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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Fabiana Gonçalves Cipriano Relação entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA SÃO PAULO 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Fabiana Gonçalves Cipriano

Relação entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de

Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

SÃO PAULO 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Fabiana Gonçalves Cipriano

Relação entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Fonoaudiologia, na área de concentração “Clínica Fonoaudiológica”, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orientação da Profª Drª Léslie Piccolotto Ferreira.

SÃO PAULO

2010

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ERRATA – QUADRO 1 Página Linha Onde se lê Leia-se 25 3 10 a 58,2 10 a 41,7 25 4 4,1 a 6,9 4,1 25 9 2 a 20 4 a 20 25 14 4 a 66,1 4 a 38 25 15 14 a 50,4 15 a 32,4 25 20 26,6 a 68,9 19,4 25 21 8 a 26,5 7,5 a 26,5 25 22 6 a 72,9 6 a 38,2 25 23 10,2 a 23 10,2 a 29,2 88 Trabalhadores da

Indústria Ubrig MT. Relação entre ambiente de trabalho, relato de alteração de voz e triagem vocal em trabalhadores metalúrgicos [monografia de especialização]. São Paulo: Centro de Estudos da Voz; 2005.

Desconsiderar

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CIPRIANO, Fabiana Gonçalves

Relação entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo / Fabiana Gonçalves Cipriano – São Paulo, 2010.

96 f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo – Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia. Relationship between vocal disorder and work in a group of

Community Health Agents in the city of São Paulo. 1. Distúrbios da Voz 2. Fatores de Risco 3. Saúde do Trabalhador 4. Programa Saúde da Família

É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto em sua forma impressa, como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/dissertação.

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Banca Examinadora

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“Acredito que muitos transtornos com a voz do trabalhador poderiam ser evitados se houvesse um profissional (fonoaudiólogo) orientando sobre como usar a voz de acordo com sua profissão, situação; além de adequar a necessidade do uso da voz quanto a esforço, excesso de uso da mesma. Gostaria muito que pudéssemos encontrar o serviço de Fonoaudiologia no serviço público de saúde, claro que quase um sonho, mas em todas as UBS, pois noto que na população em geral encontramos muitos casos de pacientes necessitados deste profissional.”

Agente Comunitária de Saúde.

São Paulo, capital.

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Aos fonoaudiólogos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo amor incondicional e por se fazer presente em minha vida.

À Profª Drª Léslie Piccolotto Ferreira, mestra e inspiradora, pela contribuição dada à Fonoaudiologia e pela orientação cuidadosa desta dissertação.

À Profª Drª Emilse Aparecida Merlin Servilha, por apontar novas possibilidades à escrita durante o Exame de Qualificação e, novamente, por aceitar integrar a atual Banca.

À Profª Drª Regina Maria Giffoni Marsiglia, pelo acolhimento no Núcleo de Estudos e Pesquisas: Saúde e Sociedade, por compartilhar o seu conhecimento e enxergar novas perspectivas para esta dissertação.

À Profª Drª Ana Claudia Fiorini, pelas contribuições por ocasião do Exame de Qualificação e por tornar tão instigante o encontro entre a Fonoaudiologia e a Epidemiologia.

À Profª Drª Regina Zanella Penteado, pelo interesse revelado pelo tema e por apontar questões importantes durante o Exame de Qualificação.

À Profª Drª Maria Laura Wertz, pela disponibilidade e sugestões, por ocasião da Pré-Qualificação.

À Profª Drª Marta Assumpção de Andrada e Silva, minha admiração, construída ao longo das aulas e além delas.

À Profª Drª Maria Cecília Bonini Trenche, pela oportunidade de crescimento e aprendizado.

À Profª Drª Susana Pimentel Pinto Giannini, pela disponibilidade e contribuição em diversos momentos de reflexão desta pesquisa.

À Profª Thelma Regina da Silva Costa, pela aposta na Fonoaudiologia.

Aos professores do Mestrado em Fonoaudiologia da PUC-SP, pela contribuição dada à minha formação profissional e pessoal.

Ao Laborvox – PUC-SP, pela convivência e discussões enriquecedoras relacionadas à Fonoaudiologia e, em especial, à voz.

À Virgínia Rita Timi, secretária do Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-SP, pela atenção prestada durante o Mestrado.

À Clélia Riquino, pela dedicada revisão desta dissertação e pelo carinho expresso em cada contato.

Ao Fernando Adami, pela análise estatística.

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Aos meus pais, Sônia e Eugenio, pelo afeto e dedicação; pela paciência e compreensão reveladas ao longo deste percurso.

Ao meu irmão, Junior, por tornar minha vida mais alegre e descontraída!

À Vana Lícia Gonçalves Moraes, tia querida, pelo carinho e torcida constantes.

À fonoaudióloga Ana Carolina de Assis Moura Ghirardi, pelas palavras de incentivo e pela tradução do resumo desta dissertação.

À fonoaudióloga Adriana Aparecida de Oliveira Esteves, pela amizade construída, ao longo do Mestrado, e pelos momentos de tagarelice e descontração.

À Gisele Gouvêa da Silva, companheira na aprendizagem dos caminhos da Fonoaudiologia.

À fonoaudióloga e principalmente amiga, Giuliana Bonucci Castellano, com quem a troca de saberes e práticas é uma constante. Pelo apoio nos momentos bons e menos bons; pelo estímulo e entusiasmo revelado por esta dissertação.

À Leila de Abreu Fantini, pela deliciosa companhia, durante o Mestrado.

Ao fonoaudiólogo Rodrigo Dornelas do Carmo, amigo querido, com quem aprendi que as grandes e sinceras amizades permanecem, mesmo à distância.

Aos Agentes Comunitários de Saúde, que participaram desta pesquisa, meu agradecimento especial.

Aos autores que embasaram esta dissertação, em especial àqueles que tomam a saúde dos trabalhadores como compromisso.

À CAPES, pelo auxílio pesquisa concedido.

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RESUMO

CIPRIANO, Fabiana Gonçalves. Relação entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010.

INTRODUÇÃO: O adoecimento vocal tem levado diversas categorias profissionais a situações de afastamento e incapacidade para o trabalho, o que implica em custos financeiros, pessoais e sociais. Os trabalhadores destacados para esta pesquisa foram os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), uma vez que sua atividade laboral apresenta particularidades que os tornam mais suscetíveis ao comprometimento do bem-estar vocal. Parte-se da hipótese de que há associação entre o desenvolvimento do distúrbio de voz, no ACS, e as adversidades presentes no ambiente e na organização do seu trabalho. OBJETIVO: Analisar a relação entre distúrbio de voz e trabalho, em um grupo de ACS. MÉTODOS: Participaram desta pesquisa 65 ACS atuantes na região Leste do município de São Paulo. Como instrumento para a coleta de dados, elegeu-se a adaptação do questionário Condições de Produção Vocal – Professor (CPV-P), que contou com 40 questões, divididas em quatro partes, a saber: Identificação da Unidade Básica de Saúde (questões 1 a 4); Identificação do Entrevistado (questões 5 a 9); Situação Funcional (questões 10 a 38) e Aspectos Vocais (questões 39 e 40). Os resultados foram duplamente digitados, e submetidos à análise estatística (teste paramétrico Qui-quadrado) para verificar: a frequência autorreferida de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado; a frequência de sintomas vocais atuais; a associação entre os três sintomas vocais atuais mais citados e os aspectos do ambiente e da organização do trabalho. Foram considerados significativos os valores de p com nível ≤ 5% (0,050). O programa estatístico utilizado foi o Stata 8.0. RESULTADOS: Dos 65 (100%) ACS pesquisados, 37 (56,9%) autorreferiram apresentar, no presente e/ou no passado, distúrbio de voz. Os sintomas vocais atuais mais citados foram: garganta seca (40 – 61,5%), cansaço ao falar (35 – 53,9%) e ardor na garganta (33 – 50,8%). Houve associação significativa entre: levar trabalho para casa, roubo de objetos pessoais, intervenção da polícia, violência contra os funcionários e o sintoma vocal garganta seca (p=0,012, p=0,021, p=0,027 e p=0,033, respectivamente); não ter tempo para desenvolver todas as atividades, levar trabalho para casa, dificuldade para sair do trabalho, móveis inadequados, esforço físico intenso, roubo de material da UBS, manifestação de racismo e o sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,023, p=0,043, p=0,019, p=0,040 e p=0,023, respectivamente); poeira, insatisfação no trabalho, estresse no trabalho, depredações, problemas com drogas e o sintoma vocal ardor na garganta (p=0,001, p=0,014, p=0,018, p=0,018 e p=0,011, respectivamente). CONCLUSÕES: Com base nos resultados obtidos, a hipótese inicial de associação entre o desenvolvimento do distúrbio de voz entre os pesquisados e as adversidades presentes no ambiente e na organização do seu trabalho foi confirmada. Assim, acredita-se que estes achados possam contribuir para que o fonoaudiólogo amplie o seu conhecimento acerca do processo de trabalho dos ACS, além de fornecer subsídios importantes para o planejamento de ações voltadas ao bem-estar vocal desta população.

Palavras-chave: Distúrbios da Voz; Fatores de Risco; Saúde do Trabalhador; Programa Saúde da Família.

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ABSTRACT

CIPRIANO, Fabiana Gonçalves. Relationship between vocal disorder and work in a group of community health agents in the city of São Paulo. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010.

INTRODUCTION: Vocal illness has been leading various professional categories to situations of work leaves and inability, which implies in financial, personal and social costs. The workers involved in this study were Community Health Agents (CHA), since their work activity has particular details that make them more susceptible to compromise their vocal well-being. The hypothesis is that there is association between the development in vocal disorders by the CHA and the adversities present in their work environment and organization. AIM: To analyze the relationship between voice disorders and work in a group of CHA. METHODS: The subjects of this study were 65 CHA working in the East region of the city of São Paulo. The instrument used for data collection was an adaptation of the questionnaire named Conditions of Vocal Production – Teachers (CPV-P), which comprised 40 questions divided into four different parts: Basic Health Unit Identification (questions 1-4); Subject Identification (questions 5-9); Work Situation (questions 10-38) and Vocal Aspects (questions 39 and 40). The results were keyed in twice and submitted to statistical analysis (parametric chi-squared test) in order to verify: the self-reported frequency of voice disorder in the past or present; frequency of present vocal symptoms; the association among the three most frequently reported present symptoms and environmental and organization aspects of work; p values ≤ 5% (0,050) were considered significant. The statistics program used was Stata 8.0. RESULTS: Of the 65 (100%) CHA in the study, 37 (56,9%) self-reported having present or past vocal disorders. The most frequently reported present symptoms were: dry throat (40 – 61,5%), tiredness when speaking (35 – 53,9%) and burning in the throat (33 – 50,8%). There was significant association between: taking work home, having personal items stolen, police intervention, violence against employees and vocal symptom dry throat (p=0,012, p=0,021, p=0,027 and p=0,033, respectively); not having enough time to complete all tasks, inadequate furniture, intense physical strain, objects stolen from the health unit, racism and the vocal symptom tiredness when speaking (p=0,023, p=0,043, p=0,019, p=0,040 and p=0,023, respectively); dust, job dissatisfaction, work stress, building destruction, drug issues and vocal symptom burning in throat (p=0,001, p=0,014, p=0,018, p=0,018 and p=0,011, respectively). CONCLUSIONS: Based on the obtained results, the initial hypothesis of association between the development of vocal disorders among the subjects and the adversities present in their work environment and organization was confirmed. Thus, these findings may contribute so that the Speech-Language Pathologists can broaden their knowledge of the CHA work processes, as well as providing important subsidies to plan actions aimed towards the vocal well-being of this population.

Keywords: Voice Disorders; Risk Factors; Working Conditions; Family Health Program.

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SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................................................................................................... 12

2 Objetivos ...................................................................................................................................................................................... 16

2.1 Objetivo geral ......................................................................................................................................................................... 16 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................................................................................ 16

3 Revisão da Literatura ............................................................................................................................................................... 17

3.1 Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho: da elaboração do documento à produção científica ....................... 18 3.2 Políticas Públicas de Saúde no Brasil: da implantação do Sistema Único de Saúde à inauguração do Programa Saúde da Família ..................................................................................................................................................... 26

3.2.1 Antecedentes do Programa Saúde da Família: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde ......... 29 3.2.2 O Programa Saúde da Família e o processo de mudança do modelo assistencial..................................... 31

3.3 Agentes Comunitários de Saúde: da criação às práticas desta nova ocupação..................................................... 34 3.3.1 Fonoaudiologia e Agentes Comunitários de Saúde: um encontro de interesse recíproco ......................... 39

4 Métodos ....................................................................................................................................................................................... 44

4.1 Delineamento do estudo ..................................................................................................................................................... 44 4.2 Local e população do estudo .............................................................................................................................................. 44 4.3 Instrumento ............................................................................................................................................................................ 45 4.4 Procedimentos ...................................................................................................................................................................... 46 4.5 Variáveis do estudo .............................................................................................................................................................. 47 4.6 Análise dos dados ................................................................................................................................................................ 47

5 Resultados .................................................................................................................................................................................. 49

5.1 Caracterização da população estudada .......................................................................................................................... 49 5.2 Aspectos vocais .................................................................................................................................................................... 50

6 Discussão.................................................................................................................................................................................... 58

7 Conclusões ................................................................................................................................................................................. 76

8 Referências Bibliográficas ..................................................................................................................................................... 77

9 Anexos ......................................................................................................................................................................................... 86

Anexo 1 – Referências Bibliográficas do Quadro 1 ............................................................................................................. 87 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ................................................................................... 89 Anexo 3 – Questionário: Condições de Produção Vocal – Professor (CPV-P) ........................................................... 90 Anexo 4 – Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CEP-PUC-SP) e Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde (CEP-SMS) ............................................................. 94

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LISTA DE QUADRO, GRÁFICO E TABELAS

Quadro 1 – Dados relativos às pesquisas nacionais elaboradas e supervisionadas pelo Laborvox – PUC-SP, subsidiadas pelo questionário CPV-P (em sua versão completa, adaptada ou em partes), entre os anos de 2000 e 2010, quanto à frequência autorreferida de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado, e de sintomas vocais atuais, entre os trabalhadores .................................................................................................................................... 25

Gráfico 1 – Distribuição percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado (n=65) .................................................................................................... 50

Tabela 1 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais e sua associação com a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado (n=65). ......................................................................................................................................................... 52

Tabela 2 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e sua associação com os aspectos do ambiente (n=65). ................................................................................................................................. 55

Tabela 3 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e sua associação com os aspectos da organização do trabalho (n=65) ....................................................................................................... 56

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LISTA DE SIGLAS

ACS Agente Comunitário de Saúde

CEP-PUC-SP Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

CEP-SMS Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde

CEREST-SP Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado de São Paulo

COSAT-MS Comissão de Saúde e Ambiente de Trabalho do Ministério da Saúde

CPV-P Condições de Produção Vocal – Professor

DRGE Doença do Refluxo Gastroesofágico

ESF Estratégia Saúde da Família

Laborvox – PUC-SP Laboratório de Voz da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

NOB Normas Operacionais Básicas

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PIASS Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento

PSF Programa Saúde da Família

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RGE Refluxo Gastroesofágico

SBFa Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

SESP Serviço Especial de Saúde Pública

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

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1 Introdução

As relações entre as condições de vida e trabalho da população não se

constitui em tema recente. MARSIGLIA et al. (2003) destacam que tais relações

são retratadas desde a Antiguidade, por autores egípcios e gregos. Em

documento elaborado pelo Ministério da Saúde, intitulado Doenças relacionadas

ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde (BRASIL, 2001),

entre os determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidos os

condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais, responsáveis

pelas condições de vida e aspectos relacionados ao ambiente e à organização,

presentes nos processos de trabalho.

