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POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Lei 6.938/81)

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POLÍTICA NACIONAL

DO MEIO AMBIENTE

(Lei 6.938/81)

• Considerações Iniciais:

– A lei n° 6.938/81 (PNMA) pode ser considerada a lei mãe do nosso ordenamento jurídico ambiental, pois é norteadora de toda aplicação de normas ambientais no país, trazendo em seu texto expressamente princípios, conceitos jurídicos importantíssimos, além dos instrumentos da PNMA;

– A lei 6938/81 regulamenta os incisos VI e VII, do art. 23, CF/88;

– Implementação da PNMA: pela União, estados, DF e municípios deve ser feita com base nos princípios e objetivos da Lei 6938/81.

preservação – manter o meio ambiente intacto e intangível, ou seja, sem a interferência humana. Ocorre que, hoje em dia o mais correto é falar em conservação, isto é, compatibilizando as atividades antrópicas (humanas) e a proteção ao meio ambiente como direito fundamental.

• Objetivo Geral melhoria – no sentido de melhorar o manejo

ao meio ambiente.

recuperação – o direito ambiental, mesmo não sendo possível na grande maioria das vezes, busca alcançar o status quo ante.

desenvolvimento social

assegurar interesses de segurança nacional

proteção à dignidade da pessoa humana

• Conceitos Jurídicos relevantes:

– Meio Ambiente - conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas

• Concepção ampla de meio ambiente x concepção estrita

– Poluição – em termos gerais, seria a degradação da qualidade ambiental.

• Poluição Lícita x Poluição Ilícita.

– Poluidor – pessoa física ou jurídica de direito público ou privado que, direta ou indiretamente provoque dando ao meio ambiente.

• Poluidor direito x poluidor indireto – questões práticas e de concurso

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

(SISNAMA)

• Composição: será composto por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como por fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental;

• Finalidade: segundo dispõe Romeu Thomé: “estabelecer uma rede de

agências governamentais, nos diversos níveis da federação, visando assegurar mecanismos capazes de, eficientemente, implementar a política nacional do meio ambiente”.

• Estrutura: é composto por: (a) órgão superior; (b) órgão consultivo e

deliberativo; (c) órgão central; (d) órgão executor; (e) órgãos seccionais; (f) órgãos locais.

Obs.: Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. Da mesma forma, os municípios também

poderão elaborar normas da mesma espécie.

ÓRGÃO SUPERIOR

CONSELHO DE

GOVERNO

Assessorar o presidente na formulação da política nacional e diretrizes governamentais ambientais.

ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO

CONAMA

assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida

ÓRGÃO CENTRAL

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente

ÓRGÃOS EXECUTORES

IBAMA E INSTITUTO CHICO MENDES (vide

ADIn 4029)

executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente

ÓRGÃOS SECCIONAIS

ÓRGÃOS OU ENTIDADES ESTADUAIS

execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental

ÓRGÃOS LOCAIS

ÓRGÃOS OU ENTIDADES MUNICIPAIS

controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições

• Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) - Possui competência normativa;

CUIDADO: As resoluções do CONAMA que regulamentam hipóteses não previstas em leis são dotadas de legalidade? “PROCESSUAL CIVIL E DIREITO AMBIENTAL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. OBRA EMBARGADA PELO IBAMA, COM FUNDAMENTO NA RESOLUÇÃO DO CONAMA N. 303/2002. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCESSO REGULAMENTAR. NÃO-OCORRÊNCIA. ART. 2º, ALÍNEA 'F', DO CÓDIGO FLORESTAL NÃO-VIOLADO. LOCAL DA ÁREA EMBARGADA. PRETENSÃO DE ANÁLISE DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO-CONHECIDO. (...) 2. Pelo exame da legislação que regula a matéria (Leis 6.938/81 e 4.771/65), verifica-se que possui o Conama autorização legal para editar resoluções que visem à proteção do meio ambiente e dos recurso naturais, inclusive mediante a fixação de parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, não havendo o que se falar em excesso regulamentar(...)” (Resp n°994.881/SC).

- Avalia a implementação da política ambiental;

- propõe aos demais órgãos federativos propostas de atuação para melhor defesa do meio ambiente;

• Competência - também prevista no art. 7°, Decreto 99.274/90;

• Composição (Art. 2° do DEC. 99.274/90): (a) plenário; (b) comitê de Integração de Políticas Ambientais CIPAM; (c) Câmaras Técnicas CTs; (d) Grupos de Trabalho GTs; (e) Grupos Assessores Gas; (f) Câmara Especial Recursal CER.

