pontifÍcia universidade catÓlica de minas gerais … · dedico este trabalho ao meu pai e à ......

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Mestrado em Ensino Área de Concentração: MATEMÁTICA. O ENSINO DE ARITMÉTICA NA BUSCA DE SIGNIFICADOS Atividades para o 3º Ciclo do Ensino Fundamental José Ricardo de Medeiros Leite Belo Horizonte 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Mestrado em Ensino

Área de Concentração: MATEMÁTICA.

O ENSINO DE ARITMÉTICA NA BUSCA DE SIGNIFICADOS

Atividades para o 3º Ciclo do Ensino Fundamental

José Ricardo de Medeiros Leite

Belo Horizonte

2010

José Ricardo de Medeiros Leite

O ENSINO DE ARITMÉTICA NA BUSCA DE SIGNIFICADOS

Atividades para o 3º Ciclo do Ensino Fundamental

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ensino da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais,

como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Ensino de Matemática.

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Laudares

Belo Horizonte

2010

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Leite, José Ricardo de Medeiros L566e O ensino de aritmética na busca de significados: atividades para o 3º ciclo do

ensino fundamental. / José Ricardo de Medeiros Leite. Belo Horizonte, 2010. 104.: il.

Orientador: João Bosco Laudares Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Aritmética – Estudo e Ensino. 2. Aritmética. 3. Aritmética - Fundamentos. I. Laudares, João Bosco. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 511

Dedico este trabalho ao meu pai e à

memória de minha mãe pelo

exemplo de amor e dignidade; e,

também, às minhas irmãs pelo

apoio e incentivo.

AGRADECIMENTOS

===========================================================

Agradeço a Deus pelo dom da vida e força para superar todos os desafios

Ao meu orientador, Prof. Dr. João Bosco Laudares, pelo

compromisso, responsabilidade e apoio dispensado durante

a elaboração deste trabalho de pesquisa.

A todos meus amigos que apoiaram esta jornada

incentivando-me sempre.

Aos amigos e companheiros de jornada do Mestrado

pelas horas divididas no decorrer de todo o curso.

Aos meus queridos professores do Mestrado pelas

importantes contribuições durante as aulas e pelo carinho dispensado, em especial a

Maria Clara, Dimas, Eliane e Agnela.

A Ângela, da Secretaria, pelo carinho

e atenção durante todo o curso

À professora Elzira e aos amigos do Colégio de Aplicação e da USS

que me auxiliaram no estudo e elaboração deste trabalho.

RESUMO

Esta dissertação objetiva apresentar os resultados de uma pesquisa sobre o ensino

de aritmética na promoção do pensamento aritmético e do sentido numérico e

contempla também a coexistência da aritmética escolar e a aritmética da rua, com

embasamento teórico em diversos autores, mas principalmente na busca oferecida

por Lins e Gimenez em sua obra “Perspectivas em Aritmética e Álgebra para o

Século XXI”, que desencadeou a tematização deste estudo. A Experiência

Matemática foi escolhida como mecanismo de trabalho de investigação associada à

resolução de problemas, de forma a instigar o trabalho dos educandos no que se

refere aos pensamentos e raciocínios associados à Aritmética. A pesquisa de campo

se desenvolveu no terceiro ciclo do Ensino Fundamental, uma vez que, nessa fase

de escolarização o conhecimento aritmético é trabalhado em diversos conteúdos.

As atividades propostas foram produzidas após a verificação de prescrições quanto

ao ensino de Aritmética e de descrições das questões trabalhadas em livros

didáticos, de forma a contemplarem raciocínios e pensamentos que pudessem

estabelecer a essência de uma Aritmética pautada na produção de significados,

diferente do tradicional ensino. Assim, foram elaboradas atividades onde se

destacam: a valorização do raciocínio intuitivo, o pensamento relativo aplicado às

estimativas, o raciocínio estruturado aditivo e o pensamento proporcional. O

tratamento dado às respostas apresentadas pelos educandos, na resolução das

atividades, pautou-se em uma análise, em que a produção dos mesmos foi

enquadrada em categorizações que sintetizam os significados atribuídos à

Aritmética. O resultado obtido respalda um trabalho de Aritmética com significação.

Palavras-chave: pensamento aritmético, sentido numé rico, Aritmética da

escola e Aritmética da rua, significados da Aritmét ica e experiência

matemática.

ABSTRACT

This dissertation presents the results of a survey on arithmetic teaching) in

order to promote arithmetic thought and number sense, and it also includes the

coexistence of school and street arithmetic, with theoretical basis of several authors,

mainly in the research offered by Lins Gimenez in his work "Perspectives on

Arithmetic and Algebra for the XXI Century", which triggered the theme of this study.

Experience Mathematics was chosen as a mechanism of research related to

problem solving in order to instigate the work of students regarding thoughts and

reasoning associated with arithmetic. Field research was developed in the third cycle

of elementary school, since at that stage of schooling arithmetic knowledge is worked

in different kinds of content.

The activities proposed were produced after the verification of requirements

related to arithmetic teaching and descriptions of the issues tackled in textbooks, so

that they address reasoning and thoughts that could establish the essence of

arithmetic, based on the production of meaning, different from the traditional teaching

methods.

Thus, some activities have been developed, including: the enhancement of

intuitive reasoning, relative thinking applied to estimates the additive structured

reasoning and proportional thinking. The treatment of the answers submitted to the

students when they solved the activities, was based on an analysis in which their

production was framed in categories that summarize the meanings assigned to

arithmetic. The result obtained endorses the work of arithmetic with significance.

Keywords: arithmetic thinking, number sense, School Arithmetic and Street

Arithmetic, meanings of arithmetic and mathematical experience.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Resposta de um aluno item VIII da Atividade 01 – 1ª parte 67

Figura 2 Resposta de um aluno item I da Atividade 01 – 2ª parte 68

Figura 3 Resposta de um aluno item VI da Atividade 02 73

Figura 4 Resposta de um aluno item III da Atividade 03 77

Figura 5 Resposta de um aluno item I da Atividade 04 81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Depuração da Atividade 01 – 1ª parte 66

Tabela 2 Depuração da Atividade 01 – 2ª parte 68

Tabela 3 Depuração da Atividade 02 71

Tabela 4 Depuração da Atividade 03 76

Tabela 5 Depuração da Atividade 04 80

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

1 O ENSINO DE ARITMÉTICA E A BUSCA DE SIGNIFICADOS 16

1.1 A Revisão Bibliográfica 16

1.2 Educação Matemática: um Campo de Investigação 16

1.3 Processo Ensino-aprendizagem e os PCNs 18

1.4 O Ensino de Aritmética 20

1.5 A Experiência Matemática: a Resolução de Proble mas 23

1.6 Significados Atribuídos à Aritmética 25

2 PCNs, PNLD E LIVROS DIDÁTICOS 32

2.1 O Ensino de Aritmética e as Escolhas 32

2.2 Descrição das Coleções e dos Procedimentos Adot ados 36

2.3 Depuração das Coleções 37

2.3.1 Coleção Número 1 37

2.3.2 Coleção Número 2 39

2.3.3 Coleção Número 3 42

2.3.4 Análise das Coleções e os Significados Atribu ídos

à Aritmética 43

3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

COM ATIVIDADES 45

3.1 Introdução à Metodologia 45

3.2 Atividades 47

3.2.1 Atividade 01 – O Sentido dos Números e as I ntuições 47

3.2.2 Atividade 02 – Estimar Ações tem Significado s 52

3.2.3 Atividade 03 – Números e Operações:

Pensando e Raciocinando 55

3.2.4 Atividade 04 – Propor Ação 59

4 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES 63

4.1 Valorização do Raciocínio Intuitivo 64

4.2 Pensamento Relativo Aplicado às Estimativas 70

4.3 Raciocínio Estruturado Aditivo 74

4.4 Pensamento Proporcional 78

CONSIDERAÇÕES FINAIS 83

REFERÊNCIAS 88

APÊNDICE 90

11

INTRODUÇÃO

O Autor no Exercício da Docência e na sua Prática R eflexiva

A minha experiência em sala de aula foi, várias vezes, reformulada, ao longo

de dezenove anos de efetivo exercício, em virtude de reflexões acerca da

importância do conhecimento e de sua aplicação no cotidiano.

No início do exercício do magistério, sempre me coloquei na posição de

lecionar os conteúdos matemáticos da maneira como os assimilei ao longo de minha

escolarização e minha graduação. Assim, o meu cotidiano no passado, seria idêntico

ao momento vivido pelos educandos sobre minha orientação, já que achava ser

fundamental a eles, apenas o que, a meu ver, mostrava-se essencial. Essa visão

restrita me valeu grandes desentendimentos com o corpo discente e, também, com

áreas relacionadas ao desenvolvimento pedagógico das unidades escolares em que

exercia minha docência. No tocante a essa visão restrita, curiosamente, minha

postura já me rendia certo respeito junto às instituições escolares, pois era

percebida como comprometimento com a Educação.

Numa etapa seguinte de minha vida laborativa, vislumbrei que o educando

tinha uma forma própria de pensar, não se detendo ao que eu preconizava. Assim, a

idéia de uma Matemática escolar, sob minha ótica conteudista, sem considerar o

universo cotidiano do meu educando, começou a me inquietar. Por isso, com uma

postura bem diferente da inicial, paulatinamente fui reconhecido como um novo

indivíduo, preocupado com as aspirações de meus educandos.

A observação, a análise e a reflexão de minha postura de educador fizeram

com que a ambigüidade de atitudes, anteriormente adotada, fosse banida do meu

modo de agir, buscando assim, um equilíbrio das aspirações do educando e do

educador. A busca constante desse equilíbrio, necessário a qualquer educador, é

um ideal a ser alcançado em todos os aspectos de minha docência.

O ingresso ao Curso de Mestrado colaborou para que a proximidade do

equilíbrio se estabelecesse, pois a associação de uma prática reflexiva com a teoria

que consubstancia o exercício da docência e o processo de construção do

conhecimento floresceram.

12

O Ensino da Aritmética como Tema

Numa reflexão sobre a prática muito comum no ensino de Matemática

observa-se que, via de regra, o professor apresenta o conteúdo oralmente, utilizando

como coadjuvante, o livro didático para a apresentação do conhecimento. Essa

prática, tradicionalmente adotada no ambiente escolar, pode ser coerente com o

processo de ensino-aprendizagem, mas se mostra deficiente na produção de

significados pelos educandos. Tal prática se observa no ensino da Aritmética, objeto

de estudo desta pesquisa.

Reportar a Aritmética apenas como estudo de números e operações, o que se

processa de maneira natural, muitas vezes, no ambiente escolar, seria uma

limitação.

Para Lins e Gimenez (2006), a relação existente entre a Aritmética e a

Álgebra tem que ser vista de forma diferente da leitura tradicional da Álgebra como

Aritmética generalizada. A Aritmética também não pode ser vista como uma etapa

anterior à Álgebra pois, dessa forma esta seria apenas uma generalização da

primeira.

Buscar significado para o ensino de Aritmética, com outra metodologia situada

do saber, é reportar aos inúmeros caminhos que o conhecimento se apresenta,

estimulando, assim o pensamento aritmético.

Um ensino de Aritmética, que produz significados, promove o

desenvolvimento do sentido numérico e a coexistência da Aritmética escolar e da

rua, tematizando, com coerência, essa significação.

Sob essa ótica, apura-se a necessidade de um sentido numérico, capaz de

desenvolver habilidades associadas à percepção e intuição. O sentido numérico se

volta, então, a uma habilidade de compreensão do que são números e suas

representações no trato cotidiano ou escolar de um educando, na medida em que

exprimir essa compreensão depende de percepções.

No tocante à Aritmética escolar e à Aritmética da rua, quando reconhecida a

existência dessas duas vertentes, suas características levam a modos legítimos de

produção de significados. Reportando-se a Lins e Gimenez (2006), a Aritmética

escolar traz situações que envolvem números e procedimentos que em muitos

aspectos, deixam de se enquadrar ao real de nossos educandos e enquanto a

13

Aritmética da rua leva em conta a necessidade de se obter solução para uma

situação vivida, sem a preocupação formal de qual conteúdo matemático utilizar ou

algoritmo mais adequado. Esta pesquisa pauta-se nessa caracterização. Elas

podem ser dicotômicas quando analisadas de maneira restrita, mas de convivência

harmoniosa, quando se considerar que nossos educandos vivem em dois mundos

distintos, de maneira simplista, escola e rua.

No ensino de Aritmética é, também, relevante uma reflexão sobre o livro

didático, uma vez que geralmente ele é utilizado como um guia em sala de aula,

embora seja importante ressaltar que, muitas vezes, em livros didáticos, se observa

a Aritmética da rua, aquela praticada fora do ambiente escolar, de forma ilustrativa,

em sua apresentação no cotidiano da sala de aula. Nesse aspecto, o livro didático

apresenta diversas situações semelhantes ao cotidiano de um aluno, mas cuja

resolução se pauta na essência da Aritmética escolar, uma idéia concernente à

função do livro didático, que pode produzir significados com a intervenção

necessária do educador.

Porém, visões fragmentadas do ensino de Aritmética podem desencadear

problemas de assimilação de seus significados. Neste prisma, um dos problemas

que se verifica é quando a abordagem dada à Aritmética muitas vezes desloca o

foco do ensino a um propósito, principalmente curricular formal, como se direcionam

normalmente os sistemas de ensino, sem transparecer, de fato, que as idéias

associadas aos processos que as envolvem são muito maiores do que as

vislumbradas num contexto de currículo.

Desenvolver atividades de investigação pautadas em experiências

matemáticas, tendo como uma das vertentes a resolução de problemas, pode ser

um diferencial no ensino da Aritmética. Assim, aborda-se esse ensino num aspecto

de produção de significados, diferente do que se preconiza no cotidiano da sala de

aula, com uma metodologia de cálculos e procedimentos.

Síntese do Desenvolvimento da Pesquisa

A pesquisa se desenvolveu com conteúdos a serem trabalhados no cotidiano

escolar, de forma a possibilitar um estudo da Aritmética de maneira significativa.

14

As atividades investigativas realizadas exploraram o pensamento aritmético,

contemplando raciocínios relacionados à quantificação e ordenação, estimativas e

aproximações, cálculo mental e proporcionalidade, e assim identificando e

reconhecendo, através de prática investigativa e experiências matemáticas, que o

ensino da Aritmética pode ser realizado numa abordagem que vise à produção de

significados.

Ressalva-se que o material produzido no desenvolvimento da pesquisa

compõe um roteiro de trabalho a fim de ser utilizado como um referencial para

promover o ensino da Aritmética visando à produção de significados.

Objetivos da Pesquisa

O objetivo geral desta pesquisa pauta-se em estudar alguns conteúdos da

Aritmética do terceiro ciclo do Ensino Fundamental no sentido numérico e analisar a

coexistência da Aritmética escolar e a Aritmética da rua, contribuindo para uma

aprendizagem significativa. O ensino da Aritmética numa proposta pautada em

significados é possível de ser realizado e se transforma numa indagação, a ser

depurada de forma minuciosa. Essa assertiva mostra uma indagação comum que

seria o tema desta pesquisa.

Numa especificação de objetivos, tem-se que:

- Identificar, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), como são

trabalhados os conceitos que permeiam a Aritmética;

- verificar o tratamento dado à Aritmética em livros didáticos aprovados pelo

Programa Nacional do Livro Didático 2008(PNLD 2008);

- apurar procedimentos que promovam o desenvolvimento do sentido

numérico;

- trabalhar ideias que promovam a coexistência de significados matemáticos e

não-matemáticos, relacionados à Aritmética escolar e à Aritmética da rua;

- elaborar atividades que explorem conceitos aritméticos que envolvem

números, operações, proporcionalidade, estimativas e aproximações.

15

A Estruturação da Dissertação

No capítulo 1 encontram-se as concepções teóricas referentes ao ensino de

Aritmética e seus significados. Inicialmente, registram-se considerações sobre as

produções acadêmicas relacionadas ao tema de pesquisa. Em seguida, apresenta-

se todo o referencial teórico que embasa a pesquisa, sua metodologia, bem como as

atividades aplicadas.

No capítulo 2 descrevem-se considerações para o ensino de Aritmética e a

utilização do livro didático, desmembrando-se quatro tópicos de abordagem. O

primeiro tópico relaciona-se ao prescrito pelas normatizações do Ministério da

Educação e seus órgãos, no tocante ao ensino de Aritmética e programas que

estabelecem parâmetros para a utilização do livro didático. O segundo tópico abarca

a descrição das coleções no que se refere ao ensino de Aritmética e aos

procedimentos resumidos para depuração de cada uma delas. O terceiro tópico

descreve, em minúcias, as abordagens dadas ao ensino de Aritmética. E,

finalmente, no quarto tópico, contempla-se a análise de cada uma das coleções.

O capítulo 3 pontua-se por descrever, em dois tópicos, a metodologia e as

atividades utilizadas na pesquisa. No primeiro tópico, ocorre a caracterização da

pesquisa por suas premissas e tematização, bem como a vinculação do referencial

teórico à metodologia e elaboração geral das atividades. No tópico seguinte,

descrevem-se, na íntegra, as atividades e tecem-se considerações importantes

sobre sua aplicabilidade e objetividade.

No capítulo 4 relata-se a aplicação das atividades, estabelecendo-se a

categorização de respostas em consonância com o referencial teórico adotado

durante a elaboração de cada item das referidas atividades. Junto a este relato, faz-

se a análise descritiva das atividades durante a aplicação e socialização das

respostas apresentadas pelos educandos participantes da pesquisa.

Nas considerações finais retomam-se as questões trabalhadas, com seus

referenciais, e apresenta-se a descrição dos produtos resultantes.

16

CAPÍTULO 1 O ENSINO DE ARITMÉTICA E A BUSCA DE SIG NIFICADOS

1.1 A Revisão Bibliográfica

A revisão bibliográfica, citada neste tópico, refere-se à verificação de

produções acadêmicas concernentes ao ensino de Matemática, especificamente à

Aritmética. Nesse material, observam-se características de pesquisas, contemplando

os seguintes tópicos:

- ensino de Aritmética;

- aprendizagem significativa;

- postura pedagógica face à aprendizagem;

- resolução de problemas;

- investigação;

- livro didático.

Na coletânea do material verificado, relacionado no apêndice A, destacam-se

as dissertações de Aguinaldo José Rama (2005), e Aparecida de Lourdes Bonanno

(2007). No tocante à abrangência e interesse desta pesquisa, destacam-se pontos

das duas dissertações citadas. A dissertação de Aguinaldo José Rama fez uma

análise descritiva de livros didáticos depurando procedimentos e características

pedagógicas utilizadas. A dissertação de Aparecida de Lourdes Bonanno promove

uma investigação no campo conceitual multiplicativo, referenciando a pesquisa em

bases significativas para o ensino da Aritmética.

1.2 Educação Matemática: um Campo de Investigação

A revisão bibliográfica inerente à fundamentação teórica, que reúne os

trabalhos de cunho acadêmico, bem como a literatura pertinente ao tema, tem sua

utilização no caráter formativo da pesquisa, ao que se descreve neste tópico e nos

seguintes.

17

Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), os objetivos da investigação em

Educação Matemática são múltiplos, variando de acordo com a questão proposta,

mas delimitando, também, visões fundamentais. Nesta ótica, pode-se definir a

existência de dois objetivos básicos, um de natureza pragmática, que tem em vista a

melhoria da qualidade da aprendizagem matemática e outro de cunho científico, que

preceitua o desenvolvimento da Educação Matemática enquanto campo de

investigação.

A pesquisa ora proposta é qualitativa, buscando verificar uma possibilidade de

execução do ensino de Aritmética de maneira a produzir significados diferentes dos

observados no cotidiano escolar, através de uma prática investigativa, no contexto

da Educação Matemática como campo profissional e científico.

Nesse aspecto, tem-se que o Mestrado em Ensino da PUC Minas, área de

concentração Matemática, traz, como peculiaridades em sua proposta, a relação

método/conteúdo e a articulação teoria/prática.

Corroborando com essa visão, Fiorentini e Lorenzato (2006) definem que a

pesquisa em Educação Matemática, como campo profissional e científico, emerge

através de duas perguntas básicas, relacionadas aos seus objetivos, podendo surgir

da prática ou de sua reflexão, ou ser gerada a partir de estudos precedentes.

Assim, promover uma pesquisa em que se valide a produção de significados

no ensino de Aritmética se coaduna com o objetivo geral deste estudo e com as

perguntas básicas citadas.

