poesias 89 edicao arthur barbosa - rl.art.br · e minhas rimas, mudarei para enchê-la de emoção...
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Palavra é Arte - POESIA • 1
89ª Edição
POESIA
2 • POESIA - Palavra é Arte
CULTURA EDITORIAL04.877.022/0001-95
RUA COMENDADOR GOMES COSTA, 49BARRIS - SALVADOR - BAHIA
71 3329 6129
Dados para Catalogação
Cultura editorialPalavra é Arte/Gilberto Mar ns. –
Salvador, BA: Cultura Editorial, 20131. Literatura.
ISBN: 978-85-99993-32-3
Projeto Gráfi co e diagramação:Lucy Dolácio e Walter Chaves
Capa:Lucy Dolácio
Distribuidor para todo o Brasil:Seg Livros Com Representações
Rua Com Gomes Costa, 49, Barris - Salvador - BATelefone: (71) 3329-6129
E-mail: [email protected]
Palavra é Arte - POESIA • 3
A poesia se iden fi ca em todas as medidas como a própria arte, uma vez que ela sinte za o que de mais sig-nifi ca vo existe em todas as demais modalidades de ex-pressões humanas.
A saudade, a angús a, o amor, a felicidade, a fé...Qual a fórmula mágica para se falar de tudo isso, fazen-
do uso do mínimo de palavras e do máximo de sen mento?Quintana nos ensinou a fazer isso!Que nos perdoem a dança, a música, a pintura... Sem
poesia nenhuma dessas expressões ar s cas teria vida. O poeta mexicano Jaime Sabines disse certa vez que a
poesia é um acontecimento humano único, mas que pode-mos encontrá-la em qualquer parte, a qualquer hora, de forma surpreendente.
Ao lermos os versos de Arthur Barbosa, percebemos que ele, com maestria, nos faz acreditar que a arte de fazer versos é tão fácil que até nós, simples amantes das artes e da vida, seríamos capazes de tal façanha.
Arthur é essencialmente poeta, tem a alma daqueles que veem o mundo com olhos mágicos, que enxergam o mí-nimo e o transforma em máximo por meio de seus versos.
Ao mergulharmos em seus escritos, na mul plicidade de seus temas, na precisão de suas palavras, na sua linguagem, às vezes, quase telegráfi ca, temos a impressão de que somos seus velhos amigos, que a conhecemos profundamente.
Por isso dedicamos a ela esta edição.
Gilberto Mar ns
4 • POESIA - Palavra é Arte
Palavra é Arte - POESIA • 5
Sumário
Arthur BarbosaVitória régia ..................................................................10Me nina ........................................................................11Aurora boreal ...............................................................12Olho mágico .................................................................13Durma em paz ..............................................................14Rastro brilhante ............................................................15Pérola da paixão ...........................................................16A dor da saudade .........................................................17Joça ...............................................................................18Dente de leão ...............................................................19Chuva sertaneja ............................................................20Batalha do tempo .........................................................22Darcy Nogueira BritoAcordando ....................................................................23Oração a São Google ....................................................24Conjugação ...................................................................25Deslizando no tempo ....................................................26Desilusão ......................................................................27Infância crescida ...........................................................28À vida ............................................................................29Siga a seta .....................................................................30O retorno do pássaro ...................................................31Luiz Carlos ZanardoBolha de sabão .............................................................32Ar sta de rua ................................................................34
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Quem me dera .............................................................35Princípios, valores, moral e é ca. .................................36Q.I. ................................................................................37Natureza morta ............................................................38Mundo hoje ..................................................................39Lembrança da infância..................................................40Curvas e carros ............................................................41A teia ............................................................................42Ponto cego, necessidade de exposição ........................43O retrato da hora ..........................................................44Dilema ..........................................................................45Conectados ...................................................................46A chuva .........................................................................47Allan JorgeA mácula do mundo .....................................................48Do coração ....................................................................49Introdução à loucura ....................................................50Herege ..........................................................................51Manifesto dum pecador ...............................................53Mar ...............................................................................55Oração do amor ............................................................56(Sepultado) ...................................................................57Sofrimento ....................................................................59Terça-feira .....................................................................60Leonardo MouraSobrevivência? .............................................................62O beijo do sol................................................................63
Palavra é Arte - POESIA • 7
Rugas ............................................................................64Dance comigo ...............................................................66O úl mo guerreiro ........................................................68Jasmim (o perfume) .....................................................71Arco-íris ........................................................................73Quando criança ............................................................75Ela brilha .......................................................................76Fábio H TorresRua da meiguice ...........................................................78Poema de mar ..............................................................80O cantor (para Milton Nascimento) ..............................82Amizade ........................................................................84O velho na ponte ..........................................................86Gemas ..........................................................................87Caos ..............................................................................89Outridade .....................................................................90Vira-latas ......................................................................91Walt Whitman ..............................................................92Kalyne AlvesDiálogo .........................................................................94Eu, o plural ela ..............................................................95Mar de Miguel ..............................................................96O espelho de um menino .............................................97Minha Pequena ............................................................98Diálogo II ......................................................................99A bailarina mul cor ......................................................100Brisa buscando chão .....................................................101
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Coração de balão ..........................................................102Mais uma primavera .....................................................103Dílson Ferreira da SilvaSujeição! ....................................................................... 104História de um quadro pendurado na parede! ............. 105Mo vos... ..................................................................... 106Exaltação à incoerência humana! ................................. 107Dialogando com as fantasias... ..................................... 108A beleza da vida! .......................................................... 109Sonata da rua onde morei... ......................................... 110No ín mo do amor supremo! ....................................... 111Mo vos na vida do poeta ............................................. 112Simbologia!................................................................... 113Poema dos meus caminhos... ....................................... 114Desconex@s... .............................................................. 115Sônia MaraA chuva ......................................................................... 116Tatuagem ...................................................................... 117Borboletas na janela ..................................................... 118A novela da vida ........................................................... 119A pátria ......................................................................... 120A paz de amar alguém .................................................. 121Amor por inteiro ........................................................... 123Busca ............................................................................ 124Confessa ....................................................................... 125Dias cinzentos ............................................................... 126Flores e vinho ............................................................... 127
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Liberdade ...................................................................... 128O abraço ....................................................................... 129Jenifer SaskaUm corpo que cai ......................................................... 130Sobre pétalas ................................................................ 131Afago ............................................................................ 132Ponto de vista ............................................................... 133Suspensão .................................................................... 134Ode à Anna Akhmátova ................................................ 135Lasciva .......................................................................... 136Sexo surrado ................................................................. 138Cavalgado ..................................................................... 139Canto ............................................................................ 140Carlos Alberto Andrade de CastroPactos ........................................................................... 142Simples assim ............................................................... 143Por onde ando .............................................................. 145Distância ....................................................................... 147Amor platônico ............................................................. 148Projetos ........................................................................ 150Rainha........................................................................... 152Vulcões ......................................................................... 153Leandro SalesSó meus olhos podem ver ............................................ 154
10 • POESIA - Palavra é Arte
VITÓRIA RÉGIA
Aonde a visão alcança, desse vale ina ngívelResta esperança, nesse sonho tão tangívelMorros e montes, verdes de verãoAlém dos horizontes, como nunca em outra estação
Chão de terra, cascalhadoSubo a serra, admiradoOnde se percorra, ou ali parado
Um espreguiçar pr’almaE se sentar, com calmaContemplar com palma
Que ainda resta natureza, tão azulDe rara boniteza, sol poente ao sulCircular essa divindade, compor um desenhoNa maior simplicidade, sigo meu caminho
Ps: Título em razão da data, pois a vitória-régia amazônica fl oresce na data qual a poesia foi inspirada.
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 11
ME NINA
Moça tão bonitaEsquisitaIgual não há
A sua belezaRealezaDe impressionar
É de inteiro amorO esplendorDe me ninar
Ah, sua belezaCom certezaDe fi car
De queixo caídoNo mundo, perdidoFica comigo
Vem meninaMe ninarMeninaMe nina“Qualquer semelhança com o refrão de “Você vai me seguir” Do Chico não é mera coincidência”
Arthur Barbosa
12 • POESIA - Palavra é Arte
AURORA BOREAL
O céu, tão bonitoNão se nota, em belezaTamanha tristezaQue mensura o infi nito
O âmbar da auroraPassa desapercebidoAdormeço sen doPrevendo a demora
A estrela cadenteDe saudade, latenteNem caiu, de preguiçaSó mais uma premissa
Tão iluminadoParece apagadoDe você, privadoSer feliz ao seu lado
[AgoniaMelancoliaPoesiaDesarmonia]
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 13
OLHO MÁGICO
Olho descer enfei çados olhosOlho no olho...Cumplicidade
Te espio!!Pelo canto dos olhosSua hipnó ca melodia
Me cega, enlouquece e prendeSou todo olhosOlho nu
Menina, pupila que me orbita em seu globoE me faz verSeus olhos
Arthur Barbosa
14 • POESIA - Palavra é Arte
DURMA EM PAZ
Deita e deixa o sono vir Caindo sobre os cabelosComo se fosse te cobrir
Que ele te leve num doce ninar E sonhando a viajar
Pelo vale com uma cachoeira Uma brisa boa, uma tarde maneira
E lá nas profundezas do sono que chegou Você nem viu que o dia raiou Mais um espetáculo que o universo preparou Quando, a noite, um anjo roubou
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 15
RASTRO BRILHANTE
A música me acompanhaa lua, a estrada banha!repleta em meu retrovisor...eis que surge um estupor
Uma estrela-cadente caicruza o céu, na minha frentee por um pouco me distraiimpossível fi car indiferente
Meu corpo todo arrepiaquase sinto a energiado mis cismo que encobreessa estrela tão nobre
Essa noite irei dormirpois o cosmo, pude sen rcom minh’alma interagirenquanto estava a dirigir
[FINAL ALTERNATIVO]
Em minha cama escrevereisobre uma divina criaçãoE minhas rimas, mudareipara enchê-la de emoção
Arthur Barbosa
16 • POESIA - Palavra é Arte
PÉROLA DA PAIXÃO
Que o calor de uma brisa, Infl amada com meu coração suavemente te encontre Levando meu beijo tenro...
Que ela sussurre em seu ouvido EU TE AMO, baixinhoTorço para que nesse instante O mundo por um instante se cale Para que o beijo amado, Carregado pela brisa Em sua alma aconchegue
E tão logo você volte Tal como pérola Traga o guardado beijo Ainda mais infl amado
Não, cicatrizado, como na natureza Mas arredondado, como estrela Mais perto, como a gravidade
Me/se entregue, com seus lábios Depositando agora, em minh’alma O amor que eu te ofertei Ainda mais forte, bonito e puro
Assim, juntos, novamente, estaremos E daremos mais valor Ao estrelado do céu Que nesse mar de distância Sempre nos foi fi el
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 17
A DOR DA SAUDADE
Com os olhos transbordadosA saudade inundaOs pensamentos afundamEnquanto estou acordado
Queria muito te dizerQue não vai doerMas cada segundo que passaA realidade avassala
Arthur Barbosa
18 • POESIA - Palavra é Arte
JOÇA
A ansiedade?Doeu bastante esses dias...Não só a sua falta... mas “aquela” faltaSabes do que falo meu bem...É sempre assim... Dias compridos, noites sem fi mE a diagramação? Já não preocupa a mimNem sei se quero rimar, essa joça ruimQue era só pra dizer....: – Que a ansiedade tomou conta Daquele que acredita em conto de fadasSei que você sabe... do que eu tô falandoAquela rua... aquele endereço...E o andar que já não é mais o mesmo Mas não vou me atropelarE me expor como um toloSimplesmente vou dizerQue você alivia minha ansiedade...Ou a desvia de focoMas essa joça é um jeito boboDe agradecer
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 19
DENTE DE LEÃO
Dispersa-se-mente pela ventaniaBailando (-as) pelos campos coloridosA natureza em perfeita harmoniaSeus sonhos, pelo homem, destruídos
Arthur Barbosa
20 • POESIA - Palavra é Arte
CHUVA SERTANEJA
Maracatu, macaxeira e mandacaru Lá na terra que Você vira TuQualquer um a olho nuEnxerga as belezas do norte, ao sul
Um rio que atravessa a secaA população que vive de pescaAs crianças jogam fubecaE na farofa tem carne-seca
Bem lá pro meio do sertãoTem adulto que carrega galãoVem da cacimba com sofreguidãoPela caa nga em imensidão
Cabra-macho carregador pistolaCalça surrada, bota quase sem solaUm sertanejo, na moda de violaReza aos deuses, pela água implora
Ao sabor da umbuzadaQue tanto encanta a molecadaTu pensa que até parece piadaQuando o sertanejo chora, ao ouvir trovoada
A pimenta arretada de ardidaO sol faz sua despedidaDa cana o Pitú, depois de moídaA chuva correndo a terra, trazendo vida
Palavra é Arte - POESIA • 21
Engrossa o caldo, põe a farinhaApresse o forró, chama lá a mãinhaVes do novo, com direito a fi nhaÉ dia de festa: TU vem não pra quadrilha?
