições e os nossos depósitos. Nesta quadra passe pela Caixa e descubra os Depósitos Caixa, Cay e Som para quem vive fora de Portugal.Disponíveis em várias moedas - euros (EUR), dólares americanos (USD), dólares canadianos (CAD) e libras esterlinas (GBP) - permitem-lhe aplicar as suas poupanças com rendimento garantido, flexibilidade de prazos e montantes.Onde quer que esteja este Natal, conte com a Caixa, através do serviço Caixadirecta, disponível por telefone on-line e APP, 24 horas todos os dias do ano, com o apoio de uma equipa especializada em soluções financeiras para clientes Residentes no Estrangeiro.

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES14

COMUNIDADES

O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) começa o mês de dezembro com um roadshow por cidades de Suíça, Luxemburgo,

Alemanha e França, alguns dos países europeus onde há mais portugueses a viver e a trabalhar. Genebra, Zurique, Luxemburgo, Hamburgo e Paris são as cidades visitadas pelo camião-quiosque criado para transportar informação so-bre programas e iniciativas do Governo de Portugal dirigidas aos portugueses emigrados.

Os principais objetivos deste roadshow foram explicados à Revista PORT.COM pelo Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado: “Vamos ouvir as necessidades e aspirações dos portugueses não-residentes, e dar-lhes a conhecer medidas que estamos a imple-mentar. Queremos desenvolver um con-tacto mais próximo com estas pessoas, transmitir-lhes que Portugal tem que ser onde estiverem os portugueses”.

De Portugal partem colaboradores do ACM com documentação sobre as iniciativas a apresentar, prontos a prestar qualquer esclarecimento sobre os mesmos. O roadshow apadrinha o

lançamento de alguns programas, como o Elevar o Seu Negócio, que “incentiva, através de apoios, os empresários por-tugueses de sucesso no mundo inteiro a replicar esses negócios em Portugal”, explica Pedro Calado.

Também está previsto o lançamento de uma app para telemóveis e table-ts, chamada “Portugal Lá Fora”, que indica a qualquer português no mundo onde é que Portugal está representado nesse país estrangeiro: “Permite a um

português que esteja, por exemplo, em Pequim, saber onde pode encontrar a embaixada, o consulado, um restauran-te ou uma associação portuguesa”.

ACM VIAJA ATÉ AOS PORTUGUESES PELA EUROPA

Ouvir as necessidades dos portugueses no estrangeiro e dar-lhes a conhecer programas que promovem proximidade com Portugal, são alguns dos principais objetivos

do roadshow com que o Alto Comissariado para as Migrações visita Genebra, Zurique, Luxemburgo, Hamburgo e Paris.

UM CAMIÃO-QUIOSQUE TRANSPORTA DOCUMENTAÇÃO SOBRE AS INICIATIVAS A APRESENTAR NOS PONTOS DE PARAGEM

A igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Paris

www.revistaport.com 15

Elevar o Seu Negócio

Programa que apoia os empresá-rios portugueses estabelecidos em qualquer país do mundo, que pretendam replicar o seu negó-cio em Portugal. Materializa-se em assessoria na constituição da empresa em Portugal, apoio técnico, integração em fórum e rede de empresários, acesso privilegiado às entidades locais e acompanhamento por um Perso-nal Business Mentor.

Projetos Locais de Capacitação

Iniciativa que fomenta o empreen-dedorismo junto das comunidades emigrantes, dando novas valências aos portugueses que estão fora do país e, em especial, aos que querem regressar, para desenvol-ver um projeto profissional em Por-tugal. A formação destas pessoas será feita presencialmente, através da criação de turmas.

Portugal 2020

Pela primeira vez, os fundos comu-nitários fazem referência expressa aos emigrantes portugueses, que assim podem beneficiar deles para a concretização de negó-cios, estágio ou doutoramento em Portugal. O portal do ACM dispõe de um conjunto de consultores que podem orientar os interessados em desenvolver candidaturas.

Português para Todos

O domínio da língua portuguesa abre portas à vida académica e profissional. Os portugueses, onde quer que estejam, vão contar com o “Português para Todos”, uma plataforma de e-learning da língua portuguesa.

O ACM escolheu alguns dos habituais pontos de encontro de portugueses pela Europa para se encontrar com

estes cidadãos.

SuíçaDia 5 (Genebra)

Café Restaurante Boa BrasaDia 6 (Zurique)

Restaurante Fabiana

LuxemburgoDia 8 (Cidade de Luxemburgo)Supermercado Primavera Pain

AlemanhaDia 10 (Hamburgo)Restaurante O FarolRestaurante D. José

FrançaDia 12 (Paris)

Pastelaria Canelas em PierefitteRest. Pedra Alta de Pontault-Combault

Dia 13 (Paris)Santuário de N.ª Senhora de Fátima de Paris

Conjunto de iniciativas promovidas pelo Alto Comissariado para as Migrações no roadshow pela Europa, acessíveis a portugueses

por todo o mundo. Transformar ideias e projetos em negócios é um objetivo comum à maior parte destas medidas.

A troca de informação entre os portugueses inseridos no roadshow e os compatriotas que vão encontrar ao longo do percurso, motiva Pedro Calado a convidar “todas as pessoas a virem ter connosco”, convite endereçado também pelas embaixadas, consulados e associa-ções ligadas às localidades visitadas.

A Revista PORT.COM deste mês também é distribuída pelos colaborado-res do ACM presentes nesta viagem aos portugueses pela Europa.

PROGRAMAS E MEDIDAS DIRIGIDAS

ÀS COMUNIDADES

Mais informações sobre estes e outros programas disponíveis em www.acm.gov.pt

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES16

COMUNIDADES

Numa altura em que Portugal começa a receber os primeiros refugiados provenientes da Síria, a Revista PORT.COM conversou com o Alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, sobre algumas das questões que esta nova realidade tem levantado junto dos portugueses.

Existe uma franja da população que se queixa que vêm tirar emprego aos portugueses, num país onde o emprego é escasso e até leva à emi-gração. Como se contraria esse tipo de argumentos?

Com factos. Percebo que haja esse sentimento, que haja essa manifesta-ção de desconforto, mas acho que não podemos misturar coisas que não são misturáveis. Portugal passou por uma crise tremenda, houve pessoas que por necessidade tiveram que sair do país, mas isso não colide com o facto de haver países, com a Síria como o exemplo mais paradigmático, com guerras brutais em que estão a morrer milhares de pessoas, e que essas pessoas tenham direito de pedir proteção internacional. Acho que

não podemos confundir as duas coisas, comparar coisas que são incomparáveis.

O que faz com que Portugal seja um dos países de destino destes refugiados?

Portugal subscreveu a Convenção de Genebra no início dos anos 50, que nos obriga, enquanto Estado que protege os direitos humanos, a receber refugiados assim que se confirme o estatuto que essas pessoas pretendam ter. Portugal tem o dever interna-cional, porque assim o entendeu, de receber os refugiados que estão manifestamente a fugir da guerra, que muitas vezes nos países de onde vêm eram pessoas com qualificações e com um nível de vida bastante razoável, que deixaram tudo, pegaram numa mochila e pagaram para atravessar o Mediterrâneo, para terem o mínimo de conforto num país que os acolha.

Os primeiros refugiados já começa-ram a chegar ao país…

Tive oportunidade de estar com a se-nhora ministra [Teresa Morais, ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania] a receber os primeiros refugiados, ainda do lote de 2014, e constatei que um dos senhores fez questão de aprender portu-guês para poder dizer ali “obrigado, agora estou num país seguro”. Quando alguém se preocupa em aprender português para nos dizer isto, mostra que o que procura verdadeiramente é um sítio seguro, onde possa criar os três filhos que vinham com ele, alguns deles de colo.

“PORTUGAL TEM O DEVER INTERNACIONAL, PORQUE ASSIM O ENTENDEU, DE RECEBER OS REFUGIADOS”

Pedro Calado já deu as boas-vindas aos primeiros refugiados

Leia a continuação desta entrevista em www.revistaport.com

Saiba mais

“QUANDO ALGUÉM SE PREOCUPA EM APRENDER PORTUGUÊS PARA NOS AGRADECER, MOSTRA QUE O QUE PROCURA VERDADEIRAMENTE É UM SÍTIO SEGURO”

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES18

São os votos de toda a equipa da

BOAS Festas

19

Uns passam-no no país de acolhimento, outros regressam às origens. Há quem siga à risca a tradição

portuguesa, ou quem adote hábitos das novas culturas. Uns recebem bacalhau no estrangeiro, outros levam

presentes de fora para Portugal. Saiba como é que portugueses que residem em países distintos, da

Inglaterra à Suíça, dos Estados Unidos ao Brasil, fazem para passar o Natal “à portuguesa”.

Natal dos portuguesesSugestões de presentes made in Portugal

A origem do bolo-reiSete receitas de doces de Natal

O Natal dos portugueses

no estrangeiro

ESTAQUED

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES20

DESTAQUE

Viajar de carro desde a Catalunha ou da Suíça. Apanhar um avião em Inglaterra, na Argélia ou no Brasil. Reunir amigos compatriotas na Holanda ou nos

Estados Unidos. Receber familiares na Irlanda ou no Dubai. Estes são alguns dos planos que portugueses em dife-rentes geografias estão a fazer para passarem o Natal com entes queridos em torno de uma mesa à portuguesa em que o bacalhau e as rabanadas são imprescindíveis.

A Revista PORT.COM contactou mais de uma dezena de portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, para saber o que permite a alguns viajar até Portugal e como é que os ficam fazem para mitigar a distância. Mais perto ou mais longe, todos os depoimentos recolhidos declaram empatia pelo signi-ficado e pela tradição que envolve esta quadra festiva.

