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A HISTÓRIA E OS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS DO USO DE DROGAS

Eixo Fundamentos e Políticas

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ORIENTAÇÕES SOBRE A VERSÃO EM PDF DOS MÓDULOS

Atualmente as novas tecnologias, sobretudo aquelas ligadasà internet (como computadores e celulares), têm estado cadavez mais presentes em variados aspectos das nossas vidas,entre eles a educação. Contudo, sabemos que o acesso a essastecnologias é bastante desigual em nosso país, dificultando aimplementação da educação a distância e, por consequência,a democratização do conhecimento.

Pensando nisso, disponibilizamos uma versão de apoio, emformato PDF, de todos os módulos publicados no Aberta:portal de formação a distância – sujeitos, contextos e drogas,para que você possa fazer a leitura do conteúdo em modooff-line, possibilitando ainda a impressão em tamanho A4(formato horizontal).

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Nessa versão, aparecem sinalizados os endereços eletrônicos paraos vídeos, as animações e os hiperlinks existentes no texto. Os recursos como o “Glossário” e o “Saiba mais” podem ser lidos logo após o parágrafo ao qual foram vinculados.

Enfatizamos, no entanto, a importância do acesso aos materiaisdidáticos em sua versão on-line, uma vez que eles apresentamuma série de recursos multimídia desenvolvidos especialmentepara este formato e que não podem ser visualizados em suatotalidade na versão em PDF.

Por fim, lembramos a importância de referenciar adequadamenteos módulos sempre que seu conteúdo for citado. Para isso,disponibilizamos a ficha catalográfica na capa dos materiais comos dados referentes a cada módulo.

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APRESENTAÇÃO

Você sabia que, desde a Pré-História, o ser humano vem usando substâncias que alteram as atividades do sistema nervoso central para se medicar, ter experiências espirituais ou simplesmente se divertir? Será que esse uso sempre foi visto como ameaça à sociedade ou ao sujeito? Veremos que os efeitos do uso de drogas, tanto os sociais quanto os subjetivos, são fortemente relacionados a seus contextos sociais e a controles sociais vigentes, comoas leis e os costumes. Neste módulo, traçaremos um panorama histórico a fim de demonstrar que, longe de ter uma natureza genérica, a droga assume distintos significados em diferentes ocasiões. Você verá, também, como as políticas de drogas têm servido para reforçar as estruturas socioculturais vigentes.

CONTEUDISTA

Edward MacRaehttp://lattes.cnpq.br/3168537231736605

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publica-do sob a Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-Comparti-lha Igual 4.0 Internacional. Podem estar disponíveis autorizações adicionais às concedidas no âmbito desta licença em http://aberta.senad.gov.br/.

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A HISTÓRIA E OS CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS DO USO DE DROGAS

SITUAÇÃO PROBLEMATIZADORA

CONTEÚDO INTERATIVOhttps://www.youtube.com/watch?v=kml1lxMcoas

Esse trecho foi extraído do vídeo “Fora de si”, episódio da série Não é o que parece, produzida pelo Canal Futura em conjunto com o Conselho Federal de Psicologia, em 2004.

A partir desse pequeno excerto, podemos refletir sobre vários aspectos da realidade social, principalmente sobre o modo como entendemos o mundo. Afinal, o que determina a forma como compreendemos os fenômenos do mundo à nossa volta? O que você pensa sobre o fenômeno do uso de drogas?

É comum ouvirmos que as drogas estão presentes na sociedade há muitas eras, sendo utilizadas para os mais diversos propósitos. Mas, afinal, teriam sido elas sempre encaradas da mesma maneira nos diferentes contextos e momentos históricos? Antes de aprofundar seu estudo no módulo, procure refletir um pouco sobre essas questões.

O USO DE DROGAS NA HISTÓRIA

Alguns cientistas consideram que tanto os humanos quanto outras espécies tendem a ter um impulso biológico para a intoxicação, sendo tão importante quanto os impulsos para satisfazer as necessidades de fome, sede e sexo. Dessa forma, vemos que, desde a Pré-História, os membros das diferentes culturas humanas têm utilizado plantas e algumas substâncias de origem animal com diversas finalidades.

