por que o trabalho foi realizado? · por um sifão invertido que fará a transposição dos vales...
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RELATÓRIO Nº 201601949
QUAL FOI O
TRABALHO
REALIZADO?
Linha de Atuação:
Fiscalização Regular
Unidade Examinada:
Secretaria de Infraestrutura,
Recursos Hídricos, do Meio
Ambiente e da Ciência e
Tecnologia do Estado da
Paraíba
Objeto: Construção do
Projeto de Integração das
Bacias Hidrográficas da
Vertente Litorânea no
Estado da Paraíba
Ação: 12G7 - Construção do
Canal Adutor Vertente
Litorânea com 112,5 km no
Estado da Paraíba
Programa: 2051 - Oferta de
Água
Escopo: Exame dos autos da
Concorrência Pública nº
02/2010, bem como,
medição da obra e análise
acerca da efetividade da
ação para a população
paraibana
Referência Legal:
Constituição Federal, Lei
Federal nº 8.666/93.
POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? Trata-se de ação de controle de fiscalização da
construção da Integração das Bacias
Hidrográficas da Vertente Litorânea – no
montante total de R$ R$ 1.045.640.000,00 –,
concernente ao Projeto de Integração do Rio
São Francisco. O objetivo é avaliar a
eficiência e a efetividade da obra, para
acréscimo da oferta de água ao Semiárido
paraibano.
QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS?
Primeiramente, a CGU identificou que,
embora o primeiro contrato para construção do
canal adutor vertente litorânea tenha sido
celebrado em 2011, o sistema ainda não se
encontrava em funcionamento no início do
ano de 2018.
Além disso, no que tange à efetividade da ação
de governo, constatou-se que o projeto não
apresenta dados suficientes para comprovar
que o sistema terá viabilidade, ou seja, se
haverá água suficiente, oriunda da
transposição do Rio São Francisco, para o
abastecimento da população até o trecho final
no estado da Paraíba, no município de Curral
de Cima.
Outrossim, do montante examinado, a CGU
verificou uma superestimativa de R$
10.468.879,17 nas planilhas orçamentárias
pactuadas referentes às obras do lote 01 e 02,
relativo à inconsistência da espessura da laje
do canal, bem como, que as obras referentes
ao Lote 03 estão paralisadas e com percentual
zero de execução. Por fim, constatou-se a
ocorrência de falhas na execução do item de
serviço de proteção de talude em grama.
Ministério da Transparência e
Controladoria Geral da União -
CGU
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SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO
RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO
Ordem de Serviço: 201601949
Município/UF: João Pessoa/PB
Órgão: MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL
Instrumento de Transferência: Convênio - 667849
Unidade Examinada: SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HIDRICA - SIH
Montante de Recursos Financeiros: R$ 876.223.179,74
1. Introdução
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 17 a 19 de janeiro de 2018 sobre a
aplicação dos recursos do programa 2051 - Oferta de Água / 12G7 - Construção do Canal
Adutor Vertente Litorânea com 112,5 km no Estado da Paraíba no município de João
Pessoa/PB.
A ação fiscalizada destina-se ao Projeto Canal Adutor da Vertente Litorânea no Estado da
Paraíba e conta com uma extensão de 112,44km, sendo 88.370m em canal trapezoidal,
22.600m em sifões e 3.470m em túnel. O eixo adutor é constituído de três trechos. O
Trecho 1, com extensão de 48,74 km e vazão máxima de 10m³/s desde a captação, no
Açude Acauã, até o ponto situado na Bacia Hidrográfica do Rio Gurinhém, é constituído
por um sifão invertido que fará a transposição dos vales dessa Bacia. O Trecho 2, com
extensão de 46,06 km e vazão máxima de 6,5m³/s desde o ponto onde começa o Sifão
Gurinhém até o ponto situado na Bacia do Rio Mamanguape, é constituído por sifão
invertido que possibilitará a transposição dos Vales dessa Bacia. O Trecho 3, com extensão
de 17,64 km e vazão máxima de 2,5m³/s, que permanecerá após a derivação para o Açude
Araçaji, desde o ponto onde começa o Sifão Araçaji até um ponto situado na Bacia
hidrográfica do Rio Camaratuba, possuirá uma estrutura para liberar essa vazão
transportada num pequeno afluente da margem direita do rio Camaratuba de forma
controlada. O projeto visa aproveitar as águas do São Francisco, transpostas por meio do
Eixo Leste, para abastecer a uma população estimada em 1,5 milhões de habitantes de 39
munícipios da Planície Costeira Interior no Agreste Paraibano e os projetos hidroagrícolas
ali instaladas, permitindo beneficiar uma área de 15.700 hectares de terras irrigadas, desde
o Açude Acauã até o rio Camaratuba, além de objetivar a sustentabilidade hídrica das
Bacias dos Rios Paraíba, Gurinhém, Miriri, São Salvador, Mamanguape, Araçagi,
Camaratuba; a garantia de abastecimento de água para as cidades das bacias litorâneas; o
desenvolvimento da agricultura familiar (vilas rurais); o desenvolvimento da piscicultura; o
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desenvolvimento da agricultura empresarial e a geração de emprego e renda para melhoria
da qualidade de vida.
