pÓlipos linfÓides da tonsila palatina - estudo...
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ICLÉIA SIQUEIRA BARRETO
PÓLIPOS LINFÓIDES DA TONSILA PALATINA - ESTUDO
HISTOLÓGICO E IMUNOISTOQUÍMICO
CAMPINAS
2006
ii
ICLÉIA SIQUEIRA BARRETO
PÓLIPOS LINFÓIDES DA TONSILA PALATINA - ESTUDO
HISTOLÓGICO E IMUNOISTOQUÍMICO
Dissertação de Mestrado apresentada à Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas para obtenção do Título de Mestre em Ciências
Médicas, área de concentração em Anatomia Patológica.
Orientadora: Profª Drª Albina Messias de Almeida Milani Altemani
CAMPINAS
2006
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP
Bibliotecário: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044
Título em inglês : Lymphoid polyps of the palatine tonsil-histological and immunohistochemical study
Barreto, Icléia Siqueira B275p “Pólipos tonsilares linfóides da tonsila palatina - Estudo histológico
e imunoistoquímico” / Icléia Siqueira Barreto. Campinas, SP : [s.n.], 2006.
Orientador : Albina Messias de Almeida Milani Altemani Dissertação ( Mestrado ) Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Ciências Médicas. 1. Tecido linfóide. 2. Pólipos. 3. Immunohistoquímica. 4.
Tonsila . I. Altemani, Albina Messias de Almeida Milani. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.
Keywords: • Lymphoid tissue • Polyp • Immunohistochemical • Tonsil Área de concentração : Anatomia Patológica Titulação: Mestrado em Ciências Médicas Banca examinadora: Prof Dr Albina Messias de Almeida Milani Altemani Profa. Dra. Marília Trierveiler Martins Profa. Dra. Patrícia Sabino Matos Data da defesa: 21-06-2006
Banca examinadora da Dissertação de Mestrado Orientador: Profa. Dra. Albina Messias de Almeida Milani Altemani Membros: 1. Profa. Dra. Marília Trierveiler Martins 2. Profa. Dra. Patrícia Sabino de Matos 3. Profa. Dra. Albina Messias de Almeida Milani Altemani Curso de pós-graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Data: 21/06/2006
iii
DEDICATÓRIA
Ao meu avô João Siqueira Gomes pelo grande
papel de pai, pelo eterno referencial nos meus
estudos e na minha vida.
Ao meu falecido tio João Tobias, pelo enorme
carinho, incentivo e amizade.
Ao meu padrinho Joel, pelo papel de pai.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente à minha orientadora Profª Drª Albina Milani de
Almeida Altemani por sua presença constante em todas as etapas da construção desta tese,
ensinando-me a desbravar os caminhos da pesquisa, além de sempre exercitar a busca do
melhor. Sou-lhe eternamente grata por ter me dado a oportunidade maravilhosa de estar ao
seu lado.
Agradeço aos meus pais Gil e Margarida, aos meus irmãos Edson, Irma e
Gilmar, e ao meu noivo Tarcísio pelo grande apoio moral, paciência, carinho e dedicação
que deles recebi durante os anos de estudo longe de casa.
A minha eterna gratidão a todos os docentes, pós-graduandos, amigos e
funcionários do Departamento de Anatomia Patológica, especialmente o Adilson, cuja
ajuda e apoio foram fundamentais para a realização deste trabalho.
Aos meus verdadeiros amigos Cristiane de Cássia, Janick, Laura Vasconcelos,
Júlio César, Amauri Bozi e Tereza Bardasson Pachini, pelo grandioso respeito, incentivo,
carinho em mais uma etapa importante da minha vida profissional.
Sou grata à Claudia Gomes, a Caio Mancini, a Marcos Kleine e a Rinaldo
Oliveira Amaral, pelas suas belíssimas músicas que me fizeram companhia e me inspiraram
em todas as etapas da elaboração desta tese.
v
“Para um grande sonho tornar-se verdadeiro, a primeira
condição é ter uma grande capacidade de sonhar; a segunda é a
perseverança – a fé no sonho”.
Hans Selye, MD
vi
SUMÁRIO
PÁG.
RESUMO.................................................................................................................. xii
ABSTRACT.............................................................................................................. xiv
1- INTRODUÇÃO................................................................................................... 16
1.1- Aspectos embriológicos, anatômicos, morfológicos e imunológicos das
tonsilas palatinas.........................................................................................
17
1.2- Lesões neoplásicas benignas e malignas da tonsila palatina................... 24
1.2.1- Pólipos linfóides da tonsila palatina................................................... 28
1.3- Vírus Epstein-Barr e o tecido linfóide...................................................... 28
2- JUSTIFICATIVA................................................................................................ 31
3- OBJETIVOS........................................................................................................ 33
3.1- Objetivo geral.............................................................................................. 34
3.2- Objetivos específicos................................................................................... 34
4- ARTIGO............................................................................................................... 35
Abstract................................................................................................................. 37
Introduction........................................................................................................... 38
Material and Methods.......................................................................................... 38
Results.................................................................................................................. 39
Discussion............................................................................................................ 40
References............................................................................................................ 43
Figures................................................................................................................. 45
Tables.................................................................................................................. 46
vii
5 - DISCUSSÃO....................................................................................................... 48
6- CONCLUSÃO..................................................................................................... 54
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 56
8- APÊNDICE.......................................................................................................... 62
viii
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
VEA vênulas de endotélio alto
Ig+ imunoglobulina positiva
IgA imunoglobulina A
IgD imunoglobulina D
IgM imunoglobulina M
IgG imunoglobulina G
ICAM-1 molécula de adesão 1 intercelular
M masculino
F feminino
NI não informado
EBV virus Epstein Barr
HIS hibridização “ in situ”
SOE sem outras especificações
LISTA DE TABELAS
PÁG.
Tabela 1- Pólipos tonsilares descritos na literatura inglesa.................................. 26
x
LISTA DE FIGURAS
PÁG.
Figura 1- Localização da tonsila palatina......................................................... 18
Figura 2- Anatomia da região tonsilar palatina................................................. 18
Figura 3- Esquema enfatizando uma das criptas tonsiilares. e. Epitélio
pavimentoso estratificado de revestimento das criptas, f. Folículos
linfóides, s. Debris celulares misturados à saliva..............................
19
Figura 4- Composição celular dos diferentes compartimentos das tonsilas
palatinas.............................................................................................
22
Figura 5- Epitélio reticulado das criptas tonsilares. Células não epiteliais
podem entrar no epitélio reticulado, via vascular (1 e 2) ou não
vascular (3)........................................................................................
49
xi
RESUMO
xii
Pólipos linfóides tonsilares são lesões pouco comuns que têm sido raramente estudadas.
Nosso objetivo foi descrever as características clínicas, histopatológicas e
imunoistoquímicas em seis pólipos tonsilares, cujo tecido linfóide representava mais que
80 % da lesão, comparando-as com as tonsilas palatinas-controles. Os sintomas
apresentados foram de massa tonsilar e/ou disfagia. Não foram detectados fatores
predisponentes. Microscopicamente, todos os pólipos continham folículos com centros
germinativos, criptas revestidas por linfoepitélio e pequena quantidade de tecido fibroso no
centro da lesão. Células B (CD 20+), células T (CD45RO+), plasmócitos (kappa+ e
lambda+) e vasos (linfáticos –D2-40+ e sanguíneos –CD34+), apresentaram distribuição e
padrão arquitetural como o esperado para o tecido linfóide da tonsila palatina.
Pólipos linfóides tonsilares são, provavelmente, hamartomas caracterizados por um
crescimento exagerado dos elementos linfóides, mantendo um padrão arquitetural e uma
composição celular similar àquela da tonsila palatina.
Resumo
xiii
ABSTRACT
xiv
Tonsillar lymphoid polyps are uncommon lesions which have rarely been studied. We aim
to describe the clinical, histopathologic, and immunohistochemical features of six tonsillar
polyps in which lymphoid tissue represented more than 80% of the lesion, comparing them
with sixteen control tonsils. Presenting symptoms were tonsillar mass and/or dysphagia. No
predisposing factor was detected. Microscopically all polyps contained follicles with
germinal centers, crypts lined by lymphoepithelium and a small amount of fibrous tissue in
the centre of the lesion. B cells (CD20+), T cells (CD45RO+), plasma cells (kappa+ and
lambda+) and vessels (lymphatic - D2-40+ and blood – CD34+) presented distribution and
architectural patterns as expected for lymphoid tissue of a palatine tonsil. Tonsillar
lymphoid polyps are possibly hamartomas characterized by overgrowth of lymphoid
elements which maintain an architectural pattern and cellular composition similar to those
of the palatine tonsil.
Abstract
xv
1- INTRODUÇÃO
16
1.1- Aspectos embriológicos, anatômicos, morfológicos e imunológicos das tonsilas
palatinas
As tonsilas palatinas são duas massas de tecido linfóide localizadas a cada lado
da orofaringe. Esta posição estratégica na entrada do trato aero-digestivo (figura 1),
implica no papel das tonsilas como órgãos linfóides secundários, ao iniciar respostas
imunes contra vários antígenos, que entram no corpo através da orofaringe e da
nasofaringe. Esta característica as torna órgãos importantes na resposta a processos
imunológicos, tanto humoral quanto celular (Nave et al, 2001).
