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1 Instituto Internacionalde Educação do Brasil – IEB Ailton Dias dos Santos POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO AO FORTALECIMENTO DAS CADEIAS DE VALOR DO AGROEXTRATIVISMO NO SUL DO AMAZONAS Realização Apoio

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IEB

Ailton Dias dos Santos

POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO AO FORTALECIMENTO DAS CADEIAS DE

VALOR DO AGROEXTRATIVISMO NO SUL DO AMAZONAS

Realização Apoio

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Apoio ao fortalecimento das cadeias de valor sustentáveisno sul do Amazonas

PROJETO +VALOR

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INSTITUTO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO DO BRASIL – IEB

Políticas públicas de apoio ao fortalecimento das Cadeias de Valor dos produtos do agroextrativismo no sul do Amazonas

Ailton Dias dos SantosDezembro de 2016

Realização Apoio

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Durante o ano de 2016 o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) realizou um conjunto de ações visando qualificar a situação atual das cadeias de valor do agroextrativismo no sul do Amazonas. Este processo envolveu a realização de levan-tamentos de campo para identificar os principais atores comerciais, elos e fluxos das cadeias da castanha do Brasil, açaí, cacau, pirarucu e madeira nos municípios de Boca do Acre, Lábrea e Manicoré.

Além do trabalho de sistematização de dados e informações levantadas nas visitas locais, a equipe responsável também implementou um conjunto de reuniões com os parceiros locais dos três municípios para devolução e discussão coletiva dos resulta-dos e análises realizadas. O objetivo desta ação é construir bases para uma estratégia de fortalecimento das cadeias de valor mais importantes para a população agroex-trativista e indígena da região.

Ao encerrar este processo de levantamento e qualificação de dados e informações e diálogo com diversos atores locais dos três municípios conclui-se que o fortaleci-mento das cadeias de valor no sul do Amazonas vai exigir três conjuntos de esforços articulados entre si:

a) Organização da produção na base das cadeias de valor. Este é um aspecto funda-mental no sentido melhorar a inserção econômica das famílias produtoras, amplian-do a escala das operações comerciais e evitando-se a comercialização pulverizada de produtos de baixa qualidade e a preços desfavoráveis;

b) Melhoria do acesso das famílias e organizações locais a um conjunto de políticas públicas que possam facilitar e incentivar a organização da produção e a formaliza-ção das operações comerciais coletivas e individuais;

c)Definição de estratégias comerciais coletivas e individuais a fim de aumentar o po-der de barganha das famílias frente aos atores intermediários da cadeia.

O objetivo desta Nota Técnica é oferecer um panorama geral sobre a operacionalização das políticas de apoio ao fortalecimento das cadeias de valor do agroextrativismo no sul do Amazonas. Ela consiste em um insumo para o planejamento de ações e pro-jetos que possam aumentar a eficácia e efetividade das políticas públicas enquanto elemento chave para a estruturação das cadeias a partir de sua incidência sobre as famílias produtoras e suas organizações.

INTRODUÇÃO

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Entre as diversas políticas e programas governamentais que estiveram em implemen-tação no sul do Amazonas nos últimos anos destacam-se:

• O uso da Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agri-cultura Familiar (DAP) como um mecanismo regulatório para o acesso às políticas pú-blicas por parte deste público específico;

• A Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) como serviço público não estatal vol-tado especialmente para a implementação da política de crédito agrícola (PRONAF);

• O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) como a principal fonte de crédito para custeio e investimento;

• Os programas de fortalecimento dos mercados institucionais (PAA e PNAE) como al-ternativas de comercialização para a produção familiar e agroextrativista;

•A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) implementado pela Companhia Na-cional de Abastecimento (CONAB) como mecanismo de subvenção para produtos da agroextrativismo;

•O programa Bolsa Verde do Ministério do Meio Ambiente (MMA)como um instrumen-to de pagamento de serviços ambientais de efeito complementar e termos de renda agrícola;

•As políticas de regularização fundiária como o Programa Terra Legal, do antigo Mi-nistério do Desenvolvimento Agrário, Programa Nossa Várzea, da Secretaria do Pa-trimônio da União (SPU) e a regularização de Unidades de Conservação por meio dos Contratos de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRUS).

Em que pese os esforços institucionais visando ampliar o escopo e cobertura geo-gráfica dessas políticas e programas governamentais esta Nota Técnica evidencia um quadro geral de baixa efetividade e eficácia das mesmas no sul do Amazonas. Este é um dos principais gargalos para o fortalecimento das cadeias de valor na região e, portanto, um dos maiores desafios desta agenda para os próximos anos. Na sequên-cia, apresentamos uma caracterização geral dessas políticas e seu status de imple-mentação no sul do Amazonas.

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A DECLARAÇÃO DEAPTIDÃO AO PRONAF (DAP)

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Fa-miliar (DAP) é um mecanismo regulatório implementado pelo Ministério do Desenvol-vimento Agrário. Ele estabelece um “filtro de acesso” dos demandantes de políticas públicas para a agricultura familiar. É exigido como uma condição prévia tanto para o acesso ao crédito agrícola pelo PRONAF quanto à outras políticas do governo federal, tais como os programas de compras institucionais como o de Aquisição de Alimentos (PAA), Alimentação Escolar (PNAE) e Habitação Rural.

Feita por meio de um cadastro oficial, a DAP é considerada como um documento de identificação comprobatório da atividade agrícola familiar. É exigida em uma ampla gama de operações relacionadas à implementação de políticas públicas dirigidas à agricultura familiar em seus diferentes segmentos. A DAP também pode ser conside-rada como um indicador do nível de acesso das famílias às políticas públicas.

O mecanismo da DAP foi criado por meio da resolução do Conselho Monetário Na-cional (CMN) nº 2.191, de 24 de agosto de 1995. De início a resolução tinha como meta estabelecer regras de acesso ao PRONAF a partir de uma caracterização dos públicos beneficiários deste programa. Isso se justificava uma vez que as operações de crédito rural no âmbito do PRONAF tinham em seu bojo uma subvenção econômica não apli-cável para qualquer público. Com o passar do tempo a DAP foi sendo adotada como instrumento comprobatório para uma ampla gama de políticas e programas gover-namentais. Como as rotinas administrativas e processuais não estavam previamente definidas, o processo de emissão das declarações foi muito difuso entre 1995 e 2000. A partir de 2001 tem início a implementação de um processo controlado de emissão das DAPs.

A estruturação do processo burocrático para emissão da DAP envolveu o credencia-mento de instituições habilitadas para fazer a emissão das DAPs determinações do MDA, além da criação de uma plataforma on-line para inserção dos dados e emissão do documento final. Assim se procurou descentralizar e desburocratizar o processo de emissão das DAPs. As instituições emissoras incluem outros órgãos públicos como o INCRA, ICMBio, Secretarias Estaduais de Meio Ambiente, Serviços de ATER, além de entidades da Sociedade Civil como os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas.

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No caso de Boca do Acre, a partir de 2011 o IEB assessorou o processo de credencia-mento do STTR a fim de habilitar essa organização a emitir a DAP. Mas aquelas comu-nidades mais distantes e localizadas no interior de Unidades de Conservação têm tido dificuldades em obter a declaração. No caso das UCs federais a instituição emissora é o ICMBio, cujos gestores não têm muita familiaridade com o instrumento e enfrentam problemas com logística (internet), rotatividade de pessoal e sobrecarga de demandas.

Embora do sul do Amazonas exista uma certa gama de instituições credenciadas para a emissão das DAPs, este ainda se constitui como um forte gargalo para a utilização de recursos públicos na promoção de atividades econômicas sustentáveis e cadeias de valor da agroextrativismo. Uma consulta ao banco de dados da DAP/MDA mostra um número razoável de DAPs emitidas nos municípios de Boca do Acre, Lábrea e Manicoré.

MUNICÍPIODAP* (nov/15) PRONAF 2015/2016** (nov/15)

Pessoa Física Pessoa Jurídica Contratos Valores (R$)

Boca do Acre 2.351 2 130 3.423.258

Lábrea 2.684 5 8 299.832

Pauini 920 1 6 132.324

Humaitá 1.142 2 17 157.254

Manicoré 3.032 10 30 416.256

Novo Aripuanã 1.009

Total Sul AM 11.138 20 191 4.428.923

Total AM 94.791 37 753 11.113.221

MDA - dados atualizados até 23/12/2015*um estabelecimento pode ter mais de uma DAP e abrangeagricultores familiares e assentados da reforma agrária**O PRONAF beneficia agricultores familiares e assentados da reforma agrária

Quadro 01 Número de DAPs emitidas no sul do Amazonas e contratos do PRONAF

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No entanto, quando considerado o número de famílias em situação de vulnerabilida-de econômica e social naqueles municípios (gráfico abaixo) conclui-se que o número de DAPS emitidas é ainda baixo em face da população potencialmente demandante de políticas públicas.

