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Page 1: Porcelantop

Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501301 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

PORCELANATO EM FACHADAS: A PROBLEMÁTICA E AS POSSIBILIDADES

DE FIXAÇÃO

CUNHA, E.C.1; SICHIERI, E.P.2

1 – Mestranda Departamento de Arquitetura/ EESC/USP – São CarlosEnd. Av. Trabalhador Sãocarlense, 400 – Cep 13566-590

[email protected] – Prof. Dr. Departamento de Arquitetura/ EESC/USP – São Carlos

RESUMO

As fachadas demandam cada vez mais a utilização de materiais que vençam

as ações constantes e bruscas exercidas pela natureza. Neste sentido, as

cerâmicas têm contribuído crescentemente. As técnicas de aplicação vêm driblando

as patologias criadas pelas mudanças bruscas de temperatura e principalmente

umidade. As principais técnicas são as de fixação com argamassas colantes e colas

e, despontando na pesquisa nacional, as fixações mecânicas. Adequando-se a este

quadro, está o porcelanato, uma cerâmica de ponta com perfil técnico compatível ao

combate às ações externas nas fachadas. No entanto, é a característica de

destaque desta peça, a impermeabilidade, o complicador de sua aplicação em

fachadas. De um lado pela indefinição e falta de normalização de uma argamassa

colante e colas que garantam a aderência química do porcelanato. De outro, pela

falta de opção nacional em sistemas mecânicos de fixação.

PALAVRAS-CHAVES: Porcelanato, fachada, fixação, revestimento.

INTRODUÇÃO

As chuvas, ventos, poluição e mudanças bruscas de temperatura que agem

nas fachadas de edifícios demandam materiais que desempenhem uma proteção

rigorosa, desafio constante para as técnicas de edificações.

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Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501302 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

O perfil da peça de porcelanato adequa-se a estas condições e o crescimento

da produção no mercado nacional vem proliferando o uso deste material para

diversos ambientes, assim como para as fachadas. Pode-se considerar, entre os

vários fatores técnicos, que esta manifestação projetual do uso de porcelanato em

fachadas venha também da semelhança estética deste com os granitos, material

muito utilizado para revestimento de edifícios de grande porte. O porcelanato, assim

como o granito, em função de seu acabamento superficial, confere uma estética

mais arrojada e nobre, em comparação com as cerâmicas tradicionais. De maneira

geral, o porcelanato destaca-se dos granitos pela maior estabilidade de suas

características técnicas e estéticas, o que garante também maior estabilidade de

reações perante os fenômenos que atingem as fachadas.

Porém, como o revestimento não é apenas o envoltório aparente, todo o

conjunto, o chamado Sistema Cerâmico, estará agindo para que a finalidade maior

de proteção seja atingida. Surge então os limitadores de uso do porcelanato em

fachadas: as formas de fixação atualmente disponíveis. Estas opções são: o sistema

de colagem com argamassas colantes ou colas especiais e o sistema mecânico com

trilhos e parafusos, que criam painéis de revestimentos.

Devido ao uso do porcelanato em fachadas estar passando por um processo

inicial de definições técnicas projetuais, encontra-se neste quadro uma escassez de

argamassas específicas para aplicação segura em fachadas. Além disso, não temos

normalizações que respaldem uma especificação, tanto com argamassas como com

fixações mecânicas, também pouco desenvolvida nacionalmente.

PORCELANATO

O porcelanato é um revestimento cerâmico diferenciado das cerâmicas tradicionais

devido suas características técnicas mais elevadas (Tabela I), o que garante a

possibilidade de aplicação nos mais variados ambientes, desde alto tráfego, onde

demandam altíssimas resistências mecânicas e a abrasão, como nas fachadas,

onde o quesito impermeabilidade é fundamental.

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Tabela I – Características técnicas do porcelanato

Características Valores Prescritos Valores Reais - Produtos

Absorção de água ≤ 0,5% <0,1%Resistência a Flexão ≥27 N/mm2 >50 N/mm2

Resistência a Abrasão <205 mm3 <130 mm3

Carga de Ruptura (N) ≥ 1300 > 2000Resistência ao Gelo Exigida Garantido

Expansão Térmica Linear ≤9 x 10-6 °C-1 ≈7 x10-6 °C-1

Resistência Química Max. Classe b Classe AChoque térmico Nenhuma alteração Nenhuma alteração

Dureza Mohs >5 7-8Resistência a Manchas Nenhuma Variação

visívelNenhuma Variação

visívelFonte: Cerâmica Industrial Ago/Dez 1996 - HECK, Clarice. Maio/Junho, 1998 - OLIVEIRA, Antonio P. N.

Esteticamente também se destaca pelas diferenciadas texturas e superfícies, com

acabamentos natural, polido e esmaltado (Figura 1) . Todas essas características

são conseqüência de um processo de fabricação de ponta aliado a uma seleção

rigorosa de matérias-primas (argilas especiais, em composição com feldspato,

(caulim), areia de quartzo ou feldspática e modificadores de fundência, como o talco,

dolomita, calcita, etc.).

