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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA - PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMPGPP ANÁLISE DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE DA REGIÃO DA AMFRI ELIANE MAGALI LENZI Itajaí (SC) 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA - PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMPGPP

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ELIANE MAGALI LENZI

Itajaí (SC)

2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA - PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMPGPP

AANNÁÁLLIISSEE DDAA IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAALLIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS CCOONNSSEELLHHOOSS MMUUNNIICCIIPPAAIISS DDEE MMEEIIOO AAMMBBIIEENNTTEE DDAA RREEGGIIÃÃOO DDAA AAMMFFRRII

Eliane Magali Lenzi

Dissertação apresentada à Banca Examinadora no Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação da Prof. Dra. Adriana Marques Rossetto, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

Itajaí (SC) 2010

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RESUMO

Esta pesquisa visa analisar a atuação dos Conselhos Gestores, tendo como foco principal aqueles relacionados ao meio ambiente, sua formação, função e capacitação. A necessidade da institucionalização ambiental vem com o seu fortalecimento nas três esferas do governo: Federal, Estadual e Municipal. Por isso, o presente trabalho tem como objetivo estudar os Conselhos de Meio Ambiente, através de pesquisa exploratória focada nos municípios da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), buscando a verificação do estágio de desenvolvimento e da estrutura de cada um deles, no que diz respeito ao meio ambiente, e quais destes apresentam seus conselhos estruturados. Esses conselhos, no ato de criação, visam o desenvolvimento e envolvimento de questões ligadas à participação, formas de governo, representatividade e natureza da esfera pública, trazendo a sustentabilidade para os municípios e fazendo com que todos tenham consciência da importância de um meio ambiente mais sadio e equilibrado. Parte-se do pressuposto de que o meio ambiente compreende a interação do conjunto de componentes naturais, artificiais e culturais, que proporcionam um desenvolvimento equilibrado. Para sua proteção, existe uma extensa legislação baseada na Constituição Federal de 1988 e na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981), complementada através do Decreto n° 99.274, de 6 de junho de 1990, que criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), gerador da estrutura dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente atuais. A AMFRI atua nos assuntos de interesse do conjunto de seus 11 municípios participantes (Luiz Alves, Ilhota, Balneário de Piçarras, Penha, Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas), tendo como foco o auxílio às demandas apresentadas por suas prefeituras, através de um corpo técnico que assessora as administrações municipais. Analisando a estrutura administrativa desses municípios com relação às questões ambientais, verificou-se que a institucionalização de organizações da municipalidade é fundamental para a ampliação da sustentabilidade e da inclusão social, porém, apenas três defendem os diretos ambientais com toda força (Itajaí, Itapema e Navegantes), uma vez que possuem fundações de meio ambiente e COMDEMAs atuantes. Embora inegáveis os avanços na percepção social acerca do grau de importância que deve ser atribuído ao equilíbrio ambiental, a sociedade pós-moderna ainda está longe de atingir um nível mínimo comportamental que se alinhe a um padrão de desenvolvimento responsável e sustentável. Palavras-Chave: Políticas públicas – Direito Ambiental – Conselhos Municipais

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ABSTRACT

This research paper aims to analyze the role of Managing Councils, focusing mainly on subjects related to the environment, its formation, function and enablement. The need for the environmental instituting comes from its empowerment in the three mains domains of government: Federal, State and Municipal. Therefore this paper has as an objective to study the Environment Councils, through exploratory research focused in the cities that form the Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), aiming to verify the state of development and structure of each one in the subjects of environment and which of those cities have a working structured council. Those councils when created aim for the development and involvement of topics related to participation, forms of government, representativeness and the nature of the public domain, bringing sustainability to the cities and making sure that everyone develops the sense of importance of a healthy and balanced environment. It starts from the assumption that the environment includes an interaction of all natural, artificial and cultural components, which provide balanced development. For its protection, there is a long set of laws, enforced by the Constituição Federal de 1988 and by the Política Nacional do Meio Ambiente (Law n° 6.938, 31 August 1981), complemented by the Decree n° 99.274, from 6 June 1990, that created the Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) and the Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), creator of the structure of the Conselhos Municipais de Meio Ambiente that exist today. AMFRI acts on subjects of interest for its 11 participating cities (Luiz Alves, Ilhota, Balneário de Piçarras, Penha, Navegantes, Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Porto Belo and Bombinhas), having focused on the support to the demands presented by its prefectures through a technical group that advises local governments. Analyzing the administrative structure of municipalities with environmental issues, it was found that the institutionalization of local organizations is of utmost importance to increase the sustainability and social inclusion of the cities studied, however, only three defend the environmental rights with full force (Itajaí, Itapema e Navegantes), since they have active environmental organizations e COMDEMAs. Although undeniable the advances in the social perception of the importance that should be attributed to environmental sustainability, the postmodern society is still far from reaching a minimum level that aligns the behavioral pattern responsible and sustainable development. Keywords: Public Policies – Environmental Rights – Municipal Councils

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Diagnóstico esquemático sobre a participação nos problemas que a população

brasileira enfrenta ................................................................................................................... 25

Figura 02: Organograma de funcionamento do SISNAMA .................................................. 48

Figura 03: Municípios constituintes da AMFRI ................................................................... 65

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIA - Avaliação de Impactos Ambientais

AMFRI - Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí

APP – Área de Proteção Permanente

CASAN – Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

CBT - Confederação Brasileira de Trabalho

CIMA - Comissão Interministerial de Meio Ambiente

CNS - Conselho Nacional de Saúde

CNT - Conselho Nacional do Trabalho

COMDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente

ECA - Estatuto da Criança e Adolescente

EIA - Estudos de Impacto Ambiental

FAACI - Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema

FAI - Federação Anarquista Ibérica

FAMABO - Fundação de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas

FAMAI - Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí

FATMA – Fundação do Meio Ambiente

FNMA - Fundo Municipal de Meio Ambiente

FSC – BRASIL - Conselho Brasileiro de Manejo Florestal

FUMAN - Fundação Municipal de Meio Ambiente de Navegantes

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

IBDF - Instituto de Desenvolvimento Florestal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO - International Organization for Standardization

LAI - Licença Ambiental de Instalação

LAO - Licença Ambiental de Operação

LAP - Licença Ambiental Prévia

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MMA - Ministério do Meio Ambiente

OMC - Organização Mundial do Comércio

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ONG – Organização Não-Governamental

ONU - Organização das Nações Unidas

PMNA - Política Nacional de Meio Ambiente

RIMA - Relatório de Impacto Ambiental

SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente

SUDEPE - Superintendência do Desenvolvimento da Pesca

SUDHEVEA - Superintendência da Borracha

SUS - Sistema Único de Saúde

TAC - Termo de Ajuste de Conduta

UNCED-92 - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 09

2 A CONSTRUÇÃO POLÍTICA DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE MEIO

AMBIENTE .......................................................................................................................... 12

2.1 Os conselhos municipais e sua institucionalização .......................................................... 17

2.2 O Significado da participação social ................................................................................ 22

2.3 A democratização nos espaços públicos ........................................................................... 25

2.4 Institucionalização de alguns conselhos ........................................................................... 27

2.4.1 Trabalho e Emprego ...................................................................................................... 27

2.4.2 Saúde ............................................................................................................................. 28

2.4.3 Meio Ambiente .............................................................................................................. 31

3 POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E SEUS MECANISMOS ........................... 34

3.1 Conceito de meio ambiente e direito ambiental ............................................................... 34

3.2 Natureza jurídica do direito ambiental ............................................................................. 38

3.3 Princípios do direito ambiental ......................................................................................... 39

3.4 Legislação aplicável ao meio ambiente ............................................................................ 43

3.5 Política Ambiental Brasileira ............................................................................................ 44

3.6 O COMDEMA – Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente .... 48

3.7 Função ambiental compartilhada entre Estado e sociedade ............................................. 55

4 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NOS CONSELHOS

MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE DOS MUNICÍPIOS DA AMFRI ...................... 63

4.1 Aspectos regionais de Santa Catarina e dos municípios da AMFRI ................................ 63

4.1.1 Luis Alves ...................................................................................................................... 65

4.1.2 Balneário de Piçarras ..................................................................................................... 66

4.1.3 Penha ............................................................................................................................. 66

4.1.4 Ilhota .............................................................................................................................. 67

4.1.5 Navegantes .................................................................................................................... 67

4.1.6 Itajaí ............................................................................................................................... 68

4.1.7 Porto Belo ...................................................................................................................... 69

4.1.8 Camboriú ....................................................................................................................... 69

4.1.9 Balneário Camboriú ....................................................................................................... 70

4.1.10 Bombinhas ................................................................................................................... 71

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4.1.11 Itapema ........................................................................................................................ 71

4.2 A política ambiental dos conselhos municipais de meio ambiente nos municípios da

AMFRI ................................................................................................................................... 72

4.2.1 O CONDEMA no município de Itapema ...................................................................... 76

4.3 Conclusões sobre a Institucionalização da Política Ambiental nos municípios da AMFRI

................................................................................................................................................. 81

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 84

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 87

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1 INTRODUÇÃO

Este estudo visa fortalecer a análise sobre os Conselhos Gestores, tendo como foco

principal os conselhos de meio ambiente, sua formação, função e capacitação. A necessidade

da institucionalização ambiental vem com o fortalecimento dos conselhos nas três esferas do

governo, Federal, Estadual e Municipal.

Devemos ter o entendimento de que a legislação existente abrange todos os entes

federados. A Lei 6.931/81 constituiu no Brasil a Política Nacional de Meio Ambiente

(PNMA), e o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) trazendo, assim,

possibilidades de participação social. Com esta legislação regulamentada pelo Decreto

99.274/90, que surgiram os Conselhos Municipais de Meio Ambiente.

A Constituição de 1988 (BRASIL, 2010), dispõe que o meio ambiente é essencial à

proteção dos seres vivos, assegurando-lhes o exercício de sua dignidade, mais particularmente

aos brasileiros (art. 5º C.F). O art. 225 estabelece ainda: “Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para

as presentes e futuras gerações”.

Desde a implantação do Decreto 99.274/90, os conselhos vêm lutando pela

participação popular e pelo envolvimento do Executivo e do Legislativo, ou seja, do Poder

Público. Seu papel, portanto, é de incidir sobre discussões de estratégias de gestão pública de

uma forma geral e sobre o caráter das próprias políticas públicas (CACCIA-BAVA; BORJA,

2000).

Os Conselhos devem ter representatividade e paridade para poderem disciplinar sobre

os problemas ambientais dos municípios, podendo também atuar com poder normativo, ou

seja, adequando a legislação municipal e propondo diretrizes para gestão.

Dessa forma, devemos ter consciência de que nossos conselheiros necessitam ser

capacitados para exercer o cargo, e não somente ser um representante da comunidade. Eles

devem entender o que está sendo deliberado e manifestarem-se no caso de dúvidas, bem como

sobre a importância ou não do que está sendo discutido, pois desta forma o Poder Público será

beneficiado.

Sabemos ainda que os Conselhos Municipais de Meio Ambiente são organismos da

administração pública, na qual a sociedade civil tem oportunidade de participação direta. É

um espaço de discussão e decisão conjunta entre o Poder Público e a sociedade, que deve

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formular e definir políticas públicas ambientais de âmbito municipal e, assim, controlar sua

execução.

Perante estes pressupostos, o presente trabalho tem como foco identificar e

contextualizar os Conselhos de Meio Ambiente, através de pesquisa exploratória focada nos

municípios da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), visando à

verificação do estágio de desenvolvimento e de suas estruturas, no que diz respeito ao meio

ambiente e quais destes apresentam seus conselhos alicerçados.

Dessa forma, seu objetivo principal será aprofundar um estudo de caso sobre a atuação

do COMDEMA no município de Itapema1. Neste momento, é necessário se perguntar,

quando verificamos a atuação dos conselhos relacionados ao meio ambiente, como seria

possível garantir o cumprimento do papel ao qual estes se propõem, no sentido da

apresentação de políticas públicas eficazes. Nesse ponto, a problemática identificada é a de

que os conselhos parecem ter mais limitações do que potencialidades.

Os conselhos municipais, quando criados, nascem com o intuito de desenvolver e

envolver questões ligadas à participação, formas de governo e representatividade, natureza da

esfera pública, bem como, divisão do poder local, regional, nacional e global, trazendo a

sustentabilidade para os municípios e fazendo com que todos tenham consciência (entre

outros elementos) de um meio ambiente mais sadio e equilibrado.

Assim, a abordagem do estudo será efetuada de forma qualitativa, pois abrangerá um

campo transdiciplinar que assume tradições de análise derivadas do positivismo, da

fenomenologia, da hermenêutica, da teoria crítica e do construtivismo, na adoção de

multimétodos de investigação (CHIZZOTTI, 2006). Estas pesquisas não possuem um padrão,

porque admitem que a realidade seja fluente e contraditória, sendo que os processos de

investigação dependem também do pesquisador (concepção, valores e objetivos).

A pesquisa qualitativa torna-se importante para compreender os valores culturais e as

representações de determinado grupo sobre temas específicos e as relações que se dão entre os

atores sociais, tanto no âmbito das instituições como dos movimentos sociais e na validação

das políticas ambientais, quanto do ponto de vista de sua formulação e aplicação técnica

(MINAYO, 1998).

A metodologia utilizada nesta abordagem foi a contextualização do problema a partir

da situação dos 11 municípios integrantes da AMFRI, e o aprofundamento da análise da 1 Inicialmente, pretendeu-se traçar um comparativo entre este e o COMDEMA do município de Balneário Camboriú, devido às suas similaridades territoriais de estrutura e organização, porém, perante problemas encontrados durante a coleta de dados (que serão expostos no decorrer deste trabalho) as análises serão focadas apenas no município de Itapema

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atuação do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Itapema. Atualmente, fazem parte da

AMFRI os municípios de: Luiz Alves, Ilhota, Balneário de Piçarras, Penha, Navegantes,

Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas.

Um estudo de caso é definido como um conjunto de dados que descreve uma fase ou a

totalidade do processo de uma unidade, considerando suas várias relações (YOUNG, 1960).

Desta forma, por meio do estudo de caso, será efetuada uma análise em todos os municípios

da Foz do Rio Itajaí, para levantamento e coleta de dados.

O procedimento foi efetuado por meio de revisão bibliográfica e documental referente

a legislação dos municípios focados por esta pesquisa, como legislação ambiental vigente e

avaliação das instituições que fazem parte da AMFRI.

No atendimento dos preceitos expostos anteriormente, este trabalho inicia-se por uma

reflexão teórica sobre as políticas públicas, seus mecanismos e a institucionalização dos

conselhos municipais, seguida pelo foco do estudo em si, qual seja, o levantamento de

aspectos regionais do Estado de Santa Catarina pertinentes ao estudo, à descrição das

estruturas administrativas relacionadas à questão ambiental dos municípios que compõem a

AMFRI e considerações sobre o funcionamento de seus respectivos conselhos municipais de

meio ambiente. Por último, uma análise do funcionamento da questão no município de

Itapema, através da atuação do COMDEMA.

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2 A CONSTRUÇÃO POLÍTICA DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE MEIO

AMBIENTE

Sobre a construção política dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, destaca-se

que estes são o reflexo do estudo de estratégias administrativas para gerir os recursos naturais,

pela criação de instituições que exerciam suas atribuições e competências na definição de

caminhos para a captação de recursos, uma vez que estes eram escassos e traziam conflitos

entre os níveis de governo.

A partir da década de 1970, as estratégias ambientais encontram-se integradas com o

Plano Nacional de Desenvolvimento, momento em que a industrialização cresce de forma

acelerada. E, só assim, com os problemas gerados pela industrialização que aparecem os

prejuízos ambientais, como a poluição dos rios, do solo, etc. Pela aceleração da

industrialização, que no momento era necessária para o crescimento do país, a questão

ambiental acabou ficando com seu objetivo de lado, ou seja, somente era visto como uma

fonte de recursos.

Em 1973 foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) na Conferência

de Estocolmo, que tinha vínculo com o Ministério do Interior incumbido da responsabilidade

de implementar estratégias de aceleramento da economia e, consequentemente, o meio

ambiente poderia esperar. Os estados também tinham competência para legislar a respeito,

mas seguiam as normas do Governo Federal (de crescimento a todo custo).

Com base nas resoluções da Conferência de Estocolmo, foram despertadas

preocupações no sentido de se controlar a poluição e da criação de unidades de conservação.

O crescimento populacional e o saneamento básico (componentes de políticas setoriais de

impacto sobre o meio ambiente) ficaram excluídos desse modelo, constituindo, cada um,

objeto de política própria, não articulada à questão ambiental, o que evidenciou o

desenvolvimento isolado deste setor.

A SEMA tinha seus programas executados de forma descentralizada pelos órgãos

estaduais de meio ambiente nos estados de maior desenvolvimento, e assim, deu-se o ponto de

partida para a estruturação da política de controle de poluição nesses Estados.

Na década de 1980 a Lei Federal 6.938/81 criou o Sistema Nacional de Meio

Ambiente, integrado por um órgão colegiado: o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA). Este colegiado é composto por representantes de ministérios e entidades

setoriais da Administração Federal, diretamente envolvidos com a questão ambiental, bem

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como de órgãos ambientais estaduais e municipais, de entidades de classe e de organizações

não-governamentais. Essa Lei estabeleceu os objetivos, princípios, diretrizes, instrumentos,

atribuições e instituições da política ambiental nacional. Segundo ela, o objetivo principal da

política nacional de meio ambiente era: “a preservação ambiental propícia à vida, visando

assegurar, no país, condições para o desenvolvimento sócio-econômico, os interesses da

segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana” (FEEMA, apud

BREDARIOL, 1999, p. 18). Pela referida lei, no art. 9, incisos III e IV, encontramos alguns

elementos elucidados por ela: a avaliação de impactos ambientais, o licenciamento e a revisão

de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, procedimentos esses ratificados e

assegurados na Constituição Federal de 1988 (art. 225, § 1º, IV) .

Poucos anos depois da criação do SISNAMA, o Presidente José Sarney (1985-1989)

deu início à redefinição da política ambiental brasileira, através da reestruturação dos órgãos

públicos encarregados da questão ambiental. Através do programa Nossa Natureza, foram

unificados a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), a Superintendência

da Borracha (SUDHEVEA), o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e a SEMA

(meio ambiente) em torno de um único órgão federal: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

e dos Recursos Naturais (IBAMA).

A Convenção de Viena (1985) trouxe para o Brasil uma nova visão sobre a questão

ambiental. Essa medida teve seus reflexos no Brasil através da Constituição Federal de 1988,

na qual se explicitava que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades utilizadoras dos recursos ambientais, considerados efetivos ou

potencialmente poluidores, dependeriam de prévio licenciamento por órgão estadual

integrante do SISNAMA sem prejuízo de outras licenças exigíveis2.

O Decreto 99.274 de 1990, que regulamentou a Lei 6938/81 e suas modificações

posteriores, explicava o procedimento para o licenciamento ambiental, prescrevendo que o

prévio licenciamento de atividades e obras utilizadoras dos recursos ambientais seria feito

pelos devidos órgãos estaduais competentes (incluindo o técnico e o político), cabendo ao

CONAMA fixar os critérios básicos exigidos para os Estudos de Impacto Ambiental (EIA).

Os Estudos de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), em cada

caso específico, ficam a cargo do órgão concessor da licença através do chamado Termo de

Referência. Tais estudos são conduzidos por profissionais habilitados, que respondem

legalmente por seus atos.

2 Decreto 99.274/90, artigo 10

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O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu através do avanço tecnológico,

onde se pode notar que a espécie humana necessitava de uma maior atenção para viver em

condições dignas. Aqui se iniciou a discussão dos problemas ambientais globais, e as

organizações não-governamentais internacionais redefiniram a política ambiental, formando

um novo pacto entre as nações a qual gerou a Conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (UNCED-92), também conhecida como ECO-92, que foi

realizada no Rio de Janeiro.

Teve-se a intenção de reunir representantes de todos os países do mundo para discutir

e divulgar a nova concepção de Desenvolvimento Sustentável. Esse evento significou para o

Brasil ter que enfrentar a crise ambiental e, ao mesmo tempo, retomar o desenvolvimento,

fortalecendo a democracia e a estabilidade da economia. O problema do desenvolvimento

deveria ser finalmente resolvido sob uma ótica ambiental e socialmente sustentável. No

período pré Eco-92, as medidas emergenciais foram utilizadas com vistas ao atendimento da

opinião pública internacional. Entre elas, de acordo com Bredariol (1999), podemos citar

algumas como: bombardeio dos campos de pouso dos garimpos, fechamento do poço de testes

nucleares construído na Serra do Cachimbo, demarcação do território Ianomâmi, entre outros.

A preparação para a participação na UNCED-92 através da elaboração do relatório nacional

para a definição das posições brasileiras pela Comissão Interministerial de Meio Ambiente

(CIMA), coordenada pelo Itamarati (Ministério das Relações Exteriores), foi um sinal

significativo de que o tema meio ambiente se tornava matéria importante da política externa

do país. A CIMA coordenou representantes de 23 órgãos públicos para a elaboração do

relatório nacional, com as posições do Brasil para a UNCED-92. Foi criada a Secretaria do

Meio Ambiente da Presidência da República, transformada mais tarde em Ministério do Meio

Ambiente (MMA).

Como resultado das discussões do evento, o controle da poluição industrial e da gestão

do ambiente urbano foi priorizado como uma questão de cidadania local, dos governos locais

e do mercado de crédito e tecnologias. A água que bebemos, o ar que respiramos, a

contaminação dos alimentos que consumimos, o lixo e os resíduos que produzimos, as áreas

verdes e de recreação e lazer ou o silêncio de que desfrutamos agora, seriam problemas do

mercado e da cidadania, a ser provida pelos governos locais (BREDARIOL, 1999).

A Agenda 21 é um processo participativo e democrático pelo qual a sociedade, o

poder público e o setor econômico planejam ações, estabelecem metas e assumem

compromissos visando promover o Desenvolvimento Sustentável, aumentando assim a

qualidade de vida e a autonomia dos grupos e cidadãos. Este foi o principal documento

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resultante da Conferência, onde foi apresentado um rol de programas que podem ser

considerados instrumentos fundamentais para a elaboração de políticas públicas em todos os

níveis e que privilegiavam a iniciativa local. Nela, questões como, Biodiversidade, Mudanças

Climáticas, Águas (doces e oceanos) e Resíduos (tóxicos e nucleares) tornavam-se problemas

do planeta e da Humanidade, assumindo o novo centro da temática ambiental.

Ao longo dos anos 1990, o modelo de política ambiental executado no Brasil entrou

em crise. Por um lado, por não atender à nova pauta da política internacional definida na Eco-

92; por outro, por não atender às demandas de cidadania e de consciência ambiental que se

generalizava. Isso fez com que se evidenciasse, finalmente, a necessidade de redefinição das

opções de política ambiental e do próprio papel do Estado brasileiro (BREDARIOL, 1999). A

criação do IBAMA não consolidou um modelo institucional adaptado aos novos desafios. O

próprio Ministério do Meio Ambiente, segundo Bredariol (1999), vive uma defasagem entre

prática e proposta de política ambiental. Segundo o MMA (1999), a sua proposta consiste em

conceder “especial ênfase à inserção da dimensão ambiental nas decisões de políticas

públicas” e à “introdução da variável ambiental como critério relevante nas decisões de

política econômica e de financiamentos de projetos pelas agências oficiais de

desenvolvimento”.

O MMA trouxe uma alternativa para que, através de parcerias bipartites ou tripartites

entre entidades Estaduais, Municipais e sociedade civil, a política ambiental, bem como sua

gestão, fosse voltada ao planejamento e à execução, pela busca da execução de uma

sustentabilidade ambiental organizada pelos diferentes entes federados. No entanto, segundo

Hageman (apud BREDARIOL, 2001), o MMA quase não dispõe de outros recursos, a não ser

os das agências multilaterais e, mesmo esses, de acordo com Freitas (apud BREDARIOL,

2001), são de difícil utilização, tendo em vista fatores como a rigidez dos financiadores, a

pouca participação da sociedade, a morosidade dos projetos e a necessidade de contrapartidas,

entre outros. Os órgãos estaduais de meio ambiente, por sua vez, tiveram suas estruturas e

bases legislativas ampliadas.

A Constituição de 1988 garante que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é

bem de uso comum do povo e cabe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Exercendo a competência de defender o meio

ambiente conforme prevê a Constituição de 1988, as prefeituras de grandes e médias cidades

vêm procurando estruturar secretarias, departamentos e conselhos de meio ambiente que

possam atender às denúncias e solicitações da população reclamante, assumindo,

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gradativamente, as atribuições antes pertinentes aos órgãos estaduais de meio ambiente ou ao

IBAMA.

Em 1998, foi aprovada a Lei de Crimes Ambientais no Brasil, uma das mais avançadas

do mundo. Condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente passaram a ser

punidas civil, administrativa e criminalmente. A Lei não trata apenas de punições severas: ela

incorpora métodos e possibilidades de não aplicação das penas, desde que o infrator recupere

o dano ou, de outra forma, pague sua dívida à sociedade. Esperou-se com esta Lei que os

órgãos ambientais e o Ministério Público pudessem contar com um instrumento a mais que

lhes garantiria agilidade e eficácia na punição dos infratores do meio ambiente.

Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, África do Sul, a Conferência Ambiental Rio

+10. Essa conferência objetivou dar continuidade à discussão iniciada pela ECO-92. A

discussão incidiu sobre ações mais voltadas à erradicação da pobreza, à globalização e às

questões energéticas, tais como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o

Protocolo de Kyoto, bem como às mudanças climáticas, entre outros. A Rio +10 reconheceu

a importância e a urgência da adoção de energias renováveis em todo o Planeta e considerou

legítimo que os blocos regionais de países estabelecessem metas e prazos para cumpri-las.

Porém, não conseguiu fixá-las para todos os países, o que foi uma derrota, atenuada apenas

pela decisão de que o progresso na implementação de energias renováveis seja revisto

periodicamente pelas agências e instituições especializadas das Nações Unidas, abrindo

caminhos para futuras negociações (GOLDEMBERG; BARBOSA, 2004).

A Conferência Rio +10, realizada em 2008, trouxe alguns avanços às políticas

ambientais: definiram-se compromissos com relação à ampliação do saneamento básico no

mundo e a redução do desmatamento; iniciou-se a restauração dos estoques pesqueiros, além

de haver sido criado um novo sistema de gerenciamento de produtos químicos. Também

houve progressos em relação ao combate à pobreza e, embora os Estados Unidos tenham

mantido a decisão de não assinar o Protocolo de Kyoto, Rússia e Canadá garantiram sua

adesão ao documento que estabelece o controle da emissão de gases poluentes na atmosfera3.

Para as organizações não-governamentais e os ambientalistas, no entanto, a

Conferência foi um fracasso. Na análise de Frank Guggenheim (2008), diretor-executivo do

Greenpeace, a participação do Brasil na Rio + 10 foi marcada pela contradição: o país calou-

3 American Chamber of Commerce for Brazil. “Os impactos da Rio+10 na política ambiental brasileira” . Disponível em <http://www.amchamrio.com.br/servicos/publica/bb/bb1002/Capa1.htm> . Consultado em Março 2008.

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se sobre os novos projetos nacionais de hidrelétricas e usinas nucleares, enquanto defendeu a

meta mundial de 10% de energia proveniente de fontes renováveis até 2010.

Sendo assim, a política ambiental brasileira propriamente dita se desenvolveu de forma

tardia em relação às demais políticas setoriais do país e em função das pressões externas dos

países desenvolvidos. Segundo Rigotto (2002), se partirmos de uma visão sócio-ambiental

integradora das diferentes dimensões da relação entre sociedade e natureza, devemos

desenvolver uma compreensão ampla das repercussões ambientais sobre a vida social,

particularmente dos efeitos das transformações ambientais sobre a saúde da população em

geral.

No entanto, não foi isso o que aconteceu no caso do Brasil desse último século. A

política ambiental brasileira não foi abordada, na prática, sob uma ótica integrada às demais

áreas com ela relacionadas, como as de saúde e de saneamento, por exemplo. Essas áreas, que

foram alvo de políticas setoriais próprias, exercem e sofrem impactos extremamente visíveis

sobre o meio ambiente. Para se ter uma idéia, o lançamento de esgoto a céu aberto, segundo

pesquisas do IBGE, a degradação ambiental mais freqüente nas cidades brasileiras, o que

gera, por conseqüência, um impacto negativo.

A política ambiental ideal seria aquela que incorporasse as diversas dimensões da vida

humana em sociedade, o que inclui as suas dimensões sociais, ambientais, políticas e

econômicas. O planejamento deve assim orientar-se em torno do princípio de

sustentabilidade, entendido aqui como o principio que fornece as bases sólidas para um estilo

de desenvolvimento humano que preserve a qualidade de vida da espécie no planeta. A

dimensão ambiental deve, por isso, integrar de forma relevante a política de desenvolvimento

das nações em geral. A adoção da perspectiva ambiental significa reconhecer que todos os

processos de ajuste setorial e de crescimento estão condicionados pelo entorno biofísico local,

nacional e global. Deve, portanto, ser combinada com outras perspectivas críticas baseadas na

preocupação com os direitos humanos, com os valores da autonomia nacional e da identidade

cultural dos povos a que se referirem.

2.1 Os conselhos municipais e sua institucionalização

A organização da sociedade civil em conselhos não é uma ocorrência histórica recente,

tanto que em Portugal estes surgiram entre os séculos XII e XV, servindo como uma forma de

política administrativa e organizando as colônias ou comissão de moradores que já exerciam

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sua forma de participação. Foi fundamental durante o período da Revolução dos Cravos

(ESTEVÃO, 1993).

Esta experiência nos mostra como as lutas populares por seus direitos vem de tempos

atrás e, esta em especial, nos mostra a gestão da coisa pública pelos próprios demandatários.

Foi considerada uma luta histórica, onde os oprimidos lutavam por seus direitos e por sua

emancipação econômica, política, social e cultural, buscando um poder autônomo,

descentralizado com autonomia e autodeterminação que, por um lado, conseguiram em

período de tempo reduzido com a Comuna.

Os conselhos dos Soveites Russos nasceram em São Petesburgo em 1905, sendo

recriados e ganhando força total em 1917, com a Revolução Socialista. Deste marco histórico,

surgiram intelectuais revolucionários, operários e soldados, todos lutando por uma vida social

melhor. Surge então o repasse de tarefas aos sindicatos pelo poder estatal, para tentar entrar

em acordo com a sociedade civil, que vinha na busca de melhorias para saúde e segurança

pública (GOHN, 2001).

Na Alemanha, os conselhos surgiram em 1918 com a crise geral institucional. Foi

Rosa Luxemburgo que trouxe a cultura dos conselhos para a Alemanha. Os conselhos alemães

eram órgãos de autogestão4 da produção e auto-administração da população, e isto se dava

pelo fato de que as empresas não eram unidades de produção e sim células sociais. Desta

forma, os conselhos eram geridos por regras jurídicas, podendo seus atos serem revogáveis e

suprimirem as diferenças entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, ao criarem os

tribunais populares. Eles tratavam dos interesses dos funcionários, lutavam por melhorias nas

condições de trabalho, na busca de melhores salários, e tinham o objetivo de quebrar as

escalas hierárquicas (controlavam os preços e tinham controle sobre a especulação) (GOHN,

2001).

Na Itália, Gramsci (1981) via os conselhos operários como conselhos de fábrica, com

alternativas possíveis de participação popular, formas modernas de organização, encontradas

em condições de divisão de trabalho avançadas, com a indústria e a urbanização

desenvolvidas.

4 Autogestão é quando um organismo é administrado pelos seus participantes em regime de democracia direta. Em autogestão, não há a figura do patrão, mas todos os empregados participam das decisões administrativas em igualdade de condições. Em geral, os trabalhadores são os proprietários da empresa autogestionada.

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Na Espanha os conselhos operários surgiram um pouco mais tarde, entre 1934-1937, e

o movimento operário já estava associado ao anarco-sindicalismo5. Aqui neste período surge

a Federação Anarquista Ibérica (FAI), que veio com inovações, trazendo as colunas6, com

formação de voluntários para disseminar suas idéias (GOHN, 2001).

Na Hungria, no pós-guerra, os conselhos foram criados como estratégia de defesa,

atuando em várias frentes operárias, tomando o poder. Na Polônia, os conselhos não tinham

muita força, eram como porta vozes dos operários lutando por menos burocracia e mais

democracia.

Na Iugoslávia foi onde os conselhos deram mais certo, estes surgidos associados à

autogestão, tendo como ponto de origem a criação espontânea de comitês de libertação após a

2º Guerra Mundial (VALADARES, 1983).

Já nos EUA, a experiência dos conselhos foi diferente, o interesse era das

comunidades mais carentes, que lutavam por seus direitos. O sistema era uma combinação de

democracia direta com princípios da representação por intermédio de delegados. Ex. a

comunidade negra do Harlem constituiu uma forma de representação com indivíduos da sua

localidade. Foram criados grupos, e cada um lutava pelas suas necessidades, impulsionando o

desenvolvimento comunitário. Surge “A meta da Frontier7, que de certa forma forçava o

governo a realizar as reivindicações da localidade. (VALADARES, 1983).

