poesia retrato de uma princesa

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Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual Plural 9 Gustav Klimt, Retrato de Adele Bloch-Bauer, 1907

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Texto poético ,Retrato de uma princesa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Plural 9, Raiz editora

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Page 1: Poesia retrato de uma princesa

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual

Plural 9

Gustav Klimt, Retrato de AdeleBloch-Bauer, 1907

Page 2: Poesia retrato de uma princesa

Para que ela tivesse um pescoço tão finoPara que os seus pulsos tivessem um quebrar de caulePara que os seus olhos fossem tão frontais e limposPara que a sua espinha fosse tão direitaE ela usasse a cabeça tão erguidaCom uma tão simples claridade sobre a testaForam necessárias sucessivas gerações de escravosDe corpo dobrado e grossas mãos pacientesServindo sucessivas gerações de príncipesAinda um pouco toscos e grosseirosÁvidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gentePara que ela fosse aquela perfeiçãoSolitária exilada sem destino.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual

Page 3: Poesia retrato de uma princesa

1. O retrato destaca a elegância e perfeição do porte direito e seguro, do pescoço e pulso finos, do olhar frontal e límpido. Sugere tristeza provocada pelo isolamento, o exílio, a inutilidade.

2. Para ela ter aquela perfeição foi necessário que ela e os da sua classe não trabalhassem, sacrificando “gerações de escravos”.

Page 4: Poesia retrato de uma princesa

3. Metáfora - “Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule”

Para que fossem delicados.

4. Crítica social

A riqueza, a educação e a elegância das classes dominantes são construídas à custa do trabalho escravo.

4.1. “Foi um imenso desperdiçar de gente”.

Page 5: Poesia retrato de uma princesa

5-Partes do poema

O poema organiza-se em 2 partes lógicas quecorrespondem às 2 estrofes.

Na 1ª estrofe, traça-se o retrato, ao mesmo tempoque se alude aos que se sacrificaram para que elafosse assim; na 2ª estrofe, apresenta-se a posiçãocrítica do sujeito poético que considera umdesperdício o sacrifício dos desfavorecidos aoserviço dos senhores.

Page 6: Poesia retrato de uma princesa

Gramática

1. Formas verbais: tivesse, tivessem, fossem, fosse, usasse.

1.1. O modo conjuntivo emprega-se normalmente na

oração subordinada, neste caso iniciada com a locução subordinativa final “para que”. Denota que uma ação está ligada a outra, de que depende. Assim, todas estas orações dependem da oração subordinante “Foram necessárias sucessivas gerações de escravos”.

Page 7: Poesia retrato de uma princesa

2. O adjetivo “sucessivas” realça esse “imenso desperdiçar de gente” ao serviço de “sucessivas” gerações de privilegiados que vivem à custa do trabalho escravo.

Page 8: Poesia retrato de uma princesa

Comparação de imagens

Observar a ilustração de Danuta Wojciechowskaque acompanha o poema e compará-lo com a pintura de Gustav Klimt.

Page 9: Poesia retrato de uma princesa

Em vez das pedras preciosas, o fato da princesa tem os rostos e os corpos das “sucessivas gerações de escravos” que se sacrificaram para que nobres como esta princesa pudessem viver de forma superior.