poderes psiquicos e imortalidad - john alan appleman

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poderes psiquicos e imortalidad

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  • PODERES PSQUICOS e IMORTALIDADE

  • Antnte MILTON Freitas de AMOBIM

    Este livro dedicado s pessoas sinceras que, arrostando o ceticismo reinante, tiveram a coragem de .relatar experincias supra- normais, e queles dedicados pesquisadores que gastaram anos e arriscaram a prpria reputao no estudo da mais importante de todas as reas do conhecimento humano. tambm dedictido ~minha famli e aos amigos qu tiberdm a paiiia ~de aceitar como normais certos fatos que, na melhor das hipteses, outros julgariam surpreendentes.

    prefcio Ao LEB UM LtVBO desta espcie qualquer pessoa deseja saber alguma ooisa sobre o autor. Vrios estudos de

    natureza psquica foram realizados por cientistas, outros por leigos interessados no assunto, e muitos por sim-ples curiosos. Qual , portanto, a formao de John Alan Appleman?

    Como editor, conheo-o h muitos anos e acabei por ter-lhe um grande respeito. Quanto sua educao, estudou na Universidade de Illinois. Apesar de extremamente ativo no tocante aos esportes colegiais e nas demais atividades do campus universitrio, foi eleito, ainda calouro, para o Phi Beta Kappa, e conquistou o diploma de Bacharel em Artes, com louvor. Recebeu, depois, o diploma de Mestre em Finanas e Direito Internacional e o de Bacharel em Direito e aos 22 anos j exercia a advocacia. possvel que o fato de possuir um QI de 175 lhe tenha servido de muito.

    Como especialista em Direito Criminal demonstra um cuidado verdadeiramente profissional pelos fatos e implacvel, como mostra o texto, em condenar o que julga improvvel ou infundado. Possui a habilidade do criminalista para reunir os fatos numa descrio realista. E apesar de ser um "advogado provinciano**, sua fama tal que foi eleito Deo da Academia Internacional de Advogados Criminalistas, presidente da Federao do Conselho de Seguros, e seus colegas criminalistas acorrem de todas as parte do pas (pagando honorrios de 1.000 dlares) para ouvi-lo discorrer sobre as qualidades de um advogado.

    Aos vinte e trs anos publicou seu primeiro artigo sobre Direito, no Jornal cia Associao Forense Americana. Aos vinte e cinco, seu primeiro livro sobre Direito. Desde os vinte e oito que seu nome vem aparecendo no Who*s Who in America, e em muitas outras publicaes congneres. E, apesar de ser um criminalista extremamente atarefado, alm de exercer a presidncia de seis corporaes, sua produo literria ultrapassa a casa dos cem volumes e equipara-se, proporcionalmente, a .. .E o Vento Levou. Suas obras so clssicas. A Enciclopdia Britnica e a Enciclopdia Mundial do Livro h muitos anos se valem da sua cultura jurdica. tido em alta conta como advogado, como cidado, e como homem. O que afirma, tem o cunho da verdade. Pode-se aceit-lo sem reserva.

    possvel que eu esteja sendo parcial a seu favor. H alguns anos, publiquei um livro de John Alan Appleman (Como Aumentar Seu Dinheiro Fazendo Fora) e fui visi- t-lo em sua magnfica propriedade. Nessa ocasio, discutimos certos problemas editoriais. Com apenas algumas perguntas tocou nos fatos mais importantes: props uma soluo que adotei, e que at hoje tem dado os melhores resultados. Naquele dia, fato ainda mais importante, senti a ligao a que John freqentemente se refere como situada alm da comunicao mental e que as palavras no podem traduzir.

  • O autor no se prope a responder a todos os problemas relacionados com os poderes psquicos ou com a imortalidade. Com sua enorme capacidade pedaggica, limitou-se a separar o joio do trigo e a mostrar o gro que provoca o raciocnio. Sugere possibilidades extradas das suas experincias pessoais, e das que foram realizadas por observadores dignos de crdito. E' isso, em nossa opinio, importante abertura numa rea de grande significao para todos ns rea que os eruditos srios muitas vezes receiam palmilhar por medo ao ridculo, ou pela diminuio da estima em que so tidos como homens de cultura.

    Recomendo este livro a todos os leitores. O que aqui vo ler a aprender ser, sob muitos aspectos, uma porta aberta para a imortalidade.

    FREDERICK FELL

    natureza do problema Voce, LETTOR, uma extraordinria mquina. Nada daquilo com que sonhou o bem intencionado Dr.

    Frankenstein pode ser comparado a voc. Seus msculos, sistema circulatrio, tipos nervosos e hormonais so mais complicados do que seria possvel em qualquer outro sistema evolutivo. No entanto, tudo isso insignificante se oomparado aos poderes latentes em voc. Sua mente pode alcanar os extremos da Terra, interligar-se aos pensamentos alheios, e captar imagens a milhares de quilmetros de distncia. Mesmo sem qualquer esforo, por meio da?conexo e da empatia, voc pode provocar nos outros uma onda de simpatia ou uma hostilidade encoberta. Alguns d vocs podem ver atravs de caixas fechadas e distinguir os objetos que elas contm. Todas essas qualidades so conhecidas dos cientistas corno-poderes^ psquicos1*. Neste livro, estudaremos esses poderes separando verdade da fico, para descobrir tanto quanto possvel o que faz voc palpitar. E, se possvel, desejamos ajud-lo a despertar esses poderes adormecidos em quase todos ns para tom-los to acessveis e fceis como fcil apanhar uma garrafa de Coca-Cola.

    Quase toda a humanidade vive preocupada com trs problemas. A primeira, e provavelmente a maior dessas preocupaes, talvez possa ser descrita pela pergunta: Que sou?" e, sobretudo, Sou imortal, ou esta vida acaba quando findar todo o contato de minha parte, como pessoa, com a onda continua de vida? provvel que a segunda das preocupaes universais seja a que diz respeito guerra e paz; e a terceira, a tocante segurana financeira pessoal e nacional.

