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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: ECONOMIA MUNDIAL CONTEMPORÂNEA ARTIGO A ORGANIZAÇÃO E OS ARRANJOS DA ECONOMIA DAS CAMADAS “EMPOBRECIDAS” Mestranda: Maria Aparecida da Silveira Prof.º Dr. LADISLAU DOWBOR JUNHO 2009 M. 8100651

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA: ECONOMIA MUNDIAL CONTEMPORÂNEA

ARTIGO A ORGANIZAÇÃO E OS ARRANJOS DA ECONOMIA DAS CAMADAS

“EMPOBRECIDAS”

Mestranda: Maria Aparecida da Silveira Prof.º Dr. LADISLAU DOWBOR

JUNHO

2009

M. 8100651

2

A ORGANIZAÇÃO E OS ARRANJOS DA ECONOMIA DAS CAMADAS “EMPOBRECIDAS”

1

Maria Aparecida da Silveira Junho de 2009

Resumo: O presente artigo trata dos movimentos da economia em dois circuitos:

“superior e inferior” dos países subdesenvolvidos, bem como dos empobrecidos

desprovidos de créditos oficiais do mundo financeiro, criam suas alternativas e como

encontram meios para sobreviver ao mundo dos desiguais. Deste modo, aborda

também a questão do micro crédito e do desenvolvimento local sustentável através

de alguns dados mundiais e de experiências decorrentes no Brasil.

Palavras-chave: circuito superior; circuito inferior; microcrédito; desenvolvimento

local sustentável.

1 A utilização do termo “empobrecida” é porque os pobres foram empobrecidos, desprovidos dos seus

bens de consumo. Os números referentes às desigualdades sociais demonstram neste artigo, e confirmam o porquê do empobrecimento das camadas inferiores. O quanto lhes é negado o direito de viver com dignidade e respeito pelo ser humano.

3

Instabilidades e incertezas

As camadas sociais “inferiores” dos países de terceiro mundo, vivem há mais

de 50 anos incertezas e instabilidades causadas pela pobreza, assim como a falta

de bens de consumo básicos e de elementos essenciais a vida: emprego, habitação,

saúde, educação, cultura, lazer, etc.

As instabilidades e incertezas têm como causa no problema das migrações,

em que a maioria das pessoas deixa o campo por não terem a posse da terra, ou

seja, eram arrendatários, e dirigiram-se para as cidades urbanas em busca de

segurança e estabilidade econômica, por meio de emprego e moradia.

Porém, ao chegar às cidades estes não encontram as supostas moradias,

como imaginaram e vão morar em favelas, nos locais mais perversos de um centro

urbano. O “perverso” citado aqui é devido a ausência de: saneamento básico, a

insegurança quanto a “propriedade”, em que há qualquer momento podem sofrer um

despejo ou um acidente por deslizamento de terras e/ou por enchentes, etc. E ao

tomar a “decisão” de morar em uma favela (que lhe foi cabível, devido ao baixo

custo de “venda” ou até mesmo de ocupação) estas pessoas não tinham ou têm

total consciência dos graves e grandes problemas localizados. Há sempre

esperança e/ou expectativa de que as coisas possam melhorar.

Estas pessoas buscam, em sua sabedoria e necessidade, morar nas

proximidades do “emprego” ou dos centros reduzir os custos com o transporte

público ou ainda pela acessibilidade do transporte (salvaguardados aqui todas as

restrições ao transporte urbano) que os conduza ao local de trabalho.

Além dos problemas sociais enfrentados, estas pessoas deparam com a falta

de oportunidades para o emprego, seja pela redução de oferta, devido às inovações

tecnológicas ou por baixa escolaridade e qualificação profissional. Os motivos são

os mais diversos, porém o que marca estas distâncias entre as camadas superiores

e inferiores são as diferenças de renda, ou melhor, a desigualdade de renda ou

ainda má distribuição de renda realizada nos países subdesenvolvidos.

4

Santos, p.21 (2008) destaca:

“....o espaço dos países subdesenvolvidos é marcado

pelas enormes diferenças de renda na sociedade, que se

exprimem, no nível regional, por uma tendência à

hierarquização das atividades e, na escala do lugar, pela

coexistência de atividades de mesma natureza, mas de

níveis diferentes. Essas disparidades de renda são menos

importantes nos países desenvolvidos e influenciam muito

pouco o acesso a um grande número de bens e serviços.

Ao contrário, nos países subdesenvolvidos, a

possibilidade de consumo dos indivíduos varia muito. O

nível de renda também é função de localização do

indivíduo, o qual determina, por sua vez, a situação de

cada um como produtor e como consumidor”2.

De acordo, com Santos, essas diferenças de renda podem tomar grandes

proporções variando de região para região. O grande exemplo é o Brasil, quando

focalizamos as regiões norte e nordeste, apesar das investidas de programas sociais

como o Programa Bolsa Família que vem fazendo a diferença na vida de milhares

de pessoas, porém não é possível erradicar a pobreza desses lugares, dado o

número reduzido de oferta de trabalho e da geração de renda.

A desigualdade de renda

Contudo, as desigualdades sociais e de renda continuam em ritmo acelerado,

em que a participação dos 10% mais ricos do mundo aumentou de 51,6% para

53,4% em relação do total da renda mundial3. Consequentemente esse dado

adverso recai sobre a população pobre, que reduz cada vez mais o seu poder de

consumo.

2 SANTOS, Milton – O Espaço Dividido: Os dois circuitos da Economia Urbana dos Países

Subdesenvolvidos – São Paulo: EDUSP, 2008 3 DOWBOR, Ladislau – Inovação Social e Sustentabilidade – São Paulo, 2007 -

http//dowbor.org/07inovacaosocialb.doc apud ONU The Inequality: report on the world social situation, 2005 – Department of Economic and Social Affairs – Um, New York, 2005

5

As diferenças são marcantes no seu conjunto nos países da América Latina,

como nos apresenta Dowbor (2007) apud ONU, Inequality....p.50:

“Uma característica que distingue o padrão de

desigualdade interna na América Latina das outras

regiões é a participação dos 10% das famílias mais ricas

na renda total.” ... “ O fosso mais profundo situa-se no

Brasil, onde a renda per capta dos 10% mais ricos da

população é 32 vezes a dos 40% mais pobres. Os níveis

mais baixos desigualdade de renda na região per capita

dos 10% mais ricos 8,8 e 12,6 vezes mais elevadas do

que as dos 40% mais pobres”4.

Observamos quanto mais avançadas as tecnologias e o consumo; maior o

grau de riqueza, dos mais ricos e, maior o grau de pobreza, dos pobres. Com isso

cresce o número de pobres nos países subdesenvolvidos.

E o que define a pobreza? Na visão de Santos, p.49 (2008):

“Os pobres são aqueles que não têm acesso, de modo

regular, aos bens de consumo corrente considerados

como mínimo indispensável numa certa sociedade. E

muito raramente acesso ao crédito institucional” 5.

