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DIREITOS HUMANOS Prof. Mateus Silveira POLÍCIA CIVIL | RS DELEGADO DE POLÍCIA

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DIREITOS HUMANOS Prof. Mateus Silveira

POLÍCIA CIVIL | RSD E L E G A D O D E P O L Í C I A

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Prof. Mateus Silveira

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Direitos Humanos

Prof. Mateus Silveira

POLÍCIA CIVIL | RS Delegado de Polícia

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Edital

DIREITOS HUMANOS: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Proclamada pela Resolução nº 217A (111) da Assembléia Geral das Nações Unidas, de I0 de dezembro de 1948. Direitos humanos e seus tra-tados internacionais protetivos. Constituição da República Federativa do Brasil -1998. Cap. l -dos direitos e deveres individuais e coletivos (Art. 5")

BANCA: ACADEPOL / IBDRH

CARGO: Delegado de Polícia

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DIREITOS HUMANOS

MATERIAL – POLÍCIA CIVIL

Link utilizado para ver o vídeo “O que são Direitos Humanos?”:

http://br.humanrights.com/#/what-are-human-rights

Unidos pelos Direitos Humanos é uma organização internacional, sem fins lucrativos dedicada à implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem a nível local, regional, nacional e internacional. É composta por indivíduos, educadores e grupos em todo o mundo que estão ativamente a transmitir o conhecimento e a proteção dos direitos humanos por e para toda a Humanidade.

Link do you tube no canal Casa do Saber:

https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ

DIREITOS HUMANOS

Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacio-nais de direitos humanos.

Conjunto de direitos considerado indispensável para vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade.

“Dá-se o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogati-vas que tem o indivíduo em face do Estado.”

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos;

UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a re-ligião ou opção sexual;

TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano;

INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser pos-sível se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais).

INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoria-mente pelo anterior de outra geração/dimensão.

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INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece;

IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo.

Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos humanos.

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR. TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – ART. 1º DECRETO 20.910/1932. IMPRESCRITIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL Nº 1.165.986 – SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX – Julgado em 16/11/2010.

INDIVIDUALIDADE: podem ser exercidos por apenas um indivíduo;

COMPLEMENTARIEDADE: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não ha-vendo hierarquia entre eles;

INVIOLABILIDADE: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou auto-ridade;

IRRENUNCIABILIDADE: são irrenunciáveis estes direitos.

INTERRELACIONARIEDADE: os direitos humanos e os sistemas de proteção se inter-relacionam, possibilitando às pessoas escolher entre o mecanismo de proteção global ou regional não ha-vendo hierarquia entre eles;

HISTORICIDADE: estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano;

VEDAÇÃO DO RETROCESSO OU DO REGRESSO: uma vez estabelecidos os direitos humanos, não se admite o retrocesso visando sua limitação ou diminuição.

PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA: na solução de um caso concreto deve prevalecer a norma mais benéfica para a vítima da violação dos direitos humanos.

Das categorias e Gerações de Direitos Humanos

As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberda-de, Igualdade e Fraternidade.

LIBERDADE: protege os direitos civis e políticos individuais (liberdade, vida e segurança);

IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas;

FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos di-fusos como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento.

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Dimensão ou Geração de Direitos Humanos

1º Dimensão ou Geração:Direitos das Liberdades;

Civis e Políticos.Vida, liberdade, segurança e propriedade.

2º Dimensão ou Geração: Direitos da Igualdade;

Direitos Sociais e Econômicos.

Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde, educação e habitação.

3º Dimensão ou Geração: Fraternidade dos povos;

Transindividuais/difusos/coletivos

Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural, defesa do consumidor.

Os Sistemas de Direitos Humanos

Sistema Universal Sistemas Regionais Sistema Nacional

1945 – Carta das Nações (ONU)

1948 – Declaração Universal dos Direito Humanos (DUDH)

1966 – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP)

1966 – Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc)

Sistema Regional Europeu

Sistema Regional Americano

(OEA – Pacto de San Jose da Costa Rica)

Sistema Africano

Sistema Árabe-asiático

Constituições de cada país.

Sistemas Regionais de Direitos Humanos

Sistema Europeu

Sistema Americano

Sistema Africano

Sistema Árabe-asiático

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Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos

Tema:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

A DUDH é o 1º documento universal elabo-rado pela ONU. É composta de um preâm-bulo e 30 artigos.

Trata-se de uma recomendação do Conse-lho Econômico e Social da ONU, feita pela Comissão de DH à Assembleia Geral da ONU que efetuou uma resolução recomendando o texto aos seus membros. No entanto o seu alcance é de norma jus cogens (norma imperativa aceita por todos as nações).

Foi adotada e proclamada pele Res. 217-A da III Assembleia Geral em 10/12/1948.

O Preâmbulo reconhece a DIGNIDADE DA PESSOA como núcleo da DUDH.

A DUDH surge como exigência moral da hu-manidade para impedir que os atos bárba-ros cometidos nas duas guerras mundiais não se repitam mais.

Por não possuir status de tratado interna-cional, após a promulgação da DUDH, ini-ciou-se o árduo trabalho de juridicizar os direitos humanos na esfera internacional.

A estrutura da DUDH se baseia no Código de Napoleão, em que há um preâmbulo e princípios gerais introdutórios. Os arts. 1º e 2º inserem as ideias mestras da declara-ção, com referência aos princípios da digni-dade, liberdade, igualdade e fraternidade.

Na mesma senda podemos dividir a DUDH em 4 partes:

1º parte: arts. 3 ao 11, que referem-se aos direitos individuais;

2º parte: arts. 12 ao 17, referem-se aos direi-tos do indivíduo e de participação política;

3º parte: arts. 18 a 21, refere-se às liberda-des políticas, públicas e religiosas, como li-berdade de associação;

4º parte: arts. 22 a 27, refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais.

Os arts. 28, 29 e 30 servem como um fe-chamento que dá sistematicidade e força a DUDH, declarando o dever do indivíduo pe-rante a sociedade e a proibição do uso dos direitos contra os fins das Nações Unidas.

A DUDH nos seus artigos traz proteções aos direitos humanos de 1º e 2º dimensão, ou seja, direitos de liberdade e igualdade.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Introdução dos direitos e menção às três dimensões dos direitos humanos.

Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo 2º

I) Todo o homem tem capacidade para go-zar os direitos e as liberdades estabele-cidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, rique-za, nascimento, ou qualquer outra condi-ção.

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II) Não será também feita nenhuma distin-ção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem go-verno próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Os dois artigos anteriores consagram o Di-reito a Igualdade e a Vedação à Discrimina-ção.

Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à li-berdade e à segurança pessoal.

DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS (Art. 1 ao Art. 3)

Direito a Igualdade;

Direito à Vida;

Direito à Liberdade;

Direito à Segurança;

Direito à Propriedade. (Art. 17 da DUDH);

Da Vedação à escravidão e à tortura, tratamento ou castigo cruel , desuma-no ou degradante.

Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Princípio da Igualdade formal (igualdade perante ou frente a lei)

Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa pe-rante a lei.

Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual prote-ção da lei. Todos tem direito a igual proteção

contra qualquer discriminação que viole a pre-sente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Garantias Processuais

Este artigo regula o devido processo legal e o acesso a remédios que garantam o respei-to e a aplicação dos direitos humanos.

Artigo 8º Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remé-dio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Princípio da Igualdade no Processo, da Atuação Imparcial do Julgador e da Publicidade dos Atos Processuais

Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por par-te de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do funda-mento de qualquer acusação criminal contra ele.

Princípio da Presunção da Inocência e da Irretroatividade da Lei Penal

Artigo 11.

1. Todo ser humano acusado de um ato de-lituoso tem o direito de ser presumido ino-cente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qual-quer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito na-cional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

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GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH:

Devido processo legal;

Vedação à prisão, detenção e exílio arbitrá-rios;

Igualdade no processo;

Imparcialidade do julgador;

Publicidade dos atos processuais;

Princípio da presunção da inocência;

Princípio da irretroatividade da lei penal.

Direito à intimidade e à vida privada e à inviolabilidade domiciliar

Artigo 12

Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interfe-rências ou ataques.

Direito de Ir e Vir

Artigo 13

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das frontei-ras de cada Estado.

2. Toda pessoa tem o direito de deixar qual-quer país, inclusive o próprio, e a este re-gressar.

• Direito de transitar pelo país;

• Direito de deixar o país livremente;

• Direito de regressar ao país quando desejar.

Direito de Asilo

Artigo 14.

1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em ou-tros países.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motiva-da por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Na-ções Unidas.

Atenção – Não poderá ser invocado o Direito de Asilo quando:

Crimes de direito comum;

Atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Direito de Nacionalidade

Artigo 15.

1. Todo ser humano tem direito a uma na-cionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mu-dar de nacionalidade.

Direito de Constituir Família

Artigo 16

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionali-dade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

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Direito de Propriedade

Artigo 17.

1. Todo ser humano tem direito à proprie-dade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Direito à liberdade de expressão, pen-samento, religião e opinião.

Artigo 18. Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19. Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Direito de reunião e associação

Artigo 20

I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Direitos Políticos e Direito à proteção do Estado

Artigo 21

1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autori-dade do governo; esta vontade será expres-sa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro-cesso equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realiza-ção, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organiza-ção e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensá-veis à sua dignidade e ao livre desenvolvi-mento da sua personalidade.

Direitos Trabalhistas

Artigo 23.

1. Todo ser humano tem direito ao traba-lho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distin-ção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalhe tem direi-to a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne-cessário, outros meios de proteção social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24

Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

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Direitos Trabalhistas Previstos na DUDH:

Direito ao trabalho (emprego);

Liberdade de escolha de emprego;

Condições justas e favoráveis de trabalho;

Proteção contra o desemprego;

Igualdade de remuneração para igual traba-lho;

Direito a remuneração justa e satisfatória;

Liberdade de associação em sindicatos;

Direito à repouso e lazer;

Direito à jornada limitada;

Direito a férias.

Direitos Sociais: Vida digna, proteção a maternidade e a infância.

Artigo 25

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matri-mônio, gozarão da mesma proteção social.

DIREITO À EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO

Artigo 26.

1. Todo ser humano tem direito à instru-ção. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins-

trução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en-tre todas as nações e grupos raciais ou re-ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-ções Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na esco-lha do gênero de instrução que será minis-trada a seus filhos.

QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO:

GRAU ELEMENTAR – Gratuita – Obrigatória;

GRAU FUNDAMENTAL – Gratuita;

GRAU TÉCNICO PROFISSIONAL – Acessível a todos – Mérito.

Direitos Culturais

Artigo 27

1. Toda pessoa tem o direito de participar li-vremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberda-des estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

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Artigo 29

1. Toda pessoa tem deveres para com a co-munidade, em que o livre e pleno desenvol-vimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limita-ções determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconheci-mento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên-cias da moral, da ordem pública e do bem--estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contra-riamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Direitos Sociais na DUDH:

• Direito do Trabalho;

• Direito de uma garantia de vida social-mente digna;

• Proteção à maternidade e infância;

• Direito à instrução;

• Direito de participação dos bens cultu-rais.

Interpretação ampla e integradora da DUDH

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Decla-ração pode ser interpretada como o reco-nhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ati-vidade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liber-dades aqui estabelecidos.

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PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

Decreto nº 592, de 6 de Julho de 1992.

Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Promulgação.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos foi adotado pela XXI Sessão da Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966;

Considerando que o Congresso Nacional apro-vou o texto do referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo n° 226, de 12 de dezembro de 1991;

Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos foi depositada em 24 de janeiro de 1992;

Considerando que o pacto ora promulgado en-trou em vigor, para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 49, § 2°;

DECRETA:

Art. 1º O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, apenso por cópia ao presente Decre-to, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍ-TICOS/MRE

PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

PREÂMBULO

Os Estados Partes do presente Pacto,

Considerando que, em conformidade com os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade ine-rente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa humana,

Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, no gozo das liber-dades civis e políticas e liberto do temor e da miséria, não pode ser realizado e menos que se criem às condições que permitam a cada um go-zar de seus direitos civis e políticos, assim como de seus direitos econômicos, sociais e culturais,

Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das li-berdades do homem,

Compreendendo que o indivíduo, por ter deve-res para com seus semelhantes e para com a co-letividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reconhecidos no presente Pacto,

Acordam o seguinte:

PARTE I

Artigo 1º

1. Todos os povos têm direito à autodeter-minação. Em virtude desse direito, deter-minam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.

2. Para a consecução de seus objetivos, to-dos os povos podem dispor livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes

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da cooperação econômica internacional, baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional. Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência.

3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que tenham a responsa-bilidade de administrar territórios não-au-tônomos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direito à autode-terminação e respeitar esse direito, em con-formidade com as disposições da Carta das Nações Unidas.

PARTE II

Artigo 2º

1. Os Estados Partes do presente pacto com-prometem-se a respeitar e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu territó-rio e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo. língua, religião, opinião po-lítica ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição.

2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a tornar efe-tivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a tomar as providências necessárias com vistas a adotá-las, levando em consideração seus respectivos procedi-mentos constitucionais e as disposições do presente Pacto.

3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a:

a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no presente Pacto tenham sido violados, possa de um recurso efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetra por pessoas que agiam no exercí-cio de funções oficiais;

b) Garantir que toda pessoa que interpu-ser tal recurso terá seu direito determinado pela competente autoridade judicial, admi-nistrativa ou legislativa ou por qualquer ou-tra autoridade competente prevista no or-denamento jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as possibilidades de recurso judicial;

c) Garantir o cumprimento, pelas autorida-des competentes, de qualquer decisão que julgar procedente tal recurso.

