poesia algumas proposições com crianças, ruy belo
DESCRIPTION
Poesia, Algumas proposições com crianças, Ruy Belo, Raiz Editora, Plural, 9º anoTRANSCRIPT
PoesiaPlural 9, Raiz Ed, p. 291
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
Algumas proposições
com crianças
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
A criança está completamente imersa na infância a criança não sabe que há de fazer da infância a criança coincide com a infância a criança deixa-se invadir pela infância como pelo sono deixa cair a cabeça e voga na infância a criança mergulha na infância como no mar a infância é o elemento da criança como a água é o elemento próprio do peixe a criança não sabe que pertence à terra a sabedoria da criança é não saber que morre a criança morre na adolescência Se foste criança diz-me a cor do teu país Eu te digo que o meu era da cor do bibe e tinha o tamanho de um pau de giz Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez Ainda hoje trago os cheiros no nariz Senhor que a minha vida seja permitir a infância embora nunca mais eu saiba como ela se diz
1. Divisão do poema em partes:
reflexão sobre a infância: vv. 1 a 11;
memória da infância: vv.12 a 16;
desejo da infância: vv. 17 e 18.
2. Tempo e modo verbal usado em cada uma das partes
Reflexão – presente do indicativo: “está”; “sabe”;
Memória – pretérito imperfeito do indicativo: “tinha”; “acontecia”;
Desejo de infância – presente do conjuntivo: “seja”; “saiba”.
3. “A criança morre na adolescência”. (v.11)
3.1 A afirmação significa que a adolescência começa quando acaba a infância, ou seja, a infância morre quando a adolescência chega.
3.2 Opinião pessoal – concordância / discordância com a afirmação.
3.3. No final do poema, o sujeito poético revela ainda sentir os cheiros da infância e exprime o desejo de guardar a infância dentro de si.
1. Orações nas quais “a criança” tem a função de sujeito.
A criança está completamente imersa na infância;
a criança não sabe; a criança coincide com a
infância; a criança deixa-se invadir pela infância;
(a criança) deixa cair a cabeça e (a criança) voga
na infância; a criança mergulha na infância; a
criança não sabe que pertence à terra; a criança
morre na adolescência.
2. Na oração “Se foste criança”, criança tem a
função de predicativo do sujeito.
3. Nas orações “a sabedoria da criança é não
saber”; “a infância é o elemento da criança”, a
palavra criança tem a função de modificador
do nome.
FIM