A família já está à espera que leve turrón

Daniela Vaz, 30 anos, enfermeira em Barcelona, Espanha

O Natal é celebrado na Catalunha, mas para os catalães a grande festa é a

chegada dos Reis Magos. Essa sim é a grande festa da família. Normalmente no meu local de trabalho não permitem usufruir de férias na altura do Natal, mas estou em Barcelona há sete anos e tenho conseguido ir passar o Natal a casa, graças à compreensão dos meus chefes. Já houve um ano em que os meus pais tiveram que vir cá a Barcelona, por-que foi impossível reunir dias suficien-tes para ir a Portugal. Costumo levar turrón para a família. Quando regresso já todos estão à espera que o faça.

Nos primeiros anos fui sempre para Portugal de avião, mas com o passar do tempo passei a optar por ir de carro. É mais económico se a viagem for dividida entre as amigas que também vivem lá, facilita o transporte das prendas e de-pois permite trazer produtos tipicamen-te portugueses para atenuar a saudade.

Este ano fico por duas semanasVânia Pinho, 33 anos, coordenadora de marketing em Londres, Inglaterra

Apesar de em Inglaterra haver uma variedade étnica e religiosa muito gran-de, o Natal é celebrado a nível nacional e considerado feriado. Este é o segundo ano em que trabalho fora de Portugal e para já tenho conseguido voltar sempre nesta altura. Tenho tido dias de férias

para ir a casa e dinheiro para as viagens, que nesta altura do ano sofrem um aumento absurdo. O voo demora apenas cerca de duas horas. Este ano fico por duas semanas e tal como no ano passado levo presentes daqui, bem como chocolates e alguns doces tipicamente britânicos, como Christmas pudding e mince pie.

Primeira vez que posso ir a Portugal nesta época

Ana Sobral, 29 anos, enfermeira em Londres, Inglaterra

Pela primeira vez desde de que emi-grei em 2011, este ano vou passar o Natal a Portugal com a minha família, por quatro dias, graças a me terem sido con-cedidas quatro folgas seguidas. Como sou enfermeira nos cuidados intensivos coronários do Hospital St Thomas, em Londres, não me é permitido tirar férias durante as festas, uma vez que temos de assegurar os cuidados e a segurança dos doentes. No entanto, tenho sempre a possibilidade de escolher estar de folga no Natal ou na passagem de ano.

O turrón de Alicante é um

símbolo do Natal em Espanha

Christmas Pudding

Ana Sobral (à esquerda

na foto)

www.revistaport.com 21

Os costumes Natalícios em Inglaterra não são muito diferentes dos nossos. Centram-se em estar com a família e na troca de presentes. No entanto, há muita multiculturalidade e diferentes religiões que não celebram o Natal. Não costumo levar comida para Portugal, mas nor-malmente compro as prendas de Natal em Londres, dado que há mais variedade e tenho mais tempo para me organizar. Quando estou em Portugal não gosto de perder tempo com estas trivialida-des. Prefiro passar o meu tempo com a família e amigos.

Companhia mais importante do que o lugar

David Ribeiro, 36 anos, External Information Specialist na Blizzard Entertainment em Cork, Irlanda

Pelo 13.º ano vou passar o Natal fora de Portugal. É a 5.ª vez na Irlanda, depois de quatro anos nos Estados Unidos e quatro na Irlanda. Para ser muito sincero, considero completamente irrelevante onde se passa o Natal, o mais importante é a companhia. Este ano vamos receber em casa familiares que vêm de Portugal para o passar connos-co. A comida vai ser portuguesa, tal como durante todo o ano: bacalhau, francesinha e sobremesas tipicamente portuguesas, como mousse de chocolate, molotov, bolo de bolacha com café, entre outras.

Viajar de carro fica mais em conta

Diogo Sousa, 25 anos, engenheiro informático em Delémont, Suíça

Este será apenas o primeiro Natal que passo enquanto novo-emigran-te, o que o torna bastante especial relativamente aos outros. Na Suíça festeja-se o Natal, mas é em Por-tugal que tenho a minha família, e dado que tenho férias, aproveito para voltar. Vamos de carro, porque somos quatro pessoas a viajar, o que faz com que fique mais em conta. A comida será preferencialmente portuguesa, mas nos presentes ofe-recemos artigos fabricados na Suíça, como chocolates e relógios.

Licença de maternidade permite viagem

Sabrina Silva, 26 anos, funcionária numa livraria em Gland, Suíça

Desde que estamos na Suíça só passámos um Natal cá e mesmo nesse ano celebrámos “à portuguesa”, até porque sinceramente não estamos muito enraizados nas tradições suíças. Este ano vamos novamente a Portugal. Neste meu novo trabalho não posso tirar férias nesta altura, mas como estou de licença de maternidade, aí vamos nós. O Tiago, meu marido, tem férias obrigatórias nesta altura, e durante o ano vamos amealhan-do para podemos ir às nossas origens pelo menos duas vezes por ano, nem que para isso tenhamos de fazer trabalhos extra.

A arquitetura de Amesterdão exponencia o ambiente natalício

22

DESTAQUE

Vamos duas semanas e meia, de carro. As viagens de avião são muito caras. Se correr bem demoramos cerca de 17 horas a chegar a casa. Já chegámos a fazer a via-gem só para ir por quatro dias. Foi muito cansativo, mas é muito mais triste passar esta festa da família longe dela.

Natal celebra-sedurante dois dias

Margarida Caetano, 27 anos, ama em Amesterdão, Holanda

Pela segunda vez vou passar o Natal em Amesterdão (a primeira vez desde 2012). A noite de consoada vai ser passada com uma família de amigos portugueses. Ainda não sabemos muito bem onde, mas como trabalhamos no dia 24, jantar num restaurante e poste-riormente abrir os presentes em casa é uma possibilidade. Caso seja passada em casa, tentaremos ter, como sempre, al-gum produto português na mesa, como bacalhau, broinhas, arroz doce, patéis de nata ou vinho do Porto. Também já ado-

támos algumas tradições holandesas, como comer kerstbrood ou oliebol.

Nos Países Baixos o Natal celebra-se durante dois dias: chamam-se mesmo primeiro dia de Natal (25) e segundo dia de Natal (26). Durante esses dias apro-veitamos para ir patinar no gelo e juntar os amigos para jantar.

Regresso à gastronomia e costumes de origem

Carlos Ferreira, 29 anos, engenheiro em Orão, Argélia

Como é sabido, a população da Argélia não é católica, logo o Natal não é cele-brado. A empresa onde trabalho é por-tuguesa e a atividade é reduzida nesta altura, pelo que posso tirar alguns dias de férias e ir passar o Natal a Portugal, onde estarei duas semanas. Vou fazer a viagem de avião e devo demorar cerca de seis horas, devido à escala em Madrid. Não levo comida ou presentes daqui, prefiro usufruir da nossa gastronomia e dos nossos costumes em Portugal, que são difíceis de encontrar por aqui.

Visita dos pais com bacalhau na bagagem

Henrique Pereira, 39 anos, diretor-geral de uma empresa de engenharia no Dubai, Emirados Árabes Unidos

Pela primeira vez eu, a minha esposa e os nossos três filhos vamos passar o Natal fora de Portugal, cá no Dubai. A celebração da quadra não é tradicional neste país, mas acaba por se celebrar uma vez que a comunidade de expatria-dos compõe a maioria dos residentes. Os meus pais e da minha esposa vêm cá de propósito passar o Natal connos-co, pelo que seremos nove cá em casa. Esperamos manter algumas tradições, como comer bacalhau, que os nossos pais vão trazer na mala. Em relação aos doces iremos comer leite creme, aletria, rabanadas, frutos secos e talvez se faça um bolo, que não será bolo-rei, mas algo semelhante.

Decoraçõesde Natal

no Dubai

Os filhos de Henrique

no Dubai

Não há mesa de Natal holandesa que não tenha oliebol

www.revistaport.com 23

Sogros vêm conhecer o netoAndreia Miguens, 31 anos, secretária

de administração em Newark, Estados Unidos

Este ano será o 3.º consecutivo longe do país e da família. Aqui nos Estados Unidos dão muito mais importância ao Dia de Ação de Graças, apesar de tam-bém celebrarem o Natal. Custa muito, mas vai ser num seio muito familiar, este ano com o nascimento do mais novo ele-mento da família, com os meus sogros, que irão viajar propositadamente para conhecer o neto, e também com amigos portugueses. No ano passado também foi passado com amigos que se encon-tram aqui deste lado.

Sempre liguei muito as tradições natalícias, especialmente às passadas em família. O facto de estarmos longe da família deixa-nos, por vezes sem vonta-de de celebrar, fazendo a dor ser maior! Mas as novas tecnologias possibilitam-nos poder celebrar o dia junto com os nossos também, mesmo a milhares de quilómetros de distância e com um fuso horário distinto. Felizmente nunca faltou bacalhau (e até azeite caseiro, que já veio escondido numa das muitas en-comendas que recebemos), rabanadas, filhoses, bolo-rei, entre outros.

Deixar o verão paraseguir as tradições

Pedro Madureira, 28 anos, psicólogo em Brasília, Brasil

Apesar de gostar de morar no Brasil e das suas gentes e cultura, sou um or-gulhoso português que gosta de seguir as tradições das minhas raízes. Desta forma, irei passar o Natal a Portugal, com a família, conforme tem sido habitual, pois é uma data que considero importante para estar com eles. Aqui no Brasil também se cumprem tradi-ções natalícias como fazer a árvore de Natal com enfeites e presépio, celebrar a noite de consoada e a Missa do Galo. Contudo, porque o Brasil é um país de forte mistura cultural e étnica, estas tradições são mescladas com tradições

de distintas culturas, dependendo da região ou da cidade. Para mim, um dos aspetos mais peculiares é o facto de em dezembro ser verão no Brasil, pelo que esta época é vivida num clima de muito calor, contrariando a velha ideia de um Natal em família junto à lareira.

