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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Polímeros Condutores: Polipirrole Projeto FEUP 2013/2014 Mestrado Integrado de Engenharia Química Coordenador Geral - Armando Sousa Coordenador do curso – João Bastos Supervisor: José I. Martins Monitor: António Carvalho Estudantes & Autores: Ana O. Teixeira - [email protected] Ângela N. Araújo - [email protected] Cláudia F. Almeida - [email protected] Diogo M. Abreu - [email protected] Isabel A. Oliveira - [email protected] Joana E. Martins - [email protected] Joana B. Fonseca - [email protected]

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Polímeros Condutores: Polipirrole

Projeto FEUP 2013/2014 – Mestrado Integrado de Engenharia Química

Coordenador Geral - Armando Sousa Coordenador do curso – João Bastos

Supervisor: José I. Martins Monitor: António Carvalho

Estudantes & Autores:

Ana O. Teixeira - [email protected]

Ângela N. Araújo - [email protected]

Cláudia F. Almeida - [email protected]

Diogo M. Abreu - [email protected]

Isabel A. Oliveira - [email protected]

Joana E. Martins - [email protected]

Joana B. Fonseca - [email protected]

Resumo

Este relatório foi realizado no âmbito do Projecto FEUP. Esta unidade curricular, comum

a diversos cursos, visa integrar e contextualizar os estudantes recém-chegados ao mundo

universitário, fornecendo-lhes formações acerca de assuntos como “Recursos Informáticos”,

“Comunicação Eficaz e Técnicas de Apresentação”, “Comunicação Visual” e entre outros.

Numa outra faceta do programa do Projecto FEUP foi sugerida a realização de um trabalho.

Perante tal proposta, e com a ajuda de um monitor e um supervisor, um grupo de oito

estudantes do primeiro ano do Mestrado Integrado em Engenharia Química da Faculdade

de Engenharia da Universidade do Porto elaborou o seguinte trabalho intitulado “Polímeros

Condutores (PC): Polipirrode (PPy)”.

Palavras-Chave

Polímeros condutores, polipirrole, condutividade, eletricidade.

3

Abstract

This report was realized due to Projecto FEUP. This curricular unit, common to several

courses, is aimed to integrate and contextualize freshman students to the new academic

world, providing them formations on matters like “Computer Resources", "Effective

Communication and Presentation Skills", "Visual Communication", and among others. In

another side of the Projecto FEUP program we were suggested to elaborate a group work.

Faced with such proposal, and with the help of an instructor and a supervisor, a group of

eight students from the first year of the Integrated Master of Chemical Engineering, of

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto drew the following paper entitled

“Polimeros Condutores (PC): Poliporrole (PPy)”.

Key words:

Conductive Polymers, polypyrrole, conductivity, eletricity.

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Índice

Lista de figuras ............................................................................................................... 5

Lista de tabelas .............................................................................................................. 5

1. Introdução ................................................................................................................... 6

2. Características dos polímeros condutores .................................................................. 7

Tabela 2: Características, aplicações e outras informações acerca dos principais

polímeros condutores. ..................................................................................................... 10

3. Propriedades do Polipirrole ....................................................................................... 11

3. 1 Propriedades físicas ........................................................................................... 11

3. 2 Condutividade .................................................................................................... 11

4. Síntese do polipirrole ................................................................................................ 12

4.1 Química ............................................................................................................... 12

4. 2 Eletroquímica ..................................................................................................... 13

5. Aplicações ............................................................................................................... 16

5. 1 Proteção dos metais contra a corrosão .............................................................. 16

5. 2 Baterias .............................................................................................................. 19

5. 3 Catálise .............................................................................................................. 22

5. 4 Sensores ............................................................................................................ 24

5. 5 Membranas ........................................................................................................ 24

6. Conclusões ............................................................................................................. 25

7. Referências bibliográficas ..................................................................................... 26

5

Lista de figuras

Figura 1: Troca de cargas elétricas entre o dopante (X) e polímero polipirrole.

Figura 2: Estrutura planar e pentagonal da polipirrole

Figura 3: Oxidação do pirrole para formar polipirrole

Figura 4: Mecanismo de reacção da eletropolimerização do pirrole

Figura 5: Processo de produção contínua de polipirrole. O ânodo tem a forma de um

tambor rotativo e permite a remoção da película da solução

Figura 6: Automóvel afectado pela corrosão

Figura 7: Corrosão do Ferro

Figura 8: Proteção catódica por ânodo de zinco em casco de navio: (a) vista inferior

do navio em dique seco; (b) fixação do ânodo de zinco no casco do navio

Figura 9: Molécula de polipirrole

Figura 10: Baterias de plástico 100 vezes mais potentes que as alcalinas

Figura 11: Polimerização

Figura 12: Redução por plasma de ar

Figura 13: Sulfonação (a) e carbonização (b e c) de nano esferas de PPy

Lista de tabelas

Tabela 1: Estrutura e condutividade de alguns de alguns polímeros condutores

Tabela 2: Características, aplicações e outras informações acerca dos polímeros

condutores

Tabela 3: Comparação das características de algumas baterias electroquímicas

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1. Introdução

A facilidade de processamento e o baixo custo das matérias-primas tornaram os

materiais poliméricos presentes na vida quotidiana. A resistência elétrica destes materiais

segue a Lei de Ohm e torna-se maior quando cargas condutoras, como fibras metálicas ou

negro de fumo, são incorporadas a matriz polimérica. Estes polímeros com cargas

incorporadas, que asseguram a condução eletrónica do material, são denominados

condutores extrínsecos.