Os pobres salvaguardados os seus direitos, em sua maioria, diferentemente

dos grandes bancos e indústrias, etc; não dispõe da contribuição do Estado para

tirá-los do fosso econômico-financeiro, ou melhor, da sua situação de pobreza. O

que percebemos nos países subdesenvolvidos é o pouco investimento em políticas

sociais que promovam o bem estar social, o desenvolvimento dos seres humanos.

Recentemente com a crise financeira, tivemos as informações noticiadas

pelos diversos meios de comunicação o volume de bilhões e trilhões para salvar

4 Idem Dowbor

5 Ibidem SANTOS, 2008.

6

bancos, empresas e outros setores econômicos em todo o mundo. E jamais na

história do sistema capitalista presenciamos algum noticiário: “Governo do País X irá

destinar tantos bilhões ou trilhões para acabar com a pobreza do seu país”. Na verdade isso é

surreal, para esse sistema em que sempre priorizou o capital e as pessoas são

simplesmente (quando os interessa): força de trabalho – uma mercadoria, por isto

seria quase impossível ocorrer o inverso.

Lógico que não bastam grandes investimentos aos empobrecidos, é preciso

um programa de política nacional de desenvolvimento local sustentável. É

necessária uma política de gestão, de acompanhamento e monitoramento dos

recursos a fim de que efetivem ações promotoras de bem estar social. Até que as

pessoas se empoderem e possam assumir o curso dos seus empreendimentos.

O Brasil vem buscando formas de atender a essa demanda, haja visto a

elaboração de uma Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local6, que

agrega diversos atores, instituições da sociedade brasileira, com nove (08) itens de

propostas a fim de alavancar a economia da população mais pobre do país.

Nesta proposta ressalta que “o desenvolvimento não é, meramente, um

conjunto de projetos voltados ao crescimento econômico. É uma dinâmica cultural e

política que transforma a vida social” (http://dowbor.org/09dlfinalnovaedica63p.doc, 2008).

Quando tomamos conhecimento das experiências em comunidades ou pessoas que

conseguiram sair da situação de pobreza absoluta elas relatam e demonstram o seu

crescimento para além do fato econômico. Essas pessoas retomam os estudos,

melhoram a sua auto-estima, tornam-se sujeito da própria vida e tem orgulho em

apresentar isso a sociedade.

Outro fator que cabe destacar os pobres não vivem em situação precária por

falta de criatividade ou vontade, mas por insuficiência ou pouca articulação dos

sistemas de apoio (http://dowbor.org/09dlfinalnovaedica63p.doc,2008). Ou seja, para as

políticas sociais, tenham efetividade é necessária a articulação em rede para assistir

e oferecer elementos que irão fortalecer essa população.

6 http://dowbor.org/09dlfinalnovaedica63p.doc - Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local, 2008.

7

Características dos dois circuitos: superior e inferior7

As cidades, dos países subdesenvolvidos, possuem as mais diversas formas

de organização, porém elas se articulam em dois grandes circuitos: o superior e o

inferior (Santos, 2008). O superior tem origem diretamente na modernização

tecnológica e o inferior por atividades de pequena dimensão de interesse às

populações pobres e, suas relações acontecem localmente ou regionalmente.

A composição do circuito superior é constituída pelos bancos, comércio,

indústria de exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, atacadistas e

transportadores. Já o circuito inferior se constitui essencialmente por formas de

fabricação não- “capital intensivo”, pelos serviços não modernos fornecidos “a

varejo” e pelo comércio não-moderno e de pequena dimensão (Santos, p.40 –

2008).

Como estes dois circuitos caminham lado a lado nos países

subdesenvolvidos, o quadro a seguir irá discorrer aspectos que são pertinentes as

suas composições e conseqüentemente podemos identificar as suas diferenças e

caminhos trilhados em sua organização.

Características Circuito Superior Circuito Inferior

Tecnologia - Importada e de alto nível - Imitativa

- Trabalho intensivo - Frequentemente local - Potencial de criação considerável

Atividades Econômicas

- Dispõe de crédito bancário - Manipula grandes volumes de mercadorias (podem ser reduzidas, em virtude da qualidade do produto e do tipo da clientela)

- crédito pessoal direto – indispensável para o trabalho; - dinheiro líquido para salvar os seus compromissos.

Emprego - Emprega um número importante de estrangeiros, de acordo com o grau de industrialização e de modernização do país.

- Os Empregos são nacionais - Raramente permanente, e sua remuneração situa-se com freqüência no limite ao abaixo do mínimo vital

7 Idem, SANTOS, 2008.

8

Características Circuito Superior Circuito Inferior

Preços/Lucro - São geralmente fixos e suas manipulações supõem margem de lucro contabilizável por longos prazos

- O que vale é o regatear, o pechinchar - O prazo curto é o que prevalece

Acumulação de Capitais

- A acumulação de capitais é indispensável à continuidade das atividades e à sua renovação em função dos progressos técnicos.

- A acumulação de capital não constitui a primeira preocupação, ou melhor, não há preocupação com o lucro.

Custos - Os custos são fixos importantes e aumentam de acordo com o porte da firma para cada lugar e ramo de fabricação.

- Quase não se tem custos fixos, são diretos e a relação com a produção é proporcional, pois a atividade é baseada no “trabalho intensivo”.

Publicidade - É uma das armas utilizadas para modificar os gostos e deformar o perfil da demanda.

- Não é necessária, graças ao contato com a clientela. E não é possível porque a margem de lucro vai diretamente para sua subsistência e de sua família.

Bens de consumo duráveis

- A reutilização dos bens de consumo duráveis é quase nula.

- É facilmente verificável, através dos consertos de roupas, de aparelhos, de veículos e até mesmo na construção de casas.

Estado (Governos) - Este circuito usufrui direta ou indiretamente da ajuda governamental. - A atividade deste circuito depende da existência do overhead capital, solicitado ao

Estado.

- Não dispõe desse apoio e freqüentemente são perseguidos: Ex.: vendedores ambulantes. - Essa condição não é necessária à instalação de suas atividades.

Controle da Economia

- Tende a controlar a economia por inteiro. Esse controle é exercido seja diretamente, seja por intermédio do Estado.

- Tende a ser controlado, subordinado, dependente.

Integração das atividades Econômicas

- As atividades realizadas localmente vão integrar-se numa outra cidade de nível superior, no país ou no exterior

- É apenas local.

Articulação dos circuitos

- As suas articulações ocorrem fora da cidade e região.

- São essencialmente realizadas nas suas cidades e regiões

Extraído Santos, 2008. O Espaço Dividido: os dois circuitos da Economia Urbana dos Países Subdesenvolvidos, p. 39-50.

Estes circuitos têm a ver com a modernização tecnológica, que possibilitou

uma revolução no consumo e, desencadeou a produção em larga escala e juntou-se

9

a divisão internacional do trabalho. Embora o trabalho tenha se globalizado, este é

escasso à camada de trabalhadores e, os mesmos ficam submersos a um mundo de

desestabilização econômica e são obrigados a encontrar meios de sobrevivência

para si e seus familiares.

Segundo Monzoni8, p. 33, 2008:

Há aproximadamente 4 bilhões de pessoas no

mundo, vivendo com menos de US$ 4 por dia.

