políticas sociais e políticas de cultura territórios e privatizações cruzadas

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O artigo se baseia em pesquisa que apontou para novas formas decaptação de recursos por meio da promoção de práticas culturais que se interligam à gestãode serviços públicos de saúde na Zona Leste da Cidade de São Paulo, sob a direção deorganizações sociais privadas. O cruzamento entre modos de captação, gestão terceirizadada cultura e equipamentos de saúde aponta para uma intersetorialidade inédita dessaspráticas, o que con†gura o que poderia ser identi†cado como um planejamento socialprivado, redesenhando formas de atuação e margens do Estado por meio de um conjuntode relações entre os programas sociais e a população em condições de pobreza na maiorcidade brasileira. Os bairros da última periferia Leste da cidade de São Paulo conformamassim um terreno de experimentações dessas práticas cruzadas para além das caracterizaçõesclássicas das zonas periféricas das grandes metrópoles brasileiras que apontavam para aprecariedade das condições de vida bem como para o nascedouro de movimentos sociais,suas demandas, sujeitos e linguagens de direitos, tal como foram percebidos e enunciados apartir do †nal dos anos oitenta do século XX.

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  • R. B . ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS V.15 , N .2 / NOVEMBRO 2013 1 9 9

    POLTICAS SOCIAIS

    E POLTICAS DE CULTURA:

    TERRITRIOS

    E PRIVATIZAES CRUZADAS

    Cibele Saliba Rizek

    R e s u m o O artigo se baseia em pesquisa que apontou para novas formas de captao de recursos por meio da promoo de prticas culturais que se interligam gesto

    de servios pblicos de sade na Zona Leste da Cidade de So Paulo, sob a direo de

    organizaes sociais privadas. O cruzamento entre modos de captao, gesto terceirizada

    da cultura e equipamentos de sade aponta para uma intersetorialidade indita dessas

    prticas, o que congura o que poderia ser identicado como um planejamento social

    privado, redesenhando formas de atuao e margens do Estado por meio de um conjunto

    de relaes entre os programas sociais e a populao em condies de pobreza na maior

    cidade brasileira. Os bairros da ltima periferia Leste da cidade de So Paulo conformam

    assim um terreno de experimentaes dessas prticas cruzadas para alm das caracterizaes

    clssicas das zonas perifricas das grandes metrpoles brasileiras que apontavam para a

    precariedade das condies de vida bem como para o nascedouro de movimentos sociais,

    suas demandas, sujeitos e linguagens de direitos, tal como foram percebidos e enunciados a

    partir do nal dos anos oitenta do sculo XX.

    P a l a v r a s - c h a v e Polticas sociais; polticas pblicas; privatizao; periferias urbanas

    APRESENTAO

    Este texto tem como objetivo apresentar achados de pesquisa que apontam para um conjunto de novas formas de captao de recursos por meio de eventos e prticas culturais e de gesto de servios privatizados de sade na zona leste da cidade de So Paulo. O cruzamento entre modos de captao, gesto terceirizada da cultura e de aes e equipamentos de sade apontam para a intersetorialidade dessas prticas de modo indito, conformando o que poderia ser identi;cado como um planejamento social privado minucioso por parte de organizaes sociais de cultura e de sade que redesenham formas de atuao e margens do estado nas suas relaes com programas sociais e com a populao em condies de vulnerabilidade na maior cidade brasileira.

    Alguns bairros da periferia leste da cidade de So Paulo conformam assim um terre-no de experimentaes dessas prticas cruzadas para alm das caracterizaes clssicas das zonas perifricas das grandes metrpoles brasileiras que apontavam para a precariedade das

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    condies de vida bem como para o bero de movimentos sociais que se deslocavam das reivindicaes relativas s carncias para a constituio de demandas, sujeitos e linguagens de direitos, tal como foram percebidos e enunciados a partir do ;nal dos anos 80 do sculo XX. O que esses achados de pesquisa parecem apontar um terreno frtil para a ao de grupos e de empreendimentos privados que crescem em espiral oferecendo, gerindo e pro-movendo servios, aes e prticas no campo da assistncia, conformando novas formas de gesto do cotidiano dessas populaes e recon;gurando as relaes entre o Estado e seus servios, as populaes que habitam esses territrios e a pliade de programas e polticas sociais que vm recon;gurando as dimenses cotidianas, as prticas de consumo, formas de sociabilidade e formas de expresso dessas populaes.

