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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
Marluz Fernando Jönsson
Estudo Comparativo entre Modelos de Simulação de
Transferência de Calor e Umidade
CURITIBA
Abril– 2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
Marluz Fernando Jönsson
Estudo Comparativo entre Modelos de Simulação de
Transferência de Calor e Umidade
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Mecânica, Curso de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica,
Departamento de Ciências Exatas e de
Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica
do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Nathan Mendes
CURITIBA
Abril– 2008
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APROVAÇÃO
Nome: Marluz Fernando Jönsson
Titulação: Mestre em Engenharia Mecânica
Dissertação: Estudo Comparativo entre Modelos de Simulação
de Transferência de Calor e Umidade
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Paulo Smith Schneider
Universidade Federal d Rio Grande do Sul - UFRGS
Prof. Dr. Marc Olivier Abadie
Universidade de La Rochelle - França
Prof.ª Dr. Luís Mauro Moura
Pontifícia Universidade Católica do Paraná-PUCPR
Prof. Dr. Nathan Mendes (Orientador)
Pontifícia Universidade Católica do Paraná-PUCPR
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Resumo iv
Resumo
A redução de problemas relacionados a consumo de energia em
edificações, conforto térmico e qualidade de ar é uma necessidade global.
Neste sentido, este trabalho vem desenvolver os primeiros passos da criação
do projeto HAM-BR cujo intuito é de criar uma plataforma computacional
com diferentes modelos de transferência de calor, ar e umidade através de
elementos porosos comumente presentes em edificações. Para isto, apresenta-
se um estudo inicial comparativo usando-se o modelo do projeto Hamstad
desenvolvido pela comunidade européia e o modelo e software desenvolvidos
no Laboratório de Sistemas Térmicos (LST) da PUCPR – Umidus, que tem
por base o modelo clássico de Philip e De Vries. Ambos os modelos são
discretizados utilizando o método de volumes finitos com diferenças centrais e
formulação totalmente implícita. Para a solução das equações algébricas
resultantes dos dois modelos, utilizou-se o método de solução MTDMA –
Multi-TriDiagonal Matrix Algorithm, para que os campos de variáveis
interdependentes fossem resolvidos simultaneamente. A comparação é feita
primeiramente para um modelo físico de parede com propriedades bem
definidas e solução analítica. Posteriormente, apresentam-se resultados da
comparação com um experimento realizado no LST. Ambos os modelos
apresentaram resultados satisfatórios. A vantagem do modelo Hamstad
reside na grande gama de dados disponíveis na literatura, levantados por
laboratórios europeus. No entanto, o modelo Umidus apresenta resultados
comparativos ligeiramente melhores.
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v
Abstract
The reduction of problems related to building energy consumption,
thermal comfort and indoor air quality is a global need. In this way, this
work provides a first step towards the creation of a project called HAM-BR,
which goal is the establishment of a computer platform with different heat,
air and moisture transfer models applied to common porous elements present
in buildings. In this context, a comparative study is carried out between the
so-called Hamstad project, developed by the European community - and the
model and software developed at the Thermal Systems Laboratory (LST). at
PUCPR – Umidus, which is based on the classical model of Philip and De
Vries. Both models are discretized using the finite-volume method with
central differences and a fully implicit scheme. The solution of the algebraic
equations for the two models has been provided by using MTDMA - Multi-
Tridiagonal Matrix Algorithm - in order to simultaneously solve both fields of
inter-dependent variables. The comparison is firstly made for a monolithic
wall physical model with well-defined properties and analytical solution.
Then, comparative results are presented for an experiment carried out at the
LST. Both models have shown good agreement in both cases. The advantage
of the Hamstad model mainly lies in the available database provided by
European laboratories. However, Umidus presented slightly better
comparative results.
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vi
Agradecimentos
A toda a minha família, que garantiu uma boa infra-estrutura emocional e
monetária para que eu chegasse até aqui. Valeu Pai, Mãe e irmãs.
A todos no laboratório de sistemas e simulações térmicas, sem exceção e
principalmente:
Profº. Nathan Mendes, meu orientador e conselheiro.
Profª. Kátia Cordeiro Mendonça, amiga e agora Professora.
Profº. Marc Abadie, pelos diversos conhecimentos transmitidos.
Profº. Luís Mauro Moura, pelas conversas no laboratório e pelas aulas.
Profº. Gerson Henrique dos Santos, pelas diversas explicações e conselhos.
Mestre e aluno de Doutorado Roberto Zanetti Freire, grande parceiro nas
disciplinas e no laboratório.
Ao também mestrando José Walter Meissner, grande parceiro na
remontagem do laboratório.
Ao Colega Walter Mazurowicz, companheiro do árduo trabalho de
programação.
A você Rosa, pelo incentivo e apoio emocional.
A Capes pelo suporte financeiro.
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vii
“The process of scientific discovery is, in effect, a
continual flight from wonder”.
Albert Einstein
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viii
Sumário
Aprovação iii
Resumo iv
Abstract v
Sumário viii
Lista de Símbolos x
Lista de Figuras xiii
Tabelas xvii
Capítulo 1 Introdução 1
1.1 Método Glaser 2
1.2 Anexo 14 3
1.3 Anexo 24 3
1.4 Projeto Hamstad 4
1.5 Anexo 32 5
1.6 Anexo 41 6
1.7 Presente Trabalho 7
Capítulo 2 Modelos Matemáticos para Estudo de Transferência de Calor
e de Massa 9
2.1 Modelo Hamstad 10
2.1.1 Modelo Matemático .................................................................................... 10
2.2 Modelo Umidus 12
2.3 Modelo TRNSYS 13
2.4 Condições de Contorno 15
2.4.1 Modelo Hamstad ......................................................................................... 16
2.4.2 Modelo Umidus ........................................................................................... 17
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ix
Capítulo 3 Métodos Numéricos para solução dos Modelos de
Transferência de Calor e de Umidade 20
3.1 Algoritmo de Solução de Equações 20
3.2 Método de Discretização 22
3.3 Modelo Numérico HAMSTAD 23
3.4 Modelo Numérico Umidus 28
Capítulo 4 Experimento com solo em Laboratório 31
Capítulo 5 Resultados 35
5.1 Análise Comparativa entre Três métodos de Transferência de Calor e
Umidade 36
5.1.1 Transferência de calor Pura através de um Envoltório ............................ 36
5.1.2 Transferência de umidade através de um Envoltório ............................... 50
5.2 Benchmark: Secagem de Parede Homogênea 57
5.2.1 Condições de Contorno ............................................................................... 58
5.2.2 Condições Iniciais ....................................................................................... 58
5.2.3 Resultados ................................................................................................... 59
5.3 Experimento com Solo Aluvião Arenoso 60
5.3.1 Condições de Contorno ............................................................................... 61
5.3.2 Condições Iniciais ....................................................................................... 61
5.3.3 Resultados ................................................................................................... 61
Capítulo 6 Conclusões 63
Referências Bibliográficas 65
Anexo A Tabela para Propriedades do Solo 68
Anexo B Soluções Analíticas 71
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x
Lista de Símbolos
Número de Biot [-]
m Coeficiente mássico de transmissão de vapor de água [kg/m2sPa]
c Calor específico médio a pressão constante do material [J/kg K]
cp Calor específico a pressão constante do material [J/kg K]
cp.a Calor específico a pressão constante do ar [J/kg K]
DT Coeficiente de transporte de massa associado ao gradiente
de temperatura [m2/s K]
Dθ Coeficiente de transporte de massa associado ao gradiente
de conteúdo volumétrico de umidade [m2/s]
DTl Coeficiente de transporte na fase líquida associado ao
gradiente de temperatura [m2/s K]
DTv Coeficiente de transporte na fase vapor associado ao
gradiente de temperatura [m2/s K]
Dθl Coeficiente de transporte na fase líquida associado ao
gradiente de conteúdo volumétrico de umidade [m2/s]
Dθv Coeficiente de transporte na fase vapor associado ao
gradiente de conteúdo volumétrico de umidade [m2/s]
Fo Número de Fourier [-]
jv Fluxo de vapor [kg/s m2]
j Fluxo total [kg/s m2]
K Condutividade Hidráulica [m/s]
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xi
Mω Massa molar da água [kg/mol]
llv Calor latente de vaporização [J/kg]
Pv Pressão parcial de vapor [Pa]
Psuc Pressão sucção de líquido [Pa]
qr Radiação global na face externa [W/m2]
r Vazão de ar volumétrica [m3/s]
R Resistência total térmica da parede [m2 K/W]
R Constante universal dos gases [J/kg K]
Rv Constante do vapor de água [J/kg K]
Rol Radiação de onda longa [W/m2]
t Tempo [s]
T Temperatura absoluta [K]
Símbolos Gregos
α Absortividade de radiação global [-]
β Coeficiente de transferência mássico de vapor de água [kg/m2sPa]
ε Emissividade de radiação longa [-]
Conteúdo volumétrico de umidade [m3 /m3]
ω Conteúdo mássico de umidade [kg/ m3]
p Coeficiente de difusão de vapor de água [kg/msPa]
λ Condutividade Térmica [W/m K]
ρa Densidade do ar [kg/m3]
ρl Densidade da água líquida [kg/m3]
ρw Densidade da água líquida [kg/m3]
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xii
ρo Densidade do material seco [kg/m3]
Δ Variação de uma grandeza [-]
τ Período de tempo [s]
ζ Capacidade de umidificação do material [kg/m3]
Índices
a Ar
amp Amplitude
E Ponto no Centro do Volume de Controle a Leste do ponto P
ext Externa
fi Face Interna
int Interna
P Ponto no Centro de Volume de Controle
par Parede
W Ponto no Centro de Volume de Controle a Oeste do Ponto
P
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xiii
Lista de Figuras
Figura 2.1: Condições de contorno nas superfícies e fluxos nas diversas
camadas do Envoltório(IEA Annex 41 – SubTask 1
Report)Erro! Indicador não definido.. 14
Figura 3.1: Volume de Controle para análise de fluxo de calor. ar.
