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Argumentos sobre livre-arbítrio e responsabilidade por Marcelo Fischborn para a disciplina de Tópicos de Lógica atualizado em 13/12/2016 Universidade Federal de Santa Maria, 2016

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Argumentos sobre livre-arbítrio eresponsabilidade

por Marcelo Fischborn

para a disciplina de Tópicos de Lógica

atualizado em 13/12/2016

Universidade Federal de Santa Maria, 2016

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Aula 1 – Primeira parte

• Introdução

• Apresentação do plano

• Questionários e discussão

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Questionário (1)

1. O que você entende por livre-arbítrio?2. Exemplo [pessoal/alheio/imaginado] de ação ou escolha livre3. Exemplo de ação ou escolha não-livre

[Discussão]

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Questionário (2)

4. O que você entende por responsabilidade?5. Exemplo em que uma pessoa é responsável6. Exemplo em que uma pessoa não é responsável

[Discussão]

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Questionário (3)

7. O que você entende por punição?8. Exemplo em que uma pessoa deva ser punida9. Exemplo em que uma pessoa não deva ser punida

[Discussão]

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Questionário (4)

10. O que deveria acontecer com a pessoa descrita no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=rA_5y-tyqw8

[Discussão]

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Reações comuns

• Vídeo: https://youtu.be/ItXXhaVPnmw?t=7m21s

• Comentários: http://veja.abril.com.br/brasil/coronel-da-pm-e-preso-acusado-de-estupro-de-menina-de-2-anos/

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Aula 1 – Segunda parte

• Relações entre livre-arbítrio, responsabilidade, culpa, louvor e punição

• Questões filosóficas centrais sobre os temas tratados

• Breve revisão da literatura recente

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Livre-arbítrio

“A maioria dos filósofos supõe que o conceito delivre-arbítrio está muito intimamente conectadoao conceito de responsabilidade moral. Agir comlivre-arbítrio, nessas concepções, ésimplesmente satisfazer a exigência metafísicapara ser responsável pelas próprias ações.”(“Free will” na Stanford Encyclopedia of Philosophy)

Livre-arbítiro como forma de controle sobre as próprias ações.

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Um exemplo

“[O livre-arbítrio] é, mais fundamentalmente, o poderou a habilidade de agir livremente.” (Mele, 2006, p. 17)

“Estou interessado no que poderia ser chamado de ação livre no nível da responsabilidade moral—grossomodo, a ação livre de um tipo tal que, se todas ascondições independentes da liberdade para aresponsabilidade moral por uma ação particularfossem satisfeitas sem que isso bastasse para oagente ser moralmente responsável por ela, a adiçãoda liberdade da ação a esse conjunto de condiçõesimplicaria que ele é moralmente responsável por ela.”(p. 17)

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Responsabilidade moral

“Quando uma pessoa realiza ou deixa de realizar uma ação moralmente signiticativa, por vezes pensamos que um tipo particular de resposta está justificado. Elogio e culpa [censura] são as formas mais óbvias que essa reação poderia tomar. Por exemplo, alguém que encontra um acidente de trânsito pode ser considerado digno de elogio por ter salvado uma criançado interior do carro em chamas ou, de outro modo, alguém poderia ser considerado digno de censura por não ter usado seu celular para pedir ajuda. Considerar esses agentes como dignos de uma dessas reações é considerá-los como responsáveis pelo que fizeram ou deixaram de fazer.” (“Moral responsibility”, na Stanford Encyclopedia of Philosophy)

Responsabilidade: certas respostas ao agente são apropriadas.

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Culpa/censura

O caso dos amigos Patrique e Cris:

“Quando Cris descobre essa traição, fica com muita raiva e magoado. Ele gostaria que Patrique não tivesse lançado mão de tais medidas baixas, e decide que não pode deixar essa deslealdade sem resposta. Ele confronta Patrique sobre as mentiras e o repreende por seu comportamento, mas Patrique simplesmente fica mais irritado com o que toma como hipocrisia de Cris—e a troca de gritos acaba em portas batidas. Eles ainda trabalham em escritórios vizinhos, mas não conversam mais e, de fato, trocam de caminho para não se cruzarem no corredor. Eventualmente, Cris pega-se querendo que as coisas pudessemsimplesmente voltar ao que eram antes, mas acha difícil perdoar Patrique pelo que fez, e ainda mais difícil simplesmente esquecer tudo.” (Coates e Tognazzini, p. 198)