Figura 1 – Tipos de porcelanato. Natural, polido e esmaltado

Em relação às pedras, o porcelanato destaca-se pela maior estabilidade de

suas características: maior resistência química, impermeabilidade sem

desenvolvimento de manchas de umidade como nos granitos, peças de menor

espessuras e mais leves conferindo também maior facilidade de assentamento.

A problemática que encontramos relacionada à peça está diretamente ligada à

sua principal característica atrativa para fachadas, a impermeabilização. Devido a

esta característica, as argamassas colantes não são facilmente aderidas

Porcelanato narural

Porcelanato polido Porcelanato esmaltado

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mecanicamente na peça em função também de uma grande compactação da

matéria prima no processo de fabricação, o que demanda então a utilização de

materiais colantes que garantam uma aderência química. Outro fator não

colaborador da aderência mecânica é a conformação do tardoz das peças de

porcelanato que, como ainda não são produzidas especificamente para as

superfícies de fachada, não possuem saliências facilitadoras de ancoragem. Em

algumas cerâmicas este tardoz é denominado “rabo de andorinha”.

O SISTEMA COLANTE

As etapas e procedimentos de fixação de porcelanato em fachadas com argamassa

colante não diferem muito dos sistemas cerâmicos com peças comuns. O sistema

(figura 2) é composto por:

Alvenaria Colocação de tela nas áreas de conflito Chapisco Emboço (camada de regularização) Impermeabilizantes Argamassa colante para porcelanato ou colas especiais Porcelanato Juntas de assentamento (peças) e de movimentação (panos),

dessolidarização e estruturais Rejuntamento e seladores Limpeza

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Figura 2 – Corte do sistema cerâmico

As argamassas colantes normalizadas não são adequadas para o uso do

porcelanato em fachadas. As cerâmicas ensaiadas têm valor de absorção de água

elevados em comparação ao porcelanato. Como o porcelanato tem de 0 a 0,5% de

absorção de água, estas argamassas não garantem a aderência deste produto.

As argamassas normalizadas são classificadas da seguinte forma:

Classificação das argamassas colantes (NBR 14081 - Especificação):

• AC-I - Interior: Argamassas com características de resistência às solicitações

mecânicas e termoigrométricas típicas de revestimentos internos, com exceção

daquelas aplicadas em saunas, churrasqueiras, estufas e outros revestimentos

especiais.

• AC-II - Exterior: Argamassa com características de adesividade que permitem

absorver os esforços existentes em revestimentos de pisos e paredes externas

decorrentes de ciclos de flutuação térmica e higrométrica, da ação da chuva e/ou

vento, da ação de cargas como as decorrentes do movimento de pedestres em

Junta assentamento e rejunte

Junta de dessolidarização(aqui também como junta de

movimentação)

Chapisco

Emboço

Argamassa colante

Porcelanato

Viga

Tela metálic a

Mastique

Tarugo de poliestireno

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áreas públicas e de máquinas ou equipamentos leves sobre rodízios não

metálicos.

• AC-III - Alta Resistência: Argamassa que apresenta propriedades de modo a

resistir as altas tensões de cisalhamento nas interfaces substrato/adesivo e placa

cerâmica/adesivo, juntamente com uma aderência superior entre as interfaces

em relação às argamassas dos tipos I e II: é especialmente indicada para uso em

saunas, piscinas, estufas e ambientes similares.

• AC-III-E - Especial: Argamassa similar ao tipo III, com tempo em aberto

estendido.

As argamassas colantes para porcelanato devem ser argamassas que

contenham aditivos e polímeros que garantam a aderência química da peça, já que,

como mencionado anteriormente, a impermeabilidade da peça dificulta a ancoragem

mecânica. De forma geral estes aditivos são resinas sintéticas orgânicas como as

resinas celulósicas (retentor de água e plastificante) , vinílicas, acrílicas e estirenos.

Estas últimas com a função de melhorar a capacidade de absorver deformações e

aderência.

As poucas argamassas colantes específicas para porcelanato surgidas

recentemente no mercado são principalmente adequadas para assentamento em

piso. Para o assentamento em fachadas são recomendadas limitações de altura –

algumas limitando até 3m do piso - assim como a limitação de dimensões de peças,

sendo esta de no máximo 30x30cm.

Neste presente quadro, o processo projetual torna-se extremamente limitado e

a vida útil arriscada.

Outro procedimento de colagem seria os adesivos de base não cimentícia,

também chamados de adesivos de resina de reação – uma mistura de resinas

sintéticas, cargas minerais e aditivos orgânicos, na qual o endurecimento acontece

por reação química. Um exemplo é o epóxi.

Estes adesivos possuem o inconveniente de um custo elevado, mas que

poderiam estar suprindo a necessidade de uma fixação mais segura.