A alta condutividade obtida para esses materiais (na ordem de 10 S.cm-1) e o baixo

custo de sua produção possibilitou a utilização em novas aplicações como a blindagem

contra radiação eletromagnética e a proteção antiestética de circuitos eletrónicos.

Com o avanço nas pesquisas dos polímeros extrinsecamente condutores, os

pesquisadores desenvolveram polímeros que conduzem eletricidade sem a incorporação de

cargas condutoras – polímeros intrinsecamente condutores. Estes polímeros materiais

isolantes que podem ser dopados ao reagir com fortes agentes oxidantes ou redutores, ou

por tratamento com ácidos fortes.

Este fenómeno de dopagem origina modificações químicas na rede polimérica,

provocando drásticas mudanças nas propriedades físicas destes materiais. Essas

propriedades são responsáveis pelo grande número de aplicações desses materiais

poliméricos em diferentes campos.

Os polímeros condutores (também são conhecidos como polímeros não convencionais,

polímeros electrónicos e metais sintéticos) são materiais orgânicos da classe dos plásticos

(em sua maioria derivados do petróleo) que apresentam propriedades eléctricas,

magnéticas e ópticas semelhantes às propriedades dos semicondutores e até mesmo de

alguns metais, sendo assim capazes de conduzir electricidade.

O Polipirrole (PPy) é um tipo destes polímeros, que é formado a partir da polimerização

(química ou eletroquímica) de pirrole, relacionado com o politiofeno, polianilina e

poliacetileno.

7

2. Características dos polímeros condutores

Sistemas de polímeros inteligentes têm a capacidade de detetar uma variedade de

estímulos do meio ambiente operacional, processar mais informações e, em seguida,

acionar respostas. Os estímulos utilizados podem ser produtos químicos (ex.: um

desequilíbrio químico no sistema vivo) ou físicos (ex.: a estrutura excede um limite de

tensão). Da mesma forma, a resposta pode ser química (ex.: a libertação controlada de

drogas) ou física (ex.: aumento na rigidez do material).

A estrutura dos polímeros inteligentes exigirá energia para implementar estas funções,

por isso é necessário capacidades de modo conversão/armazenamento energético. Estas

funções podem ser alcançadas, por exemplo, utilizando as propriedades fotovoltaicas de

estruturas poliméricas.

Embora um certo número de classes de polímeros é capazes de fornecer uma ou mais

funções inteligentes, polímeros intrinsecamente condutores (ICP) podem fornecer todas

elas. Estes polímeros (descobertos em 1976) apresentam uma grande quantidade de

ligações duplas conjugadas: C=C (Tabela 1) que facilitam o fluxo de electrões e também a

remoção da ligação para posterior adição de iões.

Tabela 1: Estrutura e condutividade de alguns polímeros condutores.

Além de responder à estimulação eléctrica direta ou de uma alteração no ambiente

redox, ICP podem ser sensíveis a outros estímulos tais como temperatura, humidade e

vapores orgânicos e inorgânicos. Assim, estes polímeros podem combinar as propriedades

mecânicas e a possibilidade dos polímeros convencionais com um comportamento elétrico,

8

óptico e magnético semelhante ao dos metais. Esta característica faz com que estes

materiais se enquadrem na categoria dos chamados “metais sintéticos”.

Naturalmente, os polímeros condutores são materiais isolantes eléctricos ou

semicondutores de baixa condutividade. Contudo, passam de isolantes a condutores

através da transferência de carga eléctrica (são removidos electrões – oxidação; ou são

adicionados electrões - redução), ocasionada por agentes externos: moléculas de ácido,

chamadas moléculas dopantes. A esse processo dá-se o nome de dopagem.

Devido à troca de cargas eléctricas entre as moléculas dopantes e as moléculas

poliméricas (Figura 1), entram em acção processos físico-químicos na estrutura dos

polímeros, aumentando enormemente o número de cargas electrónicas livres que

conduzem electricidade. Conforme o tipo, a quantidade de dopante e a massa ponderal

média (Mw), serão obtidas diferentes propriedades electrónicas nesses materiais, das quais

se destacam as condutividades elevadas devido a índices altos de dopagem, as

propriedades crómicas derivadas de diferentes índices de dopagem, e as propriedades

optoeletrónicas. Este método é reversível, isto é, pode-se dopar e desdopar o material, o

que permite total controlo sobre o grau de condutividade que se quer conferir.

Figura 1: Troca de cargas elétricas entre o dopante (X) e o polímero polipirrole.

Uma característica que influencia a seleção de polímeros potencialmente condutores é a

facilidade com que o sistema pode ser oxidado ou reduzido. Isto leva à escolha de

polímeros com insaturações conjugadas, que possuem em sua cadeia principal segmentos

feitos de unidades monoméricas contendo ligações simples (δ) e duplas (δ e π) alternadas,

estando os electrões que constituem as ligações π deslocalizados por toda a molécula. Os

electrões de carácter π podem ser facilmente removidos ou adicionados, para formar um ião

polimérico, sem a destruição das ligações necessárias para a estabilidade da

macromolécula.