Informações levantadas em campo indicam que a maior parte dos recursos do PRO-NAF, acessados graças à emissão de DAPs, foram direcionados para a pecuária de cor-te e não para atividades tradicionais que pressupõem a floresta em pé. É na região da BR 317 e BR364 que se concentram os investimentos do PRONAF. Ali também estão as áreas mais intensamente desmatadas para a criação de gado bovino em sistema extensivo. O mesmo ocorre na região do Km180 da Transamazônica, no sul do muni-cípio de Manicoré.

Entrevistas realizadas junto às lideranças locais revelam que uma parcela significativa das famílias agroextrativistas e indígenas do sul do Amazonas enfrentam dificulda-des no processo de emissão das DAPs. Como consequência, não acessam as políticas públicas.

O STTR de Lábrea informa que poucas famílias ribeirinhas do Rios Purus e Ituxi pos-suem a DAP. Muito provavelmente os números das DAPs apresentados no quadro aci-ma referem-se a famílias residentes na região da tríplice fronteira AC-AM-RO, área de influência da BR 364 a adjacências.

Também é evidente o baixíssimo número de instituições com DAPs jurídicas e, por-tanto, aptas para acessar recursos federais a exemplo do PAA Formação de Estoque

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Informações levantadas em campo indicam que a maior parte dos recursos do PRONAF, acessados graças à emissão de DAPs, foram direcionados para a pecuária de corte e não para atividades tradicionais que pressupõem a floresta em pé. É na região da BR 317 e 364 que se concentram os investimentos do PRONAF. Ali também estão as áreas mais intensamente desmatadas para a criação de gado bovino em sistema extensivo. O mesmo ocorre na região do Km180 da Transamazônica, no sul do município de Manicoré. Entrevistas realizadas junto às lideranças locais revelam que uma parcela significativa das famílias agroextrativistas e indígenas do sul do Amazonas enfrentam dificuldades no processo de emissão das DAPs. Como consequência, não acessam as políticas públicas. O STTR de Lábrea informa que poucas famílias ribeirinhas do Rios Purus e Ituxi possuem a DAP. Muito provavelmente os números das DAPs apresentados no quadro acima referem-se a famílias residentes na região da tríplice fronteira AC-AM-RO, área de influência da BR 364 a adjacências. Também é evidente o baixíssimo número de instituições com DAPs jurídicas e, portanto, aptas para acessar recursos federais a exemplo do PPA Formação de Estoque da CONAB. Até final e 2015, apenas 2 instituições de Boca do Acre haviam obtido a DAP Jurídica. Em Lábrea haviam 5 instituições com essa modalidade de DAP e em Manicoré 10. A situação da Cooperativa (COOPERAR) de Boca do Acre evidencia o tipo de dificuldade encontrada pelos grupos e organizações locais no momento de obter a DAP. A cooperativa está a mais de dois anos tentando obter a DAP Jurídica, mas pra isso a maioria dos seus sócios tem que fazer as suas DAPs individuais. As lideranças agroextrativistas ligadas à Cooperar fizeram várias tratativas junto aos STTRS de Boca do Acre e de Pauini e também junto ao ICMBio, instituições essas credenciadas e autorizadas a emitir as DAPs. Mas devido a dificuldades logísticas, de pessoal e operacionais nenhuma das três instituições conseguiu efetivamente resolver o problema. A Cooperar é uma instituição chave para a estruturação da cadeia de valor do cacau na região do Médio Purus e poderia se fortalecer comercialmente por meio do acesso a programas como o PAA Formação de Estoque.

2.2726.430 5.084 6.909 5.146 2.729 2.6590

5.000

10.000

Canutama Humaitá Boca doAcre

Lábrea Manicoré NovoAripuana

Pauini

Gráfico 01: Famílias em situação de vulnerabilidade atendidas pelo Programa Bolsa

Família (MDS) no Sul do Aamzonas, segundo dados do Cadastro Único

Com renda per capita acima de meio salário mínimo

Com renda per capita familia entre 170 e 1/2 salário mínimo

Com renda per capita familia entre 85,01 a 170,00

Com renda per capita familia de até 85,00

Gráfico 01 Famílias em situação de vulnerabilidade atendidas pelo Programa Bolsa Família (MDS) no Sul do Amzonas, segundo dados do Cadastro Único

10.000

5.000

0

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da CONAB. Até final e 2015, apenas 2 instituições de Boca do Acre haviam obtido a DAP Jurídica. Em Lábrea havia 5 instituições com essa modalidade de DAP e em Manicoré 10 instituições.

A situação da Cooperativa COOPERAR de Boca do Acre evidencia o tipo de dificuldade encontrada pelos grupos e organizações locais no momento de obter a DAP. A coope-rativa está a mais de dois anos tentando obter a DAP Jurídica, mas pra isso a maioria dos seus sócios tem que fazer as suas DAPs individuais. As lideranças agroextrativis-tas ligadas à Cooperar fizeram várias tratativas junto aos STTRS de Boca do Acre e de Pauini e também junto ao ICMBio, instituições essas credenciadas e autorizadas a emi-tir as DAPs. Mas devido a dificuldades logísticas, de pessoal e operacionais nenhuma das três instituições conseguiu efetivamente resolver o problema. A Cooperar é uma instituição chave para a estruturação da cadeia de valor do cacau na região do Médio Purus e poderia se fortalecer comercialmente por meio do acesso a programas como o PAA Formação de Estoque.

Desta forma, o acesso à DAP individual e jurídica se constitui como um desafio a ser enfrentado no processo de organização da base produtiva e estruturação das cadeias de valor.

A ASSISTÊNCIA TÉCNICAE EXTENSÃO RURAL (ATER)A disponibilidade de serviços de assessoria e orientação técnica dirigida para a agri-cultura e para o agroextrativismo é outro fator estruturante para acesso às políticas de fomento à produção e para investimento na estruturação das cadeias produtivas. São as equipes de ATER as responsáveis pela elaboração dos projetos de crédito do PRONAF em suas várias modalidades. A ATER também deve ter um papel chave na im-plementação de programas de compras institucionais como o PAA e o PNAE.

No sul do Amazonas a baixa oferta de serviços de ATER e a baixa qualidade e assidui-dade dos serviços prestados representam um gargalo estrutural que compromete so-bremaneira a eficácia e efetividade do PRONAF e de outras políticas públicas na região.Nos últimos anos do governo do Estado do Amazonas reduziu drasticamente o ta-manho das equipes técnicas do IDAM, órgão estadual responsável pela ATER. A maior parte dessas equipes vem sendo mantida por meio de contratos temporários de tra-balho. A desmobilização dos técnicos vem sendo justificada como uma necessidade em face da crise financeira pela qual o Estado está passando. O corte de despesas com pessoal não concursado tem sido um recurso de primeira mão na tentativa de equalizar as contas públicas.

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Em Boca do Acre o escritório do IDAM conta atualmente com apenas três profissionais cuja atuação se limita à elaboração de projetos de crédito do PRONAF para pequenos e médios pecuaristas. Os profissionais que prestavam assessoria e orientação técnica para os agroextrativistas foram dispensados entre 2014 e 2015. Também em Lábrea o escritório do IDAM conta atualmente com apenas uma pessoa responsável.

Mesmo no período anterior a 2014, quando os escritórios locais do IDAM dispunham de um certo número de técnicos, as comunidades extrativistas e suas organizações tinham muitas dificuldades em obter assistência técnica para atividades como o cul-tivo do cacau em Sistemas Agroflorestais, o manejo dos açaizais e a organização dos grupos para viabilizar os programas de compras institucionais como o PAA e PNAE. Em Manicoré, por exemplo, a CEPLAC disponibiliza apenas um profissional responsável por assessorar tecnicamente um grande número de produtores.

Para suprir a demanda por serviços de ATER o MDA lançou algumas chamadas públicas visando a contratação de instituições prestadoras de serviços. Nas primeiras chama-das desse tipo não foram apresentadas instituições candidatas a realizar os serviços de ATER conforme preconizado. Somente em 2015 foi realizada uma contratação por meio de chamada pública de ATER, neste caso voltada para atender ao público dos pescadores artesanais de Boca do Acre e Lábrea. A prestadora de serviços seleciona-da foi o Instituto Desenvolver.

MUNICÍPIOS Técnicos (nov/15) Agricultores Beneficiados

Boca do Acre 8 600

Pauiní 11 699

Lábrea 25 1342

Canutama 4 240

Humaitá 5 167

Manicoré 10 615

Novo Aripuanã 6 167

TOTAL 69 3830

Fonte: banco de dados do MDA. Consulta realizada em outubro de 2016.