Andreia com o filho mais velho

O elevado número de expatriados justifica as decorações natalícias em alguns espaços no Dubai

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Sugestões

Presentes que falam português

Este Natal evite oferecer as típicas meias de losangos, os boxers com bonecos esquisitos ou os pijamas às riscas e opte por dar produtos

genuinamente portugueses a quem mais gosta. A Revista PORT.COM

sugere uma lista de prendas que vão surpreender toda a família.

Presente com históriaO azeite é rei nas mesas portuguesas,

combinado com quase todos os alimentos. Delicie-se com este

verdadeiro tesouro da terra, da Portugal Heart, usando uma taça de prova

inspirada na louça de Bordallo Pinheiro para ir molhando pedaços de pão. Junte

um bom vinho e uma boa companhia.

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Azulejo português no telemóvel

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confecionados com Vinho do Porto Cálem 10 anos que o farão sentir-se

entre o melhor de dois mundos.

PVP: desde 2,50€www.arcadia.pt

Café com “sabor”a cinema português

A Vista Alegre desenhou um conjunto de quatro chávenas

café com pires dedicado ao Cinema Português. Um presente que celebra as personagens icónicas do

cinema português dos anos 30 e 40.PVP: 78€

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

N LINEO

www.revistaport.com 25

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES26

DESTAQUE

Todo o português reconhe-ce o bolo-rei como um dos principais símbolos do Natal, por mais que sejam os anos desde os quais está afastado geograficamente do país. Reza a história que

a receita chegou a Portugal há 140 anos, proveniente de Toulouse, em França. Permite-se assim que se diga que o bolo com passas, frutas cristalizadas e frutos secos é um imigrante no nosso país.

A Confeitaria Nacional, uma das mais antigas e tradicionais pastela-rias de Lisboa, é a responsável pela introdução do bolo-rei em Portugal. Começou a vendê-lo no ano 1875. Não tardaria a chegar à Casa Real, que há cerca de duas décadas havia nomeado a pastelaria na baixa lisboeta (Praça da Figueira) como sua fornecedora, por indicação do rei D. Luís I.

Baltazar Castanheiro Júnior, o filho do fundador e proprietário do estabelecimento, foi o responsável pela introdução da receita em Portu-gal. Numa das várias viagens que fazia pelo estrangeiro, particularmente

por França, descobriu o “gâteau des rois”. Na altura, havia duas formas de o confecionar no país gaulês: no norte em massa folhada e no sul, onde fica Toulouse, um brioche com frutas caramelizadas.

Bolo-reiO IMIGRANTE QUE CONQUISTOU

OS PORTUGUESESBaltazar Castanheiro Júnior, filho do fundador da Confeitaria Nacional,

transportou há 140 anos a inspiração do “gâteau des rois” de Toulouse para Lisboa. A receita do bolo-rei mantém-se inalterada desde então, assim

como o nome, que até resistiu à queda da monarquia.

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

www.revistaport.com 27

A inspiração “imigrada” de França, somada às modificações promovidas pelos mestres confeiteiros da Con-feitaria Nacional, foi decisiva para a obtenção da receita original do bolo-rei, que se mantém inalterada até à atualidade. Os seus segredos estão guardados num cofre pelo atual pro-prietário da pastelaria, Rui Viana (que tem Castanheiro no nome a compro-var que a pastelaria está na família há várias gerações).

Para além do tetraneto de Balta-zar Castanheiro Júnior, o pasteleiro mais antigo da Confeitaria Nacional, Aníbal Nobre, é o único que também conhece a receita original. Por estes dias não tem mãos a medir na elabo-ração de bolos-reis, o que acontece há vários anos durante a época natalícia, mas não só.

Perdurar para além do “gâteau des rois”

O bolo-rei é referido nos muitos roteiros turísticos sobre Lisboa e nas publicações internacionais que recomendam uma visita à Confeitaria Nacional, sendo assim procurado durante todo o ano. Em julho de 2014, o estabelecimento lisboeta foi eleito pela CNN como uma das oito melho-res pastelarias da Europa, a única portuguesa da lista.

Atualmente o “gâteau des rois” é um produto quase inexistente em França. A popularidade que granjeou durante ou-tros séculos foi-se perdendo até à Revo-lução Francesa, que chegou a proibi-lo, por alusão à figura real. Existe um bolo chamado “galette des rois” que faz parte do atual receituário natalício francês, mas as semelhanças são praticamente inexistentes.

Por outro lado, o bolo-rei mantém-se intocável no Natal português. O nome até resistiu a uma proposta em sessão parlamentar que, em 1911 (de-pois da queda da monarquia), tentou alterar o seu nome para bolo-repú-blica, bolo-presidente ou a té bolo Arriaga.

No ano em que se assinalam 140 anos da sua chegada à Lisboa, poucos poderão atrever-se a contrariar que o bolo-rei é um imigrante que conquis-tou os portugueses.

QUANDO INFLUENCIOU O BOLO-REI

PORTUGUÊS, O “GÂTEAU DES ROIS”

ERA CONFECIONADO DE DUAS MANEIRAS

DIFERENTES EM FRANÇA: NO NORTE EM MASSA FOLHADA E NO SUL COMO UM

BRIOCHE

O fabrico próprio é praticado desde a inauguração

Praça da Figueira na primeira metade do século XX

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES28

DESTAQUE

Portugal tem um receituário de doçaria entre os mais variados do mundo. Na época natalícia não foge à regra, com as mesas dos portugueses a encherem-se de doces após

os pratos de bacalhau ou polvo. Conheça ou recorde algumas receitas com ingredientes acessíveis à maior parte das comunidades no estrangeiro, das mais tradicionais, como rabanadas,

azevias e aletria, às mais recentes, como biscoitos e tronco de Natal.

Receitas doces para um Natal à portuguesa

Ingredientes para 8 rabanadas

• 8 fatias com 2 cm de espessura de pão de cacete ou pão de forma com 3 dias

• 600 ml de leite gordo• 3 casquinhas de limão• 1 pau de canela• 3 colheres de sopa bem

cheias de açúcar• 3 ovos batidos• 10 colheres de sopa de

açúcar misturadas com 1 colher de sopa rasa de canela em pó

• Óleo de girassol para fritar

Preparação: 1. Num tachinho, leve ao lume metade do leite, as casquinhas de limão, o pau de canela e as 3 colheres de sopa de açúcar. Mexa e deixe aquecer durante 10 minutos em lume brando. 2. Passado os 10 minutos, retire o pau de canela e as

casquinhas de limão. Apague o lume e misture o restante leite frio. Deixe arrefecer até que fique morno. 3. Regue as fatias de pão com o leite e vire-as. Deixe repousar durante 5 minutos para que fiquem bem embebidas. 4. Passe bem as fatias de pão pelo ovo batido. Frite-as em óleo quente. Logo que coloque o pão a fritar, reduza o lume para médio. A meio da fritura, vire as rabanadas para que fiquem douradas por igual. 5. Depois das rabanadas fritas, retire-as para um prato com papel absorvente. Passe as rabanadas pela mistura do açúcar e da canela.

RabanadasIngredientes para 10 pessoas

• 250g de aletria• 1800 ml de leite• 450g de açúcar• 1 pau de canela• 2 casquinhas de limão• 50g de manteiga com sal• 4 gemas de ovo• Canela em pó q.b

Preparação: 1. Numa panela, leve ao lume o leite deixando um pouco para misturar com as gemas. Junte as casquinhas de limão, o pau de canela, a manteiga e deixe ferver. Logo que comece a ferver, junte a aletria, partindo antecipadamente os novelos com as mãos para que a aletria vá solta. Depois de começar a ferver, deixe cozer a aletria durante 3 minutos. Depois da aletria cozida, junte o açúcar e deixe cozinhar 5 minutos.

2. Entretanto, misture muito bem as gemas com o restante leite. Passado os 5 minutos, junte as gemas à aletria e deixe cozer as gemas sem deixar ferver. Antes que comece a ferver, apague o lume. 3. Depois da casca de limão e o pau de canela retirados, sirva num prato grande e fundo ou em tacinhas. Depois de frio, polvilhe com canela e está pronto a servir.

Aletria

www.revistaport.com 29

Ingredientes para 20 sonhos

• 125 ml de água• 125 ml de leite• 50g de margarina• Uma casca de limão• Uma pitada de sal• 150g de farinha• 4 ovos• Óleo para fritar• Açúcar q.b.• Canela em pó q.b.

Preparação: 1. Num tacho, leve ao lume a água, o leite, a casca de limão, a pitada de sal e a margarina. Deixe ferver. Logo que comece a ferver, junte a farinha de uma só vez e mexa muito bem até formar uma bola que descole do fundo do tacho. Depois da bola de massa formada, coloque numa tigela, retire a casca de limão e deixe arrefecer um pouco.

2. Junte os ovos um a um e mexa muito bem com a colher de pau entre cada adição.  Mexa até a massa ficar homogênea. 3. Com a ajuda de duas colheres, faça bolas de massa, não muito grandes pois o seu volume irá triplicar. Frite em óleo quente, mantendo sempre o lume brando. Pique os sonhos de vez em quando com um garfo ou palito. Deixe fritar até triplicarem de tamanho e ficarem loirinhos. Depois de fritos, retire-os para um prato com papel absorvente. 4. Entretanto misture o açúcar com a canela a gosto. Depois de fritos passe os sonhos pela mistura do açúcar e canela e coloque-os num prato de bolo.

