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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS UNIDADE JUR DISCIPLINA DIREITO AMBIENTAL PROFESSOR Ms. Larissa de Oliveira Costa Borges CÓDIGO TURMA SEMESTRE JUR 3450 A04 2011/2 RESUMO DE AULA O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Ao garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado, a CF estabelece que trata de um bem de uso comum do povo que deve ser preservado e mantido para as presentes e futuras gerações. Entretanto, o dever de defendê-lo é comum ao Poder Público e a coletividade. Daí, nasce o princípio ao meio ambiente equilibrado como direito humano fundamental, derivando deste, todos os demais princípios ambientais. A questão ambiental, por sua relevância, é tratada em diversos artigos da Constituição Federal: Art. 5º : XXIII; LXXI; LXXIII Art. 20: I; II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º Art. 21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV Art. 22: IV; XII; XXVI Art. 23: I;III; IV; VI; VII; IX; XI Art. 24: VI; VII; VIII Art. 43: § 2º, IV e §3º Art. 49: XIV; XVI Art. 91: § 1º, III Art. 129: III Art. 170: IV Art. 174: §§ 3º e 4º Art. 176 e §§ Art 182 e §§ Art. 186 Art. 200: VII; VIII Art. 216: V e §§ 1º, 3º e 4º Art. 225 Art. 231 Art. 232 Art. 43 do ADCT Art. 44 do ADCT 1. Diversos tipos de Meio Ambiente A distribuição de competência pela CF tornou possível a estruturação do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, instrumento da PNMA (Lei 6.938/81). Salienta-se que o meio ambiente é tratado sob quatro aspectos: a) meio ambiente natural: é constituído pelo solo, água, ar atmosférico, flora e fauna, tutelado pelo caput do art. 225 da CF e § 1º, I e VII desse mesmo artigo. b) meio ambiente artificial: é compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações (chamado espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto), recebe tratamento constitucional em diversas passagens, art. 225; art. 182; art. 21, XX e art. 5º, XXIII. c) meio ambiente cultural: integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere pelo sentido de valor especial, previsto na CF, art. 216 e seus incisos. Traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

UNIDADE JUR DISCIPLINA DIREITO AMBIENTAL PROFESSOR Ms. Larissa de Oliveira Costa Borges CÓDIGO TURMA SEMESTRE JUR 3450 A04 2011/2

RESUMO DE AULA

O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Ao garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado, a CF estabelece que trata de

um bem de uso comum do povo que deve ser preservado e mantido para as presentes e futuras gerações. Entretanto, o dever de defendê-lo é comum ao Poder Público e a coletividade. Daí, nasce o princípio ao meio ambiente equilibrado como direito humano fundamental, derivando deste, todos os demais princípios ambientais.

A questão ambiental, por sua relevância, é tratada em diversos artigos da Constituição Federal:

Art. 5º : XXIII; LXXI; LXXIII Art. 20: I; II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º

Art. 21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV Art. 22: IV; XII; XXVI Art. 23: I;III; IV; VI; VII; IX; XI Art. 24: VI; VII; VIII Art. 43: § 2º, IV e §3º Art. 49: XIV; XVI Art. 91: § 1º, III Art. 129: III Art. 170: IV Art. 174: §§ 3º e 4º Art. 176 e §§ Art 182 e §§ Art. 186 Art. 200: VII; VIII Art. 216: V e §§ 1º, 3º e 4º Art. 225 Art. 231 Art. 232 Art. 43 do ADCT Art. 44 do ADCT

1. Diversos tipos de Meio Ambiente

A distribuição de competência pela CF tornou possível a estruturação do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, instrumento da PNMA (Lei 6.938/81). Salienta-se que o meio ambiente é tratado sob quatro aspectos: a) meio ambiente natural: é constituído pelo solo, água, ar atmosférico, flora e fauna, tutelado pelo caput do art. 225 da CF e § 1º, I e VII desse mesmo artigo. b) meio ambiente artificial: é compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações (chamado espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto), recebe tratamento constitucional em diversas passagens, art. 225; art. 182; art. 21, XX e art. 5º, XXIII. c) meio ambiente cultural: integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere pelo sentido de valor especial, previsto na CF, art. 216 e seus incisos. Traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania.

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d) meio ambiente do trabalho: local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais (remuneradas ou não), cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc), tutelado na CF art. 200, VIII e art. 7º, XXII. Caracteriza-se, ainda, pelo complexo de bens imóveis e móveis de uma empresa ou sociedade, objeto de direitos subjetivos privados e invioláveis da saúde e da integridade física dos trabalhadores que a freqüentam.

O objeto de estudo do direito ambiental vai além da proteção da fauna e da flora, porque

este visa preservar a sadia qualidade de vida do homem, em sociedade. A partir da revolução industrial, na Europa, e depois da segunda guerra mundial, no Brasil, as pessoas passaram a se amontoar nas cidades, trazendo grande preocupação em relação ao que a doutrina chama hoje de “meio ambiente artificial”, composto pelo espaço urbano construído pelo homem, ou seja, pelas cidades. Essa realidade trouxe ao direito ambiental a preocupação em relação ao meio ambiente do trabalho.

Segundo Paulo Afonso Leme Machado, o direito ambiental “é um direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente.”1

Deve ficar claro que o objeto de estudo do direito ambiental não se restringe ao meio ambiente natural, buscando a preservação de todos os fatores relevantes para a vida do homem em sociedade. 2. Competência Legislativa em Matéria Ambiental

A CF, além de consagrar a preservação do meio ambiente, procurou definir as competências dos entes da federação, inovando na técnica legislativa, por incorporar ao seu texto diferentes artigos disciplinando a competência para legislar e para administrar em matéria ambiental: a) competência privativa da União: é aquela que, embora seja própria de uma entidade, pode ser delegada ou suplementada desde que respeitados os requisitos legais. A competência legislativa privativa da União prevista no art. 22 e a exclusiva prevista no art. 25, embora tratem em diversos dispositivos da questão ambiental, possuem um caráter muito mais de gestão administrativa e econômica do que de proteção ambiental propriamente dito. Lei Complementar poderá autorizar que os Estados legislem sobre as matérias relacionadas com as águas, energia, populações indígenas, jazidas e outros recursos minerais, além das atividades nucleares de qualquer natureza (CF, art. 22, IV, XII e XXVI). b) competência comum: art. 23 da CF concede à União, Estados, Municípios e o Distrito Federal competência legislativa comum, pela qual os entes da federação atuam em cooperação administrativa recíproca, visando alcançar os objetivos descritos pela própria Constituição (CF, art. 23, III, IV, VII, VIII, IX, X e XII). c) competência concorrente: é aquela reservada à União, aos Estados e ao Distrito Federal, cabendo à União a primazia de legislar sobre normas gerais, implica no estabelecimento de moldes pela União a serem observados pelos Estados e Distrito Federal (CF, art. 24, VI, VII, VIII, §§ 1º,2º, 3º e 4º). d) competência remanescente ou privativa dos Estados: é aquela que permite a atividade legislativa em relação às matérias não vedadas implícita ou expressamente, prevista no § 1º do art. 25 da CF. e) competência municipal suplementar: é aquela que atribui aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a faculdade de complementar os princípios e normas gerais ou de suprir a omissão destes, prevista nos §§ 2º e 3º do art. 24 e no inciso II do art. 30 da CF. Os Municípios podem editar normas que atendam à realidade local ou até mesmo preencham lacunas das legislações federal e estadual.

1 MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 54.

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f) competência exclusiva, prevista no § 2º do art. 25 e no inciso I do art. 30 da CF, diz respeito aos Estados e aos Municípios e é aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação. 2.1 - Inovações da Constituição Federal de 1988 quanto à competência em matéria ambiental - Prevê a COMPETÊNCIA CONCORRENTE para LEGISLAR (da União, Estados e D.F.) Art. 24 C.F./88: Sobre "florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição" ( 24, VI).

Também sobre "responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turísticos e paisagístico." ( 24, VII ) e ainda "responsabilidade por DANO AO MEIO AMBIENTE". Neste sentido, no mesmo inciso, ampliando-se o alcance da expressão meio ambiente, como a doutrina ambientalista o faz, para que o Direito Ambiental abranja o meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho, pode-se incluir a competência do art. 24, VII: "proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico".

Outra possibilidade é a inclusão do inciso IX: "educação, cultura, ensino e desporto", pois a EDUCAÇÃO AMBIENTAL, prevista sua promoção pelo Poder Público (art. 225, VI ), no aspecto formal cabe à Pasta de Educação e no aspecto informal, cabe à Pasta de Meio Ambiente, nos diversos níveis da Administração. - Prevê a COMPETÊNCIA COMUM da União, Estados, D.F. e Municípios: (Art. 23) Para "proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;" Também: preservar as florestas, a fauna e a flora. - Quanto ao Município: (Art. 30, I e II): A) Cabe-lhe legislar sobre assuntos de INTERESSE LOCAL. B) SUPLEMENTAR a legislação federal e estadual no que couber. Parte da doutrina interpreta, portanto, mesmo se considerando que o município pode legislar em assuntos de interesse local, tal competência não é originária na amplitude prevista no art. 24, devendo ser exercida com a junção deste interesse e a suplementação ora da legislação federal, ora da legislação estadual antecedente. Haverá casos particularíssimos, de interesse local, cuja norma federal geral, nem a norma estadual disciplinou, em que o município poderá construir uma legislação pertinente.

REGIME JURÍDICO DOS BENS NATURAIS: Águas, Solo, Fauna,

Pesca e Atmosfera 1. Regime Jurídico do Meio Ambiente

Ao tratar sobre meio ambiente na Constituição Federal, o art. 225 dispõe ser este ‘bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida’. Os bens de uso comum do povo são aqueles que embora pertencentes a um ente público, estão franqueados a todos, tais como mares, rios, estradas, ruas, praças, sendo inalienáveis e imprescritíveis. Esses bens não se confundem com os denominados bens públicos, tampouco com os denominados bens particulares (ou privados), são bens difusos (Lei 8.078/90, art. 81, parágrafo único, I).

O bem público tem como titular o Estado (ainda que deva geri-lo em função e em nome da coletividade), ao passo que o bem de natureza difusa repousa a sua titularidade no próprio povo, tanto que eventuais indenizações decorrentes de lesões a estes bens têm natureza diversa: a indenização do bem público volta-se aos cofres do ente prejudicado; a indenização do bem difuso, ao fundo de defesa dos direitos difusos (Lei 7.347/85, art. 13).

Outros elementos caracterizadores deste regime jurídico são o da indisponibilidade e o da insuscetibilidade de apropriação, seja pelo próprio Estado, seja pelos particulares, fato este decorrente diretamente do princípio da indisponibilidade.

Em conclusão, o regime jurídico do meio ambiente como bem autônomo é o de bem difuso de uso comum do povo, incorpóreo, indisponível e insuscetível de apropriação.

2. Regime Jurídico dos Recursos Naturais

Cada um dos recursos naturais, considerados individualmente, pode ter um regulamento

próprio, não havendo necessariamente um regime jurídico único para todos eles, tendo como único traço comum a impossibilidade de seu uso ser lesivo ao meio ambiente como bem autônomo.

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Os recursos ambientais individualmente considerados podem ter regime inclusive de direito privado, como é o caso das árvores que, segundo o Código Civil (art. 79) são consideradas bens móveis e assim que removidas – com o devido licenciamento – podem ser livremente comerciadas.

Um prédio histórico ou com valor arquitetônico relevante – ainda não tombado – não perde sua condição de propriedade particular, podendo ser alienado, hipotecado, locado, usado, desde que isto não influencie em sua característica histórica ou arquitetônica.

Alguns recursos ambientais são plenamente apropriáveis e utilizáveis – desde que esta apropriação não leve à apropriação individual (exclusiva) do meio ambiente. O que pode eventualmente ser apropriado pelos particulares, sobretudo para fins econômicos, são determinados elementos corpóreos que compõem o meio ambiente e os bens ambientais (como as florestas, os solos, as águas, em certos casos os exemplares da fauna e da flora, determinados bens móveis e imóveis integrantes do patrimônio cultural) e, mesmo assim de acordo com condicionamentos, limitações e critérios previstos em lei.