Artigo 3º

Os Estados Partes no presente Pacto compro-metem-se a assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis e políticos enunciados no presente Pacto.

Artigo 4º

1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas oficialmente, os Estados Partes do presen-te Pacto podem adotar, na estrita medida exigida pela situação, medidas que suspen-dam as obrigações decorrentes do presente Pacto, desde que tais medidas não sejam in-compatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito Internacio-nal e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.

2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão dos artigos 6, 7, 8 (pa-rágrafos 1 e 2) 11, 15, 16, e 18.

3. Os Estados Partes do presente Pacto que fizerem uso do direito de suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Esta-dos Partes do presente Pacto, por intermé-dio do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, as disposições que tenham suspendido, bem como os motivos de tal suspensão. Os Estados partes deverão fa-zer uma nova comunicação, igualmente por intermédio do Secretário-Geral da Organi-zação das Nações Unidas, na data em que terminar tal suspensão.

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Artigo 5º

1. Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpretada no sentido de re-conhecer a um Estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direitos ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limitações mais amplas do que aquelas nele previstas.

2. Não se admitirá qualquer restrição ou sus-pensão dos direitos humanos fundamentais reconhecidos ou vigentes em qualquer Es-tado Parte do presente Pacto em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau.

PARTE III

Artigo 6º

1. O direito à vida é inerente à pessoa hu-mana. Esse direito deverá ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamen-te privado de sua vida.

2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá ser impos-ta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em conflito com as disposições do presente Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida por tribu-nal competente.

3. Quando a privação da vida constituir cri-me de genocídio, entende-se que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte do presente Pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de qualquer das obrigações que tenham as-sumido em virtude das disposições da Con-venção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.

4. Qualquer condenado à morte terá o direi-to de pedir indulto ou comutação da pena. A anistia, o indulto ou a comutação da pena poderá ser concedido em todos os casos.

5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulhe-res em estado de gravidez.

6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente Pacto.

Artigo 7º

Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, subme-ter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médias ou cientificas.

Artigo 8º

1. Ninguém poderá ser submetido á escra-vidão; a escravidão e o tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.

2. Ninguém poderá ser submetido à servi-dão.

3. a) Ninguém poderá ser obrigado a execu-tar trabalhos forçados ou obrigatórios;

b) A alínea a) do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido de proi-bir, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, imposta por um tribunal compe-tente;

c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos forçados ou obrigatórios":

i) qualquer trabalho ou serviço, não previs-to na alínea b) normalmente exigido de um individuo que tenha sido encarcerado em cumprimento de decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em liberdade condicional;

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ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a isenção por mo-tivo de consciência, qualquer serviço nacio-nal que a lei venha a exigir daqueles que se oponham ao serviço militar por motivo de consciência;

iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que amea-cem o bem-estar da comunidade;

iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.

Artigo 9º

1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos.

2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e notifica-da, sem demora, das acusações formuladas contra ela.

3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não de-verá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execu-ção da sentença.

4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou encarceramento terá o direito de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a legislação de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha sido ilegal.

5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou en-carceramento ilegais terá direito à reparti-ção.

Artigo 10.

1. Toda pessoa privada de sua liberdade de-verá ser tratada com humanidade e respei-to à dignidade inerente à pessoa humana.

2. a) As pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstâncias excep-cionais, das pessoas condenadas e receber tratamento distinto, condizente com sua condição de pessoa não-condenada.

b) As pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das adultas e julgadas o mais rápido possível.

3. O regime penitenciário consistirá num tratamento cujo objetivo principal seja a reforma e a reabilitação normal dos prisio-neiros. Os delinqüentes juvenis deverão ser separados dos adultos e receber tratamen-to condizente com sua idade e condição ju-rídica.

Artigo 11.

Ninguém poderá ser preso apenas por não po-der cumprir com uma obrigação contratual.

Artigo 12.

1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o direito de nele livremente circular e escolher sua resi-dência.

2. Toda pessoa terá o direito de sair livre-mente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.

3. os direitos supracitados não poderão em lei e no intuito de restrições, a menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros direi-tos reconhecidos no presente Pacto.

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4. Ninguém poderá ser privado arbitraria-mente do direito de entrar em seu próprio país.

Artigo 13.

Um estrangeiro que se ache legalmente no ter-ritório de um Estado Parte do presente Pacto só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei e, a menos que razões imperativas de segurança nacional a isso se oponham, terá a possibilida-de de expor as razões que militem contra sua expulsão e de ter seu caso reexaminado pelas autoridades competentes, ou por uma ou varias pessoas especialmente designadas pelas referi-das autoridades, e de fazer-se representar com esse objetivo.

Artigo 14.

1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um tribunal com-petente, independente e imparcial, estabele-cido por lei, na apuração de qualquer acusa-ção de caráter penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obriga-ções de caráter civil. A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse da vida privada das Partes o exija, que na medida em que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o inte-resse de menores exija procedimento opos-to, ou processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou à tutela de menores.

2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência en-quanto não for legalmente comprovada sua culpa.

3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo me-nos, as seguintes garantias:

a) De ser informado, sem demora, numa lín-gua que compreenda e de forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusão contra ela formulada;

b) De dispor do tempo e dos meios necessá-rios à preparação de sua defesa e a comuni-car-se com defensor de sua escolha;

c) De ser julgado sem dilações indevidas;

d) De estar presente no julgamento e de de-fender-se pessoalmente ou por intermédio de defensor de sua escolha; de ser informa-do, caso não tenha defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interes-se da justiça assim exija, de ter um defensor designado ex-offício gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo;

e) De interrogar ou fazer interrogar as teste-munhas de acusão e de obter o compareci-mento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições de que dispõem as de acusação;

f) De ser assistida gratuitamente por um in-térprete, caso não compreenda ou não fale a língua empregada durante o julgamento;

g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.

4. O processo aplicável a jovens que não se-jam maiores nos termos da legislação penal em conta a idade dos menos e a importân-cia de promover sua reintegração social.

5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá direito de recorrer da sentença condenatória e da pena a uma instância su-perior, em conformidade com a lei.

6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente anulada ou se um indulto for concedido, pela ocorrên-cia ou descoberta de fatos novos que pro-vem cabalmente a existência de erro judi-

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cial, a pessoa que sofreu a pena decorrente desse condenação deverá ser indenizada, de acordo com a lei, a menos que fique pro-vado que se lhe pode imputar, total ou par-cialmente, a não revelação dos fatos desco-nhecidos em tempo útil.

7. Ninguém poderá ser processado ou puni-do por um delito pelo qual já foi absorvido ou condenado por sentença passada em jul-gado, em conformidade com a lei e os pro-cedimentos penais de cada país.

Artigo 15.

1. Ninguém poderá ser condenado por atos omissões que não constituam delito de acordo com o direito nacional ou interna-cional, no momento em que foram cometi-dos. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpe-trado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinqüente deverá dela beneficiar-se.

2. Nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a condenação de qualquer individuo por atos ou omissões que, momento em que forma cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os princípios gerais de direito reconhe-cidos pela comunidade das nações.

Artigo 16.

Toda pessoa terá direito, em qualquer lugar, ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.

Artigo 17.

1. Ninguém poderá ser objetivo de ingerên-cias arbitrárias ou ilegais em sua vida priva-da, em sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ile-gais às suas honra e reputação.

2. Toda pessoa terá direito à proteção da lei contra essas ingerências ou ofensas.

Artigo 18.

1. Toda pessoa terá direito a liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua reli-gião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.

2. Ninguém poderá ser submetido a medi-das coercitivas que possam restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua escolha.

3. A liberdade de manifestar a própria re-ligião ou crença estará sujeita apenas à li-mitações previstas em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

4. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade dos países e, quando for o caso, dos tuto-res legais de assegurar a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias convicções.

Artigo 19.

1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.

2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, independen-temente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em forma im-pressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.

3. O exercício do direito previsto no pará-grafo 2 do presente artigo implicará deveres e responsabilidades especiais. Conseqüen-temente, poderá estar sujeito a certas res-trições, que devem, entretanto, ser expres-samente previstas em lei e que se façam necessárias para:

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a) assegurar o respeito dos direitos e da re-putação das demais pessoas;

b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral públicas.

Artigo 20.

1. Será proibida por lei qualquer propagan-da em favor da guerra.

2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou a violência.

Artigo 21.

O direito de reunião pacifica será reconhecido. O exercício desse direito estará sujeito apenas às res-trições previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da se-gurança nacional, da segurança ou da ordem públi-ca, ou para proteger a saúde ou a moral pública ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.

Artigo 22.

1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus interesses.

2. O exercício desse direito estará sujeito ape-nas ás restrições previstas em lei e que se fa-çam necessárias, em uma sociedade demo-crática, no interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício desse direito por membros das forças armadas e da polícia.

3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes da Con-venção de 1948 da Organização Internacio-nal do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam ou aplicar a lei de maneira a restringir as ga-rantias previstas na referida Convenção.

Artigo 23.

1. A família é o elemento natural e funda-mental da sociedade e terá o direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.

2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, contrair casa-mento e constituir família.

3. Casamento algum será celebrado sem o consentimento livre e pleno dos futuros es-posos.

4. Os Estados Partes do presente Pacto de-verão adotar as medidas apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e respon-sabilidades dos esposos quanto ao casa-mento, durante o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução, de-verão adotar-se disposições que assegurem a proteção necessária para os filhos.

Artigo 24.

1. Toda criança terá direito, sem discrimina-ção alguma por motivo de cor, sexo, língua, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento, às medidas de proteção que a sua condição de menor re-querer por parte de sua família, da socieda-de e do Estado.

2. Toda criança deverá ser registrada ime-diatamente após seu nascimento e deverá receber um nome.

3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade.

Artigo 25.

Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação menciona-das no artigo 2 e sem restrições infundadas:

a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de re-presentantes livremente escolhidos;

b) de votar e de ser eleito em eleições pe-riódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores;

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c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.

Artigo 26.

Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem discriminação alguma, a igual pro-teção da Lei. A este respeito, a lei deverá proi-bir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de ou-tra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situ-ação.

Artigo 27.

Nos Estados em que haja minorias étnicas, reli-giosas ou lingüísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outros mem-bros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria religião e usar sua própria língua.

PARTE IV

Artigo 28.

1. Constituir-se-á um Comitê de Diretores Humanos (doravante denominado o "Comi-tê" no presente Pacto). O Comitê será com-posto de dezoito membros e desempenhará as funções descritas adiante.

2. O Comitê será integrado por nacionais dos Estados Partes do presente Pacto, os quais deverão ser pessoas de elevada repu-tação moral e reconhecida competência em matéria de direito humanos, levando-se em consideração a utilidade da participação de algumas pessoas com experiências jurídi-cas.

3. Os membros do Comitê serão eleitos e exercerão suas funções a título pessoal.

Artigo 29.

1. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pesso-

as que preencham os requisitos previstos no artigo 28 e indicados, com esse objetivo, pelos Estados Partes do presente Pacto.

2. Cada Estado Parte no presente Pacto po-derá indicar duas pessoas. Essas pessoas de-verão ser nacionais do Estado que as indicou.

3. A mesma pessoa poderá ser indicada mais de uma vez.

Artigo 30.

1. A primeira eleição realizar-se-á no máxi-mo seis meses após a data de entrada em vigor do presente Pacto.

2. Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição do Comitê, e desde que seja uma eleição para preencher uma vaga decla-rada nos termos do artigo 34, o Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas convidará, por escrito, os Estados Partes do presente Protocolo a indicar, no prazo de três meses, os candidatos a membro do Comitê.

3. O Secretário-Geral da Organização das Na-ções Unidas organizará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos assim de-signados, mencionando os Estados Partes que os tiverem indicado, e a comunicará aos Estados Partes o presente Pacto, no Maximo um mês antes da data de cada eleição.

4. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões dos Estados Partes convoca-dos pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas na sede da Organiza-ção. Nessas reuniões, em que o quorum será estabelecido por dois terços dos Esta-dos Partes do presente Pacto, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que ob-tiverem o maior número de votos e a maio-ria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes e votantes.

Artigo 31.

1. O Comitê não poderá ter mais de uma na-cional de um mesmo Estado.

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2. Nas eleições do Comitê, levar-se-ão em consideração uma distribuição geográfica eqüitativa e uma representação das diver-sas formas de civilização, bem como dos principais sistemas jurídicos.

Artigo 32.

1. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas no-vamente, ser reeleitos. Entretanto, o man-dato de nove dos membros eleitos na pri-meira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere o pa-rágrafo 4 do artigo 30 indicará, por sorteio, os nomes desses nove membros.

2. Ao expirar o mandato dos membros, as eleições se realizarão de acordo com o dis-posto nos artigos precedentes desta parte do presente Pacto.

Artigo 33.

1. Se, na opinião unânime dos demais membros, um membro do Comitê deixar de desempenhar suas funções por motivos dis-tintos de uma ausência temporária, o Pre-sidente comunicará tal fato ao Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas, que declarará vago o lugar que o referido membro ocupava.

2. Em caso de morte ou renúncia de um membro do Comitê, o Presidente comuni-cará imediatamente tal fato ao Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas, que declarará vago o lugar desde a data da morte ou daquela em que a renúncia passe a produzir efeitos.

Artigo 34.

1. Quando uma vaga for declarada nos ter-mos do artigo 33 e o mandato do membro a ser substituído não expirar no prazo de seis messes a conta da data em que tenha sido declarada a vaga, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas comunica-

rá tal fato aos Estados Partes do presente Pacto, que poderá, no prazo de dois meses, indicar candidatos, em conformidade com o artigo 29, para preencher a vaga.