Outro comportamento bastante interessante dos polímeros condutores é a variação da

condutividade com a frequência das ondas incidentes. Por apresentar este comportamento,

é possível utilizar os polímeros condutores como absorvedores de radiação. O

desenvolvimento dos polímeros condutores para esta aplicação implica o conhecimento de

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algumas características físicas, tais como permissividade elétrica e permeabilidade

magnética, ambas em função da frequência. Conhecendo-se estes parâmetros físicos é

possível inferir sobre as propriedades de absorção, além de variar a formulação do material

para obter maiores ou menores valores da constante dielétrica.

Os polímeros condutores mais utilizados estão apresentados na Tabela 2.Através da

análise desta tabela, concluímos que de entre todos os polímeros condutores, existem

alguns que, ou por serem mais comuns, mais condutores ou até mais estáveis se destacam.

Alguns destes são o Poliacetileno (PA), o Polipirrol (PPY), o Politiofeno (PT), a Polianilina

(Pani), o Poli-p-fenileno ou o Poli-p-fenilenovinileno, mas nesta tabela vamos apenas

explorar os quatro primeiros.

Tal como o nome indica, cada um destes compostos é obtido pela polimerização, isto é,

“junção” de monómeros (respetivamente acetileno - C2H2, o pirrol - C4H5N, o tiofeno - C4H4S,

e a anilina - C6H7N). Estas pequenas moléculas, que são polimerizadas, são orgânicas, o

que significa que os polímeros condutores vão ser também orgânicos, contendo apenas

átomos de carbono, hidrogénio, azoto, enxofre, oxigénio ou halogénios.

Comparando os valores de condutividade, detém-se que destes quatro, (PA), (PPY),

(PT), e (Pani), o Poliacetileno é o polímero que tem alcançado o maior valor de

condutividade. No entanto, a sua instabilidade térmica e a dificuldade de processabilidade

(devido à sua insolubilidade e infusibilidade), impedem-no de ser o mais utilizado. Assim,

qualquer um dos outros três polímeros condutores, embora com menor condutividade,

apresenta vantagens no que toca a estabilidade e facilidade de sintetização.

As aplicações que estes polímeros condutores podem ter são variadíssimas, mas não

são muito diferentes de composto para composto. Entre proteção de metais contra corrosão,

baterias, sensores e até mesmo células solares, as potencialidades dos polímeros

continuam a ser exploradas.

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Tabela 2: Características, aplicações e outras informações acerca dos principais polímeros condutores.

Características Aplicações Outras informações

Estrutura Estabilidade Condutividade Preço Toxicidade

Poliacetileno (PA)

Instabilidade térmica e ambiental

103 a 105 S/cm

Transístores, células solares, baterias, díodos.

-Possibilidade de ser reciclado várias vezes entre um estado oxidado condutor e um estado neutro isolante - Difícil sintetização (insolubilidade e infusibilidade)

Polianilina (Pani)

Estabilidade térmica e ambiental

10 a 103 S/cm Baixo custo

Baixa (em relação à anilina)

Revestimento de metais, baterias recarregáveis, biossensores, transístores

-Facilidade de sintetização -Facilidade de obtenção -Três estados de oxidação (cores diferentes)

Polipirrole (PPY)

Estabilidade térmica e ambiental

600 S/cm Baixo custo

Baixa

Proteção de metais (contra corrosão), baterias (de lítio, de gel), supercapacitores eletroquímicos, membranas, biossensores, sensores de gás, microatuadores, vidros eletrocrómicos e membranas funcionais

-Insolúvel e infusível -Facilidade de obtenção da pirrol -Simplicidade da síntese

Politiofeno (PT)

Estabilidade térmica e ambiental

200 S/cm

Transístores, dispositivos eletroluminescentes, células solares, díodos, baterias e sensores químicos, fibras, camadas condutoras

-Possibilidade de ser reciclado várias vezes entre um estado oxidado condutor e um estado neutro isolante -Facilidade de polimerização

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3. Propriedades do Polipirrole

O polipirrole tem atraído a atenção de pesquisadores uma vez que é um polímero condutor

com elevada condutividade, boas propriedades mecânicas, muito estável quimicamente e

possui uma síntese relativamente simples. É infusível e decompõe-se quando submetido a

temperaturas entre os 300 e os 350 °C. Outra vantagem é o facto de ser fácil de obter e ter

baixos custos. As suas propriedades redox, óticas e elétricas tornam o polipirrole um bom

candidato para diversas aplicações.

3. 1 Propriedades físicas

O Polipirrole não tem cor, é higroscópico, torna-se escuro quando entra em contacto com o

ar e por vezes chega até a formar uma resina escura. Pode conservar-se em vácuo. Possui

uma estrutura planar, pentagonal e é aromático. Os electrões π movem-se dentro do anel pelo

que se comporta como um hibrido de ressonância, estruturas 1-5. Estas estruturas,

representadas na Figura 2, fazem com que o composto possua uma elevada acidez e explicam

a característica aromática.

O polipirrole é solúvel em álcool,

benzeno e em éter etílico; é pouco

solúvel em água e em compostos

alcalinos aquosos.