Durante os trabalhos, foi observado que o Tribunal de Contas da União exarou diversos
acórdãos que tratam sobre o objeto ora analisado, os quais estão descritos no presente
relatório, tendo esta situação delimitado o escopo do presente trabalho. Considerando o
conteúdo dos acórdãos, não foi realizada análise dos processos licitatórios, tampouco do
custo das obras.
Em face disso, foi realizado caminhamento ao longo da extensão do canal, observando
situações que possam contribuir para a consecução do objetivo pactuado, especialmente no
tocante ao atendimento dos parâmetros de vazão mínima dimensionados, bem como
realizando medições da extensão dos trechos de canal e de sifões (tubulação em aço).
Por fim, o Relatório Preliminar de Fiscalização foi encaminhado à Secretaria de Estado dos
Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da
Paraíba na data de 15/03/2018, por meio do Ofício nº 4933/2018/NAC1/PB/Regional/PB-
CGU, de 14/03/2018. Contudo, a Unidade Examinada não encaminhou manifestações
acerca das constatações consignadas pela CGU até o encerramento do prazo, qual seja,
22/03/2018.
2. Resultados dos Exames
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de
providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.
2.1 Parte 1
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
2.2.1. Identificação da obra.
-
Fato
Trata-se de acompanhamento das obras de construção do Projeto de Integração das Bacias
Hidrográficas da Vertente Litorânea, custeada com recursos da União e do Estado da
Paraíba, no valor total de R$ 1.045.640.000,00, sendo R$ 941.076.000,00 de recursos
federais e R$ 104.564.000,00 a título de contrapartida estadual. Foram liberados pelo
Ministério da Integração Nacional, até 28/12/2017, o valor de R$ 643.937.204,73 do
montante total pactuado por meio do Termo de Compromisso nº 156/2011.
Para tanto, foi realizada licitação na modalidade concorrência pública nº 02/2010, tendo
sido celebrados contratos referentes aos seguintes lotes:
Lote Valor Contrato Contratadas
01 R$
356.519.609,07
04/2011 Consórcio Acauã - CONSÓRCIO ACAUÃ -
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A –
CNPJ Nº 33.412.792/0001-60, VIA ENGENHARIA
S/A – CNPJ Nº 00.584.755/0001-80,
CONSTRUTORA MARQUISE S/A – CNPJ Nº
07.950.702/0001-85 e GALVÃO ENGENHARIA
S.A. – CNPJ Nº 01.304.937/0001-79
02 R$
319.131.615,12
05/2011 Consórcio Acauã - CONSÓRCIO ACAUÃ -
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A –
CNPJ Nº 33.412.792/0001-60, VIA ENGENHARIA
S/A – CNPJ Nº 00.584.755/0001-80,
CONSTRUTORA MARQUISE S/A – CNPJ Nº
07.950.702/0001-85 e GALVÃO ENGENHARIA
S.A. – CNPJ Nº 01.304.937/0001-79
03 R$
200.571.955,55
06/2011 Consórcio Construtor Vertente Paraibana, formado
pelas empresas CARIOCA CHRISTIANI-NIELSEN
ENGENHARIA S/A – CNPJ Nº 40.450.769/0001-
26, SERVENC CIVILSAN S/A – CNPJ Nº
48.540.421/0001-31 e S.A. PAULISTA
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO – CNPJ Nº
60.332.319/0001-46
TOTAL R$
876.223.179,74
Até a data da última inspeção física, realizada em 17 e 18 de janeiro de 2018, por equipe de
fiscalização da Controladoria-Regional da União no Estado da Paraíba, haviam sido
medidos e pagos pelo Governo do Estado da Paraíba os seguintes valores referentes a cada
um dos lotes:
Lote Valor Original do
Contrato
Valor atual contrato Valor Pago (excluindo
reajustamentos)
01 R$ 356.519.609,07 R$ 417.620.506,53 (10º aditivo) R$ 381.224.001,89 (até a 67ª
medição)
02 R$ 319.131.615,12 R$ 368.855.554,64 (6º aditivo) R$ 248.108.798,07 (até a 50ª
medição)
03 R$ 200.571.955,55 - -
TOTAL R$ 876.223.179,74 R$ 786.476.061,17 R$ 629.332.799,96
A empresa ECOPLAN ENGENHARIA LTDA – CNPJ Nº 92.930.643/0001-52 foi
contratada, por meio da Concorrência Pública nº 01/2012, pelo valor de R$ 13.285.739,73,
para prestar serviços de consultoria especializada para supervisão, acompanhamento e
controle tecnológico das obras e fornecimentos.
-
No que se refere ao gerenciamento da obra, foi contratada a empresa COBRAPE –
COMPANHIA BRASILEIRA DE PROJETOS E EMPREENDIMENTOS LTDA – CNPJ
Nº 58.645.219/0001-28, por meio da Concorrência nº 01/2012, para a execução de serviços
de consultoria especializada para gerenciamento das obras.