umidade em parede 1-D.......................................... 21
Figura 4.1: Foto do experimento na câmara do calorímetro.........
Erro! Indicador não definido.
Figura 4.2: Condições de contorno e inicial para simulaçõesErro!
Indicador não definido........... 32
Figura 4.3: Taxa de evaporação do solo em experimento na câmaraErro!
Indicador não definido. 33
Figura 5.1: Parede homogênea................................................. 36
Figura 5.2: Gráfico de Resultados para Benchmark 2 do modelo Hamstad
e modelo Umidus............................................................ 36
Figura 5.3: Gráfico de Resultados para Benchmark Experimental. tendo a
curva experimental e as curvas para o modelo Umidus e
modelo Hamstad...................................................... 37
Figura 5.4: Gráfico de Resultados para Benchmark Experimental. tendo a
curva experimental e as curvas para o modelo Umidus e
modelo Hamstad........................................................... 38
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xiv
Figura 5.5: Resultado do envoltório de concreto de 0,25 m com faceinterna
do envoltório adiabática e face externa do envoltório com
perturbação constante ........................................................... 38
Figura 5.6: Resultado do envoltório isolante de 0,25 m com face interna do
envoltório adiabática e e face externa do envoltório com
perturbação constante...................................................... 39
Figura 5.7: Resultado do envoltório de isolante de 0,04 m com face interna
do envoltório adiabática e e face externa do envoltório com
perturbação constante...................................................... 40
Figura 5.8: Resultado do envoltório de isolante de 0,04 m com face interna
do envoltório adiabática e face externa do envoltório com
perturbação constante...................................................... 40
Figura 5.9: Evolução dos resultados obtidos pelo TRNSYS para diversos
passos de tempo com face interna do envoltório adiabática e
face externa do envoltório com perturbação constante........41
Figura 5.10: Evolução dos resultados obtidos pelo Umidus para diversos
passos de tempo com face interna do envoltório adiabática e
face externa do envoltório com perturbação constante....... 42
Figura 5.11: Evolução dos resultados obtidos pelo Hamstad para diversos
passos de tempo com face interna do envoltório adiabática e
face externa do envoltório com perturbação constante....... 42
Figura 5.12: Condições de Contorno para as zonas internas e externas do
envoltório do caso 2............................................................ 43
Figura 5.13: Resultado do envoltório de concreto de 0.25 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação constante........................................................ 43
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xv
Figura 5.14: Resultado do envoltório isolante de 0.25 m com zona interna
com temperatura constante e zona externa com perturbação
constante........................................................................... 44
Figura 5.15: Resultado do envoltório de concreto de 0.04 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação constante....................................................... 45
Figura 5.16: Resultado do envoltório isolante de 0.04 m com zona interna
com temperatura constante e zona externa com perturbação
constante............................................................................ 45
Figura 5.17: Evolução do modelo TRNSYS ao longo de diversos passos de
tempo para a face interna do envoltório........................... 46
Figura 5.18: Evolução do modelo Umidus ao longo de diversos passos de
tempo para a face interna do envoltório.............................. 47
Figura 5.19: Evolução do modelo Hamstad ao longo de diversos passos de
tempo para a face interna do envoltório............................... 47
Figura 5.20: Condições de Contorno para as zonas internas e externas do
envoltório do caso 3............................................................. 48
Figura 5.21: Resultado do envoltório de concreto de 0.25 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação senoidal......................................................... .48
Figura 5.22: Resultado do envoltório de isolante de 0.25 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação senoidal........................................................... 49
Figura 5.23: Resultado do envoltório de concreto de 0.04 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação senoidal......................................................... 50
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xvi
Figura 5.24: Resultado do envoltório de isolante de 0.04 m com zona
interna com temperatura constante e zona externa com
perturbação senoidal......................................................... 50
Figura 5.25: Evolução do modelo Hamstad com passo de tempo de 60 min
até 15 min em comparação com solução analítca e modelo
TRNSYS............................................................................. 51
Figura 5.26: Condições de Contorno para as zonas internas e externas do
envoltório do caso 1............................................................ 52
Figura 5.27: Resultado do envoltório de concreto de 0.15 m para a face
interna. com zona interna com perturbação constante e zona
externa impermeável........................................................ 52
Figura 5.28: Evolução do modelo Hamstad para o envoltório de concreto
de 0,15 m para diversos números de nós................................53
Figura 5.29: Condições de Contorno para as zonas internas e externas do
envoltório do caso 2............................................................. 54
Figura 5.30: Evolução da umidade relativa para a zona interna sem a
troca de umidade com a parede........................................... 55
Figura 5.31: Evolução da umidade relativa com a troca de umidade
relativa com a parede para os três primeiros dias na zona
interna..................................................................................... 55
Figura 5.32: Evolução da umidade relativa com a troca de umidade
relativa com a parede para os três primeiros dias na face
interna............................................................................. 56
Figura 5.33: Primeiras 24 h do regime permanente da evolução do ganho
de umidade relativa na zona interna............................... 58
Figura 5.34: Primeiras 24 h do regime permanente da evolução do ganho
de umidade relativa na face interna....................................... 60
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xvii
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xviii
Tabelas
Tabela 5.1: Propriedades Térmicas do material da parede. ............................ 36
Tabela 5.2: Resultados comparativos para Benchmark 2 ................................ 59
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1
Capítulo 1
Introdução
Devido à crise do petróleo em 1973 foi referenciada pela Organização
para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD), em 1974, a Agência
Internacional de Energia (IEA), que nesta época procurou através dos seus 21
membros participantes incentivarem o desenvolvimento de fontes
alternativas de energia. No Brasil, nesta linha de energia alternativa, foi
criado o Pró–álcool, programa de implantação e desenvolvimento de uma
nova matriz energética, usando o etanol destilado da cana de açúcar como
combustível de motores de combustão interna, principalmente de ciclo Otto.
A geração de energia para edificações na Europa é feita através de
termoelétricas, com o consumo de petróleo e carvão, e energia nuclear,
conforme sítio da IEA (Eletricidade e Calor, 2004). Hoje, além da questão
energética, existe o problema do efeito estufa gerado pela emissão de CO2, o
que vem reforçar a necessidade de aperfeiçoar o consumo de energia.
