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Popularidadee trabalho nãoafectam notasConciliam a escola com as gravações, a publicidadeou as dobragens. Poupam quanto ganham, E, parasurpresa dos pais, meíhoram o rendimento escolarTEXTO EUGENIA RIBEIRO
Comona vida real, também na ficção existem
crianças. E para dar corpo a estas persona-
gens as produtoras recorrem a jovens acto-res. Alguns deles, apesar da tenra idade, somam
já vários anos de carreira, com trabalhos em televi-
são, teatro, publicidade e até cinema. O denomi-nador comum dos relatos ouvidos pela Correio TVmostra que o dinheiro ganho é poupado para in-
vestir na formação e que a prestação escolar até
melhora, apesar dos difíceis horários de gravação.
Foi o teatro que juntou Leonor Vasconcelos e
Henrique Gil. Tinham cinco anos quando, integra-dos no Grupo de Teatro Animarte, representaramos primeiros papéis no Jardim Botânico da Ajuda.
Agora, com 14, voltam a juntar-se na novela 'Dan-
cin'Days', no horário nobre da SIC. Leonor, à se-
melhança dos actores-criança, está agenciada.Estreou-se na televisão em 'Chiquititas'. Tinha
apenas oito anos. Seguiram-se as séries
'Conta-me como Foi' (RTPI), 'Família Mata'
(SIC) e 'Pai à Força' (RTPI). "Gosto muito de
representar, no palco ou nos estúdios. Apesardo 'corta' e 'repete', a TV dá mais 'pica' por-que é vista por mais gente", conta Leonor, queinterpreta Tânia, filha de Nicole (Rita Lello) e
Hernâni (João Ricardo) na novela da SIC. ÀCorreio TV, a jovem revela que apesar do
tempo que dedica à memorização dos textos,aos ensaios e às gravações da novela, os estudos O
Muita gente me pergunta comodecoro os textos. Não sei o queresponder, É uma coisa natural.Vou lendo e decorando. Hojeainda memorizo mais depressaLEONOR VASCONCELOS, ACTRIZ
O em nada foram beliscados. "Até costumo dizer queé mais fácil estudar quando tenho gravações, por-
que tento tirar o máximo proveito do tempo dispo-nível." A mãe, Sandra Martins, confirma à Correio
TV. "Nunca me pude opor a esta actividade por-
que ela tem mérito e sempre pertenceu ao quadrode honra da escola." Provando que "é tudo uma
questão de organização", Leonor sublinha quenem a vida social é afectada: "Tudo é ajustável.Nunca falto às coisas importantes da minha vida."
Henrique Gil, que em 'Dancing' Days' interpreta
Paulo, neto de Amélia (Catarina Avelar), passou
para o 9.° ano, e também foi "sempre bom aluno".
O jovem reconhece que com as gravações "torna-
se mais difícil fazer tudo", e se alguma nota baixa
não é porque descure os estudos, mas porque o
ano lectivo se tornou "mais exigente". Cinturão
castanho no karaté, toca guitarra e saxofone, está
a aprender a andar de skate e fala com paixão do
surf, modalidade que iniciou há um ano. Com tanta
actividade, diz que na vida social "nunca há um sim
garantido", até porque os "horários das gravaçõessão muito irregulares". Sobre o futuro, está "indeci-
so" em seguir a representação, a música ou ciên-
cias para ser "biólogo ou cientista". "Se me tornar
actor nunca deixarei de tirar um curso noutra área,
porque quero aprender outras coisas na vida."
Mas nem todos compreendem a faceta labo-
rai destes jovens e Diogo Carmona, que veste a
pele de Bruno, filho de Aníbal (Vítor Norte) e Áurea
(Custódia Gallego), já passou por essa situação. O
jovem, de 15 anos, recorda um episódio passadonuma escola: "Havia professores que não com-
preendiam bem o facto de estar a fazer televisão. E
chegaram-me a dizer para 'não confundir a TV
com a escola e a vida real'". Também alguns cole-
gas não aceitaram a visibilidade do Diogo: "No 5.°
ano era o mais novo da turma e era gozado. Trata-
vam-me mal. Roubavam-me o almoço, entre ou-tras coisas. Hoje nada disso acontece. Cresci, não
tenho medo e reajo", conta à Correio TV. A verda-
de é que Diogo já faz novelas há dez anos. Es-
treou-se na primeira temporada de 'Morangos', sé-
rie à qual regressou em 2009, no papel de Ivo.