SonhosIngredientes para 12 pessoas

• 250g de arroz carolino• 450g de açúcar• 6 gemas de ovo• 3 cascas de limão• 2 paus de canela• 50g de manteiga• 0,5 l de água• 1 chávena de chá de leite• 1700 ml de leite• Sal q.b.• Canela em pó q.b.• Preparação:

Preparação: 1. Numa panela, leve ao lume a água e o arroz. Tempere com um pouco de sal e deixe cozer até a água secar. 2. Depois da água evaporar, junte a manteiga, as cascas

de limão, os paus de canela e o leite. Mexa e deixe cozer durante 30 minutos. Mexa de vez em quando para não agarrar no fundo. Passados 30 minutos acrescente o açúcar. 3. Dissolva as gemas com a chávena de leite. Enquanto mexe, junte as gemas ao arroz e quando começar a borbulhar apague o lume. 4. Depois de servido em taças, leve o arroz doce ao frigorifico. Depois de frio, polvilhe com canela e está pronto a servir.

Arroz Doce

Ingredientes para 10 biscoitos

• 250g de manteiga derretida• 250g de açúcar• 600g de farinha de trigo sem

fermento• 3 ovos• Farinha para polvilhar• Para a cobertura:• 200g de chocolate em tablete

de culinária• 80g de manteiga• Preparação:

Preparação: 1. Numa tigela, junte o açúcar e a manteiga derretida. Amasse muito bem até que fique um creme branco. Aos poucos e alternadamente, adicione a farinha e os ovos. Amasse tudo muito bem. 2. Polvilhe a bancada com farinha. Coloque a massa na bancada e polvilhe com um pouco de farinha. Com o rolo da massa, estenda a massa. Com um cortador de massa ou um copo, corte a massa. Com cuidado, coloque os biscoitos num tabuleiro de ir ao forno, previamente untado com manteiga e polvilhado com farinha.

3. Leve os biscoitos ao forno pré-aquecido nos 200º e deixe cozer entre 10 a 12 minutos. Quando os biscoitos estiverem cozidos e loirinhos, retire-os. Deixe arrefecer. 4. Num tacho, leve a derreter o chocolate e a manteiga em banho-maria. Depois de tudo derretido, misture tudo muito bem.

5. Depois de frios, mergulhe os biscoitos no chocolate. Coloque os biscoitos num prato, até o chocolate ficar rijo. Depois do chocolate bem rijinho e os biscoitos frios, estão prontos a servir.

Biscoitos de Natal

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES30

Ingredientes para a massa:

• 5 ovos• 125g de açúcar• 125g de farinha• 1 cl de sopa de cacau em pó• Margarina para untar• Papel vegetal para forrar• Açúcar para polvilhar

Ingredientes para o recheio:• 200 ml de natas• 200g de chocolate

em tablete partido em pedacinhos

• 200g de manteiga à temperatura ambiente

Ingredientes para a cobertura:• 150g de chocolate em

tablete partido em pedacinhos

• 150 ml de natas• 100g de fios de ovos

Preparação do Recheio: 1. Num tacho, leve ao lume os 200ml de natas. Quando estiver a ferver, apague o lume e junte as 200g de chocolate. Mexa até ficar um creme liso e deixe arrefecer. 2. Bata a manteiga numa tigela até duplicar o volume e depois junte a mistura do chocolate já fria. Bata até ficar um creme liso e reserve. 3. Unte um tabuleiro de ir ao forno com margarina. Forre com papel vegetal e unte novamente.

Preparação da Massa: 4. Separe as gemas das claras. Bata as claras em castelo, junte o açúcar e bata até as claras ficarem bem firmes. Adicione as gemas e bata mais 5 minutos. Junte o cacau e a farinha. Envolva delicadamente. 5. Deite a massa no tabuleiro e espalhe. Leve a cozer em forno pré-aquecido nos 180º durante 10 minutos. Passado 10 minutos retire do forno. 6. Polvilhe um pano limpo com açúcar e por cima desenforme a torta. Deixe arrefecer 5 minutos. 7. Espalhe o recheio sobre a torta e enrole com cuidado. Corte uma ponta da torta. Coloque a torta num prato próprio. Corte a ponta ao meio na transversal para fazer 2 tronquinhos e prenda-os à torta com ajuda de palitos. Preparação do Cobertura: 8. Derreta o chocolate com as natas em banho maria e misture muito bem. Fase Final: 9. Barre todo o tronco com a cobertura e decore com os fios de ovos.

Tronco de Natal

DESTAQUE

Ingredientes para 26 Azevias

• 600g de farinha• 60g de banha• 40g de margarina• 50 ml de aguardente• Raspa de uma laranja• Sumo de uma laranja• 200 ml de água morna• 1 pitada de sal• 400g de grão cozido feito

em puré• 350g de açúcar• Raspa de um limão• 8 gemas de ovo• 3 colheres de sopa de doce

de abóbora chila (gila) • 1 colher de chá de canela

em pó• Açúcar para polvilhar• Óleo para fritar

Preparação: 1. Numa tigela, amasse muito bem a farinha, a pitada de sal, a banha, a margarina, a raspa de laranja, a aguardente e o sumo de laranja. Enquanto amassa, junte aos poucos a água morna. Amasse até que a massa fique macia e elástica. Caso a massa fique muito mole, acrescente um pouco de farinha. Pode acontecer devido às diferentes farinhas utilizadas, pois algumas absorvem

mais liquido que outras, dependendo da marca. Deixe a massa em repouso durante 30 minutos. 2. Num tacho, leve ao lume um pouco de água, o açúcar e a raspa de limão. Mexa e deixe ferver 2 minutos. Junte o puré de grão e a canela. Mexa muito bem. Depois de tudo bem misturado, junte o doce de chila e as gemas mexidas. Mexa até o creme engrossar e quando começar a fazer estrada no fundo do tacho, retire do lume e deixe arrefecer. 3. Polvilhe bem a bancada com farinha e coloque a massa sobre ela. Polvilhe a massa com farinha e estenda-a com o rolo da massa. Sobre a massa, coloque uma colher de recheio. Dobre a massa como quem faz rissóis e corte apertando bem nos bordos. 4. Frite de ambos os lados em óleo quente. Retire para um prato com papel absorvente. 5. Passe as azevias por açúcar. E estão prontas a servir...

Azevias de grão

Estas e outras receitas estão disponíveis na página oficial

da YouTuber portuguesa Neuza Costa: www.youtube.com/user/saborintensocom

8545 Sogrape D. Antonia Anuncio 210x250.pdf 1 12/22/14 11:12 AM

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES32

Um dos três estabelecimentos do chef em solo brasileiro recebeu, em 2015, quatro distinções de melhor restaurante português do país. Entre vários tipos de clientes,

a Tasca da Esquina é procurada por lusodescendentes que procuram uma ementa fiel aos princípios e sabores da gastronomia portuguesa.

UM ANO EM CHEIO PARA VÍTOR SOBRAL NO BRASIL

O chef divide os seus dias por Portugal e pelo Brasil, e é

frequentemente elogiado pela imprensa dos dois países

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

ASTRONOMIAG

www.revistaport.com 33

A Tasca da Esquina em São Paulo, estabeleci-mento de restauração do chef Vítor Sobral, recebeu em 2015 não uma, nem duas, mas sim quatro distinções

de melhor restaurante português da cidade paulista e até do Brasil. As elei-ções foram atribuídas pelo jornal Folha de São Paulo e pelas revistas gastro-nómicas Veja (Comer & Saber), Gula e Prazeres da Mesa.

A obtenção deste tipo de distinções tem sido uma prática recorrente desde que, em 2011, o chef de 48 anos levou a Tasca da Esquina para o Brasil, replican-do o conceito do estabelecimento com o mesmo nome que detém em Lisboa, ou seja, aliar contemporaneidade aos típi-cos pratos portugueses. Exemplo disso, este foi o 3.º ano consecutivo em que a Prazeres da Mesa o referido louvor.

Atualmente são três os estabeleci-mentos de Vítor Sobral em solo brasilei-ro: em São Paulo detém também a Ta-berna da Esquina e há ainda uma Tasca da Esquina em João Pessoa. Para além de divulgar a gastronomia portuguesa, permite assim que vários portugueses a recordem e que lusodescendentes a conheçam com maior variedade.

“A maioria dos clientes da Tasca e da Taberna em São Paulo são paulistas e pessoas de fora que visitam a cidade, mas também existe uma turma fiel de portugueses”, contou Vítor Sobral à Re-vista PORT.COM. Entre estes últimos faz ainda uma distinção: “Recebemos bastantes portugueses de 3.ª geração, ou seja, os netos dos que emigraram. Aliás, somos mais visitados por estes do que pelos que emigraram há muito tempo”.

A justificação não se faz esperar: “Muitos dos restaurantes portugueses que abriram no Brasil há muitos anos acabaram por tropicalizar, adaptaram-se à gastronomia local, à imagem do que acontece em estabelecimentos pelo mundo fora. E é este perfil de restauran-te procurado pelos que partiram há mais tempo”.

A Tasca e a Taberna também são restaurantes procurados pelos portu-gueses que partiram há poucos anos ou que se deslocam temporariamente a São Paulo por motivos profissionais: “Há uns tempos recebi um grupo de engenheiros, que estavam a fazer um trabalho para os caminhos de ferro brasileiros, em que um elemento disse

“RECEBEMOS BASTANTES PORTUGUESES DE 3.ª GERAÇÃO, OU SEJA, OS NETOS DOS QUE EMIGRARAM. ALIÁS, SOMOS MAIS VISITADOS POR ESTES DO QUE PELOS QUE EMIGRARAM HÁ MUITO TEMPO”

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GASTRONOMIA

que se não fosse pelo menos uma vez por semana à Tasca comer um bitoque, que parecia que morria. Fazia-o sentir-se perto de casa”.

Ingredientes portugueses em maioria

Para além dos “pratos mais sim-ples que acabam por ser referências para nós portugueses”, são vários os itens da ementa à portuguesa que contribuem para os títulos atribuídos à Tasca da Esquina, como açorda de camarão, bacalhau à Braz, joelho de porco com migas ou polvo com amên-doas e tomate assado.

A grande maioria dos vinhos e azeites consumidos nos estabelecimentos no Brasil são portugueses, assim como a maior parte dos ingredientes utiliza-dos na confeção dos pratos, “menos a proteína, que é difícil de encontrar, à exceção do bacalhau, senão obviamente também consumiria”.

