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Insira seu título aqui Apontamentos e novidades trazidas pela Política Nacional de Inteligência – PNI Por Humberto de Sá Garay

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Insira seu título aquiApontamentos e novidades trazidas pela Política

Nacional de Inteligência – PNI

Por Humberto de Sá Garay

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SUMÁRIO1. Considerações iniciais .................................3

2. Da estrutura da nova Política Nacional de Inteligência ......................................................4

3. Principais aspectos da PNI ..........................53.1. Da alteração na coordenação da atividade de inteligência no país ....................................................5

3.2 Dos pressupostos da atividade de inteligência ...5

3.3 Dos instrumentos da atividade de inteligência ....6

3.3.1. Instrumentos organizadores da Inteligência ............6

3.3.2. Instrumentos qualificadores da Inteligência ............7

3.3.3. Instrumentos operadores Inteligência .....................7

3.3.4. Instrumentos integradores da Inteligência ..............8

3.4. Das principais ameaças .......................................8

3.4.1. Espionagem .............................................................8

3.4.2. Sabotagem ..............................................................9

3.4.3. Interferência externa ................................................9

3.4.4. Ações contrárias à Soberania Nacional ...................9

3.4.5. Ataques cibernéticos ...............................................9

3.4.6. Terrorismo .............................................................10

3.4.7. Atividades ilegais envolvendo bens de uso dual e tecnologias sensíveis .......................................................11

3.4.8. Armas de destruição em massa .............................11

3.4.9. Criminalidade organizada ......................................11

3.4.10. Corrupção ............................................................12

3.4.11. Ações contrárias ao Estado Democrático de Direito ..............................................................................12

3.5. Das diretrizes da inteligência ............................12

3.5.1. Defesa de ameaças externas .................................12

3.5.2. Diretrizes para a Defesa de ameaças a interesses estratégicos .....................................................................13

3.5.3. Diretrizes para a Defesa de ameaças em meio cibernético .......................................................................13

3.5.4. Diretrizes para aumentar a eficiência da Inteligência. .....................................................................14

3.5.5. Diretrizes para ampliar a atuação da Inteligência ..14

4. Conclusão ..................................................15

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3Apontamentos e novidades trazidas pela PNI

No dia 29 de junho do corrente ano, finalmente atendendo a exigência legal trazida pelo art. 5º da Lei nº 9.883/99, foi editado o Decreto nº 8.793, que fixa a Política Nacional de Inteligência (PNI), o qual define os parâmetros e limites de atuação da atividade de inteligência e de seus executores no âmbito no Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), bem como estabelece seus pressupostos, objetivos, instrumentos e diretrizes. Resumidamente, trata-se do documento de mais alto nível de orientação da atividade de inteligência no Brasil.

O texto já havia sido aprovado pelo Congresso Nacional em 2010, estando, portanto, há seis anos aguardando sua fixação mediante decreto presidencial. É uma verdadeira inovação jurídico-legal em solo brasileiro, uma vez que inexistia no Brasil uma política nacional de inteligência como agora em vigor. Os únicos documentos que poderiam ser considerados semelhantes a esse são a Estratégia Nacional de Defesa, a Política de Defesa Nacional e a Política Externa Brasileira.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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4Apontamentos e novidades trazidas pela PNI

A PNI é estruturada da seguinte forma: após iniciar com uma rápida introdução e exposição de conceitos basilares, são elencados sete pressupostos da atividade de inteligência. Em seguida, são feitas observações sobre o Estado, a sociedade e a Inteligência, bem como a atual conjuntura dos ambientes internacional e nacional.

Após, são arrolados doze instrumentos essenciais necessários à implementação dos objetivos da Inteligência. Em sequência, o documento traça as onze principais ameaças a integridade da sociedade e do Estado e a segurança nacional do Brasil (sendo, talvez, uma das partes mais relevantes do texto).

Por fim, são expostos os cinco objetivos da Inteligência nacional e as dez diretrizes da Inteligência (esta última a que reputamos a mais importante de todo o documento).

2DA ESTRUTURA DA NOVA POLÍTICA NACIONAL DE INTELIGÊNCIA

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5Apontamentos e novidades trazidas pela PNI

3.1. DA ALTERAÇÃO NA COORDENAÇÃO DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO PAÍS O art. 2º do Decreto em comento estabelece que competirá ao Gabinete de Segurança Institucional – GSI a coordenação das atividades de inteligência, retirando tal atribuição da Agência Nacional de Inteligência – ABIN.