Nascia a organização de pessoas em busca de melhores condições de vida, lutando por

seus interesses. Mas os conselhos tornaram-se mais famosos na história por terem

influenciado a Comuna de Paris, que foi um fato muito interessante na história, pois a França

foi governada por dois meses em 1971 por uma autogestão operária por meio de conselhos

populares, que fixavam salários, jornada de trabalho, escolha das chefias. Segundo

Hobsbawm (1992), foi um governo insurrecional de trabalhadores em uma única cidade e foi

importante não apenas por aquilo que realizou ou que anunciou; era mais admirável enquanto

símbolo.

No Brasil, os conselhos surgiram no Século XX e foram implantados de três formas:

5 Anarco-sindicalismo é a forma anarquista do sindicalismo. Os Anarco-sindicalistas acreditavam que os sindicatos poderiam ser utilizados como instrumentos para mudar a sociedade, substituindo o capitalismo e o Estado por uma nova sociedade democraticamente autogerida pelos trabalhadores. 6 Colunas - Tratava-se de voluntários que traziam idéias inovadoras e colocavam em prática por serem independentes do poder estatal, geriam as zonas rurais com poder e autoridade, mas ouviam as necessidades da localidade. 7 Meta de Frontier - trazer para as bases o processo de tomada de decisão e forçar os governantes, nas esferas federais, estaduais e municipais a resolverem os problemas de interesse local.

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1. Criados pelo próprio poder público executivo: serviam como mediadores dos reais

problemas, atuando junto à administração municipal ao final dos anos de 1970 (GOHN,

1990);

2. Populares: funcionavam como uma ponte entre as comunidades e o poder público.

Tratavam-se de conselhos populares ao final dos anos de 1970 e parte de 1980

(URPLAN, 1984; GOHN, 1990).

3. Institucionalizados: participavam da gestão, através de leis e pressões da sociedade civil

por assuntos como os de interesses setoriais (GOHN, 1995).

Os conselhos foram criados com a intenção de se construir um espaço de discussão e

negociação dos problemas e demandas educacionais, de saúde pública, bem como

socioambientais, entre outros. Eles assumem o papel de espaço público, onde os órgãos

públicos em conjunto com a sociedade discutem os problemas relacionados com o local. Na

área da saúde, os conselhos estão bem estruturados e buscam melhorias na forma de verbas

diretamente ao Ministério da Saúde. No que diz respeito ao meio ambiente, as ações estão

sendo discutidas em conjunto com a sociedade através dos conselhos, em busca de

sustentabilidade para, somente depois, buscarem verbas.

Podemos verificar algumas diferenças entre os conselhos, como no que diz respeito à

composição, em que se deve seguir a legislação e impõe o respeito ao princípio da paridade

entre o Estado e a Sociedade, para que ocorra equilíbrio nas decisões. Por ser definida como

atividade de relevância pública, a função de conselheiro não é remunerada, a única exceção se

faz ao membro do conselho tutelar. As reuniões do conselho devem sempre ser abertas à

comunidade, que não tem, contudo, direito a voto8 (GUIA DO CONSELHEIRO DO

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Dados do Conselho Nacional de Saúde, produzidos no ano de 1999, apontam para a

existência de 45 mil conselheiros de saúde nas três esferas de governo, número este elevado,

todavia, não se sabe se esta é uma quantia suficiente quando consideradas as dimensões

territoriais brasileiras e suas particularidades. Por isso, as observações devem ir além,

considerando que o estudo de Tatagiba (2002) sobre os conselhos de meio ambiente no Brasil

revelou que os representantes governamentais possuem um vínculo frágil entre o

representante e sua instituição, defendendo suas próprias opiniões, e as instituições não sabem

o que acontece no conselho e vice-versa, isso porque as pessoas destinadas a participarem não

8 Cada conselho possui seu regimento interno que, sendo aprovado pela plenária, é encaminhado ao chefe do poder executivo para sua sanção através de decreto.

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tem entendimento, muito menos poder de decisão. Já os representantes não-governamentais

possuem uma fragilidade em relação à instituição, sendo necessária a capacitação dos mesmos

para que saibam o que esta sendo deliberado. Aqui encontramos dificuldades de como

instituir as políticas públicas de forma satisfatória e eficaz.

Diante disso, é necessário se perguntar, principalmente no caso dos conselheiros:

como conseguir fazer que esse espaço cumpra seu papel, o de propor políticas públicas se ele

parece ter mais limitações do que potencialidades?

A lei de criação dos conselhos de saúde é distinta dos demais conselhos por prever a

representação paritária dos usuários em relação aos demais segmentos9.

A criação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) veio contemplar anseios de

grande mobilização social em defesa dos direitos da criança e adolescente, que desde o final

da década de 1970 levantou a bandeira do atendimento integral e do engajamento da

sociedade nestas políticas.

No que diz respeito ao meio ambiente, a consciência ambiental teve mais força a partir

dos anos 1980, ouvíamos muito se falar em economia de água em países da Europa, pois um

dia este recurso natural iria ter fim e hoje temos consciência que teremos de economizar para

que este recurso não se extinga.

Os interesses que levam as entidades a disputar assento nos conselhos são os mais

variados, assim como a própria noção do que seja participar na formulação das políticas. Para

Forest (2010):

A busca do desenvolvimento sustentável para nossas cidades, pressupõe novas formas de gestão do espaço urbano, com base em políticas públicas, levando-se em conta que a execução das políticas públicas não é só atribuição do poder público e de organizações civis, todos devem entrar nesta luta.

Para muitos representantes da sociedade civil, estar nos conselhos é uma forma de

conseguir mais recursos para suas entidades (o que não deixa de ser importante), e não uma

forma de construir coletivamente o que seria o interesse público em cada área específica.

Buscar heterogeneidade na composição, respeito à diferença e capacidade de construir

adesões em torno de projetos específicos, parecem ser condições necessárias tanto para dotar

de eficácia as ações dos conselhos como para ampliar seu potencial democrático

(TATAGIBA, 2000 ; DAGNINO, 2002).

9 Não ocorrendo a homologação das resoluções do conselho de saúde, por parte do executivo, estas devem ser encaminhadas ao Ministério Público.

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Nesta última década há uma crescente multiplicação de processos que são emitidos

para discussão nos conselhos com a participação dos cidadãos. Contudo, a percepção que se

tem é de que ainda grande parte conselhos detém importância pelo fato de legitimarem os

interesses do governo. Espera-se que, no futuro, os conselhos deixem de lado o papel de

legitimadores e passem a fazer parte da tomada de decisões, julgando o que pode ser melhor

ou pior para a sociedade.

É necessário que a sociedade busque uma política pública mais institucionalizada,

formando seus conselheiros e mostrando os caminhos a serem seguidos pela sociedade em

geral. Em alguns casos, temos com exemplo o debate e a discussão nos conselhos dos prós e

contras à implantação de empresas que trazem emprego para o município, mas que, ao mesmo

tempo, causam prejuízos para o meio ambiente, bem como a normatização da legislação

municipal.

2.2 O Significado da participação social

A participação social teve sua reestruturação pré-estabelecida com o Governo Geisel

em 1974, o qual se prolongou como o primeiro presidente civil em 1985, e com a Constituinte

de 1986, porém se concretizou com a promulgação da Constituição de 1988.

Foi com a Constituição de 1988 que a democracia e a participação social tiveram seu

início, com o intuito de abrir espaços de gestão compartilhada entre os entes federados e a

sociedade civil. Foi desta forma que surgiram os primeiros conselhos municipais, estaduais e

federais para em comum acordo com a sociedade civil deliberassem sobre políticas públicas

que abrangessem a população em geral.

A participação é a luta de uma sociedade por melhorias, tanto nas localidades, quanto

nas empresas. A formação da participação existe em todas as classes sociais e não deixa de ser

a luta pela democratização da sociedade brasileira.

Participação é um dos cinco princípios da democracia. Herbert de Souza (2005)

descreve que, sem a participação, não é possível transformar em realidade nenhum dos outros

princípios: igualdade, liberdade, diversidade e solidariedade. Nesse sentido, a participação

não pode ser uma possibilidade aberta apenas a alguns privilegiados, mas sim efetiva,

acessível a todas as pessoas. Ele também afirma que é preciso que ela assuma formas de

participação na vida da família, da rua, do bairro, da cidade, na escola e no próprio país. A

participação é um direito estendido a todos, sem critérios de gênero, idade, cor, credo ou

condição social.

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Ela ainda pode ser vista de diversas maneiras, bem como com significados diferentes

como a liberal, a autoritária, a revolucionária e, por fim, a democrática, conforme as

definições abaixo (GOHN, 2001):

• A liberal é aquela que assegura a liberdade individual. É o fortalecimento da sociedade

civil e ela não tem o interesse de participar da vida e das decisões do Estado, mas sim, de

evitar que o Estado extrapole em suas decisões. A sociedade quer expressar sua vontade

antes que as decisões sejam tomadas, ela objetiva reformar a qualidade democrática sem

impô-la, mas tornando-a um instrumento de satisfação das necessidades humanas.

• A corporativa, como o próprio nome já diz, não é movida pelo interesse particular, mas

pelo bem comum, que move os indivíduos a participarem, trazendo a democracia para as

organizações.

• A Comunitária é a integração, ou a busca de uma fusão entre as comunidades sociais e o

próprio Estado, através de órgãos deliberativos e administrativos, tornando-se de certa

forma institucionalizados.

• A forma Autoritária é aquela que tem o controle, tanto da sociedade como do estado. Elas

tentam limitar, restringir e até desestimular a participação.

Durante os anos de 1980 no Brasil, em gestões partidárias (neste caso específico do

PMDB), as participações corporativas e comunitárias foram vistas como um paradigma

liberal, pois se alimentavam da mesma vertente. Ambas entendem a participação como um

movimento espontâneo do indivíduo, em que não se colocam as questões das diferenças de

classe, raças, etnias. (GOHN, 2001).

Para Samuel Huntington, citado por Herbert de Souza (2007):

[...] um ideólogo conservador americano, dizia que o excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele, quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir e consolidar a democracia.

No Dicionário de Política, Bobbio, Mateucci e Pasquino (1998) definem autoritarismo

como: O adjetivo "autoritário" e o substantivo autoritarismo, que dele deriva, empregam-se especificamente em três contextos: a estrutura dos sistemas políticos, as disposições psicológicas a respeito do poder e as ideologias políticas. Na tipologia dos sistemas políticos, são chamados de autoritários os regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de

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um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas. Nesse contexto, a oposição e a autonomia dos subsistemas políticos são reduzidas à expressão mínima e as instituições destinadas a representar a autoridade de baixo para cima ou são aniquiladas ou substancialmente esvaziadas. Em sentido psicológico, fala-se de personalidade autoritária quando se quer denotar um tipo de personalidade formada por diversos traços característicos centrados no acoplamento de duas atitudes estreitamente ligadas entre si: de uma parte, a disposição à obediência preocupada com os superiores, incluindo por vezes o obséquio e a adulação para com todos aqueles que detêm a força e o poder; de outra parte, a disposição em tratar com arrogância e desprezo os inferiores hierárquicos e em geral todos aqueles que não têm poder e autoridade. As ideologias autoritárias, enfim, são ideologias que negam de uma maneira mais ou menos decisiva a igualdade dos homens e colocam em destaque o princípio hierárquico, além de propugnarem formas de regimes autoritários e exaltarem amiudadas vezes como virtudes alguns dos componentes da personalidade autoritária.

A participação revolucionária é quando acontece uma mudança brusca, ou injustiças

sociais, e a sociedade civil busca trazer o equilíbrio, reconstruir a forma democrática antiga,

ou o que os revolucionários acharem justo, mesmo muitas vezes não sendo a realidade social

de um povo.

A participação democrática consiste em superar as desigualdades sociais e regionais,

instaurando um regime democrático que realiza a justiça social com a participação popular.

Isto ocorrerá com a participação da sociedade em audiências públicas para resolverem

problemas de uma coletividade com que o Estado liberal sempre trabalhou, ou seja, participar

antes da tomada de decisão.

O que se pode verificar, perante as definições expostas, é que nos dias de hoje a forma

de participação que mais diz respeito aos problemas sociais é a participação democrática e

podemos ver que é a que aplicamos, pois trata das desigualdades sociais com justiça e

participação da sociedade, buscando resolver os problemas não só do Estado, mas também da

localidade, trazendo o bem estar e efetivando a política pública.

A participação da sociedade na elaboração da Constituição de 1988 é uma grande

demonstração da forma democrática. Pela primeira vez na história brasileira, a sociedade

participou ativamente da elaboração da nova Constituição através de seminários, debates

públicos e propostas de emendas populares que colheram milhões de assinaturas por todo o

País. Em reação ao governo Collor de Mello (1990-1992), a sociedade se mobilizou

novamente através do Movimento Pela Ética na Política, que culminou no processo de

impeachment do presidente. Em 1992, em reação à corrupção estabelecida no

desenvolvimento do Orçamento, foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito que

apurou vários escândalos e, pela primeira vez, também revelou a importância fundamental da

discussão do orçamento para o processo democrático (HERBERT DE SOUZA, 2005).

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Alguns autores analisam a participação nos problemas que a população brasileira

enfrenta. Suas idéias podem ser visualizadas pelo esquema abaixo:

Dallari (1984) Entre as mais eficientes formas de participação

política estão os trabalhos de

conscientização e de organização.

Pateman (1992)

Pseudo participação (quando há somente

consulta).

Gohn (1990; 2001) Necessidade de

aprimoramento do foco sobre a atuação, para se

extraírem conclusões sobre sua efetividade e

eficácia.

Arretche (1998) Discussão da capacidade institucional; construção

dessa capacidade em contextos democráticos

ou vias de democratização;

concepção democrática da participação, sendo que a qualidade deverá

influir decisivamente no grau da democracia

constituída.

Draibe (1998) Melo (2003)

Preocupação com os condicionamentos

institucionais sob os quais se dá a prática da gestão pública; nível de participação e influência

dos atores.

Gohn (2001) A experiência

participativa pode resultar em cidadãos

ativos, politizados, com visão crítica da

realidade, conhecedores das causas e origens dos

problemas.

Melo (2003): O grau de eficácia e efetividade das ações depende do nível de legitimidade e representatividade dos membros; disponibilidade de recursos; grau de compromisso e; capacidade de acomodação de conflitos entre os atores envolvidos.

Figura 01: Diagnóstico esquemático sobre a participação nos problemas que a população brasileira enfrenta

Fonte: Elaborado pela autora

Pela análise da Figura 01, podemos perceber que a participação da população nos

processos decisórios é fundamental quando se abordam problemáticas voltadas aos

mecanismos democráticos e suas implicações sociais, sobretudo quando estas envolvem a

utilização dos recursos públicos.

2.3 A democratização nos espaços públicos

Esta foi à forma que o povo encontrou de participar democraticamente das decisões

tomadas pelo Estado. No início, esta democratização não teve muito espaço, porém, com o

passar dos anos, tornou-se um direito de todo cidadão, até porque a globalização obrigou as

administrações públicas a se tornarem mais eficazes, modernas, fazendo com que estejam

voltadas ao interesse geral, e não somente a alguns grupos econômicos. Para isto Cunill Grau

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(1997) “concentra sua atenção no público não-estatal enquanto controle social e propõe a

idéia da ‘publificação’10 da administração pública, ou seja, torna pública uma administração

que, na prática, atenda a interesses privados”. Os cidadão solicitam muito um Estado com

mais eficiência e menos burocracias, mas isto não depende somente de sua estrutura, e sim do

setor privado, ou seja, a natureza e extensão da intervenção estatal dependerão desta vontade.

E, com isto, surge a Reforma Gerencial Democrática de Luis Carlos Bresser Pereira (1998),

que tenta de certa forma modernizar o Estado, trazer a realidade que se vive e os anseios que a

população busca. Com a democratização, muitos grupos da sociedade civil se formaram como

ONGs, Fundações, Associações etc., sempre voltadas por uma luta de melhorias para todos os

cidadãos e, sem dúvida, para o desenvolvimento do País.

Segundo Bresser Pereira (1998), a crise no Brasil foi um caso paradigmático, pois

houve uma estagnação de renda e uma alta inflação no período de 1979 a 1994, crise esta

estabilizada somente com o plano real, momento em que o Brasil voltou a se firmar. Neste

período, o país passou por várias crises democráticas, e uma delas foi a da autonomia do

gestor público, que lutava por maior poder decisório, não ficando somente atrás do balcão

recebendo ordens. Só a descentralização trouxe ao Brasil mais autonomia.

Nesses parâmetros, o gestor público consegue esta autonomia através de um processo

de legitimação, derivado de competência técnica. Assim, na medida em que os gestores

assumem papéis estratégicos e conseguem sobreviver, sua autonomia tende a crescer, pois

existe a capacidade deles “falarem mais alto”, uma vez que são técnicos e não políticos, o que

não deixa de ser na verdade uma autonomia inserida, como destaca Peter Evans (1995 apud

BRESSER PEREIRA, 1998, p. 159-160): A organização interna dos Estados desenvolvimentistas chega muito perto daquilo que se convencionou chamar burocracia weberiana. Recrutamento seletivo meritocrático11 e recompensas de carreira no longo prazo criam compromisso e um sentido de coerência corporativa. Coerência corporativa dá a esses aparelhos uma espécie de “autonomia”. Eles não são, todavia, insulados da sociedade como Weber sugere que deveriam ser. Pelo contrário, eles estão inseridos em um conjunto concreto de relações que ligam o Estado à sociedade e fornecem os canais institucionais para a contínua negociação dos objetivos políticos.

A Reforma do Estado trouxe muitas alterações para que o mesmo se tornasse mais

eficaz, menos moralista, burocrático, descentralizado e com uma participação popular mais

10 Publificação neste caso refere-se à necessidade de combater os interesses privados. 11 Meritocrática é a forma de governo baseado no mérito. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento, e há uma predominância de valores associados à educação e à competência.

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democratizada. De acordo com Tabagita (2000) os conselhos gestores de políticas públicas

constituem uma das principais experiências democráticas no Brasil.

A Constituição de 1988 inaugura o momento em que a democracia começa se

reconstruir no país, e esta reconstrução se dá de modo inovador, ao prever a inserção da

sociedade civil na deliberação das políticas públicas, com a criação de espaços de gestão

compartilhada entre os executivos federal, estadual e municipal, e a sociedade civil, nos

conselhos gestores federais, estaduais e municipais.

Neste sentido, a preocupação é de focalizar o processo de abertura à participação da

sociedade civil, que ocorre com a criação dos conselhos gestores municipais de políticas

públicas. Esta reforma democratizou muito a formação dos conselhos, uma vez que abriu para

a sociedade civil a tomada de decisões do público. Estamos investigando o formato que, na

prática, estabelece relações nesses espaços híbridos e possam ser consideradas, enquanto

democráticas, inclusivas e promotoras de uma participação efetiva, analisando tendências,

dando ênfase às regularidades e algumas das especificidades encontradas nos formatos de

participação, que se tem observado nestes conselhos.

A fim de realizar o exercício de compreensão a respeito da democracia que se coloca

em construção no país, toma-se como objeto de estudo, a análise das relações estabelecidas

entre sociedade civil e executiva local, nos conselhos gestores municipais obrigatórios,

passando pelas tensões que envolvem instituições e práticas políticas, permeadas pela cultura

política local.

2.4 Institucionalização de alguns conselhos12

2.4.1 Trabalho e Emprego

A Confederação Brasileira de Trabalho (CBT) foi criada em 1912 durante um

congresso operário, que reivindicava melhores condições para os operários, como jornada de

oito horas, semana de seis dias, indenização por acidente de trabalho, direitos para as

mulheres, idosos e crianças, salário mínimo, etc. Porém somente em 1918 que realmente foi

regulamentado o Departamento Nacional do Trabalho pelo Dec. nº. 3.550, do então

Presidente Wenceslau Braz P. Gomes.

12 As leis, decretos e portarias citados ao longo deste tópico foram consultados em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/>, Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil – Presidência da República.

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O Conselho Nacional do Trabalho (CNT) somente foi instituído após muita luta em

1923, através do Dec. nº. 16.027, assinado pelo então presidente Artur Bernardes. Com

caráter consultivo, tinha poderes públicos referentes à organização do trabalho e previdência

social, devendo também exercer os trabalhos de conciliação e arbitragem. Porém, em 1928,

surgiu o Dec. nº. 18.074, tornando-o consultivo e deliberativo (apesar de já ser consultivo, não

exercia funções de julgador).

A partir deste momento, o CNT passa a estudar os assuntos de cunho social,

respondendo aos quesitos do Estado e da União. Ele passa a fiscalizar, normatizar, bem como

deliberar entre empresas e funcionários, servindo como mediador. Porém, foi na década de

1930 que o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio através da Era Vargas, fez com que

o CNT funcionasse realmente como um tribunal de embargos, órgão julgador e deliberador,

por meio de seu Pleno, sendo que a Justiça do Trabalho somente foi institucionalizada em

1939, com os decretos nº. 1.237 e 1.346, iniciando suas funções como órgão do Poder

Judiciário somente em 1946, com a nova Constituição.

Sendo assim, vários decretos entraram em vigor e vieram para melhorar a estrutura da

hoje Justiça Trabalhista. O último decreto, nº. 6.341/2008, fez a última alteração na

nomenclatura de Delegacias Regionais do Trabalho para Superintendências, que passaram a

ser competentes pela execução, supervisão e monitoramento de todas as ações relacionadas às

políticas públicas ligadas ao Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo com a legislação

trabalhista existente no Brasil é que as crises puderam ser superadas, e até os dias de hoje o

CNT busca melhorias e igualdades de condições, dando ao empregado uma vida de trabalho

justa e digna, o que todo cidadão espera.

2.4.2 Saúde

A criação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) deu-se com a Lei nº 378, de 13 de

janeiro de 1937, que modificou o Ministério da Educação e a Saúde Pública. Neste período,

somente eram discutidas questões internas. Nesta época, o Estado nem sequer oferecia

assistência médica, a não ser em casos especiais, como tuberculose, hanseníase e doença

mental.

Com a formação do Ministério da Saúde e sua separação do Ministério da Educação, o

CNS foi regulamentado pelo Decreto 34.347, de 8 de abril de 1954, com a função de assistir

ao Ministro de Estado na determinação das bases gerais dos programas de proteção à saúde.

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Já o Decreto n º 847, de 5 de abril de 1962, definiu que o “Conselho teria a finalidade

de assistir o Ministro de Estado da Saúde, com ele cooperando no estudo de assuntos

pertinentes a sua pasta”. Em um segundo momento, a atuação do Conselho é ampliada pelo

novo decreto, nº. 67.300, de 30 de setembro 1970, pois a promoção, proteção e recuperação

da saúde pública passam a ser discutidos. Nessa fase, cabe ao Conselho "examinar e emitir

parecer sobre questões ou problemas relativos à promoção, proteção e recuperação da saúde,

que sejam submetidos à sua apreciação pelo Ministro de Estado, bem como opinar sobre

matéria que, por força de lei, tenha que ser submetida à sua apreciação".

Na década de 1970 surgiu com grande força o movimento de reforma sanitária, grupo

responsável por discussões importantes como integralidade, descentralização e

universalização. Nesse período, aumentou o conjunto de análises e interpretações

responsáveis por grandes mudanças na saúde pública do País. Começam as primeiras

manifestações importantes para o crescimento do controle social no Brasil.

Em 1987, foi publicado o Decreto nº 93.933, dispondo sobre a organização e

atribuições do CNS, com funções normativas e de assessorar o Ministro de Estado da Saúde.

As Conferências de Saúde foram importantes para a democratização do setor. Em 1986,

aconteceu a 8º Conferência Nacional de Saúde, e o relatório final serviu como subsídio para

os deputados constituintes elaborarem o artigo 196 da Constituição Federal “Da Saúde”. A

partir da promulgação da Constituição, em 1988, a saúde ganhou rumos diferentes com a

criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A participação da comunidade na área da saúde foi

uma conquista do povo brasileiro.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a participação popular, ao lado

da descentralização das ações e políticas públicas de saúde e da integralidade da assistência,

passou a ser valorizada e percebida como de fundamental importância para a construção de

um modelo público de saúde.

A Lei 8.142 de 1990 dispõe sobre a “[...] participação da comunidade na gestão do

Sistema Único de Saúde (SUS), as transferências intergovernamentais de recursos financeiros

na área da Saúde e dá outras providências, instituiu os conselhos e as conferências de saúde

como instrumentos do controle social”, através dos quais deve acontecer a participação dos

diversos segmentos da sociedade, ao lado do governo, no acompanhamento e na definição de

políticas públicas de saúde.

Esses instrumentos ou instâncias colegiadas do SUS, presentes em cada esfera de

governo, foram criadas para que a sociedade civil fosse ouvida e, acima de tudo, respeitada.

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Logo a participação nesses Conselhos e Conferências constituiu-se um direito e um dever de

cidadania.

Assim, novos rumos foram atribuídos à saúde, regulamentados pela Lei nº 8.080, de

19 de outubro de 1990. No mesmo ano, a promulgação da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro,

garantiu a participação da sociedade na definição, acompanhamento da execução e

fiscalização das políticas de saúde. Esta lei reparou os vetos do Poder Executivo à Lei nº

8.080, nos artigos relacionados ao controle social. Essa legislação fixou quatro segmentos na

composição do CNS: usuários, trabalhadores da saúde, gestores (governo) e prestadores de

serviço de saúde.

A aprovação da Resolução 33 em 1992, reafirmando a paridade na composição dos

Conselhos de Saúde, trouxe aos conselheiros nacionais a convicção de que essa legislação

também deveria orientar a composição do CNS.

2.4.2.1 O Funcionamento do Conselho de Saúde

O Conselho de Saúde é um órgão colegiado composto por representantes do governo,

prestadores de serviço profissionais de saúde e usuários. Atua na formulação de estratégias e

no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos

aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder

legalmente constituído em cada esfera do governo (art. 1o. § 1o., da Lei 8.142/90).

É instrumento de legitimação do SUS, representando uma forma nova de pensar e de

contribuir para implementar as políticas de saúde, por expressar a convivência e a busca de

consenso entre diferentes pontos de vista, sendo que a mediação dos mesmos deve obedecer

aos princípios e diretrizes do SUS. Também é considerado um instrumento de construção da

democracia e do exercício da cidadania.

2.4.2.2 As Conferências de Saúde

As Conferências de Saúde nada mais são do que a reunião destes representantes a cada

quatro anos de forma paritária e periódica13, com a intenção de representar segmentos sociais

para avaliar a situação da saúde e propor as diretrizes para a formulação da política nos níveis

13 Em nível Federal de 04 em 04 anos e, em nível Estadual e Municipal, de 02 em 02 anos.

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correspondentes, sendo convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou

pelo Conselho de Saúde (art.1o, § 1o, da Lei 8.142/90).

Este tema foi detalhado, conforme deliberação da IX Conferência Nacional de Saúde,

com a resolução CNS nº. 33/92 a qual disciplina a composição de Conselhos e Conferências

de Saúde o que segue: 50% de usuários; 25% de trabalhadores de saúde; 25% de prestadores

de serviços (público e privado).

Sem dúvida nenhuma caracterizou uma grande conquista para o Brasil e, de acordo

com o pensamento de Renilson Rebem de Souza e Paulo Eduardo M. Elias14 a participação da

comunidade no SUS que consta expressa na Constituição Federal de 1988 e regulamentada

por Lei por meio dos conselhos e Conferências de Saúde, é um dos fundamentos da

designação da Carta como Constituição Cidadã.

De fato, a construção e consolidação da saúde como direito garantido por um

compromisso do Estado só se efetivará adequadamente com a mobilização da cidadania

comprometida com os valores republicamos e práticas democráticas que se aperfeiçoam,

ampliam e solidificam pelo exercício contínuo.

2.4.3 Meio Ambiente

A política ambiental foi alicerçada pela Constituição de 1988 e os Municípios hoje,

tem sua independência e autonomia em relação ao Estado. Quando os impactos ambientais

extrapolam a área município-sede do empreendimento, é competência do órgão estadual

articular diligências entre os municípios envolvidos, para adoção dos procedimentos de

controle necessários.

Os municípios brasileiros enfrentam dificuldades para preservação e fiscalização do

meio ambiente, bem como a institucionalização dos Conselhos de Meio Ambiente. Existe

dificuldade na implantação da legislação ambiental, sendo que os recursos são encaminhados

para uma conta fundo a qual irá gerir a arrecadação das ações ambientais.

A iniciativa da Política Ambiental do Poder Público Local é deficitária, pois existem

desafios a serem superados como a capacitação de pessoal, a implementação da política de

desenvolvimento urbano, bem como a integração das demais políticas, social, educacional,

habitacional, entre outras. A busca do desenvolvimento sustentável para nossas cidades

14 Presidente e Coordenador da 5º. Conferência Estadual de Saúde, São Paulo, 2007.

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pressupõe novas formas de gestão do espaço urbano, com base em políticas públicas, levando-

se em conta que a execução dessas políticas é atribuição do poder público, bem como das

organizações civis.

Para situar o surgimento dos conselhos como estruturas de uma nova

institucionalidade democrática, parte-se do entendimento de Raichelis (1998, p. 39), para

quem:

A Carta Constitucional definiu novos canais que apontam para a ampliação da participação popular nas decisões públicas e propôs a adoção do plebiscito, do referendo e de projetos de iniciativa popular, elementos da democracia semi-direta [...]. Nesta mesma linha, a Constituição estabeleceu mecanismos de participação no campo de ação das políticas sociais, instituindo a criação de conselhos integrados por representantes de diferentes segmentos da sociedade para colaborar na implementação e no controle daquelas políticas.

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem autonomia para estabelecerem

os órgãos de seus governos, na forma que lhes parecer mais conveniente ao desempenho dos

encargos que lhes cabem na partilha de competências federativas. Podem, pois, estruturar os

órgãos superiores de sua administração como melhor lhes convier, criando Secretarias,

Departamentos, ou simples Serviços (SILVA FILHO, 2000).

Os conselhos, pensados a partir da Constituição Federal de 1988 como mecanismos

institucionais que visam a garantir a participação da sociedade civil sobre os atos e decisões

do Estado por meio de um processo de gestão conjunta das políticas, representam, na

realidade, a instância máxima de deliberação das mesmas.

Os conselhos de políticas públicas podem ser conceituados como inovações

institucionais híbridas, originadas no processo de democratização brasileira, que buscam

articular participação, deliberação e controle sobre o Estado, e que têm tido importante papel

na formação das agendas políticas, especialmente as locais.

Tais conselhos apresentam ainda uma importante característica, sua natureza

deliberativa, sendo considerados espaços efetivos de decisão política sobre questões

relacionadas à gestão de bens públicos, estabelecimento de diretrizes e estratégias de ação,

definições de prioridades, regulação e normatização das ações de determinada área de política

pública e do controle público sobre o Estado. Como bem assevera Gomes (2000, p. 24), “[...]

os conselhos são instâncias permanentes, sistemáticas, institucionais, formais e criadas por lei

com competências claras”.

Em âmbito federal, é de responsabilidade do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA - órgão consultivo e deliberativo), as assessorias, estudos e proposições de

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diretrizes da política nacional ao governo central, através de seu Conselho de Governo. Na

esfera estadual, temos o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) com atribuições

semelhantes.

De acordo com Maurício Andrés Ribeiro, diretor executivo do CONAMA, em

entrevista concedida ao portal Ambiente Brasil (2010):

O SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente, tal como concebido na lei da Política Nacional do Meio Ambiente, estrutura-se no âmbito federal, dos estados e municípios, com conselhos de meio ambiente em cada um desses níveis, cada qual com sua secretaria executiva. Seu funcionamento permite melhorar a gestão ambiental e elevar o nível de consciência social sobre a centralidade das questões ambientais, que deixaram de ser periféricas ou marginais, para se localizarem cada vez mais próximas dos centros estratégicos de decisões na esfera das organizações públicas e privadas. O CONAMA desempenha vários papéis: promove a articulação entre vários atores e abre espaço de diálogo entre partes desiguais. Por sua credibilidade e representatividade, tem papel catalisador e autoridade para convocar e atrair a participação dos interessados. O Conama tem papel pedagógico: por meio de grupos de trabalho e câmaras técnicas, soma múltiplas iniciativas na construção de um projeto de sociedade e de uma cultura ecologizada. Esse trabalho em escala micro-molecular, ajuda a internalizar considerações ambientais e uma visão ecologizada em cada área setorial saúde, desenvolvimento agrário, indústria e comércio exterior, transportes, energia, entre outras. Nesse sentido, o CONAMA é uma escola de ecologização no seio da administração pública. O CONAMA oferece espaço institucional para articular e coordenar ações. Ele também regula o tempo de decisão, ao fixar os ritmos em que as câmaras e grupos de trabalho devem produzir os resultados.

Os Conselhos gestores de políticas públicas constituem uma das principais

experiências de democracia participativa. Os conselhos de meio ambiente fazem com que a

população ou os setores envolvidos se preocupem mais com o meio ambiente, uma vez que a

mídia trabalha muito nos dias de hoje com a conscientização ambiental da população,

tentando de diversas formas inserir o cidadão na construção da institucionalidade

democrática.

O responsável pela esfera municipal é o Conselho Municipal de Defesa do Meio

Ambiente (COMDEMA), contudo, por estes serem o foco do trabalho proposto, a política

ambiental e os conselhos de meio ambiente serão tratados na sequência.

