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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Mônica Oliveira Bernardo Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram tomografia computadorizada de crânio não traz prejuízo ao diagnóstico, motiva a educação permanente e promove campanha de radioproteção. MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE SOROCABA-SP 2013

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Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Oliveira... · Mônica Oliveira Bernardo. Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram tomografia computadorizada de crânio

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde

Mônica Oliveira Bernardo

Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram

tomografia computadorizada de crânio não traz prejuízo ao

diagnóstico, motiva a educação permanente e promove

campanha de radioproteção.

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

SOROCABA-SP

2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde

Mônica Oliveira Bernardo

Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram tomografia

computadorizada de crânio não traz prejuízo ao diagnóstico, motiva

a educação permanente e promove campanha de radioproteção.

MESTRADO PROFISSIONAL EDUCAÇÃO NAS PROFISSÕES DA SAÚDE

Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Educação nas Profissões da Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando Antonio de Almeida.

SOROCABA/SP

2013

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Bibliotecário Responsável: Antonio Pedro de Melo Maricato CRB-8 / 6922 Biblioteca Prof. Dr. Luiz Ferraz de Sampaio Júnior.

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – PUC-SP

Bernardo, Mônica Oliveira

B523 Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram tomografia

computadorizada de crânio não traz prejuízo ao diagnóstico, motiva à

educação permanente e promove campanha de radioproteção / Mônica

Oliveira Bernardo. -- Sorocaba, SP : 72 fls., 2013.

Orientador : Fernando Antonio de Almeida. Dissertação (Mestrado

Profissional) -- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de

Ciências Médicas e da Saúde.

1. Tomografia Computadorizada por Raios X- efeitos adversos

2. Traumatismos craniocerebrais. 3. Anormalidades Induzidas por Radiação.

4. Relação Dose-Resposta em Radiação. I. Almeida, Fernando Antonio de. II.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Ciências

Médicas e da Saúde. III. Título.

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BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

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RESUMO

Mônica Oliveira Bernardo. Reduzir a dose de radiação em crianças que realizaram tomografia computadorizada de crânio não traz prejuízo ao diagnóstico, motiva a educação permanente e promove campanha de radioproteção. Introdução: Os exames radiológicos têm aumentado muito, especialmente em crianças pós-trauma crânio-encefálico (TCE). Estudos recentes indicam maior incidência de câncer e catarata em crianças submetidas à tomografia quando comparadas àquelas sem exposição. Alguns países já promovem campanhas para evitar exames desnecessários e reduzir a dose de radiação. Objetivos: 1. Avaliar se a redução da dose de radiação em tomografias computadorizadas (TC) de crânio prejudica a interpretação do exame e o diagnóstico em crianças com TCE. 2. Desencadear no ambiente de trabalho a discussão e implementação de medidas capazes de reduzir a dose de radiação recebida por crianças que necessitem atenção à saúde estimulando também a conscientização dos pediatras e dos familiares. Métodos: Selecionamos dois grupos de TC de crianças com TCE, realizados em tomógrafo Philips Multi Slice de 64 canais no Hospital da Unimed de Sorocaba no período de janeiro a agosto de 2012. Inicialmente selecionamos as 30 últimas TC realizadas com dose de radiação habitual. A seguir, aos próximos exames, aplicamos os protocolos de redução da carga de radiação (aproximadamente 50%) segundo as diretrizes da The Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging. Reduzimos a Quilovoltagem (KV) ao máximo demonstrado pelo equipamento de tomografia e estabelecemos um limite para a Miliamperagem por segundo (mAs) de acordo com a análise do equipamento de tomografia após a realização da radiografia digitalizada na tomografia, de acordo a espessura e o comprimento da área a ser analisada do paciente. Orientamos a equipe técnica para que restringisse a extensão do exame somente à região solicitada no pedido médico. As duas séries de exames foram apresentados a 19 pediatras, 2 neurocirurgiões da Unidade de Emergência e a 7 radiologistas do Hospital da Unimed Sorocaba que desconheciam as diferenças técnicas. Os participantes responderam por um questionário específico se encontraram diferenças entre os exames; se tiveram dificuldade em fazer o diagnóstico e tomar a conduta necessária; se sentiam necessidade de capacitação para avaliar os exames e a carga de radiação e se consideravam útil a implantação de uma caderneta individual de registro dos exames radiológicos. Resultados: Quatro participantes viram diferenças entre os exames e referiram maior "ruído" (granulação da imagem) naqueles com redução da carga de radiação; não tiveram dificuldade em realizar o diagnóstico e orientar a conduta; a maioria gostaria de ter capacitação e educação preventiva e todos concordam que a caderneta de controle de registro de exames radiológicos seria útil para a educação e vigilância dos pais e profissionais de saúde. Conclusão: O estudo evidenciou ser possível reduzir a dose de radiação em TC de crianças em até 50% sem prejuízo no diagnóstico e na conduta; os profissionais de saúde estão motivados a se capacitarem e a ter atitudes visando reduzir a carga de radiação. A direção do hospital implantou a caderneta de registro de exames radiológicos. A campanha foi divulgada na mídia local e nos sites da Unimed de Sorocaba e na Unimed do Brasil e tem sido bem aceita pela comunidade hospitalar e familiares. Palavras-Chave: tomografia; educação em saúde; anormalidades induzidas por radiação; traumatismos crânio encefálicos, radioproteção.

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ABSTRACT

Mônica Oliveira Bernardo. Reducing radiation dose in children who underwent computed tomography does not bring harm to the diagnosis, motivates continuing education and promotes radioprotection campaign. Introduction: Radiological examinations have greatly increased, especially in

children after craniocerebral trauma (CCT). Recent studies indicate a higher incidence of cancer and cataracts in children undergoing computed tomography (CT) compared to those without exposure. Some countries have promoted campaigns to avoid unnecessary CT and reducing the radiation dose. Objectives: 1. To assess

whether the reduction of radiation dose in CT affect exam interpretation and diagnosis in children with CCT. 2. To stimulate discussion and implementation of measures to reduce the radiation dose received by children requiring health care and, also, stimulating awareness of pediatricians and families about the radiation dangers. Methods: We selected two groups of CT from children with CCT that

underwent to CT performed in Philips 64 channels Multi Slice CT scanner at Unimed Hospital (Sorocaba-SP) from January to August 2012. We initially selected the 30 last CT performed with usual radiation dose in children. Then to the next CT for CCT we apply the protocols to reduce radiation load (approximately 50%) according to the guidelines of The Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging. We reduced the kilovoltage (KV) to the maximum shown by tomography equipment and set a limit to the milliamperes per second (mAs) according to analysis of the tomography equipment after the completion of digitized radiography tomography, according to thickness and length of area of the patient being examined. We oriented the technical team to restrict the exam to the extent of the area requested by the doctor. The two CT series were presented to 19 pediatricians and 02 neurosurgeons from the Emergency Unit and to 7 radiologists from Unimed Hospital blind to the technical differences. The participants answered a specific questionnaire asking if they noticed any difference comparing the two series of exams; if they had any difficulty in making the diagnosis and taking the necessary conduct; if they need any training to exam the CTs and to assess the load of radiation and, finally, if they consider useful to implement a booklet for each child to register his/her radiological examinations. Results: Four participants noticed differences between the CT series and reported

greater "noise" (image graininess) in those with reduced radiation load, had no difficulty in making a diagnosis and take the right conduct; most would like to have training and education on radioprotection and all agreed that the booklet to register and control radiological examinations would be useful for education and surveillance of parents and health professionals. Conclusion: This study showed that is possible

to reduce the radiation dose in CT scans of children up to 50% without loss in the diagnosis accuracy; health professionals are motivated for continuing education and have attitudes to reduce the load of radiation. The direction of the hospital implemented the booklet to record radiological examinations. The campaign was publicized in the local media and on websites of Unimed Sorocaba and Unimed Brazil and has been well accepted by the hospital community and families. Keywords: tomography; health education; radiation-induced abnormalities, head

trauma, radioprotection.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família e Deus pela oportunidade e amor que temos em

comum.

Em especial, agradeço a meu coordenador Professor Dr. Fernando Antonio

de Almeida que muito me ensinou sobre comportamento ético e moral com

elegância, grande sabedoria e tranquilidade, mesmo nos momentos mais difíceis.

Agradecemos à Diretoria da Unimed de Sorocaba, Dr. José Augusto Rabello

Júnior, Dr. Alberto Henrique de Oliveira Pereira, ao coordenador do Setor de

Imagem, Dr. Chen Yao Huei, às coordenadoras da Emergência Pediátrica, Profa.

Dra. Luciana Maria de Andrade Ribeiro e Dra. Maria Cristina Cutter que apoiaram e

acreditaram na Campanha de Radioproteção e no Projeto do nosso trabalho.

Agradecemos ao Presidente da Unimed, Prof. Ms. José Francisco Moron

Morad e ao Vice-Presidente Dr. Paulo Húngaro, assim como ao Dr. Rodolfo Pinto

Machado Araújo, membro participante da Unimed Brasil.

Agradecemos ao Dr. Luiz Antonio Nunes de Oliveira, radiologista especialista

em pediatria do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo, que muito nos

ensinou e entusiasmou sobre o tema.

Agradecemos com carinho a todos os colaboradores da Unimed de Sorocaba

nos setores de Imagem, Emergência, Recepção, Marketing e Radiologia que

ajudaram na realização do trabalho, viabilizando a implantação da Campanha de

Radioproteção.

Agradecemos aos professores do mestrado e colaboradores da PUC São

Paulo que nos deram suporte para a concretização da tese, a amiga Heloisa Helena

Armênio da Pós-Graduação, e Isabel Cristina Campos Feitosa e Antonio Pedro de

Melo Maricato da Biblioteca.