A limitação de utilização de recursos ambientais pelos seus titulares – sejam eles entes públicos ou privados – é justamente aquela pautada pela legalidade e pela não influência negativa sobre o meio ambiente.

Os recursos naturais podem ser utilizados por seus titulares – sejam particulares (solo, árvores fora de áreas protegidas, prédio histórico, etc.), públicos (área pública, minas, etc.) ou à coletividade (ar, praias, etc.) – desde que esta utilização não se mostre nociva ao meio ambiente como bem autônomo (macrobem). 3. Princípios de Direito Ambiental a) Princípio da Prevenção: trata-se da preocupação com o que pode ocorrer e o perigo do dano é comprovado e foram identificadas as conseqüências pela ciência. Trata-se em agir antecipadamente, ou seja, antes da ocorrência do dano. Determina que ação deverá ser adotada para eliminar possíveis impactos danosos. Implica em dar atenção ao controle das fontes de poluição. b) Princípio da Precaução: trata-se de ações positivas para proteção do meio ambiente mesmo quando não haja evidência científica das conseqüências do dano. Dano incerto diante do estado dos conhecimentos científicos atuais. Sabe-se da probabilidade de efeitos graves e irreversíveis ao meio ambiente, mas não os conhece exatamente. Está relacionado com o Princípio 15 da Rio/92: ‘quando houver ameaça, a ausência absoluta de certeza científica não justifica postergar medidas para prevenir o impacto ambiental.” Visa a durabilidade da sadia qualidade de vida e continuidade da natureza existente. Trata da avaliação de risco (EIA/RIMA). c) Princípios do Usuário-Pagador e do Poluidor-Pagador: o Usuário-Pagador tem fundamento no art. 4º, VII da Lei 6938/81 (PNMA), que autoriza a cobrança pelo uso dos recursos naturais. O usuário dos recursos naturais deve suportar o conjunto de custos destinados a tornar possível a utilização pretendida. O Poluidor-Pagador obriga o poluidor a pagar pela poluição que possa ou já foi causada em razão de sua atividade. Trata-se da cobrança para investimentos na prevenção do uso. É a responsabilização do poluidor obrigando-o a reparar o dano. O pagamento não autoriza a poluição. O fundamento legal para a aplicação deste princípio está na interpretação conjunta do art. 225, § 3º CF e art. 4º, VII e art. 14, § 1º ambos da Lei 6938/81. d) Princípio do Direito à Sadia Qualidade de Vida: surgiu em 1972, na Conferência de Estocolmo, na qual definiu-se que o homem tem direito fundamento a adequadas condições de vida, em um meio ambiente de qualidade. A Conferência Rio/92 reforçou o princípio ao reconhecer que os seres humanos têm direito a uma vida saudável. A saúde do ser humano leva em consideração os elementos da natureza para garantir a sanidade. e) Princípio do Acesso Eqüitativo aos Recursos Naturais: os bens naturais devem satisfazer as necessidades comuns de todos. Não basta a vontade de usar os bens ou a possibilidade ecológica de explora-los. Deve-se estabelecer a razoabilidade dessa utilização e negar o uso quando for necessário para evitar o exaurimento dos recursos naturais. f) Desenvolvimento Sustentável: Em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento com a missão de: a) reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas realísticas para abordá-las; b) propor novas formas de cooperação internacional

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nesse campo de modo a orientar as políticas e ações no sentido das mudanças necessárias, e dar a indivíduos, organizações voluntárias, empresas, institutos e governos uma compreensão maior desses problemas, incentivando-os a uma atuação mais firme.

Em 1987, a Comissão recomendou a criação de uma nova carta ou declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável - o Relatório Brundtland. Publicado com o título “Nosso Futuro Comum”, o documento propôs integrar o desenvolvimento econômico à questão ambiental, surgindo não apenas um novo termo, mas uma nova forma de progredir. Para isso, o governo deve adotar as seguintes medidas:

a) limitar do crescimento populacional; b) garantir de alimentação em longo prazo; c) preservar a biodiversidade e os ecossistemas; d) diminuir o consumo de energia e desenvolver de tecnologias que admitem o uso de

fontes energéticas renováveis; e) aumentar a produção industrial nos países não-industrializados à base de tecnologias

ecologicamente adaptadas; f) controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades menores. Desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão como “aquele que atende às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.”

Compatibilizar meio ambiente e desenvolvimento significa considerar os problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento, atendendo-se adequadamente às exigências de ambos e observando-se a suas inter-relações particulares a cada contexto sociocultural, político, econômico e ecológico, dentro de uma dimensão espaço-tempo. A política ambiental não deve erigir em obstáculo ao desenvolvimento, mas sim em um de seus instrumentos, ao propiciar a gestão racional dos recursos naturais, os quais constituem a sua base material.

O Estatuto da Terra, publicado bem antes da edição das recomendações do Relatório Brundtland, já abordava o tema de forma implícita ao enumerar os requisitos da função social da propriedade da terra, especialmente no tocante à manutenção de níveis satisfatórios de produtividade e à conservação dos recursos naturais (art. 2º). 4. Legislação Ambiental Brasileira 4.1 Previsões Constitucionais anteriores 1) A Constituição de 1824; 2) A Constituição de 1891: Art.34, nº 29, atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as suas minas e suas terras. 3) A Constituição de 1934: Previa a competência privativa da União (Art. 5) para legislar sobre floresta, caça, pesca e sua exploração (inciso XIX, letra "j"), previa competência concorrente (art. 10) para proteger as belezas naturais. 4) A Constituição de 1937 previa competência privativa (art. 16) quanto ao "poder de legislar" sobre florestas, caça e pesca e sua exploração (inciso XIV). 5) A Constituição de 1946 dizia que competia à União (art. 5) legislar sobre (inciso XV), letra "1", floresta, caça e pesca. 6) A Constituição de 1967 previa que competia à União (art. 8) legislar sobre (inciso XVII, floresta, caça e pesca (letra "h") (Idem E.C. 1/69). 4.2 Legislação Ambiental no Brasil - Decreto 16.300 de 31/12/1923 (Regulamento da Saúde Pública); - Decreto 23.793 de 23/01/1934 (CÓDIGO FLORESTAL), depois substituído pela Lei 4.771/65. - Decreto 24.114 de 23/04/1934 (Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal); - Decreto 24.643 de 10/07/1934 (CÓDIGO DE ÁGUAS); - Decreto-Lei 25, de 30/11/194 (PATRIMÔNIO CULTURAL: organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional); - Decreto-Lei 794 de 19/10/1938 (CÓDIGO DE PESCA), depois substituído pelo Decreto 221/67. - Decreto-Lei 2.848 de 07/12/1940 (CÓDIGO PENAL) a) Década de 1960 - Lei 4.504 de 30/11/1964 (ESTATUTO DA TERRA)

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- Lei 4771 de 15/09/1965 (CÓDIGO FLORESTAL) - Lei 5.197 de 03/01/1967 (PROTEÇÃO À FAUNA) - Decreto-Lei 221 de 28/02/1967 (CÓDIGO DE PESCA) - Decreto-Lei 248 de 28/02/1967 (POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO) - Decreto-Lei 303 de 28/02/67 (CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL) - Lei 5.138 de 29/09/1967 (POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO, QUE REVOGOU OS D.L. 248/67 E 303/67). - Lei 5.357 de 17/11/1967 (Estabelece penalidades para embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras). b) Década de 1970 - Decreto-Lei 1.413 de 24/08/1975 (CONTROLE DA POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE PROVOCADA POR ATIVIDADES INDUSTRIAIS) - Lei 6.453 de 17/10/1977 (RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS NUCLEARES E RESPONSABILIDADE CRIMINAL POR ATOS RELACIONADOS COM ATIVIDADES NUCLEARES) - Lei 6.523 de 20/12/1977 (CRIAÇÃO DE ÁREAS ESPECIAIS E LOCAIS DE INTERESSE TURÍSTICO) - Lei 6.766 de 19/12/1978 (PARCELAMENTO DO SOLO URBANO).

4.3 Marco da Legislação Ambiental a) Antes da Década de 80 - LEI 4771/65, denominado CÓDIGO FLORESTAL - LEI 5.197/67, denominado CÓDIGO DE PROTEÇÃO À FAUNA - DECRETO-LEI 227/67 denominado CÓDIGO DE PESCA b) Entre os anos 80 e a Constituição de 1988 - LEI 6.938 DE 31/08/1981 - DECRETO 99.274 DE 06/06/1990 que regulamenta a Lei 6.902/81 e 6.938/81, delineando as atribuições dos órgãos ambientais. - LEI 7.347 DE 24/07/1985, que disciplinou a Ação Civil Pública como instrumento processual específico para a reparação civil do dano ambiental e a defesa do ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. c) Pós-Constituição de 1988: - A PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO DE 1988. Dedicou ao meio ambiente um capítulo próprio e um dos textos mais avançados do mundo: a) prevê o Estudo Prévio de Impacto Ambiental - E.P.I.A. -, elevando-o da legislação infra-Constitucional para o status Constitucional. - LEI 8.171/1991 (17/01/1991- LEI DE POLÍTICA AGRÍCOLA), que delineia, dentre os objetivos desta política: proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais. - LEI 9.605 DE 12/12/1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente, tanto pessoa física como jurídica. - LEI 9.795 DE 27/04/1999 . Instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. - DECRETO 3.179 DE 21/09/1999, alterado pelo Decreto 6.514 de 22/07/2008. Regulamenta as infrações administrativas, o procedimento de sua apuração e as sanções respectivas. - LEI 9.433/1999, que instituiu a POLÍTICA NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS. - LEI 9.984/2000, que criou a AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA), no âmbito federal, a qual, dentre outras funções, incumbe proceder à OUTORGA DE USO DAS ÁGUAS ao nível federal. - LEI 9.985/2000 - Instituiu o SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO. Regulamentada pelo Decreto 4.340 de 22/03/2002. - MEDIDA PROVISÓRIA 2.186-14/2001: Trata da Bioprospecção (o acesso ao patrimônio genético existente no País), - LEI 10.257, DE 10 /07/2001 - ESTATUTO DA CIDADE. Preocupa-se em delinear a política ambiental no meio urbano e defende as Cidades Sustentáveis. - LEI 11.105, de 24/03/2005 - TRANSGÊNICOS e O.G.M. Regulamenta os art. 225, § 1º, incisos II, IV e V da Constituição Federal. - RESOLUÇÃO CONAMA 001/86 e RESOLUÇÃO - CONAMA 237/97, as quais tratam e direcionam o EIA/RIMA e o licenciamento respectivo.

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- RESOLUÇÃO CONAMA 300/2002 sobre exploração eventual, sem propósito comercial direta, de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, para consumo nas propriedades ou posses rurais ou posses de povos indígenas e populações tradicionais. - RESOLUÇÃO CONAMA 302/2002, orienta sobre as áreas de preservação permanente no entorno dos reservatórios artificiais e sua utilização. - RESOLUÇÃO CONAMA 303/2002, sobre o estabelecimento de parâmetros, definições e limites referentes às áreas de preservação permanente. 5. Zoneamento Ambiental: É um instrumento de planejamento, normalmente preventivo, que possibilita a ocupação e uso do espaço de maneira a conduzir ao desenvolvimento sustentável e à preservação do meio ambiente. Objetiva disciplinar de que forma será compatibilizado o desenvolvimento industrial, as zonas de conservação da vida silvestre e a própria habitação do homem, tendo em vista sempre, como já frisado, a manutenção da vida com qualidade às presentes e futuras gerações.

O Zoneamento deve ser conseqüência do planejamento. Devem ser estabelecidos ao nível federal, estadual e municipal. Base normativa: artigo 21, IX, Constituição Federal.