3. 2 Condutividade

Os polímeros condutores são geralmente chamados de “metais sintéticos” por possuírem

propriedades elétricas, magnéticas e ópticas de metais e semicondutores. Têm na sua

constituição cadeias com ligações duplas de Carbono e os eletrões π podem facilmente ser

adicionados ou removidos para formar iões. O polímero isolante é transformado em polímero

condutor através da oxidação/redução da cadeia do polímero. Os aceitadores/doadores de

eletrões são chamados de “dopantes”. O polipirrole contem átomos de Azoto que contribuem

para a sua condutividade. Dados experimentais provam que a condutividade elétrica do

polipirrole sintetizado com dopantes é, em média, 1000 vezes maior do que a condutividade do

polipirrole sintetizado sem dopantes. Possui uma condutividade na ordem de 10 S.cm-1.

Figura 2: Estrutura planar e pentagonal do polipirrole.

12

Figura 3: Oxidação do pirrole para formar polipirrole.

4. Síntese do polipirrole

4.1 Química

O polipirrol pode ser sintetizado por uma técnica de polimerização oxidativa química

usando um monómero de pirrol. Numa síntese química temos uma substancia oxidada que,

neste caso é o pirrol e uma sustância reduzida que pode ser FeCl3 , Br2, I2, CuCl2. O FeCl3

aquoso ou anidrido bem como outros sais de Ferro (III) e Cobre (II) são muito usados como

oxidantes químicos.

A síntese química pode ocorrer por reacção de:

• Condensação – os grupos reativos em cada extremidade dos monómeros reagem um

com o outro. Ao contrário da polimerização de adição, quando os monómeros reagem um com

o outro ocorre a libertação de uma molécula de água ou ácido clorídrico (HCl) e

consequentemente uma mudança da fórmula empírica.

• Adição (em meios aquosos e orgânicos) – os mesmos monómeros insaturados reagem

formando um polímero com a praticamente mesma fórmula empírica - e tem sempre de ser em

meio que o polímero não se dissolva.

Em ambas as reações de polimerização é preciso ter atenção ao meio para que o polímero

não se dissolva.

Na oxidação do pirrol, ocorre a formação de um intermediário (catião radical) altamente

reativo formado pela presença de um número impar de eletrões e por uma carga positiva (A).

De seguida dá-se acoplamento de dois catiões radicais através da transferência de carga,

ocorre a eliminação de dois protões formando um dímero neutro que oxida mais facilmente (B –

Figura 3). Este elemento

neutro é convertido num catião

radical sucessivas vezes até

formar um oligómero

completando assim a formação

do polipirrole (C – Figura 3). O

Polipirrol quando oxidado

torna-se preto.

O rendimento e a

condutividade do PPy

produzidos são afetados por

uma variedade de fatores entre

os quais a escolha de

13

Figura 4: Mecanismo de reação

da eletropolimerização do pirrole.

solventes e oxidantes, razão inicial entre pirrol e oxidante, duração e temperatura.

A formação de peliculas e resistências noutro material continua a ser um problema. Este foi

parcialmente resolvido pela deposição do PPy de um gás com FeCl3 como oxidante. Este

método proporcionou uma possibilidade de produção de peliculas ou revestimentos de PPy

com altas propriedades mecânicas em qualquer substrato.

O método de polimerização oxidativa química constitui uma disposição de camada sobre

camada. Estes polímeros obtidos por síntese química tem uma estrutura mais estável e maior

grau de cristalinidade do que aqueles obtidos eletroquimicamente. A síntese química é também

mais utilizada industrialmente e mais vantajosa por possibilitar a produção de grandes

quantidades de material.

O polipirrol também pode ser produzido por síntese eletroquímica sendo que a diferença

entre ambas é que na síntese química a fonte de energia é a energia interna do oxidante e na

síntese eletroquímica a fonte de energia é a célula eletroquímica

4. 2 Eletroquímica

A polimerização eletroquímica constitui um modo versátil para a formação de peliculas de

polímeros condutores (PCs). Os polímeros condutores têm sido amplamente usados na

modificação de superfícies de elétrodos, pois as suas propriedades (área superficial, a

porosidade e a condutividade) podem ser controladas e funcionalizadas pelas condições

experimentais de síntese e dopagem.

Entre os monómeros mais usados

encontram-se a polianilina (PAni), o

polipirrolo (PPy) e o politiofeno (PT) e

seus derivados.

Descrição do processo:

O método de síntese eletroquímica

mais utilizado, cuja reacção está

representada na Figura 4, é a oxidação

anódica que ocorre com o auxílio de uma

célula eletroquímica clássica, sobre a

superfície de um ânodo imerso num meio

adequado onde se encontra dissolvido o

monómero.

14

A célula eletroquímica consiste num elétrodo de trabalho (o elétrodo onde a pelicula do

polímero vai ser depositado), um contra-elétrodo e um elétrodo de referência.

Estes são imersos em uma solução que contenha o monómero e o eletrólito/ânodo (os

aniões dopantes). Pela aplicação de uma diferença de potencial ou corrente, com intensidade

suficiente, dá-se a oxidação do monómero que se deposita em forma de pelicula.

Inicialmente ocorre a formação do catião radical a partir da oxidação do monómero. A

reação é de ordem zero indicando que este primeiro passo é precedido por uma etapa de

adsorção no potencial E1. Este estágio é seguido por uma reação química rápida de

acoplamento de dois catiões-radical para formar um dímero assistido pela presença de um

contra-íão. O dímero é, então, oxidado no potencial E2 dando origem a um novo catião radical.