    INDCIOS E ACHADOS

    Em visitas a campo e a partir da sistematizao de informaes de pesquisa, a coincidncia entre um conjunto de iniciativas de cunho cultural e a gesto de programas e equipamentos de sade comeou a se delinear como inquietao. A;nal como se cruzavam escolas de msica, faculdades, o;cinas culturais, grandes atividades culturais em eventos importantes da agenda paulistana e hospitais, postos e agentes e programas de sade e assistncia famlia no extremo leste da cidade de So Paulo? Essas indagaes so o ponto de partida deste texto.

    A partir de informaes dispersas, surgiram indcios que apontavam para uma pol-tica inusitada de captao de recursos e de investimento em sade na zona leste1 da cidade de So Paulo. O primeiro indcio provm da terceirizao dos servios de sade que foi se estendendo pela regio como parte de uma poltica de privatizao da gesto de sade no municpio e no estado de So Paulo. Esses mecanismos de transferncia de gesto da sa-de do Estado para organizaes sociais tiveram incio a partir do ;nal da gesto Erundina, em 1992 e se estenderam at hoje. O segundo indcio decorre da presena concomi-tante de instituies encabeadas por religiosas catlicas tanto em hospitais e programas de sade como o Estratgia Sade da Famlia e seus equipamentos de ancoragem, at postos de sade que atendem parcela nada desprezvel da populao que habita Cidade Tiradentes e outros distritos da zona leste de So Paulo como em aes, instituies e programas de cunho cultural. A Organizao de Sade STX,2 alm do hospital municipal de Cidade Tiradentes, tambm responsvel pela gesto de grande hospital, em Itaquera, parcela mais consolidada da periferia da cidade e local do estdio que sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014. As mesmas irms deram origem, h algumas dcadas, a uma escola privada de cunho religioso de primeiro e segundo grau, a uma faculdade de msica, moda e design entre outros cursos, outra unidade de ensino superior em Itaquera que abriga inclusive um curso de medicina e programas privados e ps-graduao, bem como uma o;cina cultural/escola de msica da cidade, originalmente do estado de So Paulo; a OS Cultural tambm se faz presente em grandes eventos culturais como o Festival de In-verno de Campos do Jordo,3 bem como na gesto terceirizada de evento eleitoralmente signi;cativo na cidade de So Paulo: a Virada Cultural que consiste em espetculos nas ruas, praas e espaos da cidade durante 24 horas.

    Assim, para entender os processos que tm lugar no complexo de instituies de sade geridas pelas organizaes STX, preciso poder perceber como se entrecruzam servios e captao de recursos por meio de um mecanismo de privatizao da cultura e

    1 ^W K - --d- d- > ^ W- -K,- - - K-, - - K - - / d' - > '-WdD-d -

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    de terceirizao dos equipamentos e servios pblicos de sade de modo entrecruzado.4 Esse achado de pesquisa, ausente na literatura sobre cultura e sade em So Paulo e no Brasil, parece se constituir em um caso nico que cruza gestes e arbitragens privadas tanto das atividades culturais quanto de dimenses relativas assistncia sade, em suas injunes com a assistncia social s famlias.5

    Para compreender esse cruzamento, preciso mencionar que esses processos tm por base dimenses legais institudas em momentos e em instncias diversas ao longo das ltimas dcadas no Brasil. Outro elemento a destacar diz respeito ao fato de que no estado de So Paulo que esses dois expedientes se cruzaram signi;cativamente. Trata-se de uma intrincada forma de engenharia organizacional que combina investimentos e aplicao de recursos cruzando setores de forma bastante complexa, o que requer uma ;na apreenso e manejo dos meandros dos processos de ;nanciamento assim como uma perspectiva cruzada que permita caminhar pelos processos de terceirizao da sade no estado que parece ser a meca brasileira da privatizao dos servios pblicos, graas a duas dcadas de governo do PSDB, partido que defendeu os expedientes dessas privatizaes e terceirizaes, sobretudo dos servios de sade. Tambm importante notar que esse partido participou de forma signi;cativa das ltimas duas gestes municipais, depois de ter derrotado a prefeita Marta Suplicy em 2004. Essa con[uncia entre governos municipal6 e estadual um elemento importante para a captao e investimento que se pretende discutir como fato consumado no estado de So Paulo, mas que se desenha como tendncia em outros estados e municpios do pas, a julgar por algumas linhas de ;nanciamento do Ministrio da Cultura, em especial as que vinculam Sade e Cultura.7