Agradecemos aos Professores Leni Boghossiam Lanza, Cibele Isaac

Saad Rodrigues, José Eduardo Gomes Bueno de Miranda e Luiz Ferraz de Sampaio

Neto sempre com grande entusiasmo no projeto.

Agradecemos aos meus colegas de trabalho que nos apoiaram para

conseguirmos realizar as tarefa do mestrado.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

1.1 O Risco da Radiação Somatória para Crianças. ............................................... 8

1.2 Condições comuns a que os Indivíduos são submetidos à Radiação. ............ 10

1.3 Traumatismo Crânio-encefálico na Criança. .................................................... 10

1.4 Iniciativas Mundiais para Reduzir a Dose de Radiação. .................................. 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 15

3.1 Seleção do Material Radiológico ..................................................................... 15

3.2 Participantes da Pesquisa ............................................................................... 16

3.3 Aplicação do Questionário e Avaliação dos Exames pelos Participantes da Pesquisa ................................................................................................................ 16

3.4 Local da Pesquisa............................................................................................ 17

3.5 Aspectos Éticos ............................................................................................... 17

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 18

4.1 Caracterização do Banco de Dados ................................................................ 18

4.1.1 Exames de Controle com Doses Habituais de Radiação .......................... 18

4.1.2 Exames com Doses Reduzidas de Radiação ........................................... 18 4.2 Caracterização dos Participantes da Pesquisa ................................................ 21

4.3 Respostas aos Questionários Aplicados: ......................................................... 22

4.3.1 Questão 01: ............................................................................................... 22

4.3.2 Questão 02: ............................................................................................... 22 4.3.3 Questão 03 ................................................................................................ 23

4.3.4 Questão 04: ............................................................................................... 23 4.3.5 Questão 05: ............................................................................................... 24

4.4 Consequências do Desenvolvimento da Pesquisa no Ambiente de Trabalho . 25

4.4.1 Padronização dos Protocolos e Controles. ............................................... 25

4.4.2 Implantação de Caderneta de Registro de Exames Radiológicos. ........... 26 4.4.3 Outras Iniciativas e Atividades que Surgiram Espontaneamente Motivadas pela Realização do Estudo................................................................................. 26 4.4.4 Entrevista com o Diretor Executivo da UNIMED Sorocaba ....................... 27 4.4.5 Carta do Diretor Clínico do Hospital da Unimed Sorocaba ....................... 29

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 32

7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 34

ANEXOS ................................................................................................................... 38

ANEXO A: Questionário. ........................................................................................ 38

ANEXO B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................... 40

ANEXO C: Cópia da aprovação do projeto no CEP-FCMS-PUC/SP ..................... 42

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ANEXO D: Material no jornal Cruzeiro do Sul . Data: 30-05-2013 ......................... 43

ANEXO E: Início da Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria. . 44

ANEXO F: Divulgação na mídia da Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria. .......................................................................................................... 45

ANEXO G: Divulgação no site da Unimed de Sorocaba sobre a Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria.13- 08-2013 ........................................ 46

ANEXO H: Divulgação no site da Unimed de Sorocaba sobre a Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria. ............................................................ 47

ANEXO I: Divulgação com cartazes no Hospital da Unimed de Sorocaba sobre a Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria. .................................. 48

ANEXO J: Divulgação com release no site da Unimed de Sorocaba sobre a implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em pediatria. ................................................................................................................ 49

ANEXO K: Divulgação com release no site da Unimed de Sorocaba sobre a implantação de protocolos de radioproteção em pediatria..................................... 50

ANEXO L: Divulgação na mídia local sobre a implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em pediatria, assim como do projeto. . 54

ANEXO M: Criação da carteira de radioproteção em pediatria da Unimed Sorocaba ............................................................................................................... 57

ANEXO N: Criação da carteira de radioproteção em pediatria da Unimed Sorocaba ............................................................................................................................... 58

ANEXO O: Filipeta da Campanha de Radioproteção em pediatria da Unimed Sorocaba ............................................................................................................... 59

ANEXO P: Treinamento : Conscientização do efeito de Radiação Ionizante/ ....... 60

ANEXO Q: Divulgação com release no site da Unimed Brasil sobre a implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em Pediatria. ............. 61

ANEXO R: Texto release no site da Unimed Brasil sobre a implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em Pediatria. .................. 62

ANEXO S: Certificado Aula Palestra Hospital Unimed de Sorocaba. ................... 65

ANEXO T: Laudo da auditoria externa Fundação Vanzolini para qualificação hospitalar em visita ao Hospital Unimed de Sorocaba. 15 outubro 2013. .............. 66

ANEXO U: Apresentação do projeto na seção de Tema Livre do Congresso Brasileiro de Radiologia em Curitiba 2013. Envio do trabalho ao projeto em abril 2013. ...................................................................................................................... 67

ANEXO V: Certificado da Apresentação do projeto na seção de Tema Livre do Congresso Brasileiro de Radiologia em Curitiba 2013. ......................................... 69

ANEXO X: Apresentação do projeto na seção de pôster comentado do Congresso Brasileiro de Educação Médica em Recife 2013. .................................................. 70

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O Risco da Radiação Somatória para Crianças.

O aumento na solicitação e a facilidade na execução de exames radiológicos,

em particular a tomografia computadorizada (TC), realizada principalmente em

equipamentos helicoidais e “Multi Slice”, após a década de 1980, tem trazido

preocupação no meio médico e científico devido ao efeito cumulativo da dose de

radiação. Nos Estados Unidos, o número de tomografias estimadas por ano era de 3

milhões na década de 1980, aumentando para 62 milhões em 2007.1

Devemos mencionar que nenhuma outra prática no mundo expõe o ser

humano à radiação como os exames médicos radiológicos. De acordo com a UN

Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR), há mais de 4

bilhões de procedimentos médicos por imagem reportados anualmente. A radiação

utilizada na medicina constituirá em breve na maior escala de radiação à população

no mundo. 2

A TC contribuía com cerca de 2 a 3% de todos os exames radiológicos e

passou a 20 a 30 % em virtude do aumento do seu espectro de uso e da facilidade e

disponibilidade dos equipamentos em centros ambulatoriais e hospitalares. 3

No Reino Unido, a tomografia computadorizada contribui com 50% da dose

emitida de todos os exames radiológicos.4

A dose equivalente da tomografia em relação ao estudo radiológico simples

chega a 400 vezes maior. Por exemplo, uma TC de tórax tem uma carga equivalente

8 mSv; Raio X de Tórax a 0.02 mSv. A dose aplicada ao cristalino é de

aproximadamente 30 mSv em uma TC de crânio.5

As crianças e os adolescentes, devido aos tecidos estarem em

desenvolvimento, possuem maior sensibilidade e risco deste efeito da radiação

ionizante, sendo maior quanto mais jovem for a criança.6

Vários estudos indicam aumento do risco nos pacientes expostos a TC, em

relação aos pacientes não expostos, mesmo em exames de baixa dose, sendo os

possíveis efeitos desde um quadro de catarata precoce e até câncer. Um estudo

americano estimou o aumento do risco de mortalidade por câncer que uma criança

de 1 ano de idade tem após ser exposta à radiação de uma TC de abdome (0,18%)

ou TC de crânio (0.07%), evidenciando que embora o risco seja baixo, não é

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desprezível. 7 Os autores estimam ainda que no final da década de 1.990, nos EUA,

eram realizadas 600.000 TC de abdome ou de crânio anuais em crianças com

menos de 15 anos e, inferem, que, grosseiramente, 500 destes indivíduos irão

morrer de câncer atribuído ao exame.7

Segundo Life Span Study e outros estudos na mesma época que avaliaram a

incidência de câncer nos indivíduos expostos a altas doses de radiação, os efeitos

da baixa dose acumulativa da radiação ionizante da TC podem ser comparáveis

proporcionalmente aos observados nos sobreviventes das bombas atômicas no

Japão e foram predominantes nos indivíduos do sexo feminino e mais jovens.

Sobreviventes da bomba de Hiroshima desenvolveram câncer com doses de 5 a 150

mSy, com média de 40 mSy, sendo esta a dose equivalente a duas ou três

tomografias de abdome em um adulto.8–12

No Reino Unido, 180.000 jovens que fizeram tomografias de baixa dose foram

acompanhados de 1985 a 2002 e os resultados indicaram aumento da incidência de

leucemia e tumor cerebral. 13 Após 2001, a realização de cinco a dez TC de crânio

em crianças abaixo de 15 anos resultava em uma dose cumulativa de radiação na

medula óssea de aproximadamente 50 mGy e duas a três TC de crânio em dose

acumulada de 60 mGy no cérebro. O uso de CT em crianças com dose acumulada

de 50 mGy pode triplicar o risco de leucemia e doses de 60mGy pode triplicar o

risco de câncer cerebral.13

Um estudo recém publicado que acompanhou 10 milhões de crianças e

adolescentes na Austrália evidenciou aumento do risco de câncer de 24% (intervalo

de confiança de 95% - 20% a 29%) em relação à população não exposta, sendo

tanto maior quanto mais jovem fosse a criança e proporcional ao número de exames

realizados. 6 Houve um aumento de 608 casos de câncer na população exposta à

TC, sendo 147 no sistema nervoso central, 356 em outros órgãos sólidos (melanoma

e tireóide), 48 leucemias ou mielodisplasias e 57 outras doenças linfóides. Neste

estudo, o excesso absoluto da incidência de câncer nos indivíduos expostos em um

seguimento de 9,5 anos foi de 9,38 por 100.000 indivíduos, com predomínio para

tumores de órgãos sólidos e tecido linfóide.6

Desta maneira, a utilização do exame tomográfico deve ser feita com cautela,

após avaliação clínica e crítica do médico solicitante e sob orientação do

radiologista.