    Para falar a verdade, existem inmeros outros problemas. como o da atrao sexual, a conquista da fama, a simples- premncia da fome. perfeitamente normal que os homens, se mostrem preocupados com esses problemas de mbito universal; somente assim as tentativas mtuas podem conjugar-se- numa soluo. Em todos os casos, porm/a compreenso deve preceder as solues de quaisquer problemas/

    Este livro trata, em parte, do primeiro desses problemas.. fO homem um organismo complexo, muito mais complicado* que qualquer computador jamais construdo pelos cientistas, e possuidor de faculdades que no podem ser transferidas mquina/At mesmo para sugerir qualquer hiptese razovel capaz de responder s nossas perguntas precisamos compreender a anatomia daquelas partes do corpo humano que controlam todos os poderes mentais e psquicos que o homem possui e o modo como eles atuam. /Precisamos compreender a parte desempenhada por todo tipo evolutivo para perceber quais os poderes que o homem possui, e quais os que

  • perdeu nesse processo evolutivo^ E precisamos explorar,, paeientemente, esses poderes potenciais geralmente conhecidos como poderes psquicos para chegar, assim esperamos, a certas concluses capazes de ajudar a responder quelas perguntas.

    Naturalmente, impossvel a qualquer indivduo conhecer pessoalmente, ou experimentar, cada uma das reas de informao compreendidas num trabalho como este. Nem se poderia esperar por isso em nenhum outro aspecto de uma pesquisa ou conhecimento. Contudo, [quando atingimos crt rea situada alm do alcance do ^normal como a telepatia, a precognio, ou a clarividncia todos ns experimentamos certo ceticismoT/

    O ceticismo inteligente ajuda a pesquisa cientfica construtiva Afinal de contas, se, pessoalmente, experimentei algo sob condies que no me poderiam iludir, ento posso ter a certeza da veracidade dessa coisa. Mas, se algum me diz que viu o fantasmas do Tio Harry correr os cem metros nos Jogos Olmpicos, no me acusem se eu sair correndo porta a fora. Mesmo se algum me vier contar alguma coisa aparentemente aceitvel, antes de aceit-la devo informar-me quanto idoneidade dessa pessoa como observadora, e quanto ao crdito que merece como informante.

    Durante muitos anos, meu trabalho tem sido o de advogado criminalista. Esse trabalho exige a pesquisa da verdade e o exame de todas as informaes sob todos os ngulos possveis para descobrir-lhe os pontos fracos* os possveis ngulos de ataque ou, por outro lado, a confirmao dela. (So podemos aceitar como verdade a palavra de uma testemunha sem fazer o confronto de suas declaraes com todos os fatos concretos, e com as declaraes de outras pessoas colocadas em situao que lhes permita conhecer os mesmos fatos?)

    Por outro lado, no somos presunosos ao ponto de desprezar! todas as provas que no tenhamos testemunhado pes- soalmente.j Se isso fosse necessrio, os tribunais e os jris deixariam de existir. Obviamente, juiz, jurados, promotores e advogados ficariam em outro lugar qualquer que no o palco de um choque na controvrsia. Precisam ouvir as testemunhas e julgar at que ponto suas declaraes representam realmente a verdade.

    O mesmo se d conosco. Voc, leitor, e eu, no vamos esmiuar um crebro vivo para determinar as funes de cada uma das suas reas. Podemos reunir as informaes disponveis fornecidas pelos especialistas em cirurgia cerebral, bem como as de clnicos especializados no tratamento de pessoas portadoras de doenas cerebrais. Atualmente, aceitamos tambm a hipnose como fato verdico muito embora, poca de Mesmer, tenha sido absolutamente anti- cientfico adotar essa opinio.

    Ao chegarmos anlise dos problemas paranormais expresso que adotamos para designar os fatos que fogem experincia diria, como os poderes psquicos ou ocorrncias psquicas nesse caso, precisamos aplicar padres crticos para avaliar o depoimento das testemunhas envolvidas. O grau de instruo do informante pode ajudar, embora nem sempre. Trata-se de pessoa capaz de separar a verdade da fico como o fariam o cientista, o criminalista, ou o juiz? Tem, por acaso, motivo capaz de lev-lo impostura como o desejo de publicidade ou de lucro pessoal? Ademais, o grau de corroborao ou a ocorrncia de experincias exatamente iguais registradas entre um grupo de pessoas dotadas da mesma boa-f pode tambm ajudar a quem procura separar o joio do trigo.

    Assim, por exemplo, se Norman Vincent Peale ou George Washington Carver revelaram exatamente as mesmas experincias, diramos instantaneamente que ambos so (ou era, no caso do Professor Carver) homens

  • dignos e cultos. O Bispo Sheen poderia convencer qualquer de ns da veracidade das suas observaes. Mas, ento, poderamos desprezar como inverdicas as declaraes de S. Jos ou de Santa Teresa, ambos canonizados como santos, apenas porque no os conhecemos em vida, ao passo que j vimos o Bispo Sheen na televiso?

    ym quaisquer das reas de nossas pesquisas importante avaliar todas as informaes razoavelmente acessveis?)Assim, conservei as experincias pessoais porque posso garanti-las. Inclu outras experincias realizadas em circunstncias cujos personagens ignoravam o resultado, como nos casos de comprovao mdica estabelecida. Foram, tambm, utilizadas as informaes prestadas por pessoas idneas e dotadas de capacidade de observao, quer se trate de dados reunidos em nossa atual gerao ou em geraes passadas. Eliminei enorme quantidade de bobagens nas quais os informantes, levados pela fantasia, deixaram-se cair em conjeturas e especulaes. Mantive, porm, alguns casos intermedirios, com comentrios adequados sobre sua aparente autenticidade ou no. Vamos discutir esses poderes psquicos tal como se mostram em ao; e ento, no captulo final, poderemos discutir o que conhecido como de natureza cientfica com relao mente e ao crebro.

  • AiUnlo MILTON Freitas d MOR1M o subconsciente

    XI ANOS, antes de ter comeado a explorar a literatura mdica para verificar quais as funes atribudas s vrias partes do crebro, conversava com um mdico cujo principal interesse consistia no tratamento de pessoas portadoras de doenas cerebrais, e na explorao da hipnose. Meu interlocutor fez diversos comentrios sobre o subconsciente.