2. O Secretário-Geral da Organização das Na-ções Unidas organizará uma lista por ordem alfabética dos candidatos assim designados e a comunicará aos Estados Partes do presente Pacto. A eleição destinada a preencher tal vaga será realizada nos termos das disposições perti-nentes desta parte do presente Pacto.

3. Qualquer membro do Comitê eleito para preencher uma vaga em conformidade com o artigo 33 fará parte do Comitê durante o restante do mandato do membro que dei-xar vago o lugar do Comitê, nos termos do referido artigo.

Artigo 35.

Os membros do Comitê receberão, com a apro-vação da Assembléia-Geral da Organização das Nações, honorários provenientes de recursos da Organização das Nações Unidas, nas condições fixadas, considerando-se a importância das fun-ções do Comitê, pela Assembléia-Geral.

Artigo 36.

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas colocará à disposição do Comitê o pes-soal e os serviços necessários ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas em vir-tude do presente Pacto.

Artigo 37.

1. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas convocará os Membros do Comitê para a primeira reunião, a realizar--se na sede da Organização.

2. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em suas regras de procedimento.

3. As reuniões do Comitê serão realizadas normalmente na sede da Organização das Nações Unidas ou no Escritório das Nações Unidas em Genebra.

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Artigo 38.

Todo Membro do Comitê deverá, antes de ini-ciar suas funções, assumir, em sessão pública, o compromisso solene de que desempenhará suas funções imparciais e conscientemente.

Artigo 39.

1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí-odo de dois anos. Os membros da mesa po-derão ser reeleitos.

2. O próprio Comitê estabelecerá suas re-gras de procedimento; estas, contudo, de-verão conter, entre outras, as seguintes dis-posições:

a) O quorum será de doze membros;

b) As decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes.

Artigo 40.

1. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a submeter relatórios so-bre as medidas por eles adotadas para tor-nar efeitos os direitos reconhecidos no pre-sente Pacto e sobre o processo alcançado no gozo desses direitos:

a) Dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência do presente pacto nos Es-tados Partes interessados;

b) A partir de então, sempre que o Comitê vier a solicitar.

2. Todos os relatórios serão submetidos ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, que os encaminhará, para exame, ao Comitê. Os relatórios deverão sublinhar, caso existam, os fatores e as dificuldades que preju-diquem a implementação do presente Pacto.

3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas poderá, após consulta ao Comitê, encaminhar às agências especiali-zadas interessadas cópias das partes dos re-latórios que digam respeito a sua esfera de competência.

4. O Comitê estudará os relatórios apresen-tados pelos Estados Partes do presente Pacto

e transmitirá aos Estados Partes seu próprio relatório, bem como os comentários gerais que julgar oportunos. O Comitê poderá igual-mente transmitir ao Conselho Econômico e Social os referidos comentários, bem como cópias dos relatórios que houver recebido dos Estados Partes do presente Pacto.

5. Os Estados Partes no presente Pacto po-derão submeter ao Comitê as observações que desejarem formular relativamente aos comentários feitos nos termos do parágrafo 4 do presente artigo.

Artigo 41.

1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte do presente Pacto poderá declarar, a qualquer momento, que reconhece a compe-tência do Comitê para receber e examinar as comunicações em que um Estado Parte ale-gue que outro Estado Parte não vem cumprin-do as obrigações que lhe impõe o presente Pacto. As referidas comunicações só serão re-cebidas e examinadas nos termos do presente artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê não rece-berá comunicação alguma relativa a um Esta-do Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do presente artigo estarão sujeitas ao procedimento que se segue:

a) Se um Estado Parte do presente Pacto considerar que outro Estado Parte não vem cumprindo as disposições do presente Pac-to poderá, mediante comunicação escrita, levar a questão ao conhecimento deste Es-tado Parte. Dentro do prazo de três meses, a contar da data do recebimento da comu-nicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comunicação explica-ções ou quaisquer outras declarações por escrito que esclareçam a questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja pos-sível e pertinente, aos procedimentos na-cionais e aos recursos jurídicos adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão;

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b) Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da comunicação ori-ginal pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoriamente para am-bos os Estados partes interessados, tanto um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comitê, mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro Estado interessado;

c) O Comitê tratará de todas as questões que se lhe submetem em virtude do presen-te artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgota-dos, em consonância com os princípios do Direito Internacional geralmente reconhe-cidos. Não se aplicará essa regra quanto a aplicação dos mencionados recursos pro-longar-se injustificadamente;

d) O Comitê realizará reuniões confidencias quando estiver examinando as comunica-ções previstas no presente artigo;

e) Sem prejuízo das disposições da alínea c) Comitê colocará seus bons Ofícios dos Esta-dos Partes interessados no intuito de alcan-çar uma solução amistosa para a questão, baseada no respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos no presente Pacto;

f) Em todas as questões que se submetam em virtude do presente artigo, o Comitê poderá solicitar aos Estados Partes interessados, a que se faz referencia na alínea b), que lhe for-neçam quaisquer informações pertinentes;

g) Os Estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea b), terão direito de fazer--se representar quando as questões forem examinadas no Comitê e de apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito;

h) O Comitê, dentro dos doze meses seguin-tes à data de recebimento da notificação mencionada na alínea b), apresentará rela-tório em que:

i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se-

-á, em relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada.

ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da alínea e), o Comitê, restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre-ve exposição dos fatos; serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das observações orais apresentadas pelos Estados Parte interessados.

Para cada questão, o relatório será encami-nhado aos Estados Partes interessados.

2. As disposições do presente artigo entrarão em vigor a partir do momento em que dez Estados Partes do presente Pacto houverem feito as declarações mencionadas no pará-grafo 1 desde artigo. As referidas declara-ções serão depositados pelos Estados Partes junto ao Secretário-Geral das Organizações das Nações Unidas, que enviará cópias das mesmas aos demais Estados Partes. Toda de-claração poderá ser retirada, a qualquer mo-mento, mediante notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste artigo; em virtude do presente artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez que o Secretário-Geral tenha recebido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos que o Estado Parte inte-ressado haja feito uma nova declaração.

Artigo 42.

1. a) Se uma questão submetida ao Comitê, nos termos do artigo 41, não estiver dirimi-da satisfatoriamente para os Estados Partes interessados, o Comitê poderá, com o con-sentimento prévio dos Estados Partes inte-ressados, constituir uma Comissão ad hoc (doravante denominada "a Comissão"). A Comissão colocará seus bons ofícios à dis-posição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar uma solução amistosa para a questão baseada no respeito ao pre-sente Pacto.

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b) A Comissão será composta de cinco membros designados com o consentimen-to dos Estados interessados. Se os Estados Partes interessados não chegarem a um acordo a respeito da totalidade ou de parte da composição da Comissão dentro do pra-zo de três meses, os membro da Comissão em relação aos quais não se chegou a acor-do serão eleitos pelo Comitê, entre os seus próprios membros, em votação secreta e por maioria de dois terços dos membros do Comitê.

2. Os membros da Comissão exercerão suas funções a título pessoal. Não poderão ser nacionais dos Estados interessados, nem de Estado que não seja Parte do presente Pac-to, nem de um Estado Parte que não tenha feito a declaração prevista no artigo 41.

3. A própria Comissão alegará seu Presiden-te e estabelecerá suas regras de procedi-mento.

4. As reuniões da Comissão serão realizadas normalmente na sede da Organização das Nações Unidas ou no escritório das Nações Unidas em Genebra. Entretanto, poderão realizar-se em qualquer outro lugar apro-priado que a Comissão determinar, após consulta ao Secretário-Geral da Organiza-ção das Nações Unidas e aos Estados Partes interessados.

5. O secretariado referido no artigo 36 tam-bém prestará serviços às condições desig-nadas em virtude do presente artigo.

6. As informações obtidas e coligidas pelo Comitê serão colocadas à disposição da Co-missão, a qual poderá solicitar aos Estados Partes interessados que lhe forneçam qual-quer outra informação pertinente.

7. Após haver estudado a questão sob todos os seus aspectos, mas, em qualquer caso, no prazo de doze meses após dela tomado conhecimento, a Comissão apresentará um relatório ao Presidente do Comitê, que o encaminhará aos Estados Partes interessa-dos:

a) Se a Comissão não puder terminar o exa-me da questão, restringir-se-á, em seu rela-tório, a uma breve exposição sobre o estágio em que se encontra o exame da questão;

b) Se houver sido alcançado uma solução amistosa para a questão, baseada no res-peito dos direitos humanos reconhecidos no presente Pacto, a Comissão restringir-se--á, em relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada;

c) Se não houver sido alcançada solução nos termos da alínea b) a Comissão incluirá no relatório suas conclusões sobre os fatos re-lativos à questão debatida entre os Estados Partes interessados, assim como sua opi-nião sobre a possibilidade de solução amis-tosa para a questão, o relatório incluirá as observações escritas e as atas das observa-ções orais feitas pelos Estados Partes inte-ressados;

d) Se o relatório da Comissão for apresenta-do nos termos da alínea c), os Estados Par-tes interessados comunicarão, no prazo de três meses a contar da data do recebimen-to do relatório, ao Presidente do Comitê se aceitam ou não os termos do relatório da Comissão.

8. As disposições do presente artigo não prejudicarão as atribuições do Comitê pre-vistas no artigo 41.

9. Todas as despesas dos membros da Co-missão serão repartidas eqüitativamente entre os Estados Partes interessados, com base em estimativas a serem estabelecidas pelo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.

10. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas poderá caso seja necessário, pagar as despesas dos membros da Comis-são antes que sejam reembolsadas pelos Estados Partes interessados, em conformi-dade com o parágrafo 9 do presente artigo.

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Artigo 43.

Os membros do Comitê e os membros da Comis-são de Conciliação ad hoc que forem designados nos termos do artigo 42 terão direito às facilida-des, privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no desempenho de missões para a Organização das Nações Unidas, em conformida-de com as seções pertinentes da Convenção so-bre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas.

Artigo 44.

As disposições relativas à implementação do presente Pacto aplicar-se-ão sem prejuízo dos procedimentos instituídos em matéria de direi-to humanos pelos ou em virtude dos mesmos instrumentos constitutivos e pelas Convenções da Organização das Nações Unidas e das agên-cias especializadas e não impedirão que os Es-tados Partes venham a recorrer a outros proce-dimentos para a solução de controvérsias em conformidade com os acordos internacionais gerias ou especiais vigentes entre eles.

Artigo 45.

O Comitê submeterá a Assembléia-Geral, por in-termédio do Conselho Econômico e Social, um relatório sobre suas atividades.

PARTE V

Artigo 46.

Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpretada em detrimento das disposições da Carta das Nações Unidas e das constituições das agências especializadas, as quais definem as responsabilidades respectivas dos diversos órgãos da Organização das Nações Unidas e das agências especializadas relativamente às ques-tões tratadas no presente Pacto.

Artigo 47.

Nenhuma disposição do presente Pacto poderá ser interpretada em detrimento do direito ine-rente a todos os povos de desfrutar e utilizar plena e livremente suas riquezas e seus recursos naturais.

PARTE VI

Artigo 48.

1. O presente Pacto está aberto à assinatu-ra de todos os Estados membros da Orga-nização das Nações Unidas ou membros de qualquer de suas agências especializadas, de todo Estado Parte do Estatuto da Corte Inter-nacional de Justiça, bem como de qualquer de suas agências especializadas, de todo Es-tado Parte do Estatuto da Corte Internacio-nal de Justiça, bem como de qualquer outro Estado convidado pela Assembléia-Geral a tornar-se Parte do presente Pacto.

2. O presente Pacto está sujeito à ratifica-ção. Os instrumentos de ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral da Organização da Organização das Nações Unidas.

3. O presente Pacto está aberto à adesão de qualquer dos Estados mencionados no pa-rágrafo 1 do presente artigo.

4. Far-se-á a adesão mediante depósito do instrumento de adesão junto ao Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas.

5. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas informará todos os Estados que hajam assinado o presente Pacto ou a ele aderido do deposito de cada instrumen-to de ratificação ou adesão.

Artigo 49.

1. O presente Pacto entrará em vigor três meses após a data do depósito, junto ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, do trigéssimo-quinto instrumento de ratificação ou adesão.

2. Para os Estados que vierem a ratificar o presente Pacto ou a ele aderir após o de-posito do trigéssimo-quinto instrumento de ratificação ou adesão, o presente Pacto entrará em vigor três meses após a data do deposito, pelo Estado em questão, de seu instrumento de ratificação ou adesão.

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Artigo 50.

Aplicar-se-ão as disposições do presente Pacto, sem qualquer limitação ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados federativos.

Artigo 51.

1. Qualquer Estado Parte do presente Pacto poderá propor emendas e depositá-las jun-to ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretário-Geral comu-nicará todas as propostas de emenda aos Estados Partes do presente Pacto, pedindo--lhes que o notifiquem se desejam que se convoque uma conferencia dos Estados Partes destinada a examinar as propostas e submetê-las a votação. Se pelo menos um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da referida convocação, o Secretário--Geral convocará a conferência sob os aus-pícios da Organização das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada pela maioria dos Estados Partes presente e votantes na conferência será submetida à aprovação da Assembléia-Geral das Nações Unidas.

2. Tais emendas entrarão e, vigor quando aprovadas pela Assembléia-Geral das Na-ções Unidas e aceitas em conformidade com seus respectivos procedimentos cons-titucionais, por uma maioria de dois terços dos Estados Partes no presente Pacto.

3. Ao entrarem em vigor, tais emendas se-rão obrigatórias para os Estados Partes que as aceitaram, ao passo que os demais Estados Partes permanecem obrigados pe-las disposições do presente Pacto e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

Artigo 52.