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3 POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E SEUS MECANISMOS

3.1 Conceito de meio ambiente e direito ambiental

O termo ambiente tem origem latina, ambiens, entis, o qual significa “aquilo que

rodeia”. Conforme Machado (1998, p. 137), entre seus significados encontra-se a expressão

“meio em que vivemos”.

Sidou (2001, p. 291), afirma que o direito ambiental compreende o “[...] conjunto de

preceitos que regulam as relações do homem com o meio ambiente e sua conseqüente

adaptação a ele, sobretudo em função dos processos tecnológicos”.

Para Ely (1990, p. 4) a expressão meio ambiente constitui “[...] todo o meio exterior ao

organismo que afeta o seu integral desenvolvimento". Para esse autor, o meio exterior é tudo

aquilo que cerca o organismo e seu integral desenvolvimento se dá por intermédio dos meios

físico, social e psíquico, que em seu equilíbrio e correlação permitem uma evolução plena.

Dessa forma, o meio ambiente compreende uma interação do conjunto de

componentes naturais, artificiais e culturais, que proporcionam o desenvolvimento equilibrado

da vida em todas as suas formas (BUGLIONE, 2010). A partir dessa concepção, a autora

aponta para a existência de duas abordagens diversas do conceito de meio ambiente,

considerando-se o ponto de vista econômico e o ponto de vista jurídico.

O conceito econômico de meio ambiente parte da consideração de que economia e

ambiente formam um binômio indissociável, pois o problema central da economia reside na

busca de alternativas eficientes no intento de alocar os recursos escassos da sociedade. O meio

ambiente, de fonte inesgotável, transformou-se em um recurso escasso, e a economia deve

procurar alternativas para melhorar as condições de vida animal, vegetal e, sobretudo, da vida

humana.

Segundo Buglione (2010), na perspectiva econômica, o conceito do meio ambiente se

enquadra entre dois limites de avaliação: o primeiro limite refere-se às alterações de produção

e de consumo e seu impacto sobre os indivíduos a curto e longo prazo e; o segundo limite diz

respeito ao fato de o meio ambiente ser entendido como um patrimônio, isto é, um tipo de

capital não renovável, responsável por produzir uma cadeia de diversos serviços para o ser

humano.

Pode-se notar assim, que a economia do meio ambiente situa o ser humano como

ponto central das preocupações na organização econômica. Todavia, a satisfação das

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necessidades fundamentais, autodeterminação e participação da pessoa na organização

político-social e respeito ecológico, precisam ser satisfeitos por um sistema econômico no

intento de assegurar o bem-estar social (BUGLIONE, 2010).

Machado (2004) destaca que a definição legal e/ou regular de meio ambiente estava

ausente até o advento da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, que o conceituou, em

seu art. 3º, inciso I, como o “[...] conjunto de condições, leis, influências e interações de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Dessa forma, o meio ambiente é entendido como “um patrimônio público a ser

necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo” (art. 2º, inciso I). Essa

definição federal é ampla, uma vez que engloba tudo aquilo que possibilita a vida, que a

abriga e a rege (MACHADO, 2004).

Buglione (2010) ressalta, com base nas definições de ambiente trazidas na legislação e

a determinação da Constituição Federal de 1988, art. 225, que impõe-se ao Poder Público e à

coletividade, o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras

gerações, podendo-se prescindir a idéia de equilíbrio e bem, de conjunto e interação,

afastando do conceito de meio ambiente o sentido de "coisa".

O sentido de “coisa” ou objeto estático manifesta-se contrário à noção de interação, já

que essa última implica influência recíproca, além de afastar a idéia de equilíbrio, que

significa a combinação de forças ou de elementos. Assim sendo, entende-se o meio ambiente,

pelo direito como um bem jurídico. Por conseguinte, do conceito jurídico de meio ambiente

infere-se constituir um bem de massa que brota com o juízo de apropriação individual,

confirmando a indigência de limitação das condutas individuais que resultem em dano

ambiental (BUGLIONE, 2010).

Em comentário ao art. 225 da Constituição Federal de 1988, Tostes (1994) escreve que

ele introduziu dois termos novos na definição legal do meio ambiente, quais sejam:

equilibrado e bem. Através deles, é afastada a aplicação da noção de coisa ao meio ambiente.

Coisa é aquilo que possui existência individual e concreta, que exige separatividade, idéia

diversa de conjunto. Portanto, a noção de coisa é distante da noção de equilíbrio, que significa

a justa combinação de forças ou de elementos.

De igual maneira, para Tostes (1994), coisa não é noção de bem, visto que bem é tudo

aquilo que possui um valor moral ou físico positivo, representado por um objeto ou fim da

ação humana. Bem é uma relação resultante da valoração humana positiva dada a uma coisa,

que pode ser aplicada a uma relação entre as coisas, entre os homens, entre os homens e as

coisas, assim como a uma relação de relação.

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A partir dessas considerações, Tostes (1994, p. 18-19) conclui:

Meio ambiente, já se pode antecipar, é um todo de relações, é multiplicidade de relações. É relação entre coisas, como a que se verifica nas reações químicas e físico-químicas dos elementos presentes na Terra e entre esses elementos e as espécies vegetais e animais; é relação de relação, como a que se dá nas manifestações do mundo inanimado com o mundo animado. Meio ambiente é especialmente relação entre os homens e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna); entre os homens e as relações que se dão entre as coisas; entre os homens e as relações de relações, pois é essa multiplicidade de relações que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. [...] Meio ambiente, por fim, é relação jurídica, a partir do momento em que recebeu valoração humana positiva, como bem a ser especialmente protegido pelo direito. E é relação jurídica que tem por atributos essenciais, previstos na constituição Federal, o equilíbrio e a publicidade, este último no sentido daquilo que é público, de todos.

Tendo-se abordado o conceito de meio ambiente, passa-se agora para o conceito de

direito ambiental, cujo objeto central compreende o meio ambiente e as implicações jurídicas

decorrentes da atuação do homem sobre o meio natural.

Conforme entendimento de Fagundez (2000), o direito ambiental compreende o ramo

do direito responsável por estudar as normas jurídicas que tratam das questões relacionadas ao

ecossistema.

De acordo com o que propõe Fernandes Neto (apud MACHADO, 2004, p. 138) o

direito ambiental pode ser concebido como sendo um “[...] conjunto de normas e princípios

editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o

meio ambiente”. Entende-se assim, que é um direito sistematizador, que objetiva articular a

legislação com a doutrina e a jurisprudência concernente aos elementos que integram o

ambiente. O direito ambiental procura evitar o isolamento dos temas ambientais e sua

abordagem antagônica.

Machado (2004, p. 139) pontua que:

Não se trata mais de construir um direito das águas, um direito da atmosfera, um direito do solo, um direito florestal, um direito da fauna ou um direito da biodiversidade. O direito ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, mas busca interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitoramento e de participação.

Evidencia-se, assim, que o direito ambiental tem o intuito de abranger todas as inter-

relações existentes entre os vários componentes do meio ambiente, tendo em vista, em última

instância, a prevenção de ações capazes de gerar prejuízos a fauna e a flora.

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Quando reconhece o meio ambiente como objeto de preocupação e de proteção, o

direito dá um passo essencial na evolução do seu próprio objeto de conhecimento. Não se

trata mais de algo estático, visto que o ambiente natural é algo dinâmico, que se renova de

modo permanente, como a própria vida. Os recursos naturais deverão ser protegidos pela

legislação, pois a sociedade terá de ter seus bens maiores protegidos (FAGUNDEZ, 2000).

São apresentados por Moreno (apud FAGUNDEZ, 2000) dois conceitos para o direito

ambiental. Um deles afirma que o direito ambiental incide em um conjunto de leis que

regulam os sistemas ambientais, com o intuito de proporcionar o alcance do livre

desenvolvimento da personalidade dos homens. O outro dispõe que o direito ambiental

compreende um sistema de normas, princípios, instituições e práticas operativas e ideologias

jurídicas, que regulam as relações entre os sistemas sociais e seus ambientes naturais.

Ainda de acordo com Moreno (apud FAGUNDEZ, 2000), a mais correta das

definições é a segunda, uma vez que o direito ambiental é um sistema de normas

disciplinadoras dos ambientes naturais, sendo que consiste num instrumento composto por

leis, princípios, instituições, estruturas, processo, práticas operativas, entre outros elementos.

Para Fagundez (2000) essa definição transporta ao reconhecimento dos seguintes

pressupostos:

• Dentro do sistema jurídico-ambiental são quatro os momentos suscetíveis de serem

analisados, os quais interagem entre eles fazendo parte do sistema jurídico ambiental: o

momento legislativo, que programa a decisão pública ambiental; o momento judicial, no

qual o legislador interpreta e aplica a lei ao caso concreto; o momento executivo, onde

ocorre o desenvolvimento, a gestão e a execução das normas gerais; e o momento

científico doutrinário ou dogmático.

• A principal função dos juristas ambientalistas na atualidade não consiste em descrever

normas, mas estabelecer pontes que aproximem o plano das normas do plano da

realidade. Não se pode acreditar que o sistema normativo é desnecessário, do mesmo

modo que não se pode conceber o sistema normativo como suficiente para que o fim

ambiental do Estado seja alcançado.

Consequentemente, cabe ao sistema jurídico ambiental conciliar os quatro momentos

que lhe são intrínsecos (legislativo, judicial, executivo e científico doutrinário), aproximando-

se da realidade concreta sobre a qual atua.

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Para que se dê a manutenção do meio ambiente, faz-se necessário um equilíbrio

formado entre todos os componentes desse mesmo meio, sendo que a legislação age com a

intenção direta de assegurar a preservação.

Nesse sentido, destaca-se a relevância da legislação ambiental com o fim de garantir a

preservação de todos os integrantes da cadeia ambiental, indispensáveis à manutenção do

equilíbrio do meio ambiente. As normas de direito ambiental contribuem no sentido de

prevenir os danos ao meio ambiente e aplicar as devidas penalidades aos transgressores da lei.

Tendo esclarecido o conceito de meio ambiente e a relevância do direito ambiental em

uma sociedade que pouco reflete sobre a necessidade de preservação do meio ambiente,

passa-se, no item seguinte, a análise da natureza jurídica do direito ambiental.

3.2 Natureza jurídica do direito ambiental

A natureza jurídica do direito ambiental pode ser extraída do já citado caput do art.

225 da Constituição Federal de 1988, sendo que está pautado na idéia de interesses difusos15

relacionados ao meio ambiente. O direito ambiental refere-se à proteção de interesses pluri-

individuais que extrapolam as noções tradicionais de interesses individuais ou coletivos, visto

que concernem a bens indivisíveis, que não podem ser individualizados, do interesse de todos

(BUGLIONE, 2010).

Rodrigues (2002) acrescenta que o direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado detém um elevado grau de abstração de seus titulares. A isso está somado o fato

de que o direito ao meio ambiente saudável pertence a todas as gerações, atuais e futuras.

De acordo com entendimento de Moraes (2005), o direito ambiental deve se preocupar

de forma concentrada com a preservação dos recursos naturais da humanidade,

independentemente da preocupação de domínio desses recursos, pois é o próprio texto

constitucional que condiciona a proteção do meio ambiente às presentes e futuras gerações.

Evidencia-se, dessa forma, que o conceito de res comunis (coisa comum) é

insatisfatório, visto que consentiria a todos os co-proprietários fazer uso, gozar e dispor dos

recursos naturais, sem que houvesse a preocupação com os interesses coletivos da

humanidade. Da mesma forma, é inadequada a aplicação do conceito de res nullius (coisa de

ninguém), já que este permite que o meio ambiente se torne propriedade daquele que dele se

15 Interesses difusos são os interesses transindividuais, ou seja, aqueles que não possuem titular individual, sendo que a ligação entre os seus vários titulares resulta de mera circunstância de fato (MAZZILI, 1996).

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apropriar e, por conseguinte, explore de forma ilimitada e sem controle os recursos naturais

existentes naquele ambiente (MORAES, 2005, p. 2138).

Fica evidente, nesta perspectiva, que o meio ambiente deve ser considerado

patrimônio comum da humanidade, ou seja, um bem indivisível, com o fim de garantir sua

integral proteção, principalmente em relação às gerações futuras, para evitar o prejuízo da

coletividade.

Fiorillo e Rodrigues (1999) ainda acrescentam que o art. 225, a Constituição Federal

de 1988 considera o objeto ali compreendido (meio ambiente) como um bem jurídico que a

todos pertence, isto é, independentemente de quem quer que seja, possuirá o direito a ter

acesso e usufruir deste bem. Esse direito é natural a própria existência do ser e ele não está

apto a recusá-lo, tendo por base a noção de indivisibilidade. Além disso, uma última análise

consiste que proteger o meio ambiente é preservar a própria existência humana.

Em síntese, tem-se que o direito ambiental está fundado na existência do interesse

coletivo, relacionado ao meio ambiente. Em conformidade com tal natureza, foram

estabelecidos diversos princípios que guiam a criação das leis ambientais.

3.3 Princípios do direito ambiental

As regras que constituem o direito ambiental, em sua maior parte, são de natureza

pública, mais especificamente decorrentes do poder de polícia do Estado. Tais regras

condicionam o exercício do Estado na preservação direta do meio ambiente. Nesse contexto,

os princípios emergem como relevante instrumento, com o fim de direcionar a formação,

interpretação e aplicação da norma, principalmente diante da imprecisão do conceito de dano

ambiental (BUGLIONE, 2010).

Os princípios apresentados pelos autores, que fundamentam o direito ambiental, são os

seguintes: princípio do desenvolvimento sustentável; princípio da precaução e atuação

preventiva; princípio da preservação; princípio da cooperação; princípio da responsabilização

ou princípio do poluidor-pagador; e princípio da ubiqüidade (BUGLIONE, 2010;

RODRIGUES, 2002; MORATO LEITE, 2002).

O princípio do desenvolvimento sustentável visa conjugar o desenvolvimento

econômico com o social e a preservação do meio ambiente, com o fim de alcançar uma maior

qualidade de vida. De tal forma, entende-se o desenvolvimento sustentável como aquele que

atende as necessidades do presente, sem comprometer o atendimento dessas mesmas

necessidades por parte das gerações futuras (RODRIGUES, 2002).

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Na compreensão de Rodrigues (2002, p. 136):

Dentro da visão ambiental, o desenvolvimento sustentado está diretamente relacionado com o direito à manutenção da qualidade de vida através da conservação dos bens ambientais existentes no nosso planeta. Exatamente por isso, o texto maior estabelece a regra de que o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado não é apenas dos habitantes atuais, mas também dos futuros e potenciais, enfim, das próximas gerações.

Nesse sentido, o princípio do desenvolvimento sustentável encontra-se imerso no art.

225, caput, da Constituição Federal de 1988, que determina a preservação do meio ambiente

“para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 2010). Destarte, é forçoso buscar um ponto

de equilíbrio entre o desenvolvimento social, o crescimento econômico e o emprego dos

recursos naturais (FIORILLO; RODRIGUES, 1999).

Com base no princípio da precaução e atuação preventiva, conforme argumentação

de Morato Leite (2002), sempre que existir perigo de ocorrência de um dano grave ou

irreversível, a ausência de certeza científica absoluta não deverá ser empregada como motivo

para se adiar a adoção de medidas eficazes no intento de impedir a degradação ambiental. A

precaução exige a tomada de medidas, mesmo antes de se concretizar aquelas de caráter

preventivo.

Com efeito, o princípio da precaução reforça a regra de que as agressões ao meio são,

comumente, de difícil ou impossível reparação e, portanto, pressupõe uma conduta genérica in

dúbio em relação ao ambiente. Em outros termos, o ambiente deve prevalecer sobre uma

atividade de perigo ou risco iminente. Dessa forma, é preciso considerar não somente os

riscos ambientais iminentes, mas também os perigos futuros resultantes de atividades

humanas e que eventualmente possam vir a comprometer uma relação intergeracional e de

sustentabilidade ambiental (MORATO LEITE, 2002).

Ainda em relação à precaução, Morato Leite (2002, p. 28-29) acrescenta:

A precaução exige uma atuação racional, pra com os bens ambientais e com a mais cuidadosa apreensão dos recursos naturais, que vão além de simples medidas para afastar o perigo [...] Significa que a política do ambiente não se limita à eliminação ou redução da poluição já existente ou iminente (proteção contra perigos, por oposição ao simples risco), mas assegura que a poluição é combatida na sua insipiência e que os recursos naturais são utilizados numa base de produção sustentada [...] Mais do isto, o princípio da precaução, como estrutura indispensável ao Estado de justiça ambiental, busca verificar a necessidade de uma atividade de desenvolvimento e os potenciais de risco ou perigo desta.

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O princípio da preservação deve ser entendido como um quadro orientador de

qualquer política moderna do ambiente, como sustenta argumentação de Buglione (2010).

Esse princípio prevê a necessidade da adoção de medidas que evitem o nascimento de

atentados ao meio ambiente.

O princípio da cooperação dispõe que, para a resolução dos problemas do ambiente,

deve ser destinada especial atenção à cooperação entre o Estado e a sociedade, por intermédio

da participação dos diversos grupos sociais na formulação e execução da política do ambiente

(BUGLIONE, 2010).

Para Morato Leite (2002), o princípio da cooperação depende do exercício da

cidadania participativa e, mais do que isso, da co-gestão entre os diversos Estados na

preservação da qualidade ambiental. Os problemas de degradações ambientais não se

circunscrevem ao âmbito local, mas, ao contrário, pressupõem uma cooperação de Estados de

modo intercomunitário, tendo em vista a gestão do patrimônio ambiental comum.

Integram o ideal de efetivação da cooperação internacional alguns elementos descritos

por Morato Leite (2002, p. 31):

a) o dever de informação de um Estado aos outros Estados, nas situações críticas

capazes de causar prejuízos transfronteiriços; b) o dever de informação e consultas prévias dos Estados a respeito de projetos que

possam trazer prejuízos aos países vizinhos; c) o dever de assistência e auxílio entre os países nas hipóteses de degradações

importantes e catástrofes ecológicas; d) o dever de impedir a transferência para outros estados de atividades ou

substâncias que causem degradação ambiental grave ou que sejam prejudiciais à saúde humana – é o problema da exportação de poluição.

Desse modo, a cooperação necessita ser entendida como política solidária dos Estados,

tendo em vista a necessidade intergeracional de proteção ambiental. Em virtude disso, tal fator

importa em uma soberania mais solidária dos Estados em termos ambientais.

O princípio da responsabilização ou do poluidor-pagador destaca a obrigação que

o poluidor possui de corrigir ou recuperar o ambiente suportando, os encargos daí decorrentes

e coibindo a continuação da ação poluente. Conforme Buglione (2010), esse princípio defende

a existência da obrigação de indenizar, independentemente de culpa, sempre que o agente

tenha causado dano relevante ao ambiente devido a uma ação perigosa. No Brasil este

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princípio está previsto no inciso VII, art. 4º da Lei nº 6.938/8116 e no art. 14º, § 3º17 da mesma

lei.

Leite (2000) assevera que o princípio do poluidor-pagador, na verdade, compreende o

aspecto econômico do princípio da responsabilização, de natureza multifuncional, na medida

em que tem em mira a precaução e a prevenção de atentados ambientais, bem como a

redistribuição dos custos da poluição. Sinteticamente, o princípio do poluidor pagador visa a

internalização dos custos externos de deterioração ambiental. Em termos de ressarcimento do

dano ambiental, devem existir outros mecanismos que objetivem a responsabilização dos

danos ambientais, visto que quem degrada o ambiente tem que responder e pagar por sua

lesão ou ameaça.

Por fim, o princípio da ubiqüidade é assim apresentado por Fiorillo e Rodrigues

(1999, p. 148): Este princípio vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração sempre que uma política, uma legislação sobre qualquer item, atividade ou obra, etc., tiver que ser criada e desenvolvida. Isso porque, na medida em que possui como ponto cardeal de tutela constitucional a vida e qualidade de vida, tudo que se pretender fazer, criar ou desenvolver, deve antes passar por uma consulta ambiental, enfim, para se saber se há ou não a possibilidade de que o meio ambiente seja degradado.

Os bens ambientais naturais se colocam em uma posição soberana a qualquer

limitação espacial ou geográfica. Por tal motivo, em virtude do caráter unipresente dos bens

ambientais, o princípio da ubiqüidade pressupõe que, em matéria de meio ambiente, deva

existir uma estreita vinculação de cooperação entre os povos, fazendo com que se estabeleça

uma política global para sua proteção e preservação (RODRIGUES, 2002).

Não existe forma de pensar o meio ambiente de maneira restrita e dissociada dos

demais interesses da sociedade, conforme entendimento de Fiorillo e Rodrigues (1999),

exigindo, deste modo, uma atuação globalizada e solidária dos povos. Dessa maneira, o

princípio da iniqüidade implica em que sempre se deve consultar os povos, e respeitar o meio

ambiente antes da execução de atividades de qualquer natureza.

16 Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 17 Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: § 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA.

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A partir dos princípios descritos, é possível desenvolver uma legislação ambiental

eficiente, que realmente alcance o ideal de proteção ambiental, desde que tais princípios sejam

respeitados de forma interina, sendo importante o entendimento da legislação existente no

Brasil e aplicável ao meio ambiente na atualidade.

3.4 Legislação aplicável ao meio ambiente

O artigo 225, da Constituição Federal de 1988, tratou de consagrar como obrigação do

Poder Público a defesa, preservação e garantia de efetividade do direito fundamental ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, e essencial à sadia

qualidade de vida. Dessa forma, deu-se a incorporação na Carta Magna do meio ambiente

(MORAES, 2005).

O inciso VII, desse mesmo artigo, determina a proteção da fauna e da flora, vedando

as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, ou provoquem extinção de espécies

ou ainda submetam os diferentes animais à crueldade.

Em termos de legislação infraconstitucional, podem-se citar, a título de

exemplificação, os seguintes diplomas legais relacionados ao meio ambiente: Lei nº. 4.771/65

(Código Florestal); Lei nº. 5.197/67 (Código de Caça); Decreto-lei nº. 221/67 (Código de

Pesca); Lei nº. 6.938/81 (Política Nacional do Meio ambiente); Lei nº. 7.347/85 (lei da Ação

Civil Pública); Lei nº. 7.735/89 (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis); Lei nº. 7.754/89 (Medidas de proteção às florestas existentes nas

nascentes dos rios); Lei nº. 7.797/89 (Fundo Nacional do Meio Ambiente); Lei nº. 7.802/89

(Trata de danos ao meio ambiente); Decreto nº. 98.816/90; Decreto nº. 750/93 (Disciplina o

corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de

regeneração da Mata Atlântica); Lei nº. 8.974/95 (Normas para o uso das técnicas de

engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente

modificativos); Lei nº. 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

Dessas leis, é importante destacar a Lei nº. 6.938/81 (Política Nacional do Meio

Ambiente), que, em seu art. 2º, determina sua função como preservar, melhorar e recuperar a

qualidade ambiental. Em conformidade com essa lei, estabeleceu-se o art. 225 da Constituição

Federal de 1988 (BRASIL, 2010), que garante a efetividade do princípio da prevenção e

formaliza a responsabilidade objetiva, exprimindo a necessidade de se desenvolver, promover

e implementar uma ética, tendo em vista o alcance do desenvolvimento sustentável.

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Por sua vez, a responsabilidade civil consagrada no inciso VII, do art. 4º, da Lei

6.938/81 determina a imposição da obrigação de recuperar e ou indenizar os danos causados e

ao meio ambiente por parte do poluidor e do predador. O poluidor é obrigado,

independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos ao meio ambiente

e a terceiros afetados por sua atividade.

3.5 Política Ambiental Brasileira

No Século XX, foi observado um rápido crescimento da humanidade, as cidades se

multiplicaram, ao mesmo tempo em que as áreas urbanas foram ocupadas sem qualquer

estudo, ou seja, desordenadamente. Este fato provocou o surgimento de municípios

despreparados e trouxe à tona um problema cada vez mais visível: o espaço e o ambiente

urbano. Com isso, os problemas ambientais se intensificaram, dando início a um movimento

global, traduzido em inúmeros encontros, conferências, tratados e acordos internacionais, que

refletem a ampliação da preocupação.

Desenvolveu-se uma maior participação das comunidades através das organizações

governamentais e não governamentais, fazendo com que, no final do Século XX, surgisse

uma nova estratégia de desenvolvimento contemplando o meio ambiente, não mais como

depositário de restos da civilização, mas como parte integrante e necessária para o progresso

que a humanidade quer traçar.

A partir da década de 1980, no Brasil se difundiu a consciência sobre o ambiente. Foi

instituída a Política Nacional do Meio Ambiente através da Lei 6.938/1981, dando-se o

primeiro passo para a proteção ambiental no Brasil, uma vez que, até então, a tutela do meio

ambiente se fazia por legislação fragmentada. Esta lei estabeleceu ainda os fins e mecanismos

de formulação e aplicação da Política Ambiental Brasileira.

Distanciando-se da metodologia empregada por seus predecessores legislativos, esta

lei lançou bases para a busca do desenvolvimento sustentável; estabeleceu princípios

protetivos e garantidores do meio ambiente; instituiu objetivos e instrumentos da política

nacional e consolidou no ordenamento jurídico brasileiro o Estudo de Impacto Ambiental

(EIA). Também adotou a Teoria da Responsabilidade Civil Objetiva como forma de

responsabilização do agente pelo dano causado ao meio ambiente e a terceiros afetados por

suas atividades. Acrescente-se que, em reforço à responsabilidade objetiva, a lei conferiu ao

Ministério Público da União e dos Estados, a legitimidade para propor ação de

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responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente (BEZERRA;

MUNHOZ, 2001).

Dentre todos estes conceitos, surgem os princípios de gestão ambiental. Princípios são

políticas básicas de ação, direcionamentos de onde partem todas as ações e políticas

secundárias. Existem diferenças entre os princípios de gestão ambiental pública e privada, no

entanto, ambos são formulados por necessidade de resolução de problemas ambientais que

afetam a sociedade como um todo, seja por interesse econômico, social, ou cultural

(FLORIANO, 2004).

A gestão ambiental internacional baseia-se nomeadamente nos princípios da

Declaração do Rio, na Agenda 21 e nos princípios especificados por organismos

internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), International Organization

for Standardization (ISO) e Organização Mundial do Comércio (OMC), podendo-se incluir

ainda as exigências de organizações financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o

Banco Interamericano de Desenvolvimento.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 (BRASIL, 2010) estabelece que “Todos têm

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado”, sendo que, no Brasil, este é o primeiro

de todos os princípios que regem a política ambiental. Qualquer ato ou ação contrária a este

princípio básico é considerado ilegal. Pode-se citar ainda outros princípios estabelecidos na

Constituição, como:

[...] o da sustentabilidade, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar o ambiente para a presente e futuras gerações; e o da responsabilidade ambiental, imputando o ônus da recuperação dos impactos e danos ambientais ao agente causador dos mesmos. Os demais princípios básicos da gestão ambiental pública brasileira, derivados dos três primeiros, são estabelecidos na lei 6.938/81, em seu Artigo 2° (FLORIANO, 2004, p. 58).

As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente (2010) são elaboradas por

normas e planos destinados a orientar os entes públicos da federação, em conformidade com

os princípios elencados em seu Art. 2º:

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

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III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Ainda conforme Floriano (2004), na área privada a gestão ambiental é fator de

competição comercial, devido à preferência das pessoas em utilizar produtos e serviços

ambientalmente corretos. De igual forma, contratos de comércio internacional são facilitados

para a organização que opta por sistemas de gestão embasados em normas reconhecidas

internacionalmente, como as da ISO e do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC-

Brasil).

Por sua vez, os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, distintos dos

instrumentos materiais noticiados pela Constituição, processuais, legislativos e

administrativos, são apresentados pelo Art. 9º.

Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; IX - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; X - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. XI - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; XII - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; XIII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIV - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros.

Depois da promulgação da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal

nº. 6.938/81) a participação popular destaca-se, especialmente quando esta delibera os órgãos

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locais do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), propondo que os mesmos se

organizem para a proteção e melhoramento do meio ambiente. A partir daí, surgiram muitas

experiências de gestão ambiental local, através dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente

(FRANCO, 1999).

Pelos Conselhos, a sociedade pode deliberar quanto à política ambiental, e consolidar

o processo democrático e participativo das decisões de uma cidade. Essa participação faz

ainda com que as pessoas que são menos favorecidas sejam sujeitos e não objetos do

desenvolvimento (FRANCO, 1999).

O SISNAMA, liderado pelo seu órgão superior, o Conselho de Governo, que tem a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais ambientais, com a participação do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal como coordenador da Política Nacional de Meio Ambiente, expressa na Lei Federal N° 6938/81, tendo como órgão consultivo e deliberativo o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente e, como órgão executivo, o IBAMA – Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Nos Estados, as secretarias de estado de meio ambiente fazem a parte de coordenação, os conselhos estaduais de meio ambiente são os órgãos consultivos e deliberativos e os órgãos executivos tem sido criados, geralmente, como fundações ou empresas públicas que prestam serviços à administração direta (FLORIANO, 2004, p. 55).

O SISNAMA congrega os órgãos e instituições ambientais da União, dos Estados, dos

Municípios e do Distrito Federal, cuja finalidade primordial é dar cumprimento aos princípios

constitucionalmente previstos e nas normas instituídas, apresentando a seguinte composição.

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CONSELHO DE GOVERNO Órgão superior de assessoria ao Presidente da República na

formulação das diretrizes e política nacional do meio ambiente

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA)

Planeja, coordena, controla e supervisiona a política nacional

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA)

Órgão consultivo e deliberativo, assessora o Governo

INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA)

É vinculado ao MMA. Formula, coordena, fiscaliza, controla, fomenta, executa e faz executar a política nacional do meio ambiente e da preservação e conservação dos recursos naturais.

ÓRGÃOS LOCAIS

Órgãos municipais responsáveis pelo controle e fiscalização de atividades

degradadoras.

ÓRGÃOS SECCIONAIS São os órgãos ou entidades estaduais

responsáveis pela execução de programas

Figura 02: Organograma de funcionamento do SISNAMA

Fonte: Elaborado pela autora

A Lei 6.938/81 institui alguns instrumentos com os quais visa garantir o alcance de

seus objetivos: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, zoneamento ambiental,

Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), licenciamento e fiscalização ambientais, incentivos

às tecnologias limpas, criação de unidades de conservação, criação de um sistema nacional de

informações ambientais, cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa,

penalidades disciplinares ou compensatórias e um relatório de qualidade do meio ambiente.

3.6 O COMDEMA – Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente

A Política Nacional do Meio Ambiente nasce de 1980 a 1990, iniciando-se um

trabalho de conscientização de uma vida sustentável. Porém, em 1981 é que foi instituída a

Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei nº 9.938, consolidando o Sistema

Nacional de Meio Ambiente e o CONAMA. Começou-se então uma busca para minimizar os

problemas até então concretizados, surgindo a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), que

objetivava a realização de um levantamento para detectar os pontos em que o

desenvolvimento sustentável e as políticas públicas poderiam ser melhorados.

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Dentro da sistemática de defesa do meio ambiente nacional existem vários órgãos

especiais encarregados de auxiliar a Administração Pública, de acordo com o disposto na Lei

6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente e trouxe muitas mudanças,

destacando-se:

• A Constituição Federal de 1988 ampliou a visão sobre a política ambiental;

• O Ministério Público tornou-se um ator relevante, cobrando dos governos e dos

empresários para que exerçam suas responsabilidades;

• A Rio-92 trouxe grande exposição ao tema ambiental, que se incorporou nas múltiplas

decisões das políticas públicas e empresariais, associado à proposta de desenvolvimento

sustentável;

• Governos locais e estaduais passaram a encarar suas responsabilidades na ação

sustentável e tomam iniciativas para elaborar suas Agendas 21 locais, por meio de

planejamento estratégico e participativo;

• As ONGs se multiplicaram, desde aquelas com ações locais e pontuais até as que se

tornaram representantes desse segmento nos conselhos municipais, estaduais e no

Conselho Nacional do Meio Ambiente;

• Os conflitos e disputas em torno da apropriação dos recursos naturais se exacerbaram

devido aos padrões insustentáveis de consumo;

• O meio ambiente passou a mobilizar, cada vez mais, interesses conflitantes no Governo,

nas empresas e no terceiro setor, interesses que precisam ser levados em conta na tomada

de decisões da política ambiental.

Os Conselhos de Meio ambiente tinham como fim estimular a gestão participativa.

Com a atuação do Conselho, aprimora-se o sistema de gerenciamento ambiental da União, do

Estado, e dos Municípios, ao garantir a participação da sociedade nas questões ambientais, em

busca da melhoria da qualidade de vida e da democratização do processo decisório. Constitui

instância pedagógica de educação para a cidadania e para o aprendizado o convívio

harmônico entre partes com interesses distintos.

O Conselho é órgão colegiado, normativo, consultivo e de assessoramento ao

executivo, sendo deliberativo no âmbito de sua competência. Todos os órgãos com função

deliberativa e composição paritária incluem representantes do executivo envolvidas com as

questões ambientais locais, do Legislativo e, da sociedade civil organizada, sindicatos,

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associações ambientalistas, associações de bairro, de profissionais liberais, entre outros, e da

classe empresarial (associação comercial ou industrial).

O Ministério Público pode estar representado no Conselho, embora seja mais

conveniente que se mantenha como instância independente de atuação, abrindo oportunidade

para a implementação de ações civis públicas desvinculadas das deliberações. Contudo, tem

papel fundamental no julgamento de autos de infração, e na formação dos Termos de Ajuste

de Conduta (TACs).

