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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP JEFFERSON RODRIGUES DE SOUSA O ESPORTE NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE SÃO PAULO 2012

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Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP ... Rodrigue… · Teoria Crítica e o esporte: a visão de Theodor W. Adorno em alguns textos do livro “Educação e Emancipação”

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

JEFFERSON RODRIGUES DE SOUSA

O ESPORTE NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O

POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

SÃO PAULO

2012

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JEFFERSON RODRIGUES DE SOUSA

O ESPORTE NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O

POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES

Dissertação apresentada à Banca examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

como exigência parcial para a obtenção do título de

MESTRE em Educação: História, Política,

Sociedade, sob a orientação do prof. Dr. Carlos

Antonio Giovinazzo Júnior.

SÃO PAULO

2012

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BANCA EXAMINADORA

________________________________________

________________________________________

________________________________________

São Paulo,_______de_________________de 2012.

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AGRADECIEMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Carlos Antonio Giovinazzo Junior, pela sabedoria transmitida

em sala de aula e em suas orientações, me propondo novas visões e reflexões. Obrigado

pela paciência e calma que sempre transmite a seus alunos e orientandos;

Ao professor Odair Sass, pelas contribuições feitas a esta pesquisa, pelo aprendizado em

suas aulas, principalmente as aulas de estatística;

À professora Maria Angélica Pedra Minhoto pela disponibilidade de fazer parte de da

banca de qualificação e pelas riquíssimas contribuições;

Aos professores do Programa de Estudos Pós-Graduação em Educação: História,

Política, Sociedade, todo o meu reconhecimento, em especial a professora Claudia

Stella;

À Betinha, secretaria do programa EHPS, que trata todos com carinho e atenção,

obrigado pela a ajuda recebida desde o inicio;

Aos colegas Ana Lúcia, Claudia, Fabiane, Karine, Luiz Antonio, Maria Fernanda,

Mariza, Michelle e Tatiana, com os quais convivi durante todo o período do mestrado;

Aos professores participantes desta pesquisa;

À Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, pelo incentivo inicial com a Bolsa

Mestrado;

À CAPES e CNPq, pelo apoio financeiro para a realização desse sonho;

Aos meus pais, pelo amor e pelo incentivo constante ao meu crescimento pessoal e

profissional;

Á Ricardo Heleno pelo ajuda indireta que deu para a realização deste trabalho;

Aos meus verdadeiros amigos que sempre acreditaram, incentivaram e torceram para a

realização do meu sonho.

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RESUMO

Este trabalho visa analisar qual a atitude de professores de Educação Física do Ensino

Fundamental, que atuam em escolas estaduais localizadas na zona leste da cidade de

São Paulo, pertencentes à diretoria de ensino Leste 2, frente a temas como o esporte e a

Educação Física na escola. A pesquisa tem a intenção de examinar como a instituição

escolar realiza os processos e práticas educacionais, visando à formação e educação dos

sujeitos envolvidos. O objetivo geral foi analisar a tendência presente nas atitudes dos

professores de Educação Física em relação à Educação Física na escola e ao esporte

como conteúdo da Educação Física Escolar. Os objetivos específicos são: verificar se

ocorre a predominância da perspectiva esportivista na Educação Física Escolar, a partir

do modo como os professores se posicionam em relação às suas aulas; analisar os

valores e papéis atribuídos ao esporte na educação física escolar (educacionais,

vinculados à promoção da cidadania, rendimento esportivo, promotores da saúde);

analisar, à luz da Teoria Crítica, o esporte no contexto da indústria cultural, a partir do

modo como os professores estabelecem o vínculo entre esporte e indústria cultural;

analisar a educação do corpo e formação do indivíduo, tendo como referência o modo

como os professores se manifestam sobre a Educação Física na escola; analisar a

ambiguidade do esporte e como se apresenta no posicionamento dos professores;

analisar a função do esporte de acordo com os professores. Os instrumentos elaborados

para a realização desta pesquisa foram um questionário para registro dos dados pessoais

dos professores de educação física e uma escala da atitude do tipo Likert. O

procedimento adotado visou verificar o grau de adesão ao esporte, com o

estabelecimento de correlações submetidas a testes estatísticos. Para uma compreensão

mais detalhada do fenômeno esporte e das escalas de atitude, a base para a discussão

dos resultados foi a Teoria Crítica. Pretendeu-se, por fim, a discussão do papel do

esporte na Educação Física Escolar, o que, por conseqüência, permitiu a reflexão acerca

do papel da Educação Física na escola e o papel da escola na formação do indivíduo. A

análise dos dados indica que os professores tendem a utilizar o esporte como principal

conteúdo de suas aulas, atribuindo valores e papeis ligados ao desenvolvimento dos

alunos, à promoção da saúde e da cidadania, ao respeito às regras, além de vinculação

estabelecida com a indústria cultural. No entanto, também se verificou a atitude

ambivalente, uma vez que existe uma tendência, entre os professores, de

reconhecimento dos limites do esporte no que diz respeito à formação.

Palavras-chave: educação física escolar, esporte, teoria crítica da sociedade.

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ABSTRACT

The aim of this study was to analyze what the disposition of attitude of Physical

Education teachers of elementary school, working in public schools located in the

eastern region of the city of São Paulo, belonging to the board of education Leste 2,

with subjects like sports and Scholar Physical Education. The research aimed to

investigate how school conducts educational processes and practices, aimed at training

and education of the individuals involved. The objective of this project was to analyze

the present trend in the attitudes of physical education teachers in relation to Physical

Education and Sports in school as content of Physical Education. The specific

objectives were: to determine whether there is a predominance in the sporting

perspective in Physical Education, from how teachers are positioned in relation to their

lessons, analyze the roles and values attributed to sports in physical education

(education, linked to promoting citizenship, sports performance, health promoters);

consider, in light of Critical Theory, sports in the context of the cultural industry, from

how teachers establish the link between sports and culture industry, to analyze the

education of the body and formation of the individual, with reference to the way

teachers are manifested on the physical education at school; to analyze the ambiguity of

the sports and as shown in the positioning of the teachers to analyze the role of sports in

accordance with the teachers. The instruments developed for this research was a

questionnaire to collect personal data of physical education teachers and a range of

attitudes in the form of Likert-type propositions. The adopted procedure aimed at

verifying the degree of adherence to the sport, with the establishment of correlations

subjected to statistical tests. For a more detailed understanding of the phenomenon of

sport and attitude scales, the basis for the discussion of the results was Critical Theory.

It was intended, finally, the discussion of the role of sports in physical education, which,

consequently, allowed the reflection on the role of physical education at school and the

school's role in individual formation. The main findings were that teachers tend to use

sports as the main content of their lessons, assigning values and roles as related to

educational development of students, health promotion and citizenship, respect for

rules, linking the sports to the cultural industry. Data analysis indicates that teachers

tend to use sport as the main content of their lessons, assigning roles and values linked

to the development of students, health promotion and citizenship, respect rules, and

established ties with industry cultural. However, it was also found ambivalent attitude,

because there is a tendency for teachers to recognize the boundaries of the sport in

respect of the formation.

Keywords: Physical Education, Sport, Critical Theory of Society.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 01

CAPÍTULO I – O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR................

03

1.1. Apresentação do tema. 03

1.2. Revisão Bibliográfica. 06

1.2.1 Dimensão, classificação e finalidade do esporte. 09

1.2.2. Esporte Espetáculo e a sua relação com a TV.

13

1.3. Referencial Teórico – Conceitos. 15

1.3.1. Teoria Crítica e o esporte: a visão de Theodor W. Adorno em

alguns textos do livro “Educação e Emancipação”.

15

1.3.2. Indústria Cultural. 19

1.3.3. Ambiguidade do Esporte.

21

1.4. Delimitação do Problema de Pesquisa.

22

1.5. Método 23

1.5.1. Plano de Amostragem. 23

1.5.2. Critérios para a elaboração da escala. 24

1.5.3. A elaboração da escala geral “Adesão ao esporte”. 24

1.5.4. Índice de Discriminação. 25

1.5.5. Coeficiente de Correlação de postos de Spearman. 28

1.5.6. Coeficiente alfa (α) de Cronbach.

31

CAPÍTULO II – O POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES DE

EDUCAÇÃO FÍSICA.............................................................................................

36

2.1. Caracterização da amostra 36

2.2. Análise do posicionamento dos professores 47

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2.2.1. A escala “Adesão ao Esporte”. 47

2.2.2. Subescala I: “Conteúdo Pedagógico”. 49

2.2.3. Subescala II: “Conteúdo Moral”. 51

2.2.4. Subescala III: “Tendência no Esporte”. 53

2.2.5. Subescala IV: “Ambiguidade no Esporte”. 54

2.2.6. Escala Geral “Adesão ao Esporte”.

56

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

60

ANEXO I................................................................................................................

66

ANEXO II................................................................................................................ 69

ANEXO III................................................................................................................ 79

ANEXO IV............................................................................................................... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Total de dissertações e teses levantadas no banco da Capes, com indicação

daqueles que tratam das aulas de Educação Física – pg. 4.

Tabela 2 - Divisão dos grupos – pg. 26.

Tabela 3 - Discriminação dos itens – pg. 27.

Tabela 4 - Cálculo da correlação entre o item e sua respectiva escala - simulação – pg.

29.

Tabela 5 - Coeficiente de Correlação de Postos d Spearman – pg. 30

Tabela 6 - Variância dos itens – pg. 31.

Tabela 7 - Alfa de Cronbach – pg. 32.

Tabela 8 - Item com indicação da subescala a que cada item pertence – pg. 33.

Tabela 9 - Professores por sexo, com indicação de proporção – pg. 36.

Tabela 10 - Professores por faixa etária, com indicação de proporção – pg. 37.

Tabela 11 - Estado civil dos professores, com indicação de proporção – pg. 37.

Tabela 12 - Instituição superior que se formou, com indicação de proporção – pg. 38.

Tabela 13 – Professores que possuem curso de pós graduação, com indicação de

proporção – pg. 38.

Tabela 14 - Tempo no magistério com indicação de proporção – pg. 39.

Tabela 15 - Tempo na rede estadual com indicação de proporção – pg. 40.

Tabela 16 - Tempo do professor na escola com indicação de proporção – pg. 41.

Tabela 17 – Situação funcional dos professores com indicação de proporção – pg. 41.

Tabela 18 – Complementação de renda com indicação de proporção – pg. 42.

Tabela 19 – Horas de trabalho dos professores, com indicação de proporção – pg. 42.

Tabela 20 – Quantidade de escola que trabalha, com indicação de proporção – pg. 43.

Tabela 21 – Participação dos professores em times/grupos de atividade, com indicação

de proporção – pg. 43.

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Tabela 22 - Atleta profissional ou amador, com indicação de proporção – pg. 44.

Tabela 23 – Condições de trabalho que o professor leciona com indicação de proporção

– pg. 44.

Tabela 24 – Condições do espaço que o professor leciona com indicação de proporção

– pg. 45.

Tabela 25 – Condições dos materiais que o professor encontra na escola, com indicação

de proporção – pg. 46.

Tabela 26 – Apoio pedagógico, equipe gestora e entrosamento com outros professores

em relação ao seu trabalho como professor com indicação de proporção – pg. 46.

Tabela 27 - Resultados da escala geral por subescala – pg. 48.

Tabela 28 - Resultados da subescala I: “Conteúdo pedagógico” – pg. 49.

Tabela 29 - Resultados da subescala II: “Conteúdo moral” – pg. 51.

Tabela 30 - Resultados da subescala III: “Tendência no Esporte” – pg. 53.

Tabela 31 - Resultados da subescala IV: “Ambiguidade do Esporte” – pg. 55.

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1

INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos cincos anos, como professor de Educação Física na rede

estadual de ensino de São Paulo, vivi constantemente cercado de inquietações a respeito

do esporte nas aulas de Educação Física. Na verdade, essas inquietações me

acompanham desde o início de minha formação quando decidi estudar Educação Física:

persiste ainda hoje o preconceito em relação à área – é um “curso para jogar bola” –, o

que enseja a identificação da educação física com a prática esportiva. Sempre tive uma

visão de que a educação física poderia ir além do esporte, pois tive alguns professores

que mostraram que as aulas poderiam extrapolar os limites da quadra.

Esta investigação não se configura como uma crítica ao trabalho dos professores

da rede estadual de ensino, mas em uma tentativa de examinar aquilo que expressam em

relação ao esporte como conteúdo de suas aulas.

A escola conforma os corpos e as mentes das crianças e jovens, ao mesmo tempo

em que o propósito de ensinar e transmitir os conhecimentos acumulados traz a

possibilidade de esclarecimento, mesmo que ainda restrita. Ao ingressar no magistério,

acreditava ser possível fazer a diferença, questionando e instigando o debate nos

espaços da escola - sala de aula e dos professores. No entanto, foi comum ouvir de

professores veteranos que no início tudo é bonito e que, com o passar do tempo,

acabaria “rolando a bola” para os alunos. Evidentemente não se trata de ser contra o

esporte nas aulas, até porque possuo formação de atleta na modalidade de Voleibol, mas

a simples reprodução de práticas sem a reflexão crítica pode contribuir para a

perpetuação de tendências que obstaculizam a formação dos alunos. Esse era o cerne de

meu questionamento, que evoluiu com o passar do tempo, resultando nesta pesquisa

sobre a disposição dos professores em relação a temas como esporte e Educação Física

Escolar.

Esta pesquisa1 especificamente vincula-se ao projeto: Teoria Crítica, Educação e

Psicologia sob a coordenação do Professor Doutor Odair Sass. O objetivo desse projeto

é investigar as relações da Psicologia com a Educação, sob a referência principal da

1Esta pesquisa está articulada à linha de pesquisa Escola e Cultura: Perspectivas das Ciências Sociais do

Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade da PUCSP e abriga

estudos que investigam como a instituição escolar realiza os processos e práticas educacionais visando à

formação e educação dos sujeitos envolvidos.

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teoria crítica da sociedade. Nesse sentido, o referido projeto utiliza os estudos analíticos

e as pesquisas sociais empíricas levados a cabo pelos autores da primeira geração da

teoria crítica da sociedade – referidos particularmente à dialética de Hegel, à crítica da

economia política de Karl Marx, bem como aos autores da Psicologia e da Sociologia

contemporâneos a eles –, dos quais há de se destacar: Herbert Marcuse (1898-1979),

Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969), autores que

proporcionam a base conceitual e teórica para a realização de investigações teóricas e

empíricas que tenham como objeto de estudo a relação entre a Psicologia, a Educação e

a Educação Escolar.

Este relatório de pesquisa está dividido em dois capítulos, além da introdução,

considerações finais e dos anexos. Nesta introdução é apresentada a pesquisa e as

motivações que levaram a ela. No Capítulo I apresenta-se o tema desta pesquisa, a

revisão bibliográfica, o referencial teórico adotado junto com os conceitos e a

delimitação do problema de pesquisa, o plano de amostragem, os critérios para a

elaboração do instrumento de coleta de dados (uma escala de atitude), além do estudo

piloto para a validação da escala. O Capítulo II apresenta o plano de trabalho e os

resultados, tomando como referência os conceitos da teoria crítica da sociedade, a fim

de compreender as tendências manifestadas pelos professores em relação ao esporte.

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3

CAPÍTULO I: O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

1.1 Apresentação do Tema

A Educação Física escolar é definida na LDB/96 e nas diretrizes curriculares

para o ensino fundamental e médio como um componente curricular. A partir dessa

consideração, entende-se que a função da Educação Física na escola está vinculada a

proposta de educar as crianças e adolescentes para que compreendam a realidade em

que vivem a partir de sua especificidade: a cultura de movimento humano. É feita a

crítica, por estudiosos da área, à Educação Física como treinamento, mera atividade ou

descanso para a rotina da escola, descontextualizada histórica e socialmente. Postula-se

que o movimento humano é uma forma de expressão cultural e que, por isso, carrega em

si elementos históricos, éticos, técnicos, políticos, filosóficos, étnicos que devem ser

estudados e praticados na escola.

No entanto, ainda é possível verificar que os conteúdos do esporte são, em

grande parte das vezes, a essência das aulas de Educação Física; desde muito cedo,

aprendemos a jogar as modalidades esportivas mais difundidas na Educação Física

como, por exemplo, o futsal, o voleibol, o basquetebol e o handebol. Essas opções que

são oferecidas aos alunos ficam muito restritas aos que possuem habilidades nessas

práticas. Em nosso país, culturalmente temos o futebol como esporte a ser praticado; o

aluno que não possui habilidades para tal prática acaba, muitas vezes, sendo excluído

pelo grupo ou se auto-excluindo. Em alguns casos, esses alunos buscam outros esportes

(voleibol, basquetebol, handebol) ou alternativas de práticas para não ficarem de fora

das aulas de educação física.

Pensando nas questões do esporte na Educação Física Escolar, à luz da Teoria

Crítica, foi realizado levantamento das teses e dissertações defendidas junto a

programas de pós-graduação no banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES). Foram utilizados os seguintes descritores:

Educação Física e Esporte; Esportivização; Educação Física e Esportivização; Educação

Física e Teoria Crítica; Teoria Crítica e Esporte. A escolha desses descritores foi feita

com base no tema do trabalho. De início foi pensado nos descritores Educação Física e

Esporte, mas os resultados foram amplos e ao ler os resumos, percebeu-se que havia

dissertações e teses que não abordavam aspectos sobre as aulas de Educação Física.

Então, visando uma busca mais apurada, foi pensado nos outros descritores e, mesmo

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assim, ao ler o resumo, percebia-se que alguns trabalhos não abordavam aspectos das

aulas de Educação Física.

Após esse levantamento, deparamo-nos com os seguintes números, conforme

apresentados na tabela a seguir:

Tabela 1: Total de dissertações e teses levantadas no banco da Capes, com

indicação daqueles que tratam das aulas de Educação Física.