Independentemente das notificações previstas no parágrafo 5 do artigo 48, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas comunicará a todos os Estados referidos no parágrafo 1 do referido artigo:

a) as assinaturas, ratificações e adesões re-cebidas em conformidade com o artigo 48;

b) a data de entrega em vigor do Pacto, nos termos do artigo 49, e a data, e a data em entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do artigo 51.

Artigo 53.

1. O presente Pacto cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igual-mente autênticos, será depositado nos ar-quivos da Organização das Nações Unidas.

2. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas encaminhará cópias autên-ticas do presente Pacto a todos os Estados mencionados no artigo 48.

Em fé do quê, os abaixo-assinados, devidamen-te autorizados por seus respectivos Governos, assinaram o presente Pacto, aberto à assinatura em Nova York, aos 19 dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e sessenta e seis.

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PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS – DECRETO Nº 591/1992

Decreto nº 591, de 6 de julho de 1992

Atos Internacionais. Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Pro-mulgação.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

Considerando que o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais foi ado-tado pela XXI Sessão da Assembléia-Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de 1966;

Considerando que o Congresso Nacional apro-vou o texto do referido diploma internacional por meio do Decreto Legislativo nº 226, de 12 de dezembro de 1991;

Considerando que a Carta de Adesão ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, So-ciais e Culturais foi depositada em 24 de janeiro de 1992;

Considerando que o pacto ora promulgado en-trou em vigor, para o Brasil, em 24 de abril de 1992, na forma de seu art. 27, §2º;

DECRETA:

Art. 1º O Pacto Internacional sobre Direitos Eco-nômicos, Sociais e Culturais, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumpri-do tão inteiramente como nele se contém.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 6 de julho de 1992; 171º da Inde-pendência e 104º da República.

ANEXO AO DECRETO QUE PROMULGA O PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS/MRE

PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS

E CULTURAIS

PREÂMBULO

Os Estados Partes do presente Pacto,

Considerando que, em conformidade com os prin-cípios proclamados na Carta das Nações Unidas, o relacionamento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da li-berdade, da justiça e da paz no mundo,

Reconhecendo que esses direitos decorrem da dignidade inerente à pessoa humana,

Reconhecendo que, em conformidade com a Declaração Universal dos Direitos do Homem. O ideal do ser humano livre, liberto do temor e da miséria. Não pode ser realizado a menos que se criem condições que permitam a cada um gozar de seus direitos econômicos, sociais e culturais, assim como de seus direitos civis e políticos,

Considerando que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o respeito universal e efetivo dos direitos e das li-berdades do homem,

Compreendendo que o indivíduo, por ter deve-res para com seus semelhantes e para com a co-letividade a que pertence, tem a obrigação de lutar pela promoção e observância dos direitos reconhecidos no presente Pacto,

Acordam o seguinte:

PARTE IArtigo 1º

1. Todos os povos têm direito a autodeter-minação. Em virtude desse direito, deter-minam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.

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2. Para a consecução de seus objetivos, to-dos os povos podem dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional, ba-seada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional. Em caso algum, po-derá um povo ser privado de seus próprios meios de subsistência.

3. Os Estados Partes do Presente Pacto, inclusive aqueles que tenham a responsa-bilidade de administrar territórios não-au-tônomos e territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direito à autode-terminação e respeitar esse direito, em con-formidade com as disposições da Carta das Nações Unidas.

PARTE II

Artigo 2º

1. Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e coo-peração internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a asse-gurar, progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos re-conhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativas.

2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir que os direitos nele enunciados e exercerão em discrimina-ção alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situ-ação econômica, nascimento ou qualquer outra situação.

3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em que garantirão os direitos econômicos reconhecidos no pre-sente Pacto àqueles que não sejam seus na-cionais.

Artigo 3º

Os Estados Partes do presente Pacto compro-metem-se a assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos econômi-cos, sociais e culturais enumerados no presente Pacto.

Artigo 4º

Os Estados Partes do presente Pacto reconhe-cem que, no exercício dos direitos assegurados em conformidade com presente Pacto pelo Es-tado, este poderá submeter tais direitos unica-mente às limitações estabelecidas em lei, so-mente na medida compatível com a natureza desses direitos e exclusivamente com o objetivo de favorecer o bem-estar geral em uma socieda-de democrática.

Artigo 5º

1. Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser interpretada no sentido de reconhecer a um Estado, grupo ou indivíduo qualquer direito de dedicar-se a quaisquer atividades ou de praticar quaisquer atos que tenham por objetivo destruir os direi-tos ou liberdades reconhecidos no presente Pacto ou impor-lhe limitações mais amplas do que aquelas nele previstas.

2. Não se admitirá qualquer restrição ou suspensão dos direitos humanos funda-mentais reconhecidos ou vigentes em qual-quer país em virtude de leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob pretexto de que o presente Pacto não os reconheça ou os reconheça em menor grau.

PARTE III

Artigo 6º

1. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem o direito ao trabalho, que com-preende o direito de toda pessoa de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente escolhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salva-guardar esse direito.

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2. As medidas que cada Estado Parte do presente Pacto tomará a fim de assegurar o pleno exercício desse direito deverão incluir a orientação e a formação técnica e profis-sional, a elaboração de programas, normas e técnicas apropriadas para assegurar um desenvolvimento econômico, social e cultu-ral constante e o pleno emprego produtivo em condições que salvaguardem aos indiví-duos o gozo das liberdades políticas e eco-nômicas fundamentais.

Artigo 7º

Os Estados Partes do presente Pacto reconhe-cem o direito de toda pessoa de gozar de con-dições de trabalho justas e favoráveis, que asse-gurem especialmente:

a) Uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores:

i) Um salário eqüitativo e uma remuneração igual por um trabalho de igual valor, sem qualquer distinção; em particular, as mu-lheres deverão ter a garantia de condições de trabalho não inferiores às dos homens e perceber a mesma remuneração que eles por trabalho igual;

ii) Uma existência decente para eles e suas famílias, em conformidade com as disposi-ções do presente Pacto;

b) A segurança e a higiene no trabalho;

c) Igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu Trabalho, à categoria superior que lhes corresponda, sem outras considerações que as de tempo de trabalho e capacidade;

d) O descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas re-muneradas, assim como a remuneração dos feridos.

Artigo 8º

1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir:

a) O direito de toda pessoa de fundar com outras, sindicatos e de filiar-se ao sindicato de escolha, sujeitando-se unicamente aos estatutos da organização interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das res-trições previstas em lei e que sejam neces-sárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da or-dem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades alheias;

b) O direito dos sindicatos de formar fede-rações ou confederações nacionais e o direi-to destas de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar-se às mesmas.

c) O direito dos sindicatos de exercer livre-mente suas atividades, sem quaisquer li-mitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança na-cional ou da ordem pública, ou para prote-ger os direitos e as liberdades das demais pessoas:

d) O direito de greve, exercido de conformi-dade com as leis de cada país.

2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício des-ses direitos pelos membros das forças ar-madas, da política ou da administração pú-blica.

3. Nenhuma das disposições do presente ar-tigo permitirá que os Estados Partes da Con-venção de 1948 da Organização Internacio-nal do Trabalho, relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas que restrinjam – ou a aplicar a lei de maneira a restringir as garantias previstas na referida Convenção.

Artigo 9º

Os Estados Partes do presente Pacto reconhe-cem o direito de toda pessoa à previdência so-cial, inclusive ao seguro social.

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Artigo 10.

Os Estados Partes do presente Pacto reconhe-cem que:

1. Deve-se conceder à família, que é o elemen-to natural e fundamental da sociedade, as mais amplas proteção e assistência possíveis, espe-cialmente para a sua constituição e enquanto ele for responsável pela criação e educação dos filhos. O matrimonio deve ser contraído com o livre consentimento dos futuros cônjuges.

2. Deve-se conceder proteção especial às mães por um período de tempo razoável an-tes e depois do parto. Durante esse período, deve-se conceder às mães que trabalham li-cença remunerada ou licença acompanhada de benefícios previdenciários adequados.

3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assistência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção alguma por motivo de filiação ou qualquer outra con-dição. Devem-se proteger as crianças e ado-lescentes contra a exploração econômica e social. O emprego de crianças e adolescentes em trabalhos que lhes sejam nocivos à moral e à saúde ou que lhes façam correr perigo de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o desenvolvimento norma, será punido por lei.

Os Estados devem também estabelecer li-mites de idade sob os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da mão-de-obra infantil.

Artigo 11.

1. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem o direito de toda pessoa a um ní-vel de vida adequando para si próprio e sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria continua de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da cooperação in-ternacional fundada no livre consentimen-to.

2. Os Estados Partes do presente Pacto, re-conhecendo o direito fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente e mediante coo-peração internacional, as medidas, inclusive programas concretos, que se façam neces-sárias para:

a) Melhorar os métodos de produção, con-servação e distribuição de gêneros alimentí-cios pela plena utilização dos conhecimen-tos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursos naturais;

b) Assegurar uma repartição eqüitativa dos recursos alimentícios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores de gêneros ali-mentícios.

Artigo 12.

1. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem o direito de toda pessoa de des-frutar o mais elevado nível possível de saú-de física e mental.

2. As medidas que os Estados Partes do pre-sente Pacto deverão adotar com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão as medidas que se façam necessá-rias para assegurar:

a) A diminuição da mortinatalidade e da mortalidade infantil, bem como o desenvol-vimento é das crianças;

b) A melhoria de todos os aspectos de higie-ne do trabalho e do meio ambiente;

c) A prevenção e o tratamento das doenças epidêmicas, endêmicas, profissionais e ou-tras, bem como a luta contra essas doenças;

d) A criação de condições que assegurem a todos assistência médica e serviços médicos em caso de enfermidade.

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Artigo 13.

1. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem o direito de toda pessoa à educa-ção. Concordam em que a educação deverá visar ao pleno desenvolvimento da perso-nalidade humana e do sentido de sua dig-nidade e fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Con-cordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a participar efeti-vamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os gru-pos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

2. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:

a) A educação primaria deverá ser obrigató-ria e acessível gratuitamente a todos;

b) A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária téc-nica e profissional, deverá ser generalizada e torna-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela imple-mentação progressiva do ensino gratuito;

c) A educação de nível superior deverá igualmente torna-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;

d) Dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de base para aquelas pessoas que não receberam educação primaria ou não concluíram o ci-clo completo de educação primária;

e) Será preciso prosseguir ativamente o de-senvolvimento de uma rede escolar em to-dos os níveis de ensino, implementar-se um sistema adequado de bolsas de estudo e melhorar continuamente as condições ma-teriais do corpo docente.

1. Os Estados Partes do presente Pacto com-prometem-se a respeitar a liberdade dos pais e, quando for o caso, dos tutores legais de escolher para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou aprovados pelo Esta-do, e de fazer com que seus filhos venham a receber educação religiosa ou moral que este-ja de acordo com suas próprias convicções.

2. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e dirigir instituições de ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no parágrafo 1 do presente arti-go e que essas instituições observem os pa-drões mínimos prescritos pelo Estado.

Artigo 14.

Todo Estado Parte do presente pacto que, no momento em que se tornar Parte, ainda não te-nha garantido em seu próprio território ou ter-ritórios sob sua jurisdição a obrigatoriedade e a gratuidade da educação primária, se compro-mete a elaborar e a adotar, dentro de um prazo de dois anos, um plano de ação detalhado des-tinado à implementação progressiva, dentro de um número razoável de anos estabelecidos no próprio plano, do princípio da educação primá-ria obrigatória e gratuita para todos.

Artigo 15.

1. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem a cada indivíduo o direito de:

a) Participar da vida cultural;

b) Desfrutar o processo cientifico e suas aplicações;

c) Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de toda a produção cientifica, literária ou artística de que seja autor.

2. As Medidas que os Estados Partes do Presente Pacto deverão adotar com a fina-lidade de assegurar o pleno exercício desse

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direito incluirão aquelas necessárias à con-venção, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura.

3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a liberdade indispensável à pesquisa cientifica e à ativi-dade criadora.

4. Os Estados Partes do presente Pacto re-conhecem os benefícios que derivam do fomento e do desenvolvimento da coopera-ção e das relações internacionais no domí-nio da ciência e da cultura.

PARTE IV

Artigo 16.

1. Os Estados Partes do presente Pacto com-prometem-se a apresentar, de acordo com as disposições da presente parte do Pacto, relatórios sobre as medidas que tenham adotado e sobre o progresso realizado com o objetivo de assegurar a observância dos direitos reconhecidos no Pacto.

2. a) Todos os relatórios deverão ser enca-minhados ao Secretário-Geral da Organiza-ção das Nações Unidas, o qual enviará có-pias dos mesmos ao Conselho Econômico e Social, para exame, de acordo com as dispo-sições do presente Pacto.

b) O Secretário-Geral da Organização das Na-ções Unidas encaminhará também às agên-cias especializadas cópias dos relatórios – ou de todas as partes pertinentes dos mesmos enviados pelos Estados Partes do presente Pacto que sejam igualmente membros das referidas agências especializadas, na me-dida em que os relatórios, ou partes deles, guardem relação com questão que sejam da competência de tais agências, nos termos de seus respectivos instrumentos constitutivos.

Artigo 17.

1. Os Estados Partes do presente Pacto apresentarão seus relatórios por etapas, segundo um programa a ser estabelecido

pelo Conselho Econômico e Social no prazo de um ano a contar da data da entrada em vigor do presente Pacto, após consulta aos Estados Partes e às agências especializadas interessadas.

2. Os relatórios poderão indicar os fatores e as dificuldades que prejudiquem o pleno cumprimento das obrigações previstas no presente Pacto.