Como E2 < E1, o crescimento ocorrerá pela formação de trímeros via processo ECE (reação

eletroquímica/química/eletroquímica), até alcançar um grau de polimerização alto o suficiente

para que a solubilidade diminua e o polímero precipite sobre o elétrodo.

A cadeia polimérica final apresenta unidades aromáticas ligadas principalmente pelas

posições 2 e 5 (acoplamento a-a‘), apresentando carga positiva distribuída por 3 a 4 anéis,

sendo esta contrabalançada pelos aniões do eletrólito que se incorporam à matriz polimérica.

Acredita-se que a cadeia de PPy seja linear, completamente planar, onde as moléculas de

pirrol estão orientadas alternadamente. A eletropolimerização do pirrol por oxidação anódica

pode ser realizada por polarização potenciostática, galvonostática ou potenciodinâmica:

A eletropolimerização por polarização potenciodinâmica é utilizada para sintetizar peliculas

finas, cujas características serão dependentes dos limites de potencial fixados. Esta técnica

possibilita o acompanhamento do processo de polimerização durante o crescimento da

película, no entanto, tem como desvantagem a presença de regiões de tempo morto onde a

polimerização não ocorre.

No modo galvanostático existe uma certa dificuldade na determinação da densidade de

corrente mais adequada ao processo de polimerização. A corrente que passa através da célula

deve ser escolhida de tal modo que o potencial sobre o ânodo não seja muito oxidante para

não sobre oxidar a pelicula produzida.

A polimerização potenciostática é a utilizada com mais frequência devido à facilidade na

escolha do potencial de oxidação. O potencial a ser escolhido não deve estar muito distante do

potencial de máxima intensidade de pico do monómero.

As propriedades eléctricas e mecânicas, bem como a morfologia das películas de polipirrol,

dependem das condições de síntese. As dimensões da película formada são limitadas pela

área geométrica do elétrodo e pela densidade de carga utilizada na síntese.

15

Figura 5: Processo de produção contínua de polipirrole. O ânodo tem a forma de um tambor rotativo e permite a remoção da pelicula da solução.

A preparação eletroquímica de películas de polipirrol

em larga escala foi desenvolvida pela BASF AG

(Ludwigshafen) através de dois métodos de produção

contínua usando-se elétrodos cilíndricos, conforme

esquema da Figura 5.

A síntese electroquímica possui a desvantagem de

ser produzida uma pequena quantidade de polímero, no

entanto é de grande interesse prático por ser uma técnica

de fácil controlo. É possível controlar as propriedades e a

espessura da pelicula produzida através da densidade de

corrente e/ou do tempo de síntese utilizados. Este método

facilita a separação do monómero, agente oxidante e

solvente, evitando assim a necessidade de uma etapa de purificação, normalmente

dispendiosa e de difícil execução. Quando o objetivo é a obtenção de eléctrodos modificados

com polímeros condutores, a obtenção eletroquímica oferece a vantagem do polímero já ser

obtido como pelicula aderida à superfície.

O polipirrole tem sido um dos polímeros condutores mais estudados devido às suas

características:

estabilidade química e térmica;

facilidade de preparação;

possibilidade de mudança das propriedades físicas e eletroquímicas do polímero por

derivatização, co-polimerização ou simplesmente pela mudança do contra-íão.

Os principais fatores que afetam a produção contínua são o tempo de residência no ânodo

ou a velocidade de rotação do elétrodo, a concentração do monómero, a concentração dos sais

eletrolíticos e a densidade de carga.

16

5. Aplicações

5. 1 Proteção dos metais contra a corrosão

A corrosão é um problema que afeta diariamente a nossa sociedade, causando a

degradação e a destruição de utensílios domésticos, aparelhos eletrónicos, automóveis, aviões

e pontes, entre outros, como podemos observar na Figura 6.

A corrosão é um permanente desafio do Homem, pois quanto mais a ciência cria e a

tecnologia avança, de novas formas ela está presente. Desta forma, o estudo da corrosão

constitui um assunto que consideramos de grande interesse na sociedade em geral e no ensino

da Química em particular.

Em termos gerais, a corrosão pode ser definida como um processo resultante da ação do

meio sobre um determinado material, causando a sua deterioração.

Cientificamente, o termo corrosão tem sido utilizado para designar o processo de destruição

total, parcial, superficial ou estrutural dos materiais por um ataque eletroquímico, químico ou

eletrolítico.

A corrosão é provocada por uma reação química, pelo que a velocidade com que decorre o

processo de corrosão vai depender da temperatura, concentração de reagentes e produtos,

para além de outros fatores, tais como esforços mecânicos e erosão.

Figura 6: Automóvel afetado pela corrosão.

17

Os materiais não metálicos, como cerâmicos e polímeros, podem sofrer ataques químicos

diretos, devido à ação de solventes ou outros agentes corrosivos. No entanto, a maioria dos

casos de corrosão deve-se ao ataque químico de metais por via electroquímica.

Um exemplo familiar de corrosão é a formação da ferrugem sobre o ferro, na presença de

água e oxigénio, esquematizado na Figura 7.

Figura 7 - Corrosão do Ferro.

Este fenómeno constitui um problema económico, devido aos elevados custos envolvidos.

Calcula-se que, em economias avançadas, os custos associados à prevenção e remediação

associados à corrosão corresponda a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Pensa-se

também que um quarto da produção mundial de aço é destruído pela corrosão.