Destes, cerca de 1,2 bilhão vive em lares com renda

per capita inferior a US$ 1 por dia.

Porém, há diversos setores da sociedade, como as organizações não

governamentais e ou instituições financeiras que vem se mobilizando para modificar

a realidade destas pessoas. Tendo como exemplos de países como Índia,

Bangladesh, Mongólia, Bolívia, Nicarágua e México. Há dois fatores interessantes a

destacar: a) os empréstimos e/ou créditos são para as atividades produtivas (em

geral das zonas urbanas) e, b) principalmente às mulheres. Ao segundo fator das

mulheres cabe-nos uma reflexão. Por que os empréstimos e créditos estão sendo

destinados ao segmento feminino?

Porque se reconhecem nessas mulheres o sujeito principal para a garantia da

saúde e a educação das crianças e, por conseguinte, a sustentabilidade de

gerações futuras.

O número de mulheres chefes de família vem crescendo assustadoramente,

são essas que assumem a total responsabilidade dos lares como nos mostra dados

do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 20069:

8 MONZONI, Mário – Impacto em Renda do Microcrédito, São Paulo, Ed. Peirópolis, GVes – Centro de Estudos

em Sustentabilidade – FGV-EASP, 2008 - Fonte: U.N. Development Reports (baseado em paridade de poder de Compra). 9 Fonte: www.ipea.org.br - Agência do Brasil – IPEA - Dados divulgados em 09/09/2008 fazem parte da 3ª

edição da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

10

Em 13 anos, o total de famílias formadas por casais

com filhos e chefiadas por mulheres cresceu 10

vezes, passando de 3,4%, ou 247.795 famílias, em

1993, para 14,2%, ou 2.235.233 lares, em 2006. O

estudo revela que ao longo da última década, a

proporção de famílias chefiadas por mulheres

passou de 19,7% em 1993 para 28,8% em 2006.

“Supondo-se um padrão de família tradicional

formado por mãe, pai e filhos, sem considerar os

novos arranjos familiares contemporâneos, esse

dado nos leva a pensar num horizonte cultural mais

igualitário entre homens e mulheres dentro das

famílias, seguido de maior empoderamento para as

mulheres”.

O que é interessante destacar que 87,5% das mulheres chefes de

família10 não têm cônjuge. Isso significa que a imensa massa de mulheres está

sozinha na sua tarefa de garantir a sobrevivência e o bem estar-familiar. Ou seja, a

sua renda resume exclusivamente a própria renda, ou no máximo a de um filho mais

velho ou um parente. E as crianças estão mais expostas ao trabalho infantil, daí a

importância de programas de transferências de renda, como o Bolsa Família.

Por outro, lado devido aos cuidados com os filhos, a mulher enfrenta

dificuldades a encontrar trabalhos que lhe dê maior segurança e estabilidade, seja

pelos horários a cumprir, qualificação profissional, os problemas de transportes e,

pela dupla jornada de trabalho – os afazeres domésticos. E mais, o seu trabalho

doméstico, embora, tenham um custo, um valor social e econômico, não é

reconhecido nas contas nacionais (Deputada Luci Choinacki, 2004)11. E esse

trabalho doméstico não-remunerado diminui muito o custo da reprodução da força

de trabalho, porque há sempre uma mulher executando tais tarefas. Caso não o faça

este deverá ser adquirido no mercado.

10

- ABRAMO, Laís – Feminização da Pobreza, Emprego e Renda: Seminário - Brasília, Câmara dos

Deputados, Coordenação de Publicações, 2004 11

Seminário Feminização da Pobreza e Renda, Brasília – Painel 1: Globalização, Pobreza e o Mundo do Trabalho, 2004

11

Laís Abramo, 2004, coloca:

Em outras palavras, as mulheres enfrentam a

pobreza com desvantagens devido a sua posição na

ordem de gênero e na divisão sexual do trabalho. As

mulheres representam um grupo especial entre os

pobres, que se caracteriza por sua alta dedicação a

atividades não remuneradas e por um significativo

grau de dependência econômica em relação aos

homens... A responsabilidade atribuída às mulheres

em relação ao trabalho doméstico e ao cuidado da

família gera desigualdade de oportunidade de

acesso aos recursos produtivos, econômicos,

culturais, sociais e políticos, tem como conseqüência

uma forte limitação do tempo e recursos para investir

na sua formação e no trabalho remunerado12.

Daí a necessidade urgente de políticas e programas que favoreçam as

mulheres pobres, como: educação em tempo integral para seus filhos, saúde,

transporte, elevação de escolaridade, qualificação profissional, etc; a fim de

possibilitar-lhes trabalhar sem grandes dificuldades e problemas adversos e alheios

a sua vontade.

Deste modo, contribui-se para o empoderamento das mulheres. Em que

essas tomarão o total controle dos assuntos de sua própria vida, de seu destino, e

principalmente a consciência do seu papel na sociedade, e de suas habilidades e

competência para produzir, criar e gerir o mundo a sua volta.

Atualmente há diversos bancos, programas sociais, organizações sociais que

estão priorizando as mulheres, muitos por entenderem a importância desse público

na sociedade. Outros ainda não adquiriram essa consciência, mas os resultados de

12

Idem – Seminário, 2004

12

suas ações, como exemplo, o microcrédito já é possível vislumbrar mudanças nos

lares e no local em que vivem.

Microcrédito

A atividade do microcrédito vem sendo difundido nas camadas do ”andar de

baixo” como forma de alavancar esta imensa massa de pobres no mundo, que

representam 2/3 da população mundial13. Esses necessitam urgentemente participar

do progresso mundial, a fim de não perdemos o “bonde” da história da humanidade.

Talvez seja importante apresentar uma definição de microcrédito. Para isso,

MONZONI, p. 31, 200814 coloca:

..”é a concessão de empréstimos de baixo valor a

pequenos empreendedores informais e

microempresas sem acesso formal ao sistema

financeiro tradicional, principalmente por não terem

como oferecer garantias reais. É um crédito

destinado à produção (capital de giro e investimento)

e é concedido com o uso de metodologia

específica”.

O microcrédito possibilita o restabelecimento das economias domésticas e

impulsiona o desenvolvimento local. Na medida em que o desenvolvimento gera

emprego e renda no próprio espaço, onde vivem, estimulam o consumo local,

potencializando-o para o crescimento econômico daquele bairro e/ou região em que

está situado. As pessoas o fazem com grande criatividade e capacidade de

organização.

13

DOWBOR, L. Inovação Social e Sustentabilidade, São Paulo, 2007 – http//dowbor.org/07inovacaosocialb.doc 14

Idem Monzoni – apud NICHTER, Simeon; GOLDMARK, Lara, FIORI, Anita. Entendendo as Microfinanças no contexto brasileiro. RJ: BNDES, 2002. Disponível em: www.bndes.gov.br/ conhecimento/microfinancas/02livreto.pdf

13

Desta maneira, vão silenciosamente combatendo a situação de pobreza

daquela comunidade e reduzindo as desigualdades sociais impostas a essa

camada.