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10

1.2 Condições comuns a que os Indivíduos são submetidos à Radiação.

Naturalmente os indivíduos são expostos a uma radiação diária em virtude da

exposição ao sol, ar, material de construção, rochas e radiação cósmica, sendo esta

chamada de unidade de radiação natural (underground radiation). Apesar dos efeitos

da dose absorvida pelo organismo depender de vários fatores associados, fatores

genéticos e outros, alguns trabalhos começaram a comparar quantitativamente esta

radiação natural à dose de radiação absorvida pelo organismo quando o individuo

realiza uma TC. Por exemplo, uma TC de crânio pode acumular em radiação o

equivalente a oito meses de exposição natural, sendo estes dados para cada série

do exame; um Raio X de tórax equivale a um dia de radiação natural.14

Como já mencionamos, a disponibilidade de exames tomográficos em

serviços de saúde utilizando equipamentos rápidos que não exigem sedação ou

restrição da criança tem facilitado a solicitação e realização destes exames na

prática pediátrica. Se por um lado pais e pediatras ficam mais seguros com a

documentação por imagem de algum eventual distúrbio ou, na maioria das vezes, da

ausência deles, esta exposição à radiação não é de forma alguma inócua. Ao

procurar em arquivo o exame de uma determinada criança, frequentemente os

radiologistas surpreendem-se com o número de exames radiológicos já registrados

da mesma criança. Estes dados registrados nos bancos de dados de um

determinado hospital ou serviço de radiologia não estão disponíveis para o pediatra

ou para os responsáveis. A maior disponibilização de pronto atendimentos, a

ansiedade dos pais em resolver de maneira rápida e segura o problema da criança e

a insegurança dos médicos assistentes, que têm que resolver e garantir de forma

documental que deram o atendimento adequado aos pacientes, todos estes fatores

certamente fomentaram o crescimento dos pedidos de exames radiológicos nas

unidades ambulatoriais e de emergência e fizeram aumentar o risco dos efeitos e

suas complicações.

1.3 Traumatismo Crânio-encefálico na Criança.

No Brasil tem-se observado aumento da taxa de incidência de traumatismo

crânio encefálico (TCE) em crianças menores de 10 anos (20,3%) e em adultos

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jovens quando comparados a outras faixas etárias (16,9% na faixa de 20 a 29 anos

e 16,1% em indivíduos com 30 a 39 anos).15

O trauma na infância é um dos mais frequentes motivos de procura de

atendimento médico em unidade de urgência e emergência e levam à solicitação de

exames tomográficos na própria unidade.

Na Unidade de Urgência e Emergência da Unimed Sorocaba, as solicitações

de TC em crianças com TCE ocorrem em 20 a 25% dos atendimentos. Atualmente a

Unimed Sorocaba é responsável pelo cuidado em saúde de 77.151 indivíduos,

sendo 13.946 crianças de 0 a 12 anos.

Sabemos que o uso de métodos de diagnósticos por imagem como a TC em

unidades de urgência e emergência tem sido de grande auxílio para a realização de

diagnóstico precoce e na orientação das condutas, além de otimizar o atendimento.

Apesar do risco, os métodos diagnósticos radiológicos são importantes, pois,

contribuem para melhorar a acurácia e rapidez do diagnóstico, reduzem o tempo de

permanência dos pacientes nos hospitais, evitam internações desnecessárias,

favorecem a gestão de qualidade do serviço e orientam a conduta terapêutica. 16,17

O TCE representa aproximadamente 15% a 20% das mortes em pessoas

com idade entre 5 e 35 anos, porém 80% são classificados como trauma leve, e

geralmente evoluem sem intercorrências, recebendo alta.18

Segundo os critérios utilizados pelo Trauma Life Support (ATLS®) do Colégio

Americano de Cirurgiões, os pacientes com TCE assintomáticos, alertas e

neurologicamente normais devem ser observados, depois reavaliados e podem

receber alta sem realizar a TC de crânio.19

1.4 Iniciativas Mundiais para Reduzir a Dose de Radiação.

O Colégio Americano de Radiologia e a Sociedade Americana de Pediatria

preocupados com o aumento da execução das tomografia e demais métodos

diagnósticos e o efeito somatório da dose de radiação absorvida criaram a Alliance

for Radiation Safety in Pediatric Imaging 2007 - The Image Gently Campaign.20

Segundo os dados disponíveis nos registros destas entidades, o risco de

desenvolvimento de câncer na população geral é de 20 a 25%.21 Em outras

palavras, para cada 1.000 crianças, 250 poderão vir a ter câncer no futuro, mesmo

nunca tendo sido expostas à radiação por métodos diagnósticos por imagem.20

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12

Ainda segundo estas instituições, a exposição à radiação de um único exame

tomográfico simples aumenta o risco estimado em 0,03 a 0,05%, sendo este efeito

cumulativo.20

Para minimizar estes riscos foram propostos protocolos de redução de dose

em exames radiológicos pelo Colégio Americano de Radiologia, com o objetivo de

evitar o acúmulo de radiação.14 Além disso, estes especialistas recomendam: utilizar

protocolos com doses reduzidas segundo parâmetros adequados à idade e peso da

criança; realizar o exame direcionado à área a ser estudada; evitar o uso de

múltiplas fases e sequências durante o exame e, quando possível, considerar o uso

de outros métodos alternativos, tais como ultrassom (US) e ressonância magnética

nuclear (RMN).14 Os parâmetros que influenciam a dose de radiação emitida em TC

são: corrente do tubo (mA), tempo de rotação do gantry (s); o produto destes é o

mAs, velocidade da mesa (cm*s-1), configuração do detector (mm) e a quilovoltagem

(KV). Dependendo da estrutura a ser analisada, se usarmos mAs adequado, por

exemplo, ao avaliar estruturas ósseas e o pulmão, o mAs pode ser baixo .17,22–25

Estudos prévios sugerem que deve ser feita a redução manual de 30 a 50%

da corrente do tubo da tomografia por segundo (mAs) ou aumento da velocidade da

mesa (cm*s-1) para redução da dose de radiação em TC de crianças. 7

O Colégio Americano de Radiologia está, inclusive, desenvolvendo softwares

com possibilidade de compartilhar dados relacionados a dosagem total (DLP)

obtidos direto dos equipamentos de tomografia, criando controles comparativos

entre vários centros de referência mundiais, oferecendo também serviços de

aquisição de selos de controle de qualidade, chamado DIR (registro de dose).14 O

intuito desta medida seria defender as instituições de problemas jurídicos futuros,

questionáveis pelos pacientes, já que as famílias estão sendo estimuladas por

artigos da campanha mundial The Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging

a questionarem o motivo dos exames com radiação ionizante e a discussão de

métodos alternativos.26

Artigo recente publicado por Instituições filiadas à Agência Internacional de

Energia Atômica e à Unidade de Radioproteção ao paciente em Viena aplicará

preconiza a monitorização de redução de dose, conseguindo reduzir em 52% de

2008 a 2010 a dose de radiação em TC de crânio. 27 Membros do mesmo grupo

desenvolveram um cartão eletrônico de dosagem de radiação como histórico do

paciente, contendo banco de dados.2

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13

A Folha de São Paulo fez recentemente uma reportagem sobre os riscos dos

efeitos da tomografia computadorizada em criança e mencionam que poucos

Hospitais se dedicam a esta prevenção.28

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14

2 OBJETIVOS

1. Avaliar se a redução da dose de radiação em tomografias

computadorizadas de crânio prejudica a interpretação do exame e o diagnóstico em

crianças com TCE atendidas na Unidade de Emergência do Hospital da Unimed

Sorocaba, SP.

2. Desencadear no ambiente de trabalho a discussão e implementação de

medidas capazes de reduzir a dose de radiação recebida por crianças que

necessitem atenção à saúde.

3. Estimular a conscientização dos pediatras e dos familiares quanto aos

perigos da radiação excessiva.

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15

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa em relação à técnica do

exame radiológico e de natureza qualitativa na avaliação da opinião dos

especialistas em radiologia e dos médicos envolvidos no atendimento à criança com

TCE.

3.1 Seleção do Material Radiológico

Tendo em vista a frequência de acidentes envolvendo as crianças e a

consequente exposição destas aos efeitos de radiações dos exames radiológicos

com objetivos diagnósticos e terapêuticos, criamos a partir do registro do Serviço de

Radiologia do Hospital da Unimed de Sorocaba, um banco de dados com TC de

crânio de crianças que sofreram TCE. Foram incluídos os últimos 30 atendimentos a

crianças com idade de 0 a 10 anos realizadas na Unidade de Urgência e

Emergência do Hospital da Unimed Sorocaba no período de janeiro a agosto de

2012. Este constituiu o grupo controle ou de “doses habituais” de exames

radiológicos, quantificando-se as doses de radiação utilizadas nestes exames.

A seguir, fizemos uma amostra aleatória dos próximos 30 atendimentos nos

quais foram solicitadas TC de crânio, adotando-se na execução destes exames o

protocolo de redução de dose de radiação, limitando a dosagem do mA de 100 a

150 mAs, seguindo as orientações da The Alliance for Radiation Safety in Pediatric

Imaging da Sociedade Americana de Pediatria e do Colégio Americano de

Radiologia, que levam em conta as dimensões, peso e idade das crianças e

garantindo a adequação da técnica radiológica. Utilizamos a menor dosagem de KV

que o equipamento de tomografia sugeriu, pois este tem um software de adequação

de dose de acordo com a espessura e comprimento do paciente (parâmetros

documentados na radiografia digitalizada inicial - Scout View) e limitamos o

comprimento e a extensão do campo de exposição somente à área necessária

referida na solicitação médica, excluindo ainda a região do cristalino no campo

exposto. Estes 30 novos exames constituíram o grupo “dose reduzida de radiação”.