Com tanto estabelecimento dos dois lados do Atlântico, Vítor Sobral não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo, mas a gestão em solo brasileiro é sempre garantida por responsáveis portugueses. Hugo Nascimento e Luís Espadana são os chefs compatriotas que se encarregam de liderar as equipas.

Neste mês de dezembro, com ou sem a presença de Vítor Sobral, a Tasca e a Taberna são estabelecimentos onde os portugueses no Brasil podem “matar saudades” da gastronomia relacionada com o Natal lusitano. Só não o devem fazer na noite de Consoada, em que a Tasca e a Taberna dão descanso aos pra-tos e aos profissionais que lhes valem tantos prémios.

Localização e contactos:

Tasca da Esquina (São Paulo)Morada: Alameda Itu, 225 - Jardim PaulistaTelefone: 011.98441-0118E-mail: [email protected]

Tasca da Esquina (João Pessoa)Morada: Avenida pombal, 255 – ManairaTelefone: 83 – 30238080E-mail: [email protected]

Taberna da Esquina (São Paulo)Morada: Rua Bandeira Paulista, 812Telefone: 011.98441-0118E-mail: [email protected]

Uma pergunta ao chefAinda existe o estereótipo por parte

do consumidor brasileiro que a gastro-nomia portuguesa é só bacalhau?

Existem as duas partes, os que têm a ideia que Portugal é só bacalhau e os mais informados e viajados. Hoje em dia o nosso país recebe brasileiros como nunca recebeu, e então há uma maior informação sobre o que nós somos na verdade. Eles sabem que quando que-rem comer bons pratos de bacalhau devem procurar os portugueses, e fa-zem-no diariamente. Tanto que na épo-ca de Natal nem se nota um aumento de consumo de bacalhau, ao contrário do que acontece em Portugal.

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MADEIRA VOLTA A TER O INÍCIO

DE ANO MAIS ILUMINADOEm contagem decrescente para 2016, o Funchal prepara-se para receber os primeiros oito

minutos do ano com o céu iluminado por um dos maiores fogos-de-artifício do mundo. A festa começa dias antes, com a chegada dos turistas e com todo um programa que é um

dos mais importantes cartazes turísticos madeirenses.

TEXTO: MÁRCIA DE OLIVEIRA

URISMOT

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TURISMO

Dezembro ainda agora co-meçou, mas a Madeira já tem tudo assegurado para algumas das ani-mações mais aguarda-das do ano, a passagem de ano. A cidade do

Funchal veste-se com as tradicionais decorações e iluminações natalícias, que envolvem as ruas de magia nesta época do ano, para receber os cerca de 20 mil turistas que são esperados naquela que é considerada a maior festa de fim de ano em Portugal.

Ingleses, alemães, portugueses, escan-dinavos, polacos, franceses, espanhóis e russos são as nacionalidades de turistas que mais procuram a Madeira nesta altu-ra do ano. Em 2014, os visitantes do site da organização turística European Best Destinations distinguiram a Madeira como a rainha das celebrações europeias de réveillon.

Este ano, as previsões apontam para uma afluência de turistas superior à do ano passado. Uma sondagem da Direção Regional do Turismo junto dos estabe-lecimentos hoteleiros locais, feita a 12 de novembro, indicou uma taxa média de ocupação de 85%, quando ainda faltava mais de mês e meio para a grande noite.

O tema das celebrações deste ano é �Emoções de Luz. O principal motivo é obviamente o fogo-de-artifício que dá início ao ano novo. O espetáculo desta passagem de ano inclui 129 000 dispa-ros, distribuídos por 37 postos de fogo, durante oito minutos em que o céu sobre a baía do Funchal se enche de cor.

A força deste espetáculo de fogo-de-artifício é tal que em 2006 foi re-conhecido oficialmente como o maior

do mundo, pelo livro de recordes mundiais da Guiness.

Celebrações antes e após o réveillon

As comemorações da época festiva na Madeira não se restringem aos dias do Natal e da passagem de ano. Existe todo

um rico e extenso programa de manifes-tações culturais, religiosas (com as Missas do Parto), etnográficas e artísticas, que abrange todo o mês de dezembro e que termina com a celebração do Dia de Reis.

Como exemplo disso tem lugar na noite de 23 de dezembro, a Noite do Mer-cado, altura em que os habitantes e os

O Funchal mascara-se de Lapónia na época natalícia

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turistas efetuam as últimas compras de Natal. As ruas circundantes ao Mercado dos Lavradores são encerradas ao trân-sito e ocupadas por diversos postos de venda abertos durante toda a noite, com variados produtos regionais. Flores, bo-lo de mel, bolo do caco, sandes de carne vinho-e-alhos e bebidas típicas, como a poncha, são alguns exemplos.

Para além do encontro com os sabores tradicionais, os visitantes podem assis-tir a um espetáculo de cânticos tradi-cionais de Natal, onde os habitantes locais assumem o papel de verdadeiros artistas. Todos os anos esta celebração prolonga-se até ao amanhecer.

Porque nem só de comida e bebida se faz a festa, no dia 28 de dezembro decorre a prova de atletismo Volta à Cidade do Funchal, a São Silvestre

mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa.

Para além de alguns dos mais reputa-dos atletas do panorama nacional e in-ternacional, as ruas da capital madeiren-se enchem-se de corredores amadores de diversas nacionalidades.

Já em 2016, a festa só acaba na noite de 5 para 6 de janeiro, quando se cantam os Reis em casa dos vizinhos, e um pouco por toda a ilha. É o recriar da tradição popular dos cantares tradicionais madeirenses que, porta à porta, se faziam neste dia.

As ruas engalanadas, os sabores tradi-cionais, as músicas e o fogo-de-artifício que seduz os turistas, são tudo fatores que contribuem para que a Madeira con-tinue a ser um destino de eleição nesta altura do ano.

Os primeiros oito minutos de 2016 serão de fogo-de-artifício na baía do Funchal

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TURISMO

PARQUES DE SINTRA NUNCA FORAM TÃO VISITADOS

A Paisagem Cultural de Sintra foi classificada Património Mundial da UNESCO há 20 anos. Recentemente houve um outro motivo de celebração, quando uma entidade turística local registou,

pela primeira vez num ano, o visitante dois milhões. O Palácio Nacional de Sintra e o Castelo dos Mouros são alguns dos espaços que se tornam ainda mais especiais em dezembro.

A Parques de Sintra recebeu na manhã de 6 de novembro o visitante dois milhões num dos nove espaços (ver fotografias) geridos por es-

ta entidade pública. Desde que foi criada em 2000, nunca havia ultrapassado esse número de visitantes num só ano. Curio-samente, o marco inédito foi alcançado precisamente um mês antes de Sintra poder assinalar o 20.º aniversário de ter sido o primeiro sítio europeu inscrito pela UNESCO como Paisagem Cultu-ral, o que aconteceu a 6 de dezembro de 1995.

Ravi Gadiraju, de nacionalidade in-diana, mas residente na Alemanha, foi o visitante dois milhões. Não estranha que tenha sido um visitante estrangei-ro, dado que estes constituem a maio-

ria dos turistas que passam por Sintra. Em 2014 corresponderam a cerca de 86% das visitas.

A época natalícia propicia um aumento do encanto dos jardins, palácios, conventos e castelos de Sintra, tornando a sua visita ainda mais estimulante, tanto aos mais miúdos como aos mais graúdos. Neste sentido, a Parques de Sintra costuma prepa-rar atividades destinadas aos diferentes escalões etários.

Este mês não é exceção e, na noite de 6 de dezembro, os 20 anos da classificação da UNESCO serão assinalados através da abertura de portas gratuitamente do Palá-cio Nacional de Sintra. A iniciativa é restrita às primeiras 1 500 pessoas inscritas e inclui apresentações de música renascentista e de danças de época, dos séculos XV e XVI.

Duas semanas depois, a 20 de dezembro, são os mais novos a serem alvo de todas as atenções, com um concerto para bebés dedicado à manhã de Natal, em que “a magia e o encanto da quadra se transmitem num espetá-culo musical interativo que estimula o sentido melódico e rítmico dos partici-pantes e promove a interação lúdico-musical entre pais e filhos”, descreve o presidente do Conselho de Adminis-tração da Parques de Sintra, Manuel Baptista, à Revista PORT.COM.

A s próx imas imagens são a lu-sivas aos nove espaços ger idos pela entidade liderada por Ma nuel Baptista , ordenados pelo número de v isita ntes com que contr ibu íra m pa ra a histór ica e celebrada ma rca dos dois milhões.

Parque e Palácio Nacional da Pena (960 993*)

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Os portugueses no estrangeiro que vêm passar o Natal a Portugal devem aproveitar para visitar Sintra?

Sim, claro. O misticismo de Sintra é particularmente evidente na época natalícia. O frio da rua contrasta com o quente dos palácios e o nevoeiro característico de serra e vila sublinha o cenário de conto de fadas. Sintra é, aliás, um dos berços da tradição de Natal como hoje a conhecemos. Nas-cido na Áustria, terá sido D. Fernando II a introduzir em Portugal a árvore de natal, de acordo com a tradição germânica que conheceu durante a sua infância. Há mesmo uma gravura desenhada por D. Fernando II, que mostra o próprio vestido de S. Nicolau, a entre-gar os presentes aos seus filhos.

Número de visitantes

até 06/11/2015, às 11h00.