Em leituras realizadas a primeira iniciativa, de que se tem noticia, sobre

microfinanças15:

..”ocorreu no ano de 1846 no sul da Alemanha. Um

inverno rigoroso obrigou fazendeiros locais a ficarem

nas mãos de agiotas. Sem crédito, os fazendeiros

não tinham o que produzir nem o que vender.

Sensibilizado pelos impactos sociais e econômicos,

um pastor, de nome Raiffeinsen, passou a ceder aos

fazendeiros farinha de trigo para fabricação e

comercialização de pão, de maneira que gerasse

capital de giro para seus negócios. Esse

empreendimento, denominado “Associação do Pão”,

acabou crescendo e transformando-se em uma

cooperativa de crédito para a população carente

(Monzoni, p.35, 2008).

Como podemos observar as intempéries da natureza, causadas pelas

conseqüências da ação do homem, cruzada com a ausência de políticas sociais

provocam prejuízos à continuidade dos negócios dos pequenos empreendedores,

que não dispõe de fundos de capitais para tais momentos. Porque tudo o que

produzem é destinado ao consumo imediato, ou melhor, a sua sobrevivência. Temos

presenciado os desesperos de diversas famílias e agricultores com as últimas

chuvas e secas ocorridas no Brasil.

Outro grande exemplo, a respeito do microcrédito, do século XX foi o

Professor de Economia de Bangladesch Muhammad Yunus, em 1974, que

observando a situação daquela população que sofria com a “terrível fome” e, que

15

Entende-se por microfinanças: um conjunto de serviços financeiros (poupança, créditos e seguros), prestados por instituições financeiras ou não, para indivíduos de baixa renda e microempresas (formais e informais) excluídas (ou coma cesso restrito do sistema financeiro tradicional. Monzoni, p. 30, 2008.

14

ocasionou o grande êxodo rural para a capital decidiu fazer algo por aquela

comunidade.

Yunus criou um programa de concessão de empréstimos, começando com o

valor médio de 27 dólares para um pequeno grupo de 42 pessoas. Ele desprezou as

regras convencionais das instituições e contou com o “aval solidário”; as pessoas

eram divididas em grupos de três a cinco pessoas, que se responsabilizaram

solidariamente pelo pagamento do empréstimo. Os poucos dólares se multiplicaram

e se transformaram no Grameen Bank, um banco que em abril de 2006, contava

com 2.121 filiais e atendia a 6,23 milhões de clientes, sendo 97% mulheres, em

67.670 vilarejos de Bangladesh16 (Monzoni, 2008).

Assim como os trabalhadores do sul da Alemanha e os de Bangladesh tantos

outros foram encontrando organizações e/ou instituições financeiras que acreditaram

nessa população e decidiram investir e construir um mundo melhor destinados às

pessoas das camadas empobrecidas.

Atualmente há diversas experiências espalhadas por este planeta,

demonstrando que é possível construir um mundo sem pobres, basta acreditarmos

nas camadas do “circuito inferior” e oportunizar a elas mecanismos que impulsione o

seu empreendimento e dê asas a sua criatividade.

Segundo Monzoni, (2008) vejamos alguns exemplos ao redor do mundo:

A organização não governamental Association For Social Advancement

(ASA), fundou seu programa de microcrédito em 1991, atualmente seu

principal foco está sendo operado na região sul da Ásia e do Pacífico. A ASA

conta com 4,2 milhões de clientes e movimenta cerca de 255 milhões de

dólares. O valor médio de empréstimos é de 61 dólares por pessoa e 87% da

sua carteira ativa de clientes é representada por mulheres;

A Association Of Cambodian Local Economic Development Agencies –

(Camboja), fundada em 1993, atua no segmento de microempréstimos e tem

16

Ibidem Monzoni, 2008 - Site www.bancodopovo.sp.gov.br/startico/arquivos/bpp_download_005.pdf

15

140.000 clientes, dos quais 63% são mulheres. O seu portfólio ativo é de US$

100 milhões.

Nas Filipinas, a Taytay Sa Kauswagan, Inc., fundada em 1986 uma

organização não governamental cristã possui 199.000 clientes, dos quais

82% são mulheres. Movimentam uma carteira de 11,5 milhões de dólares; e o

valor médio de empréstimo é de 70 dólares;

Na América Latina um grande exemplo é BancoSol da Bolívia, fundado em

1997, atualmente possui 61 mil clientes, dos quais 48% são mulheres. A

carteira ativa do banco é de 130 milhões de dólares, com empréstimo médio

de 2.108 dólares. Este vem crescendo devido a mudança de estratégia de

crédito solidário para o crédito individual.

No mundo todo há milhões de dólares sendo creditados aos pequenos

empreendedores e, em sua maioria mulheres, às milhares de pessoas que não

possuem acesso aos recursos financeiros tradicionais e, e que foram excluídas da

sociedade. Ou seja, não possuem o direito de viver com dignidade, através do seu

trabalho e de sua renda.

Como observamos é necessário determinação e confiança àqueles que foram

banidos do direito ao trabalho, a alimentação, a saúde, a educação, a cultura, ao

lazer a fim de obtermos um “outro mundo possível”.

No Brasil, as primeiras experiências de microcrédito surgem em 1973 na

região nordestina: União Nordestina de Assistência a Pequenas Organizações,

conhecida como Programa UNO, em Recife/Pernambuco. O UNO teve apoio de

entidades empresariais, bancos locais e com a assistência técnica da Acción

International (na época Aitec), uma organização não governamental com sede em

Boston.

Este tinha como objetivo o desenvolvimento das áreas rurais por meio de

investimento em irrigação, serviços de extensão agrícola, infra-estrutura e crédito.

Posteriormente se expandiu a alguns municípios da Bahia. Mas, em 1991 o UNO

encerrou suas atividades, por incapacidade de gerar sustentabilidade financeira a

longo prazo.

16

Cabe ressaltar o Banco do Nordeste do Brasil (BNB)17, fundado em 1952,

atua em cerca de 2 mil municípios, que envolve os nove estados da Região

Nordeste e o norte de Minas Gerais (inclui os Vales do Mucuri e Jequitinhonha) e

norte do Espírito Santo. Embora BNB não tenha sido o pioneiro no mercado, o

Programa CrediAmigo, representa 60% do mercado nacional de microcrédito

produtivo em clientes atendidos.

O Programa CrediAmigo está presente em 1.536 municípios da área de

atuação do Banco (Região Nordeste, Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, além

de Brasília e Belo Horizonte) com 318.706 clientes ativos. O atendimento se dá por

meio de uma estrutura logística que dispõe de 170 agências e 63 postos de

atendimentos a clientes, com 1.743 colaboradores operacionalizando o programa

nestas Unidades18. O maior número de clientes é representado pelas mulheres que

assumem o percentual de 65%, contra 35% dos homens.

A taxa de juros é a partir de 1,32% a.m., dependendo dos valores financiados,

das quantidades de empréstimos realizados e dos prazos acertados. O valor do

crédito é de acordo com a necessidade do negócio e a capacidade de pagamento,

sendo inicialmente liberado de R$ 100,00 a R$ 4.000,00, podendo ser renovado com

valor até R$ 10.000,00 por cliente, dependendo da capacidade de pagamento e da

necessidade de dinheiro19.