    No sei o que subconsciente observei mas, sei onde est localizado.

    Onde? perguntou-me.

    o interior do crebro, e abaixo da parte posterior_}- retruquei. No quero dizer que seja apenas uma pequena parte da rea posterior do crebro. Parece, mesmo, que ocupa um espao maior que todo o resto do crebro.

    E como que sabe? insistiu ele.

    Bem, que de godas as vezes que ^sou obrigado a digerir rapidamente uma poro de assimtsjcomo, por exemplo, um punhado de documentos redigidos pelo advogado contrrio, limito-me a concentrar-me sobre aquele assunto e procuro esquecer tudo o mais.fiPode-se, de fato, sentir a ao do subconsciente^Experimenta-se perfeitamente uma sensao de atividade nessa regio, quase como se o couro cabeludo estivesse em movimento, ou como se os cabelos ficassem eriados. difcil de descrever, mas assim mesmo!

  • Nesse mesmo dia, tarde, o mdico telefonou-me profundamente excitado.

    Consegui, consegui afirmou.

    Parabns respondi. E agora, que pretende fazer?

    Essa uma das perguntas mais importantes que algum pode fazer a si mesmo. Mais importante ainda que responder pergunta quanto a que o subconsciente, ou onde se localiza, saber como us-lo e que possvel perigo ou dano pode 'resultar de uma mente subconsciente excessivamente ativa.

    Um caso de utilizao possvel do subconsciente ocorreu h alguns anos quando fui ao Mxico numa viagem de negcios. Nunca estudara o Espanhol. Minha filha tinha um lbum de vinte discos com lies dessa lngua. Sabendo que no dispunha de tempo nem mesmo para aprender algumas frases delicadas durante o pouco tempo que me restava, durante cinco noites consecutivas pus-me a ouvir quatro discos, comeando por permanecer completamente relaxado e evocando meu subconsciente no sentido de gravar frases e palavras. No pretendo afirmar que me tomei um completo poliglota em conseqncia dessas cinco noites, mas a maior parte do vocabulrio espanhol que ouvi ficou gravada no meu subconsciente, e no tive a menor dificuldade em me entender at mesmo com pessoas que no falavam o Ingls.

    O mesmo recurso tem sido de grande importncia para mim no julgamento dos processos. No h tempo para tomar notas; o mais importante poder sentir a atmosfera de um julgamento. Se o subconsciente conserva perfeita noo dos depoimentos das testemunhas possvel, mesmo sem se ter tomado notas, responder a uma delas ou argumentar com o jri quanto a uma afirmao importante dias aps o ocorrido.

    Da mesma forma, um criminalista precisa 1er todos os anos milhares de pginas sobre novas decises, e arquivar as questes importantes nos compartimentos adequados da memria. Alm disso, uma vez que a maior parte de seu trabalho relaciona-se com a medicina traumtica (ferimentos provocados por violncia, como fraturas sseas e ligamentos dilacerados), deve 1er ainda inmeros textos e revistas mdicas, e assinalar essas informaes de forma a t-las na ponta da lngua ao ter que interrogar um mdico. No h tempo para recorrer biblioteca a fim de realizar novas pesquisas.

    possvel que, inicialmente, um processo intelectual steja envolvido na percepo e compreenso dos dados tcnicos mas, fundamentalmente, tudo que fazemos consiste m reunir novas peas de informaes nesse computador extraor- I dinariamente complexo que a mente. E isso conseguido [atravs do subconsciente.

    | Prossigamos, para discutir mais alguns aspectos do que 0 subconsciente faz e pode fazer relativamente ao organismo humano, antes de tentarmos racionalizar o que , e como funciona. Por isso, eliminaremos a funo do subconsciente relacionada com os contatos externos, uma vez que essa parte tratada em captulos separados.

    O corpo humano possui trs centros nervosos fundamen- /tais. So os nervos motores, que governam os movimentos / grandes ou pequenos; os nervos sensrios, que transmitem sensaes como a dor, o sabor, o olfato; e os nervos autnomos, que controlam a maioria das demais funes o ritmo ( cardaco, a respirao e a exsudao. Cada uma dessas fun- I es de grande utilidade; entretanto, todas so controladas ] pelo subconsciente. E isso pode ser facilmente demonstrado pela hipnose.

  • Muitos supem que a hipnose consiste em mergulhar no sono ou, pelo menos, cair numa espcie de transe. verdade que, de modo geral, as pessoas so incapazes de relacionar seus diversos poderes sem um relaxamento total obtido daquela forma ou, talvez, um relaxamento produzido pela anestesia geral.

    Entretanto, muitas vezesJLa hipnose (pessoalmente no me agrada o termo) envolve apenas o emprego_dos poderes subconscientes para arquivar quaIqu^F~nova informaan cni 'relembrar coisaseiquecidas, examinar as condies do corpo fsico, auxiliar ou prejudicar a ao de um ou mais centros firvoSsI " '

    As experincias realizadas em Montreal pelo Dr. Wilder Penfield e seus colegas, e pelo Dr. Harvey Cushing e outros de uma gerao anterior, demonstraram quefa insero de um eltrodo em determinada rea do crebro faz com que o paciente se recorde, com todos os detalhes visuais e auditivos, de uma experincia ocorrida quarenta anos anf|( talvez at as palavras e a msica -de uma cano. [Mesmo sem esse estmulo, um paciente hipnotizado pode ser levado a revelar fatos h muito esquecidos, regressando aparentemente a idades das quais em circunstncias normais no teria a menor recordao. Isso porque ta^recordaes esto guardadas nos arquivos do subconsciente. |

    O subconsciente pode controlar os movimentos muscula- resJTomemos um exemplo. Leiam este pargrafo e, em seguida, ponham o livro de parte. Relaxem completamente. Fechem os olhos, e digam: Minhas plpebras esto pesadas, muito pesadas, muito pesadas. Depois, afirmem: No posso abrigas e se estiverem realmente convencidos, suas plpebras permanecero fechadas at o momento em que afirmem: Agora posso abri-las e elas se abriro instantaneamente.