Saiba mais (outras espécies)

Outras espécies de animais também buscam experiências distintas através do consumo de alimentos e ervas. Leia a reportagem “Você sabia? Animais usam drogas para fins medicinais e recreativos” para conhecer algumas curiosidades sobre esse assunto.

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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Figura 1: Ilustração do consumo de ópio no Vietnã, no começo do século XX. Fonte: Cinarc (2016).

O uso de psicoativos (drogas) era, geralmente, feito de acordo com uma série de princípios, leis, regras de conduta e de rituais religiosos e profanos que determinavam quem iria consumir a droga, como e com que finalidade. O Santo Daime, por exemplo, é uma manifestação religiosa surgida no século XX em que, nos seus rituais, era feito o uso de uma bebida chamada ayahuasca, que pode ocasionar diversos efeitos nos praticantes, como alucinações, aumento da frequência respiratória, entre outros. Ainda sobre o uso psicoativo de substâncias, era comum haver restrições de idade, gênero e classe social para diferentes substâncias e distintos modos de uso.

Saiba mais (drogas)

Você pode aprofundar seus conhecimentos a respeito do uso de psicoativos na obra Drogas e cultura: novas perspectivas (2008), disponível no site do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Nesse texto, você encontra uma reflexão sobre o tema drogas, a partir de uma perspectiva multidisciplinar que enfatiza a importância de se abordar esse tema não só em seus aspectos farmacológicos e psicológicos mas também os socioculturais. Confira um trecho da obra:

[...] fatores de ordem moral e cultural possuem uma ação determinante na constituição de padrões reguladores ou estruturantes do consumo de todos os tipos de ‘drogas’. Escapa-se de uma visão simplista sobre o assunto, destacando que o tema deve ser abordado preferencialmente de uma perspectiva multidisciplinar, já que a sua compreensão envolve a consideração de diversos aspectos, como os farmacológicos, psicológicos e socioculturais. Não se trata, portanto, de colocar a perspectiva das ciências humanas como a mais relevante, nem de desconsiderar os riscos e as complexidades bioquímicas do uso dessas substâncias, mas de abrir mais espaço para esse tipo de reflexão na discussão sobre as drogas na atualidade (GIL; FERREIRA, 2008, p. 11).

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Cada cultura desenvolvia suas regras e seus costumes de acordo com sua forma de entender o mundo e se organizar. O cumprimento dessas normas era imposto e fiscalizado de maneira formal, segundo leis preestabelecidas, ou informalmente, por meio da pressão e da vigilância de familiares, vizinhos, sacerdotes, empregadores e outros agentes sociais que os sujeitos consideravam importantes em suas vidas. Assim, constituíam-se os chamados controles sociais formais e informais.

Outras substâncias estimulantes, como a coca, o guaraná, o mate, o café, o chá, a noz-de-cola, entre outras, foram utilizadas em diferentes continentes para produzir incrementos de energia e diminuir a fome, sendo consumidas de forma regular. Além disso, o uso de psicoativos tem sido feito também com propósitos espirituais em diferentes momentos históricos e em várias culturas.

Nos contextos religiosos, costuma-se encontrar regras bastante rígidas a respeito de quem, como e para que se poderia fazer esse tipo de uso.

Cerca de 15% dos aproximadamente oitocentos diferentes medicamentos egípcios antigos incluíam cervejas ou vinhos em sua composição. Acreditamos que certas plantas, com efeitos alucinógenos ou visionários, desempenhavam um papel importante nos rituais de cultos antigos que envolviam estados de consciência alterada ou transes em países como Grécia, Roma e Índia, assim como entre feiticeiros da Sibéria, de regiões do Norte da Europa e da América indígena.

Durante séculos, o ser humano pôde conviver com essas substâncias de forma bastante tranquila. Embora existam registros muito antigos sobre problemas relacionados ao abuso de bebidas alcoólicas, não há, efetivamente, menção a problemas relacionados à degradação de caráter ou a sérios desvios comportamentais atribuídos ao uso de outras drogas, mesmo sendo o ópio tão difundido na Antiguidade.