Total: dois milhões

Créditos fotográficos

*

Manuel Baptista, presidente do Conselho de Administraçãoda Parques de Sintra

Palácio Nacional de Sintra (450 162*)

Palácio Nacional e Jardins de Queluz (122 123*)

Convento dos Capuchos (30 065*)

Quintinha de Monserrate (2 259*)

Castelo dos Mouros (314 525*)

Palácio e Parque de Monserrate (98 076*)

Chalet da Condessa d’Edla (19 648*)

Picadeiro Henrique Calado (2 149*)

1 2468

3579

1 - PSML/Serge Michaux2 - PSML/EMIGUS3 - PSML/EMIGUS4 - PSML/EMIGUS5 - PSML/EMIGUS6 - PSML/EMIGUS7 - PSML/EMIGUS8 - PSML/EMIGUS9 - PSML/Pedro Yglesias

Pergunta rápida

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ULTURAC

A única portuguesa que faz parte da reputada equipa do Musical Instrument Museum (MIM), em Phoe-nix, no estado do Arizona,

é mestre em música com especialização em História dos Instrumentos Musicais. Estudou também ciências musicais e engenharia florestal para compreender a anatomia e biodegradação da madeira e é ainda licenciada em Conservação e Restauro de Bens Culturais pela Univer-sidade Nova de Lisboa.

A carreira nos EUA começou em outu-bro de 2009, com uma oportunidade de realizar um breve estágio no The Metro-politan Museum of Art, em Nova Iorque. Regressaria aos EUA em agosto de 2011, onde se mantém até à atualidade.

Começou a desempenhar a atual função como conservadora no MIM em junho do ano passado. Questiona-da pela Revista PORT.COM sobre qual seria o maior objetivo que poderia alcançar na carreira, diz que gosta de pensar “que de alguma forma irei deixar o meu contributo pessoal na preservação de importantes coleções de instrumentos musicais”.

Estando a trabalhar onde está, é fácil perspetivar a obtenção de tal meta. A variedade apresentada pelo MIM é tanta que até se pode encontrar uma sala ex-clusivamente dedicada aos instrumen-tos portugueses, como o cavaquinho, o adufe e a guitarra portuguesa.

Há assim um “cantinho português” no longínquo destino para onde a carreira profissional levou Ana Sofia. “Arranjar o mesmo tipo de trabalho um pouco mais perto de casa é um objetivo que gostaria de realizar”, embora lhe pareça pouco provável

tendo em conta “a falta geral de fi-nanciamento às artes e à cultura”.

“Se já é difícil para determinados pro-fissionais de conservação e restauro nas áreas mais conhecidas, como pintura ou escultura, nas áreas mais especializadas como instrumentos musicais torna-se impossível”, acrescenta.

Enquanto o panorama não muda, Ana Sofia continua a ser mais uma embaixadora do profissionalismo e do talento português tão reconhecido internacionalmente.

ANA SILVA RESTAURA INSTRUMENTOS ANTIGOS NUM DOS

MUSEUS MAIS IMPORTANTES DOS EUAPartiu do Seixal para os Estados Unidos para conseguir trabalhar na área em que

estudou, de restauro de instrumentos musicais antigos. Aos 32 anos trabalha num dos cinco museus mais importantes do mundo nesta área.

Adufe, cavaquinho e guitarra portuguesa integram o MIM

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Breves

Mariza dedicou concerto no Luxemburgo a vítimas de Paris

Novo disco de Ana Moura apresentado às comunidades

Editora procura poetas da diáspora

Digressão de Tony Carreira

em França

A fadista portuguesa atuou na Phi-lharmonie, a mais reputada sala de espetáculos do Grão-Ducado, na noite de 15 de novembro, ou seja, 48 horas após os ataques terroristas na capital francesa. Os trágicos acontecimentos foram referidos por Mariza, que, diri-gindo-se ao público que lotou a sala, lamentou “o ataque à nossa liberdade”. Para além do Luxemburgo, em novem-bro a lisboeta também apresentou o novo disco “Mundo” em salas na Suíça (Genebra e Zurique) e na Alemanha (Colónia, Berlim, Munique e Essen).

A 6.ª edição do Utopia Festival, tam-bém conhecido como UK Portuguese Film Festival (Festival do Cinema Por-tuguês no Reino Unido), que teve lu-gar entre os dias 17 e 22 de novembro, homenageou Manoel de Oliveira com a rodagem dos filmes “Vou para Casa” e “O Gebo e a Sombra”. Realizado em Londres desde 2010, o festival teve como tema em destaque “As mulheres e o cinema”, o que levou à rodagem de filmes das cineastas Catarina Ruivo (“Em Segunda Mão), Marta Pessoa (“Quem Vai à Guerra”) e Margarida Cardoso (“Yvone Kane”). A exibição destes traba-lhos foi distribuída por três salas de cinema londrinas: Ciné Lumière, ICA e Birbeck College.

A Oxalá Editora pretende publicar uma antologia de poesia de autores portugueses a viver fora de Portugal, aos quais se dedica em exclusivo. Os poemas devem ser enviados até 30 de abril de 2016, para o e-mail [email protected], acompanhados por uma ficha de inscrição que pode ser encontrada em www.oxalaeditora.de. Após avaliação e seleção por parte da editora, os autores selecionados terão que finalizar a sua inscrição mediante o pagamento de 10€ por cada poema escolhido, valor que lhes dará direito de receber um volume da obra.

Obra de Manoel de Oliveira homenageada em Londres

A fadista de Coruche, que no início deste ano foi feita Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique, acaba de lançar o 6.º álbum de originais da sua carreira, intitulado “Moura”. Depois do concerto que no dia 4 deste mês protagoniza na sala Jazzkaar, em Tallinn (capital da Estónia), as primei-ras apresentações ao vivo das novas canções estão previstas para fevereiro, em Paris (dia 19, no Olympia) e para o Luxemburgo (dia 20, no Casino 2000).

A agenda para 2016 já inclui mais de dezena e meia de con-cer tos em terr itór io gaulês , sempre perto das comunidades portuguesas. Os bilhetes para a maior parte destes espetáculos já estão à venda.

MARÇO1 – Toulouse, Casino Barrière2 – Bordéus, Théâtre Femina

3 – Tours, Vinci4 – Nantes, Centre des Congrès

6 – Mâcon, Le Spot11 – Paris, Casino de Paris12 – Paris, Casino de Paris13 – Paris, Casino de Paris

19 – Ozoir-la-Ferrière, Espace Horizon20 – Villeparisis,

Centre Culturel Jacques Prévert26 – Lyon, Bourse du Travail

ABRILDia 1 – Longjumeau,

Théâtre de Lonjumeau3 – Yerres,

Cec Nouveau Théâtre de Yerres6 – Sausheim, Espace Nolfus Noack8 – Saint Amand, les Eaux Pasino

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EDP Renováveis constrói central solar no Alentejo

Sol ajuda Adega da Falua a produzir vinho

Portugal deseja 700 MW de potência solar em 2020

A companhia portuguesa que opera no ramo das energias renováveis adquiriu a Stirlingpower, uma empresa que detém uma licença para cons-truir e explorar, já a partir de 2016, uma central de produção de energia solar (com uma capacidade de 2,5 megawatts) em Alcamises, no distrito de Évora. Os valores da operação não foram tornados públicos.

A produtora vinícola de Almeirim, pertencente ao grupo João Portu-gal Ramos, anunciou a instalação de um sistema solar fotovoltaico com cerca de 600 painéis, com uma potência de cerca de 140 kWp. Com esta instalação na cobertu-ra da adega, a Falua passará a ter a capacidade de produzir anual-mente 175 MWh, durante 25 anos. Segundo um comunicado emitido pela empresa, esta instalação solar fotovoltaica vai permitir reduzir a fatura energética em 25% e evitar emissões anuais de 38,9 toneladas de CO2, o equivalente à plantação de uma floresta com a dimensão de oito campos de futebol.

Quando chamado a discussões eu-ropeias sobre alterações climáticas, o Governo de Pedro Passos Coelho definiu como meta a cumprir um valor de 700 megawatts de potência solar instalada em 2020. Segundo dados da Rede Elétrica Nacional (REN), em 2014 a capacidade instalada chegou aos 396 MW, o que representa um cresci-mento de 113% face ao ano anterior.

Sol produziu mais energia que o vento pela primeira vez em Portugal

O dia 11 de novembro foi o dia com menos vento do ano e pela primeira vez no sistema elétrico português a produção diária fotovoltaica ultra-passou a eólica, de acordo com a REN – Redes Energéticas Nacionais. No conjunto do dia foram injetados na rede 2,1 Gigawatt hora produzi-dos a partir da luz solar, e apenas 1,7 GWh vindos de todos os parques eólicos instalados em território nacional. Números surpreendentes

quando a potência fotovoltaica ins-talada ronda os 430 MW e a potên-cia eólica ascende a 4959 MW. Em média, os parques fotovoltaicos a funcionar em pleno abastecem atual-mente 1,6% do consumo nacional. No seu todo, de janeiro a outubro deste ano, as renováveis garantiram 47% do consumo de energia elétrica, me-nos do que no ano passado, quando esse valor ascendia a 62% para o mesmo período.

EGÓCIOSN

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Sei por experiência pró-pria que quando vivemos fora de Portugal, espe-cialmente quando é mais a Norte, aquilo que mais falta nos faz são os dias solarengos, o calor do

nosso país e a luz única de Portugal.

Pois é, temos o privilégio de ser um dos países da Europa que tem mais horas de sol por ano: mais de 2 300 horas de sol na Região Norte e 3 000 horas no Algarve.

Mesmo se estes valores são clara-mente superiores no verão do que no inverno, no geral, podemos dizer que estamos perante um recurso inestimá-vel e infindável.

Este fantástico recurso natural que é o sol no nosso país tem um enorme po-tencial de aproveitamento. Por exem-plo, já todos ouvimos falar do bem que o sol faz à saúde e da necessidade que dele temos para obter as nossas doses de vitamina D e, também, já todos ouvimos falar do potencial da energia solar. Mas estaremos de facto a aproveitar os benefícios que o sol traz à nossa casa, ao ambiente e até às nossas poupanças?