Observa-se, também, que a matriz energética brasileira é diferente da
Européia, sendo quase toda ela hidroelétrica, conforme sítio da IEA
(Eletricidade e Calor. 2004) não havendo, portanto muita geração de CO2 por
este motivo. Neste sentido, nota-se que a questão do efeito estufa para o
projeto de edificações no Brasil não seria considerado, porém, deve-se
ressaltar a importância do controle do consumo de energia em edificações com
sistemas de climatização que deve ser feito para aumentar a eficiência
energética destas como um todo. Nesse contexto, destaca-se o esforço nacional
da Eletrobrás, através de seu Programa PROCEL, que vem incentivando
-
2
universidades e fabricantes de eletrodomésticos a desenvolverem produtos
com baixo consumo de energia.
A maneira como se consome energia é uma área correlata à linha geral
do projeto principal da IEA, sendo que em 1991, 11 países, dos quais 10 são
países membros da IEA e 1 agregado, uniram-se para desenvolver pesquisa e
desenvolvimento (P&D) nesta área. Através do Programa de Sistemas
Comunitários e Conservação de Energia em Edificações (EXCO), hoje 24
países com seus laboratórios governamentais e Universidades desenvolvem
diversos anexos sobre o Programa Geral de Energia desenvolvido pela IEA.
Dos anexos concluídos, ressaltam-se três na linha do presente trabalho:
Anexo 14 sobre condensação e energia, concluído em 1984, o anexo 24
(HAMTIE) sobre Calor, Ar e Umidade em envoltórios de isolantes de
baixíssima condutividade térmica, concluído em 1995 e o anexo 32, sobre
cálculos de rendimento de envoltórios integrais de construção, concluído em
1999.
Dos anexos ainda em conclusão, ressalta-se o Anexo 41 sobre
Transferência de Calor, Ar e Umidade em toda a Edificação.
A seguir, apresentam-se alguns métodos e projetos de cunho
internacional realizados nesta linha de transferência acoplada de calor e de
umidade em elementos porosos de edificações.
1.1 Método Glaser
É um método que usa transferência de calor por condução em regime
permanente, bem como a difusão de vapor de água. É um método não
acoplado calculando a temperatura para cada perfil, ou seja, para cada passo
de comprimento, e após calcula-se a pressão de vapor. Compara-se esta
pressão com a pressão de vapor saturada calculada e verifica-se a existência
de taxa de água acumulada. Este método foi originalmente usado
extensivamente por meio de gráficos, sendo recentemente passado para o
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3
computador. Devido o método adotar a hipótese de regime permanente,
aparece diversos problemas de condensação nas diversas camadas analisadas,
conforme ASHRAE (2005). Segundo Pedersen (1995), as condições de
contorno são bastante simplificadas, a radiação solar não é considerada bem
como a capacidade de adsorção e dessorção dos materiais. Dada limitação do
método Glaser originou-se os anexos da IEA como relatados abaixo.
1.2 Anexo 14
O Anexo 14 foi dividido em seis capítulos (Introdução, Bolor, Aspectos
Higrotérmicos, Transporte de Calor, Ar e Umidade (HAM), Condições de
Contorno) no sentido de estudar o transporte de Calor, Ar e Umidade tanto
através de envoltórios estruturais, como para controle da umidade para que
não haja proliferação de fungos, bem como por via aérea, ou seja, a dispersão
dos microorganismos em ambientes.
Os diversos capítulos apresentam aspectos conceituais, definindo as
propriedades básicas para o desenvolvimento de estudos e apresenta exercício
de casos nos diversos assuntos.
1.3 Anexo 24
Foram dois os objetivos principais deste anexo:
1º) Estudo da Física do Transporte de Calor. Ar e Umidade de partes de
envoltórios altamente isolados;
2°) Análise do desempenho do envoltório nas condições iniciais e de
contorno;
O Trabalho foi dividido em cinco subtarefas com cinco grupos de
pesquisas gerenciando-as:
Modelagem;
Condições do Meio Ambiente (interno e externo);
-
4
Propriedades do Material;
Verificação experimental;
Desempenho do envoltório.
1.4 Projeto Hamstad
A partir dos Anexos 14 e 24, em 2001 a comunidade européia resolveu
desenvolver o projeto HAMSTAD (Heat, Air, Moisture, Standards
Development) que visou a padronização de códigos computacionais livres
sobre transferência de Calor. Ar e Umidade através de elementos porosos em
edificações e de propriedades termofísicas de materiais para edificações,
visando o bem estar dos ocupantes em relação à ambiente interno das
edificações e qualidade de ar em relação a riscos para a saúde.
A seguinte metodologia vem ao encontro à necessidade de aprimorar os
projetos de construção civil para diversos tipos de envoltórios estruturais e
que exista um melhor desempenho na transferência de calor, ar e umidade
para que o consumo de energia seja otimizado e que exista uma qualidade de
ar adequada no ambiente não havendo crescimento e propagação de fungos e
bolor, e a caracterização dos diversos materiais.
Dentro das duas linhas do projeto, consumo de energia e caracterização
de material tem-se:
1ª) Uso de benchmark exercise dos anexos 14, 24, 32 para assegurar a
qualidade do projeto e desempenho de códigos computacionais produzidos por
diferentes instituições de pesquisa.
2ª) Utilização de técnicas não destrutivas de determinação de perfis de
conteúdo de umidade.
Foram escolhidos dois materiais: tijolo de cerâmica e reboco (silicato de
cálcio) para teste em comparação interlaboratoriais, ou seja, amostra de um
mesmo lote de materiais os quais são enviados aos participantes do Projeto
-
5
Hamstad. Devido ao avanço tecnológico ocorrido em ensaios experimentais,
pois antigamente apenas se determinava a massa de material seco e
saturado. As técnicas experimentais utilizadas para a determinação dos
perfis de umidades são:
Técnica de atenuação de raios Gama
Método de projeção de raios X
Técnica de ressonância magnética
Técnica - MRI
Método da Capacitância
Técnica TDR (Time Domain Reflectometry)
Depois de realizados os experimentos, as diversas técnicas são
comparadas em gráficos através de uma transformada de Boltzmann
(Carmeliet et al).
1.5 Anexo 32
Este anexo foi projetado para ter uma visão holística de um projeto de
envoltório no que trata do transporte de calor, ar e umidade e a qualidade do
ar do ambiente utilizado.
Esta visão holística tem como objetivo unir todas as necessidades sob o
ponto de vista do ocupante, que estará neste ambiente e receberá um ar com
qualidade e também terá que assumir o resultado do consumo de energia; sob
o aspecto do projetista e suas necessidades de desempenho; sob aspecto do
construtor, criando novas técnicas construtivas e sob aspectos da sociedade,
em relação a reduzir economicamente investimentos em sistemas de geração
e sistemas de transmissão de energia, ou seja, reduzindo o custo energético.
É descrito um grande sistema de qualidade, utilizando relatório e
questionários como fontes de informação para aperfeiçoar o processo de
-
6
projeto, construção e utilização do ambiente.
Após a construção, o anexo estimula testes para verificar o desempenho
dos envoltórios, bem como a dispersão de microorganismos no ambiente.
1.6 Anexo 41
Dando Continuidade aos Anexos 14, 24, e 32, o Anexo 41 surgiu para
explorar os fenômenos físicos na transferência de calor, ar e umidade nas
edificações. Esta meta inclui trabalhos computacionais e suas respectivas
modelagens, trabalhos experimentais, análise de conforto, durabilidade dos
materiais do envoltório e consumo de energia.
O trabalho foi dividido em quatro subtarefas:
Subtarefa 1: Teoria dos modelos e exercícios de validação.
Subtarefa 2: Investigações experimentais.
Subtarefa 3: Condições de contorno.
Subtarefa 4: Performance de longo prazo e transferência de tecnologia.
Estas subtarefas têm sido realizados por diversos grupos das 39
instituições participantes de 19 países.
O Brasil vem participando sistematicamente do Anexo 41 por meio de
um grupo formado por pesquisadores do Laboratório de Sistemas Térmicos
(LST) do Curso de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUCPR). O LST vem desenvolvendo o trabalho de validação de
cinco exercícios da subtarefa 1:
CE0: Whole building energy modeling.
CE01: Whole building heat and moisture analysis.
CE01 0A e 0B: Whole building heat and moisture analysis – Simplified
boundary conditions,
-
7
CE3: Whole building heat moisture analysis – Two real exposure rooms at
FhG.
CE4: Moisture management for reducing energy consumption.