A Saúde do Trabalhador tem como objeto de estudo e intervenção as

relações entre trabalho e saúde-doença. Em oposição à Medicina do Trabalho e à

Saúde Ocupacional (MINAYO-GOMES e THEDIM-COSTA, 1997), aproxima-se de

conceitos formulados pela Medicina Social Latino-Americana (LAURELL, 1991),

relativos à determinação social do processo saúde-doença. Como campo de

práticas e conhecimentos, relaciona-se com a Saúde Pública, em sua vertente

programática, e com a Saúde Coletiva, ao abordar os aspectos referentes ao

sofrimento, adoecimento e morte de grupos sociais inseridos em processos

produtivos (LACAZ, 2007).

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Nesta concepção, trabalhadores

(...) são todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como empregados, assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores – particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção. São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remuneradas – habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego (BRASIL, 2001, p. 17).

No que se refere à Fonoaudiologia, no Brasil, a ocorrência de distúrbios de

voz em trabalhadores é explicitada em diversas pesquisas (FERREIRA et al.,

2003, 2007 e 2008; UBRIG, 2005; ARAKAKI et al., 2006; COUTINHO, 2009).

Nesta direção, WILCZYŃSKA et al. (2008), ao analisarem as doenças

profissionais diagnosticadas em 2007, na Polônia, destacam que as maiores taxas

de incidência observadas, entre outras, foram os distúrbios crônicos da voz, que,

como mencionam FERREIRA et al. (2009), se apresentam de modo contínuo e

sem expectativa de melhora.

Neste cenário, apresentam-se duas possíveis abordagens, na prática

fonoaudiológica, junto aos trabalhadores acometidos por distúrbios de voz: a

primeira, que prioriza os aspectos individuais e biológicos (idade, influências

hormonais, refluxo gastroesofágico, entre outros), somados aos maus hábitos

vocais (excesso de uso da voz, má hidratação, drogas em geral, entre outros); e a

segunda, tomada como base para esta pesquisa, que, a partir de uma concepção

ampliada do processo saúde-doença, com ênfase em seus determinantes sociais,

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condições de vida e trabalho (MARSIGLIA et al., 2003), entende o adoecimento

vocal para além dos aspectos individuais e biológicos, considerando também a

dimensão social e histórica do trabalho e do processo saúde-doença.

Autores como FERREIRA et al. (2003 e 2007); PENTEADO e PEREIRA

(2007); SERVILHA e PEREIRA (2008); GIANNINI (2010) reiteram esta posição, ao

reconhecerem que o adoecimento vocal, entre os trabalhadores, é resultado de

múltiplos fatores: além dos aspectos de origem individual e biológica, e hábitos

vocais, também as adversidades do ambiente (ruído, poeira, mobiliário

inadequado, entre outras) e da organização do trabalho (jornada prolongada,

sobrecarga, acúmulo de atividades e/ou funções, entre outras) atuam como

fatores de risco para o desenvolvimento do distúrbio de voz.

As questões que abrem este parágrafo, sugeridas por BARROS e

CARVALHO (2006, p. 173), mostram-se importantes para se refletir sobre a

relação trabalho e saúde-doença: “É possível trabalho sem saúde? É possível

saúde sem trabalho?” Para os autores, o trabalho nunca é neutro em relação à

saúde e concluem que a saúde apenas pode ser entendida como uma produção

dinâmica, em que a busca do equilíbrio é o que está em questão e jamais o

equilíbrio em si, como categoria absoluta.

Os trabalhadores destacados para esta pesquisa foram os Agentes

Comunitários de Saúde (ACS), uma vez que, como apontado por CIPRIANO

(2008), sua atividade laboral apresenta particularidades que os tornam mais

suscetíveis ao comprometimento do bem-estar vocal. Parte-se da hipótese de que

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há associação entre o desenvolvimento do distúrbio de voz, no ACS, e as

adversidades presentes no ambiente e na organização do seu trabalho.

Dentre as pesquisas realizadas1, no campo da Fonoaudiologia, a respeito

dos ACS, a maioria está voltada para a intervenção e capacitação dos mesmos e

pouco se analisou sobre a perspectiva de sua saúde, como trabalhador.

Com base nestas considerações, esta pesquisa pretende analisar a relação

entre distúrbio de voz e trabalho em um grupo de ACS atuantes no município de

São Paulo. Em especial, sobre as questões de produção vocal, destaque será

dado aos aspectos relacionados ao ambiente e à organização do trabalho.

Acredita-se que estes achados possam contribuir para que o fonoaudiólogo

amplie o seu conhecimento acerca do processo de trabalho destes sujeitos, além

de fornecer subsídios importantes para o planejamento de ações voltadas ao bem-

estar vocal desta população.

1 Tais pesquisas serão apresentadas no capítulo 3, Revisão da Literatura.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Analisar a relação entre distúrbio de voz e trabalho, em um grupo de

Agentes Comunitários de Saúde do município de São Paulo.

2.2 Objetivos específicos

1) Analisar a frequência autorreferida de distúrbio de voz, no presente e/ou

no passado;

2) Analisar a frequência de sintomas vocais atuais;

3) Analisar a associação entre a frequência autorreferida de distúrbio de

voz, no presente e/ou no passado, e a freqüência de sintomas vocais

atuais;

4) Analisar a associação entre os três sintomas vocais atuais mais citados e

os aspectos do ambiente e da organização do trabalho.

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3 Revisão da Literatura

Este capítulo está dividido em três partes, a saber: Distúrbio de voz

relacionado ao trabalho: da elaboração do documento à produção científica;

Políticas Públicas de Saúde no Brasil: da implantação do Sistema Único de Saúde

à inauguração do Programa Saúde da Família; Agentes Comunitários de Saúde:

da criação às práticas desta nova ocupação.

Na primeira parte, a partir de uma perspectiva histórica, é apresentada a

elaboração do documento Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho, assim como

pesquisas que se ocuparam da investigação da ocorrência do distúrbio de voz em

diferentes categorias profissionais.

Na segunda, é esboçado o percurso histórico das Políticas Públicas de

Saúde no Brasil, a partir da década de 1980, momento de eminente discussão

acerca do setor saúde e consequente implantação do Sistema Único de Saúde.

Em seguida, são retratados: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o

Programa Saúde da Família.

A terceira e última parte discorre acerca das experiências iniciais de

inserção do Agente Comunitário de Saúde, assim como suas atribuições e seu

processo de trabalho. Ainda são analisadas as pesquisas no campo da

Fonoaudiologia, no que diz respeito a estes trabalhadores.

A fim de facilitar o encadeamento das ideias, apenas o item 3.3.1,

denominado Fonoaudiologia e Agentes Comunitários de Saúde: um encontro de

interesse recíproco, foi ordenado de forma cronológica.

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3.1 Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho: da elaboração do documento à produção científica

Em muitas profissões, a voz é essencial para a viabilização do trabalho. Os

profissionais que dependem do uso da voz para o exercício da sua profissão são

considerados, por fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas, profissionais da voz2

(FERREIRA et al., 2007; FERREIRA, 2010). Historicamente, religiosos, atores,

cantores, professores, advogados e vendedores são alguns dos profissionais que

fazem parte desta categoria (BEHLAU et al., 2005). No entanto, nos últimos anos,

observa-se um aumento significativo de profissionais que utilizam a voz

intensamente em suas atividades; entre eles, podem ser citados: operadores da

Bolsa de Valores, teleoperadores e leiloeiros (SOUZA e FERREIRA, 2000). Para

BEHLAU et al. (2005), este aumento se deve à modernização e à especialização

dentro das profissões. VILKMAN (2004) destaca que, na sociedade atual, cerca de

um terço dos profissionais dependem da voz na atividade laboral.

Entretanto, vale considerar que cada grupo profissional faz uso da voz de

modo particular em seu trabalho. Os cantores, por exemplo, necessitam de ajustes

vocais específicos, conforme as exigências de cada gênero musical; por outro

lado, os professores, apesar da elevada demanda vocal a que são submetidos,

não necessitam de uma qualidade vocal específica (BEHLAU et al., 2005;

ANDRADE et al., 2007). Neste sentido, COSTA et al. (2000) sugerem a

classificação dos profissionais da voz de acordo com as características de uso da

2 No Brasil, a primeira classificação dos profissionais da voz foi proposta por FERREIRA (1995). São citados, pela autora: cantores, de diferentes gêneros musicais; atores; dubladores; locutores; repórteres; telefonistas; professores, de diferentes áreas e graus; padres; pastores; fonoaudiólogos; operadores; vendedores; leiloeiros; camelôs; políticos; diretores; gerentes; encarregados de sessão; supervisores; advogados; promotores e juízes.

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voz em cada grupo profissional, a partir de quatro fatores: demanda (tempo e

intensidade do uso da voz, local e condições de trabalho); requinte (necessidade

de ajustes vocais específicos); dependência (limitação da atividade de trabalho

diante de dificuldades vocais) e repercussão (impacto que a voz traz nos

resultados da atividade de trabalho).

Dentre os profissionais da voz, o professor é o que aparece, em maior

número, como sujeito de pesquisas realizadas por fonoaudiólogos brasileiros,

possivelmente, devido ao excesso de uso da voz em ambiente desfavorável ao

seu trabalho (SERVILHA e PEREIRA, 2008; FERREIRA et al., 2009). O

adoecimento vocal tem levado diversas categorias profissionais a situações de

afastamento e incapacidade para o trabalho, o que implica em custos financeiros,

pessoais e sociais (VERDOLINI e RAMIG, 2001; CEREST-SP, 2006).

O Laboratório de Voz da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(Laborvox – PUC-SP3) tem organizado seminários anuais desde 1994

(denominados Seminários de Voz da PUC-SP) e, a partir de 1997, tais eventos

têm sido voltados à discussão do distúrbio de voz4 como doença relacionada ao

trabalho. Tal iniciativa ocorreu, a princípio, devido ao grande número de

profissionais da voz que, no decorrer da sua atividade de trabalho apresenta

algum tipo de comprometimento vocal.

3 O Laborvox – PUC-SP é um grupo de estudos e pesquisas em Fonoaudiologia que reúne alunos, fonoaudiólogos e demais interessados nas questões relacionadas à voz. Maiores detalhes podem ser obtidos em: <www.pucsp/laborvox>. 4 Nesta pesquisa, optou-se pelo termo distúrbio de voz (COSTA et al., 2000) para designar qualquer tipo de disfonia; ou seja, será visto aqui como sinônimo de alteração vocal.

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Em abril de 2004, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do

Estado de São Paulo (CEREST-SP), em parceria com o Laborvox – PUC-SP,

organizou um Fórum de Debates a fim de discutir o distúrbio de voz como doença

relacionada ao trabalho. Para tanto, foram convidados diferentes profissionais,

representantes de diversos segmentos da sociedade, entidades de classes e

representantes sindicais. O evento resultou na elaboração de um documento

técnico, nomeado Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho. Trata-se de uma

proposta de instrução normativa5 que, entre outras, aponta para o modo com que

os aspectos do ambiente e da organização do trabalho atuam como fatores de

risco para o desenvolvimento do distúrbio de voz, bem como o impacto gerado na

vida do trabalhador acometido pela doença (CEREST-SP, 2006).

Em novembro de 2004, o Laborvox – PUC-SP, em parceria com o

CEREST-SP e a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), organizou o XIV

Seminário de Voz da PUC-SP, intitulado Disfonia relacionada ao trabalho: da

construção do documento à uma nova prática, para a apresentação e discussão

do referido documento.

O XIX Seminário, ocorrido em 2009, mais uma vez contou com a parceria

do CEREST-SP. O evento teve início com o resgate histórico da elaboração do

documento Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho, bem como aspectos

importantes e pessoas envolvidas nesta trajetória. Merece destaque a presença

5 Instrumento que tem por finalidade padronizar os procedimentos administrativos no âmbito da administração pública. Trata-se de uma norma técnica que visa regulamentar ou implementar o que está previsto em Lei. Como exemplo, pode ser citada a instrução normativa nº 98/2003, que beneficia os trabalhadores acometidos por Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Disponível em: <http://www.mte.gov.br>.

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da Drª Maria da Graça Hoefel, representante da Comissão de Saúde e Ambiente

de Trabalho do Ministério da Saúde (COSAT-MS), que retratou sua experiência na

elaboração e publicação de protocolos referentes à saúde do trabalhador junto a

este órgão, e apontou a importância de pesquisas de natureza epidemiológica

para subsidiar tais ações políticas (ANAIS DO XIX SEMINÁRIO DE VOZ DA PUC-

SP, 2009).

Assim, com o intuito de aprimorar o diagnóstico e a terapêutica do distúrbio

de voz, a partir da sua relação com o ambiente e a organização do trabalho, é

proposta a classificação de uma nova categoria: o distúrbio de voz relacionado ao

trabalho, definido como:

(...) qualquer alteração vocal diretamente relacionada ao uso da voz durante a atividade profissional que diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou a comunicação do trabalhador. Os fatores ambientais e organizacionais do trabalho atuam como fatores de risco para o desenvolvimento da doença, que freqüentemente ocasiona incapacidade laboral temporária. Pode ou não haver uma lesão histológica nas pregas vocais secundária ao uso vocal (CEREST-SP, 2006, p. 3).

Deste modo, é possível reconhecer que o distúrbio de voz relacionado ao

trabalho é resultado de múltiplos fatores, tais como: as adversidades do ambiente

(ruído, poeira, mobiliário inadequado, entre outros) e da organização do trabalho

(jornada prolongada, sobrecarga, acúmulo de atividades e/ou funções, entre

outros), assim como os aspectos de origem individual e biológica, além dos

hábitos vocais (ingestão de água, drogas em geral, sono, entre outros). No

entanto, deve-se considerar a intensidade e o tempo de exposição do trabalhador

a estes fatores.

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FERREIRA et al. (2009) pontuam que o distúrbio de voz relacionado ao

trabalho tem início insidioso, com predomínio dos sintomas vocais no final do dia

de trabalho e piora no decorrer da semana. Após repouso noturno, finais de

semana e férias, a voz tende a melhorar. Entretanto, aos poucos, tais sintomas se

apresentam ininterruptamente e sem expectativa de melhora. As autoras

mencionam, ainda, que os sintomas vocais mais comuns são: rouquidão; cansaço

ao falar; ardor e/ou dor na região da garganta e pescoço; dificuldade em manter a

voz; voz fraca; pouca resistência ao falar e perda da voz.

Nos primórdios da Fonoaudiologia, os fatores individuais e biológicos,

reconhecidos pela clínica fonoaudiológica e apresentados na literatura,

constituíam o foco de atenção do fonoaudiólogo junto aos trabalhadores que

apresentavam distúrbios de voz. Nesta direção, FERREIRA (2004) e PENTEADO

e SERVILHA (2004) comentam que o fonoaudiólogo, no início da sua prática,

marcada, prioritariamente, pelo empréstimo do referencial teórico e instrumental

da Medicina, oferecia uma abordagem de cunho prescritivo, no qual toda e

qualquer ação do trabalhador, tida na literatura como prejudicial à voz, era

condenada. Pode-se afirmar que a tendência era culpar o trabalhador por cometer

algum uso ou abuso vocal inadequado e por persistir com hábitos vocais

negativos, mesmo após terem sido orientados quanto aos riscos (FERREIRA,

2004; ZENARI, 2006).

Hoje, mesmo que de maneira ainda tímida e escassa, no que diz respeito à

produção científica, é possível considerar que o fonoaudiólogo vem ampliando o

seu olhar quanto aos vários aspectos que favorecem a ocorrência do distúrbio de

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voz entre os trabalhadores. Deste modo, entende-se que os fatores de origem

individual e biológica, isoladamente, não são os únicos responsáveis por

caracterizar a etiologia da doença.

