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www.gazetaonline.com.br VITÓRIA, QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013 - EDIÇÃO ENCERRADA: 23H R$ 2,00 FUNDADA EM 11 DE SETEMBRO DE 1928 POR THIERS VELLOZO. Nº 29.315. ANO LXXXV POR QUE O PAÍS ACORDOU Cientistas políticos explicam as razões das manifestações que se espalharam por todo o país. Vários problemas foram citados. Pela lista abaixo, fica claro que motivos não faltam Págs. 3 a 8 COLUNAS DO DIA VICTOR HUGO Casagrande rejeita redução da maioridade Pág. 9 ELIO GASPARI O Monstro foi para a rua Pág. 26 ORLANDO CALIMAN Nova revolução industrial Pág. 33 A história que A GAZETA mostrou Começa hoje uma série de repor- tagens especiais e uma contagem regressiva, ilustrada com fotos his- tóricas, para comemorar os 85 anos de A GAZETA. Nesta edição, a re- pórter Claudia Feliz faz um res- gate das principais mudanças que o mundo viveu durante esse tempo. O jornal acompanhou tudo de perto e relatou os fatos mais marcantes, nas mais diversas áreas. Essa história, você começa a rever hoje. Págs. 10 a 12 FOTO: ARQUIVO JORNAL A GAZETA Revisitada, a Vitória da década de 20 exibe charme, estilo e beleza FOTO: GABRIEL LORDÊLLO

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www.gazetaonline.com.br VITÓRIA, QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013 - EDIÇÃO ENCERRADA: 23H R$ 2,00

FUNDADA EM 11 DE SETEMBRO DE 1928 POR THIERS VELLOZO. Nº 29.315. ANO LXXXV

POR QUE OPAÍS ACORDOU

Cientistas políticos explicam asrazões das manifestações quese espalharam por todo o país.Vários problemas foram citados.Pela lista abaixo, fica claro quemotivos não faltam Págs. 3 a 8

COLUNASDO DIA

VICTOR HUGOCasagrande rejeita

redução da maioridade Pág. 9

ELIO GASPARIO Monstro foi

para a rua Pág. 26

ORLANDO CALIMANNova revolução

industrial Pág. 33

A história queA GAZETA mostrouComeça hoje uma série de repor-tagens especiais e uma contagemregressiva, ilustrada com fotos his-tóricas, para comemorar os 85 anosde A GAZETA. Nesta edição, a re-pórter Claudia Feliz faz um res-gate das principais mudançasque o mundo viveu durante essetempo. O jornal acompanhoutudo de perto e relatou osfatos mais marcantes, nasmais diversas áreas. Essahistória, você começa arever hoje. Págs. 10 a 12

FOTO: ARQUIVO JORNAL A GAZETA

Revisitada, a Vitória da década de 20 exibe charme, estilo e beleza

FOTO: GABRIEL LORDÊLLO

Documento:AG19CA001;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 23:11:29

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3QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013 A GAZETA

EDITORA:

ANDRÉA PIRAJÁ[email protected]

Tel.: 3321.8446

agazeta.com.br/cidades

gazetacidades

Encrencasobre obraparada

A construção da Unidadede Saúde de Vila Batista, emVila Velha, orçada em maisde R$ 1,2 milhão, está paradadevido a problemas nadocumentação. Página 14

PROTESTOSPOR QUE, AGORA, OGIGANTE ACORDOU?Cientistas políticos explicam mobilização de brasileiros

O descontentamentocomapolítica,comagestãopública e a injustiça socialestão por trás, na avaliaçãode especialistas, das moti-vações que levaram milha-resàsruasdeváriascidadesdopaís– inclusivenaGran-de Vitória – na última se-gunda-feira. Para professo-res de Sociologia, Direito eServiço Social, essa insatis-fação – que já vinha sendodebatidanas redessociais–estimulou o movimento“Acorda Brasil”.