É da competência da União "elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenamento do território e de desenvolvimento econômico e social." No mesmo sentido, o ESTATUTO DA CIDADE legisla: "Compete à União: elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social." (Art. 3º, V);

Há áreas em que a competência da União é exclusiva. Assim, caberá exclusivamente a União, ouvidos os governos estaduais e municipais, aprovar a delimitação e autorizar a implantação de zonas estritamente industrial, que se destinem a pólos PETROQUÍMICOS, CLOROQUÍMICOS, bem como as INSTALAÇÕES NUCLEARES E OUTRAS DEFINIDAS EM LEI." (Lei 6938/81, art. 10, § 2º)

Tipos de Zoneamento: Há Zoneamento Industrial, Zoneamento Agro-Ecológico, etc. Zoneamento para Pesquisa

Ecológica; Zoneamento em Áreas de Proteção Ambiental; Zoneamento em Parques Públicos. No caso dos municípios com mais de 20 mil habitantes, é obrigatório elaborar o PLANO

DIRETOR DA CIDADE (Art. 182, § 1º), que encerra em si diversos zoneamentos ( uso permitido do solo), sobretudo os zoneamentos ambientais no espaço urbano.

Desta forma, ao distribuir espacialmente as atividades econômicas, o zoneamento ambiental levará em conta a importância ecológica, as potencialidades, limitações e fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território podendo, até mesmo, determinar, sendo o caso, que atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais sejam relocalizadas2 . O zoneamento ambiental ao impor tais restrições configura o direito de propriedade e o direito de seu uso, conformando-os com a função social da propriedade prevista na Constituição Federal em seu art. 5º XXIII.

Conforme dito anteriormente, o zoneamento ambiental funciona principalmente como instrumento de planejamento territorial com vistas ao desenvolvimento sustentável. Isso porque a divisão de determinado território em zonas com diferentes regimes de uso, gozo e fruição da propriedade será fruto de estudos ambientais e sócio-economicos e de negociações democráticas entre o governo, o setor privado e a sociedade civil sobre estratégias e alternativas que serão adotadas para que se alcance o objetivo maior desse instrumento que é a promoção do desenvolvimento sustentável.

Apesar de ser o zoneamento ambiental resultado de um processo político-administrativo, os conhecimentos técnicos e científicos bem como a participação dos setores privados e da sociedade civil são imprescindíveis para que ele seja adequado à realidade ambiental e sócio-economica da área a ser zoneada e também para que o mesmo seja passível de ser executado em sua plenitude. Segundo Paulo Affonso Leme Machado é importante que o zoneamento passe por um debate amplo e aberto, visto que o concerto das vontades individuais, em que todos os setores poderão expressar seus pontos de vista, contribuirá para que o desenvolvimento local se faça sem agressão aos recursos naturais.3

5.1 Zoneamento Ambiental Urbano: art. 182, § 1º da Constituição Federal.

Plano Diretor: Traça a política de desenvolvimento e expansão urbana. Em tal instrumento, determina-se zonas de uso, em que se estabelecem as modalidades de ocupação e uso do solo.

2 Art 3º, parágrafo único do Decreto 4297/2002. 3 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. São Paulo, Malheiros, 2003. p. 182.

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"O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana." (Art. 40, Estatuto da Cidade).

Exemplos de tal ordenamento: a) zona de uso estritamente residencial; b) zona de uso predominantemente residencial; c) zona de uso misto; d) zona de uso estritamente industrial; e) zona de uso preponderantemente industrial; zona de uso comercial; g) zona de uso de serviços; h) zona de uso institucional (educação, saúde, lazer, espore, cultura, culto e serviço público).

5.2 Zoneamento Ambiental Rural: art. 225, § 1º, inciso III: o Zoneamento Ecológico-Econômico é um instrumento para racionalização da ocupação dos espaços e de direcionamento de atividades. Ele deve servir de subsídio a estratégias e ações para a elaboração e execução de planos regionais em busca do desenvolvimento sustentável. Torna-se um importante instrumento para subsidiar a formulação de políticas territoriais da União, Estados e Municípios, orientando os diversos níveis decisórios na adoção de políticas convergentes com as diretrizes de planejamento estratégico do país. Busca, assim, conservar o capital natural e diminuir os riscos dos investimentos.

Competência: Ministério do Meio Ambiente (Lei 9.649/98, artigo 14, inciso XII). Está sendo realizado por Estados, levando em conta as peculiaridades de cada região geográfica.

5.3 Zoneamento Econômico-Ecológico: surge no bojo da necessidade de se preservar, melhorar e recuperar o meio ambiente, garantindo um desenvolvimento economicamente auto-sustentável. Para tanto, torna-se necessário a instituição de um instrumento de organização do território, a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, que estabeleça medidas e padrões de proteção ambiental, dos recursos hídricos e do solo e conservação da biodiversidade, fomentando o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Tem por finalidade propiciar um diagnóstico preciso sobre o meio físico-biótico, sócio-econômico e sobre sua organização institucional e oferecer, ainda, diretrizes de ação, as quais deverão refletir os diferentes interesses dos cidadãos. Desse modo, contribui para um sistema de planejamento mais eficaz, onde os investimentos e esforços, tanto do governo quanto da iniciativa privada, sejam aplicados de acordo com as peculiaridades das zonas, as quais passam a ser tratadas como unidades de planejamento.

Decreto 4.297/2002, que regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei 6938/81, estabelece os princípios e objetivos do ZEE, os termos para sua elaboração, os elementos mínimos que deverão constar de seu conteúdo, o uso, o armazenamento, a custódia e a publicidade dos dados e informações coletados, entre outros.

O ZEE deverá prever a divisão do território em zonas, cuja definição deverá levar em conta o diagnóstico sócio-econômico, dos recursos naturais e a situação jurídico-institucional; considerar as informações constantes do Sistema de Informações Geográficas. Ademais deverá apontar alternativas e tendências e diretrizes gerais e específicas, estas últimas com detalhamento das atividades adequadas a cada zona, respeitadas a fragilidade ecológica, a capacidade de suporte ambiental e potencialidades, até os planos e projetos, com as respectivas fontes de recursos.

Isso implica abordagem multidisciplinar, capaz de considerar, na elaboração do zoneamento, a estrutura dinâmica ambiental e econômica e os valores históricos e evolutivos do patrimônio biológico e cultural do país, a fim de se estabelecer as relações de interdependência entre os subsistemas físicobiótico e sócio-econômico.

PROTEÇÃO DA VEGETAÇÃO

1. TERRENOS MARGINAIS 1.1 Conceito e domínio

O texto constitucional de 1988 inovou ao introduzir no domínio da União os terrenos

marginais e as praias fluviais. Sobre essa modificação, contudo, no ambiente doutrinário, pode-se verificar uma certa discrepância quanto ao efetivo sentido da expressão “bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”. Para alguns intérpretes, devem figurar como propriedade da União apenas os terrenos marginais e as praias fluviais adstritos aos seus rios. Para esses, a domínio sobre os terrenos marginais e sobre as praias fluviais condiciona-se pela dominialidade simultânea sobre os rios.

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São da propriedade da União quando marginais de água doces sitas em terras de domínio federal ou das que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países ou ainda se estendam a território estrangeiro ou dele provenham. (art. 20, III, CF).

O dispositivo amplia a propriedade da União ao elencar entre os seus bens os terrenos marginais às águas citadas bem como as praias fluviais.

Por outro lado, há os que entendem que a dominialidade da União alcança todos os terrenos marginais de rios públicos e todas as praias fluviais.

Margem é ao mesmo tempo parte integrante do rio e extremidade do solo ribeirinho. São os terrenos que ladeiam os rios, de um lado e do outro.

O Código das Águas trouxe a definição de terrenos marginais no art. 14, denominando-os de terrenos reservados que são banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, até 15 (quinze) metros para a parte da terra, contados desde o ponto médio das enchentes ordinárias.

O Código Florestal, Lei nº 4.771/1965, conferiu às margens caráter de área de preservação permanente, quando definiu em seu art. 2º o que seria área de preservação permanente (APP) e tratou de considerar essas áreas aquelas que ‘margeiam’ os corpos d´água. Numa primeira análise, os terrenos marginais seriam o mesmo que APP, entretanto, entende-se como terreno marginal apenas a área que margeia os rios navegáveis ou não (águas correntes), limitada a extensão de 15 (quinze) metros. Portanto, o terreno marginal integra a APP e por isso se confundem.

O terreno marginal, assim como o terreno de marinha, é de domínio público. Todavia, aquele tem a titularidade conferida aos Estados membros quando o curso d´água for considerado de domínio estadual. Ao passo que o terreno de marinha sempre será de domínio da União, mesmo que esteja localizado em águas interiores.

Margem é o ao mesmo tempo parte integrante do rio e extremidade do solo ribeirinho, essa é a compreensão de Afrânio de Carvalho:

O rio, no seu todo, compõe-se de três elementos, água, leito e margem, dos quais a água é o principal, servindo o leito e a margem para contê-la. Ao passo que a água é um elemento autônomo, o leito e a margem se completam e solidarizam na função de continente dela. A margem, como prolongamento lateral ascendente do leito ou álveo, chega até a orla saliente da calha do rio, onde serve para a contenção da água no seu curso normal. Na parte mais baixa, também é chamada de praia, e na mais alta, de ribanceira ou barranca, pois costuma haver uma gradação, maior ou menor, de uma para outra, embora seja por vezes quase repentina a mudança, como nos ‘canhões’ do rio. Assim como o leito, a margem é parte integrante do rio, mas ao mesmo tempo, ambos não passam de extremidades do solo ribeirinho, dada a homogeneidade de sua composição.4

Margens externas são faixas de terreno não cobertas por água, exceto nas enchentes, e

são, em geral, naturais. Podem estar a direita ou a esquerda em relação ao espectador colocado no eixo das águas e verificam para onde estas fluem.5

Os terrenos marginais são públicos dominiais, se não estiverem destinados ao uso comum, ou se não pertencerem ao domínio privado, desde que exista o destaque válido.6 Essa é a disciplina do art. 11 do Código de Águas.

Em relação a dominialidade dos terrenos marginais, o art. 31 do Código de Águas os inclui como bens dos Estados, desde que não estejam no domínio federal, municipal ou particular.7 O caráter público destas áreas foi tratado pelo Supremo Tribunal Federal através da Súmula 479 que dispõe: “as margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas da indenização.”8 1.2 Áreas de preservação permanente e terrenos marginais

Segundo a Lei Federal nº 4.771/65, alterada pela Lei 7.803/89 e a Medida Provisória n.º

2.166-67, de 24 de agosto de 2001: Considera-se de preservação permanente área protegida coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos

4 Cf. Afrânio de Carvalho. Águas interiores. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 121. Apud ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito

Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 703. 5 Cf. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito das águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006. p. 32. 6 Cf. Ibid. p. 38. 7 Cf. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2009. p. 1139. 8 Cf. Ibid. p. 39.

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hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Quanto às penalidades, a Lei nº 9.605/1998 determina em seu artigo 39 que é proibido

“destruir ou danificar floresta da área de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção”. É prevista pena de detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas, cumulativamente. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

A fim de regulamentar o Art. 2º da Lei nº 4.771/1965, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) editou as Resoluções 303 e 302, ambas em 2002 - a primeira tratando do tamanho das áreas de preservação permanente e seus adjacentes a recursos hídricos; a segunda sobre as áreas de preservação permanente no entorno dos reservatórios artificiais, determinando que:

a) APP ao redor de nascente ou olho d’água, localizada em área rural, ainda que

intermitente, ou seja, só aparece em alguns períodos (na estação chuvosa, por exemplo), deve ter raio mínimo de 50 metros de modo que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte.