1.7 Presente Trabalho
Seguindo a linha desses projetos de cunho internacional descritos
acima, este trabalho surge no sentido de dar os primeiros passos na criação
do HAM-BR, originando um programa computacional adaptado a equações de
balanço de massa e de energia desenvolvidas pelo projeto HAMSTAD WP2
(2001) e dados de propriedades termofísicas disponíveis na literatura
existente.
Este programa, HAM-BR, tem como objetivo contribuir paralelamente
com o desenvolvimento de modelos e de software realizado no Laboratório de
Sistemas Térmicos da PUCPR tais como Umidus (Mendes et al., 1999), Solum
(Santos et al.,2003), SimSpark (Mora et al., 2003) e PowerDomus (Mendes et
al., 2003 e 2005).
Para isto, serão feitas comparações entre o modelo numérico proposto e
o modelo de transferência de calor e de umidade disponível no programa
Umidus, além de comparações experimentais a partir de medições de massa e
de perfis de temperatura e de umidade em uma amostra de solo do tipo
aluvião arenoso.
Assim, este trabalho é dividido em 6 capítulos. O capítulo 2 apresenta
uma descrição dos modelos matemáticos com suas respectivas condições de
contorno. O Capítulo 3 apresenta a discretização e método numérico,
enquanto o Capítulo 4 descreve o experimento realizado. No Capítulo 5,
descrevem-se os estudos comparativos entre os métodos de transferência de
calor e umidade. O primeiro dedicado a uma verificação com o modelo
Umidus e um dos casos do Benchmark do projeto europeu HAMSTAD,
enquanto no segundo estudo, faz-se uma validação experimental. Na análise
-
8
comparativa, apresentam-se, do anexo 41 (CE01 0B), três casos de
transferência de calor pura transiente, e dois casos para transferência de
umidade pura. Por fim, apresentam-se as considerações finais desta
dissertação de mestrado.
-
9
Capítulo 2
Modelos Matemáticos para Estudo
de Transferência de Calor e de
Massa
Apresentam-se neste capítulo três modelos matemáticos para o estudo
de transferência de calor e de umidade através de elementos porosos de
edificações. O primeiro modelo foi descrito no projeto europeu HAMSTAD e
será desenvolvido neste trabalho utilizando-se o algoritmo MTDMA (Mendes
e Philippi. 2004), tendo como potenciais motrizes para os fluxos de calor e de
umidade, os gradientes de temperatura e de pressão parcial de vapor. O
segundo modelo, baseado no modelo de Philip e De Vries (1957) e utilizado no
código fonte do programa Umidus, também utiliza o algoritmo MTDMA, mas
como potenciais motrizes os gradientes de temperatura e de conteúdo de
umidade, com uma linearização na condição de contorno que transforma a
diferença de concentração de vapor em diferença de temperatura e de
conteúdo de umidade, o que deixa a solução mais robusta (Mendes et al..
2002). Para contornar o problema da descontinuidade utilizando o gradiente
de conteúdo de umidade como potencial, Mendes e Philippi (2005)
propuseram um modelo alternativo a ser aplicado nas interfaces. O terceiro
modelo é o TRNSYS desenvolvido através do método de Stephenson e Mitalas
(1971).
-
10
2.1 Modelo Hamstad
2.1.1 Modelo Matemático
Segundo Hagentoft [1] em seu documento básico sobre o HAMSTAD WP2,
tem-se a seguinte equação para o balanço de energia:
t
Tc
xrl
x
pl
xx
Tcr
x
T
x
valv
vplvapaa
0, )(
(2.1)
Considerando o vapor como gás perfeito, tem-se:
RT
MPvv (2.2)
E derivando-se pela regra da cadeia ,tem-se
TT
Pp
vv
v
vv
(2.3)
sendo,
v
v
p
=
RT
M e
2RT
MP
T
vv
(2.4)
Considera-se ainda a variação da massa específica do vapor d’água sendo
pequena em relação à temperatura - TT
v
(Mendes. 1997).
Assim, tem-se o balanço de energia na forma:
t
Tc
x
P
TR
lr
x
Pl
xx
Tcr
x
T
x
V
v
lvavplvapaa
0, )( (2.5)
-
11
Onde:
x
T
x é o fluxo líquido de calor devido a condução térmica no meio;
-x
Tcr apaa
, é a perda advectiva do fluxo de calor devido ao transporte através
do meio poroso do envoltório;
)(
x
Pl
x
vpiv é o fluxo líquido de calor devido a mudança de fase
líquido/vapor no transporte difusivo;
x
P
TR
lr v
v
iva
é o fluxo líquido de calor devido a mudança de fase líquido/vapor no
transporte convectivo;
t
Tc
0 é o termo transiente de energia térmica contida na matriz porosa do
envoltório..
Sendo a a condutividade térmica. T a temperatura, ar a vazão de ar
volumétrica, a a massa específica do ar, apc , o calor específico do ar a pressão
constante., lvl o calor latente de vaporização, p a pressão parcial de vapor, v ,
massa específica do vapor, c o calor específico do material úmido, 0 , massa
específica do material seco, vR é a constante de Clapeyron para o vapor de
água.
Para o balanço de massa. Hangentoft [1] apresenta a seguinte equação de
conservação:
t
w
x
PK
xx
P
TR
r
x
P
x
sucv
v
avp
)( (2.6)
-
12
Onde:
x
P
x
vp é o fluxo líquido difusivo de vapor d’agua no meio poroso
representado lei de Fick;
x
P
TR
r v
v
a
é o fluxo líquido convectivo de vapor d’agua;
)(x
PK
x
suc
é o fluxo de líquido de água na fase líquida representado pela lei
de Darcy.
Sendo K a condutividade hidráulica, sucP a pressão de sucção, w o conteúdo de
umidade em massa, p a permeabilidade do material e t o tempo.
2.2 Modelo Umidus
Este modelo tem por base o modelo descrito por Philip e de Vries
(1957), o qual utiliza potenciais de temperatura e de conteúdo de umidade.
As equações parciais diferenciais para modelagem de transferência de
calor e de massa em meios porosos podem ser escritas na forma
unidimensional como:
vlv jx
lxxt
c
,,0 (2.7)
l
j
xt
(2.8)
onde 0 é a massa específica da matriz sólida ; cm, o calor específico médio; T,
temperatura; t, tempo; , condutividade térmica; llv o calor latente de
vaporização; o conteúdo de umidade volumétrico; jv o vazão de vapor; j o
vazão total de vapor, o qual é a soma da vazão de vapor e da vazão de líquido.
jl e jv ; l a densidade de água.
-
13
A equação para o fluxo mássico de vapor é escrita:
x
TDx
TD
jvTv
l
v
,, (2.9)
Enquanto, a equação do fluxo mássico total tem-se:
x
Dx
TD
jT
l
,, (2.10)
Com vTl DDD e vl DDD , onde lD é o coeficiente de transporte da
fase líquida associado ao gradiente de temperatura, vD é o coeficiente de
transporte da fase vapor associado ao gradiente de temperatura, lD é o
coeficiente transporte a fase líquida associado ao gradiente de conteúdo de
umidade, vD é o coeficiente transporte a fase vapor associado ao gradiente
de conteúdo de umidade, D é o coeficiente transporte de massa associado ao
gradiente de temperatura e D é o coeficiente transporte de massa associado
ao gradiente de temperatura .
2.3 Modelo TRNSYS
Este modelo tem como base o método da função de transferência
desenvolvido por Stephenson e Mitalas (1971), que combina as equações
diferenciais parciais de transferência de calor pura unidimensional com a
equação parcial da conservação de massa:
2
2
x
T
t
T
(2.11)
Onde é a difusividade térmica, T a temperatura, t o tempo e x à distância.
2
2
xa
t
wc
w
(2.12)
Onde w é a massa específica de vapor de água, t é o tempo, x é à distância,
ca é a difusividade da umidade para massa específica de vapor de água.
Há diversas formas de resolver estas equações diferenciais parciais
-
14
sendo que a utilizada por Carslaw e Jaeger (1959) foi através da
transformada de Laplace, onde a equação no domínio do tempo é
transformada para um espaço imaginário. e então manipulada e resolvida
algebricamente, sendo a solução transformada novamente para o domínio do
tempo.