Descritor Total de

teses/dissertações

Teses/dissertações que

tratam das aulas de

Educação Física

Educação Física e Esporte 661 34

Esportivização 30 8

Educação Física e

Esportivização

20 6

Educação Física e Teoria Crítica 153 21

Teoria Crítica e Esporte 49 11

TOTAL 913 80

Fonte: Elaborada com base nas informações extraídas das do banco de tese da Capes, em agosto

de 2010.

Analisando os resumos das teses/dissertações, percebeu-se que, da quantidade

total levantada, um número menor trata de aspectos sobre as aulas de Educação Física.

Verifica-se que a maioria dos autores discute temas referentes à corporeidade, formação

cultural, indústria cultural, desporto escolar, pedagogia do esporte, formação de

professores e competição escolar.

Dentre as pesquisas que tratam de aspectos relacionados às aulas de educação

física, encontram-se temas relacionados à pedagogia do esporte na escola, além de

investigações sobre a influência dele na prática pedagógica do professor de Educação

Física; também existem estudos acerca do esporte de alto rendimento desde a

perspectiva da Educação Física na escola. Há autores que trabalham com a propositura

de práticas esportivas e jogos na escola. Constata-se também a existência de estudos

sobre a história da Educação Física e do esporte, além de trabalhos na linha

antropológica, principalmente com temas relacionados à corporeidade.

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5

Em outros trabalhos, ainda, os estudiosos investigaram efetivamente os valores

presentes no esporte e como repercutem na vida social dos participantes. Menciona-se

também a ocorrência de estudos sobre as possibilidades formativas nas aulas de

Educação Física. De outro lado, há trabalhos críticos que analisam a influência do

modelo esportivo de alto rendimento na escola e a cultura do culto ao corpo, seus nexos

com o cotidiano escolar e suas influências sobre a constituição das relações sociais entre

os alunos. Outros utilizam como referencial base a produção teórica da chamada Escola

de Frankfurt, principalmente autores como Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse e

Max Horkheimer.

De forma a sintetizar a diversidade dos trabalhos encontrados que se utilizam da

Teoria Critica, menciona-se dois trabalhos, uma tese de doutorado e uma dissertação de

mestrado.

Rodrigues (2001), em sua dissertação de mestrado mostra a partir das reflexões

de Adorno, Horkheimer e Benjamin acerca da formação do sujeito esclarecido, como

ocorre a “deformação” dos corpos, manifesta nos modelos ideais de "corpo" vendidos

pela Indústria Cultural, predominantemente na práxis da Educação Física. Explica que

partiu da sua indignação frente ao modo como a dimensão somática vem sendo

entendida no desenvolvimento da racionalidade ocidental e no interior das relações

humanas. Estabelecendo relações com a Indústria Cultural e o processo de “semicultura

generalizada”, pontua como os indivíduos vão progressivamente afastando-se de seus

próprios corpos e sentidos para aderirem aos estereótipos massificados pela indústria

cultural. Uma adesão que os "ajudam" a encobrir as cicatrizes deixadas nos corpos que,

até hoje, só conheceram o caminho do sacrifício.

Já Oliveira (2006), em sua tese de doutorado, analisa as possíveis contribuições

da disciplina corporal para o processo formativo realizado na escola. Por intermédio de

uma reflexão teórica, indica que a disciplina do corpo pode surgir como um elemento

potencial durante a formação cultural do indivíduo. A autora parte dos estudos de

Michel Foucault, mas concentrou-se, fundamentalmente, nas contribuições de alguns

autores da Teoria Crítica da Sociedade, entre eles Marcuse, Horkheimer e Adorno.

Ainda, no levantamento realizado de dissertações e teses, utilizando os

descritores Teoria Critica e Esporte, obteve-se como resultado onze teses e dissertações.

Um terceiro trabalho que merece ser mencionado é a tese de doutorado de Casco (2007)

que, tomando como referência principal a produção teórica de T.W. Adorno, M.

Horkheimer e H. Marcuse, privilegiou a compreensão dos diferentes tipos de exercícios

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de autoridade professoral e suas possíveis associações com as relações sociais que se

constituem entre alunos na sala de aula e durante o recreio.

Ao demonstrar a diversidade dos trabalhos que utilizaram a Teoria Crítica como

referência, foi possível circunscrever o objeto de investigação deste estudo, a fim de

delimitar o campo empírico.

1.2. Revisão Bibliográfica

O esporte é atualmente um dos mais utilizado como forma de difusão do

movimento corporal na escola de ensino fundamental e médio. Observa-se que algumas

modalidades esportivas tais como o futebol, basquetebol, handebol e voleibol têm uma

grande ênfase nas aulas de Educação Física; essas práticas, geralmente são divididas

durante o ano letivo, algo muito comum nas aulas de Educação Física, mesmo que os

cursos de licenciatura em Educação Física incluem como disciplina dança, capoeira,

judô, atividades expressivas, ginástica, folclore e outras, de acordo com as opções de

cada instituição.

Esta situação tem suas razões históricas que merecem ser lembradas. Tendo

como marco histórico a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra primeiramente, e

expandindo-se, a partir de 1850, para outros países da Europa e América, Betti (1991)

assinala que a Educação Física inglesa, diferentemente de outros países, não possuía um

caráter militar de disciplina e treinamento. Com a ascensão da classe média ao poder

político e sua influência social, houve uma reivindicação maior de privilégios

educacionais que foi muito importante para o desenvolvimento e proliferação dos jogos

esportivos. Inicialmente praticado pela aristocracia, o esporte passou a ser praticado

pela classe média. Sua expansão deu-se então, em quase todo o mundo, a partir do final

do século XIX. O que se destaca aqui é o fato do esporte ter ganhado cada vez mais

espaço entre as práticas culturais mais valorizadas nas sociedades ocidentais.

Esse fenômeno gerou o que se pode denominar de “esportivização” da educação

física escolar, aqui entendido como o modo como as modalidades esportivas coletivas

tradicionais são utilizadas nas escolas sem a fundamentação teórica que garanta o seu

aproveitamento como conteúdo acadêmico, prejudicando a Educação Física como

disciplina para que consiga crescer e alcançar seus objetivos mais amplos – e que não

pode ser reduzidos à prática esportiva. Para os Parâmetros Curriculares Nacionais

(1997, p.33), os objetivos gerais da Educação Física são:

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participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e

construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características

físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por

características pessoais, físicas, sexuais ou sociais;

adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações

lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência;

conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações

de cultura corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as como recurso

valioso para a integração entre pessoas e entre diferentes grupos sociais;

reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando hábitos

saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais, relacionando-os

com os efeitos sobre a própria saúde e de recuperação, manutenção e

melhoria da saúde coletiva;

solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos,

regulando e dosando o esforço em um nível compatível com as

possibilidades, considerando que o aperfeiçoamento e o desenvolvimento

das competências corporais decorrem de perseverança e regularidade e

devem ocorrer de modo saudável e equilibrado;

reconhecer condições de trabalho que comprometam os processos de

crescimento e desenvolvimento, não as aceitando para si nem para os

outros, reivindicando condições de vida dignas;

conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal que

existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção dentro

da cultura em que são produzidos, analisando criticamente os padrões

divulgados pela mídia e evitando o consumismo e o preconceito;

conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como

reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de lazer,

reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano e um

direito do cidadão.

Esses objetivos proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),

auxiliam esta pesquisa no sentido evidenciar o que se espera que os professores tenham

em mente, o que pode ser verificado em suas tendências de atitudes.

Betti (1999) assinala que a esportivização da Educação Física inicia-se no Brasil

na década de 1950, com o Método Desportivo Generalizado, atingindo seu auge a partir

da década de 1970, quando o binômio mais utilizado foi Educação Física e Esportes,

chegando o governo militar a subordinar a Educação Física escolar ao esporte: “(...) no

Brasil os elementos da cultura corporal/movimento predominantes na Educação Física

foram, num primeiro momento, a ginástica e, num segundo – e esta é a situação atual –

o esporte” (BRACHT,1992, p.36).

Segundo Kunz (1991), o esporte não é um fenômeno natural, mas fruto da

sociedade industrial moderna, reproduzindo o proposto por esta sociedade no tocante às

ideologias e à imagem de Homem. Este conhecimento é repassado nas escolas e aceito

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como inquestionável e evidente, sem transformações didáticas que possam

problematizá-lo. Aspectos do esporte de rendimento, tais como o rendimento atlético, a

competição, a comparação de rendimentos e recordes, a regulamentação rígida, o

sucesso esportivo como sinônimo de vitória, a racionalização de meios e técnicas, são

utilizados pela Educação Física Escolar; assim, a escola desempenha o papel de

fornecer a “base” de uma pirâmide para o esporte de rendimento. Para Bracht (1992), o

professor, desde essa perspectiva apontada, é encarado como professor-treinador e o

aluno como aluno-atleta, uma vez que falta uma definição do papel do professor de

Educação Física.

Postula-se que o professor de Educação Física deve colaborar na formação dos

alunos para que eles possam ler criticamente a sociedade e participar dela atuando para

transformá-la; investigar como os grupos sociais se expressam pelos movimentos,

criando esportes, jogos, lutas, ginásticas, brincadeiras e danças; entender as condições

que inspiraram essas criações e experimentá-las, refletindo sobre alternativas e

alterações necessárias para vivenciá-las no espaço escolar. No entanto, o aprendizado

dos esportes fica restrito ao ensino de técnicas e gestos automatizados, que somente o

professor-técnico as conhece e domina. Não se quer dizer que se queira negar o esporte

como experiência educacional, mas sim, levantar questões sobre sua orientação no

sentido do rendimento e concorrência, com a seleção dos melhores e mais hábeis, e a

exclusão dos fracos e desastrados. Assim, considera-se, junto com Kunz (1991), a

necessidade de mudanças tanto na prática quanto da reflexão teórica. “A transformação

didática dos esportes visa, especialmente, a que a totalidade dos alunos possa participar,

em igualdade de condições, com prazer e com sucesso, na realização destes esportes”

(Kunz apud BETTI, 1999, p. 27).

O fenômeno esportivo repercute em outras esferas da sociedade. Ao mesmo

tempo, é esta que determina o modo como os esportes são configurados na prática

social. Entender a configuração atual dessa sociedade é entender como ela estabelece,

cria e desenvolve as suas ações e relações, compreendendo os vários componentes

históricos que desenvolveu em si mesma – aspectos que modificaram ou foram

modificados pela própria sociedade como fenômenos políticos, econômicos, culturais,

sociais, entre outros.

A revisão desses estudos auxilia na análise no sentido de pontuar historicamente

como o esporte está inserido na sociedade, bem como no exame da forma que foi

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tomando como o passar do tempo e como hoje é caracterizando na sociedade e na

escola.

1.2.1 Dimensões, classificações e finalidades do esporte

O esporte e o jogo estão presentes no cotidiano humano. Desde as mais antigas

civilizações, como na Grécia, o desporto é utilizado como forma de demonstrar a

destreza e a força física dos competidores, bem como o maior ou menor poder de uma

nação. Com este desenvolvimento progressivo, evoluíram as formas de disputas e

organizações esportivas. Esses acontecimentos nas práticas desportivas foram

acompanhados, como não poderia deixar de ser, pela evolução de outros aspectos da

vida humana, como as artes, as ciências e as indústrias. Mas, talvez, a característica

mais distintiva do esporte na atualidade seja o fato de os atletas deixarem de ser apenas

amadores ou praticantes, tornando-se profissionais, com os melhores sendo muito bem

remunerados.

No caso brasileiro, é importante destacar a Lei 9.615/98 (Lei Pelé), que instituiu

normas para a organização e o funcionamento do desporto brasileiro. O esporte

apresenta diferentes definições e finalidades como podemos verificar na Lei no 9.981,

de 14 de julho de 2000, que alterou dispositivos da Lei nº 9.615/98:

Capítulo III – Da Natureza e das Finalidades do Desporto

Art. 3º O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:

I – desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas

assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de

seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do

indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer;

II – desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades

desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos

praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente;

III – desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de

prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e

integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações.

A legislação prevê o esporte como educacional, de participação ou de

rendimento, ou seja, ele possui várias formas de se desenvolver na sociedade. Na escola

percebe-se que essa prática não é muito bem definida, na maioria das vezes verifica-se a

prática simultaneamente de todas as formas.

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Tubino e Reis (1992) ratificam o disposto na legislação, enfatizando as

diferentes manifestações do esporte. Descrevem o Esporte Educacional como um meio

para formação de cidadania, o Esporte Popular no sentido da participação, espontâneo,

comprometido com o bem estar social e qualidade de vida e o Esporte de Rendimento

cercado por interesses comerciais visando o espetáculo e a vitória a qualquer custo.

Podemos perceber, ainda, outras possibilidades do esporte, principalmente a integração

e a promoção da saúde, quando tratamos de pessoas portadoras de deficiências, como

reabilitação fisioterapêutica ou terapêutica e outras tantas manifestações.

Partindo destas classificações, pode-se tecer algumas considerações acerca de

cada forma como o esporte é praticado.

Esporte educação

O conceito de esporte educação ou esporte educacional surge a partir da Carta

Internacional da Educação Física (1978), elaborada pela Unesco, que renovou os

conceitos do esporte em função da reação mundial pelo uso político do esporte durante a

Guerra Fria.

No Brasil, em 1993, o desporto educacional foi reconhecido pela Lei n° 8672/93,

também conhecida por Lei Zico, e o Decreto n° 981/93. Legislação revogada pela atual

Lei Pelé (Nº 9.615), de 1998. A mudança legislativa, no entanto, não acarretou o

reconhecimento do esporte como educativo, no qual a seletividade e a hiper-

competitividade de seus praticantes prejudicam a finalidade de alcançar “o

desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania

e a prática do lazer”.

Barbieri et al. (1996) afirmam que os princípios do esporte educação são: a

totalidade, que significa o fortalecimento da unidade do homem (consigo, com o outro

e com o mundo); a co-educação, na qual se destaca a relação de mestre-aprendiz como

o encontro entre dois educadores; a emancipação, ou seja, a busca da independência,

autonomia e liberdade do ser humano; a participação, com a valorização do processo

de interferência do indivíduo na realidade na qual está inserido, fundamentado nos

princípios de co-gestão, co-responsabilidade e integração; a cooperação, na união de

esforços no exercício constante da busca do desenvolvimento de ações conjuntas para a

realização de objetivos comuns; e o regionalismo, mantendo o respeito, a proteção e a

valorização das raízes e heranças culturais, preservando a identidade cultural individual,

no processo de construção do coletivo.

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Um dos principais problemas que constituem o esporte educacional

historicamente é o sentido que os professores acabam atribuindo a ele. Os jogos

escolares, por exemplo, que deveriam ter um caráter eminentemente educativo,

apresentam outro significado, o de competições de alto rendimento reproduzindo todas

as suas características, desfigurando o conceito de esporte educação, trazendo como

consequência a exclusão e a competitividade exacerbada. Tubino (2001, p. 38)

acrescenta que deve ser “evitada à seletividade, a segregação social e a hiper-

competitividade, com vistas a uma sociedade livremente organizada, cooperativa e

solidária”.

Sobre esse aspecto, pode-se dizer que o objetivo principal do esporte educação é

tornar acessível a maior parte da população o movimento, oferecendo oportunidade a

todos sem discriminação de qualquer tipo, incluindo a participação e o envolvimento do

sujeito nessa ação, que se faz por meio do esporte enquanto prática pedagógica com

características educacionais que visa à cidadania e formação do indivíduo. Darido e

Rangel (2008, p. 180) apontam que, ao trabalhar com a modalidade educacional do

esporte, o professor pode proporcionar aos alunos uma experiência em diferentes

modalidades, levando-os a refletir de forma crítica não somente sobre os problemas que

envolvem o esporte na sociedade, mas também sobre seus aspectos positivos, como a

geração de empregos, o desenvolvimento de pesquisas científicas, tanto no tocante a

novas tecnologias como na área médica. Um dos objetivos do professor de educação

física, ao trabalhar o conteúdo esporte na escola, seria oportunizar a prática de várias

modalidades esportivas e, por meio dessas práticas, instigar os alunos a refletir de forma

crítica sobre a própria prática esportiva.

Considerando essas características é que Santos et al. (2006) estabelecem uma

diferença entre o esporte da escola e o esporte na escola. No esporte da escola, as regras

são flexíveis, modificáveis em função da busca pela participação coletiva, priorizando a

inclusão de todos na atividade proposta: os jogos são criados e idealizados pelos alunos,

o professor é o mediador dos alunos, as atividades assumem uma característica lúdica,

não há a separação por sexo, entre outras características. Já no esporte na escola, são

reproduzidas as regras já existentes: busca pelo gesto técnico, sempre é preciso que haja

um campeão, as possibilidades para o desenvolvimento da criatividade são reduzidas, há

a separação por sexo, possuindo uma tendência a ser praticado pelos talentos esportivos.

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Esporte participação

Dessa perspectiva, “o conteúdo esporte tem como propósito o prazer lúdico,

procurando garantir o bem estar social dos praticantes, buscando a descontração, a

diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre pessoas” (TUBINO, 2001, p.

38). O esporte participação pode ser praticado por todos sem nenhuma forma de

discriminação; geralmente essas manifestações ocorrem em espaços não comprometidos

com o tempo e livres de obrigações da vida cotidiana.

É considerando esses aspectos que Almeida e Gutierrez (2008, p. 01) assinalam

a possibilidade de realizar atividades físicas sem pretensão de superar índices

individuais, para apenas sentir-se integrado ao meio ambiente, de ser atraído para a

prática de um esporte sem intenção de comparações atléticas, de sentir-se satisfeito pela

convivência com as pessoas, de tornar possível a realização do convívio social e seu

aproveitamento, decorrente do esporte, de favorecer uma prática esportiva que elimine

diferenças no sentido de democratizar o bem estar.