Os conselhos foram sendo alterados ao longo do tempo, em função das especificidades

e da avaliação crítica sobre sua eficiência. Enquanto muitos se fortaleceram como

instrumentos de política ambiental, outros se extinguiram ou deixaram de atuar, por falta de

compromisso com os seus objetivos ou por não terem se constituído como verdadeiros fóruns

de negociação, perdendo consequentemente, o apoio da comunidade local. Por sua vez, outros

conselhos desarticularam-se do sistema administrativo municipal e se envolveram

predominantemente com a comunidade, passando a atuar como organizações não-

governamentais. A atuação destes conselhos tem possibilitado progressos significativos na

política de meio ambiente, consolidando o princípio constitucional da autonomia. A questão

ambiental envolve interesses divergentes e conflitos potenciais e, esse Conselho, constitui o

fórum adequado para a discussão e o encaminhamento das ações político-administrativas

necessárias.

O COMDEMA apresenta-se como órgão consultivo e deliberativo no âmbito de sua

competência, que deve assessorar o Poder Executivo nas questões ambientais.

O COMDEMA deve ser constituído por lei municipal e ter como objetivo maior coordenar e disciplinar as questões referentes à manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida, nos termos determinados pelo art. 225 da Constituição Federal. Deverá também dar apoio aos serviços administrativos da Prefeitura Municipal, promover a participação comunitária, compatibilizar a política nacional e estadual com a política local, propor diretrizes aos estudos do Plano Diretor do Município sob a ótica ambiental, propor e fiscalizar a preservação dos recursos naturais e ecossistemas, promover a educação ambiental, propor o inventário dos bens que constituem o patrimônio ambiental municipal, convocar audiências pública nos termos que deverão estar previstos na Lei Orgânica do Município, exigir estudos de impacto ambiental e seu relatório (EIA/RIMA) no caso de obras que sejam potencialmente poluidoras, entre outras competências (SANTOS, 2010).

Os Conselhos de meio ambiente local são criados através de Lei municipal, de acordo

com determinações da Resolução n.º 237/CONAMA/97 e integram o Sistema de Gestão

Ambiental da Cidade, tendo a finalidade precípua de instituir normas e diretrizes ambientais,

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além de assessorar o Chefe do Poder Executivo Municipal em assuntos de políticas de

proteção, conservação e uso sustentável do meio ambiente e devem conter as diretrizes

necessárias ao início das atividades, como finalidade, competência, objetivos, constituição do

colegiado bem como elaboração do Regimento interno.

A Lei 6.938/81, em seu art. 6º, determina que órgãos ou entidades municipais serão

responsáveis pela fiscalização e controle do meio ambiente. Já a Resolução CONAMA

237/97, em seu art. 20, é clara quando determina que “os entes federados, para exercerem suas

competências licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente,

com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua

disposição profissionais legalmente habilitados”.

Assim, a lei de criação do Conselho deve ser elaborada pelo executivo municipal, com

a participação de representantes da comunidade. O texto deve explicitar os objetivos,

competências, atribuições e a composição do referido. Aprovada a lei pelo Legislativo e

sancionada pelo Executivo, cabe ao executivo nomear os membros do conselho, e seus

respectivos suplentes, representantes das entidades e órgãos que o compõem. Uma vez

empossados, os membros discutem e aprovam o Regimento Interno do órgão, que definirá a

estrutura adequada ao seu funcionamento, visando cumprir as atribuições expressas na lei de

sua criação.

Como órgão superior de deliberação sobre a política municipal de meio ambiente, o

Conselho atua integralmente sobre: problemas ocasionados pelo uso inadequado de recursos

naturais, projetos que possam provocar impactos ambientais, criação de unidades de

conservação, etc. A relação deste Conselho com a sociedade civil visa promover a

participação da comunidade na definição de ações para a proteção ambiental, conduzindo a

discussão de problemas que afetem a população local. Para ampliar a participação da

comunidade, há que se implementar ações voltadas para a mobilização da população que,

tendo acesso às informações necessárias, saberá dos seus direitos e deveres e será, portanto,

agente responsável pela defesa ambiental.

O funcionamento da Instituição (Secretaria, Fundação, etc.) que ampara o Conselho,

deverá ter autonomia institucional. O executivo municipal deverá viabilizar financeiramente o

aparato, pré-requisito para o fortalecimento desta política ambiental, sendo que existem outras

fontes das quais os Conselhos agregam recursos, como o Fundo Municipal de Meio Ambiente

(FMMA). Criado por lei específica, congrega recursos advindos do licenciamento ambiental,

pagamento de multas, dentre outras fontes, aplicados em projetos e programas ambientais,

sempre com o requisito de ouvir a opinião do conselho.

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A importância do COMDEMA na gestão ambiental é diretamente proporcional à

participação popular e à internalização desta prática na administração pública, pois é através

dessa estrutura colegiada e deliberativa que essa comunidade irá participar efetivamente na

preservação, conservação, uso sustentável e melhoria da qualidade de vida no município.

A partir da efetivação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, uma série

de instrumentos e medidas será implantada pela população e instituições governamentais

locais que, conjuntamente, opinarão sobre as diretrizes da política ambiental, abrindo um

espaço no planejamento do desenvolvimento do município para a dimensão da auto-

sustentabilidade. Assim, ele abrange certas competências, destas podemos frisar:

I - estudar e propor a política ambiental no município, colaborando-a nos programas

intersetoriais e interinstitucionais de proteção e recuperação do meio ambiente, observando-se

as legislações Federal, Estadual e Municipal pertinentes, bem como os acordos internacionais

vigentes sobre a matéria;

II - propor normas e padrões para a conservação e a melhoria do meio ambiente no Município,

com vistas à elevação da qualidade de vida de seus habitantes;

III - propor e acompanhar a implantação de novas unidades de conservação e assessorar a

efetiva implantação das existentes;

IV - colaborar nos planos e programas de expansão e desenvolvimento municipal, mediante

recomendações referentes à proteção ambiental;

V - propor e participar da elaboração de campanhas educativas relativas a problemas de

saneamento básico, despoluição das águas, do ar e do solo, combate e vetores de proteção da

fauna e da flora;

VI - propor medidas que visem a integração com a Região da AMFRI, com vistas a soluções

integradas para os problemas ambientais comuns.

O ilustre doutrinador de direito administrativo brasileiro, Hely Lopes Meirelles (1996),

define COMDEMA como aquele que atua e decide pela manifestação conjunta e majoritária

da vontade de seus membros. Em suma, tem-se como definição própria que o COMDEMA é

uma unidade colegiada, de caráter consultivo, deliberativo, recursal e de assessoramento do

Poder Público Municipal em questões concernentes ao equilíbrio ambiental e à melhoria da

qualidade de vida local.

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• Consultivo, como o nome já diz, é a ação de ser consultado toda vez que alguma

atividade venha a alterar o ambiente local, e de prestar assessoria ao Poder Público

sempre que necessário.

• Deliberativo, é uma das funções mais importantes do COMDEMA, porque significa

decidir por todos os temas e problemas apresentados.

• Recursal, significa que o COMDEMA é o último recurso administrativo do infrator para

apresentar sua defesa (a palavra recursal vem de recurso).

Criado por Lei Municipal, o COMDEMA integra o Sistema de Gestão Ambiental do

Município, tendo a finalidade precípua de instituir normas e diretrizes ambientais, além de

assessorar o Chefe do Poder Executivo Municipal em assuntos de políticas, proteção,

conservação e uso sustentável do meio ambiente.

Os representantes dos COMDEMAS devem ser conhecedores da realidade local no

que se refere às aspirações, desejos e necessidades da comunidade. É recomendável que os

conselheiros façam parte das principais entidades presentes nos municípios:

• Poder Público: (Secretarias Municipais, Câmara Municipal e Entidades do Poder

Judiciário, Órgãos Públicos da Administração Federal e Estadual presentes ou sediados

nos municípios);

• Sociedade Civil Organizada: (Conselhos da Comunidade Municipal, Fóruns

Municipais, Associações Profissionais, Organizações Não-Governamentais, Sindicatos,

comerciantes, industriais, hoteleiros e outras atividades empresariais).

Na seleção dos conselheiros e a realização de suas atividades, também devem ser

observados alguns aspectos de extrema importância:

• Credibilidade: Os Conselheiros devem ser selecionados dentro das entidades que

retratem a estima, o respeito e a aquiescência da comunidade. A sociedade civil

organizada, juntamente com o Poder Público Local, deve escolher aqueles órgãos que

reflitam a admiração da opinião pública municipal.

• Publicidade e Transparência: As atividades, reuniões, documentos e deliberações do

COMDEMA são abertos ao conhecimento público, caracterizando a transparência de

ações democráticas no trato com as decisões mais importantes no cotidiano do município.

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• Operacionalidade: As sessões ordinárias e extraordinárias do COMDEMA devem ser

regulares e ininterruptas, garantindo a operação e continuidade dos trabalhos ao longo dos

anos. As atividades municipais não podem ser paralisadas ou obstruídas pela inoperância

ou atrasos das reuniões do colegiado.

A estrutura funcional do COMDEMA é uma instância deliberativa e colegiada,

especializada em ações referentes à preservação, conservação, recuperação e uso sustentável

dos recursos naturais dos municípios.

No diploma de sua instituição deverão constar que em sua composição são

obrigatórias representações do poder público local, órgãos técnicos e representantes da

comunidade, apresentando o máximo possível de representatividade. Deverá ainda ser

prevista a forma de indicação dos membros, assim como as funções dos dirigentes, as

reuniões e prazos relevantes para o seu melhor desempenho.

Para tanto, o conselho será formado com membros da entidade pública em conjunto

com a sociedade civil, segundo diretrizes relacionadas pela referida resolução e atendendo as

necessidades apresentadas pelos municípios. É necessário identificar-se o perfil econômico de

cada um deles, pois cada município de tem uma estrutura organizacional diferente, cabendo

ao COMDEMA ser deliberativo e paritário, compondo-se pelos seguintes membros

(acrescidos de seus respectivos suplentes):

a) um representante da Secretaria Municipal de Planejamento;

b) um representante da Secretaria Municipal da Saúde;

c) um representante da Secretaria Municipal da Agricultura;

d) um representante da Secretaria Municipal da Educação;

e) um representante do órgão (ou entidade) municipal de meio ambiente;

f) um representante da Câmara Municipal de Vereadores;

g) um representante de entidade ambientalista reconhecida e legalmente registrada;

h) um representante da Associação Comercial e Industrial;

i) um representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento;

j) um representante de entidade comunitária devidamente constituída e registrada, cujas

atividades estejam relacionadas com a proteção ambiental;

k) um representante de Associação de Pais e Professores devidamente constituída e registrada;

l) um representante da Polícia de Proteção Ambiental.

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Outra característica de um COMDEMA é a de que não há prevalência da vontade

individual do seu Presidente e nem na dos seus membros de forma isolada, pois, o que vale é

a decisão da maioria.

O COMDEMA, por sua importância, deve ter a atenção das autoridades e dos

munícipes, sendo que estes últimos devem colaborar e fiscalizar a sua atuação e, em suas

reuniões, necessita da participação de seus membros e convidados, ante a importância da sua

colaboração.

Sob esta perspectiva, o Município cria canais democráticos para discussão e formação

dos COMDEMAS com as entidades que desejem participar ativamente do conselho,

propiciando locais e eventos adequados para essa atividade.

A articulação do Poder Público com a Sociedade é primordial, pois será possível

identificar os organismos interessados na questão ambiental e, na falta destes, propor e

incentivar a criação de entidades para preencher estas lacunas.

3.7 Função ambiental compartilhada entre Estado e sociedade

O Estado de Direito Ambiental se constitui como um novo e específico paradigma de

Cidadania capaz de oferecer resultados ecologicamente mais corretos e adequados. Forja uma

nova relação Estado/Sociedade mais cooperativa, marcada pela atribuição de

responsabilidades compartilhadas, e gestão participativa dos bens de interesse comum a todos

os cidadãos.

O Estado atua de forma precária, insuficiente, negligenciando o exercício desta

responsabilidade compartilhada do meio ambiente. Este deve difundir a educação ambiental

como base para o verdadeiro auxílio de responsabilidade compartilhada no efetivo exercício

da Cidadania Ambiental conscientizada, pois ninguém é apto a ter uma participação ativa e

eficaz na gestão ambiental sem informação adequada e educação para tanto.

Morato Leite (2002, p. 256) explicita:

Exige-se, uma política global, que pressupões em termos básicos, uma cooperação entre estado e cidadãos, democracia ambiental não discriminatória, atuação preventiva e precaucional dos riscos ambientais, educação e informação ambiental e responsabilização dos que cometem danos ambientais. [...] Ainda, exige-se nova cidadania a transformação para um novo paradigma de Estado, que pressupõe a repolitização da realidade e da própria cidadania, bem como uma carta de respeito de direitos ao meio ambiente sadio. Mais do que isso, há necessidade de um Estado menos capitalista e com predominância do dado social sobre o econômico, com transformação dos modos de produção, do conhecimento científico e de consumo.

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Assim, a Democracia participativa referencia o novo paradigma do Estado que visa à

plena realização do mandamento constitucional do Art. 225, no qual a existência de

representantes legais do Estado não exclui a participação do cidadão, muito pelo contrário,

chama este a exercer o papel que lhe foi confiado na administração do patrimônio cultural e

ambiental.

Então, vê-se que a consolidação da Cidadania ambiental é um direito fundamental do

Meio Ambiente e, desta forma, passa pela criação de espaços de participação pública de uma

atuação consciente na gestão dos bens de uso comum do povo (difusos), sendo ainda que

requer a atuação conjunta e solidária do Poder Público e da Sociedade na gestão deste

recursos naturais.

Podemos considerar que nenhum cidadão será um ser ativo e consciente no processo

de gestão se não tiver conhecimento dos princípios que defendem um meio ambiente mais

equilibrado. E, somente através da Educação e conscientização pública, é que os cidadãos

poderão defender seus direitos, lembrando que nos dias de hoje já existem cursos para se

entender o que significa participar de um conselho, quais os direitos que nós cidadãos

podemos reivindicar e lutar, e não mais somente escutar e não ter voz ativa.

A gestão participativa da política pública é, segundo Ligia Luchmann (2001, 2002,

2007), uma democracia deliberativa constituída de um modelo de deliberação política,

caracterizado por um conjunto de pressupostos teórico-normativos, que incorporam a

participação da sociedade civil na regulação da vida coletiva. Trata-se de um conceito que

está fundamentalmente ancorado na idéia de que a legitimidade das decisões e ações políticas

deriva da deliberação pública de coletividades de cidadãos livres e iguais. Constitui-se,

portanto, em uma alternativa crítica às teorias “realistas” da democracia que, a exemplo do

“elitismo democrático”, enfatizam o caráter privado e instrumental da política.

O termo Gestão pública nada mais é do que “administração do que é de todos”.

Todavia, para melhor entendermos, existem duas idéias: “1. Administração do Estado” e “2.

Administração de Governo”, que são parecidas, mas distintas entre si, vejamos:

1. Administração do Estado: Estado significa todo equipamento ou aparelho permanente

que administra as coisas públicas. Todas as câmaras de vereadores, assembléias

legislativas, congresso nacional, prefeituras, governos estaduais, bancos estatais, autarquias

públicas, governo federal, ministérios, entre outros equipamentos públicos, são

considerados partes integrantes de Estado. Os funcionários públicos, de carreira,

concursados, que continuam ao longo de vários governos, também fazem parte do Estado.

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Administração do Estado seria, portanto, todos os órgãos de gerenciamento estatal, ou seja,

que permanecem ao longo de governos;

2. Administração de Governo: Governo é a força política que dirige o Estado. Em regimes

democráticos, um governo é eleito e pode ser alterado de eleição para eleição. A gestão (ou

administração) de um governo está diretamente vinculada ao programa de governo da força

política eleita e aos cargos de confiança que são preenchidos pelos eleitos.

Porém, estamos falando de Gestão Pública Participativa, e esta gestão envolve

governo, estado, sociedade civil, etc. E ela é justamente chamada de participativa porque os

cidadãos podem intervir.

Podemos observar algumas características da Gestão Participativa na prática:

1. É uma forma de gestão que não é só do Estado, mas de todos os representantes das

comunidades onde o programa está sendo executado;

2. Os membros de conselhos têm a mesma função, ou seja, não se trata de uma “mesa de

negociação”, mas uma mesa em que todos decidem, tomam decisões e governam o

programa na sua região;

3. Os membros dos conselhos precisam saber elaborar propostas, administrar e fiscalizar.

Nem todos sabem fazer todas as tarefas, e é por este motivo que toda gestão participativa

precisa ser acompanhada de programas de formação.

A gestão participativa também é chamada de democracia participativa. E é claro não

deixa de ser um tipo de democracia. De acordo com Benevides (2010) existem três tipos

básicos de modelos democráticos:

1. Democracia direta. Nela, se decide tudo em assembléias ou plenárias. Todos os atingidos

ou beneficiados por uma ação (uma política social, por exemplo) decidem diretamente. A

vantagem é visível: ninguém interpreta o que o outro deseja. Mas, existe também um risco:

quem não estiver presente numa assembléia não é mais ouvido. Na democracia direta, a

vida e os problemas particulares são desconhecidos. Alguns estudiosos dizem que, por este

motivo, a democracia direta exige “cidadãos totais”, que dedicam todo seu tempo às

reuniões e assembléias;

2. Democracia representativa delegada. Toda democracia representativa, como o nome já

diz, ocorre a partir de representantes, eleitos ou escolhidos pelos cidadãos. A democracia

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representativa delegada é aquela em que o representante só pode fazer o que aqueles que o

elegeram definirem como limites da sua atuação. Esta comissão representa toda a

categoria. Acontece que, na assembléia em que é escolhida a comissão de negociação, é

definida, também, a pauta a ser negociada. A comissão, normalmente, tem liberdade para

negociar esta pauta, mas não pode decidir sobre propostas que fujam daquilo que foi

decidido na assembléia. Assim, mesmo concordando com uma contraproposta, a comissão

precisa voltar à assembléia, apresentar a contraproposta e esperar que a assembléia decida.

Este “freio de mão puxado”, que não dá liberdade total ao representante, é o que se chama

de representação delegada. Ela também possui vantagens e desvantagens. A vantagem é

que o representante continua preso à vontade de quem o elegeu. A desvantagem é que

alimenta o corporativismo: o representante delegado só pensa em sua base e nunca pensa

em outras comunidades que possuem os mesmos problemas que a sua. Na prática ocorrem

disputas entre vereadores que representam bairros diferentes, deputados que representam

categorias diferentes, e assim por diante. Numa gestão participativa de uma cidade, os

membros de um conselho devem pensar por todo o município e não apenas por seu

interesse imediato;

3. Democracia representativa fiduciária: Fiduciário significa “em confiança”. Alguns já

devem ter lido esta palavra quando se financia algo. Enquanto não se paga o financiamento

todo, aquele bem que esta sendo comprado (um carro, uma casa, uma geladeira) fica em

uma posse, “em confiança”. Existe representação fiduciária na política. É quando elege-se

um representante que faz um discurso geral, não detalha muito sua proposta, mas vota-se

nele “em confiança”, ou seja, porque nos identificamos com a filosofia deste candidato.

Isto ocorre nas eleições para governador e Presidente da República. Como um Estado e o

País são muito grandes, o candidato não detalha tudo o que pretende fazer em cada cidade

ou rua onde moramos. Mesmo assim, “em confiança”, vota-se naquele que apresenta uma

proposta geral mais próxima ao que desejamos. Qual a vantagem deste modelo? A

vantagem é que este representante pensa políticas gerais, apresentando uma visão ampla de

todas as soluções e prioridades de sua ação. A desvantagem é que o candidato, depois de

eleito, pode fazer muita coisa que não prometeu. Na prática, pode virar uma política por

profissão e deixar de ouvir o que seus eleitores pensam e desejam. Pode formar um tipo de

político burocrata, de gabinete.

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Todas essas formas de democracia possuem um lado positivo e um lado negativo.

Alguns estudiosos deste assunto afirmam que o melhor é tentarmos misturar os três tipos,

como se o veneno de um deles fosse o antídoto do veneno do outro.

Também podemos diferenciar não apenas o tipo de democracia, mas também o estilo

de governo. O estilo é a maneira como um governante dirige ou gerencia uma política ou um

equipamento público.

Vamos analisar os dois estilos mais conhecidos de governo que temos no Brasil.

Depois, vamos diferenciá-los do estilo de gestão participativo.

1. Estilo Burocrático. Os teóricos que inventaram este estilo de governo acreditavam que a

decisão mais justa para resolver um problema público seria a mais precisa e técnica, sem

qualquer contaminação de paixões e interesses. Por este motivo, um burocrata é frio, não

se comove muito com o desespero de outros e fala muito difícil, porque é muito técnico.

Entende de leis e técnicas, mas sente dificuldade em negociar e conversar no dia-a-dia. O

burocrata não se sente muito a vontade no meio do povo. Por este motivo, evita participar

de reuniões públicas, assembléias e plenárias. Normalmente, numa gestão burocrática,

existe uma série de divisões internas, separando cada especialista do outro. Por este

motivo, quando se decide sobre algo, cada departamento estuda e decide sobre os temas

que são de sua área técnica exclusiva e carimba. O carimbo é a assinatura de cada

especialista;

2. Estilo Tradicional. É baseado na tradição ou costume de cada região. O líder ou

governante com estilo tradicional acaba se tornando uma espécie de “intérprete” ou “juiz”

dos costumes e valores morais da região. Ele também deve seguir os costumes ou acaba

sendo desprezado pela população local. O líder interfere em disputas na sua região de

mando, faz donativos, vai sempre às missas, protege seus seguidores. A relação

tradicional é marcada por esta troca de favores, que nem sempre está clara para todos, e

vai sendo construída a cada momento. Um vereador que possui este estilo, procura ouvir

seus eleitores e abrir canais a partir de seus contatos em todos os órgãos públicos. Quem

vota neste vereador, terá um defensor permanente de seus interesses. O problema é que a

dádiva é sempre concedida por quem tem mais poder. Então, no fundo, o líder terá

sempre mais poder que seus apoiadores, mesmo que este poder se alimente justamente do

apoio de seus eleitores. É um jogo confuso, mas que acaba fazendo com que alguns (os

líderes) tenham mais prestígio que outros (seus eleitores).

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Já os modelos de gestão participativa partem de outro princípio. Um deles, talvez o

mais importante, seja o de empoderamento social. A palavra empoderamento significa “dar

poder”, ou seja, aumentar o poder político dos cidadãos. E aumentar poder político não

significa apenas “atender os desejos do cidadão”, mas dar condições para que ele governe ao

lado dos seus representantes. Por este motivo, quando se fala em gestão participativa se está

falando de algo oposto ao modelo de gestão burocrático e ao modelo tradicional.

As características dos modelos de gestão participativa para Benevides (2010) são os

seguintes:

1. Estruturas de decisão colegiada: significa que se supera aquela estrutura em que parece

uma pirâmide, com muitos funcionários com pouco poder na base, e um único dirigente,

no topo, com poder total. Esta imagem de uma pirâmide com base grande e topo bem

estreito é chamada em teorias de administração de “estrutura vertical de gestão”. O

contrário, quando não existe pirâmide, mas uma espécie de rede, onde todos têm o

mesmo poder, chama-se “estrutura horizontal de gestão”. Os colegiados são estruturas

horizontais de gestão. Uma estrutura colegiada ou horizontal seria composta por

representantes (democracia representativa delegada) de todos os segmentos que estão

diretamente envolvidos com o trabalho realizado. Pode ocorrer, ainda, que certos

assuntos sejam decididos em assembléias (democracia direta), onde todos são convidados

a participar;

2. Descentralização: Se na gestão participativa aqueles que são atendidos pelos serviços de

uma entidade ou aparelho público participam das decisões colegiadas, então o local da

gestão deve ser a própria comunidade. Não teria sentido obrigar os cidadãos que decidem

sobre as políticas públicas saírem de suas comunidades e viajarem até outra cidade ou

localidade distante de onde residem. Por este motivo, existe uma relação direta entre

gestão participativa e descentralização dos órgãos públicos que deliberam e gerenciam

políticas sociais. A descentralização cria territórios específicos de governo participativo.

3. Projetos intersetoriais: Se são os representantes das comunidades atendidas que

participam diretamente da gestão dos projetos e programas, também é coerente que na

gestão participativa seja superada a idéia de “programas por secretarias”, ou por área, que

em termos técnicos se denomina “projetos ou programas setoriais” (de cada setor ou área

técnica específica, como meio ambiente, saúde, etc.). Na vida real de uma comunidade,

muitos problemas sociais se misturam. Um projeto intersetorial, que integra vários órgãos

e programas, deve partir de um diagnóstico intersetorial. Por este motivo, a estrutura

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burocrática, aquela dividida e segmentada em várias especializações, não é a organização

mais adequada para projetos intersetoriais. A estrutura mais adequada é a colegiada e

horizontal.

Toda gestão participativa tem como objetivo criar formas de governo local, integrando

a população a partir de seus problemas e rearticulando todos os órgãos de governo municipal,

estadual e federal a partir dos programas elaborados nas suas instâncias colegiadas (conselhos,

por exemplo).

Esta forma de governo local deve ser acompanhada de um sistema de monitoramento

das políticas públicas locais. O sistema de monitoramento de políticas é um método onde se

pesquisa periodicamente se os resultados esperados para cada projeto ou programa estão

sendo atingidos.

Com todas estas formas de gestão vistas até o momento, já podemos compreender

aonde uma gestão participativa quer chegar. Se a população de uma região ou comunidade

está organizada numa estrutura colegiada (conselhos) de gestão e de política pública que

envolve todas as áreas e problemas desta região ou comunidade; e se esta estrutura colegiada

monitora (avaliando constantemente) os resultados das políticas que esta comunidade definiu,

então estamos falando do aumento de poder da comunidade. Na verdade, estamos falando

de algo mais profundo, de um tipo de democracia mais coerente e forte, porque a população

como um todo passa a ficar ao lado dos governos, ou ainda, governa com os governos.

Estamos falando de um tipo de administração popular, onde se faz com os cidadãos e não

apenas para os cidadãos.

Sob tal aspecto, podem ser traçadas linhas de análise focadas no alcance de um

objetivo maior, o da institucionalização da gestão pública e, para isto, são delimitadas três

fases distintas:

1. Fase de Legitimação: Trata-se de uma fase inicial onde se procura convencer os governos

e a população local das vantagens da gestão participativa. Nesta etapa, procura-se convencer e

fazer com que os vários órgãos do governo (secretarias, coordenadorias, etc.) incorporem as

práticas de participação no seu dia-a-dia e na sua forma de gerenciar e governar as suas

políticas, programas e projetos. Mas este convencimento deve atingir, também, a população.

Se ela não estiver convencida, não participará, não estará presente nas reuniões ou plenárias e

não se candidatará para ser conselheiro. Quando a população não está convencida para valer,

participa sem vontade, por obrigação, ou as mesmas pessoas participam de vários conselhos e

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reuniões. Esta fase exige grande capacidade de convencimento e mobilização das lideranças

locais ou membros do órgão que está coordenando a implantação do mecanismo de gestão

participativa.

2. Fase de Efetividade: Consolidada a fase de convencimento, onde se inicia o envolvimento

político das instâncias de governo nas práticas de gestão participativa, surgem novos objetivos

para a consolidação do processo de descentralização da gestão das políticas públicas, aumento

da participação das comunidades no processo de gestão e a própria articulação das diversas

comunidades para pensarem a sua região ou município como um todo. Objetivos que definem

essa etapa de efetividade: Construção de programas e práticas intersetoriais, envolvendo as

diversas instâncias de governo na formulação de projetos de desenvolvimento de territórios,

cujo foco não é mais a própria lógica da área ou secretaria, mas o interesse das comunidades;

Criação de um sistema de comunicação e planejamento que envolva comunidades e órgãos de

governo e; Criação de práticas de estruturas permanentes de gestão participativa,

descentralizadas, articuladas em rede, de elaboração e gerenciamento de políticas públicas. Os

três objetivos criam as bases de uma nova forma de governo local e têm como eixo a

integração da sociedade e governo municipal na construção de negociações e gestão de

políticas públicas.

3. Fase de Institucionalização da nova cultura política: Criadas as bases da nova forma de

governo, é chegada a hora de consolidar uma nova cultura política ou forma de pensar a

política. São novos valores, portanto, que devem envolver comunidades e governo. O objetivo

é superar, de vez, os estilos de gestão burocrático e tradicional, consolidando instrumentos de

gestão pública local, onde membros do governo municipal, das comunidades e da sociedade

estariam juntos, no mesmo órgão, gerenciando as políticas públicas.

Essa forma de governo também rompe com a antiga noção que separa sociedade de

Estado. Aqui, são instaladas formas permanentes de monitoramento de todas as políticas

públicas locais. É nesse momento que é possível perceber a superação da defesa de interesses

muito específicos, de apenas uma comunidade ou grupo (para construção de uma obra, por

exemplo) para a elaboração estratégica de desenvolvimento do município como um todo,

onde são definidas diretrizes gerais das políticas públicas.

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4 INSTITUCIONALIZAÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NOS CONSELHOS

MUNICIPAIS DE MEIO AMBIENTE DOS MUNICÍPIOS DA AMFRI

Para se entender a institucionalização da política ambiental nos Conselhos de Meio

Ambiente dos municípios da AMFRI é necessário conhecer dados sobre a formação,

ocupação e estruturação dessas cidades, uma vez que possuem características distintas.

Conforme o que foi exposto anteriormente, os Municípios dispõem de autonomia e de

auto-administração na criação de órgãos superiores de sua administração. Os de tamanho

pequeno e médio não necessitam, porém, manter estruturas de secretarias como órgãos de

administração superior.

Silva Filho (2000) destaca também que as prefeituras desses municípios (estruturas

administrativas do Poder Executivo Municipal), podem ter organização mais simples, tais

como departamentos, coordenadorias, serviços e divisões, em vez de secretarias, que são

órgãos mais complexos, com certa conotação política, justificadas nos grandes municípios,

especialmente os da capital.

Dessa forma, o estudo em questão, busca a análise da institucionalização dos

conselhos municipais de meio ambiente na região da AMFRI, verificando-se a atuação dos

atores envolvidos, como as organizações governamentais e não-governamentais, e se estas

exercem o seu papel para o desenvolvimento das políticas públicas ambientais municipais.

4.1 Aspectos regionais de Santa Catarina e dos municípios da AMFRI

O Estado de Santa Catarina possui 561,4 km de linha de costa e a zona costeira é de

37.206 km² de área, constituída por 131 municípios, distribuídos por sete bacias hidrográficas,

que drenam diretamente para o Oceano Atlântico.

O litoral catarinense intensificou seu processo de ocupação a partir da década de 1970,

com a implantação e pavimentação da BR 101, que acompanha a linha da costa. Destaca-se

pelo turismo e pelos empreendimentos imobiliários nos municípios costeiros, fazendo com

que o planejamento ambiental se tornasse fundamental para a ampliação da estrutura, pois

estes acabam, frequentemente, prejudicando a paisagística e a qualidade ambiental.

A Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI), é composta por 11

municípios localizados na região norte do Estado (Luis Alves, Balneário de Piçarras, Penha,

Navegantes, Ilhota, Itajaí, Balneário Camboriú, Camboriú, Porto Belo e Itapema) sendo que,

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destes, oito (Balneário de Piçarras, Penha, Itajaí, Navegantes, Balneário Camboriú, Itapema,

Porto Belo e Bombinhas) localizam-se na área litorânea. Juntos, compõe uma das demandas

turísticas mais importantes de Santa Catarina, responsável pela atração de milhões de turistas

anualmente.

A AMFRI18 atua em todos os assuntos que dizem respeito e são de interesse do

conjunto dos municípios participantes dessa associação, por meio de suas assembléias gerais.

As reuniões acontecem mensalmente, com os prefeitos dos 11 municípios. Cada prefeito ou

representante debate os assuntos colocados em pauta. As decisões aprovadas são levadas às

Prefeituras, para serem colocadas em prática.

A associação conta com uma estrutura político-institucional, formada por sua

diretoria, eleita anualmente pelo voto direto. A estrutura técnico-administrativa é composta

pelos funcionários e trabalha no atendimento das demandas da diretoria e no assessoramento

às prefeituras. O setor técnico da AMFRI é constituído de áreas (assistência social, engenharia

e arquitetura, comunicação social, contabilidade e informática, assessoria jurídica, assessoria

de movimento econômico e de projetos especiais) que contam com profissionais

especializados em cada setor específico da administração municipal. Entre as suas principais

funções destacam-se:

• Assessorar prefeitos, secretários e técnicos municipais por meio de atendimento

individualizado na sede, prefeitura, ou por telefone ou e-mail;

• Prestar consultoria aos municípios em relação a programas, projetos e convênios dos

governos Federal e Estadual;

• Atender todas as demandas da Diretoria e internas da entidade;

• Realizar capacitações através de cursos, encontros e seminários;

• Representação dos técnicos em Conselhos, Comissões e em atividades técnico-

institucionais;

• Participação em seminários e eventos de cada um dos respectivos setores;

• Trabalhar em conjunto com os colegiados, integrados por secretários municipais dos

diferentes setores das prefeituras, incentivando, fortalecendo, subsidiando os mesmos com

informações e participando das reuniões que acontecem na sede da AMFRI.