Para as nascentes localizadas em áreas urbanas, que permanecem sem qualquer interferência, por exemplo, de nenhuma construção em um raio de 50 metros, vale a mesma legislação da área rural. Para aquelas já perturbadas por intervenções anteriores em seu raio de 50 metros, por exemplo, com habitações anteriores consolidadas, na nova interferência, deve-se consultar os órgãos competentes.

b) em veredas e em faixa marginal, em projeção horizontal, deve apresentar a largura

mínima de 50 metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. Vereda é o espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica.

c) para cursos d’água, a área situada em APP, medida a partir do nível mais alto

alcançado pela água por ocasião da cheia sazonal do curso d’água perene ou intermitente, em projeção horizontal, deverá ter larguras mínimas de:

- 30m, para cursos d’água com menos de dez metros de largura; - 50m, para cursos d’água com dez a cinquenta metros de largura; - 100m, para cursos d’água com cinquenta a duzentos metros de largura; - 200m, para cursos d’água com duzentos a seiscentos metros de largura; - 500m, para cursos d’água com mais de seiscentos metros de largura. d) No entorno de lagos e lagoas naturais, a faixa deve ter largura mínima de: - 30m, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas - 100m para os que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d’água até com 20ha de

superfície, cuja faixa marginal será de 50m. Portanto, as áreas indicadas para APP têm medidas distintas e maiores do que a extensão

dos terrenos marginais, permitindo afirmar que tais áreas não são sinônimas, mas coincidem-se em algum momento de suas localizações.

De acordo com o art. 2º, ‘f’, do Código de Águas, os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade também são públicos de uso comum, aí incluídos os terrenos marginais.

Assim, os terrenos marginais, tanto os reservados, quanto os que margeiam as nascentes e entrocamentos dos rios não navegáveis que contribuem para a formação de outros rios que por sua vez contribuem para o surgimento dos rios navegáveis, sofrem limitações administrativas em decorrência, principalmente, dos princípios da função social da propriedade, supremacia do interesse público sobre o particular e preservação e conservação do meio ambiente.9

9 Cf. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2009. p. 756-7.

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SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (SNUC): LEI 6.938/81

A Lei 9.985/2000 veio regulamentar o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da CF. 1. Objetivos do SNUC (art. 4º)

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no

território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas

naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no

processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,

espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e

monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação

em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,

respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. 2. Diretrizes do SNUC (art. 5º)

- assegurar que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente;

- assegurar os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de conservação;

- assegurar a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conservação;

- buscar o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação;

- incentivar as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do sistema nacional;

- assegurar, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de conservação;

- permitir o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres;

- assegurar que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;

- considerar as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais;

- garantir às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;

- garantir uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que, uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos;

- buscar conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira; e

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- buscar proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

3. Unidades de Proteção Integral (arts. 7º e 8º)

Admite apenas o uso indireto dos seus recursos naturais e é composto pelas seguintes

categorias de unidade de conservação: - Estação Ecológica (art. 9º) tem como objetivo a preservação da natureza e a

realização de pesquisas científicas. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico. A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

- Reserva Biológica (art. 10) tem como objetivo a preservação integral da biota e

demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico.

- Parque Nacional (art. 11) tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas

naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

- Monumento Natural (art. 12) tem como objetivo básico preservar sítios naturais

raros, singulares ou de grande beleza cênica. Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários, caso contrário a área será desapropriada. A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.

- Refúgio de Vida Silvestre (art. 13) tem como objetivo proteger ambientes naturais

onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários, caso contrário será desapropriada. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

4. Unidades de Uso Sustentável (arts. 7º e 14)

Objetiva compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. Compreende seguintes categorias de unidade de conservação:

- Área de Proteção Ambiental - APA (art. 15) é uma área em geral extensa, com um

certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terras públicas ou privadas e podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma APA.

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- Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE (art. 16) é uma área em geral de

pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. É constituída por terras públicas ou privadas e podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma ARIE;

- Floresta Nacional (art. 17) é uma área com cobertura florestal de espécies

predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. É admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração;

- Reserva Extrativista (art. 18) é uma área utilizada por populações extrativistas

tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. É de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade. São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional. A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade;

- Reserva de Fauna (art. 19) é uma área natural com populações animais de espécies

nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração. É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional;

- Reserva de Desenvolvimento Sustentável (art. 20) é uma área natural que abriga

populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. É de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas. A visitação pública é permitida desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. É permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade.

- Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN (art. 21) é uma área privada,

gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, cujo gravame constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. Só poderá ser permitida a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

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PROTEÇÃO DAS ÁGUAS Corpos d´água, pois a preocupação com a água é mais direta e mais profunda e decorre da

conscientização de que, apesar de cobrir quase a totalidade da Terra, apenas 2,5% de seu volume é de água doce, sendo que deste percentual 68,9% são geleiras e neves eternas, 29,9% são de águas subterrâneas, 0,9% estão na umidade do solo, nos pântanos e nas geadas e apenas 0,3% estão em rios e lagos e que, portanto, com o aumento da população mundial, a poluição provocada pelas atividades humanas, o consumo excessivo e o alto grau de desperdício, ela se tornou um bem finito em curto prazo a preocupar toda vida existente na Terra.

Ademais, a água, além de constituir um elemento essencial para a permanência da vida na Terra, é reconhecida pelo direito positivo de todos os povos como um recurso natural limitado e que, apesar de todos terem direito a seu uso, ela deve ser regulada pelo Estado como bem de domínio público.

1. BENS PÚBLICOS

Além de reconhecer a propriedade privada como viga mestra de uma sociedade livre e competitiva (CF, art. 5º, XXII), a Carta Magna também reserva ao Estado o domínio e a plena e imediata disposição de diversos bens móveis e imóveis, como de sua propriedade, o que constitui a categoria do domínio público patrimonial.

Com efeito, a fim de cumprir sua missão política, o Estado precisa, dentre outros meios, de dispor de toda sorte de bens, de maneira semelhante ao que ocorre com os particulares em relação aos bens que compõem o patrimônio privado. Assim, os bens que são confiados ao Estado para o cumprimento de sua destinação constitucional, conformam o domínio público patrimonial em sentido estrito, ou, mais concisamente, o domínio público.10

Verifica-se, outrossim, a existência, em nosso direito positivo, de dois regimes de bens: um relativo ao domínio privado, garantido constitucionalmente e disciplinado pelo direito privado, e o outro consistente no domínio público patrimonial, instituído pela Norma Ápice e regrado pelo direito administrativo.

1.1 Conceito

Segundo Hely Lopes MEIRELLES, bens públicos, em sentido amplo, são todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas, móveis, imóveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a qualquer título, às entidades estatais, autárquicas, fundacionais e paraestatais.11

Segundo o disposto no art. 98 do Código Civil (CC), aprovado pela Lei nº 10.406/2002, são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Pela sistemática do CC, portanto, os bens pertencentes às entidades paraestatais, como empresas públicas, sociedades de economia mista etc., considerados bens públicos com destinação especial e administração particular, por Hely Lopes MEIRELLES,12 não são bens públicos, vez que tais entidades não se revestem de personalidade jurídica de direito público, mas sim de direito privado, embora integrem a administração indireta do Estado.

1.2 Classificação

As classificações mais relevantes dos bens públicos fundam-se nos critérios da titularidade, da destinação ou utilização e da natureza ou disponibilidade.

a) Quanto à titularidade

10 Cf. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p.339.

11 Cf. Direito administrativo brasileiro. 23. ed. atual. por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel Burle Filho. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 412.

12 Ibid. p. 413.

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A forma federativa de organização político-administrativa acarreta a existência de quatro tipos de bens públicos no Brasil, no que concerne à titularidade: os pertencentes à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou, respectivamente, os bens públicos federais, estaduais, distritais e municipais (CF, art. 18).

A Carta Política de 1988 arrola os bens da União, no art. 20, incisos I a XI, considerando critérios relacionados à esfera federal, como a segurança nacional, a proteção à economia do país, o interesse público e a extensão do bem.13 Os bens públicos estaduais, por sua vez, estão elencados no art. 26, incisos I a IV, da CF, cuja enumeração é apenas enunciativa e não exaustiva, como se depreende da redação do caput do referido dispositivo constitucional.

Com relação aos bens públicos do Distrito Federal, prescreve o art. 16, § 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): “Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aqueles que lhe vierem a ser atribuídos pela União na forma da lei”. Embora a Norma Ápice não tenha feito alusão aos bens distritais, por extensão implícita no princípio de competência legislativa, o Distrito Federal disporá sobre o mesmo elenco de bens atribuídos aos Estados (CF, art. 32, § 1º).14

O texto constitucional, por outro lado, não faz menção expressa aos bens dos Municípios, que não foram, outrossim, contemplados explicitamente na partilha dominial constitucional, ficando, portanto, excluídos do exercício do domínio sobre terras devolutas e sobre rios e lagos. Assegura-se-lhes, entretanto, o domínio patrimonial sobre os bens públicos de uso comum situados no perímetro urbano (CF, art. 30, VIII) e, no que tange às águas, sobre as fluentes ou em depósito, artificialmente captadas ou estancadas por obras municipais.15

b) Quanto à destinação ou utilização Quanto à utilização ou destinação, os bens públicos, desde o Código Civil de 1916, são

classificados em bens de uso comum, bens de uso especial e bens dominicais, classificação mantida pelo Estatuto Civil de 2002.

Com efeito, o art. 99 do CC vigente classifica os bens públicos em: bens de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças (I); bens de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias (II); e bens dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (III).

Para Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, os bens de uso comum do povo são destinados, por natureza ou por lei, ao uso coletivo; os bens de uso especial, por sua vez, são reservados à utilização da Administração Pública, para a consecução de seus objetivos; e os bens dominicais não possuem destinação pública definida, razão pela qual podem ser aplicados pelo Poder Público para obtenção de renda.16

Pelo disposto no parágrafo único do art. 99 do CC, no entanto, não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, como ocorre, v. g., com as fundações de direito público que, embora dotadas de personalidade pública, têm a mesma estrutura das fundações privadas. Nesta hipótese, a destinação do bem é irrelevante, pois independentemente de sua utilização, ele é tido como dominical pelo simples fato de pertencer à pessoa jurídica de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, salvo quando a lei que instituiu a pessoa jurídica dispôs em sentido contrário.17

Verifica-se, outrossim, que sob o aspecto jurídico, há duas modalidades de bens públicos: os do domínio público do Estado, que abrangem os de uso comum do povo e os de uso especial; e os do domínio privado do Estado, que abrangem os bens dominicais, ou seja, aqueles que constituem o

13 Cf. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 21. ed. rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2009, p. 1076.

14 Cf. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 344.

15 Cf. Loc. cit. 16 Cf. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 586. 17 Ibid., p. 579 e 586.

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patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

c) Quanto à natureza ou disponibilidade Estatui o art. 100 do CC que os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial

são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Já o art. 101 do Estatuto Civil estipula que os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

Verifica-se, outrossim, que os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são inalienáveis, seja por se destinarem ao uso coletivo, como no caso dos primeiros, seja por estarem reservados ao uso da Administração, para a consecução de seus fins, como acontece com os últimos. Os bens dominicais, pelo contrário, são passíveis de alienação, desde que observadas as exigências legais, como, por exemplo, a realização de procedimento licitatório, a fim de se garantir a igualdade dos interessados na aquisição do bem.

Embora os bens dominicais possam ser alienados, eles não estão sujeitos a usucapião, conforme disposto no art. 102 do CC, o qual estatui que “os bens públicos não estão sujeitos a usucapião”, abrangendo o conceito de bens públicos, tanto os bens de uso comum e especial quanto os dominicais. No que tange aos imóveis públicos, quer urbanos ou rurais, há proibição expressa de usucapião na Constituição Federal, conforme disposto, respectivamente, nos artigos 183, § 3º, e 191, parágrafo único. 1.3 Características

As características que marcam os bens públicos são a inalienabilidade, imprescritibilidade, impenhorabilidade e a impossibilidade de oneração.

a) Inalienabilidade Como adverte Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, a inalienabilidade dos bens públicos não é

absoluta, salvo em relação àqueles bens que, por sua natureza, são insusceptíveis de valoração patrimonial, como os mares, as praias, os rios navegáveis etc. Os bens inalienáveis em função de destinação legal e que sejam passíveis de valoração patrimonial, por sua vez, podem perder o caráter de inalienabilidade, caso percam a destinação pública, o que ocorre pela desafetação.18

b) Não usucapíveis A imprescritibilidade, que decorre da inalienabilidade, torna os bens públicos insuscetíveis de

aquisição por usucapião, como, aliás, determina o art. 102 do CC, e artigos 183, § 3º, e 191, parágrafo único, da CF, em relação aos bens imóveis públicos, urbanos e rurais, respectivamente.

c) Impenhorabilidade A impenhorabilidade dos bens públicos encontra seu fundamento no art. 100 da CF, que

estabelece procedimento especial para os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, tornando, portanto, incabível a penhora, já que esses pagamentos serão realizados através dos precatórios e à conta dos créditos respectivos.

d) Impossibilidade de oneração Os bens públicos não são passíveis de onerações, em função da impossibilidade de

alienação, não podendo, portanto, ser constituídos de penhor, hipoteca ou anticrese.