3. Caso as informações pertinentes já te-nham sido encaminhadas à Organização das Nações Unidas ou a uma agência especiali-zada por um Estado Parte, não será neces-sário reproduzir as referidas informações, sendo suficiente uma referência precisa às mesmas.

Artigo 18.

Em virtude das responsabilidades que lhe são conferidas pela Carta das Nações Unidas no do-mínio dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, o Conselho Econômico e Social poderá concluir acordos com as agências espe-cializadas sobre a apresentação, por estas, de relatórios relativos aos progressos realizados quanto ao cumprimento das disposições do presente Pacto que correspondam ao seu cam-po de atividades. Os relatórios poderão, incluir dados sobre as decisões e recomendações refe-rentes ao cumprimento das disposições do pre-sente Pacto adotadas pelos órgãos competentes das agências especializadas.

Artigo 19.

O Conselho Econômico e Social poderá encami-nhar à Comissão de Direitos Humanos, para fins de estudo e de recomendação de ordem geral, ou para informação, caso julgue apropriado, os relatórios concernentes aos direitos humanos que apresentarem os Estados nos termos dos artigos 16 e 17 e aqueles concernentes aos di-reitos humanos que apresentarem as agências especializadas nos termos do artigo 18.

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Artigo 20.

Os Estados Partes do presente Pacto e as agên-cias especializadas interessadas poderão enca-minhar ao Conselho Econômico e Social comen-tários sobre qualquer recomendação de ordem geral feita em virtude do artigo 19 ou sobre qualquer referencia a uma recomendação de ordem geral que venha a constar de relatório da Comissão de Direitos Humanos ou de qualquer documento mencionado no referido relatório.

Artigo 21.

O Conselho Econômico e Social poderá apre-sentar ocasionalmente à Assembléia-Geral re-latórios que contenham recomendações de ca-ráter geral bem como resumo das informações recebidas dos Estados Partes do presente Pacto e das agências especializadas sobre as medidas adotadas e o progresso realizado com a finalida-de de assegurar a observância geral dos direitos reconhecidos no presente Pacto.

Artigo 22.

O Conselho Econômico e Social poderá levar ao conhecimento de outros órgãos da Organização das Nações Unidas, de seus órgãos subsidiários e das agências especializadas interessadas, às quais incumba a prestação de assistência técni-ca, quaisquer questões suscitadas nos relatórios mencionados nesta parte do presente Pacto que possam ajudar essas entidades a pronunciar-se, cada uma dentro de sua esfera de competência, sobre a conveniência de medidas internacionais que possam contribuir para a implementação efetiva e progressiva do presente Pacto.

Artigo 23.

Os Estados Partes do presente Pacto concordam em que as medidas de ordem internacional des-tinada a tornar efetivos os direitos reconhecidos no referido Pacto incluem, sobretudo, a conclu-são de convenções, a adoção de recomendações, a prestação de assistência técnica e a organiza-ção, em conjunto com os governos interessados, e no intuito de efetuar consultas e realizar estu-dos, de reuniões regionais e de reuniões técnicas.

Artigo 24.

Nenhuma das disposições do presente Pac-to poderá ser interpretada em detrimento das disposições da Carta das Nações Unidas ou das constituições das agências especializadas, as quais definem as responsabilidades respectivas dos diversos órgãos da Organização das Nações Unidas e agências especializadas relativamente às matérias tratadas no presente Pacto.

Artigo 25.

Nenhuma das disposições do presente Pacto poderá ser interpretada em detrimento do di-reito inerente a todos os povos de desfrutar e utilizar plena e livremente suas riquezas e seus recursos naturais.

PARTE V

Artigo 26.

1. O presente Pacto está aberto à assinatu-ra de todos os Estados membros da Orga-nização das Nações Unidas ou membros de qualquer de suas agências especializadas, de todo Estado Parte do Estatuto da Corte internacional de Justiça, bem como de qual-quer outro Estado convidado pela Assem-bléia-Geral das Nações Unidas a torna-se Parte do presente Pacto.

2. O presente Pacto está sujeito à ratifica-ção. Os instrumentos de ratificação serão depositados junto ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.

3. O presente Pacto está aberto à adesão de qualquer dos Estados mencionados no pa-rágrafo 1 do presente artigo.

4. Far-se-á a adesão mediante depósito do instrumento de adesão junto ao Secretário--Geral da Organização das Nações Unidas.

5. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas informará todos os Estados que hajam assinado o presente Pacto ou a ele aderido, do depósito de cada instru-mento de ratificação ou de adesão.

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Artigo 27.

1. O presente Pacto entrará em vigor três meses após a data do depósito, junto ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, do trigésimo-quinto instrumento de ratificação ou de adesão.

2. Para os Estados que vierem a ratificar o presente Pacto ou a ele aderir após o de-pósito do trigésimo-quinto instrumento de ratificação ou de adesão, o presente Pacto entrará em vigor três meses após a data do depósito, pelo Estado em questão, de seu instrumento de ratificação ou de adesão.

Artigo 28.

Aplicar-se-ão as disposições do presente Pacto, sem qualquer limitação ou exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados Federativos.

Artigo 29.

1. Qualquer Estado Parte do presente Pacto poderá propor emendas e depositá-las jun-to ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretário-Geral comu-nicará todas as propostas de emenda aos Estados Partes do presente Pacto, pedindo--lhes que o notifiquem se desejam que se convoque uma conferência dos Estados Partes destinada a examinar as propostas e submetê-las à votação. Se pelo menos um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da referida convocação, o Secretário--Geral convocará a conferência sob os aus-pícios da Organização das Nações Unidas. Qualquer emenda adotada pela maioria dos Estados Partes presentes e votantes na conferência será submetida à aprovação da Assembléia-Geral das Nações Unidas.

2. Tais emendas entrarão em vigor quando aprovadas pela Assembléia-Geral das Na-ções Unidas e aceitas, em conformidade com seus respectivos procedimentos cons-titucionais, por uma maioria de dois terços dos Estados Partes no presente Pacto.

3. Ao entrarem em vigor, tais emendas se-rão obrigatórias para os Estados Partes que as aceitaram, ao passo que os demais Es-tados Partes permanecem obrigatórios pe-las disposições do presente Pacto e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

Artigo 30.

Independentemente das notificações previstas no parágrafo 5 do artigo 26, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas comunicará a todos os Estados mencionados no parágrafo 1 do referido artigo:

a) as assinaturas, ratificações e adesões re-cebidas em conformidade com o artigo 26;

b) a data de entrada em vigor do Pacto, nos termos do artigo 27, e a data de entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do artigo 29.

Artigo 31.

1. O presente Pacto, cujos textos em chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igual-mente autênticos, será depositado nos ar-quivos da Organização das Nações Unidas.

2. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas encaminhará cópias autenti-cadas do presente Pacto a todos os Estados mencionados no artigo 26.

Em fé do quê, os abaixo-assinados, devidamen-te autorizados por seus respectivos Governos, assinaram o presente Pacto, aberto à assinatura em Nova York, aos 19 dias no mês de dezembro do ano de mil novecentos e sessenta e seis.

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CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES.

DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991.

Promulga a Convenção Contra a Tortura e Ou-tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atri-buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e

Considerando que a Assembléia Geral das Na-ções Unidas, em sua XL Sessão, realizada em Nova York, adotou a 10 de dezembro de 1984, a Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen-tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-tes;

Considerando que o Congresso Nacional apro-vou a referida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989;

Considerando que a Carta de Ratificação da Convenção foi depositada em 28 de setembro de 1989;

Considerando que a Convenção entrou em vigor para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na for-ma de seu artigo 27, inciso 2;

DECRETA:

Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, apensa por cópia ao presente De-creto, será executada e cumprida tão inteira-mente como nela se contém.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 15 de fevereiro de 1991; 170º da Independência e 103º da República.

CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS

CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES

Os Estados Partes da presente Convenção,

Considerando que, de acordo com os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento dos direitos iguais e inaliená-veis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Reconhecendo que estes direitos emanam da dignidade inerente à pessoa humana,

Considerando a obrigação que incumbe os Es-tados, em virtude da Carta, em particular do Artigo 55, de promover o respeito universal e a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais.

Levando em conta o Artigo 5º da Declaração Universal e a observância dos Direitos do Ho-mem e o Artigo 7º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que determinam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tra-tamento cruel, desumano ou degradante,

Levando também em conta a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia Geral em 9 de dezembro de 1975,

Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes em todo o mundo,

Acordam o seguinte:

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PARTE I

ARTIGO 1º

1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmen-te a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confis-sões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-peita de ter cometido; de intimidar ou co-agir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um funcioná-rio público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas de-corram.

2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumen-to internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo.

ARTIGO 2º

1. Cada Estado Parte tomará medidas efi-cazes de caráter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impe-dir a prática de atos de tortura em qualquer território sob sua jurisdição.

2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir-cunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pú-blica como justificação para tortura.

3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não poderá ser invocada como justificação para a tortura.

ARTIGO 3º

1. Nenhum Estado Parte procederá à ex-pulsão, devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura.

2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades competentes levarão em conta todas as considerações pertinen-tes, inclusive, quando for o caso, a existên-cia, no Estado em questão, de um quadro de violações sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos.

ARTIGO 4º

1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam considerados cri-mes segundo a sua legislação penal. O mes-mo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade ou participação na tortura.

2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem em conta a sua gravidade.

ARTIGO 5º

1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes previstos no Artigo 4º nos seguintes casos:

a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão;

b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão;

c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este o considerar apropriado.2. Cada Estado Parte tomará também as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes nos casos em que o suposto autor se encontre em qual-quer território sob sua jurisdição e o Esta-do não extradite de acordo com o Artigo 8º para qualquer dos Estados mencionados no parágrafo 1 do presente Artigo.

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3. Esta Convenção não exclui qualquer ju-risdição criminal exercida de acordo com o direito interno.

ARTIGO 6º

1. Todo Estado Parte em cujo território se encontre uma pessoa suspeita de ter come-tido qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º, se considerar, após o exame das informações de que dispõe, que as circuns-tâncias o justificam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras medidas le-gais para assegurar sua presença. A deten-ção e outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei do Estado, mas vigora-rão apenas pelo tempo necessário ao início do processo penal ou de extradição.

2. O Estado em questão procederá imedia-tamente a uma investigação preliminar dos fatos.

3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo 1 terá assegurada facilidades para comunicar-se imediatamente com o repre-sentante mais próximo do Estado de que é nacional ou, se for apátrida, com o repre-sentante do Estado de residência habitual.

4. Quando o Estado, em virtude deste Ar-tigo, houver detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados mencionados no Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal detenção e sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado que proceder à investigação prelimi-nar a que se refere o parágrafo 2 do presen-te Artigo comunicará sem demora seus re-sultados aos Estados antes mencionados e indicará se pretende exercer sua jurisdição.

ARTIGO 7º

1. O Estado Parte no território sob a juris-dição do qual o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no Artigo 4º for encontrado, se não o extraditar, obrigar-se--á, nos casos contemplados no Artigo 5º, a submeter o caso as suas autoridades com-petentes para o fim de ser o mesmo proces-sado.

2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer crime de natureza gra-ve, conforme a legislação do referido Esta-do. Nos casos previstos no parágrafo 2 do Artigo 5º, as regras sobre prova para fins de processo e condenação não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que as que se aplicarem aos casos previstos no pa-rágrafo 1 do Artigo 5º.

3. Qualquer pessoa processada por qual-quer dos crimes previstos no Artigo 4º re-ceberá garantias de tratamento justo em todas as fases do processo.

ARTIGO 8º

1. Os crimes a que se refere o Artigo 4º se-rão considerados como extraditáveis em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex-traditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.

2. Se um Estado Parte que condiciona a ex-tradição à existência de tratado de receber um pedido de extradição por parte do ou-tro Estado Parte com o qual não mantém tratado de extradição, poderá considerar a presente Convenção com base legal para a extradição com respeito a tais crimes. A ex-tradição sujeitar-se-á ás outras condições estabelecidas pela lei do Estado que rece-ber a solicitação.

3. Os Estado Partes que não condicionam a extradição à existência de um tratado reco-nhecerão, entre si, tais crimes como extradi-táveis, dentro das condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.

4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados Partes, como se tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios dos Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5º.

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ARTIGO 9º

1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assistência possível em relação aos procedimentos criminais instaurados relati-vamente a qualquer dos delitos menciona-dos no Artigo 4º, inclusive no que diz respei-to ao fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o processo que estejam em seu poder.

2. Os Estados Partes cumprirão as obriga-ções decorrentes do parágrafo 1 do presen-te Artigo conforme quaisquer tratados de assistência judiciária recíproca existentes entre si.

ARTIGO 10

1. Cada Estado Parte assegurará que o en-sino e a informação sobre a proibição de tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar encarregado da aplicação da lei, do pesso-al médico, dos funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que possam par-ticipar da custódia, interrogatório ou tra-tamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de prisão, detenção ou re-clusão.

2. Cada Estado Parte incluirá a referida proi-bição nas normas ou instruções relativas aos deveres e funções de tais pessoas.

ARTIGO 11

Cada Estado Parte manterá sistematica-mente sob exame as normas, instruções, métodos e práticas de interrogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o tratamento das pessoas submetidas, em qualquer território sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção ou re-clusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura.

ARTIGO 12

Cada Estado Parte assegurará suas autori-dades competentes procederão imediata-mente a uma investigação imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer território sob sua jurisdição.

ARTIGO 13

Cada Estado Parte assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetida a tor-tura em qualquer território sob sua jurisdi-ção o direito de apresentar queixa perante as autoridades competentes do referido Es-tado, que procederão imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu caso. Serão tomadas medidas para assegurar a prote-ção do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau tratamento ou intimação em conseqüência da queixa apresentada ou de depoimento prestado.