A liberação do empréstimo ocorre de uma vez só, sendo que o pagamento se

dá até 09 meses para capital de giro e de 36 meses para investimento e sem

carência. Os pagamentos são fixos podendo ser quinzenais ou mensais. E a

garantia ocorre através de forma coobrigado ou pelo aval solidário, isto é, a garantia

dada pelos próprios membros do grupo.

Os créditos têm como destino a indústria, comércio e a prestação de serviços.

No setor indústria destaca-se: alimentos, sapatarias, artesanatos, carpintarias, etc;

comércio: ambulantes, vendedores em geral, mercadinhos, papelarias, armarinhos,

17

Site www.bnb.gov.br 18

Dados referente a dezembro de 2008. www.bnb.gov.br 19

As informações foram adquiridas através de uma solicitação ao BNB através do correio eletrônico e da resposta obtida por meio deste.

17

bazares, farmácias, armazéns, restaurantes, lanchonetes, feirantes, pequenos

lojistas, açougueiros, vendedores de cosméticos e no setor de serviços: Salões de

beleza, oficinas mecânicas, borracharias, etc.

O Brasil tem avançado significativamente em relação ao microcrédito. Em

abril de 2005, através da Lei 11.110 instituiu o Programa Nacional de Microcrédito

Produtivo Orientado (PNMPO), que foi criado com o objetivo de:

Incentivar a geração de trabalho e renda entre os

microempreendedores populares;

Disponibilizar recursos para o microcrédito produtivo orientado;

Oferecer apoio técnico às instituições de microcrédito produtivo

orientado, com vistas no fortalecimento institucional destas para a

prestação de serviços aos empreendedores populares20.

Aparentemente são poucos os esforços de homens e mulheres interessados

e preocupados com a situação de pobreza de, 2/3 da população mundial, 4 bilhões

de pessoas que estão fora, excluídos do mercado. Embora sejam poucos diante da

imensa massa que necessita e clama por solução. Porém, é um passo fundamental

na construção de mundo melhor e que farão a diferença do amanhã. Pois, “investir

em gente é que faz a diferença”21.

Vejamos a seguir duas experiências brasileiras de avanços que estão sendo

dados na direção de minimizar a pobreza no Brasil.

Banco de Palmas – Ceará

Ao iniciar o relato sobre o Banco Palmas cabe trazer a origem do Banco e os

percalços que levaram a sua formação.

O Conjunto Palmeiras é um bairro que está situado ao sul da cidade de

Fortaleza/CE e está a 18 KM da capital. Está com 36 anos de existência e uma

população de 32 mil habitantes em área de 120 hectares.

20

Site www.mte.gov.br/pnmpo 21

Tema do Congresso de Educação – Município de Diadema/SP – 1995.

18

Em 1973, foram despejados da região litorânea da cidade de Fortaleza-

Ceará. O Conjunto Palmeiras é resultado de diversas populações remanejadas de

várias de outras favelas por estar a margem de rio Cocó, que foram removidas a fim

de não apresentarem riscos a vida dos moradores. Estes foram se juntando nesse

espaço e, formou-se uma grande favela. Infelizmente, como em toda a realidade

brasileira, não tinham saneamento básico, água tratada, energia elétrica, educação

e outras políticas sociais.

E de tantas idas e vindas ao poder público e sem resposta, estes moradores

decidiram formar uma Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras –

ASMOCONP em 1981. Com a fundação da Associação, realizaram um

planejamento de 10 anos sobre as necessidades básicas de infra-estrutura para a

comunidade.

Com 09 anos de execução do plano decidiram avaliar até aquele momento

quais foram os avanços, dificuldades, desafios e, principalmente como estavam

vivendo aquelas pessoas. E perceberam que o bairro havia avançado muito em

termos de melhorias nas construções, na infra-estrutura e outros. Porém o “povo

estava muito pobre”.22

A partir daí foram várias reflexões sobre a necessidade de fazer algo para

mudar a situação econômica daquela população. E entre idas e vindas estes tiveram

a idéia de montar um Banco Popular. E a grande questão era onde conseguir

dinheiro para startar o processo financeiro. Foram a uma ONG de Fortaleza, uma,

duas, três, até que venceram pelo cansaço e foram recebidos e decidiram contribuir

com a Associação do Conjunto Palmeiras.

E assim iniciaram o Banco de Palmas com R$ 2.000,00 (dois mil reais). Estes

foram emprestados a cinco microempresários: a dona de um salão de beleza, um

peixeiro, uma vendedora de roupas, uma costureira e um artesão. Emprestaram

22

Exemplo partilhado pela Coordenadora da Incubadora Feminina (Banco de Palmas) – Sandra Magalhães – Seminário Internacional de Economia Solidária no Rio de Janeiro – 2005.

19

todo o recurso adquirido de uma só vez, demorou seis meses para adquirirem

capital de giro.

Aos poucos estes foram angariando mais recursos e, no final de um ano

chegaram a R$ 30.000,00 para dividir com os membros da comunidade que

procurasse o banco. Atualmente circulam por mês, em média R$ 1.200.000,00 no

Banco de Palmas para a comunidade do Conjunto Palmeiras.

O projeto rendeu frutos, e desembocou na criação do Instituto Palmas, que

capacitou 1.800 microempresários, 248 jovens para o primeiro emprego. Ao longo

de uma década foram criados 1.400 postos de trabalho, sendo 80% formais e

beneficiam diretamente 1.200 famílias, sendo que o percentual da inadimplência

chega a 2,5%.

Atuação do Banco Palmas

O Banco Palmas possui uma forma integrada no sistema financeiro e atuam

diretamente em pontos estratégicos da cadeia produtiva do ciclo econômico

sustentável, como:

Capital solidário

Produção sustentável

Consumo ético

Comércio justo.

A filosofia do Banco está voltada para uma rede de solidariedade de produção

e fundamentalmente de consumo local. Para isso, o Banco possui uma linha de

microcréditos para quem quer produzir (criação ou ampliação de um pequeno

negócio) e outra linha que financia compras, como é o caso de produtores e

comerciantes do bairro. A estratégia é criar um círculo vicioso econômico local.

Para que a comunidade possa acessar os instrumentos do Banco é

necessário que seja sócio da Associação de Moradores – ASMOCONP e aceitar as

regras de comprar e vender localmente e ser uma pessoa responsavelmente

20

conhecida. Os instrumentos mencionados são: microcrédito para produção,

comércio ou serviço, cartão de crédito Palmacard e a Moeda Social – PALMAS.