O que se vê, pontua aprofessora de Serviço So-cial da Universidade Fede-raldoEspíritoSanto (Ufes)Camila Valadão, é uma ex-plosãodeinsatisfaçõescomos serviços prestados nasaúde, educação e trans-porte.Semcontaracorrup-ção, a violência e a trucu-lência policial. “O aumentodatarifafoiumestopim.Háum cansaço contra o des-mando”, diz Camila Vala-dão, que estuda políticaspúblicas para jovens.

CRÍTICASJuntodarejeiçãoàadmi-

nistração pública, avaliaClécio Lemos, professor deDireito Penal da FDV, há umsentimento crescente – ejustificável – de que a estru-turapolíticaatualnãorepre-senta o interesse da grandemassa. “Vivemos uma de-mocraciadefachada.Ascrí-ticas não são pontuais a umou outro político. Há uma

descrença na própria estru-tura”, frisa Lemos.

A internet – observa An-dré Filipe Santos, sociólogoe professor da FaculdadeFDV–foiodiferencialemre-lação a outros movimentossociais já realizados no país.Em1992,milhares tambémforamàsruaspediroimpea-chment do ex-presidenteFernandoCollor. “Naépoca,atelevisãofezaconvocação.Agora, esse papel foi do Fa-cebook”, diz Santos.

Nessa rede social, a des-criminalização dos movi-

mentos sociais já vinha sen-do tema de debates. E asimagens da repressão poli-cial ao movimento em SãoPaulo, na última quinta,causaram indignação. Umarepressãoque,aliadaà faltadediálogo,deuforçaaomo-vimento, como explicou ocientista social e professorada FGV, Fernando Abrúcio,ementrevistaaumjornaldaGloboNews. “A populaçãoquer se expressar e viu nareaçãodapolícia,quetratoutodos os cidadãos comobandidos e vândalos, uma

atitude que acabava com aliberdade de expressão.”

Os professores Clécio eCamila participaram damanifestação da última se-gunda-feira, em Vitória, erelatam que nas ruas nãohaviasó jovens.“Eraumce-nário de muitas pautas, demuitas reivindicações, emque cabem todos”, lembraCamila, que encontrou umcadeirantenoprotesto.Issoé uma mostra, segundoClécio,dequeomovimentomarcado para amanhã po-derá ter ainda mais força.

EDSON CHAGAS - 17/06/2013

Mais do que reivindicações, cartazes levados por manifestantes em Vitória incentivavam participação nos atos

O POVO VAI ÀS RUAS

“Não faltammotivos paraprotestar”

O que não faltam, naavaliação de professoresde Comunicação, são mo-tivos para os protestos.“Não temos educação, se-gurança, e as pessoas mor-rem nas filas dos hospitais.Na verdade, me admira is-so não ter acontecido an-tes”, analisa o professor daUniversidade Federal doEspírito Santo (Ufes) JoséAntonio Martinuzzo.

Paraele,háumdescola-mento de discursos. En-quanto estádios de primei-ro mundo são construídos,a população padece sobvários aspectos. “Temosmilhões de brasileirostrancafiados no terceiromundo. E temos um Con-gresso que não representaosreaisanseiosdasocieda-de”, destaca Martinuzzo.

Para Alexandre Curtiss,também professor de Co-municação da Ufes, as pes-soasforamàsruasporcontade uma mistura de proble-mas.“Apopulaçãoquermaisdemocracia, desde a açãopolicial até a discussão dosrumos das cidades. A recep-ção da Copa e das Olimpía-das, com todo esse dinheiropúblico, foi discutida com apopulação?”, pergunta.

MULTIDÃO

6protestosforam realizados emSão Paulo desde aúltima quinta-feira.

200mil pessoasparticiparam da mani-festação de ontem, nacapital paulista.

