pododermatite infecciosa em equino associada a osteÍte de terceira falange: relato de caso

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PODODERMATITE INFECCIOSA EM EQUINO ASSOCIADA À OSTEÍTE DE TERCEIRA FALANGE RELATO DE CASO 39º CONBRAVET Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária 2 EQUINOS CALCIOLARI, K. ¹*; JUNIOR, J. M.¹; CASAS, V. F.² ¹Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Franca UNIFRAN. ²Docente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Universidade de Franca- UNIFRAN. *endereço eletrônico: [email protected] Introdução A pododermatite, mais conhecida como necrobacilose ou broca dos cascos é o acometimento do tecido córneo ungueal por infecção bacteriana (Sphaerophorus necrophorus) a partir de perfurações, rachaduras ou regiões enfraquecidas da linha branca ou sola do casco. Relato de Caso: Equino, fêmea, puro sangue inglês, aproximadamente 12 anos foi encaminhada ao hospital veterinário da UNIFRAN, com perda de 40 por cento da porção lateral do casco esquerdo (tecido coronário até a pinça), deixando exposto tecido de granulação, com grau de infecção moderado. A porção medial do casco direito também apresentava perda circunscrita de tecido córneo deixando expostas as lâminas do casco. O animal apresentava claudicação do membro esquerdo evidente. O exame radiográfico revelou presença de osteíte de terceira falange de ambos os membros, sem acometimento dos demais ossos. Com uma rineta retirou-se o tecido córneo morto ao redor das lesões, fez-se a antissepsia com sabão e solução a base de clorexidine e aplicou-se pomada a base de óleo de rícino com açúcar cristal. Os cascos foram enfaixados e protegidos com botas próprias para cascos. Manteve-se o açúcar até formar tecido de granulação suficiente para preencher o interior do casco esquerdo, retirando-o então. Foi administrado enrofloxacina na dose de 4,4mg/kg uma vez ao dia por 7 dias, IM e fenilbutazona na dose 4,0 mg/kg uma vez ao dia por 3 dias, IV. Foi realizado casqueamento corretivo a cada 25 dias, permitindo assim o crescimento adequado do casco. A evolução para fechamento total da ferida no casco esquerdo ocorreu dentro de 3 meses, havendo crescimento do casco normal a partir da coroa em 3 centímetros neste período. Com o fechamento da ferida o animal não apresentou mais claudicação ou qualquer indício de dor ao pinçamento. Discussão Pododermatites graves podem ter evolução favorável mesmo quando há envolvimento de tecido ósseo desde que estas sejam tratadas criteriosamente e com acompanhamento diário. Conclusão Produtos a base de óleo de rícino têm caráter funcional não apenas para cicatrização de tecido cutâneo mas também para tecido ungueal e este foi de caráter fundamental para a recuperação deste animal. A B C D E1 A: Lesão inicial, B: lesão com 20 dias, C: lesão com 60 dias, D: Lesão com 150 dias, E1: Radiografia projeção Dorsopalmar, E2: Radiografia projeção dorsoproximal- palmarodistal oblíqua. E2

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Relato de caso referente a equino acometido com pododermatite infeciosa (Sphaerophorus necrophorus) acometendo cerca de 40 por cento do casco do membro anterior esquerdo associada com osteíde de terceira falange. Realizou-se tratamento com pomada à base de óleo de rícinus além do tratamento de suporte com sucesso.

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Page 1: PODODERMATITE INFECCIOSA EM EQUINO ASSOCIADA A OSTEÍTE DE TERCEIRA FALANGE: RELATO DE CASO

PODODERMATITE INFECCIOSA EM EQUINO

ASSOCIADA À OSTEÍTE DE TERCEIRA FALANGE

RELATO DE CASO

39º CONBRAVET – Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária 2 EQUINOS

CALCIOLARI, K.¹*; JUNIOR, J. M.¹; CASAS, V. F.²

¹Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Franca – UNIFRAN. ²Docente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Universidade de Franca- UNIFRAN. *endereço eletrônico: [email protected]

Introdução

A pododermatite, mais conhecida como necrobacilose ou broca dos cascos é o acometimento do tecido córneo ungueal por infecção bacteriana (Sphaerophorus necrophorus) a partir de perfurações, rachaduras ou regiões enfraquecidas da linha branca ou sola do casco.

Relato de Caso:

Equino, fêmea, puro sangue inglês, aproximadamente 12 anos foi encaminhada ao hospital veterinário da UNIFRAN, com perda de 40 por cento da porção lateral do casco esquerdo (tecido coronário até a pinça), deixando exposto tecido de granulação, com grau de infecção moderado. A porção medial do casco direito também apresentava perda circunscrita de tecido córneo deixando expostas as lâminas do casco. O animal apresentava claudicação do membro esquerdo evidente. O exame radiográfico revelou presença de osteíte de terceira falange de ambos os membros, sem acometimento dos demais ossos. Com uma rineta retirou-se o tecido córneo morto ao redor das lesões, fez-se a antissepsia com sabão e solução a base de clorexidine e aplicou-se pomada a base de óleo de rícino com açúcar cristal. Os cascos foram enfaixados e protegidos com botas próprias para cascos. Manteve-se o açúcar até formar tecido de granulação suficiente para preencher o interior do casco esquerdo, retirando-o então. Foi administrado enrofloxacina na dose de 4,4mg/kg uma vez ao dia por 7 dias, IM e fenilbutazona na dose 4,0 mg/kg uma vez ao dia por 3 dias, IV. Foi realizado casqueamento corretivo a cada 25 dias, permitindo assim o crescimento adequado do casco. A evolução para fechamento total da ferida no casco esquerdo ocorreu dentro de 3 meses, havendo crescimento do casco normal a partir da coroa em 3 centímetros neste período. Com o fechamento da ferida o animal não apresentou mais claudicação ou qualquer indício de dor ao pinçamento.

Discussão

Pododermatites graves podem ter evolução favorável mesmo quando há envolvimento de tecido ósseo desde que estas sejam tratadas criteriosamente e com acompanhamento diário.

Conclusão

Produtos a base de óleo de rícino têm caráter funcional não apenas para cicatrização de tecido cutâneo mas também para tecido ungueal e este foi de caráter fundamental para a recuperação deste animal.

A

B

C

D

E1 A: Lesão inicial, B: lesão com 20 dias, C: lesão com 60 dias, D: Lesão com 150 dias, E1: Radiografia projeção Dorsopalmar, E2: Radiografia projeção dorsoproximal-palmarodistal oblíqua.

E2