Até a data da inspeção física, os lotes apresentavam cronograma físico de execução de
91%, 35% e 0%, respectivamente relacionados à evolução dos lotes 1, 2 e 3, conforme
informação prestada pela empresa gerenciadora e documentos disponibilizados.
A Construção do Canal Acauã-Araçagi objetiva o aproveitamento de águas interiores e
águas a serem transpostas pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional – PISF, através do Eixo Leste, em implantação
pelo Governo Federal. As águas transpostas pelo Projeto São Francisco já chegam à
Paraíba desde o mês de março de 2017.
O Sistema Adutor das Vertentes Litorâneas da Paraíba – Canal Acauã/Araçagi - que tem
como finalidade promover o suprimento regular de água bruta aos municípios Itatuba,
Mogeiro, Salgado de São Felíx, Itabaiana, São José dos Ramos, Riachão do Poço, Sobrado,
Sapé, Mari, Cuité de Mamanguape, Araçagi, Itapororoca e Curral de Cima. A captação se
dá no Açude Acauã (Barragem Argemiro de Figueiredo) localizada no baixo Rio Paraíba, a
partir da tomada d’água (cota 108m).
A obra, conforme o Projeto Executivo, é constituída por quinze segmentos de canais com
seção trapezoidal revestido com manta e concreto com adição de fibras de polipropileno,
que totalizam a extensão de 105,76 km; cinco trechos em sifões invertidos, construídos em
tubulações de aço 1900/1850/1700mm, que cruzam vales de rios e córregos, com extensão
total de 22,74 km, galerias sob ferrovia e rodovia BR-230 e sete aquedutos com extensão
total de 1,69 km. O sistema está projetado para operar totalmente por gravidade e
transportar vazões que variam de 10 m³/s em seu trecho inicial a 2,5 m³/s no trecho final.
Em sua nova versão, foram suprimidos os túneis previstos no projeto inicial. Assim, o
empreendimento completo do Canal Acauã-Araçagi terá uma extensão total de 130,44 m.
Para efeito de construção, o projeto foi dividido em três lotes e subdividido em etapas
úteis, como demonstrado no quadro a seguir:
Lote Trecho Vazão Obra Designação Extensão (m)
Lote 1 Etapa Útil
1
10m3/s Tomada d’água Canal de
aproximação
140
Canal adutor Canal segmento 1 2.788
Adutora em
sifão
Sifão surrão 5.024
Etapa Útil
2
Canal adutor Canal segmento 2A 5.077
Adutora em
sifão
Sifão Ingá 540
Canal adutor Canal Segmento 2B 2.723
Galeria Travessia RFFSA 93
Canal adutor Canal Segmento 2 C 4.555
aquetudo Aqueduto Mogeiro 308
Etapa Útil
3
Canal adutor Canal segmento 3 23.681
TOTAL 44.929
Lote 2 Etapa Útil
4
10m3/s Adutora em
sifão
Sifão curimataú 1.738
-
Lote Trecho Vazão Obra Designação Extensão (m)
Canal adutor Canal segmento 4ª 3.111
Sifão Passagem sob a BR-
230
180
Canal adutor Canal – Segmento
4B
3.598
Adutora em
sifão
Sifão Gurinhém 6.520
Etapa Útil
5
6,50m3/s Canal adutor Canal segmento 5A 2.973
Galeria Travessia RFFSA 113
Canal adutor Canal Segmento 5B 1.334
Aqueduto Aqueduto São
Salvador
301
Canal adutor Canal Segmento 6A 14.102
Canal adutor Canal Segmento 6B 3.840
Canal adutor Canal Segmento 6C 3.996
Aqueduto Aqueduto Grupo
Uma
335
Canal adutor Canal Segmento 6D 6.773
Canal adutor Canal Segmento 6E 1.631
TOTAL 50.545
Lote 3 Etapa Útil
6
6,50m3/s Canal Adutor Canal Segmento 7A 4.307
Canal Adutor Canal Segmento 7B 10.560
Aqueduto Aqueduto 1 235
Aqueduto Aqueduto 2 185
Aqueduto Aqueduto 3 235
2,50m3/s Adutora em
Sifão
Sifão Araçagi 8.917
Aqueduto Aqueduto
Itapororoca
90
Canal Adutor Canal Segmento 8 10.440
TOTAL 34.969
EXTENSÃO
TOTAL
130.440
AQUEDUTOS 1.690
CANAIS 105.760
SIFÕES 22.920
GALERIAS 210
##/Fato##
2.2.2. Acórdãos emitidos pelo Tribunal de Contas da União.
Fato
O presente relatório refere-se à fiscalização das obras de construção do Canal Adutor
Vertente Litorânea (Canal Acauã - Araçagi), com extensão aproximada de 112,5 km, que,
de acordo com o Memorial Descritivo, tem por finalidade a integração das bacias
hidrográficas da vertente litorânea paraibana com as águas oriundas do Eixo Leste do
“Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional”, visando atender às demandas prioritárias de consumo humano e de uso
industrial dos municípios localizados na área de influência desse canal, bem como aos
projetos de irrigação a serem implantados ao longo de seu traçado, para um horizonte de
projeto de 30 anos.