É importante destacar que essa alteração encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio. Isso porque, em que pese o art. 3º da Lei nº 9.883/99 estabelecer que caberá à ABIN planejar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do Brasil, pode o Presidente da República, conforme estabelecido no art. 84, VI, “a”, da Constituição Federal, dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração pública federal.

Fica claro, portanto, que a lei definia a ABIN como responsável por coordenar as atividades de inteligência no país, o que fora alterado pelo Decreto, passando a atribuição para o GSI. Mudança significativa portanto.

Recorde-se que o GSI já existia durante o governo da Ex- Presidente Dilma Rousseff, no entanto, havia sido extinto.

3.2 DOS PRESSUPOSTOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

No item 2 da PNI, são elencados os pressupostos da atividade de inteligência, isto é, verdadeiras condições para que o exercício da atividade de inteligência seja legítimo. Um ato que não observe qualquer pressuposto da PNI, não poderá ser considerado uma ação de inteligência, mas sim conduta clandestina, obscura e ilegal.

Desse modo, é estabelecido que a atividade de inteligência desenvolverá suas atividades com fiel observância do ordenamento jurídico pátrio, especialmente a Constituição Federal e legislação infraconstitucional, atuando em prol do interesse público.

Ainda, atento ao atual momento de crise política, econômica e social, a PNI traz um fragmento deixando expresso que a

3PRINCIPAIS ASPECTOS DA PNI

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6Apontamentos e novidades trazidas pela PNI

Inteligência é uma atividade exclusiva de Estado, e não de governos sucessivos no tempo, de modo a buscar a concretização dos interesses da sociedade brasileira. Refere a PNI que a Inteligência “deve atender precipuamente ao Estado, não se colocando a serviço de grupos, ideologias e objetivos mutáveis e sujeitos às conjunturas político-partidárias”.

É bastante claro o objetivo de preservar a Inteligência de qualquer influência obscura, que direcionem a atividade para bem distante dos seus preceitos éticos e legais.

Além disso, a PNI, reafirma as características da Inteligência já consagradas, como sua função de assessorar o processo decisório fornecendo informações oportunas, abrangentes e confiáveis; seu reconhecimento como atividade especializada, composta de valores profissionais, doutrina e atividade essencialmente sigilosa; sua submissão aos preceitos éticos, tendentes a preservar a verdade; e seu caráter permanente e para o assessoramento do processo decisório do Estado.

E, por fim, destaca a importância da contribuição com a atividade de inteligência, seja por parte de instituições públicas ou por parte de instituições privadas (inteligência competitiva, empresarial e institucional), para que se alcance um somatório de capacidades individuais e coletivas que potencialize a Inteligência.

Em síntese, no documento é muito claro o objetivo de limitar a atuação da Inteligência, não deixando margem para atuações ilegais.

3.3 DOS INSTRUMENTOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

No item 5, inicialmente são definidos os instrumentos da atividade de inteligência, isto é, os atos normativos, instituições, métodos, processos, ações e recursos necessários à implementação dos seus objetivos.

Em seguida, são apresentados os instrumentos essenciais que, de acordo com o nosso entendimento, podem ser reunidos e dispostos em quatro grupos, proporcionando uma visão em distintas dimensões, preservando as suas dinâmicas e o necessário relacionamento sistêmico a fim de harmonizar o melhor entendimento e capacidade de aplicação. São eles:

3.3.1. Instrumentos organizadores da Inteligência

Plano Nacional de Inteligência; Doutrina Nacional de Inteligência; diretivas e prioridades estabelecidas pelas autoridades competentes; e planejamento integrado do regime de cooperação entre órgãos integrantes do SISBIN;

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7Apontamentos e novidades trazidas pela PNI

3.3.2. Instrumentos qualificadores da Inteligência

Capacitação, formação e desenvolvimento de pessoas para a atividade de Inteligência; intercâmbio de dados e conhecimentos no âmbito do SISBIN, nos termos da legislação em vigor; pesquisa e desenvolvimento tecnológico para as áreas de Inteligência e Contrainteligência; destinação de recursos financeiros necessários à consecução das atividades de Inteligência; e exercício de controle interno e externo da atividade de Inteligência;