Embora difícil de evitar, podem ser tomadas diversas medidas para prevenir ou atenuar a

corrosão de metais, proporcionando não apenas a redução de prejuízos financeiros, mas

evitando também a ocorrência de danos pessoais, patrimoniais e ambientais.

Os processos mais utilizados para a prevenção e controlo da corrosão são a proteção

catódica e anódica, os inibidores de corrosão e os revestimentos protetores.

A proteção catódica é a técnica que transforma a estrutura metálica que se deseja proteger

numa pilha artificial, evitando, assim, que a estrutura se deteriore. É graças à proteção catódica

que tubulações enterradas para o transporte de água, petróleo e gás, e grandes estruturas

portuárias e plataformas marítimas operem com segurança.

A proteção catódica de estruturas metálicas é baseada na injeção de corrente elétrica por

meio de duas técnicas: a proteção por ânodos galvânicos (espontânea) e a proteção por

corrente impressa (não-espontânea).

A Figura 8 mostra um exemplo de proteção catódica por ânodos de zinco, em navios, onde

há a formação de uma pilha na qual, em função de seu maior potencial de oxidação, o zinco

atua como ânodo e protege o ferro do casco do navio.

18

Figura 8 - Proteção catódica por ânodo de zinco em casco de navio: (a) vista inferior do navio em

dique seco; (b) fixação do ânodo de zinco no casco do navio.

A proteção anódica baseia-se na formação de uma película protetora nos materiais

metálicos por aplicação de corrente anódica externa, causando a passivação do metal. Apesar

de este método ser eficiente, apresenta aplicação restrita, pois necessita de condições

específicas.

Os inibidores de corrosão são substâncias inorgânicas ou orgânicas que, quando

adicionadas ao meio corrosivo, objetivam evitar, prevenir ou impedir o desenvolvimento das

reações de corrosão, sejam elas na fase gasosa, aquosa ou oleosa.

Os revestimentos protetores geralmente são aplicados sobre superfícies metálicas

formando uma barreira entre o metal e o meio corrosivo e, consequentemente, impedindo ou

minimizando o processo de corrosão.

Os revestimentos protetores têm sido bastante utilizados pela indústria na proteção à

corrosão, devido à grande diversidade de materiais que podem ser empregues no recobrimento

de metais e pela facilidade de aplicação nos mesmos. Por exemplo, as tintas, como as

epoxídicas e o zarcão, são revestimentos muito utilizados na proteção de tubulações

industriais, grades e portões. A galvanização, método que consiste na sobreposição de um

metal menos nobre sobre o metal que será protegido, é também uma técnica muito usada,

como no caso de parafusos de ferro galvanizados com zinco.

No entanto, apesar do excelente desempenho destes revestimentos na proteção de

substratos metálicos, as restrições à sua utilização têm vindo a aumentar devido ao uso

crescente de compostos de Crómio, que podem ser tóxicos e cancerígenos.

Nas últimas décadas, com o intuito de evitar ou minimizar os inconvenientes causados

pelos processos corrosivos, têm sido desenvolvidos e estudados novos materiais mais

resistentes e duradouros, como ligas metálicas, Polímeros Condutores (PC) e cerâmicas.

Grandes indústrias em todo o mundo têm investido em pesquisas e busca de soluções

combinatórias que ao mesmo tempo sejam mais eficazes e menos dispendiosas.

O uso de PC como recobrimento protetor à corrosão de substratos metálicos é apontado,

por muitos pesquisadores, como uma alternativa viável à substituição dos revestimentos de

Cromo.

O Polipirrole (PPy), ilustrado na Figura 9, apresenta-se como um dos mais promissores

desses Polímeros, devido à sua alta condutividade, estabilidade química, possibilidade de

19

mudança das propriedades físicas e eletroquímicas e facilidade de síntese em meio aquoso.

Trata-se de um tipo de polímero orgânico formado a partir da polimerização do pirrole.

Figura 9 - Molécula de Polipirrole.

Estudos científicos comprovam que o PPy poderá ser utilizado, com resultados positivos,

como revestimento anticorrosivo, uma vez que funciona como uma barreira contra a penetração

de oxidantes e alguns aniões negativos (como por exemplo, o Cl-), protegendo os metais, como

é o caso do alumínio.

Em experiências realizadas, a electrodeposição do PPy sobre alumínio em soluções de

ácido fosfórico foi obtida através de técnicas potenciodinâmicas, potenciostáticas e

galvanostáticas. O comportamento do alumínio revestido com PPy em meio de cloreto de sódio

foi investigado através do potencial de circuito aberto e espectroscopia de impedância

eletroquímica. Os resultados mostraram que a proteção contra a corrosão do Al está

estritamente dependente da espessura e do estado de superoxidação do PPy, sendo que é

mais efetiva com uma película mais espessa.

5. 2 Baterias

Um dos desafios mais importantes do Homem na procura de energia é o desenvolvimento

de dispositivos de armazenamento que permitam disponibilizar eletricidade por maiores

períodos de tempo com a melhor resposta energética possível.

Atualmente, as pilhas alcalinas e as baterias de iões lítio são as fontes de energia mais

utilizadas. No entanto, face às grandes necessidades energéticas da sociedade atual, tanto as

baterias como as pilhas começam a revelar-se fontes energéticas insuficientes, regidas por

processos cineticamente lentos e, portanto, inapropriadas para aplicações que requerem altas

densidades energéticas. É neste contexto que os PC adquirem uma grande importância a nível

20

energético, uma vez que podem ser utilizados no fabrico de baterias mais eficientes do que as

que são utilizadas hoje em dia.