Ao se computar a dose total (DLP) emitida, referida pelo equipamento de tomografia,

nos exames realizados destes pacientes, identificamos uma redução aproximada da

dose de 50%. Em nenhuma das séries houve necessidade de repetir o exame.

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16

O número de exames em cada grupo foi determinado em quantidade

suficiente para garantir um amplo espectro de alterações radiológicas comuns em

casos de TCE, especificamente, hematoma sub-galeal, hematoma parenquimatoso,

hematoma extra-axial e fratura. Em posse das duas séries de exames, analisamos

se, na opinião dos radiologistas e dos médicos envolvidos no atendimento às

crianças com TCE, havia diferença entre as duas séries de exames e se estas

diferenças poderiam alterar o diagnóstico radiológico ou a conduta terapêutica. Os

médicos analisaram as imagens através do sistema de visualização pelo número de

identificação do paciente, PCAS do sistema do Hospital da Unimed de Sorocaba,

utilizando o mesmo computador e o monitor onde estão costumados a ver os

exames no seu ambiente de trabalho.

3.2 Participantes da Pesquisa

Todos os médicos envolvidos no atendimento de crianças com TCE e

presentes no ambiente de trabalho no período em que a pesquisa foi realizada,

foram convidados a participar da avaliação dos exames e a responder ao

questionário. Aceitaram e puderam participar da pesquisa 7 radiologistas, 19

pediatras e 2 neurocirurgiões que atuam, respectivamente, nas unidades de

Radiologia e de Urgência e Emergência do Hospital da Unimed Sorocaba, SP.

3.3 Aplicação do Questionário e Avaliação dos Exames pelos Participantes da

Pesquisa

Cada participante da pesquisa recebeu 2 séries de TC de crânio (A e B) com

3 exames cada. Em cada uma das séries incluímos sempre 1 exame normal e 2

exames com as alterações radiológicas mais comuns (ver tabelas 1 e 2). Após

avaliar as duas séries de exames, os participantes responderam um questionário

(anexo 1) que tinha por objetivo identificar se reconheciam alguma diferença entre

as duas séries de exames e se a qualidade técnica dos exames permitia o

diagnóstico e conduta adequada em cada caso. Além disso, o questionário abordava

a necessidade de capacitação técnica dos participantes da pesquisa e se

consideravam útil a criação de uma caderneta de registro de exames radiológicos

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17

com o objetivo de conscientizar familiares e profissionais de saúde no sentido de

reduzir a carga de radiação à qual as crianças estão expostas.

3.4 Local da Pesquisa

Serviço de Radiologia e de Urgência e Emergência do Hospital da Unimed de

Sorocaba, SP.

3.5 Aspectos Éticos

O protocolo do estudo e o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

para os médicos participantes foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP (anexos 2 e 3).

Entendemos que seria desnecessário o TCLE para os pacientes e responsáveis,

pois os exames da série de “doses habituais de radiação” já haviam sido realizados

dentro da rotina própria do serviço, e, da mesma forma, a série de exames com

“redução da dose de radiação” proposta para os procedimentos radiológicos

realizados a seguir foi feita de acordo com as recomendações das diretrizes do

Colégio Americano de Radiologia e da Sociedade Americana de Pediatria. Nenhum

dos exames permitia a identificação da criança e os dados radiológicos foram

tratados com absoluto sigilo pelos pesquisadores.

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4 RESULTADOS

4.1 Caracterização do Banco de Dados

4.1.1 Exames de Controle com Doses Habituais de Radiação

A tabela 1 apresenta um resumo da identificação (numérica), dos parâmetros

demográficos, dos diagnósticos radiológicos e das doses de radiação

correspondente a cada exame realizado na série de exames com doses habituais de

radiação. Dos trinta exames selecionados o número de exames considerados

normais foi de 14 e o número de exames com alterações 16. Destes, 6

apresentavam mais de uma alteração ou mais de um diagnóstico radiológico.

4.1.2 Exames com Doses Reduzidas de Radiação

A tabela 2 apresenta um resumo da identificação (numérica), dos parâmetros

demográficos, dos diagnósticos radiológicos e das doses de radiação

correspondente a cada exame realizado na série de exames com doses reduzidas

de radiação. Selecionamos o mesmo número de exames que na série com doses

habituais de radiação (controles) e os diagnósticos radiológicos foram semelhantes,

sendo o número de exames normais de 19 e os com alterações 11. Destes, 8 tinham

mais de uma alteração ao diagnóstico radiológico.

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TABELA 1 – Série de Exames com Doses Habituais de Radiação com Diagnóstico Clínico de TCE

Registro do

Paciente

SEXO

Masc/Fem

IDADE

(meses)

Diagnóstico

Radiológico(1)

MAS (2) DLP (3)

(mGy x cm)

502378 M 95 FC / S 349 1323

339930 M 57 FC 251 873

453420 M 23 FC 349 1023

446628 F 27 FC / HEA /HSG 349 938

407450 M 44 FC / S 398 1178

411231 M 88 FC/HSG/FO 300 842

363610 M 83 HSG/FN 300 819

341819 M 80 HSG 398 1209

452776 M 1 H P 349 833

343055 M 25 HSG 398 1111

351402 F 25 HSG 398 976

368315 M 50 HSG 398 1147

456865 F 68 HSG 349 944

390807 F 83 HSG 300 884

386458 F 61 HEA/ S 398 1333

341763 F 96 N 398 1125

343483 F 103 N 398 1221

345242 F 19 N 398 1184

348782 F 30 N 398 1178

350794 F 81 N 398 1059

354510 M 40 N 398 1118

404080 F 91 N 398 1127

355623 M 9 N 398 1098

362158 F 77 N 398 1131

365338 M 40 N 398 1152

366804 M 75 HSG 398 1168

366884 M 130 N 398 1168

359736 F 92 N 398 1147

445655 M 114 N 349 1056

431791 M 95 N 398 1116

Média 1082,7

DP 137,8

(1). Diagnóstico radiológico: N= exame normal; H= hematoma parenquimatoso; HSG= hematoma sub-galeal; HEA= hematoma extra-axial; FC= fratura da calota craniana; FO= fratura orbitaria; FN= fratura do osso nasal; S= sinusopatia.

(2). MAS= Miliamperagem/s. (3). DLP= Dose total (miligraves x cm)

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TABELA 2 – Série de Exames com Doses Reduzidas de Radiação com Diagnóstico Clínico de TCE

Registro

do

Paciente

SEXO

Masc/Fem

IDADE

(meses)

Diagnóstico

Radiológico(1)

MAS (2) DLP(3)

mGy x cm

454773 F 107 HEA / FC 200 573

381934 M 32 FC/ HSG/ S 200 544

416969 M 2 HEA / FC 200 446

357309 F 24 HSG 251 679

342434 F 29 HSG 251 679

369931 F 25 HSG 150 455

382192 F 40 HSG/ FC 398 641

409319 M 30 HSG 200 556

357312 F 36 HSG 251 621

365705 M 75 N 200 583

350639 F 10 N 200 541

444779 F 6 N 200 469

419404 M 52 N 200 557

416655 F 7 N 200 590

416546 M 2 N 251 644

387461 M 32 HSG / FC 200 557

387717 F 108 N / S 200 531

387854 F 67 N 200 567

381397 M 48 N 150 414

369961 F 108 N 200 531

368577 M 12 N 200 513

365289 F 69 N 200 549

427778 M 111 N / S 200 567

436284 F 54 N 200 539

434518 F 49 N 200 562

362912 M 31 N / S 200 338

360283 F 15 N 150 352

357156 M 32 N 200 510

453748 F 43 N 200 544

390123 F 7 N 300 462

Média 537,1

DP 82,1

(1). Diagnóstico radiológico: N= exame normal; H= hematoma parenquimatoso; HSG= hematoma sub-galeal; HEA= hematoma extra-axial; FC= fratura da calota craniana; FO= fratura orbitaria; FN= fratura do osso nasal; S= sinusopatia. (2). MAS= Miliamperagem/s. (3). DLP= Dose total (miligraves x cm)

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Como se observa, a distribuição etária das crianças cujos exames foram

avaliados e os achados radiológicos foram semelhantes nas duas séries de exames.

As alterações identificadas e relacionadas ao TCE foram de fratura da calota

craniana, fratura do osso nasal, fratura da órbita, hematoma extra-axial (subdural) e

hematoma sub-galeal (tecido subcutâneo).

A média das doses de radiação (DLP) na série de TC realizada com doses

habituais de radiação (controles) foi de 1082,8 mGy x cm, e da série de TC com

doses reduzidas de radiação foi de 537,1 mGy x cm, correspondendo à redução de

50% da dose de radiação exposta nos exames desta última, diferença

estatisticamente significante (p<0,0001, teste "t" de Student).

4.2 Caracterização dos Participantes da Pesquisa

A tabela 2 apresenta algumas das características dos participantes da

pesquisa. Procuramos envolver todos os profissionais médicos que estão

relacionados ao atendimento da criança nestas condições, ou seja, pediatras

plantonistas no Serviço de Urgência e Emergência e radiologistas que atuam no

Serviço de Radiologia do Hospital da Unimed Sorocaba. Como se observa, são

todos profissionais experientes e com longo tempo de prática médica, com pouco

mais de vinte anos de formados em medicina.

TABELA 3. Caracterização dos Participantes da Pesquisa

Participantes Sexo Média da Idade

(anos)

Tempo Médio de Prática

na Profissão (anos)

Pediatras

( n = 19)

6 M

13 F

50,5 22,0

Radiologistas

( n = 7)

6 M

1 F

48,0 23,0

Neurocirurgiões

( n = 2 )

2 M 52,5 29,5

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4.3 Respostas aos Questionários Aplicados:

4.3.1 Questão 01:

1. Você recebeu dois conjuntos (A e B) de três exames de tomografia

de crânio de crianças, cuja indicação foi trauma crânio-encefálico. Você

identifica alguma diferença entre os exames do conjunto A em relação ao B?