18 Cf. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 585.

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1.4 Bens públicos no direito positivo O direito positivo brasileiro trata dos bens públicos tanto na Constituição Federal quanto na

legislação infraconstitucional. Com efeito, a Lei Maior de 1988, além de especificar os bens da União, no art. 20, incisos I a

XI, e os bens dos Estados, no art. 26, incisos I a IV, ainda prescreve no art. 16, § 3º, do ADCT, que “Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aqueles que lhe vierem a ser atribuídos pela União na forma da lei”.

O Código Civil trata dos bens públicos nos artigos 98 a 103. O Código de Águas, aprovado pelo Decreto nº 24.643/1934, classifica as águas públicas em

de uso comum e dominicais. O Decreto-Lei nº 9.760/1946 dispõe sobre os bens da União, enquanto o Estatuto da Terra, aprovado pela Lei nº 4.504/1964, disciplina as terras públicas localizadas na zona rural.

Ainda se referem aos bens da União, dentre outros, o Código de Minas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 1.985/1940; o Código de Águas Minerais, instituído pelo Decreto-Lei nº 7.841/1945; o Código Florestal, aprovado pela Lei nº 4.771/1965; e a Lei nº 9.636/1998, que dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União, além de alterar dispositivos dos Decretos-Leis nº 9.760/1946 e 2.398/1987 e de regulamentar o § 2o do art. 49 do ADCT.

2. CORPOS D´ÁGUA 2.1 Definição, titularidade e recursos hídricos

Inicialmente cumpre destacar alguns conceitos que se relacionam com os corpos d´água, de

maneira a permitir a compreensão deste: a) Corrente navegável - a que for acomodada à navegação, com fins comerciais, de

embarcações de qualquer forma, construção e dimensões. b) Corrente flutuável - aquela por onde estiver efetivamente em costume fazer derivar

objetos flutuantes, com fins comerciais, ou a que for declarada como tal. c) Correntes não navegáveis nem flutuáveis - as demais correntes de água que não reúnem

os requisitos indicados para as correntes navegáveis ou para as flutuáveis. d) Correntes de água naturais - os rios, ribeiras, torrentes e barrancos (correntes caudalosas

resultantes de chuvas abundantes e cujo leito, acentuadamente declivoso, não permite uma utilização da água para fins de navegação ou flutuação) e os córregos de caudal descontínuo (sulcos relativamente estreitos e profundos onde as águas correm por forma intermitente conforme as condições de pluviosidade).

e) Correntes de águas artificiais - os canais (correntes de água resultantes de obras de derivação e regularização do leito e margens e adequadas à navegação ou à flutuação) e as valas (correntes de água conduzidas através de sulcos abertos no terreno para os locais onde devam ser utilizadas ou, em certos casos, para permitirem a navegação ou a flutuação).

Entende-se por leito o terreno coberto pelas águas, quando não influenciadas por cheias extraordinárias, inundações ou tempestades. No leito compreendem-se os mouchões (ilhas cultiváveis formadas nos rios), lodeiros (acumulação de lodos que emergem dos rios) e areais (acumulação de areias que emergem dos rios) nele formados por deposição aluvial.

O leito das águas do mar, bem como das demais águas sujeitas à influência das marés, é limitado pela linha da máxima praia-mar de águas vivas equinociais. Esta linha é definida, para cada local, em função do espraiamento das vagas, em condições médias de agitação do mar, no primeiro caso, e em condições de cheias médias, no segundo.

O leito das restantes águas é limitado pela linha que corresponder à estrema dos terrenos que as águas cobrem em condições de cheias médias, sem transbordar para o solo natural, habitualmente enxuto. Esta linha é definida, conforme os casos, pela aresta ou crista superior do talude marginal ou pelo alinhamento da aresta ou crista do talude molhado das motas, cômoros, valados, tapadas ou muros marginais.

A condição jurídica dos leitos e margens depende, à partida, da classificação quanto à navegabilidade e/ou flutuabilidade das águas a que estão associados.

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Nestas parcelas, bem como no respectivo subsolo e espaço aéreo correspondente, não é permitida a execução de quaisquer obras, permanentes ou temporárias, sem licença da respectiva entidade administrante do domínio hídrico, estando, ainda, os seus proprietários sujeitos a todas as obrigações que a lei estabelece no que respeita à execução de obras hidráulicas, nomeadamente de correção, regularização, conservação, desobstrução e limpeza.

Consideram-se objeto de propriedade privada, sujeitas a restrições de utilidade pública (limitações permanentemente impostas ao exercício do direito de propriedade ou poderes conferidos à Administração para serem utilizados eventualmente na realização dos seus fins e visando interesses públicos abstratos), as zonas adjacentes e, bem assim, as zonas atingidas pelas cheias.

Ainda quanto à condição jurídica dos terrenos do domínio hídrico, há que ter em atenção as implicações decorrentes do recuo ou do avanço das águas, natural ou artificial, aspecto particularmente importante para a componente marítima (da ocorrência de qualquer uma destas situações, como claramente a lei refere, não beneficiam os particulares). Assim:

a) Recuo das águas - os leitos dominiais que forem abandonados pelas águas, ou lhes forem conquistados, continuando integrados no domínio público se não excederem as larguras fixadas para as margens que integram o domínio público hídrico, e entrando automaticamente no domínio privado do Estado, no caso contrário.

b) Avanço das águas - quando haja parcelas privadas contíguas a leitos dominiais, as porções de terreno corroídas lenta e sucessivamente pelas águas consideram-se automaticamente integradas no domínio público, sem que por isso haja lugar a qualquer indenização; se as parcelas privadas contíguas a leitos dominiais forem invadidas pelas águas que nelas permaneçam sem que haja corrosão dos terrenos, os respectivos proprietários conservam o seu direito de propriedade, mas o Estado pode expropriar essas parcelas.

A Lei Maior outorga aos Estados o domínio sobre as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União.19 2.2 Histórico normativo

No período Colonial, o primeiro registro de norma legal sobre a matéria direito das águas

está nas Ordenações, em que o domínio dos corpos d´água tinha caráter público, conforme Resolução Régia de 17 de agosto de 1775.

A Constituição de 1824 não trouxe alterações às Ordenações Régias, mantendo o domínio estatal sobre as águas e rios. Em 1889, a Carta Política, omitiu-se quanto a disposições de dominialidade dos corpos d´água, tratando do assunto apenas em relação à navegação. Ademais, essa constituição manteve a vigência do Alvará editado em 1804, que tratava da possibilidade de derivação das águas dos rios e ribeiros, feita pelos particulares, desde que fosse em benefício da agricultura e da indústria.

O Código Civil de 1916 previu a possibilidade de cobrança pelo uso da água (art. 66, I e 68), mesmo que fossem bens inalienáveis, porque de uso comum do povo.

A Constituição de 1934 foi marcada por ampla abordagem do direito de águas, situação que propiciou a edição do Decreto 24.643/1934, chamado Código de Águas, manteve as previsões do CC/1916 com a possibilidade de cobrança pelo uso da água. Definiu que a propriedade do solo é distinta da propriedade das águas.

Em 1937 e 1967, as CFs não trouxeram inovações, mantendo inalterados os textos anteriores.

A CF/1946 fixou a prevalência dos corpos d´água como bens públicos, de uso comum do povo.20

Por último, a Constituição Federal de 1988 foi a que trouxe maiores mudanças sobre a matéria: a) a dominialidade das águas ficou definida como sendo da União ou dos Estados, excluindo-se os Municípios e os particulares; e b) a competência para legislar sobre a matéria foi fixada como privativa da União.

19 Cf. CONTAR, Alberto. Meio ambiente: dos delitos e das penas (doutrina, legislação, jurisprudência). Rio de Janeiro: Forense, 2004.

p. 148. 20 Cf. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006. p. 84-9.

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O Estatuto da Terra trata do temário águas apenas quando há interface com a questão agrário, a exemplo citamos: a regularização dos cursos d´água como obra de infraestrutura necessária a qualquer Plano Nacional de Reforma Agrária.

A Lei da Política Agrícola (Lei nº 8.171/1991) tratou da irrigação e drenagem além de instituir as bacias hidrográficas como unidades básicas de planejamento do uso, conservação e recuperação dos recursos naturais.

Em conseqüência e para organizar a matéria relativa às águas, foi editada a Lei 9.433/1997, Lei dos Recursos Hídricos, para regulamentar o art. 21, XIX da CF/1988 e estabelecer a Política Nacional dos Recursos Hídricos, com o objetivo de outorgar os direitos de uso e cobrar por esse uso dos recursos hídricos.

Em 2000, é editada a Lei 9.984, que cria a Agência Nacional de Águas com competência para formular políticas públicas de caráter geral.

A Instrução Normativa nº 4, do Ministério do Meio Ambiente, estabelece os procedimentos administrativos para a emissão da outorga de direito de uso dos recursos hídricos, bem como renovação, alteração, transferência, desistência, suspensão e revogação de outorga, em corpos d'água sob o domínio da União e o cadastramento dos usos que independem de outorga.

Nessa perspectiva histórica, o direito à água é compreendido como fundamental, posicionamento já adotado por José Joaquim Gomes CANOTILHO e José Rubens Morato LEITE:

O direito fundamental à água e, portanto, um direito de significado múltiplo, porque expressa a variedade do conflito entre os interesses relacionados, e de modo interdependente, uma composição de diversos outros direitos, envolvendo aspectos econômicos, proteção da vida, da saúde, do meio ambiente, de condições básicas de dignidade, do acesso aos recursos naturais.21

Nessa perspectiva, o direito fundamental à água, ou simplesmente, direito à água,

representa um direito imprescritível para todos.22 2.3 Lei de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997)

O texto da Lei nº 9.433/1997 proclama os princípios básicos praticados atualmente em quase

todos os países que avançaram na gestão dos recursos hídricos. O primeiro deles é o da adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento. Tendo-se os limites da bacia como o que define o perímetro da área a ser planejada, fica mais fácil fazer o confronto entre as disponibilidades e as demandas, essenciais para o estabelecimento do balanço hídrico. No entanto, a bacia hidrográfica, segundo o seu conceito holístico, não exclui a tomada em consideração das águas subterrâneas de sua projeção vertical, tanto quanto deve incorporar, também, as demandas e as relações com bacias colidantes e o restante do território da unidade federada coberto apenas parcialmente por ela.

O segundo princípio é o dos usos múltiplos da água, que coloca todas as categorias de usuários em igualdade de condições em termos de acesso a esse recurso natural. No Brasil, tradicionalmente, o setor elétrico atuava como único agente do processo de gestão dos recursos hídricos superficiais, sendo favorecido em detrimento de outros usuários. E não foi outro fator, senão o rápido crescimento da demanda por água para outros usos, que fez florescer e tomar corpo o princípio dos usos múltiplos.

O terceiro princípio, traduzido no espírito da lei, é o reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável, que serve de alerta para a necessidade de uma utilização preservacionista desse bem natural.

O quarto princípio é o de reconhecimento do valor econômico da água, fortemente indutor de seu uso racional, dado que serve de base para a instituição da cobrança pela utilização dos recursos hídricos.

