por que o trabalho foi realizado? · por um sifão invertido que fará a transposição dos vales...

19
RELATÓRIO Nº 201601949 QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO? Linha de Atuação: Fiscalização Regular Unidade Examinada: Secretaria de Infraestrutura, Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba Objeto: Construção do Projeto de Integração das Bacias Hidrográficas da Vertente Litorânea no Estado da Paraíba Ação: 12G7 - Construção do Canal Adutor Vertente Litorânea com 112,5 km no Estado da Paraíba Programa: 2051 - Oferta de Água Escopo: Exame dos autos da Concorrência Pública 02/2010, bem como, medição da obra e análise acerca da efetividade da ação para a população paraibana Referência Legal: Constituição Federal, Lei Federal nº 8.666/93. POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? Trata-se de ação de controle de fiscalização da construção da Integração das Bacias Hidrográficas da Vertente Litorânea no montante total de R$ R$ 1.045.640.000,00 , concernente ao Projeto de Integração do Rio São Francisco. O objetivo é avaliar a eficiência e a efetividade da obra, para acréscimo da oferta de água ao Semiárido paraibano. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS? Primeiramente, a CGU identificou que, embora o primeiro contrato para construção do canal adutor vertente litorânea tenha sido celebrado em 2011, o sistema ainda não se encontrava em funcionamento no início do ano de 2018. Além disso, no que tange à efetividade da ação de governo, constatou-se que o projeto não apresenta dados suficientes para comprovar que o sistema terá viabilidade, ou seja, se haverá água suficiente, oriunda da transposição do Rio São Francisco, para o abastecimento da população até o trecho final no estado da Paraíba, no município de Curral de Cima. Outrossim, do montante examinado, a CGU verificou uma superestimativa de R$ 10.468.879,17 nas planilhas orçamentárias pactuadas referentes às obras do lote 01 e 02, relativo à inconsistência da espessura da laje do canal, bem como, que as obras referentes ao Lote 03 estão paralisadas e com percentual zero de execução. Por fim, constatou-se a ocorrência de falhas na execução do item de serviço de proteção de talude em grama. Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União - CGU

Upload: others

Post on 30-Jan-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • RELATÓRIO Nº 201601949

    QUAL FOI O

    TRABALHO

    REALIZADO?

    Linha de Atuação:

    Fiscalização Regular

    Unidade Examinada:

    Secretaria de Infraestrutura,

    Recursos Hídricos, do Meio

    Ambiente e da Ciência e

    Tecnologia do Estado da

    Paraíba

    Objeto: Construção do

    Projeto de Integração das

    Bacias Hidrográficas da

    Vertente Litorânea no

    Estado da Paraíba

    Ação: 12G7 - Construção do

    Canal Adutor Vertente

    Litorânea com 112,5 km no

    Estado da Paraíba

    Programa: 2051 - Oferta de

    Água

    Escopo: Exame dos autos da

    Concorrência Pública nº

    02/2010, bem como,

    medição da obra e análise

    acerca da efetividade da

    ação para a população

    paraibana

    Referência Legal:

    Constituição Federal, Lei

    Federal nº 8.666/93.

    POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? Trata-se de ação de controle de fiscalização da

    construção da Integração das Bacias

    Hidrográficas da Vertente Litorânea – no

    montante total de R$ R$ 1.045.640.000,00 –,

    concernente ao Projeto de Integração do Rio

    São Francisco. O objetivo é avaliar a

    eficiência e a efetividade da obra, para

    acréscimo da oferta de água ao Semiárido

    paraibano.

    QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS?

    Primeiramente, a CGU identificou que,

    embora o primeiro contrato para construção do

    canal adutor vertente litorânea tenha sido

    celebrado em 2011, o sistema ainda não se

    encontrava em funcionamento no início do

    ano de 2018.

    Além disso, no que tange à efetividade da ação

    de governo, constatou-se que o projeto não

    apresenta dados suficientes para comprovar

    que o sistema terá viabilidade, ou seja, se

    haverá água suficiente, oriunda da

    transposição do Rio São Francisco, para o

    abastecimento da população até o trecho final

    no estado da Paraíba, no município de Curral

    de Cima.

    Outrossim, do montante examinado, a CGU

    verificou uma superestimativa de R$

    10.468.879,17 nas planilhas orçamentárias

    pactuadas referentes às obras do lote 01 e 02,

    relativo à inconsistência da espessura da laje

    do canal, bem como, que as obras referentes

    ao Lote 03 estão paralisadas e com percentual

    zero de execução. Por fim, constatou-se a

    ocorrência de falhas na execução do item de

    serviço de proteção de talude em grama.

    Ministério da Transparência e

    Controladoria Geral da União -

    CGU

  • SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

    RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

    Ordem de Serviço: 201601949

    Município/UF: João Pessoa/PB

    Órgão: MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL

    Instrumento de Transferência: Convênio - 667849

    Unidade Examinada: SECRETARIA DE INFRA-ESTRUTURA HIDRICA - SIH

    Montante de Recursos Financeiros: R$ 876.223.179,74

    1. Introdução

    Os trabalhos de campo foram realizados no período de 17 a 19 de janeiro de 2018 sobre a

    aplicação dos recursos do programa 2051 - Oferta de Água / 12G7 - Construção do Canal

    Adutor Vertente Litorânea com 112,5 km no Estado da Paraíba no município de João

    Pessoa/PB.