Sim ( ) Não ( )

Pediatras:

Um pediatra identifica diferença técnica em virtude da presença de “ruídos”,

ou seja, a aparência de granulação mais grosseira na imagem radiológica dos

exames com redução da dose de radiação.

Os demais não identificam qualquer diferença entre as duas séries de

exames.

Radiologistas e Neurocirurgiões:

Dois radiologistas e um neurocirurgião identificam diferença técnica em

virtude da presença de “ruídos” nos exames da série de dose reduzida. Os demais

não identificam diferença entre as duas séries de exames.

4.3.2 Questão 02:

2. Você notou alguma dificuldade técnica no diagnóstico ou na conduta

terapêutica após a análise das imagens de tomografia dos exames dos

conjuntos A e B?

Sim ( ) Não ( ). Caso responda ‘’ sim ‘’ por favor especifique:

Pediatras:

Dois pediatras relatam dificuldades na interpretação dos exames das duas

séries, não por motivos técnicos dos exames, mas por desconhecimento e falta de

habilidade técnica para interpretar tomografias de crânio. Os demais não relataram

qualquer dificuldade em identificar alterações nos exames ou tomar a conduta

terapêutica.

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23

Radiologistas e neurocirurgiões:

Todos afirmam que não apresentaram dificuldade no diagnóstico radiológico.

4.3.3 Questão 03

3. Você gostaria de participar de um processo de educação permanente para

auxiliá-lo na indicação/execução de métodos de imagem em Radiologia, em

particular em tomografia ? Sim ( ) Não ( ). Caso queira pode expressar-se por

escrito:

Pediatras, Radiologistas e Neurocirurgiões:

A maioria, com exceção de um pediatra e um radiologista, respondeu que

desejam participar de um programa de educação continuada que inclua aspectos

técnicos relacionados à solicitação, realização ou interpretação de exames

radiológicos.

4.3.4 Questão 04:

4. Qual o meio que você gostaria de utilizar para ser informado(a) /

capacitado(a)? Palestras ( ) reuniões multidisciplinares ( ) site do cooperado ( )

informativo escrito ( ) Outros ( ) .

Pediatras:

Todos gostariam de ser informados ou capacitados. Dois responderam que

através de palestras, dois através do site do cooperado, um por informativo escrito e

os demais através da combinação de todos os métodos.

Radiologistas :

Todos gostariam de receber informações, sendo que dois responderam

através de todos os métodos, um por meio de palestras e os demais através do site

do cooperado.

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24

Neurocirurgiões :

Ambos gostariam de receber informações, sendo que os dois responderam

através de informativo escrito e do site do cooperado.

4.3.5 Questão 05:

4. Você acha útil criar uma carteirinha de dose cumulativa de radiação

para crianças, onde se anotaria as datas e todos os procedimentos

radiológicos realizados, no sentido de evitar a exposição excessiva à

radiação? Sim ( ) Não ( ). Caso queira pode expressar se por escrito:..

Pediatras:

Dois mencionam que não, pois consideram mais importante a explicação

verbal para a família e têm receio de que um documento oficial desta natureza

poderia assustar os pais.

Todos os demais responderam que sim, e mostram-se muito motivados com a

ideia. Relatam a necessidade de orientação da família que já vem com a ideia de

que necessitam de exame radiológico, sem conscientização dos riscos do método,

pressionando os médicos a solicitarem o exame. E a carteira de radioproteção seria

uma ferramenta importante de informação e conscientização dos pais, favorecendo

o entendimento da família sobre os risco do efeito da radiação, ficando mais seguros

com a atuação médica. Relatam também ser importante a capacitação do médico

pediatra, assim como, a capacitação dos médicos em geral.

Radiologistas e Neurocirurgiões:

Todos responderam que sim. Um radiologista relata a necessidade de

treinamento da equipe técnica executante antes da elaboração da caderneta, a fim

de não apresentarem erros no preenchimento e a necessidade de conscientização

das famílias das crianças, pois muitas já vem com a solicitação da realização do

exame radiológico.

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25

4.4 Consequências do Desenvolvimento da Pesquisa no Ambiente de Trabalho

4.4.1 Padronização dos Protocolos e Controles.

Fizemos um treinamento e instrução inicial com os técnicos de TC limitando a

emissão da dose em exames de crânio em criança, segundo os critérios da aliança

mundial. A aceitação dos técnicos executores foi muito positiva e ficaram

estimulados com o início dos trabalhos.

Um membro do Comitê de Radiologia do Hospital da Unimed Sorocaba

comenta: “o projeto nos auxiliará a prepararmos e treinarmos a equipe técnica para

maior segurança dos pacientes, dos médicos e da instituição".

Discutimos com a Diretoria Executiva da Unimed e a equipe de engenharia do

hospital sobre a possibilidade de criação de um banco de dados no setor de imagem

que pudesse gerar relatórios e controles de doses recebidas pelos pacientes.

Segundo o serviço de engenharia hospitalar do Hospital Unimed Sorocaba, é

possível desenvolver um sistema que envia os dados direto do tomógrafo para um

banco de informações que poderá armazenar as doses recebidas pelos pacientes,

de maneira organizada para serem analisadas em relatórios posteriores, em

conjunto com o setor de tecnologia de informação do hospital.

O coordenador dos técnicos de Raio X do Hospital Unimed de Sorocaba

menciona que o projeto é muito interessante, reforça o padrão de qualidade e

segurança e possibilita realizar cobrança diária da equipe técnica na manutenção do

protocolo de doses, com novas medidas de radioproteção. Menciona que vão se

dedicar a um treinamento efetivo sobre a realização do exame radiológico restrito ao

local solicitado, reduzindo a radiação, assim como revisão dos protocolos em

conjunto com o Comitê de Radiologia.

O projeto auxiliou a criação dos protocolos de redução de dose nos exames

de tomografia computadorizada e serviu de instrumento para pontuação do Hospital

da Unimed de Sorocaba em seu recente processo de acreditação, sendo acreditado

no "Nível 3: Excelência" pela Comissão de Acreditação da Fundação Carlos Alberto

Vanzolini da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Seção do Manual MA 3/5.

A classificação dos níveis de acreditação vão de 0 a 3.

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26

4.4.2 Implantação de Caderneta de Registro de Exames Radiológicos.

À semelhança do que já existe nas campanhas internacionais, a Unimed

desenvolveu uma caderneta com a finalidade de registrar todos os exames

radiológicos realizados pelo paciente, o tipo de exame, as incidências e a data de

realização. Esta será entregue a todas as crianças de zero a 12 anos nos

consultórios pediátricos, setores de emergência, terapia intensiva, berçário e

imagem. Assim, os médicos solicitantes terão um histórico imediato que poderá

auxiliá-los a tomar a conduta na indicação do exame mais adequado. Para os

pacientes a caderneta terá o objetivo de conscientizar sobre os efeitos da dose

cumulativa de radiação. No verso da caderneta estarão descritas as doses de

radiação usuais dos exames radiológicos mais comuns e suas equivalências com a

radiação natural.

4.4.3 Outras Iniciativas e Atividades que Surgiram Espontaneamente Motivadas pela

Realização do Estudo.

O nosso trabalho já estimulou os pediatras a terem atitudes buscando a

racionalização na solicitação dos exames radiológicos, a conscientização dos

familiares dos pacientes quanto aos riscos da radiação e a equipe de radiologia a

trabalhar com protocolos de baixa dose e radioproteção. E estimulou o setor de

qualidade do Hospital da Unimed a acompanhar e manter o projeto. Como

menciona a coordenadora do setor de Emergência em Pediatria do Hospital da

Unimed Sorocaba, Dra. Cristina Cutter “muitos pais já chegam na consulta

solicitando e pressionando o médico a pedir exames radiológicos, sem noção do

risco exposto às crianças. O preparo de informações na recepção pré-consulta e no

consultório médico, por meio de informativos escritos etc., auxilia os pediatras a

terem ferramentas científicas para a conscientização dos familiares. Consideramos o

projeto de grande importância na segurança da atuação médica com melhoria na

capacitação e na prevenção de futuras doenças às crianças”.

A pediatra, Dra. Adelaide Monteiro menciona: “o projeto nos auxiliará a instruir

os familiares e é interessante termos um treinamento para melhorar a nossa

interpretação do exame tomográfico”. Dra. Agnes Baptista, pediatra Membro do

Conselho Regional de Medicina de Sorocaba, comenta reforçando a necessidade do

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27

exame: “o exame tomográfico contribui para a avaliação correta dos pacientes; por

exemplo, uma criança com politrauma com fratura de braço evidente, teve uma

fratura crânio-encefálica diagnosticada pela tomografia, o que mudou a conduta“.

A Dra. Luciana Maria de Andrade Ribeiro, pediatra do Hospital da Unimed

Sorocaba e presidente da Regional Sorocaba da Sociedade de Pediatria de São

Paulo e professora da pediatria da FCMS da PUC/SP, entusiasmou-se com a

divulgação destas informações e menciona: “o projeto vem somar às nossas

intenções, consideramos a divulgação muito importante e vamos dar continuidade

com educação continuada como aquela da campanha para nos auxiliar na

conscientização da equipe de colaboradores e pediatras“.