O quinto e último princípio é o da gestão descentralizada e participativa. A filosofia existente por trás deste tipo de gestão é a de que tudo quanto pode ser decidido em níveis hierárquicos mais

21 Cf. Direito Constitucional Ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 293-4. 22 Cf. Ibid. p. 292.

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baixos de governo, não será resolvido por níveis mais altos dessa hierarquia. Isso significa que o que pode ser decidido no âmbito dos governos regionais, e mesmo locais, não deve ser tratado pelo governo federal. Quanto à gestão participativa, esta constitui em um método que enseja aos usuários, à sociedade civil organizada, às ONGs e a outros agentes interessados a possibilidade de influenciar no processo da tomada de decisão.23

São ainda aspectos relevantes da Lei de Recursos Hídricos, o estabelecimento de cinco instrumentos de política para o setor:

a) Planos de Recursos Hídricos: é o documento programático para o setor no espaço da bacia. Trata-se de um trabalho de profundidade, não só de atualização das informações regionais que influenciam a tomada de decisão na região da bacia hidrográfica, mas que também procura definir, com clareza, a repartição das vazões entre os usuários interessados;

b) Enquadramento dos corpos d’água em classes de usos preponderantes: é importante para estabelecer um sistema de vigilância sobre os níveis de qualidade da água dos mananciais. Aliado a isso, constitui um instrumento que permite fazer a ligação entre a gestão da quantidade e a gestão da qualidade da água, isto é, fortalece a relação entre a gestão de recursos hídricos e a gestão do meio ambiente, tomando por base a Resolução no 20/86, do CONAMA;

c) Outorga de direito de uso dos recursos hídricos: é o mecanismo pelo qual o usuário recebe uma autorização, ou uma concessão, para fazer uso da água. A outorga de direito, com a cobrança pelo uso da água, constitui relevante elemento para o controle e a disciplina do uso dos recursos hídricos;

d) Cobrança pelo uso da água: essencial para criar as condições de equilíbrio entre as forças da oferta (disponibilidade de água) e da demanda, promovendo, conseqüentemente, a harmonia entre os usuários competidores, ao mesmo tempo em que promove a redistribuição dos custos sociais, a melhoria da qualidade dos efluentes lançados, além de ensejar a formação de fundos financeiros para o setor;

e) Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos: destinado a coletar, organizar, criticar e difundir a base de dados relativa aos recursos hídricos, seus usos, o balanço hídrico de cada manancial e de cada bacia, provendo os gestores, os usuários, a sociedade civil e os outros segmentos interessados de condições necessárias para opinar no processo decisório ou mesmo para tomar suas decisões.24

A Lei nº 9.433/1997 estabeleceu, também, um arranjo institucional, com base nos novos tipos de organização para a gestão compartilhada do uso da água. Esses novos organismos são: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, os comitês de bacias hidrográficas, as agências de água, além de órgãos e entidades dos serviços públicos federal, estadual e municipal, que têm relevante atuação na gestão dos recursos hídricos, devendo atuar em estreita parceria com os demais agentes previstos na Lei. 2.3.1 Outorga para o uso dos corpos d´água

Direito de uso é o instituto jurídico de direito administrativo pelo qual o poder público, União, Estados ou o Distrito Federal, atribui a outrem, ente público ou privado, o direito de uso do bem público água de forma onerosa. O uso da água pelo terceiro impõe a obrigação de que este a destine para sua própria finalidade que, no entanto, pode ser limitada pela Administração Pública, porém nunca desvirtuada de seu fim natural. Portanto, no âmbito de exação da outorga não está o direito de disposição, circunscrevendo-se apenas ao simples direito de uso, conforma preconiza o art. 18, da LRH.25

No direito de uso de bem público o usuário sequer pode não usar o bem porque, por sua natureza pública, o bem público precisa cumprir a sua finalidade de produzir benefícios para o povo. Se não o faz no tempo de três anos sofre a sanção de ver suspensa a outorga de forma definitiva (art. 15, inciso I, da LRH), situação típica de rescisão contratual.

O direito de uso, como já mencionado, é instituto típico de direito administrativo, o que o coloca no rol temático de direito público e, dessa forma, não se confunde com os contratos de locação, arrendamento, comodato ou até mesmo o direito real de uso que são contratos tipicamente privados.

O direito de uso da água por terceiros surge da conveniência e da oportunidade administrativa de delegar a outrem a gestão de um bem que por força de lei é considerado de domínio

23 Cf. BRASIL. Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm>. Acesso

em: 23 ago. 2009, 20:48:10. 24 Cf. Loc. cit. 25 Cf. GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de águas: disciplina jurídica das águas doces. São Paulo: Atlas, 2006. p. 179.

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público e que, por isso mesmo, deve aquele que detém a sua titularidade destinar este bem a sua finalidade natural.

Não pode o terceiro exigir da Administração Pública a outorga do direito de uso da água porque outorgar é função precipuamente administrativa e inserida no seu poder discricionário. Mesmo nos casos de outorga individualizada a Administração Pública deve analisar a conveniência e a oportunidade de outorgar o uso tendo sempre presente o primado do interesse público sobre o privado.

A água, como um bem de domínio público, deve, como princípio fundamental, ser administrada pelo próprio ente público a quem a Constituição Federal legitimou competência para administrá-la. A outorga é a faculdade de repassar esta administração a terceiros. Portanto, outorga é o ato administrativo mediante o qual o Poder Público outorgante (União, Estados ou Distrito Federal) faculta ao outorgado o uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato.

O referido ato é publicado no Diário Oficial da União (como no caso da ANA), ou nos Diários Oficiais dos Estados e Distrito Federal, onde o outorgado é identificado e estabelecidas as características técnicas e as condicionantes legais do uso das águas que ele está autorizado a fazer.

Outorgado o uso, contudo, não perde a Administração Pública concedente o controle da delegação. A água será apenas usada pelo outorgado.

As causas suspensivas da outorga, no entanto, decorrerão de processo administrativo em que seja garantido o contraditório, a ampla defesa, a motivação e a possibilidade de recurso, princípios garantistas estabelecidos pela Constituição Federal através do art. 5º, incisos LIV e LV.

A água pode ser aproveitada para diversas finalidades, como: abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação, indústria, geração de energia elétrica, preservação ambiental, paisagismo, lazer, navegação etc. Porém, muitas vezes, esses usos podem ser concorrentes, gerando conflitos entre setores usuários, ou mesmo impactos ambientais.

Nesse sentido, gerir recursos hídricos é uma necessidade premente com o objetivo de buscar acomodar as demandas econômicas, sociais e ambientais por água em níveis sustentáveis, de modo que permita a convivência dos usos atuais e futuros da água sem conflitos.

É nesse instante que o instrumento da outorga mostra-se necessário, pois é possível, com ele, assegurar ao usuário o efetivo exercício do direito de acesso à água, bem como realizar os controles quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos.

A ANA é a responsável pela análise dos pleitos e emissão de outorgas de direito de uso de recursos hídricos em corpos hídricos de domínio da União. Em corpos hídricos de domínio dos Estados e Distrito Federal, a solicitação de outorga deve ser feita às respectivas autoridades outorgantes estaduais.

Atualmente, 20 unidades da Federação possuem legislações sobre recursos hídricos. Os usos que dependem de outorga são:

- derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d’água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

- extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

- lançamento em corpo d’água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

- uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um

corpo d’água. Alguns usos independem de outorga de direito de uso de recursos hídricos, são eles: - para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio

rural; - derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, tanto do ponto de vista

de volume como de carga poluente; - acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. Para solicitar uma outorga, o interessado deverá preencher os formulários correspondentes

ao(s) uso(s) pretendido(s), anexando a documentação relacionada nesses formulários, e encaminhá-los à entidade estadual responsável pela administração dos recursos hídricos em seu Estado.

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A fiscalização do atendimento às normas relativas ao uso da água é competência do órgão público que concede a outorga d´água.26

A outorga do direito de uso da água tem prazo limite de até 35 anos, renovável.27 É o que diz o art. 16 da Lei 9.433/1997.

2.3.2 Cobrança pelo uso dos corpos d´água

Decidindo a Administração Pública que lhe é conveniente ou oportuno outorgar que determinado corpo de água seja administrado por terceiros em benefício próprio ou mesmo em benefício da comunidade, essa delegação do uso do bem público pressupõe uma contraprestação. Mesmo que os terceiros sejam outros órgãos administrativos, já que a lei não estabelece distinção, quanto mais os particulares, pessoas físicas ou jurídicas, consoante previsão legislativa da Lei 9.433/1997, que chama esta contraprestação de cobrança pelo uso, nos precisos termos do art. 20 da mencionada lei.

A água, se usada pela própria Administração Pública gestora do corpo de água, por evidente, não gera contraprestação. Esta somente decorre da outorga do direito de uso a terceiros.

A contraprestação, como princípio geral, deve ser fixada considerando-se, nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de variação e, nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos gasosos, o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de toxidade do afluente. O percentual embora uno para as águas de competência da União e do Distrito Federal, poderá variar de estado para estado. O que não pode é o Estado dispensar a sua cobrança.

A contraprestação, portanto, será contínua e variável enquanto durar o prazo da outorga e deverá, nas águas de competência da União, ser aplicada de forma prioritária na bacia hidrográfica em que foram gerados visando financiamentos de estudos, projetos e obras, pagamentos de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Nas águas de competência estadual, competirá a cada Estado regrar sobre a destinação dos recursos obtidos pela cobrança.

A cobrança pelo uso da água tem como fundamento os princípios do "poluidor- pagador" e "usuário-pagador", previstos na Lei nº 6.938/1981 - Política Nacional do Meio Ambiente, Art. 4° A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Conforme o princípio "poluidor- pagador", o poluidor que comprometer a qualidade da água deve pagar pelo dano, promovendo a despoluição, e o custo proveniente para esse procedimento deverá ser internalizado, assumido pelo empreendedor. Se uma empresa exerce determinada atividade poluidora e com isso causar a degradação dos recursos hídricos, o custo para fazer a despoluição deverá ser assumido por essa empresa, não podendo esse ônus ser repassado para o Estado, pois se assim fizesse, ou seja, usar as finanças públicas para recuperar as águas poluídas, causaria um ônus para sociedade, pois em sendo o dinheiro do Estado proveniente da arrecadação de impostos, estaria onerando toda a sociedade.

Assim pelo princípio mencionado aquele que diluir efluentes nos cursos d'água, deverá pagar por esse uso.

Já o "usuário-pagador", este deverá pagar pela utilização que fizer da água, pois sendo a água um bem de domínio público e dotado de valor econômico, oneraria os demais usuários que não fizessem o uso da água. Assim, paga-se pela utilização da água, em detrimento dos demais.

Logo, analisando conjuntamente os dos dois princípios, temos que, a obrigação imposta ao poluidor pagador é de arcar com os custos da atividade poluidora, que em decorrência de sua atividade produtiva, causar danos ao meio ambiente e a terceiros, é um custo que aquele deverá prever no seu processo produtivo; e ao usuário pagador caberá o pagamento pela exploração econômica que faz dos recursos hídricos, pagando conforme o volume de água que dispuser em seu benefício.

A cobrança não será igual em todas as situações, será feita de forma descentralizada, tendo em vista que cada Estado tem competência para legislar sobre águas. O Conselho Nacional de Recursos

26 Cf. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 16 ed. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 475 27 Cf. Ibid. p. 468.

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Hídricos estipulará os critérios gerais para a cobrança na esfera Federal. Da mesma forma se procederá na esfera Estadual, onde caberá ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos também estipular os seus critérios gerais de cobrança.

Assim, não cumprindo o outorgado qualquer das cláusulas, torna-se inadimplente e, como sanção, pode ver o objeto contratado que é a própria outorga, suspensa pela Administração Pública outorgante. A suspensão administrativa da outorga não é ato administrativo puro e imotivado. Para ser declarada ela necessita de processo administrativo prévio em que se garantia ao outorgado o direito ao contraditório, à ampla defesa e ao recurso administrativo, como princípios constitucionais garantistas mínimos.