No tocante às características de uma pesquisa qualitativa, quanto ao

estabelecimento de hipóteses, apura-se a seguinte posição: “a impossibilidade de

uma hipótese a priori, cujo objetivo da pesquisa será comprovar ou refutar”

(GARNICA APUD BORBA, 2004:01).

E ainda quanto à postura do pesquisador, tem-se: “a não neutralidade do

pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros

vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar” (GARNICA APUD

BORBA, 2004:01).

No desenvolvimento dessa pesquisa, o envolvimento de quem a procede, nos

termos de dedicação se ampara em:

Ser professor-pesquisador, portanto, configura-se como uma opção profissional. Opção essa que exige do investigador envolvimento, tempo para se dedicar a esse tipo de empreendimento, paixão, investimento

18

intelectual e emocional e, além disso, muita disciplina e cuidado na coleta e tratamento de informações.(FIORENTINI E LORENZATO,2006:77)

Denota-se que, nessas características, o cunho desta pesquisa se descreve

de forma clara, pois o almejado, não hipotético, pode desdobrar-se numa

comprovação ou refutação, fazendo-se notar que o papel do investigador, munido de

uma reflexão sobre o vivenciado até o presente, qualifica-o como agente de ação.

1.3 Processo Ensino-aprendizagem e os PCNs

Almejando a melhoria da qualidade da aprendizagem matemática através de

uma busca da alternativa de ensino da Aritmética, importa verificar como se

posiciona a concepção de ensino e de aprendizagem em nosso país. Dessa forma,

os PCNs do Ensino Fundamental, em seu livro “Introdução” descrevem:

Os fracassos escolares decorrentes da aprendizagem, das pesquisas que buscam apontar como o sujeito conhece, das teorias que provocam reflexão sobre os aspectos que interferem no ensinar e aprender, indicam que é necessário dar novo significado à unidade entre a aprendizagem e ensino, uma vez que, em última instância, sem aprendizagem não há ensino(PCNs-Introdução,1998: 71)”

Nesse sentido, este estudo tem como objetivo estreitar a relação

ensino/aprendizagem segundo uma nova perspectiva para o ensino da Aritmética,

promovendo-se experiências matemáticas, de forma a se obter uma aprendizagem

significativa para a aritmética.

Apreende-se que este estudo pontua-se em mais de uma apreciação de

condução, assim, o processo ensino/aprendizagem é visto de maneira ampla, com a

análise das experiências matemáticas desenvolvidas no decorrer do trabalho,

sempre com o intuito de promover uma produção de significados sobre a Aritmética.

Numa visão epistemológica depreende-se, que este estudo se direciona a um

olhar mais significativo sobre a Aritmética, cabendo, portanto, estudar o processo

ensino/aprendizagem. Para Giusta (1998), nesse aspecto, na epistemologia genética

o conhecimento é fruto de construções sucessivas com elaborações constantes de

estruturas novas, sendo a questão fundamental: como se conhece. Com essa

descrição teórica, compreende-se a possibilidade de execução do presente estudo,

19

pois nada do que já foi adquirido e assimilado pelo educando será desprezado mas,

sim, reelaborado numa nova estrutura.

Identificar práticas tradicionais no âmbito do processo ensino-aprendizagem

de Matemática Aritmética torna-se assim, requisito necessário ao desenvolvimento

deste estudo.

Dentre essas práticas, tem-se a apresentação oral de um conteúdo com

fixação através de exercícios.

Tradicionalmente, a prática mais freqüente no ensino de Matemática tem sido aquela em que o professor apresenta o conteúdo oralmente, partindo de definições, exemplos, demonstração de propriedades, seguidos de exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, e pressupõe que o aluno aprenda pela reprodução. Assim, considera-se que uma reprodução correta é evidência de que ocorreu a aprendizagem.(PCNs- Matemática,1998:37)

Para Pavanello (2004), caso a prática se proceda numa via diferente da

apresentação oral, tem-se que muitos educadores se pautam no mito de que o uso

de material concreto é essencial para o ensino de matemática inicial, abarcando

assim, que a compreensão sobre Matemática e principalmente, a Aritmética esteja

condicionada ao uso desse recurso. Apesar da mudança de procedimento, destaca-

se que o uso do material concreto não é garantia de obtenção de êxito tendo em

vista que

o uso do material concreto tem por objetivo levar a criança a compreender a formalização matemática. No entanto, os professores não estabelecem, e os alunos não percebem, uma relação entre as ações realizadas no material concreto e a formalização matemática, visto que nem sempre as ações correspondem às transformações envolvidas na aplicação do algoritmo das operações.(SCHLIEMANN; SANTOS; COSTA APUD PAVANELLO, 2004:08)

Nessa análise, nota-se a limitação da prática em sala de aula, que pode estar

pautada em uma programação de conteúdo a ser cumprida. Prática limitada, no

sentido de ser necessária a otimização do tempo para apresentação/construção de

determinado conceito, sem promover uma experiência matemática que apuraria em

que medida os conteúdos contribuem para o desenvolvimento intelectual do aluno,

no tocante ao pensamento lógico-matemático. Para Lins e Gimenez (2006), isto é

uma produção de significados, num campo contemplado nos currículos do ensino

obrigatório em todos os países.

20

1.4 O Ensino de Aritmética

Para Lins e Gimenez (2006), nas prescrições sobre o ensino de Aritmética,

tem-se a Aritmética vista como um instrumento de organização da atividade

humana.

A aritmética se faz presente no cotidiano das pessoas, muito além do que se

assimila no ambiente escolar, ou seja, existe uma aplicação necessária à

organização do ser em seu meio. Assim, a Aritmética, quando utilizada em diversos

contextos excede a visão restrita de uma arte de regras e números.

O reconhecimento do número, por exemplo, se faz em diversos momentos e

processos de significações, como a aprendizagem da numeração, na qual: “para

ocorrer a aprendizagem da numeração é necessário que o aluno estabeleça a

relação entre o número e a quantidade que ele representa.”(PAVANELLO,2004: 51)

Esta relação transpõe o universo escolar e, assim, a Aritmética relaciona-se

com o mundo. Desta forma, para situar a Aritmética escolar, deve-se buscar sua

origem e qual o papel que o mundo real ocupa em sua produção.

Portanto, uma visão fragmentada do ensino da Aritmética deixa de ser

concebível. A abordagem da Aritmética tem que permear o universo escolar e o

mundo real das pessoas, criando-se assim uma visão de Aritmética escolar e

Aritmética da rua.

Num contexto de Matemática Aritmética tem-se: “isso quer dizer é que nossos

alunos estão vivendo em dois mundos distintos, cada um com sua organização e

seus modos legítimos de produzir significado.” (LINS; GIMENEZ, 2006: 17)

Os mesmos autores reforçam ainda que

a alternativa que vamos defender é que o papel da escola é participar da análise e da tematização dos significados da matemática da rua – no caso particular da Educação Matemática -, e do desenvolvimento de novos significados, possivelmente matemáticos, que irão coexistir com significados não-matemáticos, em vez de tentar substituí-los. ( LINS; GIMENEZ,2006: 18)

Numa perspectiva holística, o significado produzido por cada um desses

mundos referencia-se em saberes e nas ações de seus agentes. Pode-se observar

também, concepções de significação de conceitos.

21

Na realização de operações matemáticas há a necessidade de compreender os conceitos matemáticos que lhes dão significados, ou seja, as diferentes operações em que uma mesma operação serve como estratégia de solução são informações que precisam se relacionar entre si.(BONANNO, 2006:35)

Essa concepção que denota a relação entre Matemática e mundo real pode

ser vista na questão curricular, como uma vertente na produção do conhecimento,

descrita nas propostas para o Ensino Fundamental. Assim, corroborando com esta

visão,observa-se que:

A chamada matematização crescente do mundo reforça cada vez mais o lugar da Matemática em tais propostas. As ciências naturais, dentre elas a Física, a Astrofísica e a Química, estão inteiramente matematizadas. As ciências biológicas, incluída a Medicina, também. ... A sociologia e a Psicologia também a utilizam.(PIRES,2000:154. )

Na busca de significação para o ensino-aprendizagem de Aritmética destaca-

se o sentido numérico, o qual está associado a uma variedade de experiências com

números, tipificadas na rua e na escola, sendo que:

“desenvolvemos um certo sentido numérico, um conjunto de percepções e intuições

– se quiserem chamar assim – a respeito do que os números são ou como são

(como funcionam, que propriedades tem)”. (LINS; GIMENEZ,2006:30)

A intuição, no aspecto de sentido numérico, contribui para o papel da escola

na inserção do educando, aqui visto como indivíduo, no mundo do trabalho, trazendo

a Matemática em essência. Essa visão pode ser coerente quando do

estabelecimento de premissas que “visem à valorização, pelo aluno, do caráter

instrumental da Matemática em outros campos do conhecimento e, portanto, no

próprio mundo do trabalho” (PIRES, 2000:155) na elaboração curricular.

Num caráter de aplicação, o sentido numérico tem dois caminhos distintos

para se evidenciar. O primeiro se relaciona à capacidade de estabelecimento de

pontos de referências num contexto para definição da estratégia a ser utilizada na

resolução de um problema. Nesse aspecto, tem-se que:

O sentido numérico, já citado, utilizar-se-á de contextos particulares nos quais decidiremos a estratégia que nos pareça mais adequada entre as que temos a nossa disposição. Por isso, como já comentamos, a importância de atribuir significado aos pontos de referência em contextos determinados(preço de objetos, objetos que possuam medidas predeterminadas, situações que são executadas num tempo estabelecido, etc.).( LINS;GIMENEZ,2006;70)

22

O segundo se relaciona à experimentação de raciocínios, estabelecendo-se

qual o mais condizente à resolução de um problema surgido no cotidiano que trará à

tona a visualização do sentido numérico. Nesse sentido, tem-se: ”Num outro caso,

serão os raciocínios que evidenciarão o sentido numérico em jogo, e que levarão a

estratégias mais ou menos eficientes.”(LINS; GIMENEZ,2006:70)

Os mesmos autores descrevem a necessidade de estabelecimento de

raciocínios numéricos inerentes à Aritmética escolar e a Aritmética da rua.

Numa análise acerca do raciocínio numérico, Lins e Gimenez (2006)

descrevem erros e dificuldades em situações aritméticas que envolvem os números

naturais, as frações e os decimais, principalmente no que se refere aos erros de

quantificação e ordenação. Promover a experimentação de situações que abordam

tais erros e dificuldades é objeto de pesquisa em educação matemática com o

propósito de discutir, com os envolvidos, a compreensão de conceitos e a eficácia

operativa, de forma que a debilidade em formalizações operativas pode estar

relacionada aos erros de quantificação e ordenação descritos no campo numérico.

Estabelecer uma metodologia capaz de apurar a significação almejada ao

ensino da Aritmética é o passo seguinte às características depuradas acerca do

ensino-aprendizagem de Aritmética, antes até de se especificar a abordagem dada

aos significados. Assim, em um primeiro momento, define-se o mecanismo de

trabalho para que se obtenha a descrição correta sobre a produção de significados

para o ensino de Aritmética, de maneira coerente com o universo escolar e o mundo

real, e de modo a promover uma reflexão sobre os caminhos a serem trilhados neste

intuito.

Abarcar-se a essa produção de significados, a tônica de que a Aritmética

permeia-se o trabalho algébrico, explorado no aspecto cognitivo a partir de

características de abstração condizentes, também, com o processo de

generalização.

23

1.5 A Experiência Matemática: a Resolução de Proble mas

A experiência matemática é escolhida como um mecanismo de trabalho de

investigação desenvolvido por proporcionar situações que envolvam idéias sobre

processos matemáticos como, por exemplo, a abstração, muito inerente ao ensino

da Aritmética. Para Davis e Hersh (1995), a abstração pode ser tida como

idealização ou como extração, reservando a cada um dos sentidos destacados uma

conceituação do processo. A abstração, como idealização, pode ser entendida

quando se parte da observação de uma situação do cotidiano para a criação de um

modelo, usado para se analisar ou estudar um ente matemático. A abstração como

extração, pode ser entendida quando se considera, num estudo, uma semelhança

entre situações descritas de formas distintas, de modo a auferir uma nova idéia, ou

até mesmo a atribuição de um outro conceito aos elementos inicialmente analisados.

Além disso, promover a experiência matemática através de resolução de

problemas é uma questão a ser pontuada neste estudo com a Aritmética e sem se

deter, apenas, ao processo ensino-aprendizagem. Corroborando com esta afirmação

tem-se: “O ensino-aprendizagem de “aritmética” deixa de ser o importante. O central

é promover experiências potencialmente ricas, que talvez não sejam somente

aritméticas. (LINS;GIMENEZ,2006 57)

Nos PCNs de Matemática encontra-se a prescrição de uso da resolução de

problemas como válida à construção do conhecimento, quando se descreve que,

numa perspectiva indicada por educadores matemáticos, ela possibilita aos alunos

mobilizar conhecimentos e desenvolver a capacidade para gerenciar as informações

que estão a seu alcance. Assim, os alunos terão oportunidade de ampliar seus

conhecimentos acerca de conceitos e procedimentos matemáticos, bem como de

ampliar a visão que têm dos problemas, da Matemática, do mundo em geral e

desenvolver sua autoconfiança.

Um dos princípios norteadores da resolução de problemas, ainda, segundo os

PCNs de Matemática, é que ela não é uma atividade para ser desenvolvida em

paralelo ou como aplicação da aprendizagem, mas uma orientação para a

aprendizagem, pois proporciona o contexto em que se pode apreender conceitos,

procedimentos e atitudes matemáticas (aspectos mais amplos do que o conteúdo

em si).

24

A resolução de problemas instiga a prática da analogia, tão comum ao

pensamento do educando, de maneira que o mesmo tem assim, a possibilidade de

experimentar e validar seu pensamento, obtendo dessa forma, conclusões em

diversos prismas. Esta amplitude ocasionada pelo atributo dado à resolução de

problemas é demonstrada, visto que:

A analogia permeia todo o nosso pensamento, a nossa fala cotidiana e as nossas conclusões triviais, assim como os modos de expressão artística e as mais elevadas conclusões científicas....Todos os tipos de analogia podem desempenhar uma função na descoberta da solução e, por isso, não devemos desprezar nenhum deles.(POLYA,1995:29)

A relação entre mundo real e conceitos matemáticos desencadeia a

necessidade de estabelecimento de uma ponte capaz de unir, em essência, cada

um desses contextos. Essa relação se estabelece de forma histórica: “A maioria dos

conceitos matemáticos, historicamente, são elaborados a partir de demandas

surgidas em situações problemáticas das ciências, da tecnologia e da realidade do

mundo vivido.” (Laudares e Miranda, 2007:106)

Outro ponto de observação acerca da resolução de problemas se situa sobre

o estabelecimento do conhecimento teórico e o desenvolvimento do processo de

resolução, o que se alinha com os objetivos específicos desta pesquisa, podendo a

mesma ser utilizada posteriormente como descritora dessa ponderação.

Corroborando com este intuito, é fundamental entender que:

Existe, portanto, uma necessidade premente de pesquisas em que se procura estabelecer uma ponte entre o conhecimento teórico sobre os processos de resolução de problemas e sua aplicação em projetos educacionais. (VASCONCELOS APUD SCHLIEMANN;CARRAHER, 2003:54)

A descoberta proposta pela resolução de problemas desencadeia um outro

aspecto sobre a prática educativa no que se refere ao ensino de conceitos e

princípios, os quais segundo Zabala (2007) requerem uma compreensão de

significado num aspecto mais pessoal de cada educando envolvido no processo de

ensino/aprendizagem.

Pretende-se reforçar que, na aplicação de instrumentos que visam colher

subsídios ao presente estudo, delimitam-se algumas abordagens para que as

mesmas possam conferir, aos seus resultados, uma propriedade no tocante ao

almejado no estudo.

25

Finalizando as concepções metodológicas, faz-se necessário frisar a

utilização da essência que principia cada um dos mecanismos descritos neste

estudo, seja na concepção de investigação matemática, experiência matemática ou

resolução de problemas, sem se perder o foco, que é a Aritmética com significado.

1.6 Significados Atribuídos à Aritmética

Norteados os aspectos referentes ao teórico-metodológico cumpre-se a

necessidade de delimitações concernentes aos significados atribuídos à Aritmética.

O conhecimento aritmético mantém vínculos com as características implícitas

do pensamento aritmético. Este, por sua vez, depreende-se, em diversas análises,

dos raciocínios observáveis e pensamentos desenvolvidos. Desta forma, o trabalho

desenvolvido com atividades se pautará numa depuração de raciocínios e

pensamentos, nos quais não se definirá a diferença entre os conceitos envolvidos,

de modo que se perceba a interação entre os dois no processo cognitivo dos

educandos.

Para Lins e Gimenez (2006), a construção do conhecimento aritmético

constitui um processo amplo que possui muitas facetas e se relaciona com tipos de

raciocínio muito diversos.

Dentre os raciocínios e pensamentos escolhidos como objetos deste estudo

encontram-se:

- a valorização do raciocínio intuitivo;

- o pensamento relativo aplicado às estimativas;

- o raciocínio estruturado aditivo;

- o pensamento proporcional.

Com esses tipos de pensamentos, espera-se estabelecer a essência de uma

Aritmética com produção de significados.

26

a) Valorização do raciocínio intuitivo

Valorizar o raciocínio intuitivo pode ser visto sob diversos prismas, mas o

centro de análise das atividades aplicadas com esse propósito se relaciona a

desmistificar o processo normal adotado pelos educadores que apuram a intuição

dos educandos mas, em seguida, priorizam o processo de ensino-aprendizagem

baseado em aspectos formais,

como gerenciar na classe a passagem da descoberta de certas regras e o uso de certas estratégicas (o intuitivo) a um explícito o mais corretamente expresso e matematizado (o formal). Chegando aí, a tentação é evidente: o professor muda o núcleo usado, instituindo o formal como núcleo em si mesmo e diz aos estudantes “o que tem de saber”. Produz-se uma ruptura que às vezes é assimilada por alguns, porém, não faz caminhar a todos. (LINS; GIMENEZ, 2006:57)

Para ratificar esse ponto, é fundamental reportar-se aos aspectos do atual

currículo de Matemática que favorecem a integração de investigações na prática

pedagógica, nas quais, para Albano Silva et al. (1999), tem-se a indicação freqüente

de que os conceitos devem ser abordados, inicialmente, de forma intuitiva, sem a

necessidade de formalização. Assim, mesmo que não transpareça, no primeiro

momento de contato de um educando um conceito matemático, a abordagem

investigativa, favorece-lhe tal aspecto.

O intuitivo é, então, um dos níveis do pensamento aritmético a ser valorizado,

tendo em vista que o educando está numa fase de reconhecimento e produção de

imagens. A noção de número, por exemplo, transpõe idéias de representação,

ampliando-se para a significação de quantificações e outras relações.

Reforçando este pensamento:

A pesquisa recente e os parâmetros curriculares de diversos países refletem sobre a necessidade de desenvolver intuições sobre o aspecto quantitativo das situações, entendendo os números em seus diversos significados e relações, possuindo referentes para as quantidades e as operações. ( LINS; GIMENEZ,2006:59)

Assim,

além da linguagem, outros fatores entram em jogo quando na resolução de problemas. Uma das maiores dificuldades que a criança encontra com a

27

matemática não decorre de seu caráter abstrato, mas da falta de referentes para as quantidades presentes no enunciado do problema ou expressão matemática. (PAVANELLO, 2004:09).

Na investigação desse raciocínio, promove-se a produção de afirmações e

justificações independente da necessidade de formalizações matemáticas que levem

do procedimental ao conceitual ou vice-versa, trazendo o uso de referentes de forma

diferente da usual em sala (normalmente utilizada para estabelecer um conceito),

justificada pelo fato de que

a idéia de se trabalhar em torno da produção de afirmações e justificações oferece uma visão alternativa a ambas abordagens, e sugere o caminho da investigação aritmética como adequado, e não apenas o da resolução de problemas. (LINS; GIMENEZ,2006:56)

b) O pensamento relativo aplicado às estimativas

O pensamento relativo aplicado às estimativas traz à tona a condição de que

o educando tem a capacidade de reconhecimento da ideia de número sem se

preocupar com a situação. Porém, o que deveria ser fato, torna-se ambíguo na

resolução de um problema, pois no decorrer de uma resolução, os educandos, de

maneira geral, se embasam na situação apresentada. As pesquisas demonstram a

inferência do problema citado: “diversas pesquisas demonstram que, em geral, os

estudantes tendem a atuar com base em manipulações sobre a situação

apresentada e não com uma concepção preestabelecida fora dela”(.LINS E

GIMENEZ,2006:51)

Por isso, a situação apresentada no contexto escolar pode ser trabalhada de

modo que o educando amplie seu horizonte de referências, sem se ater, apenas, ao

cálculo efetuado pela proposição de algum problema. Desta forma, a utilização de

um algoritmo pode não trazer referência para o educando em sua utilização restrita a

um cálculo apresentado, mas quando se promove o significado de tal procedimento

da Aritmética escolar, busca-se a interpretação de outras relações possíveis àquele

cálculo ou em outras situações.