Documento:AG19CA003;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 22:25:52

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4 CIDADESA GAZETA QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013

O POVO VAI ÀS RUAS

“ACORDA, BRASIL”: MUITOSROSTOS E UMA SÓ VOZPessoas de várias idades estiveram presentes na manifestação

Ao ver milhares de pes-soaspassaremna frentedeseu prédio, na Praia daCosta, Vila Velha, a bancá-ria Sandra Cerutti, 47anos, não teve dúvidas:desceu até a rua. E mais:seguiu junto do grupo,que, ao contrário do quemuitos podem pensar, nãoeraformadoapenaspor jo-vens.Adultos,pessoascommaisde60anoseatécrian-ças engrossavam o coro de“acorda,Brasil”,umdosle-mas do movimento.

A bancária ficou até oato terminar e viu o con-fronto de policiais milita-res com um grupo de ma-nifestantes. Teve que cor-rer:“Perdiosdoissapatosemachuquei o pé”, afirma.

Mas se arrepende: “Fuiadolescente na época darepressão militar e nuncahavia participado de nadaassim.Oquememotivouéa indignação com infla-ção,aeducaçãoruim,rou-bos na política, os proble-mas na saúde”, afirmouela, que, minutos antes deprotestar, viu pela TV ce-nas da Terceira Ponte to-

mada pelos ativistas.Essa imagem também

não sai da cabeça do téc-nico em AdministraçãoFelipe Fafá, 23 anos.Apesar de já ter partici-pado de vários protestos– pela redução no valorde passagens de ônibus epela reserva de vagas nas

ACERVO PESSOAL

Rovana Faber levou bandeira e também pintou o rosto com as cores do Brasil

ELES FORAM PARA A RUA

s Juliana Milanezi,32 anos, analistade Marketing

Participar de um atocomo este é importantepor defender o direito àexpressão, mais do quequalquer pauta emespecial. Asreivindicações ainda sãomúltiplas, mas estarpresente é o modo deconstruir conjuntamenteesse processo. Irei paraa rua de novo!

s Orlando BolsaneloCaliman, 30,advogado

Foi um movimentomuito plural. Cada umesteve presente porum motivo especial,sem nenhumabandeira partidária.A população estárespondendo ao quevem sofrendo hámuito tempo. É muitobom poder participardesse momento.

s Sandra Cerutti, 47anos, bancária

No meu apartamento,assistia ao protestopela TV. Poucos minutosdepois, osmanifestantes passaramem frente ao meuprédio. Quis protestarcontra a inflação, aeducação ruim, osroubos na política, osproblemas na saúde.Nunca havia participadode nada assim.

s Sidney de Jesus,29, corretor deimóveis

Ao ver as pessoas semanifestando, pensei:‘Tenho que fazer o meupapel’. Nós, brasileiros,estávamos acomodados.É um momento de dizerbasta à corrupção.Queremos mais saúde,educação, políticaspúblicas que realmenteinteressem à sociedade.Vou participar de novo.

s Robson Barbosa,56, autônomo

Fiquei sabendo pelaCBN e vi essa multidãoaqui na ponte. Resolvivir com o meu filhopara me manifestartambém. O movimentoé mais que justo.Enquanto otrabalhador ganhasalário mínimo, opolítico está namordomia. Issotem que mudar.

s Felipe Fafá, 23anos, técnico emAdministração

Soube da mobilizaçãovia Facebook e decidiir após o trabalho. Jáparticipei de outrasmanifestações, masnunca vi algo assim.Não tenho palavraspara descrever a cenada ponte toda tomadade gente. E as pessoasapoiando de suascasas, piscando luzes.

s Flávia Mendonça,cantora

Fui ao protesto sozinha,depois de uma consultamédica, ao ouvir aspessoas gritando nasruas. Senti umpatriotismo verdadeiro.Acho que não adianta sóreclamar, precisamosnos mobilizar. Fiquei felizem ter participado, terfeito história. Foi ummovimento lindo, empaz para a maioria.

universidades –, ele nãose lembra de um ato pa-recido com o de segun-da-feira. “Não tenho pa-lavras para descrever aponte repleta de pes-soas, de ponta a ponta. Eo apoio, com luzes pis-cando em apartamen-tos”, lembra.