Neste sentido, o Laborvox – PUC-SP tem se dedicado à elaboração e

supervisão de pesquisas sobre a ocorrência do distúrbio de voz em diferentes

categorias profissionais, além da identificação dos aspectos relevantes para a sua

determinação. Tais pesquisas, em sua maioria, são subsidiadas pelo instrumento

Condições de Produção Vocal – Professor (CPV-P6), elaborado por FERREIRA et

al. (2007) e proposto, prioritariamente, para o levantamento das condições de

produção vocal de professores.

Trata-se de um questionário autorreferido, de fácil compreensão e

preenchimento, e que abarca, em suas 84 questões, as condições

sociodemográficas (idade, sexo, estado civil e escolaridade); situação funcional

(aspectos do ambiente e da organização do trabalho); aspectos gerais de saúde,

hábitos de vida e aspectos vocais. Por esta sua abrangência, tem subsidiado

diversas pesquisas nacionais e internacionais, junto a diferentes sujeitos e grupos

de trabalhadores, seja em sua versão completa, adaptada ou em partes, conforme

o interesse do pesquisador.

6 O questionário CPV-P (FERREIRA et al., 2007) é composto por 84 questões, divididas em 6 partes: I) Identificação do Questionário (única parte de preenchimento exclusivo do pesquisador); II) Identificação do Entrevistado; III) Situação Funcional; IV) Aspectos Gerais de Saúde; V) Hábitos de Vida; VI) Aspectos Vocais. Em sua maioria, as questões são apresentadas em escala ordinal e solicitam explicitar a frequência das ocorrências (0. nunca 1. raramente 2. às vezes 3. sempre 4. não sei).

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A seguir, serão apresentados os resultados de pesquisas nacionais

elaboradas e supervisionadas pelo Laborvox – PUC-SP, entre os anos de 2000 e

2010. Foram selecionadas somente aquelas que envolvem grupos de

trabalhadores, devido à temática desta dissertação.

Um recorte especial foi feito para destacar apenas as questões que

levantaram a presença de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado, e de

sintomas vocais atuais, entre os trabalhadores, a saber: questão 67 (“Você tem ou

já teve alteração na sua voz?”), 76 (“Quais sintomas vocais você tem, atualmente”)

e 77 (“Quais sensações relacionadas à garganta e à voz você tem, atualmente?”).

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Quadro 1 – Dados relativos às pesquisas nacionais elaboradas e supervisionadas pelo Laborvox – PUC-SP, subsidiadas pelo questionário CPV-P (em sua versão completa, adaptada ou em partes), entre os anos de 2000 e 2010, quanto à frequência autorreferida de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado, e de sintomas vocais atuais, entre os trabalhadores7.

Professores e

Educadores de Creche (%)

Teleoperadores e Vendedores

(%)

Trabalhadores da Indústria

(%)

Agentes Comunitários de Saúde

(%)

Distúrbio de voz 30 a 82,8 19 a 23,8 7,1 a 16,7 42,9

Rouquidão 20,8 a 93,4 18 a 28,6 10 a 58,2 33,3

Perda da voz 18,9 a 58,6 4,8 a 9,5 4,1 a 6,9 7,1

Falha na voz 32,5 a 48,6 11 a 27 ---- 14,3

Falta de ar 19 a 56,4 ---- ---- 32,1

Voz fina 10,3 a 17,2 2 ---- 3,6

Voz grossa 16,1 a 64,4 9,5 a 18 33,2 14,3

Voz variando grossa/fina 15,5 a 43,6 ---- 2 a 20 14,3

Voz fraca 19,2 a 60,6 11 a 19 ---- 7,1

Picada na garganta 13,8 a 17 ---- ---- 10,7

Areia na garganta 15,5 a 37,9 ---- ---- 14,3

Bola na garganta 16,7 a 52,1 ---- ---- 14,3

Pigarro 42 a 82,4 18 a 33,3 4 a 66,1 21,4

Tosse seca 44,8 ---- 14 a 50,4 28,6

Tosse com catarro 16,1 a 44,8 ---- 21,7 a 29,4 14,3

Dor ao falar 23,6 a 61,8 4,8 ---- 10,7

Dor ao engolir 18,4 a 54,9 ---- ---- 7,1

Dificuldade para engolir 8,3 a 20,7 ---- ---- 14,3

Ardor na garganta 25,7 a 74,1 11 a 23 26,6 a 68,9 21,4

Secreção/catarro na garganta 23 a 66,3 ---- 8 a 26,5 25

Garganta seca 45,8 a 86,1 28,6 a 53 6 a 72,9 32,1

Cansaço ao falar 29,2 a 86,7 22 a 33,3 10,2 a 23 32,1

Esforço ao falar 51,7 a 86,1 4,8 a 17 ---- 10,7

7 As referências bibliográficas utilizadas na elaboração deste Quadro encontram-se no Anexo 1 e podem ser visualizadas na pág. 87.

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3.2 Políticas Públicas de Saúde no Brasil: da implantação do Sistema Único de Saúde à inauguração do Programa Saúde da Família

Durante a década de 1980, o processo de redemocratização no Brasil deu

ênfase à cidadania política e houve o fortalecimento dos movimentos sociais

(LIPAY e ALMEIDA, 2007; FURLAN, 2008b). Dentre eles, destacou-se a Reforma

Sanitária Brasileira, movimento que culminou na redação do artigo 196, da

Constituição Federal de 1988, e na implantação do Sistema Único de Saúde

(SUS) (SANCHEZ et al.,2008).

O SUS, instaurado em 1988, confere uma nova concepção à saúde, que se

torna direito de todo cidadão, garantido mediante políticas públicas, sociais e

econômicas. As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde são

priorizadas e afirma-se a participação da comunidade neste processo. A iniciativa

privada poderá participar em caráter complementar (BRASIL, 1988).

Neste contexto, o SUS é organizado em diretrizes e pressupostos (BRASIL,

2003), a saber:

Diretrizes: 1) Descentralização, com administração única em cada esfera de

governo, com ênfase na municipalização das ações e serviços de saúde; 2)

Atendimento Integral, com definição das prioridades dentro de cada nível de

atenção (básica, média e alta complexidade) e 3) Participação da Comunidade,

por meio dos representantes que integram os Conselhos de Saúde.

Pressupostos: 1) Essencialidade, a saúde como direito fundamental do

cidadão e como função do Estado; 2) Universalização, a saúde como direito de

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todos; 3) Integração, participação conjunta e articulada das três esferas de

governo no planejamento, financiamento e execução; 4) Regionalização, o

atendimento realizado mais próximo do cidadão, preferencialmente pelo município;

5) Diferenciação, a autonomia da União, dos Estados e dos Municípios na gestão,

de acordo com as suas características; 6) Autonomia, a gestão, independente dos

recursos, nas três esferas de governo; 7) Planejamento, a previsão de que os

recursos da saúde devem fazer parte do orçamento da Seguridade Social8, nas

três esferas de governo; 8) Financiamento, garantido com recursos das três

esferas de governo e 9) Controle das ações e serviços de saúde.

Nesta ocasião, algumas iniciativas, por parte do Ministério da Saúde,

criaram condições para a operacionalização do Sistema. A Lei nº 8.080, de 19 de

setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção, e

recuperação da saúde, além da organização e funcionamento das ações e

serviços de saúde. A Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, pontua a

participação da comunidade na gestão do SUS por meio das Conferências e dos

Conselhos de Saúde9. Foram criadas, ainda, as Normas Operacionais Básicas

8 A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações, de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (BRASIL, 1988). 9 As Conferências de Saúde ocorrem a cada quatro anos, com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação da saúde e propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis nacional, estadual e municipal (Lei nº 8.142/90). Os Conselhos de Saúde são instâncias colegiadas e permanentes, com poder deliberativo. Entre outras finalidades, servem para garantir a participação regular do cidadão na elaboração das diretrizes gerais da política de saúde e definição das metas, com vistas ao alcance dos objetivos traçados para a política de saúde; na formulação das estratégias de implantação das políticas de saúde; no controle sobre a execução das políticas e ações de saúde e no controle sobre a utilização dos recursos públicos da área da saúde. É a forma de controle e participação da sociedade na definição e no acompanhamento da execução das políticas de saúde estabelecidas. São formados por representantes da população usuária do SUS, por prestadores de serviços e por profissionais da saúde (BRASIL, 2003).

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(NOB), que são instrumentos de regulação do Sistema editados, periodicamente,

pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de reorganizar e definir prioridades

acerca das ações e serviços de saúde (ROSA e LABATE, 2005).

No entanto, desde o início do processo de implantação do SUS, algumas

dificuldades, de diferentes ordens, colocaram-se para a sua operacionalização10,

dentre as quais, pode-se destacar, a resistência ao modelo assistencial,

influenciado, prioritariamente, pelo paradigma biológico, – baseado na doença e

em ações curativas individuais – à proposta de reorientação deste modelo,

visando à integralidade das ações e serviços de saúde (VIANA e DAL POZ, 2005).

De acordo com PAIM (2003, p. 71), o modelo assistencial equivale à área que

reúne os mais relevantes obstáculos para a implantação de um sistema de saúde.

ALVES (2005) comenta que esta realidade apontava não somente à

necessidade da reorientação do modelo assistencial, como também sinalizava a

direção que esta reorientação precisava assumir, de forma que se adequasse à

proposta do SUS.

Diante deste cenário, o Ministério da Saúde implanta dois novos

Programas: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa

Saúde da Família (PSF).

10 Autores como VIANA e DAL POZ (2005); ROSA e LABATE (2005) analisaram este período.

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3.2.1 Antecedentes do Programa Saúde da Família: o Programa de Agentes Comunitários de Saúde

A trajetória do Programa Saúde da Família tem início em 1991, quando o

Ministério da Saúde forma o Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(VIANA e DAL POZ, 2005; ROSA e LABATE, 2005).

O PACS, importante estratégia no aprimoramento e na consolidação do

SUS, teve seu início na região Nordeste do país, visando contribuir para uma

melhor qualidade de vida, investindo, prioritariamente, na educação em saúde

(BRASIL, 2001; LEVY et al., 2004; SILVA e DALMASO, 2006). Inspirado em

experiências11 de prevenção de doenças por meio de informações e de

orientações sobre cuidados de saúde, o objetivo do Programa consiste na

contribuição para a reorganização dos serviços municipais de saúde e na

integração das ações entre os diversos profissionais, com vistas à ligação efetiva

entre a comunidade e as unidades de saúde, sendo o ACS um facilitador de tal

processo (BRASIL, 2001; FURLAN, 2008b).

As principais ações do PACS ocorrem por meio dos ACS, pessoas

escolhidas dentro da própria comunidade para atuarem junto à população. No

PACS, cada ACS é responsável por 400 a 700 pessoas, de acordo com as

11 Tais experiências foram abordadas por SILVA e DALMASO (2006). As autoras justificam a implantação do PACS devido à existência de diversas experiências anteriores na atenção básica, em quase todo país, sendo que, em muitas delas, o ACS, ao integrar a equipe, não atuava apenas como um elo entre a população e o serviço de saúde, mas, especialmente, por sua capacidade de resolver e/ou evitar parte expressiva dos problemas que geravam o congestionamento do Sistema. Referem-se também à importante contribuição do ACS, ao oferecer procedimentos simplificados de ações de saúde voltados para práticas da medicina preventiva, diminuição da morbi-mortalidade no Brasil e, por consequência, para o SUS. Também serviram de base, para o Ministério da Saúde aderir ao Programa, as avaliações positivas em diversas localidades, entre as quais, Ceará, Vale do Ribeira, São Paulo e a contribuição dos ACS no combate à epidemia de cólera.

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necessidades locais, e realiza atividades de prevenção de doenças e promoção da

saúde por meio de ações educativas, nos domicílios e na comunidade. Tais ações

são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro, inserido em uma Unidade de

Saúde (na proporção máxima de 30 ACS para cada enfermeiro), o qual atua como

instrutor-supervisor. Este enfermeiro também é responsável pela capacitação dos

ACS, que é desenvolvida de acordo com as necessidades da comunidade

(BRASIL, 2001; MARTINES e CHAVES, 2007).

Em novembro de 1994, o Programa já se encontrava implantado em 987

municípios do país, de 17 estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e

incluía um total de 33.488 ACS (SILVA e DALMASO, 2006).

Assim, a partir da experiência e do êxito acumulados com o PACS, da

importância dos ACS no sentido de auxiliar a comunidade no cuidado da sua

saúde, e da necessidade de incorporar novos profissionais para que os mesmos

não atuem de forma isolada, o Ministério da Saúde forma o PSF, como estratégia

de consolidação e reorganização da prática de assistência pública à saúde,

propondo-se a aprimorar e ampliar o atendimento à população (VIANA e DAL

POZ, 2005; ROSA e LABATE, 2005; SANCHEZ et al., 2008).

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3.2.2 O Programa Saúde da Família e o processo de mudança do modelo assistencial

O Programa Saúde da Família foi criado em 1994, momento em que o

Ministério da Saúde toma a atenção básica em saúde12 como principal estratégia

reorganizadora do Sistema (ELIAS et al., 2006; CANESQUI e SPINELLI, 2008;

CLEMENTE et al., 2008).

O objetivo geral do Programa, de acordo com o Ministério da Saúde

(BRASIL, 1997), consiste em contribuir para a reorientação do modelo

assistencial, a partir da atenção básica, em conformidade com as diretrizes e

pressupostos do SUS, a fim de proporcionar uma nova dinâmica de atuação nas

UBS, com definição das responsabilidades entre os serviços de saúde e a

população.

Para tanto, o PSF conta com o trabalho em equipe multiprofissional de

saúde. Cada equipe de saúde é formada, minimamente, por um médico, um

enfermeiro, dois auxiliares de enfermagem e quatro a seis ACS, que atuam com

definição do território de abrangência, adscrição da clientela, cadastramento e

acompanhamento das famílias residentes na área. Pretende-se que a Unidade de

Saúde da Família13 constitua a porta de entrada do sistema local e o primeiro nível

12 A atenção básica é o primeiro nível de atenção em saúde a ser ofertado, por todos os municípios, com qualidade e suficiência para sua população. Contempla o conjunto de ações estratégicas mínimas, necessárias para a atenção adequada aos problemas de saúde mais frequentes na maior parte do território brasileiro. Apresenta como princípios fundamentais: integralidade, qualidade, equidade e participação social (BRASIL, 2003). 13 A Unidade de Saúde da Família é uma unidade pública de saúde destinada a realizar atenção contínua nas especialidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde, características do nível básico de atenção (BRASIL, 1997).

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de atenção, o que pressupõe a integração à rede de serviços mais complexos

(BRASIL, 1997; SILVA e TRAD, 2005; ESCOREL et al., 2007).

É recomendável que cada equipe de saúde seja responsável por 600 a

1.000 famílias (2.400 a 4.500 pessoas). A equipe necessita conhecer a realidade

das famílias e do seu território de abrangência; identificar os problemas de saúde

prevalentes e as situações de risco às quais a comunidade está exposta; elaborar,

com a participação da comunidade, um programa de atividades para enfrentar os

determinantes do processo saúde-doença; prestar assistência integral às famílias

sob sua responsabilidade, com ênfase nas ações de promoção à saúde e

desenvolver ações educativas e intersetoriais relacionadas aos problemas de

saúde identificados na comunidade. Outros profissionais poderão ser incorporados

às equipes de saúde, de acordo com as necessidades e características do local

(BRASIL, 1997; ESCOREL et al., 2007).