Nessa dimensão do esporte, a preocupação é com o prazer, a diversão, a

integração social entre povos, o não comprometimento em obter vitórias ou novos

êxitos, sendo um espaço de atividades em que todas as pessoas podem praticar e sentir-

se bem. Tubino (2001, p. 39) refere-se a essa dimensão do esporte assinalando que a

integração entre povos através de parcerias e alianças desenvolvidas entre as

comunidades é que fortalece esses grupos (comunidades). Por isso, pode-se perceber

que essa dimensão juntamente com o esporte educação, quando trabalhado seguindo

seus preceitos e objetivos reais, pode estar mais inter-relacionada com os caminhos

democráticos em relação à prática esportiva.

Esporte performance

Conhecido como esporte de alto rendimento, os seus praticantes estão

preocupados em conseguir bons resultados, vitórias e é regido por regras

universalmente pré-estabelecidas que estejam vinculadas as federações e confederações

nacionais ou internacionais. Darido e Rangel (2008, p.181) fazem referência a essa

dimensão do esporte expondo que “apresenta uma tendência a ser praticado pelos

talentos esportivos, tendência que marca o seu caráter antidemocrático”. Nessa

tendência, o esporte segue uma linha de que quem o pratica é considerado membro do

grupo dos melhores, pois um dos objetivos é a vitória e somente ela é recompensada.

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Quando trabalhada nas escolas, essa tendência é bastante criticada pela

literatura. Uns dos principais pontos de crítica é que esse modo de encarar a educação

física escolar traz malefícios para os alunos como, por exemplo, a especialização

precoce. Voser, Neto e Vargas (2007) definem iniciação desportiva precoce como

atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade, caracterizada por uma alta

dedicação aos treinamentos (mais de 10 horas semanais) e, principalmente, por ter uma

finalidade eminentemente competitiva.

Ao inserir a criança prematuramente no esporte, Kunz (1994, p.12) afirma que

isso pode ocasionar prejuízos em seu futuro, enumerados a seguir: 1. Formação escolar

deficiente, devido à grande exigência em acompanhar com êxito a carreira esportiva; 2.

A unilateralizaçâo de um desenvolvimento que deveria ser plural; 3. Reduzida

participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil, indispensáveis para

o desenvolvimento da personalidade na infância; 4. Tanto a saúde física quanto a

psíquica podem ser atingidas num treinamento especializado realizado precocemente.

Ao considerar estes aspectos, percebem-se os prejuízos que a prática intensiva

de um esporte competitivo iniciado durante a infância pode ocasionar. No entanto, em

meio a esses aspectos negativos Tubino (apud DARIDO e RANGEL, 2008, p. 181) cita

alguns pontos positivos que justificam a relevância social do esporte performance,

destacando que essa dimensão pode proporcionar uma atividade cultural que

proporciona um intercâmbio internacional; a geração de turismo; o envolvimento de

recursos humanos qualificados, o que provoca a existência de várias profissões

especializadas no esporte, ou seja, o esporte incorporou o conceito de indústria cultural,

que será discutido mais a frente.

Assim, é evidente que o esporte performance é retratado como uma prática que

possui seus objetivos centrado na vitória, ou seja, de conseguir novos êxitos, possuindo,

portanto, um caráter antidemocrático, pois a tendência é ser praticado apenas pelos

talentos esportivos.

1.2.2 Esporte Espetáculo e a sua relação com a TV

O que se está chamando de Esporte Espetáculo é o esporte praticado por atletas

de alto rendimento e divulgado por diferentes meios de informação, sendo o mais

poderoso a mídia eletrônica (televisão e internet).

O esporte parece ter uma relação próxima com a “beleza excepcional” que a

mídia televisiva oferece. O esporte espetáculo, em comparação com outros eventos

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culturais como cinema e o teatro, certamente apresenta algumas características

diferentes, mas é interessante observar como boa parte dessas diferenças age a seu

favor, contribuindo para a sua aceitação e absorção mundializada. Sobre essas

características, Pires (2002, p. 90) afirma que:

Uma deles é a universalização da sua linguagem, isto é, o reconhecimento

da sua operacionalidade, normas e códigos, em virtude da uniformidade de seu funcionamento, imposta pelas entidades que o comandam (ligas e

federações mundiais, e o Comitê Olímpico Internacional – COI). Assim,

mesmo quando a comunicação verbal torna-se limitada, por deficiências

no áudio ou desconhecimento do idioma utilizado, a linguagem imagética

e simbólica do esporte permite o seu entendimento em todos os lugares.

Percebe-se que o processo de transformação do esporte em espetáculo de fácil

consumo no mundo inteiro atingiu uma etapa em que sua apropriação social é

proporcionada pelos meios de comunicação de massa, através da linguagem televisiva,

que parece alcançar maior eficácia no seu papel de veículo privilegiado para a

mercadorização de bens e serviços (Pires, 2002).

O problema dessa prática é que esse modelo passa a ser referência para o esporte

educacional e o participativo. O Esporte Espetáculo, ou seja, a mercantilização do

esporte tem influenciado nas outras manifestações esportivas presentes na sociedade. É

um fenômeno decorrente da lógica que valoriza o consumo e a comunicação de massa.

Para ilustrar, pode-se observar, baseando-se em Betti (1998), o programa esportivo na

escola, que introduz a competição com o objetivo de produzir atletas ou consumidores

do esporte. Para entender o conceito de Esporte Espetáculo, toma-se como definição as

características descritas por Proni (1998, p.85):

1. referem-se a competições esportivas organizadas por ligas ou federações, que

reúnem atletas submetidos a esquemas intensivos de treinamento (no caso de

modalidades coletivas, a disputa envolve equipes formalmente constituídas);

2. tais competições esportivas tornaram-se espetáculos veiculados e reportados pelos

meios de comunicação de massa e são apreciadas no tempo de lazer do espectador

(ou seja, satisfazem a um público ávido por disputas ou proezas atléticas); e

3. a espetacularização motivou a introdução de relações mercantis no campo

esportivo, seja porque conduziu ao assalariamento dos atletas, seja em razão dos

eventos esportivos apresentados como entretenimento de massa passarem a ser financiado (pelo menos em parte) através da comercialização do espetáculo.

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1.3. Referencial Teórico - Conceitos

1.3.1. Teoria Crítica e o esporte: a visão de Theodor W. Adorno em “Educação e

Emancipação”

Para que possa haver uma compreensão mais detalhada do fenômeno esporte,

utilizar-se-á como referencial teórico, para coleta dos dados e a discussão do resultados,

a Teoria Crítica da Sociedade, não somente pelo modo como faz a crítica à sociedade

contemporânea, mas porque permite a discussão do papel do esporte na Educação Física

Escolar; por conseqüência, permite o exame do papel da Educação Física na escola e

desta na formação do indivíduo. Assim, os conceitos e noções focalizadas são: indústria

cultural, corporeidade, formação do indivíduo, ambiguidade do esporte.

Segundo Vaz (2004), temas sobre corporeidade e formação são dos mais

importantes na composição do que chamamos de Teoria Crítica da Sociedade. Ele

afirma que em vários textos e grandes obras dos autores como Adorno, Horkheimer e

Marcuse, podem ser notados o tema do corpo e suas expressões e experiências, assim

“como os destinos da formação cultural e suas alternativas, sendo explorados,

configurados e mesmo como pano de fundo das reflexões críticas à sociedade

contemporânea”. (VAZ, 2004, p.22)

O corpo desempenha um papel fundamental na formação do sujeito esclarecido,

não é por acaso que Horkheimer e Adorno, em sua obra Dialética do Esclarecimento

(1985), na interpretação da Odisséia, observam que Ulisses, em diversas situações,

depara-se com o problema de como se relacionar com os corpos de seus marinheiros,

com os das mulheres que ama, com um corpo gigante, com o seu próprio em especial,

colocando-se, paradoxalmente, como sujeito e objeto em relação a si mesmo.

O corpo, que precisa ser disciplinado, está presente nas práticas esportivas,

práticas que na, maioria das vezes, são reprodução dos modelos promovidos na

sociedade capitalista. A Educação Física desempenha um papel muito importante neste

aspecto, pois tem o movimento como um meio e um fim para atingir seu objetivo dentro

do contexto escolar. O movimento pode ser entendido como uma atividade que se

manifesta através do jogo, do esporte, da dança ou da ginástica.

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No texto Educação após Auschwitz, Adorno (2006) sugere que as condições

sócias objetivas que empurraram a humanidade à barbárie2 já são a própria barbárie, e

não somente seus resultados mais terríveis. Para Adorno, é inexplicável que uma

civilização como a nossa, hoje munida de vários aparatos tecnológicos, repita o episódio

de Auschwitz. Adorno sustenta a tese de que é importante se pensar a cada dia na

possibilidade de uma nova Auschwitz, o que implica em carregar essa suposta

desconfiança e estar historicamente informado a respeito do fato, comprometendo-se em

criar medidas de prevenção que possam evitá-la. Ressalta dois aspectos. O primeiro se

refere à educação infantil, principalmente na primeira infância; o segundo está

relacionado ao esclarecimento geral, que produza um clima intelectual, social e cultural

que impeça tal reprodução.

Adorno aborda a “barbárie” relacionando-a com o contexto histórico vivido pela

Alemanha no século XX, que é, para ele, a mais horrível explosão de barbárie de todos

os tempos, o Terceiro Reich. No entanto, ele afirma que este fato está presente em todo

o mundo.

Dessa perspectiva, o grande desafio da educação é a desbarbarização. Esta é uma

condição em que o homem se encontra, e que, apesar de estar em pleno

desenvolvimento industrial e tecnológico, configura-se como atraso. Por possuir uma

agressividade primitiva, ligado a um impulso de destruição, contribuem para aumentar o

perigo de que toda civilização venha a explodir. Por isso, a tentativa de superar a

barbárie é decisiva para a sobrevivência humana. A educação só teria sentido como

educação para a auto-reflexão crítica. Em algumas passagens da obra, Adorno põe em

questão o caráter da técnica, sua condição de medida para o progresso e para a

felicidade humana. Para ele, não há dúvidas quanto ao potencial destrutivo, de produção

da crueldade, internalizado nas tendências sociais contemporâneas, cuja imagem

aparece, também, nas relações patogênicas com o próprio corpo; nesse contexto,

Adorno (2006) afirma que seria preciso estudar também a função do esporte, que ainda

não foi devidamente reconhecida por uma psicologia social crítica.

2 Entende-se, por barbárie, o impulso de destruição que o homem traz consigo e promovido no âmbito da

própria civilização. Esse impulso manifesta-se nas diversas formas de agressividade que percebemos no

cotidiano e pode chegar a situações extremas, como os campos de extermínio da Segunda Grande Guerra

Mundial.

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No mesmo sentido de uma defesa de uma educação resistente à barbárie, destaca

a afinidade do esporte com a técnica e as decorrências de uma absorção não refletida da

última:

(...) na relação atual com a técnica existe algo de exagerado, irracional,

patogênico. Isso se vincula ao “véu tecnológico”. Os homens inclinam-se

a considerar a técnica como sendo algo em si mesma, um fim em si

mesmo, uma força própria, esquecendo que ela é a extensão do braço dos

homens. Os meios – e a técnica é um conceito de meios dirigidos à

autoconservação da espécie humana – são fetichizados porque os fins –

uma vida humana digna – encontram-se encobertos e desconectados da

consciência das pessoas. (ADORNO, 2006, p. 132-133.)

Para Vaz (2004), o fetichismo da técnica pode ser encontrado no esporte e seu

caráter não reflexivo; nele o corpo é o instrumento técnico, assim como os instrumentos

técnicos devem dominar a natureza, da mesma forma o corpo deve ser expressão da

natureza dominada, sendo identificadas nas estruturas do treinamento corporal. Adorno

aponta para uma inclinação arcaica à violência, vinculada, sem nenhuma dúvida, às

expressões do corpo, disciplinadas ou não:

Em cada situação em que a consciência é mutilada, isto se reflete sobre o

corpo e esfera corporal de uma forma não-livre e que é propícia à

violência. Basta prestar atenção em um certo tipo de pessoa inculta como

até mesmo a sua linguagem – principalmente quando algo é criticado ou

exigido – se torna ameaçadora, como se os gestos da fala fossem de uma

violência corporal quase incontrolada. (ADORNO, 2006, p. 126-127).

Podemos pensar no esporte como aparato repressivo de modo que sejam evitadas

as revoltas e exercido o controle sobre as atitudes da população. Ele reproduz

ideologicamente as relações burguesas, como a hierarquia, a obediência etc. De outro

lado, o esporte é uma forma de exteriorizar a agressividade natural do ser humano. No

texto “A Educação contra a Barbárie”, Adorno (2006) assinala que a barbárie está em

toda parte onde haja uma regressão à violência física primitiva, sem que exista uma

vinculação transparente com objetivos racionais na sociedade. Quando Adorno refere-se

à barbárie vai diretamente ao genocídio, tortura, opressão e preconceito que eram temas

presentes em sua sociedade, já que o autor sofreu na pele com as conseqüências do

nazismo. O que Adorno pretendeu com a proposta da educação contra a barbárie é que

as pessoas, e principalmente os adolescestes e crianças, criem uma aversão à violência

física. A escola teria um papel importante nesse processo, isto é, a experiência escolar

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pode fazer com que os indivíduos se desacostumem de “dar e receber cotoveladas”, o

que constitui sem dúvida uma expressão de barbárie, explica Adorno (2006).

Oliveira (2010) diz que a barbárie, geralmente, é justificada pela autoridade ou

pelos poderes estabelecidos. Desse modo, há a licença para que se pratique a

deformidade, o impulso destrutivo. Um exemplo que mostra a diferença entre que é e o

que não é a barbárie, para Adorno, é extraído da juventude. O movimento estudantil

trata de modos de agir politicamente refletido. Não se trata de uma consciência

deformada imediatamente agressiva. No entanto, a barbárie se manifesta quando, em

uma partida de futebol, um determinado time vence e é hostilizado ou agredido no

estádio pela torcida adversária; isso é algo bárbaro. Porém, a questão mais difícil é:

como educar nossos jovens para que efetivamente apliquem essa reflexão a aversão a

violência física? Isto é, como lhes ensinar a respeitar o adversário, o diferente? O que

fazer com quem pensa e é diferente?

Segundo Oliveira (2010), Adorno concorda que a competição é um principio

contrário a uma educação humana, mas o mundo capitalista vive de estimula a

competição; nela vê um dos mecanismos da sobrevivência e do progresso. E a

competição parece inerente ao processo educacional contemporâneo. Infelizmente, a

“massa” dos professores continua considerando a competitividade como sendo um

instrumento central da educação e para aumentar a eficiência. Romper com esse

paradigma significa assumir uma postura política diferente. O que se percebe é que a

educação, hoje em dia, prepara as pessoas a se tornar seres passivos diante dos

acontecimentos e submissos a qualquer um que se imponha. Ora, com este tipo de

perspectiva, continuaremos a ter barbárie, uma vez que haverá sempre um dominador e

muitos dominados.

1.3.2. Indústria Cultural

Horkheimer e Adorno (1985) definiram indústria cultural como um sistema

político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura – filmes, livros,

música popular, programas de TV etc. –, como mercadorias e como estratégia de

controle social. Os autores afirmam:

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filmes e rádio não têm mais necessidade de serem empacotados como

arte. A verdade, cujo nome real é negócio, serve-lhes de ideologia. Esta

deverá legitimar os refugos que de propósito produzem. Filme e rádio se

auto-definem como indústrias, e as cifras publicadas dos rendimentos de

seus diretores-gerais tiram qualquer dúvida sobre a necessidade social de

seus produtos (Horkheimer; Adorno, 1985, p.114).

Os filmes e os programas de rádio não são vendidos como bens artísticos ou

culturais, mas como produto de consumo. O conceito de indústria cultural é

fundamental para a compreensão dos problemas que influenciam a formação do homem

contemporâneo, que vive em uma sociedade que valoriza o conjunto em detrimento do

indivíduo. A indústria cultural colabora incessantemente para que os homens aceitem

esse status quo e, simultaneamente, transmite a idéia que cada um deve se tornar quem

já é. A satisfação, que não é garantida pela vida social, apresenta-se como promessa

realizável pela indústria cultural e, nesse sentido, compele os indivíduos a entregarem-

se ao círculo vicioso que ela proporciona.

A indústria cultural procura oferecer produtos das mais variadas matrizes e até

mesmo personalizados, entretanto, sempre com um padrão pré-determinado. Conforme

Horkheimer e Adorno (1985), tudo com um ar de semelhança que, juntamente com a

repetição da mentira manifesta e as técnicas avançadas de marketing, fazem do

indivíduo um refém de uma indústria de “coisas“ que o explora e o utiliza como objeto

de lucro. A indústria cultural tem como justificativa a suposta democratização da cultura

ao preço de sua vulgarização. É uma ideologia, é a realidade como máscara de si

mesma. Para Horkheimer e Adorno (1985), os receptores das mensagens dos meios de

comunicação seriam vítimas dessa indústria. Eles teriam o gosto padronizado e seriam

induzidos a consumir produtos de baixa qualidade. Por essa razão, indústria cultural

substitui o termo cultura de massa com objetivo de evitar confusões entre a cultura

produzida popularmente e a cultura produzida segundo os mecanismos industriais e

baseados na comercialização de produtos (Adorno, 1986).