Quadro 02 ATER realizada por meio de chamada pública do MDA/MPA - chamada pública 2015

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Embora a base de dados do MDA sobre ATER indiquem que mais de 60 profissionais atuam no sul do Amazonas por meio da chamada pública de 2015, o número real de técnicos operando por estes contratos são muito menores. Algumas vezes a chama-da pública prevê certo número de técnicos a serem contratados, mas isso não chega a ocorrer de fato. Na prática há apenas um contrato de ATER vigente na região con-siderada.

Por meio de uma parceria com a ONG SOS Amazônia a Cooperar (Boca do Acre) im-plementa uma parte do Projeto Valores da Amazônia com financiamento do Fundo Amazônia. O Projeto visa estruturar, fortalecer e integrar cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros junto a nove instituições locais do Acre e Amazonas. Na parte que cabe à Cooperar o projeto tem um componente de assistência técnica que visa assessorar grupos de famílias na produção e beneficiamento de óleos vegetais obtidos em áreas de floresta do Rio Purus.

Outros grupos de famílias ligadas à Cooperar também recebem uma gama variada de assessorias pontuais e capacitações realizadas pela ONG Instituto Socioambiental de Viçosa (ISA Viçosa) e por outras instituições parceiras. Os projetos que a cooperativa implementa possibilitam muitas vezes a realização de atividades de assessoria agrí-cola voltada para a melhoria da produção. Além disso a própria instituição tem rece-bido assessorias técnicas em diversas situações e formatos, a exemplo da cooperação técnica oferecida pela GiZ entre 2012 e 2015.

O próprio IEB sempre foi muito demandado pelas organizações locais para viabili-zar atividades de capacitação e formação em questões ligadas às cadeias de valor, a exemplo das oficinas de boas práticas da castanha realizadas em várias comunidades com o apoio de projetos do IEB e parceria do escritório do IDAM local.

Há, portanto, uma oferta de serviços de capacitação, formação e assessoria técnica, por meio da qual os grupos locais procuram suprir algumas demandas mais específi-cas. Não há, no entanto, um trabalho mais articulado e minimamente planejado que possa otimizar os recursos disponíveis segundo um planejamento construído coleti-vamente. Em resumo, não há uma boa coordenação entre as diversas iniciativas de ATER e nem uma visão mais integrada das opções de desenvolvimento, gargalos da estrutura produtiva e políticas públicas disponíveis.

POLÍTICA DE CRÉDITO: O PRONAFDiretamente ligada à emissão das DAPs e à oferta de serviços de ATER está a oferta de crédito bancário por meio do PRONAF. Em última instância, uma família agroextrativis-

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ta ou de agricultores familiares que pretenda acessar o PRONAF terá que: a) procurar uma instituição credenciada que possa emitir a sua DAP; b) procurar uma instituição prestadora de serviços de ATER que possa elaborar o seu projeto de crédito para ser apresentado ao banco. No caso do Amazonas o uso complementar desses dois ins-trumentos de política poderia contribuir para o desenvolvimento de uma economia de base ecológica em escala regional.

Na prática, porém, não é o que acontece. A precariedade em que operam as institui-ções e os limitados recursos humanos e materiais não permitem um planejamento mais estratégico das ações e nem a coordenação das iniciativas segundo uma visão compartilhada do território. Assim como ocorrem em quase todas as frentes de expan-são da ocupação na Amazônia, a maior parte dos recursos de ATER e oferta de crédi-tos do PRONAF vem sendo direcionada para a pecuária extensiva. As instituições não estão preparadas e equipadas para operar modalidades de crédito como o PRONAF Agroecologia, PRONAF Florestal, PRONAF Mulher, etc. A combinação ATER-crédito tem sido um eficaz mecanismo de incentivo ao modelo de desenvolvimento que cobra a substituição da floresta por pastagens plantadas.

Levando em conta este pano de fundo, podemos interpretar os gráficos abaixo com-pilados a partir do banco de dados do MDA sobre PRONAF e políticas para a agricul-tura familiar.

De início se observa que entre 2000 e 2015, 57% dos contratos do PRONAF da região estiveram concentrados nos municípios de Boca do Acre (31%) e Manicoré (26%). Exa-tamente dois municípios que registram movimentos de expansão da fronteira agro-pecuária a partir da abertura das rodovias BR 317 (Boca do Acre) e BR 230 (Transama-zônica), na porção sul de Manicoré. O mesmo movimento se registra no sul de Lábrea e Humaitá. Municípios mais isolados e com população majoritária de perfil agroex-trativista e indígena, como Pauini e Canutama, registram um número muito menor de contratos no mesmo período.

Gráfico 02Número de contratos do PRONAF nos municípios do Sul do Amazonas entre 2000 e 2015Boca do Acre

4245

Pauni

436

Lábrea

1700

Canutama

480

Humaitá

2192

Manicoré

3522

Novo Aripuana

1094

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Quando se analisa o volume dos recursos totais ofertados para a região por meio do PRONAF registra-se uma discrepância ainda maior. Nada menos que 68,81 % dos re-cursos do PRONAF destinados ao sul do Amazonas foram aplicados nos municípios de Boca do Acre (35,85%) e Manicoré (32,96%).

No caso de Manicoré aparentemente os recursos do crédito de dividem entre as co-munidades tradicionais agroextratistas e ribeirinhas da calha do Rio Madeira e seus afluentes e a região do distrito de Santo Antônio do Matupi, no Km 180 da BR 230, onde predominam atividades econômicas relacionadas com as frentes de expansão, a exemplo da agropecuária e exploração madeireira ilegal. Já em Boca do Acre a área de influência da BR 317 parece concentrar a maior parte dos recursos ofertados para o município.

Boca do Acre

39355766.82

Pauni

2245173.15

Lábrea

9382482

Canutama

4412990.1

Humaitá

10171924.07

Manicoré

36182005.22

Novo Aripuana

8026900.63

Gráfico 03Montante de recursos aplicados via contratos do PRONAF nos municípios do Sul do Amazonas entre 2000 e 2015 (R$)

Gráfico 04Boca do Acre: quantidade de Contratos do PRONAF

No caso de Boca do Acre, considerando-se o intervalo de 15 anos observa-se que no período que vai de 2012 a 2015 ocorreu um expressivo aumento da quantidade de con-tratos firmados e também dos montantes de recursos aplicados pelo PRONAF.

12 12 17 0 0

537

422 411

151 120

245187

786

909

436

1999/2000

2000/2001

2001/2002

2002/2003

2003/2004

2004/2005

2005/2006

2007/2008

2008/2009

2009/2010

2010/2011

2011/2012

2012/2013

2013/2014

2014/2015

2006/2007

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Esse perfil de execução em Boca do Acre indica que as instituições emissoras de DAP, prestadoras de ATER e bancos estiveram operando de maneira mais concatenada. No entanto, não é possível aferir se este aumento está sendo direcionado para a ti-vidades econômicas de base ecológica ou para a expansão da pecuária por meio do desmatamento.

A oferta de crédito do PRONAF no período foi extremamente alta em comparação à capacidade instaladas dos governos nos três níveis da federação. Os recursos dis-ponibilizados via PRONAF no âmbito do Plano Nacional de Agroecologia (PLANAPO) 2012-2015, por exemplo, foi de R$ 2,5 bilhões, sendo que penas 2,5 % desse montante foi aplicado (R$ 63.100.000,00).

O aumento do volume de recursos aplicados pelo PRONAF no sul do Amazonas é indi-cador de uma certa melhoria no funcionamento das instituições e da sua capacidade de responder à demanda por crédito. No entanto, constata-se que essa melhoria foi passageira já que os serviços de ATER oferecidos pelo governo do Estado (IDAM) foram afetados com cortes de gastos e de pessoal em decocorencia da crise fiscal.

Já Manicoré mostra um perfil mais instável em termos de aplicação dos recursos do PRONAF. Tanto o número de contratos quanto o volume de recursos aplicados tiveram um crescimento entre 2008 e 2011, caindo nos anos seguintes, embora tenha havido uma certa recuperação entre 2013 e 2014.

Gráfico 05 Boca do Acre: montantes aplicados pelo PRONAF - em R$

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Esse perfil de execução em Boca do Acre indica que as instituições emissoras de DAP, prestadoras de ATER e bancos estiveram operando de maneira mais concatenada. No entanto, não é possível aferir se este aumento está sendo direcionado para a tividades econômicas de base ecológica ou para a expansão da pecuária por meio do desmatamento.

A oferta de crédito do PRONAF no período foi extremamente alta em comparação à capacidade instaladas dos governos nos três níveis da federação. Os recursos disponibilizados via PRONAF no âmbito do Plano Nacional de Agroecologia (PLANAPO) 2012-2015, por exemplo, foi de R$ 2,5 bilhões, sendo que penas 2,5 % desse montante foi aplicado (R$ 63.100.000,00).