Os profissionais das equipes de saúde são responsáveis por sua população

adscrita, devendo residir no município onde atuam, trabalhando em regime de

dedicação integral. Os ACS, por sua vez, devem residir nas suas respectivas

áreas de atuação, a fim de garantir a vinculação e a identidade cultural com as

famílias sob sua responsabilidade (BRASIL, 1997).

Assim, no exercício de suas atividades, os ACS podem ser encontrados em

duas situações distintas (NOGUEIRA et al., 2000; BRASIL, 2006): 1) ligados a

uma Unidade de Saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família ou 2)

ligados a uma Unidade de Saúde da Família, como membro da equipe

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multiprofissional de saúde. Nos municípios onde há somente o PACS, este é

considerado como estratégia transitória para o PSF, já que, a partir do ano de

2000, o Ministério da Saúde decidiu não mais expandir o número de ACS sem

conexão com o PSF.

Entendido, atualmente, como Estratégia Saúde da Família (ESF), o PSF

expandiu-se em todo país, sob incentivo do Ministério da Saúde, e, no final do ano

de 2002, já estava implantado em 4.114 municípios brasileiros. Em 2007, contava

com cerca de 27.324 equipes de saúde e 211 mil ACS, fazendo a cobertura de

aproximadamente 88 milhões de pessoas (RIBEIRO et al, 2004; ESCOREL et al.,

2007; RONZANI e SILVA, 2008).

Assim, procurou-se descrever, de forma breve, a política pública de saúde

em que o ACS está inserido, enquanto trabalhador.

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3.3 Agentes Comunitários de Saúde: da criação às práticas desta nova ocupação

SILVA e DALMASO (2002) e FURLAN (2008a) discorrem, de maneira

bastante elucidativa, a propósito das experiências iniciais de inserção e práticas

do Agente Comunitário de Saúde. Segundo as autoras, desde a década de 1940,

algumas experiências nas Políticas Públicas de Saúde, no Brasil14, assinalaram

para a potencialidade da inclusão de pessoas da comunidade em equipes de

saúde da atenção básica, no sentido de auxiliar no desenvolvimento das práticas

de saúde e aproximar a população dos profissionais.

As autoras destacam que os visitadores sanitários ou agentes de saúde,

como chamados nestas experiências, eram angariados na própria comunidade

beneficiada, responsáveis por auxiliar o acompanhamento, feito pelos

profissionais, às famílias, em suas residências. Seria uma forma também, por

intermédio deles, de incentivar a discussão dos problemas de saúde locais e a

participação ativa das famílias no cuidado da saúde. A maior parte dos visitadores

sanitários ou agentes de saúde, escolhida para trabalhar nos programas, realizava

alguma atividade em benefício da comunidade, seja em igrejas, escolas,

associações ou como cuidadores, parteiras leigas, curandeiros locais, entre

outros.

O Ministério da Saúde, ao reconhecer na figura do ACS importante

estratégia para contribuir no aprimoramento e consolidação do SUS, elabora

14 Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), anos 1940; Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), décadas de 1970 e 1980 e Programa de Agentes Comunitários de Saúde do Ceará (PACS-Ceará), anos 1980.

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alguns instrumentos legais15, no sentido de regulamentar a atuação destes

trabalhadores.

Em dezembro de 1997, a Portaria Ministerial nº 1.886 estabelece, no seu

Plano de Ações e Metas, priorizar os Programas de Agentes Comunitários de

Saúde e de Saúde da Família, estimulando sua expansão, em todo território

nacional. No mesmo documento, são aprovadas as atribuições destes

trabalhadores, nos dois Programas. Assim, cabe ao ACS:

(...) realizar mapeamento de sua área de atuação; cadastrar e atualizar as famílias de sua área; identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco; realizar, através de visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias sob sua responsabilidade; coletar dados para análise da situação das famílias acompanhadas; desenvolver ações básicas de saúde nas áreas de atenção à criança, à mulher, ao adolescente, ao trabalhador e ao idoso, com ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças; promover educação em saúde e mobilização comunitária, visando uma melhor qualidade de vida mediante ações de saneamento e melhorias do meio ambiente; incentivar a formação dos conselhos locais de saúde; orientar as famílias para a utilização adequada dos serviços de saúde; informar os demais membros da equipe de saúde acerca da dinâmica social da comunidade, suas disponibilidades e necessidades; participação no processo de programação e planejamento local das ações relativas ao território de abrangência da Unidade de Saúde da Família, com vistas a superação dos problemas identificados (BRASIL, 1997, p. 17-18).

Nota-se que a maior parte das ações são desenvolvidas fora da Unidade,

constituídas por visitas domiciliares e contatos realizados nas ruas. Neste sentido,

“a valorização do diálogo – a conversa como instrumento de trabalho” – é

destacada por SILVA e DALMASO (2002, p. 80). VASCONCELOS (2002)

considera a voz do ACS, na interlocução com os usuários, essencial para o

desenvolvimento da sua ocupação.

15 Portaria nº 1.886/1997; Decreto nº 3.189/1999 e a Lei nº 10.507/2002, posteriormente revogada pela Lei nº 11.350/2006.

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A visita domiciliar é considerada a atribuição principal do ACS e articula-se

ao trabalho em equipe, especialmente quando este se depara com alguma

dificuldade (por exemplo: não aderência ao tratamento, faltas repetidas a

atendimentos, entre outras), e a leva ao conhecimento da enfermeira ou para ser

discutida em reunião diária da sua equipe (SILVA e DALMASO, 2006;

BORNSTEIN e STOTZ, 2008).

Entretanto, TRINDADE et al. (2007) reconhecem que, em decorrência das

visitas domiciliares, os ACS estão expostos a variações climáticas (temperaturas

muito altas, no verão, e muito baixas, no inverno), além da poeira, fumaça e ruído

provenientes das ruas e dos automóveis. Estas condições podem desencadear

e/ou agravar quadros de alergia e infecções respiratórias, entre outros males

relacionados às condições climáticas e do ambiente onde atuam.

Na mesma pesquisa, as autoras observam que, as longas caminhadas

diárias, acrescidas do material de trabalho (mochila, balança para pesagem de

crianças, entre outros), predispõem os ACS a algumas debilitações, como:

comprometimento na coluna, dores nas pernas, surgimento de varizes e dores de

cabeça.

A rua e os espaços coletivos como ambiente de trabalho são considerados,

por LANCMAN et al. (2007), lugares de exposição intensa à violência, agressões

verbais e, por vezes, físicas; que, consequentemente, refletem na saúde, no

desenvolvimento das atividades e nas relações interpessoais dos trabalhadores.

Acerca disto, FORTES e SPINETTI (2004) afirmam que a rua e os domicílios,

como parte do cotidiano dos ACS, tornam os mesmos mais vulneráveis às

situações de medo e conflito, em especial nas grandes metrópoles.

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A escolha de pessoas da própria comunidade, na atuação da equipe de

saúde, para desempenhar o papel de ACS, tem por finalidade, entre outras, o

aumento da efetividade das ações de saúde (NUNES et al., 2002). Frente a esta

afirmação, NOGUEIRA et al. (2000) conferem ao ACS o papel de mediador ou elo

entre os serviços de saúde e a comunidade. Nesta direção, o Ministério da Saúde

destaca que:

O agente comunitário de saúde funciona como elo entre a equipe de saúde e a comunidade: um contato permanente com as famílias, o que facilita o trabalho de vigilância e promoção de saúde. É também um elo cultural, que potencializa o trabalho educativo, à medida que faz a ponte entre dois universos distintos: o do saber científico e o do saber popular (LEVY et al., 2004, p. 199).

No entanto, para CUSTÓDIO et al. (2006); BACHILLI et al. (2008) e

JARDIM e LANCMAN (2009), o contato permanente com a comunidade predispõe

estes trabalhadores a um maior envolvimento emocional, além de maior

proximidade da realidade (e, por consequência, dos problemas) de onde moram e

trabalham.

Cabe acrescentar que, entre os autores que analisaram as atribuições e o

processo de trabalho dos ACS16, SILVA e DALMASO (2002, 2006) observaram

dois componentes principais na atuação destes trabalhadores:

(...) um, mais estritamente técnico, relacionado ao atendimento aos indivíduos e famílias, a intervenção para prevenção de agravos ou para o monitoramento de grupos ou problemas específicos, e outro, mais político, porém não apenas de solidariedade à população, da inserção da saúde no contexto geral de vida, mas, também, no sentido de organização da comunidade, de transformação dessas condições (SILVA e DALMASO, 2002, p. 77). [grifo nosso]

16 Dos quais, destacam-se: NOGUEIRA et al, 2000; SILVA e DALMASO, 2002, 2006; BORNSTEIN e STOTZ, 2008.

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NOGUEIRA et al. (2000) pontuam que estes dois componentes indicam um

dilema permanente na atuação destes trabalhadores e que aparece,

principalmente, na dinâmica da prática cotidiana, ao que SILVA e DALMASO

(2006, p. 75) chamam de “identidade ocupacional-social do agente comunitário de

saúde”.

Ciente da complexidade que caracteriza a atividade de trabalho dos ACS,

PERES (2006) afirma que a falta de clareza do seu papel, seja para eles próprios,

para a equipe de saúde e/ou para a comunidade, acarreta ansiedade, tensão e

estresse.

Na área da saúde, SILVA e DALMASO (2006) consideram que, algumas

profissões são mais estáveis e apresentam maior grau de autonomia profissional,

considerada na dimensão técnico-científica, como é o caso do médico. As autoras

esclarecem, ainda, que o ACS não é considerado profissional, possivelmente, pela

ausência de um saber operativo específico17.

Diante do exposto, RIBEIRO et al. (2004) e CAMELO e ANGERAMI (2004)

concordam que as condições de trabalho apontadas predispõem estes

trabalhadores a estresse, conflitos e insegurança, além de dificultar possíveis

iniciativas de mudança, por parte dos mesmos.

17 Para melhor entendimento desta questão, recomenda-se a leitura de SILVA e DALMASO (2002).

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3.3.1 Fonoaudiologia e Agentes Comunitários de Saúde: um encontro de interesse recíproco

A seguir, serão apresentadas algumas pesquisas, publicadas no campo da

Fonoaudiologia (especificamente, artigos científicos e dissertações de mestrado),

que focalizam o Agente Comunitário de Saúde.

VASCONCELOS (2002) realizou um trabalho de intervenção, junto a um

grupo de ACS na cidade de Jataí (GO), constituído de dois encontros: no primeiro,

o objetivo foi esclarecer o que é Fonoaudiologia e seu campo de atuação, e, no

segundo, foram abordados dados referentes à anatomia e fisiologia vocal e

cuidados com a voz. A autora analisa a importância deste tipo de iniciativa, por

parte do fonoaudiólogo, por considerar que a voz do ACS, na interlocução com os

usuários, é importante para o cumprimento da sua atividade de trabalho.

SÁ (2007) realizou uma pesquisa com o objetivo de identificar o

conhecimento de um grupo de ACS sobre Fonoaudiologia e discutir aspectos da

formação destes trabalhadores que poderiam favorecer a atuação dos mesmos,

junto à população. Foram selecionados seis ACS, de uma equipe do PSF,

atuantes na cidade de Campo Grande (MS). A pesquisa foi realizada por meio de

entrevista semi-dirigida e cada ACS foi entrevistado individualmente, sendo

necessários três encontros, de aproximadamente 30 minutos cada, no período de

três meses. Após a transcrição das entrevistas, os dados foram organizados em

dois conjuntos temáticos, a saber: a formação dos ACS e o conhecimento dos

ACS sobre a Fonoaudiologia. Os resultados indicaram que a formação dos

participantes está centrada nos seguintes assuntos: Políticas Públicas de Saúde;

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estratégias de implementação; organização dos sistemas locais de saúde;

mapeamento; cadastramento; visitas domiciliares; acolhimento; humanização;

coleta e análise de dados; ou seja, foi observada uma lacuna no que se refere à

promoção da saúde, atenção básica e vigilância em saúde. Com relação ao

conhecimento dos ACS sobre questões relacionadas à Fonoaudiologia, a autora

concluiu que está limitado à fala (mais especificamente, “troca de letras”) e

audição, e sugere ações fonoaudiológicas mais efetivas, junto a estes

trabalhadores, com o intuito de favorecer a atuação dos mesmos, junto à

comunidade.

BRITES et al. (2008) analisaram a eficácia de um processo de formação em

Fonoaudiologia, desenvolvido com ACS, com base na concepção teórica de

educação radical em saúde18. Participaram da pesquisa cinco ACS atuantes em

uma equipe do PSF no município de Santa Maria (RS). Inicialmente, os ACS

foram submetidos a uma entrevista coletiva semi-estruturada, com o objetivo de

obter dados iniciais sobre a equipe e seu conhecimento em relação à

Fonoaudiologia. Em seguida, por meio da técnica de grupo focal, foi realizada a

intervenção junto aos ACS, baseada em ações educativas, a partir da concepção

de educação radical em saúde. A frequência dos encontros foi semanal, com

duração de aproximadamente uma hora e meia cada, totalizando oito encontros,

18 Assim como propõe a promoção em saúde, o modelo radical de educação em saúde prioriza a relação horizontal entre os sujeitos (trabalhadores e usuários), ou seja, reconhece que o usuário é também portador de um saber sobre o processo saúde-doença-cuidado, capaz de estabelecer interações dialógicas, junto aos serviços de saúde, a fim de ampliar e aperfeiçoar as estratégias de enfrentamento. Busca atingir seus objetivos no trabalho com grupos, na perspectiva de que tal espaço promova o aumento da consciência crítica, por meio do diálogo e da troca de saberes entre os sujeitos (BRITES et al., 2008). Para maiores esclarecimentos sobre o modelo tradicional de educação em saúde e o modelo radical de educação em saúde, sugere-se a leitura de SOUZA et al., 2007.

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no período de dois meses, e perfazendo um total aproximado de doze horas, nos

quais se discutiu aspectos preventivos e promocionais, em Fonoaudiologia, a

partir da demanda trazida pelos presentes. Segundo as autoras, os ACS

demonstraram uma visão predominantemente relacionada à prática clínica

fonoaudiológica, de modo especial aos distúrbios de fala e escrita, surdez e

acamados. A intervenção teve início com enfoque no modelo tradicional de

educação em saúde, contrariando a proposta inicial e, ao longo dos encontros,

com a estimulação do diálogo, apoio de imagens impressas e semelhança dos

assuntos abordados com fatos cotidianos vividos pelos ACS, assumiu-se a

proposta de modelo radical de educação em saúde. Por fim, concluíram que a

intervenção realizada foi eficiente para a abordagem dos assuntos propostos,

embora reproduzisse, prioritariamente, o modelo tradicional de educação em

saúde.

O trabalho de MELO (2008) teve como objetivo avaliar a efetividade da

videoconferência como ferramenta de ensino, na capacitação de ACS, na área de

saúde auditiva infantil. Participaram do estudo 50 ACS, provenientes de sete

equipes do PSF, e de uma equipe do PACS, atuantes na cidade de Bauru (SP).