Para Horkheimer e Adorno (1985), diante do processo de mercantilização, os

espectadores não possuem uma consciência crítica e autônoma, não reagindo perante as

informações que foram recebidas. A indústria cultural transmite ao mesmo tempo

informações, símbolos e significados sociais compartilhados na cultura contemporânea,

gerando uma maneira idêntica de agir. Os autores afirmam que:

O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento próprio, o

produto prescreve toda reação: não por sua estrutura temática – que

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desmorona na medida em que exige o pensamento – mas através de

sinais. Toda ligação lógica que pressuponha um esforço intelectual é

escrupulosamente evitada. Os desenvolvimentos devem resultar tanto

quanto possível da situação imediatamente anterior, e não da idéia do

todo (HORKHEIMER; ADORNO, 1985, p.128-129).

O esporte em suas diferentes manifestações se incorpora em quase todos os bens

culturais, sendo um grande meio de consumo em diversas formas. A perspectiva do

esporte-espetáculo e sua ação recíproca com a sociedade sobrevalorizam aspectos como

os meios de comunicação e a mercantilização do esporte, que segue a lógica do

mercado: o lucro. A transformação do esporte em espetáculo faz parte do sistema da

indústria cultural; essa situação é considerada neste trabalho como uma série de ações

de caráter ideológico que visam conquistar novos consumidores do esporte e para o

esporte, para a venda dos produtos e serviços esportivos, bem como a difusão da

importância da competição e da idéia que, com treinamento, empenho e dedicação,

qualquer um pode ser um grande campeão. Dessa maneira, a indústria do esporte, apesar

de ter um público específico, faz com que suas ações abranjam toda a sociedade.

Horkheimer e Adorno (1973) já alertavam sobre o conteúdo ideológico da comunicação

de massa. Sua ligação com o esporte, atualmente, com a valorização que os

departamentos comerciais da televisão atribuem aos programas esportivos, faz com que

a afirmação dos autores atingem uma relevância irrefutável:

O estudo concreto do conteúdo ideológico da comunicação de massa é tanto mais

urgente quando se pensa na inconcebível violência que seus veículos exercem sobre o espírito dos homens, em conjunto, diga-se de passagem, com o esporte, que passou

a integrar, nos últimos tempos, a ideologia, em seu mais amplo sentido

(HORKHEIMER; ADORNO, 1973, p. 202).

A indústria do esporte vem se transformando em indústria do entretenimento,

seu público tende a se tornar universal no lugar do público específico, caracterizando

mais uma apropriação da indústria cultural: “O entretenimento e os elementos da

indústria cultural já existiam muita antes dela” (HORKHEIMER; ADORNO, 1973,

p.126)

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21

1.3.3. Ambiguidade no Esporte

O Esporte como todo fenômeno social, revela-se como um espaço de certa

ambiguidade moral e ética. Ora as pessoas que se envolvem com ele percebem nele

valores positivos como a auto-superação, melhoria da saúde mental e biológica, a

concórdia entre os povos, solidariedade e os respeito às regras; ora se verifica símbolos

negativos como as manipulações biológicas para atingir cada vez mais resultados, a

busca desavergonhada de glória, de poder e de dinheiro.

Adorno (2006) chega a afirmar que uma boa alternativa para desbarbarizar a

consciência do indivíduo na escola é a inserção da lógica do fair-play presente nos

esportes. Porém, afirma que é preciso estar atento às ambiguidades presentes. Ele

destaca que o esporte proporciona o cavalheirismo e a consideração aos mais fracos,

mas, por outro lado, ele pode promover a agressão, a brutalidade e o sadismo,

principalmente no caso de espectadores, que pessoalmente não estão submetidos ao

esforço e a disciplina do esporte. Ele afirma que “seria preciso estudar também a função

do esporte, que ainda não foi devidamente reconhecida por uma psicologia social

crítica” (ADORNO, 2006, p. 127).

Segundo Neves (2006), ambiguidade a que Adorno se refere em relação ao

esporte, sugere que aquela pessoa que se submete aos esforços corporais contidos no

esporte, que suporta as dores, o sacrifício, o sofrimento corporal, expressam menos a

violência do que aqueles que só assistem aos jogos. De um lado, os atletas que sofrem

na pele, de outro, os espectadores que assistem, vibram e cobram o máximo de

desempenho-sacrifício pelo time. Adorno (2006), critica a educação tradicional pelo seu

caráter excessivamente repressor, a qual levaria os indivíduos à dureza consigo e com o

outro; assim, Neves (2006) faz questionamentos sobre a necessidade da disciplina, do

rigor, da exigência e do dever para a formação voltada à identificação com o outro;

compreendendo que se a “educação, para a máxima capacidade de suportar a dor, pode

levar à indiferença à dor de si e do outro, esta possibilidade no esporte pode voltar-se a

outros objetivos também” (Neves, 2006, p.17). Os treinos e os jogos são cada vez mais

extenuantes, promovem a dor e deixam aos poucos os músculos enrijecidos ficando

passíveis de resistir à dor; essa resistência serve ao jogar bem, correr mais, defender,

fazer mais coisas e gastar menos energia, mas isso serviria para fazer com o indivíduo

devidamente treinado tivesse consideração pelo outro?

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1.4. Delimitação do Problema de Pesquisa

Tendo como referência o que foi exposto até então, é possível apresentar nos

seguintes termos o problema de pesquisa investigado neste estudo: qual a disposição de

atitude de professores de Educação Física do Ensino Fundamental, que atuam em

escolas estaduais localizadas na zona leste da cidade de São Paulo, pertencentes à

diretoria de ensino Leste 2, frente a temas como esporte e Educação Física na escola?

A seguir são apresentados os objetivos e a hipótese.

OBJETIVOS

Objetivo Geral: analisar as principais as atitudes dos professores de Educação Física

em relação à disciplina e ao esporte como conteúdo de ensino.

Objetivos Específicos

Verificar se ocorre a predominância da perspectiva esportivista na Educação

Física Escolar, a partir do modo como os professores se posicionam em relação

às suas aulas;

Analisar os valores e papéis atribuídos ao esporte na educação física escolar

(educacionais, vinculados à promoção da cidadania ou ao rendimento esportivo,

promotores da saúde);

Verificar se as atitudes dos professores remetem para o reforço do vínculo entre

esporte e indústria cultural;

Analisar a educação do corpo/expressão corporal e formação do indivíduo, tendo

como referência o modo como os professores se manifestam sobre a Educação

Física na escola.

Analisar a ambiguidade do esporte e como se apresenta no posicionamento dos

professores.

Analisar a função do esporte, verificando se é considerado pelos professores

como algo importante para estar na escola.

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Hipóteses

1) Os professores de Educação Física utilizam as práticas esportivas como principais

conteúdos de suas aulas devido à comodidade que trazem;

2) Em ordem de prioridade, os valores e papeis atribuídos ao esporte na Educação Física

Escolar pelos professores são os seguintes: valores educacionais ligados ao

desenvolvimento dos alunos, valores vinculados à promoção da cidadania, ao respeito

em relação ao outro e as regras, valores vinculados à promoção da saúde;

3) Por fim, está presente entre os professores a noção de que o esporte torna-se, cada

vez mais, um produto de consumo e objeto de conhecimento e informação amplamente

divulgado para o grande público por meio de jornais, revistas, rádio e televisão

1.5. Método

1.5.1. Plano de Amostragem.

Com base nos objetivos desta pesquisa, que tem como finalidade verificar se

permanece a perspectiva esportivista na Educação Física Escolar, a partir do modo

como os professores se posicionam em relação às aulas que ministram, e verificar a

valorização e funções que os professores de Educação Física atribuem ao esporte na

educação física escolar, foi elaborada uma escala de atitude do tipo Likert. A escala

permite que os professores se posicionem sobre determinadas situações específicas.

Inicialmente foi realizado um estudo piloto que teve como objetivo a validação da

escala a ser aplicada na amostra de professores. A seleção dos sujeitos para o pré-teste

foi feita com base nas relações pessoais do pesquisador. Foram escolhidos

aleatoriamente 10 sujeitos, professores de Educação Física. O estudo piloto teve a

finalidade de aferir os itens da escala, bem como estabelecer o índice de discriminação

de cada item e a correlação entre eles. O processo a partir do qual foi realizada a

validação da escala será descrito mais adiante.

A escala permitiu verificar o grau de adesão ao esporte pelos professores, além

do estabelecimento de correlações entre os vários itens submetidos a testes estatísticos.

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1.5.2. Critérios para a elaboração da escala.

O instrumento elaborado para a realização desta pesquisa é formado por um

questionário para registro dos dados pessoais dos professores e uma escala de atitude

em forma de proposição do tipo Likert. Os itens da escala foram construídos com base

no referencial da Teoria Crítica, nos propósitos oficiais da Educação Física escolar, na

experiência de sala de aula (quadra) do pesquisador e, principalmente, com base nos

objetivos desta pesquisa. O procedimento adotado visou verificar o grau de adesão ao

esporte, com o estabelecimento de correlações calculadas a partir de teste estatístico (a

escala utilizada no estudo piloto e a sua versão final estão nos anexos deste relatório).

A utilização desse tipo de escala permite medir a intensidade das opiniões e das

atitudes dos respondentes de acordo com o grau de concordância ou discordância aos

itens do instrumento. As respostas dos sujeitos a esse tipo de escala variam da

concordância total aos enunciados até sua discordância total (Cf. SELTIZ et al., 1965;

LIKERT, 1932). Assim, para verificar a valorização e funções que os professores de

Educação Física atribuem ao esporte na educação física escolar foi elaborada a referida

escala, denominada a partir de agora escala de Adesão ao esporte, permitindo que os

professores se posicionem sobre situações apresentadas.

1.5.3. A elaboração da escala geral “Adesão ao esporte”.

O instrumento de coleta de dados desta pesquisa é um questionário-escala

composto de duas partes: uma voltada para a obtenção de informações pessoais do

professor e outra contendo um conjunto de afirmações acerca do esporte como conteúdo

das aulas de Educação Física.

As respostas dos sujeitos foram registradas por meio de uma escala geral

subdividia em quatro subescalas. A escala geral é denominada Adesão ao Esporte; as

quatros subescala são denominadas: Conteúdo pedagógico, Conteúdo Moral,

Tendências no esporte e Ambiguidade no Esporte.

A escala geral Adesão ao Esporte teve como objetivo analisar as principais

tendências das atitudes dos professores de Educação Física em relação à disciplina e ao

esporte. A subescala Conteúdo pedagógico visou verificar se ocorre a predominância da

perspectiva esportivista na Educação Física Escolar, a partir do modo como os

professores se posicionam em relação às suas aulas; a subescala Conteúdo Moral visou

analisar os valores e papéis atribuídos ao esporte na educação física escolar

(educacionais, vinculados à promoção da cidadania, rendimento esportivo, promotores

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da saúde); a subescala Tendências no esporte visou verificar se as atitudes dos

professores remetem para o reforço do vínculo entre esporte e indústria cultural e, por

fim, a subescala Ambiguidade no Esporte visou analisar a ambiguidade do esporte e

como se apresenta no posicionamento dos professores, além da sua função, verificando

se é considerado pelos professores como algo importante para estar na escola.

Na etapa da pesquisa denominada pré-teste, a versão preliminar do instrumento

continha 45 itens, respondidos por uma amostra de 10 sujeitos, todos professores de

Educação Física do ensino fundamental e médio da rede estadual e municipal de São

Paulo. Para auxiliar na análise, conforme os objetivos específicos, a escala geral

denominada “Adesão ao esporte”, foi dividida em quatro subescalas, assim definidas:

subescala Esporte como “conteúdo pedagógico” com um total de 10 itens; subescala

Esporte como “conteúdo moral”, com um total de 22 itens; subescala Tendências

presentes no esporte e suas implicações, com 8 itens; e subescala referente à

Ambiguidade do esporte, com 5 itens.

A escala de atitudes foi elaborada de modo a oferecer cinco possibilidades de

respostas e a cada uma delas foi atribuído um escore de 1 a 5 pontos, da seguinte

maneira: 1 (concordo totalmente); 2 (concordo parcialmente); 3 (não tenho opinião a

respeito), 4 (discordo parcialmente); 5 (discordo totalmente). O sujeito que atingiu

maior pontuação, perto dos 225 pontos, tendeu a ter uma visão mais crítica do esporte; o

sujeito que atingiu menor pontuação, perto dos 45 pontos, tendeu a não ter uma visão

crítica do esporte.

Com base nas respostas dos 10 sujeitos da amostra de validação, seguiu-se os

seguintes passos: primeiro, realizou-se análise da redação dos itens a partir do que o

aplicador percebeu no ato da aplicação, além das impressões dos sujeitos sobre sua

compreensão dos itens. Em segundo, para a validação da escala geral, foram utilizados

três procedimentos: cálculo do índice de discriminação; coeficiente de correlação de

Spearman e coeficiente alfa de Cronbach.

1.5.4. Índice de Discriminação.

O Índice de Discriminação (ID) relaciona cada item com as respostas dos

sujeitos; foram somados as pontuações de cada sujeito na escala geral; após esse

procedimento foram classificados em 2 grupos: sujeitos com escores altos e sujeitos

com escores baixos. Como critérios de divisão dos grupos foram adotados o número de

135 pontos, pois caso o sujeito não se manifestasse em relação aos 45 itens da pesquisa,

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circulando em todos eles, o escore 3 (não tenho opinião a respeito), iria atingir 135

pontos no total da escala geral, sendo eliminado da validação. Assim, os sujeitos com

escore altos são que obtiveram mais de 135 pontos, e os sujeitos com escores baixos

menos de 135. Vejamos a tabela a seguir:

Tabela 2 - Divisão dos grupos

Sujeitos Total na Escala Geral

9 100

Escores Baixos

4 106

7 107

10 108

6 110

3 119

8 127

1 146

Escores Altos 5 162

2 164

Após essa divisão em dois grupos, foram calculadas as médias de cada item,

obtidas pela soma da pontuação dos sujeitos que compõem cada grupo. O índice de

discriminação foi calculado pela subtração da média baixa da média alta que, de acordo

com a literatura consultada, deve ser maior que 1,0 (≥ 1,0) para ser considerado um bom

item quanto à discriminação. O critério estatístico para especificar os sujeitos

classificados com escores “baixo e alto” é o de considerar apenas 27% dos que

atingiram pontuação mais baixa e 27% dos que atingiram pontuação mais alta,

conforme a literatura especializada indica, porém não foi utilizado esse critério para a

construção dos dois grupos porque a amostra é pequena (apenas dez sujeitos). Além

disso, a distância de cada respondente em relação ao ponto médio (135) foi considerada

na tomada dessa decisão. Verificou-se que os sujeitos mais próximos do ponto médio,

para cima e para baixo, respectivamente, obtiveram 127 e 146 pontos. A tabela 3 mostra

os resultados obtidos nesse processo:

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Tabela 3 - Discriminação dos itens

Item Média baixa Média alta Média alta - Média baixa Observação

1 1,14 1,00 -0,14 Excluído

2 1,57 1,66 0,09 Excluído

3 3,14 4,66 1,52 Incluído*

4 2,14 1,66 -0,48 Excluído

5 2,14 2,66 0,52 Excluído

6 3,71 5,00 1,29 Incluído*

7 1,57 2,00 0,43 Excluído

8 1,42 1,33 -0,09 Excluído

9 3,28 1,66 -1,62 Excluído

10 2,71 3,66 0,95 Reformulado

11 1,87 3,33 1,46 Incluído*

12 2,14 4,33 2,19 Incluído*

13 1,42 4,33 2,91 Incluído*

14 1,85 2,00 0,15 Excluído

15 2,14 3,33 1,19 Incluído*

16 1,71 2,66 0,95 Reformulado

17 2,87 3,66 0,79 Reformulado

18 2,71 5,00 2,29 Incluído*

19 3,57 4,66 1,09 Incluído*

20 3,00 3,66 0,66 Excluído

21 2,71 4,00 1,29 Incluído*

22 1,85 3,33 1,48 Incluído*

23 1,42 1,66 0,24 Excluído

24 3,42 4,00 0,58 Excluído

25 2,28 4,66 2,38 Incluído*

26 2,14 3,00 0,86 Reformulado

27 2,14 4,66 2,52 Incluído*

28 2,57 2,66 0,09 Excluído

29 2,00 3,00 1,00 Incluído*

30 2,00 3,66 1,66 Incluído*

31 1,00 1,33 0,33 Excluído

32 1,85 3,33 1,48 Incluído*

33 2,14 4,66 2,52 Incluído*

34 4,57 5,00 0,43 Excluído

35 2,71 3,33 0,62 Excluído

36 3,42 5,00 1,58 Incluído*

37 2,41 4,66 2,25 Incluído*

38 3,42 4,33 0,91 Reformulado

39 3,00 4,00 1,00 Incluído*

40 3,00 2,66 -0,34 Excluído

41 3,57 4,66 1,09 Incluído*

42 2,00 2,33 0,33 Excluído

43 3,57 4,66 1,09 Incluído*

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44 2,57 4,33 1,76 Incluído*

45 3,14 3,00 -0,14 Excluído

Obs: * Itens validados pelo ID

Conforme se observa na tabela 3, foram excluídos 18 itens; foram incluídos 22

itens e 5 tem a observação de reformulado. Estes últimos foram mantidos e

reformulados porque se considerou que uma nova redação poderia tornar o item

discriminativo, além de serem importantes para a consecução dos objetivos da pesquisa.