Arthur Barbosa
22 • POESIA - Palavra é Arte
BATALHA DO TEMPO
Como se nocauteada fosseLevado aos céus num golpeArrastada e a galopePelo vento que a trouxe
A temperatura abaixandoO suor encharca o chãoNum espirro atordoadoLava inteiro mundão
Ao notarem sua chegadaJá empunham a espadaUm escudo abauladoEvita ser atacado
Adrenalina corre, incitando Outros já estão sonhandoNesse reboliço de emoçãoPeço ao Pai, com gra dão:
Lava teus fi lhos e suas fl oresRegue os amantes e os amoresTraz a vida, com a chuvaQue cai, como uma luva
Arthur Barbosa
Palavra é Arte - POESIA • 23
ACORDANDO
Enquanto a tal senhora não vemVou anoitecendo e amanhecendoEncurtando o encontroNa ilusão que a cada passoDas forças opostasO dela recua
Darcy Nogueira Brito
24 • POESIA - Palavra é Arte
ORAÇÃO A SÃO GOOGLE
Google nosso que estais nas nuvensBendito seja o seu silícioNão deixeis cair as ligaçõesDas buscas nossas de cada diaVenha a nós o vosso facebookE perdoais as falsas cur çõesAssim como perdoamos os que não nos curtemNão permitas que caiamos em tentaçõesDe sites falsos ou duvidososE livrai-nos do mundo realAmém
Darcy Nogueira Brito
Palavra é Arte - POESIA • 25
CONJUGAÇÃO
Não sei que verbo conjugarSe o ir, o vir ou o verSe vieres a mim a ireiSe vires a mim a vereiSe não vires nem vieresNada conjugarei
Darcy Nogueira Brito
26 • POESIA - Palavra é Arte
DESLIZANDO NO TEMPO
Desta que anda mãos dadas comigoPassaram-se os anos ao largo da meninaNa pista do tempo sorrindo, chorando,Brincando, cantando, fugindo e voltandoCompanhia constante por onde eu andarSou ela e sou eu
Darcy Nogueira Brito
Palavra é Arte - POESIA • 27
DESILUSÃO
Se me volto a De mim esqueçoEsqueço o que não esqueçoSe em estouE eis que seiO que não esqueçoSe em mim estouE se não esqueço não sou
Darcy Nogueira Brito
28 • POESIA - Palavra é Arte
INFÂNCIA CRESCIDA
Por onde anda aquela imagem de garotaCorrendo picula e esconde-escondeCabelo assanhado, pés descalços,Ves do de fustão azul e branco e bainha despencada?Em que momento trocou de roupa, calçou sapato alto,Penteou os cabelos e mudou de brincadeira?Por onde andam seus companheiros de infânciaE que fi m levaram suas bonecas de pano?Quem mudou o sabor dos docinhos de aniversárioE do pãozinho de açúcar da padaria da esquina?Quem diminuiu o quintal e o muro do an go sobrado,Gigantes na visão infan l da menina?E quem é esta mulher que busca aquela alegriaQue ainda ecoa em seus ouvidos?
Darcy Nogueira Brito
Palavra é Arte - POESIA • 29
À VIDA
Quando tudo for saudadeAusente-me de seus planosNão me ofereça um pôr do solNem uma aurora a brilharNão será como antesO cantar de um SabiáNem a lua cheia sobre o marQuando tudo for saudadeDeixe que o tempo concluaSem ponteiro e sem idadeTudo que me falta alcançar
Darcy Nogueira Brito
30 • POESIA - Palavra é Arte
SIGA A SETA Nas vitrines dos shoppingsEu não mais me encontroEstá tudo tão curto tão sofi s cadoE meu corpo ultrapassadoNas vitrines dos shoppings Nos corredores dos shoppingsEu não mais me encontroHá muita energia, muita alegriaE meu sorriso amareladoNos corredores dos shoppings Nas lanchonetes dos shoppingEu não mais me encontroHá muitos hamburgers e muitas fritasCom refrescos aciduladosNas lanchonetes dos shoppings Nas garagens dos shoppingsÉ que eu me encontroHá vagas reservadasExclusivas e manobradasSigo as setas de saídaNas garagens do shopping
Darcy Nogueira Brito
Palavra é Arte - POESIA • 31
O RETORNO DO PÁSSARO
Com seu voo cansado, retorna o pássaroSua an ga morada o esperaDescansa as asas, canta tristonhoSilencia e adormece sem sonho O dia amanhece e com eleO seu sonho de esperançaOutra vez voa, de galho em galhoEm busca do néctar, enquanto o alcança Rasante está o seu vooEm bando já não anda, nem o céu contemplaSeus fi lhotes se foram e não há mais ninhoSuas penas escassas não aquecem o frio
Darcy Nogueira Brito
32 • POESIA - Palavra é Arte
BOLHA DE SABÃO
Dia lindo ensolaradoCrianças sorrindo, casais enamorados.Uma delas soprando bolhas de sabãoLindas, majestosas
Refl etem o arco írisAo longe o som de músicasEleva-se como as bolhas soltas no ar
Paira uma atmosfera de paixãoSou transportado no tempo a um passado di cil de relembrarCorpos unidos, apaixonados,Viviam livres a se amar.
Nesta época inexis am eus,Apenas somavam-se ais de exclamaçãoAdmiração, amor e ilusão.Romance desta mesma atmosfera.
Paro inerte! Olho a vida por cima do muro...Vejo futuro melhor.Ele é incerto, incorreto pra nós.Pensando bem, não nhamos necessidades desta ilusão.Chegamos a tanto e não prosseguimos, faliu.
Palavra é Arte - POESIA • 33
Foi o preço aprazado e pagoAmor fora de ocasiãoBolhas de sabão vazias e imponderáveis,Cheias somente de ilusões.
Luiz Carlos Zanardo
34 • POESIA - Palavra é Arte
ARTISTA DE RUA
Passava apressado pela avenida principal, como sempre nas sextas-feiras.... O sinal fecha; medo natural urbano, olho pros ladosVejo uma passista, performer, ar sta, algo sem igual.
Ves a trajes circenses, óculos aro grande, sem lente, mente.Correu para o centro da avenida, enfrentou os carros.Entusiasmo de araque, sorriso largo, simpá ca cumplicidade com a cidade.
Motoristas olhavam enviesados, distantes.Encenando fogo em riste, adentra ao arco, sopra pro alto,Bem alto, grande chance nas mãos.
Na cidade grande, todos os sonhos são possíveis,... Todos devem sonhar.Sonham moças e moços compenetrados, olham zoom.Focam sucesso, tão certo, incerto, incompletos.
A metrópole acolhe e aborta,inspira e expira mundo animal.O sinal abriu avancei apressado, esqueci-me da moeda, não deu tempo de dizer ADEUS...A ar sta desaparece de vista.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 35
QUEM ME DERA
Quem me dera!Sen r a sensação da neve descendo montanha abaixoA força do raio caindo no mesmo lugarSer a luz da estrelaContemplada pelos amantesTer o brilho opaco da luaE ser tão clarividenteSer a grandeza do solQue todos são dependentesTer o poder do apaixonadoLutando pela conquista.Ser eu, não disfarçado,Detentor das emoções humanasE servi-las generosamenteQuem me dera!
Luiz Carlos Zanardo
36 • POESIA - Palavra é Arte
PRINCÍPIOS, VALORES, MORAL E ÉTICA.
O principio vem antesOs valores vêm depoisA moral faz a é ca A é ca a sociedade faz.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 37
Q.I.
A quem interessa?Interesses mundiais dividindo Interesses comunsMul plicando por cem por cento da classe dominante... Igualdade zero.
Luiz Carlos Zanardo
38 • POESIA - Palavra é Arte
NATUREZA MORTA
Da varanda que estouObservo o ninho da avePássaro no muro estreito, inseguroOutro lugar não há. Fiança imposta por gente,Não conquistada pelo ins nto animalFaminto homem cruel. Natureza roubada,Ultrajada, ensanguentada pela fúria insensata.Vitória farsante e arrogante.
A pomba indefesa no muroNão é da paz, condenada natureza.Sua prole morta,A sua e a nossa.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 39
MUNDO HOJE
Vivemos o mundo de outroraAntes o homem era enforcadoCortado ao fi o da espada, por nada.
Hoje o homem é pendurado na gruaMotoniveladora erguida e o mo vo banalPobre animal racional
Mata-se por inúmeros mo vos
Condena-se por igual.
Luiz Carlos Zanardo
40 • POESIA - Palavra é Arte
LEMBRANÇA DA INFÂNCIA
Frio da manhãCalor da tarde,Passeio no campo, Banho na cachoeira,Odor da goiaba,Frescor da noite,Dinheiro novo num domingo cedo,Presente do vô.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 41
CURVAS E CARROS
Curvas foram planejadas para encurtar distâncias, aproximar mais rápido de pontos desejados.Carros foram feitos e colocados a serviço do homem para torná-los rápidos e efi cientes no seu dia a dia.E a paciência onde coloco?
Luiz Carlos Zanardo
42 • POESIA - Palavra é Arte
A TEIA
A teia da aranhaBrilha no sol forteEmpalidece quase impercep vel.Em seu fi o transparente um inseto debate em vão... Úl mo suspiro.
A aranha em câmera lentaAproxima-se do alvo... Seu prêmioDelicadamente, sorrateiramente abocanha.
Sa sfeita, missão cumprida.Volta pro seu lugar... SaciadaPouco tempo por certo.Na teia que a serpenteiaReina soberanaEsplendida e charmosaConquista o passante.
Pequena e forteFrágil e tão bela
Despedaça, estraçalha em segundos.Elimina vida,... VidasSituação cômodaDa aranha ou de gente?
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 43
PONTO CEGO, NECESSIDADE DE EXPOSIÇÃO
Estou mergulhado no esconderijo social subterrâneo.Por um momento deixei o iceberg dos hipócritas;Somos todos.
Saí de lá do alto da exposição... Dos bens nascidos das fi nanças.Deste posto observo o mundo pela raiz.
Vejo as ví mas histéricas de Salpêtrière,Os presos polí cos andam nusOs fi lhos das mães de maio estão todos aqui!
... Esta tudo aqui pessoal;Sou capaz de ver os mortos desfi larem!Prisão indeterminada.Sociedade auto regulamentando seus convivas;Seu lugar, diga-se de passagem, devido lugar da coisa.Daqui do subterrâneo posso aplaudir.Hurra, viva, viva?!