Ele conta que decidiuir ao ato, “por acreditarque a única forma deconseguir qualquer mu-dança significativa na si-tuação do país é a mobi-lização pública”.

Para a estudante deLetras-Inglês Rovana Fa-ber, 25, que também foi

ao protesto de segun-da-feira em Vitória, o atoé a prova de que “a socie-dade individualista estácomeçandoase importarcom o coletivo”. “Aguen-tamos por muito tempo odesrespeito com a popu-lação. E nos cansamos detudo isso”, relata.

Rovana se diz muito or-gulhosa de ter participandodoprotesto.“Tudoaquilofoifeitopelopovo,nãoporpar-tidos. É assim que começa amudança”, aponta ela, queviu pessoas de diversos per-fis durante a manifestação.“Quasechoreiaoverumse-nhor de bengala lá”, diz.

DIVULGAÇÃO/FELIPE FAFÁ

A Terceira Ponte tomada por ativistas emocionou

Documento:AG19CA004;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 22:39:15

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CIDADES5QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013 A GAZETA

O POVO VAI ÀS RUAS

CASAGRANDE:PM AGIRÁ DOMESMO JEITOGovernador falou sobre atos

DA REDAÇÃO MULTIMÍDIA

O governador Renato Ca-sagrande (PSB) garantiuque a Polícia Militar vaiagir da mesma forma namanifestação marcadapara amanhã se houveratos de vandalismo.

“A orientação à polícia eo protocolo que ela vai se-guir é o mesmo: dar segu-rança a quem quer partici-par de forma pacífica damanifestação. Se houverexcesso, a polícia vai agirpara poder proteger a so-

ciedade e demonstrar cla-reza dos limites”, explicaCasagrande, que atribuiuosatosdevandalismoaumgrupo restrito.

“Um grupo infiltradona manifestação começouapraticaratosdeviolênciae vandalismo que exigi-ramreaçãodapolícia.Nãofoi uma ação, foi uma rea-ção para que pudéssemosfazer um controle”, frisa.

O governador disse queestá disposto a conversarcomoslíderesdoprotesto.

Porém, como a manifesta-çãoestá sendoorganizadapormeiodasredessociais,disse que é difícil saberquem está na liderança.

“Se conseguirem orga-nizar uma liderança eumapauta, fareiumareu-nião com eles. Estarei àdisposição para podersentar, debater e discutir,mesmo que a pauta sejanacional. Eu posso tentarfacilitar essa pauta nacio-nal e ajudar no que forpossível”, diz.

OPINIÃO DE POLÍTICOS

s Luciano RezendePrefeito de Vitória (MD)

“O valor da passagem nãoé o ponto central dessamanifestação. É umfenômeno nacional queclama por mudanças.”

s Fabrício GandiniPresidente da Câmarade Vitória (MD)

“A população cansou dopão e circo, com Copa e aBolsa-Família. Também fuiao protesto até a ponte.”

s Theodorico FerraçoDeputado e presidenteda Assembleia (DEM)

“O mundo político temque ouvi-los e melhorar opadrão de vida e trabalhoem favor da sociedade.”

s Paulo FolettoDeputado federal (PSB)

“O movimento é bonito,parece que deixamos aletargia. Há denúncias decorrupção, e a sensação éde que nada acontece.”

s Iriny LopesDeputada federal (PT)

“O direito de manifestaçãoé intocável. Manifestantesprecisam controlar excessospara que não se questionea legitimidade dos atos.”

s César ColnagoDeputado federal (PSDB)

“São milhares de pessoasnão satisfeitas com o queestá aí. É a população quepode mudar isso, votandocom convicção.”