-
O empreendimento está inserido na segunda etapa do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC 2) e sendo financiado com recursos descentralizados pelo Ministério da
Integração Nacional e com recursos próprios do Governo do Estado da Paraíba, sob a
responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e
Tecnologia do Estado da Paraíba (Serhmact/PB).
As obras do Canal Adutor Vertente Litorânea foram licitadas por meio da Concorrência
Pública nº 2/2010-Semarh, na qual foram declaradas vencedoras as empresas listadas na
tabela a seguir, onde constam os respectivos valores das propostas:
Tabela: Empresas contratadas
Lote Consórcio vencedor Valor (R$) Extensão
1 Consórcio Acauã – formado pelas empresas Construtora
Queiroz Galvão, Via Engenharia, Construtora Galvão
Engenharia e Construtora Marquise.
360.337.256,62 40,9 km
2 331.077.421,95 40,9 km
3
Consórcio Vertente Paraibana, formado pelas empresas
Carioca Christiani-Nielsen Engenharia, S/A Paulista de
Construções e Comércio e Serveng-Civilsan
203.026.003,89 30,6 km
Total 894.440.682,46
Fontes: Informações prestadas pelo Governo do Estado da Paraíba. Acórdão nº 1.768/2012 –
Plenário, do Tribunal de Contas da União (TCU).
O Tribunal de Contas da União exarou diversos acórdãos que tratam da obra do canal
vertente litorânea, conforme informação constante no quadro a seguir:
Tabela: Acórdãos TCU
Acórdãos Data
ACÓRDÃO 2449/2017 ATA 45/2017 - PLENÁRIO 08/11/2017
ACÓRDÃO 1697/2017 ATA 30/2017 - PLENÁRIO 09/08/2017
ACÓRDÃO 1328/2017 ATA 24/2017 - PLENÁRIO 28/06/2017
ACÓRDÃO 935/2016 ATA 13/2016 - PLENÁRIO 20/04/2016
ACÓRDÃO 3434/2014 ATA 48/2014 - PLENÁRIO 03/12/2014
ACÓRDÃO 3213/2014 ATA 46/2014 - PLENÁRIO 19/11/2014
ACÓRDÃO 2981/2014 ATA 44/2014 - PLENÁRIO 05/11/2014
ACÓRDÃO 2385/2014 ATA 35/2014 - PLENÁRIO 10/09/2014
ACÓRDÃO 1790/2014 ATA 25/2014 - PLENÁRIO 09/07/2014
ACÓRDÃO 2991/2013 ATA 43/2013 - PLENÁRIO 06/11/2013
ACÓRDÃO 2969/2013 ATA 43/2013 - PLENÁRIO 06/11/2013
ACÓRDÃO 1915/2013 ATA 27/2013 - PLENÁRIO 24/07/2013
ACÓRDÃO 1768/2012 ATA 26/2012 - PLENÁRIO 11/07/2012
ACÓRDÃO 2877/2011 ATA 47/2011 - PLENÁRIO 08/11/2011 Fontes: Site do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo consta nos citados Acórdãos, o Tribunal de Contas da União analisou documentos
e realizou julgamentos acerca da legalidade do procedimento da Concorrência Pública nº
2/2010-Semarh, resultando na expedição de determinações aos gestores, além da aplicação
de multas aos responsáveis, em razão de irregularidades encontradas na licitação.
Ademais, conforme se observa no Acórdão nº 2.991/2013 - Plenário, a equipe técnica do
Tribunal de Contas da União realizou trabalho de auditoria em 2011 acerca da
Concorrência 2/2010-Semarh, tendo como principais constatações: i) sobrepreço
-
decorrente de preços excessivos frente ao mercado; e ii) sobrepreço decorrente de
quantitativo inadequado.
Desse modo, considerando que existem análises e julgamentos do Tribunal de Contas da
União quanto à legalidade da Concorrência Pública nº 2/2010-Semarh, bem como quanto à
análise dos preços e quantitativos dos serviços licitados, que resultaram na determinação
aos gestores para correção das falhas apontadas, não fez parte do escopo desta Fiscalização
a análise do procedimento licitatório realizado para construção do Canal Adutor Vertente
Litorânea (Canal Acauã - Araçagi), como também não fez parte do escopo desta
fiscalização a análise de preços e quantitativos dos serviços licitados.
Além disso, a equipe de auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da
União considerou em seus trabalhos o conteúdo destes acórdãos, especialmente os
Acórdãos nº 1.697/2017 – Plenário e o 2.449/2017 - Plenário, em 08/11/2017, os quais
apontaram como principais constatações da auditoria projeto básico deficiente, sobrepreço
decorrente de preços reajustados superiores aos preços atuais de mercado, formalização de
termo aditivo sem a manutenção do desconto da proposta original, subcontratação irregular
e utilização de métodos construtivos incompatíveis com as especificações técnicas dos
serviços contratados, constatando benefícios quantificáveis de R$ 41.458.777,03,
referentes ao sobrepreço constatado nos Contratos nº 05/2011 (R$ 29.954.417,73) e
06/2011 (R$ 11.504.359,30).