Portanto, o aumento do volume de recursos aplicados pelo PRONAF no sul do Amazonas é indicador de uma certa melhoria no funcionamento das instituições e da sua capacidade de responder à demanda por crédito. No entanto, constata-se que essa melhoria foi passageira já que os serviços de ATER oferecidos pelo governo do Estado (IDAM) foram afetados com cortes de gastos e de pessoal em decocorencia da crise fiscal.

Já Manicoré mostra um perfil mais instável em termos de aplicação dos recursos do PRONAF. Tanto o número de contratos quanto o volume de recursos aplicados tiveram um crescimento entre 2008 e 2011, caindo nos anos seguintes, embora tenha havido uma certa recuperação entre 2013 e 2014.

13.3

98

13.3

98

39.9

14

0 0 537.

000

0

789.

124

1.10

2.30

2

594.

654

587.

867

1.63

4.46

6

2.25

4.51

6

8.97

8.91

1 12.4

15.4

91

10.3

94.7

26

Gráfico 05: Boca do Acre: montantes aplicados pelo PRONAF - em R$

10 27 31 7 0 8 12

194269

802

562 585

95

274

460

186

Gráfico 06: Manicoré: numero de contratos do PRONAF

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Investir na melhoria da qualidade e da performance das políticas públicas pode ser um mecanismo importante na viabilização das cadeias de valor com atributos de sus-tentabilidade. O desafio é conformar uma estrutura institucional que possa ser mo-bilizada para o apoio e financiamento de atividades econômicas de base ecológica e dos primeiros elos das cadeias de valor.

10

Esse perfil de execução em Boca do Acre indica que as instituições emissoras de DAP, prestadoras de ATER e bancos estiveram operando de maneira mais concatenada. No entanto, não é possível aferir se este aumento está sendo direcionado para a tividades econômicas de base ecológica ou para a expansão da pecuária por meio do desmatamento.

A oferta de crédito do PRONAF no período foi extremamente alta em comparação à capacidade instaladas dos governos nos três níveis da federação. Os recursos disponibilizados via PRONAF no âmbito do Plano Nacional de Agroecologia (PLANAPO) 2012-2015, por exemplo, foi de R$ 2,5 bilhões, sendo que penas 2,5 % desse montante foi aplicado (R$ 63.100.000,00).

Portanto, o aumento do volume de recursos aplicados pelo PRONAF no sul do Amazonas é indicador de uma certa melhoria no funcionamento das instituições e da sua capacidade de responder à demanda por crédito. No entanto, constata-se que essa melhoria foi passageira já que os serviços de ATER oferecidos pelo governo do Estado (IDAM) foram afetados com cortes de gastos e de pessoal em decocorencia da crise fiscal.

Já Manicoré mostra um perfil mais instável em termos de aplicação dos recursos do PRONAF. Tanto o número de contratos quanto o volume de recursos aplicados tiveram um crescimento entre 2008 e 2011, caindo nos anos seguintes, embora tenha havido uma certa recuperação entre 2013 e 2014.

13.3

98

13.3

98

39.9

14

0 0 537.

000

0

789.

124

1.10

2.30

2

594.

654

587.

867

1.63

4.46

6

2.25

4.51

6

8.97

8.91

1 12.4

15.4

91

10.3

94.7

26

Gráfico 05: Boca do Acre: montantes aplicados pelo PRONAF - em R$

10 27 31 7 0 8 12

194269

802

562 585

95

274

460

186

Gráfico 06: Manicoré: numero de contratos do PRONAFGráfico 06 Manicoré: numero de contratos do PRONAF

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Investir na melhoria da qualidade e da performance das políticas públicas pode ser um mecanismo importante na viabilização das cadeias de valor com atributos de sustentabilidade. O desafio é conformar uma estrutura institucional que possa ser mobilizada para o apoio e financiamento de atividades econômicas de base ecológica e dos primeiros elos das cadeias de valor.

Programas de fortalecimento dos mercados institucionais: PAA e PNAE

O acesso aos mercados institucionais por parte de grupos agroextrativistas formais e informais é apontado como uma das oportunidades mais importantes para a dinamização dos fluxos comerciais na escala local, incentivo à produção e consumo de alimentos de alta qualidade. Programas como o PAA e PNAE operacionalizados pela CONAB são considerados casos de sucesso na promoção e estruturação deste tipo de mercado. No entanto, em razão dos gargalos institucionais e da baixa capacidade instalada dos municípios do Sul do Amazonas esses programas contam com uma execução baixa na região.

Entre 2010 e 2016 o Ministério do Desenvolvimento Agrário investiu R$ 3,6 milhões no sul do Amazonas por meio do Programa de Aquisição de Alimentos da CONAB. Como mostra o gráfico abaixo, esse montante foi distribuído de maneira irregular entre os municípios da região. O maior número de operações esteve concentrado em Manicoré (9), seguido de Humaitá (4), Boca do Acre (1) e Novo Aripuanã (1). As operações tiveram como titulares principalmente associações agroextrativistas, cooperativas e colônias de pescadores. Municípios como Lábrea, Canutama e Pauini não chegaram a realizar nenhuma operação nessa modalidade de compra direta no período considerado.

54.5

29,6

9

86.1

44,1

0

97.5

20,6

8

12.3

19,3

9

- 55.8

76,6

5

94.2

54,8

7

376.

154,

06

1.59

3.28

5,63

4.24

0.05

0,12

8.23

8.66

6,26

9.43

8.67

4,33

627.

231,

29

1.85

4.87

9,72

6.38

2.57

9,62

3.02

9.83

8,81

Gráfico 07: Manicoré: montantes aplicados pelo PRONAF - em R$ Gráfico 07 Manicoré: Montantes

Aplicados pelo Pronaf - Em R$

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O acesso aos mercados institucionais por parte de grupos agroextrativistas formais e informais é apontado como uma das oportunidades mais importantes para a dina-mização dos fluxos comerciais na escala local, incentivo à produção e consumo de alimentos de alta qualidade. Programas como o PAA e PNAE operacionalizados pela CONAB são considerados casos de sucesso na promoção e estruturação deste tipo de mercado. No entanto, em razão dos gargalos institucionais e da baixa capacida-de instalada dos municípios do Sul do Amazonas esses programas contam com uma execução baixa na região.

Entre 2010 e 2016 o Ministério do Desenvolvimento Agrário investiu R$ 3,6 milhões no sul do Amazonas por meio do Programa de Aquisição de Alimentos da CONAB. Como mostra o gráfico abaixo, esse montante foi distribuído de maneira irregular entre os municípios da região. O maior número de operações esteve concentrado em Manicoré (9), seguido de Humaitá (4), Boca do Acre (1) e Novo Aripuanã (1). As operações tiveram como titulares principalmente associações agroextrativistas, cooperativas e colônias de pescadores. Municípios como Lábrea, Canutama e Pauini não chegaram a realizar nenhuma operação nessa modalidade de compra direta no período considerado.

Já na modalidade formação de estoque do PAA foram realizadas em todo o Estado do Amazonas um total de 22 operações entre 2010 e 2015, com um total de R$ 5,1 milhões investidos. Deste total, cerca de R$ 1,5 milhões foram aplicados por meio de duas or-

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Fonte: CONAB – Transparência Pública do PPA, consulta realizada em 12/12/2016. Já na modalidade formação de estoque do PAA foram realizadas em todo o Estado do Amazonas um total de 22 operações entre 2010 e 2015, com um total de R$ 5,1 milhões investidos. Deste total, cerca de R$ 1,5 milhões foram aplicados por meio de duas organizações do sul do Amazonas: a Cooperativa Verde de Manicoré (COVEMA) e a Cooperativa Mista Agroextrativista do Sardinha (COOPMAS). Quadro 03 - PAA - Formação de estoque da agricultura familiar no Amazonas: número de operações e valores

Ano Quantidade de operações Valores (R$) 2010 6 803.974,88 2011 3 617.560,00 2012 5 1.045.725,00 2013 1 79.940,00 2014 5 1.944.990,00 2015 2 639.972,00

TOTAL 22 5.132.161,88 Fonte: CONAB

Considerando-se que muitas organizações de base deram início aos trabalhos visando contratar com a CONAB em municípios como Humaitá, Lábrea e Boca do Acre, os resultados do PPA na região são bastante modestos. Há ainda um grande esforço a ser feito no sentido de ampliar o número de famílias beneficiadas (produtoras e consumidoras), número de operações em cada município e volume de recursos alocados.