    O mesmo pode ser feito com qualquer parte muscular do corpo. Infelizmente, o antigo hipnotizador de teatro desapareceu com a morte do teatro de stiras. No entanto, a maneira com que escolhia seus colaboradores na platia obedecia, em geral, ao seguinte recurso: explicava que as pessoas no poderiam ser hipnotizadas se no quisessem cooperar. Agora, todos vo erguer o brao direito sobre a cabea. Algumas pessoas hesitavam em obedecer; a maioria, porm, obedecia.

    Agora, alguns de vocs podem concentrar-se o suficiente para afirmar com absoluta convico: *No posso abaixar meu brao. Se puderem concentrar-se fortemente no podero abaixar o brao. Agora, experimentem.

    de todos os braos erguidos, os auxiliares do hipnotizador anotavam mentalmente aqueles que seriam capazes de ajudar nas experincias a serem executadas. Ento, o hipnotizador dizia calmamente: Pronto, j podem abaixar o brao. Em seguida, os braos voltavam posio normal, e o homem preparava-se para as demonstraes. Pelo poder do subconsciente, o leitor pode fazer exatamente o mesmo, adotando o processo conhecido como auto-hipnose.

    A sensao de dor uma funo fsica partcularmente til. Se. no a sentssemos, no haveria aviso quando uma criana pusesse a mo sobre a chapa quente do fogo, o que produziria queimaduras suficientes para inutilizar a mo queimada. Da mesma forma, se no sentssemos quando um inseto penetrasse em nosso olho, a infeco ocular poderia desenvolver-se e provocar at a perda da viso. Muitos leprosos ficaram sem parte dos dedos rodos pelos ratos porque no sentiam mais a dor capaz de adverti-los.

    Mas a dor pode ser tambm um incmodo quando deixa de servir a uma-funo til. claro que a dor do cncer, desde que o indivduo tenha sido informado das suas verdadeiras condies, no construtiva, como

  • tambm no o a presso provocada pela enxaqueca. As chamadas aulas sobre "parto natural limitam-se apenas ao princpio de treinar a futura mame para utilizar o ritmo natural necessrio para expelir a criana, eliminando a tenso desnecessria e as dores que a acompanham.1

    Assisti a uma das muitas aulas ministradas por um hipnotizador profissional, David Elman. Um dos primeiros exemplos que deu sobre a supresso da dor foi o que se segue: exibiu um pequeno basto, que tinha na ponta uma mecha de algodo, e um copo d*gua. Em seguida, observou: "Como vem, trata-se de simples basto e de um copo dgua. Todos sabemos disso. No entanto, j que o subconsciente de vocs prefere as sensaes agradveis, se eu lhes fizer uma sugesto contrria ao que sabem, todos a aceitaro. Agora, prestem ateno.

    Assim dizendo, avanou at a primeira fila de modo a dirigir-se diretamente a um dos mdicos, a quem falou calma e confiantemente:

    "Os entregadores da farmcia acabaram de chegar trazendo alguns remdios sobremodo eficazes. Trata-se de um anestsico local. Vou mergulhar este basto no anestsico e pass-lo nas costas de sua mo. O lugar ficou insensvel, como pode verificar. Agora, vou espet-lo com uma agulha (o que realmente fez), e voc no sentir nada.

    Essa foi uma demonstrao completa e efetiva da recepo de uma idia que a mente intelectual sabia ser inverdica. fTara que a mente subconsciente possa reter uma idia, o pensamento ou idia deve ser alguma coisa que no contraria suas normas ou padres, alguma coisa desejvel ou agradvel de aceitar, e a idia (se transmitida por uma terceira pessoa) deve ser apresentada por algum que tenha a certeza de que ela ser aceita e produzir o efeito devido a essa certeza proveniente de seu comportamento, isto , uma sugesto transmitida em termos que o sujeito compreenda, de modo a no confundi-lo e a no quebrar a concentrao, da mesma forma que as palavras precisam possuir conotaes afirmativas e no negativas. Todos esses detalhes so da mxima importncia) Sobre a ltima questo, por exemplo, no se deve empregar a palavra dor**, porque ela provoca resposta negativa; ao contrrio, a pessoa pode ter um local insensvel ou sentir-se otimamente ou experimentar qualquer outra sensao correspondente.

    Vejamos, agora, essas pobres crianas cbamadas de diabticas instveis*'. No nada agradvel deixar que a enfermeira ou o mdico passem todos os dias a espet-las com agulha hipodrmica para ministrar-lhes uma dose de insulina. Para o mdico, muito melhor oferecer criana um lugar mgico** para esse fim.

    Joozinho, vou dar-lhe um presente: um lugar mgico. Vou apanhar este algodo e pass-lo sobre essa pequena rea, que vai ficar insensvel. Assim, daqui por diante voc pode receber sua dose de insulina por esse lugar mgico sem sentir a menor dor, a menos que esteja olhando. No um presente maravilhoso?**

    1 1. Dr. Ralph V. August, Easier, Safer Childbirth Through Hypnosis (Parto Mais Fcil e

    Seguro Pela Hipnose), Family Weekly, dez. 1, 1963, pgs. 6/9. Para economia de espao,

    ordinariamente os ttulos completos das publicaes, datas e nomes dos editores sero

    dados na bibliografia, na parte final do livro, imediatamente seguidos dos agradecimentos.

  • E quando Joozinho compreende o que significa um lugar mgico, j o ganhou.

    No mistrio para ningum que o crebro ou a mente, para empregar livremente e por enquanto esses termos, recebem de certa forma os impulsos vindos de todas as partes do corpo, podem examinar as condies de cada uma dessas partes e, provavelmente, podem tambm controlar todas as funes orgnicas. Comecemos com a ltima dessas funes.

    Tirem as meias e os sapatos. provvel que possam mover os dedos vontade. Mas, podero mov-los separadamente, um por um? Provavelmente, no. No entanto, se tentarem faz-lo, e se tiverem uma boa razo para isso, podero aprender a mov-los um por um da maneira que bem quiserem.

    Concentrem-se, agora, no indicador da mo direita. Dei- xem-no completamente estendido. Depois, digam, concentrando-se no subconsciente: No posso dobrar o dedo.** Se fizeram uma concentrao perfeita e se aceitaram a sugesto, ento, de fato, no podero dobrar o dedo. Mas, se substiturem a sentena e dissem: Agora j posso dobrar o dedo**, este perder instantaneamente a rigidez anterior.