Culpa/censura: emoções, juízos, ações, desejos?12 de 24

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Resumo

S: variável para agentesA: variável para ações

É apropriado punir S por A → S é responsável por AS é responsável por A → S realizou A livremente:. É apropriado punir S por A → S realizou A livremente:. S não realizou A livremente → Não é apropriado punir S por A

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Livre-arbítrio: Questões filosóficas centrais

• O que é? (Definição/Natureza)

• Por que importa? (Valor)

• Sua existência é compatível com a verdade da tese do determinismo? (Compatibilidade)

• Existe? (Existência)

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Robert Kane: libertismo sobre livre-arbítrio

• A existência do livre-arbítrio é incompatível com averdade da tese do determinismo.◦ Ao menos algumas decisões devem ser

indeterminadas.• Algumas de nossas decisões e ações são livres.

◦ Há decisões indeterminadas e o determinismo éfalso.

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Compatibilismo

Podemos ter livre-arbítrio ainda que o determinismo seja verdadeiro.

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Ceticismo

Não temos (ou é muito improvável que tenhamos) livre-arbítrio quer o determinismo seja verdadeiro ou não.

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Responsabilidade: Questões centrais

• Compatibilidade com determinismo, Existência

• Tipos: Podemos ser responsáveis por um vies racista implícito?

Julia Driver

Angela Smith

David Shoemaker

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Recapitulando

Reações de censura, elogio ou mesmo de desejo de punição acontecem o tempo todo em nossas vidas cotidianas.

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Recapitulando

Reações de censura, elogio ou mesmo de desejo de punição acontecem o tempo todo em nossas vidas cotidianas.

Filósofos estão basicamente interessados em espeficicar sob que condições essas reações são apropriadas.

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Recapitulando

Reações de censura, elogio ou mesmo de desejo de punição acontecem o tempo todo em nossas vidas cotidianas.

Filósofos estão basicamente interessados em espeficicar sob que condições essas reações são apropriadas.

De um modo geral, considera-se que tais reações são apropriadas apenas se os autores das ações em questão foram responsáveis (e, portanto, livres) ao realizá-las.

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Recapitulando

Reações de censura, elogio ou mesmo de desejo de punição acontecem o tempo todo em nossas vidas cotidianas.

Filósofos estão basicamente interessados em espeficicar sob que condições essas reações são apropriadas.

De um modo geral, considera-se que tais reações são apropriadas apenas se os autores das ações em questão foram responsáveis (e, portanto, livres) ao realizá-las.

Sob quais condições agentes são responsáveis e livres, no entanto, continua sendo o objeto de intenso debate.

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Recapitulando

Reações de censura, elogio ou mesmo de desejo de punição acontecem o tempo todo em nossas vidas cotidianas.

Filósofos estão basicamente interessados em espeficicar sob que condições essas reações são apropriadas.

De um modo geral, considera-se que tais reações são apropriadas apenas se os autores das ações em questão foram responsáveis (e, portanto, livres) ao realizá-las.

Sob quais condições agentes são responsáveis e livres, no entanto, continua sendo o objeto de intenso debate.

As próximas aulas abordarão alguns argumentos desse debate.

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Referências

Coates, D. J. and Tognazzini, N. A. (2012). “The nature and ethics of blame”, Philosophy Compass 7: 197-207.

Fischer, J. M. and Ravizza, M. (1998). Responsibility and control: A theory of moral responsibility. Cambridge: Cambridge University Press.

Kane, R. (1996). The significance of free will. Oxford: Oxford University Press.

Mele, A. (2006). Free will and luck. Oxford University Press: Oxford University Press.

Nelkin, D. K. (2011). Making sense of freedom and responsibility. Oxford: Oxford University Press.

Pereboom, D. (2014). Free will, agency, and meaning in life. New York: Oxford University Press.

Clarke, R.; McKenna, M. & Smith, A. M. (Ed.) (2015). The nature of moral responsibility: Newessays. New York: Oxford University Press.

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