No entanto, quando se ensina uma técnica às crianças, é comum (e muito importante) que elas queiram saber os porquês e, para poder explicá-los com clareza, precisamos entender bem o processo. Além disso, se

28

entendemos o processo do algoritmo podemos fazer estimativas acerca dos resultados esperado. (CENTURION, 2006:166).

O trabalho de estratégicas que promovem o conhecimento numérico do

educando, de forma que o mesmo possa estabelecê-las, em qualquer situação com

que se depare, pode ser benéfica e dentre elas, destaca-se a relatividade deduzida

a partir de considerações aritméticas.

Pois,

diversos autores tem ainda mantido que os sujeitos humanos, desde o nascimento, reconhecem informações mediante códigos relativos e não mediante códigos absolutos, ou seja, sabem dizer “este tem mais do que este outro” ainda que quão grande é. (LINS; GIMENEZ, 2006:51)

E ainda,

entre as estratégias de tipo absoluto e relativo, consideramos: a ordinalidade, o uso de escalas diferentes, representações diferentes dos números, sentido relativo em contextos reais e uso de elementos referentes. Além das estratégias de comparação ou relatividade associadas a situações concretas que possa se conhecer, isso pode ser deduzido de três tipos básicos de considerações: aritméticas, geométricas e topológicas. (LINS; GIMENEZ, 2006:68)

O desafio do presente estudo está em ofertar reflexões acerca da base

aritmética, seja com referentes ou com uso de estratégias próprias do educando, a

fim de se ter a estimativa como uma habilidade desenvolvida. As experiências

propostas efetuam a contribuição necessária, sem presunção de que se verifique a

plenitude de tal habilidade. Nesse sentido, temos a habilidade construída de forma

gradativa: “A capacidade da estimativa é adquirida lentamente pela criança.”

(CENTURION, 2006:194)

Propiciar, ao educando, momentos de reflexão, de questionamentos e de

apresentação de justificações ou afirmações no ambiente escolar pode produzir

efeitos positivos no sentido de construção dessa habilidade.

É muito importante que os professores criem uma atmosfera na qual as crianças possam dizer o que pensam com convicção em todos os momentos. As “mordaças” são ruins para o desenvolvimento moral da criança, bem como para o seu desenvolvimento intelectual. Se as crianças não questionam as regras que não tem sentido para elas, elas não podem construí-las por si próprias e podem apenas seguir a vontade dos outros. (KAMII; DEVRIES apud CENTURION, 2006:263)

29

Estimar pode ser retratado em,

a estimativa tem sido definida como a forma de produzir um juízo sobre o tamanho, a quantidade ou o número suficientemente exato para algum propósito dado, o que coincide com o significado vulgar da palavra estimar como juízo de valor sobre algo, e trata-se de uma habilidade com destrezas associadas. (LINS; GIMENEZ, 2006:71)

c) O raciocínio estruturado aditivo

O raciocínio estruturado aditivo é uma parte da ideia de arquitetura dos

números, concernente a um sentido estrutural operativo que promove significação

diferente da usual praticada em sala de aula.

Um sentido estrutural operativo dos números é muito mais do que saber calcular muitos resultados, ou pretender saber o porquê deles. A arquitetura implica o desenvolvimento da aplicação de projetos ou de estruturas conceituais e procedimentais complexas que somente podem surgir do trabalho de reflexão e teorização com base em produções dos próprios estudantes. (LINS; GIMENEZ, 2006:73)

Uma técnica que promove este tipo de raciocínio é o cálculo mental , que

possui utilização restrita em sala de aula quando comparado ao uso de algoritmos

escolares. Esse tipo de técnica tem um aspecto de construção individual no tocante

aos estudantes, produzindo significados, e de utilização contida por parte dos

profissionais da educação.

Em geral, no ensino escolar, não se prioriza o cálculo mental. Algumas pessoas praticam o cálculo mental porque desde pequenas foram estimuladas para isto, ou porque tem necessidade de calcular sem lápis e papel, usando um algoritmo próprio. (CENTURION, 2006:151)

O cálculo mental desenvolvido a partir da sedimentação de cada indivíduo,

neste caso o educando, põe-se como uma das técnicas usuais no trabalho de

significação da Aritmética.

A significação proporcionada pelo uso de cálculo mental pode ser tida como

um canal de interação entre o raciocínio estruturado aditivo e o raciocínio intuitivo.

Assim: “Lembramos, também a importância de se estimular o cálculo mental, através

do qual utilizamos, intuitivamente, uma série de propriedades” (CENTURION,

2006:160).

30

Para Bonnano (2006), os procedimentos de cálculo mental se apoiam nas

propriedades do sistema de numeração decimal e nas propriedades das operações,

e colocam em ações, diferentes tipos de escrita numérica, assim como diferentes

relações entre os números.

A técnica do cálculo mental pode ser um dos itens preponderantes neste tipo

de abordagem, mas a construção desse tipo de raciocínio estruturado denota outros

caminhos e prismas de verificação, o que se infere pela conceituação dada, pois

chama-se assim ao conjunto de estratégias e desenvolvimentos que um sujeito faz observando as propriedades de tipo aditivo do fenômeno que trata. Não é exclusivo de situações de adição. Relaciona-se sobretudo com explicações sobre as relações em que se percebe um todo referente às partes que o compõem. Pode existir raciocínio aditivo em situações de multiplicação, de partição e em situações funcionais. (LINS; GIMENEZ, 2006: 51)

Percebe-se, então, uma amplitude desse raciocínio de forma que habilidades

sejam reconhecidas e que a reflexão sobre o conhecimento e suas implicações seja

parte da realidade do educando. Assim, almeja-se a percepção de significados

extraídos do âmago de nossos educandos, no tocante à estruturação dessa

seqüência de pensamentos, traduzida num raciocínio.

d) O pensamento proporcional

O pensamento proporcional geralmente remete a uma idéia de comparação

envolvendo partes e todo, em inúmeros aspectos, florescendo em uma estrutura

multiplicativa independente do conteúdo matemático relacionado mas, em geral

focado em operações de multiplicação e divisão.

Chamamos pensamento proporcional àquele que corresponde a uma estrutura de comparação entre partes ou entre todos, ou entre as partes e um todo, ou como um esquema instrumental que resolve algumas situações especiais de comparação em forma multiplicativa e não aditiva” (LINS; GIMENEZ, 2006: 52)

No âmbito escolar, depara-se com o isolamento desse tipo de pensamento,

numa única série ou ano de escolaridade, expresso por razões e proporções. Esta

visão é limitada, pois “em vez de constituir um tópico isolado, como levam a pensar

31

os livros de matemática para a sexta série, razões e proporções estão presentes na

maior parte dos conteúdos matemáticos.” ( SCHLIEMANN;CARRAHER, 2003: 76).

Na realidade, o pensamento proporcional constroi-se em diversas etapas da

escolaridade, por se relacionar aos inúmeros contextos vivenciados pelos

educandos e aos vários conteúdos assimilados ao longo do ensino fundamental.

Por isso, a criatividade do educador é um diferencial para a construção desse

tipo de pensamento, possibilitando uma percepção aritmética fundamental ao

conhecimento.

Assim, criar, em sala de aula, situações variadas envolvendo a multiplicação e a divisão concorre não apenas para o desenvolvimento do raciocínio multiplicativo, em particular, como também para a aquisição de um “sentido aritmético”, de maneira mais ampla. Este sentido aritmético auxilia a criança a prever e avaliar as transformações lógico-matemáticas que a execução de uma determinada operação aritmética implica em um dado contexto. (PAVANELLO, 2004: 116)

Nesta concepção de pensamento destaca-se o uso da aproximação, uma

ação propícia ao estabelecimento de comparações e condizente, portanto, com a

interpretação de amostras. Num sentido amplo, a aproximação condiz com a ideia

de estimar e, na característica de técnicas associadas, encontra-se o

arredondamento. É relevante ampliar a concepção de número, de forma que se

perceba a essência de um valor atribuído a uma situação, mesmo que sem a

preceituação de seu valor exato, como se descreve na importância de trabalhar o

arredondamento: “Importância das comparações entre grandezas. Daí a

necessidade de compreender a ordem de magnitude (número de algarismos) de um

resultado mais do que seu valor exato”. (LINS; GIMENEZ, 2006: 73)

32

CAPÍTULO 2 PCNs, PNLD E LIVROS DIDÁTICOS

2.1 O Ensino de Aritmética e as Escolhas

O ensino da Aritmética encontra-se descrito nos PCNs Matemática, traçando

assim, as orientações necessárias ao desenvolvimento do processo ensino-

aprendizagem da idéia de números e operações, base desse ramo da Matemática.

A descrição feita pelos PCNs Matemática aborda a necessidade preeminente

de significado para o estudo dos números.

O aluno perceberá a existência de diversos tipos de números (números naturais, negativos, racionais e irracionais) bem como de seus diferentes significados, à medida que deparar com situações-problema envolvendo operações ou medidas de grandezas, como também ao estudar algumas das questões que compõem a história do desenvolvimento do conhecimento matemático. (PCNs - Matemática , 1998:50)

E também das operações:

Com relação às operações, o trabalho a ser realizado se concentrará na compreensão dos diferentes significados de cada uma delas, nas relações existentes entre elas e no estudo do cálculo, contemplando diferentes tipos: exato e aproximado, mental e escrito. (PCNs - Matemática, 1998:50)

O Governo Federal, na esteira de fomentador da Educação no país, executa

atualmente o Programa Nacional do Livro Didático 2008 (PNLD 2008) no qual se

preceitua o material de apoio a ser utilizado na rede pública de ensino, no tocante

aos anos finais do Ensino Fundamental. Neste programa, surge a descrição, através

de um guia, de coleções de livros, avaliados pelo governo, que enfatizam a função

maior do livro didático. Apesar das peculiaridades desse guia, por se pautar na rede

pública, o material exposto pelo programa vem oferecer princípios norteadores do

PCNs, podendo assim, ser estendida a utilização das coleções divulgadas à rede

privada.

Segundo o Guia de Livros Didáticos do PNLD 2008 - Matemática , o livro

didático tem, como uma das funções primordiais, a de se colocar como instrumento

de interação educando - educador.

33

O livro didático contribui para o processo de ensino-aprendizagem como mais um interlocutor que passa a dialogar com o professor e com o aluno. Nesse diálogo, tal texto é portador de uma perspectiva sobre o saber a ser estudado (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:11)

A avaliação do livro didático pelo PNLD 2008, leva em consideração a tônica

do processo ensino-aprendizagem com relação à produção de significados na

abordagem de conteúdos, estabelecendo a efetivação desse aspecto como

elemento de avaliação de uma coleção, no tocante às características teórico-

metodológicas.

2.1 – A coleção contribui para a compreensão dos conceitos e procedimentos matemáticos, favorecendo a atribuição de significados aos conteúdos do campo: 2.1.1. Números e operações; ... 2.2 – A coleção articula os diferentes significados de um mesmo conceito (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:22)

Ressalta-se que indicações para se atingir objetivos no processo ensino-

aprendizagem são sempre feitas, mas a efetivação do que se almeja depende dos

agentes envolvidos no processo de construção do conhecimento, desde a análise da

legislação até a base, aqui educando e educador. A escolha de um livro didático é

tarefa árdua, tanto para os pareceristas do PNLD como para os educadores que se

encontram imbuídos da tarefa de promover o conhecimento. Como agentes

executores, cada qual com sua atribuição, eles se sujeitam a questionamentos

decorrentes da escolha de uma coleção de livros. Durante a revisão bibliográfica,

incluída a leitura de produções acadêmicas, depara-se com um questionamento

sobre contextualização, mas lançado sobre pareceristas do PNLD na edição do Guia

de Livros Didáticos 2005, sendo que: “O GNLD enfatiza certas interpretações

errôneas a esse respeito, que podem levar a formulação de problemas superficiais,

na tentativa de vincular cada conceito com situações do dia-a-dia dos estudantes”.

(RAMA, 2006:19)

Apesar do questionamento acima se referir à idéia de contextualização,

depreende-se que todos os envolvidos com a educação são alvo de observações e

críticas, a partir do momento em que buscam a efetivação de qualquer proposta

ligada à construção do conhecimento, o que pode não ser diferente quando o

assunto é significado para a Aritmética.

34

Complementando ainda a análise das propostas metodológicas das coleções

aprovadas pelo PNLD 2008, já no prisma do conhecimento matemático, tem-se:

Cabe ainda observar que, em diversas coleções, a metodologia adotada varia de um campo da Matemática para outro. Algumas vezes, por exemplo, há riqueza de aplicações e preocupação em evidenciar diferentes significados de um conceito no campo de números e operações e uma postura mais diretiva no trabalho com a geometria. (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:35)

Para se destacar essa evidência e especificando-se a Aritmética, a

metodologia de ensino-aprendizagem constante do Guia de Livros Didáticos do

PNLD 2008 contempla habilidades de cálculo como um quesito de avaliação:

“3.5 – A coleção valoriza o desenvolvimento de habilidades relativas ao:

3.5.1 – cálculo mental;

3.5.2 – cálculo por estimativa.” (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 -

Matemática, 2008:22)

No prisma desta pesquisa, relaciona-se sua tematização com as verificações

consubstanciadas no PNLD 2008, observando-se que a produção de significados

vem descrita em critérios de avaliações do livro didático, e que também, destaca-se

a importância da Aritmética no processo ensino-aprendizagem do Ensino

Fundamental. Essa importância encontra-se descrita na tabela do Guia de Livros

Didáticos do PNLD 2008 acerca da seleção e distribuição de conteúdos, no qual se

observa uma predominância da Aritmética no terceiro ciclo do Ensino Fundamental.

Nessa outra vertente, se observa a ênfase dada à Aritmética, pela expressão

de números e operações, em coleções de livros didáticos e essa característica

citada se faz relevante na observação dos livros didáticos selecionados para o

terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental.

O papel do livro didático concernente às diretrizes para Educação adotadas

pelo Governo Federal, torna-se fato quando da análise do PNLD 2008. O programa

abarca um outro prisma de análise das coleções de livros selecionados, quando

estabelece, com criticidade, a abordagem dos campos de conteúdos das coleções

aprovadas, nas quais se destacam verificações relacionadas ao tema desta

pesquisa, que comprovam a necessidade de se buscar significados para o Ensino

de Aritmética, pois se reconhece alguma deficiência em abordagens, como: “Em

particular, dá-se pouco espaço para a discussão dos significados das operações

35

fundamentais e para a compreensão dos algoritmos e de suas propriedades.” (Guia

de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:41)

E também:

As operações de potenciação e de radiciação são introduzidas com foco na aplicação de regras. No caso destas operações, se, por um lado, são excessivamente valorizadas em um número ainda significativo de obras, por outro, já se observa em muitas obras maior preocupação com os significados e aplicações. (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:42)

E ainda:

O cálculo mental é abordado na maioria das coleções avaliadas. Em muitas delas, é feito um bom trabalho pedagógico para a construção dessa competência indispensável na formação matemática do aluno. Contudo, em outras, as estratégias de cálculo mental são apresentadas, mas o aluno é pouco incentivado a utilizá-las. As estimativas de cálculos, ainda que menos presentes nas obras avaliadas, merecem também a atenção da maioria delas. (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008::42 e 43)- grifos meus

Com foco no estabelecimento de conexões da aritmética com grandezas e

medidas descreve-se a seguinte deficiência:

O processo de medição das grandezas está presente em todas as coleções. ... No ensino, é importante que se dê oportunidade ao aluno de efetuar medições de forma intuitiva, com o emprego de unidades não-convencionais e próximas de seu dia-a-dia. Tais atividades podem contribuir para a compreensão do caráter arbitrário da unidade e para desenvolver a habilidade de adequar a unidade à grandeza a ser medida. Algumas das obras acompanham este ponto de vista na sua proposta de atividades. Outras, no entanto, se apressam em introduzir as unidades do padrão internacional. (Guia de Livros Didáticos do PNLD2008 - Matemática, 2008:49)

Consubstanciado pelas prerrogativas atribuídas ao livro didático, resta apenas

uma verificação para que se proceda a ratificação das formulações de deficiências

apresentadas pelo guia do PNLD 2008, o que se opera ao manusear as coleções

prescritas no referido documento. Assim, dentre as 16 coleções apresentadas,

elegem-se três delas para análise, escolhidas pela experiência profissional,

reportando-se apenas aos volumes inerentes ao terceiro ciclo do Ensino

Fundamental, espaço da pesquisa apresentada, destacando-se:

Coleção número 1 – “Novo Praticando Matemática” da Editora do Brasil, autores

Álvaro Andrini e Maria José Vasconcellos;

36

Coleção número 2 – “Tudo é Matemática” da Editora Ática, autor Luiz Roberto

Dante;

Coleção número 3 – “ Matemática Hoje é Feita Assim” da Editora FTD, autor Antonio

José Lopes Bigode.

2.2 Descrição das Coleções e dos Procedimentos Adot ados

Inicialmente, descrevem-se relatos sobre as coleções elencadas para análise,

tomados pela atividade profissional deste pesquisador, sendo:

A coleção número 1: antes de sua reformulação, sempre foi utilizada no

segmento supletivo de Ensino Fundamental, por manter a característica de trazer

enunciados e questões mais fáceis de resolução pelo público alvo envolvido. Depois

de sua reformulação, por isso a inscrição “novo” em sua capa, nota-se que

ocorreram mudanças no tocante ao nível e características gerais dos exercícios,

mas a coleção disponibiliza questões com aspecto de conhecimento gradativo. Isto

quer dizer que, numa observação referente ao nível de dificuldade apresentado

pelas questões, tem-se itens mais elementares, médios e difíceis. No aspecto do

ensino público municipal, a coleção abarca questões básicas acessíveis aos

educandos dessa rede de ensino, que defende a prerrogativa de uma educação

para todos, com trabalho muitas vezes estabelecido através de requisitos básicos;

A coleção número 2: considerada uma coleção de atividades bem

conceituadas e promovedoras de uma aprendizagem gradativa, cujas questões

elementares já trazem, em sua formulação, um nível de dificuldade maior que a

coleção anteriormente citada. Essa característica se deve ao intuito de que a

resolução de uma atividade, nesta coleção, muitas vezes condicionar o educando à

assimilação anterior de vários outros conteúdos, bem como competências e

habilidades.

A coleção número 3: sempre foi utilizada em unidades escolares cujo projeto

político-pedagógico relacionava-se com idéias construtivistas no processo ensino-

aprendizagem. Quando de sua utilização, o pesquisador mantinha essa percepção,

pois ao propor alguma atividade aos educandos, verificava uma organização

diferente de conteúdos pelo autor e, também, que o elenco de exercícios tinha uma

37

forma gradativa de construção de conceitos, caracterizando-se ao desempenhado

em processos construtivistas.

Para se depurar o evidenciado por cada coleção e buscar relações com as

descrições de avaliação do PNLD 2008, e, também, de forma a validar, ou não, com

embasamento teórico o que empiricamente o pesquisador denota, toma-se como

procedimento dois momentos de relatos:

Primeiro momento: verifica-se o conteúdo do Manual do Professor acerca da

coleção e, em seguida, com relação a cada tópico apresentado nos volumes

utilizados na 5ª série (6º. Ano) e 6ª série (7º.ano), relacionados à Aritmética.

Segundo momento: apura-se a conformidade entre as características do manual do

professor e a formatação das abordagens contempladas no volume.