ARTIGO 14

1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um ato de tor-tura, o direito à reparação e a uma indeni-zação justa e adequada, incluídos os meios necessários para a mais completa reabili-tação possível. Em caso de morte da vítima como resultado de um ato de tortura, seus dependentes terão direito à indenização.

2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam ter em decorrência das leis nacionais.

ARTIGO 15

Cada Estado Parte assegurará que nenhu-ma declaração que se demonstre ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova em qualquer pro-cesso, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada.

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ARTIGO 16

1. Cada Estado Parte se comprometerá a proibir em qualquer território sob sua juris-dição outros atos que constituam tratamen-to ou penas cruéis, desumanos ou degra-dantes que não constituam tortura tal como definida no Artigo 1, quando tais atos forem cometidos por funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consenti-mento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as obrigações mencionadas nos Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição das referências a tortura por referências a outras formas de tratamentos ou penas cru-éis, desumanos ou degradantes.

2. Os dispositivos da presente Convenção não serão interpretados de maneira a res-tringir os dispositivos de qualquer outro ins-trumento internacional ou lei nacional que proíba os tratamentos ou penas cruéis, de-sumanos ou degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão.

PARTE II

ARTIGO 17

1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu-ra (doravante denominado o "Comitê) que desempenhará as funções descritas adian-te. O Comitê será composto por dez peritos de elevada reputação moral e reconhecida competência em matéria de direitos huma-nos, os quais exercerão suas funções a tí-tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos Estados Partes, levando em conta uma dis-tribuição geográfica eqüitativa e a utilidade da participação de algumas pessoas com ex-periência jurídica.

2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação secreta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre os seus nacionais. Os Estados Partes terão pre-sente a utilidade da indicação de pessoas que sejam também membros do Comitê de

Direitos Humanos estabelecido de acordo com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura.

3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões bienais dos Estados Partes convo-cadas pelo Secretário-Geral das Nações Uni-das. Nestas reuniões, nas quais o quorum será estabelecido por dois terços dos Esta-dos Partes, serão eleitos membros do Co-mitê os candidatos que obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos Estados Par-tes presentes e votantes.

4. A primeira eleição se realizará no máxi-mo seis meses após a data de entrada em vigor da presente Convenção. Ao menos quatro meses antes da data de cada elei-ção, o Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candidaturas no prazo de três meses. O Secretário-Geral organizará uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos assim designados, com indicações dos Estados Partes que os tiverem designado, e a comunicará aos Es-tados Partes.

5. Os membros do Comitê serão eleitos para um mandato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas sejam apresentadas no-vamente, ser reeleitos. No entanto, o man-dato de cinco dos membros eleitos na pri-meira eleição expirará ao final de dois anos; imediatamente após a primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere o pa-rágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os nomes desses cinco membros.

6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Estado Par-te que apresentou sua candidatura indica-rá, entre seus nacionais, outro perito para cumprir o restante de seu mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à aprovação da maioria dos Estados Partes.

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Considerar-se-á como concedida a referida aprovação, a menos que a metade ou mais dos Estados Partes venham a responder negativamente dentro de um prazo de seis semanas, a contar do momento em que o Secretário-Geral das Nações Unidas lhes houver comunicado a candidatura propos-ta.

7. Correrão por conta dos Estados Partes as despesas em que vierem a incorrer os membros do Comitê no desempenho de suas funções no referido órgão.

ARTIGO 18

1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí-odo de dois anos. Os membros da mesa po-derão ser reeleitos.

2. O próprio Comitê estabelecerá suas re-gras de procedimento; estas, contudo, de-verão conter, entre outras, as seguintes dis-posições:

a) o quórum será de seis membros;

b) as decisões do Comitê serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes.

3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co-locará à disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas em virtu-de da presente Convenção.

4. O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a primeira reunião do Comitê. Após a primeira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em suas regras de procedimento.

5. Os Estados Partes serão responsáveis pe-los gastos vinculados à realização das reuni-ões dos Estados Partes e do Comitê, inclu-sive o reembolso de quaisquer gastos, tais como os de pessoal e de serviço, em que incorrerem as Nações Unidas em conformi-dade com o parágrafo 3 do presente Artigo.

ARTIGO 19

1. Os Estados Partes submeterão ao Comi-tê, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medi-das por eles adotadas no cumprimento das obrigações assumidas em virtude da pre-sente Convenção, dentro de prazo de um ano, a contar do início da vigência da pre-sente Convenção no Estado Parte interes-sado. A partir de então, os Estados Partes deverão apresentar relatórios suplementa-res a cada quatro anos sobre todas as novas disposições que houverem adotado, bem como outros relatórios que o Comitê vier a solicitar.

2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os relatórios a todos os Estados Partes.

3. Cada relatório será examinado pelo Co-mitê, que poderá fazer os comentários ge-rais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado Parte interessado. Este poderá, em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observações que deseje formular.

4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão de incluir qualquer comentário que houver feito de acordo com o que estipula o parágrafo 3 do presente Artigo, junto com as observações conexas recebidas do Esta-do Parte interessado, em seu relatório anu-al que apresentará em conformidade com o Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte interessado, o Comitê poderá também in-cluir cópia do relatório apresentado em vir-tude do parágrafo 1 do presente Artigo.

ARTIGO 20

1. O Comitê, no caso de vir a receber infor-mações fidedignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada sistematicamente no território de um Estado Parte, convidará o Estado Parte em questão a cooperar no exame das infor-mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co-mitê as observações que julgar pertinentes.

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2. Levando em consideração todas as ob-servações que houver apresentado o Esta-do Parte interessado, bem como quaisquer outras informações pertinentes de que dis-puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi-ficável, designar um ou vários de seus mem-bros para que procedam a uma investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê.

3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê procurará obter a colaboração do Es-tado Parte interessado. Com a concordância do Estado Parte em questão, a investigação poderá incluir uma visita a seu território.

4. Depois de haver examinado as conclu-sões apresentadas por um ou vários de seus membros, nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao Estado Parte interessado, junto com as ob-servações ou sugestões que considerar per-tinentes em vista da situação.

5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1 ao 4 do pre-sente Artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos, procurar--se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação realiza-da de acordo com o parágrafo 2, o Comitê poderá, após celebrar consultas com o Es-tado Parte interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados da investi-gação em seu relatório anual, que apresen-tará em conformidade com o Artigo 24.

ARTIGO 21

1. Com base no presente Artigo, todo Esta-do Parte da presente Convenção poderá de-clarar, a qualquer momento, que reconhece a competência dos Comitês para receber e examinar as comunicações em que um Es-tado Parte alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Convenção. As referidas comuni-cações só serão recebidas e examinadas

nos termos do presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a com-petência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo estarão sujei-tas ao procedimento que se segue:

a) se um Estado Parte considerar que outro Es-tado Parte não vem cumprindo as disposições da presente Convenção poderá, mediante co-municação escrita, levar a questão ao conheci-mento deste Estado Parte. Dentro de um prazo de três meses a contar da data do recebimento da comunicação, o Estado destinatário forne-cerá ao Estado que enviou a comunicação ex-plicações ou quaisquer outras declarações por escrito que esclareçam a questão, as quais de-verão fazer referência, até onde seja possível e pertinente, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos adotados, em trâmite ou dis-poníveis sobre a questão;

b) se, dentro de um prazo de seis meses, a con-tar da data do recebimento da comunicação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoriamente para ambos os Estado Partes interessados, tanto um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comi-tê, mediante notificação endereçada ao Comi-tê ou ao outro Estado interessado;

c) o Comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do presen-te Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgota-dos, em consonância com os princípios do Direito internacional geralmente reconhe-cidos. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se pro-longar injustificadamente ou quando não for provável que a aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da pre-sente Convenção;

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d) o Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as comunica-ções previstas no presente Artigo;

e) sem prejuízo das disposições da alínea c), o Comitê colocará seus bons ofícios à dis-posição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar uma solução amisto-sa para a questão, baseada no respeito às obrigações estabelecidas na presente Con-venção. Com vistas a atingir esse objetivo, o Comitê poderá constituir, se julgar con-veniente, uma comissão de conciliação ad hoc;

f) em todas as questões que se lhe subme-tam em virtude do presente Artigo, o Comi-tê poderá solicitar aos Estados Partes inte-ressados, a que se faz referência na alínea b), que lhe forneçam quaisquer informa-ções pertinentes;

g) os Estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea b), terão o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no Comitê e de apresen-tar suas observações verbalmente e/ou por escrito;

h) o Comitê, dentro dos doze meses seguin-tes à data de recebimento de notificação mencionada na b), apresentará relatório em que:

I) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se--á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada;

II) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre-ve exposição dos fatos; serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados.

Para cada questão, o relatório será encami-nhado aos Estados Partes interessados.

2. As disposições do presente Artigo entra-rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona-das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta-dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-ções Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao Secre-tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos que o Estado Parte in-teressado haja feito uma nova declaração.

ARTIGO 22

1. Todo Estado Parte da presente Conven-ção poderá, em virtude do presente Artigo, declarar, a qualquer momento, que reco-nhece a competência do Comitê para rece-ber e examinar as comunicações enviadas por pessoas sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Parte, das disposições da Convenção.O Comitê não receberá comu-nicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito declaração dessa na-tureza.

2. O Comitê considerará inadmissível qual-quer comunicação recebida em conformi-dade com o presente Artigo que seja anô-nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do direito de apresentar as referidas comu-nicações, ou que seja incompatível com as disposições da presente Convenção.

3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê levará todas as comunicações apresentadas em conformidade com este Artigo ao conhecimento do Estado Parte da presente Convenção que houver feito uma

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declaração nos termos do parágrafo 1 e so-bre o qual se alegue ter violado qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis meses seguintes, o Estado destinatário sub-meterá ao Comitê as explicações ou decla-rações por escrito que elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adotado pelo Estado em questão.

4. O Comitê examinará as comunicações re-cebidas em conformidade com o presente Artigo á luz de todas as informações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou em nome dela, e pelo Estado Parte interessado.

5. O Comitê não examinará comunicação alguma de uma pessoa, nos termos do pre-sente Artigo, sem que se haja assegurado de que;

a) a mesma questão não foi, nem está sen-do, examinada perante uma outra instância internacional de investigação ou solução;

b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados recursos se prolongar in-justificadamente ou quando não for prová-vel que a aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção.

6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinado as comunicações previstas no presente Artigo.

7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es-tado Parte e à pessoa em questão.

8. As disposições do presente Artigo entra-rão em vigor a partir do momento em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as declarações menciona-das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas declarações serão depositadas pelos Esta-dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na-ções Unidas, que enviará cópia das mesmas ao demais Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento,

mediante notificação endereçada ao Secre-tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-juízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre retirada da declaração, a menos que o Estado Parte interessado haja feito uma nova declaração.

ARTIGO 23

Os membros do Comitê e os membros das Comissões de Conciliação ad noc designa-dos nos termos da alínea e) do parágrafo 1 do Artigo 21 terão o direito às facilidades, privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no desempenho de missões para a Organização das Nações Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas.

ARTIGO 24

O Comitê apresentará, em virtude da pre-sente Convenção, um relatório anula sobre suas atividades aos Estados Partes e à As-sembléia Geral das Nações Unidas.

PARTE III

ARTIGO 25

1. A presente Convenção está aberta à assi-natura de todos os Estados.

2. A presente Convenção está sujeita a rati-ficação. Os instrumentos de ratificação se-rão depositados junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

ARTIGO 26

A presente Convenção está aberta à Adesão de todos os Estados. Far-se-á a Adesão me-diante depósito do Instrumento de Adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Uni-das.

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ARTIGO 27

1. A presente Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento de ratificação ou ade-são houver sido depositado junto ao Secre-tário-Geral das Nações Unidas.

2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento de ratifi-cação ou adesão, a Convenção entrará em vi-gor no trigésimo dia a contar da data em que o Estado em questão houver depositado seu instrumento de ratificação ou adesão.

ARTIGO 28

1. Cada Estado Parte poderá declarar, por ocasião da assinatura ou da ratificação da presente Convenção ou da adesão a ela, que não reconhece a competência do Comi-tê quando ao disposto no Artigo 20.

2. Todo Estado Parte da presente Convenção que houver formulado uma reserva em confor-midade com o parágrafo 1 do presente Artigo poderá, a qualquer momento, tornar sem efei-to essa reserva, mediante notificação endere-çada ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

ARTIGO 29

1. Todo Estado Parte da presente Conven-ção poderá propor uma emenda e deposi-tá-la junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes que o notifiquem se desejam que se convoque uma conferência dos Esta-dos Partes destinada a examinar a propos-ta e submetê-la a votação. Se, dentro dos quatro meses seguintes à data da referida comunicação, pelos menos um terço dos Estados Partes se manifestar a favor da refe-rida convocação, o Secretário-Geral convo-cará uma conferência sob os auspícios das Nações Unidas. Toda emenda adotada pela maioria dos Estados Partes presentes e vo-tantes na conferência será submetida pelo Secretário-Geral à aceitação de todos os Es-tados Partes.

2. Toda emenda adotada nos termos das disposições do parágrafo 1 do presente Ar-tigo entrará em vigor assim que dois terços dos Estados Partes da presente Convenção houverem notificado o Secretário-Geral das Nações Unidas de que a aceitaram em con-sonância com os procedimentos previstos por suas respectivas constituições.