    A LEI ROUANET

    Graas a um conjunto importante de transformaes que ganharam flego nos lti-mos 30 ou 40 anos tanto no Brasil quanto em mbito mundial , as grandes empresas, o Estado, bancos e corporaes que do materialidade forma organizacional do capital mundializado e ;nanceirizado descobriram a cultura e a arte como negcio, como nova fronteira de investimento e como possibilidade de gesto, clculo e administrao em uma escala indita. Esse processo ganhou densidade e visibilidade no Brasil graas Lei Rou-anet ;nalmente implementada entre o ;nal dos anos 1980 e incio dos anos 1990. Trata-se de uma lei de incentivo por meio de benefcios ;scais que possibilita que parte das pessoas fsicas e jurdicas apliquem parcela de imposto devido Unio em atividades cul-turais, conseguindo benefcios obtidos sobre o valor do incentivo, viabilizando iniciativas culturais. A mesma medida jurdica tambm instituiu o Fundo Nacional de Cultura e o Programa Nacional de Apoio Cultura. O apoio s atividades culturais pode, desde ento, ser estabelecido por doaes e patrocnio, o que favorece e se entrelaa s prticas de marke-ting empresarial. Uma das questes importantes sobre a Lei Rouanet e a poltica brasileira de cultura diz respeito crescente hegemonia do ;nanciamento privado das atividades de cultura, bem como terceirizaes e privatizaes de teatros e agncias do Estado, entregues a organizaes privadas sob a forma de OSs (organizaes sociais) e/ou ONGs. A institui-o desse conjunto de benefcios ;scais acabou por se con;gurar em uma poltica cultural de privatizao dos recursos e dos processos de arbitragem sobre objetos de investimento ou, pelo menos, de crescente participao das formas privadas na gesto e na escolha de prticas e objetos de ;nanciamento. Ganha relevncia o acoplamento entre interesses dos

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    governos de inspirao neoliberal que propuseram a expanso do livre mercado e os inte-resses das grandes corporaes em aumentar seu raio de ao, aambarcando a produo de arte e cultura, minimizando custos por meio de renncia ;scal e maximizando lucros atravs dos processos de marketing corporativo.

    Essa tendncia de aumento do ;nanciamento privado perceptvel desde meados dos anos 1980, ainda que a incidncia desses ;nanciamentos sobre a produo cultural ganhe importncia a partir de 1995.8 Observa-se ainda, desde o ;nal dos anos 1990 at meados da primeira dcada do sculo XXI, um crescimento vertiginoso do Fundo Nacional de Cultura e o crescimento exponencial concomitante dos recursos investidos atravs do mecenato, por meio da Lei Rouanet.9 Esse mecanismo est na base de toda poltica de relaes entre Estado e capital corporativo, inclusive corporaes estatais em relao ao ;nanciamento da cultura. Trata-se, portanto, de renncia ;scal, de investimento de fundo pblico por meio de um processo de arbitragem privada.

    Parece plausvel a;rmar que os projetos que recebem mais investimento oriundo do mecenato so os que tm origem em grupos artsticos ou empresrios da indstria de entretenimento mais consolidados e/ou com maior expresso e visibilidade miditica. Assim, artistas consolidados, ou o consagradssimo Cirque de Soleil, receberam recursos oriundos desse mecanismo de parceria Estado/corporaes privadas, o que no impediu a cobrana de ingressos em casas de espetculo localizadas nos grandes eixos de expanso urbana das capitais brasileiras. Cabe ainda destacar a participao signi;cativa de empresas pblicas nesse processo de captao entre elas, a Petrobras, com peso relevante nesse universo de ofertas de possibilidades de ;nanciamento da produo cultural e artstica. Assim, em um contexto de polticas que reforam a importncia estratgica do mercado de ;nanciamentos e oportunidades de investimento, o Estado transfere recursos pblicos para as grandes corporaes e elas de;nem as diretrizes da relao entre arte, mercado e fundos pblicos, programas e modos de investimento. Se so as empresas pblicas de carter ainda predominantemente estatal que esto entre as maiores ;nanciadoras, pode-se apontar que h a uma opo econmica, mas, sobretudo, tambm poltica. Trata-se de uma poltica de gesto das artes por meio de decises cujo ncleo se desenha a partir das grandes corporaes conformadas como eixos decisrios a respeito do que se ;nancia e do que se promove como prticas culturais no Brasil.