De entre os PC, o PPy é considerado um material promissor para baterias de lítio

recarregáveis. De facto, os elétrodos de PPy apresentam diversas vantagens, das quais se

destacam o seu reduzido peso combinado com a capacidade de armazenamento de alta

energia e a possibilidade de os fabricar e usar na forma de peliculas finas.

A Tabela 3 resume alguns parâmetros de baterias de lítio associadas ao PPy e, como uma

referência, também, as propriedades das baterias de chumbo, níquel e cádmio.

Tabela 3: Comparação das características de algumas baterias eletroquímicas.

Battery U

/V

W

/W/Kg

Q

/A h/Kg

E

/W h/Kg

PAc/PC,

LiClO4/Li 3.5 3.7 105 80

PAc/PC,

LiClO4/PAc 3.0 1.1 85 50

PPh/PC,

LiClO4/Li 4.4 7.0 - 80

PPy/PC,

LiClO4/Li 3.2 2.8 85 55

PTh/PC,

LiClO4/Li 3.4 2.5 75 50

PAni/PC,

LiClO4/Li 3.3 0.4 - 60

Lead 2.1 1.2 - 40

Nickel±cadmi

um 1.35 - - 35

Nota: PAc - (Poliacetileno); PPh - (Polifenileno); PPy – (Polipirrole); PTh - (Politiofeno), PAni - (polianilina); PC - (Carbonato de

propileno).

A comparação de capacidade de armazenamento de energia mostra que as baterias de lítio

associadas a PC são superiores. Além disso, durante a descarga da bateria, os polímeros não

se dissolvem e isso elimina o problema das mudanças na forma dos elétrodos nos ciclos de

solução-deposição.

A descarga que normalmente destrói as baterias convencionais não é perigosa em casos

de revestimentos com PC. No entanto, existem alguns problemas associados ao uso de PC em

21

baterias. Em primeiro lugar, no curso de carga-descarga, os iões mais volumosos e entram e

saem da película de polímero, dando origem a tensões mecânicas, o que levanta o problema

da integridade mecânica dos elétrodos poliméricos durante a sua vida operacional. Por outro

lado, o uso de um elétrodo de lítio exige um elevado grau de pureza do eletrólito e uma perfeita

vedação da bateria, de forma a nele evitar a penetração de água ou oxigénio.

As pilhas alcalinas são essenciais para a nossa economia digital, mas representam uma

fonte ineficiente e envelhecimento da energia. Por isso, pesquisadores da Universidade de

Brown desenvolveram um protótipo de bateria de plástico (Figura 10) que combina a proeza de

armazenamento de capacitores com o poder de pilhas alcalinas.

Figura 10 - Baterias de Plástico 100 vezes mais potentes que as alcalinas.

As baterias são baseadas num composto plástico, o PPy, o qual tem propriedades

condutoras semelhantes para os metais.

Os cientistas cobriram duas tiras de plástico revestido de ouro com PPy e revestiram cada

uma com uma substância química diferente, que altera as propriedades condutoras do PPy. As

tiras foram, em seguida, divididas por uma membrana semelhante ao papel para evitar um

curto-circuito, o que resulta em um híbrido de bateria/condensador, que tem as melhores

propriedades de cada uma das tecnologias.

Os investigadores concluíram que as baterias podem ser carregadas e descarregadas mais

rapidamente como um condensador, mas também podem proporcionar a carga ao longo de um

período prolongado de tempo, como uma bateria. Nos testes realizados, as baterias de PPy

demonstraram o dobro do armazenamento de um capacitor de dupla camada elétrica e mais de

100 vezes a potência de uma bateria alcalina padrão. Além disso, as novas baterias de plástico

são quase tão grossas quanto um pedaço de papel, o que proporciona uma grande flexibilidade

para futuras implementações.

22

5. 3 Catálise

Os materiais de carbono são o suporte de catalisadores mais utilizados nas células de

combustível de baixa temperatura. No entanto, várias desvantagens limitam o desempenho

destes suportes de catalisador, levando à redução da eficiência e durabilidade da célula de

combustível, à baixa resistência, à corrosão em altos potenciais, impermeabilidade a gases e

líquidos e baixa condutividade. Desta forma, o desenvolvimento de novos suportes ou materiais

de carbono modificado, como mostra a figura em baixo, é essencial para a comercialização da

tecnologia de célula de combustível de baixa temperatura.

Devido às características únicas do PPy, este tem sido considerado a mais promissora

alternativa ao carbono em células de combustível. De facto, o PPy pode ser utilizado como

catalisador do ânodo ou cátodo para células de combustível a baixas temperaturas.

Figura 11 - Polimerização.

Metais suportados são tradicionalmente preparados impregnando um material de suporte

com uma solução de metal precursor, seguido de redução do hidrogénio a temperaturas

elevadas. Em estudo realizado, considerou-se um suporte polimérico. O PPy tem sido

sintetizado quimicamente usando FeCl3 como um agente de doping, e tem sido impregnado

com uma solução de ácido cloroplatínico (H2PtCl6) para preparar um precursor do catalisador.