AudiCenter Vitória

Documento:AG19CA005;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 22:17:21

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6 CIDADESA GAZETA QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013

O POVO VAI ÀS RUAS

DESTINO DO PRÓXIMO ATOÉ O TRIBUNAL DE JUSTIÇAManifestantes seguirão até a Enseada do Suá, amanhã

A manifestação marca-daparaamanhãemVitóriaterá como ponto de chega-da a praça do Tribunal deJustiça, na Enseada doSuá. Os manifestantes vãosair do campus da Univer-sidade Federal do EspíritoSanto (Ufes), em Goiabei-ras,às18h30.Atéofinaldenoite de ontem, mais de34 mil pessoas haviamconfirmado presença noevento, pelo Facebook.

Segundo Tadeu Guer-zet – um dos participantesdo movimento –, a ideia éque a manifestação se dis-perse em frente à sede doJudiciário e que não entrenoprédio.Talatitudejáre-duziria a possibilidade deum confronto com a polí-cia. “Deixamos claro quenão deve haver qualquerdepredação ou violência.Essaéumaorientaçãoque

existe sempre”, disse.

REUNIÃOO trajeto da próxima

caminhada foi definidona noite de ontem, emuma reunião realizada na

Ufes.Estiverampresentescerca de 200 pessoas dediversas idades, entre es-tudantes de diversos cur-sos da universidade, pro-fessores e dirigentes deentidades sindicais que

GABRIEL LORDÊLLO - 17/06/2013

Até no meio do movimento era possível ver as pessoas se mobilizando via redes sociais

também decidiram darapoio às manifestações.Entreelas,oSindicatodosTrabalhadores em Educa-ção Pública (Sindiupes) eo Sindicato dos PoliciaisCivis (Sindipol).

Na reunião, os estu-dantes optaram por defi-nir uma série de pautaspelas quais o movimentovai se manifestar. A pautadeveabrangertantoques-tões locais quanto nacio-nais. Entre os pontos le-vantados estão a necessi-dade de o movimento éser abrangente, plural esemumaliderançadefini-da, mas ao mesmo temponão perder o foco.

Integrantes do Sindi-cato dos Advogados tam-bém orientaram os estu-dantes a respeito de co-mo proceder nas mani-festações, além de ofere-cerem assistência jurídi-ca para os que precisa-rem.Outropontodiscuti-do pelos manifestantesfoi a segurança duranteos protestos, como uso decordão de isolamento.

Passeatas em Aracruz, Colatina e CasteloMunicípios do interior,

como Colatina, Castelo eAracruz também estãopreparando manifesta-ções. As reivindicações se-rão as mesmas de todo oBrasil.Ospedidosvãodes-de apoio às vítimas de re-pressão considerada abu-

siva da polícia em cidadescomo São Paulo e Rio deJaneiro, até reivindica-ções contra o aumento dapassagem e em favor damobilidade urbana.

Em Castelo, municípiodaRegiãoSul,oeventoes-tá marcado para as 18h de

amanhã, na Praça Três Ir-mãos. Já em Colatina, noNoroeste, o protesto temcomo ponto de partida aCatedral, às 18h30 domesmo dia, e o destino é aPonte Florentino Avidos.Mais de 3 mil pessoas jáconfirmaram a participa-

ção pelas redes sociais.Em Aracruz, no Norte,

a manifestação será nasexta-feira, às 17h, daPraça da Paz à Praça SãoJoãoBatista.Na internet,já são mais de 2 mil con-firmações de presença.(Bárbara Oliveira)

Passelivretambémnointerior

FLASH

V

OUTROS PROTESTOS QUE MARCARAM O PAÍS

Diretas Já reuniu milhares em VitóriaO protesto pelas Diretas Já reuniu milhares de pessoas em Vitória, em 1984.A Praça 8 ficou tomada de manifestantes FOTO: Gildo Loyola/Arquivo