Elas originam-se do segundo par de bolsas faríngeas, sendo que o endoderma
da bolsa se prolifera, cresce e penetra no mesênquima subjacente. A parte central destes
brotos se fragmenta, formando as criptas. O endoderma da bolsa também dá origem ao
epitélio superficial e ao revestimento das criptas tonsilares. Em torno da 20ª semana, o
mesênquima em volta das criptas se diferencia em tecido linfóide, que logo se organiza nos
nódulos linfáticos da tonsila palatina (Moore e Persaud, 2004).
Anatomicamente, cada tonsila está alojada na fossa tonsilar, limitada pelos
arcos palatoglosso e palatofaríngeo e pela língua (figura 2). A base muscular da fossa
tonsilar é, dorsalmente, o músculo palatofaríngeo, ventralmente o músculo palatoglosso e
lateralmente, o músculo superior da faringe (Nave et al., 2001).
Introdução
17
Figura 1- Localização da tonsila palatina (seta 1).
Fonte: Ear…, 2004.
Figura 2- Anatomia da região tonsilar palatina. Fonte: Norman W, 1999.
Introdução
18
O suprimento vascular arterial é proveniente dos ramos tonsilar e palatino
ascendentes da artéria facial, do ramo dorsal da artéria lingual e do ramo palatino da artéria
maxilar (Goeringer e Vidic’, 1987). As artérias penetram nas tonsilas, preferencialmente,
em seu pólo inferior (Nave et al., 2001). Quanto à drenagem venosa, após as veias
tonsilares penetrarem no músculo constritor faríngeo superior, desembocam na veia
palatina externa, veia faríngea e/ou veia facial. Os vasos linfáticos eferentes, a partir das
tonsilas palatinas, penetram no músculo constritor faríngeo superior e na fáscia
bucofaríngea e passam entre o músculo estilohióideo e a veia jugular interna para alcançar
os linfonodos cervicais jugulodigástricos (Goeringer e Vidic’, 1987) e submandibulares
(Nave et al., 2001). A inervação das tonsilas palatinas é derivada do gânglio ptérigopalatino
(esfenopalatino), via nervos palatinos menores e nervo glossofaríngeo
(Goeringer e Vidic’, 1987).
Morfologicamente, a característica do tecido tonsilar é a íntima associação do
tecido linfóide com o epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado que se invagina
para o interior do órgão formando as criptas (Heffner, 1987) (figura 3). O epitélio da cripta
é uma forma modificada do epitélio estartificado pavimentoso que reveste o resto da
orofaringe, incluindo a superfície externa da tonsila, denominando-se, neste local, de
epitélio reticulado ou linfoepitélio, por apresentar a co-existência de linfócitos e células
epiteliais, além da descontinuidade da membrana basal (Nave et al., 2001). Este epitélio
tonsilar, que tem papel importante na iniciação das respostas imunes, não é uniforme,
contém trechos de epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado e trechos de epitélio
reticulado “sponge-like”. O grau de reticulação das células epiteliais e a infiltração de
células não epiteliais são variáveis. Os trechos de epitélio reticulado estão associados com a
interrupção da membrana basal e apresentam numerosos pequenos vasos sanguíneos
(Perry, 1994). Cada tonsila palatina contém de 10 a 30 criptas (Nave et al., 2001), sendo
que ramificações do epitélio provenientes destas se estendem pela espessura do órgão,
aumentando a sua superfície acima de 295 cm ², em adição aos 45 cm² do epitélio que
recobre a superfície da orofaringe (Perry e Whyte, 1998). O conteúdo das criptas é
composto principalmente por saliva e debris celulares.
Introdução
19
Figura 3- Esquema enfatizando uma das criptas tonsilares.
e. Epitélio pavimentoso estratificado de revestimento das criptas,
f. Folículos linfóides,
s. Debris celulares misturados à saliva.
Fonte: Gray H, 1918.
O tecido linfóide é sustentado por uma cápsula de tecido conjuntivo, contendo
vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, dividindo-o em vários lobos (Nave et al., 2001). De
forma diferente do baço e dos linfonodos, as tonsilas não são completamente encapsuladas
(Perry e Whyte, 1998).
Ocasionais focos de tecidos ósseo ou cartilaginoso podem ser encontrados no
tecido fibroso próximo ou no interior da tonsila. Estes tecidos provavelmente correspondem
a alterações metaplásicas que ocorreram em tecido cicatricial antigo, devido a episódios
passados de tonsilites (Heffner, 1987).
Introdução
20
De maneira semelhante ao baço e diferente dos linfonodos, as tonsilas palatinas
não possuem vasos linfáticos aferentes (Perry e Whyte, 1998).
No interior do linfoepitélio existe uma rede de vasos sanguíneos, na qual os
capilares são arranjados em arcos orientados perpendicularmente à superfície da cripta e,
vênulas de endotélio alto (VEA) estão localizadas na borda inferior deste epitélio
reticulado. O rico fluxo sanguíneo intra-epitelial promove aumento da área para interações
entre células endoteliais e leucócitos, o transporte de imunoglobulinas e de outras
substâncias através das paredes dos vasos (Perry e Whyte, 1998). Foi proposto que as
principais funções do epitélio reticulado são: a) prover um ambiente favorável para o
íntimo contato entre células efetoras das respostas imunes; b) facilitar o transporte direto de
antígenos; c) síntese de componente secretório continuamente; d) conter um “pool” de
imunoglobulinas. Desta forma, o revestimento de epitélio reticulado das criptas tonsilares,
representa um compartimento especializado importante nas funções imunológicas das
tonsilas palatinas (Perry, 1994).
A maior atividade imunológica das tonsilas é encontrada nas idades de
3 a 10 anos (Nave et al., 2001). Começam a regredir a partir dos 14 anos
(Perry e Whyte, 1998) e, acima dos 60 anos de idade linfócitos Ig+ substancialmente
declinam em todos os micro-compartimentos das tonsilas palatinas (Nave et al., 2001).
Os processos imunológicos, tanto humoral quanto celular são iniciados nos
4 diferentes micro-compartimentos especializados das tonsilas palatinas: o epitélio da cripta
ou linfo-epitélio, o centro germinativo folicular com a zona do manto e a área interfolicular
(Van Kempen et al., 2000), também denominada de extrafolicular (Nave et al., 2001). O
tecido linfóide formando folículos, em geral, com centros germinativos cujas regiões
centrais, do mesmo modo que nos folículos linfóides do baço e dos linfonodos, são áreas
ricas em linfócitos B (Abbas e Lichtman, 2003). Os folículos linfóides das tonsilas
palatinas são redondos ou elípticos e podem ser vistos exatamente abaixo do epitélio. São
sítios de maturação e diferenciação de linfócitos B, bem como de ativação dos linfócitos T.
Os folículos linfóides secundários contêm centros germinativos e são compostos por uma
zona negra, com grande número de centroblastos, por uma zona branca apresentando,
Introdução
21
predominantemente, centrócitos e por uma zona do manto mostrando células B virgens
(“Naive”) (figura 4).
Figura 4- Composição celular dos diferentes compartimentos das tonsilas palatinas. Fonte: Nave et al., 2001.
Além dos linfócitos T e B, existem nos folículos linfóides, as células foliculares
dendríticas (Nave et al., 2001).
A região extrafolicular contém células T primariamente com linfócitos T
auxiliares (“T helper”) fenótipo CD4+, células dendríticas interdigitantes, macrófagos e
vênulas do endotélio alto, que são essenciais para a saída de linfócitos T e B do sangue para
as tonsilas.
Introdução
22
Nas criptas, antígenos luminais são capturados por células especializadas do
epitélio estratificado pavimentoso, semelhante às células membranosas intestinais (M). Tais
células membranosas (M) tonsilares são capazes de realizar endocitose do antígeno na
superfície apical da membrana, transportando-o através de vesículas até a sua membrana
baso-lateral. Nesta área, promovem a exocitose dos antígenos nos espaços sub-epiteliais,
onde finalmente, estes entram em contato com as células linfóides, resultando na geração
de disseminação de memória antígeno - específica, além de produção de IgA dimérica por
linfócitos B (Van Kempen et al., 2000). As células M tonsilares compreendem uma
porcentagem pequena de todas as células epiteliais da cripta. Também podem ser
encontrados macrófagos, células dendríticas e plasmócitos, que compõem a população de
células não epiteliais do epitélio da cripta (Nave et al., 2001).
O primeiro passo na resposta imune ocorre quando os antígenos entram no
organismo através da orofaringe. É o epitélio ou linfoepitélio o primeiro a se alterar
imunologicamente. As células membranosas (M) não só transportam o antígeno, como
também os apresentam aos linfócitos e às células apresentadoras de antígenos, tais como os
macrófagos e células dendríticas.