    A ação fiscalizada destina-se ao Projeto Canal Adutor da Vertente Litorânea no Estado da

    Paraíba e conta com uma extensão de 112,44km, sendo 88.370m em canal trapezoidal,

    22.600m em sifões e 3.470m em túnel. O eixo adutor é constituído de três trechos. O

    Trecho 1, com extensão de 48,74 km e vazão máxima de 10m³/s desde a captação, no

    Açude Acauã, até o ponto situado na Bacia Hidrográfica do Rio Gurinhém, é constituído

    por um sifão invertido que fará a transposição dos vales dessa Bacia. O Trecho 2, com

    extensão de 46,06 km e vazão máxima de 6,5m³/s desde o ponto onde começa o Sifão

    Gurinhém até o ponto situado na Bacia do Rio Mamanguape, é constituído por sifão

    invertido que possibilitará a transposição dos Vales dessa Bacia. O Trecho 3, com extensão

    de 17,64 km e vazão máxima de 2,5m³/s, que permanecerá após a derivação para o Açude

    Araçaji, desde o ponto onde começa o Sifão Araçaji até um ponto situado na Bacia

    hidrográfica do Rio Camaratuba, possuirá uma estrutura para liberar essa vazão

    transportada num pequeno afluente da margem direita do rio Camaratuba de forma

    controlada. O projeto visa aproveitar as águas do São Francisco, transpostas por meio do

    Eixo Leste, para abastecer a uma população estimada em 1,5 milhões de habitantes de 39

    munícipios da Planície Costeira Interior no Agreste Paraibano e os projetos hidroagrícolas

    ali instaladas, permitindo beneficiar uma área de 15.700 hectares de terras irrigadas, desde

    o Açude Acauã até o rio Camaratuba, além de objetivar a sustentabilidade hídrica das

    Bacias dos Rios Paraíba, Gurinhém, Miriri, São Salvador, Mamanguape, Araçagi,

    Camaratuba; a garantia de abastecimento de água para as cidades das bacias litorâneas; o

    desenvolvimento da agricultura familiar (vilas rurais); o desenvolvimento da piscicultura; o

  • desenvolvimento da agricultura empresarial e a geração de emprego e renda para melhoria

    da qualidade de vida.

    Durante os trabalhos, foi observado que o Tribunal de Contas da União exarou diversos

    acórdãos que tratam sobre o objeto ora analisado, os quais estão descritos no presente

    relatório, tendo esta situação delimitado o escopo do presente trabalho. Considerando o

    conteúdo dos acórdãos, não foi realizada análise dos processos licitatórios, tampouco do

    custo das obras.

    Em face disso, foi realizado caminhamento ao longo da extensão do canal, observando

    situações que possam contribuir para a consecução do objetivo pactuado, especialmente no

    tocante ao atendimento dos parâmetros de vazão mínima dimensionados, bem como

    realizando medições da extensão dos trechos de canal e de sifões (tubulação em aço).

    Por fim, o Relatório Preliminar de Fiscalização foi encaminhado à Secretaria de Estado dos

    Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia do Governo do Estado da

    Paraíba na data de 15/03/2018, por meio do Ofício nº 4933/2018/NAC1/PB/Regional/PB-

    CGU, de 14/03/2018. Contudo, a Unidade Examinada não encaminhou manifestações

    acerca das constatações consignadas pela CGU até o encerramento do prazo, qual seja,

    22/03/2018.

    2. Resultados dos Exames

    Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de

    providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de

    monitoramento a ser realizada por este Ministério.

    2.1 Parte 1

    Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de

    medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.

    2.2 Parte 2

    Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para

    adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.

    Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de

    recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito

    de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das

    pastas ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências

    saneadoras relacionadas a estas constatações.

    2.2.1. Identificação da obra.

  • Fato

    Trata-se de acompanhamento das obras de construção do Projeto de Integração das Bacias

    Hidrográficas da Vertente Litorânea, custeada com recursos da União e do Estado da

    Paraíba, no valor total de R$ 1.045.640.000,00, sendo R$ 941.076.000,00 de recursos

    federais e R$ 104.564.000,00 a título de contrapartida estadual. Foram liberados pelo

    Ministério da Integração Nacional, até 28/12/2017, o valor de R$ 643.937.204,73 do

    montante total pactuado por meio do Termo de Compromisso nº 156/2011.

    Para tanto, foi realizada licitação na modalidade concorrência pública nº 02/2010, tendo

    sido celebrados contratos referentes aos seguintes lotes:

    Lote Valor Contrato Contratadas

    01 R$

    356.519.609,07

    04/2011 Consórcio Acauã - CONSÓRCIO ACAUÃ -

    CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A –

    CNPJ Nº 33.412.792/0001-60, VIA ENGENHARIA

    S/A – CNPJ Nº 00.584.755/0001-80,

    CONSTRUTORA MARQUISE S/A – CNPJ Nº

    07.950.702/0001-85 e GALVÃO ENGENHARIA

    S.A. – CNPJ Nº 01.304.937/0001-79

    02 R$

    319.131.615,12

    05/2011 Consórcio Acauã - CONSÓRCIO ACAUÃ -

    CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A –

    CNPJ Nº 33.412.792/0001-60, VIA ENGENHARIA

    S/A – CNPJ Nº 00.584.755/0001-80,

    CONSTRUTORA MARQUISE S/A – CNPJ Nº

    07.950.702/0001-85 e GALVÃO ENGENHARIA

    S.A. – CNPJ Nº 01.304.937/0001-79

    03 R$

    200.571.955,55

    06/2011 Consórcio Construtor Vertente Paraibana, formado

    pelas empresas CARIOCA CHRISTIANI-NIELSEN

    ENGENHARIA S/A – CNPJ Nº 40.450.769/0001-

    26, SERVENC CIVILSAN S/A – CNPJ Nº

    48.540.421/0001-31 e S.A. PAULISTA

    CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO – CNPJ Nº

    60.332.319/0001-46

    TOTAL R$

    876.223.179,74

    Até a data da última inspeção física, realizada em 17 e 18 de janeiro de 2018, por equipe de

    fiscalização da Controladoria-Regional da União no Estado da Paraíba, haviam sido

    medidos e pagos pelo Governo do Estado da Paraíba os seguintes valores referentes a cada

    um dos lotes:

    Lote Valor Original do

    Contrato

    Valor atual contrato Valor Pago (excluindo

    reajustamentos)

    01 R$ 356.519.609,07 R$ 417.620.506,53 (10º aditivo) R$ 381.224.001,89 (até a 67ª

    medição)

    02 R$ 319.131.615,12 R$ 368.855.554,64 (6º aditivo) R$ 248.108.798,07 (até a 50ª

    medição)

    03 R$ 200.571.955,55 - -

    TOTAL R$ 876.223.179,74 R$ 786.476.061,17 R$ 629.332.799,96

    A empresa ECOPLAN ENGENHARIA LTDA – CNPJ Nº 92.930.643/0001-52 foi

    contratada, por meio da Concorrência Pública nº 01/2012, pelo valor de R$ 13.285.739,73,

    para prestar serviços de consultoria especializada para supervisão, acompanhamento e

    controle tecnológico das obras e fornecimentos.

  • No que se refere ao gerenciamento da obra, foi contratada a empresa COBRAPE –

    COMPANHIA BRASILEIRA DE PROJETOS E EMPREENDIMENTOS LTDA – CNPJ

    Nº 58.645.219/0001-28, por meio da Concorrência nº 01/2012, para a execução de serviços

    de consultoria especializada para gerenciamento das obras.

    Até a data da inspeção física, os lotes apresentavam cronograma físico de execução de

    91%, 35% e 0%, respectivamente relacionados à evolução dos lotes 1, 2 e 3, conforme

    informação prestada pela empresa gerenciadora e documentos disponibilizados.

    A Construção do Canal Acauã-Araçagi objetiva o aproveitamento de águas interiores e

    águas a serem transpostas pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias

    Hidrográficas do Nordeste Setentrional – PISF, através do Eixo Leste, em implantação

    pelo Governo Federal. As águas transpostas pelo Projeto São Francisco já chegam à

    Paraíba desde o mês de março de 2017.

    O Sistema Adutor das Vertentes Litorâneas da Paraíba – Canal Acauã/Araçagi - que tem

    como finalidade promover o suprimento regular de água bruta aos municípios Itatuba,

    Mogeiro, Salgado de São Felíx, Itabaiana, São José dos Ramos, Riachão do Poço, Sobrado,

    Sapé, Mari, Cuité de Mamanguape, Araçagi, Itapororoca e Curral de Cima. A captação se

    dá no Açude Acauã (Barragem Argemiro de Figueiredo) localizada no baixo Rio Paraíba, a

    partir da tomada d’água (cota 108m).

    A obra, conforme o Projeto Executivo, é constituída por quinze segmentos de canais com

    seção trapezoidal revestido com manta e concreto com adição de fibras de polipropileno,

    que totalizam a extensão de 105,76 km; cinco trechos em sifões invertidos, construídos em

    tubulações de aço 1900/1850/1700mm, que cruzam vales de rios e córregos, com extensão

    total de 22,74 km, galerias sob ferrovia e rodovia BR-230 e sete aquedutos com extensão

    total de 1,69 km. O sistema está projetado para operar totalmente por gravidade e

    transportar vazões que variam de 10 m³/s em seu trecho inicial a 2,5 m³/s no trecho final.

    Em sua nova versão, foram suprimidos os túneis previstos no projeto inicial. Assim, o

    empreendimento completo do Canal Acauã-Araçagi terá uma extensão total de 130,44 m.

    Para efeito de construção, o projeto foi dividido em três lotes e subdividido em etapas

    úteis, como demonstrado no quadro a seguir:

    Lote Trecho Vazão Obra Designação Extensão (m)

    Lote 1 Etapa Útil

    1

    10m3/s Tomada d’água Canal de

    aproximação

    140

    Canal adutor Canal segmento 1 2.788

    Adutora em

    sifão

    Sifão surrão 5.024

    Etapa Útil

    2

    Canal adutor Canal segmento 2A 5.077

    Adutora em

    sifão

    Sifão Ingá 540

    Canal adutor Canal Segmento 2B 2.723

    Galeria Travessia RFFSA 93

    Canal adutor Canal Segmento 2 C 4.555

    aquetudo Aqueduto Mogeiro 308

    Etapa Útil

    3

    Canal adutor Canal segmento 3 23.681

    TOTAL 44.929

    Lote 2 Etapa Útil

    4

    10m3/s Adutora em

    sifão

    Sifão curimataú 1.738

  • Lote Trecho Vazão Obra Designação Extensão (m)