    Dessa perspectiva, as artes e espetculos em especial as atividades relativas msica e musica erudita no caso da OS STX so principalmente modo de captao privada de recursos pblicos para, por meio de um conjunto signi;cativo de investimentos, promover o atendimento em sade com foco na zona leste, de modo associado a um conjunto de programas socioculturais, pelas diversas regies da cidade, em especial nos CEUs10 onde acontecem as atividades que resultam da gesto do Projeto Guri.11

    As atividades da OS Cultural STX contam com os seguintes parceiros:

    CTEEP;12 Prefeitura do Estado de So Paulo; Instituto Ita Cultural; Secretaria do Desenvolvimento Social do Estado de So Paulo Governo Estadual, por meio do Centro De Esporte, Cultura e Lazer; Instituto Abril Cultural; AECID Embaixada da Espanha no Brasil Agncia Espanhola de Cooperao Internacional para o Desenvolvimento; Camargo Correa; Fundao OSESP; Lei de Incentivo Cultura Lei Rouanet. Contam ainda com o apoio institucional da misso diplomtica dos Estados Unidos da Amrica no Brasil. Apontam como suas principais ;liaes a International Federation of Arts Councils and Culture Agencies; a World Association of Symphonic Bands and Ensembles e a Internacional Society of Performing Arts.

    9 s -10 h -D^ - - s K - 1. Desenvolvimento in-

    tegral das crianas e dos

    jovens W - / D/-D-& K - 2. Polo de desenvolvimento

    da comunidade - - 3. Polo de inovao de experincias educacio-

    nais h Z- Kh -- - - 11 ^ ^ ^W W' - - - ^ - ^

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    A OS de Cultura STX constituiu polos importantes do desenvolvimento do Projeto Guri por toda a cidade de So Paulo. Esto presentes na zona norte atuando nos CEUs Pera Marmelo, Vila Perus e Vila Atlntica; na zona sul, nos CEUs Vila Alvarenga, Cidade Dutra, Casa Blanca, Meninos, PEFI Imigrantes e CEU Navegantes; na zona leste por meio dos CEUs da Vila Curu, Jambeiro, Jardim So Carlos, Parque Vereda, Rosa da China e So Mateus; na zona oeste nas Comunidades Harmonia e Ponte Brasilitlia; na regio central da cidade, em unidades alocadas na Achiropita, nas Casas de Solidariedade I e II e na Julio Prestes.

    A OS de Cultura STX de;ne sua insero no Projeto Guri do Governo do Estado de So Paulo como uma associao entre educao musical e a incluso sociocultural de crianas e adolescentes. O programa lanado em 2008 a partir de uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura de So Paulo gerido nesses polos j mencionados pela OS de Cultura STX. Para atingir esse objetivo de educao musical e incluso social, a OS conta com um conjunto de atividades de;nidas como apoio social integrado s crianas e adolescentes, nos termos que se seguem:

    OGuri STX conta com uma equipe de assistentes sociais que atuam em sintonia com os

    educadores e demais funcionrios do programa. O servio social acompanha o dia a dia dos

    alunos nos polos de ensino, identi;ca suas possveis demandas e os encaminha s redes sociais

    existentes. O objetivo criar um ambiente favorvel ao aprendizado,ajudando a construir a

    autonomia crtica dos estudantes, famlias e comunidades. Na condio de agentes catalisado-

    res de processos coletivos, os assistentes sociais doGuriSTX dedicam-se a facilitar a comunica-

    o entre a cultura escolar e a cultura de origem das crianas e jovens atendidos pelo programa.

    Os assistentes sociais elaboram, executam e avaliam aes socioeducativas, preventivas e de

    enfrentamento de situaes emergentes que afetam as crianas e jovens, tais como violncia,

    di;culdades interpessoais e problemas econmicos ou de sade. Tambm transmitem aos es-

    tudantes e suas famlias conhecimentos de deveres e direitos sociais, incluindo os mecanismos

    de acesso por meio das polticas pblicas e redes sociais j existentes.13

    Dessa perspectiva, as atividades dos assistentes sociais incluem: visitas domiciliares; atendimentos e encaminhamentos; palestras; o;cinas temticas; reunies e capacitaes. Cabe salientar que o projeto se inscreve em uma zona de articulao entre ensino musical e trabalho social/incluso, sendo um dos bene;cirios das leis de incentivos ;scais/Lei Rouanet. Nesse caso, a captao se faz inclusive diretamente, como se depreende da citao abaixo:

    As empresas tributadas com base noLucroReal podem destinar at 4% do seu IR, at o

    dia30/12/2011, paranossos projetos culturais, aprovados pelo Ministrio da Cultura. Se

    sua empresa pode se bene;ciar da Lei Rouanet, destinando seu IR para oGuri STX, voc

    transformar os seus recursos em Instrumentos Musicais para crianas e adolescentes de

    6 a 18 anos, moradoras de regies de alta vulnerabilidade social da Capital e Grande So

    Paulo. Nosso projeto est contemplado no artigo 18 da Lei Rouanet, sua empresa poder

    abater 100% do recurso investido em sua declarao de IR.14

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    SOCIAL, CULTURAL, ASSISTENCIAL TUDO ISSO E MAIS UM POUCO: AS OS STX15

    A partir de seus stios, alm de visitas a campo realizadas em 2010 e 2011 em Cidade Tiradentes, possvel mapear as atividades mais importantes dessas organizaes sociais articuladas: a Organizao de Sade e a Organizao de Cultura STX.