1.085.058,40

1.999.757,35

359990,8 209.999,32

Humaitá Manicoré Novo Aripuanã Boca do Acre

Gráfico 08: Volume de recursos aplicados pelo PAA no Sul do Amazonas por meio do Ministério do Desenvolvimento

Agrário, entre 2010 e 2016 - em R$Gráfico 08 Volume de recursos aplicados pelo PAA no Sul do Amazonas por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre 2010 e 2016 - em R$

PROGRAMAS DE FORTALECIMENTO DOS MERCADOS INSTITUCIONAIS: PAA E PNAE

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Ano Quantidade de operações Valores (R$)

2010 6 803.974,88

2011 3 617.560,00

2012 5 1.045.725,00

2013 1 79.940,00

2014 5 1.944.990,00

2015 2 639.972,00

TOTAL 22 5.132.161,88

Quadro 03 PAA - Formação de estoque da agricultura familiar no Amazonas: número de operações e valores

Fonte: CONAB

Considerando que muitas organizações de base deram início aos trabalhos visando contratar com a CONAB em municípios como Humaitá, Lábrea e Boca do Acre, os re-sultados do PPA na região são bastante modestos. Há ainda um grande esforço a ser feito no sentido de ampliar o número de famílias beneficiadas (produtoras e consu-midoras), número de operações em cada município e volume de recursos alocados.

ganizações do sul do Amazonas: a Cooperativa Verde de Manicoré (COVEMA) e a Coo-perativa Mista Agroextrativista do Sardinha (COOPMAS).

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Fonte: CONAB – Transparência Pública do PPA, consulta realizada em 12/12/2016.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é considerado como uma das oportunidades mais importantes no sentido da valorização local dos produtos da sociobiodiversidade. A Lei 11.947 de 16/06/2009 estabeleceu que no mínimo 30% dos recursos do PNAE repassados aos municípios devem ser utilizados para aquisições diretas da agricultura familiar. Esta medida visou estimular os circuitos locais de produção e consumo de alimentos saudáveis e valorização da agricultura familiar. Entre os anos de 2010 e 2014 foram destinados R$ 8,6 milhões do PNAE para os municípios do Sul do Amazonas. Porém, as aquisições da agricultura familiar nesses municípios no mesmo período foi de R$ 445.874,89, o que representa 5,1% do total disponibilizada e bem abaixo da meta de 30%. O município de Canutama foi o que apresentou uma melhor performance com aquisições da agricultura familiar correspondendo a 34% do total no período. Nos demais municípios esse percentual ficou muito abaixo do esperado, principalmente considerando-se que o perfil agroextrativista da maior parte de sua população.

734.160,00

191.100,00

576.000,00

Covema/Manicoré - 2014 Coopmas/Lábrea - 2010 Coopmas/Lábrea - 2014

Gráfico 09: PAA Formação de estoque da Agricultura Familiar - Operações no sul do Amazonas entre 2010 e

2016 - em R$Gráfico 09 PAA Formação de estoque da Agricultura FamiliarOperações no sul do Amazonas entre 2010 e 2016 - em R$

Fonte: CONAB – Transparência Pública do PPA, consulta realizada em 12/12/2016

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O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é considerado como uma das oportunidades mais importantes no sentido da valorização local dos produtos do agro-extrativismo. A Lei 11.947 de 16/06/2009 estabeleceu que no mínimo 30% dos recur-sos do PNAE repassados aos municípios devem ser utilizados para aquisições diretas da agricultura familiar. Esta medida visou estimular os circuitos locais de produção e consumo de alimentos saudáveis e valorização da agricultura familiar.

Entre os anos de 2010 e 2014 foram destinados R$ 8,6 milhões do PNAE para os muni-cípios do Sul do Amazonas. Porém, as aquisições da agricultura familiar nesses mu-nicípios no mesmo período foi de R$ 445.874,89, o que representa 5,1% do total dispo-nibilizado, bem abaixo da meta de 30%.

O município de Canutama foi o que apresentou uma melhor performance com aqui-sições da agricultura familiar correspondendo a 34% do total no período. Nos demais municípios esse percentual ficou muito abaixo do esperado, principalmente conside-rando-se que o perfil agroextrativista da maior parte de sua população.

Pelo exposto acima, o PAA e o PNAE se confirmam como oportunidades de valorização da produção local de alimentos. No caso do PNAE o fator crítico para o sucesso do programa é capacidade instalada das prefeituras municipais e vontade política dos seus gestores, uma vez que os contratos de venda são firmados com as Secretarias Municipais de Educação. Há toda uma cadeia de relações que precisa ser desenvolvi-da para que o poder público local possa absorver a produção local e direcionar para as escolas de maneira eficiente. Isso inclui a necessidade de um forte trabalho de sensibilização junto aos(as) gestores(as) das secretarias, nutricionistas, merendeiras das escolas e pais de alunos.

14

Pelo exposto acima, o PAA e o PNAE se confirmam como oportunidades de valorização da produção local de alimentos. No caso do PNAE o fator crítico para o sucesso do programa é capacidade instalada das prefeituras municipais e vontade política dos seus gestores, uma vez que os contratos de venda são firmados com as Secretarias Municipais de Educação. A toda uma cadeia de relações que precisa ser desenvolvida para que o poder público local possa absorver a produção local e direcionar para as escolas de maneira eficiente. Isso inclui a necessidade de um forte trabalho de sensibilização junto aos(as) gestores(as) das secretarias, nutricionistas, merendeiras das escolas e pais de alunos.

Já no caso do PPA registra-se a necessidade de fortalecer as organizações locais no sentido de ampliar a sua capacidade de organização da produção, mobilização das famílias para os contratos de venda direta, negociação com a CONAB e encaminhamento dos aspectos burocráticos do programa.

Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM

A definição de normas da administração públicas para a fixação de Preços Mínimos e aquisição e produtos agropecuários tem o seu marco no Decreto-Lei nº 79 de 1966. Por meio da Lei nº 11.775 de 2008 se instituiu a modalidade de Subvenção Direta no âmbito do Programa de Garantia do Preço Mínimo (PGPM). Este mecanismo prevê o pagamento de um bônus ao agricultor ou agroextrativista sempre que este venda seu produto por um valor inferior ao preço mínimo fixado pelo governo federal por meio da Conab.

Em 2009, as tratativas entre Conab e Ministério do Meio Ambiente deram origem à Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade - PGPM-Bio. O

569.

846,

00

2.12

5.41

2,00

2.10

1.67

0,00

89.0

94,0

0 566.

802,

00

730.

110,

00

2.43

9.33

6,00

197.

274,

60

65.6

16,2

0

132.

094,

00

- - - 50.8

90,0

4

Canutama Humaitá Lábrea NovoAripuanã

Pauini Boca do Acre Manicoré

Gráfico 10: PNAE: aquisições da agricultura familiar no sul do Amazonas entre 2010 e 2014

Valor Transferido Valor aquisições da agricultura familiar

Gráfico 10 PNAE: aquisições da agriculturafamiliar no sul do Amazonas entre 2010 e 2014

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POLÍTICA DE GARANTIADE PREÇOS MÍNIMOS – PGPMA definição de normas da administração públicas para a fixação de Preços Mínimos e aquisição e produtos agropecuários tem o seu marco no Decreto-Lei nº 79 de 1966. Por meio da Lei nº 11.775 de 2008 se instituiu a modalidade de Subvenção Direta no âmbito do Programa de Garantia do Preço Mínimo (PGPM). Este mecanismo prevê o pagamento de um bônus ao agricultor(a) ou agroextrativista sempre que este(a) venda seu produto por um valor inferior ao preço mínimo fixado pelo governo federal por meio da Conab.

Em 2009 as tratativas entre Conab e Ministério do Meio Ambiente deram origem à Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Agroextrativismo - PGPM-Bio. O pro-pósito da política é garantir a sustentação dos preços dos produtos da agroextrativismo a patamares que permitam o desenvolvimento econômico e social justo e a conservação dos recursos naturais. A subvenção abarca 15 produtos extrativistas: açaí, andiroba, ba-baçu, baru, borracha extrativista, cacau extrativo, castanha-do-Brasil, carnaúba, juçara, macaúba, mangaba, pequi, piaçava, pinhão e umbu. 

O PGPM e PGPMBio representam estímulos à formalização das operações comerciais uma vez que exige a apresentação da Nota Fiscal de venda do produto como documento com-probatório do preço praticado, a partir do qual se calculará o valor da subvenção. Para ter direito à subvenção um(a) agroextrativista deve apresentar os seguintes documentos: i) Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP; ii) 2ª via da nota fiscal de venda (nota avulsa) ou de compra; iii) Conta Corrente/Ordem Bancária; iv) CPF regular.

Já no caso de cooperativas ou associações são exigidos: i) Declaração de Aptidão ao Pro-naf - DAP Jurídica; ii) 2º via da Nota fiscal de venda ou de compra; iii) Conta Corrente em Banco Oficial em nome da cooperativa, que também precisa estar adimplente junto ao Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin).