Os linfócitos presentes no linfoepitélio são compostos principalmente por
linfócitos B e linfócitos T auxiliares (CD4+). Cerca de 50 a 90 % dos linfócitos intra-
epiteliais são linfócitos B, destes, a maioria está representada por linfócitos de memória,
com elevado potencial de apresentação de antígenos, o que favorece um contato inicial
entre linfócitos B apresentadores de antígenos e linfócitos T, propiciando uma rápida
resposta secundária de anticorpos. Uma pequena porcentagem dos linfócitos tonsilares
intra-epiteliais são células T, predominando linfócitos T CD4+ sobre CD 8+
(Perry e Whyte, 1998). Cerca de 82% dos imunócitos localizados nos centros germinativos
produzem IgD, IgM, IgG e IgA, sendo esta última um componente importante na resposta
humoral das tonsilas (Nave et al., 2001).
Após o contato inicial dos antígenos inalados ou ingeridos com o linfoepitélio,
estes são levados à região extrafolicular ou aos folículos linfóides. Na região extrafolicular,
células dendríticas interdigitantes e macrófagos processam os antígenos e os apresentam
aos linfócitos T CD4+. Linfócitos T auxiliares foliculares estimulam os linfócitos B
Introdução
23
foliculares que se proliferam e migram da zona negra para a zona branca do folículo
linfóide, que desenvolve células B de memória e produzindo plasmócitos produtores de
anticorpos (Nave et al., 2001).
O extravasamento de linfócitos do sangue para as tonsilas palatinas e o seu
retorno é essencial para a competência imunológica destes órgãos. Várias moléculas de
adesão, como por exemplo, selectina-L e ICAM-1, citocinas e quimiocinas são essenciais
para a entrada dos linfócitos nas tonsilas, mas pouco se sabe sobre os fatores que regulam o
trânsito dos linfócitos entre os micro-compartimentos dos órgãos linfóides
(Nave et al., 2001). CD34 é a maior selectina-L presente nas vênulas de endotélio alto,
sendo uma das moléculas envolvidas na entrada dos linfócitos virgens (“Naive”) nas
tonsilas palatinas e é responsável pelo rolamento linfocitário (Perry e Whyte, 1998).
1.2- Lesões neoplásicas benignas e malignas da tonsila palatina
A maioria das lesões neoplásicas na tonsila palatina é maligna, sendo que o
carcinoma epidermóide é a mais comum (Hyams, 1978). Entre as lesões neoplásicas
benignas, a mais comum é o papiloma escamoso, sendo as outras infreqüentes e raramente
estudadas. Entre estas lesões menos freqüentes estão os cistos dermóides, linfangiomas,
hemangioma, fibroma, lipoma, fibrolipoma, pólipo linfóide (Sah et al., 2000), condromas,
teratomas, adenomas, várias formas de tumores mistos (Hara, 1933), mixomas e
neurilemomas (Kasznica e Kasznica, 1991). Todas estas lesões se apresentam como pólipos
tonsilares e por serem pouco freqüentes e estudadas, tanto os patologistas como os clínicos
encontram dificuldades em classificá-las corretamente, exceto quando constituem entidades
bem conhecidas, tais como, o cisto dermóide, o lipoma e o hemangioma. Os demais pólipos
tonsilares apresentam em sua constituição morfológica, tecidos fibrosos, linfóides e
vasculares, formando um grupo pouco conhecido que, dependendo da quantidade relativa
das partes constituintes, têm recebido diferentes denominações tais como pólipos fibrosos
linfangiectásicos (Hiraide et al., 1985), pólipos linfangiomatosos (Heffner, 1987;
Roth, 1996; Hockstein et al., 2002), linfangiomas (Harrison e Johnson, 1960;
Visvanatahan, 1971), linfangioma polipóide (Kasznica e Kasznica, 1991;
Introdução
24
Al Samarrae et al., 1985), pólipos fibrosos (Heffner, 1987), pólipos fibrolipomatosos
linfangiectásicos (Sah et al., 2000), fibroma (Hara, 1933; McKibben et al., 1958;
Nayak et al., 1993) ou simplesmente, em relatos mais antigos de casos como pólipos
benignos tonsilares e amigdalianos (Evans e Odom, 1939; Hanckel e Charleston, 1943;
Lake et al., 1962; Gerberi e Cotelingam, 1982). Também existem relatos de pólipos
denominados hamartomatosos por apresentarem em sua constituição morfológica, um
revestimento epitelial escamoso não ceratinizado, infiltrado linfóide, estroma fibroso
(Lupovitch et al., 1993; Abu Shara et al., 1991), gordura, vasos sanguíneos ou linfáticos
(Vardhan et al., 1985; Sah et al., 2000).
Os pólipos tonsilares ocorrem numa faixa etária ampla, desde a infância até a
idade avançada, com média de apresentação de 25,2 anos (Kardon et al., 2000). Geralmente
a lesão é unilateral, varia de tamanho de 0,5 cm a 3,8 cm (média de 1,6 cm) e são descritos
como polipóides, pediculados ou sésseis. Clinicamente os pacientes podem ser
assintomáticos ou apresentam disfagia, tosse, dificuldade para deglutição ou episódios de
tonsilites.
Na literatura, os estudos sobre os pólipos tonsilares, que não formam entidades
bem conhecidas, são na maioria relatos de casos (tabela 1), exceto por uma publicação
recente sobre 26 pólipos tonsilares denominados de linfangiomatosos (Kardon et al., 2000).
Embora Kardon et al. (2000) tenham denominado estes pólipos de linfangiomatosos,
morfologicamente os componentes estromais eram mais proeminentes que os vasos
linfáticos na maioria dos casos, sendo que em 69% deles a fibrose estromal foi classificada
como proeminente. O componente vascular era representado por vasos linfáticos dilatados,
cujo endotélio foi positivo para CD31 e / ou CD 34 e a parede continha tecido muscular
positivo para actina músculo liso. Baseado no fato em que os constituintes proliferados
nestes pólipos (tecido fibroso, linfócitos e vasos) são os mesmos encontrados na tonsila,
embora dispostos num padrão diferente, estes autores e outros (Heffner, 1987;
Abu Shara et al., 1991) sugeriram que estas lesões são hamartomatosas ou remanescentes
bronquiogênicos (Lupovitch et al., 1993) do que verdadeiros tumores e, ocasionalmente
tornam-se grandes causando sintomas obstrutivos. Nestes casos é suposto que o tamanho do
pólipo tenha relação com a sua duração. Em contraposição, outros autores consideram
Introdução
25
como hipótese mais provável que o pólipo tonsilar seja resultado de hiperplasia
inflamatória crônica, que causa obstrução irreversível dos vasos linfáticos, com
conseqüente congestão e formação de lesão, cujos constituintes celulares e estromais, são
comparáveis aos da tonsila palatina (Sah et al., 2000).
Tabela 1- Pólipos tonsilares descritos na literatura inglesa
Autor Ano Idade (anos)
Sexo Clínica Diagnóstico
Goris1 1910 NI M Disfagia e dispnéia Linfangioma cavernoso Menzel¹ 1919 NI NI Tonsilite aguda Linfangioma New e Childrey 1931 44 M NI Pólipo fibromixomatoso Hara 1933 7 1/2 F Achado ao exame clínico Fibroma Evans 1939 13 F Assintomático, descoberto
acidentalmente Pólipo benigno
Hanckel 1943 38 M Tosse Pólipo bilateral McKibben 1958 27 M Assintomático Fibroma benigno Harrison 1960 27 F Odinofagia, escarro
sanguinolento Linfangioma
Ash¹ 1962 20 M Frequente odinofagia Hamartoma Lake 1962 30 F Massa na garganta Descritivo (não
classificado) Visvanathan 1971 31 M Disfagia para sólidos Linfangioma pediculado Araújo¹ 1977 18 M Tonsilite aguda, massa Linfangioma Hyams 1978 NI NI NI Pólipo linfóide Enomoto 1980 5 F Sensação de obstrução na
garganta Hipertrofia papilífera
Gerberi 1982 26 M Sensação de corpo estranho e irritação na garganta
Pólipo benigno
Carrilo-Farga 1983 9 F Massa, dispnéia Hiperplasia linfóide papilífera
Vardhan 1985 22 M Disfagia, dificuldades para respirar
Hamartoma
M = masculino; F = feminino; NI = não informado.
1 Kardon DE, Wenig BM, Heffner DK, Thompson LDR. Tonsillar lymphangiomatous polyps: a clinicopathologic series of 26 cases. Mod Pathol 2000; 13 (10): 1128-33.