O não-uso da água pelo outorgado de forma contínua por três anos atenta contra a própria destinação natural desse bem e caracteriza infração material e formal da outorga, cuja sanção é a suspensão da autorização, total ou parcialmente, temporária ou definitivamente.

Os recursos naturais constituem um patrimônio público, incumbindo sua proteção ao Estado e a todas as pessoas, físicas e jurídicas, com o objetivo de assegurar a reprodução dos mesmos e a qualidade do meio ambiente.

Os corpos d´água possuem domínio público, podendo ser apropriado a utilização privada por meio da outorga de uso da água, conforme prevê e autoriza a Lei de Recursos Hídricos.

CONCEITOS IMPORTANTES EM MATÉRIA AMBIENTAL Recursos Ambientais: A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981) Recursos Naturais: São conceituados como os elementos naturais bióticos e abióticos de que dispõe o homem para satisfazer suas necessidades econômicas, sociais e culturais. Recursos Naturais Renováveis: São aqueles cujos estoques são passíveis de recomposição. A manutenção do estoque depende da forma em que a exploração é feita. Recursos Naturais Não-Renováveis: São aqueles cujos estoques tendem a se exaurir, independente da forma em que são explorados. O estoque declina ao longo do tempo qualquer que seja a taxa de uso (positiva). Ecossistema: Sistema aberto composto por seres vivos que interagem entre si e também com as substâncias inanimadas do ar, da água e do solo. As interações presentes nos ecossistemas são dinâmicas, i.e. estão sempre mudando, de tal forma que cada elemento ou espécie influencia e é influenciado diretamente ou indiretamente por outros componentes do ecossistema. Preservação Ambiental: Forma de manejo do ambiente em que se intenciona manter os fluxos de energia e dos nutrientes dos ecossistemas em sua forma natural, isto é sem que haja intervenção da sociedade sobre a organização do ecossistema ou sobre os recursos bióticos e abióticos. Hoje se argumenta sobre a impossibilidade desta forma de manejo, visto que os ecossistemas considerados como intocados são resultantes, em sua grande maioria, de uma estruturação pelas forças da natureza e também pela intervenção humana em épocas passadas. Conservação Ambiental: Forma de manejo do ambiente cuja intenção é a de conciliar a proteção dos ecossistemas e dos recursos naturais com atividades antropogênicas, atendendo desta forma as necessidades econômicas, sociais e culturais das sociedades modernas ao tempo em que se admite que os fluxos de matéria e energia sejam renovados . Poluição: É a presença, o lançamento ou a liberação no ambiente de qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, quantidade, concentração, ou características que possam tornar o ar, as águas ou o solo: (1) impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde; (2) inconveniente ao bem estar público; (3)

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danosos aos materiais, à fauna e à flora; (4) prejudiciais à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. (Lei 997 do estado de São Paulo de 31.05.76) Gestão ambiental: É um conceito elástico e que tem diversas definições e conotações. Freqüentemente gestão ambiental é entendida como sinônimo das técnicas e dos instrumentos da política ambiental que visam minimizar os impactos antrópicos sobre os ambientes rurais e urbanos, AIA, Auditoria Ambiental, Zoneamento Ambiental, Licenciamento Ambiental, Análise de Riscos, etc. Gestão ambiental deve ser entendida como um plano de intervenção humana no ambiente, que incorpora, não só as medidas necessárias à otimização dos benefícios econômicos e sociais da intervenção, mas principalmente os procedimentos que garantem a manutenção da qualidade do ambiente e a sustentabilidade do empreendimento. As intervenções sobre o ambiente freqüentemente se dão na ausência de um plano integrado de gestão ambiental. Em síntese, embora a implementação do licenciamento, da avaliação de impacto ambiental e de outros instrumentos de gestão ambiental venham sendo aprimorados nos últimos anos no Brasil, ainda há pouca experiência da gestão ambiental propriamente dita no País. A prática comum é a da aplicação da Avaliação de Impacto Ambiental, que é reativa. Área antropizada: Diz-se da área que perdeu a sua condição original em razão da intervenção do homem. A qualquer empreendimento feito pelo homem, que altere as características naturais da área, dá-se o nome de ação antrópica. Área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada: São as terras improdutivas, que por não serem manejadas de forma sustentável, não alcançam os graus de utilização e eficiência na exploração e não cumprem com a função social da propriedade rural. Área de declarado interesse ecológico : Existem dois tipos de áreas que podem ser declaradas de interesse ecológico, são elas: I - para proteção de ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão ambiental competente, federa ou estadual; II - imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüicola ou florestal, declarada de interesse ecológico por ato do órgão ambiental competente, federal ou estadual. Área erodida : Refere-se a área degradada pela ação da erosão. A jusante : Indica um lugar ou uma área que se localiza abaixo de outro em relação ao curso d’água. Tudo que está a jusante encontra-se na direção da foz do curso d’água, ou seja, abaixo do ponto de referência. A montante : Indica um lugar ou uma área que se localiza acima de outra em relação a um curso d’água. Tudo que está a montante encontra-se na direção da nascente do curso d’água, ou seja, acima do ponto de referência. Biodiversidade : É a existência em uma determinada região, de uma grande variedade de seres vivos de todas as espécies e origens. Bioma : Grande comunidade ou conjunto de comunidades ecológicas, distribuídas numa grande área geográfica caracterizada por um tipo de vegetação dominante. Biota: É o conjunto de seres animais e vegetais de uma região. Chorume: Denominação dada ao líquido que resulta dos processos químicos e biológicos proveniente da degradação dos resíduos sólidos orgânicos, ou seja, trata-se de um líquido altamente contaminante que escorre do lixo. Conservação da natureza: Trata-se do manejo sustentável dos recursos naturais, assegurando a manutenção e a preservação da biodiversidade, visando a obtenção contínua de benefícios sócio-econômicos e ambientais. Corte raso: Significa fazer a derrubada de todas as árvores de uma determinada área, seja para a implantação de lavouras, pastagens ou por qualquer outro motivo.

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Desertificação: É o processo pelo qual o solo perde suas características favoráveis à vida e se torna estéril. A água torna-se escassa, a vegetação desaparece, o solo perde a matéria orgânica, cessam as atividades biológicas, e a área assim empobrecida torna-se um deserto. Ecótono: É a zona de transição entre duas comunidades ecológicas e que contém espécies características de cada uma delas. Ecoturismo: São as atividades turísticas desenvolvidas de forma harmonizada com a natureza em locais ou espaços territoriais valorizados e preservados no sentido natural e cultural, buscando a formação de uma consciência ecológica. Erosão: Trata-se do desgaste e da perda do solo em conseqüência dos efeitos das chuvas e dos ventos, que abrem fendas na terra e estes se alargam e se aprofundam até se transformarem em enormes buracos em forma de grotas e grotões. Espécie vegetal endêmica: São espécies de ocorrência limitada a certos ambientes, restritas a um habitat específico, como por exemplo, aquelas que são encontradas apenas numa determinada ilha. Espécies vegetais pioneiras: São aquelas que iniciam a ocupação de uma área aberta devido à ação do homem ou da própria natureza. Extrativismo: Trata-se da exploração sustentável dos recursos naturais renováveis. Floresta secundária: Denominação dada à floresta que se forma naturalmente após a destruição da floresta primária. Fluxo gênico: Trata-se da transferência de genes entre plantas ou animais da mesma espécie e se caracteriza pelo processo de reprodução por cruzamento natural. Matéria prima florestal: São os produtos e subprodutos de origem florestal, ainda não submetidos a processamentos. Mosaico florestal: Denominação dada a uma arborização constituída por glebas adjacentes, ou seja, próximas uma das outras, sendo cada gleba formada por essência florestal diferente das demais. No nível da propriedade rural, pode ser representada pela paisagem que interliga a reserva legal, áreas de preservação permanente, corredores ecológicos e áreas plantadas. Período de defeso: Refere-se à época do ano em que é proibido caçar ou pescar, ou seja, a fauna está protegida por esta proibição. O caso mais conhecido é o da piracema, que acontece quando os peixes formam cardumes e se deslocam rumo às nascentes dos rios para a desova e procriação. Plano Integrado Florestal: A pessoa física ou jurídica que necessite de matéria-prima florestal, cujo consumo anual seja igual ou superior a doze mil estéreos, ou quatro mil metros de carvão vegetal, ou seis mil metros cúbicos de toras por ano, fica obrigado a manter ou formar, diretamente ou em participação com terceiros, florestas destinadas à sustentabilidade da atividade desenvolvida, inclusive em futuras expansões. Observados as peculiaridades estaduais ou regionais, os volumes acima descritos podem ser alterados de acordo com critérios a serem fixados pelo IBAMA. Preservação: São práticas e procedimentos que visam a conservação da natureza e garantem a proteção integral dos recursos naturais, permitindo apenas o seu uso indireto. Reposição Florestal Obrigatória: É obrigado a fazer a reposição florestal a pessoa física ou jurídica que explore, utilize, transforme ou consuma matéria-prima florestal, devendo a reposição ser efetuada na Unidade da Federação de origem da matériaprima utilizada, mediante o plantio de espécies florestais compatíveis com a atividade desenvolvida, preferencialmente nativas e,conduzida com técnicas

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silviculturais que venham a assegurar uma produção que seja, no mínimo, igual ao volume anual necessário à atividade desenvolvida. Sítio ecológico: Área onde existem espécies ou associação de espécies vegetais e animais raras ou em perigo de extinção. Uso direto: Permite a coleta e o uso dos recursos naturais, com fins comerciais ou não. Uso indireto: Não permite o consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. Voçoroca: Denominação dada aos buracos, especialmente os de grandes dimensões e de rápida evolução, a voçoroca representa o último estágio da erosão. Inventário florestal: Trata-se de um conjunto de ações que tem por objetivo demonstrar a capacidade produtiva das florestas, apontando a natureza e a condição dos produtos e subprodutos nelas existentes. Manejo: Técnica de utilização racional e controlada de recursos ambientais mediante a aplicação de conhecimentos científicos e técnicos, visando atingir os objetivos de conservação da natureza. Plano de Manejo Florestal: Documento técnico onde constam todas as atividades a serem executadas durante o período de manejo florestal. Manejo Florestal Sustentável: Entende-se por manejo florestal sustentável a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e atendendo-se aos princípios gerais e fundamentos técnicos pertinentes. Zona de amortecimento: Refere-se ao entorno de uma unidade de conservação, cuja área de abrangência encontra-se sujeita a normas restritivas e específicas de uso, destinadas a garantir a preservação da unidade.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE: LEI 6.938/81 1. Princípios da PNMA

O artigo 2o da Lei 6.938/81, elenca que “a política nacional do meio ambiente tem por objetivo a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

- equilíbrio ecológico; - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; - proteção dos ecossistemas; - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; - recuperação de áreas degradadas; - proteção de áreas ameaçadas de degradação; - educação ambiental em todos os níveis de ensino.

2. Objetivos da PNMA (art. 4º) - desenvolvimento econômico-social e preservação da qualidade do meio ambiente e do

equilíbrio ecológico; - áreas prioritárias de ação governamental, relativa à qualidade e ao equilibrio ecologico; - critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo dos recursos

ambientais; - pesquisas e de tecnologias nacionais, orientadas para o uso racional dos recursos ambientais;

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- tecnologia de manejo do meio ambiente, e à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

- preservação e restauração dos recursos ambientais; - a imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos

causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

3. Instrumentos da PNMA (artigo 9º): - estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; - zoneamento ambiental (CF, art. 21, IX; Lei 6.803/90 – zoneamento industrial; Lei 8.171/91, art.

102 - solo agrícola é considerado patrimônio natural; Lei 9985/2000 – zoneamento ambiental); - avaliação de impactos ambientais (CF, art. 225, § 1º, IV); - licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (arts. 10 e 17,

Decreto no. 99.274/90). - sistema nacional de informação sobre meio ambiente; - cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras de recursos

naturais (Lei 10.165/2000 – TCFA e Lei Estadual 14.384/2002 – TFAGO); - penalidades disciplinares ou compensatórias ao não-cumprimento das medidas necessárias à

preservação ou correção da degradação ambiental (CF, art. 225, § 3º, Lei 9.605/98 e Decreto 3.179/99); - instituição do RQMA - Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente

pelo IBAMA; - garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente (Lei 10.650/2003,

Resoluções CONAMA 01/86, 09/87 e 237/1997 – audiências públicas).