2.3 Depuração das Coleções

2.3.1 Coleção Número 1

O projeto didático desta coleção, em suas considerações sobre o ensino de

Matemática, se reporta à idéia de conhecimento com ligação estreita à de

significado. É citado, inclusive, que conhecer é, cada vez mais, distinguir o

significado, e que o processo de atribuição de significado depende das experiências

de cada um. A aprendizagem é um processo de construção de significados e

reelaboração de esquemas anteriores. Como premissa sobre o livro didático, os

autores se propõem a desenvolver o conteúdo matemático, com espaço para

reflexões, compreensões e abstrações. Na apresentação da obra, cita-se a

característica de conciliar a prática docente com a escola pública e com as

exigências sociais.

Um dos aspectos metodológicos que a coleção aborda faz indicações de uso

de materiais manipulativos, que permitem ao aluno o desenvolvimento do raciocínio

lógico, a construção e a generalização de conceitos e o aprendizado significativo.

No aspecto da Aritmética, a coleção faz separação clara de sistemas de

numeração e números, no que se relaciona aos temas abordados. Também

38

menciona que se desenvolvem procedimentos relativos a cálculo mental e às

estimativas, dentre outros. Cita-se, no geral da obra, que uma das concepções

usadas é que a Álgebra, atualmente, é vista como generalizadora da Aritmética.

Complementando-se as idéias da parte geral, tem-se alguns prismas

especificados em cada volume. A noção de número é trabalhada considerando-se

os sistemas de numeração relacionados à história da humanidade, sendo que o

capítulo destinado aos números naturais procura criar um dos focos na ideia de

ordenação. As operações são trabalhadas em aspecto significativo e aplicadas em

resolução de problemas, contemplando algoritmos e tendo o cálculo mental como

uma técnica capaz de relacionar as estratégias adotadas com o sistema de

numeração e propriedades. A potenciação tem, como base, a multiplicação

buscando sua representação e a raiz quadrada é introdutória, pois este conteúdo

será tratado com recursividade em séries seguintes. Trabalha-se, também, com a

idéia de múltiplos e divisores como uma extensão do estudo de números naturais e

suas operações.

Os números racionais, na forma fracionária, são usados para a aplicação de

conhecimentos sobre frações e, também, para representação e resolução de

situações-problema, destacando-se o trabalho com frações equivalentes na idéia de

comparação e de procedimentos, quando nas operações. O trabalho com decimais é

feito com figuras e medidas e as operações com características de classes

semelhantes as dos naturais.

A parte de medidas está presente em toda a obra, fazendo relações com a

Aritmética e com os demais temas. O estudo de frações e decimais é retomado no

segundo volume do ciclo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre o assunto,

sendo, um dos focos, a porcentagem. É apresentado o cálculo de raízes quadradas

com decimais, por tentativas.

A proporcionalidade leva em consideração conhecimentos prévios e serve

para fundamentar razão e proporção. Os números inteiros negativos são trabalhados

junto com frações e decimais para propiciar a representação em reta numérica. Os

exercícios fundamentam procedimentos e sistematização.

No volume referente ao 6º ano de escolaridade, os números são tratados em

contextos históricos e direcionados ao sistema de numeração decimal. Exploram-se

as idéias de classes para números em geral e especificamente na unidade destinada

aos naturais, tem-se o foco em contagem pelas ideias de ordem. Em operações com

39

naturais, tem-se adição e subtração trabalhadas por algoritmos e como operações

inversas, presente o cálculo mental, deixando em aberto a forma de estruturação do

pensamento na realização das operações. A estimativa é feita por ideia de

arredondamento.

Multiplicação e divisão com naturais têm seu trabalho em algoritmos e

operações inversas. O cálculo mental vem subsidiado na multiplicação pela

propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição e à subtração. A

potenciação tem trabalho inicial em multiplicação e direciona-se, em seguida, às

figuras geométricas. A raiz quadrada é trabalhada por potência e com uso de

calculadoras.

As frações são trabalhadas com representações diversas e, também, a ideia

de equivalência. As operações com frações têm uso de algoritmos com ideia de

equivalência para adição e subtração e representações em figuras para a

multiplicação e divisão, estabelecendo, em seguida, uso de procedimentos.

Os decimais têm trabalho inicial em figuras e medidas e suas operações são

pautadas em algoritmos. No volume referente ao 7º ano de escolaridade, a parte

sobre frações e decimais é revisional. A proporcionalidade é apresentada por

receitas e, depois, surgem questões de comparações com uso de calculadoras e

outras razões do cotidiano.

Os números negativos são trabalhados com a reta numérica e as operações

com algumas ilustrações nas aplicações de procedimentos e regras. A raiz quadrada

é trabalhada da mesma forma do volume anterior.

2.3.2 Coleção Número 2

O projeto didático desta coleção atribui um trabalho comum ao eixo temático

números e operações no que se refere à Aritmética e Álgebra. Os conceitos, em

geral, são desencadeados a partir de uma situação-problema, com o uso de

modelagem matemática, abordagens históricas e de tecnologias.

Nas atividades são descritas dentre outras competências, o pensamento

numérico e o raciocínio proporcional. Nessas atividades prioriza-se a compreensão

de conceitos e procedimentos. A coleção descreve como princípios norteadores do

40

ensino de Matemática, os estudos e pesquisas das últimas décadas em Educação

Matemática. Desta forma, a Matemática figura como uma importante ferramenta da

sociedade moderna, como maneira de pensar (processo em permanente evolução)

e também como presença em tudo o que nos rodeia.

Nota-se que a coleção descreve orientações metodológicas para um trabalho

significativo com os alunos, constando que, na sua elaboração foram considerados

os avanços conquistados pela Educação Matemática.

Destaca-se na coleção: o trabalho com conceitos matemáticos intuitivos

antes da simbologia e linguagem matemática; que o aluno deve atribuir significado

ao que aprende e não mecanizar procedimentos e regras; o estímulo ao

pensamento e ao raciocínio com o intuito de criar autonomia de pensamento,

trabalhar o conteúdo com significado, levando o aluno a sentir que é importante

saber aquilo para sua vida em sociedade ou que o conteúdo trabalhado lhe será útil

para entender o mundo em que vive; estímulo ao cálculo mental e estimativas; e

também o “aprender a aprender”.

A coleção evidencia a necessidade do trabalho do professor no processo de

construção de significados, pois constata que as explicações são reduzidas, em

virtude de priorizar a atividade do aluno. É importante frisar, que a proposta do autor

se realiza através da execução de atividades, sem muita expressão textual.

Finalizando a abordagem geral dada à coleção, faz-se necessário destacar a

citação de que o livro didático é, apenas, um dos recursos auxiliares para se

promover uma aprendizagem significativa, já que se sugere, dentre outros:

calculadoras, computadores, jornais, internet. Os relatos, até o momento, se

processam pela parte geral do Manual do Professor, pois nesta coleção o

detalhamento do ensino de Matemática ocorre em cada volume.

Complementando-se as idéias da parte geral há alguns conteúdos

especificados em cada volume. A proposta é trabalhar com números em diversos

contextos e situações cotidianas, mas detendo-se às características do sistema de

numeração e seqüências e também fazendo conexões de números naturais com as

grandezas e medidas. No volume referente ao 7º ano, os números inteiros têm forte

apelo no cotidiano, tanto no aspecto de números quanto no de operações. No

aspecto de número racional prioriza-se a idéia de equivalência e várias conexões

entre frações, decimais e medidas. As operações com números decimais são

introduzidas por meio de resolução de situações-problema direcionadas às

41

estimativas e cálculo mental. A potenciação e radiciação são exploradas por meio de

situações-problema, sem mencionar cálculos mentais ou estimativas. As grandezas

são exploradas em diversos contextos, mas dedica-se uma especial atenção às

noções de perímetro, área e volume.

Num aspecto de detalhamento dos volumes examinados, tem-se a

acrescentar alguns enfoques adotados, mediante a verificação de cada unidade pelo

pesquisador. No volume referente ao 6º ano de escolaridade, números são tratados em

diversos cenários, mas focados em sistemas de numeração e ordens - classes para

números grandes, como menciona o autor. As operações são revistas baseadas,

inicialmente em algoritmos e seguindo-se de conceitos. Os algoritmos são marcas

até na expressão de estimativas, cálculo mental e operações inversas.

As potências são introduzidas no caráter de possibilidades e seguindo-se

idéias de algoritmos que levam à escrita de números grandes em potências de base

dez. A radiciação é trabalhada em contexto de concreto vislumbrado em situação-

problema e seguida do uso de calculadora.

Na unidade de divisores e múltiplos são relacionados conceitos aos

algoritmos, retornando-se à raiz quadrada depois da decomposição em fatores

primos.

As frações são associadas à leitura, escrita e representação, seguindo-se de

medidas e equivalência. Nota-se que no desenvolvimento de operações com frações

procura-se o aumento gradativo de dificuldade na realização de operações, focando-

se representações geométricas e, em seguida, conceituando porcentagem. O

mesmo procedimento de frações é adotado para números decimais, acrescentando-

se apenas referência à ideia de notação científica, sendo que as operações são

pautadas em algoritmos.

No volume referente ao 7º ano de escolaridade, ocorre uma revisão do

volume anterior no que se posiciona em números, operações e medidas. Os

números inteiros são introduzidos no contexto e seguidos rapidamente de

formalizações conceituais e representações em conjuntos numéricos, o que se

observa também em operações de adição e subtração. Nas demais operações com

números inteiros processa-se a predominância de massificação de regras.

As frações e decimais possuem a mesma especificação de apresentação do

volume anterior, tendo a inclusão de valores negativos. A proporcionalidade é

42

introduzida com características algébricas seguindo-se formalizações conceituais

através de situações-problema.

2.3.3 Coleção Número 3

O projeto didático é focado na resolução de problemas; se projeta um trabalho

de aplicações da realidade, o que defendido pelo autor como trabalho com

problemas reais, usando o aspecto de números mal comportados e multiplicidade

conceitual e procedimental. Reporta-se ainda às situações-problema significativas.

Num aspecto de habilidades significativas em cálculo, prioriza-se cálculo

mental e estimativas com direções de Aritmética escolar e também de cotidiano.

Nessas direções, trabalha-se com algoritmos tradicionais enfocando

propriedades/ideias associadas às operações e ao sentido numérico.

O raciocínio numérico é referenciado na tematização proposta por Joaquim

Gimenez.

Mais detalhadamente, a coleção se propõe a trabalhar os números no

aspecto histórico e as operações com verbos que exploram o conceito, o cálculo

mental e as estimativas com ênfase em algoritmos de propriedades distributivas e

divisões. As frações e decimais têm características bem próprias para o autor no

trabalho, até porque ele considera os números fracionários como em desuso e os

números decimais focados em material concreto. Finalmente, tem-se um sistema de

medidas focado no sentido histórico.

Num aspecto de detalhamento dos volumes examinados, tem-se a

acrescentar alguns enfoques adotados, mediante a verificação de cada unidade pelo

pesquisador.

No volume referente ao 6º ano de escolaridade, a potência é voltada para o

formato de notação científica; frações são trabalhadas em argumentos geométricos

e formulações, sem enfatizar a ideia de comparação, ou seja, voltadas para

representações; operações com frações e decimais são pinceladas sem

associações com o cálculo mental e a comparação de frações condicionada à ideia

de equivalência.

43

No volume referente ao 7º ano de escolaridade, a multiplicação é explorada

na operação radiciação, proporcionando-se aproximações, mas sinalizando-se

ideias algébricas; amplia-se a ideia de frações e trabalham-se suas operações com

intuito de algoritmo, no qual se destaca o uso de figuras e formulações algébricas,

principalmente na multiplicação. A divisão baseia-se na ideia de equivalência; para a

proporcionalidade usam-se situações do cotidiano, com certa limitação do concreto

que se desenvolve na Matemática da rua. Destaca-se que a proporcionalidade, para

o autor, tem ideia de ruptura incutida em seu trabalho, pois em seu ensino os

conceitos já adquiridos são descartados.

2.3.4 Análise das Coleções e os Significados Atribu ídos à Aritmética

Observando-se as características atribuídas a cada coleção pelo pesquisador,

nota-se que, apesar de terem sido consubstanciadas pela experiência profissional

foram corroboradas muitas visões após a depuração de cada uma delas.

Os livros didáticos, hoje, já descrevem uma forma significativa de ensinar

Aritmética, mostrando uma evolução ao longo dos anos no sentido de se atribuir

significados aos conteúdos trabalhados em seu cerne. Nesse sentido, a busca de

significados para o Ensino de Aritmética, nesta pesquisa, deve promover

significações que atribuam mais saberes aos educandos, além dos oportunizados

pelos livros didáticos. Portanto, as considerações seguintes são constatações de

uma análise reflexiva, que não podem ser vistas como crítica as funções essenciais

do livro didático.

Apesar da teoria e exercícios contemplarem os requisitos necessários a uma

aprendizagem significativa, nota-se no que se refere à valorização do raciocínio

intuitivo que ainda se promove o processo normal, que é adotado pelos educadores

de maneira geral e que se resume em apurar a intuição mas, em seguida, em

priorizar os aspectos formais do processo ensino-aprendizagem.

Quanto ao pensamento relativo aplicado às estimativas, muitas vezes

promove-se uma utilização restrita de uma parte de um conteúdo, ou seja, algo

inerente àquela situação-problema e, não, de maneira ampla.

44

Em relação ao raciocínio estruturado aditivo, nota-se vinculação aos

algoritmos ou estabelecimento de procedimentos-padrão. A operação inversa, por

exemplo, a qual comporta uma idéia de relação promovida pela reflexão do que se

observa, tem tratamento descrito quase como um algoritmo a mais.

A oferta de reflexão e liberdade de escolha para o cálculo mental, ainda tem

pouco desenvolvimento, condicionando-se a especificações de partes dos

conteúdos descritos nas seções.

Quanto ao prisma do pensamento proporcional, na ideia de comparação,

tem-se utilização de esquemas tais como da equivalência, padronizados em

procedimentos. Quanto ao uso de aproximações, o que deveria ter tratamento de

ampliação do conceito de número, se resume a situações muito específicas.

Em relação à coexistência da Aritmética escolar e à Aritmética da rua, apura-

se uma característica muito grande de ilustração do cotidiano, um olhar mais atento,

denota uma tipificação de questões padronizadas no uso de procedimentos e

conceitos, mas, às vezes, sem preconizar como o real se opera. Um exemplo disso

é quando se promove a subtração apenas no sentido de seus conceitos sem se

fazer pensar qual é a forma que cada um encontra para resolver um problema de

subtração, ou seja, sem se relacionar a um procedimento padrão quando o

desenrolar pode se posicionar a partir da utilização de um cálculo mental ou de uma

estrutura aditiva.

Todo o enredo descrito subsidia a estruturação das atividades desta pesquisa

de forma a priorizar uma significação próxima do real. O desafio na construção das

atividades está em propor itens que não figurem como forma ilustrativa de conteúdo

ou conceito atrelado a ele.

45

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUIS A COM

ATIVIDADES

3.1 Introdução à Metodologia

A pesquisa de campo realizada foi qualitativa, de cunho empírico cujo

processo investigativo se pautou no desenvolvimento de experiências matemáticas

com a resolução de problemas, propostas de atividades, de modo a construir um

conhecimento aritmético significativo.

As atividades de investigação, quando aplicadas a um grupo, podem denotar

a Matemática como um processo mais dinâmico. Nesse sentido tem-se que:

Atividades de investigação podem conformar uma concepção de matemática como algo dinâmico, do conhecimento matemático como em construção, através do desenvolvimento de idéias e processos, constituintes do pensar e fazer matemáticos. (FROTA, 2005:02)

Assim, o processo de coleta de informações e de constituição do material de

estudo faz-se coerente com a pesquisa de campo.

Exercida a ação de pesquisa, cumpre-se desenvolver procedimentos de

forma a compilar os relatos, pensamentos e raciocínios depurados ao longo da

atividade de coleta, que traduzam, efetivamente, o conhecimento dos educandos

envolvidos no estudo. Neste aspecto, o processo de sistematização e análise das

informações se identifica com a técnica conhecida como análise de conteúdos, que

se pautará nos anseios descritos em cada atividade promovida durante a pesquisa,

categorizando-as em significações descritas no referencial teórico deste estudo.

Ratificando o procedimento,acredita-se que:

A análise de conteúdo, portanto, exige a utilização de critérios claramente definidos sobre registros fornecidos pelas pessoas interrogadas; tais critérios consideram as palavras utilizadas nas respostas, as idéias ou opiniões expressas e as interpretações e justificativas apresentadas. Para tanto, todos os registros devem ser atentamente lidos, vistos e revistos a fim de efetuar-se um levantamento das principais informações neles contidas. Em seguida, elas devem ser organizadas em categorias. (FIORENTINI; LORENZATO, 2006: 137,138)

46

As experiências matemáticas desenvolvidas terão amplitude maior do que as

verificadas nos instrumentos de consulta citados. O conteúdo das atividades

desenvolvidas foi definido após a verificação de todo material consultado e

direcionado ao conhecimento aritmético. Busca-se nesse processo de ensino-

aprendizagem, um deflagrar de ideias em qualquer campo do ensino de Matemática,

corroborado por:

Ensinar Matemática é deflagrar ideias matemáticas na cabeça do aluno. Isso é conseguido através de desafios postos na forma de situação-problema. Mergulhados nessas situações problemáticas, o aluno, conduzido por perguntas adequadas, é desafiado a resolve-las, utilizando seu próprio referencial e suas próprias tentativas. Esse desafio é o responsável pelo deflagrar de ideias. (GAZIRE, 2000:32)

As atividades contemplaram questões que procuraram construir um

conhecimento aritmético relacionado aos ditames propostos, tais como raciocínios e

pensamentos descritos no referencial teórico.

A base teórica de cada tópico das atividades, contemplou:

- a valorização do raciocínio intuitivo;

- o pensamento relativo aplicado às estimativas, o desenvolvimento de habilidades

para comparar e estimar quantidades;

- o pensamento estruturado aditivo, a aplicação do cálculo mental sem utilização

exclusiva dos algoritmos;

- o pensamento proporcional, a estrutura de comparação entre partes ou entre

todos, ou entre parte e um todo, associado à multiplicação e divisão no aspecto de

comparar e quantificar grandezas.

Em qualquer tópico tem-se o raciocínio numérico, com a proposição de

questões que permitiram a reflexão de situações que apurem quantificação e

ordenação.

Na estrutura das atividades, buscou-se a correlação da Aritmética escolar

com a Aritmética da rua, projetadas no intuito de coexistência face ao conhecimento

e ao processo ensino-aprendizagem.

A validação dos resultados obtidos foi feita através da análise dos

instrumentos aplicados aos educandos.

47

3.2 Atividades

No tocante à análise da elaboração das atividades, ter-se-á a descrição das

atividades e considerações fundamentais ao desenvolvimento correlato da pesquisa.

3.2.1 Atividade 01 – O Sentido dos Números e as Int uições

Composição da atividade

A atividade é composta de duas partes, contemplando-se a noção de número

através de representações de quantificações e outras relações(ordem, cotidiano,

grafia, operações, etc.), corroborando para as idéias de quantificação e ordenação,

dentro do aspecto de valorização do raciocínio intuitivo. Nesta atividade procura-se

promover a produção de afirmações e justificações sem necessidade de

formalizações.

Descrição – 1ª. Parte

Leia o texto abaixo e depois responda o que se pede.

“A imprensa muitas vezes utiliza formas diferentes de escrita na publicação de suas

notícias”. Observe duas notícias divulgadas recentemente:

“... Uma famosa cantora internacional tem um patrimônio de 25 mi de dólares...”

“...Uma bolsa de uma grife de luxo pode custar até 40 mil reais...”

Ao observar as notícias você pode informar:

I – Se o patrimônio da cantora tem valor muito alto?

II – Se um automóvel importado da montadora alemã Audi é vendido por 250.000

reais, você acha que ela poderá comprar muitos desses veículos? Justifique

48

III – Quando a notícia foi editada e publicada o dólar estava cotado em R$2,00, qual

o valor do patrimônio da cantora em reais?

IV – Quantos dólares custa a bolsa pela cotação do item anterior?

V – Você pensou que o valor de cotação do dólar em R$2,00 serviu como uma

unidade de medida?

Você seria capaz de criar uma tabela de conversão das duas moedas, na ordem de

real para dólar?

VI – Num sentido de reta numérica faça a representação conjunta das unidades

monetárias, real e dólar, isto é, numa reta só você tem que marcar as unidades do

real e as do dólar sem dizer qual é qual, mas colocando o real na parte debaixo da

reta e o dólar na parte de cima.

VII – Observando uma “trena”, instrumento utilizado em medições, justifique a

demarcação de dois tipos de numeração no objeto.