3. Quando entrarem em vigor, as emen-das serão obrigatórias para todos os Esta-dos Partes que as tenham aceito, ao passo que os demais Estados Partes permanecem obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

ARTIGO 30

1. As controvérsias entre dois ou mais Esta-dos Partes com relação à interpretação ou à aplicação da presente Convenção que não puderem ser dirimidas por meio da nego-ciação serão, a pedido de um deles, subme-tidas a arbitragem. Se durante os seis meses seguintes à data do pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se de acordo quanto aos termos do compromisso de ar-bitragem, qualquer das Partes poderá sub-meter a controvérsia à Corte Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em conformidade com o Estatuto da Corte.

2. Cada Estado poderá, por ocasião da as-sinatura ou da ratificação da presente Convenção, declarar que não se considera obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os demais Estados Partes não estarão obriga-dos pelo referido parágrafo com relação a qualquer Estado Parte que houver formula-do reserva dessa natureza.

3. Todo Estado Parte que houver formulado reserva nos termos do parágrafo 2 do pre-sente Artigo poderá retirá-la, a qualquer momento, mediante notificação endereça-da ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

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ARTIGO 31

1. Todo Estado Parte poderá denunciar a presente Convenção mediante notificação por escrito endereçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos um ano depois da data de recebi-mento da notificação pelo Secretário-Geral.

2. A referida denúncia não eximirá o Estado Parte das obrigações que lhe impõe a presen-te Convenção relativamente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da data em que a denúncia venha a produzir efeitos; a denún-cia não acarretará, tampouco, a suspensão do exame de quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar antes da data em que a denúncia veio a produzir efeitos.

3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a denúncia de um Estado Parte, o Comitê não dará início ao exame de qual-quer nova questão referente ao Estado em apreço.

ARTIGO 32

O Secretário-Geral das Nações Unidas co-municará a todos os Estados membros das Nações Unidas e a todos os Estados que as-sinaram a presente Convenção ou a ela ade-riram:

a) as assinaturas, ratificações e adesões re-cebidas em conformidade com os Artigos 25 e 26;

b) a data de entrada em vigor da Conven-ção, nos termos do Artigo 27, e a data de entrada em vigor de quaisquer emendas, nos termos do Artigo 29;

c) as denúncias recebidas em conformida-des com o Artigo 31.

ARTIGO 33

1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos, será depo-sitada junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.

2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en-caminhará cópias autenticadas da presente Convenção a todos os Estados.

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988

TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis-tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direi-tos e obrigações, nos termos desta Consti-tuição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, pro-porcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercí-cio dos cultos religiosos e garantida, na for-ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII – é assegurada, nos termos da lei, a pres-tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelec-tual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X – são invioláveis a intimidade, a vida priva-da, a honra e a imagem das pessoas, assegu-rado o direito a indenização pelo dano mate-rial ou moral decorrente de sua violação;

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-sentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determina-ção judicial;

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-sual penal;

XIII – é livre o exercício de qualquer traba-lho, ofício ou profissão, atendidas as quali-ficações profissionais que a lei estabelecer;

XIV – é assegurado a todos o acesso à in-formação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XV – é livre a locomoção no território na-cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-manecer ou dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anterior-

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mente convocada para o mesmo local, sen-do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter para-militar;

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de au-torização, sendo vedada a interferência es-tatal em seu funcionamento;

XIX – as associações só poderão ser com-pulsoriamente dissolvidas ou ter suas ati-vidades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX – ninguém poderá ser compelido a asso-ciar-se ou a permanecer associado;

XXI – as entidades associativas, quando ex-pressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou ex-trajudicialmente;

XXII – é garantido o direito de propriedade;

XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em di-nheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de pro-priedade particular, assegurada ao proprie-tário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII – aos autores pertence o direito ex-clusivo de utilização, publicação ou repro-

dução de suas obras, transmissível aos her-deiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da ima-gem e voz humanas, inclusive nas ativida-des desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveita-mento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX – a lei assegurará aos autores de in-ventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das mar-cas, aos nomes de empresas e a outros sig-nos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX – é garantido o direito de herança;

XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasi-leira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte-resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-gurança da sociedade e do Estado;

XXXIV – são a todos assegurados, indepen-dentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

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b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclare-cimento de situações de interesse pessoal;

XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI – a lei não prejudicará o direito ad-quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul-gada;

XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de ex-ceção;

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegu-rados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos cri-mes dolosos contra a vida;

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades funda-mentais;

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-dendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

XLIV – constitui crime inafiançável e impres-critível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de repa-rar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra decla-rada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII – a pena será cumprida em estabele-cimentos distintos, de acordo com a nature-za do delito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L – às presidiárias serão asseguradas con-dições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamen-tação;

LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime co-mum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII – não será concedida extradição de es-trangeiro por crime político ou de opinião;

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LIII – ninguém será processado nem senten-ciado senão pela autoridade competente;

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defe-sa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI – são inadmissíveis, no processo, as pro-vas obtidas por meios ilícitos;

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da in-timidade ou o interesse social o exigirem;

LXI – ninguém será preso senão em flagran-te delito ou por ordem escrita e fundamen-tada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados ime-diatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII – o preso será informado de seus direi-tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-lia e de advogado;

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente re-laxada pela autoridade judiciária;

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemen-to voluntário e inescusável de obrigação ali-mentícia e a do depositário infiel;

LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sem-pre que alguém sofrer ou se achar amea-çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX – conceder-se-á mandado de seguran-ça para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data , quando o responsável pela ilegalida-de ou abuso de poder for autoridade públi-ca ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamenta-dora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogati-vas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

LXXII – conceder-se-á habeas data :

a) para assegurar o conhecimento de infor-mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

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b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi-cial ou administrativo;

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anu-lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à mo-ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídi-ca integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;

LXXVI – são gratuitos para os reconhecida-mente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e admi-nistrativo, são assegurados a razoável dura-ção do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Inciso acres-cido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação ime-diata.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorren-tes do regime e dos princípios por ela ado-tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacio-nais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-

cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equi-valentes às emendas constitucionais. (Pará-grafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri-bunal Penal Internacional a cuja criação te-nha manifestado adesão. (Parágrafo acres-cido pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Questões

1. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

A Declaração Universal dos Direitos do Ho-mem foi adotada em 10 de dezembro de 1948. A seu respeito, assinale a alternativa correta.

a) Dada sua correlação com os direitos naturais, houve grande consenso em torno do documento que contou com a aprovação unânime dos Estados, sem reprovações ou abstenções.

b) Estabelece três categorias de direitos: os direitos civis e políticos, os direitos econômicos, sociais e culturais e os di-reitos coletivos, combinando, de forma inédita, os discursos liberal, social e plu-ral.

c) Não tratou do direito à propriedade, tendo em vista que esse ponto poderia ser objeto de impasse com os Estados do bloco socialista.

d) Embora sem grande repercussão, ga-rante o direito à felicidade que, nos úl-timos anos, tem sido tema de grande debate nacional e internacional.

e) Não apresenta força de lei, por não ser um tratado. Foi adotada pela Assem-bleia das Nações Unidas sob a forma de resolução. Contudo, como consagra va-lores básicos universais, reconhece-se sua força vinculante.

2. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

Ainda sobre a Declaração Universal dos Di-reitos do Homem, é correto afirmar que

a) prevê expressamente o direito à parti-cipação política, mas não o de acesso a serviços públicos.

b) garante a todos, sem qualquer tipo de distinção, educação, direito ao trabalho e saúde pública gratuita.

c) prevê a criação de um tribunal internacio-nal para julgamento de violações aos direi-tos humanos.

d) não estabelece nenhuma forma de go-verno para garantir a aplicação dos di-reitos humanos, pois entende que isso deve ser livremente decidido pelas na-ções individualmente de acordo com sua realidade.

e) prevê o direito ao trabalho e ao repou-so e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e as férias remu-neradas periódicas.

3. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança – DF – Especialista Socioeducativo – Artes Plásticas)

Na Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, consta que

a) todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que impli-ca o direito de não ser inquietado por suas opiniões e o direito de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias, por qualquer meio de expressão.

b) o meio ambiente equilibrado é um di-reito das presentes e das futuras gera-ções.

c) a família, entendida como a união de um homem e uma mulher pelo casa-mento, é o elemento natural e funda-mental da sociedade e goza do direito à proteção, tanto da sociedade quanto do Estado.

d) ninguém sofrerá intromissões de qual-quer tipo na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio, na sua corres-pondência ou nas suas comunicações telefônicas, nem ataques à sua honra e à sua reputação. Contra tais intromis-sões ou ataques, toda pessoa tem direi-to à proteção da lei.

e) a vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos e deve exprimir-se por meio de eleições peri-ódicas, por sufrágio universal e igual, com voto obrigatório e secreto.

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4. (Aroeira – 2014 – PC-TO – Escrivão de Polí-cia Civil)

A Declaração Universal dos Diretos Huma-nos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezem-bro de 1948, assevera que toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua perso-nalidade é possível. Com base nesse princí-pio, nos termos da Declaração Universal,

a) toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, ex-clusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdade de outrem e de sa-tisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática, sendo que es-ses direitos e liberdades são proibidos, em hipótese alguma, de ser exercidos contrariamente aos propósitos e princí-pios das Nações Unidas.

b) é livre a interferências na vida privada, na família, no lar ou na correspondên-cia, salvo por ordem judicial, nas hipó-teses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal, polí-tica ou para instrução processual penal.

c) tem o direito de procurar e de gozar asi-lo em outros países, em caso de vítima de perseguição, sendo que este direito pode ser invocado, inclusive, em caso de perseguição motivada por crimes de direito comum, desde que de acordo aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

d) tem igual direito de acesso ao serviço público, independente de ser seu país, como, por exemplo, o direito à educa-ção, que será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais, sendo que a educação elementar será obrigatória, e a educação superior será acessível a todos, bem como a educa-ção técnico-profissional, está baseada no mérito.

5. (IBFC – 2014 – SEDS-MG – Agente de Segu-rança Socioeducativo)

Indique a alternativa CORRETA, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos:

a) Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro e fora das fronteiras de cada Estado.

b) Toda pessoa tem direito à dupla nacio-nalidade

c) Toda pessoa tem direito a organizar sin-dicato, sendo obrigatório o seu ingresso nele para proteção de seus interesses.

d) Os pais têm prioridade de direito na es-colha do gênero de instrução que será ministrada aos seus filhos.

6. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança – DF – Técnico Socioeducativo – Administrativo )

De acordo com o que dispõe a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos humanos são indivisíveis e englobam, exclu-sivamente, os direitos

a) civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, não prevendo hierarquia en-tre eles.

b) civis e políticos.c) coletivos e individuais, estes últimos

hierarquicamente superiores.d) econômicos e sociais.e) privados e públicos, estes últimos hie-

rarquicamente superiores.

7. (CESPE – 2013 – MTE – Auditor Fiscal do Trabalho)

À luz das normas internacionais de proteção aos direitos humanos, julgue os itens que se se-guem, acerca do combate ao trabalho forçado.

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos proíbe, expressamente, a manutenção de pessoas em regime de escravidão ou de servidão.

( ) Certo   ( ) Errado

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8. Equivalem às normas constitucionais origi-nárias os tratados internacionais sobre os direitos humanos aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, pro três quintos dos votos dos respectivos membros.

( ) Certo   ( ) Errado

No que se refere à fundamentação dos di-reitos humanos e à sua afirmação, julgue os itens subsecutivos.

9. A expressão direitos humanos de primeira geração refere-se aos direitos sociais, cultu-rais e econômicos.

( ) Certo   ( ) Errado

10. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito Substituto)

Ainda sobre a Declaração Universal dos Di-reitos do Homem, é correto afirmar que

a) prevê expressamente o direito à parti-cipação política, mas não o de acesso a serviços públicos.

b) garante a todos, sem qualquer tipo de distinção, educação, direito ao trabalho e saúde pública gratuita.

c) prevê a criação de um tribunal interna-cional para julgamento de violações aos direitos humanos.

d) não estabelece nenhuma forma de go-verno para garantir a aplicação dos di-reitos humanos, pois entende que isso deve ser livremente decidido pelas na-ções individualmente de acordo com sua realidade.

e) prevê o direito ao trabalho e ao repou-so e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e as férias remu-neradas periódicas.

11. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016 )

De acordo com o art. 5⁰, LXVII, da CRFB/1988, “Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadim-plemento voluntário e inescusável de obri-gação alimentar e a do depositário infiel”. A Convenção Americana sobre Direitos Hu-manos -Pacto de San José da Costa Rica, que proíbe a prisão por dívida decorrente do descumprimento de obrigações contra-tuais, à qual o Brasil aderiu, foi internalizada com o status de:

a) norma supralegal e infraconstitucional.b) lei complementar.c) norma supraconstitucional. d) norma constitucional.e) lei ordinária.

12. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Policia Ci-vil)

Com relação à Declaração Universal dos Direitos Humanos, é correto afirmar que a(os):

a) três valores fundamentais dos direitos humanos são a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

b) pessoas vítimas de perseguição tem di-reito de procurar asilo em outro país, mesmo nos casos em que a perseguição é motivada por crimes de direito co-mum.

c) liberdade de opinião e de expressão não inclui a liberdade de transmitir in-formações por qualquer meio e inde-pendente de fronteiras.

d) direitos de liberdade previsto são rela-tivos à esfera individual, não prevendo liberdades políticas relativas à partici-pação do povo no governo.

e) liberdade religiosa é acessível a qual-quer pessoa desde que sua manifesta-ção seja feita de forma coletiva e em particular apenas.