Na sequência, você pode acompanhar uma breve apresentação do desenvolvimento social, político e cultural do uso de drogas no decorrer da História.

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4.000 a.C.

Na Ásia, a Cannabis* era utilizada para fazer medicamentos, para diversão e em finalidades espirituais. Além disso, com suas fibras eram confeccionadas cordas e tecidos.

*Atualmente, diversos países têm discutido a regulamentação do uso de drogas, especialmente a maconha, considerando os impactos sociais da proibição/criminalização do consumo usuário e as possibilidades de uso terapêutico das drogas , principalmente a maconha, a partir de seus efeitos e impactos sociais. Para conhecer um pouco mais sobre a história e os reflexos sociais e econômicos da Cannabis – maconha ou cânhamo –, assista ao documentário sobre a História da Maconha nos Estados Unidos, produzido pelo canal History Channel.

5.000 a.C.

Nas regiões da Ásia Menor e Europa, o ópio era considerado uma dádiva divina para eliminar os males do ser humano, principalmente a dor.

Idade Antiga

Linha do tempo, uso de drogas

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2.200 a.C.

No Oriente Médio, o álcool era utilizado como medicamento e também misturado a outras drogas, produzindo bebidas de grande potência.

100 d.C.

As drogas eram utilizadas, sobretudo, em cultos mágicos e religiosos, com finalidade terapêutica para aliviar o sofrimento, e, em alguns casos, como diversão.

Figura 2: The Drinking Contest of Dionysos and Heracles . Mos aico romano, aproximadamente 100 anos d .C. Fonte: Worcester Art Museum (2016).

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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Século IV

A cristianização do Império Romano levou, todavia, ao colapso as antigas noções pagãs sobre o uso de determinadas drogas, as quais passaram a ser estigmatizadas não só por sua associação a cultos mágicos e religiosos, mas também por seus usos terapêuticos para aliviar o sofrimento.

Século X

O emprego de certas drogas para fins terapêuticos tornou-se sinônimo de bruxaria ou heresia. Assim, mesmo após a Reforma, os cristãos, tanto católicos como protestantes, passaram a punir seu uso com torturas e morte.

Figura 3: O Círculo Mágico. O quadro apresenta uma mulher preparando algo em um caldeirão, uma representação que pode ser relacionada à ideia popular de “bruxa” ou “feiticeira”. Fonte: Waterhouse (1886).

Idade Média

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Século XIV

Inicialmente, havia maior tolerância no mundo islâmico em relação ao uso de drogas. Mais tarde, porém, movimentos fundamentalistas e intolerantes pas saram a queimar livros, a perseguir dissidentes e a punir usuá rios de álcool e de maconha.

Século XIV

Quando começaram as Grandes Navegações e a colonização da América e da Ásia, houve uma ampliação do repertório de substâncias utilizadas como drogas, isto é, com o objetivo de produzir alguma alteração nas sensações e na consciência. Por exemplo, plantas americanas como o tabaco, o cacau e o mate foram introduzidas na Europa para fins medicinais, alimentares e lúdicos, tornando-se, inclusive, um grande sucesso comercial na época.

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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Século XVI

Na América, inclusive no Brasil, populações indígenas utilizavam inúmeros produtos botânicos de efeitos psi coativos, como o tabaco e a folha da coca, para finalidades espirituais, terapêuticas ou de diversão; e muitos desses costumes persistem até os dias atuais.

A imagem a seguir foi retirada do livro As Singularidades da França Ant ártica, escrito pelo Frade Capuchinho Francês André Thevet, ao visitar o Brasil para acompanhar as expedições francesas em meados do século XVI.

Figura 4: Grupo de índios envolvidos com diversas tarefas. Um dos integrantes do grupo faz uso de algo que se assemelha a um cigarro. Fonte: Thevet ( 1568, p. 101 ).

Século XIX

O ópio tornou-se a principal mercadoria de exportação das potências europeias para o mercado chinês. Nesse período, também teve início o uso político de acusações de narcotráfico entre nações que rivalizavam pela hegemonia global, como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

Figura 5: A ntro de ópio. Fonte: Picknell (1881 ).