    Canal adutor Canal segmento 4ª 3.111

    Sifão Passagem sob a BR-

    230

    180

    Canal adutor Canal – Segmento

    4B

    3.598

    Adutora em

    sifão

    Sifão Gurinhém 6.520

    Etapa Útil

    5

    6,50m3/s Canal adutor Canal segmento 5A 2.973

    Galeria Travessia RFFSA 113

    Canal adutor Canal Segmento 5B 1.334

    Aqueduto Aqueduto São

    Salvador

    301

    Canal adutor Canal Segmento 6A 14.102

    Canal adutor Canal Segmento 6B 3.840

    Canal adutor Canal Segmento 6C 3.996

    Aqueduto Aqueduto Grupo

    Uma

    335

    Canal adutor Canal Segmento 6D 6.773

    Canal adutor Canal Segmento 6E 1.631

    TOTAL 50.545

    Lote 3 Etapa Útil

    6

    6,50m3/s Canal Adutor Canal Segmento 7A 4.307

    Canal Adutor Canal Segmento 7B 10.560

    Aqueduto Aqueduto 1 235

    Aqueduto Aqueduto 2 185

    Aqueduto Aqueduto 3 235

    2,50m3/s Adutora em

    Sifão

    Sifão Araçagi 8.917

    Aqueduto Aqueduto

    Itapororoca

    90

    Canal Adutor Canal Segmento 8 10.440

    TOTAL 34.969

    EXTENSÃO

    TOTAL

    130.440

    AQUEDUTOS 1.690

    CANAIS 105.760

    SIFÕES 22.920

    GALERIAS 210

    ##/Fato##

    2.2.2. Acórdãos emitidos pelo Tribunal de Contas da União.

    Fato

    O presente relatório refere-se à fiscalização das obras de construção do Canal Adutor

    Vertente Litorânea (Canal Acauã - Araçagi), com extensão aproximada de 112,5 km, que,

    de acordo com o Memorial Descritivo, tem por finalidade a integração das bacias

    hidrográficas da vertente litorânea paraibana com as águas oriundas do Eixo Leste do

    “Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste

    Setentrional”, visando atender às demandas prioritárias de consumo humano e de uso

    industrial dos municípios localizados na área de influência desse canal, bem como aos

    projetos de irrigação a serem implantados ao longo de seu traçado, para um horizonte de

    projeto de 30 anos.

  • O empreendimento está inserido na segunda etapa do Programa de Aceleração do

    Crescimento (PAC 2) e sendo financiado com recursos descentralizados pelo Ministério da

    Integração Nacional e com recursos próprios do Governo do Estado da Paraíba, sob a

    responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e

    Tecnologia do Estado da Paraíba (Serhmact/PB).

    As obras do Canal Adutor Vertente Litorânea foram licitadas por meio da Concorrência

    Pública nº 2/2010-Semarh, na qual foram declaradas vencedoras as empresas listadas na

    tabela a seguir, onde constam os respectivos valores das propostas:

    Tabela: Empresas contratadas

    Lote Consórcio vencedor Valor (R$) Extensão

    1 Consórcio Acauã – formado pelas empresas Construtora

    Queiroz Galvão, Via Engenharia, Construtora Galvão

    Engenharia e Construtora Marquise.

    360.337.256,62 40,9 km

    2 331.077.421,95 40,9 km

    3

    Consórcio Vertente Paraibana, formado pelas empresas

    Carioca Christiani-Nielsen Engenharia, S/A Paulista de

    Construções e Comércio e Serveng-Civilsan

    203.026.003,89 30,6 km

    Total 894.440.682,46

    Fontes: Informações prestadas pelo Governo do Estado da Paraíba. Acórdão nº 1.768/2012 –

    Plenário, do Tribunal de Contas da União (TCU).

    O Tribunal de Contas da União exarou diversos acórdãos que tratam da obra do canal

    vertente litorânea, conforme informação constante no quadro a seguir:

    Tabela: Acórdãos TCU

    Acórdãos Data

    ACÓRDÃO 2449/2017 ATA 45/2017 - PLENÁRIO 08/11/2017

    ACÓRDÃO 1697/2017 ATA 30/2017 - PLENÁRIO 09/08/2017

    ACÓRDÃO 1328/2017 ATA 24/2017 - PLENÁRIO 28/06/2017

    ACÓRDÃO 935/2016 ATA 13/2016 - PLENÁRIO 20/04/2016

    ACÓRDÃO 3434/2014 ATA 48/2014 - PLENÁRIO 03/12/2014

    ACÓRDÃO 3213/2014 ATA 46/2014 - PLENÁRIO 19/11/2014

    ACÓRDÃO 2981/2014 ATA 44/2014 - PLENÁRIO 05/11/2014

    ACÓRDÃO 2385/2014 ATA 35/2014 - PLENÁRIO 10/09/2014

    ACÓRDÃO 1790/2014 ATA 25/2014 - PLENÁRIO 09/07/2014

    ACÓRDÃO 2991/2013 ATA 43/2013 - PLENÁRIO 06/11/2013

    ACÓRDÃO 2969/2013 ATA 43/2013 - PLENÁRIO 06/11/2013

    ACÓRDÃO 1915/2013 ATA 27/2013 - PLENÁRIO 24/07/2013

    ACÓRDÃO 1768/2012 ATA 26/2012 - PLENÁRIO 11/07/2012

    ACÓRDÃO 2877/2011 ATA 47/2011 - PLENÁRIO 08/11/2011 Fontes: Site do Tribunal de Contas da União (TCU).

    Segundo consta nos citados Acórdãos, o Tribunal de Contas da União analisou documentos

    e realizou julgamentos acerca da legalidade do procedimento da Concorrência Pública nº

    2/2010-Semarh, resultando na expedição de determinações aos gestores, além da aplicação

    de multas aos responsáveis, em razão de irregularidades encontradas na licitação.

    Ademais, conforme se observa no Acórdão nº 2.991/2013 - Plenário, a equipe técnica do

    Tribunal de Contas da União realizou trabalho de auditoria em 2011 acerca da

    Concorrência 2/2010-Semarh, tendo como principais constatações: i) sobrepreço

  • decorrente de preços excessivos frente ao mercado; e ii) sobrepreço decorrente de

    quantitativo inadequado.