##/Fato##
2.2.3. Obras referentes ao Lote 03 do Canal Vertente Litorânea paralisadas e com percentual zero de execução, embora contratadas há 6 anos e meio.
Fato
O Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos,
do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia – SERHMACT, contratou o Consórcio
Vertente Paraibana para a execução das obras do canal para a integração das vertentes
paraibanas, Lote 03, por meio da Concorrência nº 02/2010, com proposta no valor de R$
200.571.955,55, cujo contrato nº 06/2011 foi assinado em 16/09/2011, tendo sido objeto de
consecutivos termos aditivos de prazo sem que houvesse início dos trabalhos.
Em que pese o contrato nº 06/2011 tenha sido assinado há 6 anos e 6 meses, a obra sequer
foi iniciada, motivada pela fragilidade dos projetos básicos e executivos, conforme se pode
observar da leitura dos relatórios das empresas supervisora e gerenciadora das obras.
O Consórcio Vertente Paraibana era inicialmente formado pelas empresas CARIOCA
CHRISTIANI-NIELSEN ENGENHARIA S/A – CNPJ Nº 40.450.769/0001-26,
SERVENC CIVILSAN S/A – CNPJ Nº 48.540.421/0001-31 e S.A. PAULISTA
CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO – CNPJ Nº 60.332.319/0001-46. A empresa CARIOCA
CHRISTIANI-NIELSEN ENGENHARIA S/A retirou-se do consórcio.
##/Fato##
2.2.4. Falhas na execução do item de serviço proteção de talude em grama.
-
Fato
Da análise dos boletins de medição nº 67 (lote 1) e nº 50 (lote 2) das obras de construção
do canal da integração Acauã-Araçagi, constatou-se que estão previstos na planilha
orçamentária contratada R$ 10.093.200,32, referentes à execução do item de serviço
“proteção de talude com plantação e manutenção de grama nativa”, conforme demonstra a
tabela a seguir:
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
LOTE 01
Segmento 3
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 232.647,82 14,17 3.296.619,61
Segmento 2
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 76.523,16 14,17 1.084.333,18
LOTE 02
Segmento 6
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 389.346,99 14,17 5.517.046,85
Segmento 4A
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 4.168,18 14,17 59.063,11
Segmento 5
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 9.607,45 14,17 136.137,57
TOTAL 10.093.200,32
Deste valor, foram pagos R$ 2.004.868,66, correspondentes a 19,86% do valor orçado:
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
LOTE 01
Segmento 3
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 135.308,32 14,17 1.917.318,89
Segmento 2
2.03.02 Proteção de talude em corte
com plantação e manutenção
de grama nativa até sua pega
definitiva
m2 6.178,53 14,17 87.549,77
TOTAL 2.004.868,66
-
Na inspeção física, realizada ao longo de toda a extensão dos lotes 1 e 2, bem como
observação dos registros fotográficos constantes dos relatórios emitidos pelas empresas
supervisora e gerenciadora, constata-se que há situações de erosão no corpo dos taludes
oriundos de deficiência da proteção em grama, haja vista que não se evidenciou a pega
definitiva da grama plantada, embora plantada há algum tempo em diversos trechos.
Diante disso, faz-se necessário um acompanhamento, por parte da SERHMACT/PB, bem
como pelas empresas supervisora e gerenciadora, da situação visando a proteção da
estabilidade do canal, contribuindo para aumento de sua durabilidade, bem como se evitar
eventuais danos ocasionados pela necessidade de resserviço.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.5. Superestimativa das quantidades previstas nas planilhas orçamentárias para o item de serviço "Confecção e lançamento de concreto moldado in situ, com consumo
de cimento mínimo de 250 kg/m³, espessura de 7 cm , incluindo fôrmas e adição de
fibras de polipropileno, conforme especificações", ocasionando divergência de valores
previstos na planilha orçamentária.