Introdução
26
Tabela 1- Pólipos tonsilares descritos na literatura inglesa
Autor Ano Idade (anos)
Sexo Clínica Diagnóstico
Hiraide 1985 60 M Sensação de corpo estranho Pólipo fibroso linfangiectásico
Pyun 1985 13 F Massa na garganta, dificuldade para falar
Pólipo linfóide papilífero
Al Samarrae 1985 35 F Massa Linfangioma polipóide 35 M Odinofagia, sensação de corpo
estranho Linfangioma polipóide
Nayak 1985 35 F Salivação excessiva, sensação de engasgo
Fibroma
Kasznica 1991 3 M Otite média serosa bilateral Linfangioma polipóide Abdu Shara 1991 41 M Disfagia, massa na garganta Pólipo hamartomatoso Lupovitch 1993 30 F Achado endoscópico Pólipo benigno
hamartomatoso Roth1 1996 14 M Tonsilites recorrentes, massa Pólipo linfangiomatoso Kardon 2000 3 a 63 13 M disfagia, dor e sensação Pólipos
linfangiomatosos 13 F de massa na garganta Sah 2000 23 M Massa Pólipo linfangiomatoso
linfangiectásico Hockstein 2002 18 F Roncos, respiração bucal, apnéia,
halitose Linfangioma
Dias 2003 16 F Odinofagia, disfagia, tonsilites de repetição
Hiperplasia linfóide
M = masculino; F = feminino; NI = não informado.
1 Kardon DE, Wenig BM, Heffner DK, Thompson LDR. Tonsillar lymphangiomatous polyps: a clinicopathologic series
of 26 cases. Mod Pathol 2000; 13 (10): 1128-33.
Introdução
27
1.2.1- Pólipos linfóides da tonsila palatina
Entre as lesões tonsilares benignas, aquela constituída predominantemente por
tecido linfóide tem sido raramente estudada, classificando-se em dois grupos:
a) hiperplasia linfóide papilífera (Enomoto et al., 1980; Carrilo-Farga et al., 1983;
Dias et al., 2003) e b) pólipos linfóides (Heffner, 1987).
A hiperplasia linfóide papilífera afeta principalmente crianças, formando
múltiplas projeções papilíferas em ambas as superfícies das tonsilas, que se misturam com
o estroma linfóide subjacente (Carrilo-Fraga et al., 1983; Dias et al., 2003).
Os pólipos linfóides são lesões que formam uma projeção separada do
parênquima tonsilar (Heffner, 1987) e, ocasionalmente, eles podem também ter uma
configuração papilífera (pólipo linfóide papilífero) (Pyum et al., 1985).
A verdadeira incidência dos pólipos tonsilares é difícil de ser obtida com
exatidão na literatura, visto que, há considerável disparidade e confusão na classificação
dos vários tipos de tumores da tonsila palatina (Evans e Odom, 1939). Todavia os tumores
linfóides benignos das tonsilas palatinas, nos quais os pólipos linfóides estão incluídos, têm
sido consideradas lesões incomuns. Somente quatro pólipos linfóides foram detectados no
registro da Patologia Otolaríngea do Instituto de Patologia das Forças Armadas, num
período acima de 30 anos (1945-1976) (Hyams, 1978).
Na literatura não encontramos, até o momento, estudo detalhado sobre as
características clínicas, morfológicas e imunoistoquímicas dos pólipos linfóides tonsilares.
1 3- Vírus Epstein-Barr e o tecido linfóide
O vírus Epstein-Barr (EBV) é um gama herpes vírus comum na população
humana, que causa infecção assintomática na maioria dos casos (Endo et al., 2000).
Biologicamente, o EBV é um ativador celular linfotrópico que transforma
linfócitos B em linhagens de células linfocitóides, que se multiplicam indefinidamente in
vitro (imortalização celular) (Anagnostopoulos e Hummel, 1996). O vírus penetra nas
células linfóides susceptíveis via receptor do complemento CD3d (CD21). Esta molécula
Introdução
28
receptora isolada não necessariamente determina a infecção, visto que sua expressão numa
variedade de tipos celulares permite a absorção viral, mas não infecção (Anagnostopoulos e
Hummel, 1996), favorecendo a hipótese que moléculas acessórias ou fatores de transcrição
também podem ser determinantes hospedeiros importantes.
Após a infecção das células linfóides susceptíveis, o DNA viral é transportado
para o núcleo, onde persiste como uma molécula circular extra-cromossômica (epissoma)
(Yates et al., 1985). O epissomo consiste de uma seqüência longa e outra curta, separadas
por uma grande seqüência de repetições internas e franqueadas por repetições terminais no
final do genoma. As repetições terminais contém números variáveis de seqüências de
500 pares idênticos de base, os quais servem como sítios de coesão durante o processo de
circulização, permitindo a formação de um epissomo.
A célula linfoblastóide imortalizada pelo EBV expressa nove proteínas:
6 antígenos nucleares (EBNA) e 3 proteínas de membrana (LMP 1, LMP 2 e LMP 3)
(Kieff e Liebowitz, 1990). Além destas proteínas, há dois RNAs codificados pelo EBV
(EBER 1 e EBER 2), que são encontrados sob forma de numerosas cópias (acima de 106
moléculas de EBER) no núcleo das células infectadas latentes (Lerner et al., 1981). A
função destas moléculas é desconhecida, porém elas tornam possível a demonstração da
infecção pelo EBV, através da hibridização “in situ”, ao nível de uma única célula, em
material fixado em formalina e incluído em parafina (Wu et al., 1991).
A célula linfoblastóide imortalizada pelo EBV corresponde ao tipo de infecção
denominado latente, isto é, aquela na qual não ocorre replicação do vírus e as células não
são mortas. A base molecular da imortalização das células B pelo EBV é complexa
(Straus et al., 1993). Aparentemente, diversos genes virais desregulam os sinais normais de
proliferação e sobrevida em células com infecção latente. A proteína de membrana latente 1
(LMP 1) impede a apoptose das células B através da regulação positiva da expressão do bcl
2 e ativa vias de promoção do crescimento, que são normalmente deflagradas por sinais
derivados das células T. Portanto, a LMP 1 pode induzir tanto o crescimento quanto a
sobrevida das células B infectadas. Além disso, o gene EBNA 2 codificado pelo EBV
transativa vários genes do hospedeiro, incluindo ciclina D e membros da família src
(Knecht et al 1997), além de também ativar a transcrição da LMP 1.
Introdução
29
Em relação ao tecido linfóide, a infecção primária pelo EBV em indivíduos
saudáveis (geralmente crianças e adolescentes) pode causar hiperplasia, secundária à
proliferação maciça policlonal das células B (Shapiro e Strocker, 2001). Em tonsilas
palatinas e faríngeas retiradas por motivos não neoplásicos, é comum (cerca de 40%) o
achado de pequena quantidade de células linfóides EBV+, detectada por hibridização
“in situ” (Altemani et al., 2002), denotando infecção ocorrida no passado. Acredita-se que
estas células sirvam como possível reservatório para o vírus (Zeidler et al., 1996).
Introdução
30
2- JUSTIFICATIVA
31
Tumores benignos de tonsilas palatinas, além dos papilomas escamosos, são
lesões pouco comuns. Entre os tumores benignos descritos estão entidades bem conhecidas,
como lipomas, cistos dermóides e hemangiomas e outras lesões não bem definidas,
denominadas de pólipos hamartomatosos, linfóides, fibrosos e linfangiomatosos. Entre
estes, os pólipos linfóides da tonsila palatina foram raramente estudados e grande parte do
conhecimento sobre estas lesões advém apenas de relatos de casos. Neste contexto, o
estudo morfológico e imunoistoquímico de uma série de pólipos linfóides, nos permitirão
fornecer informações sobre a natureza destas lesões, que clinicamente podem ser
confundidas com neoplasia tonsilar.
Justificativa
32
3- OBJETIVOS
33
3.1- Objetivo geral
Descrever as características clínicas, morfológicas e imunoistoquímicas dos
pólipos linfóides tonsilares.
3.2- Objetivos específicos
a) Descrever os achados clínicos demográficos e morfológicos dos pólipos
linfóides tonsilares;
b) Avaliar a composição do tecido linfóide dos pólipos tonsilares através de
exames imunoistoquímico para linfócitos B (CD20), linfócitos T (CD45RO)
e para cadeias leves kappa e lamba;
c) Avaliar o padrão arquitetural dos vasos sanguíneos e linfáticos nos pólipos
tonsilares, através de coloração imunoistoquímica para endotélio linfático
(D2-40) e endotélio vascular (CD34);
d) Comparar a constituição vascular e linfóide dos pólipos linfóides tonsilares
com a da tonsila palatina normal.
e) Avaliar a possível participação do Vírus Epstein-Barr (EBV) na patogênese
dos pólipos linfóides, através do estudo por hibridização “in situ”.
Objetivos
34
4- ARTIGO
35
Lymphoid Polyps of the palatine tonsil
Artigo submetido à publicação na revista “Pathology”, em 12 de abril de 2006.
Icleia Barreto M.D.¹, Priscila Juliano M.V.D¹, Cristiano Chagas P.h D.¹, Albina
Altemani P.h D¹.
¹- Department of Pathology, School of Medicine, University of Campinas (UNICAMP),
13084-971, Campinas, SP, Brazil
Address for correspondence: Albina Altemani M.D. Department of Pathology, School of
Medicine, State University of Campinas (UNICAMP), 13084-971 Campinas, SP, Brazil.