Os trabalhadores foram divididos em dois grupos, ou seja, 31 deles tomaram parte

da capacitação, de forma presencial (grupo controle), e 19, por meio de

videoconferência (grupo pesquisa). A escolha dos participantes ocorreu de

maneira aleatória, no momento da entrega do material didático. Deste modo, em

cada grupo havia ACS de todas as equipes. As duas capacitações (presencial e

por videoconferência) realizaram-se simultaneamente, em um encontro de oito

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horas, a fim de garantir que o mesmo conteúdo fosse ministrado aos dois grupos,

em concomitância. Foi aplicado um mesmo questionário, pré e pós-capacitação,

contendo perguntas específicas a respeito do tema desenvolvido, a fim de verificar

o grau de conhecimento sobre saúde auditiva infantil, pelos ACS, nos dois

momentos. Os dois grupos responderam, também, ao término da capacitação,

outro questionário voltado à avaliação da metodologia de ensino, visando,

principalmente, a análise qualitativa da videoconferência como ferramenta de

ensino. Ambos os questionários foram aplicados a fim de realizar, posteriormente,

a análise comparativa do desempenho dos mesmos. De acordo com a autora,

ambos os grupos apresentaram resultados positivos, quando considerado o

desempenho apresentado no instante pré e pós-capacitação, de forma mais

expressiva para o grupo controle (que participou de forma presencial). A análise

qualitativa da videoconferência como metodologia de ensino comparada à

capacitação presencial, de acordo com a visão dos ACS, foi muito semelhante,

sendo considerada de fácil entendimento, permitindo a interação com o

ministrante. Ao final, a autora concluiu que a videoconferência, como metodologia

de ensino, é efetiva para a capacitação dos ACS, na área de saúde auditiva

infantil, porém, deve ser utilizada de maneira complementar à capacitação

realizada de forma presencial.

CIPRIANO (2008) desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de conhecer

as condições de produção vocal em um grupo de ACS e sua associação à

presença de distúrbio de voz. Participaram 28 ACS, atuantes em uma UBS do

município de São Paulo, os quais responderam a um questionário que obteve o

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levantamento de: dados pessoais, situação funcional, aspectos gerais de saúde,

hábitos de vida e aspectos vocais. Dos participantes, 42,9% autorreferiram

manifestar, no presente e/ou no passado, distúrbios de voz e, segundo eles, as

principais causas que justificam este distúrbio correspondem à exposição ao frio

(30,8%), infecção respiratória (23,7%) e ao uso intensivo da voz (23,1%). Foi

observada ainda associação significativa entre a presença autorreferida de

distúrbio de voz e as queixas relacionadas a problemas emocionais (p=0,009),

problemas na coluna (p=0,038) e média de sono inferior a sete horas (p=0,011).

Os sintomas vocais mais citados pelos ACS foram: rouquidão (33,3%); falta de ar

(32,1%); garganta seca (32,1%); cansaço ao falar (32,1%) e secreção/catarro na

garganta (25%). Quando os sintomas vocais foram cruzados com a

autorreferência de distúrbio de voz, foi verificada associação significativa com:

rouquidão (p=0,001), falha na voz (p=0,024) e voz grossa (p=0,024). Ao final, a

autora concluiu que a autorreferência de distúrbio de voz e sintomas vocais, na

população estudada, relaciona-se aos aspectos de saúde e hábitos de vida dos

ACS, e estes acreditam que os mesmos são causados também por aspectos do

ambiente e da organização, presentes em sua atividade de trabalho.

É importante ressaltar que se reitera o valor das pesquisas apresentadas,

contudo, em sua maioria, os estudos estão voltados à intervenção e capacitação

destes sujeitos e pouco se analisou o ACS, na perspectiva de sua saúde, como

trabalhador.

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4 Métodos

4.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo analítico do tipo transversal.

4.2 Local e população do estudo

Para esta pesquisa, foram selecionados, por conveniência, os Agentes

Comunitários de Saúde atuantes em Unidades Básicas de Saúde pertencentes ao

distrito administrativo19 de Ermelino Matarazzo, região Leste do município de São

Paulo, composta por: UBS Dr. Pedro de Souza Campos; UBS Ermelino

Matarazzo; UBS Jardim Keralux; UBS Parque do Boturussu – Prof. Dr. Humberto

Cerruti e UBS Vila Cisper.

A escolha dos locais da pesquisa, situados na região Leste do município de

São Paulo, ocorreu pelos seguintes motivos: CIPRIANO (2008) realizou estudo

semelhante, com ACS atuantes, também na região Leste do mesmo município, e

esta seria uma oportunidade de ampliar o número de sujeitos pesquisados, em

uma mesma região. Estudantes de graduação em Fonoaudiologia, da PUC-SP,

realizam estágio supervisionado nestas UBS, o que facilitou o contato com a

gerência de cada Unidade.

19 Oficialmente, a divisão territorial do município de São Paulo é feita de duas formas: administrativa e geográfica. Na divisão territorial administrativa, a cidade está dividida em 31 subprefeituras e, cada uma delas, por sua vez, divididas em distritos administrativos. Mais detalhes podem ser obtidos no site: <www.prefeitura.sp.gov.br>.

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Como procedimento inicial, foi realizado um contato telefônico com a

gerência de cada UBS, a fim de conhecer o número de ACS atuantes em cada

Unidade. Foi verificado o seguinte número destes trabalhadores: 30, na UBS Dr.

Pedro de Souza Campos; 10, na UBS Jardim Keralux e 37, na UBS Vila Cisper.

As demais não contam com a atuação de ACS. Assim, o total obtido foi de 77

possíveis participantes.

Foram adotados como critérios de inclusão: integrar as equipes das UBS

mencionadas e aceitar participar da pesquisa, por meio da leitura e assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 2). Como critério de

exclusão, foi considerada apenas a não finalização, por qualquer motivo, dos

procedimentos da coleta de dados. Houve perda de 12 participantes e a amostra

final deste estudo foi constituída por 65 ACS.

4.3 Instrumento

Como instrumento para a coleta de dados, elegeu-se o questionário

Condições de Produção Vocal – Professor (CPV-P), proposto por FERREIRA et al.

(2007). Conforme apresentado anteriormente, no item 3.1 da Revisão da

Literatura, o mesmo, em sua versão completa, possui 84 questões divididas em

seis partes. No entanto, para esta pesquisa, foi adaptado para o contexto dos ACS

e selecionadas as questões pertinentes ao objetivo deste estudo.

Assim, ao final, contou-se com 40 questões, divididas em quatro partes, a

saber (Anexo 3):

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I) Identificação da Unidade Básica de Saúde (questões 1 a 4);

II) Identificação do Entrevistado (questões 5 a 9);

III) Situação Funcional (questões 10 a 38) e

IV) Aspectos Vocais (questões 39 e 40).

Em sua maioria, as questões foram apresentadas em escala ordinal e

solicitaram a explicitação da frequência das ocorrências (0. nunca 1. raramente 2.

às vezes 3. sempre 4. não sei).

4.4 Procedimentos

Esta pesquisa foi submetida a dois Comitês de Ética: inicialmente, ao

Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(CEP-PUC-SP), sob parecer nº 037/2009, e em seguida, ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde (CEP-SMS), sob parecer nº 344/09,

uma vez que os ACS convidados a participar atuam em UBS sob a

responsabilidade da prefeitura do município (Anexo 4).

Em seguida, foi realizado um contato pessoal com a gerência de cada UBS,

a fim de informar o objetivo e a metodologia da pesquisa.

Em contato com os ACS, em suas respectivas UBS de atuação, estes, do

mesmo modo, foram também informados quanto ao objetivo e a metodologia da

pesquisa, e o caráter voluntário e sigiloso, da participação de cada um, foi

garantido por meio da assinatura do TCLE. A seguir, os mesmos foram orientados

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quanto ao preenchimento do questionário e avisados que, em caso de dúvida,

poderiam solicitar maiores esclarecimentos.

Os ACS que aceitaram participar receberam um envelope contendo o

questionário e, conforme combinado, o mesmo foi entregue lacrado, após o

período de uma semana, o que garantiu a não identificação dos dados pessoais

dos participantes.

4.5 Variáveis do estudo

As variáveis deste estudo foram a autorreferência de distúrbio de voz, no

presente e/ou no passado, e de sintomas vocais atuais. Estas foram analisadas

considerando sua associação com os aspectos do ambiente e da organização do

trabalho, que correspondem às questões 10 a 38, pertencentes à terceira parte do

questionário (Situação Funcional).

4.6 Análise dos dados

Para cada categoria analisada, foi considerada a situação de: “ausência”,

quando as frequências “nunca” e “raramente” foram assinaladas; “presença”,

quando assinaladas “às vezes” e “sempre”; e a frequência “não sei” foi

desconsiderada da análise.

Os resultados foram duplamente digitados, em planilha específica, para

excluir possíveis erros e, a seguir, submetidos à análise estatística. Nesta, foi

utilizado o teste paramétrico Qui-quadrado para verificar: a frequência

autorreferida de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado; a freqüência de

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sintomas vocais atuais; a associação entre a autorreferência de distúrbio de voz,

no presente e/ou no passado, e de sintomas vocais atuais; a associação entre os

três sintomas vocais mais citados e os aspectos do ambiente e da organização do

trabalho.

Foram considerados significativos os valores de p com nível ≤ 5% (0,050).

O programa estatístico utilizado foi o Stata 8.0.

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5 Resultados

5.1 Caracterização da população estudada

Dos 65 participantes, 100% eram do gênero feminino. A média de idade foi

de 37,4 anos (mín.= 22,5 anos; máx.= 58,7 anos; DP= 7,6 anos) e a média de

tempo de atuação como Agente Comunitário de Saúde foi de 3,7 anos (mín.= um

mês; máx.= 9 anos; DP= 2,7 anos), sendo que todos atuam inseridos no Programa

Saúde da Família.

Quanto ao estado civil: 16,9% (11) afirmaram ser solteiros; 70,8% (46),

casados (ou qualquer forma de união) e 12,3% (8), separados, desquitados ou

divorciados.

Com relação à escolaridade: 1,5% (1) possui nível superior em andamento;

61,5% (40), ensino médio completo; 7,7% (5), ensino médio incompleto; 24,6%

(16), ensino fundamental completo e 4,6% (3), ensino fundamental incompleto.

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50

5.2 Aspectos vocais

No que diz respeito à presença de distúrbio de voz, 56,9% (37) dos ACS

autorreferiram apresentá-la, no presente e/ou no passado, como ilustra o Gráfico 1.

Gráfico 1 – Distribuição percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado (n=65).

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51

Em relação aos sintomas vocais atuais, os mais citados, pelos ACS, foram:

garganta seca (40 – 61,5%), cansaço ao falar (35 – 53,9%) e ardor na garganta

(33 – 50,8%).

Quando os sintomas vocais atuais foram cruzados com a autorreferência de

distúrbio de voz, foi verificada associação significativa com as variáveis: rouquidão

(p=0,000); perda da voz (p=0,000); falha na voz (p=0,000); voz grossa (p=0,000);

voz variando grossa/fina (p=0,010); picada na garganta (p=0,001); areia na

garganta (p=0,002); bola na garganta (p=0,032); pigarro (p=0,000); tosse seca

(p=0,006); dor ao falar (p=0,007); dor ao engolir (p=0,007); ardor na garganta

(p=0,009); secreção/catarro na garganta (p=0,004); garganta seca (p=0,000);

cansaço ao falar (p=0,041) e esforço ao falar (p=0,001), como pode ser observado

na Tabela 1.

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52

Tabela 1 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais e sua associação com a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado (n=65).

Distúrbio de Voz

Variável Ausência (n – %)

Presença (n – %)

Total (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Rouquidão

Não 24 – 72,7 9 – 27,3 31 – 48,4 0,000* Sim 3 – 9,7 28 – 90,3 Perda da voz Não 28 – 53,9 24 – 46,2 13 – 20 0,000* Sim 0 – 0 13 – 100 Falha na voz Não 28 – 71,8 11 – 28,2 26 – 40 0,000* Sim 0 – 0 26 – 100 Falta de ar Não 23 – 44,2 29 – 55,8 12 – 18,8 0,491 Sim 4 – 33,3 8 – 66,7 Voz fina Não 16 – 44,8 32 – 55,2 6 – 9,4 0,184 Sim 1 – 16,7 5 – 83,3 Voz grossa Não 27 – 61,4 17 – 38,6 21 – 32,3 0,000* Sim 1 – 4,8 20 – 95,2 Voz variando grossa/fina

Não 23 – 54,8 19 – 45,2 23 – 35,4 0,010* Sim 5 – 21,7 18 – 78,3 Voz fraca Não 25 – 48,1 27 – 51,9 13 – 20 0,103 Sim 3 – 23,1 10 – 76,9 Picada na garganta Não 26 – 55,3 21 – 44,7 18 – 27,7 0,001* Sim 2 – 11,1 16 – 88,9 Areia na garganta Não 23 – 59 16 – 41 26 – 40 0,002* Sim 5 – 19,2 21 – 80,8 Bola na garganta Não 21 – 53,9 18 – 46,2 26 – 40 0,032* Sim 7 – 26,9 19 – 73 Pigarro Não 25 – 67,6 12 – 32,4 28 – 43,1 0,000* Sim 3 – 10,7 25 – 89,3

continua

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53

Tabela 1 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais e sua associação com a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado (n=65).

continuação

Distúrbio de Voz

Variável Ausência (n – %)

Presença (n – %)

Total (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Tosse seca Não 21 – 58,3 15 – 41,7 29 – 44,6 0,006* Sim 7 – 24,1 22 – 75,9 Tosse com catarro Não 26 – 47,3 29 – 52,7 10 – 15,4 0,109 Sim 2 – 20 8 – 80 Dor ao falar Não 27 – 50,9 26 – 49,1 12 – 18,5 0,007* Sim 1 – 8,3 11 – 91,7 Dor ao engolir Não 27 – 50,9 26 – 49,1 12 – 18,5 0,007* Sim 1 – 8,3 11 – 91,7 Dificuldade para engolir Não 24 – 47,1 27 – 52,9 14 – 51,5 0,216 Sim 4 – 28,6 10 – 71,4 Ardor na garganta Não 19 – 59,4 13 – 40,6 33 – 50,8 0,009* Sim 9 – 27,3 24 – 72,7 Secreção/catarro na garganta Não 24 – 55,8 19 – 44,2 22 – 33,9 0,004* Sim 4 – 18,2 18 – 81,8 Garganta seca Não 19 – 76 6 – 24 40 – 61,5 0,000* Sim 9 – 22,5 31 – 77,5 Cansaço ao falar Não 17 – 56,7 13 – 43,3 35 – 53,85 0,041* Sim 11 – 31,4 24 – 68,6 Esforço ao falar Não 21 – 61,8 13 – 38,2 31 – 47,7 0,001* Sim 7 – 22,6 24 – 77,4

Teste Qui-quadrado, com nível de 5% (0,050) *Significativo: ≤ 0,050 Total de respostas < 65: missing

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54

Foi feito o cruzamento entre os três sintomas vocais atuais mais citados

pelos ACS (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e as variáveis

relacionadas aos aspectos do ambiente e da organização do trabalho, como

explicitado nas Tabelas 2 e 3.

Quanto aos aspectos do ambiente, foi observada associação significativa

entre: presença de poeira, ausência de produtos de limpeza irritativos na UBS e o

sintoma vocal ardor na garganta. (p=0,001 e p=0,002, respectivamente).

Com relação aos aspectos da organização do trabalho, foi verificada

associação significativa entre: levar trabalho para casa, roubo de objetos pessoais,

intervenção da polícia, violência contra os funcionários e o sintoma vocal garganta

seca (p=0,012, p=0,021, p=0,027 e p=0,033, respectivamente); não ter tempo para

desenvolver todas as atividades, levar trabalho para casa, dificuldade para sair do

trabalho, móveis inadequados, esforço físico intenso, roubo de material da UBS,

manifestação de racismo e o sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,023, p=0,043,

p=0,019, p=0,040, p=0,023, p=0,002 e p=0,020, respectivamente); insatisfação no

trabalho, estresse no trabalho, depredações, problemas com drogas e o sintoma

vocal ardor na garganta (p=0,014, p=0,018, p=0,018 e p=0,011, respectivamente).

