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FINANCIAMENTO BANCÁRIO E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL FINANCEMENT BANCAIRE ET RESPONSABILITÉ SOCIALE ET DE L’ENVIRONNEMENT Jailson de Souza Araújo RESUMO O presente artigo tem por objetivo abordar o papel das instituições bancárias e demais órgãos de financiamento no que se refere a sua responsabilidade solidária, na condição de agentes econômicos financiadores de empreendimentos potencialmente poluidores e analisar sua responsabilidade solidária, na hipótese de seus clientes financiados descumprirem leis ambientais e causarem danos ambientais. Diante da possibilidade de responsabilização cível e criminal, verificar-se-á as medidas preventivas e fiscalizadoras adotadas pelos bancos, na condição de agentes econômicos aptos a atuarem como instrumento de controle ambiental, para zelar pelo cumprimento das leis e normas de licenciamento ambiental dos empreendimentos financiados, de forma a garantir a efetividade da proteção jurídica do meio ambiente. PALAVRAS-CHAVES: ECONOMIA, FINANCIAMENTO BANCÁRIO, DANO AMBIENTAL, RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, SOLIDARIEDADE. RESUME Cet article vise à aborder le rôle des banques et d’autres organes de financement dans le cadre de leur responsabilité conjointe, dans la condition d’agents économiques financiers des entreprises pontentiellement pollueures, ainsi que d'examiner leur responsabilité, en supposant que leurs clients ne respectent pas les lois sur l'environnement et causent des dommages environnementaux. Face à la possibilité de responsabilité civile et pénale, il y aura des mesures de prévention et de contrôle adoptées par les banques à condition que les agents économiques en mesure d'agir comme un instrument de contrôle de l'environnement, à assurer le respect des lois et des normes de licences de l'environnement des entreprises financées, de maniére à assurer l'efficacité de la protection juridique de l'environnement. MOT-CLES: ÉCONOMIE, FINANCEMENT BANCAIRE, DOMMAGES ENVIRONNEMENTAUX, RESPONSABILITÉ SOCIALE ET DE L’ENVIRONNEMENT, SOLIDARITÉ. INTRODUÇÃO 2836

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Page 1: FINANCIAMENTO BANCÁRIO E RESPONSABILIDADE …Em 31 de agosto de 1981, a Lei 6.938/81 estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, obrigando os bancos de desenvolvimento a observarem

FINANCIAMENTO BANCÁRIO E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

FINANCEMENT BANCAIRE ET RESPONSABILITÉ SOCIALE ET DE L’ENVIRONNEMENT

Jailson de Souza Araújo

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo abordar o papel das instituições bancárias e demais órgãos de financiamento no que se refere a sua responsabilidade solidária, na condição de agentes econômicos financiadores de empreendimentos potencialmente poluidores e analisar sua responsabilidade solidária, na hipótese de seus clientes financiados descumprirem leis ambientais e causarem danos ambientais. Diante da possibilidade de responsabilização cível e criminal, verificar-se-á as medidas preventivas e fiscalizadoras adotadas pelos bancos, na condição de agentes econômicos aptos a atuarem como instrumento de controle ambiental, para zelar pelo cumprimento das leis e normas de licenciamento ambiental dos empreendimentos financiados, de forma a garantir a efetividade da proteção jurídica do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVES: ECONOMIA, FINANCIAMENTO BANCÁRIO, DANO AMBIENTAL, RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, SOLIDARIEDADE.

RESUME

Cet article vise à aborder le rôle des banques et d’autres organes de financement dans le cadre de leur responsabilité conjointe, dans la condition d’agents économiques financiers des entreprises pontentiellement pollueures, ainsi que d'examiner leur responsabilité, en supposant que leurs clients ne respectent pas les lois sur l'environnement et causent des dommages environnementaux. Face à la possibilité de responsabilité civile et pénale, il y aura des mesures de prévention et de contrôle adoptées par les banques à condition que les agents économiques en mesure d'agir comme un instrument de contrôle de l'environnement, à assurer le respect des lois et des normes de licences de l'environnement des entreprises financées, de maniére à assurer l'efficacité de la protection juridique de l'environnement.