P.O. box 6111
Fone / Fax: 55-19-3289 3897
E-mail: [email protected]
Number of illustrations: 1
Artigo 36
Abstract
Tonsillar lymphoid polyps are uncommon lesions which have rarely been
studied. We aim to describe the clinical, histopathologic, and immunohistochemical
features of six tonsillar polyps in which lymphoid tissue represented more than 80% of the
lesion. Presenting symptoms were tonsillar mass and/or dysphagia. No predisposing factor
was detected. Microscopically all polyps contained follicles with germinal centers, crypts
lined by lymphoepithelium and a small amount of fibrous tissue in the centre of the lesion.
B cells (CD20+), T cells (CD45RO+), plasma cells (kappa+ and lambda+) and vessels
(lymphatic - D2-40+ and blood – CD34+) presented distribution and architectural patterns
as expected for lymphoid tissue of a palatine tonsil. Tonsillar lymphoid polyps are possibly
hamartomas characterized by overgrowth of lymphoid elements which maintain an
architectural pattern and cellular composition similar to those of the palatine tonsil.
Key words: palatine tonsil, polyp, lymphoid tissue, immunohistochemistry .
Running head – Tonsillar lymphoid polyp
Artigo 37
INTRODUCTION
Benign tumors of the palatine tonsil other than squamous papillomas have been
considered uncommon lesions1, 2. Among the benign tonsillar tumors, the
lymphangiomatous polyp has been the most studied2-10, whereas lesions composed
predominantly of lymphoid tissue are reported rarely11-14. These have been classified into
two groups: a) lymphoid papillary hyperplasia11, 12, 14 and b) lymphoid polyps5, 13.
Lymphoid papillary hyperplasia affects mainly children and forms multiple papillary
projections on the surface of both tonsils which blend with the underlying tonsillar
lymphoid stroma11, 12. Lymphoid polyps are lesions that form a polypoid projection
separated from the tonsillar parenchyma5 and occasionally they may also have a papillary
configuration (papillary lymphoid polyp) 13.
Clinically polypoid lesions of the palatine tonsil may resemble neoplasms2, so
they should be removed and histologically examined. However, the rarity of the tonsillar
polyp (2% of all tonsillar neoplasms) in addition to its varied morphological appearance has
led to considerable disparity and confusion in the diagnosis of this tumor2.
As, to the best of our knowledge, there has been no study on clinical,
morphological and immunohistochemical characteristics of lymphoid polyps of the palatine
tonsil in the literature, we aim to describe such features in six cases. Palatine tonsils
removed for non-neoplastic reasons were used as control.
MATERIAL AND METHODS
This study was approved by the University of Campinas School of Medicine
Research Ethical Committee. Informed consent was not necessary because the study was
retrospective and no personal identifiers were used. A search was carried out in the files of
the Department of Pathology of the State University of Campinas between 1983 and 2005
looking for cases coded as tonsillar polyps. Six polyps in which the lymphoid tissue
represented more than 80% of the lesion were identified. Demographic and clinical
information was collected from review of the patients’ medical records. All polyps were
Artigo 38
reviewed by two pathologists (AA and IB) using 5µm sections obtained from formalin-
fixed paraffin embedded samples and routinely stained with hematoxylin-eosin. In each
case a semiquantitative analysis using a scale from zero to 3 (+/++/+++) was performed to
evaluate the following parameters: number of follicles with germinal centre; number of
crypts; extension of the crypt lymphoepithelium; amount of fibrous tissue and of vessels. In
addition, paraffin-embedded tissue from 16 palatine tonsils from patients between 08 and
55 years of age (mean 25.3 years) were used for comparison. These tonsils had been
removed for non-neoplastic reasons.
Three-micrometer paraffin sections were submitted to the labeled–polymer
method of immunohistochemistry as has been previously described15. The antibodies and
titers used are summarized in table I. Standard positive controls were used throughout, with
normal serum used as the negative control. As Epstein-Baar virus (EBV) infection may be
associated to lymphoid hyperplasia16 in situ hybridization was performed on
paraffin-embedded, formalin-fixed sections using an oligonucleotide probe for
EBV-encoded RNA (EBER-1) (EBV Probe ISH kit, Novocastra) in lymphoid polyps17. The
analysis of positive cells was semiquantitative: 0 = no reactive cells; + = <20% of the cells,
++ = 20 to 80% and +++ = >80%.
RESULTS
Clinical and demographic information and morphological findings of the
tonsillar lymphoid polyps are in table II. The group included four men and two women; all
but one were young individuals (under 30) and three (50%) were teenagers. All lesions
were described as polypoid masses arising from the surface of the tonsil, without side
predilection, with average size of 1.7 cm (range, 0.8 to 4.0 cm). Four patients (66.6%)
showed symptoms related to the tumor (tonsillar mass and/or dysphagia lasting from 40
days to 7 months) and in the remaining two the polyps were discovered during
otolaryngologic examination. No predisposing factor was detected.
Artigo 39
Microscopically all polyps were covered by squamous epithelium and
contained follicles with germinal centers of variable size (Fig 1a). All cases showed crypts
lined by ordinary squamous epithelium and/or lymphoepithelium and were shorter and less
branched than in control tonsils. However in one case the crypts were dilated and filled
with cellular debris. All polyps contained a small amount of fibrous tissue which was
usually located in the central portion of the lesion forming a sort of core. The vascular
component was conspicuous and adipose tissue was not found in any polyp.
Special procedures
In all polyps B cells (CD20+) and T cells (CD45RO+) showed a pattern of
distribution similar to that found in the control palatine tonsils. B cells occurred
predominantly in three sites: in the follicular mantle, in the germinal centre and in the
lymphoepithelium of the crypts (Fig 1b, c). T cells were found mainly in the interfollicular
areas. Antibodies to kappa and lambda chains stained a similar number of plasma cells.
Vessels identified by the antibodies D2-40 (lymph vessels) and CD34+ (blood vessels)
were not dilated (Fig 1d, e, f) and showed architecture not significantly different from that
of control tonsils in terms of quantity, distribution and size. In four polyps a few EBV
positive lymphocytes were detected.
DISCUSSION
A variable amount of lymphoid component may be found in other types of
tonsillar polyps, including the lymphangiomatous2, so the diagnosis of lymphoid polyp
should be reserved for lesions composed predominantly of lymphoid tissue5.
In our series of tonsillar lymphoid polyps significant histological differences
were observed in relation to benign polypoid lymphoid lesions from other sites, such as:
a) polypoid nodular lymphoid hyperplasia of the gastrointestinal tract18 and b) benign
lymphoid aggregates of the oral and pharyngeal regions19. In both lesions lymphocytes are
arranged into single or multiple follicles with active germinal centers in the mucosa and
submucosa. In contrast, our cases of tonsillar lymphoid polyps showed a more complex
Artigo 40
architectural pattern due to coexistence of lymphoid follicles with other elements. These
included a fibrous central core, structures similar to tonsillar crypts and vascular channels
consisting of both blood and lymph vessels showing features reminding those of control
tonsils. This type of vascular architecture contrasts with that of tonsillar lymphangiomatous
polyps (dilated and prominent lymph vessels) and of pharyngeal lymphoid aggregates
(inconspicuous vascular channels)2, 19.
Regarding the immunophenotype, the lymphoid tissue of polyps showed the
pattern of distribution expected for lymphoid tissue of the palatine tonsils, namely follicles
with B cell predominance, interfollicular areas with CD45RO+ T cells, and
lymphoepithelium of the crypts with predominance of B lymphocytes20.
The pathogenesis of the tonsillar lymphoid polyp is unclear. Heffner5 has
proposed that they be regarded as hamartomas which are tumor-like lesions characterized
by haphazard proliferation of tissues of the affected site. Following this line, tonsillar
hamartomas could present a variable histologic spectrum including polyps with lymphoid,
fibrous and / or lymphangiomatous appearances5. However, it has also been postulated that
the tonsillar lymphoid polyp could be a reactive proliferation similar to its counterpart in
the gastrointestinal tract13 or a forme fruste of the papillary lymphoid hyperplasia of the
tonsil2, 5. In gastrointestinal polyps, immunological factors (hypogammaglobulinemia or an
isolated IgA deficiency) and infection (particularly viral) have been implicated as possible
inductors of lymphoid proliferation19, 21-23. In tonsillar papillary lymphoid hyperplasia (a
rare entity with a multipolypoid appearance) familial and autosomal dominant inheritance,
abnormal hormonal stimuli and inflammatory origin have been indicated as possible
causes14. In our series the following features lend support to Heffner’s hypothesis that
lymphoid polyps are most likely hamartomas: a) a more complex architecture (lymphoid
infiltrate, fibrous tissue and lymph vessels) than expected for a reactive lymphoid
proliferation and b) absence of an underlying cause for tonsillar lymphoid hyperplasia,
except for ordinary recurrent tonsillitis. However, whether lymphoid polyps have any
relationship with papillary lymphoid hyperplasia of the tonsils needs to be further clarified.
In our cases it was not possible to determine whether family members were affected as has
been described for tonsillar papillary lymphoid hyperplasia14.