VIII – Usando a trena, faça a medida da diagonal da tela do notebook que o

professor José Ricardo levou para a sala de aula e veja as descrições das

características que estão em sua etiqueta que avistamos quando abrimos o

computador.

O que você associa quanto à medida realizada e o conteúdo da etiqueta, que veio

da fábrica que produziu o equipamento?

Procedimentos – 1ª. parte

- apresentar a notícia aos educandos;

- apresentar os itens I e II: verificar se há o entendimento da notícia baseando-se no

conceitual, ordens e classes grafadas num cotidiano de rua, neste caso a mídia.

Estes itens pautam-se no aspecto qualitativo da resolução, uma vez que a resposta

não se precisa em valor, mas em idéias de ordenação e quantidade;

- apresentar os itens III e IV: verificar o entendimento de número relacionado à

representação de quantificações com a utilização de operações, num aspecto

procedimental;

- apresentar os itens V e VI: verificar se a intuição do procedimental pode depurar

uma característica conceitual de ordenação; esta verificação se pauta na noção de

49

unidade por dois significados distintos, relacionados com dois termos verbais:

unidade e unicidade. Pretende-se, aqui, construir o caráter de unicidade. Segundo

Lins e Gimenez(2006) esse processo de fazer um ou unitizar é fundamental na

aquisição do sentido e da estrutura numéricos(raciocínio multiplicativo e

conhecimento das frações) e representa um processo de decomposição. Com essa

reflexão o educando assimila um conhecimento inerente à Aritmética escolar;

- apresentar os itens VII e VIII: verificar se a Matemática escolar pode ser depurada

no cotidiano, pela experiência matemática. Aqui no caso estabelece-se um

tratamento de informação dentro da Aritmética, diferente do usual de quadros,

tabelas e gráficos. Preceitua-se um deslocamento do sentido numérico para o

trabalho com a intuição, ao se promover um outro aspecto de cotidiano, aqui no caso

a utilização da trena. A trena possui a demarcação de unidades de medidas do

sistema métrico decimal (mm, cm e m) e, também, polegadas. Verificar se a medição

da tela com o uso da trena e a comparação com as características da etiqueta do

computador concedem ao educando alguma assimilação a partir do pensamento

intuitivo.

Descrição – 2ª. Parte

O professor Ricardo anotou no quadro os seguintes números: 0,495; 0,6 e 0,08,

depois pediu para que seus alunos colocassem os números em ordem crescente.

I – Qual seria a resposta correta?Relate como você resolveu a questão

Observe os três quadrinhos abaixo, que mostram o troco que cada menino de uma

turma do colégio recebeu depois de pagar um lanche na cantina.

50

II – Represente cada troco na forma decimal e diga qual deles recebeu o menor e o

maior troco. Relate como você resolveu a questão.

Você consegue dizer quem gastou mais dinheiro na lanchonete? Como você justifica

sua resposta?

Observando-se um atleta de salto em trampolim, tem-se:

- 1º. Salto: o trampolim tinha 5 metros de altura em relação ao nível da água na

piscina e ele alcançou 3 metros de profundidade nesta piscina;

- 2º. Salto: o trampolim tinha 4 metros de altura em relação ao nível da água na

piscina e ele percorreu um total de 6 metros, dentro e fora da água.

III – Responda:

a) Faça uma ilustração sobre cada salto

b) Represente a profundidade obtida na água de cada salto com um número inteiro e

diga qual dos saltos teve maior profundidade na piscina.Justifique o motivo de você

ter utilizado o sinal de positivo ou negativo para o número inteiro.

Observando o placar de pontuação do atleta no segundo salto, tinha-se notas

maiores do que as registradas no primeiro salto, isso porque essa pontuação não se

relaciona com a profundidade obtida na piscina ou até mesmo com a altura do

trampolim. O interessante quando se observa a nota é que elas apareceram da

seguinte maneira: 89.8 no primeiro salto e 92.0 no segundo salto.

IV – Responda:

a) Essas notas são altas? Justifique sua resposta.

51

b) O que significam os pontos que aparecem nas notas?

Procedimentos – 2ª. parte

- apresentar os itens I e II: no item I, os números são utilizados sem referentes, num

aspecto da Matemática escolar. No item II, os números são usados com referentes

mas, ao final da questão, não se tem um quantitativo de utilização, de modo que o

educando perceba a condição de variável do valor gasto, dependendo, portanto, de

quanto pagou e, não, em relação ao troco (relação numérica das partes com o todo).

- apresentar os itens III e IV: ressalta-se que, no trabalho em sala de aula, inclusive

com o apoio do livro didático, há a necessidade de se formalizar a característica de

números negativos através de situações de cotidiano, embora, muitas vezes, leva-se

em conta que o educando vai relacionar situações ou, até mesmo, palavras com

números negativos. Nesta etapa, busca-se a justificação, independente do educando

ter que associar a profundidade da piscina à obrigatoriedade de registro de um

número negativo. Geralmente, no cotidiano do processo ensino-aprendizagem faz-

se desse tipo de questão o ponto de transformação do procedimental e conceitual.

Portanto, existe a necessidade de apurar se os educandos compartilham dessa

transformação. Apesar da mudança de núcleo no que se relaciona ao sentido

numérico, nestes itens, procuram-se averiguações sobre questões simples

relacionadas à Matemática escolar e a da rua. Finalmente, há a necessidade do

educando estabelecer uma relação entre parte e todo, quando se propõe o item IV,

independente de descrição desses parâmetros e também que a representação da

vírgula, no cotidiano, é diferente da apresentada no universo escolar.

52

3.2.2 Atividade 02 – Estimar Ações tem Significados

Composição da atividade

A atividade está relacionada ao pensamento relativo às estimativas, buscando

a autonomia deste pensamento pautado no cognitivo,com utilização de conceitos e

de referentes.

Nesta atividade, busca-se uma coerência com o tema no tocante à

coexistência da Aritmética escolar e a da rua.

Descrição

Raiz: sf. 1. Bot. Porção do eixo da planta que cresce para baixo, ger.dentro do solo,

fixando-a e fornecendo-lhe água e nutrientes. 2. Parte inferior;base.3. Anat. A parte

do dente implantada na maxila. 4. Princípio, origem.5.Gram. A parte básica da

estrutura da palavra. 6. Mat. Potência fracionária de um número. [Pl.:raízes]

Fonte: Mini Aurélio Século XXI

Observe as significações dos números 2 e 6 extraídas de um dicionário, sobre a

palavra raiz.

53

I – Responda:

a)A palavra raiz você já ouviu falar em Matemática e por isso pergunto qual a

resposta para 36?

b) Qual o significado que você dá para a resposta?

Não foi explicado o porquê se colocou um significado do dicionário numa atividade

de Matemática.

II – Responda:

a) Você saberia explicar porque se falou de raiz e depois pediu para se calcular

36? Em sua opinião, por que foi destacado o significado número 2 para a palavra

raiz, que diz base, além do referente à Matemática?

b)E no significado número 6 que se refere à Matemática você sabe dizer o motivo de

potência fracionária de um número? Explique o que você entende desse significado,

se quiser exemplifique.

III – Mais um pouco sobre “raiz”...

Um professor propôs aos alunos o cálculo da seguinte raiz quadrada 961, mas que

explicassem como acharam a resposta. Um aluno tentou fazer o cálculo da raiz

quadrada por decomposição em fatores primos e não conseguiu. Seu colega fez o

cálculo por tentativas e chegou à resposta.

Veja o que professor observou no rascunho de cada aluno:

1º. aluno

961 não divide por 2, pois não é par

961 não divide por 3, pois a soma de seus algarismos não é um número divisível por

3

961 não divide por 5, pois não termina em 5 e nem em zero

961 não divide por 7, fez a conta e viu resto

961 não divide por 11, fez a conta e viu resto

961 não divide por 13, fez a conta e viu resto

961 não divide por 17, fez a conta e viu resto E assim o aluno desistiu...

54

2º. aluno

10 . 10 = 100

20 . 20 = 400

30 . 30 = 900

Vou tentar 31 . 31 ... como a unidade do produto dá 1, ele estimou que o resultado

seria certo... armou a conta e viu que 31.31 dava 961 então escreveu que a resposta

seria 31.

Você acha que o 2º. aluno fez a questão corretamente? Você acha que ele fez uma

estimativa do resultado? Justifique a sua resposta.

Uma caixa de pisos vem com a seguinte descrição de medidas para cada unidade

de piso: 31 cm x 31 cm.

IV – O que significa isso, a caixa está informando para gente multiplicar 31 por 31?

Qual o formato desse piso?Justifique suas respostas.

Em cada caixa de piso vem 10 unidades. O chão de um quarto quadrado mede 3,1

m por 3,1 m.

V – Você seria capaz de estimar quantas caixas seriam usadas para cobrir o chão

do quarto com pisos? Justifique sua resolução como você quiser... desenhando,

calculando, pensando, etc.

Num show de um cantor famoso foi estimada uma presença de 35.000

espectadores. Para assistir o show não foi colocado nenhum tipo de cadeira, todos

os presentes estariam de pé.

VI – Explique como se chegou a este número de pessoas para a platéia.

Procedimentos

- apresentar os itens I e II: trata-se de reflexão acerca de informação. Nesta

atividade, o educando tem que manipular a questão, num determinado momento,

independente do problema apresentado, e em outro relacionando-o a informação

55

prestada. Nestes itens procura-se relacionar as estratégias de pensamento relativo e

absoluto, no campo aritmético e num aspecto cognitivo.

- apresentar os itens III a VI: procura-se refletir sobre a aplicação de um algoritmo e

a idéia de estimativa. Com ou sem uso de referentes, a estimativa associada à

característica de tamanho com o uso de representações diferentes para os números

(medidas em centímetros e em metros). Mais importante ainda é o caráter dado ao

cálculo, que pode ser apresentado por justificação, independente da correlação

entre procedimental e conceitual. A ênfase desses itens está na habilidade de

estimar. Destaca-se, ainda, que o expresso no rascunho do aluno descreve uma

linguagem não-formal, pois a utilização da palavra “divide” é usual em sobreposição

à “divisível”.

3.2.3 Atividade 03 – Números e Operações: Pensando e Raciocinando

Composição da atividade

A atividade procura desenvolver o pensamento estruturado aditivo, propondo-

se ao educando pensamentos e raciocínios passíveis de experimentação,

promovendo reflexões e sugerindo um pensamento autônomo.

Descrição

UM DIA NO COMÉRCIO

No bairro de Patrícia tem uma padaria onde sua mãe compra sempre alguma coisa

para o lanche. Essa padaria fica um pouco distante de sua casa, e às vezes, a mãe

de Patrícia compra num barzinho em frente à sua casa, o que precisa para o lanche,

principalmente em dias de chuva. A Patrícia é uma estudante muito dedicada e

observadora. Vamos conhecer algumas situações que a Patrícia vivenciou...

56

Um dia ela foi a padaria com sua mãe e ficou observando como a moça do caixa

dava o troco... a máquina registradora já dizia para a moça qual era o troco a ser

dado numa tela igual de um computador...primeiro a moça registrou os itens que sua

mãe comprou e depois ela registrou o dinheiro que foi dado para pagamento das

despesas. Em seguida, no visor apareceu o valor do troco a ser dado. A mãe de

Patrícia gastou nas compras R$3,40 com pães e R$4,95 com outros produtos,

dando uma nota de 10 reais para pagamento.

I – Agora pense e responda:

a) Qual foi o troco recebido pela mãe de Patrícia?

b) Que operações você acha que foram feitas pela máquina do caixa nestas

compras para apresentar o valor do troco?

c) Se você tivesse que fazer o cálculo mentalmente para dar o troco, como faria da

maneira mais rápida possível?

d) Você acha que a máquina poderia fazer um cálculo igual ao seu? Justifique

Continuando a história...

Outro dia a Patrícia foi ao barzinho com sua mãe e observou que lá a

máquina registradora não informava o valor do troco, sua tela era pequena e preta

com números verdes, mas ela ficou impressionada como a moça do caixa fez a

conta rapidamente para dar o troco à sua mãe. A situação da compra foi a seguinte:

a mãe de Patrícia comprou refrigerantes por R$4,15 e outros produtos que custaram

R$2,95, e depois deu uma nota de 10 reais para pagamento dos gastos.

Curiosa, perguntou a moça como ela tinha feito a conta... A moça explicou:

- peguei R$2,95 e coloquei os R$0,05 dos R$4,15... aí deu R$3,00 que eu somei

com R$4,10 que sobrou, pronto deu R$7,10. Na hora de dar o troco para R$10,00,

peguei R$0,40 centavos em moedas e pensei R$7,50, depois peguei R$0,50 e

pensei R$8,00 e depois peguei uma nota de 2 reais e pensei R$10,00.

Patrícia adorou o jeito de fazer conta da moça... muito diferente do que ela costuma

fazer na escola quando tem um problema desse tipo...

II – Agora é sua vez de responder... você acha que a moça fez a conta

corretamente? Você usaria quais operações para dar o troco à mãe de Patrícia? Por

que você pensou nessas contas?

57

III – Você seria capaz de dar o troco da padaria fazendo de outra maneira a conta?

Explique como faria.

... a Patrícia agora observa tudo... vamos continuar...

Patrícia agora fica observando a moça do caixa do barzinho e outro dia se

deparou com outra situação interessante...

Ela foi comprar 8 pãezinhos que custavam R$0,15 cada um... e levou uma nota de 2

reais. Num instante a moça fez as contas e entregou o troco para Patrícia. Patrícia

olhou para ela e disse :

- sei como você fez as contas...

A moça abriu um sorriso e perguntou para a menina:

- Como?

A menina respondeu como pensou:

- Você fez R$0,10 vezes 8 é igual a R$0,80 centavos, mais R$0,05 vezes 8 que é

igual a R$0,40... depois somou R$0,80 + R$0,40, total R$1,20... e o troco você

pegou R$0,30 e pensou R$1,50, depois pegou R$0,50 e pensou R$2,00.

Patrícia olhou para a moça com triunfo de saber fazer contas mentalmente.

A moça sorriu novamente para Patrícia e disse calmamente:

- Minha querida menina, você pensou corretamente... mas eu não pensei assim.

Patrícia se assustou e perguntou:

- Como você pensou????

A moça explicou:

- Como 1 pão custa R$0,15, pensei 2 pães custam R$0,30, então 4 pães R$0,60 e

finalmente 8 pães R$1,20...

A moça deu um novo sorriso para a menina e completou:

- Eu pensei em somas que fossem o dobro...

A menina logo perguntou:

- E o troco???

A moça respondeu:

- Você me deu R$2,00 e a conta era R$1,20... logo pensei R$2,00 menos R$1,00 é

igual a R$1,00 e daí eu tirei os R$0,20, pronto troco de R$0,80.

Aí foi a vez de Patrícia sorrir e dizer:

- legal, agora já sei que posso pensar de maneiras diferentes em situações

parecidas.

58

Patrícia saiu feliz do barzinho.

Agora é com você, pensa um pouco e responda:

IV – Você entendeu como a moça do caixa fez as contas? Você achou correto fazer

assim? Diga o que você achou da forma que a moça fez as contas.

V – Como você faria essas contas mentalmente?

VI – Responda:

a)Quando você multiplica algum valor por 8, você já pensou em somar dobros como

a moça fez? Se você for além da adição e pensar em multiplicar por 2, depois por 2

novamente, e depois por 2, no final dá certo?

b) Tenta multiplicar o número 35 por 8 sem armar a conta, faz um cálculo mental, e

escreva como foi seu raciocínio.

VII – Do jeito que a moça fez as contas, se pensarmos de forma mais complexa

como uma multiplicação, temos que: multiplicar por 8 é como se multiplicarmos por 2

e depois por 2 e depois por 2... isso lembra alguma outra operação que você

conheceu em Matemática? Se lembrar diga qual e porque você acha que lembra.

Procedimentos

- apresentar os itens I, II e III: procuram-se comparar estruturas procedimentais

utilizadas no cotidiano que se relacionam ao uso da aritmética escolar( algoritmos) e

a Aritmética da rua (raciocínio estruturado), denotando a coexistência das duas em

ambientes semelhantes. O sentido numérico se pauta no núcleo “ dinheiro”, mas

relaciona-se de forma a suscitar as estruturas dos números e das operações.

Oferece-se, em seguida, a reflexão e a teorização baseada na produção dos

educandos.

- apresentar os itens IV a VII: pretende-se mostrar o uso do raciocínio aditivo em

situações de multiplicação. Mostra-se que a estruturação da seqüência de

pensamentos traduz um raciocínio estruturado e que o cálculo mental pode ser

realizado numa situação cotidiana ou escolar. Mas o fundamental neste processo

está na sedimentação desse tipo de cálculo em relação às características de cada

indivíduo.

59

3.2.4 Atividade 04 – Propor Ação

Composição da atividade

A atividade trabalha o pensamento proporcional sem a necessidade inicial do

estabelecimento do uso de frações.

Descrição

Observe a história abaixo e depois pense um pouco para responder às questões

pedidas:

Dona Giselda vai fazer um refresco para seu filho e três amigos que vão

estudar para a prova de Matemática, mas na hora de fazer ela ficou com uma

dúvida, pois achou duas receitas e não sabia qual delas usar. A única coisa que

Dona Giselda sabia era que o refresco ficasse com um gosto bem forte de fruta.

Veja as receitas que ela encontrou:

1ª. receita:

Despejar numa jarra 6 partes de suco concentrado e 8 partes de água. Adoce a

gosto.

2ª. receita:

Despejar numa jarra 8 partes de suco concentrado e 10 partes de água. Adoce a

gosto.

Como Dona Giselda gosta muito de Matemática e também entende muito

bem como lidar com receitas, ela rapidinho eliminou a dúvida... Agora eu não vou lhe

contar qual receita Dona Giselda fez, pois você vai ter que pensar ... e muito mais do

que escolher a receita, você vai responder algumas questões de Matemática e tirar

suas próprias conclusões sobre as receitas e outras situações...

60

I – Você sabe explicar porque a mãe do menino teve dúvida sobre qual receita

fazer?

II – O refresco em cada receita ficará com o mesmo sabor? Se você acha que não,

diga qual refresco ficará com o sabor mais forte. Justifique sua resposta.

III – Se a mãe do menino fizer a 2ª. receita, você acha que cada criança poderá

tomar 4 copos de refresco? Justifique sua resposta

IV – Repare que existe uma mudança na quantidade de partes entre a 1ª receita e a

2ª receita, que representa um aumento de 2 partes de suco e 2 partes de água. Isso

garante o mesmo sabor? Justifique

V – Pensando de forma a relacionar as quantidades do problema descrito em caráter

de comparação entre partes, tem-se: na 1ª receita se usarmos 1 parte de suco, qual

deve ser a utilização aproximada de água? Que operação ou pensamento você usou

para encontrar sua resposta? Explique como resolveu esta situação.

Na 2ª receita qual a quantidade de água a ser utilizada para uma parte de suco?

Após os cálculos você é capaz de indicar qual seria uma solução para a dúvida da

Dona Giselda?

VI – Se pensássemos em frações em cada receita:

a) A fração 6/8 na 1ª. receita tem qual significado para você?

b) E a fração 8/10 na 2ª. receita?

VII – Para resolver o problema da história, ou seja, qual receita fazer e justificar a

resposta, vou mostrar a resolução apresentada por 3 alunos, identificados pelo

nome, e quero que você pense em cada uma delas e depois responda ou justifique o

que se pede:

a)Paulinho

o aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

40

30

5

5

8

6 == Xacoposdeágu

ocoposdesuc

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

40

32

4

4

10

8 == Xacoposdeágu

ocoposdesuc

Depois respondeu que a 2ª. receita tem mais sabor.

61

Você concorda com a forma que esse aluno resolveu a questão? Se você acha que

ele deu a resposta certa ou errada, justifique como você pensou para tirar sua

conclusão.

b) Jorginho

O aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

Nesta receita olhando os copos de água tenho que metade de 8 é igual a 4, então se

eu colocar mais metade de 4, que é 2, fico com 6. Isso é a quantidade de suco

usado na receita.

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

Nesta receita olhando os copos de água tenho que metade de 10 é igual a 5, então

se eu colocar mais metade de 5, que é 2,5, fico com 7,5. Isso é menos que a

quantidade de suco usado na receita.

Concluo então que a 2ª. receita tem mais sabor.