1.5.5. Coeficiente de Correlação de postos de Spearman

O segundo teste para a validação da escala foi o coeficiente de correlação de

Spearman. Esta é uma medida de associação que exige que duas variáveis tenham

mensuração a nível pelo menos ordinal, para que se possa ordenar, isto é, determinar

seus postos. O objetivo foi correlacionar cada item da escala geral com a sua respectiva

sub-escala, ou seja, pretendeu-se verificar se havia coerência interna nas subescalas e se

os itens estavam em consonância com aquilo que se pretendia examinar em cada sub-

escala. Para o cálculo do coeficiente de correlação procedeu-se da seguinte maneira: em

primeiro lugar, foram ordenadas (ordem crescente), em cada item, as respostas dadas por cada

indivíduo. O próximo passo foi ordenar (também em ordem crescente) as médias que cada

sujeito alcançou nas subescalas. Após esse procedimento, é calculada a diferença entre os postos

do item e da subescala, de acordo com os escores. O resultado é elevado ao quadrado para

eliminar os valores negativos. Vejamos a simulação abaixo:

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Tabela 4 – Cálculo da correlação entre o item e sua respectiva escala - simulação

Sujeito Escore no

item

Média na

subescala

Ordem crescente

(item)

Ordem

crescente

(subescala)

d d2

A 2,0 3,8 4,5 8 -3,5 12

B 2,0 3,9 4,5 9 -4,5 20

C 5,0 4,1 9,5 10 -0,5 0,3

D 2,0 2,4 4,5 1 3,5 12

E 1,0 3,4 1,5 7 -5,5 30

F 5,0 2,6 9,5 2 7,5 56

G 1,0 2,6 1,5 3 -1,5 2,3

H 4,0 2,8 7,5 4 3,5 12

I 2,0 2,9 4,5 6 -1,5 2,3

J 4,0 2,8 7,5 5 2,5 6,3

Observação: na ordenação, em caso de empate, procede-se da seguinte maneira: a cada

uma das observações empatadas atribui-se a média dos pontos que lhes caberiam se não

tivesse havido empate. Assim, se duas observações estão no primeiro lugar, basta

efetuar: 1 + 2 = 3 (primeiro e segundo postos). A seguir, dividi-se por 2, obtendo-se o

posto 1,5.

Por fim, utiliza-se a fórmula de correlação de Spearman:

Onde: r – coeficiente de correlação;

6 – constante;

d2 – diferença entre os postos elevado ao quadrado;

N – número de observações (sujeitos)

Após o cálculo do coeficiente de correlação de Spearman, obteve-se os seguintes

valores, expressos na tabela 4. Considerou-se o valor crítico igual a 0,564, estabelecido

em Siegel (1975).

NN

d

r3

26

1

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Tabela 5 - Coeficiente de Correlação de Postos de Spearman

Item Subescala Coeficiente de correlação de postos

3 Tendências 0,745*

6 Moral 0,842*

10 Moral 0,345

11 Pedagógico 0,382

12 Moral 0,600*

13 Moral 0,600*

15 Tendências 0,261

16 Moral 0,212

17 Tendências 0,745*

18 Moral 0,685*

19 Ambiguidade 0,709*

21 Moral 0,552

22 Moral 0,333

25 Moral 0,758*

26 Pedagógico 0,406

27 Ambiguidade 0,685*

29 Moral 0,576*

30 Moral 0,661*

32 Moral 0,733*

33 Ambiguidade 0,333

36 Moral 0,721*

37 Moral 0,685*

38 Pedagógico 0,842*

39 Ambiguidade 0,236

41 Tendências 0,333

43 Tendências 0,673*

44 Pedagógico 0,200

Obs: Itens com * são itens com valores significativos ao nível de 0,05 para o número de

sujeitos da amostra.

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1.5.6. Coeficiente alfa (α) de Cronbach.

Terceira etapa da validação, este teste é uma técnica de estimativa de coeficiente

e visa verificar a congruência que cada item tem com o restante dos itens do; é um

coeficiente geral que reflete o grau de covariância dos itens entre si, servindo para

indicar a consistência interna da escala. Esse teste é uma forma de estimar a

confiabilidade de um questionário aplicado em uma pesquisa. Ele mede a correlação

entre respostas em um questionário através da análise das respostas dadas pelos

respondentes, apresentando uma correlação média entre as perguntas. O coeficiente α é

calculado a partir da variância dos itens individuais e da variância da soma dos itens de

todos os itens de um questionário. Para efetuar os cálculos, é preciso de início calcular a

variância de cada item individualmente. Pasquali (2009) destaca que a fórmula de

Cronbach mostra que se todos os itens variarem do mesmo jeito, ou seja, se não houver

variância entre os itens individualmente, o alfa será igual a 1; dizendo que, os itens

serão totalmente homogêneos, produzindo exatamente a mesma variância, porém não é

de se esperar que isso ocorra. O alfa dará a congruências ou covariação que os itens têm

dentro do teste. O Coeficiente alfa vai de 0 a 1, 0 indicando ausência total de

consistência interna dos itens e o 1 presença de consistência de 100%.

Na tabela 6, destaca-se a variância encontrada em cada item.

Tabela 6 - Variância dos itens.

Item Variância

3 1,44

6 1,29

10 1,89

11 1,01

12 1,16

13 2,01

15 1,05

16 0,60

17 1,09

18 1,85

19 1,29

21 0,89

22 0,81

25 1,80

26 1,24

27 1,89

29 1,41

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30 2,25

32 1,45

33 1,89

36 1,69

37 1,89

38 1,41

39 1,41

41 1,09

43 1,49

44 1,29

A partir das variâncias de cada item, foi calculado o coeficiente alfa da escala

geral e de cada subescala, conforme a tabela 7.

Tabela 7 - Alfa de Cronbach.

Subescala α de Cronbach

Geral – Adesão ao Esporte 0,944

Ambiguidade do esporte 0,266

Tendências no esporte 0,625

Conteúdo Pedagógico 0,425

Conteúdo Moral 0,932

O alfa da subescala Ambiguidade teve como resultado 0,266, um alfa baixo de

acordo com a literatura consultada, isso pode ter ocorrido devido ao fato de ser uma

escala pequena, com 4 itens, com uma difícil avaliação, porém foi mantida em função

do alfa da escala geral; isso sugere que a subescala de Ambiguidade pode ser

aperfeiçoada.

Ao analisar o alfa geral, levando em consideração todas as variáveis, observa-se

que o valor obtido foi muito satisfatório. Esse resultado indica que o instrumento

utilizado na pesquisa possui coerência interna, pois, de um valor máximo alcançável de

1 (um), obteve-se um alfa de 0,944.

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33

Após todos esses processos, foram validados 27 itens, sendo que um desses itens

foi repetido na escala final para avaliar o grau de atenção do sujeito (itens 25 e 48);

além disso, os itens 11 e 44 foram desdobrados, dando origem a mais dois itens. O

motivo desse desdobrado é que apresentavam possibilidade de pelo menos duas

interpretações, constituindo o que Pasquali (2009) denomina de bilateralidade, já que

pode estar aferindo mais do que uma atitude. Assim, o item 11 deu origem ao item 46 e

o item 44 deu origem ao item 47.

Ao final dos 3 testes estatísticos a escala de Adesão ao Esporte foi composta

pelos seguintes itens:

Tabela 8 - Item com indicação da subescala a que cada item pertence.

Subescala Item Redação do Item

Ambiguidade

no Esporte

19

O sofrimento é o preço justo a se pagar pela vitória.

27

O esporte impõe limites que são de extrema importância para a

formação da personalidade do aluno.

33

Sem disciplina rígida não há formação.

39 O atleta profissional não pode deixar de aceitar uma boa proposta

financeira de jogar em clubes fora do nosso país mesmo que tenha

que abrir mão de sua satisfação pessoal.

Tendências no

Esporte

3

É mais importante um estádio de futebol estar cheio do que o jogo

ser bonito de se ver.

15 Para o atleta profissional é mais importante ajudar sua família

financeiramente do que ir em busca de seus sonhos.

17 Prefiro um atleta com garra a um com talento.

41 No esporte o que conta é a força física.

43 Sempre é preferível que minha equipe ganhe jogando mal do que

perca jogando bem.

Conteúdo

Pedagógico

11

A prática de esportes, satisfaz as expectativas dos alunos.

26 Os alunos preferem a pratica de esportes a, outro tipo de aula, pois

só têm interesse em jogar durante as aulas de educação física.

38 Prefiro trabalhar com o esporte nas minhas aulas do que com

outras práticas da Educação Física.

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34

44 O esporte é um conteúdo pedagógico fundamental na aula de

Educação Física.

46 Os alunos gostam de competir e ficam felizes quando se saem

vitorioso.

47 Trabalhar com esporte nas aulas de Educação Física é a maneira

mais adequada de promover a educação corporal.

Conteúdo

Moral

6

É papel da Educação Física modelar o corpo.

10 O esporte é um antídoto contra o mundo que conhecemos, ele

promove os verdadeiros valores humanos.

12 O esporte é importante para a formação de verdadeiros homens.

13 Deve-se obedecer às regras do jogo independente quais sejam

elas.

16 O esporte é como um remédio tranquilizante natural para as

pessoas que o praticam.

18 É importante o desenvolvimento do espírito competitivo motivado

pelo esporte.

21 O esporte pode ser um meio de tirar as pessoas da pobreza.

22 O esporte revela-se de extrema importância para o equilíbrio do

indivíduo, em todos os aspectos (físico, emocional, mental,

espiritual).

25 O esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de trabalho.

29 O esporte proporciona ao aluno aprender o respeito às regras, o que é fundamental para a formação humana.

30 As práticas esportivas são importantes principalmente para

promoção da saúde.

32 Pessoas que praticam esporte apresentam maior nível de

concentração e memória mais apurada.

36 A Educação Física deve fortalecer o corpo para que tenha

resistência, o que ajuda a suportar os sofrimentos.

37 O esporte é um importante recurso para disciplinar os alunos.

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35

A amostra foi composta por 30 sujeitos, todos professores de Educação Física,

de ambos os sexos, que atuam no ensino fundamental II e médio na rede estadual de São

Paulo. Este professores lecionam nas escolas da Diretoria de Ensino Leste 2 (DE Leste

2), que é composta por 90 escolas. Essas escolas se dividem em 5 setores: Itaim

Paulista, Lajeado, São Miguel Paulista, Jardim Helena e Vila Curuça. A escolha da

diretoria de ensino para a realização desta pesquisa deveu-se ao fato do pesquisador

estar vinculado profissionalmente.

Como critério de seleção das escolas, foi feito sorteio dos supervisores de ensino

que atendem essas escolas; há atualmente na DE Leste 2, vinte e três supervisores, que

atendem uma média de 4,65 escolas cada um. Em uma amostra aproximada de 20% dos

supervisores, o que corresponde a quatro, temos entre 18 e 19 escolas (4 X 4,65 = 18,6).

Tendo por base que há cerca de três professores de educação física em cada escola,

definiu-se um número estimado de 54 professores a serem considerados integrantes da

amostra.

Em todas as escolas visitadas, verificou-se a existência de exatos 50 professores.

Todos concordaram em participar da pesquisa. No entanto, desses 50, 20 foram

excluídos da amostra final, pois tiveram respostas diferentes no item que foi repetido

com o fim de avaliar o grau de atenção. Assim, a amostra de professores foi composto

por 30 sujeitos.

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36

CAPÍTULO II: O POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

2.1. Caracterização da amostra

A amostra de professores é a seguir tipificada segundo características

demográficas (sexo, idade e estado civil), trajetória do ensino superior (se foi em uma

instituição pública ou particular e ano de formação), trajetória profissional (tempo de

magistério, na rede estadual e na escola atual, quantidade de escolas em que lecionam,

quantidade de horas trabalhadas na semana), situação funcional (se é efetivo ou

contratado), complementação da renda (se exerce ou não outra atividade relacionado ao

magistério), participação em times ou grupos de atividades físicas, condições de

trabalho, do espaço, de materiais e o apoio pedagógico da escola (se são excelentes,

ótimas, boas, regulares ou ruins). A elaboração do questionário que compõe o

instrumento de pesquisa foi realizada visando caracterizar demográfica e socialmente os

professores de educação física participantes desta pesquisa.

Esclareça-se que os dados demográficos apresentados a seguir referem-se aos 30

professores que responderam ao questionário e, diante disso, apresenta-se a seguir

características dos professores.

Caracterização dos professores

Quanto ao sexo: a tabela 9 apresenta a distribuição de professores por sexo.

No que se refere ao sexo dos professores, a maioria é do sexo masculino (16 de

30), ou 0,53; consequentemente 0,47 é de mulheres. Percebe-se que está diferença entre

sexo é muito pequena.

Tabela 9 - Professores por sexo, com indicação de proporção.

Sexo Quantidade de pessoas Proporção

Masculino 16 0,53

Feminino 14 0,47

Total 30 1,00

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37

Quanto a faixa etária: a tabela 10 a seguir, apresenta a faixa etária dos

professores pesquisados.

Tabela 10 - Professores por faixa etária, com indicação de proporção.

Faixas etárias Quantidade de pessoas Proporção

23 a 26 6 0,2

27 a 30 12 0,4

31 a 35 8 0,3

Mais de 40 anos 4 0,1

Total 30 1,0

Pela tabela 10, pode-se observar que a maioria dos professores (12 dos 30, ou

0,4) possui idade entre 27 a 30 anos, seguindo de 8 professores, ou 0,3, com idade entre

31 a 35 anos, logo segue 6 professores, 0,2, com idade entre 23 a 26 anos e 4

professores, 0,1, com idade superior a 40 anos. Se dividirmos em dois grupos,

percebemos que 18 professores, 0,6, estão no grupo dos entre 23 e 30 anos e que 12

professores, 0,4, tem idade entre 31 e mais de 40 anos. Portanto, percebe-se que há uma

grande presença professores com pouco tempo de formação, pois geralmente se ingressa

na faculdade ao término do ensino médio, com 18 anos em média.

Quanto ao estado civil: a tabela 11 a seguir, apresenta o estado civil dos

professores pesquisados.

Tabela 11 - Estado civil dos professores, com indicação de proporção.

Estado civil Quantidade Proporção

Solteiro 18 0,6

Casado 12 0,4

Separado - -

Divorciado - -

Viúvo - -

Total 30 1,0

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38

Pela tabela 11, pode-se observar que a maioria dos professores (18 de 30, ou 0,6)

é solteira e 12 professores, 0,4, são casados. Nenhum professor assinalou as opções:

separado, divorciado e viúvo.

Quanto à instituição que se formou: a tabela 12 a seguir apresenta quantos

professores cursaram faculdades/universidades públicas ou particulares.

Tabela 12 - Instituição superior que se formou, com indicação de proporção.

Tipo de Faculdade Quantidade Proporção

Pública - -

Particular 30 1,0

Total 30 1,0

Pela tabela 12, percebe-se que todos os professores se formaram em instituições

de ensino superior particular. Essa característica é muito interessante: o fato de nenhum

dos professores ter formação em uma instituição pública pode estar relacionado com a

distância do local onde residem dos cursos mantidos por instituições públicas. As

escolas nas quais lecionam estão na periferia da cidade de São Paulo.

Quanto a curso de pós-graduação: a tabela 13, a seguir, apresenta quantos

professores possuem curso de pós-graduação.

Tabela 13 – Professores que possuem curso de pós-graduação, com indicação de

proporção.

Pós Graduação Quantidade Proporção

Sim 11 0,37

Não 19 0,63

Total 30 1,00

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39

Pela tabela 13, percebe-se que maioria dos professores (19 de 30, ou 0,63) não

possuem curso de pós-graduação, 11 professores, ou 0,37, possuem curso de pós-

graduação. O interessante desse dado é que dos 11 professores que possuem pós-

graduação, para 4 deles tal especialização foi obtida em curso de Educação Física

Escolar, para 4 deles em práticas esportivas, 2 em gestão escolar e 1 em estética

corporal.

Quanto ao tempo de magistério: a tabela 14 a seguir, apresenta o tempo de

magistério dos professores.

Tabela 14 - Tempo no magistério com indicação de proporção.

Anos Quantidade de professores Proporção

2 6 0,20

3 4 0,13

4 3 0,10

5 5 0,16

6 5 0,16

10 1 0,03

11 1 0,03

12 1 0,03

15 1 0,03

17 1 0,03

21 1 0,03

23 1 0,03

Total 30 1,00

Pela tabela 14, percebe-se que 6 professores tem 2 anos de tempo no magistério,

5 professores tem 5 anos, 5 professores, tem 6 anos e 4 professores, tem 3 anos em

tempo no magistério. Com 10, 11, 12, 15, 17, 21 e 23 anos de magistério há apenas 1

professor. Um aspecto a ser destacado é que 10 professores tem de 2 a 3 anos de

magistério e 10 professores tem entre 5 e 6 anos. Ao confrontar com a faixa de idade

dos professores, a maioria deles começaram com uma média de 22 anos no magistério.

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40

Quanto ao tempo na rede: a tabela 15 a seguir, apresenta o tempo do professor

na rede estadual de ensino.

Tabela 15 - Tempo na rede estadual com indicação de proporção.

Anos Quantidade de professores Proporção

1 1 0,03

2 7 0,23

3 4 0,13

4 2 0,07

5 5 0,16

6 5 0,16

10 1 0,03

11 1 0,03

15 1 0,03

17 1 0,03

21 1 0,03

23 1 0,03

Total 30 1,00

Pela tabela 15, percebe-e que 7 professores tem 2 anos na rede estadual, seguido

por 5 professores, que tem 5 anos na rede e 5 professores, que tem 6 anos na rede.

Verifica-se que 24 professores tem até 6 anos de trabalho na rede estadual.

Quanto ao tempo na escola: a tabela 16 a seguir, apresenta o tempo do

professor na escola, em anos.

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41

Tabela 16 - Tempo do professor na escola com indicação de proporção.

Anos Quantidade de professores Proporção

1 7 0,23

2 9 0,30

3 6 0,20

5 3 0,10

6 4 0,13

21 1 0,03

Total 30 1,00

Na tabela 16, percebe-se que maioria dos professores (16 ou 0,53) tem até 2 anos

de tempo na escola em que leciona. Esses dados mostram que a maioria dos professores

há poucos anos lecionam em suas escolas.