Luiz Carlos Zanardo
44 • POESIA - Palavra é Arte
O RETRATO DA HORA
Caminhada do dia, casa reparada, mal olhada.... Túmulo dos vivos, andada do cão! Terreno baldio,O cachorro faz e limpa as patas; namorados querendo.
Carinho de mão, vaso quebrado.... Estofado no chão, testemunhas do tempo.Ervas daninhas, arvores na frente a me expiar.
A mulher fala... Fala
E o homem se cala.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 45
DILEMA
Eram duas almas... Castas e incautasOu seriam três almas gêmeasPassado, quanto tempo.Palavras re radas dos anosErmas ao lentoVoltassem a bradar.
...Tudo será diferente.Promessas!Seria idên co... Sucesso ao relentoSem sustento, sustentado esta.
Quis o tempoSenhor das almasCastas e incautasVoltasse gritar
Nesta fala autên ca e fi rmeAgora convictaSucesso incertoSustentado não esta.
Passaram-se os anosCom eles as almasCastas e incautasAgora ingênuas... Sem sucessoNão pode voltar.
Luiz Carlos Zanardo
46 • POESIA - Palavra é Arte
CONECTADOS
Qualquer lado que olhaNos carros afora, bares, escolas,Casas, calçadas, ruas e vielas,... Conectados,Besouros ves dos, antenados.Áudio fones, headfones ligados.Celulares, smar ones, netboocks, noteboocksTablets, iphones num frenesi digital;... Infernal, mas, individual.Nunca na históriaO ser humano se comunicou tanto E esteve tão só.Sou um na mul dão dos únicos ouSomos os únicos na mul dão de um só... Mundo.
Luiz Carlos Zanardo
Palavra é Arte - POESIA • 47
A CHUVA
Vem chuva, vem.Traz consigo esperanças de amoresQue nunca chegaramChuva tem em si saudades, De amores esperadosQue nunca vieram.Quando criança imaginava,Que vinhas de rios do altoServia para lavar a terra, plantas.Sa sfazer as criançasHá brincar em suas enxurradas.Acredito agora que o seu melhorÉ derreter lágrimasMisturar em seus pingos pra ninguém ver.Vai chuva, vai.Levas consigo saudadesDos amores insa sfeitos, desfeitos.Já que outro não pode trazer.
Luiz Carlos Zanardo
48 • POESIA - Palavra é Arte
A MÁCULA DO MUNDO Maravilha na fumaça se perdendoCom odores sulfurosos delicadosPerfurada com agulhas de venenoSu lmente tem os olhos desgraçados.O sinistro e bizarro paradoxoAdentrando com fagulhas bes aisNuma mente de um padre ortodoxoQue adora o gemer dos ancestrais.A religiosidade e o ateísmoConfrontando-se na guerra secularNa presença do tremendo e do abismoTem o ânimo do mundo macular.A guerrilha incrustada na históriaDe cidades, vilarejos e subúrbiosDe crianças com um sopro na memóriaCausador de doenças e distúrbios.Quando ouve-se falar de maravilhasNecessário faz lavar o santuárioE limpar os rastros das recentes trilhasPara modifi car do culto o cenário.Se me lembro bem da maravilha mortaQue me referi num consciente versoDuma agonia religiosa tortaÉ da inocência mal incontroverso.
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 49
DO CORAÇÃO
O amor desprovido de visão éO ciúme, desprovido de féEntre o incrédulo e o cegoUma luta de ego.O amor pelo ciúme que apagoComo magia produzida por um magoDerrama o sangue de um coração par doComo dum ro disparado por bandido.Su l mordida de morcego no pescoçoComo um cachorro ao saborear o ossoAmar é bom, é tudo, é muito mais que lindoAo mesmo tempo é solitário como o limbo...
Allan Jorge
50 • POESIA - Palavra é Arte
INTRODUÇÃO À LOUCURA Num surto de melancoliaNo ar um aroma de fl orUm gosto de sangue na bocaNo peito uma profunda dor. Sombrio quanto à noite o diaSorrindo de um modo lacrimosoTentando anonimar sua tristezaFingindo parecer ser mais ditoso. Nem mesmo o mais ímpio pecadorSofreu como você veio a sofrer,Sujou-se de um mais impuro sangue,Gritou e olhou pro céu, quero morrer.
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 51
HEREGE Meu céu de papelAzul como o marO rei do bordelVai catequizarO efeito da causaÉ destruidorPois nunca dá pausaE lambe o ardorComeça outra vezA lábia profanaCom insensatezCruel desumanaMeu céu pegou fogoQueimou meu papelAcabou o jogoPro rei do bordelO seu catecismoDistante da féNos trouxe o abismoCheirando caféE disse assim mesmo– Ó Deus, quanta gente! Pra virar torresmoÓ gente demente!O rei pecadorDe túnica begeUm bom jogadorIncrédulo, heregeNos céus penetrou
52 • POESIA - Palavra é Arte
No mundo eternoE Deus o lançouNo mar do infernoE quando queimouAquele papelO mundo gritouÉ festa no céu!
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 53
MANIFESTO DUM PECADOR Manifesto nesse versoO que tenho de diversoMeu poder incontroversoImponente, crucial...Um malandro vagabundoJurou conquistar o mundoE arremessar no fundoDo cruel inferno astral...A men ra, a desgraçaO diabo, a couraçaO cigarro, a cachaçaO delírio do sombrio...A vingança jorra sangueAfogando-se no mangueDas entranhas duma gangueDerretendo no vazio...Nesse triste manifestoDigo algo que detestoFundamento de protestoOdiando sen r dor...Relembrei do vagabundoAcabei, caí no fundoDesse solitário mundoDe um pobre pecador...A felicidade mortaDuma vida toda tortaDa frieza bate a portaEncontrando sofrimento...Ao sen r que me faltou
54 • POESIA - Palavra é Arte
Coração que me matouManifesto ecoouCaminhou, sumiu ao vento...
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 55
MAR Mar profundoMar intensoMar do mundoMar tão densoMar a dentroMar a foraMar do centroMar da horaMar divinoMar da dorMar meninoMar de amor...
Allan Jorge
56 • POESIA - Palavra é Arte
ORAÇÃO DO AMOR Fiquei triste, logo sofriBem doente, logo morriFiquei só, logo choreiTeu sorriso me encantouO teu lindo olhar me olhouNo primeiro olhar te amei... Já não vejo a solidãoSinto sangue no meu coraçãoBem feliz que eu sigo a viverEra triste quando não te nhaNão podia chamar-te de minhaNão sen a na vida prazer... Sinto a força da felicidadePois eu nunca falei a verdadeSempre disse que estava bemOuça, Deus esta minha oraçãoPermaneça no meu coraçãoE que eu seja feliz, Amém...
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 57
SEPULTADO Tu sofreste bastante na vidaComo tu eu não quero sofrerPois prefi ro morrer de amorA viver sem amor e morrer. Tu mostraste no olhar sofrimentoPois não sabes o que é ser amadoQuando não há amor numa vidaAntes morto a ser rejeitado. Sepultado, pra sempre esquecido...Pois a morte por fi m o levouNão deixaste herdeiros na vidaPois nenhuma mulher o amou. Tua vida foi sem esperançasTu viveste num grande vazioDe tristeza te alimentasteCom o tempo fi caste sombrio. O perdão tu não deste a ninguémA ninguém tu mostraste afeiçãoSempre fostes um homem escuroEm seu peito não há coração. Sepultado, pra sempre esquecido...Pois a morte por fi m o levouNão deixaste herdeiros na vidaPois nenhuma mulher o amou.
58 • POESIA - Palavra é Arte
Triste vida, mas tu não tens culpa...De acabar tristemente esquecidoLembro sempre que você citavaPreferia ter nunca nascido. Para nós tu deixaste um exemploComo é triste viver sem amorQuando lembro de me emocionoAté bate no peito um langor. Sepultado, pra sempre esquecido...Pois a morte por fi m o levouNão deixaste herdeiros na vidaPois nenhuma mulher o amou.
Allan Jorge
Palavra é Arte - POESIA • 59
SOFRIMENTO Descrever a doce mágoa desta vidaDo que fel de algo morto é mais amargoMais que a dor duma cicatriz despidaDescrever a doce mágoa desta vidaÉ tão seco quanto dum cigarro um trago. A beleza para mim não é tão belaPois o belo de tão belo fi cou fracoNem a luz tão cin lante duma estrelaAlcançou as profundezas do buraco. Do buraco situado numa menteQue não luta, realiza ou raciocina...Com espaço confi scado e dormenteE tão frio quanto à carnifi cina. Luz solar, luz lunar, luz elétrica...Qualquer Luz, tendo luz há claridade...Nem burlando a pura perfeição da métricaNo versar eu encontrei felicidade. Descrever a doce mágoa desta vidaDo que fel de algo morto é mais amargoMais que a dor duma cicatriz despidaDescrever a doce mágoa desta vidaÉ tão seco quanto dum cigarro um trago.
Allan Jorge
vidaamargospida
vida
60 • POESIA - Palavra é Arte
TERÇA FEIRA Repen na triste poesiaQue revela pensamento meuNuma acelerada nostalgiaDesvendando coração ateuAo pedir prum gênio em alto tomA sabedoria colossal intensaNo sen r dum poderoso domQue dilata escuridão imensaNuma grande mente de rapazJovenzinho da sociedade pobreInterpreta um grande e tenazGuerrilheiro da armada nobreSei que mais parece tal loucuraCom um conto de men ra vilSem um pingo de real fervuraComo fosse um ralé covilMas a poesia repen naTransparece em meu peito nuComo pensamento de ro naComo na casa do pobre anguÉ normal falar de poesia tristePesadelos temos toda horaNatural da solidão existeQuase sempre que não vai emboraNesse triste verso passadoDa cabeça do pobre eu líricoPrum papel pequeno amassadoDissolvido por álcool e licoTem mensagem importante e bela
Palavra é Arte - POESIA • 61
Só depende do ponto de vistaPois o pé da pobre CinderelaRevelou a princesa ar staPor mais longo que seja o caminhoQue tenhamos a trilhar no mundoCom desastre, morte, espinhoSe constrói um pilar profundo.
Allan Jorge
62 • POESIA - Palavra é Arte
SOBREVIVÊNCIA?