As equações resolvidas de Mitalas e Arseneault (1971) usadas em
TRNSYS para condução de calor são:
dcb n
j
j
si
jn
j
j
si
jn
j
j
so
j
si qdTcTbq000
(2.13)
dba n
j
j
so
j
n
j
j
si
j
n
j
j
so
j
so qdTbTaq000
(2.14)
Onde j refere-se ao termo da série do tempo, os coeficientes a, b, c, d. são
determinados pelas propriedades do meio analisado usando-se a função z-
transfer presente em Mitalas e Arseneault (1971).
As equações utilizadas por Abadie e Mendes (2007) para o transporte
de umidade são:
)()(),( surpprofprof
surpinsurp
surp
surpsurpdt
dwfM (2.15)
)(),( profsurpprofprof
profprofdt
dwfM (2.16)
onde é a derivada da isoterma de adsorção do material, é o coeficiente
de troca de umidade entre as duas regiões e a zona de ar, M é a massa de
material e ),( f é o fator de correção da umidade relativa e taxa
umidificação.
-
15
A principal característica do fator resposta é a predeterminação da
resposta do meio ou sistema analisado a uma unidade de excitação, o qual
dará uma função de unidade resposta (FUR), que é um sistema de equações
invariantes.
O número de FUR`s irá depender do número de funções excitações
aonde através do teorema da convolução chega-se a FUR equivalente, ou seja,
0
)()()(m
mtEmRFtR (2.17)
Onde )(tR é a resposta no tempo t. RF é o fator resposta do meio no tempo
m (m é a interação a e o passo de tempo) e )( mtE é a excitação no meio.
2.4 Condições de Contorno
A Fig. 2.1 ilustra um modelo físico para representar as condições de
contorno em um envoltório de uma edificação. As condições de contorno são
detalhadas a seguir para cada um dos dois modelos.
Figura 2.1:Condições de contorno nas superfícies e fluxos nas diversas camadas do
Envoltório (IEA Annex 41 – SubTask 1 Report).
Radiação Direta
Radiação difusa
onda curta
Convecção
Radiação absorvida
Condução
Ar
Migração
capilar
Difusão de
vapor
-
16
2.4.1 Modelo Hamstad
Utilizando a condição de contorno de 3ª espécie - fluxo convectivo - tem-se
então para as superfícies externa e interna as seguintes equações de balanço
de energia:
extvlvextlpliqextapaaoLrxc
x
glTcgTcrRqTThx
T,,,0
0
)(
(2.18)
e
- )(
TTh
x
Tlxc
lx
+ ,intint,''
vlvapaaoLr glTcrRq (2.19)
Onde )( fc TTh é o fluxo convectivo, ou seja, a troca de calor entre a
superfície a oeste e leste respectivamente do volume de controle e o ar e ch é
coeficiente de transferência de calor por convecção, , absortividade, rq ,
fluxo de calor por radiação de onda curta, , emissividade, oLR , radiação de
onda longa, liqg , massa de água líquida devido a chuva e Tcr apaa , é o calor
transmitido pela vazão de ar na face externa e interna
Para o balanço de massa tem-se:
extvextV
axvextvextx
vpextv P
TR
rPP
x
Pg ,0,,0, )()(
(2.20)
surfsurfV
avlxvlx
vpv P
TR
rPP
x
Pg
)()( int,,intint, (2.21)
liqxsuc gx
PK
0)( e 0)(
lx
suc
x
PK (2.22)
Onde extvg , é o fluxo de vapor e ar que entra na estrutura, int,vg é o fluxo de
vapor e ar que sai da estrutura, ext é o coeficiente de transferência de vapor
-
17
de água para zona externa, int é o coeficiente de transferência de vapor de
água da zona interna, VR é a constante de Clapeyron para o vapor.
2.4.2 Modelo Umidus
Equação da conservação da energia:
- Face externa (x=0):
, . 0,,,0,00
xvextvextmolrxextextcxv
x
LhRqTThLjx
T
(2.23)
Onde os termos do lado direito da igualdade acima têm a seguinte
correspondência sendo ))0(TT(h extext,c a transferência por convecção, rq é a
radiação solar global absorvida, em x=0, Rol é a radiação de onda longa e
0x,vext,vext,mLh é a mudança de fase.
- Face interna (x=l):
, . 0,,,0,00
xvextvextmolrxextextcxv
x
LhRqTThLjx
T
(2.24)
Onde os termos do lado direito da igualdade acima têm a seguinte
correspondência, sendo )T)n(T(h intint,c a transferência por convecção,
lxvvextmLh ,int,, é a mudança de fase. A parcela intR , correspondente ao calor
trocado por radiação com as superfícies que integram o ambiente interno,
-
18
pode ser estimada através de simulações em um software termo energético de
apoio.
Equação da conservação da massa:
A face externa e interna, da parede é submetida a trocas de massa por
convecção:
- Face externa (x=0):
)()( 0,,
0 xextvl
extmxT
h
x
TD
xD
(2.25)
- Face interna (x=l):
)()( int,int,
lxv
l
m
lxT
h
x
TD
xD
(2.26)
O Modelo Umidus que utiliza a equação clássica de PHILIP e DE VRIES
considera na equação de conservação de energia a mudança de estado líquido
e vapor (vapor – líquido) bem como a transferência por condução
representada pela lei de Fourier. A Equação de conservação da massa
considera a transferência de massa líquida e de vapor.
O modelo Hamstad considera na equação de conservação de energia também
a transferência de calor por condução através da equação de Fourier, bem
como a transferência de calor pela mudança de fase líquido vapor no
transporte difusivo e convectivo. No balanço de massa temos a transferência
-
19
de massa difusiva representada pela lei de Fick, bem como o fluxo convectivo
de vapor dágua e transferência de água liquidam no meio poroso
reperesentado pela lei de Darcy.
Basicamente verifica-se que o modelo Hamstad apresenta como diferencial
em relação ao Modelo Umidus para o balanço de energia, a perda advectiva
através do meio poroso e a transferência de calor devido a mudança de fase
líquido vapor no transporte convectivo. No balanço de massa verifica-se que o
Modelo Hamstad apresenta a migração capilar de água líquida através do
meio poroso como diferencial.
-
20
Capítulo 3
Métodos Numéricos para Solução
dos Modelos de Transferência de
Calor e de Umidade
Neste capítulo, apresentam-se as técnicas de solução dos três modelos de
equações diferencias apresentados no Capítulo 2.
3.1 Algoritmo de Solução de Equações
O Algoritmo a solucionar o conjunto de equações que será discretizado
denomina-se MTDMA (Multi-TriDiagonal Matrix Algorithm) apresentado por
Mendes (1997) e Mendes e Philippi (2003).
A criação de um algoritmo generalizado, para a solução de sistemas de
equações algébricas acopladas, adveio da necessidade de calcular
simultaneamente os perfis térmico e hídrico, reduzindo o efeito de
retardamento e de divergência numérica gerados por termos acoplados
avaliados em função da última iteração. Desta forma, o método se torna
estável, embutindo um maior fundamento físico no método de solução
numérica.
A discretização das equações de conservação no domínio do problema,
resulta em equações algébricas do tipo:
~~.
~.
~. 11 iiiiiii DXCXBXA
(3.1)
-
21
Onde X é o vetor que contém as grandezas de estado. Para o modelo Umidus
ele é definido como:
TX i
~ (3.2)
Ou para o modelo HAMSTAD, ao substituir o conteúdo de umidade pela
pressão parcial de vapor.
T
PX
vi
~ (3.3)
Analogamente ao desenvolvimento do algoritmo TDMA de Thomas. fez-se:
~~.
~1 iiii QXPX
(3.4)
e
~~.
~111
iiii QXPX . (3.5)
Substituindo a equação (3.4) em (3.5), obteve-se:
~~~..
~.
~. 111 iiiiiiiii DQXPCXBXA
(3.6)
Pode-se, portanto, reescrever a equação (3.6) como:
~~.
~.
~.. 111 iiiiiiiii DQCXBXPCA
(3.7)
Escrevendo-se a equação (3.7) de forma explícita para Xi, tem-se:
~~
..~
...~
1
1
11
1
1 iiiiiiiiiiii DQCPCAXBPCAX (3.8)
Finalmente, extraem-se as fórmulas de recorrência:
-
22
iiiii BPCAP ..