MOT-CLES: ÉCONOMIE, FINANCEMENT BANCAIRE, DOMMAGES ENVIRONNEMENTAUX, RESPONSABILITÉ SOCIALE ET DE L’ENVIRONNEMENT, SOLIDARITÉ.

INTRODUÇÃO

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Page 2: FINANCIAMENTO BANCÁRIO E RESPONSABILIDADE …Em 31 de agosto de 1981, a Lei 6.938/81 estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, obrigando os bancos de desenvolvimento a observarem

Em 1992, as atenções do mundo voltaram-se ao Brasil para discutir a defesa do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro, contando com representantes de 178 países. Na oportunidade, discutiu-se a respeito da poluição do ar, da água, do solo, da pobreza, desigualdade social, superpopulação nas periferias dos grandes centros urbanos, enfim dos graves problemas ambientais enfrentados pela população mundial.

Durante a conferência, elaborou-se um documento intitulado “Agenda 21”, que é um programa de ação que viabiliza um novo modelo de desenvolvimento ambientalmente racional, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Desde então, a questão tem sido debatida na esfera pública e privada, em todos os setores da sociedade e da economia com maior freqüência e com maior rigor científico, com intuito de promover e desenvolvimento econômico e social fundado em premissas ambientalmente sustentáveis.

No contexto econômico, instituições bancárias são agentes de extrema relevância na medida em que fomentam o desenvolvimento através da oferta de crédito e serviços financeiros aos seus clientes, viabilizando economicamente empreendimentos.

Em 01 de agosto de 2008, através de uma iniciativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente e bancos, inclusive o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social– BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, elaborou-se um protocolo de intenções pela responsabilidade ambiental com o objetivo de incentivar e induzir os setores produtivos da economia a adotar políticas e realizar ações que efetivamente promovam a preservação ambiental e uma contínua melhoria no bem estar social.

A questão que se pretende analisar é a mudança de postura do Estado, enquanto agente regulador da economia, ao adotar políticas econômicas disciplinadoras e impositivas (outrora meramente incentivadora de atitudes socioambientalmente responsáveis), no que se refere à vinculação da concessão de crédito por estabelecimentos bancários à observância da legislação ambiental e demais diretrizes previstas na Política Nacional de Meio Ambiente.

O tradicional papel dos bancos públicos perante a economia brasileira

Por missão corporativa, o principal papel de um banco público é fomentar o desenvolvimento econômico e social, através da oferta de crédito e serviços nas melhores condições para seus clientes.

Os bancos públicos tiveram papel essencial no desenvolvimento do país, desde a fundação do Banco do Brasil em 1808, após a chegada da família real portuguesa. À época, praticamente inexistia bancos privados, de maneira que somente as instituições financeiras controladas pelo governo administravam as economias dos brasileiros, financiavam a agricultura e investiam em empresas e em empreendimentos.

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Na história econômica brasileira recente, nos momentos de inflação elevada e escassez de dinheiro privado de longo prazo, durante as décadas de 70 e 80 do século XX, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou os recursos necessários para a construção de obras de infra-estrutura e a criação de grandes empresas, como a Embraer.

Para os executivos da Caixa Econômica Federal, embora a busca por rentabilidade seja uma meta constante dentro do banco, não é correto comparar seus resultados com os dos bancos privados. "Não se deve exigir de um banco público os mesmos resultados dos bancos privados", disse o vice-presidente de controle e risco da Caixa, Marcos Roberto Vasconcelos. O vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival Alves Pinto, diz que a principal diferença entre os bancos públicos e os privados é o foco dos negócios.