Quanto situação funcional: a tabela 17 a seguir, apresenta a situação funcional

dos professores.

Tabela 17 – Situação funcional dos professores com indicação de proporção.

Situação Quantidade de professores Proporção

Efetivo 12 0,4

Contratado 18 0,6

Outros - -

Total 30 1,00

Observando a tabela 17, verificamos que 0,6 dos professores (18 dos 30) tem o

regime de contratado e 0,4 deles tem o regime de efetivo. Isso caracteriza a maioria dos

professores como não concursados, porém esse fato pode não fazer diferença em suas

práticas, pois há casos de professores com vários anos de magistério e que tem a

situação de contratado na rede estadual.

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42

Quanto a complementação de renda: a tabela 18 seguir, apresenta se os

professores complementam sua renda e se atividade está relacionada ao magistério.

Tabela 18 – Complementação de renda com indicação de proporção.

Quantidade de professores Proporção

Não exerço outra atividade 10 0,33

Sim, relacionado ao magistério 3 0,10

Sim, mas não relacionado ao magistério 17 0,56

Total 30 1,00

Pela tabela 18, percebe-se que 0,56 dos professores (17 dos 30) complementam

sua renda, porém a atividade exercida não está relacionada ao magistério. Isso pode

acontecer devido ao fato de que há outras possibilidades de atuação do profissional de

educação física, como em clubes, academias, hospitais etc.; essas atividades, na maioria

das vezes, são ligadas as práticas esportivas, artes marciais e acompanhamento do

exercício físico.

Quanto a horas trabalhada: a tabela 19 seguir, apresenta o número de horas de

trabalho dos professores

Tabela 19 – Horas de trabalho dos professores, com indicação de proporção.

Horas de trabalho Quantidade de pessoas Proporção

8 a 22 6 0,20

23 a 32 12 0,40

33 a 40 7 0,23

41 a 70 5 0,17

Total 30 1,00

A tabela 19 mostra que 0,40 dos professores (12 dos 30) tem uma jornada de

trabalho de 23 a 32 horas semanais, e 0,23 tem uma jornada de 33 a 40 horas semanais,

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43

Essas horas semanais estão divididas entre a escola que lecionam e as outras atividades

que exercem, quando é o caso.

Quanto às escolas: a tabela 20 a seguir, apresenta o número de escolas que os

professores trabalham.

Tabela 20 – Quantidade de escola que trabalha, com indicação de proporção.

Numero de escolas Quantidade de pessoas Proporção

1 24 0,80

2 5 0,17

3 1 0,03

Total 30 1,00

Conforme a tabela 20, a maioria dos professores 0,80 (24 dos 30) trabalham em

1 escola, reforçando o fato deles complementarem a suas rendas com outra atividade

não relacionada ao magistério.

Quanto à participação dos professores em times ou grupos de atividade

física: a tabela 21 a seguir, apresenta as atividades das quais professores participam.

Tabela 21 – Participação dos professores em times/grupos de atividade, com

indicação de proporção.

Quantidade de pessoas Proporção

Sim 23 0,77

Não 7 0,23

Total 30 1,00

Observando a tabela 21, pode-se verificar que 0,77 dos professores (23 dos 30)

participam de times ou grupos de atividade física e 0,23 não participa. Esse dado é

interessante, pois mesmo com uma média de 30 horas de trabalho semanal, os

professores buscam uma forma de praticar de atividade física, mesmo que possa ser 1

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44

ou 2 vezes na semana. Esse item reforça um senso comum de que o professor de

educação física tem que ser ativo fisicamente, praticando esporte, fazendo ginástica ou

frequentando academia.

Quanto ao fato do professor ter sido ou não um atleta: a tabela 22, a seguir,

registra essa informação.

Tabela 22 - Atleta profissional ou amador, com indicação de proporção.

Quantidade de pessoas Proporção

Sim 15 0,5

Não 15 0,5

Total 30 1,0

Pela tabela 23, 0,5 dos professores (15 dos 30) foi atleta profissional ou amador,

os outros 0,5 não foram atletas de nenhuma forma. Essa tabela traz um fato curioso,

pois pode sugerir que as pessoas cursaram Educação Física por terem tido experiências

como atleta em determinado esporte, porém 0,5 não tiveram esse contato com o esporte.

Quanto às condições de trabalho dos professores: a tabela 23 a seguir,

apresenta as condições de trabalho que o professor encontra na escola que leciona,

segundo sua própria impressão.

Tabela 23 – Condições de trabalho que o professor leciona com indicação de

proporção.

Quantidade de professores Proporção

Excelente - -

Ótima 4 0,13

Boas 16 0,53

Regulares 8 0,27

Ruins 2 0,07

Total 30 1,00

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45

Pela tabela 23, a maioria dos professores, 0,53 deles (16 dos 30) demonstra que

são “Boas” as condições de trabalho nas escolas em que lecionam, 0,27 opinam que são

“Regulares”, 0,13 acham que são “Ótimas” e 0,07 acham que são “ruins”.

Quanto às condições de espaço reservado para as aulas de Educação Física:

a tabela 24, a seguir, apresenta as condições de espaço reservado (quadra esportiva ou

outro local) para as aulas, de acordo com professores.

Tabela 24 – Condições do espaço que o professor leciona com indicação de

proporção.

Quantidade de professores Proporção

Excelente - -

Ótima 3 0,10

Boas 19 0,63

Regulares 5 0,17

Ruins 3 0,10

Total 30 1,00

Pela tabela 24, a maioria dos professores 0,63 (19 dos 30) diz que as condições

do espaço que é reservado para a prática das aulas de educação física, quadra esportiva

ou outro espaço, são “Boas”, e 0,17 deles dizem que as condições são “Regulares”. O

fato de que a maioria deles dizer que as condições do espaço são boas pode estar

relacionado com o reconhecimento de que a melhoria dessas condições é algo muito

difícil, pois a escola depende de verbas específicas e da autorização da diretoria de

ensino para que isso aconteça.

Quanto às condições dos materiais que os professores utilizam: a tabela 25 a

seguir, apresenta as condições dos materiais (corda, arcos, bolas etc.) que o professor

encontra na escola que leciona, conforme a impressão deles próprios.

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Tabela 25 – Condições dos materiais que o professor encontra na escola, com

indicação de proporção.

Quantidade de professores Proporção

Excelente - -

Ótima 3 0,10

Boas 15 0,50

Regulares 10 0,30

Ruins 2 0,07

Total 30 1,00

Pela tabela 25, a metade dos professores 0,50 (15 dos 30) expressa que as

condições dos materiais encontrado na escola são “Boas”, 0,30 deles alegam que as

condições são “Regulares”. Esse quadro pode ser explicado pelo fato de que para que as

escolas possam comprar materiais para a prática da educação física precisam esperar por

verbas especificas, ficando restrito na maioria das vezes a uma vez ao ano; assim o

professor, de uma certa forma, tem que se conformar com o que escola oferece. Outro

fato a ser considerado é que o professor pode considerar as condições desses materiais e

não sua diversidade.

Quanto ao apoio que o professor recebe na escola: a tabela 26, a seguir,

apresenta como o professor classifica o apoio pedagógico da equipe gestora e o

entrosamento com outros professores.

Tabela 26 – Apoio pedagógico, equipe gestora e entrosamento com outros

professores em relação ao seu trabalho, com indicação de proporção.

Quantidade de professores Proporção

Excelente 1 0,03

Ótima 8 0,27

Boas 16 0,53

Regulares 4 0,13

Ruins 1 0,03

Total 30 1,00

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47

Pela tabela 26, pode-se observar que 0,53 dos professores (16 dos 30)

classificam como bom o apoio pedagógico da equipe gestora e o entrosamento com

outros professores, 0,27 deles classificam essas relações como “Ótimas” e 0,13

classificam como “Regulares”.

2.2. Análise do posicionamento dos professores.

2.2.1. A escala “Adesão ao Esporte”.

Como já se registrou, a escala total é composta de questionário que permite a

caracterização dos professores, além das 30 afirmações distribuídas em quatro

subescalas. Dos 30 itens elaborados, um foi repetido no instrumento com o intuito de

verificar a atenção do professor ao responder a pesquisa (itens 25 e 48).

A pesquisa foi realizada a fim de discutir se permanece a perspectiva esportivista

na Educação Física Escolar, a partir do modo como os professores se posicionam em

relação às aulas que ministram. A finalidade da elaboração do instrumento de pesquisa

foi de verificar a valorização e funções que os professores de Educação Física atribuem

ao esporte na educação física escolar.

A escala geral “Adesão ao Esporte” é dividida em subescalas. De acordo com o

tema principal que se pretende analisar, conforme se segue:

a) Subescala I: “Conteúdo pedagógico”, composta por 6 itens.

b) Subescala II: “Conteúdo Moral”, composta por 15 itens, sendo que 1 item foi

repetido para avaliar o grau de atenção do sujeito

c) Subescala III: “Tendências no esporte”, formada 5 itens.

d) Subescala IV: “Ambiguidade no Esporte”, constituída em 4 itens.

O intervalo da escala total varia de acordo com as possibilidades de respostas

dos professores, diante das afirmações de cada questão e das opções escolhidas como

resposta por eles. O intervalo possível de escore, portanto, varia entre 30 e 150 – 30

para o caso de os professores responderem que concordam totalmente com as

afirmações e 150 no caso de os professores discordarem totalmente de todas as

afirmações.

A tabela a seguir apresenta os resultados da escala geral e das subescalas,

contendo a média e o desvio padrão de cada uma.

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Tabela 27 - Resultados da escala geral por subescala

Subescalas Itens Média Desvio Padrão

Conteúdo Pedagógico 6 2,8 1,2

Conteúdo Moral 14* 2,9 1,3

Tendências no Esporte 5 3,6 1,2

Ambiguidade no Esporte 4 3,2 1,2

Escala Geral - Adesão ao esporte 29 2,9 1,2

*Obs: Foi retirado o item repetido na soma geral

Pelos resultados encontrados, de acordo com a tabela 27, pode-se observar que a

média das repostas dos professores aos itens de cada subescala variou de 2,8 a 3,6,

resultando na média geral de 2,9 da escala geral. Os resultados indicam que os

professores tendem ao ponto da neutralidade (escore 3) em relação às questões

apresentadas.

A subescala “Conteúdo Pedagógico” foi a que apresentou a média mais baixa

(2,8), indicando que foi a subescala que os professores tendem a não ter opinião a

respeito. A subescala “Tendências no Esporte”, por sua vez, foi a que teve a média mais

alta (3,6) das repostas dos professores as afirmações dos itens. Tal resultado mostra que

nas afirmações dos itens que compõem esta subescala, a maioria dos professores tendem

a não ter opinião a respeito; no que se refere às subescalas “Conteúdo Moral” e

“Ambiguidade no Esporte”, os professores também tendem a não ter opinião a respeito

das mesmas. Quanto ao desvio padrão, pelos resultados apresentados na tabela 28,

pode-se observar que eles variam de 1,2 a 1,3. Sendo o desvio padrão a medida de

dispersão dos valores em relação à média, constata-se, então, que em todas as

subescalas e na escala geral a dispersão em relação à media encontrada é muito próxima

uma da outra.

Para analisar melhor os motivos que levam os professores a concordarem,

discordarem ou não terem opinião a respeito com determinadas afirmações do que com

outras, torna-se necessário observar cada subescalas individualmente.

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2.2.2. Subescala I: “Conteúdo Pedagógico”.

Os itens que compõem a subescala “Conteúdo pedagógico” foram elaborados

com a finalidade de verificar se ocorre a predominância da perspectiva esportivista na

Educação Física Escolar, a partir do modo como os professores se posicionam em

relação às suas aulas, além de analisar a educação do corpo/expressão corporal e

formação do indivíduo, tendo como referência o modo como os professores se

manifestam sobre a Educação Física na escola. Os 6 itens que compõem a subescala

foram extraídos e elaborados a partir da experiência do pesquisador, embasada no

cotidiano das aulas de educação física e nas leituras feitas.

A média dos resultados dos itens de toda a subescala está exposta na tabela a

seguir. A subescala contém 6 itens, cujas questões têm as seguintes numerações: 11, 26,

38, 44, 46 e 47. A tabela 28 apresenta a média e o desvio padrão dos resultados das

respostas dos professores a cada uma das questões.

Tabela 28 - Resultados da subescala I: “Conteúdo Pedagógico”

Itens Média Desvio

Padrão

Item 11 - A prática de esportes satisfaz as expectativas dos alunos. 2,3 1,1

Item 26 - Os alunos preferem a pratica de esportes a outro tipo de

aula, pois só têm interesse em jogar durante as aulas de educação

física.

2,5 1,2

Item 38 - Prefiro trabalhar com o esporte nas minhas aulas do que

com outras práticas da Educação Física. 4,1 1,1

Item 44 - O esporte é um conteúdo pedagógico fundamental na

aula de Educação Física. 2,3 1,3

Item 46 - Os alunos gostam de competir e ficam felizes quando se

saem vitorioso. 2,0 1,1

Item 47 - Trabalhar com esporte nas aulas de Educação Física é a

maneira mais adequada de promover a educação corporal. 3,5 1,2

Resultados gerais da subescala 2,8 1,2

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Ao analisar a subescala “Conteúdo Pedagógico”, verificou que o item 46 teve a

menor média (2,0), demonstrando o índice de concordância em relação a afirmativa,

com média concentrada na opção “concordo parcialmente” (escore 2); o item 38 teve a

maior média (4,1), demonstrando o índice de discordância em relação à afirmativa, com

média concentrada na opção “discordo parcialmente” (escore 4).

Analisando as sentenças e suas médias, percebe-se que os professores

identificam o vínculo do esporte com a satisfação das expectativas dos alunos; tendem a

concordar parcialmente com a afirmação que os alunos preferem a prática de esportes a

outro tipo de conteúdo importante de suas aulas e que os alunos gostam de competir e

que ficam felizes quando se saem vitoriosos; a vitória favorece o desejo de ser o melhor,

trazendo assim a satisfação em competir.

Os professores tendem a discordar da afirmação de que preferem trabalhar com

o esporte em suas aulas do que com outras práticas da Educação Física, mesmo

creditando valores ao esporte e considerando-o como um conteúdo pedagógico

fundamental em sua aula e tendem a discordar no que diz respeito à afirmação de que

trabalhar com o esporte nas aulas de Educação Física é a maneira mais adequada de

promover a educação corporal. Aqui parece que os professores responderam o que o

pesquisador queria ouvir, mesmo deixando bem claro a eles que a pesquisa não se

tratava de avaliar o professor; pode ser que como são constantemente avaliados pelo

sistema educacional do estado de São Paulo, houve uma certa tendência de responder o

parece ser correto. Porém, os professores tendem a concordar que o esporte é um

conteúdo pedagógico fundamental na aula de Educação Física e creditam valores

importantes ao esporte, ou seja, suas aulas tendem a ter o esporte como um conteúdo

relevante.

Depois de apresentado os dados, em síntese pode-se afirmar que a perspectiva

esportivista é predominante na educação física escolar; os professores tendem a

concordar que o esporte é um conteúdo pedagógico fundamental de suas aulas, alguns

chegam a se especializar em suas práticas e complementam a sua renda com atividades

não relacionada ao magistério, pois há possibilidades de atuação em clubes e academias,

que na maioria das vezes são ligados a práticas esportivas.

No que se refere ao objetivo de verificar se ocorre a predominância da

perspectiva esportivista na Educação Física Escolas, a partir do modo como os

professores se posicionam em relação às suas aulas, a hipótese de que “os professores

de Educação Física utilizam as práticas esportivas como principais conteúdos de suas

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aulas devido à comodidade que trazem e, também, pela afinidade que tem com a prática

esportiva” foi apenas parcialmente confirmada, pois as respostas do conjunto dos

professores aos itens da subescala apontam para uma postura ambivalente.

.

2.2.3. Subescala II: “Conteúdo Moral”.

A subescala “Conteúdo Moral” foi elaborada visando analisar os valores e

papéis atribuídos ao esporte na educação física escolar (educacionais, vinculados à

promoção da cidadania ou ao rendimento esportivo, promotores da saúde), bem como

analisar a função do esporte, verificando se é considerado pelos professores como algo

importante para estar na escola.

A tabela 29, a seguir, apresenta a média e o desvio padrão dos resultados das

respostas dos professores a cada um dos itens da subescala.

Tabela 29 - Resultados da subescala II: “Conteúdo Moral”

Itens Média Desvio

Padrão

Item 6 - É papel da Educação Física modelar o corpo. 4,3 1,0

Item 10 - O esporte é um antídoto contra o mundo que

conhecemos, ele promove os verdadeiros valores humanos. 3,5 1,4

Item 12 - O esporte é importante para a formação de verdadeiros

homens. 2,8 1,4

Item 13 - Deve-se obedecer às regras do jogo independente quais

sejam elas. 2,2 1,3

Item 16 - O esporte age como um remédio natural para as pessoas

que o praticam. 2,6 1,3

Item 18 - É importante o desenvolvimento do espírito competitivo,

tal como trabalhado nos esportes. 3,0 1,3

Item 21 - O esporte pode ser um meio de tirar as pessoas da

pobreza. 2,6 1,1

Item 22 - O esporte é de extrema importância para o equilíbrio do

indivíduo, em todos os aspectos (físico, emocional, mental,

espiritual).