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13. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil)

Com relação ao trabalho e ao que estabele-ce a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos, assinale a alternativa correta.

a) Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure apenas a si uma exis-tência compatível com a dignidade hu-mana, não sendo necessário acrescen-tar outros meios de proteção social.

b) Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego e a condições justas e favoráveis de trabalho, sendo opcional a proteção contra o desempre-go.

c) A remuneração por igual trabalho per-mite distinção desde que prevista em lei nacional.

d) Toda pessoa tem direito a organizar sin-dicatos e a neles ingressar para a prote-ção de seus interesses.

e) Toda pessoa tem direito a repouso e lazer inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias periódicas não remuneradas.

14. (CESPE – PC-GO – Conhecimentos Básicos – 2016)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos

a) não apresenta força jurídica vinculan-te, entretanto consagra a ideia de que, para ser titular de direitos, a pessoa deve ser nacional de um Estado-mem-bro da ONU.

b) não prevê expressamente instrumentos ou órgãos próprios para sua aplicação compulsória.

c) prevê expressamente a proteção ao meio ambiente como um direito de to-das as gerações, bem como repudia o trabalho escravo, determinando san-ções econômicas aos Estados que não o combaterem.

d) é uma declaração de direitos que deve ser respeitada pelos Estados signatá-rios, mas, devido ao fato de não ter a forma de tratado ou convenção, não implica vinculação desses Estados.

e) inovou a concepção dos direitos huma-nos, porque universalizou os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, privilegiando os direitos civis e políticos em relação aos demais.

15. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016)

A respeito da Declaração Universal dos Di-reitos Humanos de 1948, assinale a alterna-tiva correta.

a) Estabelece que a vontade do povo é o fundamento da autoridade dos pode-res públicos, devendo se exprimir por meio de eleições honestas, realizadas periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

b) Prevê a criação de um Tribunal Interna-cional para a verificação do cumprimen-to dos direitos humanos por ela estabe-lecidos.

c) Dispõe que a educação gratuita abran-ge o ensino elementar, técnico e profis-sional.

d) Possui natureza de tratado internacio-nal e força vinculante em relação a to-dos os países que a ratificaram.

e) Foi primeiro documento internacional a tratar expressamente de direitos huma-nos de terceira dimensão, como a paz e o meio ambiente.

16. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-vil – 2016)

Conforme estabelecido na Convenção con-tra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, é cor-reto afirmar:

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a) O Comitê contra a tortura será compos-to por dez peritos de elevada reputação m oral e reconhecida competência em matéria de direitos humanos, indicados diretamente pelo Secretário Geral das Nações Unidas.

b) Admite-se excepcionalmente a prática de tortura para se evitar crime de geno-cídio ou em caso de guerra declarada.

c) Considera-se tortura qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, fí-sicos ou mentais, são infligidos inten-cionalmente a uma pessoa, ainda que sejam consequência unicamente de sanções legítimas.

d) O Comitê Contra Tortura deverá receber e examinar todas as comunicações, ain-da que anônimas, enviadas por pessoas que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado Parte, das disposições da Convenção.

e) Cada Estado Parte assegurará que ne-nhuma declaração que se demonstre ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como pro-va em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que a declaração foi prestada.

17. (VUNESP – PC-CE – Delegado de Polícia Ci-vil de 1º Classe – 2015)

É disposição prevista na Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos:

a) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país, direta-mente ou por intermédio de represen-tantes livremente escolhidos.

b) Todo o homem tem direito à instrução, que será gratuita pelo menos até o grau técnico-profissional.

c) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e de associação, indepen-dentemente do modo e dos fins a que deseja se associar.

d) Os Estados deverão, paulatinamente, conceder às crianças nascidas fora do

matrimônio a mesma proteção social conferida aos nascidos dentro dele.

e) Os pais têm exclusividade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

18. (VUNESP – PC-SP – Atendente de Necroté-rio Policial – 2014)

Abalados pela barbárie recente e com o in-tuito de construir um mundo sob novos ali-cerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-guerra, lideradas por URSS e Estados Unidos, estabeleceram, em 1945, as bases de uma futura paz, definindo áreas de influ-ência das potências e acertaram a criação de uma organização multilateral que pro-movesse negociações sobre conflitos inter-nacionais, para evitar guerras, promover a paz e a democracia, e fortalecer os direitos humanos. A fim de que houvesse esse for-talecimento dos direitos humanos, foi ela-borado documento em 1948, pela Organiza-ção das Nações Unidas, denominado:

a) Encíclica Rerum Novarum.b) Magna Carta.c) Declaração Universal dos Direitos Hu-

manos.d) Declaração dos Direitos do Homem e

do Cidadão.e) Declaração do Bom Povo da Virgínia.

19. (IBFC – SEDS-MG – Agente de Segurança Penitenciária – 2014)

Complete as lacunas, de acordo com a al-ternativa que refete o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Artigo I – Todas as pessoas nascem livres e iguais em ________________________. São dotadas de razão e _______________________ e devem agir em relação umas às outras com espírito de ____________________.”

a) Dignidade e direitos – consciência – fraternidade.

b) Direitos e deveres – liberdade – solidariedade.

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c) Direitos e obrigações – convicção – solidariedade.

d) Dignidade e obrigações – consciência – harmonia.

20. (ACAFE – PC-SC – Delegado de Polícia – 2014)

De acordo com a Convenção contra a Tor-tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, é correto afir-mar:

a) A referida denúncia eximirá o Estado--parte das obrigações que lhe impõe a presente Convenção relativamente a qualquer ação ou omissão ocorrida an-tes ou após a data da denúncia. Todavia, a denúncia não acarretará a suspensão do exame de quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar antes da data em que a denúncia fora realiza-da.

b) As controvérsias entre dois ou mais Estados-partes com relação à interpre-tação ou aplicação da presente Conven-ção serão sempre submetidas à Corte Internacional de Justiça, mediante so-licitação feita em conformidade com o Estatuto da Corte.

c) Todo Estado-parte poderá denunciar a presente Convenção mediante notifica-ção por escrito endereçada ao Secretá-rio Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá efeitos 30 (trinta) dias depois da data do recebimento da notificação pelo Secretário Geral.

d) Todo Estado-parte na presente Conven-ção poderá propor emendas e deposi-tá-las junto ao Secretário Geral da Or-ganização das Nações Unidas. Quando entrarem em vigor, as emendas serão obrigatórias para os Estados-partes que as aceitaram, ao passo que os demais Estados-partes permanecem obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emendas anteriores por eles aceitas.

e) A partir da data de protocolo da denún-cia de um Estado-parte, o Comitê não

dará início ao exame de qualquer nova questão referente ao Estado em apreço.

21. (VUNESP – PC-SP – Delegado de Polícia – 2014)

Segundo o que dispõe a Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos da ONU, toda pes-soa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. No entanto, esse direito não pode ser invo-cado, entre outros, em caso de perseguição

a) de militante político que tenha se eva-dido clandestinamente de seu país de origem.

b) de pessoa que claramente tenha se re-belado contra o regime de governo de seu país.

c) por razões de ordem política.d) por motivos religiosos.e) legitimamente motivada por crimes de

direito comum.

22. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório – 2014)

Segundo a Declaração Universal dos Direi-tos Humanos, toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive

a) moradia, transporte e lazer.b) serviços sociais, transporte e proprieda-

de privada.c) alimentação, vestuário e habitação.d) transporte, lazer e propriedade privada.e) cuidados médicos, moradia e viagens.

23. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório – 2014)

Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos que o casamento

a) não será válido senão com o livre e ple-no consentimento dos nubentes.

b) deve ser celebrado por autoridade civil.c) não gera direitos e deveres iguais para

homens e mulheres.

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d) é a união indissolúvel entre homens e mulheres.

e) deverá ser celebrado por autoridade da religião do homem.

24. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – 2014)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos prevê que toda pessoa acusada de um ato delituoso.

a) tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal ad hoc.

b) poderá ser privada de sua nacionalida-de, ou do direito de mudar de naciona-lidade.

c) tem direito a um julgamento por júri, no qual lhe sejam asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

d) poderá ser exilada e perder sua nacio-nalidade, mas tem o direito de procurar asilo em outros países

e) em o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei.

25. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – 2014)

É correto afirmar, sobre as previsões conti-das na Declaração Universal de Direitos Hu-manos, que:

a) está previsto o direito à educação, com o ensino elementar obrigatório e gratui-to, com acesso ao ensino superior gra-tuito e de acordo com o mérito.

b) estão previstos direitos ligados ao con-trato de trabalho, como salário mínimo, repouso e lazer, mas sem nenhuma li-mitação horária da jornada de trabalho.

c) são proclamados, em seu artigo I, como os três valores fundamentais dos direi-tos humanos a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

d) os direitos de liberdade previstos são relativos à esfera individual, não pre-

vendo liberdades políticas relativas à participação do povo no governo.

e) não há disposição que verse sobre o direito a contrair matrimônio e fundar uma família, nem sobre os direitos de-correntes do casamento.

26. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil – 2013)

Consoante o que estabelece expressamente a Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, é correto afirmar que

a) a instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, sendo obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas.

b) o poder público deve financiar os es-tudos dos alunos em escolas privadas quando não houver vagas em escolas públicas.

c) os pais têm prioridade de direito na es-colha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

d) toda pessoa tem direito à instrução, que será gratuita em todos os graus.

e) a instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instru-ção superior, esta baseada na condição econômico-financeira da pessoa.

27. (FUMARC – PC-MG – Delegado de Polícia – 2011)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos pode ser caracterizada, primeiramen-te por sua amplitude, compreendendo um conjunto de direitos e faculdades, sem as quais um ser humano não pode desenvol-ver sua personalidade física, moral e inte-lectual. Em segundo lugar, pela universali-dade, aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, seja qual for o regime político dos territórios nos quais incide. Assinale abaixo a assertiva que é CONTRÁRIA ao enunciado acima:

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a) Como uma plataforma comum de ação, a Declaração foi adotada em 10 de de-zembro de 1948, pela aprovação de 48 Estados, com 8 abstenções.

b) Objetiva delinear uma ordem pública mundial fundada no respeito à dignida-de da pessoa humana, para orientar o desenvolvimento de uma raça humana superior.

c) Introduz a indivisibilidade dos direitos humanos, ao conjugar o catálogo dos direitos civis e políticos, com o dos di-reitos econômicos, sociais e culturais.

d) Teve imediatamente, após a sua ado-ção, grande repercussão moral ao des-pertar nos povos a consciência de que o conjunto da comunidade humana se interessava pelo seu destino.

28. (FUMARC – PC-MG – Escrivão de Polícia Ci-vil – 2011)

A Declaração Universal dos Direitos Huma-nos, adotada em 10 de dezembro de 1948, objetiva delinear uma ordem pública mun-dial fundada no respeito à dignidade da pessoa humana. Leia e analise as assertivas abaixo:

I – A Declaração compreende um conjunto de direitos e faculdades sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua per-sonalidade física, moral e intelectual.

II – Sendo universal, é aplicável a todas as pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, condicionada à aplicação ao regime político dos territórios nos quais incide.

III – Consolida a afirmação de uma ética uni-versal, ao consagrar um consenso sobre va-lores de cunho universal a serem seguidos pelos Estados.

Marque a opção CORRETA.

a) Somente as assertivas I e II estão corre-tas.

b) Somente as assertivas II e III estão cor-retas.

c) Somente as assertivas I e III estão corre-tas.

d) Somente a assertiva I está correta.

29. (ACAFE – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil – 2010)

Quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.

a) Todo ser humano tem direito de fazer parte no governo de um país direta-mente, via intermédio de representan-tes escolhidos.

b) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, salvo do direito de mudar de nacionalidade.

c) Não será feita nenhuma distinção fun-dada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tute-la, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

d) Todo ser humano tem pleno direito de acesso ao serviço público de qualquer país.

30. (MS CONCURSOS – SEDS-PE – Sargento – Policia Militar – 2010)

São considerados direitos resguardados pela Declaração Universal dos Direitos Hu-manos de 1948:

a) Direito à vida, à liberdade e segurança pessoal.

b) Direito a julgamento justo, salvo em caso de guerra.

c) Adoção de medidas penais retroativas, mesmo quando prejudiquem o réu.

d) O Estado passa a ter direito de efetuar algumas prisões arbitrárias.

e) O réu é considerado culpado, mesmo antes de sentença transitado em julga-do.

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31. (FDRH – PC-RS – Escrivão de Polícia – 2° Parte – 2013)

Para os efeitos da Declaração sobre a Pro-teção de Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, De-sumanos ou Degradantes, o ato de tortura

a) caracteriza-se somente quando pratica-do por funcionário público.

b) é sempre praticado com o fim de obter uma informação ou confissão.

c) não se configura quando a pena ou o sofrimento forem consequência da pri-vação legitima da liberdade.

d) nem sempre constitui uma ofensa à dig-nidade humana.

e) é admitido quando há estado de guerra ou ameaça de guerra.

32. (CESPE – PC-CE – Inspetor de Polícia – 2012)

A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desu-manos ou Degradantes, julgue os itens se-guintes.

Nenhum país procederá à expulsão, devo-lução ou extradição de pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer que essa pessoa corre perigo de ali ser submetida a tortura

( ) Certo   ( ) Errado

33. (CESPE – PC-CE – Inspetor de Polícia – 2012)

A respeito da Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desu-manos ou Degradantes, julgue os itens se-guintes.

Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos são infligidos à pessoa a fim de se obterem informações ou confis-sões, ainda que tais dores ou sofrimentos sejam consequências unicamente de san-ções legítimas.

( ) Certo   ( ) Errado

Gabarito: 1. E 2. E 3. A 4. A 5. D 6. A 7. CERTO 8. ERRADO 9. ERRADO 10. E 11. A 12. A 13. D 14. B  15. A 16. E 17. A 18. D 19. A 20. D 21. E 22. C 23. A 24. E 25. C 26. C 27. B 28. C 29. C 30. A 31. C  32. Certo 33. Errado