Ouviu-se ao norte Um estampidoAnunciando ÓdioDestruição e dorUma nova eraUma nova guerraCorpos sem marcas de fuzilCidades desabitadas Na penumbra e no frioAlimentos contaminadosTerritórios devastadosAs no cias me causam arrepiosNão há mais amorNem mesmo pela própria espécie Animais na luta pela sobrevivênciaMas que Sobrevivência é essa que ameaça a própria es rpe?Interesses polí cos e econômicos diversosCapitalismo versus socialismoNo meio de tantos ismos Uma grande Hipocrisia Disfarçada de heroísmo
Leonardo Moura
Palavra é Arte - POESIA • 63
O BEIJO DO SOL
Acordo com um beijo do solToca meu rosto Aquecendo Clareando meu diaNão vou me cansarPreocupações vão desaparecendo no meio de tanta correriaNão sabia, mas, ganhei na loteriaPlanos, planos, muitos planosO esquema é fé Tudo está claroDias agitadosDias calmos Dias chuvosos Não trocaria isso Deixe me dizer mais uma vezEu não trocaria issoNão há nada de maior valorMinha ascensão ao amorSegure minhas mãos Caminharemos juntos minha queridaVou vendar teus olhosDiante deles surgirão surpresasPlanos, planos muitos planosO esquema é fé, trabalho, respeito e gra dão Tudo está mais claro agoraEu acordo com beijos do sol
Leonardo Moura
64 • POESIA - Palavra é Arte
RUGAS
PerfeiçãoBelezaCabelos ao ventoSorriso amareladosPelo tempoSeja Homem ou mulherO tempo é cruel Cumprindo seu papelRugas e cabelos grisalhos Nossa Juventude Só pode ser eternizada Em nossos corações Em nossas mentesNinguém será eternamenteBom de camaEsbeltoBeloEnxutoNinguém é perfeitoO tempo demonstrará isso muito bemEntão por que tanta vaidade?O amor Excede nossa compreensãoEscondendo dos olhos Os efeitos ocasionados pela passagem do tempoMetamorfoseando Dentro dos coraçõesMo vos
Palavra é Arte - POESIA • 65
Para amar e amar Mais e mais A mo vação do amorNão está em um corpo atraenteUm bolso repleto de folhas verdesOu bens materiais Verdadeiro e puro AMOR Começa de uma grande amizadeE admiração mútuaAo passo que carinho e compreensão Toma conta das ações co dianasFidelidadeCompromissoZeloPerdãoAsas Que elevam aos céus Apogeu de amorSincero Maduro Puro SingeloDiscretoSuperando Obstáculos E o próprio tempo
Leonardo Moura
66 • POESIA - Palavra é Arte
DANCE COMIGO
Eis o meu mundoArdendo em chamasVenha dançar comigoEstou sozinho em meu quartoOnde guardo dois travesseiros Vou ser seu melhor amigoSeu namorado e amante Encaixando suavementeMeu corpo ao seu Ei, vamos reinarVamos brincar Eu sou teu príncipe Você a princesa Segure minhas mãosEnquanto o dia ainda não vemVamos erguer um impérioGovernando-o com amorQuero mudar de vidaAs raízes não podem Me prender por muito tempoQuero sempre contemplar teu sorriso Isso mo vaVamos brincar Até que o dia venha O sol brilhe O céu se torne azul Em algum lugarPossamos contemplarEste mundo maravilhoso
Palavra é Arte - POESIA • 67
Perfumes Sabores Cores Deitados na relvaEncontrando formas nas nuvens Sorrido ao léu Esta chama me incendeia Tenho vontade de dançarDance comigoDance menina Dance comigo
Leonardo Moura
68 • POESIA - Palavra é Arte
O ÚLTIMO GUERREIRO
A fl or perfeita é raraPosso passar a vida inteira esperando,ainda sim não será desperdícioNão temo a morteàs vezes chego a desejá-laé o que acontece com homensque viveram o que eu viviacho que por isso ela não vema vida me quer aqui por alguma razãoentão me sento onde não posso ouvir ou ver alguémcomo lótus neste lindo jardim secretoconcentro-me e esvazio de mimouço pássaros e o som das águaso silencio invade meu serminha mente fi ca livre de pensamentosposso ouvir os ba mentos do meu coraçãoouço o vento agitando as árvorespercebendo que como as fl oresestamos morrendoé preciso reconhecer a vidaem cada respiraçãoem cada gestoem cada sorrisosinto-me honradode ter me encontradoexperimentando disciplina e a simplicidadeesforçando para fazer sempre o meu melhorgosto da vida selvagemtem algo espiritual que me atrai
Palavra é Arte - POESIA • 69
não consigo explicarapenas posso sen rfamília, sonho em um dia ter a minhaas fl ores, todas são perfeitasaprecio as ofertas que me são feitasmas as dispensonão dou a mínima para o dinheiroe tudo que ele pode comprarestou seguro de mimminha respiração está leveninguém pode me sufocarodeio armas de fogogostaria de viver em um tempoonde as espadas e a força interiortraziam honra aos guerreirosesforço e treinamento árduohonra, generosidade e lealdadesomos uma nação de pros tutasque não conseguem nem olhar nos olhosantes de apertar o ga lhobom, mas já está quase tudo acabadoem breve não haverá mas tempopara esta terra de desonramesmo rodeado de inimigosminha voz interior me diznão pense, não penseo silêncio tomou conta de mim logo não haverá dorlágrimas ou terror
70 • POESIA - Palavra é Arte
meu pai me ensinou que é glorioso morrer em batalhapor isso me tornei um guerreiroacredito que um homem pode sim mudar seu des nofazendo o que pode até que o des no venha a se revelarestou grato de ter feito parte disso tudoao menos por um instantejá posso sorrir aliviadoo sol já está se pondologo vai anoitecerserá uma honra voltar para casadepois de mais um dia de batalhanão há dor, não há lágrimasapenas o silêncio de minhas palavraseu sou o guerreiro o qual o velho es lo se juntou ao novotenho minha honra de novoquando eu me fornão desejo que contem como eu morriquero que contem como eu vivi
Leonardo Moura
Palavra é Arte - POESIA • 71
JASMIM O PERFUME
Eu pedi rockDancei rollE a correnteza do RioQuase me levouPerfume de JasmimEm uma manhã de setembroPerdoe-me, eu fui,Assim, sem qualquer constrangimentoDor maior seria o fi mImpossível o esquecimentoLutas e lutas nunca terão fi mAprimorando o conhecimentoSeria tolo se não fosse assimUm copo grande cheio de mimDesperdiçando outros talentosIdeias borbulhamPensamento ligeiroNão consigo brecarTantos sonhosVontades milAcho quase impossível pararUma vez engrenadoCombustão espontâneaSem folga para vidaCurta, breve, passageiraComo o carvão acesso em brasaVivo fogo quenteAos poucos perdendo sua luzCom o tempo se transformando em cinzas
72 • POESIA - Palavra é Arte
Cinza como minha menteQue pensa, não para e produzFragmentos conscientesDo mim, do meu eu externamenteDeixando marcas no tempo presenteJasmim?Não me lembro onde eu sen O aroma marcanteDesta fl or delicadaTalvez do incensoAdquirido na SerraOu seria o desinfetante de alguma privadaPor mimTanto fazJá que seiQual o valor darMoedas de ouroNão compram o amorTalvez fl ores, balas e bombonsOu algum encanto para enfei çar
Leonardo Moura
Palavra é Arte - POESIA • 73
ARCO ÍRIS
Vamos sorrirE mostrar para todo o mundoQue estamos bemA tormenta já passouVamos nos colocar de péE aplaudir a criaçãoO grande presente de DeusVamos correr na chuvaRefrescando nossa almaDeixando que ela lave nosso rostoRe rando todas as impurezas do passadoVamos deitar na grama e olhar para o céuEncontrando desenhos e formas nas nuvensVamos saltar e correr pelos camposSen ndo o cheiro de um ar puroE a liberdade do vento em nossos cabelosContemplando o verde e todas as outras cores do universoVamos nos despir do orgulho e da vaidadeSimplesmente sorrindoSempre sorrindo em verdadeUm sonho nasce a cada manhãE a esperança traz luz a nossa féAlegrando nossa almaVamos dar as mãosE cantar uma cançãoCompletamente diferenteCom todo o entusiasmoPodemos fazer melhorAlimentando-nos de amor
74 • POESIA - Palavra é Arte
Uma luz ilumina nosso caminhoAr, água, luz entram em contatoFundindo-se em um belo arco-írisExpulsando as nuvens tempestuosasPara sempreO sol brilhará
Leonardo Moura
Palavra é Arte - POESIA • 75
QUANDO CRIANÇA
Quando criança Ouvia Peter PanBrincava de ciranda Adorava as danças São João, Pipoca, quentãoQuando criançaNão nha sequer uma preocupaçãoQuando criança imaginava Um mundo onde todos fossem iguais Sonhos de amor Sonhos de paz Acredito piamente Que a criança não morreu Ela cresceu Mas seus sonhos Permanecem intactos.Hoje sei, existem muitos como eu.
Leonardo Moura
76 • POESIA - Palavra é Arte
ELA BRILHA
Ela brilhaMesmo quando os dias escuros surgemAs cicatrizes no meu coraçãoAjudou a colarMenciono seu nomeMas prefi ro chamá-la de amorEu me importoQuando seu rosto deixa de brilharPor algum mo vo não reveladoMe entristecendoQuando esconde aquele lindo sorrisoQue me faz suspirarSinto sua faltaMesmo estando ao seu lado todos os diasO frio e vazio que deixaFaz com que se nada ao redor do mundo fi zesse sen do pra mimNão ando bebendo nem brigando já faz um bom tempoAcredita no “pra sempre”?Nossa parceria aquece nossas vidas Mesmo quando eu sou prego e ela sarcás caAté amanhã chegarVou degustar o seu perfumeQue deixou no ar ao sair pela manhãNão importa o país, o estado ou a cidadeJuntos vamos prosperarEla brilha
Palavra é Arte - POESIA • 77
Como a primeira estrela no céu noturnoE o sol da manhã
Leonardo Moura
78 • POESIA - Palavra é Arte
RUA DA MEIGUICE
Na cidade atroz há uma ruaUma rua onde nada se refl etena cidade atrozA cidade é morada de ogrose governada por um algozÀ rua vivem plantadores de árvores,amantes do sol, do vento, da lua...
À rua todos cuidam das suas casas,dos jardins, dos bichos,dos velhos, das criançasA cidade e o vazio atrás dos olhos...... a dor é seu peris loUma rua na cidade:a fl or na boca aberta do crocodilo?Na cidade cinérea não há amor ou lembranças.
Chamam-na de Rua da MeiguiceA perdurar ante a vilezada cidade úmida, infestaDentro de uma abóbada de berçotranslúcida, um campo de força sobrenatural,a protegê-la da cidade fé da e morbígena,dos necro-ares da imundice.
Num ardor suicida, a ram-se os vampiroscontra a aura cristalina que salvaguardaa rua meiga e olorenteEm sedenta e louca tenta va de corrompê-la
Palavra é Arte - POESIA • 79
e impregná-la de venenos mortaisPorém, o escudo mágico apenas atroaOutra vez impedindo-os de esfacelar o mistérioda cândida rua, de torná-la mais um tentáculoda cidade monstruosa e doente.
Fábio H Torres
80 • POESIA - Palavra é Arte
POEMA DE MAR
Tentei escrever um poemade águas claras,de azul tão cristalino,que os saveiros nele ancoradosparecessem levitarEm que a brisa,carinhosa como mãos de mãe,re rasse do meu rostoo pó das estradaspor onde solitárioe durante anos vagueiEm que os astros,como verdes olhos cin lantes, guiassem meu bergan mnas profundezas da noite,sem bússola ou sextanteCheio de nau lus,maravilhosos em sua razão áurea,fl utuando nas cor nas de luz,em meio a infi ndáveise fantás cos outros néctons;e de golfi nhos, altruístas,mantendo-me à super cie,nos momentos de cansaçoem meu nado do con nenteàs ilhas misteriosasCom praias submarinascercadas de areias alvas e coraisesplendorosos em vida e movimento
Palavra é Arte - POESIA • 81
Às vezes mitológico e extraordinário,dominado por deuses, heróise criaturas sobrenaturais,e ambiente das viagense aventuras de VerneContornado por baíasforradas de pedras e conchas raras,esculpidas em falésias coloridase habitadas por coqueirosora querendo saltar aos céus,ora recurvados, debruçadosa lamber o sal da terra e do marMusicado pelas canções do vento,canto dos animais oceânicose sons ritmados das ondasde espumas efervescentes e fragrantes. Tentei lapidar um poema assimMas não conseguiLevados pelas correntezas,os versos fugiram de mim.