Algumas das mais significativas diferenças entre bancos privados e públicos é que estes são agentes diretos na implementação de políticas de governo, como financiar investimentos, pagar benefícios de programas sociais além de adotar uma política de juros baixos, de forma a inibir a concorrência à prática de juros altos e diminuir as taxas do mercado como um todo.

Além da rentabilidade, outro critério que os executivos consideram adequado para avaliar os resultados da Caixa é o seu desempenho nas ações de governo, por exemplo, os empréstimos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Quer-se dizer: bancos públicos exercem um papel que ultrapassa a mera oferta de crédito e serviços financeiros. Na verdade, são agentes econômicos a serviço do desenvolvimento pleno.

Atualmente, as instituições bancárias controladas pelo estado perderam parte de sua razão de existir. Percebemos no atual cenário econômico brasileiro a valorização da moeda brasileira, o controle da inflação, o recebimento do grau de investimento por agências de avaliação de crédito, a crescente captação de recursos na bolsa de valores por empresas, a maciça oferta crédito e financiamentos de longo prazo por parte dos bancos privados e o aumento da entrada de capital estrangeiro. De acordo com a Receita Federal do Brasil, no 1ºsemestre de 2008 a balança comercial brasileira foi superavitária em razão do significativo aumento das exportações, baixo nível de desemprego, aumento da renda real e a redução da taxa de juros, que promoveu inclusive o crescimento do crédito.

Entretanto, apesar do vigor econômico que o Brasil experimenta e dos bancos estatais terem se distanciado dos propósitos que justificaram sua criação, tais instituições ainda se fazem necessárias para o desenvolvimento econômico e social brasileiro, o fato de seu foco não ser exclusivamente econômico, conforme dito, lhes permitem financiar projetos potencialmente arriscados e de cunho social de longo prazo, em setores como infra-estrutura, pesquisa tecnológica, habitação, inclusão bancária e meio-ambiente (cujo retorno financeiro pode mostrar-se eventualmente desinteressante, mas de inquestionável retorno social), projetos que não raras vezes são recusados por bancos privados, cujo direcionamento de recursos e ações é focado no lucro.

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É verdade que há críticas ao modelo de gestão e direcionamento de recursos públicos, inclusive pelo modelo adotado atualmente pelo BNDES, financiador inclusive empresas de grande porte, como a Petrobras e a Vale do Rio Doce, ambas transnacionais competitivas, consideradas blue-chips na Bolsa de valores de São Paulo e que sozinhas correspondem a cerca de 30% do volume total de negócios, e que certamente podem ser administradas exclusivamente com recursos privados, mas ainda assim, entendemos que sua atuação, apesar de não ser perfeita, ainda se faz necessária, inclusive como agente indutor de comportamento no mercado financeiro.

O novo modelo de banco público

Recentemente, as instituições bancárias públicas, além de desempenhar os papéis já mencionados, adotaram uma nova postura, no tocante à responsabilidade ambiental.

Em 31 de agosto de 1981, a Lei 6.938/81 estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, obrigando os bancos de desenvolvimento a observarem os impactos ambientais dos empreendimentos financiados, nos termos do art. 3º, 12 e 14, que, aplicados às instituições financeiras, em amplo sentido, eleva o financiamento e o crédito a nível de instrumento de controle ambiental.

E de acordo com o art. 3º da referida Lei:

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

(...)

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; (grifamos)

A equiparação do poluidor direto e indireto e a aplicação da referida Lei, no sentido de condenar ambos à reparação do dano ambiental decorrente da atividade causadora de degradação ambiental estava restrita inicialmente aos órgãos de financiamentos governamentais, mas a extensão da responsabilidade as instituições privadas foi sendo exigida, inclusive a partir da releitura do art. 12 da referida lei:

Art. 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA.

Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no "caput" deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente. (grifamos)

Os referidos artigos impõem o dever dos órgãos financiadores e de incentivos governamentais de exigir análise ambiental prévia, com os estudos necessários para evitar a degradação ambiental e promoção da melhoria do meio ambiente como requisito obrigatório para a concessão de crédito.