3.3.3. Instrumentos operadores Inteligência

SISBIN e órgãos de Inteligência que o integram, sendo eles, conforme o disposto no Decreto nº 4.376/2002, Casa Civil da Presidência da República, por meio de sua Secretaria-Executiva; Secretaria de Governo da Presidência da República, órgão de coordenação das atividades de inteligência federal; Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, da Secretaria de Governo da Presidência da República, como órgão central do Sistema; Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, da Diretoria de Inteligência Policial do Departamento de Polícia Federal, do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça; Ministério da

Defesa, por meio da Subchefia de Inteligência Estratégica, da Assessoria de Inteligência Operacional, da Divisão de Inteligência Estratégico-Militar da Subchefia de Estratégia do Estado-Maior da Armada, do Centro de Inteligência da Marinha, do Centro de Inteligência do Exército, do Centro de Inteligência da Aeronáutica, e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia; Ministério das Relações Exteriores, por meio da Secretaria-Geral de Relações Exteriores e da Coordenação-Geral de Combate aos Ilícitos Transnacionais; Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria-Executiva do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil; Ministério do Trabalho e Previdência Social, por meio da Secretaria-Executiva; Ministério da Saúde, por meio do Gabinete do Ministro de Estado e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; Casa Militar da Presidência da República; Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Gabinete do Ministro de Estado; Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria-Executiva e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil; Controladoria-Geral da União, por meio da Secretaria-Executiva; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de sua Secretaria-Executiva; Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, por meio de sua Secretaria-

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Executiva; Ministério dos Transportes, por meio de sua Secretaria-Executiva e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT; Ministério de Minas e Energia, por meio de sua Secretaria-Executiva; e Ministério das Comunicações, por meio de sua Secretaria-Executiva.

3.3.4. Instrumentos integradores da Inteligência

Ajustes de cooperação mediante instrumentos específicos entre órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública Federal (APF), das Unidades da Federação ou da iniciativa privada; e intercâmbio de Inteligência e cooperação técnica internacional.

3.4. DAS PRINCIPAIS AMEAÇAS

No item 6, a PNI traça as onze principais ameaças a sociedade brasileira, ao Estado brasileiro e a segurança nacional. Essa, sem dúvida, é uma das partes mais relevantes da PNI, juntamente com as diretrizes. A delimitação das principais ameaças serve para dar clara direção à Inteligência nacional, tendo em vista que, conforme expresso no texto legal, as atividades dos órgãos do SISBIN devem priorizar as ameaças elencadas.

Ressalte-se ainda que, de forma muito louvável, a PNI conceitua exatamente cada ameaça, para que não haja dúvidas sobre o conteúdo de cada uma.

Assim, de acordo com a PNI, as principais ameaças são as seguintes:

3.4.1. Espionagem

PNI conceitua espionagem como “ação que visa à obtenção de conhecimentos ou dados sensíveis para beneficiar Estados, grupos de países, organizações, facções, grupos de interesse, empresas ou indivíduos.” Apesar de a espionagem ser uma prática histórica, a sociedade brasileira, de maneira geral, ou ignora completamente o assunto ou o trata de forma muito superficial.

Recentemente, o então analista da National Agency Security – NSA Edward Snowden revelou ao mundo informações que detalhavam inúmeras ações da Inteligência norte-americana, dentre as quais, a espionagem da ex Presidente Dilma Rousseff e da empresa estatal brasileira Petrobras. Evidentemente, isso gerou forte impacto no Brasil, culminando com a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, denominada “CPI da Espionagem”.

De certa forma, o Brasil parece estar despertando para a vital importância da Inteligência, e da necessidade de neutralizar atos de espionagem, inclusive os que provenham de órgãos de Inteligência estrangeiros, em razão dos enormes prejuízos que podem ser provocados.

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3.4.2. Sabotagem

Guardando íntima relação com a ameaça anterior - Espionagem, a PNI aponta a sabotagem como uma das ameaças principais, definindo-a como “ação deliberada, com efeitos físicos, materiais ou psicológicos, que visa a destruir, danificar, comprometer ou inutilizar, total ou parcialmente, definitiva ou temporariamente, dados ou conhecimentos; ferramentas; materiais; matérias-primas; equipamentos; cadeias produtivas; instalações ou sistemas logísticos, sobretudo aqueles necessários ao funcionamento da infraestrutura crítica do País, com o objetivo de suspender ou paralisar o trabalho ou a capacidade de satisfação das necessidades gerais, essenciais e impreteríveis do Estado ou da população.”