    Desse modo, considerando que existem análises e julgamentos do Tribunal de Contas da

    União quanto à legalidade da Concorrência Pública nº 2/2010-Semarh, bem como quanto à

    análise dos preços e quantitativos dos serviços licitados, que resultaram na determinação

    aos gestores para correção das falhas apontadas, não fez parte do escopo desta Fiscalização

    a análise do procedimento licitatório realizado para construção do Canal Adutor Vertente

    Litorânea (Canal Acauã - Araçagi), como também não fez parte do escopo desta

    fiscalização a análise de preços e quantitativos dos serviços licitados.

    Além disso, a equipe de auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da

    União considerou em seus trabalhos o conteúdo destes acórdãos, especialmente os

    Acórdãos nº 1.697/2017 – Plenário e o 2.449/2017 - Plenário, em 08/11/2017, os quais

    apontaram como principais constatações da auditoria projeto básico deficiente, sobrepreço

    decorrente de preços reajustados superiores aos preços atuais de mercado, formalização de

    termo aditivo sem a manutenção do desconto da proposta original, subcontratação irregular

    e utilização de métodos construtivos incompatíveis com as especificações técnicas dos

    serviços contratados, constatando benefícios quantificáveis de R$ 41.458.777,03,

    referentes ao sobrepreço constatado nos Contratos nº 05/2011 (R$ 29.954.417,73) e

    06/2011 (R$ 11.504.359,30).

    ##/Fato##

    2.2.3. Obras referentes ao Lote 03 do Canal Vertente Litorânea paralisadas e com percentual zero de execução, embora contratadas há 6 anos e meio.

    Fato

    O Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos,

    do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia – SERHMACT, contratou o Consórcio

    Vertente Paraibana para a execução das obras do canal para a integração das vertentes

    paraibanas, Lote 03, por meio da Concorrência nº 02/2010, com proposta no valor de R$

    200.571.955,55, cujo contrato nº 06/2011 foi assinado em 16/09/2011, tendo sido objeto de

    consecutivos termos aditivos de prazo sem que houvesse início dos trabalhos.

    Em que pese o contrato nº 06/2011 tenha sido assinado há 6 anos e 6 meses, a obra sequer

    foi iniciada, motivada pela fragilidade dos projetos básicos e executivos, conforme se pode

    observar da leitura dos relatórios das empresas supervisora e gerenciadora das obras.

    O Consórcio Vertente Paraibana era inicialmente formado pelas empresas CARIOCA

    CHRISTIANI-NIELSEN ENGENHARIA S/A – CNPJ Nº 40.450.769/0001-26,

    SERVENC CIVILSAN S/A – CNPJ Nº 48.540.421/0001-31 e S.A. PAULISTA

    CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO – CNPJ Nº 60.332.319/0001-46. A empresa CARIOCA

    CHRISTIANI-NIELSEN ENGENHARIA S/A retirou-se do consórcio.

    ##/Fato##

    2.2.4. Falhas na execução do item de serviço proteção de talude em grama.

  • Fato

    Da análise dos boletins de medição nº 67 (lote 1) e nº 50 (lote 2) das obras de construção

    do canal da integração Acauã-Araçagi, constatou-se que estão previstos na planilha

    orçamentária contratada R$ 10.093.200,32, referentes à execução do item de serviço

    “proteção de talude com plantação e manutenção de grama nativa”, conforme demonstra a

    tabela a seguir:

    Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    LOTE 01

    Segmento 3

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 232.647,82 14,17 3.296.619,61

    Segmento 2

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 76.523,16 14,17 1.084.333,18

    LOTE 02

    Segmento 6

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 389.346,99 14,17 5.517.046,85

    Segmento 4A

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 4.168,18 14,17 59.063,11

    Segmento 5

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 9.607,45 14,17 136.137,57

    TOTAL 10.093.200,32

    Deste valor, foram pagos R$ 2.004.868,66, correspondentes a 19,86% do valor orçado:

    Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    LOTE 01

    Segmento 3

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 135.308,32 14,17 1.917.318,89

    Segmento 2

    2.03.02 Proteção de talude em corte

    com plantação e manutenção

    de grama nativa até sua pega

    definitiva

    m2 6.178,53 14,17 87.549,77

    TOTAL 2.004.868,66

  • Na inspeção física, realizada ao longo de toda a extensão dos lotes 1 e 2, bem como

    observação dos registros fotográficos constantes dos relatórios emitidos pelas empresas

    supervisora e gerenciadora, constata-se que há situações de erosão no corpo dos taludes

    oriundos de deficiência da proteção em grama, haja vista que não se evidenciou a pega

    definitiva da grama plantada, embora plantada há algum tempo em diversos trechos.

    Diante disso, faz-se necessário um acompanhamento, por parte da SERHMACT/PB, bem

    como pelas empresas supervisora e gerenciadora, da situação visando a proteção da

    estabilidade do canal, contribuindo para aumento de sua durabilidade, bem como se evitar

    eventuais danos ocasionados pela necessidade de resserviço.

    ##/Fato##

    Manifestação da Unidade Examinada

    Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.

    ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

    Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

    análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

    ##/AnaliseControleInterno##

    2.2.5. Superestimativa das quantidades previstas nas planilhas orçamentárias para o item de serviço "Confecção e lançamento de concreto moldado in situ, com consumo

    de cimento mínimo de 250 kg/m³, espessura de 7 cm , incluindo fôrmas e adição de

    fibras de polipropileno, conforme especificações", ocasionando divergência de valores

    previstos na planilha orçamentária.