- Microcrédito para produção, comercio ou serviço: microcrédito cedidos para

quem não pode acessar as fontes de financiamentos “oficiais” por causa da

burocracia, exigências quanto ao fiador, nível de renda, patrimônio e outras normas

bancárias. Os créditos concedidos pelo Palmas não exigem documentos, nem

garantias cadastrais. São os vizinhos que oferecem as informações sobre o tomador

do crédito, assegurando que se trata de uma pessoa responsável, com experiência

no ramo da atividade pretendida. O Banco trabalha com um sistema de crédito e

juros evolutivos, para garantir a distribuição de renda. Quem tem mais, paga mais

para subsidiar o empréstimo de quem tem menos. As taxas de juros, que variam de

2% a 3% ao mês, não cobrem totalmente os custos de manutenção do Banco. Este

déficit orçamentário é compensado com o trabalho de voluntários e recursos

financeiros doados (O banco possui 06 pessoas trabalhando efetivamente e 15 no

Instituto Palmas).

- PalmaCard (cartão de crédito que promove microcrédito para o consumo local).

PalmaCard é o cartão de crédito do Banco Palmas, válido para compras somente

no bairro. Cada cartão de crédito tem o valor inicial de R$ 20,00 (vinte reais),

podendo de forma escalonada chegar ao máximo a R$ 100,00 (cem reais). A família

não paga nenhuma taxa para ter o cartão.

- Moeda Social (Palmas) – Através do Projeto Fomento, quando algum recurso é

doado para comunidade, “clona-se” o valor em moeda oficial (real) em igual

montante de moeda social (Palmas), fazendo com que os recursos existentes na

comunidade sejam multiplicados por dois. Atualmente, há em média, 60 mil palmas

circulando nos 192 empreendimentos do Conjunto Palmeiras.

- Empreendimentos Produtivos – são pequenas unidades produtivas, formais e

informais financiadas pelo Banco Palmas. Os empreendimentos são independentes

e interligados por instrumento e regras de solidariedade do sistema Palmas. Utilizam

a logomarca e as estruturas de funcionamento do Banco. Atualmente são quatro

empreendimentos: Grife PalmaFashion (são costureiras que produzem sob

21

encomenda); PalmArt (artesãs); Palmacouros (empresa domiciliar que confecciona

cintos, bolsas e acessórios em couro); e Palmalimpe (produz material de limpeza).

- Palmatech – Centro oferece oficinas e cursos variados nas áreas de capacitação

profissional, gestão de empresas solidárias, criação de redes e instrumentos de

Economia solidária, enfatizando a cultura da cooperação. A Escola é encarregada

pela gestão do conhecimento do Banco Palmas, elaborando materiais pedagógicos,

publicações e relatórios.

- Balcão de Empregos – espaço que atende a população, encaminhando os

trabalhadores desempregados para as empresas. A demanda de ofertas é

localizada através de um computador interligado ao Sistema Nacional de Emprego –

SINE.

- Clube de trocas com moeda social – é uma articulação entre os produtores,

prestadores de serviço e consumidores do bairro, que se reúnem mensalmente para

trocar bens e serviços utilizando a moeda social.

- Feira do Banco Palmas – É um espaço público onde são comercializadas

semanalmente produtos feitos no próprio bairro. É também um instrumento de

reforço a cultura popular, dando oportunidade para apresentação de artistas e outras

apresentações da cultura local. É um momento de encontro entre as famílias e de

troca de experiências entre os feirantes.

- Incubadora Feminina – Projeto direcionado às mulheres em situação de risco

pessoal e social. A estratégia consiste em integrá-las ao circuito produtivo de forma

a garantir-lhes cidadania e renda. É um espaço na sede da Associação equipado

com sala, cozinha, refeitório, banheiros e um galpão onde são realizadas oficinas,

cursos profissionalizantes, ateliê de produção e um Laboratório de Agricultura

Urbana, onde as mulheres são capacitadas para, posteriormente, cultivarem

hortaliças e plantas medicinais no quintal de suas casas. Estas permanecem seis

meses no projeto recebendo todo acompanhamento necessário e ao sair cada

mulher poderá acessar ao BANCO PALMAS para por em prática seu plano de

22

negócio ou engajar em outros projetos produtivos. Todas as mulheres receberão

acompanhamento técnico por mais seis meses.

- Laboratório de agricultura Urbana – Espaço onde se cultiva plantas medicinais,

hortaliças, frutas, flores e criação de galinha caipira. Comporta também um

minhocário e um tanque de compostagem de lixo, tudo numa perspectiva orgânica e

agroecológica. O laboratório é o local onde as famílias aprendem as práticas

agrícolas para desenvolverem nos quintais de suas casas.

- Compras coletivas – organiza famílias de vários bairros da Região Metropolitana

de Fortaleza para juntas comprarem produtos da cesta básica com o próprio

produtor, evitando os atravessadores e reduzindo em 20% o valor da compra.

Parceiros do Banco Palmas

Governamentais

Prefeitura de Municipal de Fortaleza

Sistema Nacional de Empregos – SINE

Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES

Não Governamentais

ASHOKA (é uma organização mundial sem fins lucrativos, pioneira no

trabalho e apoio aos empreendedores sociais. Criada há 25 anos pelo norte

americano Bill Drayton).

Cooperação Alemã

Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa do Estado do Ceará –

SEBRAE

Agência de Desenvolvimento Solidário – ADS/CUT

Coordenadoria Ecumênica de Serviços – CESE

OXFAM – (uma confederação de 13 organizações e mais de 3000 parceiros

que atuam em mais de 100 países na busca de solução para o problema da

pobreza)

STRODIM/STROHALM

NEGIF/NUCOM

Universidade Federal do Ceará – UFC

23

Rede Cearense e Brasileira de Economia Solidária

Moradores do Bairro (Consumidores)

Comerciantes locais.

Esta é uma experiência que vem dando certo. Uma pesquisa realizada pela

Universidade Estadual do Ceará comprovou que 98% dos moradores do Conjunto

Palmeiras acreditam que o Banco Palmas ajudou a melhorar suas vidas e 95%

consideram o Banco um erradicador da fome e promotor de emprego e renda. O

investimento realizado à população do Conjunto Palmeiras contribuiu na diminuição

da violência no bairro e após uma pressão cerrada ao governo do município

proporcionou melhorias na estrutura do bairro, como luz, rede de água e malha

asfáltica.

O projeto teve a visita do Banco Central diversas vezes. O Banco Central

acreditava ser um banco paralelo à moeda nacional. Após uma vistoria minuciosa ao

Conjunto Palmeiras, este reconheceu como um modelo de sistema econômico

comunitário passou até a ser recomendado a outras regiões do país.

Como podemos observar a iniciativa do Banco Palmas, uma idéia da

comunidade, foi capaz de elevar o nível socioeconômico da população local e

fortalecê-la em seus laços comunitários, oportunizando as pessoas o

desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e colaboração mútua.

Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR

Um pouco de realidade e de história

Há um grupo de trabalhadores no mundo, que vêm, chamando a atenção da

sociedade. Estes começaram de forma silenciosa o seu trabalho e em busca da

sobrevivência em torno daquilo que as pessoas descartam por não possuir um valor

de uso ou de troca: são os catadores um número, que cresce no mundo inteiro.

Estimativas do Banco Mundial nos apresenta que há, no mundo em torno, de

2% da população das cidades da Ásia e América Latina sobrevivendo da catação,

24

(Dias, 2007)23. O número de catadores representa uma grande massa de homens e

mulheres excluídos do processo de produção formal e para conseguirem se manter

na jornada da vida, encontram no “lixo” o seu sustento.