Como é sabido, a paralisação de determinados infraestruturas críticas (como aeroportos, hidrelétricas, hospitais, etc.) provocaria consequência catastróficas, motivo pelo qual a PNI faz escolha acertada ao priorizar esse tipo de ameaça, que pode advir, ressalte-se, de qualquer tipo de grupo (terrorista, por exemplo) e usar diversos meios (cibernético, exemplarmente).

3.4.3. Interferência externa

Também tendo bastante relação com a espionagem, a PNI destaca como integrante das ameaças principais a interferência externa, definida no documento como a “atuação deliberada de

governos, grupos de interesse, pessoas físicas ou jurídicas que possam influenciar os rumos políticos do País com o objetivo de favorecer interesses estrangeiros em detrimento dos nacionais. ” Essa ameaça já estava abrangida, de certa forma, pelas duas anteriores.

No entanto, acertadamente a PNI buscou especificar essa situação, para abarcar qualquer tipo de interferência externa, mesmo as feitas por meios discretos, como as realizadas via recrutamento de autoridades públicas brasileiras.

3.4.4. Ações contrárias à Soberania Nacional

Como uma outra face da interferência externa, a PNI define ações contrárias à Soberania Nacional como “ações que atentam contra a autodeterminação, a não ingerência nos assuntos internos e o respeito incondicional à Constituição e às leis”, destacando que a Inteligência deve dedicar atenção a violação do espaço territorial e aéreo brasileiros, de suas fronteiras, da segurança de navios e aeronaves, dos direitos sobre sua plataforma continental e sobre seus recursos naturais, além do seu direito de regular a exploração e de usufruir da biodiversidade nacional.

3.4.5. Ataques cibernéticos

A PNI conceitua como “ações deliberadas com o emprego de recursos da tecnologia da informação e comunicações que visem

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a interromper, penetrar, adulterar ou destruir redes utilizadas por setores públicos e privados essenciais à sociedade e ao Estado, a exemplo daqueles pertencentes à infraestrutura crítica nacional.”

De forma acertada, esclarece que ataques cibernéticos não se limitam a comprometer recursos da tecnologia da informação e das comunicações, mas também a manipular opiniões, utilizando-se de ações de contra propaganda ou de desinformação, sejam tais ataques promovidos por órgãos governamentais estrangeiros ou por qualquer tipo de grupo organizado, inclusive criminoso.

3.4.6. Terrorismo

Neste ponto, a PNI visa apontar como uma das ameaças principais o terrorismo, um dos grandes problemas mundiais e epicentro de inúmeros fatos de interesse nacional. A PNI não conceitua terrorismo, afirmando apenas que seria uma ameaça à paz e à segurança dos Estados. Em verdade, não seria necessário expor tal conceito no Decreto, sob pena de se tornar repetitivo, já que a Lei nº 13.260 de 16 de março de 2016, chamada de “Nova Lei do Terrorismo”, já o faz. Conforme o art. 2º da Lei 13.260/16, in verbis:

“Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror

social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.

§ 1º São atos de terrorismo:

I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa;

II – (VETADO);

III - (VETADO);

IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;

V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa.”

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Atualmente, a preocupação com o terrorismo tem aumentado, não somente pela atuação da conhecida organização terrorista denominada “Estado Islâmico”, mas também pela consolidação da prática terrorista concretizada por meio dos chamados “lobos solitários”, que já foram protagonistas em ações nos mais diversos países, como França e Estados Unidos.

Por isso, acerta a PNI em priorizar o tema, desde seu financiamento até os próprios atos executórios.

3.4.7. Atividades ilegais envolvendo bens de uso dual e tecnologias sensíveis

A PNI define como “ameaças crescentes que atingem países produtores desses bens e detentores dessas tecnologias, em especial nas áreas química, biológica e nuclear. ” Como é sabido, o Brasil faz parte destes países, de modo que é um alvo possível de grupos que busquem acesso a esses bens e tecnologias, ainda que de forma dissimulada. Neste contexto, a Inteligência deve garantir o desenvolvimento científico e tecnológico para fins pacíficos, com a estrita observância do ordenamento jurídico nacional.