    Fato

    Da análise dos boletins de medição nº 67 (lote 1) e nº 50 (lote 2) das obras de construção

    do canal da integração Acauã-Araçagi, constatou-se a superestimativa da quantidade

    prevista para a execução do item avaliado, no valor de R$ 10.468.879,17, em relação aos

    lotes 1 e 2, os quais apresentam previsão na planilha orçamentária para execução do

    referido item o valor de R$ 45.442.891,62, conforme demonstra a tabela a seguir:

    Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    LOTE 01

    Segmento 1

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    m3 2.845,37 645,00 1.835.263,65

  • Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    especificações

    Segmento 2

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 10.966,21 645,00 7.073.203,26

    Segmento 3

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 22.695,86 645,00 14.638.829,70

    TOTAL

    LOTE

    01

    23.547.296,61

    LOTE 02

    Segmento 6

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 23.438,31 645,00 15.117.709,26

    Segmento 4A

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 2.715,99 645,00 1.751.813,55

    Segmento 5

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    m3 4.616,90 645,00 2.977.900,50

  • Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    polipropileno, conforme

    especificações

    Segmento 4B

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 3.175,46 645,00 2.048.171,70

    TOTAL

    LOTE

    02

    21.895.595,01

    TOTAL 45.442.891,62

    Deste valor, foram pagos R$ 26.822.621,67, correspondentes a 59,02% do valor orçado:

    Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    LOTE 01

    Segmento 1

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 2.814,60 645,00 1.815.417,00

    Segmento 2

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 10.114,89 645,00 6.524.104,05

    Segmento 3

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    m3 22.695,86 645,00 14.638.829,70

  • Item Descrição Unidade Quantidade Preço

    unitário

    Valor Total

    especificações

    TOTAL

    LOTE

    01

    22.978.350,75

    LOTE 02

    Segmento 6

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 0 645,00 0

    Segmento 4A

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 1.439,97 645,00 928.780,65

    Segmento 5

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 1.614,95 645,00 1.041.642,72

    Segmento 4B

    03.01 Confecção e lançamento

    de concreto moldado in

    situ, (fck≥15 Mpa) com

    consumo de cimento

    mínimo de

    250 kg/m³, espessura de 7

    cm , incluindo fôrmas e

    adição de fibras de

    polipropileno, conforme

    especificações

    m3 2.905,19 645,00 1.873.847,55

    TOTAL

    LOTE

    02

    3.844.270,92

    TOTAL 45.442.891,62

    Na inspeção física, cotejando-se os dados obtidos com as informações constantes na

    planilha orçamentária e nos projetos disponibilizados, verificou-se que há uma

  • inconsistência na quantidade prevista para o referido item de serviço, pois as áreas de parte

    das seções hidráulicas do canal, consideradas para fins de quantificação dos serviços, são

    superiores as efetivamente executadas, conforme especificações e projetos.

    Em face desta situação, observa-se um valor discrepante daquele que deveria ter sido pago,

    ocasionando uma divergência no montante de R$ 10.648.879,17, em relação aos lotes 1 e

    2, pois as áreas das seções dos perfis do canal são inferiores às consideradas para fins de

    orçamento, obtendo-se uma superestimativa no volume de concreto de 16.509,89m3, ao

    custo unitário de R$ 645,00, consoante discriminado na tabela a seguir:

    Item

    Quant

    Preço

    unitári

    o

    Valor

    Total

    Extensã

    o

    Área

    Calculad

    a CGU

    Diferença

    Dano Potencial

    LOTE 01 - Segmento 1

    03.0

    1

    2.845,37 645 1.835.263,65 2836 0,896517 0,1067869

    5

    R$ 195.982,21

    LOTE 01 - Segmento 2

    03.0

    1

    10.966,2

    1

    645 7.073.203,26 12800 0,896517 -0,0397818 (-) R$

    281.385,15

    LOTE 01 - Segmento 3

    03.0

    1

    22.695,8

    6

    645 14.638.829,7

    0

    19950 0,946073 0,1915640

    9

    R$ 2.804.274,13

    LOTE 02 - Segmento 6

    03.0

    1

    23.438,3

    1

    645 15.117.709,2

    6

    17155 0,858485 0,5077819

    8

    R$ 7.676.500,65

    LOTE 02 - Segmento 4ª

    03.0

    1

    2.715,99 645 1.751.813,55 2660 0,910314 0,1107348

    7

    R$ 193.986,85

    LOTE 02 - Segmento 5

    03.0

    1

    4.616,90 645 2.977.900,50 5975 0,807 -0,0342971 (-) R$

    102.133,27

    LOTE 02 - Segmento 4B

    03.0

    1

    3.175,46 645 2.048.171,70 3210 0,910314 0,0789258

    8

    R$ 161.653,74

    DANO POTENCIAL TOTAL (R$) R$

    10.648.879,17

    Destarte, compete à SERHMACT fazer a revisão das planilhas para identificar a

    superestimativa apontada, evitando-se eventuais pagamentos a maior.

    Apesar de não terem sido iniciados os serviços de execução do lote 3, a planilha contratada

    também apresenta idêntica situação da verificada nos lotes 1 e 2, ocasionando também um

    valor potencial de dano no montante de R$ 4.799.027,70, o que totalizaria para a obra o

    valor de R$ 15.447.906,87.

    ##/Fato##

    Manifestação da Unidade Examinada

    Não houve manifestação da unidade examinada para esse item.

    ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

    Análise do Controle Interno

  • Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

    análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

    ##/AnaliseControleInterno##

    2.2.6. Ausência de informações acerca da viabilidade da transposição do Rio São Francisco no Estado da Paraíba

    Fato

    Analisando os dados obtidos nos documentos e informações disponibilizados pela

    Serhmact/PB, verificou-se que o Canal Adutor Vertente Litorânea é composto por nove

    segmentos de canais abertos, seis trechos em sifões invertidos, dois túneis e duas galerias e

    está projetado para transportar água por gravidade com uma vazão inicial de 10 m³/s (no

    Açude Acauã, em Itatuba/PB), chegando ao seu destino final, em Curral de Cima/PB, com

    uma vazão de 2,5 m³/s. Cumpre esclarecer que até a data da fiscalização realizada pela

    equipe do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, em 17 e 18 de

    janeiro de 2018, o sistema referente ao canal adutor vertente litorânea ainda não se

    encontrava em funcionamento.