O diretor executivo da Unimed, Dr. José Augusto Rabello Junior, menciona “a

divulgação da campanha é muito importante e envolveremos nossa equipe de

comunicação para apoiar”. O diretor do Hospital da Unimed Sorocaba, Dr. José

Feliciano Delfino Filho, afirma “este trabalho tem uma importância social e

informativa à população, dando mais segurança aos médicos e ao Hospital. Na

Europa e nos Estados Unidos a cultura da população é diferente e eles questionam

a finalidade e custo-benefício dos riscos do exame radiológico devido o efeito

cumulativo. O controle de proteção radiológico tornou-se uma preocupação nacional

e internacional, e daremos apoio a esta campanha”.

4.4.4 Entrevista com o Diretor Executivo da UNIMED Sorocaba

Entrevista: Dr. José Augusto Rabello Júnior. Data: 23 de outubro de 2013.

1) Qual a sua opinião sobre o projeto de mestrado "Redução da dose

radiação em crianças e educação continuada" ?

Resposta : Considero que este projeto supera o principal desafio de qualquer

pesquisa científica: cruzar os muros da academia e invadir a realidade das pessoas

e da comunidade, transformando hábitos através da proposição de soluções

factíveis.

2) Quais as mudanças no ambiente de trabalho que o projeto desencadeou e

a sua importância ?

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Resposta: Na Unimed Sorocaba foi instituído o projeto de proteção

radiológica na infância, que além de procurar realizar os exames com a menor dose

de radiação possível também tem como objetivo conscientizar as pessoas dos riscos

dos métodos de diagnósticos que utilizam o Raio X como meio de obtenção das

imagens, mudando a maneira de como a equipe assistencial e os clientes se utilizam

destes métodos.

A importância da iniciativa se consolida na mudança de atitude das pessoas

envolvidas, procurando a mesma qualidade diagnóstica, porém sem ignorar todos os

aspectos envolvidos na realização destes exames. A implantação do projeto

consolida a vocação da Unimed Sorocaba no desenvolvimento de estratégias de

impacto sócio ambiental.

3) O senhor teria sugestões futuras em que o projeto possa vir a

participar.

Resposta: Acredito que o projeto tem um foco muito específico e que este

deva ser expandido para toda a comunidade de nossa cidade através de

sensibilização dos gestores públicos, tornando o nosso município uma referência

para que a mesma iniciativa possa ser muitas vezes replicada em todo o país.

4) O senhor considera possível a extensão do projeto a outras

instituições e na Unimed Brasil?

Resposta: Pela importância desta iniciativa não há dúvida que ela é

replicável em outras Unimeds, principalmente naquelas que possuem serviços

próprios de imagem. A Unimed do Brasil é conhecida pela sua preocupação com o

bem estar das pessoas e, por isto, deveremos encontrar um ambiente muito

favorável para a reprodução deste projeto.

5) A Unimed já teve algum retorno da comunidade quanto ao programa

de radioproteção e a instituição da carteirinha de radioproteção?

Resposta: Ainda não fizemos uma pesquisa formal, mas em contatos com os

clientes e equipes já começamos a sentir a mudança de atitude, devido a maior

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29

acesso à informação, recebendo diversos elogios de membros de nossa

comunidade.

4.4.5 Carta do Diretor Clínico do Hospital da Unimed Sorocaba

Carta: Dr. Alberto Henrique de Oliveira Pereira. Data: 23 de outubro de 2013.

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5 DISCUSSÃO

O modelo do estudo possibilitou demonstrar que a redução da dose de

radiação nas TC de crânio realizada em acordo com o protocolo bem estabelecido e

proposto pelo Colégio Americano de Radiologia e pela Sociedade Americana de

Pediatria permite manter a qualidade do exame sem interferir no diagnóstico e na

conduta dos profissionais envolvidos no cuidado da criança com TCE. Este modelo

poderá ser estendido a outras áreas de atendimento pediátrico e mesmo em adultos.

Além disso, o modelo de estudo estimulou os profissionais de saúde a modificar seu

ambiente de trabalho criando ferramentas capazes de promover a conscientização

dos médicos e familiares sobre os efeitos da radiação ionizante nas crianças e

estabelecendo um verdadeiro projeto preventivo e de promoção de saúde. Ainda

como consequência do estudo, a Unimed está incentivando outros colegas a

desenvolverem protocolos de pesquisa alinhados ao setor de qualidade e

certificações do Hospital na mesma direção.

Como extensão do projeto, a Unimed está investindo em um novo sistema de

armazenamento de imagem e informações relacionadas à dosagem emitida pelo

equipamento de tomografia que serão enviados diretamente do equipamento para

um sistema de analise e alerta aos médicos e pacientes.

Ainda como consequência do projeto, a Unimed irá disponibilizar a médio

prazo as imagens e laudos dos exames dos pacientes para os médicos em seus

consultórios via prontuário eletrônico. Esta medida, associada à caderneta de

radioproteção entregue às crianças até 12 anos, vai possibilitar aos pediatras e

demais médicos analisarem exames anteriores e decidiram a indicação de novos

exames, incluindo os métodos radionizantes, reduzindo o efeito somatório da dose

de radiação.

Os participantes da pesquisa foram profissionais que estão diretamente

relacionados à solicitação, execução e utilização dos exames de tomografia na

Unidade de Emergência do Hospital da Unimed de Sorocaba, incluindo pediatras,

radiologistas e neurocirurgiões plantonistas do setor, disponíveis a participar do

projeto. Na opinião dos 28 profissionais envolvidos diretamente no processo, a

redução da dose de radiação nos exames de TC de crânio de crianças com TCE

não trouxe alterações nos exames que pudessem prejudicar o diagnóstico ou a

conduta terapêutica nos casos por eles examinados. Como fizemos um rodízio dos

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exames apresentados aos participantes da pesquisa, todos os 30 exames de cada

grupo (controles e com dose baixa de contraste) foram examinados pelos

participantes.

Além da questão técnica, as resposta dos participantes em relação às outras

perguntas do questionário evidenciou a preocupação na conscientização dos

profissionais de saúde e dos familiares com relação ao uso racional dos exames

radiológicos na prática clínica pediátrica, fortalecendo a decisão do Serviço de

Imagem do Hospital da Unimed em estabelecer protocolos com dose reduzida de

radiação.

Da mesma forma, os participantes responderam positivamente em relação à

proposta de educação permanente e mostraram-se entusiasmados com o Projeto de

Radioproteção, iniciando-se com a palestra realizada no dia 07-08-2013 onde em

que tivemos presença acima da habitual, seguida pelo trabalho de capacitação com

todos os técnicos do setor de imagem e culminando com a Campanha de

Radioproteção que objetiva a conscientização dos profissionais, funcionários e

familiares de crianças desde o berçário até os 12 anos de idade, incluindo a entrega

das carteiras individuais de Radioproteção.

Finalmente, o Setor de Qualidade do Hospital da Unimed Sorocaba envolveu-

se no projeto acompanhando o seu desenvolvimento e, embora suas consequências

mais importantes devam vir a médio e longo prazos, já soubemos que em recente

auditoria para acreditação de qualidade do hospital pela Fundação Carlos Alberto

Vanzolini, o projeto de proteção radiológica implantado pelo Hospital da Unimed

Sorocaba, foi elogiado pelos auditores que referiram ser esta uma iniciativa pioneira

no Brasil. É também de se ressaltar, que a Unimed Brasil interessou-se pelo projeto

divulgando-o em seu portal eletrônico.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho confirmou os achados da literatura no sentido de que

realmente é possível reduzir as doses aplicadas a exames de tc de crânio sem

perder a qualidade do exame ou prejudicar o diagnóstico. esta observação pode

também se estender aos demais exames de tomografia, devendo,

preferencialmente, os protocolos dos demais exames serem avaliados caso a caso

pela equipe de radiologia, assim como pelo médico radiologista durante a execução

de cada exame, considerando a patologia e a região específica a ser estudada, os

efeitos da radiação dependem de múltiplos fatores, mas a comunidade médica e os

pacientes precisam estar conscientes e aptos a analisar os riscos e benefícios dos

exames por imagem que utilizem a radiação ionizante, sem criar pânico, mas

servindo como parâmetro para fazer o seu uso com bom senso e cautela.

O projeto foi muito bem aceito e teve grande repercussão na comunidade,

tanto entre os médicos e demais profissionais de saúde, na área administrativa e de

qualidade do hospital e estendeu-se também aos clientes da Unimed Sorocaba. o

projeto serviu de base para a implantação de um protocolo e de uma campanha de

radioproteção e parece ser apenas o passo inicial de uma série de medidas futuras

na direção de um maior controle da exposição à radiação proveniente de exames

radiológicos. assim, o projeto contribuiu para a conscientização dos médicos e da

equipe técnica, garantindo maior segurança e qualidade no atendimento em

benefício dos pacientes. a educação e a monitorização do projeto devem ser

permanentes.

Não podemos prever o futuro, mas pelo que os diferentes setores do Unimed

Sorocaba estão planejando, acreditamos que o projeto tenha sido o início de um

trabalho duradouro de radioproteção que poderá se estender a outras áreas além da

pediatria e dos exames de tomografias. segundo o setor de engenharia hospitalar,

os novos equipamentos radiológicos da Unimed de Sorocaba serão selecionados,

de forma a garantir a tecnologia de redução de dose. além disso, o serviço de

tecnologia de informação do hospital da Unimed de Sorocaba esta incorporando os

dados da dosagem dos exames radiológicos ao prontuários dos pacientes para

posterior acesso remoto pelo médico e pelo próprio cliente. este projeto e o processo

de cuidados de radioproteção poderão ser desenvolvidos e instalados nos demais

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hospitais da Unimed do Brasil estendendo seus benefícios a um número maior de

usuários.

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34

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28. Versolato M. Tomografia eleva o risco de câncer em crianças e jovens. Folha

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Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/05/1282692-tomografia-

eleva-o-risco-de-cancer-em-criancas-e-jovens.shtml.

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ANEXOS

ANEXO A: Questionário.