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Tabela 2 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e sua associação com os aspectos do ambiente (n=65).

Variável

Garganta Seca Cansaço ao Falar Ardor na Garganta

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Ruído Não 6 – 40 0,051 7 – 46,7 0,525 8 – 53,3 0,821

Sim 34 – 68 28 – 56 25 – 50

Ruído forte

Não 9 – 47,4 0,131 9 – 47,4 0,501 11 – 57,9 0,460

Sim 31 – 67,4 26 – 56,5 22 – 47,8

Ruído desagradável

Não 8 – 53,3 0,456 9 – 60 0,586 10 – 66,7 0,160

Sim 32 – 64 26 – 52 23 – 46

Poeira

Não 11 – 50 0,171 11 – 50 0,656 13 – 36,1 0,001*

Sim 29 – 67,4 24 – 55,8 17 – 81

Fumaça

Não 30 – 58,8 0,390 28 – 54,9 0,745 24 – 47,1 0,253

Sim 10 – 71,4 7 – 50 9 – 64,3

Umidade

Não 36 – 62,1 0,800 32 – 55,2 0,537 29 – 50 0,721

Sim 4 – 57,1 3 – 42,9 4 – 57,1

Temperatura agradável

Não 5 – 41,7 0,117 4 – 33,3 0,114 8 – 66,7 0,223

Sim 35 – 66 31 – 58,5 25 – 47,2

Limpeza satisfatória

Não 0 – 0 0,069 0 – 0 0,121 2 – 100 0,157

Sim 40 – 63,1 35 – 55,6 31 – 49,2

Higiene adequada nos banheiros

Não 0 – 0 0,064 0 – 0 0,114 2 – 100 0,164

Sim 40 – 64,5 35 – 56,5 31 – 50

Produtos de limpeza causam irritação

Não 34 – 63 0,601 28 – 51,9 0,475 32 – 59,3 0,002*

Sim 6 – 54,6 7 – 63,6 1 – 9,1

Teste Qui-quadrado, com nível de 5% (0,050) *Significativo: ≤ 0,050 Total de respostas < 65: missing

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Tabela 3 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e sua associação com os aspectos da organização do trabalho (n=65).

Variável

Garganta Seca Cansaço ao Falar Ardor na Garganta

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Ambiente calmo Não 11 – 57,9 0,698 12 – 63,2 0,333 12 – 63,2 0,199 Sim 29 – 63 23 – 50 21 – 45,7 Liberdade nas atividades Não 2 – 33,3 0,136 4 – 66,7 0,508 2 – 33,3 0,370 Sim 38 – 64,4 31 – 52,5 31 – 52,5 Supervisão constante Não 1 – 100 0,426 1 – 100 0,351 1 – 100 0,321 Sim 39 – 60,9 34 – 53,1 32 – 50 Ritmo estressante Não 0 – 0 0,069 0 – 0 0,121 0 – 0 0,145 Sim 40 – 63,5 35 – 55,6 33 – 52,4 Tempo para as atividades Não 7 – 77,8 0,281 8 – 88,9 0,023* 4 – 44,4 0,683 Sim 33 – 58,9 27 – 48,2 29 – 51,8 Trabalho para casa Não 10 – 41,7 0,012* 9 – 37,5 0,043* 12 – 50 0,924 Sim 30 – 73,2 26 – 63,4 21 – 51,2 Facilidade para sair do trabalho Não 5 – 83,3 0,268 6 – 100 0,019* 3 – 50 0,936 Sim 35 – 60,3 29 – 50 30 – 51,7 Espaço suficiente para movimentação Não 14 – 56 0,468 12 – 48 0,455 15 – 60 0,239 Sim 26 – 65 23 – 57,5 18 – 45 Móveis adequados Não 31 – 66 0,237 29 – 61,7 0,040* 22 – 46,8 0,302 Sim 9 – 50 6 – 33,3 11 – 61,1 Esforço físico intenso Não 12 – 52,2 0,251 8 – 34,8 0,023* 12 – 52,2 0,867 Sim 28 – 66,7 27 – 64,3 21 – 50 Peso Não 10 – 50 0,202 11 – 55 0,901 10 – 50 0,934 Sim 30 – 66,7 24 – 53,3 23 – 51,1 Material de trabalho adequado Não 4 – 80 0,377 3 – 60 0,774 3 – 60 0,667 Sim 36 – 60 32 – 53,3 30 – 50 Material de trabalho suficiente Não 8 – 88,9 0,069 3 – 33,3 0,184 4 – 44,4 0,683 Sim 32 – 57,1 32 – 57,1 29 – 51,8 Satisfação no trabalho Não 7 – 77,8 0,281 4 – 44,4 0,542 8 – 88,9 0,014* Sim 33 – 58,9 31 – 55,4 25 – 44,6 Trabalho monótono Não 18 – 60 0,813 15 – 50 0,565 19 – 63,3 0,061 Sim 22 – 62,9 20 – 57,1 14 – 40 Trabalho repetitivo Não 3 – 75 0,568 2 – 50 0,873 1 – 25 0,287 Sim 37 – 60,7 33 – 54,1 32 – 52,5 Estresse no trabalho Não 2 – 40 0,303 2 – 40 0,518 0 – 0 0,018* Sim 38 – 63,3 33 – 55 33 – 55

continua

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57

Tabela 3 – Distribuição numérica (n) e percentual (%) dos Agentes Comunitários de Saúde, segundo a frequência de sintomas vocais atuais (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e sua associação com os aspectos da organização do trabalho (n=65).

continuação

Variável

Garganta Seca Cansaço ao Falar Ardor na Garganta

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Presença (n – %)

Valor de p

(χχχχ2)

Depredações Não 37 – 61,7 0,941 31 – 51,7 0,222 33 – 55 0,018* Sim 3 – 60 4 – 80 0 – 0 Roubo de objetos pessoais Não 22 – 52,4 0,021* 22 – 52,4 0,609 24 – 57,1 0,217 Sim 18 – 81,9 13 – 59,1 9 – 40,9 Roubo de material da UBS Não 27 – 55,1 0,073 21 – 42,9 0,002* 25 – 51 0,949 Sim 10 – 83,3 11 – 91,7 6 – 50 Ameaça aos ACS Não 19 – 59,4 0,606 16 – 50 0,451 14 – 43,8 0,211 Sim 21 – 65,6 19 – 59,4 19 – 59,4 Intervenção da polícia Não 23 – 54,8 0,027* 21 – 50 0,567 22 – 52,4 0,986 Sim 16 – 84,2 11 – 57,9 10 – 52,6 Manifestação de racismo Não 28 – 56 0,081 23 – 46 0,020* 26 – 52 0,901 Sim 10 – 83,3 10 – 83,3 6 – 50 Indisciplina Não 7 – 53,9 0,470 6 – 46,2 0,489 6 – 46,2 0,662 Sim 33 – 64,7 29 – 56,9 27 – 52,9 Brigas Não 18 – 64,3 0,958 14 – 50 0,723 15 – 53,6 0,873 Sim 21 – 63,6 18 – 54,6 17 – 51,5 Agressões Não 27 – 60 0,283 21 – 46,7 0,129 24 – 53,3 0,819 Sim 12 – 75 11 – 68,8 8 – 50 Insultos Não 13 – 52 0,124 11 – 44 0,280 14 – 56 0,641 Sim 27 – 71,1 22 – 57,9 19 – 50 Violência à porta da UBS Não 29 – 60,4 0,446 25 – 52,1 0,692 25 – 52,1 0,883 Sim 8 – 72,7 5 – 45,5 6 – 54,6 Violência contra os funcionários Não 24 – 54,6 0,033* 21 – 47,7 0,338 22 – 50 0,426 Sim 15 – 83,3 11 – 61,1 11 – 61,1 Problemas com drogas Não 29 – 61,7 0,618 23 – 48,9 0,421 21 – 44,7 0,011* Sim 9 – 69,2 8 – 61,5 11 – 84,6 Pichações Não 32 – 58,2 0,264 30 – 54,6 0,573 31 – 56,4 0,057 Sim 7 – 77,8 4 – 44,4 2 – 22,2

Teste Qui-quadrado, com nível de 5% (0,050)

*Significativo: ≤ 0,050

Total de respostas < 65: missing

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58

6 Discussão

Priorizou-se, nesta pesquisa, a análise da relação entre distúrbio de voz e

trabalho, em um grupo de Agentes Comunitários de Saúde do município de São

Paulo, uma vez que, como assinalado por CIPRIANO (2008), sua atividade laboral

apresenta peculiaridades que os tornam mais suscetíveis ao adoecimento vocal.

Para tanto, foi utilizado o questionário CPV-P, em versão adaptada para esta

pesquisa, sendo consideradas: a frequência autorreferida de distúrbio de voz, no

presente e/ou no passado; a freqüência de sintomas vocais atuais; a associação

entre a autorreferência de distúrbio de voz, no presente e/ou no passado, e de

sintomas vocais atuais; a associação entre os três sintomas vocais atuais mais

citados e os aspectos do ambiente e da organização do trabalho.

Na caracterização da população estudada, deve-se considerar que a

amostra foi constituída apenas por mulheres. À semelhança dos professores, os

estudos realizados junto aos ACS demonstram o predomínio de mulheres

atuantes nesta ocupação (SILVA e DALMASO, 2002; FERRAZ e AERTS, 2005;

FURLAN, 2008b). Ao focalizar este aspecto, faz-se necessário contemplar

algumas reflexões, mediadas por BRUSCHINI (2007, p. 549), de que as mulheres,

em sua maioria, optam por áreas tradicionalmente femininas, como: Educação,

Saúde e Bem-estar Social, que a autora nomeia de “guetos ocupacionais

femininos”. Assim, a opção das mulheres para determinadas atividades de

trabalho pode ser entendida, inclusive, como vocação para o ofício, enquanto

ajuda, doação.

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59

Em especial, quanto às questões de produção vocal, a literatura indica que

a mulher apresenta maior predisposição ao desenvolvimento de distúrbios de voz,

devido, principalmente, às configurações laríngeas e variações hormonais,

próprias deste gênero (ROY et al., 2004; FREEMAN e FAWCUS, 2005).

A média de idade da população estudada foi de 37,4 anos, dado que

confirma os achados da pesquisa de CIPRIANO (2008), realizada também junto a

ACS atuantes na região Leste do município de São Paulo. Segundo BRUSCHINI

(2007), o mais alto percentual de atividade profissional feminina (74%) está entre

as mulheres de 30 a 39 anos, seguido das de 40 a 49 anos (69%) e das de 50 a

59 anos (54%). Acerca das condições de produção vocal, não há consenso, na

literatura, quanto ao início do processo de envelhecimento da voz (GAMPEL et al.,

2008); no entanto, BOONE (1992) esclarece que existe uma diminuição da

eficiência respiratória nas pessoas com o aumento da idade e esta, por sua vez,

pode influenciar, de maneira negativa, sobre o controle da respiração e, portanto,

sobre o controle vocal.

Quanto ao estado civil, a maioria era casada (70,8%). Nesta direção,

BRUSCHINI (2007), ao analisar a condição das mulheres brasileiras no mercado

de trabalho, verificou que, até o final da década de 1970, eram, prioritariamente,

jovens, solteiras e sem filhos, e, atualmente, são mais velhas, casadas e mães,

voltando-se, assim, tanto para o trabalho como para a família.

A autora ressalta que a permanência da responsabilidade feminina pelos

afazeres domésticos, cuidado com os filhos e demais membros da família, sugere

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60

a continuidade de modelos familiares tradicionais, que sobrecarregam as

trabalhadoras, sobretudo as que são mães com filhos pequenos.

Com relação à escolaridade, nota-se que a maior parte possui ensino médio

completo (61,5%). O Departamento de Atenção Básica, em 2004, constatou que,

em média, 60% dos ACS possuem ensino médio completo ou incompleto; 18%,

ensino fundamental completo e 22%, ensino fundamental incompleto. A Lei nº

10.502/2002 aponta que, entre os pré-requisitos para o exercício da função, estão:

conclusão do Curso de Qualificação Básica para a Formação de ACS e ensino

fundamental completo. No entanto, o que se observa, na prática, é que a grande

maioria dos ACS inicia a atuação sem conhecimento prévio das suas atividades

(FURLAN, 2008a).

A média de tempo de atuação como ACS, entre os pesquisados, foi de 3,7

anos, sendo que todos atuam inseridos no PSF. Esta inserção vai ao encontro do

preconizado pelo Ministério da Saúde, quando decidiu, a partir do ano de 2000,

não mais ampliar o número de ACS sem conexão com o Programa (NOGUEIRA et

al., 2000; BRASIL, 2006).

Quanto aos aspectos vocais (Gráfico 1 e Tabela 1), a autorreferência de

distúrbio de voz, entre a população estudada (56,9%), é superior, se comparada

às porcentagens encontradas entre os teleoperadores e vendedores (19% a

23,8%) e trabalhadores da indústria (7,1% a 16,7%); e, aproxima-se, quando

comparada às porcentagens encontradas entre os professores e educadores de

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creche (30% a 82,8%), como pode ser observado no Quadro 1, apresentado nesta

dissertação.

Estes dados evidenciam que os ACS pesquisados, em relação aos demais

trabalhadores, apresentam porcentagem expressiva quanto à autorreferência de

distúrbio de voz. Deste modo, merecem ser considerados pelo fonoaudiólogo,

profissional habilitado para a promoção, prevenção e terapêutica dos distúrbios de

voz.

Os sintomas vocais mais citados pelos ACS foram: garganta seca (61,5%),

cansaço ao falar (53,9%) e ardor na garganta (50,8%). CIPRIANO (2008), ao

estudar as condições de produção vocal em um grupo de ACS, encontrou

referência aos mesmos sintomas, porém em porcentagens diferentes: 32,1%

mencionaram garganta seca; 32,1%, cansaço ao falar e 21,4%, ardor na garganta.

Nota-se, portanto, que, mesmo com o aumento do número de participantes, no

presente estudo, estes sintomas vocais foram mantidos.

Muitos fatores podem justificar a presença destes sintomas vocais entre a

população estudada, no entanto, apresentam relação entre si, no que se refere ao

uso excessivo e/ou inadequado da voz. Este aspecto fica evidente quando se

observa, no Quadro 1, que estes sintomas vocais são mais frequentes entre

profissionais que utilizam a voz, intensamente, em suas atividades de trabalho,

mais especificamente, os professores, que revelam um percentual elevado de

distúrbios de voz.

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Outro ponto observado foi a associação significativa entre a autorreferência

de distúrbio de voz e os sintomas vocais: rouquidão; perda da voz; falha na voz;

voz grossa; voz variando grossa/fina; picada na garganta; areia na garganta; bola

na garganta; pigarro; tosse seca; dor ao falar; dor ao engolir; ardor na garganta;

secreção/catarro na garganta; garganta seca; cansaço ao falar e esforço ao falar.

Nesta direção, COLTON et al (2010) observam que indivíduos com

distúrbios de voz tendem a apresentar nove sintomas vocais principais20 e que,

estes, em geral, não aparecem isolados, mas combinados entre si. No caso desta

pesquisa, não houve a preocupação em se levantar o número de sintomas vocais

por ACS; estes, no entanto, referidos pelos autores, assemelham-se aos

encontrados neste estudo, como: rouquidão; perda da voz; falha na voz; dor;

cansaço ao falar; entre outros. Este dado corrobora a hipótese de que, apesar da

coleta ter privilegiado a autorreferência de distúrbio de voz, e os trabalhadores não

terem sido submetidos à avaliação fonoaudiológica e/ou otorrinolaringológica para

confirmá-lo, de fato, os ACS desta pesquisa apresentam sintomas vocais que

fazem jus a uma atenção especial.