    Em relação ao Açude Acauã, de onde se inicia o Sistema Adutor Vertente Litorânea e que

    possui uma capacidade de armazenamento de cerca de 253 milhões de m³, desde o ano de

    2013, a cota do nível da água deste açude ficou abaixo da mínima necessária para o

    funcionamento do sistema projetado, calculada em 113,00m, o que corresponde a 20% da

    capacidade de armazenamento do Açude Acauã.

    Sobre esse fato, a Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e

    Tecnologia do Estado da Paraíba informou, por meio do Ofício GS nº 217/Serhmact/PB,

    de 30 de março de 2016, que o volume armazenado no Açude Acauã, em 23 de março de

    2016, era de apenas 4,8% da sua capacidade, correspondente à cota 108,03m. Há de se

    ressaltar que, nos anos de 2013 a 2015, a média do volume armazenado foi ainda inferior à

    registrada em março de 2016, haja vista que os dados históricos disponibilizados pela

    Serhmact registram cotas do nível da água no Açude Acauã variando de 30,00 (cota

    mínima em 2015) a 110,00m (cota máxima em 2013), conforme a seguir:

    Tabela: Cotas do nível de água do Açude Acauã

    Ano Cota Máxima Cota Mínima Sangria

    2013 110 80 Não

    2014 80 55 Não

    2015 55 30 Não

    Fonte: Ofício GS nº 217/Serhmact/PB

    Ainda quanto ao Açude Acauã, segundo o Relatório de Reconhecimento elaborado pelo

    Consórcio RCA / ARCO, disponibilizado pela Serhmact/PB, decorrente dos “Estudos de

    Reversão das Águas da Vertente Litorânea para o Cariri no Estado da Paraíba” - Módulo

    A – prevista no contrato no 204.090/2004, firmado em 15 de dezembro de 2004:

    “O segundo sistema hidráulico representativo da bacia hidrográfica do rio

    Paraíba é o Açude Acauã, que se acha mais a jusante e tem capacidade de

    acumulação de 253.000.000 m³. Concluído em 2002, localiza-se entre os

    municípios de Natuba e Itatuba, em região conhecida como Curimataú, também

  • uma das regiões de maior escassez de água do Estado. Foi construído com a

    finalidade de abastecimento humano, irrigação e piscicultura.

    Existe controvérsia quanto à eficácia deste açude. Em termos hidrológicos, está

    localizado em região geográfica de insuficiência climatológica (pouca chuva) e

    possui pequena bacia coletora em relação à capacidade acumulativa. Em termos

    de qualidade de grande parte do volume da água que será aportada, haverá

    necessidade de contínuo controle e tratamento das águas residuais provenientes

    das cidades de Campina Grande, Queimadas, Fagundes, dentre outras, já que toda

    a descarga (lançamentos) proveniente desses municípios deságua na sua bacia

    coletora. Pra piorar o drama, não existe tratamento de esgotos em nenhum desses

    municípios.” [Original sem grifos]

    Considerando o histórico demonstrado na tabela anterior, referente aos níveis de água no

    Açude Acauã e o baixo índice de chuvas na região onde este açude se localiza, conforme

    Relatório de Reconhecimento elaborado pelo Consórcio RCA / ARCO, constata-se que a

    precipitação pluviométrica, por si só, não oferece garantias de continuidade de

    fornecimento de água para que o Sistema Adutor Vertente Litorânea possa atender

    plenamente aos municípios beneficiados pelo empreendimento, tornando-se imprescindível

    que o Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco esteja em funcionamento.

    Ressalte-se que desde abril de 2017 o projeto de integração do Rio São Francisco vem

    contribuindo para o aumento do volume acumulado do Açude Epitácio Pessoa, no

    município de Boqueirão, o qual atingiu o percentual atual de 16% de seu volume total,

    enquanto apresentava 3% em abril de 2017.

    É necessário, ainda, que esteja definido o plano de uso das águas da transposição oriundas

    do Rio São Francisco pelas diversas cidades no trajeto do leito natural de rio, que se inicia

    no Açude de Monteiro/PB até o Açude Acauã. Dentre essas cidades, cabe destacar o

    município de Campina Grande/PB, que possuía uma população estimada de 405.072

    habitantes em 2015 (Fonte: IBGE), os quais vem sofrendo com as constantes interrupções

    de abastecimento de água para consumo humano.

    Destaque-se que, no Açude Epitácio Pessoa (Açude Boqueirão), os sistemas existentes

    abastecem uma população de 1.079.508 habitantes, residentes em 11 municípios e, além

    disso, há previsão de que outros 18 municípios com 183.040 habitantes também sejam

    beneficiados pelo sistema.

    O mapa a seguir mostra o caminho (em vermelho), em uma extensão de cerca de 251 km,

    por onde as águas provenientes da transposição do Rio São Francisco serão transportadas

    em leito natural de rios, desde o Açude em Monteiro/PB (à esquerda), passando pelo

    Açude Boqueirão (ao centro), até o Açude Acauã, em Itatuba/PB (à direita):

  • Caminho das águas da transposição do Rio São Francisco - Ramal Leste, na bacia do Rio Paraíba (Ofício

    GS Nº 303, de 10 de maio de 2016).