A energia solar tem vindo a ganhar adeptos por todo o mundo por ser uma das opções mais limpas de produção energética – com pou-panças significativas em termos de gastos para o consumidor. Para quem a usa, é interessante consta-tar que ao mesmo tempo que está a obter ganhos em sua casa, está a contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta, seja pela componente ambiental, social ou económica.

No final do ano passado, foi apro-vada uma lei para o autoconsumo de energia, permitindo assim que qualquer família portuguesa uti-lize o sol para produzir a energia que consome em sua casa. Basta, para isso, adquirir e instalar um sistema de autoconsumo, compos-to por painéis fotovoltaicos, que até podem ser portugueses – e estamos duplamente a contribuir para o desenvolvimento sustentá-vel do nosso país.

Uma das opções para produção da sua própria energia são os kits fotovoltaicos “Do-It-Yourself”, que permitem a qualquer pessoa construir o seu próprio sistema —

desde que tenha um espaço com exposição solar sem sombrea-mentos, como uma varanda, um terraço, um jardim ou um telhado —, bastando ligar o painel a uma tomada da casa.

Para quem sabe a falta que o sol de Portugal faz, o melhor conse-lho que podemos dar é que apro-veite a sua energia e a utilize da melhor forma!

APROVEITE A ENERGIA DO SOL PORTUGUÊS A 100%

“NO FINAL DO ANO PASSADO, FOI APROVADA UMA LEI PARA O AUTOCONSUMO DE ENERGIA, PERMITINDO ASSIM QUE QUALQUER FAMÍLIA PORTUGUESA UTILIZE O SOL PARA PRODUZIR A ENERGIA QUE CONSOME EM SUA CASA”

Nuno Brito Jorge, CEO da Boa Energia

O P I N I ÃO

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NEGÓCIOS

O Grupo Altice anunciou, a 13 de novembro, um acordo de patrocínio com Cristia-no Ronaldo para todas as marcas do grupo em todos

os territórios que está presente, com es-pecial destaque para Portugal. O craque português associa-se, assim, à empresa fundada pelo compatriota Armando Pe-reira (emigrante em França há 46 anos), na qual se insere a Portugal Telecom.

Para comunicar esta novidade, a MEO lançou um anúncio em que Ricardo Araú-jo Pereira “passa o comando ao melhor do mundo”. Desde 2006 que o humorista era o principal rosto dos anúncios pu-blicitários da marca, tanto como com os restantes Gato Fedorento como a solo, o que aconteceu desde fevereiro deste ano.

A empresa detentora da MEO afir-ma, em comunicado à imprensa, que “as capacidades Cristiano Ronaldo, de liderança, perseverança, capacidade de trabalho e melhoria contínua de performance, ilustram de forma clara o compromisso que o Grupo Altice e a PT têm com Portugal”.

As campanhas publicitárias reali-zadas com Cristiano Ronaldo como protagonista serão lançadas em breve em Portugal, França e Israel. Serão ainda adaptadas para os mercados belga, suíço, dominicano e norte-americano. Todas as campanhas serão trabalhadas localmente pelas atuais agências de publicidade das empresas do grupo.

Para Michel Combes, diretor de ope-rações do Grupo Altice, “esta parceria com o Cristiano Ronaldo é o testemu-nho de uma nova etapa para a Altice. O grupo está organizado e a nossa ambição para o sucesso deste projeto industrial é ilustrado pela associação das nossas marcas ao maior desportista do mundo”.

Depois de em 2014 ter reduzido o nú-mero de patrocinadores de 15 para seis, Cristiano Ronaldo associa-se assim a mais uma empresa. À Altice somam-se a Nike, TAG Heuer, Pokerstars, Herbalife, Sacoor e Clear Champô.

Máquina de somar golos, dinheiro e popularidade

Para além de jogador com maior número de golos na história da seleção portuguesa e do Real Madrid, os núme-ros de Cristiano Ronaldo no mundo dos negócios também são verdadeiramente impressionantes. A cada segundo há alguém no planeta que começa a segui--lo nas redes sociais e nos últimos anos lançou-se no mundo dos negócios por conta própria.

A marca de calçado CR7 Footwear é mais recente, lançada já em 2015, após uma proposta feita pela Portugal Footwear à Gestifute, empresa que gere a sua imagem e carreira. Com preços entre os 75 e os 600 euros, os sapatos CR7 são vendidos em quatro lojas exclusivas da marca no Irão, Egito,

O capitão da seleção portuguesa de futebol vai promover marcas da empresa francesa fundada pelo emigrante Armando Pereira. Substitui assim o humorista

Ricardo Araújo Pereira nos anúncios publicitários da MEO.

CRISTIANO RONALDO, NOVO EMBAIXADOR DAS

MARCAS DA ALTICE

O comando passa para

o melhor do mundo

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Coreia do Sul e Finlândia, no site e em lojas multimarca em mais de 30 países, Portugal incluído.

No final de outubro, a revista For-bes divulgou o ranking de desportistas com a marca pessoal mais valiosa. Ro-naldo é o primeiro futebolista da lista e o oitavo entre todos os desportistas do mundo (apenas atrás de nomes como Tiger Woods, LeBron James, Roger Federer e Usain Bolt). A mesma Forbes coloca-o ainda no 10.º lugar no seu Top 100 Celebridades, logo abaixo de Robert Downey Jr e Taylor Swift.

Num trabalho divulgado em junho, a Repucom, empresa de estudos de mer-cado, concluiu que 92% das pessoas em todo o mundo sabem quem é Ronaldo e 68% gostam do melhor marcador da história “merengue”. Em sete países — Portugal, Espanha, Brasil, México, Turquia, Argentina e Itália — mais de 96% da população reconhece CR7.

Cristiano Ronaldo é ainda, de acordo com a ONG norte-americana “Do So-mething”, o desportista mais solidário do mundo. A título de exemplo, Cris-tiano Ronaldo doa parte das receitas da sua marca de calçado à CERCIGUI, instituição em Guimarães que presta apoio a aproximadamente 450 pessoas com deficiência.

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OS NÚMEROS DE CR7 ENQUANTO MARCA

Para além de receber milhões por contratos publicitários, ser a pessoa mais popular do mundo no Facebook e o desportista mais seguido no Twitter permite-lhe receber centenas de milhares de euros cada vez que refere marcas nestas redes sociais.

107 milhões De fãs no Facebook, tornando-o

na pessoa mais popular do mundo nesta rede social

100 milhõesÉ quanto rende ao Real Madrid

pela venda anual de 1,5 milhões de camisolas oficiais com o seu nome

e número

98 milhões De referências nas pesquisas do motor de busca online Google 

47,7 milhõesO que recebe por ano em salário e

bónus

39 milhõesDe seguidores no Twitter,

sendo assim o desportista mais acompanhado nesta rede social

37 milhõesDe seguidores no Instagram, o

futebolista mais popular nesta rede social de partilha de fotografias

24 milhõesQue recebe por ano em contratos

publicitários

14,5 milhõesValor da sua marca pessoal, a mais valiosa entre todos os futebolistas

9 milhõesQuanto lhe rende anualmente o contrato publicitário com a Nike

230 milValor que recebe por cada tweet

(texto na rede social Twitter) em que menciona patrocinadores

Lançada este ano, a marca de sapatos

CR7 Footwear chega a mais de 30 países, a

alguns dos quais em lojas exclusivas

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES46

O ditado popular indica que “o barato sai caro”, o que, como qualquer provérbio do género, tem as suas exceções. Exemplo disso é bem visível na

presente Liga NOS, na qual têm emergido vários talentos portugueses que ainda há poucos meses militavam nos escalões secundários ou nas camadas jovens do futebol nacional.

Por esta altura já todo o adepto atento ouviu falar de Nélson Semedo e Gonçalo Guedes, dois jovens provenientes da equipa B do Benfica que ganharam um espaço entre as escolhas habituais do conjunto principal. Mas há mais, alguns dos quais provenientes do terceiro esca-lão do futebol português, o Campeonato

Nacional de Seniores - recentemente re-batizado Campeonato de Portugal Prio.

A Revista PORT.COM escalonou um onze composto por jovens futebolistas portugueses (média 22,3 anos) que esta temporada são presença habitual entre os titulares de equipas do principal escalão do futebol português.

André Moreira (União da Madeira)

Apesar de no ano passado ter integrado o plantel do Moreirense, até esta tempo-rada nunca havia realizado um jogo no principal escalão do futebol português. Mesmo assim, o treinador Norton de Matos confiou-lhe a titularidade da baliza do União da Madeira desde o início da época. Nas primeiras cinco jornadas

conseguiu manter a baliza invicta por três vezes, muitas vezes graças a valiosas intervenções. Tem apenas 19 anos, mas o seu passe já pertence ao Atlético de Madrid e é representado pelo superagen-te Jorge Mendes.

Nélson Semedo (Benfica)

Foi a principal surpresa do onze titular do Benfica no primeiro jogo da temporada, a Supertaça. A partir daí, a velocidade e destreza com que se movimenta a partir do flanco direito da defesa fez com que nunca mais perdesse o lugar, e até merecesse a confiança do selecionador nacional Fernando Santos. Atualmente está lesionado, mas nem assim deixa de ser apontado como alvo do interesse de clubes como o Inter de Milão e o Atlético de Madrid.

OS PORTUGUESES QUE EMERGEM NA LIGA NOSA temporada ainda nem vai a meio e já são vários os nomes até há pouco desconhecidos que dão

nas vistas no primeiro escalão do futebol nacional. Paços de Ferreira supera Benfica, Vitória de Setúbal e Arouca como o clube que mais aposta no lançamento de jogadores portugueses.

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

ESPORTOD

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Miguel Vieira (Paços de Ferreira)

Quando o verão chegou ao fim não tinha a titularidade garantida, mas desde que à 3.ª jornada foi chamado a entrar em campo, nunca mais perdeu o lugar. Chegou à Liga NOS com 24 anos, depois de duas temporadas no segun-do escalão (Desportivo das Aves) em que despertou a atenção de clubes mais poderosos. A solidez e maturida-de que exibe justificam a aposta.