Fábio H Torres
82 • POESIA - Palavra é Arte
O CANTOR PARA MILTON NASCIMENTO
Dançam serenasas águas da noite azulquase negra.Bailam as chamasque ascendem orgânicasdo chão diaman no.No céu marinho navegambarcas ru lantesE perto da estrela guialuzem por trás de lunetasos olhos pasmosde Copérnico e Galileu,gigantes da astronomia,a contemplar extá cosa tão bela e insólita...... voz do cantor.Ele canta para o marOu é o mar que canta pra Ele?Ou será um dueto,nas horas mortas,na madrugada nua,entoando cân cos à lua?O tempo mareiaAs ondas lânguidaslambem seus pés e a areia.E as mãos de dedos longose anéis a lucilar na mansidãosingularmente afagam o violãoO que verseja o poeta
Palavra é Arte - POESIA • 83
irmana-se aos falsetes do ventoE do coração à boca,e da boca às imensidões,canta o argonauta,canta Orfeu a dor e o amorA música visceralensolarando as vas dões.
Fábio H Torres
84 • POESIA - Palavra é Arte
AMIZADE
De longe,da minha casa escura,ouvi um estampido.Foi dos olhos da imaginação,não sei se verdes, azuis ou negros,que saltou para esta dimensãoa luz de um som estranho,coisa que no passado eu não sen .E com suas passadas largas,como as de um mamute,caminhou léguas até a ngira aridez dos mundos onde agonizoPara impedir que a minha vida parcase fi zesse de vez escuridão.
PeçoSeja um amigo meuEu preciso das palavras,de uma voz que abordetotalmente o meu coraçãoDomine meu tempo, irmãoSeja um pássaro ao meu ladoSeja um companheiro meuEternamente.Fale-me depressa de suasandanças pelo México,do tesouro asteca que você viu...... tocou
Palavra é Arte - POESIA • 85
Corte o meu tempo, irmãoComo a cimitarra faminta,que calou de vez a estupidezinimiga.
Fábio H Torres
86 • POESIA - Palavra é Arte
O VELHO NA PONTE
Recife, mangues, escuras à tarde e as águasSoturna desce a noite quase toda escancaradaAtônito o velho numa ponte da cidade lacerada Separado do rio que tanto lavou-lhe as mágoas.
Céu azul-carbono, nuvens cinza-chumbo, buzinasRoncos, tremor, horas modernas em combustãoAs luzes dos edi cios são centelhas na vas dãoCadê o leste e as fl ores no cabelo das meninas?
Ah, juventude... a velha urbe foi desmantelada Os escapes expelem as baforadas do progressoReferenciais, elos perdidos, memória despetalada.
Resmunga o velho: “Quero-a de volta pra mim”Nas praças de Aline inda resta o feliz regressoE da ponte, oh noite alta, és bela mesmo assim.
Fábio H Torres
Palavra é Arte - POESIA • 87
GEMAS
Venusta turmalina... magnífi co teu hábitoVerde prisma, bruna de cálido hálitoNo areal de grãos trigonais que exploro,não brilha, sequer, um amarelo-heliodoroOuro-mel na colmeia, bate n’água a bateiaSem querelas! Quero elas! Todas elas!Pedras preciosas, essências as mais valiosasGarimpadas pra mim, facetadas pra mim,roubadas de mim, assim... tão barbaramenteCom venenos, deixando-me tardo, indolenteAgrestes os ares, eu homem e meus malabaresChorão e companheiro, comigo chora o salgueiroEsqueço quem me oferta as joias raras falsasNasci sob a sina das sombras descalçasNunca ser um dervixe! Com fomes, sedes e asmaLouco só, sujo dançando na cidade-fantasmaAsno aos açoites, dormindo em alcoicesOnixes nos pés, coberto de s gmatas...Pulsando exacerbado, confi ante o coração diz:“Serás o verdadeiro entre todos os magnatas”Hei de ser!... E fausto, beberei vinhos de reiSorverei o néctar das mais doces varietaisAmigos, animais, seres an gos, fi guras parentais,parentes, cristais e recitantes almas gêmeas,cismados, suspeitam: “o que falas são blasfêmias?!”Anila-se um novo céu, outrora plumbíferoMergulho e revolvo o cascalho estelíferoDas ondas quero as cristas, lá acharei ame stasArcanas, irinas, siderais; divinas gemas cardinais
88 • POESIA - Palavra é Arte
Diamantes, rubis, esmeraldas, safi ras...São minhas! Todas minhas! Chega de men ras! Iras!Na vida, na morte, no fi m, quero-as de volta pra mim!De avião, de navio, de mula, de trem, não sei bemAinda turva, friolenta, lentamente, sonolenta...... a felicidade vem.
Fábio H Torres
Palavra é Arte - POESIA • 89
CAOS
Ecos no vazio entre Terra e ÉterIteração do mesmo fúnebre anapestoNênias suplantam o canto do sofrêNão há ponte que una as bocas de ouroaos estômagos ressequidos pela fomeNo lodo dos peraus, Caos é seu codinomeMal levantados do chão os corpos lassosA vida por um triz, do azul ao grisnum piscar de olhos rasos e pálidos,num bater de asas de pássaros sem cabeçaDas borboletas basta um simples estalar,e cinerados sonhos, fi ndo o brio estelarProfusão, confusão, colisões, explosõesVileza das chamas, dos olhos salta a meninaO que se faz com um tambor de balas,bes alidade e alguns tonéis de gasolina Plangor das árvores nos sí os humanosPeixes tostados no mar de óleo dos oceanosCidade não, aldeia dos sentenciados Sufocados em claustros, oclusos os domosCianetos, monóxidos, cancros e metástasesMetais e azes, vidro e corte, azares versus sorte Crianças, esgotos, parasitas, cifrões, sifões...A lei e o crime são vizinhos ín mosOs meus e teus amores, humores ínfi mosÓ mos tempos os idos dias de coesãoÚl mos á mos, átomos em fi ssãoNão há planos a seguir, só o ins nto inundoSinais reverberam no breu do além-mundo.
Fábio H Torres
o
uro
90 • POESIA - Palavra é Arte
OUTRIDADE
Lave, limpe, adoce, orne... soprea escura e aveludada voz do corneUm só trissar do párvulo piccolopara que o amor a esta casa torneExalem sálvia, losna e alecrimCosturem os losangos do arlequim.Expulsem as hidras da autoridadeGritem loas e mil vivas à alteridadeOs preconceitos vão à pia de despejoAo irmão ofertem o sumo benfazejoSeus lábios vêm tocando o realejo.Nos dosséis dos verdes trópicoso alar no azul do abstrato tucanoBico sempar descasca o fruto ufanoque logo o pássaro passa à goelaEm fi nos grãos é moído na moela.Os ácidos transmutam-se em coresde penas e asas, de pétalas e fl oresOrgânicas fulguram, belas, as dores À rainha do abismo não cabe o lino,a mais leve fricção no revelho violinoEla voa no mar-céu a zênite do parcelE da falésia canta odes ao evo des no.
Fábio H Torres
Palavra é Arte - POESIA • 91
VIRA LATAS
Meus tormentosQuando sem unguentosFazem de mim um cão sem donoSem casa, nas poças do outonoCão sozinho na meia-noite e meiaQue uivando vagueia na lua cheiaPerdido na cidade do caosCidade do ódio dos seres mausCidade referta de terror e lamentoCidade vazia de amor e alentoCidade acordada, cidade sem sonoEsconde-se à sombra no abandono Escapo dos carros em disparadas Acertam-me pontapés e cusparadas Chuva ver cal, combalido animalVirando latas e lixo, azarado bichoSó de soslaio olha-me o espírito ledoCão com frio e com medoCão faminto e tristonhoCão selvagem, cão medonho.
Fábio H Torres
92 • POESIA - Palavra é Arte
WALT WHITMAN
Escravocratas…Suas garras não rasgarão minha poesia abolicionistaEscravagistas,vocês não sabem falar de amor.Ornamentei minhas batalhas com um saborque o teu paladar não alcança dis nguirMeus versos livres gritam LIBERDADE!!!à natureza.Falar de amor é coisa de pássaro,de gaivota que sou.É bicho solto na mataOnça selvagem... caçando... esfomeada.É o condor voando livre pelos céus da Califórnia.É um som que vem do CanyonUma fera solitária uivando no centro da lua cheia,implorando a chegada de uma companheiraÉ um casal de lobos que se a ram nos gumes dolimiar da noite quenteSão duas feras cansadas... deitadas... arranhadasInseparáveis pelo resto de toda a estação.Ódio vencido!Naufragarei em teus pântanosImediatamente após o úl mo suspiro alucinadoda úl ma mulher na boca do úl mo homem,alucinados.E quando os “párias” me arrastarem para a forca,antes tomarei nos braços uma criancinha negrae beijarei, com ardor, seu rosto livre dosteus demônios soltos.
Palavra é Arte - POESIA • 93
Sou um an lope louco,veloz como a fl echa envenenadaUm ádax a dar saltos parabólicos no espaçoEntre as chamas e o sol poente.A queimada vai se alastrandoA çando os monstros ardentesE teus olhos brilham contentesComo espelhos refl e ndo o incêndio escarlate.
Fábio H T orres
94 • POESIA - Palavra é Arte
DIÁLOGO
Gestos,TementesPalavras,Ausentes
Partes de mimFaces de mimFuga de mim
Horas se passam...Confl itos inundamO oceano ao meu ladoAté vires a mim
Volta o verboMisturando-se à brisaQue acaricia o franzirDas testas
Restando apenas descobertasQue desafogam e por fi mO sangue volta a correr
Volto pra mim...
Kalyne Alves
Palavra é Arte - POESIA • 95
EU, O PLURAL ELA
À Francisca Rodrigues
No refl exo do espelho, um muito elaSe o andar é solto, um pouco elaSe é belo o cantar, um meio ela
Na raiz, feição e teimosiaGosto pelo salgado com doceExpressões ou calmaria
No cheirinho de jasmimEm um pouco de quase tudoDentro ou fora de mim, ela
No aroma de café e torradasNos cochichos com risosDas manhãs de domingo
Valem pelas “feiras”Que não a tenho comigoInfeliz descordão do umbigo!
Kalyne Alves
96 • POESIA - Palavra é Arte
MAR DE MIGUEL
À Miguel Alves
Antes no mar...
É por ele que olhoÉ nele que pensoÉ por ele que rezoÉ por ele que choro
Hoje no mar...
É ele quem vejoÉ para ele que rezoE para Ele eu peçopara pôr no colo...
Kalyne Alves
Palavra é Arte - POESIA • 97
O ESPELHO DE UM MENINO Doce menino, guarda nos olhosO mais profundo segredoNo sorriso o refl exo da almaQue por vezes expõe sem medo
No teu mundo, nobreza raraPoucos o podem encontrarEm algumas realezas se viuCorações puros a vislumbrar
O tempo, às vezes, traiçoeiroPara , torna-se companheiroCúmplice de mudanças afáveis
Numa prece, evoco tua mediaçãoQue suas histórias de sofreguidãoPossam virar elos dos mais amáveis
Kalyne Alves
98 • POESIA - Palavra é Arte
MINHA PEQUENA
Minha Pequena,Soprinho de sonhosQue vêm e vão
Meus olhos são dela,Inspiração na janelaMais parece canção
Queria dar a elaTodos os dias e horas,Todo o meu chão
O tempo não deixaA traz e levaJunto, meu coração
Kalyne Alves
Palavra é Arte - POESIA • 99
DIÁLOGO II
Laços desatados pelo passadoUm fantasma a me rodearAmeaçando a todo o momentoMinha calma, meu pensar
Ao ver-te como num vultoVem uma força em desembaraçoE sobre tua face me vejoLamentos e lamúrias te faço
Durante um súbito momentoRecordações nos memoravamA nostalgia diante de nósSorrisos me inebriavam
Pensei que fosse não conseguirTamanha era minha inquietudeA voz trêmula mal podias ouvirPois eloquência não me é virtude
O que virá depois não seiAté prefi ro assim...Mas aquela manhã talvez indis ntaTrouxe a primavera em meu jardim...