• Instrumentos da PNMA: (art. 9°)

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos;

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

• Zoneamento Ambiental – tem como ideia central a divisão do território em zonas, de forma que haja um uso racional dos recursos naturais, preservando quando deve-se proteger e permitindo a utilização de recursos, quando for possível desenvolver determinadas atividades;

• Avaliação de Impactos Ambientais – gênero do qual são espécies os estudos de impacto ambiental, previstos no art. 225, §1°, IV, CF/88;

• Licenciamento Ambiental – procedimento administrativo em que o órgão público responsável licencia a localização, instalação, ampliação e operacionalização de atividades, empreendimentos ou obras capazes de causar efetivo dano ambiental.

• Servidão Ambiental: – ocorre quando o proprietário ou possuidor de imóvel,

pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes;

– deve ser averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos (art. 9-A, §5°, da Lei 6938/81);

– Pode ser estabelecida por prazo determinado ou indeterminado;

– Poder ser onerosa ou gratuita;

– não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida (lei 12.651/12)

• Observações finais:

– A Lei 6938/81 traz expressamente a regra da responsabilidade civil no âmbito do direito ambiental, sendo ela de natureza OBJETIVA (art. 14, §1°);

– A Lei 6938/81 foi modificada, no tocante ao licenciamento ambiental, pela LC 140/11;

– A lei 6938/81 também foi alterada pela Lei 12.561/12 (novo código florestal).

CASO CONCRETO Associação de pescadores do Vale do Rio Pesqueiro ingressou com ação indenizatória em face da Companhia Energética do Sul, em decorrência dos danos materiais e morais sofridos em função da construção de uma usina hidrelétrica na região. Sustenta a Autora, que ocorreu transformação de parte do rio em lago, modificando as condições pesqueiras, além de inúmeras inundações ao longo do rio, provocando danos a biodiversidade local. Por fim, alega a Associação que em se tratando de relações ambientais, o ônus da prova deve ser invertido em favor do meio ambiente, de forma que cabe a ré demonstrar que efetivamente não causou os danos alegados. Devidamente citada, a ré ofereceu contestação afirmando que a construção foi feita nos moldes das condições exigidas durante o procedimento de licenciamento ambiental, e que foram tomadas medidas mitigadoras de eventuais prejuízos ao meio ambiente da região. Ademais, sustentou que em momento algum restou provado o prejuízo às atividades pesqueiras, como devidamente demonstrado em prova pericial acostada aos autos do processo. Levando-se em consideração os fatos narrados, como Juiz, profira a sentença abordando, entre outros pontos, a possibilidade de inversão do ônus da prova em favor do meio ambiente.

ACÓRDÃO PARADIGMA - AgRg no AREsp 206748 / SP

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL E DIREITO AMBIENTAL. CONSTRUÇÃO DE USINA HIDRELÉTRICA. REDUÇÃO DA PRODUÇÃO PESQUEIRA. SÚMULA Nº 7/STJ. NÃO CABIMENTO. DISSÍDIO NOTÓRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO INCONTESTE. NEXO CAUSAL. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CABIMENTO. PRECEDENTES. Não há falar, na espécie, no óbice contido na Súmula nº 7/STJ, haja vista que os fatos já restaram delimitados nas instâncias ordinárias, devendo ser revista nesta instância somente a interpretação dada ao direito para a resolução da controvérsia. Precedentes. Tratando-se de dissídio notório, admite-se, excepcionalmente, a mitigação dos requisitos exigidos para a interposição do recurso pela alínea "c" "quando os elementos contidos no recurso são suficientes para se concluir que os julgados confrontados conferiram tratamento jurídico distinto à similar situação fática" (AgRg nos EAg 1.328.641/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJe 14/10/11). A Lei nº 6.938/81 adotou a sistemática da responsabilidade objetiva, que foi integralmente recepcionada pela ordem jurídica atual, de sorte que é irrelevante, na espécie, a discussão da conduta do agente (culpa ou dolo) para atribuição do dever de reparação do dano causado, que, no caso, é inconteste. O princípio da precaução, aplicável à hipótese, pressupõe a inversão do ônus probatório, transferindo para a concessionária o encargo de provar que sua conduta não ensejou riscos para o meio ambiente e, por consequência, aos pescadores da região. Agravo regimental provido para, conhecendo do agravo, dar provimento ao recurso especial a fim de determinar o retorno dos autos à origem para que, promovendo-se a inversão do ônus da prova, proceda-se a novo julgamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- AMADO, Frederico. Direito Ambiental.2012;

___ Direito Ambiental.2011.

- THOMÉ, Romeu. Manual de direito ambiental. 2012;

- MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 2007;

- FURLAN, Anderson. FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 2010;

___ MEDA, Nadja Nara Cobra. APUD FURLAN, Anderson e FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 2010;

___RODRIGUES, Marcelo Abelha. APUD FURLAN, Anderson e FRACALOSSI, William. Direito Ambiental. 2010;

- MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 2012.