As operações do PGPMBio no Amazonas tiveram início em 2009 com o pagamento da subvenção para a castanha do Brasil. Mas apenas vinte operações foram realizadas na-quele ano. Já a subvenção para o Açaí teve início em 2012 com 29 operações. O ano de 2013 concentra o maior número de operações e montante de recursos para estes dois únicos produtos.

Já no caso do PPA registra-se a necessidade de fortalecer as organizações locais no sen-tido de ampliar a sua capacidade de organização da produção, mobilização das famílias para os contratos de venda direta, negociação com a CONAB e encaminhamento dos as-pectos burocráticos do programa.

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Quadro 04 Evolução das operações do PGPMBio no Amazonas.

PRODUTOS 2009 2010 2012 2013

QT VALOR QT VALOR QT VALOR QT VALOR

Castanhado Brasil

20 4.871,00 119 33.492,00 338 43.995,00

Açaí 29 9.909,00 245 58.953,00

Fonte: Viana 2015

Fonte: CONAB-PGPM

Quadro 05 Preços mínimos praticados pelo PGPM no Amazonas para a castanha do Brasil e cacau.

CASTANHA DO BRASIL EM CASCA CACAU EM AMÊNDOA

Ano Hectolitro KG

2012 52,50

2013 59,00 4,69

2014 59,00 4,69 a 5,54

2015 59,00 5,54 a 4,74

2016 4,74 a 5,07

Tendo em vista a importância das cadeias da agroextrativismo para a economia re-gional do sul do Amazonas conclui-se que há um grande espaço para a ampliação da política de preços mínimos, tanto em relação ao número de operações de subvenção realizadas quanto à sua operacionalização para novos produtos, a exemplo do cacau nativo.

A Conab alocou no período aproximadamente R$ 64 milhões para o pagamento de subsídios. Entretanto, apenas 25% do montante foram efetivamente executados e para apenas seis dos catorze produtos apoiados pela política. Aproximadamente 38% do valor total foi pago em subsídios para a fibra de piaçava, seguindo-se os pagamentos para amêndoas de babaçu (30%), borracha (27%), castanha-do-brasil (4%) e, por fim, para os frutos de açaí e do pequi, que juntos somaram menos de 1% dos pagamen-tos (Viana, 2015).

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O PROGRAMA BOLSA VERDE

O Programa de Apoio à Conservação Ambiental – Bolsa Verde (PBV) foi lançado em 2011 com o objetivo de incentivar a conservação dos ecossistemas e promover a elevação da renda de pessoas em situação de extrema pobreza e que exerçam atividades de conservação e uso sustentável dos recursos naturais no meio rural.

O foco inicial do PBV eram os beneficiários residentes em UCs de uso sustentável e Assentamentos de Reforma Agrária ambientalmente diferenciados. Contudo, ao longo do tempo o Programa foi ampliando progressivamente o número de pessoas benefi-ciárias, bem como sua área de atuação, incluindo famílias ribeirinhas residentes em áreas da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Assentamentos Tradicionais do IN-CRA, populações indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais além de outras áreas rurais definidas como prioritárias por ato do Poder Executivo.

O PBV oferece uma subvenção de R$ 300,00 por família a cada três meses sendo exi-gido da família beneficiária a assinatura de um termo de adesão onde são definidos os compromissos com as regras de uso do território e com a conservação ambiental. Para participar do programa cada família deve: i) Estar no “Cadastro Único para Pro-gramas Sociais” do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); ii) se enquadrar no perfil de renda definido pelo Bolsa Verde (famílias com renda de até 77 reais mensais por pessoa); iii) Receber o Bolsa Família.

Além disso, é necessário que a família seja beneficiária de uma das áreas selecionadas para participar do programa e que esta área seja gerida de acordo com a legislação ambiental e possua os instrumentos de gestão previstos em lei.Portanto, o PBV é ao mesmo tempo um mecanismo de pagamento por serviços am-bientais e um instrumento de transferência condicionada de renda que visa a redu-ção da extrema pobreza e ao mesmo tempo a conservação ambientais dos territórios de uso tradicional.

O modelo de implementação do PBV no sul do Amazonas traz elementos importantes sobre os desafios e dilemas da implementação de políticas públicas em cenários de baixa governança e precária presença do Estado.

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As famílias reconhecidas pelo INCRA e ICMBio como sendo residentes e beneficiárias dos assentamentos diferenciados e Unidades de Conservação do Sul do Amazonas foram inseridas no PBV de forma “automática” a partir de um cruzamento de dados dos dois órgãos com o CAD Único do Bolsa Família gerido pelo MDS. O conceito do programa, suas normas e condicionantes foram precariamente debatidas com as or-ganizações e lideranças locais, especialmente no caso dos assentamentos. Além disso, não há espaços de governança para discutir publicamente as diretrizes do programa e esclarecer as famílias beneficiárias quanto aos seus direitos e deveres em relação ao mecanismo.

Gestores do ICMBio e do INCRA foram destacados para atuar como ponto focal do PBV, mas seu trabalho se limita a sanar dúvidas e receber queixas das famílias, quase sempre em razão de atrasos ou suspensão nos pagamentos.

Mas a falha mais grave no processo de operacionalização do PBV no sul do Amazonas tem a ver com a inclusão das famílias ribeirinhas das áreas de várzea dos rios federais cujas ocupações foram reconhecidas pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) por meio dos Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS). A informação difundida pela SPU foi de que todas as famílias beneficiadas por TAUS e que se enquadrassem no perfil exigido pelo PBV seriam automaticamente inseridas no programa. Para ofi-cializar essa inclusão as famílias deveriam assinar um “termo de adesão” onde assu-mem compromissos de conservação ambiental inerentes ao programa.

Somente em Boca do Acre cerca de 600 famílias que receberam TAUS estão aptas a assinar os termos de adesão do PBV. Para viabilizar a discussão e assinatura desses termos de adesão o MMA chegou a contratar uma empresa terceirizada que assumiu o trabalho de sensibilização e contato com as famílias e esclarecimentos às mesmas

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As famílias reconhecidas pelo INCRA e ICMBio como sendo residentes e beneficiárias dos assentamentos diferenciados e Unidades de Conservação do Sul do Amazonas foram inseridas no PBV de forma “automática” a partir de um cruzamento de dados dos dois órgãos com o CAD Único do Bolsa Família gerido pelo MDS. O conceito do programa, suas normas e condicionantes foram precariamente debatidas com as organizações e lideranças locais, especialmente no caso dos assentamentos. Além disso, não há espaços de governança para discutir publicamente as diretrizes do programa e esclarecer as famílias beneficiárias quanto aos seus direitos e deveres em relação ao mecanismo.

Gestores do ICMBio e do INCRA foram destacados para atuar como ponto focal do PBV, mas seu trabalho se limita a sanar dúvidas e receber queixas das famílias, quase sempre em razão de atrasos ou suspensão nos pagamentos.

Mas a falha mais grave no processo de operacionalização do PBV no sul do Amazonas tem a ver com a inclusão das famílias ribeirinhas das áreas de várzea dos rios federais cujas ocupações foram reconhecidas pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) por meio dos Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS). A informação difundida pela SPU foi de que todas as famílias beneficiadas por TAUS e que se enquadrassem no perfil exigido pelo PBV seriam automaticamente inseridas no programa. Para oficializar essa inclusão as famílias deveriam assinar um “termo de adesão” onde assumem compromissos de conservação ambiental inerentes ao programa.

Somente em Boca do Acre cerca de 600 famílias que receberam TAUS estão aptas a assinar os termos de adesão do PBV. Para viabilizar a discussão e assinatura desses termos de adesão o MMA chegou a contratar uma empresa terceirizada que assumiu o trabalho de sensibilização e contato com as famílias e esclarecimentos às mesmas quanto aos seus deveres e obrigações, antes da assinatura do documento. O que ocorre é que o contrato com esta empresa foi cancelado antes que as famílias que receberam os TAUS pudessem fazer a sua adesão do PBV.

Como a SPU não possui gestores locais com atribuição em relação ao PBV, temos uma situação de não operacionalização do programa nas áreas de várzea do sul do Amazonas onde estaria a maior parte das famílias beneficiárias. O gráfico 11 acima mostra apenas o

147

7

213

544

406

230

Boca do Acre Canutama Humaitá Lábrea Manicoré Pauini

Gráfico 11: Número de Famílias Beneficiárias do Bolsa Verde no sul do Amazonas

Gráfico 11 Número de Famílias Beneficiárias do Bolsa Verde no sul do Amazonas

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quanto aos seus deveres e obrigações, antes da assinatura do documento. O que ocorre é que o contrato com esta empresa foi cancelado antes que as famílias que receberam os TAUS pudessem fazer a sua adesão do PBV.