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De acordo com Humberto Adami, Diretor da Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas, entidades de financiamento não são exclusivamente bancos tradicionais, mas todas as instituições que lidam com dinheiro, ou seja, cooperativas, autarquias, sociedades de economia mista, bancos múltiplos e de investimento, e até fundos de pensão, enfim, todas aquelas instituições que possam, em sentido amplo, encaixar-se na expressão "entidades ou órgãos de financiamento e incentivo governamental". De acordo com ADAMI, o enquadramento legal de tais entidades se faz necessária, de acordo com o art. 225 da Constituição Federal brasileira, que estabelece:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. (grifamos)

Portanto, a inclusão de bancos públicos ou privados e demais entidades de financiamento no conceito constitucional de coletividade é uma prioridade, pois, a nosso entender, não há justificativa plausível para a exclusão de tais agentes econômicos do referido conceito, cabendo a todos, indistintamente, o dever de defender e promover a preservação do meio ambiente.

De acordo com Antônio Fernando Pinheiro Pedro, da Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas (ABAA), citado por Liana Jhon "bancos públicos e privados são agentes econômicos, financiadores dos empreendimentos potencialmente poluidores, através dos quais são repassados os recursos - internacionais inclusive - dos bancos de desenvolvimento, portanto eles devem ser solidariamente responsáveis, no caso de não cumprimento das leis ambientais".

Em relação às conseqüências dos danos ambientais, o art. 14 determina:

Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

(...)

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.(grifamos)

Dessa forma, os bancos (em sentido amplo) poderão ser condenados a indenizar e/ou reparar os danos ambientais causados pelos seus clientes, diante de sua responsabilidade objetiva, ou seja, independente da existência de culpa, sendo necessária apenas a comprovação da existência de nexo de causalidade entre a atividade bancária (ex: aprovação de projeto ou crédito sem as necessárias cautelas e diligências ambientais) e o dano ambiental.

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Tal responsabilidade encontra amparo inclusive no Código Civil brasileiro, cujo art. 942 estabelece que “os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação.”

Em 12 de fevereiro de 1998 foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais, e seus arts. 2º, 3º e 4º dispõem sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades nocivas ao meio ambiente, sanções aplicáveis inclusive aos bancos:

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Neste momento se inicia a discussão da co-responsabilidade criminal dos agentes financeiros, inclusive por omissão, e por não fazer qualquer distinção em relação ao agente co-responsável, as instituições financeiras (públicos e privadas) que investiram em empreendimentos poluidores ou causadores de degradação ambiental, conforme prevista na Lei de Crimes Ambientais, começam a ser responsabilizadas, na condição de co-autoras, o que gera uma situação de preocupação e insegurança no meio.

Até então, os critérios para concessão de crédito por vezes limitavam-se a exigência de informações fiscais e contábeis, de forma a verificar a viabilidade econômica do empreendimento. As informações e medidas de socioambientais pertinentes aos projetos apresentados eram relegadas a um segundo grau de importância, muitas vezes não exigidas e auditadas de forma rigorosa e criteriosa, conforme a imposição legal aos gestores de instituições financeiras.

O fato é que, diante da Lei de Crimes Ambientais, sendo o cliente de um banco condenado por crimes ambientais, dano causado por empreendimento financiado por este, a condenação poderá ser-lhe estendida, devendo solidariamente responder inclusive pela recuperação do dano ambiental. Portanto, o atendimento das medidas preventivas e dos estudos prévios necessários, que demonstram a viabilidade ambiental do projeto deverá ser realizado antes do fornecimento do crédito. E não se dá ao gestor da instituição financeira a faculdade de optar pelo atendimento ou não das referidas normas ambientais. Ao não cumpri-la, o administrador comete ato ilícito, passível de punição cível e criminal.