Você entendeu as contas do aluno? Explique o que entendeu

c) Pedrinho

o outro aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

Tenho 6 partes de suco e 14 partes de refresco( 6 de suco e 8 de água) que forma a

fração 6/14 que dividindo o número de cima pelo número de baixo dá

aproximadamente 0,42.

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

Tenho 8 partes de suco e 18 partes de refresco( 8 de suco e 10 de água) que forma

a fração 8/18 que dividindo o número de cima pelo número de baixo dá

aproximadamente 0,44.

Concluo que a 2ª. Receita tem mais sabor.

Você entendeu as contas do aluno? Explique o que entendeu

Procedimentos

- apresentar os itens I a IV: pretende-se explorar o pensamento proporcional sem

referência à fração, pois a liberdade de resolução faculta, ao educando a

62

comparação de acordo com sua estrutura de pensamento. Mas existe a importância

de se atribuir significado a título de referência; neste caso, as medidas, são

chamadas no problema de “partes”. Este ponto de referência desenvolve uma

ampliação da idéia de número ao que se pretende neste objetivo, quanto ao

estabelecimento de sentido numérico. A ausência de relação entre as “partes” e os

“copos” no item III tem dois intuitos: o primeiro, de promover a percepção de que há

necessidade de estabelecimento de uma representação de quantificações no

aspecto total, ou seja, a quantidade de refresco feita, para que se possa pronunciar

sobre a capacidade de se oferecer 4 copos de refresco para cada criança. O

segundo aspecto está no estabelecimento de outra unidade de medida adotada no

decorrer da questão “copo”. A descrição aditiva do final da atividade vem abrir a

discussão acerca do esquema instrumental em uso neste tipo de pensamento, a

ideia multiplicativa e não-aditiva.

- apresentar os itens V a VII: pretende-se nesta etapa, promover um caráter reflexivo

acerca das operações de multiplicação e divisão na aplicação de comparações entre

grandezas e, também, trazer uma visão de comparação entre as partes e entre as

partes e o todo. Algumas comparações são propícias à experimentação pelos alunos

de situações de interpretação de números decimais e a ideia de aproximação como

fornecedora de resultados, mais do que a necessidade de descrever exatamente os

números que se relacionam às comparações citadas. Nota-se a utilização de

referentes para as frações, de maneira a atribuir mais de um significado à ideia de

número fracionário no pensamento aritmético, sem a preocupação de formalizações.

O procedimental tem mais de uma característica para descrever o conceitual de

comparação entre partes ou entre partes e um todo. Um pensar na Aritmética

escolar a partir de situações cotidianas, sem a presunção de formalismos imediatos.

63

CAPÍTULO 4 ANÁLISE DA APLICAÇÃO DAS ATIVIDADES

A aplicação das atividades foi realizada no Colégio de Aplicação da

Universidade Severino Sombra, em Vassouras - RJ, onde a instituição mantém um

“Clube da Matemática” para os educandos. O clube funciona de maneira

permanente, em horário inverso ao de aula normal. O público alvo foi constituído

pelos educandos do terceiro ciclo do Ensino Fundamental, que freqüentam

regularmente o clube. Nota-se que as atividades foram aplicadas fora do contexto de

sala de aula normal, pois os educandos que participaram são considerados pela

professora de matemática, responsável pela turma, como compromissados e

interessados no processo ensino-aprendizagem da disciplina. Destaca-se que a

participação no Clube é feita não pela capacidade de entendimento de “Matemática”,

mas sim pelo interesse em melhorar o conhecimento acerca da disciplina.

Como preceitua o Programa de Mestrado da PUC Minas, o estágio

supervisionado deve ser entendido não como aplicação de conhecimento e de

técnicas, mas como laboratório vivo de experimentações pedagógicas vinculadas ao

trabalho final de curso. Desta forma, contempla-se o cumprimento desse preceito, na

aplicação e desenvolvimento das atividades investigativas desta pesquisa.

As respostas são categorizadas nos seguintes tópicos de análise:

– Valorização do raciocínio intuitivo;

– Pensamento relativo aplicado às estimativas;

– Raciocínio estruturado aditivo;

– Pensamento proporcional.

A organização dessa categorização em seus tópicos foi descrita nos itens das

atividades, devendo-se, assim, observar algumas peculiaridades adotadas. Na

depuração das respostas propõe-se, em vários itens, mais de um sentido de análise,

onde não há a necessidade de que o educando apresente, cumulativamente tais

sentidos, ou seja, a descrição de apenas um deles contribui para a análise do tópico

observado. Alguns itens demandaram aspectos distintos no tocante à contribuição

para a categoria proposta, assim houve a necessidade de segregá-los durante a

análise.

64

4.1 Valorização do Raciocínio Intuitivo

Na análise desta categoria, a ênfase está relacionada aos pensamentos e

raciocínios utilizados. Portanto, foi analisada a intuição coerente nas justificações e

afirmações apresentadas, com sua prioridade em relação à habilidade procedimental

dos cálculos.

Primeira Atividade – 1ª parte

Agrega-se valor a esta categoria para respostas que:

Item I

- atribuem sentido de quantificação ao noticiado pela grafia ou cotidiano;

- significam a quantificação pelo cotidiano de rua, sem relação ao conceitual;

- vinculam a notícia ao conceitual de ordens e classes da atividade escolar.

Item II

- atribuem sentido de quantificação ao automóvel em relação ao patrimônio da

cantora;

- caracterizam o conhecimento intuitivo de diferentes unidades monetárias, no caso,

real e dólar;

- vinculam o preço do automóvel ou o valor do patrimônio ao conceitual.

Item III

- utilizam o procedimental operacional (multiplicação) para obtenção da resposta;

- comprovam o entendimento intuitivo de número relacionado à representação de

quantificações.

Item IV

- utilizam o procedimental operacional (divisão) para obtenção da resposta;

65

- comprovam o entendimento intuitivo de número relacionado à representação de

quantificações.

Item V

- verificam que o procedimental, desenvolvido nos itens anteriores, intui uma

característica de quantitativo relacionada ao sentido numérico;

- criam intuitivamente a idéia de unitizar, relacionando ou não ao conceitual de

unidade de medida;

- produzem a idéia de ordenação pela intuição e sentido numérico.

Item VI

- verificam que o procedimental, desenvolvido nos itens anteriores, intui uma

característica de conceituação de ordem;

- produzem a idéia de ordenação pela intuição e sentido numérico;

- verificam a utilização da matemática escolar, através da reta numérica, para

caracterização da matemática da rua, no caso a cotação de dólar.

Item VII

- promovem, pela intuição, o desenvolvimento de analogias em Matemática;

- verificam que a justificação intui o número como relação entre duas unidades de

medidas distintas.

Item VIII

- promovam nas justificações a idéia de número no aspecto conceitual da aritmética

escolar, ou seja, as respostas relacionadas à intuição de que a trena traz unidades

de medidas trabalhadas na escola;

- promovam nas justificações a idéia de número como unidade de medida, pela

leitura de símbolos utilizados no cotidiano;

- promovam nas justificações a correlação entre número no aspecto conceitual da

aritmética escolar e no aspecto de cotidiano da aritmética da rua.

Descrição analítica das verificações realizadas na depuração desses itens, por

quantitativo de educandos que contribuíram para a categorização.

Número de participantes da atividade: 09 educandos

66

Tabela 1

Item número de educandos

I 08 II 03 III 07 IV 06 V 05 VI 07 VII 09 VIII 09

Complemento à análise dos itens

Alguns educandos demonstraram o estabelecimento de intuições frágeis, pois

se contradiziam em suas respostas, mas de forma interessante, durante a

socialização das respostas apresentadas na atividade, promoveram uma reflexão

sobre os discursos realizados. A partir do momento de socialização de respostas,

notou-se mais propriedade e segurança ao apresentarem as intuições registradas.

Na comparação proposta entre o patrimônio da cantora e o preço de um

automóvel (item II), os educandos tiveram dúvida em estabelecer uma relação entre

as escritas numéricas da atividade.

Muitos educandos estabeleceram a relação entre real e dólar de forma

contrária, idealizando uma tabela de correspondência de dólar para real, mas

registrando o valor do real no lugar do dólar e vice-versa. Quando da socialização

das respostas apresentadas, esses alunos foram capazes de perceber

imediatamente, o erro cometido e promoveram afirmações verbais coerentes com o

cálculo correto.

Durante a parte prática de medição da tela do notebook com uma trena, uma

parte do grupo estabeleceu a compreensão da existência de unidades de medidas

diferentes, mas sem nomeá-las corretamente. É interessante notar que, nesta etapa,

nenhum educando teve dúvida na leitura da representação utilizada na etiqueta do

notebook para a medida da tela, mas vários deles não fizeram relação alguma entre

o descrito na trena e a referida etiqueta. Isso ocorreu mesmo em casos em que a

quantidade numérica foi idêntica: 10 pela trena e 10 na etiqueta, como na figura

67

abaixo. Assim, é interessante notar esta deficiência de abstração como extração,

nesta parte da atividade.

Figura 1

Primeira Atividade – 2ª parte

Agrega-se valor a esta categoria para respostas que:

Item I

- utilizam procedimentos da aritmética escolar para resolver a questão corretamente.

Item II (possui dois aspectos distintos para a categorização)

- resolvem a primeira indagação da questão corretamente, utilizando-se os

referentes;

- demonstram a compreensão de número no significado de comparação na segunda

indagação da questão formulada, através de justificações ou afirmações.

Item III (possui dois aspectos distintos para a categorização)

- apuram a resposta correta por meio de procedimentos da aritmética escolar ou da

rua;

68

- demonstram o entendimento de número no aspecto quantitativo, independente de

sua escrita precedida de sinal negativo, pelas justificações apresentadas.

Item IV

- representam o significado de número no aspecto quantitativo pela Aritmética

escolar ou da rua, pelas justificações apresentadas;

- demonstram o significado de número e sua representação no aspecto quantitativo

por relações de comparação entre partes e todo, através de justificações.

Descrição analítica das verificações realizadas na depuração desses itens, por

quantitativo de educandos que contribuíram para a categorização.

Número de participantes da atividade: 11 educandos

Tabela 2

Item número de educandos

I 03 II 1ºaspecto 09 II 2ºaspecto 09 III 1ºaspecto 07 III 2ºaspecto 03

IV 08

Complemento à análise dos itens

Os educandos utilizaram procedimentos da Matemática escolar (figura 2)

como caminho para ordenação de números decimais (item I), o qual não contemplou

a utilização de referentes. Nota-se deficiência nessa resolução por vários

educandos.

Figura 2

69

Em seguida, com a utilização de referentes os educandos obtiveram êxito na

ordenação de números decimais.

É Importante ressaltar que todos os educandos apresentaram justificações ou

afirmações coerentes com a validação do entendimento significativo de número no

aspecto quantitativo, por meio de relações de comparação entre partes e todo e,

mesmo os que não expressaram tal preceito por escrito, o fizeram verbalmente

quando da socialização das respostas apuradas.

Os procedimentos usados pelos educandos, geralmente foram recursivos ao

visual, para a resolução do item abaixo:

III – Observando-se um atleta de salto em trampolim, tem-se:

- 1º. Salto: o trampolim tinha 5 metros de altura em relação ao nível da água na piscina e ele alcançou 3 metros

de profundidade nesta piscina;

- 2º. Salto: o trampolim tinha 4 metros de altura em relação ao nível da água na piscina e ele percorreu um total

de 6 metros, dentro e fora da água.

Faça uma ilustração sobre cada salto e depois represente a profundidade na água de cada salto com

um número inteiro e diga qual dos saltos teve maior profundidade na piscina.Justifique o motivo de você ter

utilizado o sinal de positivo ou negativo para o número inteiro.

Observam-se que os educandos tiveram dificuldade de apresentar

justificativas escritas para a utilização do sinal de positivo ou negativo no que se

refere à representação do número inteiro (item III – 2º. aspecto) . Durante a

socialização dos resultados foram apresentadas considerações verbais coerentes

com essa representação, nota-se pelas respostas apresentadas que a

transformação do procedimental para conceitual, no aspecto de representação de

número inteiro negativo, a partir da palavra profundidade da piscina, não é consenso

entre os educandos.

A proposição sobre a representação escrita de número com características da

Aritmética da rua e a relação entre parte e todo para a significação de número no

aspecto quantitativo foram demonstradas pelos educandos nas justificações escritas

e verbais do item seguinte. Ressalta-se, que apesar dessa representação

apresentar coerência, os educandos, durante a socialização, demonstraram

desconhecer o significado do ponto nos números utilizados nas notas dos atletas,

como por exemplo, a representação da nota 89,8 se fez por 89.8 no texto da

atividade. Esse fato denota uma dificuldade no processo de abstração como

idealização pelos educandos envolvidos na atividade.

70

4.2 Pensamento Relativo Aplicado às Estimativas

Na análise desta categoria, busca-se, inicialmente, a verificação, por

justificações ou afirmações, da capacidade do educando de reconhecer a idéia de

número, sem se preocupar com a situação-problema apresentada. Esta verificação

inicial observa se a concepção cognitiva é preponderante sobre a utilização do

conceitual matemático e, também, a existência de um pensamento relativo e não

absoluto, no que se refere à semântica da palavra raiz. Em seguida, a tônica

concentra-se no desenvolvimento da habilidade de estimar, também explicitada por

justificações ou afirmações. Finalmente, a utilização de referentes explorando as

estratégias condizentes ao pensamento relativo aplicado às estimativas é o ponto de

análise, prevalecendo sobre a efetividade de cálculo.

Agrega-se valor a esta categoria para respostas que:

Item I (possui dois aspectos distintos para a categorização)

- reconhecem o sinal da radiciação como operação, independente da significação

expressa no dicionário;

- apresentam justificações ou afirmações que trazem a idéia de raiz como base ou

potência fracionária.

Item II (possui dois aspectos distintos para a categorização)

- apresentam justificações ou afirmações que demonstram a utilização de

concepções cognitivas para desenvolvimento da atividade;

- apresentam justificações ou afirmações que ensejam o pensamento de uma raiz

como uma potência fracionária, sobrepondo-se ao conceitual apreendido em sala de

aula.

Item III

- demonstram a habilidade de estimar como condutora da resolução do problema,

pelas justificações ou afirmações apresentadas;

71

- denotam que a solução da raiz quadrada apresentada possa ser depurada pelo

procedimental pautado na habilidade de estimar ou pelo conceitual da Aritmética

escolar, aqui preconizado pelo algoritmo da decomposição em fatores primos.

Item IV

- denotam o entendimento de pensamento relativo até na escrita utilizada no

cotidiano, pelas justificações apresentadas.

Item V

- mostram a utilização de estratégias diferentes do conceitual relacionado aos

algoritmos, utilizados comumente no ambiente escolar;

- denotam correspondência entre a Aritmética escolar e a Aritmética da rua para a

resolução do item.

Item VI

- denotam procedimentos coerentes ao ideal para se estimar a presença de

espectadores citada no enunciado do item, pelas justificações apresentadas.

Descrição analítica das verificações realizadas na depuração desses itens, por

quantitativo de educandos que contribuíram para a categorização.

Número de participantes da atividade: 11 educandos

Tabela 3

Item número de educandos

I 1ºaspecto 10 I 2ºaspecto Nenhum II 1ºaspecto 01 II 2ºaspecto Nenhum

III 08 IV 10 V 05 VI 01

72

Complemento à análise dos itens

Os educandos tiveram muita dificuldade em justificações ou afirmações

escritas (item I – 2º aspecto), apesar da resolução correta da operação, para o

conceito matemático de raiz quadrada, o que verbalmente, durante a socialização de

respostas, ocorreu mais naturalmente.

As justificações apresentadas demonstram que os educandos manipularam a

significação de raiz apenas dentro da situação apresentada, pelo conceitual de

cálculo de raiz quadrada do contexto escolar, sem relação à significação de “base”

descrita no dicionário. Nota-se que os educandos embasaram-se no conceitual da

Aritmética escolar, direcionando toda e qualquer justificação ou afirmação ao

conceito de raiz quadrada, e raras exceções acrescentaram a idéia de operação

inversa da potenciação ao cálculo solicitado. Apenas um educando fez menção à

idéia de raiz em contextos distintos (item II - 1º aspecto). Não houve percepção

sobre a significação de número 6 do dicionário, que descreve uma “potência

fracionária” (item II – 2º aspecto).

Conclui-se que o pensamento relativo, situado apenas no contexto escolar,

sobressaiu nos dois primeiros itens da atividade, na qual buscava-se, também, a

utilização de estratégias que o educando pudesse estabelecer em qualquer

contexto, o que foi inviabilizado pois, em todas as justificações ou afirmações o foco

tomado era pautado no contexto escolar.

Nas justificações sobre a idéia de estimar, nota-se que a estimativa pode ser

um procedimento adotado no cálculo de raízes. Algumas contradições sobre a

habilidade de estimar foram depuradas quando da justificação escrita, o que não se

deu quando da socialização das respostas. O algoritmo de decomposição em fatores

primos utilizado como padrão de resolução, nesta fase da escolaridade, não foi

descartado, mas os educandos, diante do exemplo apresentado, mostraram

preferência pela idéia de estimar.

Na escrita de dimensões de um piso, onde temos “31cm x 31cm”, os alunos

compreenderam que o sinal de multiplicação não indicava o uso de algoritmo,

apenas um educando associou o algoritmo da multiplicação ao enunciado, num

aspecto de pensamento absoluto. Quanto à descrição sobre o formato do piso que

possuía as dimensões acima, ressalta-se que vários educandos não fizeram a

73

correlação entre a Geometria e a Aritmética por falta de embasamento na

construção de figuras planas, ou seja, não conseguiam diferenciar um retângulo de

um quadrado.

Na resolução do item sobre estimativa :

V – Em cada caixa de piso vem 10 unidades. Você seria capaz de estimar quantas caixas seriam usadas para

cobrir com pisos o chão de um quarto quadrado que mede 3,1 m por 3,1 m? Justifique sua resolução como você

quiser... desenhando, calculando, pensando, etc.

Nenhum educando fez menção ao uso da operação de multiplicação “31 x

31” , utilizada sem referentes no início da atividade, quando da resolução do item, e

todos que utilizaram os algoritmos usualmente trabalhados pela Aritmética escolar

para cálculo e comparação de áreas, fizeram novos cálculos.

Nota-se que cinco educandos utilizaram a habilidade de estimar para

resolução do item, sendo que, dentre eles, apenas um obteve a resposta correta,

mas com uma estimativa equivocada, chegando a resposta correta, mas sem

coerência no procedimento utilizado. O uso dos algoritmos utilizados na resolução

de problemas deste tipo, também não privilegiou a obtenção da resposta correta,

pois neste tipo de resolução nenhum educando demonstrou conhecimento sobre o

trabalho com medidas de comprimento ou de superfície.

A utilização do procedimental ou do conceitual descritos nos itens anteriores

seria a base para o estabelecimento de formas de estimar quando da proposição do

item VI. Em relação às respostas apresentadas, os educandos não se reportaram a

habilidade de estimar, exceto por um educando que apresentou a seguinte

justificativa:

Figura 3

74

4.3 Raciocínio Estruturado Aditivo

Na análise desta categoria, procura-se num primeiro momento, através do

sentido numérico, justificar a coexistência da Aritmética escolar e a Aritmética da

rua. Nessa justificativa, utiliza-se uma seqüência de pensamentos focados no

sentido estrutural operativo de número, diferente do usual em sala de aula. A

reflexão pelos educandos dos processos estruturais operativos que podem ser

utilizados torna-se imprescindível nesta atividade.

Agrega-se valor a esta categoria para respostas que:

Item I – a

- apresentam coerência para obtenção da resposta correta, independente de erro na

formalização.

Item I – b

- apresentam coerência para resolução do problema proposto na alínea anterior.

Item I – c

- definem o cálculo em estruturas semelhantes ao algoritmo utilizado em sala de

aula;

- definem o cálculo em seqüências de pensamentos que promovem a habilidade de

cálculo mental de cada educando.

Item I – d

- comparam o procedimento conceitual escolar ou de cotidiano utilizados nas alíneas

anteriores com o intuito de obter uma reflexão sobre a estrutura de cálculo proposta

pelo educando.

Item II (possui dois aspectos distintos para a categorização)

- ratificam a estrutura operativa do enunciado;

- apresentam coerência para resolução do problema proposto.

75

Item III

- formulam cálculos diferentes dos propostos no cotidiano escolar ou citados nos

enunciados desta atividade.