Já Adriana Sá, de 1 2 anos, é uma estreante. A jo-vem revela que teve de declinar todos os trabalhos
para os quais foi escolhida porque vivia no Algarve
As gravações condicionam um
pouco a nossa vida social. Nuncahá um sim garantido, masconsulto o plano das gravaçõespara tentar conciliar as coisasHENRIQUE GIL, ACTOR
com a mãe. No ano passado veio para Lisboa,
com a irmã de 21 anos, para fazer 'Louco Amor'.
A mudança de cidade e de escola, o afastamento
dos pais e o aumento de trabalho com as grava-
ções da novela não afectaram o rendimento esco-
lar desta aluna, que tirou "cinco a todas as discipli-
nas". "No começo, o mais difícil foi decorar os tex-
tos. Mas depressa me habituei. E como só gravavaduas ou três vezes por semana, após as aulas, os
estudos não foram afectados. A minha mãe estava
sempre a chamar-me a atenção de que não podiabaixar as notas. Acabei por estudar mais e subi-
as", conta à Correio TV. A ginástica acrobática foi a
única actividade que abandonou, unicamente por-
que a modalidade não existe na nova escola. "Mas
quero inscrever-me na dança jazz", avisa.
A série da RTP 'Depois do Adeus' conta no seu
elenco com João Sá Nogueira, de 1 1 anos. Depoisde protagonista de anúncios, e da participação no
filme '1989' e em algumas curtas-metragens, a
produção vai marcar a estreia de João em televi-
são. "Foi uma experiência muito boa e gostava de
voltar à TA/", diz à Correio TV. A rotina escolar não
sofreu alterações porque o jovem só gravava "de- O
pois das aulas terminarem". O pai, Miguel Sá No-
gueira, conta que avisou o filho de que só faria anovela se as notas não baixassem. Mas aconteceu
o contrário: "As notas melhoraram e só tirou qua-tros e cincos."
Nos 'Morangos', quem dá vida a Fred é João lláco
Pacheco, de 1 3 anos. Está no 9 o ano e é agen-ciado desde os seis, faz dobragens e vai repre-sentar Martim na próxima novela da TVI, 'Luade Papel'. Para ter mais tempo livre teve de dei-
xar o futsal e cingir-se ao "desporto escolar". O
jovem adianta que as notas "não foram afecta-das" pelas gravações que acontecem "uma
ou duas vezes por semana". "Só nas fé-
rias escolares gravamos mais", diz.
Com a sua imagem na tele-visão, estes jovens passam aser figuras públicas. Aos onze
anos, Matilde Miguel passou de desco-nhecida a protagonista de 'Rosa Fogo',na SIC. Fez um casting através da sua agênciae foi apurada para interpretar Matilde. "Estava no
5.° ano e tive de trocar as aulas de ballet, sevilha-
nas e piano pela novela", revela. "Agora vou reto-
mar algumas das minhas actividades", conta àCorreio TV. Matilde, que quer ser veterinária ou
actriz, diz que tem "tantas saudades" dos acto-res e dos elementos da produção que esteve há
dias na SP a "fazer uma visita". "Muitas pessoasainda se lembram de mim. Dizem que fiz um
grande papel e que estive muito bem. Também
perguntam quando é que faço outra novela",conta. Olga Peixoto, a mãe, diz que é difícil
"apagar" a experiência porque as pessoas narua "estão sempre a recordá-la". "Abordam-
Aprendo muito comos actores mais velhos,mas ainda sou muito novopara me considerar actor.Falta-me formação académicaDIOGO CARMONA, ACTOR
Gostei muito do meu papel, odrama de um jovem sem pais queé explorado por um adulto. Nãofoi difícil porque me abstraía
da presença das câmarasJOÃO SÁ NOGUEIRA, ACTOR
A estreia naficção com'Amanhecer'Aos onze anos es-treou-se na ficçãocom a novela da TVI'Amanhecer', no papel
de filha de FernandaSerrano. Com uma inter-pretação segura e desen-volta, foi convidada paraa novela seguinte, 'Queri-das Feras', e nunca maisparou. Hoje, aos 21 anos,é uma das referências daficção nacional, que o
público viu crescer noecrã. Autodidacta, dizque ainda não afastou aideia de "fazer o Conser-vatório". A par da repre-sentação, fez a licencia-tura em Psicologia.