1
1 (3.9)
e
~~
..~
1
1
1 iiiiiii DQCPCAQ (3.10)
Diferentemente do tradicional TDMA, os coeficientes do método passam a ser
matrizes-coeficientes cujas linhas relacionam-se às equações governantes.
3.2 Método de Discretização
Utilizou-se neste trabalho o método de volumes finitos com diferenças
centrais e formulação totalmente implícita, seguindo a notação apresentada
por Patankar e o método de solução MTDMA, mostrado acima.
.
Figura 3.1:Volume de Controle para análise de fluxo de calor, ar, umidade em parede 1-D.
W P E
Fluxo de Entrada
Oeste (w)
Fluxo de Saída
Leste (e)
-
23
3.3 Modelo Numérico HAMSTAD
Para transformar as equações (5) e (6) em um sistema linear, necessitam-se
das seguintes transformações:
1) a derivada t
w
em
t
Pv
e
t
T
utilizando-se a regra da cadeia:
onde t
T
T
w
t
P
P
w
t
w
p
v
vT
.
)(
1
TPP sv
e
T
w
é a derivada da curva
de isoterma de equilíbrio do material
2) transformar o gradiente de Pressão de Sucção em gradientes de pressão
parcial de vapor e de temperatura.
Conforme descrito por Hangentoft (2001). o gradiente de pressão de sucção
capilar pode ser descrito por:
P
P
TT
T
P
P
T
P
P
M
RP s
ss
v
w
wsuc ln
(3.11)
Sendo que w é massa específica da água. wM , massa molar da água, R,
constante universal dos gases (constante de Clapeyron), , umidade relativa.
sP , pressão de saturação do vapor, T, temperatura e Pv, pressão de vapor.
Desta forma, obtêm-se as novas formas diferenciais do modelo HAMSTAD
para os balanços de energia e de massa de água:
t
Tc
x
P
TR
lr
x
P
xl
x
Tcr
x
T
x
v
v
ivavpivapaa
0, )( (3.12)
x
P
x
vp -
x
P
TR
r v
v
a
x
P
P
T
x
T
T
P
P
T
P
P
M
RK vs
ss
v
w
w ln
=
t
T
T
w
t
P
P
w
p
v
vT
(3.13)
Por outro lado, para os pontos internos (P) da parede tem-se:
-
24
00
,,
,,
,0
][
])([]2
)[(
]2
)([]2
)[(
)]()([])()[(
p
v
lvaep
lvEvapaae
E
v
lvawp
lvWvapaaw
W
wp
lvep
lvpvew
p
Tt
cx
TR
lr
xlP
cr
xT
TR
lr
xlP
cr
xT
xl
xlP
t
cx
xxT
(3.14)
0,
,
,
)]([
]2
)[()])(ln([
]2
[}]){ln([
)]([
}]){ln(}){ln([
Pv
v
a
w
wwwp
Wvs
ssv
w
w
www
V
a
vw
weep
Es
ssv
v
w
weE
vw
ww
vw
wewpep
pv
s
ss
v
w
wes
ss
v
w
wwp
Pt
x
p
w
TR
r
P
T
xM
RK
xP
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKT
TR
r
P
T
xM
RK
xP
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKT
t
x
p
w
P
T
xM
RK
P
T
xM
RK
xxP
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKT
(3.15)
Abaixo, apresenta-se as equações linearizadas, dos balanços de energia
e de massa, para a superfície externa da parede (x = 0):
extv
extv
TR
P
alvextlpliqoLrlvextextvP
extcapaaextv
lvaep
lvEvapaae
E
extlvv
lvaep
lvpvapaa
extce
p
rlTcgRqlPTt
cx
hcrTTR
lr
xlP
cr
xT
lTR
lr
xlP
t
xccrh
xT
,
,',00
,,,,
,0,
.
][]2
[
][]2
)([]2
)[(
]2
)([]22
[(
(3.16)
extvext
liqext
w
v
w
e
extvw
eev
w
e
PT
vR
ar
gPv
Pt
x
p
wextv
P
Tv
R
ar
P
T
xMw
Re
K
x
ep
EvP
dT
sdP
sP
T
sP
P
xMw
RK
ET
t
x
p
w
Tv
R
ar
P
T
xMw
RK
x
p
pvP
dT
sdP
sP
T
sP
P
xMw
RK
pT
,0,
]2
[][,
]2
[,
}]){ln([
)]2
(2
[,
}]){ln([
(3.17)
E para a superfície interna(x=L) :
-
25
olrlvvPc
v
lvawlvWv
apaawW
v
lvalv
plvpv
apaac
wp
RqlPTt
cxhT
TR
lr
xlP
cr
xT
TR
lrl
xlP
crh
t
xc
xT
''][]2
[][
]2
)2
([]2
)[(
]2
)([]22
)[(
intint,00
int,int
,,
int,,
int,0
(3.18)
][)]2
([
]2
[])(ln([
)]2
(2
[
]})(ln({[
intint0
int,
mP
v
a
w
wtwwp
Ws
ss
v
w
wwW
v
am
vw
wwp
pv
s
ss
v
w
wtwp
BPPt
x
p
w
TR
r
P
T
xM
RK
xP
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKT
t
x
p
w
TR
rB
P
T
xM
RK
xP
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKT
w
(3.19)
Desta forma, podem ser definidos os coeficientes do MTDMA para os pontos e,
intermediário, externa e interna.
Para pontos intermediários das diversas camadas, tem-se:
A (i) =
t
cx
xxl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RKK
t
x
p
w
P
T
xM
RKK
x
wewpep
lv
s
ss
v
w
wwe
vw
wwewpep
0)()(
))(ln()(
)()(
(3.20)
B(i) =
2)(
2)(
))(ln(2
,apaae
v
lvaep
lv
s
ss
v
w
we
v
a
vwt
wteep
cr
xTR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
TR
r
P
T
xM
RK
x
(3.21)
-
26
C(i) =
2)(
2)(
))(ln(2
,apaaw
v
lvawp
lv
s
ss
v
w
ww
v
a
vw
wwwp
cr
xTR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
TR
r
P
T
xM
RK
x
(3.22) D(i) =
00
0,
][
)]([
p
Pv
Tt
cx
Pt
x
p
w
(3.23)
Para o ponto na superfície exterior da parede (x = 0). tem-se:
A (0) =
2)(
2)(
))(ln()2
(2
,0,
apaa
extce
extlvv
lvaep
lv
s
ss
v
wt
wte
vv
aext
vw
weep
cr
t
cxh
xl
TR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
t
x
P
w
TR
r
P
T
xM
RK
x
(3.24)
B(0)=
2)(
2)(
)(ln(2
,apaae
v
lvaep
lv
s
ss
v
w
we
v
a
vwt
wteep
cr
xTR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
TR
r
P
T
xM
RK
x
(3.25)
C(0)=
00
00 (3.26)
-
27
D(0) =
extlpliqolrapaacextextlvextvp
extvv
lvaextextvliqPv
TcgRqcrhTlPTt
cx
PTR
lrPgP
t
x
p
w
,,,00
,,0,
][][]2
[
2][)]
2([
(3.27)
E para o ponto na superfície interna da parede (x = L). tem-se:
A(n) =
2)(
2)(
))(ln()2
(
,0int,int
int
apaac
wlv
v
lvawp
lv
s
ss
v
wt
wtw
vwt
wtwwp
cr
t
cxh
xl
TR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
t
x
p
w
P
T
xM
RK
x
(3.28)
B(n)=
00
00 (3.29)
C(n) =
2)(
2)(
))(ln(2
,apaaw
v
lvawp
lv
s
ss
v
wt
wtw
v
a
vwt
wtwwp
cr
xTR
lr
xl
dT
dP
P
T
P
P
xM
RK
TR
r
P
T
xM
RK
x
(3.30)
D(n) =
olrclvvp
vPv
RqhTlPTt
cx
PPt
x
p
w
''][]2
[
][)]2
([
int,intintint,00
intint,0,
(3.31)
-
28
3.4 Modelo Numérico Umidus
Os coeficientes abaixo, com índice i, referem-se aos pontos
intermediários, ou seja, da 2ª camada até penúltima camada:
A (i) =
t
xc
x
LD
xx
LD
xx
D
x
DL
x
D
x
D
x
D
x
D
t
x
mw
TVw
w
w
e
TVe
e
e
w
Vw
e
Vel
w
Tw
e
Te
w
w
e
e
0
(3.32)
B (i) =
e
TVe
e
e
e
Vel
e
Te
e
e
x
LD
xx
DL
x
D
x
D
(3.33)
C (i) =
w
TVw
w
w
w
Vwl
w
Tw
w
w
x
LD
xx
DL
x
D
x
D
(3.34)
D (i) =
00
0
Pm
P
Tt
xc
t
x
(3.35)
-
29
Os coeficientes abaixo, com índice 0, referem-se ao lado oeste, ou seja,
da 1ª camada:
A (0) =
extm,ext1,extextm,ext2,
extm,ext1,
extm,ext2,
hLMhhLM
hM
hM
2..0
2
e
TVel
e
e
e
Vel
le
Te
le
e
x
DL
xx
DL
x
D
x
D
t
xmc
t
x
(3.36)
B (0) =
e
TVel
e
e
e
Vel
e
Te
e
e
x
DL
xx
DL
x
D
x
D
.... (3.37)
C(0) =
00
00 (3.38)
D (0) =
)0(..2
..MMM..