2,1 1,1

Item 25 - O esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de

trabalho. 2,7 1,5

Item 29 - O esporte proporciona ao aluno aprender o respeito às

regras, o que é fundamental para a formação humana. 2,2 1,2

Item 30 - As práticas esportivas são importantes principalmente

para promoção da saúde. 1,7 0,8

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Item 32 - Pessoas que praticam esporte apresentam maior nível de

concentração e memória mais apurada. 2,2 1,0

Item 36 - A Educação Física deve fortalecer o corpo para que

tenha resistência, o que ajuda a suportar os sofrimentos. 3,7 1,4

Item 37 - O esporte é um importante recurso para disciplinar os

alunos. 2,2 1,0

Resultados gerais da subescala 2,9 1,3

Obs: Item 48 é repetido, com finalidade de avaliar o grau de atenção do sujeito, tem a mesma

redação que o item 25.

Ao analisar a subescala “Conteúdo Moral”, verificou que o item 30 teve a menor

média (1,7), demonstrando o índice de concordância em relação a afirmativa, com

média concentrada na opção “concordo parcialmente” (escore 2), com desvio padrão

baixo (0,8), demonstrado que ficou concentrada a reposta na mesma opção; o item 06

teve a maior média (4,3), demonstrando o índice de discordância em relação à

afirmativa, com média concentrada na opção “discordo parcialmente” (escore 4).

Analisando as sentenças e suas médias, percebe-se que os professores creem que

o esporte é importante para a formação de “verdadeiros homens”, com ênfase para o

respeito às regras, a competitividade e a seletividade; para eles o esporte age como um

remédio natural para as pessoas que o praticam; creem também que o esporte pode ser

um meio de tirar as pessoas da pobreza, como alguns casos de atletas divulgados pela

mídia, especialmente jogadores de futebol que saíram das periferias das cidades para

“brilhar nos campos e na vida". Tendem a concordar que o esporte é importante para o

equilíbrio do indivíduo em vários aspectos (físico, emocional, mental, espiritual), pois

nele é possível extravasar os vários aspectos citados de uma forma sadia.

Concordam que o esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de

trabalho, havendo coerência entre essa tendência e a valorização do esporte como

conteúdo que ensina o respeito às regras e promove o equilíbrio do individuo. Ora, a

submissão às regras pode favorecer a submissão à autoridade presente nas relações de

trabalho; de outro lado, creditam valores relacionados à capacidade de concentração e

ao caráter disciplinador da atividade esportiva.

Os professores tendem a discordar da afirmação de que a Educação Física deve

fortalecer o corpo para que se tenha resistência, ajudando a suportar os sofrimentos;

discordam que é papel da Educação Física modelar o corpo do aluno.

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Tendem a não ter opinião a respeito da importante do desenvolvimento do

espírito competitivo, tal como trabalhado nos esportes e que este é um antídoto contra o

mundo capitalista, promovendo verdadeiros valores humanos. Essa posição indica que

mantém uma certa postura crítica em relação ao esporte.

A hipótese testada por esta escala foi a de que os valores e papéis atribuídos ao

esporte na Educação Física Escolar pelos professores são os seguintes: valores

educacionais ligados ao desenvolvimento dos alunos, à promoção da cidadania, ao

respeito em relação ao outro e as regras, à promoção da saúde, devido à ligação da

Educação Física aos conteúdos de estudos biológicos, valores vinculados ao rendimento

esportivo, na busca de novos talentos esportivos. Ao elaborar essa hipótese supôs-se que

os professores iriam atribuir papeis ao esporte na Educação Física Escolar. Aqui

também se verificou uma atitude ambígua dos professores.

2.2.4. Subescala III: “Tendência no Esporte”

A subescala “Tendência no Esporte” foi elaborada visando verificar se as

atitudes dos professores remetem para o reforço do vínculo entre esporte e indústria

cultural. A tabela 30, a seguir, apresenta a média e o desvio padrão dos resultados das

respostas dos professores a cada um dos itens da subescala.

Tabela 30 - Resultados da subescala III: “Tendências no Esporte”

Itens Média Desvio

Padrão

Item 3 - É mais importante um estádio de futebol estar cheio do

que o jogo ser bonito de se ver.

4,1 1,2

Item 15 - Para o atleta profissional é mais importante ajudar sua

família financeiramente do que ir em busca de seus sonhos.

2,6 1,1

Item 17 - Prefiro um atleta com garra a um com talento. 3,0 1,3

Item 41 - No esporte o que conta é a força física. 4,4 1,0

Item 43 - Sempre é preferível que minha equipe ganhe jogando

mal do que perca jogando bem.

3,8 1,3

Resultados gerais da subescala 3,6 1,2

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Ao analisar a subescala “Tendências no Esporte”, verificou-se que o item 15

teve a menor média (2,6), demonstrando posicionamento neutro dos professores. com

desvio padrão baixo (1,1); o item 41 teve a maior média (4,4), demonstrando o índice de

discordância em relação à afirmativa, com média concentrada na opção “discordo

parcialmente” (escore 4). Também ficam divididos em relação às afirmações da

subescala; não têm opinião a respeito sobre a preferência por um atleta com garra a um

com talento.

Eles discordam que é preferível que uma equipe ganhe jogando mal do que

perca jogando bem, discordam de que um estádio de futebol cheio é preferível ao jogo

bonito e discordam que no esporte o que prevalece é a força física, percebem que as

pessoas habilidosas podem se sobressair em relação às fortes fisicamente. Esse alto

índice de discordância pode estar relacionado com a cultura brasileira do “futebol arte”.

O esporte é hoje em dia encarado como uma atividade voltada à reprodução da

vida e trabalho, tornou-se um meio de consumo para aqueles que praticam ou aqueles

que o recebe de forma passiva, como espectador. São sobrevalorizados aspectos como

os meios de comunicação e a mercantilização, venda dos seus produtos e serviços e

dando uma extrema importância a competição; surge a ideia que com treinamento,

empenho e dedicação, qualquer um pode ser um vencedor, uma lógica da sociedade

capitalista.

A hipótese formulada nesse caso foi que o esporte torna-se cada vez mais um

produto de consumo e objeto de conhecimento e informação amplamente divulgado

para o grande público por meio de jornais, revistas, rádio e televisão. Os professores

apresentam atitudes que se contrapõem a ligação do esporte com a indústria cultural e

são críticos à introdução da competição com o objetivo de produzir atletas ou, ainda,

consumidores do esporte.

2.2.5. Subescala IV: “Ambiguidade no Esporte”.

A subescala “Ambiguidade no Esporte” teve a finalidade de analisar a

Ambiguidade no Esporte no posicionamento dos professores. A tabela 31, a seguir,

apresenta a média e o desvio padrão dos resultados das respostas dos professores a cada

um dos itens da subescala.

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Tabela 31 - Resultados da subescala IV: “Ambiguidade no Esporte”

Itens Média Desvio

Padrão

Item 19 - O sofrimento é o preço justo a se pagar pela vitória. 3,6 1,4

Item 27 - O esporte impõe limites que são de extrema importância

para a formação da personalidade do aluno.

2,2 1,0

Item 33 - Sem disciplina rígida não há formação. 3,0 1,5

Item 39 - O atleta profissional não pode deixar de aceitar uma boa

proposta financeira de jogar em clubes fora do nosso país mesmo

que tenha que abrir mão de sua satisfação pessoal.

4,0 1,0

Resultados gerais da subescala 3,2 1,2

Ao analisar a subescala “Ambiguidade no Esporte”, verificou que o item 27 teve

a menor média (2,2), demonstrando o índice de concordância em relação a afirmativa,

com média concentrada na opção “concordo parcialmente” (escore 2), com desvio

padrão baixo (1,0), demonstrado que ficou concentrada a reposta na mesma opção; o

item 39 teve a maior média (4,0), demonstrando o índice de discordância em relação à

afirmativa, com média concentrada na opção “discordo parcialmente” (escore 4).

Analisando as sentenças e suas médias, percebe-se que os professores tendem a não ter

uma opinião a respeito a que o sofrimento é um preço justo a se pagar pela vitória e para

a formação do individuo necessita de uma disciplina rígida.

Os professores creem que os limites impostos pelo esporte são importantes para

a formação da personalidade do indivíduo; e tendem a discordar de que atleta

profissional não pode deixar de aceitar uma boa proposta financeira para jogar fora do

país, eles concordam que o atleta profissional deve ajudar a família financeiramente,

conforme o item 15; é possível considerar que, para eles, os atletas devem ajudar a

família, já que no senso comum ganham muito bem e devem retribuir o apoio dado

pelos familiares, que geralmente investem financeira e emocionalmente na criança para

que se torne um atleta profissional; há casos de projeção daquilo que os pais gostariam

ter sido na criança e, assim, isso talvez se constitua além do próprio sonho do atleta, ou

seja, também se tornando um sonho de sua família.

A Ambiguidade no Esporte é manifestada no posicionamento dos professores,

conforme apresentada por Adorno: percebem valores positivos, solidários e o respeito

as regras; e valores negativos como a busca desavergonhada de glória, de poder e de

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dinheiro. Os professores tendem ao ponto médio 3,2 e desvio padrão 1,2, de fato a

escala pode aprender a ambiguidade dos professores, pois uns rejeitam e outros tendem

a aderir mais facilmente.

2.2.6. Escala Geral “Adesão ao Esporte”

Ao analisar a escala geral “Adesão ao Esporte”, com média 2,9 e desvio padrão

1,2, constata-se que os professores tendem ao ponto médio ou a neutralidade em relação

às afirmativas dos itens.

Ao analisar as tendências presentes nas atitudes dos professores de Educação

Física e seu posicionamento em relação à Educação Física e ao esporte como conteúdo

de ensino, a análise dos dados indica que os professores tendem a utilizar o esporte

como principal conteúdo de suas aulas, atribuindo valores e papeis ligados ao

desenvolvimento dos alunos, à promoção da saúde e da cidadania, ao respeito às regras,

além de vinculação estabelecida com a indústria cultural. No entanto, também se

verificou a atitude ambivalente, uma vez que existe uma tendência, entre os professores,

de reconhecimento dos limites do esporte no que diz respeito à formação. Dito de outra

maneira, diante da situação vivida pelos professores parece natural reproduzir em suas

aulas aquilo que está presente no âmbito social mais amplo, como os modelos de

valorização das atividades esportivas mais consagradas pela tradição e a associação

entre saúde e esporte ou, ainda, a vinculação direta entre as atividades físicas e o

movimento do corpo com o esporte competitivo e de alto rendimento, além da

supervalorização dos desempenhos e resultados alcançados. No entanto, verificou-se

que a adesão ao esporte não acontece de maneira que seja eliminada a percepção de que

o esporte pode reproduzir as relações sociais marcadas pela agressividade e pelo

exercício do poder sobre o outro. Os valores encontrados nas subescalas indicam que a

posição dos professores é ambígua: de um lado, atribuem valor positivo ao esporte e à

sua transformação em conteúdo escolar; de outro, parecem demonstrar que nada

impediria que alternativas para as aulas fossem implementadas ou, pelo menos,

reconhecem que a educação física não pode ficar restrita à “jogar bola”.

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Considerações Finais

Como professor da rede estadual do estado de São Paulo, desde 2006, convivi

com inquietações a respeito do esporte, que me acompanham desde o início de minha

formação. No senso comum, a educação física é identificada com a prática esportiva e

os professores considerados com inclinação para os esportes.

A pesquisa que aqui se apresentou constituiu-se em uma tentativa de examinar

aquilo que expressam os professores em relação ao esporte como conteúdo de suas

aulas, com base em uma caracterização social simples dos professores e de suas

respostas através do questionário aplicado. Concluída a pesquisa, foi possível constatar

que as hipóteses inicialmente formuladas foram confirmadas parcialmente, dos 29 itens

16 apresentaram médias iguais ou menores que 2,9 (concordância com as afirmações),

sendo que a média das subescalas e a média da escala geral ficaram próximas a 3 (não

tenho opinião a respeito). A subescala III (Tendências no Esportes) ficou voltada a

discordância e a subescala I (Conteúdo Pedagógico) teve a média 2,8.

No que se refere aos objetivos de verificar se ocorre a predominância da

perspectiva esportivista na Educação Física Escolar, a partir do modo como os

professores se posicionam em relação às suas aulas, a hipótese de que “os professores

de Educação Física utilizam as práticas esportivas como principais conteúdos de suas

aulas devido à comodidade que trazem e, também, pela afinidade que tem com a prática

esportiva”, foi confirmada parcialmente. Nessa subescala, verifica-se que os professores

justificam suas práticas pedagógicas voltadas ao esporte em virtude do interesse dos

alunos. Seria interessante avançar em novas pesquisas que verificassem como são

conduzidas as aulas de Educação Física, se o esporte é ou não analisado como aparato

repressivo e em que medida, se há momentos de fair play ou apenas estímulos à

competição etc., e se os alunos têm espaço para manifestar interesse em outras formas

de Educação Física que não é o esporte.

No que se refere ao objetivo de analisar os valores e papéis atribuídos ao esporte

na educação física escolar (educacionais, vinculados à promoção da cidadania ou ao

rendimento esportivo, promotores da saúde), os professores tendem a concordam com

as afirmações da subescala II, visando os valores e papéis atribuídos ao esporte na

educação física escolar, sendo considerado pelos professores como algo importante para

estar na escola. A hipótese formulada nesse sentido foi a de que os valores e papéis

atribuídos ao esporte na Educação Física Escolar pelos professores são os seguintes:

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valores educacionais ligados ao desenvolvimento dos alunos, à promoção da cidadania,

ao respeito em relação ao outro e as regras, à promoção da saúde, devido à ligação da

Educação Física aos conteúdos de estudos biológicos, ao rendimento esportivo, na

busca de novos talentos esportivos. Ao elaborar essa hipótese supôs-se que os

professores iriam atribuir papeis ao esporte na Educação Física Escolar. A hipótese foi

confirmada, pois os professores tendem a concordar com os itens da subescala. No

entanto, valores como os ligados ao corpo perfeito e vinculados com a promoção da

saúde são diferentemente avaliados, observando-se, inclusive uma tendência a crítica

dos professores em relação a esse tópico. Embora, exista a tendência de idealizar o

corpo “como expressão da natureza dominada”, os sujeitos investigados demonstraram

não aderir totalmente a ela.

No que se refere o objetivo de verificar se as atitudes dos professores remetem

para o reforço do vínculo entre esporte e indústria cultural, a hipótese formulada nesse

caso foi a de que o esporte torna-se cada vez mais um produto de consumo e objeto de

conhecimento e informação amplamente divulgado para o grande público por meio de

jornais, revistas, rádio e televisão. Os professores apresentam atitudes que reafirmam a

ligação do esporte com a indústria cultural, mas se contrapõem à introdução da

competição com o objetivo de produzir atletas ou, ainda, consumidores do esporte. A

hipótese foi confirmada parcialmente com tendência a discordância, pois os professores

apresentaram atitudes de crítica da ligação do esporte com a indústria cultural, ainda que

seja possível identificar que o esporte cada vez mais incorpora os bens culturais, sendo

um grande meio de consumo e, dessa forma, torna os alunos consumidores em

potencial.

No que se refere o objetivo de analisar a ambiguidade do esporte e como se

apresenta no posicionamento dos professores, pelos resultados encontrados, os

professores se mostram divididos em relação às afirmações da subescala, percebem

valores positivos, solidários e o respeito às regras; e valores negativos como a busca

desavergonhada de glória, de poder e de dinheiro. Adorno assinala que essa

ambiguidade apresentada no esporte pode ser expressa do seguinte modo: aquela pessoa

que se submete aos esforços corporais contidos o esporte, expressa menos a violência

do que aqueles que se apropriam do esporte como espectadores, ou seja, parece que uma

função do esporte seria de exteriorizar a agressividade natural do ser humano, mas não

de modo a transformá-la em violência contra o outro. Assim sendo, o esporte pode se

constituir em uma possibilidade de combater a regressão à violência física primitiva, ou

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seja, a barbárie, principalmente em que o pratica. Evidentemente, como somente a

vitória é valorizada, em muitos casos pode acontecer exatamente o contrário; portanto, a

necessidade de sobrepujar o outro impede que esse caráter positivo do esporte se

desenvolva.

Os professores são caracterizados como jovens, solteiros, formados em

instituições privadas, de ambos os sexos; a maioria deles tem em média 6 anos de

magistério e trabalham em regime de contratação temporária, 56% deles complementam

a renda com atividades não relacionadas ao magistério; a maioria trabalha cerca de 32

horas semanais e lecionam em 1 escola.

Ao se analisar as relações entre as características gerais dos professores e a sua

receptividade à perspectiva esportista, observa-se que há uma grande presença de

professores recém-formados ou com pouco tempo de magistério ou, ainda, em uma

faixa etária que vai até os 30 anos. Este fato sugere que a experiência na escola e com o

campo da educação física escolar pode influenciar o modo como trabalham em suas

aulas. O pouco tempo de magistério na rede estadual pode ser encarado como fato

relevante, pois se considera que são docentes que ainda lidam com algumas das

inseguranças típicas dos profissionais recém-formados. Além disso, o pouco tempo de

magistério pode contribuir para que o esporte tenha um grande peso em suas aulas, pois

confere a segurança de trabalhar com algo que os alunos supostamente gostam e com o

que a escola está familiarizada. Fato curioso é que 56% deles complementam sua renda

com outra atividade não relacionada ao magistério: trabalham em academias, centros

esportivos e até mesmo em centros estéticos.

Por fim, postula-se que a educação escolar tem o papel fundamental no

desenvolvimento psíquico, físico, emocional e cognitivo das crianças. Conhecer as

características dos professores que influenciarão a formação de diferentes tipos de

personalidade torna-se muito importante, pois a adesão à chamada perspectiva

esportivista tende a fomentar entre os alunos a competição, a agressão, a violência, a

brutalidade, o sadismo, a valorização dos mais habilidosos, da força física, da técnica e

do treinamento sistemático, claro, quando a relação que o próprio professor estabelece

com o esporte não é crítica.