FLASH

VEstudantes uniram-se para pedir “Fora Collor!”Em 1992, estudantes saíram às ruas para pedir o impeachment do presidenteFernando Collor de Mello FOTO: Júlio César Guimarães/ Arquivo

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REIVINDICAÇÕESPauta regional

t Cumprimento daspromessas feitas aomovimento contra oaumentot Tarifa zerot Não à privatização daBR 101t Fim do pedágio daRodoSol/Terceira Pontet Revisão de planilhas doSistema Transcolt Explicações sobre afalsa redução tarifáriat Retirada do presidente daFederação Capixaba deFutebol e investigaçãosobre a entidadet Fim da criminalizaçãodos movimentos sociaist Novo modelo demobilidade urbanat Universidade estadual

Documento:AG19CA006;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 22:54:16

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CIDADES7QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013 A GAZETA

PREJUÍZOSNO DIASEGUINTEAO PROTESTOEstabelecimentos foram alvode pichações e quebra-quebra

DA REDAÇÃO MULTIMÍDIA

Um dia após o confrontoentre manifestantes doAto Nacional em Favorda Democracia e poli-ciais militares, os pre-juízos começam a sercontabilizados. No Cen-tro de Reabilitação Físi-ca do Espírito Santo(Crefes), na Praia daCosta, Vila Velha, as au-

las de hidroginástica es-tão suspensas, visto quevários pedaços de vi-dros caíram na piscina.Ao todo 18 vidraças edois aparelhos dear-condicionado foramquebrados e dois extin-tores foram furtados.Um deles foi recupera-do após o ato.

A diretora-geral do

Crefes, Rosângela Ma-rins, conta que a maiorpreocupação foi com ospacientes internados nainstituição, que se recu-peram de AVC.

Outro estabelecimen-to alvo de depredaçãofoi a Churrascaria Gra-mado. O proprietário dolocal, Gelson Massing,46 anos, contou que o

RICARDO MEDEIROS

Na Churrascaria Gramado, o portão foi danificado e a fachada de vidro, quebrada

O POVO VAI ÀS RUAS

portão de ferro foi dani-ficado e a fachada de vi-dro quebrada. “Sou a fa-vor da manifestação,mas desde que seja pací-fica. Sem vandalismo.Agora é contar o prejuí-zo e tirar o dinheiro dopróprio bolso para a re-forma”, contou.

A Academia Movi-ment, que fica em frenteao local onde ocorreu oprotesto, teve que encer-rar as atividades mais ce-do na noite de ontem. Oestabelecimento teve omuro pichado.

O porteiro Antônio

André João, 50 anos, sedeparou com uma cenade guerra nesta manhã.“Quando cheguei pelamanhã encontrei muitasujeira na porta do pré-dio. Algumas pessoaschegaram a invadir o re-sidencial pela garagempara se proteger do tu-multo”.

LIMPEZA DAS RUASGaris fizeram a limpe-

za das ruas da Praia daCosta. Outros estabeleci-mentos foram pichados.Comerciantes ajudarama limpar. A Prefeitura de

Vila Velha informou quetrês placas de trânsito fo-ramdanificadas,12 lixei-rasquebradase24placaspichadas.

Os manifestantes es-creveram várias frasesde protesto nas muretasda Terceira Ponte. A Ro-dosol, concessionáriaque administra a Tercei-ra Ponte, informou queos prejuízos foram míni-mos em relação ao nú-mero de pessoas que par-ticipou do ato. Uma can-cela foi quebrada e pla-cas de sinalização e mu-retas foram pichadas.

PrejuízoO empresário Gelson Massing calcula em pelo menos R$ 10 milos prejuízos em sua churrascaria que teve os vidros quebrados etrês portões arrancados durante o protesto.

SocorroSíndica do Edifício Portinari, Solange Filgueiras conta quemoradores ajudaram quem entrou no prédio para fugir das bombaslançadas pela polícia. Segundo ela, uma jovem quebrou a costela.