A rouquidão é um sintoma vocal muito frequente em pesquisas que

estudam a voz de professores, sejam nacionais (FERREIRA et al., 2003; ARAÚJO

et al., 2008; MACHADO, 2009) ou internacionais (ROY et al., 2004; SLIWINSKA-

KOWALSKA et al., 2006; ANGELILLO et al., 2009) e indica, entre outros, agressão

à laringe e pregas vocais, devido, principalmente, ao uso excessivo e/ou

20 São citados, pelos autores: rouquidão, fadiga vocal, soprosidade, extensão fonatória reduzida, afonia, quebras de frequência ou uso inadequado de frequência elevada, voz tensa/estrangulada, tremor, dor e outras sensações físicas.

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inadequado da voz, responsável também pela sensação de garganta seca (PENA

e SERVILHA, 2009).

Do mesmo modo que os sintomas vocais bola na garganta, pigarro, tosse

seca e ardor na garganta, a rouquidão sugere, entre outros, a presença de refluxo

gastroesofágico (RGE), definido como retorno passivo do conteúdo gástrico para o

esôfago, independente de sua etiologia, ocorrendo em circunstâncias fisiológicas

ou patológicas. Em circunstâncias patológicas é denominado RGE patológico ou

doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), sendo uma condição menos comum e

de prognóstico mais grave, além da necessidade de abordagens diagnóstica e

terapêutica diferentes (MAGALHÃES et al., 2009).

Os principais sinais e sintomas da doença consistem em queimação no

esôfago; azia; regurgitação de alimentos; excesso de salivação; sensação de

corpo estranho ou bola na garganta; má respiração; dor de garganta; tosse seca;

rouquidão (principalmente pela manhã); pigarro constante; dificuldade para engolir

e, nos casos mais severos, pneumonia aspirativa (BOONE, 1992; BEHLAU e

PONTES, 2001). Quando o conteúdo gástrico alcança a laringe, é denominado

refluxo laringofaríngeo. Nesta situação, por ser extremamente irritativo, é possível

encontrar a parte posterior da laringe avermelhada, com irritação e lesões nas

pregas vocais, sendo o granuloma o mais frequente (BOONE, 1992; BEHLAU e

PONTES, 2001; MAGALHÃES et al., 2009).

A este respeito, FERREIRA et al. (2010), em pesquisa realizada com

professores, destacam que condições inadequadas da organização do trabalho

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colaboram para o consumo de alimentos inapropriados21 e ausência de horário

regular das refeições, predispondo o trabalhador a problemas digestivos, que, por

sua vez, podem repercutir em sua saúde e bem-estar vocal. Na mesma pesquisa,

as autoras constataram associação significativa entre cansaço ao falar e falta de

regularidade no horário das refeições, entre os professores.

Por conseguinte, o cansaço ao falar relaciona-se aos sintomas vocais

esforço ao falar, pigarro e garganta seca, à medida que a fadiga vocal pode

decorrer do excesso de tensão e esforço na emissão da voz, além da má

hidratação, podendo originar garganta seca e pigarro, como forma de reação ao

esforço vocal (PENA e SERVILHA, 2009).

A seguir, foi feito o cruzamento entre os três sintomas vocais mais citados

pelos ACS (garganta seca, cansaço ao falar e ardor na garganta) e as variáveis

relacionadas aos aspectos do ambiente e da organização do trabalho.

Quanto aos aspectos do ambiente (Tabela 2), a associação significativa

entre a presença de poeira e o sintoma vocal ardor na garganta (p=0,001) pode

ser elucidada por TRINDADE et al. (2007), que retratam a permanente exposição

dos ACS à poeira e fumaça, provenientes das ruas e dos automóveis, além da

pouca ingestão de água, pelos mesmos. Tal situação predispõe estes

trabalhadores ao ressecamento do trato vocal, que acarreta, inclusive, ardor na

garganta. Interessante destacar que as autoras sugerem aos ACS, como prática,

que cada um leve sua própria garrafa com água, a fim de promover seu consumo. 21 Para BARBOSA et al. (2008), gorduras, frituras, enlatados, corantes e conservantes, chocolates, cafeína, refrigerantes, condimentos e carboidratos (macarrão, farinha, entre outros) predispõem à DRGE e ao refluxo laringofaríngeo.

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FERREIRA et al. (2008) e PENTEADO et al. (2008) esclarecem, ainda, que

este tipo de exposição pode desencadear e/ou agravar quadros de alergia e

infecções respiratórias, responsáveis por inchaço, aumento de muco e inflamação

nas pregas vocais, que, além de dificultar a sua vibração (BOONE, 1992),

predispõe a sintomas vocais como: rouquidão; falta de ar; voz grossa; pigarro;

tosse e ardor na garganta, citados pelos ACS pesquisados.

Acerca deste tipo de exposição, pesquisas realizadas junto a professores

(FERREIRA et al., 2003; GIANNINI e PASSOS, 2006; FERREIRA e BENEDETTI,

2007), teleoperadores (FERREIRA et al., 2008) e trabalhadores da indústria

(UBRIG, 2005; ARAKAKI et al., 2006; COUTINHO, 2009) corroboram a este

respeito, ao reconhecerem a associação entre condições inadequadas do

ambiente de trabalho (ruído, poeira, umidade, entre outros) e o desenvolvimento

de distúrbios de voz entre os trabalhadores.

A referência, pelos ACS, de que os produtos de limpeza utilizados na UBS

não causam irritação e sua associação significativa com o sintoma vocal ardor na

garganta (p=0,002) confirma, possivelmente, o tipo de atividade realizada, pelos

mesmos, que acabam por ficar mais tempo nas ruas do que na própria Unidade.

Este fato não exclui a possibilidade de que o contato com produtos de limpeza,

usados na UBS, agridam o trato vocal; no entanto, para estes trabalhadores, por

estarem a maior parte do tempo nas ruas, este parece não ser um fator

responsável pelo ardor na garganta.

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Quanto aos aspectos da organização do trabalho (Tabela 3), foi verificada

associação significativa entre não ter tempo para desenvolver todas as atividades

e o sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,023). Do mesmo modo, levar trabalho

para casa apontou associação significativa entre os sintomas vocais garganta

seca e cansaço ao falar (p=0,012 e p=0,043, respectivamente).

Diante disto, cabe considerar a pesquisa de FERRAZ e AERTS (2005). As

autoras observaram que, além das atividades inerentes à sua função, os ACS

realizam atividades de apoio aos demais trabalhadores da UBS (atendimento na

recepção, entrega de fichas para consultas médicas, organização de pastas e

prontuários, entre outras), o que aponta para possível sobrecarga e acúmulo de

funções, com consequente necessidade, por parte destes trabalhadores, de levar

trabalho para casa, o que sinaliza a ausência de tempo suficiente para

desenvolverem as suas atividades.

Assim, atividades que deveriam ser cumpridas durante o expediente de

trabalho (relatórios de visitas, fechamento mensal, planejamento de atividades,

entre outras), são realizadas, muitas vezes, em casa. FERRAZ e AERTS (2005)

reconhecem, ainda, o número elevado de famílias sob a responsabilidade de cada

ACS (que, em geral, ultrapassa o recomendado pelo Ministério da Saúde), além

do número restrito de horas dispensadas para as visitas domiciliares. Esta

realidade implica aos ACS a necessidade de atender a demanda da comunidade

ao final do horário de trabalho (esclarecimento de dúvidas, envio de recados da

UBS, receitas e medicamentos, entre outros) o que aponta para possível jornada

de trabalho prolongada, adicionada ao uso contínuo da voz. À medida que o

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diálogo se faz necessário, no contato dos ACS com a população atendida, como

apontam SILVA e DALMASO (2002, 2006), pode-se ponderar a

sobredeterminação destes aspectos para esclarecer a presença de garganta seca

e cansaço ao falar, entre os pesquisados.

Ressalta-se a especificidade da atividade destes trabalhadores

(BORNSTEIN e STOTZ, 2008), uma vez que, por residirem na área em que

atuam, são abordados, pela comunidade beneficiada, fora do expediente de

trabalho, por diferentes questões (dúvidas, orientações, agendamento de

consultas, entre outros), seja na própria residência, nas ruas e/ou nos espaços

coletivos. Deste modo, a associação significativa entre a dificuldade para sair do

trabalho e a presença do sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,019), merece ser

apontada.

Diante disso, TRINDADE et al. (2007) fundamentam a dificuldade dos ACS

se afastarem do trabalho, por estarem imersos naquela comunidade e pela

recusa, por parte da população, em aceitar outro profissional, na ausência dos

mesmos. Assim, pode-se inferir que, tal associação é coerente, na medida em que

o uso diário da voz, na interlocução com os usuários, mostra-se necessário; por

conseguinte, o excesso de uso da voz pode originar o sintoma vocal cansaço ao

falar.

A associação significativa entre a presença de esforço físico intenso,

móveis inadequados e o sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,023 e p=0,040,

respectivamente) pode ser esclarecida na leitura dos achados da pesquisa de

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TRINDADE et al. (2007), que descreve as longas caminhadas diárias realizadas

pelos ACS, em decorrência das visitas domiciliares, e o peso das mochilas, às

vezes, acrescido ao da balança, para pesagem de crianças. Nesta direção,

CAMBUY (2005) articula que, além do esforço físico em si, a exposição às

adversidades climáticas (sol, chuva, entre outras), contribui para o desgaste e

cansaço físico destes trabalhadores. Sabe-se que, o cansaço físico pode

comprometer a produção vocal. Falar por períodos prolongados, nesta condição,

pode ocasionar edema e inflamação nas pregas vocais, frequentemente induzindo

à rouquidão, com diminuição da intensidade vocal (BOONE, 1992). A produção

vocal é uma função de alto gasto energético, sendo que seu uso excessivo,

sobretudo na presença de cansaço físico, pode acarretar fadiga vocal (BEHLAU e

PONTES, 2001).

TRINDADE et al. (2007) destacam, ainda, as posições incômodas que os

ACS adotam durante suas atividades, além da necessidade de permanecerem em

posições incorretas, durante as visitas domiciliares, uma vez que, em alguns

casos, há falta de bancos ou cadeiras, para se acomodarem. Assim, parte-se do

pressuposto que, o tempo de trabalho realizado numa mesma posição e com o

mobiliário inadequado tende a enrijecer a musculatura do pescoço e dos ombros,

podendo causar tensão, dor e intervir, inclusive, na produção vocal. O excesso de

tensão muscular, principalmente nas regiões da face, pescoço e ombros, pode

interferir na mobilidade natural da laringe durante a fonação e na produção

adequada da voz. Ademais, pode-se admitir esta hipótese com base nos

resultados da pesquisa de CIPRIANO (2008), que verificou associação

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significativa entre a presença autorreferida de distúrbio de voz e as queixas

relacionadas a problemas na coluna, entre os ACS pesquisados.

Outra associação significativa observada diz respeito às variáveis:

insatisfação no trabalho, estresse no trabalho e o sintoma vocal ardor na garganta

(p=0,014 e p=0,018, respectivamente). A presença de estresse, na atividade

laboral do ACS, é destacada por diversos autores22, ancorados em diferentes

abordagens teóricas, visto como produto do excesso de encargos diários,

supervisão constante (de outros profissionais e dos usuários), contato direto e

permanente com a comunidade, entre outros fatores. Acerca do último aspecto

mencionado, cabe lembrar que o ACS é tido como elo entre a comunidade e o

serviço de saúde, sendo o único trabalhador da equipe do PSF que,

obrigatoriamente, reside na comunidade onde trabalha.

Diante desta realidade, JARDIM e LANCMAN (2009) pontuam que o

contato contínuo e ininterrupto com a população beneficiada predispõe estes

trabalhadores a intenso envolvimento pessoal e desgaste emocional, visto que, o

ato de morar e trabalhar ocorre no mesmo espaço físico e na relação com a

mesma comunidade.

Ainda, CAMELO e ANGERAMI (2004) e TRINDADE (2007) afirmam que,

em decorrência desta situação, os ACS são abordados pelos usuários fora do

horário de trabalho, inclusive nos finais de semana e feriados, seja para o

22 Dentre eles, são citados: CAMELO e ANGERAMI, 2004, 2007; CUSTÓDIO et al., 2006; TRINDADE et al., 2007; WAI, 2007 e BACHILLI et al., 2008.

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esclarecimento de dúvidas, informações, e até mesmo para acompanhá-los ao

hospital, em caso de necessidade e/ou urgência.

Frente a esta problemática, MARTINES e CHAVES (2007), ressaltam quão

difícil é, para estes trabalhadores, lidarem com aspectos relativos ao tempo e

excesso de tarefas, além da dificuldade em preservarem o espaço familiar e o

tempo de descanso. Esta realidade aponta para significativa ocorrência de mal-

estar entre os ACS, evidenciado por sinais e sintomas de sofrimento, estresse,

esgotamento, ansiedade, depressão, fadiga e insônia, e legitima, assim, a

referência, por parte da população aqui pesquisada, de insatisfação no

desempenho da função.

No campo da Fonoaudiologia, a presença de estresse na atividade laboral

tem sido apontada como risco importante para o desenvolvimento de distúrbios de

voz entre os trabalhadores (SERVILHA, 2005; FERREIRA et al., 2008; RUELA e

SERVILHA, 2009). GIANNINI (2010), ao considerar a associação entre distúrbio

de voz e estresse no trabalho entre professoras do município de São Paulo,

confirma que a presença de estresse na atividade laboral reduz a capacidade para

o trabalho e leva ao comprometimento vocal.

CRESPO (2009), ao analisar a ocorrência de alterações laríngeas e

presença de estresse no trabalho entre professores da cidade de Sorocaba (SP),

verificou que a maior parte dos pesquisados (69%) apresentaram sinais de refluxo

laringofaríngeo. Nesta direção, cabe acrescentar que a presença de estresse, na

atividade de trabalho, é apresentada na literatura associada a manifestações

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laríngeas decorrente da DRGE, sendo citado, em especial, o sintoma vocal ardor

na garganta (MORAES-FILHO et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; CORSI et al.,

2007; BARBOSA et al., 2008).

No que concerne aos aspectos relacionados à violência, foi verificada

associação significativa entre as variáveis: roubo de objetos pessoais, intervenção

da polícia, violência contra os funcionários e o sintoma vocal garganta seca

(p=0,021, p=0,027 e p=0,033, respectivamente); roubo de material da UBS,

manifestação de racismo e o sintoma vocal cansaço ao falar (p=0,002 e p=0,020,

respectivamente); depredações, problemas com drogas e o sintoma vocal ardor na

garganta (p=0,018 e p=0,011, respectivamente).

Diante destes achados e considerando a complexidade da temática, parece

viável abordar tais resultados por meio de dois aspectos centrais inerentes à

atividade dos ACS: a obrigatoriedade de morar e trabalhar na mesma área e o fato

de terem a rua como espaço de atuação.

Como elucidado por NUNES et al. (2002) e JARDIM e LANCMAN (2009), o

contato permanente com a comunidade revela, aos ACS, grande diversidade de

condições, de ordem financeira, emocional, entre outras. A entrada no universo

familiar traz consigo a intimidade das pessoas e, por conseguinte, estes

trabalhadores entram em contato com possíveis situações de pobreza e violência,

presentes nos domicílios. Em contrapartida, SCARANTO et al. (2006) evidenciam

a carência de subsídios teórico-práticos, por parte dos ACS, para que possam

reconhecer possíveis situações de violência doméstica, saber a forma de abordar

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as famílias e, sendo necessário, oferecer encaminhamentos de referência, tanto

para os casos de violência quanto para o uso de drogas, em geral.