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

MMA: Ministério do Meio Ambiente; CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente; IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis; FNMA: Fundo Nacional do Meio Ambiente; SEMARH-GO: Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos; CEMAm: Conselho Estadual do Meio Ambiente; FEMA: Fundo Estadual do Meio Ambiente; SEPLAN: Secretaria Municipal de Planejamento; AMMA: Agência Municipal de Meio Ambiente; COMMAm: Conselho Municipal do Meio Ambiente; FMMA: Fundo Municipal do Meio Ambiente.

SISNAMA - TEM A SEGUINTE CONFIGURAÇÃO: 1. ÓRGÃO SUPERIOR: O CONSELHO DO GOVERNO 2. ORGAO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA 3. ORGÃO CENTRAL: O MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL - M.M.A. 4. ÓRGÃO EXECUTOR: O INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA

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5. ÓRGÃOS SECCIONAIS: Os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal direta ou indireta, as fundações instituídas pelo poder público cujas atividades estejam associadas às de proteção da qualidade ambiental ou àquelas de disciplinamento do uso dos recursos ambientais, bem assim os órgãos e entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental. Os Órgãos Estaduais Ambientais estão incluídos dentre os seccionais, pelo e simplificadamente são incluídos na sigla OEMAs. 6. ÓRGÃOS LOCAIS: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização das atividades referidas no inciso anterior, nas suas respectivas jurisdições. DE FORMA MAIS DETALHADA, PODE-SE CONSIDERAR DA SEGUINTE FORMA: ÓRGÃO SUPERIOR: O CONSELHO DO GOVERNO Instituído pelo art. 60, inciso 1, da Lei 6938/81, PNMA com a finalidade de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e das diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais. Integra a Presidência da República. Composição: todos os Ministros de Estado, Casa Civil, Secretaria Geral, SECOM, SAE, Casa Militar e pelo Advogado-Geral da União. Sua atuação é efetuada pelo Conselho propriamente dito ou pelas Câmaras do Conselho do Governo. Câmaras de Políticas dos Recursos Naturais (Decreto 1.696 13.11.95). Formular e coordenar políticas. Integrada por 9 ministros (ex. MMA e Agricultura). Composto exclusivamente por representantes de órgãos do Governo Federal. Grupo Executivo do Setor Pesqueiro - GESPE - Decreto 1697 13.11.95. Propor a Política Nacional de Pesca e Aqüicultura. Coordenar sua implantação; colocar em execução as diretrizes da mencionada Câmara e a atualização da legislação no setor. Organismo de execução e não de normatização. Atualmente, foi criada a SECRETARIA NACIONAL DE PESCA. ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO: O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA Lei 8028/90. Assessorar, estudar e propor ao Conselho do Governo. Deliberar sobre normas e padrões compatíveis com a Constituição. Estabelecer, mediante proposta do IBAMA ( art. 80, II. Lei 6938/81): A)- Determinar, quando julgar necessária, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais dos projetos públicos ou privados, requisitando as informações indispensáveis para o estudo, especialmente em áreas consideradas como Patrimônio Nacional. (Art. 225, § 4º da C.F./1988). B)- Estabelecer normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelo Estado e supervisionado pelo IBAMA. C)- Decidir como última instância administrativa em grau de recurso, sobre multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA. D)- Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo poder público, em caráter geral ou condicional e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito. E)- Estabelecer privativamente, normas e padrões nacionais de controle de poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos ministérios competentes. Composição: Constituído de: 1)-Plenário e 2)-Câmaras Técnicas. Plenário: Composto por: a)-MMA, que o preside; b)-Secretário Geral do MMA que é o Secretário Executivo; c)-O Presidente do IBAMA; d)-Um representante de cada um dos Ministros de Estado e dos Secretários da Presidência da República por eles designados. e)- Um representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito Federal, designados pelos respectivos governantes. f)-Um representante de cada uma das seguintes entidades: CNI, do Comércio e da Agricultura; das Confederações dos Trabalhadores na Indústria, Comércio e Agricultura; do Instituto Nacional de Siderurgia; da ABES; da FBCN. G)- dois(2) representantes da sociedades civis legalmente constituídas para a defesa dos recursos naturais e combate à poluição, de livres escolha do P.R.; h)-Um representante de sociedades civis legalmente constituídas de cada região geográfica ambiental e cadastradas no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas Não Governamentais - CNAE.

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ÓRGÃO CENTRAL: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL. MMA. Cabe ao Ministério coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional do meio ambiente. Sua origem deu-se pela Secretaria Nacional do Meio Ambiente- SEMAM -, em 1990, tendo se tornado ministério em 1992, o ano da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento -CNUMAD- no Rio de Janeiro, apelidada de ECO/92 ou CIMEIRA DA TERRA. Há que se mencionar ainda o FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (FNMA): Lei 7.797/89. Integra o MMA. Regulamentado pelo Decreto 98161 de 21.9.89, alterado pelo Decreto 1235 de 2.9.94. O Comitê do FNMA tem a presidência do ministro do MMA. Origem dos recursos: 1)-orçamento da União; 2)-resultante de doações, contas em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis que venham a receber de pessoas físicas ou jurídicas. Poderão ser aplicados através de órgãos públicos de nível federal, estadual ou municipal ou entidades privadas que não possuem atividades lucrativas. Áreas prioritárias: Unidades de Conservação; Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico; Educação Ambiental; Manejo e Extensão Florestal. Desenvolvimento Institucional; Controle Ambiental; Aproveitamento Econômico Racional e Sustentável da Flora e da Fauna nativas. ÓRGÃO EXECUTOR: IBAMA Autarquia federal de regime especial, criado pela lei 7.735 22.2.89, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. É o resultado da junção de 4 órgãos: IBDF, SUDEPE, SUDHEVEA E SEMMA. Possui um Presidente e 5 diretorias. Sua estrutura regimental é definida pelo Decreto 3.833 de 05/06/2001. FINALIDADE: "I- executar as políticas nacionais de meio ambiente referentes às atribuições federais permanentes, relativas à preservação, conservação e ao uso sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e controle; II- Executar as ações supletivas da União, de conformidade com a legislação em vigor e as diretrizes daquele Ministério. (Art. 1º, I e II) AÇÕES: " No cumprimento de suas finalidades e, ressalvadas as competências das demais entidades que integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, cabe ao IBAMA, de acordo com as diretrizes fixadas pelo Ministério do Meio ambiente, desenvolver as seguintes ações federais: I- proposição de normas e padrões de qualidade ambiental; II- zoneamento ambiental; III- avaliação de impactos ambientais; IV- licenciamento ambiental de atividades, empreendimentos, produtos e processos considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como daqueles capazes de causar degradação ambiental, nos termos da legislação em vigor; V- proposição da criação e gestão das Unidades de Conservação Federais, bem como o apoio à implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação; VI- implementação dos Cadastros Técnicos Federais de Atividades e Instrumentos de Defesa ambiental e de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais; VII- fiscalização e aplicação de penalidades disciplinares ou compensatório ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental, nos termos da legislação em vigor; VIII- geração, integração e disseminação sistemática de informações e conhecimentos relativos ao meio ambiente; IX- proteção e manejo integrado de ecossistemas, de espécies, do patrimônio natural e genético de representatividade ecológica em escala regional e nacional; X- disciplinamento, cadastramento, licenciamento, monitoramento e fiscalização dos usos e acessos aos recursos ambientais, florísticos e faunísticos;... XXII- elaboração do sistema de informações para gestão do uso dos recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; XXIII- elaboração e estabelecimento de critérios, padrões e proposição de normas ambientais para a gestão do uso dos recursos pesqueiros, faunísticos e florestais; e XXIV- propor normas, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio espeleológico brasileiro, bem como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o conhecimento as cavidades naturais subterrâneas existentes." (Decreto 3.833/2001). ESTRUTURA: I- ÓRGÃOS COLEGIADOS: CONSELHO DE GESTÃO (CG) E CÂMARAS TÉCNICAS REGIONAIS (CTR,s). II- ÓRGÃOS DE ASSISTÊNCIA DIRETA E IMEDIATA AO PRESIDENTE: GABINETE DA PRESIDÊNCIA (GABIN), PROCURADORIA GERAL (PROGE);

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III- ÓRGÃOS SECCIONAIS: 1.AUDITORIA (AUDIT). 2. DIRETORIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA (DGE); 3. DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS (DAF); IV- ÓRGÃOS ESPECÍFICOS SINGULARES: 1. DIRETORIA DE FLORESTAS ( DDF); 2. DIRETORIA DE FAUNA E RECURSOS PESQUEIROS (CFP) 3. DIRETORIA DE ECOSSISTEMAS (DDE); 4. DIRETORIA DE LICENCIAMENTO E QUALIDADE AMBIENTAL ( CGCA); 5. DIRETORIA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (DPA); V- ÓRGÃOS DESCENTRALIZADOS: 1. GERÊNCIAS EXECUTIVAS (GEREX); 2. ESCRITÓRIOS REGIONAIS (EREG); 3. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAL ( UCF); 4. CENTROS ESPECIALIZADOS (CE,s). CARREIRA: Genericamente, as carreiras no IBAMA passaram-se a denominar CARREIRA DE ESPECIALISTA AMBIENTAL e é composta pelos cargos de GESTOR AMBIENTAL, GESTOR ADMINISTRATIVO, ANALISTA AMBIENTAL, ANALISTA ADMINISTRATIVO, TÉCNICO AMBIENTAL, TÉCNICO ADMINISTRATIVO E AUXILIAR ADMINISTRATIVO DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS-IBAMA. Ao ANALISTA AMBIENTAL, de quem se exige formação superior, estão afetas atividades próprias e, sobretudo, as chamadas atividades-fins, qual seja, a tutela administrativa do meio ambiente, enquanto agentes públicos do órgão ambiental. Pelo teor desta legislação, apenas estes agentes públicos, na esfera federal, estão profissional e legalmente imbuídos da competência de realizarem a fiscalização ambiental, fazerem a apuração da infração administrativa ambiental e aplicar a devida sanção, através do Auto de Infração. ÓRGÃOS SECCIONAIS: A) –Ministérios: 1)-Agricultura: Estatuto da Terra e Constituição. Função social da propriedade. Controle da utilização de Agrotóxicos (Lei 7802 e Decreto 98816). 2)-Ministério da Fazenda: Decreto que proibiu a concessão de incentivos fiscais a projetos que impliquem desmatamento de áreas de florestas primárias e destruição de ecossistemas primários. Decreto 153/91. 3)-Ministério da Marinha: fiscalização da costa brasileira; Grandes rios brasileiros; Capitania dos portos, poluição oriundas e navios e outras embarcações. B)- ÓRGÃOS ESTADUAIS DE MEIO AMBIENTE(OEMAS) C)- ÓRGÃOS LOCAIS: Órgãos Municipais de Meio Ambiente Política Municipal de Meio Ambiente e o Sistema Municipal de Administração do Meio Ambiente. O sistema nacional reflete-se nos Estados e Municípios, podendo estes estruturar suas interfaces respectivas. Assim, em geral, tais entes federados possuem, respectivamente: ESTADOS: Conselho Estadual do Meio Ambiente, Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Órgão Executivo Estadual e um Fundo Estadual de Meio Ambiente. No caso de Goiás, ficaria assim o Sistema Estadual: CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE; SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, HABITAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS. AGÊNCIA AMBIENTAL DE GOIÁS. FUNDO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. MUNICÍPIO, de forma similar, assim se distribui, partindo-se do exemplo de Goiânia: CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE; FUNDO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE. SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. BIBLIOGRAFIA ALVARENGA, Octavio Mello. Direito Agrário. Rio de Janeiro: IAB, 1974.

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