A estabilidade térmica restrita do PPy não permite a tradicional redução do hidrogénio a

temperaturas elevadas e a redução química sob condições suaves usando o borohidreto de

sódio implica preocupações ambientais.

Portanto, plasma de radiofrequência (RF) frio tem sido considerado uma alternativa

ambientalmente favorável. O plasma de ar leva a uma redução mais eficaz dos iões platina no

complexo cloroplatínico fixada na cadeia de PPy após a redução com borohidreto de sódio,

como tem sido evidenciado por Espectroscopia Eletrónica de Raios-X (XPS).

23

O aumento da potência de RF reforça a eficácia do tratamento de plasma a Árgon (Ar).

Uma distribuição homogénea das nanopartículas de platina foi observada pelo microscópio

eletrónico de transmissão (TEM) após o tratamento de redução com plasma. O catalisador de

Pt/PPy reduzido por plasma de Ar em 200 watts, como exemplifica a figura, catalisou

eficientemente a redução aquosa de nitratos com H2 para produzir N2, com uma muito baixa

seletividade para nitritos indesejados e subprodutos de amónio.

Figura 12 - Redução por plasma de Ar.

Nano esferas de PPy sintetizadas usando o método de ultrassons foram sulfonadas com

um concentrado de H2SO4 a diferentes temperaturas. O desempenho catalítico das nano

esferas de PPy sulfonadas na esterificação de metanol com ácido acético foi avaliada e

comparada com as nano esferas de PPy sulfonadas e carbonizadas, cujo processo de

obtenção é demonstrado na Figura 13. A superfície química e a estrutura das amostras foram

investigadas usando Difração de raios-X, Espectroscopia de fotoeletrões de raios-X,

Transformada de Fourier espectrometria de infravermelhos, Termo gravimetria, adsorção de

nitrogénio e técnicas de análise elementar.

A morfologia das amostras foi caracterizada com microscopia eletrónica de scanner e

microscopia eletrónica de transmissão. Os resultados mostraram que as temperaturas de

carbonização e sulfonação são favoráveis para melhorar a atividade catalítica e reciclabilidade

do ácido sólido catalisador.

Figura 13 - Sulfonação (a) e carbonização (b e c) de nano esferas de PPy.

24

5. 4 Sensores

Um sensor pode ser definido como um dispositivo que transforma um certo tipo de

informação num sinal mensurável. Esta informação pode ter origem de uma reação química ou

da alteração de uma propriedade física do sistema em questão.

A conceção do sinal dá-se quando a camada senso-ativa do sensor interage com as

moléculas do analito criando assim alterações nas suas propriedades elétricas e óticas e

resultando, assim, uma resposta enviada pelo sensor.

Os sensores podem ser usados como instrumentos para classificar e quantificar um grande

número de substâncias químicas e biológicas utilizadas no controlo da qualidade de alimentos

e bebidas, na indústria farmacêutica, no diagnóstico clínico e entre outros.

No caso dos polimeros condurores, a sua aplicação em sensores tem crescido visivelmente

nos últimos anos. Este tipo de sensores apresenta vantagens na medida em que existe um

grande número de polímeros que podem ser utilizados, o seu custo é relativamente baixo

assim como o custo das técnicas usadas para a obtenção do sinal elétrico, os sensores

produzidos conseguem ser muito precisos (devido ao uso de polímeros com reconhecimento

molecular) e atuam quase instantaneamente.

A polipirrole é um dos polímeros condutores mais usados nos sensores bio analíticos,

sendo que a sua dopagem ou modificação (covalente ou não covalente) por bio nanomateriais

apresenta propriedades catalíticas que podem ser facilmente aplicadas na conceção de bio-

sensores.

5. 5 Membranas

Ultimamente os polímeros condutores têm sido utilizados na produção de membranas e

películas. Dentro destes materiais dá-se especial destaque à polianilina pela sua elevada

estabilidade química, fácil polimerização e baixo custo.

Quanto ao caso da polipirrole foi provado, em 1984, que era possível a sua aplicação como

membrana que atua como reservatório e que liberta drogas iónicas a velocidade controlada.

Este processo pode ser ativado química ou eletroquimicamente.

25

6. Conclusões

Como os materiais constituem o suporte físico, e muitas vezes também funcional, de todos

os objetos, estruturas e sistemas que utilizamos nas mais diversas vertentes da nossa vida

quotidiana, a capacidade para selecionar, fabricar, e utilizar materiais tem estado sempre no

caminho crítico das respostas a muitos dos desafios determinantes na evolução da

Humanidade. É aqui que se destacam os Polímeros Condutores, principalmente pelo seu

potencial em diferentes aplicações tecnológicas.

No entanto, como qualquer descoberta recente, estes materiais ainda trazem associadas

algumas desvantagens, que, contudo, começam a ser superadas com o desenvolvimento cada

vez mais acentuado da sua pesquisa.

É pois evidente que neste trabalho pretendemos evidenciar que o balanço entre vantagens

e desvantagens começa a pender claramente para o lado das primeiras, o que permite afirmar

que o futuro da indústria, bem como de outras áreas, passará impreterivelmente pelos

polímeros condutores.

Além dos contributos referidos sobre o PPy, a área para aplicações deste PC ainda se

encontra inteiramente em aberto e no futuro próximo poderão surgir novas e importantes

aplicações tecnológicas que ainda não foram equacionadas.

26

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