Ademais, TRINDADE et al. (2007) não excluem as agressões verbais e, por

vezes, físicas, às quais os ACS estão expostos, durante as visitas domiciliares.

Morar e trabalhar na mesma área, não implica, necessariamente, em bom

relacionamento com todos os membros da comunidade; há aqueles que entendem

a visita domiciliar como invasiva, em especial, os usuários de drogas e vítimas de

violência familiar.

Outro aspecto importante diz respeito à violência local. Os ACS, por razões

relacionadas à organização do seu trabalho, têm a rua como espaço de atuação;

assim, circulam em ambiente aberto, sem os aparatos de proteção, próprios da

UBS, e, portanto, devido ao contato direto com os usuários, durante o período de

trabalho (e fora dele), estão vulneráveis a possíveis situações de violência e

agressão.

FORTES e SPINETTI (2004) retratam que os ACS convivem especialmente

nas grandes metrópoles – como é o caso do município de São Paulo – com a

violência organizada (gangues, narcotráfico, entre outros). De acordo com os

autores, em decorrência do sigilo profissional, os ACS tornam-se portadores de

determinadas informações que podem resultar em risco à própria vida, pois,

muitas vezes, dizem respeito a atos moralmente censuráveis. Ao contrário dos

demais trabalhadores da equipe de saúde, que, em sua maioria, residem fora do

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local de trabalho, os ACS permanecem na mesma área de atuação, condição que

pode resultar em medo e impotência, por parte dos mesmos.

A violência, considerada em sua transversalidade, reflete na saúde

individual e coletiva, na medida em que origina agravos, lesões, traumas e mortes,

e repercute nos elevados custos sociais, emocionais e na Segurança Pública

(MONTAGNER et al., 2008). Por conseguinte, situações de violência no trabalho,

por vezes, afetam a integridade física e psíquica dos trabalhadores, e resulta no

desenvolvimento e/ou agravo de enfermidades, distúrbios do sono, medo, etc.

(LANCMAN et al., 2007).

No campo da Fonoaudiologia, FERREIRA et al. (2003); FERREIRA e

BENEDETTI (2007), PENTEADO e PEREIRA (2007) e GIANNINI (2010)

concordam que as repercussões da violência, na atividade laboral, podem

contribuir para o desenvolvimento de distúrbios de voz entre os trabalhadores,

caracterizados, inclusive, pela presença de sintomas vocais como garganta seca,

cansaço ao falar e ardor na garganta, entre outros.

Ao final desta análise, faz-se necessário reconhecer dois aspectos

principais, evidenciados por meio dos resultados desta pesquisa: primeiro, a

significativa porcentagem, por parte dos ACS, no que diz respeito à

autorreferência de distúrbio de voz e de sintomas vocais. Deste modo, estes

trabalhadores merecem uma atenção especial, por parte do fonoaudiólogo, não

somente por meio da atuação terapêutica individual, mas, principalmente, de

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ações que visem à promoção do bem-estar vocal e a prevenção do adoecimento

da voz entre os mesmos.

Segundo, parece importante considerar que o comprometimento vocal,

entre os ACS, relaciona-se às adversidades do ambiente e, principalmente, à

organização do trabalho. Assim, mais uma vez, cabe o alerta de que nenhuma

ação pode ser feita com foco exclusivo na produção vocal. Como foi apontado na

Introdução desta dissertação, conhecer o processo de trabalho dos ACS torna-se

ponto de partida e fornece subsídios importantes para que o fonoaudiólogo possa

planejar ações voltadas ao bem-estar vocal desta população.

Frente a estes achados, cabe retomar a iniciativa do Laborvox – PUC-SP,

em parceria com o CEREST-SP, no debate voltado à discussão do distúrbio de

voz relacionado ao trabalho. No início, o debate circunscrevia-se, prioritariamente,

no adoecimento vocal, como determinado por fatores de risco de origem individual

e biológica. Com o decorrer das discussões e intensificação das pesquisas, as

adversidades do ambiente foram introduzidas no debate. Hoje, é cada vez mais

evidente o quanto as dificuldades no âmbito da organização do trabalho

repercutem no adoecimento vocal, entre os trabalhadores.

No bojo desta discussão, a compreensão linear do comprometimento vocal

é desconsiderada, dado à multicausalidade etiológica dos distúrbios de voz. Dito

de outro modo, entende-se que o adoecimento vocal, entre os ACS, assim como

de outros trabalhadores, não pode ser visto como tendo um único nexo causal,

mas, sim, na relação entre os diferentes aspectos que predispõem ao

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desenvolvimento do distúrbio de voz. Neste sentido, cabe desconsiderar a

maneira reducionista do adoecimento entre os trabalhadores em decorrência

exclusiva de fatores de origem biológica, para então implicá-los, conforme refere

LACAZ (2000, p. 155), a “um novo perfil patológico”. Assim, o autor propõe que o

modo de adoecimento dos trabalhadores seja semelhante ao que ocorre com a

população em geral, pois considera que não há evidência do nexo de causalidade,

como ocorria com as doenças, classicamente, denominadas ocupacionais.

Outra questão que merece ser abordada, em última instância, diz respeito

ao uso vocal por parte dos ACS. Se, por um lado, estes trabalhadores não

dependem de um requinte específico no uso da voz (como o caso de atores e

cantores), ou em intensidade elevada (a exemplo dos professores que, em geral,

se deparam com salas superlotadas e de acústica insatisfatória), por outro lado, o

uso da voz, pelos ACS, faz-se necessário na interlocução com os usuários e

demais membros da UBS. Assim, mesmo não sendo considerados, pela literatura,

como profissionais da voz, estes trabalhadores necessitam do seu uso para

viabilizar o trabalho e, deste modo, merecem o olhar do fonoaudiólogo, visto que

os resultados desta pesquisa indicam elevada autorreferência de distúrbio de voz

e sintomas vocais, pelos ACS.

Para a Fonoaudiologia, fica ainda o convite à realização de outras

pesquisas, com a ampliação da amostra, no sentido de compreender a relação

entre o desenvolvimento do distúrbio de voz, nos ACS, e sua associação com os

aspectos relacionados ao ambiente e à organização do trabalho, à luz de alguns

indicadores apresentados neste estudo.

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7 Conclusões

Nesta pesquisa, realizada junto a um grupo de Agentes Comunitários de

Saúde atuantes na região Leste do município de São Paulo, a hipótese inicial de

associação entre o desenvolvimento do distúrbio de voz, entre os pesquisados, e

as adversidades presentes no ambiente e na organização do seu trabalho foi

confirmada, uma vez que:

• Dos 65 (100%) ACS participantes, 37 (56,9%) autorreferiram apresentar, no

presente e/ou no passado, distúrbio de voz.

• Os sintomas vocais atuais mais citados foram: garganta seca (40 – 61,5%),

cansaço ao falar (35 – 53,9%) e ardor na garganta (33 – 50,8%).

• Houve associação significativa entre um dos sintomas vocais atuais mais

citados e os aspectos relacionados ao ambiente (poeira) e à organização

do trabalho (estresse, ergonômicos e violência).

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ANEXOS

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Ferreira LP, Luciano P. Akutsu CM. Condições de produção vocal de vendedores de móveis e eletrodomésticos: correlação entre questões de saúde, hábitos e sintomas vocais. Rev CEFAC. 2008b; 10(4): 528-535.

Trabalhadores da Indústria

Arakaki FN, LP Ferreira, CR Troni, FS Lima. Condições de produção vocal de trabalhadores industriais: levantamento de dados na presença de riscos ocupacionais. Fono Atual. 2006; 36(9): 44-55.

Coutinho SB. Sintomas vocais em trabalhadores de uma usina de álcool e açúcar [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2009.

Coze WA. Condições de produção vocal em trabalhadores de uma indústria metalúrgica [dissertação de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2003.

Lima FS. Condições de produção vocal em empresa de transporte coletivo urbano: análise de dados na presença de temperatura elevada, ruído e poeira [Relatório de Iniciação Científica]. São Paulo: Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-SP; 2002.

Ubrig MT. Relação entre ambiente de trabalho, relato de alteração de voz e triagem vocal em trabalhadores metalúrgicos [monografia de especialização]. São Paulo: Centro de Estudos da Voz; 2005.

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ANEXO 2

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado(a) Agente Comunitário de Saúde,

Eu, Fabiana Gonçalves Cipriano, sou fonoaudióloga, moro na cidade de São Paulo e estou cursando o Mestrado em Fonoaudiologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Estou desenvolvendo uma pesquisa chamada Sintomas vocais em Agentes Comunitários de Saúde1.

O objetivo desta pesquisa é conhecer quais são as queixas de voz dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), ou seja, conhecer quais são as queixas de voz que você apresenta. Os resultados desta pesquisa poderão ajudar os ACS ou outras pessoas que tenham problemas de voz em futuros tratamentos fonoaudiológicos.

Com a sua participação você nos ajudará a entender se os ACS têm queixas de voz e, se têm, quais são essas queixas. Convido o(a) senhor(a) a responder um questionário com 65 perguntas sobre sua voz e seu trabalho. Normalmente, as pessoas levam aproximadamente 30 minutos para completar as respostas. Pedimos que o(a) senhor(a) fique atento para responder todas as perguntas (na maioria das vezes, apenas assinalar com um X), pois isso é muito importante para nós.

Caso o(a) senhor(a) aceite, receberá um questionário e um envelope. A partir da data de entrega do questionário, o(a) senhor(a) terá uma semana para me entregar.

Depois que o(a) senhor(a) completar as respostas, deverá colocar o questionário dentro do envelope e lacrar, para garantir a não identificação dos seus dados. Eu vou retirar o envelope lacrado na própria Unidade Básica de Saúde.

Esta pesquisa não oferece riscos ou desconfortos aos participantes. Não existirão despesas ou compensações pessoais para o(a) senhor(a), e também não há compensação financeira relacionada à sua participação.

Sua participação nesta pesquisa é voluntária e o(a) senhor(a) poderá desistir de participar a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.

As respostas do questionário serão analisadas em conjunto com outros pesquisadores e fica garantido que o seu nome ou outras identificações pessoais não serão divulgadas.

Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para a pesquisa e os resultados serão divulgados através de artigos científicos e congressos, sem nunca divulgar o seu nome ou a sua identificação.

Informo que o(a) senhor(a) poderá entrar em contato comigo em qualquer etapa da pesquisa para esclarecimento de dúvidas através do telefone (XX) XXXX-XXXX.

Caso o(a) senhor(a) tenha dúvidas ou denúncias sobre as questões éticas desta pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde, que fica na Rua General Jardim, nº 36, 8º andar, São Paulo, telefone (11) 3397-2464. Eu compreendo os meus direitos como um sujeito de pesquisa e voluntariamente consinto em participar desta pesquisa. Compreendo sobre o que, como e porque esta pesquisa está sendo feita. Receberei uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. São Paulo, _____ de ____________________ de 2009. ________________________________________ ________________________________________ Assinatura da pesquisadora Assinatura do(a) Agente Comunitário de Saúde

1 Por sugestão da Banca Examinadora de Qualificação, o título desta dissertação foi modificado.

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ANEXO 3 – Questionário: Condições de Produção Vocal – Professor (CPV-P), adaptado para esta pesquisa.

VOZ DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE

Prezado(a): O questionário abaixo tem como objetivo fazer um levantamento das condições da voz do Agente Comunitário de Saúde (ACS). Por gentileza, responda todas as questões fazendo um X no local indicado ou completando, quando solicitado.

I – IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

1 Nome completo da UBS: 2 Endereço: 3 CEP: 4 Telefone:

II – IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO

5 Nome: 6 Data de nascimento: / / 7 Sexo: 0. ( ) feminino 1. ( ) masculino 8 Estado civil:

1. ( ) solteiro 3. ( ) separado, desquitado ou divorciado 2. ( ) casado ou qualquer forma de união 4. ( ) viúvo

9 Escolaridade: 1. ( ) superior completo; curso: 4. ( ) médio completo 6. ( ) fundamental completo 2. ( ) superior em andamento; curso: 5. ( ) médio incompleto 7. ( ) fundamental incompleto 3. ( ) superior incompleto; curso: 8. ( ) outro(s); qual/quais?

III – SITUAÇÃO FUNCIONAL

10 Há quanto tempo você é Agente Comunitário de Saúde? 11 Qual o seu vínculo na UBS?

1. ( ) PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde 2. ( ) PSF – Programa Saúde da Família 3. ( ) Outro(s); qual/quais?

12 Seu ambiente de trabalho é calmo? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 13 Você tem liberdade para planejar e

desenvolver suas atividades? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

14 Há supervisão constante? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de supervisão?

15 O ritmo de trabalho é estressante? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 16 Você tem tempo para desenvolver todas as

suas atividades? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

17 Você costuma levar trabalho para casa? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de trabalho?

18 Em caso de necessidade, você tem facilidade para se retirar do trabalho?

0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

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Quanto ao ambiente físico da UBS: 19 A UBS é ruidosa? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei Se sim, o barulho vem de onde? (pode escrever mais de um local)

20 O ruído observado é forte? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 21 O ruído observado é desagradável? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 22 Há poeira no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de poeira?

23 Há fumaça no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de fumaça?

24 Há umidade no local? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de umidade?

25 A temperatura da UBS é agradável? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, por que?

26 Há espaço suficiente na UBS para sua movimentação? 0. ( ) não 1. ( ) sim 27 Os móveis da UBS (cadeira, mesa) são adequados à sua estatura? 0. ( ) não 1. ( ) sim 28 Você realiza esforço físico intenso? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei Se sim, que tipo de esforço físico?

29 Você carrega peso com freqüência? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, que tipo de peso?

30 A limpeza da UBS é satisfatória? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 31 Há condição de higiene adequada nos

banheiros da UBS? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

32 Os produtos de limpeza utilizados na UBS lhe causam irritação?

0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Se sim, qual/quais produtos?

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Se sim, descreva que tipo de irritação:

33 Há material de trabalho adequado? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 34 Há material de trabalho suficiente? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 35 Você tem satisfação no desempenho

do seu trabalho? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

36 Você considera seu trabalho: 1. monótono 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

2. repetitivo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 37 Há estresse em seu trabalho? 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 38 Assinale quais das situações de violência relacionadas abaixo já ocorreram na UBS e com que freqüência:

1. depredações 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

2. roubo de objetos pessoais 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei 3. roubo de material da UBS 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

4. ameaça aos ACS 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

5. intervenção da polícia 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

6. manifestação de racismo 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

7. indisciplina da população/comunidade 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

8. brigas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

9. agressões 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

10. insultos 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

11. violência à porta da UBS 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

12. violência contra os funcionários 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

13. problemas com drogas 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

14. pichações 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

IV – ASPECTOS VOCAIS

39 Você tem ou já teve alteração na sua voz? 0. ( ) não 1. ( ) sim, tive 2. ( ) sim, tenho 40

Quais sintomas vocais você tem atualmente? 1. rouquidão 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

2. perda da voz 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

3. falha na voz 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

4. falta de ar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

5. voz fina 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

6. voz grossa 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

7. voz variando grossa/fina 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

8. voz fraca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

9. picada na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

10. areia na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

11. bola na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

12. pigarro 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

13. tosse seca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

14. tosse com catarro 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

15. dor ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

16. dor ao engolir 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

17. dificuldade para engolir 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

18. ardor na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

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19. secreção/catarro na garganta 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

20. garganta seca 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

21. cansaço ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

22. esforço ao falar 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

23. outro(s) 0. ( ) nunca 1. ( ) raramente 2. ( ) às vezes 3. ( ) sempre 4. ( ) não sei

Qual/quais?

Gostaria de acrescentar algum comentário?

Muito obrigada pela sua participação!

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ANEXO 4

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