)0(2
MMM
00xt3,xtxt2,xtxt1,xt,xtxt
0xt3,xtxt2,xtxt1,
,
Tt
xcThLRqTh
t
xT
h
meeeeeemolree
eeeeel
extm
(3.39)
-
30
Os coeficientes abaixo, com índice n, referem-se ao lado leste, ou seja,
da última camada:
A (n) =
intm,int1,intintm,int2,
intm,int1,
intm,int2,
hLMhhLM
hM
hM
20
2
w
TVwl
w
w
w
Vwl
lw
Tw
lw
w
x
DL
xx
DL
x
D
x
D
t
xmc
t
x
(3.40)
B(n) =
00
00 (3.41)
C (n) =
w
TVwl
w
w
w
Vwl
w
Tw
w
w
x
DL
xx
DL
x
D
x
D
.... (3.42)
D (n) =
)(..2
..MMM..
)(2
MMM
00int3,intint2,intint1,int,intint
0int3,intint2,intint1,
int,
nTt
xcThLTh
nt
xT
h
mm
l
m
(3.43)
-
31
Capítulo 4
Experimento com solo em
Laboratório
Evaporação é um dos componentes do ciclo hidrológico e permanece o
desafio em quantificar. A taxa de movimento da água para superfície em
particular tempo é determinado pela condutividade hidráulica do solo,
potencial para a evaporação superficial e temperatura do solo e água. Neste
sentido, foi realizado no Laboratório de Sistemas Térmicos (LST) um
experimento para determinar a taxa de evaporação bem como o decréscimo de
conteúdo de umidade na profundidade de 10 mm., usando-se sensores de
conteúdo de umidade e de temperatura.
O solo utilizado em experimento de laboratório foi retirado da região do
Horizonte A, área de Boa Vista na cidade de Campo Largo, região
metropolitana de Curitiba, Paraná. Utilizou-se este solo num tubo de
Policloreto de Vinila (PVC) com 300 mm. de comprimento e 70 mm. de
diâmetro, fechando-se a parte inferior com tampa do mesmo material e
realizando uma furação na parte de cima do tubo na posição de 10 mm. para
inserção de um sensor de conteúdo de umidade, enquanto, no lado oposto do
tubo, outro furo foi feito na mesma posição e um Termopar do tipo-T é
introduzido alcançando o centro do tubo. Da mesma forma, foram feitos
outros três furos para inserção de sensores nas as profundidades de 100 mm.,
180 mm. e 260 mm..
Utilizou-se o sensor de umidade EC-5 Decagon Aquameter que é um
sensor capacitivo de medição de conteúdo de água volumétrico com dimensões
de 5 cm x 2 cm com uma precisão de ±3%. A freqüência de medição foi
programada para ser de 1 hora.
-
32
O solo seco do tipo aluvião arenoso foi passado em uma peneira de 2
mm, encharcado em um container com água e deixado por algumas horas
para secar até atingir um determinado conteúdo de umidade. A amostra de
solo foi então cuidadosamente embalada no tubo até sua parte superior. O
sensor foi conectado em um aparelho EM-50 para realizar a aquisição
continua dos dados. O tubo foi colocado verticalmente e montado sobre uma
balança de pesagem Geada BK4000 e programado pelo computador usando o
software Labview para contínuas pesagens do tubo. O dispositivo foi
posicionado na câmara do calorímetro do Laboratório de Sistemas Térmicos
na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no local que o set-up da
câmara permanece em 50% (± 3º %) de umidade relativa e 20ºC (± 2º C)
temperatura durante a medição de 48 horas.
Figura 4.1:Foto do experimento na câmara do calorímetro.
-
33
As condições de contorno e inicial para umidade relativa e temperatura são
apresentadas através do gráfico abaixo, apresentando a umidade relativa e
temperatura da câmara para 48 horas de ensaio. Estes dados foram medidos
com um sensor RHT-DN Marca Novus, também mostrados na Figura 4.1, ao
lado da balança. Na Figura 4.2, apresenta-se a temperatura medida por um
termopar na superfície superior do solo, mostrando a pequena variação de
temperatura entre ar e esta superfície.
Figura 4.2: Condições de contorno e inicial para simulações.
Verifica-se na Figura 4.3 que a taxa de evaporação alcança o seu maior
pico nas primeiras horas, devido à grande quantidade de umidade existente
no solo e também devido às condições constantes de temperatura e de
umidade relativa existente na câmara. Após as primeiras 4 horas vê-se uma
diminuição no patamar da taxa de evaporação até as 36 horas onde ocorre
uma nova queda de patamar. Ocorre após as 36 horas de ensaio uma secagem
do solo na superfície diminuindo provavelmente os valores de condutividade
hidráulica e aumentando a permeabilidade do vapor de água através da
superfície do solo.
0
5
10
15
20
25
0 3 6 9 12 14 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48
Tempo (h)
Te
mp
era
tura
(°C
)
46
47
48
49
50
51
52
53
54
Um
ida
de
Re
lativ
a (%
)
Tsurf Tar U.R.
-
34
Figura 4.3:Taxa de evaporação do solo em experimento na câmara.
0.0E+00
5.0E-07
1.0E-06
1.5E-06
2.0E-06
2.5E-06
3.0E-06
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
Tempo (h)
Tax
a d
e E
vap
ora
çã
o (
kg
m-2s
-1)
-
35
Capítulo 5
Resultados
Os resultados apresentados nesta seção seguem uma série progressiva de
comparações entre os modelos Hamstad, Umidus e TRNSYS e soluções analíticas.
Por fim, uma comparação com experimento de transferência de calor e de
umidade em laboratório é apresentada. A subseção 5.1 apresenta um comparativo
entre os três modelos numéricos para a transferência de calor pura (subseção 5.1.1)
e para transferência isotérmica de umidade (subseção 5.1.2).
Na subseção 5.2, ilustra-se um processo de secagem isotérmica com dados da
literatura obtidos por diversas instituições de pesquisa e, por último, compara-se
com um processo de secagem do solo testado no LST (Laboratório de Sistemas
Térmicos) com propriedades altamente dependentes do conteúdo de umidade. Para
esses dois casos não foi possível simular com o TRNSYS devido à variabilidade das
propriedades.
-
36
5.1 Análise Comparativa entre Três Métodos de
Transferência de Calor e Umidade
5.1.1 Transferência de calor Pura através de um Envoltório
Nos casos 1, 2 e 3, dois materiais são analisados nestes exercícios
conforme Tabela 5.2. Não existe variação das propriedades do material com a
temperatura e a pressão, o que induziria a variação do conteúdo de umidade,
não se podendo levar em conta nos exercícios de transferência Térmica pura
(Casos 1, 2, 3). As condições de contorno são baseadas no ASHRAE Test Suíte
(2001). As dimensões de 0,04 m. e 0,25 m. são escolhidas para testar a faixa
de inércia térmica encontrada em edificações. Como parâmetro de simulação
foi utilizado o passo de tempo de 60 s e o comprimento do volume de controle
de 0,1mm.