Pesquisadora: Mônica Oliveira Bernardo

Orientador: Prof. Dr. Fernando Antonio de Almeida

Caso não se sinta confortável não é necessário identificar-se.

Nome: _____________________________________________________________

Data de Nascimento: __/___/_____Especialidade:___________________________

Anos após a formatura: _____________________

Masculino ( ) Feminino ( )

Você recebeu dois conjuntos ( A e B ) de três exames de tomografia de crânio

de crianças, cuja indicação foi trauma crânio-encefálico. Você identifica

alguma diferença entre os exames do conjunto A em relação ao B?

Sim ( ) Não ( )

Você notou alguma dificuldade técnica no diagnóstico ou na conduta

terapêutica após a análise das imagens de tomografia dos exames dos

conjuntos A e B?

Sim ( ) Não ( ). Caso responda ‘’ sim ‘’ favor especifique: ____________________

___________________________________________________________________

Você gostaria de participar de um processo de educação permanente para

auxiliá-lo na indicação / execução de métodos de imagem em Radiologia, em

particular em tomografia?

Sim ( ) Não ( ) Caso queira pode expressar-se por escrito:__________________

___________________________________________________________________

Qual o meio que você gostaria de utilizar para ser informado(a)/capacitado (a)?

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Palestras ( ) reuniões multidisciplinares ( ) site cooperado ( ) informativo escrito ( )

Outros ( ) ___________________________________________________________

Você acha útil criar uma carteirinha de dose cumulativa de radiação para

crianças, onde se anotaria as datas e todos os procedimentos radiológicos

realizados, no sentido de evitar a exposição à radiação?

Sim ( ) Não( ) Caso queira pode expressar se por escrito:

___________________________________________________________________

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ANEXO B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título do Estudo: Redução da dose de radiação aplicada a crianças que

realizaram Tomografia Computadorizada na Unidade de Emergência da

Unimed de Sorocaba como forma de prevenção de complicações associadas à

radiação e de educação continuada com profissionais de saúde envolvidos na

execução de exame.

Você está sendo convidado a participar deste estudo cuja finalidade é avaliar

se a redução da dose de radiação em exames de TC realizados na no serviço de

urgência e emergência do Hospital da Unimed Sorocaba irá modificar a qualidade do

exame e do diagnóstico na visão do radiologista e do médico que solicita o exame.

Para isso, você responderá algumas perguntas sobre a qualidade do exame e

diagnóstico e irá comparar alguns exames dando sua opinião sobre a qualidade nos

do mesmo e da oportunidade de diagnóstico.

Se você aceitar participar deste estudo você fornecerá informações que

poderão ser úteis para a prevenção de possíveis doenças em virtude da dose

acumulativa de radiação, assim como para a construção de ferramentas educativas

capazes de despertar o interesse pela prevenção de doenças associadas à dose

excessiva de radiação, tais como o risco de câncer no futuro.

Você gastará apenas o seu tempo e paciência para responder às perguntas e

não terá qualquer despesa por participar do estudo. Ao final do estudo, a

pesquisadora se compromete a lhe comunicar os resultados. A pesquisadora

responsável pelo estudo é Monica Oliveira Bernardo que pode atendê-lo nos

telefones 15-3341436 ou (celular) 15-97738361.

O orientador é o Prof. Dr. Fernando Antônio de Almeida, telefone 15-3212.9878.

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O Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da

PUC/SP aprovou este estudo e caso necessite outros esclarecimentos ou tenha algo

a comunicar ao comitê, o telefone é: 15-3212-9896.

Por estar de acordo com os termos deste documento assino-o, assim como meu

responsável legal, em duas vias, uma das quais ficará em minha posse.

Nome (letra de forma):_________________________________________________

Data: __/___/___Assinatura: ___________________________________________

Pesquisador que aplicou questionário_____________________ Data: __/___/____

Assinatura: _________________________________________________________

Responsável legal (letra de forma)_____________________________

Data:__/___/____ em caso de menores. Assinatura: _________________________

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ANEXO C: Cópia da aprovação do projeto no CEP-FCMS-PUC/SP

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ANEXO D: Material no jornal Cruzeiro do Sul . Data: 30-05-2013

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ANEXO E: Início da Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria.

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ANEXO F: Divulgação na mídia da Campanha com Aula de proteção

radiológica em pediatria.

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ANEXO G: Divulgação no site da Unimed de Sorocaba sobre a Campanha com

Aula de proteção radiológica em pediatria.13- 08-2013

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ANEXO H: Divulgação no site da Unimed de Sorocaba sobre a Campanha com

Aula de proteção radiológica em pediatria.

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ANEXO I: Divulgação com cartazes no Hospital da Unimed de Sorocaba sobre

a Campanha com Aula de proteção radiológica em pediatria.

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ANEXO J: Divulgação com release no site da Unimed de Sorocaba sobre a

implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em

pediatria.

Portal Unimed Sorocaba www.unimedsorocaba.com.br/noticia

07/08/2013 - MENOS RISCOS ÀS CRIANÇAS

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ANEXO K: Divulgação com release no site da Unimed de Sorocaba sobre a

implantação de protocolos de radioproteção em pediatria.

Portal Unimed Sorocaba www.unimedsorocaba.com.br/noticia

07/08/2013 - MENOS RISCOS ÀS CRIANÇAS

MENOS RISCOS ÀS CRIANÇAS - Unimed Sorocaba implementa

protocolo de proteção radiológica em pediatria

Um exame de raios-x frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação solar;

uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma

tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol.

Em 2008, a ARSPI (Alliance for Radiation Safety in Pediatric Imaging) lançou a

Image Gently, campanha de amplitude mundial que tem como objetivo conscientizar

os profissionais da saúde – e, indiretamente, a população – sobre os efeitos da

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radiação proveniente dos exames de imagem em pacientes infantis.

A iniciativa ganhou impulso a partir do apoio de três importantes instituições: a

Academia Americana de Pediatria, o Colégio Americano de Radiologia e a Sociedade

de Radiologia Pediátrica, que congregam profissionais ligados às áreas de pediatria,

radiologia, física médica e segurança em radiação.

“Foram estabelecidos consensos e protocolos pelo fato de alguns exames, como

tomografias rápidas de alta resolução, terem se tornado muito acessíveis em termos

tecnológicos e, assim, acabarem expondo as crianças a doses consideráveis de

radiação”, explica a radiologista Mônica Oliveira Bernardo, da Unimed Sorocaba.

Em 2011, a Unimed do Brasil engajou-se à causa com a criação de um banco de

dados. “Junto com a equipe técnica, fizemos levantamentos e protocolos e começamos

a trabalhar com os pediatras”, diz Mônica. “Nosso objetivo com esse trabalho inicial é

reduzir o nível de radiação a que as crianças estão expostas, sem, contudo, perder a

qualidade dos exames.”

A campanha, porém, encontrou um obstáculo: vencer a cultura existente entre

alguns médicos e boa parte da população em relação à real necessidade dos exames

de imagem. “O brasileiro não está tão consciente quanto os americanos nessa

questão”, atesta Mônica. “A população pensa que uma imagem obtida por radiação é

uma foto simples e não tem noção dos efeitos que isso pode causar”, alerta.

Para se ter ideia do quanto um exame de raios-x é prejudicial, a médica faz

algumas comparações. “Um frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação solar;

uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma

tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol.”

Mônica Bernardo enfatiza que o exame radiológico não deve ser abolido, pois

ajuda no diagnóstico. O ponto central da questão é que deve esse recurso deve ser

mantido em segundo plano. “Indiscutivelmente, quando é utilizado, o médico fica mais

tranquilo e a família, mais segura. Porém, se for acumulativo e sem restrição – porque,

muitas vezes, os familiares forçam os médicos a solicitar esse tipo de exame –, pode

causar desde catarata precoce até o desenvolvimento de tumores”, explica. “É parte da

cultura do brasileiro acreditar que os exames de imagem complementam o

diagnóstico”, destaca. “Chegamos a identificar, em nossos levantamentos, casos de

algumas crianças que, em um mesmo mês, foram submetidas diversas vezes a um

mesmo tipo de exame de imagem.”

Unimed Sorocaba cria protocolo

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A Unimed Sorocaba deu um passo decisivo no sentido de ajudar médicos e

responsáveis pelas crianças a controlar a radiação a que elas estão sujeitas em

decorrência de exames de imagem. Assim, em 2012, foi criado um protocolo para essa

área. Em vez de seguir um padrão pré-definido, a carga de radiação é calculada

individualmente, levando em consideração a idade e o peso do paciente pediátrico. A

orientação é que seja utilizada a menor carga de radiação possível, sem prejuízo ao

resultado do procedimento.

Um dos próximos passos na Unimed Sorocaba será a distribuição de uma

carteirinha, semelhante às de vacinação, para anotar o tipo de exame que foi feito e,

assim, permitir o acompanhamento da carga radiológica acumulada. “Com isso, os

médicos terão mais uma ferramenta para argumentar com o paciente e pedir exames

apenas quando houver dúvida clínica”, pondera Mônica.