    Do ponto de vista de suas atividades em sade, a histria da parceria com os governos do estado e da cidade de So Paulo remonta a 1998, pela instalao de uma unidade em Itaim Paulista, distritos dos mais precrios a leste do territrio paulistano. Alm dos 260 leitos hospitalares, pronto-socorro, ambulatrio de especialidades e outros servios, conta com uma biblioteca e uma unidade de apoio ao Projeto Jovem Cidado em parceria com a Secretaria de Justia e o Ministrio Pblico, por onde passaram 289 jovens, entre os quais aqueles que foram destinados a servios comunitrios como cumprimento de pena por infraes leves.

    Em outro municpio contguo cidade de So Paulo, tambm a leste, encontra-se outro Hospital STX OSS Itaquaquecetuba, em funcionamento desde 2000, em parceria com o Governo Estadual. A unidade conta com 249 leitos e atende 11 municpios da regio. Entre seus projetos, encontram-se: coleta seletiva de resduos, tratamento de e[uentes, Programa de Educao Ambiental (Comunidade e Escola, em parceria com fundao vinculada a uma indstria qumica); o Projeto Alegrendo junto s crianas internadas; o projeto de preveno do cncer de mama.

    Ainda so responsveis por uma AMA Assistncia Mdica Ambulatorial a partir de uma parceria entre o Hospital STX e a Prefeitura de So Paulo que oferece atendimento primrio e secundrio em sade, buscando amenizar o [uxo de pacientes destinados ao complexo hospitalar de Cidade Tiradentes e de Itaquera. Tendo como origem a unidade AMA, os pacientes so encaminhados s Unidades Bsicas de Sade ou hospitais responsveis pela continuidade do acompanhamento clnico; uma AME Ambulatrio Mdico de Especialidades Mdicas da Zona Leste (departamento da Casa de Sade STX) , cuja ;nalidade a gesto e execuo de consultas, cirurgias ambulatoriais e exames.

    Alm desses equipamentos, alguns bastante entrelaados com outros programas de assistncia social, a Organizao de Sade STX se encarrega da implementao e gesto dos NASF (Ncleos de Apoio Sade da Famlia), que

    [...] tm a proposta de apoiar as equipes de sade da famlia na busca de resolues mais

    efetivas complexidade dos problemas de sade encontrados no territrio. Suas aes es-

    to pautadas pelo acolhimento ao usurio e aotrabalhode humanizao da ateno, para

    o desenvolvimento coletivo de aes que integrem polticas sociais, educao, esporte,

    cultura, trabalho e lazer. Trata-se de mais um espao destinado preveno de doenas e

    promoo da sade [...]16

    A OS aponta que sua ao tem por base a Portaria n 154 de 24 de janeiro de 2008, que institui as aes de sade destinadas a garantir s pessoas e coletividade condies de bem-estar fsico, mental e social. Enuncia como grande objetivo instituir a plena integralidade do cuidado fsico e mental aos usurios do SUS por intermdio da quali;cao e complementaridade do trabalho das Equipes de Sade da Famlia.

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    16

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    Em seu stio so mencionados os seguintes ncleos: Equipes Itaim Paulista: NASF Silva Teles (Jaragu); NASF D. Joo Nery (Jardim Campos); NASF Sana Rita (Jardim Robru); NASF Nova Curu (Curu Velha); NASF Indai (KEmel, Atualpa). Equipes Cidade Tiradentes-Guaianases: NASF Barro Branco (Jardim Vitria, Dom Anglico); NASF Carlos Gentile (Incio Monteiro); NASF Profeta (Ferrovirios, Gr;cos); NASF Cosmopolita (Jardim Soares); NASF Primeiro de Outubro (Bandeirantes, Fanganielo); NASF Celso Daniel (Santa Luzia). Equipes So Miguel: NASF Santa Ins (Unio Vila Nova, Ado Manoel); NASF Nitro Operria (Jardim Maia, Nova So Miguel); NASF Tersio Ventura (Pedro Jos Nunes). Equipes Itaquera: NASF Santo Estevo (Vila Santana, Vila Ramos, Jardim Copa); NASF Santa Terezinha (Gleba do Pssego, Jardim Helian, Nossa Senhora do Carmo, Santa Maria).