Segundo Dias, p. 579 (2007):

...”A atividade de catação, ilustra uma área que vem

sendo paulatinamente explorada, que é o potencial

gerador de renda de programas de reciclagem. Nos

países do chamada terceiro mundo, a reciclagem

ainda se sustenta mais no trabalho informal desse

segmento do que na consciência ecológica – ainda

incipiente – da população. A complexidade e

intensidade do processo de catação varia de país

para país, de local para local, mas, em geral, as

condições de trabalho desumanas, a super-

exploração dos intermediários da reciclagem, o

preconceito da população local e a falta de incentivo

e de apoio do poder público são alguns dos

elementos comuns em quase todos os lugares onde

esta atividade está presente”24.

Embora, a sociedade não reconheça a importância do trabalho dos catadores

e catadoras, estes representam um grande valor na redução de resíduos para os

aterros sanitários e/ou lixões. Para se ter uma idéia o Brasil, com os seus 5.561

municípios, no setor urbano, gera em torno de 140.000 ton/dia. E em média 55% a

60% são destinados aos lixões, pois o país não possui sistema de controle

ambiental e de principalmente de recuperação de energia. A média de geração per

capita no país gera em torno de 0,8KG/hab/dia, sendo que, os grandes centros

23

DIAS, S. M., Do Lixo a Cidadania – Catadores: De Problema Social a questão Sócio Ambiental, SC, 2007 – Anais do II Seminário Nacional sobre Movimentos Sociais, Participação e Democracia. 24

Idem Dias, 2007.

25

urbanos como: Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, o índice atinge facilmente a 1,5

KG/hab/dia25.

Mesmo com todas essas dificuldades, problemas em torno do “lixo” e,

principalmente, da ausência de uma política eficaz para coleta seletiva na maioria

dos municípios do país, o setor de reciclagem tem movimentado por ano, cerca de

oito bilhões de reais26.

O setor de reciclagem tem imenso potencial para o desenvolvimento, basta

que invista em aterros sanitários adequados. Em São Paulo, segundo a Companhia

de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB, dos 645 municípios, 53 estão

com aterros inadequados, O pior município é o de Ilha Comprida a 207 km de São

Paulo, recebeu a pior nota: 1,6. Os motivos para a nota baixa na cidade são simples.

O lixão fica numa área de preservação permanente e não existem os mínimos

cuidados: todos os dejetos ficam em um terreno aberto, não é feita compactação dos

resíduos, e, o entra e sai de pessoas é livre.

Em 1998 a UNICEF realizou uma pesquisa sobre Água e Vida no Brasil e

detectou a presença de 43.230 crianças que catavam no lixo. Vivendo em condições

desumanas e mais estavam trabalhando para “ajudar” os familiares. Com isso,

vários lixões foram interditados, envolvendo Ministério Público e o poder local27.

Retornemos ao catador, não se tem precisão do seu surgimento, porém a

primeira menção encontrada na literatura está no poema de Manuel Bandeira

(1947), quando este escreveu “O Bicho”, em que denunciava o fato das pessoas

viverem em “catando comida entre os detritos” (Bandeira, p.222,1993). Óbvio que

esses catadores não são como os conhecidos na atualidade, que recolhem os

materiais recicláveis e, posteriormente, vendem e adquirem seus alimentos. Isto

porque, neste período o volume de descartáveis era mínimo. Mas, depois de 30

anos o dramaturgo Plínio Marcos escrevendo a Peça de Teatro “Homens de Papel”,

apresenta os conflitos entre o Berrão (personagem na figura do atravessador) e os

25

Site www.cempre.org.br 26

Idem Site Cempre. 27

UNICEF/Fórum Nacional de Lixo e Cidadania, 1999.

26

catadores que coletavam seus materiais através de sacos e disputavam o controle

de seu trabalho.

Podemos observar que estes catadores apresentam uma intensificação de

suas atividades por volta dos anos 70 e na década de 80 o surgimento das primeiras

associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Brasil. E temos

duas situações: a) dos catadores, que trabalha por conta própria, negociando

livremente o seu produto e, b) os organizados em associações e/ou cooperativas,

como uma alternativa è economia de mercado, buscando contrapor a lógica

capitalista, ou seja, um meio de resistir e sobreviver essa imensa massa de

trabalhadores excluída dos setores tidos como formais.

Estima-se que no Brasil há entre 300 mil a 1 milhão de catadores, ou seja um

grande número de trabalhadores, formando uma imensa categoria que necessitam

de políticas sociais e econômicas para darem vazão ao seu ofício, como tantas

outras categorias.

Desse número, segundo o Movimento Nacional dos Catadores(as) de

Materiais Recicláveis MNCR, são 500 (quinhentas) organizações subdivididos em

grupos, associações e cooperativas de materiais recicláveis, que envolvem 40 mil

catadores e catadoras em todo o Brasil.

Atualmente, os catadores e catadoras trabalham para as empresas de

reciclagem. Essa realidade permite o monopólio do mercado e com isso determinar

a remuneração e o preço dos materiais recicláveis. Segundo Luís Henrique da Silva,

ASMARE/MG e membro do MNCR:

... “90% do trabalho de reciclagem é feito pelos

catadores, mas as empresas de reciclagem ficam

com 90% do lucro... Nas grandes metrópoles, onde

há mais materiais recicláveis e onde se concentram

mais oportunidades de renda, o salário médio de um

catador é de um salário mínimo por mês,

27

trabalhando 14 horas por dia. Nas regiões fora dos

grandes centros urbanos, seja no interior ou “nos

colares metropolitanos”, a situação é ainda mais

grave: um catador consegue tirar apenas entre

R$100,00 a R$150,00 por mês” (16/03/2009)28

No final da década de 1990, precisamente meados de 1999, os catadores

realizam o Primeiro Encontro Nacional dos Catadores de Papel. E em junho de 2001

o 1º Congresso Nacional dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis, em Brasília

com a participação de mais de 1.700 catadores e catadoras.

A organização do MNCR tem como objetivo garantir o protagonismo da classe

de catadores, segundo estes oprimidos pelas estruturas do sistema social. O

princípio do Movimento é garantir a independência de classe, que dispensa a fala de

partidos políticos, governos e empresários que possa representá-los.

E acreditam que a prática da ação direta popular, a participação efetiva do

trabalhador em tudo que envolve suas vidas, irá romper com a indiferença do povo e

abrir caminhos para a transformação da sociedade.

Esses trabalhadores lutam pela autogestão e o controle da cadeira produtiva

da reciclagem, a fim de garantir que o seu trabalho não seja, ou esteja, em benefício

de poucos (exploradores – atravessadores e empresários do ramo), mas que

possam trazer avanços na atividade do catador.

Lutas e conquistas

No 1º Congresso Nacional, realizado em Brasília -2001, esses trabalhadores

conscientes de sua cidadania e da importância do seu trabalho, tomaram a iniciativa

de apresentar ao Congresso Nacional um ante-projeto de lei a fim de regularizar a

profissão de catador de materiais recicláveis e a determinação do processo de

industrialização (reciclagem) desenvolvida, em todo o país, priorizando as empresas

sociais de catadores de materiais recicláveis.