A área geográfica de atuação da AMFRI pode ser verificada através da Figura 03:

18 Todas as informações do tópico 4.1, foram obtidas através do sitio: <http://www.amfri.org.br/>

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Figura 03: Municípios constituintes da AMFRI

Fonte: <http://www.amfri.org.br/>

Cada município que compõe sua estrutura, apesar da proximidade, apresenta

características distintas, determinantes de sua formação histórica, cultural, política, econômica

e social.

4.1.1 Luis Alves

A história do município de Luiz Alves inicia-se em 1870, com a imigração italiana

para o Brasil. Os italianos foram os primeiros moradores da cidade, seguidos pelos alemães e

açorianos. Em 1958, o município de Luiz Alves emancipou-se politicamente. A cidade

apresenta beleza em suas paisagens destacando sempre a natureza, levando o título de "O

Paraíso Verde do Vale". É considerado o segundo maior produtor de banana do Estado,

destaca-se pela qualidade de suas verduras, do arroz, além de outras culturas. Luiz Alves é

denominada "Capital Catarinense da Cachaça".

Fica localizado no vale do Itajaí, possui uma área de 260,3 km² e, de acordo com

dados do IBGE, em 2009, possuía aproximadamente 9.506 habitantes. Fica a 70 m acima do

nível do mar (IBGE, 2010). Seu atual Prefeito é o Sr. Viland Bork.

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4.1.2 Balneário de Piçarras

Os primeiros moradores - portugueses, sobreviventes de um naufrágio - chegaram à

região por volta de 1758. Os colonizadores dedicaram-se à caça da baleia e fundaram a

cidade, que cresceu em um estreito banco de terra localizado entre o rio e o mar. Seu nome

deriva das rochas argilosas encontradas em grande quantidade no subsolo do município: o

piçarro. Balneário de Piçarras, ou simplesmente Piçarras, pertenceu a São Francisco do Sul e

a Penha, tornando-se município em 1963.

O município possui uma área de 99km² e está situado na meso-região Vale do Itajaí.

Em 2009 sua população era de aproximadamente 14.845 habitantes (IBGE, 2010). Seu atual

Prefeito é o Sr. Umberto Luiz Teixeira.

4.1.3 Penha

Berço nativo dos índios Carijós, o marco inicial do povoado foi a construção da capela

de São João Batista, em 1759, no local denominado Itapocoroy (derivado do Guarani

“Itapocorá”, cujo sentido define como sendo “parecido com um muro de pedra”).

A região de Penha foi colonizada a partir do século XVIII com a invasão pelos

espanhóis da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis), por pescadores portugueses (na maioria

açorianos) fugindo dos invasores e que procuravam novos locais para a caça e beneficiamento

de baleias. A Armação do Itapocoroy tornou-se então sede, na época, de uma das maiores

armações baleeiras do sul do Brasil. A comunidade de Itapocoroy, por ter "status" de armação

baleeira e sendo um empreendimento particular, não pôde ser elevada à freguesia durante o

período em funcionamento como empreendimento empresarial.

Uma nova comunidade, criada a seis quilômetros da Armação por moradores

deslocados de núcleos de Itapocoroy, teve progresso suficiente para ser elevada à categoria de

freguesia em 23 de março de 1839, com o nome de Freguesia de Nossa Senhora da Penha do

Itapocoroy. No século XIX a caça da baleia entrou em crise e foi substituída pela pesca

artesanal e comércio rudimentar como subsistência (PENHA, 2010).

Foi elevada à categoria de município com a denominação de Penha, pela lei estadual

nº 348, de 21 de junho de 1958, se desmembrando de Itajaí, sede do antigo distrito de Penha.

Constituído de distrito sede.

Fica localizada na região litoral norte do Estado de Santa Catarina, possuindo uma

área de 59 km2, e sua população, conforme dados do IBGE de 2009, é de 22.263 habitantes.

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Tem como atividades principais o Turismo, a pesca e a maricultura. O município está

classificado em 1º lugar no cultivo de marisco no Brasil e sua produção chega a

aproximadamente 3.500 toneladas anuais (IBGE, 2010). Seu atual Prefeito é o Sr. Evandro

Eredes dos Navegantes.

4.1.4 Ilhota

O Município de Ilhota está localizado no Vale do Itajaí e foi colonizado por imigrantes

belgas através de um empreendimento comercial liderado por Charles Maximiliano Luiz Van

Lede, pesquisador e engenheiro que veio a essas terras movido pelo desejo de encontrar

riquezas minerais. Em agosto de 1844 partiu de Ostende, na Bélgica, o navio Jan Van Eyck

com 114 imigrantes flamengos que, ao chegarem, fundaram a colônia belga aprovada pela

Câmara de Deputados em julho de 1845. O nome do município foi dado por indígenas que

habitavam a região antes da chegada dos belgas e deu-se devido a uma pequena ilha que

existia no Rio Itajaí-Açu na altura de onde atualmente situa-se a Igreja Matriz. A emancipação

político-administrativa do município deu-se em 21 de junho de 1958. O município possui uma

área de 253,9 Km2, de acordo com dados do IBGE de 2009, e população de 12.149 habitantes,

fazendo parte da região turística Costa Verde e Mar. Seu atual prefeito é o Sr. Ademar

Felisky.

4.1.5 Navegantes

De acordo com os hitoriadores, o primeiro morador de Navegantes foi João Dias

Darzão, que veio de São Fransisco do Sul para se estabelecer na foz do rio Itajaí-açú, frente a

confluência do Itajaí-mirim, no lugar que antigamente chamava-se Fundadouro. Em 1715,

Manuel Gonçalves de Aguiar, percorrendo as costas catarinenses, com a finalidade de fazer

um levantamento para a fundação de novas povoações, observa que João Dias já havia

abandonado as suas terras em virtude da pobreza da região em metais preciosos.

Em 16 de setembro de 1906, os moradores fizeram seus primeiros movimentos, com

abaixo-assinados, para que a municipalidade desse um nome exato ao arraial, que até então,

chamava-se "outro lado" ou Povoado de Santo Amaro. Fato que permaneceu até o ano de

1912. Como o arraial era habitado em sua maioria por Navegantes, o conselho Municipal deu

o nome oficial ao arraial de Navegantes, em 17 de Dezembro de 1912.

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Em 1962, Navegantes conquistava sua emancipação política e administrativa. A partir

daí passou a ter vida própria e é um dos municípios mais prósperos da foz do Rio Itajaí.

Nestes anos, a cidade que tinha uma praia quase desconhecida, está entre os balneários mais

badalados da região.

Outro destaque fica por conta da indústria pesqueira, que emprega mais de 60% dos

navegantinos, além da construção naval que tem a mão-de-obra bastante especializada. O

município possui uma área de 111 km² e está situado na meso-região Vale do Itajaí e sua

população é de 57.324 habitantes, conforme dados do IBGE de 2009 (IBGE, 2010). Seu atual

Prefeito é o Sr. Roberto Carlos de Souza.

4.1.6 Itajaí

Itajaí nasceu em terras de disputa colonial. Durante os séculos XVII e XVIII, as

disputas de terras entre as metrópoles portuguesa e espanhola resultaram no Tratado de

Tordesilhas (1494). Desse conflito entre metrópoles, uma extensa colônia passava a se formar.

De 1500 a 1700, mais de 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil-Colônia. Portugal

temia invasões espanholas no Sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande

do Sul, áreas estratégicas para se chegar ao Rio da Prata. O litoral permitia o abastecimento de

água e alimentos às embarcações. Na disputa, a necessidade de alargar as fronteiras da colônia

Brasil. Contudo, somente no século XIX, foram dados os primeiros passos para uma ocupação

mais efetiva do território, com políticas de povoamento para o Sul.

Para o historiador Oswaldo Cabral, Itajaí está situada à entrada do vale do Itajaí e

possuí um porto praticável, o que fez nascer um núcleo urbano. Isto se deu de forma mais

definitiva em 15 de junho de 1860, com a instalação do município (vila) de Itajaí,

desmembrando-se de Porto Belo.

A emancipação de Itajaí começa em 1860, quando é instaurada a Villa do Santíssimo

Sacramento do Itajaí. É nessa ocasião que se constitui a Câmara Municipal e a implantação do

Pelourinho - símbolo de aplicação da justiça e do poder local.

Ao longo do século XX, o município foi se interligando umbilicalmente ao porto,

através de movimentos políticos, atividades culturais, trabalhadores e intercâmbio. As décadas

passam e Itajaí, com seu porto, se torna cada vez mais internacional.

Itajaí fica localizado no norte de Santa Catarina, possuindo uma área de 289,26 km2.

Sua população, conforme levantamento do IBGE de 2009, é de 172.081 habitantes (IBGE,

2010). Seu atual Prefeito é o Sr. Jandir Bellini.

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4.1.7 Porto Belo

Considerada como uma das regiões mais bonitas do litoral brasileiro, Porto Belo tem

em seu território algumas das praias mais concorridas do Estado e do Brasil. A população

nativa conserva as tradições dos antepassados, com destaque para o folclore do Boi-de-

Mamão, o Terno de Reis e a Queima de Cruzes. Durante o verão, muitos cruzeiros marítimos,

de passagem pelo litoral catarinense, ancoram nas águas de Porto Belo e convidam os

passageiros a visitar a cidade, que faz parte dos melhores roteiros turísticos.

Fica localizado na região litoral norte do Estado de Santa Catarina, possuindo uma

área de 95 km2, e sua população fica entre os 14.228 habitantes fora da temporada, uma vez

que na alta estação o município recebe entre 60.000 e 100.000 visitantes (IBGE, 2010). Seu

atual Prefeito é o Sr. Albert Stadler Filho.

4.1.8 Camboriú

A colonização em Camboriú aconteceu na segunda década do século XIX, com

Baltazar Pinto Corrêa, natural da cidade de Lamego, Concelho de Viseu, norte de Portugal.

Inicialmente Baltazar veio para Porto Belo, aproximadamente no ano de 1821.

Ele requereu uma carta sesmaria para ocupar uma gleba de terra e iniciar um

povoamento que, de acordo com o Historiador José Boiteux, seu contemporâneo, Baltazar deu

o nome de Freguesia do Bom Sucesso.

Ele recebeu a carta de sesmaria no dia 26 de setembro de 1826, depois de passar

longos anos embaraçada na burocracia da Coroa no final do governo de D. João VI. Essa

colonização teve início no Canto Norte da Praia, conforme revela a carta de sesmaria, depois

seguiu para a Localidade hoje conhecida como “Barra” onde foi criado o Município de

Camboriú.

Outros vieram mais tarde, sempre atraídos pela fertilidade das terras. Pertencente, de

início, a Porto Belo, integrou mais tarde o território de Itajaí, até a data de sua emancipação,

que se deu através da Lei nº 1.076, de 05 de abril de 1884. A instalação do município ocorreu

em 15 de janeiro de 1885.

"Barra", foi considerada inicialmente sede do município, no entanto, a "Vila Garcia",

hoje Cidade de Camboriú, passou a ser o centro administrativo a partir de 1890, dado o seu

crescente progresso superior a localidade da "Barra",

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O atual Município de Camboriú foi primeiramente denominado de Freguesia de Nossa

Senhora do Bom Sucesso de Camboriú após, foi elevada à categoria de Vila, passando a ser

chamada de Vila de Camboriú.

Devido ao nome de Balneário Camboriú, é chamado, pelos novos habitantes, de

Camboriú Velho. Foi instituído Distrito pela Lei Provincial nº 292, de 26 de abril de 1849,

com o nome de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Camboriú e, depois, Município de

Camboriú, pela Lei Provincial do Governador Dr. Francisco Luiz da Gama Roza, n º 1.076,

de 5 de abril de 1884, sendo este instalado em 15 de janeiro de 1885.

Fica localizado no norte de Santa Catarina, possui uma área de 215 km2, e sua

população fica entre os 57.793 habitantes (IBGE, 2010). Sua atual Prefeita é a Sra. Luzia

Coppi Mathias.

4.1.9 Balneário Camboriú

No ano de 1758, teve início o povamento da região, quando algumas famílias

procedentes de Porto Belo estabeleceram no local denominado Nossa Senhora do Bonsucesso,

que mais tarde, passou a ser chamado de Barra. Atraídas pela fertilidade do solo e pelo clima,

vieram outras famílias de origem alemã, procedentes do vale do Itajaí e Blumenau.

Em 1930, pela situação geográfica privilegiada, iniciou-se a fase de ocupação da

região preferida pelos banhista, e, dois anos depois, foi construído o primeiro hotel, na

confuência das avenidas Central e Atlântica. No ano de 1964, o distrito obteve autonomia,

passando a município com o topônimo de Balneário de Camboriú, alterado, em 1979, para

Balneário Camboriú.

Distrito criado com a denominação de Praia de Camboríu, pela lei municipal nº 18, de

20 de outubro de 1954, era subordinado ao município de Camboríu. No quadro fixado para

vigorar no período de 1954-1958, o distrito de Praia de Camboríu figura no município de

Camboríu. Em divisão territorial de 1960, o distrito de Praia de Camboríu permanece no

município de Camboríu. Elevado à categoria de município com a denominação de Balneário

de Camboríu, pela lei estadual nº 960, de 08 de abril de 1964, desmembra-se de Camboríu.

Pela lei estadual nº 5630, de 20 de novembro de 1979, o município de Balneário de Camboríu

passou a denominar-se Balneário Camboríu.

Fica localizado no norte de Santa Catarina, possuindo uma área de 46,49 km2, e sua

população, de acordo com dados do IBGE de 2009, é de 102.081 habitantes (IBGE, 2010).

Seu atual Prefeito é o Sr. Edson Renato Dias.

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4.1.10 Bombinhas

Colonizada por imigrantes açorianos no século XVIII, ainda hoje seus descendentes

mantém vivos os seus costumes e tradições na dança do pau de fita, artesanato, tapeçaria e no

folclore. É considerada a Capital do Mergulho Ecológico e um dos mais belos refúgios de

Santa Catarina. As principais atividades econômicas de Bombinhas são: em primeiro lugar o

turismo, seguida da maricultura, com a criação de mariscos e ostras, além da pesca artesanal.

Devido ao encontro de diversas correntes marinhas nessa região, a quantidade de peixes e

outros organismos marinhos são bastante elevados, permitindo uma farta pesca.

Fica localizado no extremo leste da península de Porto Belo, única do sul do Brasil,

em Santa Catarina, possuindo uma área de 36,6 km2. Sua população fica entre os 12.695

habitantes fora da temporada, pois na alta estação o município recebe cerca 50.000 visitantes

(IBGE, 2010). Seu atual Prefeito é o Sr. Manoel Marcílio dos Santos.

4.1.11 Itapema

O povoamento de Itapema iniciou-se em 1748, com a vinda de 461 imigrantes

açorianos, dos quais a cidade herdou o linguajar, as crenças, o gosto pela música, o folclore e

a conduta ordeira e pacífica.

Itapema pertenceu a Camboriú e a Porto Belo até que, em 1962, o vereador de Porto

Belo, morador do Distrito de Itapema, Olegário Bernardes, elaborou um projeto de lei,

aprovado por Lei Estadual em 28 de fevereiro de 1962, criando o Município de Itapema. Osni

dos Santos foi o primeiro prefeito da cidade, nomeado em 21 de abril de 1962, pelo então

Governador Celso Ramos.

Situada num dos trechos considerados mais bonitos do litoral catarinense, Itapema é

famosa por suas praias e pela infra-estrutura hoteleira tida como de primeiro mundo. Está

localizada na região litoral do Estado de Santa Catarina, possuindo uma área de 586 km2. Sua

população fica entre os 36.629 habitantes fora da temporada, pois na alta estação o município

recebe cerca de 35.000 visitantes. (IBGE, 2010). A sua economia é impulsionada pelo turismo

e pela construção civil na atualidade. O atual Prefeito é o Sr. Sabino Bussanello.

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4.2 A política ambiental dos conselhos municipais de meio ambiente nos municípios da

AMFRI

Tendo como recorte geográfico de estudo os municípios da região de abrangência da

AMFRI, serão considerados os aspectos relacionados à institucionalização da política

ambiental nos conselhos municipais de meio ambiente, conforme segue.

Iniciando-se por Luis Alves, o município possui uma Secretaria de Agricultura e Meio

Ambiente, cujas atribuições gerais que não são voltadas exclusivamente para a proteção do

meio ambiente. Em novembro de 2008 ocorreram múltiplos deslizamentos na região deixando

muitos desabrigados e, por tal motivo, os veículos de mídia, tanto virtual quanto escrita,

relataram que a catástrofe se deu pela ocupação desordenada, principalmente, pelo plantio de

culturas não aceitáveis para a região.

O COMDEMA de Luis Alves foi instituído através da Lei nº 883/1998, que cria o

Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, entretanto, esse conselho encontra-se

atualmente inativo. O Prefeito Municipal, por sua vez, pretende ativá-lo em conjunto com a

comunidade, de acordo com a Diretora do Departamento Secretaria Agricultura e Meio

Ambiente.

Em Balneário de Piçarras, a Secretaria de Meio Ambiente está agregada à Secretaria

de Planejamento e Projetos Especiais, na qual toda fiscalização que se refere ao meio

ambiente é feita pelos fiscais da secretaria de Planejamento. O município tem um

desempenho atuante na área ambiental e tenta coibir toda degradação, principalmente no que

diz respeito às construções em áreas de Áreas de Proteção Permanente (APPs). Não trabalham

com licenciamento e, todo e qualquer parecer técnico e autorizações, é encaminhado à

FATMA/IBAMA para análise. O município não possui COMDEMA.

A prefeitura de Balneário de Piçarras apresenta atuação nesta área (apesar de não ter

constituído seu Conselho de Meio Ambiente), cabendo aos funcionários da Secretaria de

Planejamento, em conjunto com a Secretaria de Educação, promover concursos nas escolas

mudando a rotina dos alunos. Essas pesquisas de cunho pedagógico devem envolver os temas

da atualidade, como aquecimento global, reaproveitamento de materiais e consumo

responsável.

No caso de Penha, o município possui a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente,

cujas atribuições estão mais direcionadas para o plano diretor, ficando o Meio Ambiente sem

uma legislação específica para o desenvolvimento de projetos ambientais, bem como, verbas

oriundas do Ministério de Meio Ambiente.

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A Lei de criação do COMDEMA é a nº 445, de 09 de novembro de 1977 (ANEXO

01), estando ativa até os dias de hoje, porém com pouco respaldo, pois a estrutura

organizacional ainda necessita de melhorias. O conselho participa das reuniões da AMFRI e

tenta descentralizar a operacionalização de uma Fundação de Meio Ambiente em Penha para

que, com uma melhor estrutura, consiga trazer em conjunto com a participação da sociedade

muitas melhorias para o município.

Para Ilhota, com a reativação dos trabalhos realizados pela Assessoria de Meio

Ambiente, o agricultor e o cidadão podem contar com serviços de expedição de licenças

ambientais para supressão de vegetação, corte seletivo e manejo de palmiteiro, além do

licenciamento para a cultura do arroz.

Através do preenchimento de um protocolo junto à Secretaria de Agricultura, é

possível realizar: a supressão de vegetação em até 3 hectares de floresta em estágio inicial de

regeneração natural, o corte de até 20 árvores ou 15 metros cúbicos para uso na própria

propriedade; e ainda fazer o manejo do Palmiteiro viabilizando-se o corte de até 2.000

unidades/ano, atendendo a legislação específica. Estuda-se também a possibilidade de se

realizar o Licenciamento Ambiental de Empresas de Pequeno e Médio Porte, conseguindo-se

com isso maior dinâmica e agilidade nos processos de licenciamento, além da redução

significativa dos custos inerentes as taxas das licenças.

A Fiscalização Ambiental de Ilhota também está presente no processo, pois, a partir do

momento em que o município é competente para licenciar, este é também obrigado a exercer

a fiscalização e a Educação Ambiental, com o objetivo de garantir um meio ambiente

equilibrado e sadio, garantido a qualidade de vida de todos os munícipes (ILHOTA, 2010).

No município de Navegantes, a Fundação Municipal de Meio Ambiente de

Navegantes (FUMAN) foi instituída em 2001 pelo então prefeito municipal Moacir Alfredo

Bento, tendo como foco principal a política ambiental. Suas funções constam explicitadas na

Resolução CONSEMA 04/2008, que visa promover a fiscalização das áreas de encostas, áreas

de APP, bem como, a análise de projetos hidrosanitários e a promoção da educação ambiental

nas escolas do município. O Conselho de Meio Ambiente foi instituído através da Lei nº

1197/97, e atua na medida do possível, iniciando sua jornada participativa e trazendo as

entidades governamentais e não governamentais para que juntos possam diminuir os

problemas ambientais locais (ANEXO 02).

Itajaí possui a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí (FAMAI), instituída

através de Lei Complementar nº. 04/1999. O Conselho de Meio Ambiente (COMDEMA) foi

instituído pela Lei nº 2.646/1991 e alterada pela Lei nº 4.885/2007. O município encontra-se

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bem estruturado e a FAMAI aplica o que foi instituído no COMDEMA, uma vez que os

programas de Políticas Públicas de Planejamento e Participação Popular abrangem várias

áreas do município.

Para tanto, trabalha a fiscalização, atende as denúncias dos munícipes, bem como atua

no licenciamento ambiental, com apoio do Estado através das Resoluções do CONSEMA

01/2006, 02/2006, 03/2008 e 04/2009. Pretende ainda ampliar este licenciamento, fazendo

com que o município atue em todas as áreas permitidas pela FATMA, que contribui na

preservação do meio ambiente e na melhoria da qualidade de vida (ANEXO 03).

O município de Porto Belo possui Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, que

tem atribuições gerais como o Plano Estratégico de Desenvolvimento Local, exigido pela

Agenda 21, entre outras ações de igual importância.

O COMDEMA foi instituído pela Lei nº 419/1984, que criou o Conselho Municipal de

Defesa do Meio Ambiente, ativo até os dias atuais, todavia, com pouco respaldo, pois sua

estrutura organizacional necessita de melhorias. Porto Belo participa das reuniões da AMFRI

e tenta descentralizar a operacionalização de uma Fundação de Meio Ambiente, para que, com

uma melhor estrutura, consiga trazer em conjunto com a participação da sociedade muitas

melhorias para o município (ANEXO 04).

Em Camboriú, existe uma Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente que não efetua

licenciamento ambiental e trabalha em conjunto com a Secretaria de Agricultura, emitindo

pareceres de viabilidade e autorização ambiental na área Florestal, além de efetuar a

fiscalização das licenças expedidas pela FATMA/Itajaí. Seu Conselho foi criado pela Lei

1.643/2005 (ANEXO 05), porém está denominado como Conselho Municipal de

Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, se apresentando inativo no momento.

No caso de Balneário Camboriú, o município possui uma Secretaria de Meio Ambiente

(SEMAM), que tem como finalidade o planejamento, organização, execução e controle das

atividades empreendidas na área do desenvolvimento ambiental, promovendo medidas que

protejam a boa qualidade de vida e do meio ambiente. A secretaria divulga os programas que

são instituídos por ela, porém, somente emite parecer de viabilidade, não efetuando

licenciamento. Trabalha em conjunto com a Secretaria de Planejamento, efetuando as

vistorias necessárias. As demais áreas ambientais são encaminhadas para licenciamento da

FATMA no município de Itajaí e Florianópolis. Possui COMDEMA instituído pela Lei

2.127/2002, porém, não está ativo no momento.

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Em 13 de fevereiro de 2007, foi instituída a Lei nº. 2698 que altera a composição do

Conselho Municipal do Meio Ambiente, determinando suas competências, conforme o

disposto no artigo 2º, do referido Conselho (ANEXO 06).

A Fundação de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas (FAMABO) ainda

encontra-se em fase de estruturação. O Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA)

foi criado em 2001 com a Lei nº 615, sendo revogado pela Lei nº 078/2008 (ANEXO 07).

Esse conselho está atuando regularmente com reuniões mensais, tendo a total participação da

sociedade civil, que comparece e discute os problemas relacionados à sustentabilidade do

município.

Como contraponto, o município de Itapema possui uma Fundação de Meio Ambiente e

tem atribuições próprias para sua subsistência. A Fundação foi instituída através da Lei

1914/2002 pelo então prefeito municipal Clóvis José da Rocha. A legislação ambiental de

Itapema passou por diversas mudanças, desde que o COMDEMA foi criado, em 11 de julho

de 1979, até a atualidade.

As mudanças operadas neste COMDEMA podem ser observadas na legislação de

criação - 18/79 - que foi revogada pela Lei nº 54/84, sendo apenas instituída e implantada com

a Lei nº 1870, de 2001 (ANEXO 08), que traz alterações pertinentes com a nova realidade

ambiental. Pela legislação antiga, a responsabilidade pelas questões ambientais era exclusiva

do prefeito, e os conselhos eram somente deliberativos. Já na Lei atual, a responsabilidade

será do Poder Executivo Municipal e dos órgãos competentes por tal pasta, tornando-se os

conselhos deliberativos e normativos de acordo com a Resolução n.º 237/CONAMA/97, que

regulamenta o Licenciamento Ambiental, atribuindo aos Municípios competência para essa

tarefa relativamente a empreendimentos municipais. Conforme consta no seu artigo 20, “[...]

os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias, deverão ter

implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação

social e, ainda, possuir em seus quadros ou à sua disposição profissionais legalmente

habilitados”.

Conclui-se, portanto, que a licença só pode ser dada em um nível de competência, e os

Municípios que não estiverem preparados para licenciar terão que criar o seu Conselho de

Meio Ambiente, com participação popular e poder deliberativo, tendo em seus quadros

profissionais capacitados para desempenhar funções relativas ao licenciamento, de acordo

com o art. 20 da Resolução Conama 237/97. Isso leva à implementação de ações no sentido

da estruturação do município na área ambiental, pela necessidade de criação do Fundo de

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Meio Ambiente, específico para receber o repasse dos recursos provenientes da cobrança das

multas relativas às infrações, como determina o art. 73, da Lei 9.605/98.

A Lei Federal n.º 9.605/98, que diz respeito aos Crimes Ambientais e seus

dispositivos, demonstra a extrema relevância de os Municípios apresentarem uma estrutura

ambiental que lhes dará direito de exercer o poder de polícia para aplicar a legislação. Esta lei

dispõe também sobre a responsabilidade do agente administrativo com relação ao dever legal

de zelar pelos interesses ambientais, o que acaba por obrigar os Municípios a assumirem seus

deveres, fazendo, principalmente, com que os prefeitos, governadores e entidades federais

tomem a iniciativa de fortalecer ou aparelhar o seu órgão ambiental na defesa do meio

ambiente. O Conselho de Meio Ambiente deve ser também normativo, ou seja, deve formular

e detalhar a legislação ambiental municipal, adequá-la e fiscalizá-la.

4.2.1 O CONDEMA no município de Itapema

O município de Itapema iniciou sua caminhada ambiental com uma Fundação

Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI) no ano de 2002, tendo dificuldades de

competências com o Estado de Santa Catarina. Porém, foi efetuado um convênio com a

SDS/FATMA/Município de Itapema, sendo que, com o estabelecido na Resolução CONAMA

n° 237/1997, o licenciamento se daria automaticamente.

Foi pelo Decreto nº 620/2003 que se criou o Programa de Descentralização Ambiental

de Santa Catarina, sendo a gestão ambiental compartilhada nos municípios e trazendo-se,

assim, a melhoria do atendimento aos usuários, agilidade e otimização dos processos de

licenciamento, bem como a delegação de competências estabelecidas na Carta Magna, sendo

este decreto normatizado por resolução.

Entra em vigor então, para normatizar este decreto, a Resolução CONSEMA 02/2006

(ANEXO 09) que cria os critérios de habilitação, lista as atividades sujeitas ao licenciamento

ambiental e enquadra o porte e potencial poluidor com os respectivos estudos ambientais,

como o EIA/RIMA.

Em 2008, houve uma reformulação, entrando em vigor a Resolução CONSEMA

04/2008 (ANEXO 10) que aprova a listagem das atividades consideradas potencialmente

causadoras de degradação ambiental de impacto local, para fins do exercício da competência

do licenciamento ambiental municipal.

A implantação do Conselho Municipal de Meio Ambiente e a FAACI trouxeram para

o município uma nova visão ambiental, de controle e intervenção. O município desenvolve,

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em conjunto com a Secretaria de Planejamento, a distribuição de competências, sendo que

técnicos habilitados foram contratados para análise dos projetos hidrosanitários, ficando a

cargo da FAACI a análise e aprovação dos sistemas domésticos Unifamiliar e Multifamiliar,

sendo expedidas as licenças ambientais.

A FAACI providencia as licenças pertinentes nas construções como a Licença

Ambiental Prévia (LAP), que é uma espécie de consulta de viabilidade, em que o

empreendedor recorre ao órgão competente se é possível a implantação do empreendimento

num determinado local. O órgão consulta as legislações ambientais em vigor, federal, estadual

e municipal (quando couber), e responde ao proprietário se o empreendimento é viável ou

não. Se a viabilidade deste for positiva, o órgão emite um ofício contendo as condições e

restrições legais que esse deve atender. A LAP não autoriza a construção da obra, apenas

atesta sua viabilidade naquele local.

Em seguida à liberação da Licença Ambiental de Instalação (LAI) e depois de ter a

LAP aprovada, o empreendedor necessita apresentar ao órgão os projetos físicos e

operacionais da obra, em todos os seus detalhes de engenharia, demonstrando de que forma

vai atender às condições e restrições impostas pela LAP. Só com a LAI expedida é que se

podem começar as obras.

E por fim, a Licença Ambiental de Operação (LAO) que, com o término da obra, o

órgão retorna ao local para nova vistoria, a fim de constatar se o empreendimento foi

construído de acordo com o projeto apresentado e licenciado, principalmente no tocante ao

atendimento das condições e restrições ambientais. Se o empreendimento estiver em

desacordo, a obra pode ser embargada, do contrário, o órgão emite a LAO, e somente então o

empreendimento estará liberado.

A institucionalização do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Itapema se deu

efetivamente após a implantação da FAACI. Com isto, foram nomeados os membros do

conselho através do decreto n° 024/2003, que tomaram posse em maio do mesmo ano. O

prefácio da reunião ordinária, de Arlindo Philippi Júnior et. al. (2010), declara:

No momento em que emerge e se desenvolve no País uma mentalidade prática da cidadania com a defesa intransigente dos direitos dos cidadãos, através dos órgãos da sociedade civil organizada, o município, como ente federativo autônomo e, nesta qualidade integrante do SISNAMA, tem papel destacado, pois a este incumbe organizar-se de forma a assumir as competências inerentes a gestão ambiental das questões locais. Devem assim os municípios, sob esta ótica, responsabilizar-se pela avaliação e pelo estabelecimento de normas, critérios, condutas e padrões relativos ao controle e a manutenção da qualidade ambiental em seu território.

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A primeira ata foi redigida em reunião ordinária realizada nesta sessão, onde foram

apresentados os membros titulares e suplentes nomeados por decreto, bem como efetuada a

eleição para presidente, sendo eleito o primeiro representante o Sr. Gilmar E. dos Santos.

Daqui por diante, o município de Itapema iniciou sua caminhada ambiental com a FAACI.

As demais reuniões deram seguimento a melhorias, como a instituição do regimento

interno da FAACI, bem como, a discussão sobre a regulamentação da Conta Fundo (de

acordo com o estabelecido na Lei nº 9.638/81), onde ficou instituído que os recursos advindos

das multas e dos autos de infração iriam para a conta fundo, bem como o debate sobre

diversos entraves, como a luta entre o município de Itapema e a CASAN para a concretização

a Concessão do Saneamento. Desde o início, essas reuniões contaram com a presença do

Ministério Público para que, em conjunto, sanassem as divergências que por ventura

pudessem aparecer.

Temas que foram discutidos desde a primeira reunião do COMDEMA (e ainda são):

Projeto de retificação do Rio Itapema; Projeto Implantação da Área Industrial; Projetos de

adequação dos loteamentos implantados no município: Projeto do Parque Municipal Padre

Raulino Reitz; Estudo de Implantação de novas empresas no município; Monitoramento

ambiental das extrações de recursos não renováveis (barreiros e usina asfáltica) instalados no

município; Projeto de Dragagem no Bairro Canto da Praia; Projeto de licenciamento dos

rizicultores do município; Projeto do Defenso no Bairro Canto da Praia, regularização do

museu, Criação da APA – Área de Preservação Ambiental, Projeto Orla; restauração de

ambientes e corpos d’água degradados nos bairros do município projeto este que utilizaria

recursos do Fundo Municipal; Implantação de segurança nas praias; solicitação ao legislativo

de uma Lei e de um local adequado para a guarda de animais apreendidos no município;

regularização de condomínios fechados, sem o acesso para a população; Processo de

Educação ambiental nas escolas públicas e particulares; regularização dos fornos de carvão;

curso de capacitação de conselheiros municipais oferecido pela AMFRI; abstenção dos órgão

públicos para a emissão de quaisquer serviços (ligação de água, luz) que venham a facilitar a

ocupação em áreas de APP; Exigir através de Lei imposta pelo executivo a ART dos materiais

vendidos nas lojas de construção para o tratamento de esgoto que encontram-se fora do

padrão da FATMA, para facilitar o licenciamento ambiental; revisão do regimento interno;

Propõe ao município sediar a 1° Conferência em Saúde Ambiental; discussão e votação de

Resolução do COMDEMA 007/2010 para o licenciamento ambiental do município e;

deliberação sobre a aquisição de um carro para a fiscalização com os recursos provenientes da

conta fundo.