Kalyne Alves
100 • POESIA - Palavra é Arte
A BAILARINA MULTICOR O ar toma formasDesenhadas por braços em movimentoQue os olhos refl etem incrédulosA cada piscar de momento
A música meche seus pésQue ao tocarem o chãoRetribuem músicaCom tamanha exa dão
Luzes para vê-la de todas as coresUma não há mais brilhanteOu melhor, a que sai de dentro delaSendo qualquer outra uma variante
O bater das mãos nada éDiante de tua beleza bailarinaNa memória con nuas dançandoApós fecharem a cor na...
Kalyne Alves
Palavra é Arte - POESIA • 101
BRISA BUSCANDO CHÃO
Vem devagar,Fica baixinhoDe dentro
Me toma,Me guia,Me desvia
É gestoPaisagemSolidão
Brisa buscandoLonge o chãoAssim é, inspiração...
Kalyne Alves
102 • POESIA - Palavra é Arte
CORAÇÃO DE BALÃO
De todas as formasPendurados ou nãoDe todas as coresBrilham céu e chão
É fumaça, é brasaEstoura daqui, de láChuvinha, pali nho“Menino, vem pra cá!”
Santo de ponta-cabeçaNo cabelo coloca uma fl orBananeira marcada a facaÉ moça procurando amor
É um remeche, mecheUm arrastado da chinelaFesta igual ou melhorTô pra ver coisa mais bela
À minha frente, mãosComo se não fosse eu,Me contenho como possívelA fl or da pele
Kalyne Alves
Palavra é Arte - POESIA • 103
MAIS UMA PRIMAVERA
No alvorecer eu escrevi uma palavraCom nta cor-de-céu na tua ruaPra ver fl orir mais um sorriso Na nua face de surpresa tua
Ao entardecer para minha surpresaApareces junto ao meu portãoOs olhos com go nhas de orvalhoInundaram meu peito de emoção
Essa que poucas vezes sen E você esbanjou em felicidadeAo chegar mais uma primaveraE a anterior morreu de saudade
Ao anoitecer lá está irradiante,A inveja nas estrelas fez crescerNa noite em que raiou o solE a aurora do teu nascer...
Kalyne Alves
104 • POESIA - Palavra é Arte
SUJEIÇÃO!
Margarida é nome de fl orvênus se chama amor.Eu sou apenas escravodo teu cabelo perfumadodo teu seio tão rosadocheiro de canela e cravo.
Nome de fl or é margarida,amor que traduz a vidaa síntese, o óbvio, o sumo...Escravo apenas eu souem busca de idílio vouesse namoro eu assumo.
É margarida, não é Gabriela!Bem que podia ser estela,estrela, iluminada mulher.Escravo eu sou apenasdesses jardins de verbenasmesmo se ela não me quiser.
De margarida eu gosto maisé fl or! É amor! É paz!...Prenda-me! Posso te pedir?Escravo eu vou sempre serde amor, pode me bater...DESSE LAÇO, EU NÃO VOU FUGIR.
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 105
HISTÓRIA DE UM QUADRO PENDURADO NA PAREDE!
Eis um quadro na parede,na rede nós dois a balançar,mil beijos matando a sede,a mútua razão de se amar.
Eu e ela no quadro do quartoseu rosto coladinho ao meuela com um sorriso tão fartoe o eterno amor que prometeu.
Esse quadro penduradoé o espelho da minh’almaconsolo de apaixonadoque alivia e que acalma.
No armário que bem trato,suas roupas, o CD preferido,seu perfume e seu retrato,um amor nunca esquecido.
Con nua o quadro na parede,con nua tudo no armário,con nuo balançando a rede,só que mui triste e solitário.
“Ainda bem que nasceste para a poesia, ou será que foi ela que nasceu para ?”(Obrigado, Milene Gomes)
Dílson Ferreira da Silva
106 • POESIA - Palavra é Arte
MOTIVOS...
Quando falo na morteLembro o funéreo lamentoA dor, o choro, o sofrimentoO luto da despedidaDesperto...Estou vivo na vida. Ainda!
Nos jornais da TVNas manchetes bombás casNas esquinas fantás casUma bala perdidaEstremeço...Estou vivo na vida. Graças!
Na crise que pairaNo povo com fomeLume do futuro que someSem túnel pra saídaAgonizo...Estou vivo na vida. Con nuo!
Os vivos que sepultem os mortosQue saciem a sede dos sedentosQue matem a fome dos famintosQue resolvam a crise. Façam a lida.Por isso...Estou vivo na vida. Sorte!
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 107
EXALTAÇÃO À INCOERÊNCIA HUMANA!
Você está ouvindo um gritovindo lá do meio da mata?é uma árvore secular, sendosangrada pelo homem inculto.@Você está ouvindo um gemidovindo lá das entranhas do mar?é uma baleia sendo assassinadapelas mãos do homem insano.@Você está ouvindo um pedido de SOSvindo do silêncio dos inocentes?É uma criança sendo violentadapelas garras do homem infame.@Você ouviu um choro soluçantevindo do seio de uma poesia viva?Sou eu...“menina.má@ingrata.com.”por você ter me trocadopor um homeminculto!insano!infame!@
Dílson Ferreira da Silva
108 • POESIA - Palavra é Arte
DIALOGANDO COM AS FANTASIAS...
Fantasias... Quem não as tem?Eu, você, todos!Todos aqueles que amamde uma forma ou de outra.Aqueles que se apaixonam,que sonham...
Fantasias desejadasexageradasves dasinves daspor piratas, por palhaços,acrobatas, homens de aços,na passarela da vida!
As fantasias que eu não querodesejá-las e nem tê-las, são:corrupto, hipócrita e traidor.Mas, tem gente que as usam...
Todavia, tem uma fantasiaque eu desejaria ves -la;é a fantasia do gênio da lâmpadamágica de Aladim,assim eu realizaria os desejosdos que têm fome e sede...P r i n c i p a l m e n t esede e fome de jus ça!
“Quem não lê mal fala, mal ouve, mal vê!”(Provérbio chinês)
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 109
A BELEZA DA VIDA!
Que se acabe o néctar da taçaO papo que se passa na praçaTragando a tarde que sa sfaz.Que acabe o CD no micro-systemE as guerrilhas que resistemAos sôfregos tratados de paz.&Que se acabe o pétreo coraçãoDaquele que se diz ser irmãoDe quem por mudanças luta...Que se acabe o bobo orgulhoPorque amanhã será entulho,Devorado pela terra abrupta.&Que se acabe gelo e champanhaA fórmula carnal e estranhaDo se querer sem inspiração.Que se acabe o torpe e o torpor,Porque se em nós houver amorV E R D A D E I R O . . .A beleza da vida, se acaba não!!!
“Minha rua acordou mudada.Os vizinhos não se conformam.Eles não sabem que a vidatem dessas exigências brutas.”(Carlos Drummond de Andrade)
Dílson Ferreira da Silva
110 • POESIA - Palavra é Arte
SONATA DA RUA ONDE MOREI...
Curioso e soturno, volto à rua onde morei,E vejo passar o fi lme da infânciaNa minha memória ainda fresca.Hesito. Respiro. Julgo ouvir minha mãe Chamando: – Menino, venha estudar...Amanhã você tem prova de matemá ca!
Duas lágrimas rolam, quando miro a casaEm frente e pareço sen r a presençaDo amigo poeta F. Gilvan Ba sta(Que se foi desta para outra melhor)Recitar-me a sua mais recente poesia.Ah! Lembranças que me torturam! Ais!
A velha casa de três cômodos está nova...As crianças já não brincam de esconde-esconde... O silêncio não é mais o mesmo!A rua onde morei não é mais a mesma...Nem a ex-namorada é mais a mesma...(Ela nunca soube que eu era seu namorado!)
Tempo implacável... A rua onde eu morei,Não lembra mais de mim!
“A fi gueira começou a dar seus fi gos,e as vides em fl or exalam o seu aroma;levanta-te, querida minha, formosa minha,e vem.” (Cân co dos Cân cos 2:13)
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 111
NO ÍNTIMO DO AMOR SUPREMO!
Meu amor me ajuda a escalar montanhasA expulsar as coisas mais estranhasQue atormentam o viver da cada dia.Sem sua presença sou na esquerda zero,Faz-me um merecedor porque sou sinceroE transborda a fonte da minha alegria.
Entre calmarias e trovoadas, me atura,Esse amor põe brilho na trilha escuraA va minha fé e transmite confi ança.Até sobre as águas eu posso caminharSe eu cair, jamais, nunca vou me afogarMeu amor tem nas mãos certa segurança.
Que vence a solidão, tristeza, saudade...Na esplêndida ternura, mútua felicidade,Um universo inteiro todo ao meu dispor.Meu amor me quer e a ele correspondoPor ser vida, assim, de ninguém escondo,Por isso e tanto, eu amo tanto esse amor!
Dílson Ferreira da Silva
112 • POESIA - Palavra é Arte
MOTIVOS NA VIDA DO POETA
Cantar agora...Não tenho um pingo de vontade deCantar agoraNem de tocar meu solitário violãoTambém vou cantar pra quem?A musa mais querida não me escuta!
Chorar agora...Não tenho um pingo de vontade deChorar agoraA fonte das minhas lágrimas secouTambém vou chorar por quem?A musa preferida já me desprezou!
Versar agora...Não tenho um pingo de vontade deVersar agoraMeus versos não têm mais prazerTambém vou versar pra quem?A musa da minha vida não me lê!
Cantar... Chorar... Versar...O poeta precisa voltar a ter vontade deCantar... Chorar... Versar...Porém sem ter uma musa inspiradoraNão há poesia...Não há poeta!
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 113
SIMBOLOGIA!
Se você fosse uma ga nhaE eu um gato pardoNós subiríamos no telhadoEu lhe faria uma serenataDe miaus, miaus e miausRonronando ao luar.
Se você fosse uma cadelaE eu um cão peraltaRoubaria um osso suculentoDo açougue do “seu” ManoelE iríamos roer, roer e roerNo quintal lá de casa.
Mas você é gente, e eu também!Dou-lhe uma rosa, você não quer...Faço-lhe um poema, você não ler...Canto-lhe uma canção, não me ouve...Só porque eu não sou um “gato”Você me trata que nem um “cão”?
Sei não... É bastante di cilSe entender o bicho humano!
Dílson Ferreira da Silva
114 • POESIA - Palavra é Arte
POEMA DOS MEUS CAMINHOS...
Ele pega caneta, papel, imaginaçãoE escreve um canto ao amorUm canto às dores da saudadeUm canto ao anjo inspiradorUm canto ao voo da liberdadeUm canto...Canto sobre o resplendor da vida.
Ela enche de nta a inspiraçãoE escreve ouvindo a luaOuvindo o silêncio dos inocentesOuvindo a cidade quase nuaOuvindo os povos carentesOuvindo...Ouvindo lamúrias da voz da vida.
Ele e Ela dão-se as mãos probasE escrevem como concre stasComo se fossem fi ncar raízesComo se fossem ar stasComo se fossem amar felizesComo se fossem...Fossem sen r os sen dos da vida.
Quem é Ele? - O poeta sonhador...E Ela? - Sua majestade, a poesia!
“Nu, vim para esta vida.ves r-me-ão até a morte.inú l...porque nu eu voltarei!”(Dílson)
Dílson Ferreira da Silva
Palavra é Arte - POESIA • 115
DESCONEX S...