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66

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67

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ANEXO II

INSTRUMENTO DO PRÉ-TESTE/VALIDAÇÃO DA ESCALA

PESQUISA ACADÊMICA

Caro (a) colega

Esta é uma pesquisa acadêmica de mestrado, cujo objetivo é estudar a as

tendências presentes nas atitudes dos professores de Educação Física e seu

posicionamento em relação à Educação Física Escolar e ao esporte como conteúdo

curricular. Por isso, gostaria de contar com a sua valiosa contribuição, respondendo a

um questionário. Ele está dividido em duas partes: na primeira, você deve fornecer

alguns dados sobre sua formação e seu trabalho. Na segunda parte, é apresentado um

conjunto de enunciados de modo que você possa expressar o grau de concordância ou

discordância em relação a eles, atribuindo a cada um o número que mais se aproxima do

seu pensamento, de acordo com o quadro abaixo:

1 Concordo totalmente

2 Concordo parcialmente

3 Não tenho opinião a respeito

4 Discordo parcialmente

5 Discordo totalmente

Lembre-se de que você deve atribuir apenas um número para cada enunciado.

Não há respostas certas ou erradas, o importante é que você expresse a sua opinião.

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Procure responder conforme os seus sentimentos. Para responder essa pesquisa

você gastará em torno de 20 minutos.

Tenha certeza de que as suas respostas são valiosas para a compreensão da

situação atual do trabalho do professor.

É importante esclarecer que este instrumento de pesquisa foi elaborado de

maneira a preservar a sua identidade.

Agradeço muito a sua colaboração e informo que estou à disposição para

apresentar os dados da pesquisa. Você receberá um cartão contendo o meu contato caso

queira acompanhar ou ter acesso aos resultados.

1a Parte – Questionário de pesquisa

Informações gerais

1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2) Casado: ( ) Sim ( ) Não

3) Numero de filhos:

4) Renda pessoal/familiar:

5) Sua renda é a principal em sua casa?: ( ) Sim ( ) Não

6) Instituição superior em que se formou:____________________

Ano de conclusão:

7) Possui cursos após a graduação: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, que tipo de curso e carga horária: __________________Carga Horária:

8) Há quanto tempo trabalha no magistério?:

9) Há quanto tempo trabalha na rede estadual?:

10) Há quanto tempo trabalha na escola atual?

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11) Sua situação funcional atual é: ( ) efetivo ( ) contratado ( ) outros:

12) Você complementa sua renda com outra atividade?

( ) Não exerço outra atividade.

( ) Sim, relacionada ao magistério.

( ) Sim, mas não relacionada ao magistério.

13) Quantidade de horas que você trabalha por semana:

14) Quantas escolas você leciona?:

15) Você participa ou participou de times, grupos de atividades físicas?:

( ) Sim ( ) Não

16) Você foi atleta profissional ou amador?: ( ) Sim ( ) Não

17) Quais são as condições de trabalho (espaço, materiais disponíveis) na escola em

que leciona?:

( ) Excelentes ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

18) Qual a condição do espaço reservado (quadra esportiva ou outro local) para as

aulas de Educação Física na escola em que leciona?:

( ) Excelentes ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

19) Qual a condição dos materiais (corda, arcos, etc.) disponíveis para as aulas de

Educação Física na escola em que leciona?:

( ) Excelentes ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

20) Em sua opinião, como você classificaria o apoio pedagógico, equipe gestora e, o

entrosamento com os outros professores e o clima da escola em relação ao seu

trabalho enquanto a professor de Educação Física?:

( ) Excelentes ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

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2a Parte – Questionário-escala

Tendências e disposição dos professores

Os itens abaixo tratam de vários aspectos nas aulas de Educação Física, tais

como: esporte, educação do corpo, saúde, formação do individuo.

Por favor, leia atentamente e não deixe de responder a nenhum dos enunciados.

Para cada afirmação atribua um numero de 1 a 5 de acordo com o modelo abaixo:

Concordo

totalmente

Concordo

parcialmente

Não tenho

opinião a

respeito

Discordo

parcialmente

Discordo

totalmente

1 2 3 4 5

1) A prática regular de exercícios aumenta a auto-estima do indivíduo.

1 2 3 4 5

2) As práticas esportivas evitam o sedentarismo e promovem comportamento

saudáveis nos alunos.

1 2 3 4 5

3) É mais importante um estádio de futebol estar cheio do que o jogo ser bonito de se

ver.

1 2 3 4 5

4) O esporte faz parte do meu dia-a-dia, fora do espaço escolar, pois sou praticante

regular.

1 2 3 4 5

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73

5) É bom para o esporte que as empresas o utilizem como meio de marketing.

1 2 3 4 5

6) É papel da Educação Física modelar o corpo.

1 2 3 4 5

7) A prática esportiva ajuda no combate aos males e problemas psicológicos.

1 2 3 4 5

8) O mais importante não é vencer, mas participar.

1 2 3 4 5

9) A gana pela vitória pode justificar alguns comportamentos.

1 2 3 4 5

10) O esporte é um antídoto contra o mundo que conhecemos, pois promove os

verdadeiros valores humanos .

1 2 3 4 5

11) A prática de esportes, satisfaz as expectativas dos alunos, pois eles gostam de

competir e ficam felizes quando se saem vitoriosos.

1 2 3 4 5

12) O esporte é importante para a formação de verdadeiros homens.

1 2 3 4 5

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13) Deve-se obedecer às regras do jogo independente quais sejam elas.

1 2 3 4 5

14) O esporte ajuda a desenvolver o espírito de cooperação nos alunos.

1 2 3 4 5

15) Para o atleta profissional é mais importante ajudar sua família financeiramente do

que ir em busca de seus sonhos.

1 2 3 4 5

16) O esporte é como um remédio tranqüilizante natural para as pessoas que o praticam,

ajudando no combate ao stress e à ansiedade.

1 2 3 4 5

17) Prefiro um atleta com garra a um com talento.

1 2 3 4 5

18) É importante o desenvolvimento do espírito competitivo motivado pelo esporte,

pois, vivemos em um mundo que valoriza, mais do que tudo, a competição.

1 2 3 4 5

19) O sofrimento é o preço justo a se pagar pela vitória.

1 2 3 4 5

20) O esporte na escola serve mais para promover situações prazerosas ao aluno do que

tem finalidade educativa.

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1 2 3 4 5

21) O esporte pode ser um meio de tirar as pessoas da pobreza, por isso é importante

incentivar o aluno quando ele tem potencial.

1 2 3 4 5

22) O esporte revela-se de extrema importância para o equilíbrio do indivíduo, em

todos os aspectos (físico, emocional, mental, espiritual).

1 2 3 4 5

23) O esporte ajuda a desenvolver coordenação motora nos alunos.

1 2 3 4 5

24) Em minha graduação não tive contato com outros conteúdos da educação física

além dos esportes tradicionais como o futebol, voleibol, basquetebol e handebol.

1 2 3 4 5

25) O esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de trabalho.

1 2 3 4 5

26) Os alunos preferem a pratica de esportes a, outro tipo de aula, pois só têm interesse

em jogar durante as aulas de educação física.

1 2 3 4 5

27) O esporte impõe limites que são de extrema importância para a formação da

personalidade do aluno.

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1 2 3 4 5

28) Na escola em que leciono, há espaço adequado para o trabalho com práticas

diferenciadas.

1 2 3 4 5

29) O esporte proporciona ao aluno aprender o respeito às regras, o que é fundamental

para a formação humana.

1 2 3 4 5

30) As práticas esportivas são importantes principalmente para promoção da saúde.

1 2 3 4 5

31) Gosto de trabalhar com materiais diversificados, alem de bola, nas aulas de

Educação Física

1 2 3 4 5

32) Pessoas que praticam esporte apresentam maior nível de concentração e memória

mais apurada.

1 2 3 4 5

33) Sem disciplina rígida não há formação.

1 2 3 4 5

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34) O mais rápido, o mais alto, o mais forte, esse lema olímpico é importante para a

nossa vida.

1 2 3 4 5

35) Estar bem resolvido em relação ao corpo deixa a mente sadia.

1 2 3 4 5

36) A Educação Física deve fortalecer o corpo para que tenha resistência, o que ajuda a

suportar os sofrimentos.

1 2 3 4 5

37) O esporte é um importante recurso para disciplinar os alunos.

1 2 3 4 5

38) Prefiro trabalhar com o esporte nas minhas aulas do que com outras práticas da

Educação Física, porque tenho mais afinidade com eles.

1 2 3 4 5

39) O atleta profissional não pode deixar de aceitar uma boa proposta financeira de

jogar em clubes fora do nosso país mesmo que tenha que abrir mão de sua satisfação

pessoal.

1 2 3 4 5

40) Na escola, é difícil trabalhar com práticas diferentes daquelas relacionadas com os

esportes mais populares como por exemplo o futebol.

1 2 3 4 5

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41) No esporte o que conta é a força física.

1 2 3 4 5

42) Há materiais diversificados para desenvolver aulas que não se restringem às

práticas esportivas.

1 2 3 4 5

43) Sempre é preferível que minha equipe ganhem jogando mal do que percam jogando

bem.

1 2 3 4 5

44) O esporte é um conteúdo pedagógico fundamental na aula de Educação Física, pois

com ele se trabalha de forma adequada a educação corporal.

1 2 3 4 5

45) Ao longo do ano letivo, gosto de trabalhar com equipes de treinamento, formando

os alunos a competir.

1 2 3 4 5

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ANEXO III

INSTRUMENTO DE PESQUISA – VERSÃO FINAL

PESQUISA ACADÊMICA

Caro (a) colega

Esta é uma pesquisa científica de mestrado, cujo objetivo é estudar como os

professores de Educação Física compreendem e como se posicionam frente à Educação

Física Escolar, como disciplina obrigatória do ensino fundamental e em relação ao

esporte como conteúdo curricular. Por isso, gostaria de contar com a sua valiosa

contribuição, respondendo a um questionário. Ele está dividido em duas partes: na

primeira, você deve fornecer alguns dados sobre sua formação e seu trabalho. Na

segunda parte, é apresentado um conjunto de enunciados de modo que você possa

expressar o grau de concordância ou discordância em relação a eles, atribuindo a cada

um o número que mais se aproxima do seu pensamento, de acordo com o quadro

abaixo:

1 Concordo totalmente

2 Concordo parcialmente

3 Não tenho opinião a respeito

4 Discordo parcialmente

5 Discordo totalmente

Lembre-se de que você deve atribuir apenas um número para cada enunciado.

Não há respostas certas ou erradas, o importante é que você expresse a sua opinião.

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Procure responder conforme os seus sentimentos. Para responder essa pesquisa

você gastará em torno de 20 minutos.

Tenha certeza de que as suas respostas são valiosas para a compreensão da

situação atual do trabalho do professor.

É importante esclarecer que este instrumento de pesquisa foi elaborado de

maneira a preservar a sua identidade.

Agradeço muito a sua colaboração e informo que estou à disposição para

apresentar os dados da pesquisa. Você receberá um cartão contendo o meu contato caso

queira acompanhar ou ter acesso aos resultados.

Informações gerais

1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2) Idade:

3) Estado civil:

( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

4) Instituição superior em que se formou:____________________

( ) Pública ( ) Particular

Ano de conclusão:

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5) Possui cursos de pós graduação: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, que tipo de curso e carga horária: __________________Carga Horária:

6) Há quantos anos trabalha no magistério?:

7) Há quantos anos trabalha na rede estadual?:

08) Há quantos anos trabalha na escola atual?:

09) Sua situação funcional atual é: ( ) efetivo ( ) contratado ( ) outros:

10) Você complementa sua renda com outra atividade?

( ) Não exerço outra atividade.

( ) Sim, relacionada ao magistério.

( ) Sim, mas não relacionada ao magistério.

11) Quantidade de horas que você trabalha por semana:

12) Em quantas escolas você: leciona?

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13) Você participa ou participou de times ou grupos de atividades físicas?:

( ) Sim ( ) Não

14) Você foi atleta profissional ou amador?: ( ) Sim ( ) Não

15) Quanto as condições de trabalho (espaço, materiais disponíveis) da escola que

leciona, você as considera?:

( ) Excelentes ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Regulares ( ) Ruins

16) Quanto as condição do espaço reservado (quadra esportiva ou outro local)

para as aulas de Educação Física na escola em que leciona, você considera?:

( ) Excelente ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

17) Quanto as condição dos materiais (corda, arcos, etc.) disponíveis para as aulas

de Educação Física na escola em que leciona você as considera?:

( ) Excelentes ( ) Ótimas ( ) Boas ( ) Regulares ( ) Ruins

18) Em sua opinião, como você classificaria o apoio pedagógico, equipe gestora, o

entrosamento com os outros professores e o clima da escola em relação ao seu

trabalho como professor de Educação Física?:

( ) Excelentes ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

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Opinião do professor de Educação Física

As afirmações abaixo tratam de alguns aspectos, encontrados nas aulas de

Educação Física, tais como: esporte, educação do corpo, saúde, formação, etc.

Por favor, leia atentamente cada uma, e não deixe de responder a nenhum dos

enunciados. Para cada afirmação circule um número de 1 a 5 que melhor represente a

sua opinião como o modelo abaixo:

Concordo

totalmente

Concordo

parcialmente

Não tenho

opinião a

respeito

Discordo

parcialmente

Discordo

totalmente

1 2 3 4 5

6) É papel da Educação Física modelar o corpo do aluno.

1 2 3 4 5

11) A prática de esportes satisfaz as expectativas dos alunos.

1 2 3 4 5

46) Os alunos gostam de competir e ficam felizes quando se saem vitoriosos.

1 2 3 4 5

3) É mais importante um estádio de futebol estar cheio do que o jogo ser bonito de se

ver.

1 2 3 4 5

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19) O sofrimento é o preço justo a se pagar pela vitória.

1 2 3 4 5

12) O esporte é importante para a formação de verdadeiros homens.

1 2 3 4 5

38) Prefiro trabalhar com o esporte nas minhas aulas do que com outras práticas da

Educação Física.

1 2 3 4 5

17) Prefiro um atleta com garra de vencer a um com talento.

1 2 3 4 5

33) Sem disciplina rígida não há formação.

1 2 3 4 5

18) É importante o desenvolvimento do espírito competitivo, tal como trabalhado nos

esportes.

1 2 3 4 5

43) Sempre é preferível que minha equipe ganhe jogando mal do que perca jogando

bem.

1 2 3 4 5

13) Deve-se obedecer às regras do jogo independente quais sejam elas.

1 2 3 4 5

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22) O esporte é de extrema importância para o equilíbrio do indivíduo em todos os

aspectos (físico, emocional, mental, espiritual).

1 2 3 4 5

25) O esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de trabalho.

1 2 3 4 5

21) O esporte pode ser um meio de tirar as pessoas da pobreza.

1 2 3 4 5

39) O atleta profissional não pode deixar de aceitar uma boa proposta financeira de

jogar em clubes fora do nosso país mesmo que tenha que abrir mão de sua satisfação

pessoal.

1 2 3 4 5

41) No esporte o que conta é a força física.

1 2 3 4 5

44) O esporte é um conteúdo pedagógico fundamental na aula de Educação Física.

1 2 3 4 5

47) Trabalhar com esporte nas aulas de Educação Física é a maneira mais adequada de

promover a educação corporal.

1 2 3 4 5

16) O esporte age como um remédio natural para as pessoas que o praticam.

1 2 3 4 5

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27) O esporte impõe limites que são de extrema importância para a formação da

personalidade do aluno.

1 2 3 4 5

15) Para o atleta profissional é mais importante ajudar sua família financeiramente do

que ir em busca de seus sonhos.

1 2 3 4 5

26) Os alunos preferem a prática de esportes a outro tipo de aula, pois o interesse deles

é somente jogar bola durante as aulas de educação física.

1 2 3 4 5

10) O esporte é um antídoto contra o mundo capitalista que conhecemos, ele promove

os verdadeiros valores humanos.

1 2 3 4 5

29) O esporte proporciona ao aluno aprender o respeito às regras, o que é fundamental

para a formação humana.

1 2 3 4 5

32) Pessoas que praticam esporte apresentam maior nível de concentração e memória

mais apurada.

1 2 3 4 5

37) O esporte é um importante recurso para disciplinar os alunos.

1 2 3 4 5

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36) A Educação Física deve fortalecer o corpo para que tenha resistência, o que ajuda a

suportar os sofrimentos.

1 2 3 4 5

30) As práticas esportivas são importantes principalmente para promoção da saúde.

1 2 3 4 5

48) O esporte ajuda a preparação do aluno para o mercado de trabalho.

1 2 3 4 5

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ANEXO IV

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Eu, Jefferson Rodrigues de Sousa, responsável pela pesquisa O ESPORTE NA AULA DE

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA ANÁLISE À LUZ DA TEORIA CRÍTICA, o

convido a participar como voluntario deste estudo, financiado pela CNPq (Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e coordenada por professores que atuam no

Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade – PUCSP.

Abaixo estão algumas informações importantes:

1. A sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você pode desistir de participar e

retirar seu consentimento.

2. O objetivo deste estudo é analisar as tendências presentes nas atitudes dos professores de

Educação Física e seu posicionamento em relação à Educação Física Escolar e ao esporte como

conteúdo da curricular.

3. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador.

4. Sua participação nesta pesquisa consistirá em participar de uma entrevista, respondendo um questionário entregue pelo pesquisador. Se houver sua autorização a entrevista será gravada em

áudio.

5. As informações desta pesquisa serão confidencias, e serão divulgadas apenas em eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os

responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre sua participação.

6. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador

principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer

momento.

Declaro que entendi os objetivos de minha participação na pesquisa e concordo em

participar.

__________________, _____ de __________________ de 2011

_________________________________________

Sujeito da pesquisa