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Assim, o município de Itapema, sempre com a chancela do Ministério Público, discute

a regularização de empreendimentos que devam se adequar, imputando aos proprietários a

regularização através dos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), todos estes frutos de

ocupação desordenada; discussão de autos de infração, bem como, apresentação de defesa e

julgamento e penalidade.

A FAACI conseguiu se estruturar no município através dos TACs, que penalizavam os

infratores com quantias ou (na maioria das vezes) com a compra de equipamentos que

pudessem estruturar a mesma. Além de o Ministério Público participar de todas as reuniões

do COMDEMA, ele também verificava os autos de infração e auxiliava a FAACI a

permanecer na legalidade. A FAACI, em conjunto com o COMDEMA, lutou para a

implantação de várias empresas de grande porte para sua instalação em Itapema, empresas

estas que só não se instalaram efetivamente por motivos de força maior.

A FAACI é o órgão municipal responsável pela implementação da Política Municipal

de Meio Ambiente, conforme atribuições contidas na Lei n° 1914/2002 e suas alterações o

Decreto Municipal n° 035/2004 e Resolução COMDEMA 006/2010, estando competente para

licenciar as atividades previstas no Anexo III da Resolução CONSEMA 004/2008.

Desde sua instituição, o COMDEMA atua de forma a atingir todos os objetivos da

política ambiental, tendo a função de opinar e assessorar o poder executivo municipal nas

questões relativas ao meio ambiente. Nos assuntos de sua competência, funciona também

como um fórum para se tomar decisões. No entanto, cumpre citar que, apesar de possuirem

caráter normativo, esta prerrogativa é limitada a expedir Resoluções e Deliberações, visto que

a competência para criação de leis é uma exclusividade do Poder Legislativo, representado

pela Câmara de Vereadores.

O desenvolvimento das políticas públicas neste município apresenta reuniões

efetuadas com regularidade e as providências são tomadas em conjunto, fazendo com que o

papel do conselheiro se efetive. No ano de 2007 foi expedida uma Moção (ANEXO 11) pelo

COMDEMA, que trata da preservação da Mata Atlântica e sobre a total preservação da área

verde, bem como da ocupação desordenada da orla Itapemense.

Foram expedidas pelo municípios sete Resoluções que buscam uma melhor qualidade

de vida entre homem e meio ambiente:

• Resolução COMDEMA 001 e 002/2004 (ANEXO 12) – tratam da implantação de

empresas no município que, por serem de grande impacto ao meio ambiente, a FAACI

encaminhou solicitação de análise pelo Conselho para, em conjunto com o Ministério

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Publico, defina qual o critério para o licenciamento ambiental, observando sempre a

preservação dos recursos naturais, mas visando o desenvolvimento do município.

• Resolução COMDEMA 003/2005 (ANEXO 13) – a FAACI trouxe para o Conselho a

responsabilidade de julgamento de autos de infração por poda sem autorização e, em

sessão ordinária com a anuência do Ministério Público, decidiu-se pela advertência do

autuado, ficando o mesmo ciente de que, para a poda de vegetação rasteira na orla, é

necessária a autorização do órgão ambiental.

• Resolução COMDEMA 004/2005 (ANEXO 14) – foi levado ao COMDEMA os

prejuízos que uma empresa de usina asfáltica trazia para o município, onde foi realmente

constatado pelos técnicos da FAACI que a empresa estava causando uma poluição

atmosféria maior do que a permitida e que a localização da mesma estava incorreta,

menos de 200 metros de curso d’água. Em reunião, foi decicido pela imediata suspenção

das atividades até que a mesma se regularizasse perante ao órgão ambiental.

• Resolução COMDEMA 005/2006 (ANEXO 15) – tratou-se da economicidade dos

munícipes na publicação de empreendimentos de acordo com a Resolução CONAMA n°

281/2001, quando a solicitação se tratasse de renovação ou de autorização, diminuindo o

ônus financeiro nos empreendimentos de pequeno porte.

• Resolução COMDEMA 006/2007 (ANEXO 16) – Resolveu estabelecer para a FAACI

procedimento simplificado para o licenciamento ambiental nas atividades de pequeno

potencial poluidor e de baixo impacto ambiental.

• Resolução COMDEMA 007/2010 (ANEXO 17) - Resolve aprovar listagem própria

para que a FAACI proceda o licenciamento, trabalhando com um potencial poluidor

menor, dispondo formas mais simplificadas e de regularização de empreendimentos

conforme consta no Anexo I desta resolução.

Como pode-se perceber, o município de Itapema apresenta-se estruturado para prover

o atendimento às questões ambientais de maneira satisfatório e com a participação, tanto do

poder público quanto da socidade. Assim, quando consideramos a realidade encontrada nos

outros municípios, consegue-se um panorama de como as políticas de meio ambiente estão

sendo conduzidas.

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4.3 Conclusões sobre a Institucionalização da Política Ambiental nos municípios da

AMFRI

Quando comparadas as fases de desenvolvimento das políticas ambientais dos

municípios que fazem parte da AMFRI, assim como a presença e atuação dos COMDEMAs

nessas localidades, pode-se visualizar a situação representada pelo Quadro 1.

Com isto, visualiza-se a atuação dos municípios no sistema de gestão ambiental,

demonstrando uma possível necessidade dos governos locais se fortalecerem como instâncias

de decisão e planejamento, capacitando-se para desenvolverem políticas próprias e adotarem

procedimentos ambientalmente corretos. Para tanto, os Municípios precisam ajustar as suas

estruturas administrativas, as normas tributárias, seus planos diretores, a estrutura do poder

local, o processo de desenvolvimento, suas relações institucionais, jurídicas e a forma

colegiada de atuação.

Gerir o meio ambiente local traz aos municípios planejamento e desenvolvimento

sustentável, ao mesmo tempo em que atrai mais investimentos; agiliza a implantação de novos

empreendimentos; evita o deslocamento do empreendedor a outro município para requerer a

licença; aumenta seus recursos com a cobrança de taxas de licenciamento e recebimento de

parte dos recursos da Taxa de Controle e Fiscalização cobrada pelo órgão estadual; facilita o

acesso a financiamentos e; diminui a sobrecarga de trabalho dos órgãos estaduais de

licenciamento (que passarão a ficar responsáveis apenas pelo licenciamento de grandes

empreendimentos com alto potencial de impacto ambiental); demonstrando ser uma

administração municipal responsável e consciente da pauta mundial de meio ambiente.

Quadro 01: Quadro comparativo das políticas ambientais dos municípios da AMFRI

Município Órgão responsável pelas questões ambientais Presença de COMDEMA – atribuições e funções

Luis Alves Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente

Instituído pela Lei nº 883/1998 - Encontra-se inativo.

Balneário de Piçarras

Secretaria de Meio Ambiente agregada à

Secretaria de Planejamento e Projetos

Especiais

Não possui lei de criação.

Penha Secretaria de

Planejamento e Meio Ambiente

Instituído pela Lei nº 445, de 09 de novembro de 1977 - Está ativo, mas com pouco respaldo por necessitar de melhorias. Luta pela criação de uma fundação de meio ambiente.

Ilhota Assessoria de Meio Ambiente ligada à

Secretaria da Agricultura Não possui lei de criação.

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Navegantes Fundação Municipal do

Meio Ambiente de Navegantes

Instituído pela Lei nº 1197/97 - Atua na medida do possível, trazendo as entidades governamentais e não governamentais para o debate.

Itajaí Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí

Instituído pela Lei nº 2.646/1991 e alterado pela Lei nº 4.885/2007 - Os Programas de Políticas Públicas de Planejamento e Participação Popular abrangem várias áreas. Trabalha a fiscalização, atende denúncias e atua no licenciamento ambiental, pretendendo ampliá-lo para que Itajaí atue em todas as áreas permitidas pela FATMA.

Porto Belo Secretaria de

Planejamento e Meio Ambiente

Instituído pela Lei nº 419/1984, que criou o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - Atua com pouco respaldo, pois sua estrutura organizacional necessita de melhorias.

Camboriú Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente

Foi criado pela Lei 1.643/2005, denominado como Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente - Encontra-se inativo.

Balneário Camboriú

Secretaria de Meio Ambiente

Instituído pela Lei 2.127/2002 (inativa) e alterada pela Lei nº 2698/2007 - Auxilia a secretaria no planejamento, organização, execução e controle das atividades empreendidas, além da promoção de medidas que protegem a qualidade de vida e do meio ambiente.

Bombinhas Fundação de Amparo ao

Meio Ambiente de Bombinhas

Criado pela Lei nº 615/2001, que foi revogada pela Lei nº 078/2008 - Atua regularmente com reuniões mensais, tendo a participação da sociedade civil, que comparece e discute problemas relacionados à sustentabilidade do município.

Itapema Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema

Criado pela Lei nº 18/79, que foi revogada pela Lei nº 54/84. Só foi instituído com a Lei nº 1870/2001 - Atua tendo a função de opinar e assessorar o poder executivo nas questões relativas ao meio ambiente. Funciona também como fórum para se tomar decisões, caráter limitado a expedir Resoluções e Deliberações. Sua atuação efetiva o papel dos conselheiros.

Fonte: Elaborado pela autora.

O que se nota no estudo é que, pela análise do quadro comparativo, dois municípios

(Balneário de Piçarras e Ilhota) não possuem instituídos seus conselhos municipais de meio

ambiente, e ainda cinco deles (Luis Alves, Penha, Porto Belo, Camboriú e Balneário

Camboriú), instituíram os COMDEMAs. Porém, suas atuações são de pouco respaldo, não

trazendo para o município o referencial de utilização sustentável dos recursos derivados de

ecossistemas naturais, proteção de zonas florestais, proteção de áreas de APP, preservação de

espécies e até a prática de turismo e recreação, como as trilhas e parques.

Os municípios de Itajaí, Bombinhas, Navegantes e Itapema estão na frente, pois

instituíram não somente o Conselho como também implantaram as Fundações de Meio

Ambiente Municipais, fazendo com que a otimização dos processos seja mais eficaz e rápida.

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Nessas condições, o município de Itajaí tem uma estrutura modelada e, dentro de

pouco tempo, já estará licenciando o porte poluidor mais avançado, que inicialmente compete

ao órgão ambiental estadual (FATMA). Os municípios de Navegantes e Bombinhas ainda

estão estruturando suas Fundações, sendo seus conselhos desde já atuantes na resolução dos

problemas ambientais municipais. Mas é o município de Itapema, constante da Região da

AMFRI, que está tratando o meio ambiente de forma mais crescente, uma vez que as políticas

públicas de gestão ambiental estão sendo construídas tijolo a tijolo.

Como pode-se perceber, sua estrutura está erguida com base nos pilares da

precaução/prevenção, com vistas em evitar a ocorrência de dano ambiental na origem; o

direito à informação e a participação pública no processo político de decisão, sobre a

conveniência de se aceitar certas atividades e empreendimentos; tornando o princípio do

poluidor-pagador um facilitador à adoção de medidas econômicas para minorar ou excluir os

riscos ambientais, implicando na criação de um regime de responsabilidade e de compensação

pelos prejuízos causados ao meio ambiente.

A demanda incessante por bens e serviços afeta a qualidade de vida, e a busca de

equilíbrio entre atividade econômica e preservação ambiental, tônica do desenvolvimento

sustentável e da equidade entre as diversas gerações que estão por vir.

Os muitos desafios que os princípios revelam ou escondem não afastam de nós o

desejo de conhecê-los e superá-los, apesar das dificuldades, da busca do equilíbrio entre o

ambiente e o homem, do desenvolvimento do presente e das novas demandas econômicas e

sociais do futuro. Teremos, sem dúvida, um acerto de contas com as novas gerações, mas

Itapema tenta cumprir o que vem sendo expresso na legislação19.

19Outras informações podem ser acessadas em <http://www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm>

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação buscou mostrar os desafios na área ambiental na Região da

AMFRI. Embora inegáveis os avanços na percepção social, acerca do grau de importância que

deve ser atribuído ao direito de todos e equilíbrio ambiental como condição indispensável a

uma satisfatória qualidade de vida; à preservação da saúde e à própria sobrevivência humana,

a sociedade pós-moderna ainda está muito longe de atingir um nível mínimo comportamental

que se alinhe a um padrão de desenvolvimento responsável e sustentável, passível de atingir

uma vida digna e sadia para a grande parte das presentes e futuras gerações.

A intenção seria de fazer uma análise superficial dos COMDEMAS dos onze

municípios integrantes da Região da AMFRI e um comparativo entre os municípios de

Itapema e Balneário da Camboriú, porém, o estudo conseguiu se focar somente no município

de Itapema, pois este compartilha de uma legislação e uma Fundação de Meio Ambiente

(FAACI) que disponibiliza as informações, fato deste que deveria representar o acesso ao

público, pelo princípio da participação social, ficando assim disponível toda a documentação,

resoluções, atas do COMDEMA, etc. desde o seu início no ano de 2002 até os dias de hoje.

No município de Balneário de Camboriú não foi possível efetuar tal estudo, pois este

possui somente uma Secretaria de Meio Ambiente integrada à Prefeitura Municipal e, apesar

de ter implantado o Conselho de Meio Ambiente, no ano de 2002, e alterada no ano de 2007,

encontra-se inativo no momento. Assim este órgão somente auxilia a secretaria de

planejamento na organização, execução e controle das atividades bem como na promoção de

ações para a conscientização dos munícipes em geral, não disponibilizando o material

necessário para que proceda-se um estudo de caso ou qualquer comparação com outro

município.

A consolidação normativa do Estado Democrático Contemporâneo, por meio da

avançada Constituição Republicana Federativa do Brasil (1988), abriu espaço para que

assumíssemos o risco socioambiental como instrumento para a emancipação da sociedade

civil organizada.

O Brasil possui uma das mais completas estruturas administrativas e legais para

proteger o meio ambiente, habilitando qualquer cidadão a atuar na questão ambiental. Esta

ação não depende somente do executivo municipal, mas sim de toda a sociedade. Precisa-se

ter mais responsabilidade, identificando-se ações de sucesso para a implantação em nossos

municípios.

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Pode-se verificar que, a iniciativa de abordagem das questões ambientais, através das

discussões e por meio dos conselhos de governo e gestão, pode vir a se tornar uma alternativa

viável para a formulação e implementação das políticas públicas na área de meio ambiente. A

análise dos modelos adotados no passado demonstra terem sido, não apenas insuficientes para

a solução dos principais problemas, mas contribuintes para a instauração do quadro sócio-

econômico e ambiental grave em que nos vemos inseridos.

Devido à sua universalidade, a questão ambiental não pode ser tratada de maneira

isolada, sem se atentar para os aspectos econômicos e sociais, bem como para os conflitos

existentes nas relações entre seus diversos setores.

Essa nova abordagem se encontra em fase embrionária, não permitindo ainda uma

avaliação precisa sobre a sua capacidade de atender plenamente os problemas existentes, bem

como corrigir os equívocos cometidos no passado.

A possibilidade de participação da sociedade civil organizada nos processos de

decisão, através dos conselhos de meio ambiente, garantiria o prosseguimento de ações e

políticas públicas, uma vez que pode sujeitar o governo ao alto custo político da decisão de

interrompê-la.

Entende-se por participação popular a luta ou a exigência de uma coletividade para

transformar ou alterar o rumo de um determinado processo social, econômico, tecnológico ou

científico, através da vontade social. Dessa forma, tal conjunto de atitudes, trabalhos e

preocupações, tem como objetivo fazer com que a participação da sociedade civil se torne

vontade política para operar as transformações necessárias não apenas à sua sobrevivência,

mas à melhoria na qualidade de vida.

Muito se fala, e sempre de maneira crítica, sobre a vontade política de quem está no

governo, esquecendo-se igualmente de que esta é fruto da vontade social. E, para que se

compreenda todo o campo de abrangência dos processos de decisão, faz-se necessário

reconhecer os papéis dos agentes e a composição das forças dentro do processo global, sem

tornar-se praticamente impossível, como se tem visto historicamente neste País, o

estabelecimento das políticas públicas claras e continuadas, comprometidas com o futuro

dessa mesma sociedade.

Através da análise do quadro teórico construído para fundamentar esta pesquisa,

constata-se que o vínculo entre os representantes governamentais e as instituições é de

extrema fragilidade, e as instituições, por sua vez, desconhecem o que acontece dentro dos

conselhos (e vice-versa), pois as pessoas que participam são desprovidas de entendimento e

de poder de decisão. Por outro lado, os representantes não-governamentais demonstram um

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vínculo frágil em relação à instituição, necessitando de capacitação para que possam conhecer

o que está sendo deliberado.

Findos os estudos relacionados, verificamos que a institucionalização de organizações

ambientais municipais é fundamental para a ampliação da sustentabilidade e de inclusão

social dos 11 municípios estudados que compõe a Região da AMFRI. Por conseguinte,

verificamos que apenas três defendem os diretos ambientais com toda força, ou seja, os

municípios de Itajaí, Itapema e Navegantes, uma vez que todos possuem Fundação de Meio

Ambiente, criada e instalada, e os COMDEMAs estão atuantes, efetivando a participação da

sociedade.

O que pode-se verificar neste estudo é que, na verdade, os municípios que possuem

uma estrutura mais organizada e que compartilham suas decisões estão imbuídas de um gestor

que conhece a legislação ambiental e que consegue ampliar a visão dos munícipes no que diz

respeito ao meio ambiente. O município de Balneário Camboriú é hoje um dos principais

pólos turísticos do país sendo, portanto, um dos municípios do Estado com maior crescimento

populacional e, além disso, recebe uma população flutuante exorbitante. Porém, o gestor

ainda não sentiu falta de organizar uma estrutura ambiental adequada para que o município

agilize e implante modelos de gestão ambiental mais modernos, trazendo agilidade à

construção civil (que tem uma atuação importantíssima no município), pois continua a deixar

com que o governo do Estado efetue tal gestão.

Viu-se que, talvez por falta de vontade política ou por falta de conhecimento na

legislação ambiental, um município que tende a nos mostrar uma estrutura turística não tenha

vontade de tornar-se modelo também na área de meio ambiente.

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ANEXOS

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ANEXO 01 LEI Nº 445, DE 09 DE NOVEMBRO DE 1977 – PENHA (SC)

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LEI ORDINÁRIA Nº 445, DE 09 DE NOVEMBRO DE 977 CRIA O CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE - CODEMA O cidadão JOSÉ DE ASSIS, Prefeito Municipal de Penha, faz saber a todos os habitantes deste Município, que a Câmara de Vereadores votou e eu sanciono a presente Lei: Art. 1º - Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a criar o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - CODEMA, órgão consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Penha, em questão referente ao equilíbrio ecológico e ao combate à poluição ambiental, na área do Município. Parágrafo Único - O CODEMA ficará subordinado diretamente ao Prefeito e terá grau de hierarquia igual ao de secretaria. Art. 2º - Para as finalidades desta Lei, denomina-se poluição, qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente (solo, água e ar), causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente: I - Seja nociva ou ofensiva a saúde, segurança e ao bem estar da comunidade; II - crie condições inadequadas para fins domésticos, agropecuários, comerciais, industriais e públicos; III - ocasione danos a fauna e a flora. Art. 3º - É expressamente proibido o lançamento de resíduos em qualquer estado de matéria ou forma de energia, proveniente de atividades humanas, em corpos de água na atmosfera ou solo e que venham implicar em qualquer forma de poluição ou contaminação do meio ambiente, de acordo com o artigo 2º. Art. 4º - O CODEMA compor-se-á de 9(nove) membros, de livre escolha do Prefeito Municipal, sendo um representante da Prefeitura Municipal, um da Câmara de Vereadores e os demais indicados em listas tríplices por entidades técnicas-científicas ou clubes de serviço. Art. 5º - Os membros do CODEMA terão mandatos de 2(dois) anos, podendo ser reconduzidos, seu exercício será gratuito e considerado como prestação de serviços relevantes ao Município. Art. 6º - O CODEMA manterá com os demais órgãos, congêneres municipais, estaduais e federais, estrito intercâmbio com o objetivo de receber e fornecer subsídios técnicos para esclarecimentos, relativos a defesa do meio ambiente. Art. 7º - O CODEMA cientificado de possível poluição, diligenciará no sentido de sua apuração. Art. 8º - Constatada a poluição, o Conselho expedirá notificação ao responsável, detalhando a ocorrência, e advertindo-o das possíveis conseqüências em face da legislação federal e estadual, sugerindo ao Prefeito as providências que julgar necessárias, a debelação ou redução do mal.

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Art. 9º - O Município poderá estabelecer condições para o funcionamento das empresas, inclusive quanto a preservação ou correção da poluição industrial e de contaminação do meio ambiente respeitando os critérios, normas, padrões fixados pelo Governo Federal. Parágrafo Único - Os critérios, normas, padrões que se refere a esse artigo serão fixados pela Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Art. 10 - A Prefeitura municipal de Penha, através do CODEMA, promoverá a divulgação de conhecimentos e providências relativas a preservação do meio ambiente. Art. 11 - Constarão, obrigatoriamente dos currículos escolares nos estabelecimentos de ensino da Prefeitura, noções e conhecimentos relativos a preservação do meio ambiente. Art. 12 - A presente Lei será regulamentada pela Prefeitura, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias da data de sua publicação. Art. 13 - Até o prazo máximo de 30(trinta) dias após sua instalação, o CODEMA elaborará seu Regimento Interno, que deverá ser homologado por Decreto. Art. 14 - As despesas com a execução da desta Lei, correrão pelas verbas próprias que constarão no orçamento. Art. 15 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Prefeitura Municipal de Penha, 09 de novembro de 1977. José de Assis Prefeito Municipal

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ANEXO 02 LEI Nº 1197, DE 06 DE JUNHO DE 1997 – NAVEGANTES (SC)

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Lei 1197/97 | Lei nº 1197 de 06 de junho de 1997 de navegantes CRIA O CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE - CONDEMA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS LUIZ JOSÉ GAYA, Prefeito Municipal de Navegantes, no uso das suas atribuições legais. Faço saber a todos os habitantes deste Município que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1 º - Fica criado o Conselho Municipal de Defesa do meio Ambiente - CONDEMA, órgão consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Navegantes em questões referentes ao equilíbrio ecológico e ao combate às agressões ambientais em toda a área do Município. Art. 2 º - O CONDEMA tem por finalidade: I - levantar o patrimônio ambiental natural, étnico e cultural do Município; II - localizar e mapear áreas críticas em que se desenvolvam atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como empreendimentos capazes de causar degradação ambiental a fim de permitir a vigilância e o controle desses procedimentos e cumprimento da legislação em vigor; III - colaborar no planejamento municipal, mediante recomendações referentes à proteção do patrimônio ambiental do Município; IV - estudar, definir e propor normas e procedimentos visando à proteção ambiental do Município; V - promover e colaborar na execução de programas intersetoriais de proteção ambiental do Município; VI - fornecer informações e subsídios técnicos relativos ao conhecimento e defesa do meio ambiente; VII - colaborar em campanhas educacionais relativas ao meio ambiente e a problemas de saúde e saneamento básico; VIII - promover e colaborar na execução de programas de formação e mobilização ambiental; IX - manter intercâmbio com as entidades oficiais e privadas de pesquisas e de atividades ligadas ao conhecimento e proteção do meio ambiente; X - identificar, prever e comunicar as agressões ambientais ocorridas no município, diligenciando no sentido de sua apuração e sugerindo aos Poderes Públicos as medidas cabíveis, além de contribuir, em caso de emergência, para a mobilização da comunidade. Art. 3 º - O CONDEMA compor-se-á de representantes do Poder Público, Legislativo, e da comunidade, nomeados por ato do Prefeito. Art. 4 º - O CONDEMA terá uma diretoria nomeada por seus membros, composta de Presidente , Vice-Presidente, Secretário e Tesoureiro. Art. 5 º - Os membros do CONDEMA terão mandato de 02 (dois) anos, podendo ser reeleitos por igual período, uma única vez. Art. 6 º - O exercício das funções de membro do CONDEMA será gratuito e considerado como prestação de serviços relevantes ao município.

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Art. 7 º - O CONDEMA manterá estreito intercâmbio com órgãos das administrações municipal, estadual e federal, com o objetivo de receber e fornecer subsídios técnicos relativos à defesa do meio ambiente. Art. 8 º - Constatada qualquer agressão ambiental, o CONDEMA informará ao Prefeito, alertando das possíveis implicações, quanto às legislações federal, estadual e municipal, e sugerindo as providências necessárias. Art. 9 º - O CONDEMA promoverá a divulgação de conhecimentos e providências relativas à conservação e recuperação do patrimônio ambiental. Art. 10 - Deverão constar, obrigatoriamente, dos currículos escolares nos estabelecimentos de ensino da Prefeitura Municipal, noções e conhecimentos referentes ao patrimônio ambiental - natural, étnico e cultural - e respectiva conservação e recuperação. Art. 11 - As despesas com a execução da presente lei correrão por conta de dotações próprias do orçamento municipal em vigor. Art. 12 - No prazo máximo de 30 (trinta) dias, após sua instalação, o CONDEMA elaborará seu Regimento Interno, que deverá ser aprovado por ato do Prefeito. Art. 13 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PREFEITURA MUNICIPAL DE NAVEGANTES, 06 DE JUNHO DE 1997. LUIZ JOSÉ GAYA Prefeito Municipal

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ANEXO 03 LEI Nº 2646/91, DE 29 DE AGOSTO DE 1991 E LEI Nº 3420-99, DE 25 DE AGOSTO

DE 1999 – ITAJAÍ (SC)

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Lei 2646/91 | Lei nº 2646 de 29 de agosto de 1991 de Itajaí DISPÕE SOBRE O CONSELHO MUNICIPAL DE MEIO-AMBIENTE, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. JOÃO OMAR MACAGNAN, Prefeito Municipal de Itajaí. Faço saber que a Câmara Municipal de Itajaí votou e aprovou, e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - O Conselho Municipal de Meio-Ambiente tem como finalidade orientar, deliberar, estudar, sugerir e disciplinar a preservação, conservação e a recuperação do meio-ambiente, no âmbito de competência legal do Município de Itajaí. Art. 2º - Compete ao Conselho Municipal de Meio-Ambiente: I - estudar e definir as diretrizes de políticas para o meio-ambiente e recursos naturais; II - baixar as resoluções de sua competência, necessária à execução e implementação da política municipal de meio-ambiente; III - definir normas e critérios para o licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; IV - proceder, quando julgar necessário, a realização de estudos sobre alternativas e possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos competentes, bem como a entidades privadas as informações indispensáveis à apreciação dos estudos de impacto ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental; V - definir normas, padrões e critérios relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio-ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos naturais, principalmente os hídricos ; VI - definir normas e padrões municipais de controle da poluição; VII - definir critérios para a declaração de áreas municipais hídricas, saturadas ou em vias de saturação; VIII - sugerir a concessão de incentivos e benefícios fiscais e financeiros, visando a melhoria da qualidade ambiental; IX - exigir os órgãos competentes o poder de polícia relacionado com o Programa de Proteção ao Meio-Ambiente, no âmbito da competência municipal; X - definir parâmetros e dar pareceres em todos os projetos de aterro, saneamento, desmonte e loteamento, que impliquem em impacto ambiental; XI - definir parâmetros e dar pareceres sobre manutenção e projetos de jardinagens e arborização das vias e logradouros públicos; XII - emitir parecer prévio em matéria atinente à preservação, conservação e recuperação do meio-ambiente; XIII - sugerir ao Poder Executivo incentivos de natureza fiscal para manutenção de jardins particulares; XIV - sugerir ao Poder Executivo incentivos e colaborar com o proprietário na manutenção de áreas de vegetação declaradas de preservação permanente, bem como de espécimes vegetais declaradas imunes ao corte por ato do Executivo Municipal, nos termos da legislação federal atinente. XV - assessorar nas atividades do Horto Florestal Municipal; XVI - sugerir prioridades para o atendimento de projetos a serem executados pelo Executivo Municipal, em conformidade com a legislação em vigor, bem como exercer a fiscalização, o controle e o fomento dos recursos ambientais;

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XVII - elaborar e alterar o seu Regimento Interno, submetendo-o à aprovação do Prefeito Municipal. Art. 3º - O Conselho Municipal de Meio-Ambiente é composto, no mínimo, pelos seguintes membros: I - 02 (dois) representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano; II - 01 (um) representante da Secretaria de Serviços Municipais; III - 01 (um) representante do Gabinete do Prefeito; IV - 02 (dois) representantes do IBAMA; V - 02 (dois) representantes da FATMA; VI - 01 (um) representante do CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura; VII - 01 (um) representante do Poder Legislativo Municipal. § 1º - Os Conselheiros representantes das Secretarias Municipais serão nomeados pelo Prefeito, sendo que os demais Conselheiros representantes das demais entidades mencionadas neste artigo, serão indicados por suas respectivas entidades, no prazo de 10 (dez) dias, contados da solicitação, para nomeação pelo Prefeito e posse pelo Conselho. § 2º - A designação dos membros do Conselho compreenderá a dos respectivos suplentes. § 3º - Os membros do Conselho e os respectivos suplentes exercerão mandato de 02 (dois) anos, admitindo-se a recondução por períodos iguais e sucessivos. § 4º - Na hipótese de vaga, o suplente completará o tempo de mandato do titular anterior, na forma do Regimento Interno do Conselho. § 5º - A função de membro do Conselho é considerada de interesse público relevante e não será remunerada. Art. 4º - O Conselho Municipal de Meio-Ambiente será dirigido por um Presidente, e um Secretário, eleitos pelo plenário. § 1º - O Presidente é a autoridade administrativa superior do Conselho, cabendo-lhe dirigir e orientar os trabalhos internos, presidir as reuniões do Plenário e exercer sua representação externa, cumprindo e fazendo cumprir a legislação e as resoluções expedidas pelo órgão. § 2º - Nos casos de faltas e impedimentos, o Presidente será substituído pelo vice-presidente. § 3º - O Conselho Municipal manterá uma Secretaria Geral destinada ao suporte administrativo necessário ao seu funcionamento, a cargo da Secretaria Executiva dos Conselhos Municipais, utilizando-se de instalações e funcionários cedidos pela Prefeitura Municipal. Art. 5º - O Conselho Municipal de Meio-Ambiente, no prazo de até 60 (sessenta) dias, contados de sua nomeação, elaborará o seu Regimento Interno, elegendo a sua primeira mesa diretora. Art. 6º - O Poder Executivo adotará as medidas complementares indispensáveis ao cumprimento da presente Lei.

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Art. 7º - Fica extinta a Comissão Municipal de Preservação do Meio-Ambiente, criada pela Lei nº 2.429, de 19 de dezembro de 1988. Art. 8º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJAÍ, 29 DE AGOSTO DE 1991. JOÃO OMAR MACAGNAN Prefeito Municipal Lei 3420/99 | Lei nº 3420 de 25 de agosto de 1999 de Itajaí ALTERA DISPOSITIVOS DA LEI Nº 2.646, DE 29 DE AGOSTO DE 1991, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS JANDIR BELLINI, Prefeito Municipal de Itajaí. Faço saber que a Câmara Municipal de Itajaí votou e aprovou, e eu sanciono a seguinte Lei: Artigo 1 da Lei 2646/91 - A Lei nº 2.646, de 29 de agosto de 1991, que dispõe sobre o Conselho Municipal de Meio Ambiente, passa a vigorar com as seguintes alterações: " Art. 3º - ... I - 01 (um) representante da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano; II - 01 (um) representante da Secretaria de Obras e Serviços Municipais; III - 01 (um) representante da Secretaria de Saúde; IV - 01 (um) representante da Secretaria de Educação; V - 01 (um) representante do IBAMA: VI - 01 (um) representante do Corpo de Bombeiros; VII - 01 (um) representante do órgão ambiental estadual; VIII - 01 (um) representante do órgão ambiental municipal; IX - 01 (um) representante da Procuradoria Geral do Município; X - 01 (um) representante da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo; XI - 01 (um) representante da Delegacia dos Portos do Município; XII - 01 (um) representante da EPAGRI; e XIII - 12 (doze) representantes de entidades civis não governamentais, paritariamente, que serão escolhidos através de um Fórum. Art. 4º - ... ... § 3º - O Conselho Municipal ora criado manterá uma Secretaria Geral, destinada ao suporte administrativo necessário ao seu funcionamento, a cargo da Secretaria de Fazenda / Departamento de Controle de Convênios.