Fato
Da análise dos boletins de medição nº 67 (lote 1) e nº 50 (lote 2) das obras de construção
do canal da integração Acauã-Araçagi, constatou-se a superestimativa da quantidade
prevista para a execução do item avaliado, no valor de R$ 10.468.879,17, em relação aos
lotes 1 e 2, os quais apresentam previsão na planilha orçamentária para execução do
referido item o valor de R$ 45.442.891,62, conforme demonstra a tabela a seguir:
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
LOTE 01
Segmento 1
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
m3 2.845,37 645,00 1.835.263,65
-
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
especificações
Segmento 2
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 10.966,21 645,00 7.073.203,26
Segmento 3
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 22.695,86 645,00 14.638.829,70
TOTAL
LOTE
01
23.547.296,61
LOTE 02
Segmento 6
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 23.438,31 645,00 15.117.709,26
Segmento 4A
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 2.715,99 645,00 1.751.813,55
Segmento 5
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
m3 4.616,90 645,00 2.977.900,50
-
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
polipropileno, conforme
especificações
Segmento 4B
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 3.175,46 645,00 2.048.171,70
TOTAL
LOTE
02
21.895.595,01
TOTAL 45.442.891,62
Deste valor, foram pagos R$ 26.822.621,67, correspondentes a 59,02% do valor orçado:
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
LOTE 01
Segmento 1
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 2.814,60 645,00 1.815.417,00
Segmento 2
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 10.114,89 645,00 6.524.104,05
Segmento 3
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
m3 22.695,86 645,00 14.638.829,70
-
Item Descrição Unidade Quantidade Preço
unitário
Valor Total
especificações
TOTAL
LOTE
01
22.978.350,75
LOTE 02
Segmento 6
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 0 645,00 0
Segmento 4A
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 1.439,97 645,00 928.780,65
Segmento 5
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 1.614,95 645,00 1.041.642,72
Segmento 4B
03.01 Confecção e lançamento
de concreto moldado in
situ, (fck≥15 Mpa) com
consumo de cimento
mínimo de
250 kg/m³, espessura de 7
cm , incluindo fôrmas e
adição de fibras de
polipropileno, conforme
especificações
m3 2.905,19 645,00 1.873.847,55
TOTAL
LOTE
02
3.844.270,92
TOTAL 45.442.891,62
Na inspeção física, cotejando-se os dados obtidos com as informações constantes na
planilha orçamentária e nos projetos disponibilizados, verificou-se que há uma
-
inconsistência na quantidade prevista para o referido item de serviço, pois as áreas de parte
das seções hidráulicas do canal, consideradas para fins de quantificação dos serviços, são
superiores as efetivamente executadas, conforme especificações e projetos.
Em face desta situação, observa-se um valor discrepante daquele que deveria ter sido pago,
ocasionando uma divergência no montante de R$ 10.648.879,17, em relação aos lotes 1 e
2, pois as áreas das seções dos perfis do canal são inferiores às consideradas para fins de
orçamento, obtendo-se uma superestimativa no volume de concreto de 16.509,89m3, ao
custo unitário de R$ 645,00, consoante discriminado na tabela a seguir:
Item
Quant
Preço
unitári
o
Valor
Total
Extensã
o
Área
Calculad
a CGU
Diferença
Dano Potencial
LOTE 01 - Segmento 1
03.0
1
2.845,37 645 1.835.263,65 2836 0,896517 0,1067869
5
R$ 195.982,21
LOTE 01 - Segmento 2
03.0
1
10.966,2
1
645 7.073.203,26 12800 0,896517 -0,0397818 (-) R$
281.385,15
LOTE 01 - Segmento 3
03.0
1
22.695,8
6
645 14.638.829,7
0
19950 0,946073 0,1915640
9
R$ 2.804.274,13
LOTE 02 - Segmento 6
03.0
1
23.438,3
1
645 15.117.709,2
6
17155 0,858485 0,5077819
8
R$ 7.676.500,65
LOTE 02 - Segmento 4ª
03.0
1
2.715,99 645 1.751.813,55 2660 0,910314 0,1107348
7
R$ 193.986,85
LOTE 02 - Segmento 5
03.0
1
4.616,90 645 2.977.900,50 5975 0,807 -0,0342971 (-) R$
102.133,27
LOTE 02 - Segmento 4B
03.0
1
3.175,46 645 2.048.171,70 3210 0,910314 0,0789258
8
R$ 161.653,74
DANO POTENCIAL TOTAL (R$) R$
10.648.879,17
Destarte, compete à SERHMACT fazer a revisão das planilhas para identificar a
superestimativa apontada, evitando-se eventuais pagamentos a maior.
Apesar de não terem sido iniciados os serviços de execução do lote 3, a planilha contratada
também apresenta idêntica situação da verificada nos lotes 1 e 2, ocasionando também um
valor potencial de dano no montante de R$ 4.799.027,70, o que totalizaria para a obra o
valor de R$ 15.447.906,87.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada
Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
-
Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
2.2.6. Ausência de informações acerca da viabilidade da transposição do Rio São Francisco no Estado da Paraíba
Fato
Analisando os dados obtidos nos documentos e informações disponibilizados pela
Serhmact/PB, verificou-se que o Canal Adutor Vertente Litorânea é composto por nove
segmentos de canais abertos, seis trechos em sifões invertidos, dois túneis e duas galerias e
está projetado para transportar água por gravidade com uma vazão inicial de 10 m³/s (no
Açude Acauã, em Itatuba/PB), chegando ao seu destino final, em Curral de Cima/PB, com
uma vazão de 2,5 m³/s. Cumpre esclarecer que até a data da fiscalização realizada pela
equipe do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, em 17 e 18 de
janeiro de 2018, o sistema referente ao canal adutor vertente litorânea ainda não se
encontrava em funcionamento.
Em relação ao Açude Acauã, de onde se inicia o Sistema Adutor Vertente Litorânea e que
possui uma capacidade de armazenamento de cerca de 253 milhões de m³, desde o ano de
2013, a cota do nível da água deste açude ficou abaixo da mínima necessária para o
funcionamento do sistema projetado, calculada em 113,00m, o que corresponde a 20% da
capacidade de armazenamento do Açude Acauã.