Como a SPU não possui gestores locais com atribuição em relação ao PBV, temos uma situação de não operacionalização do programa nas áreas de várzea do sul do Ama-zonas onde estaria a maior parte das famílias beneficiárias. O gráfico 11 acima mostra apenas o número de famílias que aderiram ao PBV por meio do INCRA ou do ICMBio. Estes números estão bem abaixo do número real de famílias que poderiam se bene-ficiar do programa.

Em um contexto de crise financeira e política, com cortes de gastos no âmbito do go-verno federal, a tendência atual é de redução do escopo do PBV e de que as famí-lias das áreas de várzea permaneçam à margem do mecanismo. Isso representa uma perda de oportunidade de implementação das bases operativas para uma política de pagamento por serviços ambientais.

POLÍTICAS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIAA base das cadeias de valor do agroextrativismo no sul do Amazonas está assentada sobre paisagens e territórios que estão em franca disputa. A sustentabilidade social e econômica dessas cadeias está estreitamente ligada a uma estratégia mais ampla voltada para a garantia dos direitos territoriais das populações tradicionais e indíge-nas da região.

As políticas de regularização fundiária são um elemento fundamental para assegurar direitos de propriedade e de uso dos recursos naturais do território e repartição justa dos benefícios da biodiversidade. Este esforço de regularização e ordenamento terri-torial confronta as tendências de aumento do desmatamento e expansão da pecuária de corte sobre as áreas de uso comum como terras indígenas, assentamentos dife-renciados e até mesmo unidades de conservação de uso sustentável. Cabe, portanto, observar e avaliar as políticas de apoio à regularização fundiária em implementação no território.

Uma primeira frente de trabalho é aquela voltada para a regularização fundiária das Unidades de Conservação de Uso Sustentável federais e estaduais. No caso do sul do Amazonas as Resex do Arapixi e do Médio Purus foram objeto de regularização por meio dos Contratos de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRUs). A Resex do Ituxi e as Flonas do Purus, Mapiá-Inauini e Humaitá também aguardam a finalização da do-cumentação para a emissão de novos CCDRUS por parte do ICMBio.

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A emissão dos CCDRUS em nome das Associações representativas das famílias resi-dentes e beneficiárias das UCs é o resultado de um intenso processo de negociação entre as organizações de base e os órgãos fundiários e ambientais responsáveis. Este processo conta com a mediação do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito do “Fórum Diálogo Amazonas” (FDA). O FDA é um Espaço público de negociação entre so-ciedade civil e Estado e está voltado para a construção de soluções jurídicas para os impasses fundiários das Unidades de Conservação (UCs). Os Objetivos do fórum são: i) Realizar a regularização fundiária de Unidades de Conservação estaduais e federais do Amazonas; ii) Apropriação pública da legislação fundiária estadual e nacional; iii) Busca da efetividade das políticas públicas de regularização fundiária.

O FDA é uma iniciativa da sociedade civil por meio do Instituto Internacional de Edu-cação do Brasil (IEB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Nacional das Po-pulações Extrativistas e Associações representativas das populações residentes em Unidades de Conservação. Os principais órgãos públicos que participam das nego-ciações são: INCRA, SPU, ICMBio, Procuradoria Geral do Estado, Secretaria Estadual de Políticas Fundiárias.

O mapa abaixo mostra a localização geográfica das Unidades de Conservação que es-tão sendo objeto de regularização fundiária por meio do FDA.

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O FDA mobiliza diferentes instrumentos jurídicos a fim de estabelecer um rito buro-crático que tenha como finalidade assegurar os direitos fundiários e territoriais das comunidades tradicionais. A simples criação das UCs não representa uma garantia des-ses direitos uma vez que persistem situações de caos fundiários e disputa pela terra relacionadas ao direito de propriedade. Com a emissão dos CCDRUS as Associações de Resex e Flonas obtém um amparo jurídico para continuar manejando os recursos naturais de uso coletivo como os castanhais, estoque pesqueiro dos lagos naturais, áreas de ocorrência do açaí e do cacau nativos, para citar apenas alguns produtos.

Uma segunda política pública importante para a conservação dos recursos naturais e para o desenvolvimento de uma economia da sustentabilidade é o Programa Nos-sa Várzea implementado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em a parceria de organizações da sociedade civil e prefeituras municipais. No sul do Amazonas o IEB vem assumindo um papel estratégico na sensibilização e mobilização dos atores locais, planejamento e monitoramento da execução do programa por parte da SPU. O principal instrumento de regularização utilizado é o Termo de Autorização de Uso (TAUS) emitido em nome das famílias residentes nas áreas de várzea dos rios federais como o Purus e o Madeira.

Gráfico 12 Evolução da regularização fundiária nas áreas de varzea do sul do Amazonas

O TAUS é importante para assegurar os direitos de uso da várzea por parte das co-munidades ribeirinhas que formam a base produtiva de cadeias de valor como a do cacau nativo, açaí, óleos vegetais e pescado, sem falar nas inúmeras atividades vol-tadas para o consumo e segurança alimentar das famílias.

O gráfico 12 acima mostra o estado atual do Programa Nossa Várzea em termos de cadastramento das famílias beneficiárias e emissão de TAUS nos municípios do sul do Amazonas.

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O TAUS é importante para assegurar os direitos de uso da várzea por parte das comunidades ribeirinhas que formam a base produtiva de cadeias de valor como a do cacau nativo, açaí, óleos vegetais e pescado, sem falar nas inúmeras atividades voltadas para o consumo e segurança alimentar das famílias.

O gráfico 12 acima mostra o estado atual do Programa Nossa Várzea em termos de cadastramento das famílias beneficiárias e emissão de TAUS nos municípios do sul do Amazonas.

Uma terceira política pública de apoio à regularização fundiária no sul do Amazonas é o Programa Terra Legal implementado pela Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária da Amazônia Legal (SERFAL). O cerne da política é o georreferenciamento e destinação de glebas de terras públicas federais, seja para fins de conservação ambiental, garantia de territórios indígenas ou parcelamento para titulação de ocupações privadas anteriores a 2004.

O Terra Legal tem sido o destinatário de um conjunto de demandas de regularização fundiária de ocupantes tanto de terra firme quanto de várzea. Somente em Boca do Acre há uma estimativa de cerca de 600 propriedades pequenas e médias que são passíveis de regularização pelo programa. A maior parte dessas ocupações já foi objeto do georreferenciamento e parcelamento do solo. Porém, um número reduzido de títulos definitivos foi efetivamente entregue.

Dois conjuntos de problemas estão entre os principais gargalos para a ampliação dos resultados do programa: a) os impasses em relação à destinação de algumas glebas federais em razão da manifestação de interesses da FUNAI para demarcação futura de terras indígenas. Como não há uma qualificação mais precisa da demanda indígena e nem perspectivas de realização dos estudos para a identificação dessas terras, a ação tem levado a um simples “bloqueio” de glebas e a interrupção do processo de titulação das propriedades localizadas na área de interesse da FUNAI; b) impasses que envolvem a correta precificação da terra por meio de uma matriz oficial que precisa ser atualizada pelo INCRA antes de se proceder a regularização de imóveis com área superior a quatro módulos fiscais. Este problema foi objeto de uma notificação feita ao Terra Legal pelo Tribunal de Contas da

0 500 1000 1500 2000 2500

Boca do Acre

Canutama

Manicoré

Novo Aripuanã

Pauni

Gráfico 12: Evolução da regularização fundiária nas áreas de varzea do sul do Amazonas

Termos de Autorização de Uso (TAUS) já entregues

Cadastros já realizados pela SPU

Demanda de regularização fundiária pela SPU (número de famílias)

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Uma terceira política pública de apoio à regularização fundiária no sul do Amazonas é o Programa Terra Legal implementado pela Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária da Amazônia Legal (SERFAL). O cerne da política é o georreferenciamento e destinação de glebas de terras públicas federais, seja para fins de conservação am-biental, garantia de territórios indígenas ou parcelamento para titulação de ocupações privadas anteriores a 2004.

O Terra Legal tem sido o destinatário de um conjunto de demandas de regularização fundiária de ocupantes tanto de terra firme quanto de várzea. Somente em Boca do Acre há uma estimativa de cerca de 600 propriedades pequenas e médias que são passíveis de regularização pelo programa. A maior parte dessas ocupações já foi ob-jeto do georreferenciamento e parcelamento do solo. Porém, um número reduzido de títulos definitivos foi efetivamente entregue.

Dois conjuntos de problemas estão entre os principais gargalos para a ampliação dos resultados do programa: a) os impasses em relação à destinação de algumas glebas federais em razão da manifestação de interesses da FUNAI para demarcação futura de terras indígenas. Como não há uma qualificação mais precisa da demanda indíge-na e nem perspectivas de realização dos estudos para a identificação dessas terras, a ação tem levado a um simples “bloqueio” de glebas e a interrupção do processo de titulação das propriedades localizadas na área de interesse da FUNAI; b) impas-ses que envolvem a correta precificação da terra por meio de uma matriz oficial que precisa ser atualizada pelo INCRA antes de se proceder a regularização de imóveis com área superior a quatro módulos fiscais. Este problema foi objeto de uma noti-ficação feita ao Terra Legal pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o que provocou uma paralização dos processos até que novos parâmetros para o preço da terra seja definido pelo INCRA.