    Esses ncleos implementam programas que fazem parte da Estratgia Sade da Famlia que a OS de Sade STX de;ne como Estratgia que cria vnculo.17 O programa est implantado

    em quase todos os Municpios, com atuao de mais de 28 mil equipes, 16 mil equipes

    de Sade Bucal e 218 mil Agentes Comunitrios no Brasil. S na cidade de So Paulo so

    mais de 1.200 equipes distribudas em 31 Subprefeituras pertencentes a cinco regionais.

    Apesar do signi;cativo nmero, a cobertura na cidade ainda permanece baixa, cerca de

    30% para 783 mil habitantes cadastrados. Sob a orientao da OS de Sade STX esto

    255 equipes de Estratgia Sade da Famlia, sendo elas distribudas pela Zona Leste: Ari-

    canduva 03, Cidade Tiradentes 32, Ermelino Matarazzo 20, Guaianases 33, Itaim

    Paulista 56, Itaquera 32, Penha 7, So Mateus 33 e So Miguel Paulista 39.18

    Nota-se uma ao que pode ser reconhecida como um planejamento minucioso das atividades e aes sociais e de sade em mbito local e territorial. Trata-se do que se poderia denominar Planejamento Social Privado,19 constituindo agentes e territorialidades de ao ora mais circunscritas zona leste como no caso das aes, prticas e equipamentos de sade , ora utilizando outros expedientes de insero territorial muito mais ampla como as aes vinculadas ao Projeto Guri ou os grandes eventos culturais da cidade.

    Em seu discurso a OS de Sade STX rea;rma os ganhos de agilidade e melhoria na prestao de servios pblicos de sade, bem como sua observncia aos princpios que norteiam o Sistema nico de Sade no Brasil.20 Tambm preciso notar que em 2001, a Casa de Sade STX participou da implantao das organizaes sociais, o que aconteceu, inicialmente, na zona leste de So Paulo e ao longo das regies norte e sul. Assim, h um carter de pioneirismo nessa participao e na reorganizao da Ateno Bsica ao se tornar parceira da Secretaria Municipal de Sade para as subprefeituras de Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaquera, Itaim Paulista, So Miguel e So Matheus.21 Com a parceria, coube OS de Sade STX a contratao, realocao, administrao e capacitao de trabalhadores, denominados colaboradores, para atuar nas respectivas subprefeituras. O contrato ainda contemplava o repasse dos recursos e bens necessrios a ;m de garantir a execuo das atividades, seguindo uma lgica de autonomia, [exibilidade e agilidade. Em seu discurso, a Organizao de Sade STX a;rma:

    17KW^&- ^W ^ ^ ^ D ^ W W^ & ^ &^& 18K^ ^& - - K -^& ^&- - - - - -19sW --sZD20 d >-K^h^ - - - - 21 E ^W

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    [...] a parceria de sucesso da instituio com a Secretaria rendeu resultados positivos nos

    principais indicadores de sade, o que contribuiu para a conquista do contrato de Gesto

    de Organizao Social de Sade para Microrregio de Cidade Tiradentes e Guaianases,

    regio que conta com populao estimada em 493.816 mil habitantes. O processo deu-se

    por meio de licitao e o acordo com o poder pblico foi ;rmado em 15/02/2008. Na

    fase inicial do contrato, a Instituio assumiu a gesto integral de 15 Unidades Bsicas

    de Sade (UBS) que tambm contam com o Programa Sade da Famlia, ao longo do

    processo, novas unidades foram incorporadas e, em setembro de 2008, foi concluda uma

    nova etapa com a incluso da Microrregio de Itaim Paulista.

    [...] Entre as responsabilidades contratuais esto: gesto de Unidades pela Organizao

    Social; Apoio integrao territorial com o objetivo de explorar e orientar o trabalho

    entre as equipes e populao atendida (o que ) importante facilitador para identi;car

    os problemas de sade da comunidade; sistema de pagamento com acompanhamento e

    controle dos recursos aplicados; novas aes e Termo de permisso de uso, baseado em

    metas com reunio de avaliao trimestral, onde sero avaliados os indicadores do Servi-

    o de Atendimento ao Usurio (SAU), educao permanente, comisso de pronturios,

    cadastro de pro;ssionais, apoio integrao, cobertura PSF e vacinal, qualidade PSF e

    demanda Assistncia Mdica Ambulatorial (AMA).