    Cabe enfatizar que o Canal Acauã foi projetado para uma vazão de 10m³/s, sendo que a

    vazão mínima prevista que chegará ao Açude de Monteiro, após a conclusão e entrada em

    funcionamento do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco, é de somente

    4,0 m³/s. Além disso, de acordo com a resposta da Serhmact/PB, encaminhada através do

    Ofício GS Nº 303, desses 4,0m³/s, referentes ao volume total de água previsto para chegar

    ao Município de Monteiro, 3,20m³/s serão lançados no afluente do Rio Paraíba, com

    destino ao Açude Epitácio Pessoa (Açude Boqueirão) e, a partir daí, seguirão com destino

    ao Açude Acauã, onde realmente se inicia o Canal Adutor Vertente Litorânea, ou seja, a

    vazão inicial que será despejada no afluente do Rio Paraíba em Monteiro/PB, distante 251

    km do Açude Acauã, é menos que a metade da vazão projetada para o Sistema Adutor

    Vertentes Litorâneas.

    Um outro fator que deve ser observado no planejamento do uso das águas são as perdas por

    gestão e por condução da água, estimadas em 15% e 12%, respectivamente, nos estudos

    realizados pelo Ministério da Integração Nacional.

    Diante dos fatos acima relatados, que demonstram a necessidade de haver um

    planejamento minucioso e estudos detalhados quanto ao uso da água e suas perdas no

    trajeto desde o município de Monteiro/PB até o Açude Acauã, de modo a assegurar o pleno

    funcionamento do projeto, por meio da Solicitação de Fiscalização nº

    201600516/002/MIN/PB, de 21 de março de 2016, a Serhmact/PB foi instada a prestar

    informações sobre qual seria a vazão remanescente, em m³/s, que poderá chegar ao Açude

    Acauã, oriunda do Eixo Leste do Projeto de Transposição do Rio São Francisco, bem como

    qual deveria ser a vazão mínima a ser lançada no Açude de Monteiro/PB, que permitirá

    chegar água no Açude Acauã, considerando as perdas por infiltração no solo, evaporação

    etc.

    Em resposta, a Serhmact/PB não prestou as informações requeridas e afirmou desconhecer

    a existência de estudos que possam responder ao questionamento formulado, conforme se

    observa no trecho seguinte:

  • “Não é do nosso conhecimento, no momento, afora os dados inseridos na NOTA

    TÉCNICA 390/2005-ANA, a existência de estudos ou simulações que possam

    responder a essa pergunta, uma vez ser os dados solicitados função das demandas

    e do regime de chuvas nas bacias dessa região.”

    Ao analisar os trechos da NOTA TÉCNICA 390/2005-ANA, disponibilizados pela

    Serhmact/PB, verificou-se que, corroborando com a resposta apresentada, não há

    informações suficientes na referida Nota Técnica que permita calcular a vazão mínima

    necessária a ser lançada no afluente do Rio Paraíba, em Monteiro/PB, com destino ao

    Açude Acauã, de modo a possibilitar o Canal Adutor Vertente Litorânea operar

    plenamente, considerando que os volumes de chuvas obtidos, segundo os índices

    pluviométricos desde 2013, não foram suficientes sequer para permitir a cota mínima

    necessária para vazão inicial ao canal.

    Cabe destacar que os estudos nos quais se baseou a Nota Técnica nº 390/2005 – ANA,

    disponibilizada pela Serhmact/PB, podem estar defasados, pois alguns foram realizados há

    mais de quinze anos, a exemplo dos citados a seguir (fl. 15/60):

    • Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco – PERH-PE, de 1998;

    • Atualização do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, de 2004;

    • Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte, de 1998;

    • Plano Diretor de Recursos Hídricos do Estado da Paraíba, de 1999;

    • Plano Diretor dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas - Estado da Paraíba, de 1992;

    • Plano Diretor dos Recursos Hídricos do Estado da Paraíba - Bacia Hidrográfica do Rio Piancó e Alto Piranhas, de 1999..

    Diante do exposto, conclui-se que, embora existam projetos detalhados do Sistema Adutor

    Vertente Litorânea, relacionados ao dimensionamento do Canal Acauã, no que se refere ao

    cálculo das vazões da água ao longo dos 112,5 km de trecho canalizado, as informações

    quanto à utilização das águas pelos municípios e as perdas de água no trecho de 251 km

    entre o município de Monteiro/PB e o Açude Acauã são insuficientes para aferir se o

    projeto é ou não viável, ou seja, se haverá água remanescente suficiente oriunda da

    transposição do Rio São Francisco para o abastecimento do trecho final em Curral de

    Cima/PB, compatíveis com a vazão dimensionada.

    ##/Fato##

    Manifestação da Unidade Examinada Não houve manifestação da unidade examinada para esse item. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

    Análise do Controle Interno Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

    análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

    ##/AnaliseControleInterno##

    3. Conclusão

  • Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo da fiscalização, foram

    identificadas situações que demandam providências de regularização, por parte dos

    gestores federais, no que tange aos seguintes pontos:

    - 2.2.3. Obras referentes ao Lote 03 do Canal Vertente Litorânea paralisadas e com

    percentual zero de execução, embora contratadas há 6 anos e meio;

    - 2.2.4. Falhas na execução do item de serviço proteção de talude em grama;

    - 2.2.5. Superestimativa das quantidades previstas nas planilhas orçamentárias para o item

    de serviço "Confecção e lançamento de concreto moldado in situ, com consumo de

    cimento mínimo de 250 kg/m³, espessura de 7 cm , incluindo fôrmas e adição de fibras de

    polipropileno, conforme especificações", ocasionando divergência de valores previstos na

    planilha orçamentária;

    - 2.2.6. Ausência de informações acerca da viabilidade da transposição do Rio São

    Francisco no Estado da Paraíba.

    __________________________________

    Superintendente da Controladoria-Regional no Estado da Paraíba