3.4.8. Armas de destruição em massa

A PNI ressalta que a “existência de armas de destruição em massa (químicas, biológicas e nucleares) é, em si mesma, uma

fonte potencial de proliferação, além de representar risco à paz mundial e aos países que abdicaram da opção por essas armas para sua defesa. ” Nesse contexto, deve a Inteligência atuar para evitar a não proliferação e a eliminação dos estoques existentes labutando em regime de cooperação com outras nações no repasse de informações relativas ao assunto.

3.4.9. Criminalidade organizada

Tal previsão da PNI encontra harmonia com a Lei nº 12.850/13, conhecida como “Lei das Organizações Criminosas”, que em seu art. 1º, § 1º, dispõe que, in verbis,

“§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”

Não é novidade a forte atuação da criminalidade organizada em solo brasileiro, sendo verdadeira responsável pelos índices assustadores de violência no Brasil, especialmente quando consideramos os grupos organizados atuantes no narcotráfico.

É por isso que a PNI alça o crime organizado como uma das

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principais ameaças, ressaltando que a forma mais efetiva de enfrentamento desse fenômeno passa pela integração entre as vertentes preventiva (Inteligência) e reativa (policial), promovida pela troca constante de dados e conhecimentos entre os órgãos governamentais brasileiros.

3.4.10. Corrupção

Em total conformidade com a realidade internacional, e especialmente a brasileira, a PNI aponta a corrupção como uma das ameaças principais. Por isso, conforme a PNI, “cabe à Inteligência cooperar com os órgãos de controle e com os governantes na prevenção, identificação e combate à corrupção em suas diversas manifestações”, seja no âmbito da administração pública, seja no âmbito privado.

3.4.11. Ações contrárias ao Estado Democrático de Direito

Ao elencar a última das principais ameaças, a PNI faz uso de uma expressão genérica, explicando que “ações contrárias ao Estado Democrático de Direito são aquelas que atentam contra o pacto federativo; os direitos e garantias fundamentais; a dignidade da pessoa humana; o bem-estar e a saúde da população; o pluralismo político; o meio ambiente e as infraestruturas críticas do País, além de outros atos ou atividades que representem ou possam representar risco aos preceitos constitucionais relacionados à integridade do Estado.”

Nesse ambiente, deve a Inteligência monitorar essas ações e informar as autoridades governamentais para que seja possível um adequado e necessário subsídio informacional ao processo decisório no mais alto nível estratégico.

3.5. DAS DIRETRIZES DA INTELIGÊNCIA

No item 8, a PNI traça as diretrizes da atividade de inteligência, o que reputamos ser o aspecto mais importante de todo o documento. Isso porque, ao estabelecer tais diretrizes, a PNI busca organizar a Inteligência nacional, ou seja, fornece uma direção clara para a execução das suas atividades.

Novamente, entendemos que as diretrizes podem ser divididas em três grupos, todos inter-relacionados, sendo eles: ameaças externas, ameaças aos interesses estratégicos e aquelas realizadas no ambiente cibernético.

3.5.1. Defesa de ameaças externas

No subitem 8.1, a PNI estabelece como diretriz da Inteligência prevenir ações de espionagem no Brasil. A preocupação com a espionagem externa é a origem da Inteligência e, no Brasil, bem como em outros países, a preocupação com a evitabilidade de ações de espionagem estrangeiras foram reforçadas em razão dos recentes fatos envolvendo Eduard Snowden e a sua revelação

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de que tanto a Ex Presidente da República Dilma Rousseff, bem como empresas de grande valor estratégico e econômico para o Brasil, como a Petrobras, foram espionadas.

Dentre os estudiosos do assunto, espionagem estrangeira não é e nem nunca foi novidade. A prática é corriqueira em todo o ambiente da política internacional, figurando como uma verdadeira disputa oculta pela obtenção de informações que serão usadas para concretização de interesses. No entanto, apesar da evidente importância do tema, a Inteligência é, de certo modo, esquecida, sendo muito poucos os brasileiros que dedicam atenção ao assunto.

Os fatos revelados por Snowden, sendo verdadeiros ou não, despertaram a atenção da sociedade brasileira (tanto que fora instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso de espionagem), residindo aí sua importância.

Já no subitem 8.2, a PNI define ser necessário ampliar a capacidade de detectar, acompanhar e informar sobre ações adversas aos interesses do Estado no exterior.

Essa previsão tem o nítido objetivo de reforçar a importância da Inteligência quando da atuação brasileira no plano internacional, como, por exemplo, nas missões de manutenção na paz na República Democrática do Congo e no Haiti.