Item IV

- demonstram pelas justificações ou afirmações o entendimento da aplicação do

raciocínio aditivo numa situação de multiplicação, tendo como referência o aspecto

de cotidiano.

Item V

- apresentam desenvolvimento coerente à determinação da resposta correta e

traduzem a técnica de cálculo mental;

- apresentam a utilização de procedimentos inerentes à aritmética escolar ou a da

rua, e são eficazes na resolução proposta.

Item VI – a

- demonstram o entendimento do raciocínio aditivo em situações de multiplicação,

mesmo que não tenham pensado anteriormente neste processo.

Item VI – b

- demonstram em suas descrições o entendimento da aplicação do raciocínio aditivo

numa situação de multiplicação, tendo como referência o aspecto da aritmética

escolar ou aritmética da rua (sem uso de referentes);

- apresentam em suas descrições idéias de cálculo mental que evidenciam a

resolução correta, independente do raciocínio aditivo.

Item VII

- apresentam descrições que apuram o conceito de potenciação;

- apresentam descrições que apuram esquemas de resolução pautados em

seqüências, num aspecto de ordenação.

Descrição analítica das verificações realizadas na depuração desses itens, por

quantitativo de educandos que contribuíram para a categorização.

Número de participantes da atividade: 08 educandos

76

Tabela 4

Item número de educandos

I – a 08 I – b 08 I – c 08 I – d 08

II 1ºaspecto 07 II 2ºaspecto 08

III 02 IV 06 V 07

VI – a 08 VI – b 07

VII 03

Complemento à análise dos itens

Nota-se que todos os educandos relacionaram à solução do problema, no

caso o troco a ser recebido, com as operações de adição e subtração.

Quando da primeira proposição de cálculo mental da atividade, observa-se:

- quatro educandos se mantiveram nas estruturas de operações do cotidiano

escolar;

- dois educandos apresentaram a estrutura de operar partes inteiras e depois as

partes decimais;

- um educando apresentou a estrutura de trabalhar com partes decimais iguais e

depois acrescentar o valor retirado inicialmente de uma das partes decimais.

- um educando apresentou a estrutura aditiva para apuração do valor das despesas,

seguindo-se outra estrutura aditiva de partes para compor o inteiro.

Nas justificações apresentadas para o cálculo mental descrito na seqüência

da história, quando o troco é apurado através de adições de moedas e notas aos

gastos até chegar ao dinheiro dado para pagamento, nota-se que seis educandos

mantiveram o procedimento padrão da Aritmética escolar como necessário à

resolução de problemas que envolvem troco, realização da adição dos gastos e a

subtração do valor encontrado em relação ao dinheiro utilizado para pagamento.

Um educando posicionou-se favorável à estrutura de resolução do enunciado,

em virtude de ser sua praxe cotidiana, pois o mesmo auxilia os responsáveis em um

77

estabelecimento comercial da família. Outro educando manteve a sua posição de

resolver o problema através do enunciado por ser mais fácil se apurar a soma de

partes inteiras e depois a das partes decimais, para finalmente unir os valores

depurados.

Durante a socialização, notou-se que vários educandos não compreenderam

a estrutura descrita no enunciado, mas responderam que estava correto o

procedimento de resolução. Alguns deles não se preocuparam com valores mas,

sim, com procedimento, tanto que, numa reflexão, alguns acharam até que o troco

estava errado, mas o processo utilizado estava correto.

Na proposição sobre outras formas de cálculo para resolução do problema da

narrativa (item III), apenas dois educandos apresentaram uma formulação diferente

das utilizadas até o momento. É interessante notar que um deles teve a capacidade

de posicionar os valores monetários em termos de frações numéricas (figura 6), e

assim, realizar as contas, num aspecto de matemática escolar, independente da

unidade monetária ou padrão centesimal, procedimentos normalmente utilizados

neste tipo de questão. Este fato foi descrito pela explicação escrita e verbal do

educando.

Figura 4

Muitos educandos demonstraram, inicialmente, surpresa pelas idéias

apresentadas na última parte da história acerca do cálculo mental descrito, tecendo-

se comentários que definem interesse em utilizar tal técnica em situações

semelhantes à da narração. Este tipo de comportamento foi motivador, o que fez

este pesquisador aplicar um item extra, que não está presente neste trabalho por se

assemelhar aos propostos nas atividades, só para que eles pudessem socializar

com colegas outros tipos de procedimentos para o cálculo mental.

78

Na aplicação do pensamento aditivo em situações de multiplicação, apenas

dois educandos relataram que já fizeram uso do procedimento apresentado, antes

da realização desta atividade, mas todos ratificaram a estrutura de pensamento

como correta.

Na proposição de uma questão semelhante à anterior, mas com o uso da

forma de cálculo mental a critério do educando, houve a predominância de raciocínio

pautado na aplicação de propriedade distributiva, comum em cálculos mentais,

demonstrando entendimento de classes na ordenação de números. É interessante

relatar que um educando não relacionou o enunciado à obrigatoriedade de utilização

de cálculo mental, propondo um raciocínio diferente dos algoritmos usuais em sala

de aula, por agrupamento, mas apenas aplicável na forma escrita.

Finalmente, nota-se, quando da depuração de respostas apresentadas, que

não é prerrogativa de se transformar o procedimental de multiplicação com fatores

iguais em conceitual de potenciação (item VII).

4.4 Pensamento Proporcional

Na análise desta categoria leva-se em consideração a idéia de comparação

envolvendo partes e todo, focando-se em operações de multiplicação e divisão. A

ação de aproximar encaixa-se perfeitamente neste tipo pensamento, por caracterizar

uma ideia de comparação. A comparação exercida nesta atividade se desenvolve

sem referência à ideia de fração apenas, facultando ao educando aplicar sua

estrutura de pensamento. A dualidade de tratamento descrito nos itens, como

“partes” ou “copos”, traz uma ampliação da ideia de número, concernente ao sentido

numérico. Na parte final da atividade, propôs-se uma reflexão sobre operações de

multiplicação e divisão nas comparações entre grandezas, e as justificações não se

revestem de formalismos. A diversidade de procedimentos propôs a reflexão sobre

as descrições plausíveis do conceitual.

79

Agrega-se valor a esta categoria para respostas que:

Item I

- apresentam justificações que descrevem a compreensão de que as receitas

propostas não são equivalentes.

Item II

- apresentam justificações que descrevem a comparação das partes entre si ou das

partes e o todo para ratificar a desigualdade entre as receitas citadas.

Item III

- apresentam justificações coerentes sobre a ausência de referência do todo;

- apresentam justificações que reconhecem a utilização de uma unidade de medida

no item diferente da utilizada no enunciado do problema.

Item IV

- apresentam justificações que denotam reflexão sobre aplicabilidade da ideia

multiplicativa e não aditiva no pensamento proporcional.

Item V (possui dois aspectos distintos para a categorização)

1º. aspecto:

- apresentam a técnica de aproximação para solucionar o item;

2º. aspecto

- apresentam a operação de divisão ou outra estrutura cabível de pensamento, como

capaz de solucionar o item;

- apresentam justificações que solucionam de maneira coerente a dúvida da

personagem descrita no enunciado da questão.

Item VI

- demonstram a vinculação de frações no aspecto de comparação entre grandezas.

Item VII – a

- apresentam justificações que denotam o uso de referentes como condutor da

solução correta;

80

- apresentam justificações que descrevem as frações equivalentes, através da

operação de multiplicação, como condutoras da solução correta.

Item VII – b

- apresentam justificações que descrevem a comparação entre as partes, através da

operação de divisão, como condutora da solução correta.

Item VIII – c

- apresentam justificações que descrevem a comparação entre partes e todo, com o

uso de qualquer pensamento proporcional, como condutora da solução correta.

Descrição analítica das verificações realizadas na depuração desses itens, por

quantitativo de educandos que contribuíram para a categorização.

Número de participantes da atividade: 10 educandos

Tabela 5

Item número de educandos I Nenhum II Nenhum III 02 IV Nenhum

V ( 2 aspectos) Nenhum VI 04

VII – a 03 VII – b Nenhum VII – c 05

Complemento à análise dos itens:

Vários educandos relataram que a segunda receita seria a de sabor mais

forte, pela quantidade de ingredientes utilizados, fazendo menção à quantidade de

refresco obtida, ou seja, pensaram no rendimento de mais partes (figura 7), sem a

preocupação do sabor, quando da apresentação de respostas (itens I e II).

81

Figura 5

No tocante à mudança de expressão de “partes” para “copos” ( item III),

alguns educandos citaram a divergência entre as unidades de medidas

apresentadas no enunciado e no item, mas não conseguiram estabelecer uma

justificação satisfatória de entendimento quanto a uma possível solução para o

requerido.

Uma reflexão sobre a ideia de adição em situações de proporcionalidade, foi

utilizada no item abaixo:

IV – Repare que existe uma mudança na quantidade de partes entre a 1ª receita e a 2ª receita, que representa

um aumento de 2 partes de suco e 2 partes de água. Isso garante o mesmo sabor? Justifique

Por deficiência em aplicações coerentes com a ideia de proporcionalidade, o

item não obteve sucesso em reflexão, nem mesmo através de justificações. Dois

educandos responderam que as receitas não teriam o mesmo sabor mas, durante a

socialização das respostas, apresentaram que a justificativa para a resposta dada

era baseada no quantitativo de partes da segunda receita, sem a preocupação com

o sabor.

Também nenhum educando conseguiu obter a solução para a questão

apresentada sobre a idéia de unidade para suco ou água (item V), possivelmente

passível de resolução pela aplicação da divisão, o que inviabilizou a verificação

sobre o uso de aproximações na apresentação das respostas.

Alguns educandos não descreveram nenhuma relação entre as frações

apresentadas e a comparação entre as grandezas proposta no problema ( item VI),

o que faz refletir que a utilização de referentes não é prerrogativa para o

entendimento de razão como a escrita de uma fração.

Quando da apresentação de soluções para o problema proposto, na figura de

alunos fictícios (item VII), tem-se três ideias distintas e a consideração sobre o que

os educandos formularam :

82

1ª. – uso da ideia de frações equivalentes na comparação entre as partes, três

educandos fizeram a reflexão sobre a questão apresentada e, durante a socialização

de respostas, demonstraram decepção por não terem pensado sobre o sabor do

suco corretamente.

2ª. – uso da idéia de divisão na comparação entre as partes, nenhum educando

conseguiu entender a resolução.

3ª. – uso de qualquer idéia na comparação entre partes e todo, cinco educandos

apresentaram respostas correlatas à verificação proposta, mas numa análise mais

apurada das justificações apresentadas, nota-se certa fragilidade no tocante às

afirmações apresentadas. Nota-se, ainda, que os educandos não realizaram

nenhuma verificação para ver se a aproximação utilizada no enunciado do item

estava correta.

Diante do rendimento depurado na aplicação desta atividade, fez-se

necessária a reformulação dos itens, constante do apêndice B, com utilização da

ideia multiplicativa, com uso do dobro, no estabelecimento de comparações entre as

receitas. Com essa reformulação, procuram-se aproximações ao significado de

pensamento proporcional, de maneira gradativa, para melhor atingir o objetivo

proposto.

83

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Significados Finais

Neste capítulo, retoma-se a questão central desta pesquisa: o ensino de

Aritmética pautado em significados é possível de ser realizado? Indagação passível

de resposta após uma reflexão sobre o referencial teórico, o desenvolvimento

metodológico e os resultados auferidos.

A revisão bibliográfica proporcionou uma visão sobre as produções

acadêmicas e outras atividades relacionadas ao tema da pesquisa. Esse foi o ponto

inicial para verificar-se a exigüidade de trabalhos no campo de significados para o

ensino de Aritmética, bem como a análise de livros didáticos para busca de

referencial na atualidade do ensino escolar.

Para Lins e Gimenez (2006) o problema da Educação Matemática, hoje, não

pode ser apenas de descobrir maneiras melhores de ensinar a Matemática escolar,

de forma análoga à Aritmética escolar, nem tão pouco verificar o que pode ser

substituído por outra coisa, pois não se trata de novos conteúdos. O que se precisa

é de uma perspectiva diferente: reconceitualizar o papel da escola.

Assim, o caminho trilhado na pesquisa focou a metodologia do processo

ensino/aprendizagem ao trazer, para o ambiente escolar, as formas de significado

do ambiente da rua.

A metodologia se guia por questões práticas dos agentes envolvidos na

construção do conhecimento.

Pavanello (2004) considera que não basta permitir que o educando expresse

suas maneiras de raciocinar mas, sim que as explicações, justificativas e ações

sobre raciocínios utilizados sejam objetos de reflexão e análise para o próprio

educando e por parte do educador. O educador poderá compreender como o

educando pensa e este ter a compreensão de sua forma de pensar e da dos colegas

ao seu redor, assim gerenciando seu raciocínio.

Desta forma, o educador, como instigador do trabalho do educando, promove

o desenvolvimento do sentido numérico e a coexistência da Aritmética escolar e da

84

rua. Surge, portanto, a necessidade de se promover a construção desse

conhecimento aritmético observando:

- a valorização do raciocínio intuitivo;

- o pensamento relativo aplicado às estimativas;

- o raciocínio estruturado aditivo;

- o pensamento proporcional.

Destaca-se que a todo momento, processa-se o conhecimento, desde o início

de uma atividade até os instantes posteriores à socialização de respostas. Assim,

realiza-se uma reflexão de maneira sintética sobre a análise apresentada no corpo

deste estudo.

A valorização do raciocínio intuitivo se processa de maneira natural quando o

educando se coloca a vontade, para descrever o que seu raciocínio intui,

aprendendo com os erros porventura existentes, sem a obrigatoriedade de

formalizações imediatas sobre conceitos que se constroem. O uso de justificações e

afirmações corrobora com o processo de valorização do raciocínio intuitivo, por

desvincular-se de formalismos matemáticos e relacionar-se ao que se estrutura no

raciocínio. Desse ponto, que pode parecer o confinamento da construção do

conhecimento, emerge outra situação: a de adequação do que se formula pelos

envolvidos numa atividade, no raciocínio de cada educando, isto é, mesmo que a

intuição inicial não descreva o conhecimento necessário, valorizar o raciocínio e pela

socialização de resultados, promover novas conexões do educando ao conceito

trabalhado, denotam a construção do saber.

O pensamento relativo aplicado às estimativas apresenta-se com dois

sentidos de amplitude: o pensar fora do contexto e a habilidade de estimar. No

primeiro sentido houve relutância em seu desenvolvimento, em virtude do educando

estar consubstanciado ao contexto escolar. Quanto ao segundo sentido tem-se que

quando não é inerente ao pensamento do educando torna-se passível de

exploração, a habilidade de estimar, caso seja apresentada a ele. Nota-se que a

formulação proposta na atividade ao englobar este pensamento, teve um grau de

dificuldade considerável para os educandos, até na escolha de habilidades ou de

conhecimentos da Matemática escolar, a serem utilizados na resolução dos itens, e

também que o uso de referentes não facilitou a resolução do problema apresentado.

Assim mesmo, a oportunização desse tipo de pensamento pode ser feita no ensino

85

de Aritmética, por tratar-se de uma nova perspectiva para o trabalho em sala de

aula.

O raciocínio estruturado aditivo descreve a necessidade de estabelecimento

de estratégias, independente de formalizações matemáticas. O uso de um núcleo,

no que preceitua o sentido numérico, ao promover a coexistência da aritmética

escolar e da rua, faz-se como propulsor de uma variedade de pensamentos e

raciocínios por parte do educando. A “liberdade” de raciocínio usada pelo educando,

faz com que se produza uma habilidade de cálculo mental em consonância com a

estrutura de cada um. Portanto, o cuidado ao não estabelecer aspectos formais

imediatos ao raciocínio estruturado pelo educando, faz com que, através de sua

reflexão se verifique o estabelecimento de conceitos inerentes à Aritmética. Desta

forma se promove uma ampliação da idéia de número e operações quando

trabalhada no aspecto citado, complementando, assim, a Aritmética escolar já

assimilada até o momento.

O pensamento proporcional necessário à construção de comparações entre

partes entre si e partes e um todo, pode ser considerado uma base na estrutura de

outros pensamentos da Aritmética, bem como a Álgebra e Geometria. Uma análise

menos aprofundada sobre a atividade aplicada aos educandos pode denotar a

inexequidade desse pensamento quando se observam seus resultados. Para o

entendimento correto pontua-se que a atividade porta-se como o canal de

estruturação desse pensamento e, também, a experimentação como necessária à

compreensão de um conceito ou de sua ampliação, no caso, ampliar a ideia de

número. A produção de significados para os educandos no desenvolvimento desse

pensamento veio na socialização de respostas das atividades realizadas e com a

intervenção necessária do educador, voltada a uma argüição saudável e condizente

ao momento. O prejuízo dado à habilidade de aproximação na aplicação da

atividade inerente a este pensamento, deve ser entendido como estimulante para o

educador afim de que se proceda, no ambiente escolar, a formulações que

promovam aproximações ao pensamento proporcional e que em dado momento

“aproxime-as” não de forma conceitual mas, sim, experimental, no intuito de obter a

produção de significados.

86

Conclusão

Este estudo comprova a possibilidade do ensino de Aritmética no terceiro

ciclo do Ensino Fundamental de forma significativa, já que o sentido numérico e a

coexistência da Aritmética escolar e da rua respaldam, com coerência, essa

significação.

Para sua efetividade, sugere-se realizar atividades investigativas pautadas em

resolução de problemas que exploram o pensamento aritmético, contemplando

raciocínios relacionados à quantificação e ordenação, estimativas e aproximações,

cálculo mental e proporcionalidade.

O Produto

A dissertação, na qual é apresentada a produção teórica, base do trabalho

com atividades, apresenta-se como o primeiro produto final do Mestrado em Ensino.

O segundo produto, ainda a ser efetivado, após a apresentação da

dissertação, um pequeno livro paradidático, será direcionado ao exercício

profissional. A produção desse pequeno livro paradidático, composto pelas

atividades desenvolvidas no decorrer da pesquisa, tem o intuito de ser utilizado de

forma regular por profissionais que atuam no terceiro ciclo do Ensino Fundamental.

Um significado para o Pesquisador e a Continuidade

Finalmente, este estudo promoveu a reflexão necessária ao exercício da

docência deste educador, aqui um pesquisador, autor desta dissertação, que se vê

munido de ideais para a construção de um ensino-aprendizagem com significados e

ciente de que a amplitude de pesquisa no campo científico/profissional da Educação

Matemática ainda tem muito a ser trilhado. Nesse sentido, tem-se:

87

Como pesquisador, seu objetivo é sistematizar, analisar e compreender como acontece esse processo educativo dos alunos ou quais os limites e as potencialidades didático-pedagógicas dessa prática inovadora. Ou seja, a pesquisa visa extrair lições, aprendizagens ou conhecimentos das experiências docentes. Nesse sentido, uma experiência educativa pode resultar em um fracasso pedagógico, mas, do ponto de vista investigativo, a mesma experiência pode significar uma rica fonte de aprendizagem ou de produção de conhecimentos sobre a prática docente. (FIORENTINI; LORENZATO, 2006:76)

88

REFERÊNCIAS

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89

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LINS, Rômulo C.,GIMENEZ Joaquim. Perspectivas em Aritmética e Álgebra para o Século XXI 7a. ed. São Paulo:Papirus,2006

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PAVANELLO, Regina. M.(org) Matemática nas séries iniciais do ensino fundamental: a pesquisa e a sala de aula V2 São Paulo: SBEM,2004

PIRES,Célia.M.C.Currículos de matemática: da organização linear à i déia de rede .FTD:São Paulo,2000

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ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como ensinar . Porto Alegre: Artmed, 2007.