Sobre esse fato, a Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e
Tecnologia do Estado da Paraíba informou, por meio do Ofício GS nº 217/Serhmact/PB,
de 30 de março de 2016, que o volume armazenado no Açude Acauã, em 23 de março de
2016, era de apenas 4,8% da sua capacidade, correspondente à cota 108,03m. Há de se
ressaltar que, nos anos de 2013 a 2015, a média do volume armazenado foi ainda inferior à
registrada em março de 2016, haja vista que os dados históricos disponibilizados pela
Serhmact registram cotas do nível da água no Açude Acauã variando de 30,00 (cota
mínima em 2015) a 110,00m (cota máxima em 2013), conforme a seguir:
Tabela: Cotas do nível de água do Açude Acauã
Ano Cota Máxima Cota Mínima Sangria
2013 110 80 Não
2014 80 55 Não
2015 55 30 Não
Fonte: Ofício GS nº 217/Serhmact/PB
Ainda quanto ao Açude Acauã, segundo o Relatório de Reconhecimento elaborado pelo
Consórcio RCA / ARCO, disponibilizado pela Serhmact/PB, decorrente dos “Estudos de
Reversão das Águas da Vertente Litorânea para o Cariri no Estado da Paraíba” - Módulo
A – prevista no contrato no 204.090/2004, firmado em 15 de dezembro de 2004:
“O segundo sistema hidráulico representativo da bacia hidrográfica do rio
Paraíba é o Açude Acauã, que se acha mais a jusante e tem capacidade de
acumulação de 253.000.000 m³. Concluído em 2002, localiza-se entre os
municípios de Natuba e Itatuba, em região conhecida como Curimataú, também
-
uma das regiões de maior escassez de água do Estado. Foi construído com a
finalidade de abastecimento humano, irrigação e piscicultura.
Existe controvérsia quanto à eficácia deste açude. Em termos hidrológicos, está
localizado em região geográfica de insuficiência climatológica (pouca chuva) e
possui pequena bacia coletora em relação à capacidade acumulativa. Em termos
de qualidade de grande parte do volume da água que será aportada, haverá
necessidade de contínuo controle e tratamento das águas residuais provenientes
das cidades de Campina Grande, Queimadas, Fagundes, dentre outras, já que toda
a descarga (lançamentos) proveniente desses municípios deságua na sua bacia
coletora. Pra piorar o drama, não existe tratamento de esgotos em nenhum desses
municípios.” [Original sem grifos]
Considerando o histórico demonstrado na tabela anterior, referente aos níveis de água no
Açude Acauã e o baixo índice de chuvas na região onde este açude se localiza, conforme
Relatório de Reconhecimento elaborado pelo Consórcio RCA / ARCO, constata-se que a
precipitação pluviométrica, por si só, não oferece garantias de continuidade de
fornecimento de água para que o Sistema Adutor Vertente Litorânea possa atender
plenamente aos municípios beneficiados pelo empreendimento, tornando-se imprescindível
que o Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco esteja em funcionamento.
Ressalte-se que desde abril de 2017 o projeto de integração do Rio São Francisco vem
contribuindo para o aumento do volume acumulado do Açude Epitácio Pessoa, no
município de Boqueirão, o qual atingiu o percentual atual de 16% de seu volume total,
enquanto apresentava 3% em abril de 2017.
É necessário, ainda, que esteja definido o plano de uso das águas da transposição oriundas
do Rio São Francisco pelas diversas cidades no trajeto do leito natural de rio, que se inicia
no Açude de Monteiro/PB até o Açude Acauã. Dentre essas cidades, cabe destacar o
município de Campina Grande/PB, que possuía uma população estimada de 405.072
habitantes em 2015 (Fonte: IBGE), os quais vem sofrendo com as constantes interrupções
de abastecimento de água para consumo humano.
Destaque-se que, no Açude Epitácio Pessoa (Açude Boqueirão), os sistemas existentes
abastecem uma população de 1.079.508 habitantes, residentes em 11 municípios e, além
disso, há previsão de que outros 18 municípios com 183.040 habitantes também sejam
beneficiados pelo sistema.
O mapa a seguir mostra o caminho (em vermelho), em uma extensão de cerca de 251 km,
por onde as águas provenientes da transposição do Rio São Francisco serão transportadas
em leito natural de rios, desde o Açude em Monteiro/PB (à esquerda), passando pelo
Açude Boqueirão (ao centro), até o Açude Acauã, em Itatuba/PB (à direita):
-
Caminho das águas da transposição do Rio São Francisco - Ramal Leste, na bacia do Rio Paraíba (Ofício
GS Nº 303, de 10 de maio de 2016).