    ALGUNS APONTAMENTOS FINAIS

    A primeira observao resultante desses dados, aparentemente desconexos, exatamente sua articulao. Considerados separadamente, a gesto privada de programas de cultura, de ensino musical a espetculos e a gesto de equipamentos de sade em todos os mbitos (de grandes hospitais terceirizados at a gesto de programas de sade da famlia) j apontam para sua extenso, principalmente no escopo da cidade de So Paulo. Quando articulados, a questo se complexi;ca: tanto porque apontam para um planejamento de captao e investimentos bastante intrincado quanto porque induzem a pensar planejamento local e territorial privado assim como planejamento de um [uxo de captaes e investimentos que potencializam a ao cultural e de sade. Essas instncias ainda ganham novas dimenses quando a elas se somam as prticas de acompanhamento e gesto das famlias, jovens e crianas, tanto do ponto de vista da sade da famlia quanto do ponto de vista da incluso sociocultural de crianas e jovens. Uma gesto da vida se esboa em meio a essas articulaes entre o trabalho social/cultural e de incluso, o trabalho em sade e o acompanhamento de crianas e jovens. Essa dimenso to mais instigante e problemtica quanto mais se enuncia como uma gesto privada da vida das populaes em situao de precariedade, que se estende pelos territrios onde as OS Sade e Cultura se fazem presentes. Um planejamento social privado22 de incluso das famlias, que as toma unidades, se desenha por seu intermdio. importante destacar esse acoplamento entre prticas educacionais/culturais e de sade e um trabalho social de acompanhamento, quer pela Estratgia Sade Famlia, quer pelo Projeto Guri. Tambm ;ca claro que um importante processo de captao tem lugar pelas parcerias com os institutos culturais de grandes empresas, ou diretamente com outras grandes empresas, entre as quais bancos, distribuidoras de energia, grandes construtoras. Essa captao direta e se

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    soma ao repasse de verbas pblicas pelos processos de gesto tanto dos programas de sade quanto de grandes equipamentos como hospitais, grandes eventos e programas socioculturais como o Projeto Guri.

    Outra observao importante diz respeito a um processo de distribuio do trabalho da OS de Sade STX pelo territrio da cidade, bem como distribuio territorial de outras prticas da OS de Cultura STX. Se o trabalho social vinculado ao Projeto Guri e ao ensino de msica e incluso social se espraia pelos territrios da cidade de So Paulo, o trabalho de parceria em sade se concentra na zona leste da cidade e adjacncias, estendendo-se para outros municpios tambm a leste da regio metropolitana. Essas formas de territorializao so um resultado: das polticas de terceirizao e de instituio de parcerias pblico-privadas nas reas de sade, loteadas entre diferentes entidades, obedecendo critrios vinculados aos bairros e aos interesses e convenincias de cada parceiro; e de uma poltica de ;nanciamento da cultura e de atividades culturais, que se distribuem de outro modo pelo territrio e pelas populaes mais ou menos vulnerveis, mais ou menos empobrecidas da cidade. Tambm importante notar que as OSs e a OS STX em particular captam recursos provenientes de imposto devido (alm das parcerias com grandes empresas e com o Estado) de modo a potencializar sua ao tanto no caso da sade como no caso das atividades e prticas culturais, inclusive a Escola de Msica Tom Jobim, no centro da cidade de So Paulo23 sempre vinculada a um trabalho social muito signi;cativo.

    Ainda da perspectiva de uma discusso das novas formas e dos novos contedos e agentes das polticas sociais e das polticas de combate pobreza no Brasil e So Paulo parece ser um caso exemplar desse ponto de vista , cabe lembrar, como apontam analistas e algumas entidades, bem como as entidades de representao dos mdicos (sindicato e conselhos), que a propalada economia de recursos do Estado pode no mnimo ser discutida e questionada,24 especialmente quando se tem em vista a captao de recursos pblicos por meio de leis de incentivo cultura que permitem o investimento de fundos pblicos na forma de imposto devido, permanentemente sujeitos a uma arbitragem privada da perspectiva de como e onde so investidos. Cabe ainda mencionar a magnitude desses recursos su;cientes para a abertura recente pelas OS STX, de uma unidade universitria privada na zona leste da cidade de So Paulo, que abarca cursos de graduao e de ps-graduao voltados para a sade, inclusive um curso de Medicina. Observe-se a diversi;cao de algumas especialidades e formas de atendimento do Hospital de Itaquera, que conta com um servio de oncologia infantil de ponta, ;nanciado parcialmente por recursos captados por meio das parcerias e gesto privada de grandes equipamentos pblicos e com a arrecadao proveniente dos espetculos e concertos musicais, dos fundos arrecadados via Ministrio da Cultura, por meio das leis de incentivo. Quem arbitra sobre seus investimentos? O que restou do carter pblico das dimenses da sade e da cultura, especialmente aqueles voltados para as populaes mais pobres, exatamente aquelas que supostamente so os alvos das propostas e dos mecanismos de incluso?