    H uma outra experincia mais difcil j realizada por muitas pessoas, inclusive eu prprio. Concentrem-se na mo e no antebrao direito estendidos sobre uma escrivaninha ou mesa. E digam: Isto um pedao de pau. No h circulao nele. E enquanto estiver a observ-lo ficar branco e insensvel.

    Quando se faz isso, comea-se a notar a palidez da carne, provocada pela paralisao da circulao.2 quando a sensibilidade desaparece a carne pode ser espetada com uma agulha sem que isso provoque a menor dor.

    Dia vir em que nossos poderes a esse respeito podero ser desenvolvidos a ponto de permitir que muitas operaes cirrgicas sejam realizadas com toda a segurana mediante o emprego da anestesia local, ao invs da geral. Outro emprego atual desse mtodo consiste no tratamento dos hemoflicos esses infelizes cujo sangue s se coagula com extrema lentido. A hipnose tem sido empregada para sugerir a retirada do sangue da rea afetada como, por exemplo, no caso de ser preciso extrair um dente e para provocar a constrio dos vasos sangneos. O Dr. Oscar Lukas, e sua equipe de mdicos e dentistas, vm adotando habitualmente esse processo com os melhores resultados no tratamento dos hemoflicos internados no Hospital Jefferson, de Filadlfia,3

    Os mdicos conhecem o poderoso impacto das emoes sobre os seres humanos. O homem tem a idade que sente um aforismo bastante recomendvel. Vitalidade, energia e bom humor so produzidos muito mais pelos estmulos mentais ou emocionais do que pelos fsicos ou pelo fsico motivado por essas correntes subconscientes!) A mdia das curas cirrgicas afetada de forma decisiva pela confiana do paciente em seu

    2 2. Veja tambm, Larson, Your Forces and How to Use Them (Suas Foras e Como

    Us-las), pg. 231; bem como o Dr. J. V. Basmajian, da Universidade Queens, Kingston,

    Ontrio, Canad, no Science, 1963, pgs. 141 e 440.

    3 2- A. Quanto ao amortecimento de uma parte do corpo pela hipnose, veja Science

    News, 6 de maio, 1967, pgs. 91 e 423.

  • completo restabelecimento, ou por sua vontade de sobreviver e restabelecer-se. Muitos casos de paralisao cardaca acreditam os mdicos que so causados pelo desejo de morrer, pela falta de motivao ou desejo de cura, ou pela certeza subconsciente de que no se vai sobreviver operao necessria.

    Para ilustrar o poderoso efeito que as emoes podem causar ao nosso bem-estar fsico, tomemos como exemplo um prspero advogado de 42 anos. Sua esposa, por quem alimenta uma grande afeio, leva o filho nico do casal, jovem brilhante e atltico, de volta para casa. De repente, a secretria estende-lhe um telegrama. Houve um desastre: me e filho morreram instantaneamente. O marido fica com os olhos rasos dgua, fisionomia crispada e, no mesmo instante, adquire a aparncia de um velho. Esses so apenas os sinais fsicos exteriores que notamos embora no tenham sido provocados por qualquer violncia externa, nem por contato fsico. Foram causados pelo interior. E as modificaes no ntimo desse homem foram muito mais considerveis. Registraram-se violentas mudanas circulatrias e talvez cardacas no momento do choque; modificaes respiratrias; reaes musculares e orgnicas. As reaes psquicas e emocionais foram ainda maiores. Suas esperanas, aspiraes e sonhos foram destrudos num instante; desapareceu o incentivo que possua para chegar a ser um homem bem sucedido na vida. Naquela frao de tempo, ele se transformou, e muito provavelmente passar a ser uma pessoa inteiramente diferente do que era antes. E tudo isso foi provocado pelo que chamamos de subconsciente.

    As chamadas sugestes, descritas no captulo anterior, . agiram de forma destruidora. Da mesma forma, os pensamentos negativos que ocupam a mente de muitas pessoas durante a maior parte de suas vidas os receios, as fobias, as certezas de fracasso persistem sua moda para sabotar os poderes e as capacidades naturais que essas pessoas podem possuir.4 Daqui a pouco, discutiremos algumas aes construtivas que podem ser controladas pelo subconsciente ou por seu intermdio. Antes, porm, vamos examinar uma das reas mais fascinantes: o subconsciente, no papel de detetive do corpo.

    Quando seu dedo toca a ponta acesa do cigarro voc diz instantaneamente (ou pelo menos pensa) ai. A mensagem dolorosa viajou at o crebro, foi interpretada como uma sensao desagradvel, e traduzida em duas aes uma, fsica (a de retirar o dedo); outra, vocal as tradues conscientes do que foi detectado pelo subconsciente.

    Entretanto, o subconsciente pode fazer muito mais que as tarefas ordinrias ou esperadas. For exemplo: estamos de tal forma habituados s aes autnomas ou automticas de nosso corpo que quase no lhes prestamos a menor ateno. Vejamos o bater do corao. Ao invs de introduzir colorantes mais ou menos perigosos para fotografar esses vasos sanguneos ou confiar em eletrocardiogramas sabidamente pouco mere-

    4 3. Larson, Your Forces and How to Use Them, pgs. 86, 87, 239, 246, 247, 250, 251;

    Maltz, na sua obra, Psycho-Cybernetics (Ciberntica Psquica), pg. 206, acentua que uma

    vez que a mente no pode distinguir entre uma experincia real e outra imaginada,

    permanecer num fracasso projetado j equivale a um verdadeiro fracasso. As pessoas felizes

    curam-se com maior rapidez, diz John A. Schindler no livro How to Live 365 Days a Year

    (Como Viver os 365 Dias do Ano), pgs. 91 a 93; Murphy (noia 4) e Williams (nota 5), pg.

    93, observam: Todos devem cooperar com o inevitvel.

  • cedores de f, alguns mdicos esto usando um novo mtodo.

    Depois de hipnotizar o paciente, fazem-no sentir todas as suas sensaes fsicas: ritmo cardaco, movimentos dos intestinos e outros, e descrev-los para o mdico,5A que, com seus conhecimentos tcnicos, pode traduzir o significado dessas informaes.