Ao meu redor, odor...Pequenas réguasQue não servem para medirAs léguas da minha dor
O céu não é seuA vinha não é minhaUva com hálito de chuvaLás mas...Não posso com esse poçoTransbordante de lágrimas
No voo do condorCom dor, o mal dos séculosDo homem mauA selva de pedra que medraA perda do capital
Medos medonhosNosso caso, por acasoPro ocaso dos dias tristonhosPara me curar o estresseSó vendo o seu toplessNa praia dos meus sonhos!
Dílson Ferreira da Silva
116 • POESIA - Palavra é Arte
A CHUVA
A chuva caiE minhas esperanças todas ela desfaz.A chuva vemTrazendo-me emoção também.Imagino nossas mãos entrelaçadasE nós, dando risadas...Cada pingo, cada gotaParecendo o orvalho em teus cabelos.Teu rosto molhado tem tanto pecadoE este pecado quero cometer.Beijar teus lábios de água pura Que vem do céu cristalizar meu ser.E este sonho vivo de viver te amandoFaz-me feliz...A realidade da fantasia,Foi o que sempre quis.
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 117
TATUAGEM
Colou...Feito tatuagem...Na pele impregnada, desenhada... Não sai mais...Em meu corpo estão gravadas tuas digitais...Teu cheiro, teu hálito, o toque... Posso sen -lo em qualquer momentoSeja longo ou breve, em qualquer tempo...Lembranças das verdades que vivemosNossas intensidades, nossa calmaria, nossa nostalgia...Nossas almas já não se perdem mais,Mesmo que os corpos procurem caminhos opostosEm mim, já estás marcado, teu semblante, tua imagemFeito tatuagem...
Sônia Mara
118 • POESIA - Palavra é Arte
BORBOLETAS NA JANELA
Borboletas na janelaEsvoaçantes, lindas, belas...E pensar que já foram sem belezaNum casulo obscuro...Pouco a pouco criaram asas de leveza.Quando as vejo a bater suas asasTão felizes sobre as casas,Pousando sobre as fl ores, sugando seus perfumesNão consigo fi car imune.E então, quando pousam em minha janelaVencedoras de uma etapa triste,Sinto em mim, uma força que persiste.Quero ser a borboleta de asas fi nas e brilhantesPelo ar esvoaçante...E fazer que cada momentoDure mais que um instante.
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 119
A NOVELA DA VIDA
Nas arquibancadas da vidaOlhei pra plateia e te avistei...No meio da mul dão, Destaquei teu rosto e não vi mais ninguém.Quase esqueci o texto e gaguejei nas palavras.Minha atuação foi mida e tristeAo contrário do estava no script.Mas reconhecestes meu trabalhoBatendo palmas para mim,E com um sorriso lindo, disse-me sim.Fui aprovada para atuar ao teu lado Na novela da vida, real e verdadeira...E que seja uma novela pra toda vida!Não passageira...
Sônia Mara
120 • POESIA - Palavra é Arte
A PÁTRIA
Nossa gente está morrendoDe fome, de solidão.Nossa gente está se perdendoNos becos da escuridão.E chora, sorri, desencantaE dos próprios desejos se espanta.Conforma-se com a vida, mas é triste ainda.Oh, meu Brasil brasileiroPaís do povo festeiro,Terra da Mãe gen l.A criança na rua com a testa febrilQue sonha em crescer e dizer:Ainda te amo, minha Pátria,Meu Brasil.
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 121
A PAZ DE AMAR ALGUÉM
A paz de amar alguémÉ como um jardim cheio de fl oresColorindo todos os amoresUm fes m de mil coloresO amor é assim, alegria sem fi m.
A paz de amar alguémÉ caminhar sobre as nuvensIr ao encontro do céuBeijando lábios de melO amor é então, somente verão.
A paz de amar alguém É subir em uma montanhaE gritar ao universoQue tudo na vida é incertoPorém, o amor, é a superação da dor.
A paz de amar alguémÉ ver sol em dias de chuvaRadiando as gotas de orvalhoFeito cristais caindo dos galhosO amor é a certeza da fé.
A paz de amar alguémÉ percorrer uma estrada enfeitadaEntre pétalas de rosasDoces, belas e perfumadasO amor é emoção, oxigênio do coração.
122 • POESIA - Palavra é Arte
A paz de amar alguémÉ soletrar a cançãoA canção dos sen mentosSen mentos de afeiçãoO amor proclama, uma alma que clama.
A paz de amar alguémÉ Divino, um hinoO hino das almas silenciosasMas os corpos, uma pulsação nervosaO amor é, enfi m, eu em você, você em mim.
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 123
AMOR POR INTEIRO
Quero viver um amor verdadeiroQue ofusque os olhosEstremeça o corpo inteiro.
Que me inspire viver cada diaCom esperança, com alegria.
Que re de mim o que é ruimE transforme tudo ao redorEm Momento feliz.
Um amor que faça serenaFrágil, pequena...
Explosão de adrenalinaSuavidade e loucura...Carinho, ternura...Um amor que me in maA escrever uma rima.
E sonhar... E realizar...Tal qual um pássaro a voar...Sem barreiras, libertar...
Pele com pele, que em tudo me reveleAlma com alma, meu desejo, minha calmaE no embalo do amor, na mistura dos sen mentosViver, como se não houvesse o tempo...
Sônia Mara
124 • POESIA - Palavra é Arte
BUSCA
Procuro os ventosQue me levem para além do horizonteQue me mostrem a fonteOnde eu possa renascer.
Procuro no céuO cân co dos anjosVozes de ArcanjosTrazendo-me o amanhecer.
Procuro nas fl oresO néctar da vidaE que não seja só despedidaTodo encontro que houver.
Procuro a estrelaQue me guie pela luzA verdadeira chama que conduzPara um verdadeiro crescer.
Procuro alguémQue me mostre o amorE re-me a dorA dor de não saber viver.
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 125
CONFESSA
Confessa que adora estar comigo,Que me quer mais que um ombro amigo...Que tens meu corpo como teu abrigo...
Confessa que sou teu refúgio,Tua fuga e bem-querer...Tua loucura, afago e adormecer.
Confessa que necessitas de mim, em você...Do abraço largo ao êxtase do prazer...Do carinho mútuo e no beijo molhado, estremecer.
Confessa que sou teu vício, tua armadilha...O descarrego das tuas tensões...O bálsamo da tua alma, o fogo das tuas emoções.
Confessa que te faço lutarContra o teu próprio coração...Faço-te pulsar, sonhar e viver a realidade com toda intensidade.
Confessa que sou...A mulher que te eleva, no delírio insano do gozo inesgotável...E te acalma com salmos de paz e acalento...Sen mentos puros e loucos que nos unem... Inexplicável!
Sônia Mara
126 • POESIA - Palavra é Arte
DIAS CINZENTOS
Lá fora chuva, nublado tempoUm dia cinzento, acinzenta o pensamento...Deixando-nos sonolentos... Lentos... Desatentos...Fa gados, enjoados, dopados... De tanto tédio.A quem goste desta situação, adormecidos na escuridão...Que solidão!... Aprisiona o coração! Ah!... Venha sol, dias claros, iluminados...Venha com boas no cias... Traga o inesperado!Aqueça os corações, as cabeças... Que venham as emoções sem sentenças...Sentar-se na varanda com uma xícara de caféParece tão simples, não é?...Mas é a paz que se pode sen r, respirar o ar puro!Isso é ser feliz!
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 127
FLORES E VINHO
Flores e vinho sobre a mesaÀ luz de velas...A lua iluminando a noite na janelaE as estrelas prateando nosso olhar.Já não quero mais nada, a não ser, te amar...Entre um gole e outro de vinhoEnvolvo-me em teu encanto e carinho.Tira-me pra dançar,Viajo em teus braçosImaginando o que acontecerá...Deslizo meus olhos em teu rostoAté encontrar tua boca.Estou sedenta do teu beijoSedenta de desejo...A música ao fundoCada vez mais esquecidaDão espaço às ba das do coração.Um som mais intenso e ofegante ainda.E entre abraços e carícias Entrego-me aos teus encantosE torno-me tua,Tão transparente e tão nuaQuanto à lua.
Sônia Mara
128 • POESIA - Palavra é Arte
LIBERDADE
Quero correr entre as fl oresSen r o perfume das rosasVer os pássaros no céuColorir o mundo com um pincel.
Correr pela cidade com vocêE sen r a emoção de viverVer as folhas das árvores caindoE você, para mim, sorrindo.
Olhar as estrelas na noiteOlhar a lua, tão deslumbrante e tão nuaQuero me libertar, gritar, cantarE por fi m de tudo, loucamente te amar...
Sônia Mara
Palavra é Arte - POESIA • 129
O ABRAÇO
No papel desenho um laçoVenha cá, Dá-me um abraço?E desse laço vira um nó,Grudadinhos num abraçoVira um só.
Sônia Mara
130 • POESIA - Palavra é Arte
UM CORPO QUE CAI
Meu corpo,um corpo que caie se espa faem ar cios:ossos de vidrobrilhantescomo um fi lho.
Agora poderão vertudo que guardeino além da carne:o sagrado, o profano,e pedaços de espelhos.Muitos irão correr,com medo do tempo.
Jenifer Saska
Palavra é Arte - POESIA • 131
SOBRE PÉTALAS
A cada passo, uma pétala,um distanciamento da matéria.Até o rascunho de calmaria me foi negado.Em mim, toda pétala é pétrea e a queda um legado.Se desprendiam aos poucos, masconheci redemoinhos com o tempo;agora, sempre fi co ao relento.Quando o outono me coroa,a nudez me povoa e a vozem mim se permite ape te.Aprendi a me recompor em fl uidez,a me acostumar com a alma desnuda,a não temer o futuro e a loucura;mas sei que meu rastro é de embriaguez.Meu passo não é leve, mas tem ritmo de prece.
Coxa desse jeito, o impacto leva muito mais;as pétalas caem duras e veementes, aos montes.Invejam as que fi caram pra trás, no horizonte.Olho ao redor dos anos e suspiro: estou longe,sinto que me abandono no caminho.Meu tempo carrega uma quimeraque segue aos trancos, fremente por dentro,com um semblante de mulher austera.O espelho é muito franco;as pétalas caem e eu já sou outra.Me recomponho, me dou ao sonho,mas a terra me grita até fi car rouca.
Jenifer Saska
132 • POESIA - Palavra é Arte
AFAGO
Cantemos a onda que dançae se deixa rasgarcom o impulso do ar.Essa serpente do marvai nos abraçarcom azul e verdeem ímpetos concentrados;ela vai nos abraçarcom um túnel crescentepra dissipar os fardos.
Cantemos a ondaque vai nos esmagarpra ensinar um afago.Cantemos enquanto há tempo;nesse ouroboros aquá conosso canto será um espasmo.
Jenifer Saska
Palavra é Arte - POESIA • 133
PONTO DE VISTA
Cada vez maisgentes, horas,esporas, sementes,silêncios, arreios.Cada vez maismenos.
É preciso jorrar para fora:chega de implosão constante.Que venha o alíviode parar por um instante,respirar sem arfar em não-existência;ser i nerante.
Cada vez maismenos?
Não se vênem de perto,nem de longe.Visão sempre horizonteque se desfaz à distância.Nada muito certo,se movimento em aproximância.
Jenifer Saska
134 • POESIA - Palavra é Arte
SUSPENSÃO
O tempo está nos empilhandoaos poucossobre a terra coroadade remorsos ocultos,guirlandas carase óculos escuros.
Estamos nos permi ndo morreraos poucosquando fi tamos e não vemoso tempo nos fa andopara espalhar nossos fragmentosao ventoe para que nos unamosao pó, à lava e aos ecosdos que se reprimemno concreto.