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Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PREFEITURA MUNICIPAL DE ITAJAÍ, 25 DE AGOSTO DE 1999 JANDIR BELLINI Prefeito Municipal

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ANEXO 04 LEI Nº 419/84, DE 09 DE MAIO DE 1984 – PORTO BELO (SC)

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Lei 419/84 | Lei nº 419 de 09 de maio de 1984 do Porto Belo CRIA CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE. Considerando que os Poderes Públicos cumpre fixar diretrizes e determinar providências para manter o equilíbrio ecológico, impedindo a sua alteração com prejuízos para a saúde dos seres vivos; Considerando que a utilização racional dos recursos naturais vem permitir o seu aproveitamento com o objetivo de promover o Bem Estar Social e o desenvolvimento econômico; Considerando que administrar corretamente o potencial de ar, água, solo, subsolo, flora e fauna significa assegurar, para a atual geração e para nossos descendentes, padrões de qualidades de vida condizentes com os altos objetivos nacionais; Considerando que os Municípios podem e devem agir no campo de controle da poluição completamente à ação da união Federal e do Estado, em benefício da qualidade de vida da comunidade; Considerando que a preservação da integridade dos recursos naturais, diante das ações poluidoras e predatórias decorrentes de seu uso indiscriminado, constitui realmente uma responsabilidade prioritária dos Poderes Públicos. O Senhor MANOEL FELIPE DA SILVA NETO, Prefeito do Município de Porto Belo, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e eu promulgo a seguinte Lei: Art. 1º Fica criado o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA, órgão consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Porto Belo - SC, em questões referentes ao equilíbrio e a proteção e melhoria da qualidade ambiental na área do Município de Porto Belo - SC. Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - Meio Ambiente - a interação de fatores físicos, químicos e biológicos que condicionam a existência de seres vivos e de recursos naturais e culturais; II - Degradação da Qualidade Ambiental - a atuação das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de energia ou substâncias sólidas, líquidas ou gasosas, ou combinações de elementos produzidos por atividades humanas ou delas decorrentes, em níveis capazes de direta ou indiretamente: a) Prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) Criar condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) Ocasionar danos relevante à flora, à fauna e a outros recursos naturais. III - Recursos Naturais - a atmosfera, as águas interiores superficiais e subterrâneas, os estuários, as lagunas, o mar territorial, o solo, a fauna e a flora. Art. 3º É expressamente proibido o lançamento de resíduos em qualquer estado de matéria ou forma de energia, proveniente de atividades humanas ou delas decorrentes, em corpos de água, na atmosfera e no solo, desde que cause degradação da qualidade ambiental, na forma estabelecida no artigo anterior e de acordo com a Legislação Estadual e Federal vigentes Art. 4º O COMDEMA será constituído dos seguintes membros: a) Um Presidente escolhido pelo Prefeito; b) Dois Representantes do Executivo Municipal; c) Dois Representantes do Legislativo Municipal;

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d) Um Representante de cada Associação da comunidade, legalmente constituída. Art. 5º Os membros do COMDEMA terão mandato de 2 (dois) anos podendo ser reconduzidos. Seu exercício será gratuito e considerado como prestação de serviços relevantes ao Município. Art. 6º O COMDEMA manterá com os demais órgãos congêneres municipais, estaduais e federais, estreito intercâmbio com o objetivo de receber e fornecer subsídios técnicos para esclarecimentos relativos à defesa do meio ambiente. Art. 7º O COMDEMA, cientificado de possível degradação ao meio ambiente, diligenciará no sentido de sua apuração. Art. 8º Constatada a degradação ambiental, o COMDEMA tentará junto ao responsável, a solução do problema, comunicando à Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente - FATMA, a ocorrência, bem como as providências que estão sendo tomadas. Art. 9º O Município deverá estabelecer para o funcionamento das empresas consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental, listadas na Portaria Intersetorial nº 01/81, exigindo as licenças ambientais prévia, de instalação e de operação, expedidas pela Fundação de amparo e Tecnologia e ao Meio Ambiente - FATMA de conformidade com o disposto no Decreto nº 14.250, de 05 de junho de 1981, que regulamenta a Lei nº 5.793, de 15 de outubro de 1980. Art. 10 A Prefeitura Municipal de Porto Belo, através do COMDEMA, promoverá a divulgação de conhecimentos e providências relativas à preservação do Meio Ambiente. Art. 11 Constarão, obrigatoriamente dos currículos escolares nos estabelecimentos de ensino da Prefeitura, noções e conhecimentos relativos à preservação do meio ambiente. Art. 12 Até o prazo máximo de 30 (trinta) dias após sua instalação o COMDEMA elaborará seu Regimento Interno, que será homologado por Decreto. Art. 13 As despesas com a execução desta Lei, correrão pelas verbas próprias do orçamento em vigor. Art. 14 Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Publicada a presente Lei aos nove dias do mês de maio de um mil novecentos e oitenta e quatro. Porto Belo, 09 de maio de 1984 MANOEL FELIPE DA SILVA NETO PREFEITO MUNICIPAL

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ANEXO 05 LEI ORDINÁRIA Nº 1643/2005, DE 04 DE JULHO DE 2005 – CAMBORIÚ (SC)

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LEI ORDINÁRIA Nº 1643, DE 04 DE JULHO DE 2005 DISPÕE SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DO MEIO AMBIENTE DE CAMBORIÚ/SC, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. O Prefeito Municipal de Camboriú faz saber a todos os habitantes do Município que a Câmara de Vereadores aprovou e ele sanciona a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA NATUREZA Art. 1º - Fica criado o Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente, órgão deliberado de funcionamento permanente. Parágrafo Único - O Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente de Camboriú tratará dos assuntos pertinentes à agricultura e pecuária, meio ambiente e recursos naturais deste município. CAPÍTULO II DAS FINALIDADES Art. 2º - Ao Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente de Camboriú, compete: § 1º - Opinar sobre a política municipal de ação relativa à sua área de abrangência, ou seja, agricultura e pecuária, meio ambiente e recursos naturais. § 2º - Manifestar-se sobre todas as questões que envolvam interesses direitos e/ou indiretos da comunidade camboriuense, ou seja: I - Receber, analisar, propor, priorizar, motivar e dar encaminhamento as solicitações e aspirações dos produtores rurais, no que se refere à área de sua abrangência. II - Representar perante as autoridades administrativas, os interesses gerais das comunidades rurais e do meio ambiente do município na sua totalidade. III - Promover e participar com os demais órgãos e entidades ligadas ao meio rural, nos seus diversos aspectos. IV - Colaborar na organização das atividades de várias entidades ligadas no setor agricultura e pecuária que tenham ações no meio rural. VI - Programar, executar e avaliar as metas estabelecidas, bem como analisar e emitir parecer nas atividades envolvidas pelos órgãos e entidades, na sua área de abrangência. VII - Participar efetivamente no desenvolvimento de programas e atividades desenvolvidas no meio rural no que se refere à agricultura, pecuária, meio ambiente e recursos naturais. CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA Art. 3º - Compete ao Conselho Municipal do desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente: § 1º - Apresentar sugestões sobre as diretrizes básicas da política de desenvolvimento agrícola e meio ambiente do município;

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§ 2º - Propor normas técnicas e legais, procedimentos e ações, visando à defesa, conservação, recuperação e melhoria da qualidade ambiental do município, observada a legislação federal, estadual e municipal pertinente; § 3º - Sugerir políticas de incentivo à ampliação da área florestal cultivada nativa e/ou exótica e exercer a ação fiscalizadora de observância às normas contidas na lei orgânica municipal e na legislação a que se refere o item anterior; § 4º - Propor a celebração de convênios, contratos e acordos com entidades públicas e privadas de pesquisas e de atividades pertinentes ao Conselho do Desenvolvimento e do Meio Ambiente; § 5º - Opinar previamente sobre planos e programas anuais e plurianuais de trabalho do órgão executivo municipal, no que diz respeito a sua competência; § 6º - Identificar e informar os órgãos públicos competentes, federal, estadual e municipal, sobre existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação; § 7º - Opinar sobre a realização de estudos alternativos referente as possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados requisitando as entidades envolvidas as informações necessárias ao exame de matéria visando a compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental; § 8º - Receber denúncias feitas pela população diligenciadas no sentido de sua apuração junto aos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis; § 9 - Opinar nos estudos sobre o uso, ocupação e parcelamento do solo urbano, posturas municipais, visando a adequação das exigências do meio ambiente, ao desenvolvimento do município; § 10 - Propor ao Executivo Municipal a instituição de unidades de conservação visando à proteção de sítios de beleza excepcional, mananciais, patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paleontológico, e áreas representativas de ecossistemas destinados a realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia. § 11 - Combater a sonegação fiscal, com o desenvolvimento de campanhas e práticas educativas, no intuito da efetiva, constante e plena utilização da nota fiscal de produtor. CAPÍTULO IV DA COMPOSIÇÃO Art. 4º - Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente de Camboriú é constituído: a) Dos órgãos públicos, empresas e instituições: - 01 (um) representante do Poder Legislativo do município de Camboriú/SC; - 01 (um) representante do Colégio Agrícola de Camboriú/SC; - 01 (um) representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Camboriú/SC; - 01 (um) representante da Secretaria de Planejamento, Industria, Comércio e Turismo do município de Camboriú/SC;

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- 02 (dois) representantes da Secretaria da Agricultura e do Meio Ambiente do município de Camboriú/SC; - 01 (um) representante da Empresa de Pesquisa Agro-pecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI); - 01 (um) representante da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC); - 01 (um) representante de uma Instituição Financeira; - 01 (um) representante da Associação Municipal de Agricultoras de Camboriú/SC (AMAC). b) Dos representantes das áreas rurais agrícolas (localidades): - 01 (um) representante do Braço, Lajeado, Encantada; - 01 (um) representante dos Macacos, Vila da Pedra; - 01 (um) representante da Vila Conceição; - 01 (um) representante do Rio Canoas; - 01 (um) representante do Morretes; - 01 (um) representante do Rio do Meio, João da Costa; - 01 (um) representante da Limeira; - 01 (um) representante do Rio Pequeno; - 01 (um) representante do Cerro, Santa Luzia, Alemães; - 01 (um) representante dos Caetés. § 1º - O representante da comunidade rural deverá ser um produtor(a) rural. Entende-se por produtor rural aquele que tem, no mínimo, 70% da sua renda oriunda da exploração agrícola e/ou pecuária; § 2º - A representação dos produtores rurais, juntamente com a dos representantes das entidades de produtores e de trabalhadores rurais não deverá ser inferior a maioria do total de membros que compõe o Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente. Art. 5º - Cada instituição ou organismo representante do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente indicará, por escrito um representante titular e um suplente, com mandado de dois anos, podendo ser reconduzido por iguais períodos sucessivos. Art. 6º - O Prefeito municipal nomeará, através de decreto, os conselheiros titulares e suplentes indicados pelas instituições e comunidades rurais que participam do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente. CAPÍTULO V DA ORGANIZAÇÃO Art. 7º - O exercício da função do membro do conselho não implicará em qualquer ônus para a administração municipal, considerando-se como serviço relevante à comunidade camboriuense. Art. 8º - O apoio administrativo para o conselho será prestado pela Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Camboriú/SC. Art. 9º - O Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente deverá ter uma diretoria responsável pela organização das ações do conselho. A diretoria será formada por um coordenador geral e um vice-coordenador, um secretário e um vice-secretário.

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Art. 10 - A diretoria do conselho será escolhida através de voto secreto, pelos componentes do conselho por maioria simples. Art. 11 - O período de mandato da diretoria escolhida será de dois anos, bem como o de seus membros, com possibilidade de reeleição. Art. 12 - Em caso de renúncia da diretoria, será feito um novo processo eleitoral, através de convocação de uma assembléia específica para tal no qual formar-se-á uma comissão eleitoral composta por dois representantes presentes na assembléia. Art. 13 - O coordenador é representante administrativo do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente, cabendo-lhe presidir as sessões do plenário e exercer as representações externas, cumprindo e fazendo cumprir o regimento interno e as resoluções concernentes aos objetivos do conselho e comissões especiais. Art. 14 - O conselho deverá reunir-se trimestralmente e extraordinariamente sempre que for julgado conveniente. Art. 15 - O que ocorrer nas assembléias deverá constar em ata aprovada e assinada pelos membros do conselho. Art. 16 - O Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente tomará suas decisões mediante resoluções com aprovação da maioria dos membros às reuniões. Art. 17 - A coordenação geral deverá ser exercida por um representante do executivo municipal. CAPÍTULO VI DAS COMISSÕES ESPECIAIS Art. 18 - para assuntos de interesse notáveis e exigências de destaques o governo instituirá grupos especiais. § 1º - Os grupos especiais serão compostos por membros do conselho que discutirão um projeto e/ou trabalho especifico. § 2º - O funcionamento dos grupos especiais, as formas de funcionamento e os objetivos e finalidades serão determinadas por ocasião da instalação dos mesmos. CAPÍTULO VII DAS SESSÕES Art. 19 - O membro do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente que Faltar a três reuniões consecutivas ou cinco intercaladas, sem apresentar justificativas, será considerado desistente, cabendo ao presidente do conselho solicitar a entidade ou comunidade a indicação de outro conselheiro nos termos do Art. 4º. CAPÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

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Art. 20 - As entidades e/ou comunidades organizadas poderão voluntariamente substituir seu representante no conselho, desde que em consonância com o Art. 4º. Art. 21 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Prefeitura Municipal de Camboriú, 04 de julho de 2005. EDSON OLEGÁRIO Prefeito Municipal

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ANEXO 06 LEI Nº 2698/07, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2007 – BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)

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Lei 2698/07 | Lei nº 2698 de 13 de fevereiro de 2007 de Balneario Camboriú "ALTERA A COMPOSIÇÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS". O Prefeito Municipal de Balneário Camboriú, Estado de Santa Catarina; Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O Conselho Municipal do Meio Ambiente - CMMA é um órgão colegiado de assessoramento ao Poder Executivo Municipal no âmbito da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, com caráter consultivo, normativo e deliberativo nas questões ambientais propostas nesta e demais Leis correlatas do Município Art. 2º Ao Conselho Municipal do Meio Ambiente - CMMA compete: I - propor diretrizes para a política municipal do meio ambiente, inclusive para atividades prioritárias de ação do Município em relação à proteção e conservação do meio ambiente; II - propor normas legais, procedimentos e ações, visando à defesa, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente no Município, com vistas à elevação da qualidade de vida de seus habitantes, observada a legislação federal, estadual e municipal pertinente; III - obter e repassar informações e subsídios técnicos relativos ao desenvolvimento ambiental aos órgãos públicos, entidades públicas e privadas e à comunidade em geral; IV - proceder e/ou determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos sobre alternativas e possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos competentes, bem como às entidades privadas, as informações indispensáveis à apreciação dos estudos de impacto ambiental e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, visando a compatibilização do desenvolvimento econômico com a devida proteção ambiental; V - atuar no sentido da conscientização pública para o desenvolvimento ambiental propondo e colaborando na execução de atividades com vistas à educação ambiental; VI - propor a celebração de convênios, contratos e acordos com entidades públicas e privadas de pesquisas e de atividades ligadas ao desenvolvimento ambiental; VII - sugerir a concessão de incentivos e benefícios fiscais e financeiros, visando a melhoria da qualidade ambiental; VIII - manifestar-se, previamente, sobre os aspectos ambientais de políticas, planos e programas governamentais que possam interferir na qualidade ambiental do Município; IX - exigir, dos órgãos competentes, o poder de polícia relacionado com o Programa de Proteção ao Meio Ambiente, no âmbito da competência municipal; X - acompanhar o controle permanente das atividades degradadoras e poluidoras, de modo a compatibilizá-las com as normas e padrões ambientais vigentes, denunciando qualquer alteração que promova impacto ambiental ou desequilíbrio ecológico; XI - receber denúncias feitas pela população, diligenciando no sentido de sua apuração junto aos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis e sugerindo ao Secretário Municipal de Meio Ambiente as providências cabíveis; XII - acionar os órgãos competentes para localizar, reconhecer, mapear e cadastrar os recursos naturais existentes no Município, para o controle das ações capazes de afetar ou destruir o meio ambiente; XIII - apreciar e pronunciar-se sobre estudos de uso, ocupação e parcelamento do solo urbano, posturas municipais, visando à adequação das exigências do meio ambiente ao desenvolvimento do Município;

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XIV - manifestar-se, quando solicitado, sobre a emissão de alvarás de construção, localização e funcionamento no âmbito municipal das atividades potencialmente poluidoras e degradadoras; XV - decidir, em grau de recurso, sobre a concessão de licenças ambientais municipais e a aplicação de penalidades impostas pelo órgão ambiental municipal; XVI - julgar os processos administrativos que lhe foram submetidos, nos limites de sua competência; XVII - deliberar sobre a realização de Audiências Públicas, quando for o caso, visando à participação da comunidade nos processos de instalação de atividades potencialmente poluidoras; XVIII - propor ao Executivo Municipal a instituição de unidades de conservação visando à proteção de sítios de beleza excepcional, mananciais, patrimônios históricos, artísticos, arqueológico, e áreas representativas de ecossistemas destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia; XIX - discutir e votar todas as matérias de sua competência submetidas ao Conselho; XX - acompanhar através de relatórios da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a aplicação dos recursos provenientes do Fundo Municipal do Meio Ambiente; XI - aprovar e expedir resoluções; XII - propor medidas que visem à integração com a região da AMFRI com vista a soluções integradas para os problemas ambientais comuns; XIII - sugerir prioridades para o atendimento de projetos a serem executados pelo Executivo Municipal, em conformidade com a legislação em vigor; XIV - elaborar e alterar o seu Regimento Interno, que será homologado por Decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal. Art. 3º O Conselho Municipal do Meio Ambiente será composto, de forma paritária, por representantes do poder público e da sociedade civil organizada, a saber: I - Representantes do Poder Público: a) 01 (um) representante de cada órgão do Poder Executivo Municipal abaixo relacionado, cujas ações interferiram no meio ambiente, seja da administração direta ou indireta: a.1) Secretaria do Meio Ambiente; a.2) Secretaria de Obras e Serviços Públicos; a.3) Secretaria de Planejamento Urbano; a.4) Secretaria Municipal de Saúde e Saneamento; a.5) Secretaria Municipal de Educação; a.6) Empresa Municipal de Água e Saneamento - EMASA; a.7) Secretaria Municipal de Turismo e Comércio; a.8) Procuradoria Geral. II - Representantes da Sociedade Civil: a) 05 (cinco) representantes de setores organizados da sociedade, tais como: Sindicatos e/ou Associações do Comércio, da Indústria, de Produtores, Entidades de Classe (arquitetos, engenheiros, advogados, professores, etc.), Clubes de Serviços, entre outros comprometidos com a questão ambiental; b) 01 (um) representante de entidade civil criada com o objetivo de defesa dos interesses dos moradores, com atuação no Município; c) 01 (um) representante de Universidade ou Faculdade estabelecida no Município, com comprometimento ambiental; d) 01 (um) representante do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú.

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§ 1º Assegurada à paridade entre seus representantes, com direito a voz e voto, o Conselho será constituído pelos membros acima relacionados, sujeitos a ampliação ou redução, até o limite mínimo de 05 (cinco) representantes do Poder Público e 05 (cinco) da Sociedade Civil Organizada. § 2º Os Conselheiros representantes das Secretarias Municipais serão indicados pelo Prefeito, sendo que os demais Conselheiros, representantes das demais entidades mencionadas neste artigo, serão indicados por suas respectivas entidades, no prazo de até 10 (dez) dias, contados da solicitação, para posterior nomeação pelo Prefeito Municipal e posse pelo Conselho. § 3º A designação dos membros do Conselho compreenderá a dos respectivos suplentes. § 4º Os membros do Conselho e os respectivos suplentes exercerão mandato de 02 (dois) anos, admitindo-se suas reconduções por uma única vez. § 5º Na hipótese da vacância, o suplente completará o tempo de mandato do titular anterior, na forma do Regimento Interno do Conselho. § 6º A função de membro do Conselho é considerada de interesse público relevante e não será remunerada. Art. 4º O Conselho Municipal do Meio Ambiente será dirigido por um Presidente, um Vice-Presidente e um Secretário Executivo, eleitos dentre seus membros por maioria qualificada § 1º O Presidente é a autoridade administrativa superior do Conselho, cabendo-lhe dirigir e orientar os trabalhos internos, presidir às reuniões do Plenário e exercer sua representação externa, cumprindo e fazendo cumprir a legislação e as resoluções expedidas pelo órgão. § 2º Nos casos de faltas e impedimentos, o Presidente será substituído pelo Vice-Presidente. Art. 5º O Conselho Municipal do Meio Ambiente, no prazo de até 90 (noventa) dias, contados de sua nomeação, elaborará o seu Regimento Interno, elegendo a sua primeira diretoria. Art. 6º O Conselho Municipal do Meio Ambiente poderá instituir, se necessário, em seu Regimento Interno, Câmaras Técnicas em diversas áreas de interesse e ainda recorrer a técnicos e entidades de notória especialização em assuntos de interesse ambiental. Art. 7º O Conselho Municipal do Meio Ambiente terá soberania perante os demais conselhos no que tange a questões ambientais. Art. 8º O suporte financeiro, técnico e administrativo indispensável à instalação e ao funcionamento do Conselho Municipal do Meio Ambiente serão prestados através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente/ Fundo Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente - FUNDEMA. Art. 9º As despesas oriundas da aplicação desta Lei correrão por conta de dotações próprias, consignadas no orçamento do Fundo Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente - FUNDEMA. Art. 10 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 11 Fica revogada a Lei Municipal nº 2.127/2002, de 19 de março de 2002.

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Balneário Camboriú, 13 de fevereiro de 2007. RUBENS SPERNAU Prefeito Municipal

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ANEXO 07 LEI COMPLEMENTAR Nº 78, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2008 – BOMBINHAS (SC)

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LEI COMPLEMENTAR Nº 78, DE 05 DE DEZEMBRO DE 2008 INSTITUI A FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE AMPARO AO MEIO AMBIENTE DE BOMBINHAS - FAMAB E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. JÚLIO CESAR RIBEIRO, Prefeito Municipal de Bombinhas, Estado de Santa Catarina, no uso das atribuições que são conferidas por lei, faço saber a todos os habitantes deste Município que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA DENOMINAÇÃO E COMPETÊNCIA Art. 1º A Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente e Bombinhas - FAMAB, entidade dotada de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, com sede e foro no Município, jurisdição em todo o seu território, com tempo indeterminado de duração, tem as seguintes competências: I - Executar a política ambiental municipal, conforme os seus princípios, objetivos e diretrizes; II - Assessorar a Administração Pública Municipal em todos os aspectos relativos à implementação da Política Municipal do Meio Ambiente; III - Articular-se com órgãos municipais, estaduais, federais, internacionais e privados, visando obter recursos financeiros e tecnológicos para o desenvolvimento de programas ambientais; IV - Promover e apoiar as ações relacionadas à preservação, recuperação e a exploração racional dos recursos naturais presentes no território do Município; V - Celebrar contratos, convênios, consórcios, acordos, ajustes e termos de compromisso ou protocolos com pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, inclusive estrangeiras, visando desenvolver suas competências; VI - Promover campanhas educacionais e de treinamento, destinadas a despertar a consciência ambiental da população para com os problemas de preservação e proteção ambiental; VII - Fiscalizar todas as formas de agressão ao meio ambiente, adotando medidas preventivas e aplicando as penalidades previstas na Legislação Ambiental; VIII - Implantar, fiscalizar e administrar as Unidades de Conservação criadas por lei municipal; IX - Controlar e monitorar os padrões de qualidade ambiental previstos nesta lei; X - Propor ao Conselho Municipal de Meio Ambiente normas referentes ao meio ambiente e à proteção do patrimônio paisagístico do Município; XI - Implantar, coordenar e operacionalizar hortos municipais, com a finalidade de executar atividades de reflorestamentos, projetos paisagísticos, serviços de jardinagem e arborização nas áreas públicas e de lazer do Município; XII - Promover a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente, incluindo a fauna, a flora e os recursos minerais; XIII - Estimular a implantação e normatização das atividades relacionadas ao ecoturismo no Município; XIV - Propor ao Conselho Municipal de Meio Ambiente a Política Municipal de Saneamento Ambiental; XV - Promover a participação social no planejamento, execução e vigilância das ações que visem à proteção ambiental e ao desenvolvimento sustentável;

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XVI - Elaborar e executar projetos específicos de defesa, preservação e recuperação do meio ambiente, incentivando a criação e absorção de tecnologias compatíveis com a sustentabilidade ambiental; XVII - Apoiar com recursos próprios disponíveis e procurar o apoio externo para toda e qualquer iniciativa de desenvolvimento sustentável, assim como, para empreendimentos voltados à preservação dos diferentes ecossistemas no âmbito do Município; XVIII - Licenciar os empreendimentos e atividades consideradas de impacto ambiental local e aquelas que forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio. CAPÍTULO II O PATRIMÔNIO E DOS RECURSOS FINANCEIROS Art. 2º O patrimônio e os recursos financeiros da Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente serão constituídos de: I - Bens imóveis, móveis e direitos, livres de ônus, que lhe forem transferidos em caráter definitivo, por pessoas naturais ou jurídicas, privadas ou públicas, nacionais ou estrangeiras; II - Bens móveis e imóveis, bem como os que forem sendo constituídos, adquiridos ou transferidos em caráter definitivo; III - Doações, contribuições, heranças ou legados de qualquer natureza; Art. 3º Os recursos financeiros da Fundação Municipal do Meio Ambiente serão provenientes de: I - Dotações orçamentárias consignadas no orçamento do Município, além dos recursos específicos recebidos pela Prefeitura Municipal de Bombinhas e vinculados à Fundação; II - Auxílios e subvenções da União, do Estado de Santa Catarina ou de quaisquer organismos públicos ou entidades privadas; III - Receitas eventuais; IV - Recursos financeiros resultantes: a) das rendas decorrentes da exploração de seus bens ou prestação de serviços; b) das contribuições oriundas de convênios, acordos ou contratos; c) dos produtos de operação de crédito; d) das ajudas financeiras de qualquer natureza; e) do produto da venda do patrocínio de qualquer atividade promocional da Fundação; f) de depósitos para cauções ou garantias de execução contratual de qualquer natureza que converterem aos seus cofres, em razão de inadimplemento contratual; g) das doações, heranças ou legados de pessoas naturais e jurídicas, privada ou pública, nacionais ou estrangeiras, bem como multas, indenizações, restituições e compensações financeiras por danos e impactos negativos causados ao meio ambiente; h) de quaisquer outros recursos que lhe forem destinados; i) do saldo do exercício financeiro encerrado; j) do produto da cobrança de entrada para visitação de parques municipais, APA`s - Área de Preservação Ambiental, trilhas ecológicas e outras atividades afins. k) da renda dos bens patrimoniais; l) de fundos perdidos da União, do Governo Estadual e da Prefeitura Municipal de Bombinhas; Art. 4º Os bens imóveis transferidos à Fundação Municipal de Meio Ambiente só poderão ser alienados com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo Municipal.

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Art. 5º Na venda ou permuta de seus imóveis, doados à Fundação, sem cláusula de inalienabilidade, será sempre ouvida a Câmara Municipal de Bombinhas. Art. 6º É vedada à Fundação Municipal do Meio Ambiente, a distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas receitas, a dirigentes, membros do Conselho ou a servidores, a título de lucro ou de participação nos resultados de exercício ou de atividade. Art. 7º Os bens e direitos que forem adquiridos no decorrer de suas atividades, quer sejam, através de projetos, doações, permutas, empréstimo e outros, deverão ser de uso exclusivo da Fundação. Parágrafo Único - Os bens e direitos serão inventariados, mediante controle de patrimônio, devidamente catalogados e etiquetados. Art. 8º Em caso de extinção da Fundação de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas - FAMAB, o seu patrimônio reverterá: I - Os resultados de convênios a quem de direito, consoante ao que neles estiver estabelecido; II - Os demais, ao patrimônio Público municipal. Art. 9º O patrimônio e a renda gerada pela Fundação, gozarão de imunidade tributária. CAPÍTULO III DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Art. 10 A Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas terá a seguinte estrutura organizacional básica: I - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA; II - Presidência; III - Diretoria Administrativa e Financeira; IV - Diretoria de Licenciamento e Fiscalização; V - Diretoria de Educação Ambiental e Área Protegidas. SEÇÃO I CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE Art. 11 O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente é órgão integrante do Sistema Nacional e Estadual do Meio Ambiente com o objetivo de manter o meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo, preservá-lo e recuperá-lo para as presentes e futuras gerações. Art. 12 Compete ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA: I - Estudar e definir as diretrizes de políticas de desenvolvimento sustentável através das relações históricas estabelecidas entre a sociedade e o meio ambiente; II - Baixar as resoluções de sua competência legal, necessárias à execução e implementação da Política Municipal de Meio Ambiente; III - Propor normas, procedimentos e ações, visando a defesa, conservação, recuperação e melhoria da qualidade ambiental do município, observada a legislação federal, estadual e municipal pertinente;

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IV - Exercer ação fiscalizadora de observância às normas contidas na Lei Orgânica Municipal e demais normas ambientais; V - Atuar no sentido da conscientização pública para a preservação ambiental, promovendo educação ambiental, com ênfase nos problemas do Município; VI - Opinar, previamente, sobre aspectos ambientais de políticas, planos e programas governamentais que possam interferir na qualidade ambiental do Município; VII - Identificar e informar, à comunidade e aos órgãos públicos competentes, federais, estaduais e municipais, sobre a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação; VIII - Opinar sobre a realização de estudo alternativo sobre as possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando das entidades envolvidas as informações necessárias ao exame da matéria, visando a compatibilização de desenvolvimento econômico com a proteção ambiental; IX - Receber denúncias feitas pela população, diligenciando no sentido de sua apuração junto aos órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis, sugerindo à Fundação as providências cabíveis; X - Opinar nos estudos sobre uso, ocupação e parcelamento do solo urbano, posturas municipais, visando à adequação das exigências do meio ambiente ao desenvolvimento do Município; XI - Deliberar sobre a realização de audiências públicas, quando for o caso, visando a participação da comunidade nos processos de instalação de atividades potencialmente poluidoras; XII - Propor ao executivo a instituição de Unidades de Conservação visando a proteção de sítios de beleza excepcional, mananciais, patrimônio natural, paisagístico, estético, histórico, arqueológico, paleontológico, espeleológico e áreas representativas de ecossistemas ameaçados; XIII - Emitir parecer sobre matéria de sua competência; XIV - Sugerir a concessão de incentivos e benefícios fiscais e financeiros visando a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente natural; XV - Deliberar sobre qualquer matéria concernente às questões ambientais dentro do território municipal e acionar, quando necessário, os organismos federais e estaduais para a implantação das medidas pertinentes à proteção ambiental local; XVI - Decidir, em instância de recurso, sobre as multas e outras penalidades impostas pela Fundação; XVII - Convocar ordinariamente a cada dois (02) anos, ou extraordinariamente, por maioria absoluta de seus membros a Conferência Municipal Ambiental, que terá a atribuição de avaliar a situação da preservação, conservação e efetivação de medidas voltadas ao meio ambiente e, como conseqüência propor diretrizes a serem tomadas; XVIII - Decidir, juntamente com a Fundação, sobre a aplicação dos recursos provenientes do Fundo Municipal de Meio Ambiente; XIX - Elaborar e aprovar seu Regimento Interno. Art. 13 O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA constitui colegiado autônomo, de caráter permanente, consultivo, deliberativo e normativo do Sistema Municipal de Meio Ambiente, sendo composto por 14 (quatorze) membros, representando os órgãos governamentais e organizações civis de interesse público. Art. 14 O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente será integrado pelos seguintes membros: I - 01 (um) representante da Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas - FAMAB;

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II - 01 (um) representante da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico; III - 01 (um) representante da Secretaria de Planejamento e Regulação Urbana; IV - 01 (um) representante da Procuradoria Jurídica; V - 01 (um) representante da Secretaria da Educação; VI - 01 (um) representante da Secretaria da Saúde; VII - 01 (um) representante da Secretaria de Obras; VIII - 07 (sete) representantes de organizações civis de interesse público. § 1º Os sete primeiros conselheiros, constantes dos incisos I a VII, serão indicados e nomeados pelo Prefeito Municipal, sendo que os demais conselheiros representantes das organizações não governamentais e entidades civis organizadas mencionadas no inciso VIII, serão indicados pelas suas respectivas entidades e encaminhados ao Prefeito Municipal para nomeação. § 2º Os membros do Conselho exercerão um mandato de 02 (dois) ano, admitindo-se a recondução do cargo por igual período, uma única vez. § 3º O exercício das funções de membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, será gratuito e considerado como prestação de serviços relevantes ao Município. § 4º O conselheiro titular do Conselho Municipal do Meio Ambiente deverá indicar seu Suplente, oriundo da mesma categoria representativa, para, quando for o caso, substituí-lo na plenária § 5º Na hipótese de vaga, o substituto completará o tempo de mandato do titular anterior, na forma do Regimento Interno do Conselho. Art. 15 A estrutura do Conselho será composta por um presidente, colegiado e secretaria executiva, escolhidos dentre seus membros, conforme estabelecido em Regimento Interno. Art. 16 O Conselho poderá instituir, sempre que necessário, câmaras técnicas em diversas áreas de interesse, e ainda recorrer a técnicos e entidades de notória especialização em assuntos de interesse ambiental. § 1º O Presidente é a autoridade administrativa superior do Conselho, cabendo-lhe dirigir e orientar os trabalhos internos, presidir as reuniões do Plenário e exercer sua representação externa, cumprindo e fazendo cumprir a legislação e as resoluções expedidas pelo órgão. § 2º Nos casos de faltas e impedimentos, o Presidente será substituído pelo Secretário. § 3º O Conselho Municipal do Meio Ambiente manterá uma Secretaria Geral destinada ao suporte administrativo necessário ao seu funcionamento, a cargo da Secretaria Executiva dos Conselhos Municipais, utilizando-se de instalações e funcionários cedidos pela Prefeitura Municipal de Bombinhas. Art. 17 O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, no prazo de até 60 (sessenta) dias, contados de sua nomeação, elaborará o seu Regimento Interno, elegendo a sua primeira Diretoria. SEÇÃO II