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A responsabilização e penalização dos bancos e demais agentes financeiros representa um grande avanço na legislação brasileira e, para que se garanta a efetividade da proteção jurídica do meio ambiente, esse artigo deve ser combinado com o crime de gestão temerária ambiental, previsto no art. 12 da Lei 6.938/81 e artigo 4º da Lei 7.492/86 (Lei que regulamenta os crimes contra o sistema financeiro nacional).

Todas as sanções previstas nas legislações mencionadas, tanto cíveis quanto criminais, encontram amparo legal no parágrafo §3 do art. 225 da Constituição Federal, que estabelece que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A nova postura dos agentes financeiros e iniciativas do setor bancário

Os agentes financeiros devem ter o cuidado de analisar o projeto que pretendem financiar, principalmente em se tratando de verba governamental, através dos estudos de impacto ambiental prévios ao deferimento do crédito, além de verificar o estrito cumprimento da legislação ambiental, evitando o financiamento de empresas e obras potencialmente desastrosas para a sociedade e o ambiente.

Neste propósito, segundo André Palhano, os bancos passaram a incorporar princípios semelhantes em suas operações cotidianas de crédito, criando áreas específicas. Quase todos os bancos de maior porte já possuem ou estão estruturando áreas específicas de avaliação de critérios sociais e ambientais no segmento de pessoas jurídicas. Nelas, a formação dos funcionários foge do padrão da indústria financeira: são geólogos, biólogos, cientistas sociais e técnicos ambientais, entre outros, além de estabelecerem parcerias com organizações não-governamentais e consultorias para avaliar os riscos socioambientais de seus clientes.

Apesar do investimento, sem dúvida as avaliações ambientais realizadas pelas instituições financeiras são economicamente interessantes, em virtude serem subsidiariamente uma análise de risco na oferta de crédito, na medida em que o risco de inadimplência de uma empresa potencialmente sujeita a multas ambientais e trabalhistas, ou a acidentes, é consideravelmente maior.

De acordo com Luiz Carlos Aceti Júnior, da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), citado por Liana Jhon "O BNDES, por exemplo, faz um levantamento do passivo ambiental das empresas, que pedem empréstimos, e deixa de financiar aquelas com passivos muito grandes". No seu entendimento, “os bancos devem zelar pelo cumprimento das leis e normas de licenciamento ambiental dos empreendimentos financiados e, para tanto, precisam ampliar a capacidade de gerenciamento ambiental e criar cláusulas condicionais para os contratos de financiamento, prevendo a suspensão dos recursos, caso o empreendedor descumpra a legislação”.

Uma das instituições com exigências desta ordem é o Banco Mundial (BIRD), que tem próprias normas ambientais para projetos, muitas vezes mais rigorosas do que a legislação vigente nos países, que recebem o financiamento. O BIRD ainda tem um painel de inspeção, que fiscaliza o cumprimento de tais normas, nas obras financiadas.

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Neste sentindo, é importante mencionar a importante a previsão do inciso III, do art. 14 da Lei 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), na medida em que a possibilidade de suspensão do crédito obriga o empreendimento a continuar respeitando as normas ambientais, já que deverá sofrer fiscalizações ao longo do empreendimento, e inconformidades poderão acarretar a suspensão dos recursos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: (...)

III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; (grifamos)

Por evidente, para se evitar a insegurança jurídica, principalmente para os agentes econômicos que pretendem cumprir rigorosamente as normas que lhe são direcionadas, faz-se necessária a atuação do Banco Central do Brasil, no sentido de orientar e fiscalizar as instituições financeiras e editar normas complementares, orientando a aplicação do artigo 12º, da Lei 6.938/81, assim como o Conselho Monetário Nacional deverá impor a observância das leis ambientais as instituições financeiras nacionais e fiscalizar seu adequado cumprimento, nos termos da Lei n.º 4.595/1964 (Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências).