Artigo 41
In terms of clinical and demographic findings, our cases of lymphoid polyps are
closer to the lymphangiomatous polyps of the tonsil in Kardon et al series2 than to papillary
lymphoid hyperplasia. The latter occurs almost exclusively in children and usually involves
both tonsils11, 12, 14. In contrast, both types of polyps (lymphoid and lymphangiomatous)
were unilateral without side predilection, affected mainly young individuals (average age
25 – 27 years) and the main symptoms were tonsillar mass and dysphagia. However,
tonsillar lymphoid polyps occurred more in men whereas the lymphangiomatous type
affected equally both sexes.
Clinically the lymphoid polyps may resemble neoplasms of the palatine tonsil
and should be removed for diagnosis and to rule out malignancy, particularly lymphoma.
Fibrous tissue, prominent vascularity, reactive germinal centers, numerous cell types, and
polyclonality (determined immunohistochemically) are the most important features in the
differential diagnosis with lymphoma.
In conclusion, tonsillar lymphoid polyps are possibly hamartomas characterized
by overgrowth of lymphoid elements which maintain an architectural pattern and cellular
composition similar to those of the palatine tonsil. Clinically these lesions are comparable
to other tonsillar polyps with non-lymphoid tissue predominance.
Acknowledgements
This study was supported by FAPESP grants number 04 / 13759-6
Artigo 42
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Artigo 44
Legends
Figure 1 - Lymphoid polyp: (a) – Typical morphological appearance: lymphoid
nodules with germinal centers of variable size around a fibrous core; B cells (CD20+) are
found in follicular mantle and in the germinal centers (b) and in the lymphoepithelium of
the crypts (c); blood vessels CD34+ (d) and lymph vessels D2-40+ (e, f) are distributed in a
regular fashion in the parenchyma and are not dilated.
Artigo 45
Table I. Details of the antibodies used for immunohistochemistry
Specifity
Clone
Isotype
Diluition
Source
Buffer (AR) ¥
Polymer
CD45RO
(T cells)
UCHL-1
IgG2a
1:100
Dako
Citrate
En Vision anti-mouse/anti-rabbit
†
CD20
L26
IgG2a
1:50
Dako
Citrate
En Vision anti-mouse/anti-rabbit
†
Kappa
-
-
1:200.000
Dako
Citrate
En Vision anti-mouse/anti-rabbit
†
Lambda
-
-
1:200.000
Dako
Citrate
En Vision anti-mouse/anti-rabbit
†
D2-40
D2-40
IgG1
1:200
Dako
Tris-EDTA
En Vision+ (Plus) anti-mouse §
CD34
QBEnd 10
IgG1
1:50
Dako
Citrate
En Vision anti-mouse/anti-rabbit
†
¥ Antigen Retrieval by boiling, in a steamer, in citrate buffer (pH: 6.0) or Tris-EDTA buffer (pH: 8.9).
† En Vision polymer HRP, code K4016, DAKO, Denmark.
§ En Vision+ polymer HRP, code k4003, DAKO, Denmark.
Artigo 46
Table II. Clinical and morphological findings in 6 cases of lymphoid polyps
M- male; F- female; B- bood vessels; L- lymphatic vessels; LE- lymphoepitelium; EBV- Epstein-Baar Virus; * percentage of positive
cells
N° of
case
Presenting
symptoms
Gender
(M/F)
Age
(years)
Size
(cm)
Germinal
centre
Crypts
Vessel
B L
LE
Fibrous
tissue
EBV
%*
Treatment
1
Dysphagia,
mass 7
months
M
27
1.5
+
++
++ ++
++
+
< 1%
Polypectomy
2
Dysphagia,
mass 4
months
M
56
4.0
+
+++
++ ++
++
+
0%
Polypectomy
3
Sore throat
dysphagia 40
days
F
20
2.0
+
+
++ ++
+
+
0%
Polypectomy
4
Recurrent
tonsilitis
F
14
1.0
+
++
++ ++
++
+
< 1%
Tonsillectomy
5
Recurrent
tonsilitis
M
17
1.2
++
++
++ ++
++
+
< 1% Tonsillectomy
6
Mass
M
28
0.8
+++
+++
++ ++
+++
+
< 1%
Polypectomy
Artigo 47
5- DISCUSSÃO
48
Nas tonsilas palatinas-controles, as reações imunoistoquímicas com os
anticorpos monoclonais anti-CD34 e D2-40, permitiram evidenciar a arquitetura vascular
neste órgão. O anticorpo monoclonal anti-CD34, que é um marcador pan-endotelial,
demonstrou o arranjo vascular sanguíneo, confirmando os achados previamente descritos
por Perry e Whyte (1998) (figura 5). Os vasos sanguíneos partem da cápsula tonsilar,
direcionam-se aos septos tonsilares, penetram nas regiões extra-foliculares, direcionam-se
novamente à porção inferior do epitélio reticulado como vênulas de endotélio alto,
formando uma rede de vasos sanguíneos intra-epiteliais e, deste ponto, retornam para os
septos.
Figura 5: Epitélio reticulado das criptas tonsilares. Células não epiteliais podem entrar no
epitélio reticulado, via vascular (1 e 2) ou não vascular (3). Fonte: Perry e Whyte ,1998.
Discussão
49
Segundo Perry e Whyte (1998), o rico fluxo sanguíneo neste local aumenta a
área de interações entre células endoteliais e leucócitos, proporcionando o transporte de
imunoglobulinas e de outras substâncias através da parede dos vasos. Em relação aos vasos
linfáticos, na literatura não encontramos estudos que mostrem detalhadamente a sua
arquitetura na tonsila palatina. Este fato se deve, provavelmente, à ausência, até
recentemente, de anticorpos que reconhecessem especificamente o endotélio linfático em
cortes de parafina. Nas tonsilas controles, o anticorpo D2-40 mostrou que os vasos
linfáticos eferentes parecem iniciar-se logo abaixo do epitélio reticulado, direcionando-se
às zonas do manto folicular, como delicadas redes concêntricas, anastomosadas e de
paredes finas, que penetram nos centros germinativos, delicadamente. A partir deste ponto,
saem dos folículos linfóides, unindo-se e formando capilares que drenam
perpendicularmente em direção ao septo e, finalmente, penetram na cápsula tonsilar.
Quanto ao componente linfóide das tonsilas palatinas-controles, assim como foi
descrito por Nave et al. (2001), observamos a distribuição de linfócitos T CD45RO+,
predominantemente nas zonas do manto e nas regiões extra-foliculares e, de linfócitos B
CD20+, predominantemente nos centros germinativos. Também foi possível, em nosso
estudo, identificar um predomínio de linfócitos B CD20+ no epitélio reticulado, que está de
acordo com os achados de Perry e Whyte (1998). Reações imunoistoquímicas para as
cadeias leves de imunoglobulinas kappa e lambda demonstraram policlonalidade celular em
todos os casos.
Em relação aos pólipos linfóides tonsilares, as análises histológicas e
imunoistoquímicas utilizando os anticorpos monoclonais anti-CD34 e D2-40, nos
permitiram observar que o padrão vascular é semelhante ao encontrado nas tonsilas
palatinas. Os vasos linfáticos eferentes e vasos sanguíneos, aparentemente drenam para o
delicado eixo fibroso dos pólipos e, a partir deste ponto, provavelmente para os septos
tonsilares. O padrão de distribuição dos linfócitos T CD45RO+ e B CD20+ nos pólipos
linfóides foi semelhante àquele encontrado nas tonsilas palatinas-controles, ou seja,
predominantemente os primeiros nas regiões extra-foliculares e, os últimos nos centros
germinativos e no epitélio reticulado das criptas. Além disso, o padrão de marcação
Discussão
50
imunoistoquímica para as cadeias leves de imunoglobulinas kappa e lambda também
evidenciou a policlonalidade celular nos pólipos.
Tecido linfóide também pode fazer parte da constituição de outros pólipos
tonsilares, inclusive dos linfangiomatosos (Kardon et al., 2000). Entretanto, os pólipos
tonsilares linfóides são formados predominantemente por esse tecido (Heffner, 1987). Em
relação a outras lesões benignas linfóides polipóides que ocorrem em outros órgãos, os
nossos pólipos de tonsilas palatinas estudados apresentam diferenças histológicas
significativas. Nestas lesões que são: a) a hiperplasia linfóide nodular polipóide do trato
gastrointestinal (Mukhopadhyay et al, 2004), e b) os agregados linfóides benignos das
regiões oral e faríngea (Bouquot e Nikai, 2000). Em ambas, os linfócitos estão distribuídos
dentro de folículos únicos e múltiplos com centros germinativos ativos, na mucosa e
submucosa. Em contraste, os pólipos linfóides tonsilares mostraram um padrão arquitetural
mais complexo, devido à coexistência de folículos linfóides com outros elementos, tais
como um eixo central fibroso, estruturas similares a criptas tonsilares com reticulação e
canais vasculares. Estes eram constituídos por vasos sanguíneos e linfáticos, mostrando
características morfológicas que fazem lembrar àquelas das tonsilas-controles. Este tipo de
arquitetura vascular contrasta com a dos pólipos linfangiomatosos, cujos vasos linfáticos
são proeminentes e dilatados e, também, com os agregados linfóides faríngeos, que
mostram canais vasculares pouco visíveis (Kardon et al., 2000; Bouquot e Nikai, 2000).