Idade Contemporânea

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Século XIX

Cientistas conseguiram isolar os princípios ativos de várias plantas, produzindo substâncias mais puras e de manejo mais fácil, cuja dosagem podia ser calculada com maior exatidão.

Século XIX

No Brasil, as primeiras leis decretadas para tratar de temas relacionados às “subs tâncias venenosas”, à embriaguez e à venda de bebidas alcoólicas se destinavam aos chamados “vícios elegantes”, que incluíam o ópio, a mor fina e a cocaína, consumidos geralmente por jovens brancos das classes altas.

Século XIX

A elite brasileira, colonial e imperial, teve seus esforços malsucedidos em estabelecer uma produção industrial de cânhamo, ou Cannabis, no país, uma vez que, tradicio nalmente, o uso dessa planta para diversão era visto como proveniente da África e associado à população pobre, negra e indígena, principalmente das regiões Nordeste e Norte do Brasil.

Século XX

Nos Estados Unidos, surgiram campanhas po pulares antidrogas, chamadas Temperança, ou proibicionistas, que reivindicaram a criação de leis controlando a produ ção e a comercialização dessas substâncias no país. Tais campanhas visavam especialmente drogas usadas por etnias consideradas inferiores, como os chineses, negros e mexicanos.

Século XIX

Esse século foi marcado por traumáticas mudanças sociais e por guerras, que contribuíram para alastrar o uso abusivo de álcool e de outras drogas nesse período.

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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1916

No Brasil, o médico Rodrigues Dória referia-se à questão do uso da maconha no país pelos negros como “a vingança dos vencidos”, e propunha a proibição do comércio da planta e novas formas de vigilância sobre seus usuários.

1919

Foi aprovada uma emenda à Constituição dos Estados Unidos, conhecida como Lei Volstead, ou Lei Seca, proibindo a fabricação, o comércio e o consumo de bebidas alcoólicas no país. Essa lei vigorou entre 1920 e 1932, quando outra emenda a revogou.

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Eixo Fundamentos e Políticas

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1932

No Brasil, a Cannabis foi acrescentada à lista de entorpecentes banidos. A repressão ao uso da maconha serviu para fortalecer discriminações e preconceitos raciais e de classe no país.

1960-1970

A campanha americana antidrogas continuou em âmbito interna cional e, em 1961 e 1971, foram assinados, pela quase totalidade dos países do mundo, a Convenção Única de Viena e o Convênio sobre Substâncias Psicotrópicas, respectivamente. Com esses acordos, pre tendia-se proibir e erradicar, em curto ou médio tprazo, a produção, o comér cio e o uso de drogas em geral. Embora não tenham tido sucesso, esses acordos serviram como importantes pretextos para intervenções na política interna de diversos países.

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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1985

Após a redemocratização do país, a economia brasileira criou padrões que excluíam a juventude pobre e, dessa forma, o narcotráfico se tornou uma das únicas possibi lidades para essa população conquistar status econômico. Enquanto isso, os jovens usuários de classe média já não são mais vistos como ameaça ao sistema, mesmo que cresça entre eles o consumo de drogas.

1976

Durante o regime militar, uma nova legislação de entorpecentes foi adotada para facilitar sua aplicação contra uma “juventude rebelde” (formada, inclusive, por jovens da classe média). No entanto, a lei não atentava para as diferenças entre as várias substâncias ilícitas e também não dava importância à distinção entre uso e tráfico de drogas.

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2006

Diante do atual contexto do nosso país, foi sancionada a Lei 11.343, que supostamente tornaria mais fácil de executar as medidas para a prevenção do uso de dro gas e atenção e reinserção social de usuários e dependentes.

Para conhecer mais informações sobre o posicionamento social em relação às drogas ao longo da História, leia a história em quadrinhos do cartunista Stuart McMillen, que aborda o proibicionismo e seus reflexos sociais.