3.5.2. Diretrizes para a Defesa de ameaças a interesses estratégicos

No subitem 8.3, é fixada a prevenção a ações de sabotagem, as quais podem comprometer o alcance de interesses estratégicos. Determina que os alvos devem ser mapeados, para então ser iniciado o planejamento das ações.

Nesse sentido, a PNI também prevê no subitem 8.8, regramento que busca fortalecer a cultura de proteção de conhecimentos, cultura essa que, segundo o texto, deve ser projetada inclusive para fora dos órgãos públicos, já a proteção de conhecimentos sensíveis abrange resultados de pesquisas científicas e tecnológicas, sejam elas quais forem.

3.5.3. Diretrizes para a Defesa de ameaças em meio cibernético

Dada a realidade atual, não há como imaginar uma Inteligência eficiente sem uma grande capacidade cibernética. É por isso que a PNI, no subitem 8.4, ressalta a necessidade de expandir a capacidade operacional da Inteligência no espaço cibernético, potencializando a utilização de tecnologias da informação e das comunicações.

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3.5.4. Diretrizes para aumentar a eficiência da Inteligência

No subitem 8.5, a PNI destaca a importância do compartilhamento oportuno de dados e conhecimentos entre os órgãos estatais, permitindo-se, salvo situações excepcionais, o acesso de todos o sistema de Inteligência ao conhecimento produzido ou dados e informações coletadas.

É recorrente a afirmação, feita pelos próprios norte-americanos, de que os trágicos fatos ocorridos em 11 de setembro de 2001, tiveram forte vinculação com a problemática do compartilhamento de dados e conhecimentos. A evitação do atentado terrorista às Torres Gêmeas não foi alcançada muito em razão da ausência de compartilhamento informacional entre os órgãos estadunidenses. Assim, basta esse fato para demonstrar a vital importância da adoção de uma prática integradora entre os próprios integrantes do Estado.

De outra banda, no subitem 8.6, a PNI prevê uma ampliação da confiabilidade do Sistema Brasileiro de Inteligência – SISBIN, que começa com um adequado processo de produção do conhecimento até uma efetiva proteção de todo o conteúdo sigiloso.

E ainda, no subitem 8.7, a PNI deixa clara a pretensão de expandir a capacidade operacional da Inteligência, com o incremento de recursos materiais, humanos, tecnológicos,

financeiros e, o que consideramos o mais relevante, a criação e inserção de mecanismos no ordenamento jurídico nacional que amparem as atividades de Inteligência. Esse é o desafio doravante.

3.5.5. Diretrizes para ampliar a atuação da Inteligência

Neste ponto, a PNI visa ampliar a dimensão de atuação da Inteligência. O subitem 8.9 apregoa que a Inteligência deve cooperar na proteção das infraestruturas críticas nacionais, o que abrange vários temas, como segurança orgânica, guerra cibernética, etc.

É preciso identificar e avaliar riscos e vulnerabilidades de possíveis alvos do terrorismo, crime organizado ou qualquer outro tipo de grupo.

E ainda, expondo um regramento mais abrangente, mas não menos importante, a PNI, no subitem 8.10, determina que a Inteligência deve cooperar na identificação de oportunidades ou áreas de interesse para o Brasil, cumprindo sua função prospectiva e preventiva. Lembra tal dispositivo que a Inteligência deve dedicar atenção também a temas que envolvam, de qualquer modo, o interesse nacional, como economia, meio-ambiente e saúde humana, tudo a permitir o máximo desenvolvimento do país.

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A PNI, sem dúvida, é o passo mais importante da Inteligência nos últimos anos. Ao organizar a atividade de inteligência, lhe apontando o sentido, as direções e os seus limites, enfim traz uma direção decisiva para o futuro da atividade no Brasil.

Necessário agora, adaptar as estruturas existentes, regulamentos, tecnologias, sistemas, cursos e demais adequações organizacionais para a sua fiel observância.

CONCLUSÃO4

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Sobre o autorHumberto de Sá Garay é consultor do Instituto SAGRES – política e gestão

estratégica aplicadas e membro da ComSic, membro da Comunidade de Segurança da Informação e Criptografia e consultor em inteligência e

segurança da empresa Dígitro S/A, empresa certificada como Estratégica de Defesa (EED) e fabricante dos sistemas de Análise de Interceptação Telefônica

Guardião, Inteligência e Análise de Financeira.

[email protected]

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