Marco Baixinho (Paços de Ferreira)

O principal culpado para Miguel Vieira não ter começado a temporada a titular é Marco Baixinho. Na tempora-da passada alinhava no Campeonato Nacional de Seniores, tendo contribuí-do para a subida de divisão do Mafra. Entra em dezembro a lutar por novas oportunidades para demonstrar que o salto não foi maior que a perna.

Ruca (Vitória de Setúbal)

Durante várias temporadas pertenceu aos quadros do Gil Vicente, mas sucessi-vos empréstimos adiaram-lhe a estreia no primeiro escalão, ao qual chegou depois de também ter dado nas vistas no Mafra. As-sumiu o lado esquerdo da defesa do Vitória logo à 1.ª jornada, jogo em que até marcou um golo ao Boavista. Com nome de dese-nho animado está a demonstrar valor para vingar no convívio dos grandes.

André Sousa (Belenenses)

Há um ano era suplente num Beira-Mar falido e perdido no meio da extensa tabe-la da Segunda Liga, agora é titular num Belenenses capaz de ir a Basileia derrotar o campeão suíço. Pelo meio, cumpriu a segunda metade da temporada passada no Académico de Viseu, onde já exibia a disponibilidade física e a inteligência tá-tica com que agora convence o treinador Ricardo Sá Pinto.

OS PORTUGUESES QUE EMERGEM NA LIGA NOS

Nélson Semedo começou a época como titular no Benfica e até chegou à seleção

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES48

DESPORTO

Nuno Valente (Arouca)

Os dez golos que marcou na temporada passada na equipa B do Sporting de Braga, apesar de atuar preferencialmente no centro do terreno, não chegaram para convencer os responsáveis bracarenses a dar-lhe uma oportunidade no conjunto principal. O Arouca não se fez despercebi-do e endereçou a este jovem de assinalável perícia rematadora um convite para o primeiro escalão, no qual tem sido titular indiscutível e com alguns golos marcados.

Diogo Jota (Paços de Ferreira)

Assinala o 19.º aniversário no dia 4 des-te mês e mesmo assim é o jogador desta lista com mais jogos realizados na Liga NOS. Paulo Fonseca utilizou-o dez vezes na temporada passada, com o sucessor Jorge Simão a dar agora continuidade à tarefa. Rui Jorge acaba de lhe conceder a estreia na seleção sub-21. A cumplicidade que mostra com a bola quando esta lhe chega aos pés justifica a aposta de tantos treinadores neste talento precoce.

Há um ano, Ruca, Baixinho e Costinha jogavam no 3.º escalão, Miguel Vieira e André Sousa no 2.º, Diogo Jota nos juniores.

Agora são assíduos no “convívio dos grandes”

O esquema tático das revelações

NÉLSON SEMEDO, IVO RODRIGUES E NUNO VALENTE SÃO EXEMPLOS DE TALENTOS SAÍDOS DAS EQUIPAS B

Costinha

André Moreira

André Sousa

Ivo Rodrigues Gonçalo Guedes

Nuno Valente

Marco Baixinho

Ruca Nélson Semedo

Diogo Jota

Miguel Vieira

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A seleção nacional integra o pote 1 do sorteio do Europeu, que tem lugar no dia 12 deste mês (às 17h00 em Lis-boa). A equipa de Fernando Santos e Cristiano Ronaldo parte assim no lote das favoritas, o que lhe permite evitar as seleções do mesmo pote na fase de grupos do EURO 2016, ou seja, França, Espanha, Alemanha, Inglater-ra e Bélgica.

O Sporting Steinfort, filial do Spor-ting Clube de Portugal fundada em 2007 na cidade luxemburguesa de Steinfort, propôs-se a receber no próximo ano, entre abril e maio, entre 300 a 600 refugiados sírios. Além de os acolher, o objetivo desta ação passa por promover uma melhor integração destas pessoas na sociedade luxemburguesa, o que será feito sem descurar a compo-nente desportiva.

O triunfo por 0-2 na deslocação ao Luxemburgo, com golos portugueses de André André e Nani, é a vitória mais dilatada desde que Fernando Santos lidera a seleção de Portugal. Colocou-se assim um ponto final em 17 encontros de triunfos à tangente.

O clube encarnado oficializou em Bissau um protocolo para a cria-ção de uma academia de formação com capacidade para receber 400 crianças. A ocasião foi assinalada pelo clube a 12 de novembro, com a visita à capital da Guiné-Bissau por parte de uma comitiva encabeçada por Nuno Gomes e Pedro Mantorras. A equipa B do Benfica defrontou o Benfica de Bissau num jogo “amigável”, por vitó-ria portuguesa por 3-4.

Portugal no pote 1 do EURO 2016

Filial do Sporting recebe refugiados no Luxemburgo

Benfica abre escolas de formação na Guiné-Bissau

Breves

Gonçalo Guedes (Benfica)

No mês passado escrevemos sobre o despontar deste jovem (que acaba de cumprir o 19.º aniversário) na equipa principal do Benfica, titular tanto nas competições internas como na Liga dos Campeões. Desde então, a evolu-ção precoce conheceu novos capítulos e Guedes já se estreou com a camisola da seleção principal portuguesa, mos-trando-se a Fernando Santos como um sério candidato a marcar presença no EURO 2016.

Ivo Rodrigues (Arouca)

Emprestado pelo FC Porto, este extremo de 20 anos tem apresentado as credenciais que já havia exibido na equipa B dos portistas e nas seleções jovens de Portugal, como uma excelente capaci-dade para progredir velozmente com a bola controlada por entre opositores. A segunda hipótese no primeiro escalão está a correr bem melhor do que a ante-rior, na temporada passada ao serviço do Vitória de Guimarães, quando foi lançado poucas vezes pelo agora técnico benfi-quista Rui Vitória.

Costinha (Vitória de Setúbal)

Há um ano militava no modesto Lusitano Vildemoinhos, clube do distrito de Viseu pelo qual marcou 18 golos em 34 jogos. O treinador Quim Machado andava por perto, a conduzir o Tondela à conquista da Segunda Liga, e “deu-lhe boleia” para Setúbal. O extremo de 23 anos, que também pode atuar no centro do ataque, não se atemorizou e à 4.ª jornada já somava dois golos. Um claro exemplo de que a contratação de talentos nem sempre obriga a avultados investimentos.

Vitória contra Luxemburgo é a maior da era Fernando Santos

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES50

Conhecida pelos arranha-céus e pelos carros de luxo, o Dubai é uma cidade com-pletamente multicultural, com 85% da população composta por expatria-dos, o que contribui para

que tudo seja diferente. A cada diferença encontrada, encontram-se tantas outras similitudes e até elos de ligação.

É muito curiosa e agradável, por exemplo, a predisposição de qualquer expatriado em iniciar uma conversa. Muitas vezes acontece estar no táxi e ser abordado pelo taxista sobre a minha nacionalidade. A resposta Portugal é automaticamente refletida com Cris-tiano Ronaldo, Vasco da Gama ou ainda por vezes Fernão Magalhães. Sim, aqui também o nosso passado é bastante conhecido. Vasco da Gama ainda hoje é ensinado nas escolas indianas e Fernão Magalhães é referido nos livros filipinos, duas das maiores comunidades aqui existentes.

A nível profissional, e sendo eu engenheiro civil, não poderia estar mais satisfeito. Os projetos em que estive envolvido são de uma escala que nunca poderia alcançar em Portugal, “à grande e à emirati”.

Quanto à religião, existem apenas duas igrejas católicas em todo este emirado islâmico. Todos os dias, por cinco vezes, sete dias por semana, os chamamentos para rezar fazem-se ouvir através dos al-tifalantes das mesquitas, e até no interior dos shoppings, com a música ambiente das lojas a dar lugar a uma voz elegante e profunda que convida os fiéis.

Já tive a engraçada experiência de ter uma reunião interrompida para que um dos participantes se ausentasse para cumprir os seus deveres religiosos. Todos os edifícios públicos e de escritórios pri-vados estão dotados de salas de reza.

Apesar da dedicação evidente dos mu-çulmanos à religião, o Dubai é o emirado menos conservador, o que permite uma maior integração de pessoas ocidentais. Ao contrário do que se pensa, não é obri-gatório a mulher cobrir-se totalmente de negro, embora o uso de abaia seja comum, principalmente às sextas-fei-ras, que é o dia religioso.

A vida de não-muçulmanos é ligeira-mente afetada ao longo do Ramadão, uma vez que muitos restaurantes não servem comida durante o dia. Não só durante esta época, mas ao longo de todo o ano, os árabes enfrentam uma restrição ao consumo de carne de porco, algo com que é um pouco difícil de lidar quando se é transmontano. Existem supermercados e restaurantes onde é comercializada, mas a sua qualidade não é comparável à portuguesa.

Apesar das evidentes diferenças, das saudades da família, amigos e da comida da mãe, sair da zona de conforto não só é das decisões mais difíceis, mas também das mais recompensadoras que alguém pode tomar.

Este mês faz dois anos que o flaviense Hugo Daniel Costa, engenheiro civil de 27 anos, partiu para uma zona do planeta

em que tudo é “à grande e à emirati”.

A EXPERIÊNCIA ÚNICA DE VIVER NO DUBAI

“MUITAS VEZES ACONTECE ESTAR NO TÁXI E SER ABORDADO PELO TAXISTA SOBRE A MINHA NACIONALIDADE. A RESPOSTA PORTUGAL É AUTOMATICAMENTE REFLETIDA COM CRISTIANO RONALDO, VASCO DA GAMA OU AINDA POR VEZES FERNÃO MAGALHÃES”

ISCURSO DIRETOD

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