    O Dr. Perry London, por exemplo, professor de Psicologia na Universidade da Califrnia do Sul e especialista em hipnose, queixava-se de dores numa regio, que ordinariamente seriam interpretadas como apendicite. Seu mdico assistente hipnotizou-o e fez com que descrevesse cada regio anatmica medida que prosseguia no exame da rea. Nenhuma das reas examinadas acusou a menor dor, inclusive a do apndice. De repente, Perry exclamou: Ora, aqui e como di!"

    O mdico pediu-lhe para descrever o local da dor. Perry obedeceu, e revelou que embora parecesse ser o apndice, o ponto dolorido estava localizado por baixo e por trs, e doa tremendamente.

    Foi levado imediatamente para a sala de operaes. Feita a inciso, verificou-se que o apndice estava perfeito. No entanto, exatamente na posio descrita pelo paciente, havia um divertculo inflamado e intumescido a ponto de supurar, que foi imediatamente extirpado.

    O fato teve uma seqncia interessante. Perry estava ansioso para restabelecer-se imediatamente e adotar uma nova posio. Seu mdico descreveu a natureza exata do processo de fechamento da inciso, inclusive a importante funo de exsudao da regio operada. No entanto, a inciso no cicatrizou com a rapidez esperada. A observao hipntica revelou que as sugestes feitas ao paciente foram tomadas de modo excessivamente literal, isto , ao p da letra, e que o organismo estava produzindo soro em demasia. Quando, por sugesto, sua produo foi reduzida ao nvel normal, a ferida cicatrizou rapidamente.

    Muitas vezes o especialista ignora a extenso das leses sofridas por um cliente. Isso exato principalmente nos casos de aparente leso cerebral em crianas. Num caso dessa natureza, um menino queixava-se de dores de cabea permanentes que nenhum mdico conseguia aliviar. Um novo mdico, porm, hipnotizou-o e obrigou-o a examinar a zona craniana ofendida. O garoto afirmou que ali no havia nenhuma anormalidade. Ao ser-lhe perguntado o que provocava as dores que sentia, revelou que no podia ler o que estava escrito no quadro-negro da escola. Com as lentes apropriadas que passou a usar, as dores de cabea desapareceram.

    possvel esperar que, futuramente, maior e mais ntima cooperao entre mdico e paciente podero auxiliar no diagnstico das doenas. O mdico tem, sobre o veterinrio, a vantagem de tratar de pacientes que podem comunicar-se com ele. Podem descrever por palavras as sensaes que experimentam, e os sintomas que so da maior importncia para fazer o diagnstico. Os animais no podem descrever os males de que padecem. Entretanto, seria possvel conseguir ajuda muito maior se os mdicos fossem ensinados a dispor desse auxlio a mais pelo processo hipntico! As hipteses poderam ser reduzidas ao mnimo e inmeros processos exploratrios caros e perigosos, alm de outras experincias, poderam ser eliminados.

    5 3- A. Veja os comentrios sobre estudos publicados pelo Dr. Kline no Science News de

    outubro, 1966, pg. 90.

  • Voltando a Perry London, surgiu um terceiro tipo de informao da qual os cirurgies de h muito suspeitavam. Posto novamente em transe, o mdico-assistente revelou que Perry pde lembrar-se de tudo quanto fora dito, e de todos os detalhes do processo operatrio enquanto se achava sob anestesia geral. Esses dois estados so encarados como consideravelmente idnticos.

    Muito frequentemente os cirurgies ficam admirados e sem saber por que motivo determinado' paciente afasta-se tanto depois de uma operao, ou por que srge uma inesperada frieza nas relaes entre ambos, que anteriormente eram as mais amigveis. A maior parte dessa atitude pode ser levada conta de comentrios descuidados. Suponha que durante a operao o cirurgio faa a seguinte observao: O caso vai ser muito srio. Ela levar muitos meses para recuperar-se, se o conseguir ou ento: "Observem todas essas excrescncias que precisamos cortar. Que trabalheira. Ela devia ter esfregado cho ao menos uma vez na vida.

    A mente consciente nada ouve nessa ocasio. Mas a mente subconsciente no somente ouve como retm essas palavras e tais afirmaes tm um impacto marcante sobre o comportamento futuro e as reaes emocionais do paciente. No se pode negar que mortes, paralisias e muitos outros males .psquicos podem ser atribudos aos comentrios descuidados feitos na sala de operaes.6

    Contrastando com isso, o caso do cirurgio que utiliza o subconsciente como instrumento ativo para ajudar o processo de recuperao. Em primeiro lugar, consegue uma equipe mdica compreensiva e cooperadora, inclusive enfermeiras. Em seguida, explica antecipadamente ao paciente o processo cirrgico correto a ser adotado, e o fato de que sua sade vai melhorar depois da extrao dos clculos da bexiga, ou qualquer outra coisa, procurando oonversar com ele (ou ela, conforme o caso) durante a operao, acentuando o importante papel do subsconsciente no processo de recuperao.

    Os passos finais surgem durante a operao propriamente dita. Com o paciente completamente anestesiado, o cirurgio conversa com ele com toda calma e confiana, exatamente como se estivesse acordado. Faz com que se lembre do que lhe disse antes, bem como o fato de que ser provavelmente um daqueles pacientes afortunados que podem ajudar a modelar a prpria cura. Todos os detalhes da operao so descritos naturalmente, e em termos simples. O paciente recebe parabns pelo excelente estado dos rgos e tecidos expostos. Em seguida, diz-lhe que no h razo alguma para a existncia de resduos de qualquer espcie, que

    6 4. Veja o que disse Arthur Ellen sobre o caso da Eunice Kinzer, de Shaler, Pennsylvania

    menina normal que ficou paraltica aos sete anos e com quem entrou em contato dez

    anos depois. Submetida regresso hipntica, em 1949, pela qual foi levada idade de sete

    anos, verificou-se que Eunice ouviu, quando anestesiada, uma enfermeira dizer outra: *

    horrvel. Esta menina nunca mais poder andar. Graas s sugestes quo lhe foram

    transmitidas quando hipnotizada, a doente conseguiu recobrar o uso das pernas. I

    Hypnotize the Stars (Eu Hipnotizo as Estrelas), Family Weekly, 26 de janeiro, 1964, pg.