NO BRASIL: OS VÍCIOS ELEGANTES E O ÓPIO DO POBRE

A atribuição de uma série de características negativas às drogas ilícitas e a seus usuários tem tido papel importante na ordenação da sociedade brasileira com todas as suas desigualdades. Assim, o usuário é geralmente concebido, de maneira estereotipada, como irresponsável e incapaz de gerir adequadamente a sua vida. Dessa forma, problemas estruturais da sociedade, como a má distribuição de renda, as deficiências dos sistemas de educação, saúde e segurança pública, não são levados em conta. Logo, formadores de opinião, como políticos, líderes religiosos, jornalistas e policiais, elegem o “drogado”, ou o “viciado”, como um inimigo imaginário, e o responsabilizam por todos os problemas que afligem a sociedade. Medidas repressivas são propostas sob o pretexto de combatê-lo, e ao tráfico que o sustenta; porém, essas ações servem, basicamente, para a manutenção do sistema político-econômico.

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Glossário (esteriotipada)

Estereótipos são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros sujeitos. Geralmente, acabam convertendo-se em rótulos pejorativos que causam impacto negativo nos outros (MARTINEZ, 2015).

Isso fica claro, por exemplo, no caso da proibição da maconha no Brasil. Apesar de esforços malsucedidos da elite brasileira, colonial e imperial, em estabelecer uma produção industrial de cânhamo no Brasil, tradicionalmente, o uso dessa planta para diversão era visto como proveniente da África e associado quase exclusivamente à população pobre, negra e indígena, principalmente das regiões Nordeste e Norte do país. Após a abolição da escravatura, esses contingentes populacionais, mal integrados à vida socioeconômica do país, causavam temor às elites. Nessa época, desenvolveu-se um discurso voltado para a “melhoria da raça brasileira”, buscando uma maior integração com a cultura europeia e um “embranquecimento” da população. Essas ideias faziam parte de uma política higienista, que visava à exclusão de setores indigentes e negros, sustentada numa suposta ciência conhecida como “eugenia”.

O movimento pró-higiene mental era uma orientação teórica e prática, baseada na noção de que o sujeito e a hereditariedade seriam os fundamentos de uma nação saudável. Esse movimento defendia que o grande mal da nação seriam os sujeitos considerados degenerados, menos evoluídos, anormais ou inferiores. Uma das propostas para corrigir esse problema foi submeter o país a um intenso processo de “depuração social”, que consistia na separação de sujeitos em superiores e inferiores, em termos de habilidades mentais e aptidões.

Assim, práticas culturais de origem africana, como o candomblé, a capoeira e o uso da maconha, eram sistematicamente desqualificadas e, muitas vezes, até consideradas causadoras de doenças mentais.

Dessa forma, as primeiras leis promulgadas para tratar de temas relacionados às “substâncias venenosas”, à embriaguez e à venda de bebidas alcoólicas só se voltavam para os chamados “vícios elegantes” (o ópio, a morfina e a cocaína), usados geralmente por jovens brancos das classes altas, em locais de boemia, como bares e bordéis, pois os problemas que o “ópio do pobre” (a maconha) poderiam trazer para a saúde da população negra não interessavam aos médicos e legisladores. Em decorrência, foram desenvolvidas ações de repressão, voltadas aos locais de ajuntamento, trabalho e divertimento popular, afetando principalmente a população negra e mestiça das regiões Norte e Nordeste.

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Figura 6: Diferentes aspectos do uso de drogas no início do século XX. Fonte: NUTE-UFSC (2016).

Dessa maneira, naquele momento, a repressão ao uso da maconha serviu para fortalecer discriminações e preconceitos, raciais e de classe, adequando-se muito bem aos planos de intervenção disciplinar no modo de vida das populações pobres do Brasil.

Em tempos mais recentes, após a redemocratização do país, os padrões excludentes da economia brasileira vêm levando a juventude pobre a conceber o ingresso no narcotráfico como uma de suas únicas possibilidades de conquista de status. A

natureza ilícita dessa atividade instaura entre eles um clima de desonestidade e violência. O clima de insegurança que passa a reinar na sociedade costuma ser, no entanto, atribuído simplesmente às “guerras de traficantes”, quando seria, de fato, decorrência do modelo socioeconômico vigente e de uma série de falhas nos sistemas públicos de segurança, saúde e educação. Já os jovens usuários de classe média não são mais vistos como ameaça ao sistema, mesmo que cresça entre eles o consumo de drogas.