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Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501307 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

O SISTEMA DE FIXAÇÃO MECÂNICA

Os sistemas mecânicos de fixação de cerâmicas em fachadas, inclusive porcelanato

estão despontando nas pesquisas e mercado nacional. Por se encontrar neste

estágio, os custos são elevados e o sistema ainda desconhecido pela maioria dos

profissionais especificadores de cerâmica. Em países como a Itália este é um

sistema muito usual. Considerando as vantagens do sistema temos a possibilidade

de aplicação de peças de grandes dimensões, sem o risco de desplacamento. Além

disto o sistema possibilita a criação das chamadas “fachadas ventiladas” devido a

possibilidade de execução dos painéis a distâncias variadas da alvenaria, criando

uma camada de ar que colabora com o conforto térmico do edifício.

As possibilidades de fixação são basicamente duas:

• Sistema com ganchos: consiste basicamente no encaixe do porcelanato (de

tamanhos desejados) em peças que possuem quatro pequenos ganchos

apoiando e encaixando a peça em quatro pontos. Cada peça, de inox, fica na

interface de duas peças de porcelanato Estas peças são parafusadas em

estruturas portantes (Figura 3).

Figura 3 – Detalhe estrutura portante

• Sistema de Peças Aparafusadas: Os componentes de fixação são basicamente

os mesmos. A principal diferença está na colocação das peças. Estas são

produzidas com furos no tardoz onde são inseridos os parafusos. Os parafusos

serão acoplados em outro componente de transferência para os trilhos

Gancho

Suporte alumínio

Braçadeira sustentação suporte alumínio.

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Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501308 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

horizontais e verticais, assim como no sistema anterior. Os trilhos regulam as

distâncias entre as peças (Figura 4).

.

Figura 4 – Detalhe sistema com peças aparafusadas

CONCLUSÃO

Porcelanatos são interessantes e adequados para aplicação em fachadas

pelas características técnicas e estéticas que apresenta.

A aplicação do porcelanato ainda sofre com a transição dos métodos e

materiais. Pesquisas sobre a aplicação de porcelanato e os materiais constituintes

do sistema que estará inserido estão despontando e em crescimento, mas o

momento ainda é de dúvida e insegurança no ato de projetar, especificar e executar.

As fachadas apresentam maiores desafios na trajetória que objetiva a eliminação de

patologias, principalmente com o temido desplacamento, que neste ambiente pode

vir a causar acidentes extremos.

A solução desta problemática está na dependência de desenvolvimento de

argamassas colantes e adesivos específicos para porcelanato com custos

compatíveis ao mercado, além do respaldo de uma normalização.

Os sistemas mecânicos, muito interessantes, principalmente quando se trata

de peças de grandes dimensões, como vêm sendo produzidas, despontam

vagarosamente e poderão ser um grande aliado projetual. Paralelo a este

Parafuso

Trilho

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Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501309 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

desenvolvimento tecnológico e criação de normas existe o desafio do

desenvolvimento de uma mão-de-obra qualificada.

BIBLIOGRAFIA

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ABCCO REJUNTABRÁS – Sistema de Revestimento Cerâmico, setembro 1998.

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Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com

utilização de argamassa colante: procedimento NBR 13755. Rio de Janeiro, 1996

11p.

Argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica –

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HECK, Clarice – Grés Porcelanato –Cerâmica Industrial n o.4/5, ago/dez 1997,

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tecnológicos – Cerâmica Industrial , maio/junho 1998.

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Anais do 45º Congresso Brasileiro de Cerâmica 0501310 30 de maio a 2 de junho de 2001 - Florianópolis – SC.

OLIVEIRA, Antônio P. N. – Grês Porcelanato: aspectos mercadológicos e

PEREIRA, Paulo Marcio A.; TRISTÃO, Fernando Avancini – Estudo do tempo

em aberto de argamassas colantes em obras.

PORTOBELLO – Manual de assentamento de revestimentos cerâmicos:

fachadas, versão para obra.

PORTOBELLO – Catálogo Geral 1998

Porcelanato da linha Graniti reveste fachada do Curitiba Trade Center, AU

(arquitetura e urbanismo)n º76, fev/mar 1998, PINI, pág 11.

QUARTZOLIT – Catálogo Geral de Produtos, dez/1998

TRISTÃO, Fernando Avancini – Desprendimento de revestimentos cerâmicos de

fachadas.

FAÇADE WITH FINE PORCELAIN STONEWARE TILES: THE SET OF PROBLEMS

AND POSSIBILITIES OF INSTALLATION

ABSTRACT

The façades demand more and more the use of materials that win the constant and

brusque actions exerted by the nature. In this direction, the ceramics tiles have

contributed increasingly. The application techniques come mainly dribbling the

pathologies created for the brusque changes of temperature and humidity. The main

techniques of fixing are and glues and, blunting in the national research, the

mechanical fixings. In this context is the fine porcelain stoneware tile, a top ceramics

with technical profile compatible to the combat to the external actions in the façades.

However, the prominent feature of this part, impermeability, is the main problem of its

application in façades. On the one hand by the indefinition and lack of normalization

of Dry-Set Mortar and glues that guarantee the chemical adhesion of the fine

porcelain stoneware tile. On the another one, for the lack of a national option on

mechanical systems of installation.

KEY-WORDS: fine porcelain stoneware tile, façade, fixing/installation, covering.