Pânico“Era muita garotada, meninos e meninas de 14, 16 anos”, relataa auxiliar administrativa Dlyha Sterim, sobre a correria de jovensdesesperados após a reação policial, que viu em seu prédio.

FOTOS: EDSON CHAGAS

Dono de veículo queimado ganha carro novoOoperadordeáudioJor-

ge Fabrício Ferreira Vieira,de 41 anos, começou o diadesolado com a perda deseucarro, incendiadoaola-do da Assembleia Legislati-vadoRiodeJaneiro(Alerj),durante a manifestação desegunda-feira. Menos de24 horas depois de ter per-dido seu Ford Versailles1993, ele recebeu a infor-mação de que vai ganharum carro novo.

Oradialistatrabalhaemduas emissoras de rádioTupieManchete.Eédoco-lega e apresentador PedroAugusto, da Tupi, que elereceberá o presente. “Nósvamoscomvocênalojaes-ta semana para você esco-lherocarroquequiser.Nósvamos comprar esse carropara você, este programase responsabiliza em pa-gar todas as prestações”,disse o locutor, durante o

seu programa.Antes disso, Jorge já sa-

bia que não ficaria no pre-juízo, pois um grupo deamigos e internautas se co-moveu com sua situação eorganizou uma “vaquinha”on-line para angariar di-nheiroparaqueooperadorde áudio pudesse comprarum carro novo. O objetivoera juntar R$ 20 mil – bemmais do que os R$ 5,7 milque Jorge pagou pelo seu

antigo carro, há um ano.“Asolidariedadeéaparte

boa da história. Ainda bemque alguém viu que eu aca-beipagandoopatoporalgoqueeunãotinhanadaaver.Estava trabalhando no mo-mento da manifestação”,contou Jorge. Antes de sa-ber que ganharia um carrodepresente,elepensavaemcomprarumVersailles1996para repor o que foi incen-diado. (Com agências)

MARCELO CARNAVAL/AGÊNCIA O GLOBO

O Versailles foi incendiado nas proximidades da Alerj

Documento:AG19CA007;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 22:58:12

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8 CIDADESA GAZETA QUARTA-FEIRA, 19 DE JUNHO DE 2013

SAQUES ETENTATIVADE INVADIRPREFEITURACarro de TV e até cabineda PM foram queimados

DA REDAÇÃO MULTIMÍDIA

O sexto ato realizado emSão Paulo em cerca de umasemanafoimarcadoporce-nasdevandalismo.A“tropade choque” anarquista queacompanhaosprotestosdoMovimento Passe Livre(MPL) contra o aumentodas passagens de ônibus,trensemetrôtentouinvadira Prefeitura de São Paulo,no Vale do Anhangabaú, às18h30. Dois dos cem guar-das-civis ficaram feridos, eoito pessoas foram presas.

O protesto havia come-çado de forma pacífica,com a concentração de 12mil pessoas, segundo aPM, na Praça da Sé. A con-fusão na prefeitura come-çou às 18h30, quando umgrupocomeçouajogarpe-dras nos guardas.

Segundo a Secretaria de

Comunicação do municí-pio,osservidores jáhaviamsaídodoprédio,entreelesoprefeito Fernando Haddad(PT), que se reuniu com apresidente Dilma Rousseff.Ele disse, ontem, que podevetar o aumento da tarifa,de R$ 3,00 a R$ 3,20.

Algunsmanifestantes,aover a confusão, deixaram olocal. Outros resolveramenfrentar os anarquistas. Ocentro teve muitos focos deconflito dentro do grupo,porque a liderança do mo-vimento tentavaa todocus-to conter os radicais.

Asbandeirasdaprefeitu-ra foram queimadas pelosanarquistas – a do Brasil foiprotegida. “Não é por causademeiadúziadeidiotasquevou deixar queimar a ban-deira”, disse o corretor deimóveis Gustavo Elis, 26.