A patogênese dos pólipos linfóides tonsilares permanece obscura. Heffner
propôs que estas lesões seriam hamartomatosas, “tumor-like”, caracterizadas por uma
proliferação ao acaso de tecidos do próprio sítio afetado. Seguindo esta linha de raciocínio,
hamartomas tonsilares poderiam apresentar um espectro histológico variável, incluindo
pólipos contendo características fibrosas e/ou linfangiomatosas. Entretanto, também tem
sido considerada a possibilidade de que os pólipos linfóides representem uma proliferação
reacional similar à contrapartida localizada no trato gastrointestinal, particularmente na
região ano-retal (Pyum et al., 1985), ou uma forma frustra de hiperplasia linfóide papilífera
da tonsila (Kardon et al., 2000; Heffner, 1987). Em relação aos pólipos gastrointestinais,
fatores imunológicos (hipogamaglobulinemia ou deficiência isolada de Ig A) e infecção
(particularmente viral, em crianças) são considerados como possíveis indutores da
Discussão
51
proliferação linfóide (Mukhopadhyay et al., 2004; Gryboski et al., 1968;
Ajdukiewicz et al., 1972; Nagaoka et al., 2002). Em relação à hiperplasia linfóide papilífera
tonsilar (uma entidade rara, descrita em crianças e com aparência multipolipóide), outros
fatores têm sido aventados tais como, malformação tonsilar transmitida por um gene
autossômico dominante, estímulo hormonal anormal e resposta inflamatória crônica
(Enomotto et al., 1980). Assim, em nossos casos, acreditamos que as características
clínico-morfológicas dos pólipos linfóides favoreçam mais à hipótese de Heffner, ou seja, a
de que estas lesões seriam mais provavelmente hamartomas. Essa suposição se deve ao
seguinte fato: 1) os pólipos linfóides mostram uma arquitetura mais complexa (infiltrado
linfóide, tecido fibroso e vasos linfáticos) do que a esperada para proliferações linfóides
reacionais e, 2) não detectamos uma causa subjacente para explicar uma hiperplasia
linfóide, com exceção de tonsilites recorrentes comuns em dois casos. Inclusive, em relação
ao vírus Epstein Barr (EBV), que tem sido considerado agente causador de hiperplasia
linfóide tonsilar, não encontramos evidências imunoistoquímicas de que tivesse
participação nos pólipos linfóides. Apenas quatro destes mostraram raras células linfóides
positivas, as quais podem ser apenas resquícios de uma infecção no passado
(Endo et al., 2001; Shapiro e Strocker, 2001). Entretanto, se os pólipos linfóides podem ser
considerados uma forma frustra de hiperplasia linfóide papilífera das tonsilas palatinas,
serão necessários estudos adicionais para maiores esclarecimentos. Nestes casos, não foi
possível determinar se havia outros membros da família afetados, como tem sido descrito
nos casos de hiperplasia linfóide papilífera (Enomoto et al., 1980).
Com relação aos achados clínicos e demográficos, os casos de pólipos linfóides
estudados mostraram estreita relação com os pólipos linfangiomatosos da tonsila palatina,
na série apresentada por Kardon et al. (2000), do que com relação à hiperplasia linfóide
papilífera. Esta última quase que exclusivamente ocorre em crianças e, geralmente, envolve
ambas as tonsilas (Carrilo-Farga et al., 1983; Dias et al., 2003; Enomoto et al., 1980). Em
contraste, os pólipos linfóides estudados, à semelhança dos linfangiomatosos e
diferentemente da hiperplasia linfóide papilífera, eram unilateriais, sem sítio de predileção,
afetavam principalmente indivíduos jovens, com média de idade de 25 a 27 anos, e os
principais sintomas foram massa tonsilar e disfagia. Entretanto, os casos analisados de
Discussão
52
pólipos linfóides tonsilares ocorreram mais em homens, enquanto que os pólipos
linfangiomatosos apresentaram distribuição igual em ambos os sexos.
Clinicamente, os pólipos linfóides podem se assemelhar às neoplasias da tonsila
palatina, tais como papilomas e devem ser removidos para diagnóstico. Também é
importante excluir malignidade, particularmente linfoma, visto que no adulto, o aumento do
tecido linfóide faríngeo geralmente produz a suspeita de neoplasia. As características mais
importantes no diagnóstico diferencial com linfoma são: a presença de tecido fibroso,
vascularização proeminente, centros germinativos reacionais, numerosos tipos celulares e
policlonalidade (demonstrada por estudo imunoistoquímico).
Concluindo, os pólipos linfóides da tonsila palatina, provavelmente, são
hamartomas caracterizados por um crescimento exagerado de elementos linfóides, que
mantém um padrão arquitetural e uma composição celular similar à observada na tonsila
palatina normal. Clinicamente, estas lesões são comparáveis a outros pólipos tonsilares
onde não se observa uma predominância do tecido linfóide. A importância destas lesões
está em sua raridade e, por serem infrequentes, desafiam o conhecimento de patologistas e
clínicos em sua correta classificação, e também, devendo ser facilmente tratadas e curadas
através de excisão cirúrgica. Estas têm a capacidade de produzir quadros de obstrução
faríngea, ocasionando confusão com outras neoplasias faríngeas benignas ou malignas.
Discussão
53
6- CONCLUSÃO
54
Os pólipos linfóides da tonsila palatina:
1) Ocorrem mais no sexo masculino, numa larga faixa etária, porém
predominam em adultos jovens. São lesões únicas, sem sítio de predileção e
frequentemente associados à disfagia e sensação de massa na garganta;
2) Morfologicamente são lesões complexas contendo tecido linfóide, eixo
conjuntivo-vascular e criptas tonsilares;
3) O tecido linfóide e o padrão arquitetural dos vasos sanguíneos e linfáticos do
pólipo são semelhantes aos da tonsila palatina;
4) A composição morfológica complexa do pólipo e a ausência de uma causa
subjacente que pudesse levar à hiperplasia linfóide, favorecem a hipótese de
origem hamartomatosa da lesão.
Conclusão
55
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Referências Bibliográficas
61
8- APÊNDICE
62
Tabela I: Dados obtidos dos prontuários dos pacientes das tonsilas palatinas-controles
Número do caso
Sexo paciente
Idade paciente
Diagnóstico
B10285/95
M
21 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B10519/94
M
43 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B10542/01
F
24 ANOS
HIPERPLASIA, SOE
B10639/96
M
27 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B12966/93
M
10 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B13374/93
F
8 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B2599/94
M
25 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B2698/97
M
29 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B3672/02
M
10 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B3937/96
F
25 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B4114/96
M
35 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B4120/95
F
55 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B4696/94
F
20 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B5509/94
M
36 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B5866/96
M
16 ANOS
HIPERPLASIA LINFÓIDE, SOE
B6431/02
F
22 ANOS
INFLAMAÇÃO CRÔNICA, SOE
M- masculino; F-feminino; SOE- sem outras especificações.
Apêndice
63
Técnicas:
a) IMUNOISTOQUÍMICA
O exame imunoistoquímico foi realizado através da técnica
EnVision-peroxidase segundo o método abaixo:
1) Cortes histológicos: secções de 3µm foram colocadas em lâminas previamente
lavadas e desengorduradas, tratadas em solução de organossilano a 20% em
acetona (3-aminopropil-trietoxi-silano – SIGMA, código A3648). As lâminas
com cortes foram colocadas em estufa a 110ºC por uma hora antes do início do
processo imunoistoquímico.
2) Desparafinização: as lâminas foram submetidas a três banhos de xilol, sendo o
primeiro a 110ºC e os dois últimos à temperatura ambiente, a fim de se retirar o
excesso de parafina dos cortes histológicos.
3) Hidratação: esta etapa foi realizada em banhos de dois minutos cada em
gradiente decrescente de álcoois, sendo: três banhos em álcool absoluto, um
banho em álcool a 80% e um último banho em álcool a 50%. Após, seguiu-se a
lavagem em água corrente e passagem por água destilada.
4) Bloqueio da peroxidase endógena: foram realizados três banhos de três
minutos cada em solução de peróxido de hidrogênio a 10%, à temperatura
ambiente, com posterior lavagem em água corrente e passagem por água
destilada.
5) Recuperação antigênica: as lâminas foram imersas em solução de citrato 10
mM, pH 6,0 ou EDTA, pH 8,9 em uma cuba apropriada e processadas em
panela à vapor durante trinta minutos. Após isto, esfriaram dentro da panela
durante quinze a vinte minutos e sofreram novas lavagens com águas corrente e
destilada. Permaneceram em solução de tampão PBS durante os próximos cinco
minutos.
6) Reação antígeno-anticorpo primário: foram utilizados anticorpos primários
monoclonais ou policlonais, obtidos de espécies animais (coelho e camundongo,
por exemplo). Cada anticorpo foi gotejado sobre um corte histológico e a
incubação se deu por trinta minutos em estufa a 37ºC. Após isto, as lâminas
permaneceram em câmara úmida a 4ºC por 16-18horas (“overnight”). Após este
Apêndice
64
período, seguiu-se a retirada do excesso do anticorpo primário, três lavagens de
cinco minutos cada em PBS, à temperatura ambiente.