Palestra sobre proteção radiológica em pediatria

No dia 7 de agosto, a Unimed Sorocaba promoverá a palestra Proteção

Radiológica em Pediatria. O evento é dirigido a pediatras e radiologistas de Sorocaba e

região e aos colaboradores do Hospital “Dr. Miguel Soeiro” e será realizado no

anfiteatro da Unidade Portal do Colégio Objetivo Sorocaba, localizado na Rua Romeu

do Nascimento, 777. A atividade começará às 19h30 e terá como palestrante Luiz

Antonio de Oliveira, chefe da Unidade de Radiologia do Instituto da Criança

As inscrições são grátis. Porém, devido à limitação no número de assentos, é

necessário inscrever-se com antecedência pelos telefones 3332-9251 ou 3332-9030 ou

pelos sites www.unimedsorocaba.com.br/ceus ou cooperado.unimedsorocaba.com.br

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53

Mais informações à Imprensa: Assessoria de Imprensa

Ana Corrêa - (15) 3202-3515 [email protected]

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54

ANEXO L: Divulgação na mídia local sobre a implantação de protocolos e

medidas de redução de dose de radiação em pediatria, assim como do projeto.

www.cruzeirodosul.inf.br

Jornal Cruzeiro do Sul 16/08/2013

Protocolo pretende oferecer proteção radiológica

O objetivo é orientar a população quanto a necessidade de controle da

exposição

Leila Gapy

[email protected]

A rotina da maternidade, com idas frequentes ao pediatra, já não assustam

mais Mariana Rosa Maritã Modesto, de 27 anos, que é mãe de dois meninos, Cainã,

de 8 anos, e Guilherme, de 2 anos. No entanto, ela nunca imaginou que fosse tão

perigosa a frequência de um exame comum e muito solicitado pelo pediatra para

verificação dos sintomas da sinusite nos filhos: o raio-x. "O meu filho mais velho

sofre muito com sinusite e já fizemos inúmeros exames. Não imaginava que o raio-x

fosse tão maléfico a longo prazo", disse ela.

Isso porque Mariana descobriu recentemente, por meio de uma palestra, que

a exposição à radiação é cumulativa ao longo da vida e aumenta as chances do

paciente desenvolver doenças como radiodermite (lesões na pele), catarata precoce

e canceres como de pele e tecido linfático, entre outros. "Eu fiquei preocupada

porque aqui no Brasil é muito comum a realização de raio-x. Porém, a partir de

agora, vou pedir cautela aos médicos", admitiu.

O que Mariana soube e prometeu realizar é o objetivo da equipe médica da

Unimed Sorocaba, que começou neste mês de agosto o desenvolvimento da

Campanha Image Gently, já desenvolvida nos EUA desde 2008. A médica

radiologista Mônica Oliveira Bernardo, integrante do Comitê de Radiologia da

unidade, explica que o objetivo não é assustar ou inviabilizar a realização de exames

radiológicos, como raio-x e tomografias, mas sim, orientar a população quanto a

necessidade de controle da exposição que eles provocam

"Estudos específicos do Colégio Americano de Radiologia já nos dizem que

todo ser humano tem chances de desenvolver doenças como o câncer. Estes

estudos também nos mostram que a exposição humana a exames de raio-x e

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tomografia aumenta as chances. Isso não quer dizer que as pessoas expostas terão

estas doenças, isso depende de uma série de fatores, principalmente do estado

geral do organismo. Mas se sabemos disso e podemos evitar, porque não fazê-lo?",

indaga ela.

Alternativas

Para isso, desde 2011 a Unimed do Brasil engajou-se à causa com a criação

de um banco de dados. "Junto com a equipe técnica, fizemos levantamentos e

protocolos e começamos a trabalhar com os pediatras", diz Mônica. E agora, neste

mês de agosto, a unidade lançou a campanha, pioneira em Sorocaba, que tem como

principal foco proteger as crianças/pacientes.

"A Carteira de Radioproteção será distribuída às mães de crianças da unidade

até o final deste ano. A composição é semelhante à carteira de vacinação. Todo

exame de exposição radiológico é anotado. O objetivo é evitar excessos e controlar

a exposição", afirma. No entanto, a especialista assume que o principal obstáculo da

proposta é a cultura social que envolve médicos e pacientes

"Indiscutivelmente, quando o raio-x é utilizado, por exemplo, o médico fica

mais tranquilo e a família, mais segura. Mas nos EUA, o raio-x só é feito quando há

dúvida médica. O protocolo lá impede os excessos. Aqui no Brasil, há sugestão de

controle, mas ainda há uma cultura de que o ideal é confirmar o diagnóstico por

meio destes exames de exposição", diz.

Neste sentido a campanha aponta alternativas. Por exemplo, tanto o raio-x

como a tomografia podem ser substituídos, em muitos casos, pelo ultrassom e a

ressonância. "O custo é semelhante e nestes exames não há exposição radiológica.

São opções", garante.

Atenção

Para se ter ideia do quanto um exame de raios-x é prejudicial, a médica faz

algumas comparações. "Um frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação

solar; uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação

natural e uma tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição ao sol",

afirma.

Notícia publicada na edição de 16/08/13 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página

001 do caderno Ela - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado

diariamente após as 12h.

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ANEXO M: Criação da carteira de radioproteção em pediatria da Unimed

Sorocaba

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ANEXO N: Criação da carteira de radioproteção em pediatria da Unimed

Sorocaba

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ANEXO O: Filipeta da Campanha de Radioproteção em pediatria da Unimed

Sorocaba

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ANEXO P: Treinamento : Conscientização do efeito de Radiação Ionizante/

Campanha de Proteção Radiológica da Unimed Sorocaba

Setor Imagem Hospital da Unimed Sorocaba: 27/08/2013

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ANEXO Q: Divulgação com release no site da Unimed Brasil sobre a

implantação de protocolos e medidas de redução de dose de radiação em

Pediatria.

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ANEXO R: Texto release no site da Unimed Brasil sobre a implantação de

protocolos e medidas de redução de dose de radiação em Pediatria.

Os perigos da radiação em exames

Portal Nacional de Saúde – Unimed do Brasil www.unimed.coop.br/

Autor: Ana Carolina Giarrante. 02 Setembro 2013

Ana Carolina Giarrante

02 Setembro 2013 -

Você sabia que ao realizar radiografias e tomografias, principalmente

na infância, estamos expostos a grandes quantidades de radiação, o que

pode provocar dano celular?

Monica Bernardo, radiologista da Unimed Sorocaba e mestranda da

PUC-SP, explica que esse dano pode ser irreversível, causando lesões

celulares, principalmente em crianças – que possuem três vezes mais

sensibilidade aos efeitos desses exames.

Para se ter uma ideia, uma radiografia frontal simples corresponde a

um dia inteiro de radiação natural*; uma tomografia no crânio, a oito meses; e

uma tomografia de abdome a 20 meses. Além disso, a dose de radiação se

multiplica de acordo com o número de execuções desses procedimentos.

“Atualmente, a radiação de pequenas doses repetidas está sendo

proporcionalmente comparada ao efeito da bomba de Hiroshima. Apesar de

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haver parâmetros, o efeito depende de cada indivíduo. De qualquer modo,

esses exames devem ser usados com cautela, avaliando o risco-benefício da

sua indicação”, diz a especialista.

Segundo ela, os efeitos das radiografias e tomografias podem provocar

catarata precoce, radiodermite e aumento na incidência de câncer. “Trabalhos

internacionais evidenciam aumento de tumores de partes moles, como

melanoma, tumores da tireoide, tumores do sistema linfático, linfoma e

tumores do sistema nervoso central”, acrescenta.

Monica conta que, em 2008, o Colégio Americano de Radiologia e a

Sociedade Americana de Pediatria deram início a Image Gently, uma

campanha mundial de conscientização dos efeitos radiológicos. Essa

iniciativa – que possui estudos, protocolos de execução de exames e

protocolos de indicação dos exames – está sendo implantada no Hospital

Unimed em Sorocaba, interior de São Paulo.

“Reduzimos a quantidade de tomografia inicialmente em crânio na

criança e, depois, nos demais exames. Além disso, realizamos – e ainda

estamos realizando – treinamento e conscientização da equipe técnica e

colaboradores. Técnicos de radiologia e médicos radiologistas foram

informados e lembrados dos riscos”, explica a médica, acrescentando que

sua equipe desenvolveu uma carteirinha de radioproteção que será entregue

ao paciente.

Nela, os procedimentos realizados e suas respectivas datas deverão

ser anotados e o paciente terá de levar esta carteirinha a consultas. Assim, o

médico terá acesso às imagens no banco de dados do prontuário do paciente

no hospital e, em breve, também poderá acessá-las no consultório.

De acordo com a especialista, todos devem ter consciência de que a

exposição radiológica não é uma simples fotografia. Muitas vezes, pais e

pacientes em geral se sentem mais seguros com a visualização das imagens

e pressionam os médicos.

“Precisamos mudar a cultura. O Colégio Americano de Radiologia está

estimulando os pacientes a questionarem os médicos sobre o benefício do

exame para cada caso e a utilização de métodos alternativos, como

ultrassom, sem radiação ionizante”, afirma Monica, aconselhando os

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pacientes a guardarem suas radiografias ou tomografias consigo como

histórico para evitar possíveis repetições.

*Radiação natural: radiações da natureza, que podem ser de origem

solar (infravermelha e ultravioleta) ou cósmica.

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ANEXO S: Certificado Aula Palestra Hospital Unimed de Sorocaba.

Preparativos para Campanha de Radioproteção em Pediatria

11 setembro de 2013.

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ANEXO T: Laudo da auditoria externa Fundação Vanzolini para qualificação

hospitalar em visita ao Hospital Unimed de Sorocaba. 15 outubro 2013.

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ANEXO U: Apresentação do projeto na seção de Tema Livre do Congresso

Brasileiro de Radiologia em Curitiba 2013. Envio do trabalho ao projeto em

abril 2013.

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ANEXO V: Certificado da Apresentação do projeto na seção de Tema Livre do

Congresso Brasileiro de Radiologia em Curitiba 2013.

Envio do trabalho ao projeto em abril 2013.

Apresentação: 11 de outubro de 2013.

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ANEXO X: Apresentação do projeto na seção de pôster comentado do

Congresso Brasileiro de Educação Médica em Recife 2013.

Envio do trabalho em março de 2013.

Apresentação : 22 de outubro de 2013.

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