    Finalmente, preciso recuperar as consideraes de Amlia Cohn sobre a questo das polticas de combate pobreza no Brasil, seus emaranhados e labirintos. Cohn aponta que a poltica de sade e demais polticas sociais brasileiras estariam no ;o da navalha. Buscando pensar os liames entre condicionalidades, agentes e programas, e a;rma que

    23 h > D h>D Z - > 'K > - D d : D ^W d : D^Wd : - STX24KFAX Sindical-- - ^W Z -K^^K^^- E- - K - -

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    [...] um tema muito pouco desenvolvido [...] como ;ca essa questo do Estado produtor,

    do Estado provedor e do Estado regulador na rea da sade. [...] Como que ns vamos

    apostar [...] no caso das OSCIP, na capacidade de regulao do Estado? Todas as anlises

    de regulao [...] vm mostrando a capacidade que o mercado tem [...] de capturar as

    agncias de regulao com seus interesses, a sim, privados. [...] Como que vamos resga-

    tar essa capacidade de regulao do Estado se ela demanda o fortalecimento da dimenso

    poltica e o fortalecimento da esfera pblica? E isso numa conjuntura em que as restries

    ;scais [e] os contingenciamentos existem, em que o nosso sistema de proteo social est

    indo para uma linha [de cobertura] da populao, que est aumentando os gastos na

    rea social [...] segundo os ltimos dados do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    (IPEA) , mas que est, ao mesmo tempo, criando um sistema hbrido de proteo social,

    assumindo, de um lado, polticas que correspondem a direitos e, de outro, programas que

    correspondem a semidireitos ou quase direitos. O Programa Bolsa Famlia no um di-

    reito [...] mas um programa de transferncia condicional de renda. Qual uma das suas

    condicionalidades? Aes na rea da sade para gestantes e crianas. Assim, a sade, que

    um direito, para outro programa torna-se uma obrigao, transformando-se num fator

    restritivo para a populao ter acesso ao benefcio. No entanto, no resta dvida de que

    a condicionalidade da sade imprime maior e;ccia ao setor propriamente dito. Como

    [...] enfrento essa dubiedade? Percebem como se est caminhando no ;o da navalha? A

    dubiedade resolvida da seguinte forma: o no cumprimento da condicionalidade signi-

    ;ca [...] um questionamento e uma demanda para os governos locais irem atrs da criana

    que no est vacinada, que no est na escola etc. muito mais um questionamento para

    a administrao pblica do que para a famlia. S que isso vem representando o aumento

    da demanda por servios, sobretudo nas reas mais pobres, nos municpios mais pobres.

    E com isso comea o exerccio da bola de neve. Em sntese, creio que o desa;o que se

    apresenta para ns : [...] qual a relao que se vai estabelecer nesse novo projeto da sade

    enquanto questo social, hoje, reatualizada entre as dimenses tcnica, poltica e social

    das polticas de sade? [...] Como articular os nveis macro e micro de anlise? [...] Tenho

    me dedicado, nos ltimos anos, a discutir as questes sociais e sempre ;quei intrigada

    com a questo da porta de sada do Programa Bolsa Famlia. Isso porque, recentemente,

    veri;cam-se muitos avanos em polticas distributivas na rea social, mas no em polticas

    redistributivas, porque polticas redistributivas implicam [...] reformas estruturais na so-

    ciedade, investimentos em polticas estruturais. Ento [...] as polticas de transferncia de

    renda e polticas de sade, entre elas, so polticas que funcionam muito para o combate

    pobreza; no entanto, a desigualdade est caindo muito pouco em nossa sociedade, porque

    seu enfrentamento no se d por meio de polticas distributivas, o combate desigualdade

    est nas polticas de carter estrutural e acho que este o novo desa;o que a sociedade

    brasileira tem pela frente.25

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    Cibele Saliba Rizek- / hh^W ^ W- E/ -h^W ^h^W

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    A b s t r a c t "is article is based on research that pointed to new ways of raising funds through the promotion of cultural practices that are interconnected to the

    management of public health services in the Eastern Zone of the City of So Paulo, under

    the direction of private social organizations. "e cross between fundraising, outsourced

    management of culture and health equipment points to an unprecedented relationship

    between the sectors of these practices, which sets up what can be identied as a private

    social planning. "is process redrew the margins of the State redening the relationship

    between social programs and policies and poor population in the largest Brazilian city.

    "e peripheral neighborhoods of the Eastearn outskirts So Paulo became an experimental

    eld of these practices, more than classical character of precarious forms of life or the place

    of origin of social movements, demands, subjects, right languages, as they were known

    specially from the 80s Brazilian sociological literature.

    K e y w o r d s Social policy; public policies; privatization; urban peripheries