Títulos Emitidos

Área Titulada (Km2)

Tamanho Médio dos Lotes (Km2)

Desvio-Padrão (Km2)

Maior Lote (Km2) Menor Lote (Km2)

Boca Do Acre 110 71,23 0,65 0,59 3,01 0,0361

Lábrea 8 5,8 0,72 0,22 1,01 0,5

Canutama 333 141,17 0,42 0,32 2,06 0,0058

Manicoré 51 72 1,41 0,9 3,96 0,411

TOTAL MÉDIA MÉDIA MÉDIA MÁXIMO MÍNIMO

Sulam 502 290,2 0,8 0,5075 3,96 0,0058

Fonte: Terra Legal – atualizado até out de 2016

Quadro 06 Regularização Fundiária pelo Programa Terra Legal

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Em que pese esses problemas principais, o Terra Legal titulou um conjunto de 502 propriedades de agricultores familiares na região do sul do Amazonas. A ação pro-duz impactos importantes em termos de ordenamento do território e diminuição dos conflitos e violência no campo. No entanto, a paralização das atividades tem gerado um clima de incerteza e o surgimento de novos conflitos naquelas glebas de terras ainda em disputa pelos grupos sociais locais organizados ou não.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das problemáticas expostas nas sessões anteriores pode-se concluir que as políticas públicas orientadas para a agricultura familiar e o agroextrativismo consti-tuem um elemento fundamental e estruturante das cadeias de valor da agroextrati-vismo no sul do Amazonas.

O investimento voltado para o aumento da eficácia e efetividades dessas políticas terá efeitos positivos no âmbito das cadeias de valor e da economia da sustentabilidade. Ao contrário, o abandono ou estagnação das políticas e programas aqui analisados pode significar o declínio das economias de base ecológica, que hoje mobilizam uma parcela significativa da população local, e o avanço da frente de expansão da pecuária de corte tendo o aumento do desmatamento como seu efeito mais direto.

Ao se valorizar o papel das políticas públicas na promoção da sustentabilidade eco-nômica e ambiental da região podemos identificar três campos de atuação com dife-rentes níveis de desafio e problemas organizacionais e políticos.

O primeiro campo é o das políticas de regularização fundiária e ordenamento ter-ritorial cujo objetivo principal é garantir a segurança jurídica para acesso à terra e aos recursos naturais por parte das comunidades tradicionais que estão na base da estrutura produtiva ou das cadeias de valor da agroextrativismo. Neste campo pode-mos incluir as ações de regularização fundiárias das unidades de conservação por meio dos CCDRUS, a regularização das áreas de várzea por meio do Programa Nossa Várzea da SPU e o parcelamento e regularização da agricultura familiar por meio do programa Terra Legal.

O segundo campo é aquele formado pelas políticas de fomento, crédito agrícola, as-sessoria técnica e inovação tecnológica. Aqui tem destaque: i) o papel da DAP como instrumento comprobatório para acesso ao crédito bancário; ii) as atividades de ATER por meio de instituições públicas, prestadoras de serviços, organizações da sociedade

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civil (ONGs) e instituições de ensino e pesquisa; iii) o financiamento de projetos pro-dutivos por meio do PRONAF em suas diferentes modalidades e tendo como agentes financeiros instituições como o Banco do Brasil e o Banco da Amazônia.

Por fim, o terceiro campo relevante para a agenda de fortalecimento das cadeias de valor inclui as políticas voltadas para a promoção dos mercados institucionais, com destaque para o PPA, PAA Formação de Estoque e PNAE. Estas políticas estão direta-mente ligadas a um necessário processo de organização formal e informal das famílias produtoras com potencial de aumento da renda e da segurança alimentar.

Um quarto campo temático poderia ser o do pagamento por serviços ambientais, a exemplo do que ocorre no âmbito do Programa Bolsa Verde. No entanto, este tipo de iniciativa ainda se encontra em estágio embrionário, não havendo uma consolidação de mecanismos e instrumentos que possam ser mobilizados pelos grupos demandan-tes e nem ofertados pelos agentes públicos como uma política estruturada.

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REFERÊNCIASFRANCO, Fabio Chicuta [org] (2016). Guia de financiamento florestal 2016. Brasília: MMA. 102 pg.

MDA (2014). DAP: Manuel do Agente Emissor. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Brasília, DF.

VIANA, João Paulo (2015). “Operacionalização da política de garantia de preços míni-mos para produtos da agroextrativismo 2009-2013: há espaço para crescer”. Texto para Discussão 2104. Brasília-Rio de Janeiro: Ipea.

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ANEXOS

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Anexo 01

Operações do PPA nos municípios do Sul do Amazonas entre 2010 e 2015

Município CPR CNPJ Entidade Proponente Data de Vencimento

Valor Total R$

Humaitá AM/2010/02/0020 05.035.197/0001-18 COLONIA DE PESCADORES Z31 DR. RENATO PEREIRA GONÇALVES DE HUMAITA

05/03/2011 181.958,40

Humaitá AM/2010/02/0022 02.299.996/0001-03 ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS DE SÃO MIGUEL 01/07/2011 210.600,00

Manicoré AM/2010/02/0006 05.704.935/0001-72 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES AGROEXTRATIVISTAS DA COMUNIDADE DE N.S. DA CONCEIÇÃO

05/02/2011 181.982,45

Humaitá AM/2011/02/0034 05.035.197/0001-18 COLONIA DE PESCADORES Z31 DR. RENATO PEREIRA GONÇALVES DE HUMAITA

19/12/2012 270.000,00

Manicoré AM/2011/02/0006 10.334.500/0001-13 ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS E PECUARIASTAS ASPROMAT 04/07/2012 238.497,60

Manicoré AM/2011/02/0046 05.704.935/0001-72 ASSOCIAÇÃO DE MORADORES AGROEXTRATIVISTAS DA COMUNIDADE DE N.S. DA CONCEIÇÃO

21/12/2012 234.000,00

Manicoré AM/2011/02/0049 02.394.126/0001-13 COOPERATIVA DOS PRODUTORES AGROPECUÁRIOS EXTRATIVISTAS DOS RECURSOS NATURAIS DE MANICORÉ

21/12/2012 278.997,60

Novo Aripuanã AM/2011/02/0027 03.466.435/0001-14 ASSOC.COM. P/ DES. DA COMUNIDADE STA Mª DO URUA 21/12/2012 359.990,80

Manicoré AM/2012/02/0021 08.601.769/0001-77 COOPERATIVA VERDE DE MANICORÉ 19/12/2013 315.000,00

Humaitá AM/2013/02/0015 05.035.197/0001-18 COLONIA DE PESCADORES Z31 DR. RENATO PEREIRA GONÇALVES DE HUMAITA

29/11/2014 422.500,00

Manicoré AM/2013/02/0018 06.082.823/0001-90 ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES AGROEXTRATIVISTA DA COMUNIDADE DE CACHOEIRINHA

26/12/2014 194.987,90

Manicoré AM/2013/02/0019 04.830.418/0001-87 ASSOC. DE MORAD. AGROEXT. DA COM. DE SÃO PEDRO DO URUÁ 26/12/2014 266.491,80

Manicoré AM/2014/02/0014 15.811.342/0001-69 ASSOCIAÇÃO MÃO NA TERRA 24/04/2016 129.900,00

Boca do Acre AM/2015/02/0047 21.018.794/0001-90 ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES E PRODUTORAS RURAIS EXTRATIVISTA DA RESEX ARAPIXI

30/12/2016 209.999,32

Manicoré AM/2015/02/0028 15.811.342/0001-69 ASSOCIAÇÃO MÃO NA TERRA 16/09/2016 159.900,00

3.654.805,87

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Anexo 02

Operações do PPA modalidade Formação de Estoque nos municípios do Sul do Amazonas entre 2010 e 2015

Município CPR CNPJ Entidade Proponente Data de Vencimento

Valor Total R$

Lábrea AM/2010/01/0038

10.441.523/0001-27

COOPERATIVA MISTA AGROEXTRATIVISTA SARDINHA-COOPMAS 01/12/2011 191.100,00

Lábrea AM/2014/01/0040

02.369.784/0001-55

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES AGROEXTRATIVISTAS DA COLÔNIA DO SARDINHA

27/11/2015 576.000,00

Manicoré AM/2014/01/0036 08.601.769/0001-77

COOPERATIVA VERDE DE MANICORÉ 24/11/2015 734.160,00

Fonte: CONAB

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Realização Apoio