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A PRESIDÊNCIA Art. 18 São atribuições do Presidente: I - Representar a Fundação ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, nas relações interinstitucionais, nas relações sociais e, em todas as áreas que se fizerem necessárias a presença da autoridade representativa da instituição; II - Movimentar as contas bancárias da Fundação em conjunto com o Diretor Administrativo e Financeiro; III - Firmar acordos, contratos e convênios ou termos de cooperação com entidades públicas ou privadas, obedecidas as formalidades previstas em leis específicas; IV - Guardar e supervisionar os bens móveis e imóveis, bem como, todo o patrimônio da Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas; V - Delegar atribuições, especificando a autoridade delegada e os limites da delegação, dando-se publicação regimental e legal, nos autos dos boletins internos, resoluções, instruções normativas e ou publicações em veículo de comunicação; VI - Participar, efetivamente, como membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente - COMDEMA, representando paritariamente, as Organizações Governamentais; VII - Apoiar a Política Municipal do Meio Ambiente, possibilitando o processo logístico autônomo e independente, necessário ao funcionamento do COMDEMA; VIII - Encaminhar ao procurador, os processos relativos as imposições de penalidade, abertos pela Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente, os processos de inscrição de Dívida Ativa, bem como, todo e qualquer processo administrativo ou judicial com referência ao meio ambiente; IX - Exercer outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Regimento Interno e demais competências previstas na Constituição Federal, Estadual e Lei Orgânica Municipal de Bombinhas. SEÇÃO III DA DIRETORIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Art. 19 São atribuições e competências do Diretor do Departamento Administrativo e Financeiro: I - Administrar e supervisionar a área administrativa-financeira da Fundação; II - Assinar, em conjunto com o Presidente, cheques e demais movimentações financeiras que se tornarem necessárias; III - Coordenar a elaboração da proposta orçamentária da FAMAB; IV - Coordenar a elaboração do Plano Anual de Atividades, realizado em conjunto com os demais setores da Fundação; V - Programar, organizar, orientar, coordenar, executar e controlar as atividades relativas à administração financeira, contábil, orçamentária, patrimonial e de pessoal da FAMAB; VI - Estudar e implantar, em conjunto com as respectivas áreas, sistemas e métodos administrativos que visem o aperfeiçoamento e a racionalidade das atividades da Fundação; VII - Articular-se com os demais órgãos de planejamento e orçamento do Município, com vistas ao cumprimento e execução de atos e construções normativas; VIII - Elaborar, com apoio logístico das demais áreas da Fundação, manuais, regulamentos e demais documentos normativos de utilização interna da Fundação, mantendo-os atualizados; IX - Promover o recrutamento, seleção e acompanhamento laboral de recursos humanos; X - Diagnosticar e minimizar as deficiências de desempenho e carência de recursos humanos na Fundação, visando aumentar o nível de satisfação dos servidores e melhoria do desempenho organizacional;

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XI - Qualificar os funcionários objetivando a formação, o aperfeiçoamento e o desenvolvimento dos servidores da Fundação, possibilitando o alcance da eficiência dos serviços prestados; XII - Propiciar ao servidor o conhecimento das normas legais e orientações referentes aos benefícios e deveres sociais, garantidos no regime jurídico adotado e nas normas previstas em lei; XIII - Zelar pela observância dos cronogramas estabelecidos para estudos, pesquisas, projetos, obras e serviços sob a sua coordenação hierárquica e estrutural; XIV - Elaborar relatórios sobre o andamento dos trabalhos, bem como, sugerir medidas para corrigir eventuais ocorrências no descumprimento das disposições legais e contratuais; XV - Gerir os contratos e convênios firmados pela FAMAB; XVI - Outras atribuições pertinentes ao pleno exercício do Departamento Administrativo e Financeiro. SEÇÃO IV DA DIRETORIA DE LICENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO Art. 20 Compete à Diretoria de Licenciamento e Fiscalização Ambiental: I - Dirigir todos os expedientes relativos à análise e licenciamento ambiental no Município; II - Planejar, dirigir, orientar, coordenar, executar ou fazer executar as atividades de fiscalização, controle e monitoramento da qualidade ambiental e a utilização dos recursos naturais renováveis; III - Planejar, programar e organizar as atividades relacionadas com o controle ambiental das atividades que impliquem na produção, beneficiamento, industrialização e comercialização dos produtos oriundos da flora e da fauna, das jazidas minerais e outras formas de recursos naturais renováveis; IV - Emitir notificações, comunicados, embargos, autos de infração, termos de apreensão e termos de doação de produtos aprendidos, multa administrativa, conforme o caso, nas atividades que contrariem as disposições legais que regulamentam as questões sobre o meio ambiente; V - Instruir processos com recursos de multas administrativas aplicadas ao infrator, bem como, montar processos por crime ecológico para ser encaminhados ao Ministério Público; VI - Apreciar e supervisionar os projetos contratados a terceiros na área de suas atribuições, emitindo pronunciamento técnico a respeito da temática, obra ou prestação de serviços; VII - Propor medidas punitivas, valores de multas administrativas, aplicação de penalidades e medidas de compensação, sempre que se tornar necessário lavrar o competente auto de infração; VIII - Dirigir ações especiais estratégicas e sigilosas, envolvendo articulações com a fiscalização no cumprimento das determinações do Ministério Publico interagindo com a Policia Militar, Secretaria de Segurança Pública, Policia Ambiental, IBAMA, FATMA, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e demais órgãos do Executivo; IX - Elaborar relatórios sobre o andamento dos trabalhos, bem como sugerir medidas para corrigir eventuais ocorrências no descumprimento das disposições legais e contratuais; X - Coibir a destruição e exploração dos afloramentos rochosos e formações geológicas de qualquer tipo, bem como, escavações, aterros ou alterações do solo, sem que a pessoa responsável realize a recuperação ambiental da área degradada, de acordo com as recomendações técnicas exigidas na legislação sobre o meio ambiente; XI - Coibir retificações de cursos d`água, assim como outras atividades que possam modificar as condições hídricas naturais, realizadas sem a aprovação da Fundação Municipal do Meio Ambiente;

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SEÇÃO V DA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ÁREAS PROTEGIDAS Art. 21 Compete à Diretoria de Educação Ambiental e Áreas Protegidas: I - Apoiar e promover a Educação Ambiental no Município de Bombinhas, em todos os seus níveis de ensino formal, bem como, através da educação não-formal dos munícipes; II - Promover palestras, cursos, treinamentos, campanhas, caminhadas ecológicas, produzir folhetos e publicações diversas, cartazes, cartilhas, vídeos e outros meios educativos, necessários para desenvolver o processo de Educação Ambiental; III - Coordenar e executar programas e ações educativas orientadas para promover a participação da sociedade na preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis; IV - Apoiar as ações de Educação Ambiental no âmbito do SISNAMA; V - Articular, colaborar e dar suporte de Educação Ambiental aos projetos técnicos desenvolvidos na Rede Municipal de Ensino, através das Escolas Municipais e Estaduais, e na Rede Particular de Ensino; bem como, os demais órgãos públicos e organizações não governamentais; VI - Elaborar planos de atuação e divulgação de assuntos relativos ao meio ambiente e aos conceitos de preservação, buscando promover a conscientização pública; VII - Compilar e reproduzir recursos didáticos, científicos e técnicos, e aperfeiçoar continuamente os métodos de educação ambiental empregados; VIII - Manter atualizados os dados e informações sobre as condições ambientais locais, nacionais e mundiais, elaborando e divulgando conteúdos informações; IX - Organizar um acervo de recursos materiais, possibilitando consultas e pesquisas; X - Elaborar e coordenar a implantação de políticas de minimização de resíduos norteada por diretrizes de redução, reutilização e reciclagem de materiais, incluindo ações de caráter educativo no âmbito do Município de Bombinhas; XI - Pesquisar e desenvolver métodos para coleta seletiva e reciclagem de resíduos, materiais radioativos, pilhas, baterias de celular, que incluam a participação ativa da comunidade, desde a geração dos mesmos até a sua disposição final ou reincorporação ao sistema produtivo; XII - Promover uma ação convergente centro/comunidade/sistema de ensino, como oportunidade de trabalho de auto desenvolvimento, na busca de soluções de problemas da comunidade; XIII - Promover estudos e debates sobre a problemática ambiental sob a perspectiva multi, inter e transdisciplinar, visando o desenvolvimento eficiente e eficaz de programas e projetos de Educação Ambiental; XIV - Buscar a incorporação dos meios de comunicação de massa na implementação de ações educativas, que facilitem a divulgação das informações dirigidas à comunidade; XV - Apoiar iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo, de modo a servir de subsídios ao processo educativo ambiental; XVI - Capacitar recursos humanos (professores, especialistas, técnicos, funcionários, formadores de opinião e outros) de órgãos governamentais ou não, através de cursos, seminários, fóruns, oficinas ecológicas e outros treinamentos; XVII - Elaborar critérios para visitação periódica às Unidades de Conservação, bem como, as áreas declaradas de preservação permanente; XVIII - Coibir a prática de qualquer ato de caça, perseguição, apanha, coleta, aprisionamento ou abate de exemplares da fauna; XIX - Coibir o corte e coleta de vegetação sem a autorização do Departamento Técnico da Fundação, de acordo com as normas federais e estaduais que regulamentam esta atividade;

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XX - Elaborar normas e padrões relativos à produção, estocagem, transporte, comercialização e emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, bem como promover a sua aplicação; XXI - Controlar a instalação de placas, tapumes, avisos ou sinais nos limites do território municipal; XXII - Articular-se com entidades afins, públicas ou privadas, objetivando o pleno desempenho de suas atribuições; XXIII - Promover o acompanhamento da qualidade dos recursos hídricos, do ar, do solo, da fauna e da flora; XXIV - Executar ou fazer executar atividades de monitoramento da qualidade ambiental e do estado dos recursos da fauna e da flora; XXV - Promover a realização e atualização do Diagnóstico e Relatório sobre a qualidade do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Município de Bombinhas; XXVI - Dirigir, orientar e coordenar as atividades relacionadas com a conservação de amostras representativas dos ecossistemas e o manejo da vida silvestre, com vistas à manutenção da biodiversidade; XXVII - Supervisionar e promover estudos, programas e medidas de controle de exploração e uso racional dos recursos naturais, e da degradação ambiental do município; XXVIII - Promover a execução de estudos e pesquisas resultantes da relação entre o meio ambiente e o meio natural, num determinado tempo e espaço; XXIX - Propor projetos específicos para implantar Unidades de Conservação, Educação Ambiental, Fiscalização Ambiental, Projetos Especiais de Ecoturismo, Reserva Particular do Patrimônio Natural e outras; XXX - Desenvolver uma política de parceria, entre a Fundação Municipal do Meio Ambiente e as empresas privadas, a fim de promover a melhoria da qualidade do meio ambiente e o bem estar da coletividade; XXXI - Elaborar projetos especiais que atendam, prioritariamente, as necessidades de recursos para serem aplicados: na Política Nacional do Meio Ambiente, na preservação do patrimônio natural, na conservação dos recursos naturais e seus usos racionais, na fiscalização ambiental, controle e fomento dos recursos naturais renováveis. CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art. 22 O exercício financeiro da Fundação Municipal do Meio Ambiente coincidirá com o ano civil, dentro do exercício fiscal. Art. 23 Ficam criados os seguintes cargos em comissão, de livre nomeação e exoneração do Chefe do Poder Executivo, cujo vencimento corresponderá aos valores em vigência no Município: 01 Presidente; 01 Diretor Administrativo e Financeiro; 01 Diretor de Licenciamento e Fiscalização; 01 Diretor de Educação Ambiental e Áreas Protegidas. Art. 24 A estrutura administrativa estabelecida na presente lei entrará em funcionamento, gradualmente, na medida em que os Órgãos que a compõem forem sendo implantados, segundo as conveniências da Administração e as disponibilidades dos recursos, dando preferência ao provimento dos cargos efetivos. Art. 25 Os cargos de provimento efetivo da Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas serão criados por lei própria.

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Art. 26 A Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas terá seu quadro de pessoal regido pelo Estatuto dos Servidores Públicos Municipais. Art. 27 A Fundação Municipal do Meio Ambiente poderá dispor, para o exercício de suas competências, de mecanismos de natureza transitória, tais como Comissões, Grupos de Trabalho e outros similares, a serem constituídos pelo Presidente, com prazo determinado de funcionamento. Art. 28 As despesas oriundas da aplicação desta lei correrão por conta de dotações próprias, consignadas no orçamento corrente, suplementadas se necessário. Art. 29 Fica o Chefe do Poder Executivo autorizado a proceder no orçamento do Município, os reajustamentos que se fizerem necessários, em decorrência desta lei. Art. 30 O Estatuto da Fundação Municipal de Amparo ao Meio Ambiente de Bombinhas será homologado por Decreto, após ser aprovado pelo COMDEMA. Art. 31 Esta Lei entra em vigor após decorridos quarenta e cinco dias de sua publicação. Art. 32 Revogam-se as disposições em contrário, em especial o artigo 42 da Lei Municipal nº 51, de 30 de agosto de 1993; o inciso II do artigo 3º, o artigo 5º e o inciso II do artigo 6º todos da Lei Complementar Municipal nº 15, de 03 de outubro de 2003; a Lei nº 615, de 05 de julho de 2001 e a Lei nº 1.060, de 17 de abril de 2008. Bombinhas (SC), 05 de dezembro de 2008. JÚLIO CÉSAR RIBEIRO Prefeito Municipal

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ANEXO 08 LEI ORDINÁRIA Nº 1870, DE 12 DE SETEMBRO DE 2001 – ITAPEMA (SC)

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LEI ORDINÁRIA Nº 1870/01, DE 12 DE SETEMBRO DE 2001 CRIA O CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE - COMDEMA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. CLÓVIS JOSÉ DA ROCHA, Prefeito Municipal de Itapema, Estado de Santa Catarina, no uso das atribuições que lhe são conferidas por Lei, faço saber a todos os habitantes deste Município que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º - Fica criado o Conselho Municipal do Meio Ambiente, órgão normativo, consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Itapema nos assuntos referentes à proteção e à preservação ambiental no âmbito do Município. § Único: O Conselho de que trata este artigo integra a estrutura organizacional da Prefeitura como órgão vinculado ao Gabinete do Prefeito Municipal de Itapema. Art. 1º Fica criado o Conselho Municipal do Meio Ambiente de Itapema, órgão deliberativo, normativo e consultivo, nos assuntos referentes à proteção e à preservação ambiental, no âmbito do Município de Itapema. § Único: O Conselho de que trata este artigo compõe o Poder Executivo Municipal, vinculado ao órgão responsável pela gestão ambiental no Município de Itapema. (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) Art. 2º - São competências do Conselho Municipal do Meio Ambiente - COMDEMA: I - estudar e propor a política ambiental no município, colaborando nos programas intersetoriais e interinstitucionais de proteção e recuperação do meio ambiente, observada a legislação Federal, Estadual e Municipal pertinente, bem assim os acordos internacionais vigentes sobre a matéria; I - propor a Política Ambiental do Município de Itapema e fiscalizar o seu cumprimento; (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) I - propor, no âmbito de sua competência legal, as diretrizes da Política Ambiental do município de Itapema e observar seu cumprimento; (Redação dada pela Lei nº 2.820/2009) II - propor normas e padrões para a conservação e a melhoria do meio ambiente no Município, com vistas à elevação da qualidade de vida de seus habitantes; II - promover a Educação Ambiental; (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) II - colaborar com ações e processos que promovam a Educação Ambiental no município de Itapema; (Redação dada pela Lei nº 2.820/2009) III - propor e acompanhar a implantação de novas unidades de conservação e assessorar a efetiva implantação das existentes; IV - colaborar nos planos e programas de expansão e desenvolvimento municipal, mediante recomendações referentes à proteção ambiental; IV - propor a criação de normas legais relacionados ao meio ambiente, bem como a adequação e regulamentação das mesmas; (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) V - propor e participar da elaboração de campanhas educativas relativas a problemas de saneamento básico, despoluição das águas, do ar e do solo, combate e vetores e proteção da fauna e da flora; V - compatibilizar a Política Ambiental Nacional e Estadual com a Política Ambiental local; (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007)

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VI - propor medidas que visem a integração com a Região da AMFRI, com vistas à soluções integradas para os problemas ambientais comuns, VI - opinar sobre aspectos ambientais de Políticas Estaduais ou Federais que tenham impactos sobre o Município; (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) VII - receber e apurar denúncias feitas pela população sobre a degradação ambiental, sugerindo ao Município as providências necessárias; VII - receber e apurar denúncias feitas pela população sobre a degradação ambiental, sugerindo à administração municipal e aos órgãos competentes as providências necessárias; (Redação dada pela Lei nº 2.820/2009) VIII - propor diretrizes aos estudos do Plano Diretor do Município sob a ótica ambiental; IX - propor e fiscalizar a preservação dos recursos naturais e ecossistema; IX - propor e observar a preservação dos recursos naturais e ecossistemas no município; (Redação dada pela Lei nº 2.820/2009) X - promover a participação comunitária por meio da realização e coordenação de audiências públicas, quando regularmente solicitadas, visando garantir a participação da comunidade nas decisões sobre a instalação de atividades que potencialmente causem impactos ambientais. XI - exigir estudos de impacto ambiental e seu relatório (EIA/RIAMA) no caso de obras que sejam potencialmente poluidoras; XII - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso sobre as multas e outras penalidades impostas pelo órgão responsável pela gestão ambiental no Município de Itapema; XIII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais; XIV - solicitar à comunidade técnico-científica o suporte complementar às ações executivas do Município na área ambiental; XV - informar a comunidade e aos órgãos competentes, federal, estadual e municipal, sobre a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação, propondo medidas para a sua recuperação; XVI - propor medidas que visem a integração com a Região da AMFRI, com vistas às soluções integradas para os problemas ambientais comuns; XVII - decidir sobre a utilização dos recursos do Fundo Municipal do Meio Ambiente na gestão de projetos ambientais; XVIII - formular e aprovar o seu regimento interno. (Redação acrescentada pela Lei n° 2.510/2007) Art. 3º - O Conselho Municipal do Meio Ambiente compor-se-á dos seguintes membros, indicados pelos respectivos órgãos ou entidades de origem e designados por ato do Prefeito Municipal: a) - um representante da Secretaria Municipal de Planejamento; b) - um representante da Secretaria Municipal da Saúde; c) - um representante da Secretaria Municipal da Agricultura; d) - um representante da Secretaria Municipal da Educação; e) - um representante do órgão (ou entidade) municipal de meio ambiente; f) - um representante da Câmara Municipal de Vereadores; g) - um representante de entidade ambientalista reconhecida e legalmente registrada; h) - um representante da Associação Comercial e Industrial de Itapema; i) - um representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento; j) - um representante de entidade comunitária devidamente constituída e registrada, cujas atividades estejam relacionadas com a proteção ambiental,

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k) - um representante de Associação de Pais e Professores devidamente constituída e registrada; l) - um representante da Polícia de Proteção Ambiental. Art. 3º O Conselho Municipal do Meio Ambiente será composto dos seguintes membros, indicados pelos respectivos órgãos ou entidades de origem e nomeados por ato do Prefeito Municipal: I - um representante da Secretaria Municipal de Planejamento; II - um representante da Secretaria Municipal de Saúde; III - um representante da Secretaria Municipal de Agricultura; IV - um representante da Secretaria Municipal de Educação; V - dois representantes do órgão municipal do meio ambiente; VI - um representante de órgão estadual; VII - um representante de entidade ambientalista reconhecida e legalmente registrada; VIII - um representante do sindicato dos comerciários; IX - um representante de Instituição Universitária; X - um representante da Associação de Surf de Itapema; XI - um representante da Colônia de Pescadores de Itapema; XII - um representante da Associação dos Pescadores de Itapema XIII - um representante das Entidades Patronais de Itapema. (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) I - sete representantes da administração pública municipal direta ou indireta, relacionadas com as áreas da saúde, vigilância sanitária, educação, planejamento urbano, agricultura e pesca, procuradoria jurídica, indústria e comércio, turismo, bem estar social e regulação e controle, sem que ocorra duplicidade de representação por área; II - dois representantes do órgão municipal de meio ambiente; III - um representante de órgão estadual; IV - dois representantes de associações comunitárias, devidamente constituídas no município de Itapema, cujas atividades estejam relacionadas com a proteção ambiental; V - um representante do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Itapema - SINDUSCON; VI - um representante de Sindicato de empregados do Município de Itapema; VII - um representante de Instituição de Ensino Superior, com curso ligado a área ambiental; VIII - um representante do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina - CREA/SC; IX - um representante da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB; X - um representante de entidades/associações de pescadores em Itapema; XI - um representante das Entidades Patronais de Itapema; XII - um representante de entidades/organizações da sociedade civil, não incluídas nas categorias até então mencionadas, cujas atividades estejam relacionadas com a proteção/educação ambiental. (Redação dada pela Lei n° 2.820/2009) § Único: Para cada membro titular será previamente indicado um suplente. § 1º Os representantes dos órgãos oficiais do Município e do Estado serão indicados pelas respectivas Chefias Regionais ou Secretários Municipais. § 2º Os representantes a que aludem os incisos VII, VIII, IX, X e XI serão indicados pelos seus pares em audiência pública convocada para esse fim. Os representantes indicados

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conforme os incisos supracitados deverão comprovar, através de ofício e acompanhado de documentos a legalidade e atividade da entidade. (Redação dada pela Lei n° 2.510/2007) § 2º Os representantes a que alude os incisos IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII serão indicados pelos seus pares e deverão comprovar, através de ofício acompanhado de documentos, a legalidade e atividade da entidade; (Redação dada pela Lei n° 2.820/2009) § 3º Juntamente com representantes de cada órgão ou entidade devem ser indicados os respectivos suplentes. § 4º As funções de membros do conselho não serão remuneradas, sendo, porém, consideradas atividades de relevante serviço à comunidade. § 5º As funções de membro do conselho serão exercidas pelo prazo de dois anos e deverão ser homologados e nomeados pelo Prefeito Municipal, sendo permitida, por uma única vez, sua recondução. § 6º Os órgãos oficiais e entidades representantes do COMDEMA, poderão, em qualquer época, solicitar à diretoria do conselho a substituição de seus representantes. (Redação acrescentada pela Lei n° 2.510/2007) Art. 4º - O Conselho Municipal do Meio Ambiente terá 1(um) Presidente e 1(um) Vice-Presidente, eleitos dentre seus membros, por maioria qualificada, e um Secretário Executivo escolhido pelo Conselho e designado pelo Prefeito Municipal, conforme estabelecido no Regimento Interno. Art. 4º O Conselho Municipal do Meio Ambiente terá um (1) Presidente, um (1) Vice-Presidente e um(1) Secretário Geral, eleitos dentre seus membros, por maioria qualificada, e um Secretário Executivo, escolhido pelo Conselho e designado pelo Prefeito Municipal, conforme estabelecido no Regimento Interno. (Redação dada pela Lei n° 2.820/2009) § Único - Para os efeitos desta Lei, considera-se maioria qualificada o voto da metade mais 1 (um) da totalidade dos membros do Conselho. Art. 5º - O mandato dos membros do Conselho será de 02 (dois) anos, podendo ser reeleitos por igual período, uma única vez. Art. 6º - O exercício das funções de membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente, será gratuito e considerado como prestação de serviços relevantes ao Município. (Revogado pela Lei n° 2.510/2007) Art. 7º - Os membros referidos no artigo 3º, quando em viagem a serviço do Conselho perceberão diárias no valor dos limites estabelecidos na tabela de diárias para os funcionários do Gabinete do Prefeito, quando não forem servidores do Município, bem como as respectivas passagens. Art. 8º - O Conselho Municipal do Meio Ambiente manterá intercâmbios com os órgãos de outras Administrações Municipais, bem como com as esferas Estadual e Federal, nos assuntos concernentes ao seu âmbito de competência, com o objetivo de receber e fornecer subsídios técnicos para a defesa e recuperação do Meio Ambiente no Município.

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Art. 9º - O Conselho Municipal do Meio Ambiente sempre que cientificado de ações degradadoras do Meio Ambiente, proporá cabíveis à sua recuperação. Art. 10 - O prazo para a instalação do Conselho Municipal do Meio Ambiente será de 45(quarenta e cinco) dias a partir da publicação da Lei. Art. 11 - No prazo de 30(trinta) dias após sua instalação o Conselho Municipal do Meio Ambiente elaborará e aprovará o seu Regimento Interno, que será homologado por Decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal. Art. 13 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 14 - Ficam revogadas as disposições em contrário. Art. 14 Revogam-se as Leis Municipais nº 18, de 11 de julho de 1979, Lei Municipal nº 54, de 10 de maio de 1984. (Redação dada pela Lei n° 2.820/2009) Prefeitura Municipal de Itapema, 12 de setembro de 2001. CLÓVIS JOSÉ DA ROCHA Prefeito Municipal

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ANEXO 09 RESOLUÇÃO CONSEMA 02/2006

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RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 02/2006

Define as atividades de impacto local para fins do exercício da competência do licenciamento ambiental municipal, bem como os critérios necessários para o licenciamento municipal por meio de convênio, das atividades potencialmente poluidoras previstas em listagem aprovada por Resolução do CONSEMA que não constituem impacto local.

O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CONSEMA, por deliberação da maioria de seus membros e tendo em vista o disposto no art. 3.º, V, do Decreto Estadual n.º 620, de 27 de agosto de 2003, no art. 6.º da Resolução CONAMA 237/97 e no art. 2.º do Decreto 3973/02

RESOLVE

I – DO IMPACTO LOCAL.

Art. 1.º -São consideradas como de impacto local as seguintes atividades listadas nos anexos I, II e III, além daquelas atividades lícitas não constantes da listagem das atividades potencialmente poluidoras previstas em listagem aprovada por Resolução do CONSEMA. Art. 2.º- Excepcionalmente, alguma atividade constantes dos anexos I, II e III deixará de ser considerada como de impacto local passível de licenciamento pelo Município se: a) for passível de licenciamento pelo IBAMA; b) estiver localizada ou desenvolvida em dois ou mais Municípios; c) cujos impactos ambientais diretos ultrapassarem os limites territoriais do Município,

conforme constatado no estudo apresentado para o licenciamento ambiental ou ainda em parecer do órgão ambiental municipal.

Art. 3.º- Para fins do exercício da sua competência licenciatória das atividades de impacto local, o Município não necessitará de convênio com Estado de Santa Catarina, salvo para fins de gestão ambiental florestal compartilhada. Todavia, deverá promover sua habilitação estadual, por meio do CONSEMA, a qual será aprovada e publicada no Diário Oficial do Estado (DOESC) pela Secretaria de Desenvolvimento Sustentável. Art. 4.º- Para requerer a sua habilitação, o Município apresentará os seguintes documentos: a) Comprovação de implementação do Conselho Municipal de Meio Ambiente, com caráter

deliberativo, compondo paridade entre as instituições governamentais e não-governamentais;

b) Decreto Municipal declarando o nível de complexidade em que o Município fará o licenciamento ambiental municipal;

c) Declaração do Prefeito de que assume o compromisso de manter em seus quadros servidores públicos, na condição de técnicos legalmente habilitados e com anotação de responsabilidade técnica (ART) ou de função técnica (AFT), para apreciarem os aspectos técnicos sob análise, ficando ciente de que o parecer emitido por técnico não habilitado constitui a infração penal de emissão de licença em desacordo com a lei.

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Art. 5.º- O licenciamento pelo Município das atividades de impacto local é divido em 3 níveis, identificados nos Anexos I, II e III, correspondentes, em ordem crescente, à complexidade ambiental da atividade e a necessária capacidade técnica do Município. Art. 6.º- Em não promovendo o Município a sua competente habilitação junto ao CONSEMA para fins licenciatório, competirá à FATMA, supletivamente, o licenciamento das atividade constantes dos Anexos I, II e III.

II - DO LICENCIAMENTO MEDIANTE CONVÊNIO.

Art. 7.º - As atividades de impactos não-locais poderão ser licenciadas pelos Municípios, desde que façam convênio de delegação, nos termos da Resolução CONAMA 367, com a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e a FATMA, para o qual deverá o Município comprovar, além dos requisitos do art. 4. .º da presente Resolução, que estão à disposição das atividades de licenciamento e fiscalização ambiental servidores públicos na condição de técnicos legalmente habilitados e com anotação de responsabilidade técnica (ART) ou de função técnica (AFT), os quais devem ter no mínimo as seguintes formações profissionais:

Biologia; Engenharia Sanitária, Ambiental ou Civil; Engenharia Florestal ou Agronomia; Química ou Engenharia Química; Geologia; Direito; Geografia.

III – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 8.º - A avaliação dos impactos ambientais de um empreendimento deverá corresponder a totalidade dos impactos, incluindo aqueles decorrentes do corte de vegetação.

Parágrafo único. O licenciamento de empreendimento que compreender mais de uma atividade será licenciado segundo o enquadramento de maior impacto, sendo vedado o fracionamento do licenciamento ambiental. Art. 9.º O Município, desde que possua convênio de gestão florestal compartilhada, poderá analisar e emitir a competente autorização de corte de vegetação e outros instrumentos autorizativos inerentes à gestão florestal, desde que o ato esteja vinculado a uma atividade passível de licenciamento ambiental pelo Município. Art. 10 - No exercício de sua competência licenciatória para as atividades de impacto local ou mediante convênio, os Municípios observarão, no mínimo, as definições provenientes da União e do Estado, inclusive do CONSEMA quanto aos estudos e critérios, bem como todas as instruções normativas da FATMA aplicáveis às atividades, prevalecendo sempre o critério da norma mais favorável ao meio ambiente. Art. 11 - Os Municípios que passarem a exercem a competência licenciatória ambiental ficarão responsáveis, precipuamente, pela fiscalização urbana de todas as atividades, salvo aquelas licenciadas pela FATMA ou IBAMA, caso em que a competência fiscalizatória será concorrente.

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Art. 12 - Para fins do exercício de sua competência licenciatória ambiental nos termos da presente Portaria, deverá o Município ter à disposição das atividades de licenciamento e fiscalização ambiental servidores públicos na condição de técnicos legalmente habilitados e com anotação de responsabilidade técnica (ART) ou de função técnica (AFT). Todavia, em caráter excepcional, poderá efetuar contratação de consultoria técnica especializada, de pessoas físicas ou jurídicas alheias ao quadro funcional, para fins de apoiar atividades de licenciamento e fiscalização. Art. 13. – Entende-se por servidor público somente os funcionários no exercício de cargo de provimento efetivo ou em comissão. Art. 14 - A autoridade licenciadora e os técnicos participantes da análise do processo de licenciamento não poderão atuar como consultores ou representantes de empreendimentos a serem licenciados na área de sua abrangência. Art. 15 - Nos casos em que o Município ou a FATMA detectar que recebeu pedido de licenciamento fora do seu âmbito de licenciamento, deverá remeter imediatamente o processo para análise do órgão competente, com ciência ao requerente, informando o motivo da declinação de competência. Art. 16 - Os Convênios assinados pelos Municípios com o Estado de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, terão validade pelo prazo de até 60 (sessenta dias) a contar da publicação da presente Resolução. Art. 17 - Ficam revogadas todas as disposições em contrário. Art. 18 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Florianópolis, 14 de dezembro de 2006.

SÉRGIO SILVA Presidente do CONSEMA

Publicado no D.O.E. de 14.02.07

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ANEXO 10 RESOLUÇÃO CONSEMA 004/2008

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RESOLUÇÃO CONSEMA N.º 004/2008

Aprova a Listagem das Atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental de impacto local para fins do exercício da competência do licenciamento ambiental municipal.

CONSIDERANDO a necessidade de se ajustar a listagem das atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental aprovadas por meio das Resoluções CONSEMA 01/2006 e 02/2006;

O PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CONSEMA, por deliberação da maioria de seus membros e tendo em vista o disposto no art. 3.º, V, do Decreto Estadual n.º 620, de 27 de agosto de 2003, no art. 6.º da Resolução CONAMA 237/97 e no art. 2.º do Decreto 3973/02

RESOLVE

I- DO LICENCIAMENTO.

Art. 1.º- Aprovar a alteração dos anexos I, II e III da Resolução CONSEMA 02/2006, conforme Listagens das Atividades Consideradas Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental de impacto local, constantes dos Anexos I, II e III.

II - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS.

Art. 2.º - Ficam revogadas todas as disposições em contrário, especialmente os anexos I, II e III da Resolução CONSEMA n.º 02/06.

Art. 3.º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ONOFRE SANTO AGOSTINI Presidente do CONSEMA Publicado no DOE n.º 18.351 de 29/04/2008

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ANEXO 11 MOÇÃO DO COMDEMA QUE TRATA SOBRE A PRESERVAÇÃO DA MATA

ATLÂNTICA

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ANEXO 12 RESOLUÇÕES COMDEMA 001 E 002/2004

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ANEXO 13 RESOLUÇÃO COMDEMA 003/2005

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ANEXO 14 RESOLUÇÃO COMDEMA 004/2005

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ANEXO 15 RESOLUÇÃO COMDEMA 005/2006

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ANEXO 16 RESOLUÇÃO COMDEMA 006/2008

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ANEXO 17 RESOLUÇÃO COMDEMA 007/2010