28

Ato Público do MNCR em minas Gerais, 16/03/09 publicado na Revista Fórum/MG.

28

E no de 2002, conquistaram através da instituição da portaria 397 a ocupação

de Catador de Material Reciclável, dentro da Classificação Brasileira de Ocupações

(CBO) sob o número 5.192-05.

Funções relacionadas Descrição Sumária

Condições Gerais de Exercício Formação e experiência

Catador de ferro-velho, Catador de papel e papelão, catador de sucata, Catador de vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa), separador de sucata (cooperativa), Triador de sucata (Cooperativa)

Catam, selecionam e vendem materiais recicláveis como papel, papelão e vidro, bem como materiais ferrosos e outros materiais recicláveis.

O trabalho é exercido por profissionais que se organizam de forma autônoma ou em cooperativas. Trabalham para venda de materiais a empresas ou cooperativas de reciclagem. O trabalho é exercido a céu aberto, em horários variados. O trabalhador é exposto a variações climáticas, a riscos de acidentes de trânsito e, muitas vezes, à violência urbana. Nas Cooperativas surgem especializações do trabalho que tendem a aumentar o número de postos, como os de separador, triador e enfardador de sucatas.

O acesso ao trabalho é livre, sem exigência de escolaridade ou formação profissional. As cooperativas de trabalhadores ministram vários tipos de treinamento aos seus cooperados, tais como cursos de segurança no trabalho, meio ambiente, dentre outros.

Fonte: http:// www.mtecbo.gov.br/codigo5192

Os catadores e catadoras consideram um grande avanço em suas lutas,

porém há longo caminho a ser percorrido, a fim de efetivar sua ocupação através da

melhoria das condições de trabalho, dos espaços físicos, aquisição de

equipamentos, capacitação técnica, etc tendo como objetivo melhorar a renda do

catador e conseqüentemente a sua qualidade de vida e familiares.

Recentemente os catadores vêm conquistando espaços e recursos junto ao

Governo Federal, que liberou em julho de 2008, 50 milhões de reais, para a

construção de galpões, aquisição de equipamentos, beneficiamento dos materiais

recicláveis em todo o Brasil.

É salutar mencionar que o atual governo criou o Comitê Interministerial de

Inclusão Social dos Catadores de Materiais Recicláveis, por meio de um Decreto

Presidencial, datado em 11/09/2003, coordenado pelo MDS, por meio da Secretaria

de Articulação Institucional e Parcerias - SAIP, e Ministério das Cidades, Secretaria

29

Nacional de Saneamento (SNSA) é formado por 10 órgãos do governo federal: MMA

– Ministério do Meio Ambiente; MTE – Ministério do Trabalho e Emprego; MCT –

Ministério de Ciência e Tecnologia; MEC – Ministério da Educação; MS – Ministério

da Saúde; MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; SEDH –

Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República; Casa Civil da

Presidência da República; Caixa Econômica Federal; BNDES.

Este cenário é resultado de diversos movimentos dos catadores, como: as

marchas à Brasília, Atos Públicos e dos Congressos realizados nacionalmente e

internacionalmente, extraídos de diretrizes e encaminhamentos necessários aos

avanços da luta dos catadores e catadoras.

Ao longo de dez anos, desde o primeiro Encontro Nacional, foram realizados

quatro congressos, sendo que três obtiveram a participação de outros países da

America Latina, como: Argentina, Chile, Peru, Bolívia, México, Porto Rico, Costa

Rica, Guatemala, Equador, Paraguai, Venezuela, Nicarágua, Haiti e Colômbia.

Forma de Organização do MNCR

O MNCR tem como prática a democracia direta, na qual os espaços

deliberativos do movimento são as bases orgânicas (associações e cooperativas) e

os Comitês Regionais. Assim os debates realizados vão e voltam o que possibilita a

participação de todos os catadores. Cada Comitê Regional indica dois

representantes para a Coordenação Estadual e esta por sua vez indica dois

delegados para a composição da Comissão Nacional.

Rede de catadores de materiais recicláveis

No ano de 2006 o MNCR de São Paulo criou a Rede Cata Sampa reunindo

19 associações e cooperativas da cidade de São Paulo, região do Alto Tietê

Cabeceiras e Litoral Norte Paulista. Esta tem como resultado a necessidade de

organizar e ampliar a luta da categoria dos catadores e fortalecer o processo de

formação e especialização técnica dos catadores.

30

A Rede Cata Sampa tem por objetivo melhorar a qualidade de vida dos

catadores e catadoras e de suas famílias, bem como a região onde atuam por meio

do aumento da renda e do processo de formação em economia solidária. A meta é

garantir a justa comercialização dos materiais captados, pelas cooperativas e

associações que compõem a Rede através do volume fomentado entre os seus

membros e batalhar pelo melhor preço e chegar o mais próximo das empresas

recicladoras, visando a eliminação do atravessador.

A Rede Cata Sampa, atualmente, está comercializando entre 35 a 59

toneladas mês de material reciclável beneficiado (triado e enfardado). Esta forma de

organização está beneficiando mais de 1.000 catadores da área mencionada.

Além de comercializarem em Rede, há também a formação e a capacitação

técnica dos catadores, através de assessorias e, principalmente da troca de

experiências entre as cooperativas e associações.

E mais, captar recursos financeiros que impulsione a sua produção, como

prensas, trituradores de materiais (a fim de elevar o preço dos materiais recicláveis)

e meios de transporte, como caminhões que fazem o carregamento produtos triados

e beneficiados.

Considerações Finais:

Este breve estudo tendo como objetivo apresentar alguns dados e itens para

a reflexão sobre as camadas empobrecidas, tido como, “o andar de baixo” ou como

aborda Santos, 2008, o “circuito inferior” se organiza e mobiliza se afirmando em

sociedade de desiguais e provando através de suas habilidades e capacidades o

que é possível realizar para transformar o impossível em possível.

Estes rompem diversas barreiras as do preconceito, a falta de colaboração de

setores responsáveis pelas políticas públicas, os conflitos do cotidiano e as amarras

do sistema capitalista. Mas, essa camada rompe os grilhões da pobreza e

apresentam o seu diferencial.

31

Como vimos há por algumas experiências e outras tantas espalhadas nesse

“circuito inferior” que estão emergindo de sua condição social para a posição do

andar superior e conseqüentemente com qualidade de vida e aos seus familiares

e/ou dependentes.

Para que as ações sejam efetivas com as camadas empobrecidas é,

fundamental os envolvimentos de diversos setores da sociedade a fim de subsidiar e

oferecer propostas a essa população, municiá-la e acompanhá-la e, por conseguinte

estes se elevarem e tornarem sujeitos da sua própria história. Com esta atuação em

rede: Governo, ONGs, Universidades, Bancos e outros é possível fazer a diferença

na vida de cada pessoa e potencializar suas capacidades e habilidades.

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32

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www.bnb.gov.br

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www.mtecbo.gov.br/codigo5192