Cabe enfatizar que o Canal Acauã foi projetado para uma vazão de 10m³/s, sendo que a
vazão mínima prevista que chegará ao Açude de Monteiro, após a conclusão e entrada em
funcionamento do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco, é de somente
4,0 m³/s. Além disso, de acordo com a resposta da Serhmact/PB, encaminhada através do
Ofício GS Nº 303, desses 4,0m³/s, referentes ao volume total de água previsto para chegar
ao Município de Monteiro, 3,20m³/s serão lançados no afluente do Rio Paraíba, com
destino ao Açude Epitácio Pessoa (Açude Boqueirão) e, a partir daí, seguirão com destino
ao Açude Acauã, onde realmente se inicia o Canal Adutor Vertente Litorânea, ou seja, a
vazão inicial que será despejada no afluente do Rio Paraíba em Monteiro/PB, distante 251
km do Açude Acauã, é menos que a metade da vazão projetada para o Sistema Adutor
Vertentes Litorâneas.
Um outro fator que deve ser observado no planejamento do uso das águas são as perdas por
gestão e por condução da água, estimadas em 15% e 12%, respectivamente, nos estudos
realizados pelo Ministério da Integração Nacional.
Diante dos fatos acima relatados, que demonstram a necessidade de haver um
planejamento minucioso e estudos detalhados quanto ao uso da água e suas perdas no
trajeto desde o município de Monteiro/PB até o Açude Acauã, de modo a assegurar o pleno
funcionamento do projeto, por meio da Solicitação de Fiscalização nº
201600516/002/MIN/PB, de 21 de março de 2016, a Serhmact/PB foi instada a prestar
informações sobre qual seria a vazão remanescente, em m³/s, que poderá chegar ao Açude
Acauã, oriunda do Eixo Leste do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, bem como
qual deveria ser a vazão mínima a ser lançada no Açude de Monteiro/PB, que permitirá
chegar água no Açude Acauã, considerando as perdas por infiltração no solo, evaporação
etc.
Em resposta, a Serhmact/PB não prestou as informações requeridas e afirmou desconhecer
a existência de estudos que possam responder ao questionamento formulado, conforme se
observa no trecho seguinte:
-
“Não é do nosso conhecimento, no momento, afora os dados inseridos na NOTA
TÉCNICA 390/2005-ANA, a existência de estudos ou simulações que possam
responder a essa pergunta, uma vez ser os dados solicitados função das demandas
e do regime de chuvas nas bacias dessa região.”
Ao analisar os trechos da NOTA TÉCNICA 390/2005-ANA, disponibilizados pela
Serhmact/PB, verificou-se que, corroborando com a resposta apresentada, não há
informações suficientes na referida Nota Técnica que permita calcular a vazão mínima
necessária a ser lançada no afluente do Rio Paraíba, em Monteiro/PB, com destino ao
Açude Acauã, de modo a possibilitar o Canal Adutor Vertente Litorânea operar
plenamente, considerando que os volumes de chuvas obtidos, segundo os índices
pluviométricos desde 2013, não foram suficientes sequer para permitir a cota mínima
necessária para vazão inicial ao canal.
Cabe destacar que os estudos nos quais se baseou a Nota Técnica nº 390/2005 – ANA,
disponibilizada pela Serhmact/PB, podem estar defasados, pois alguns foram realizados há
mais de quinze anos, a exemplo dos citados a seguir (fl. 15/60):
• Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco – PERH-PE, de 1998;
• Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, de 2004;
• Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte, de 1998;
• Plano Diretor de Recursos Hídricos do Estado da Paraíba, de 1999;
• Plano Diretor dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas - Estado da Paraíba, de 1992;
• Plano Diretor dos Recursos Hídricos do Estado da Paraíba - Bacia Hidrográfica do Rio Piancó e Alto Piranhas, de 1999..
Diante do exposto, conclui-se que, embora existam projetos detalhados do Sistema Adutor
Vertente Litorânea, relacionados ao dimensionamento do Canal Acauã, no que se refere ao
cálculo das vazões da água ao longo dos 112,5 km de trecho canalizado, as informações
quanto à utilização das águas pelos municípios e as perdas de água no trecho de 251 km
entre o município de Monteiro/PB e o Açude Acauã são insuficientes para aferir se o
projeto é ou não viável, ou seja, se haverá água remanescente suficiente oriunda da
transposição do Rio São Francisco para o abastecimento do trecho final em Curral de
Cima/PB, compatíveis com a vazão dimensionada.
##/Fato##
Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada para esse item. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.
##/AnaliseControleInterno##
3. Conclusão
-
Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo da fiscalização, foram
identificadas situações que demandam providências de regularização, por parte dos
gestores federais, no que tange aos seguintes pontos:
- 2.2.3. Obras referentes ao Lote 03 do Canal Vertente Litorânea paralisadas e com
percentual zero de execução, embora contratadas há 6 anos e meio;
- 2.2.4. Falhas na execução do item de serviço proteção de talude em grama;
- 2.2.5. Superestimativa das quantidades previstas nas planilhas orçamentárias para o item
de serviço "Confecção e lançamento de concreto moldado in situ, com consumo de
cimento mínimo de 250 kg/m³, espessura de 7 cm , incluindo fôrmas e adição de fibras de
polipropileno, conforme especificações", ocasionando divergência de valores previstos na
planilha orçamentária;
- 2.2.6. Ausência de informações acerca da viabilidade da transposição do Rio São
Francisco no Estado da Paraíba.
__________________________________
Superintendente da Controladoria-Regional no Estado da Paraíba