7) Reação com anticorpo secundário: o anticorpo secundário de outra espécie
animal dirigido contra o anticorpo primário (exemplo: cabra anti-coelho) foi
conjugado com coquetel de polímeros marcado com peroxidase (EnVision,
código K1491, DAKO) e gotejado sobre os cortes histológicos, os quais
permaneceram durante uma hora em câmara úmida, a 37ºC. Após isto, retirou-se
o excesso e seguiu-se novamente três lavagens de cinco minutos cada em PBS, à
temperatura ambiente.
8) Coloração: foi realizada com DAB (3,3-tetra-hidrocloreto de diamino-
benzidina, SIGMA, código D5637), um cromógeno de cor marrom que se
impregnou no local onde ocorreu a seguinte reação: H2O2 + peroxidase
(complexo antígeno-anticorpo) - H2O + ½ O2. As lâminas foram mergulhadas na
seguinte solução: 60mg (0,06g) de DAB em 100mL de tampão PBS e 500µL de
peróxido de hidrogênio 30% e 1000µL de DMSO (dimetilsulfoxido), a 37ºC.
Após, foram submetidas novamente à lavagem em água corrente e passagem por
água destilada.
9) Contra-coloração: foi realizada com Hematoxilina de Mayer, durante um
minuto, à temperatura ambiente, com posteriores lavagens em águas corrente e
destilada.
10) Desidratação: na penúltima etapa do processo as lâminas passaram três vezes
em álcool absoluto e em três xilóis.
11) Montagem: as lâminas foram montadas colando-se as lamínulas sobre os cortes
histológicos com Entellan ®(MERCK, código 7961), e prontas para a leitura em
microscópio óptico.
Apêndice
65
b) Hibridização “in situ”
A hibridização “in situ” foi realizada em secções de parafina de tecidos fixados
em formalina utilizando-se uma sonda de oligonucleotídeo para RNA EBV-codificado
(EBR-1) (kit HIS sonda EBV, Novocastra) nos pólipos linfóides. A análise das céllulas
positivas foi semiquantitativa, sendo considerado: 0= nenhuma célula reativa, + = < 20% de
células positivas, +++ 20 a 80 % e +++ > de 80%.
A hibidização “in situ” foi realizada conforme o seguinte protocolo:
1) Desparafinização dos cotes em xilol, 2 X 3 minutos.
2) Hidratação em etanol 99%, 2x 3 minutos.
3) Hidratação em etanol em 95%, 2 x 3 minutos.
4) Imersão em água por 3 minutos.
5) Incubação dos cortes em 100µl de proteinase K em tampão Tris-HCL 0,05M pH
7,6, por 10 a 15 minutos a 37ºC.
6) Imersão em água 2 x 3 minutos.
7) Desidratação em etanol 96% por 3 minutos.
8) Desidratação em etanol 99% por 3 minutos.
9) Secagem do corte ao ar.
10) Aplicação de 20µl de sonda, cobrindo-se os corte com lamínula, deixando-se
por toda noite a 37ºC. (cerca de 16 horas).
11) Retirada das lamínulas delicadamente com tampão.
12) Lavagem em tampão 0,05 M Tris-HCL-0,3 M NaCl, pH 7,6 (TBS), com 0,1%
de Triton X-100, 3 x 3 minutos.
13) Aplicação de 100µ de tampão TBS, com soro albumina bovina (BSA) a 3%,
0,1% de Triton X-100 e 20% de soro normal de coelho, por 10 minutos.
14) Retirada do excesso de soro normal e, sem lavagem, aplicação de anticorpo
anti-fluorosceína diluído a 1: 150 em tampão BSA 3% e Triton X-100 a 0,1 %;
incubação por 30 minutos.
15) Lavagem dos cortes em tampão TBS por 2 X 3 minutos
16) Lavagem dos cortes em tampão do subtrato da fosfatase alcalina PH 9,0 por 5
minutos.
Apêndice
66
17) Incubção com substrato da fosfatase alcalina (BCIP-NBT, 5-bromo-4-chloro-3-
indolyphosphate e nitoblue tetrazolium), preparado 1: 150 em tampão Tris-HCL
100mM, mais MgCl2 50mM, NaCl 100mM, pH 9,0., mais 1µl de Levamisole
(inibidor da fosfatase alcalina) para cada ml de substrato; incubar por toda noite
(cerca de 16 horas) à temperatura ambiente.
18) Lavagem em água corrente por 5 minutos.
19) Contra-coloração com hematoxilina de Meyer por um minuto.
20) Passagem em água amoniacal por segundos.
21) Montagem em meio aquoso.
Apêndice
67
Método de avaliação semi-quantitativa
Morfologicamente : foi realizada análise semi-quantitativa nos pólipos linfóides,
utilizando-se uma escala de zero a 3 + para os seguintes parâmetros abaixo
relacionados:
a) Número de folículos com centros-germinativos: + (<3); ++ (3-5); +++ (>5).
b) Número de criptas: + (<3); ++ (3-5); +++ (>5).
c) Número criptas com linfoepitélio: + (<3); ++ (3-5); +++ (>5).
d) Quantidade de tecido fibroso e de vasos:
• + (ocupando <10% da lesão);
• ++ (ocupando de 10-20%);
• +++ (ocupação acima de 20%).
Apêndice
68
Figura 1: Tonsila palatina controle corada com o anticorpo anti-CD34. Os vasos
sanguíneos estão dispostos de modo perpendicular e no interior do epitélio da cripta tonsilar
(entre setas).
Apêndice
69
Figura 2: Tonsila palatina controle corada com o anticorpo anti-CD34. Os vasos
sanguíneos estão dispostos de modo perpendicular e no interior do epitélio da cripta tonsilar
(setas).
Apêndice
70
Figura 3: Expressão de CD34 em tonsila palatina controle. Observe, em maior detalhe, a
marcação nas células endoteliais das vênulas de endotélio alto, no interior do epitélio
(setas).
Apêndice
71
Figura 4: Expressão de CD34 em tonsila palatina controle. Observe a marcação nas células
endoteliais vasculares sanguíneas, ao nível do septo tonsilar e tecido linfóide, sendo que os
vasos menores localizados neste último drenam para os maiores da região septal, à
semelhança do que ocorre nos pólipos linfóides (ver figura 1 d do artigo) (setas).
Apêndice
72
Figura 5: Expressão de D2-40 na tonsila palatina controle. Observe a marcação nos
ceratinócitos basais do epitélio de revestimento das criptas tonsilares (setas) e no endotélio
da rede vascular linfática.
Apêndice
73
Figura 6 : Expressão de D2-40 na tonsila palatina controle. Observe a marcação na parede
dos vasos linfáticos, que formam uma rede fina e concêntrica na zona do manto folicular e,
também em vasos paralelos aos folículos linfóides (setas).
Apêndice
74
Figura 7: Expressão de D2-40 na tonsila palatina controle. Observe a marcação na parede
dos vasos linfáticos, que formam uma rede fina e concêntrica na zona do manto folicular
(entre setas).
Apêndice
75
Figura 8: Expressão de D2-40 na tonsila palatina controle. Observe, nesta área, a marcação
na parede dos vasos linfáticos, que formam uma rede fina e concêntrica na zona do manto
folicular.
Apêndice
76
Figura 9: Expressão de D2-40 na tonsila palatina controle. Observe a marcação dos
ceratinócitos basais do revestimento epitelial tonsilar (seta).
Apêndice
77
Figura 10: Expressão de CD 20 na tonsila palatina controle. Observe a marcação dos
linfócitos B CD20+, predominantemente nos centros germinativos, à semelhança do padrão
de distribuição encontrado nos pólipos linfóides .
Apêndice
78
Figura 11: Expressão de CD45RO na tonsila palatina controle. Observe a marcação dos
linfócitos T CD45RO+, predominantemente nas áreas extra-foliculares, à semelhança do
padrão encontrado nos pólipos linfóides.
Apêndice
79
Figura 12: Expressão de CD45RO num dos pólipos linfóides. Observe a marcação nos
linfócitos T nas zonas do manto e regiões extra-foliculares.
Apêndice
80
Figura 13: Expressão de kappa num dos pólipos linfóides. Note a marcação nos
plasmócitos e observe que a quantia de células kappa + é semelhante à de lambda+ da
figura 14.
Apêndice
81
Figura 14: Expressão de lambda num dos pólipos linfóides. Note a marcação nos
plasmócitos em quantidade semelhante ao anterior (kappa+).
Apêndice
82
Figura 15: Expressão do EBV pelo método de hibridização “in situ” (HIS) em pólipo
linfóide. Note a marcação enegrecida focal (setas) nos núcleos de dois linfócitos. Esta
pequena quantia de células positivas pode ser observada em tonsilas extraídas por motivo
não neoplásico em 40% dos casos (Altemani et al 2002).
Apêndice
83