Jenifer Saska
Palavra é Arte - POESIA • 135
ODE À ANNA AKHMÁTOVA
Toda leveza me espreme sorridente e tresloucadaenquanto sussurro o universo com o olhar.A cada piscadela, um mergulho em outremuma dança de etéreas notas acanhadas.Mas eu canto a selvageria dos diascarregando vida e morte no regaço,acariciando o tempo com a dor de ser – pois que o tempo é anfi trião do sadismo.Por outro lado, não mais desmaio na sarjetatampouco dilacero aquele espelho;deixo-me descansar discreta e felizmente perdidanas entranhas do meu silêncio.
Jenifer Saska
136 • POESIA - Palavra é Arte
LASCIVA
A palavra se despe para o pensamento;mas tão logo é dita, vira lamentoe se entrega a um novo ensejo.
gosta de um striptease.
A palavra pergunta: quem disse?ques ona, acaricia, insulta.anterior ao risco no papel eao ritmo do teclado, é felque se entrelaça à saliva(seu impacto pode nos deixar à deriva).Ela está antes do suspiro, do abraço,evasiva, nociva, afe va,é prelúdio de todos os fados.Aança com caneta, lápis, nta,está na origem do rito e do grito,está antes do passo e da mímica;é anterior ao despertar, no sonho.No pensamento é preliminar.Proferida, gozo.
A palavra atacao antes do que não veio,os durantes e o anseiodo antes do que passou.A palavra abraça o que abismou,mas também fi ca à espreita.se dá e deleita
Palavra é Arte - POESIA • 137
a tudo quanto estáe a tudo quanto é;
a palavra poderia viver num Cabaret.
Jenifer Saska
138 • POESIA - Palavra é Arte
SEXO SURRADO
Palavra desnuda no papel molhado,palavra doída, corpo suado -papel encharcado de palavras úmidas,de sílabas túrgidas, rasgos forçados;sexo falado,gritado,silenciado.
Palavra que urra um silêncio velado.
Mudez que surra um grito afogado.
Jenifer Saska
Palavra é Arte - POESIA • 139
CAVALGADO
Um mestre,ainda que um mestre domadosob meu quadril.Que falta faz vocêdevidamente cavalgadono meu querer vadio.
Rirás sim,mas eu quero te comercomo um caqui.Tuas mãos os gomos molhadosque meu vício adoraaos pedaços.
Rirás do desejo;mas eu quero mesmote comer como um caqui:te arrancar a pele com os dentese te fazer passar frioensopado no meu cio.
Jenifer Saska
140 • POESIA - Palavra é Arte
CANTO
Dionisíaco, desejado,só não esgotas a palavraporque meu fardo é pesado --ainda que o leve de bom grado. Na curva mís ca és um semi-deusmeio humano meio bicho,grande imponente ferinomas ainda assim, divino.Quando te odeio pelo silêncio,te chamo breu morfeu macabeu,mas logo voltas a ser ateneu –o meu templo de Incêndios.E ainda que eu te veja o divino,te gosto mais humano e bichodespedaçando a minha carnecomo um gre faminto no cio.Ainda que eu te veja o divino,és o antro em que me esfareloo chão em que me deito de carae a parede que desintegrocom todas as minhas taras.De já decorei o caminho,e hoje peço sem comedimentoque aceites o brilho e o suplíciodo meu desejo grotesco;que eu te quero a sangue e fogo,com a brutalidade e o ritmodas carnes imersas no lododo gozo e dos ritos.
Palavra é Arte - POESIA • 141
Te gosto quando és altare eu sumo sacri cio;em , morrer é um cogito.Dionisíaco,te penso contemplo e refl ito,ainda que seja com meus gemidos.
Jenifer Saska
142 • POESIA - Palavra é Arte
PACTOS
Olhar castanho vivo!Busca o infi nito através dos meus olhos.Procura a paz nas palavras.E o relaxamento nos carinhos...
Distâncias que fi cam curtas.Calor gostoso...Lugar mágico...Pactos fi rmados...
Chuva que alimenta a terra.Tempo que passa rápido.A incerteza do futuro.As mágoas do passado.
As pessoas não são limites.Os lugares não são feios.
Alguma coisa está brotando...No cheiro da pele...Nos toques...
E, dos pactos!!!
Carlos Alberto Andrade de Castro
Palavra é Arte - POESIA • 143
SIMPLES ASSIM
Por longos breves anos te amei sozinho...Breves, porque passaram tão rápido...E sozinho, porque somente eu alimentei a esperança...
Amei, amei e tentei fazer os tempos e locais se coincidirem...Não consegui... Não sofri com isso...Simplesmente as lembranças de você tornaram a minha vida mais leve...
Dia a dia vivi a expecta va das coincidências acontecerem...Fui levando a vida mantendo o brilho nos olhos...Mesmo sabendo que você nunca percebeu o tamanho do meu amor...
Coloquei o coração à larga...Deixei o tempo agir...Realidade e Sonho...
Acompanhei você a distância...Tentei me aproximar algumas vezes... Não deu certo...Não consegui entender porque não me procurou...
Nesta época sofri...E percebi que você não me amava...Mas con nuei a te amar assim mesmo...
144 • POESIA - Palavra é Arte
Apesar de viver outros amores, o seu era único...Tinha algo de especial...Poderia ser até uma obsessão inofensiva...
O tempo passou...Retomamos as conversas, e fi cou nisto...Aprendi que amar sozinho não conserva um amor eterno...
Meu amor por você tomou outros rumos...Mas as lembranças con nuarão...
Amei só...
Simples assim...
Carlos Alberto Andrade de Castro
Palavra é Arte - POESIA • 145
POR ONDE ANDO
Eu ando por aí...Percorro estradas...Entro nas cidades...Converso com um, converso com outro.
Algum tempo atrás deixei minhas fantasias guardadas em algum lugar que não sei onde.Parei de procurar nos olhares o espelho da minha alma.Estou começando a me contentar em apenas contemplar as coisas da natureza.
E as pessoas?
Ah...
As pessoas vão passando e deixando as suas marcas.Arrancam de mim algumas lágrimas.
E eu dou risadas porque ninguém sabe o que sinto...Deixo o tempo passar...Sinto um gosto doce na boca.
Aí descubro o quanto sou ingênuo...O quanto acredito no presente.E o tamanhão da esperança que enche o meu peito.
Esperança que me faz adormecer e acordar.Que modifi ca a dor em prazer...A decepção em um “deixa pra lá”...
146 • POESIA - Palavra é Arte
E as pessoas?
Ah... As pessoas fi cam andando por aí.
Algumas tentando decepcionar as outras...E as outras fazendo crescer a esperança...
E eu?
Eu fi co andando por aí...
E você?
Por onde andas?
Carlos Alberto Andrade de Castro
Palavra é Arte - POESIA • 147
DISTÂNCIA
Quando dobro a esquina faz um século que não te vejo.A cada metro que ando cresce em mim um quilômetro de saudade.Me controlo, não desespero e vou caminhando só, no vazio.
O tempo se arrasta nos segundos.A saudade aumenta em séculos.
Chega a hora. Percorro os metros.Esqueço a saudade.Te encontro. Caio em seus braços. A mágica se refaz.Me sinto feliz, imortal, amado, colorido e colorindo.
Para te ver dependo do espaço e do tempo.Não gosto desses limites. Não gosto de te deixar.
Gostava de te ver sozinha.Alimentava minhas fantasias.Agora me dói te imaginar em seu quarto.Inventando coisas para o tempo passar.E eu preso e sufocado no meu pesadelo.
E assim a distância vai me levando.A cada encontro um alento e uma alegria.A cada separação uma dor e uma tristeza.E entre alegrias e tristezas vou sonhando e engolindo a distância.
Carlos Alberto Andrade de Castro
uarto.sar.
delo.
148 • POESIA - Palavra é Arte
AMOR PLATÔNICO
Seu sorriso...Seus olhos negros...Sua meiguice...Sua paz.
Uma pouca distância.Um imenso vazio.Seu rosto quase redondo.Seu sorriso puro.
Uma vez por dia, me sa sfaço.Só quero te olhar.Você é linda...Você é infi nita.
Distância longa, mas curta.Um olhar que cruza.Sa sfaço-me.Sei que sou alguém.
Serão seus cabelos longos?Serão meus olhos verdes?Não. Apenas tenta me estudar.Pode me olhar. Gosto que me olhe.
Submissa, sei que você é.Quer me ajudar. O silêncio é o melhor.
Palavra é Arte - POESIA • 149
Gosta de me acompanhar.Gosto que me acompanhe.
Apreciar-te somente.Gosto todo dia.Tornou-se um mito.Quase ina ngível.
Olhares cruzados.Gosto da distância – a realidade.Minha segurança está aí.Quero apenas te olhar.
Carlos Alberto Andrade de Castro
150 • POESIA - Palavra é Arte
PROJETOS
Vou andando pelos caminhos que você coloriu...
Nesses caminhos existem:Bilhetes rápidos,Escritos longos,Telefonemas frequentes,
Passeios constantes,Viagens restabelecedoras.
Beijos molhados.
Manhãs, tardes, noites e madrugadas.
Massagens demoradas,Banhos mornos.
Aventurinhas eró cas.
Coisas engraçadas,Músicas suaves.
Abraços amigos,Conversas francas,Troca de ideias.
Orações.
Grandes saudades,
Olhares ternos,Toques mágicos.
Silêncio.
Alguns projetos...
Carlos Alberto Andrade de Castro
Palavra é Arte - POESIA • 151
152 • POESIA - Palavra é Arte
RAINHA
Hoje você deve se sen r uma Rainha...
Ande pausadamente e olhe a todos por cima.Dê uma trégua para as forças contrárias.
Pense o quanto você é importante para você mesma.E o quanto Deus lhe fez bonita por dentro e por fora.
Se sinta importante para você e para o mundo.Não espere nada de nada, apenas de você mesma.
Você existe... Tem o dom da vida... E é feliz...
Torne as coisas e os fatos leves.Entenda as forças favoráveis do Universo.
Sorria... Dê gargalhadas para o infi nito.
Hoje é o seu dia de Rainha.
Carlos Alberto Andrade de Castro
Palavra é Arte - POESIA • 153
VULCÕES
Busco o refl exo do meu olhar por todos os olhares...Encontro ansiedade, dor, inveja e, de vez em quando, vida...A angús a toma conta do meu ser...
Suspiro fundo, chamo minhas fantasias e consigo aliviar a alma.
Percorro diariamente quilômetros e quilômetros na ânsia de encontrar odores e imagens que acalmem meus vulcões.
Encontro outros vulcões.Entendo...Não desanimo...
Quero a serenidade...Num sonho ou sono...Em um olhar perdido...Numa música estranha.
A busca...Eterna busca.Refl exo de uma juventude viva...De uns vulcões em erupção.
Carlos Alberto Andrade de Castro
154 • POESIA - Palavra é Arte
SÓ MEUS OLHOS PODEM VER
Queria lhe escrever mais uma carta de amorMas não encontro mais inspiraçãoDesde então me vem um vazio incolorQue parte meu coraçãoE leva minhas lágrimas ao chãoPensando em você, perdi a noção do tempoTentei fugir dos meus sen mentosE por mais que eu tentasseNão poderia deixar que essa dor me sufocasseQueria lhe dizer o quanto te ameiMas as palavras escondiam-se por entre seus movimentosE cada segundo que passava eu sen a seus lábiosAtentos aos meusTentando expressar algo que não sei bem ao certoMas parecia que você estava decididoTalvez fosse um leve descuidoMas não resis ao seu jeitoQueria lhe escrever...Apenas tentar expressar o que eu queria lhe dizerPorém a chuva inundou a cidadeE tudo fi cou trancafi ado a sete chavesNa verdade você nem sabe que eu te amoMas cansei de fantasiar algo que só meus olhos podem ver
Leandro Sales