Para podermos discutir com mais propriedade a questão, recomendamos a leitura da Lei n.º 6.368, de 21 de outubro de 1976, e da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006, considerando suas diferentes implicações jurídicas, culturais e políticas.

Na prática, o proibicionismo e a discriminação tiveram como efeito o fortalecimento de uma verdadeira guerra (às vezes, considerada como extermínio) contra os pobres, geralmente jovens rapazes negros, acusados de serem traficantes. Esses jovens agora mantêm o sistema carcerário permanentemente superlotado, enquanto os grandes mandantes e financiadores do tráfico têm ficado livres, assim como os criminosos de “colarinho branco”, em geral.

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Ocorre, assim, uma seletividade do sistema penal, que permite que a política de drogas acabe, mais uma vez, servindo para a manutenção da tradição brasileira de criminalizar a pobreza e a negritude.

Dessa forma, constatamos que, a partir do século XX, a questão do uso de álcool e de outras drogas tornou-se foco de muita preocupação. Isso é decorrente de vários motivos de ordem política que influenciaram as legislações sobre drogas, tanto no Brasil quanto no mundo, deixando de atentar, devidamente, para o papel do sujeito e dos controles sociais informais exercidos pela sua comunidade; ou seja, não têm sido levados em conta os variados contextos psicossociais e culturais em que ocorre o uso de drogas, nem a importância das redes sociais significativas para o usuário, que seriam capazes de impor controles sociais informais mais efetivos que as leis atuais.

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Síntese reflexiva

Vimos que, ao longo da história da humanidade, diferentes substâncias de propriedade psicoativa têm sido usadas para finalidades industriais, espirituais, medicinais e de diversão. Essas substâncias nem sempre foram vistas como ameaçadoras à sociedade ou aos sujeitos e, em muitos casos, foram produzidas e sua distribuição foi regulamentada oficialmente.

Pudemos notar também que as políticas de repressão nem sempre foram utilizadas e, quando foram, serviram, muitas vezes, para justificar a intervenção das forças armadas em relação a populações vulneráveis – mais especificamente, à população negra (como no caso da proibição da maconha, conforme explicado no módulo). Essa situação ainda ocorre quando as políticas que criminalizam e punem o usuário atuam mais no sentido de reforçar estigmas, preconceitos e dicotomias sociais.

Nesse contexto, você considera que a forma como a mídia (TV, rádio, jornal, revistas etc.) veicula a questão das drogas leva em consideração os diversos contextos e fatores históricos nos quais elas estão inseridas? Tome como exemplo estas propagandas brasileiras: a primeira, dos “cigarrinhos de chocolate ao leite”, foi feita nos anos 1970, protagonizada por uma criança negra – como você viu neste módulo, a população afrodescendente foi historicamente estigmatizada em relação ao uso de drogas; e a segunda, uma campanha de combate ao tabagismo, promovida pelo Ministério da Saúde, em 2011. A partir delas, procure refletir sobre os conteúdos estudados até o momento, relacionando a questão do contexto e do uso de drogas a essas representações midiáticas.

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Figura 7: Propaganda brasileira de 1970 de uma marca de chocolates em forma de cigarro. Fonte: Propagandas Históricas (2016).

Figura 8: Campanha do Ministério da Saúde para lembrar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, cujo slogan foi “Viver bem é viver com saúde”.Fonte: Ministério da Saúde (2011).

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REFERÊNCIAS

Textos

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A história e os contextos socioculturais do uso de drogas

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Eixo Fundamentos e Políticas

Aberta: portal de formação a distância – sujeitos, contextos e drogas

Vídeos

FORA de si. Produzido pelo Conselho Federal de Psicologia em parceria com o Canal Futura. Brasília, São Paulo: Canal Futura, 2006. 1 vídeo (24min), son., col. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dpz7NINplV8>. Acesso em: 27 jan. 2016.

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