    15. Veja tambm o artigo de Fred T. Kolouch: Hypnosis: The Quick Way Back From

    Surgery publicado no Family Weekly de 4 de dezembro, 1966, pg. 22; e a obra de Joseph

    Murphy, How to Use Your Healing Powers (Como Usar Vossos Poderes de Cura).

  • vai sentir-se bem sob todos os aspectos, que poder andar logo ao primeiro dia, e que nem nesse dia, nem depois, precisar de qualquer medicamento.7

    Numa inspeo de rotina desse processo cirrgico adotado em cinqenta e cinco operaes importantes, comparadas com o mesmo nmero de operaes realizadas segundo os mtodos habituais, o perodo de hospitalizao diminuiu em cinqenta por cento, a medicao ps-operatria em noventa por cento. E os resultados foram uniformemente melhores nos casos em que, agindo dessa forma, conseguiu-se a cooperao do subconsciente.

    Passemos a outro aspecto do subconsciente. Que o homem? Pode-se afirmar que o homem a soma total das suas realizaes, das suas convices, das suas aspiraes, dos seus fracassos; o homem exterior ligado a seu ser ou seres internos, tal como os outros o vem e como ele mesmo se v. Certas pessoas so brilhantes oomo um jato de luz que se reflete na gua calma de uma piscina e, no entanto, todas se inclinam a serem presas, ou a se prenderem, a um modelo que elas (ou ns) encaram como representando a entidade total.

    Se algum cria uma auto-imagem de tudo que deseja ser, vende essa imagem de si mesmo a seu subconsciente, e faz todos os sacrifcios ou submete-se aos trabalhos necessrios para trazer vida essa pessoa idealizada, nenhum objetivo pode deixar de ser alcanado (dentro das limitaes fsicas) .8 Norman Vincent

    7 5. Sobre curas por sugesto hipntica, veja o livro de Williams: The Knack of Using Your

    Subconscious Mind (O Modo de Usar a Mente Subconsciente), pgs. 61/62; e pela

    auto-hipnose, o de Grave e FerreII, The Subconscious Speaks (Fala o Subconsciente), pgs.

    62/63. E Maltz, em Psycho-Cybemetics, pg. 235, salienta que os possuidores de um

    otimismo alegre curam-se mais depressa. O processo do sono descrito por Luce e Segai no

    livro Sono e no artigo What Happens When You Sleep (O que Acontece Quando Voc Est

    Dormindo) publicado no Readers Digest, de agosto, 1966, pg. 84.

    8 6. Veja tambm a Psycho-Cybemetics, de Maltz, pgs. 2 a 4, 10, 19 e 26; The Secret of

    Perfect Living, de Mangan, pgs. 156 e 162; Launching Your Spiritual Power in the Space Age,

    de Foster, pg. 95; e The Subconscious Speaks, de Grave e Ferrell, pg. 33. Certos escritores

    sustentam que qualquer idia do subconsciente, por mais duradoura ou desagradvel que

    possa ser (inclusive o auto-retrato), sempre se manifesta; Grave e Ferrell, op. cit., pgs.

    35, 50, 51; e Wilkins e Sherman em Thoughts Through Space (Pensamentos Enviados

    Atravs do Espao), pg. 234. Por isso, Maltz, op. cit., pgs. 90 e 99, fala do

    desenvolvimento de um hbito de felicidade; Mangan, ibidem, pgs. 38, 41, 48, 73, 79,

    81, 87, 132/3, 167/71, cita uma srie de palavras em cdigo para levar a um reflexo

    automtico. Maltz, nas pgs. 77 e 140, revela certas regras para conseguir o

    funcionamento efetivo do subconsciente. Veja tambm o artigo The Power of the

    Subconscious Mind (O Poder da Mente Subconsciente) publicado no Chimes, out. 1960,

    pg. 9; e o de Theodore Irwin, Ten Ways to Beat Tension (Dez Maneiras de Veneer a

  • Peale, em sua coluna Confident Living (Viver Confiantemente), descreveu, h alguns meses, a entrevista que manteve com uma senhora gorda que estava decidida a perder a maior parte das suas enxndias, e a recon-quistar a esbeltez antiga. Por isso, foi aoonselhar-se com ele.

    Peale observou muito bem: Perguntei se ela seria capaz de criar uma imagem mental do que gostaria de ser, explicn- do que essa imagem mental perfeitamente descrita e sustentada com toda a convico tende a provocar uma ao que acaba transformada em fato.**

    Aquela senhora conseguiu o desejado objetivo submeten- do-se a todos os sacrifcios necessrios para atingir o ideal que tinha em mente.

    Outros escritores igualmente interessados no progresso prprio acreditam aparentemente que esse objetivo pode ser alcanado pela constante repetio ao subconsciente da sua natureza, uma vez que, em geral, o subconsciente aceitar e agir de acordo com as sugestes recebidas.9 Outros consideram que o subconsciente criador,10 que no h dvida de que possvel aprender durante o sono,11 e que o funcionamento efetivo do subconsciente exige repouso.12 De fato, muitas pessoas de gnio revelaram que as idias que as tornaram clebres surgiram sem nenhum esforo feito para concentrar-se sobre o assunto na verdade, quando inteiramente entregues a outra atividade ou mergulhados numa calma total.13 O subconsciente pode executar

    Tenso), publicado no Family Weekly> de 27 de maro, 1966, pg. 4; e o livro de U. S.

    Anderson, Success Cybernetics, pgs. 30/33.

    9 7. Veja a nota 6, e tambm Foster, ibidem, pg. 92; Grove e Ferrell, pg. 25; Williams,

    The Knack of Using Your Subconscious Mind, pgs. 31/2.

    10 8. Maltz, ibidem, pg. 26.

    11 9. Williams, op. cit., n. 6, pgs. 44/5.

    12 10. Williams, op. cit., pgs. 72, 73, 94, 95, 103; Maltz, op. cit., pg. 155; e Long,

    em Self-Suggestion, pg. 7.