Diante da necessidade de se repensar o modelo de banco público, de forma a adaptá-lo à nova realidade brasileira, em 1º de agosto de 2008 foi celebrado um protocolo de intenções pela responsabilidade ambiental entre o Ministério do Meio Ambiente e os principais bancos públicos federais brasileiros. O protocolo atualizou os compromissos previstos na pioneira iniciativa denominada “Protocolo Verde” , firmada em 1995, para dedicar-se ao objetivo de incluir a apreciação da variável ambiental no deferimento de crédito.

Incluem-se neste protocolo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, Banco do Brasil, Banco do Estado da Amazônia, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Nordeste, e dentre os compromissos assumidos, destacamos:

I - Financiar o desenvolvimento com sustentabilidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam a qualidade de vida da população, o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção ambiental, observadas as seguintes diretrizes: a) Aprimorar continuamente o portfólio de produtos e serviços bancários destinados ao financiamento de atividades e projetos com adicionalidades socioambientais; b) Oferecer condições diferenciadas de financiamento (taxa, prazo, carência, critérios de elegibilidade, etc.) para projetos com adicionalidades socioambientais; e c) Orientar o tomador de crédito de forma a induzir a adoção de práticas de produção e consumo sustentáveis.

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II - Considerar os impactos e custos socioambientais na gestão de ativos (próprios e de terceiros) e nas análises de risco de clientes e de projetos de investimento, tendo por base a Política Nacional de Meio Ambiente, observadas as seguintes diretrizes: a) Condicionar o financiamento de empreendimentos e atividades, potencial ou efetivamente poluidores ou que utilizem recursos naturais no processo produtivo, ao Licenciamento Ambiental, conforme legislação ambiental vigente; b) Incorporar critérios socioambientais ao processo de análise e concessão de crédito para projetos de investimentos, considerando a magnitude de seus impactos e riscos e a necessidade de medidas mitigadoras e compensatórias; c) Efetuar a análise socioambiental de clientes cujas atividades exijam o licenciamento ambiental e/ou que representem significativos impactos sociais adversos; d) Considerar nas análises de crédito as recomendações e restrições do zoneamento agroecológico ou, preferencialmente, do zoneamento ecológico-econômico, quando houver; e e) Desenvolver e aplicar, compartilhadamente, padrões de desempenho socioambiental por setor produtivo para apoiar a avaliação de projetos de médio e alto impacto negativo.

De acordo com o Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, "Só vai ter crédito no Brasil quem tiver uma atividade que não polua (...)” . Segundo Minc, os bancos privados brasileiros assinarão em setembro acordo em que se comprometem a realizar operações de crédito apenas com empreendimentos sustentáveis, acordo similar ao assinado celebrado entre os bancos públicos citados.

É fundamental o comprometimento do setor bancário, publico e privado, pois se um banco, seguindo critérios socioambientais, se recusar a conceder crédito para um cliente e esse mesmo cliente conseguir o crédito em outro banco, a livre concorrência e a iniciativa de utilizar o crédito, enquanto instrumento de defesa ambiental, restarão prejudicados.

A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e o desenvolvimento social e ambiental.

Preocupada com a repercussão da co-responsabilidade dos bancos por danos ambientais, a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) criou em Julho de 2002 a Comissão de Responsabilidade Social e Sustentabilidade com a missão de disseminar conceitos e fomentar práticas de desenvolvimento sustentável no setor financeiro nacional, apresentando os seguintes objetivos:

1. Estimular a inserção das questões de desenvolvimento sustentável no âmbito da Federação, incluindo as demais comissões;

2. Contribuir para que a Febraban transmita à sociedade o papel e a atuação do sistema financeiro para o desenvolvimento econômico e socioambiental do país;

3. Representar a Febraban perante fóruns e entidades que discutem temas de desenvolvimento sustentável, particularmente nos âmbitos social e ambiental;

4. Promover a troca de experiências relacionadas ao desenvolvimento sustentável entre os associados e desenvolver possíveis ações conjuntas;