90

APÊNDICE A

Síntese da Revisão Bibliográfica

Título Autores Instituição

/ Evento

Tipo

Conjunto dos Números

Irracionais: A trajetória de um

conteúdo não incorporado às

práticas escolares

Keiji Nakamura PUC SP dissertação

Os alunos de 5ª. série/6º. Ano

frente a atividades sobre

observação e generalização

de padrões

Lucimeire Omoti

de Aquino

PUC SP Dissertação

Números Inteiros nos Ensinos

Fundamental e Médio

Aguinaldo José

Rama

PUC SP Dissertação

Um Estudo sobre o Cálculo

Operatório no Campo

Multiplicativo com alunos de

5ª. série do Ensino

Fundamental

Aparecida de

Lourdes

Bonanno

PUC SP Dissertação

Resolução de Problemas em

aulas de Matemática para

alunos de 1ª. a 4ª. séries do

Ensino Fundamental e a

Atuação dos Professores

Ivan Cruz

Rodrigues

PUC SP Dissertação

Investigações sobre Números

Naturais e Processos de

Ensino e Aprendizagem desse

tema no início da

Escolaridade

Icléa Maria

Bonaldo

PUC SP Dissertação

91

Parâmetros Curriculares

Nacionais de Matemática para

o Ensino Fundamental: das

Prescrições ao Currículo

praticado pelos Professores

Mutsu-Ko

Kobashigawa

PUC SP Dissertação

Um Estudo com os Números

Inteiros nas Séries Iniciais:

Re-aplicação da Pesquisa de

Passoni

Humberto

Todesco

PUC SP Dissertação

O Professor, o Ensino de

Fração e o Livro Didático: Um

Estudo Investigativo

Aléxis Martins

Teixeira

PUC SP Dissertação

Investigação em Sala de Aula:

Uma Proposta de Atividade

em Salas de Aula no Ensino

Fundamental

Mari Emilia dos

Santos Calhau

PUC SP Dissertação

Análise de Situações de

Aprendizagem Envolvendo

Números Racionais: Uma

abordagem para o ensino de

argumentações e provas na

Matemática Escolar

Marcelo

Eduardo Pereira

PUC SP Dissertação

Construção do Termo Geral

da Progressão Aritmética pela

Observação e Generalização

de Padrões

Sebastião

Archilia

PUC SP Dissertação

Produzindo Significados aos

Números Reais Em um

Contexto Exploratório-

Investigativo

Thais de Oliveira

e Dario

Fiorentini

IX ENEM Comunica-

ção

Científica

Um Estudo sobre a Produção

de Significados para Números

Relativos

Viviane C A de

Oliveira e Ana

Clara S Araújo

IX ENEM Comunica-

ção

Científica

92

Números e Operações: Uma

reflexão sobre os Significados

das Operações e dos

Algoritmos no Ensino

Fundamental

Gracivane

Pessoa, Cristina

A Rocha, José A

A Pereira e José

M Silva Filho

IX ENEM Minicurso

Diferentes Tipos de

Problemas no

Desenvolvimento de

Diferentes Habilidades de

Pensamento

Norma Suely G

Allevato

IX ENEM Minicurso

Tratamento da Informação na

Educação Básica: Aritmética

Modular e os Códigos de

Identificação do Cotidiano

Ilydio Pereira de

IX ENEM Minicurso

Buscando Significados para a

Teoria dos Números como

Saber a Ensinar na

Licenciatura em Matemática

Marilene Ribeiro

Resende

IX ENEM Minicurso

Pensamento Reverso no

Ensino de Matemática

Antonio Carlos

Brolezzi

IX ENEM Minicurso

Psicologia e Educação

Matemática na Escola

Primária: do Contar para a

Aritmética

David A da

Costa e Wagner

Valente

IX ENEM Pôster

Apropriação das

Significações do Conceito de

Divisão de Números

Racionais

Marlene P

Amorim e

Ademir Damazio

ANPED Grupo de

Trabalho

Contando Histórias nas Aulas

de Matemática:

Produção/Mobilização de

Conceitos na Perspectiva da

Resolução de Problemas

Débora O

Andrade e

Regina Célia

Grando

ANPED Grupo de

Trabalho

93

Discursos sobre a Matemática

Escolar: Um Estudo a partir

da Revista Nova Escola

Cláudio José de

Oliveira

ANPED Grupo de

Trabalho

Análise Exploratória de

Dados: Um Estudo

Diagnóstico sobre

Concepções de Professores

Cileda Q Silva e

Maria Inez

Miguel

ANPED Grupo de

Trabalho

Números Racionais:

Conhecimentos da Formação

Inicial e Prática Docente na

Escola Básica

Plínio C Moreira

e Maria Manuela

M S David

UNESP bolema

94

APÊNDICE B

Caderno de Atividades Reformulado

Atividade 01 – O Sentido dos Números e as Intuiçõe s

1ª. Parte

Leia o texto abaixo e depois responda o que se pede.

“A imprensa muitas vezes utiliza formas diferentes de escrita na publicação de suas

notícias”. Observe duas notícias divulgadas recentemente:

“... Uma famosa cantora internacional tem um patrimônio de 25 mi de dólares...”

“...Uma bolsa de uma grife de luxo pode custar até 40 mil reais...”

Ao observar as notícias você pode informar:

I – Se o patrimônio da cantora tem valor muito alto?

II – Se um automóvel importado da montadora alemã Audi é vendido por 250.000

reais, você acha que ela poderá comprar muitos desses veículos? Justifique

III – Quando a notícia foi editada e publicada o dólar estava cotado em R$2,00, qual

o valor do patrimônio da cantora em reais?

IV – Quantos dólares custa a bolsa pela cotação do item anterior?

V – Você pensou que o valor de cotação do dólar em R$2,00 serviu como uma

unidade de medida?

Você seria capaz de criar uma tabela de conversão das duas moedas, na ordem de

real para dólar?

VI – Num sentido de reta numérica faça a representação conjunta das unidades

monetárias, real e dólar, isto é, numa reta só você tem que marcar as unidades do

real e as do dólar sem dizer qual é qual, mas colocando o real na parte debaixo da

reta e o dólar na parte de cima.

VII – Observando uma “trena”, instrumento utilizado em medições, justifique a

demarcação de dois tipos de numeração no objeto.

VIII – Usando a trena, faça a medida da diagonal da tela do notebook que o

professor José Ricardo levou para a sala de aula e veja as descrições das

95

características que estão em sua etiqueta que avistamos quando abrimos o

computador.

O que você associa quanto à medida realizada e o conteúdo da etiqueta, que veio

da fábrica que produziu o equipamento?

2ª. Parte

O professor Ricardo anotou no quadro os seguintes números: 0,495; 0,6 e 0,08,

depois pediu para que seus alunos colocassem os números em ordem crescente.

I – Qual seria a resposta correta?Relate como você resolveu a questão

Observe os três quadrinhos abaixo, que mostram o troco que cada menino de uma

turma do colégio recebeu depois de pagar um lanche na cantina.

II – Represente cada troco na forma decimal e diga qual deles recebeu o menor e o

maior troco. Relate como você resolveu a questão.

Você consegue dizer quem gastou mais dinheiro na lanchonete? Como você justifica

sua resposta?

Observando-se um atleta de salto em trampolim, tem-se:

96

- 1º. Salto: o trampolim tinha 5 metros de altura em relação ao nível da água na

piscina e ele alcançou 3 metros de profundidade nesta piscina;

- 2º. Salto: o trampolim tinha 4 metros de altura em relação ao nível da água na

piscina e ele percorreu um total de 6 metros, dentro e fora da água.

III – Responda:

a) Faça uma ilustração sobre cada salto

b) Represente a profundidade na água de cada salto com um número inteiro e diga

qual dos saltos teve maior profundidade na piscina.Justifique o motivo de você ter

utilizado o sinal de positivo ou negativo para o número inteiro.

Observando o placar de pontuação do atleta no segundo salto, tinha-se notas

maiores do que as registradas no primeiro salto, isso porque essa pontuação não se

relaciona com a profundidade obtida na piscina ou até mesmo com a altura do

trampolim. O interessante quando se observa a nota é que elas apareceram da

seguinte maneira: 89.8 no primeiro salto e 92.0 no segundo salto.

IV – Responda:

a) Essas notas são altas? Justifique sua resposta.

b) O que significam os pontos que aparecem nas notas?

Atividade 02 – Estimar Ações tem significados

Raiz: sf. 1. Bot. Porção do eixo da planta que cresce para baixo, ger.dentro do solo,

fixando-a e fornecendo-lhe água e nutrientes. 2. Parte inferior;base.3. Anat. A parte

do dente implantada na maxila. 4. Princípio, origem.5.Gram. A parte básica da

estrutura da palavra. 6. Mat. Potência fracionária de um número. [Pl.:raízes]

Fonte: Mini Aurélio Século XXI

97

Observe as significações dos números 2 e 6 extraídas de um dicionário, sobre a

palavra raiz.

I – Responda:

a)A palavra raiz você já ouviu falar em Matemática e por isso pergunto qual a

resposta para 36?

b) Qual o significado que você dá para a resposta?

Não foi explicado o porquê se colocou um significado do dicionário numa atividade

de Matemática.

II – Responda:

a) Você saberia explicar porque se falou de raiz e depois pediu para se calcular

36? Em sua opinião, por que foi destacado o significado número 2 para a palavra

raiz, que diz base, além do referente à Matemática?

b)E no significado número 6 que se refere à Matemática você sabe dizer o motivo de

potência fracionária de um número? Explique o que você entende desse significado,

se quiser exemplifique.

III – Mais um pouco sobre “raiz”...

Um professor propôs aos alunos o cálculo da seguinte raiz quadrada 961, mas que

explicassem como acharam a resposta. Um aluno tentou fazer o cálculo da raiz

quadrada por decomposição em fatores primos e não conseguiu. Seu colega fez o

cálculo por tentativas e chegou à resposta.

Veja o que professor observou no rascunho de cada aluno:

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1º. aluno

961 não divide por 2, pois não é par

961 não divide por 3, pois a soma de seus algarismos não é um número divisível por

3

961 não divide por 5, pois não termina em 5 e nem em zero

961 não divide por 7, fez a conta e viu resto

961 não divide por 11, fez a conta e viu resto

961 não divide por 13, fez a conta e viu resto

961 não divide por 17, fez a conta e viu resto E assim o aluno desistiu...

2º. aluno

10 . 10 = 100

20 . 20 = 400

30 . 30 = 900

Vou tentar 31 . 31 ... como a unidade do produto dá 1, ele estimou que o resultado

seria certo... armou a conta e viu que 31.31 dava 961 então escreveu que a resposta

seria 31.

Você acha que o 2º. aluno fez a questão corretamente? Você acha que ele fez uma

estimativa do resultado? Justifique a sua resposta.

Uma caixa de pisos vem com a seguinte descrição de medidas para cada unidade

de piso: 31 cm x 31 cm.

IV – O que significa isso, a caixa está informando para gente multiplicar 31 por 31?

Qual o formato desse piso?Justifique suas respostas.

Em cada caixa de piso vem 10 unidades. O chão de um quarto quadrado que mede

3,1 m por 3,1 m.

V – Você seria capaz de estimar quantas caixas seriam usadas para cobrir o chão

do quarto com pisos? Justifique sua resolução como você quiser... desenhando,

calculando, pensando, etc.

99

Num show de um cantor famoso foi estimada uma presença de 35.000

espectadores. Para assistir o show não foi colocado nenhum tipo de cadeira, todos

os presentes estariam de pé.

VI – Explique como se chegou a este número de pessoas para a platéia.

Atividade 03 – Números e Operações: Pensando e Rac iocinando

UM DIA NO COMÉRCIO

No bairro de Patrícia tem uma padaria onde sua mãe compra sempre alguma coisa

para o lanche. Essa padaria fica um pouco distante de sua casa, e às vezes, a mãe

de Patrícia compra num barzinho em frente à sua casa, o que precisa para o lanche,

principalmente em dias de chuva. A Patrícia é uma estudante muito dedicada e

observadora. Vamos conhecer algumas situações que a Patrícia vivenciou...

Um dia ela foi a padaria com sua mãe e ficou observando como a moça do caixa

dava o troco... a máquina registradora já dizia para a moça qual era o troco a ser

dado numa tela igual de um computador...primeiro a moça registrou os itens que sua

mãe comprou e depois ela registrou o dinheiro que foi dado para pagamento das

despesas. Em seguida, no visor apareceu o valor do troco a ser dado. A mãe de

Patrícia gastou nas compras R$3,40 com pães e R$4,95 com outros produtos,

dando uma nota de 10 reais para pagamento.

I – Agora pense e responda:

a) Qual foi o troco recebido pela mãe de Patrícia?

b) Que operações você acha que foram feitas pela máquina do caixa nestas

compras para apresentar o valor do troco?

c) Se você tivesse que fazer o cálculo mentalmente para dar o troco, como faria da

maneira mais rápida possível?

d) Você acha que a máquina poderia fazer um cálculo igual ao seu? Justifique

100

Continuando a história...

Outro dia a Patrícia foi ao barzinho com sua mãe e observou que lá a

máquina registradora não informava o valor do troco, sua tela era pequena e preta

com números verdes, mas ela ficou impressionada como a moça do caixa fez a

conta rapidamente para dar o troco à sua mãe. A situação da compra foi a seguinte:

a mãe de Patrícia comprou refrigerantes por R$4,15 e outros produtos que custaram

R$2,95, e depois deu uma nota de 10 reais para pagamento dos gastos.

Curiosa, perguntou a moça como ela tinha feito a conta... A moça explicou:

- peguei R$2,95 e coloquei os R$0,05 dos R$4,15... aí deu R$3,00 que eu somei

com R$4,10 que sobrou, pronto deu R$7,10. Na hora de dar o troco para R$10,00,

peguei R$0,40 centavos em moeda e pensei R$7,50, depois peguei R$0,50 e pensei

R$8,00 e depois peguei uma nota de 2 reais e pensei R$10,00.

Patrícia adorou o jeito de fazer conta da moça... muito diferente do que ela costuma

fazer na escola quando tem um problema desse tipo...

II – Agora é sua vez de responder... você acha que a moça fez a conta

corretamente? Você usaria quais operações para dar o troco à mãe de Patrícia? Por

que você pensou nessas contas?

III – Você seria capaz de dar o troco da padaria fazendo de outra maneira a conta?

Explique como faria.

... a Patrícia agora observa tudo... vamos continuar...

Patrícia agora fica observando a moça do caixa do barzinho e outro dia se

deparou com outra situação interessante...

Ela foi comprar 8 pãezinhos que custavam R$0,15 cada um... e levou uma nota de 2

reais. Num instante a moça fez as contas e entregou o troco para Patrícia. Patrícia

olhou para ela e disse :

- sei como você fez as contas...

A moça abriu um sorriso e perguntou para a menina:

- Como?

A menina respondeu como pensou:

- Você fez R$0,10 vezes 8 é igual a R$0,80 centavos, mais R$0,05 vezes 8 que é

igual a R$0,40... depois somou R$0,80 + R$0,40, total R$1,20... e o troco você

pegou R$0,30 e pensou R$1,50, depois pegou R$0,50 e pensou R$2,00.

101

Patrícia olhou para a moça com triunfo de saber fazer contas mentalmente.

A moça sorriu novamente para Patrícia e disse calmamente:

- Minha querida menina, você pensou corretamente... mas eu não pensei assim.

Patrícia se assustou e perguntou:

- Como você pensou????

A moça explicou:

- Como 1 pão custa R$0,15, pensei 2 pães custam R$0,30, então 4 pães R$0,60 e

finalmente 8 pães R$1,20...

A moça deu um novo sorriso para a menina e completou:

- Eu pensei em somas que fossem o dobro...

A menina logo perguntou:

- E o troco???

A moça respondeu:

- Você me deu R$2,00 e a conta era R$1,20... logo pensei R$2,00 menos R$1,00 é

igual a R$1,00 e daí eu tirei os R$0,20, pronto troco de R$0,80.

Aí foi a vez de Patrícia sorrir e dizer:

- legal, agora já sei que posso pensar de maneiras diferentes em situações

parecidas.

Patrícia saiu feliz do barzinho.

Agora é com você, pensa um pouco e responda:

IV – Você entendeu como a moça do caixa fez as contas? Você achou correto fazer

assim? Diga o que você achou da forma que a moça fez as contas.

V – Como você faria essas contas mentalmente?

VI – Responda:

a)Quando você multiplica algum valor por 8, você já pensou em somar dobros como

a moça fez? Se você for além da adição e pensar em multiplicar por 2, depois por 2

novamente, e depois por 2, no final dá certo?

b) Tenta multiplicar o número 35 por 8 sem armar a conta, faz um cálculo mental, e

escreva como foi seu raciocínio.

VII – Do jeito que a moça fez as contas, se pensarmos de forma mais complexa

como uma multiplicação, temos que: multiplicar por 8 é como se multiplicarmos por 2

e depois por 2 e depois por 2... isso lembra alguma outra operação que você

conheceu em Matemática? Se lembrar diga qual e porque você acha que lembra.

Atividade 04 – Propor Ação

102

Observe a história abaixo e depois pense um pouco para responder as questões

pedidas:

Dona Giselda vai fazer um refresco para seu filho e três amigos que vão

estudar para a prova de Matemática, mas na hora de fazer ela ficou com uma

dúvida, pois achou duas receitas e não sabia qual delas usar. A única coisa que

Dona Giselda sabia era que o refresco ficasse com um gosto bem forte de fruta.

Veja as receitas que ela encontrou:

1ª. receita:

Despejar numa jarra 6 partes de suco concentrado e 8 partes de água. Adoce a

gosto.

2ª. receita:

Despejar numa jarra 12 partes de suco concentrado e 14 partes de água. Adoce a

gosto.

Como Dona Giselda gosta muito de Matemática e também entende muito

bem como lidar com receitas, ela rapidinho eliminou a dúvida... Agora eu não vou lhe

contar qual receita Dona Giselda fez, pois você vai ter que pensar ... e muito mais do

que escolher a receita, você vai responder algumas questões de Matemática e tirar

suas próprias conclusões sobre as receitas e outras situações...

I – Você sabe explicar porque a mãe do menino teve dúvida sobre qual receita

fazer?

II – O refresco em cada receita ficará com o mesmo sabor? Se você acha que não,

diga qual refresco ficará com o sabor mais forte. Justifique sua resposta.

III – Se a mãe do menino fizer a 2ª. receita, você acha que cada criança poderá

tomar 4 copos de refresco? Justifique sua resposta

IV – Repare que existe uma mudança na quantidade de partes entre a 1ª receita e a

2ª receita, que representa um aumento de 6 partes de suco e 6 partes de água. Isso

garante o mesmo sabor? Justifique

V – Pensando de forma a relacionar as quantidades do problema descrito em caráter

de comparação entre partes, tem-se: na 1ª receita se usarmos 1 parte de suco, qual

deve ser a utilização aproximada de água? Que operação ou pensamento você usou

para encontrar sua resposta? Explique como resolveu esta situação.

Na 2ª receita qual a quantidade de água a ser utilizada para uma parte de suco?

103

Após os cálculos você é capaz de indicar qual seria uma solução para a dúvida da

Dona Giselda?

VI – Se pensássemos em frações em cada receita:

a) A fração 6/8 na 1ª. receita tem qual significado para você?

b) E a fração 12/14 na 2ª. receita?

VII – Para resolver o problema da história, ou seja, qual receita fazer e justificar a

resposta, vou mostrar a resolução apresentada por 3 alunos, identificados pelo

nome, e quero que você pense em cada uma delas e depois responda ou justifique o

que se pede:

a)Paulinho

o aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

56

42

7

7

8

6 == Xacoposdeágu

ocoposdesuc

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

56

48

4

4

14

12 == Xacoposdeágu

ocoposdesuc

Depois respondeu que a 2ª. receita tem mais sabor.

Você concorda com a forma que esse aluno resolveu a questão? Se você acha que

ele deu a resposta certa ou errada, justifique como você pensou para tirar sua

conclusão.

b) Jorginho

O aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

Nesta receita olhando os copos de água tenho que metade de 8 é igual a 4, então se

eu colocar mais metade de 4, que é 2, fico com 6. Isso é a quantidade de suco

usado na receita.

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

Nesta receita olhando os copos de água tenho que metade de 14 é igual a 7, então

se eu colocar mais metade de 7, que é 3,5, fico com 10,5. Isso é menos que a

quantidade de suco usado na receita.

Concluo então que a 2ª. receita tem mais sabor.

Você entendeu as contas do aluno? Explique o que entendeu

104

c) Pedrinho

o outro aluno resolveu o problema assim:

Leu a 1ª. receita e pensou assim:

Tenho 6 partes de suco e 14 partes de refresco (6 de suco e 8 de água) que forma a

fração 6/14 que dividindo o número de cima pelo número de baixo dá

aproximadamente 0,42.

Leu a 2ª. receita e pensou assim:

Tenho 12 partes de suco e 26 partes de refresco (12 de suco e 14 de água) que

forma a fração 12/26 que dividindo o número de cima pelo número de baixo dá

aproximadamente 0,46.

Concluo que a 2ª. Receita tem mais sabor.

Você entendeu as contas do aluno? Explique o que entendeu