Manifestantes arre-messaram as grades quecercam a entrada do edifí-cio, e os guardas-civistrancaram-se no prédio.Também foram registra-dos saques em lojas dasruas Direita e São Bento.Na frente do Edifício Ma-tarazzo, sede do Executi-vo municipal, um grupocolocoufogoemumacabi-ne da PM e num furgão daRedeRecord, tudoa150mda sede da Secretaria daSegurança. A emissoradisse que os profissionaisescaparam ilesos.

Participaram dessa cober-tura Vilmara Fernandes, Fre-dericoGoulart,EltonLyrio,Tia-go Félix, Samantha Nogueira,Denise Zandonadi, EdnalvaAndrade, Letícia Gonçalves,Abdo Filho e Bárbara Oliveira

ALE VIANNA / AGÊNCIA O GLOBO

Carro de reportagem da TV Record foi incendiado por manifestantes

O POVO VAI ÀS RUAS

LondresMilhares de brasileiros que vivem no exterior se reuniram ontemem manifestações em várias cidades do mundo. Em Londres(acima), cerca de duas mil se reuniram na região central.

EMILIANO CAPOZOLI/AE

Saques no RioO clima ficou tenso no Rio de Janeiro, por volta das 20h deontem. Manifestantes saquearam e depredaram lojas noCentro de São Gonçalo. Seis pessoas acabaram presas.

ARION MARINHO / AGÊNCIA O GLOBO

CAMPANHA

“Vem pra rua”:música sai do ar

O refrão “Vem pra rua,porque a rua é a maiorarquibancada do Brasil”saiu de uma campanha demarca de carros para em-balar os atos que reunirammais de 250 mil pessoaspelo país na segunda-feira.A música cantada por Fal-cão, do Rappa, demoroutrês horas para ser com-posta por Henrique RuizNicolau, 30. A empresaavisou que a campanhasairá do ar no sábado, co-mo “estava previsto”.

Florianópolis

10 milmanifestantesEsse é o número depessoas queparticiparam dosprotestos no Centro dacapital de SantaCatarina. No grupo,havia desde criançasaté idosos. Outrascidades como BalneárioCamboriú, no Litoral, eChapecó, no Oeste doEstado, tambémrealizaram protestos.

Dilma: manifestaçõescomprovam democracia

Um dia depois das mani-festaçõesquelevarammaisde 200 mil pessoas às ruasde várias cidades do país, apresidente Dilma Rousseffdissequeamensagemdire-tadasruasépormaiorpar-ticipaçãoecontraacorrup-ção e o uso indevido do di-nheiro público.

“O Brasil hoje acordoumais forte. A grandezadas manifestações de on-tem (segunda) comprovaa energia da nossa demo-cracia, a força da voz darua e o civismo da nossapopulação”, disse, emapresentação do novo

marco regulatório para osetor de mineração.

PACÍFICODilmadissequeépreciso

louvar o caráter pacíficodos atos públicos e o trata-mento dado pela seguran-ça pública à manifestaçãopopular. “Infelizmente, po-rém, é verdade, acontece-ramatosminoritáriose iso-lados de violência contrapessoas, contra o patrimô-nio público e privado, quedevemos condenar e coibircom vigor”, observou.

A presidente disse que asvozes das ruas precisam ser

ouvidas. “Essa mensagemdiretadasruasépormaisci-dadania,pormelhoresesco-las,melhoreshospitais,pos-tos de saúde, pelo direito aparticipação. Essa mensa-gemdiretadasruasmostraaexigência de transporte pú-blico de qualidade a preçojusto.Épelodireitodeinfluirnasdecisõesde todososgo-vernos, do Legislativo e doJudiciário. É de repúdio àcorrupçãoeaousoindevidodo dinheiro público. Querogarantirqueomeugovernotambémquermaisequeva-mos conseguir mais para onosso país e para o povo.”

Documento:AG19CA008;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:18 de Jun de 2013 23:21:12