Acabei a dobragem de'Paranorman', filme de animação.Dei voz a Norman, a personagemprincipal. Comecei a fazerdobragens aos nove anos,JOÃO PACHECO, ACTOR
na a toda a hora. Ela tem saudades, mas geriutudo muito bem e não ficou nada afectada com a
popularidade. Continua a ser a mesma. A TV foi
uma experiência, tal como dançar as sevilhanas."
Henrique Gil começou aos nove anos a fazer televi-
são, mas há muito que protagonizava anúncios.
Enquanto conversa com a Correio TV é abordado
por um casal que lhe pede um autógrafo para a fi-
ha. O jovem não faz da popularidade "um filme".
"É uma coisa normal na minha vida. Não dou
grande importância." E adianta que o facto "não
tem influenciado" o seu crescimento. "Tudo de-
pende da educação que recebemos", afirma.
O reconhecimento público também não é
coisa que afecte Leonor Vasconcelos,
que revela ficar apenas "um bocadinho
envergonhada" se lhe pedem um autó-
grafo. Os pais fazem questão de lem-
brar à jovem actriz que o seu valor "não
pode ser medido pelo reconhecimento,mas por quem ela é".
Já Diogo Carmona, que diz ainda não seconsiderar actor, porque lhe falta "formação
académica", revela que ainda hoje acha "graça"
a quem o reconhece na via pública. "Acotove-lam-se e começam a falar mais alto", conta. Dos
'Morangos' e 'Mundo Meu', passando por 'Flori-
bella' e 'Olhos nos Olhos', todos os trabalhos fo-
ram "importantes" para o jovem que quer ir para aEscola de Teatro de Cascais mal termine o 10.°ano. Diogo, praticante de skate, admite que é "pre-ciso um esforço maior" para conciliar a escola com
as gravações, mas confessa que o faz por "gosto".
Mas como se paga o trabalho feito por meno-res na ficção? Sandra Martins, a mãe de Leonor
Tirei cinco a todas asdisciplinas. Só podiafazer a novela nacondição de não baixaro rendimento escolar
ADRIANA SÁ, ACTRIZ
'Super-pai'uma sériemarcanteActriz e modelocomeçou a fazertelevisão em2000, tinha 12
anos, na série juvenil'S.O.S Criança', da TVI.Mas foi com 'Super--Pai', no papel de Car-minho e ao lado de LuísEsparteiro, que conhe-ceu a popularidade. Em2003 foi Lara na primeiratemporada de 'Morangoscom Açúcar' e no ano se-guinte Margarida em 'OClube das Chaves'. Na últi-ma novela de Maria JoãoMira, 'Anjo Meu', interpre-tou o papel de Clara Sardi-nha, uma radialista.
Vasconcelos, revela que no contrato estabelecidoentre a empresa que agencia a filha e a SP Televi-são, produtora de 'Dancin'Days', o recibo do ca-chet é passado em nome de um dos pais. Mas odinheiro vai direitinho para uma conta aberta emnome da actriz. "Não gasto um cêntimo do meudinheiro. No futuro não quero ficar a trabalhar emPortugal e para isso preciso de estudar lá fora.Para o ano estou a pensar em usar parte desse di-nheiro para ir fazer um curso de Verão de inglês,em Londres ou na Flórida [EUA]."
Sobre o contrato de trabaiho com a agência,Olga Peixoto, mãe de Matilde, conta: "A SP pagadirectamente à agência que nos dá o cachet de-pois de retirar a sua parte e fazer os descontos. Osrecibos são passados em nome dos pais." Quan-do Matilde descobriu que pagava impostos co-nentou: "Ó mãe, como é que eu sou tão pequeni-na e já tenho de descontar?". A conselho de Rogé-'io Samora, com quem mais contracenava, Matilde
revela que o dinheiro que amealhou vai pagar osseus estudos em Londres.
À semelhança de Leonor e Matilde, o dinhei-ro dos cachets de Henrique Gil está guardado nobanco. Admitindo ser "forreta", Henrique vai gas-tando algum dinheiro na aquisição de "instru-mentos musicais e peças para a guitarra". Talcomo os colegas, também Diogo poupa os ca-chets. "Só tiro uma pequena quantia para com-prar uns ténis ou outra coisa de que preciso.Tudo o resto é para gastar no futuro com a mi-nha formação", conclui, d
A SP marcava as gravaçõespara depois das aulas. Vinhambuscar-me e levar-me a casa.Nos intervalos, os actoresajudavam-me com as falasMATILDE MIGUEL, ACTRIZ