política interna e política externa

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Política Interna e Política Externa duas correntes: 1. a da história política propriamente dita (Aron, Merle): analisavam as escolhas de política interna e as que se supõem ligadas aos assuntos externos. 2. a das relações internacionais contemporâneas (Renouvin, Duroselle): consideravam a política interna dos Estados como uma das principais explicações para o jogo internacional. questões apresentadas ao historiador político sobre política externa e relações com os assuntos internos: 1. a política externa constitui uma categoria distinta e autônoma? alguns teóricos fazem uma distinção entre “assuntos de dentro” e “assuntos de fora”, com primazia dos assuntos internos, por questão de soberania; – outros (como Aron) vão mais além e reforçam a dicotomia política externa x interna, de forma análoga à oposição social compatriota x estrangeiro; – alguns, ainda, recusam essa dicotomia, como Hoffmann, que aponta as semelhanças entre as duas políticas, Duroselle, que, ao mesmo tempo que recusa a oposição

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Page 1: Política Interna e Política Externa

Política Interna e Política   Externa

duas correntes:1. a da história política propriamente dita (Aron, Merle): analisavam as escolhas

de política interna e as que se supõem ligadas aos assuntos externos.2. a das relações internacionais contemporâneas (Renouvin, Duroselle):

consideravam a política interna dos Estados como uma das principais explicações para o jogo internacional.

questões apresentadas ao historiador político sobre política externa e relações com os assuntos internos:

1. a política externa constitui uma categoria distinta e autônoma?  – alguns teóricos fazem uma distinção entre “assuntos de dentro” e “assuntos de fora”, com primazia dos assuntos internos, por questão de soberania; – outros (como Aron) vão mais além e reforçam a dicotomia política externa x interna, de forma análoga à oposição social compatriota x estrangeiro; – alguns, ainda, recusam essa dicotomia, como Hoffmann, que aponta as semelhanças entre as duas políticas, Duroselle, que, ao mesmo tempo que recusa a oposição dentro x fora e reconhece que não há clivagens herméticas (que assuntos internos estão ligados aos externos e vice-versa, embora existam alguns atos “puros” de uma política ou outra). em suma, há uma primazia do interno, mesmo alguns teóricos considerando ou não a relação entre as duas esferas.

2. prevalecendo o interno sobre o externo, a política externa é orientada em torno dele? – a) injunções de tempo longo: considera fatores como demografia,

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economia, ideologias internas, aspectos sociais, culturais e históricos do país (principalmente a questão de “identidade nacional”), os quais repercutem na abordagem externa (França e EUA são exemplos dessa orientação na política externa). A questão da identidade choca-se com os interesses de certas elites internas, quando estas pretendem invocar modelos externos de sucesso (ex.: Itália implantou o modelo alemão na reunificação, mas durante o período de Mussolini, voltou a ouvir as elites internas tradicionais, “aburguesando” o fascismo e entrando na II Guerra ).  Os países socialistas e do Terceiro Mundo, principalmente, foram acometidos por disputas internas sobre a adoção de modelo X ou Y (URSS, China, países islâmicos), em que a ideologia, utilizada pelos grupos dirigentes para perpetuar e reproduzir determinado modelo, torna-se um dos principais aspectos da relação entre o interno e o externo. Ainda, pode-se justificar a opção pela “primazia” da política externa como forma de se obter consenso entre opinião pública, elites divergentes etc e preservar a ordem social, favorecendo a unidade da nação (ex.: política externa de De Gaulle). – b) a influência da política interna sobre a externa é percebida em vários níveis no curto prazo: 1º nível) das grandes famílias políticas, que têm sua própria concepção de política externa e que contribuem para a elaboração das escolhas políticas internas; 2º nível) dos grupos de pressão parlamentares: geralmente não coincidem com os interesses dos governos, exceto quando o grupo dirigente (Executivo) possui autonomia suficiente para realizar seus projetos internacionais; 3º nível) do ambiente: significa que os condutores da política externa de um país analisam a conjuntura interna em suas tomadas de decisões.

3. como as injunções externas e outros elementos das relações internacionais podem interferir na política interna? – primeiramente através da geopolítica, onde certos dados geográficos repercutem na ordem interna (posição bastante dogmática); – o estado do sistema internacional (conjuntura) pode alterar as opções de política interna, seja por uma tendência a determinada corrente, seja por um acontecimento recente que afeta a dinâmica doméstica.

é teu destino.”