5. Desenvolver e implementar políticas e práticas de investimento social da Febraban.

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Em 29/05/2008, a Febraban debateu no 6º. Congresso de Direito Bancário a tema “co-responsabilidade dos bancos em danos contra o meio ambiente” e ressaltou a importância da incorporação de critérios socioambientais nos processos de decisão de crédito e do monitoramento das cláusulas contratuais. Uma vez que a legislação não prevê limites, a Febraban está trabalhando numa proposta para delimitar o alcance legal da co-responsabilidade dos bancos, na medida em que, segundo Sônia Favaretto, diretora de responsabilidade social da Febraban "Há um grande debate no setor financeiro, que é justamente se a responsabilidade socioambiental dos bancos tem ou não limites. A única coisa que se sabe até agora é que, em um cenário de evolução do tema da sustentabilidade, esses limites serão cada vez mais estendidos".

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estado é responsável pela regulação da economia e promoção do desenvolvimento econômico sustentável. Para alcançar tal propósito, vem adotando medidas disciplinadoras e impositivas (outrora meramente incentivadora de atitudes socioambientalmente responsáveis) no que se refere à vinculação da concessão de crédito por estabelecimentos bancários públicos à observância da legislação ambiental e demais diretrizes previstas na Política Nacional de Meio Ambiente, inclusive através da atuação de órgãos da administração direta e indireta (Ministério do Meio Ambiente, Banco Central, BNDES, etc.).

Tais medidas são de extrema importância, na medida em que o crédito é um forte instrumento de desenvolvimento econômico, e o condicionamento de seu fornecimento ao cumprimento de medidas e controles ambientais salutares certamente trará uma grande efetividade à promoção do desenvolvimento econômico baseado na sustentabilidade, principalmente se comparado à mecanismos tradicionais de controle e monitoramento da exploração do meio ambiente nas atividades econômicas.

Neste objetivo, o “Protocolo Verde” representou um grande avanço, e a tendência é que os demais bancos e instituições financeiras sigam o exemplo, até porque clientes e acionistas, cada vez mais exigentes e ambientalmente conscientes, também esperam a adoção do compromisso efetivo da iniciativa privada pela causa ambiental.

Uma das questões que precisam ser melhor esclarecidas é a extensão e o limite da responsabilidade dos bancos e instituições financeiras na avaliação dos riscos socioambientais de seus tomadores de crédito. A ausência de critérios objetivos causa insegurança jurídica e dificulta a fiscalização e aplicação de sanções às instituições bancárias, quando se verifica que a concessão de crédito resultou num empreendimento nocivo ao meio ambiente. Mas é certo que a responsabilidade não pode ser creditada exclusivamente ao Estado nem exclusivamente aos bancos pela avaliação dos riscos socioambientais dos empreendedores. Nos termos do art. 225 da Constituição Federal, o dever de defender e preservar o meio ambiente pertence à Coletividade.

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REFERËNCIAS

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u428824.shtml. Acesso em

10/08/2008.

BRASIL, Lei n.º 6.938, de 31 de Agosto de 1981, obtida em:

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L6938.HTM. Acesso em: 13/08/2008

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O grau de investimento é uma classificação dada a um país a partir de uma avaliação concedida pelas principais agências de notas de crédito, como a Fitch Ratings, a Moody's e a Standard & Poor's. os fatores utilizados pelas agências na avaliação dos países, como as reservas internacionais, a dívida governamental, a liberdade de imprensa e a distribuição de renda. O Brasil foi considerado investment grade no dia 30 de abril de 2008 pela agência de avaliação Standard & Poor's e em 29 de maio de 2008 pela agência Fitch. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Aduana/Balanca/2008/junho/dadosgerais.htm. Acesso em 11/08/2008.

Blue chips são as ações da bolsa de valores consideradas de qualidade, sendo as mais procuradas por investidores individuais e institucionais para compor suas carteiras, o que lhes confere uma maior liquidez no mercado acionário.

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