Caso 1
Neste caso de condução transiente aparece como condição de contorno a zona
interna adiabática e a zona externa com uma perturbação como mostrada na Figura
5.4. A temperatura inicial no envoltório e zona externa é de T0 = 20 ºC e a
perturbação no instante t0=0 é de T1= 35 ºC . O coeficiente de convecção na face
externa é de 24,7 W m-2 K-1.
Tabela 5.1: Propriedades Térmicas do material da parede.
Material λ (W m-1 K-1 ) ρ (Kg m-3) c ( J kg-1 K-1)
Concreto 1.13 1400 1000
Isolante 0.04 10 1400
-
37
Figura 5.1: Condições de Contorno para as faces internas e externas do envoltório o caso 1.
Resultados Caso 1
As Figuras 5.5 e 5.6 apresentam resultados de simulação de transferência
de calor para o concreto e para o isolante. Nota-se uma boa concordância
entre os três modelos numéricos e a solução analítica, tanto para a face
interna (TSI) como externa (TSO). No entanto, o modelo Hamstad apresentou
leve divergência na face interna da parede do isolante. Comparando-se os
tempos de simulação para estabelecer o regime permanente, evidencia-se a
grande diferença da inércia térmica entre os dois materiais.
Concreto: L = 0.25m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (h)
Te
mp
era
tura
(°C
) TSI -Sol.AnalíticaTSI -TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol. Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.2: Resultado do envoltório de concreto de 0,25 m. com face interna do envoltório
adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante.
h
h
Interna Externa
0 L x
TSI
TSO
Text
T1
T0
0 t0
t (h)
-
38
Isolante: L = 0.25m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (h)
Tem
pera
tura
(°C
) TSI - Sol.Analítica
TSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol.Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.3: Resultado do envoltório isolante de 0,25 m. com face interna do envoltório
adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante
Os resultados apresentados para espessura de 0,04 m. para a parede de
concreto encontram-se na Figura 5.4, onde nota-se um melhor desempenho do
modelo Hamstad tanto para face interna (TSI) como para face externa (TSO).
Para o isolante (Figura 5.5) de espessura 0,04 m., podemos perceber um
melhor desempenho do modelo Umidus que segue a proposta analítica tendo
em seguida o modelo TRNSYS e Hamstad um desempenho muito próximo. No
caso da espessura de 0,04 m., observa-se que a inércia térmica diminui entre
a face interna e externa, existindo uma pequena diferença no envoltório de
concreto e nenhuma no envoltório de isolante.
-
39
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Te
mp
era
tura
(°C
) TSI - Sol.Analítica
TSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol.Analítica
TSO -TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.4: Resultado do envoltório de isolante de 0,04 m. com face interna do envoltório
adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante.
Isolante: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Time (h)
Te
mp
era
ture
(°C
) TSI - Sol.Analítica
TSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - HAMSTAD
TSO - Sol.Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.5: Resultado do envoltório de isolante de 0,04 m. com face interna do envoltório
adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante.
-
40
Nas figuras 5.6 até 5.8, observa-se que a desempenho de cada modelo
segundo os passos de tempo de 3, 15, 30 e 60 min.. O modelo Umidus
apresenta um desempenho mais apurada e convergindo exatamente ao longo
da diminuição do tempo para a solução analítica. Os outros dois modelos
apresentam uma boa convergência para a solução analítica com a diminuição
do passo do tempo.
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Time (h)
Te
mp
era
ture
(°C
)
TSI - PT=03min - Sol. Analítica
TSI - PT=60 min - TRNSYS
TSI - PT=30 min - TRNSYS
TSI - PT=15 min - TRNSYS
TSI - PT=03 min - TRNSYS
Figura 5.6: Evolução dos resultados obtidos pelo TRNSYS para diversos passos de tempo com
face interna do envoltório adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante.
-
41
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Time (h)
Tem
pera
ture
(°C
)
TSI - PT=03 min - Sol. Analítica
TSI - PT=60 min - Umidus
TSI - PT=30 min - Umidus
TSI - PT=15 min - Umidus
TSI - PT=03 min - Umidus
Figura 5.7: Evolução dos resultados obtidos pelo Umidus para diversos passos de tempo com
face interna do envoltório adiabática e face externa do envoltório com perturbação constante.
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Te
mp
era
tura
(°C
)
TSI - PT=03 min - Sol. Analítica
TSI - PT=60 min - Hamstad
TSI - PT=30 min - Hamstad
TSI - PT=15 min - Hamstad
TSI - PT=03 min - Hamstad
Figura 5.8: Evolução dos resultados obtidos pelo Hamstad para diversos passos de tempo
com face interna do envoltório adiabática e face externa do envoltório com perturbação
constante.
-
42
Caso 2
Neste caso de condução transiente, utiliza-se na Figura 5.10, como
condição de contorno a zona interna com temperatura constante T0 = 20ºC,
coeficiente de convecção de 3,2 W m-2 K-1, e a zona externa com uma
perturbação como mostrada na Figura 5.12. A temperatura inicial na zona
externa, interna e no envoltório é de T0 = 20ºC e a perturbação no instante
t00 é de T1= 35 ºC. O coeficiente de convecção na zona externa é de 24,7 W
m-2 K-1
Figura 5.9: Condições de Contorno para as zonas internas e externas do envoltório do caso 2.
Resultados do Caso 2
Para o envoltório de concreto de 0,25 m, verifica-se na Figura 5.10
como no caso 1, que os três modelos seguem a solução analítica tanto para a
face do envoltório interna (TSI) como a externa (TSO), podendo-se dizer o
mesmo para o isolante de 0,25m.. Verifica-se também o efeito da inércia
térmica e o efeito da convecção na zona interna, devido a diminuição da
Temperatura (TSI) em relação ao caso 1.
h
hext
Interna Externa
0 L x
TSI TSO
Tex
t T1
T0
0 t0
t (h)
h
hint
Tint= T0
-
43
Concreto: L = 0.25m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 8 16 24 32 40 48
Tempo (h)
Tem
pera
tura
(°C
) TSI - Sol. AnalíticaTSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol. Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.10: Resultado do envoltório de concreto de 0,25 m. com zona interna com
temperatura constante e zona externa com perturbação constante.
Conforme Figura 5.11, verifica-se uma evolução da temperatura no isolante
igual para os três modelos, tanto para a face interna (TSI), como para a face
externa (TSO).
Isolante: L = 0.25m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (h)
Tem
pera
tura
(°C
) TSI - Sol. AnalíticaTSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol. Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.11: Resultado do envoltório isolante de 0.25 m com zona interna com temperatura
constante e zona externa com perturbação constante.
-
44
Para o concreto de 0,04 m. Figura 5.12, tem-se que o modelo Hamstad
apresenta uma evolução melhor que os dois outros modelos, tanto para a face
externa (TSO) como para a face interna (TSI). Para o isolante. Figura 5.16,
todos os modelos seguem a solução analítica, tanto para a face externa (TSO)
quanto para a face interna (TSI)
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Tem
per
atu
ra (
°C) TSI - Sol.Analítica
TSI - TRNSYS
TSI - UMIDUS
TSI - Hamstad
TSO - Sol.Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - UmIdus
TSO - Hamstad
Figura 5.12: Resultado do envoltório de concreto de 0.04 m com zona interna com
temperatura constante e zona externa com perturbação constante.
Isolante: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Tem
per
atu
ra (
°C) TSI - Sol.Analítica
TSI - TRNSYS
TSI - Umidus
TSI - Hamstad
TSO - Sol.Analítica
TSO - TRNSYS
TSO - Umidus
TSO - Hamstad
Figura 5.13: Resultado do envoltório isolante de 0.04 m com zona interna com temperatura
constante e zona externa com perturbação constante.
-
45
Nas Figuras 5.14, 5.15, e 5.16 apresentam-se a evolução de temperatura
com cada modelo conforme a diminuição do passo de tempo de 60 min. até 3
min., para o concreto de 0,04 m. Todos os modelos convergem para a solução
analítica de passo de tempo 3 min. cuja temperatura de regime é em torno de
32º C.
Concreto: L = 0.04m
20
22
24
26
28
30
32
34
36
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (h)
Te
mp
era
tura
(°C
)
TSI - TS=03 min Sol. Analítica
TSI - TS=60 min - TRNSYS
TSI - TS=30 min - TRNSYS
TSI - TS=15