    13 11. Tambm Arquimedes, Einstein, Tchaikowsky, Darwin, Watt, Poincar, Blake, e

    muitos outros citados por Williams, op. cit., pgs. 15, 17, 72, 73, 99/101; Williams, em

    The Wisdom of Your Subconscious Mind (A Sabedoria de Vossa Mente Subconsciente), pg. 26.

    Durante o tempo em que o relax permanece controlado pelo subconsciente, a pessoa pode

    ter que ajud-lo a desenvolver essa habilidade; Curtiss, Mitcheel, no artigo How To Relax

    When You Are Busy (Como Relaxar Quando se Est Atrefado) publicado no Family Weekly

    de 17 fevereiro, 1963, pgs. 12 e seguintes; L. L. Vasiliev, na obra Mysterious Phenomena of

    the Human Psyche (Misteriosos Fenmenos da Psique Humana), pg. 28. Tal como afirmou

    Brad Steiger no artigo Test Yourself for ESP publicado no Family Weekly de 6 de agosto,

    1967, pg. 5: O pensamento consciente servir apenas para bloquear vosso processo

  • perfeitamente suas funes; conseqentemente, ningum deve se preocupar demais quanto ao desempenho do que lhe foi transmitido pela mente consciente.14 No h dvida de que a cooperao efetiva de todas as qualidades mentais pode modificar a pessoa.15 Naturalmente, a arte de concentrar-se no fcil,16 e so muitos os mtodos empregados para auxiliar seu desenvolvimento.17

    Existem pessoas, s vezes situadas na categoria de idiota, que tm o poder de ver a passagem de um trem de carga, guardar os nmeros de cada vago, e depois repeti-los corretamente e at mesmo som-los mentalmente e dar o total exato. Um observador experimentado pode observar a vitrina de uma loja e depois citar detalhadamente os artigos expostos, ao passo que outro observador menos experiente erraria logo aps enunciar os primeiros artigos observados.

    Em geral, as pessoas possuidoras dessas qualidades foto- grafam mentalmente os objetos observados, e guardam deles uma lembrana visual. Lembro-me de que as matrias complicadas do curso ginasial, como a Geometria e o Latim, tornaram-se fceis simplesmente porque logo aps um exame eu era capaz de visualizar a pgina do texto em questo, limitando-me a ler a informao desejada. E nas experincias psicolgicas, do tipo em que algumas pessoas correm para um aposento e realizam diversos atos em poucos segundos, o caso no exige nenhum esforo destinado a recordar aes especficas, a cena foi simplesmente fotografada e a infor-mao fornecida pela foto.18

    ESP**.

    14 12. Maltz, op. cit., pg. 26.

    15 13. Veja a nota 5; e tambm Larson, ibidem, pgs. 236/7; Williams, The Knack of

    Using Your Subconscious Mind, pg. 27.

    16 14. William Knowlton Marston no artigo Put Your Mind on the Spot publicado no

    Readers Digest de maio, 1965, pg. 68.

    17 15. Como a Ioga, o Zen-Budismo, ou os artifcios empregados pelos grupos

    primitivos, segundo Gerald Herd no artigo Psychical Research, History and Future

    (Pesquisas Psquicas, Histria e Futuro) publicado em Borderline, volume I, n. 1, pg. 34 e

    seguintes. perigoso estimular demasiadamente o subconsciente, uma vez que isso pode

    levar a pessoa a criar profundos problemas durante as vinte e quatro horas do dia,

    provocando insnia ou tenso ou ambos.

    18 16. Julia Mead, no seu Tonight Show de 14 de junho de 1965, confessou-se

    possuidora dessa qualidade; e a mesma qualidade de Toscanini foi constatada por diversas

    vezes a ltima por William Walker, o cantor de peras, como tambm no Tonight Show

    da poca.

  • Voc, leitor, pode aprender a fazer o mesmo. Observe um lindo pr-do-soL Feche os olhos, e a imagem captada pela retina persistir.19 Em seguida, abra os olhos e ver que no conseguiu observar certos detalhes da cena a vela de um barco, uma formao de nuvens, ou um avio. Da prxima vez, sua capacidade de observao ser melhor e a impresso visual mais duradoura. Diz-se que uma paisagem vale por mil palavras; com respeito memria de cada um, isso pode encerrar uma verdae.

    poderes psquicos e males fsicos CALCOIA-SE que muito mais de cinquenta por cento dos males fsicos so de origem psicossomtica. Psique",

    refere-se mente; soma, ao corpo. Conseqente- mente, o termo corresponde a doenas ou condies provo-cadas por sugesto mental de origem geralmente subcons- ciente.

    Existem, para isso, inmeras razes subjacentes. s vezes, conseqncias desagradveis so causadas por declaraes de outros. Como acentuamos no captulo anterior, muitos mdicos, enfermeiras e leigos no compreendem que uma pessoa que permanece inconsciente por efeito da anestesia ou por quaisquer outras causas pode ouvir com o auxlio de sua mente subconsciente. Muito frequentemente, certas pessoas de palavreado inconseqente pem-se a falar sobre o paciente anestesiado na sua presena, como se ele ou ela estivessem ausentes. Certa vez, um visitante observou que seria uma desgraa se o doente se recuperasse, pois acabaria transformado num vegetal. O doente, que antes disso vinha se mantendo razoavelmente, piorou rapidamente, e no dia seguinte ouviram-no tartamudear como um vegetal.20

    No capitulo anterior, revelei o caso de uma menina que ficou paraltica por vrios anos porque, enquanto estava anestesiada, uma enfermeira disse que seria uma tragdia se ela nunca mais pudesse andar ou brincar ,21 No havia qualquer causa orgnica que justificasse a paralisia, mas a recuperao da garota s ocorreu muitos anos depois, e durante todo esse tempo ela ficou invlida.

    Na minha opinio, os visitantes dos hospitais deveriam ser tratados como perigosos inimigos de um Estado ditatorial. Deveriam ser encarcerado, antes de chegar presena do doente, ou fuzilados. E se fosse preciso fazer sugestes incentivadoras ao paciente, estas deveriam ser transmitidas por pessoas conhecedoras de medicina e semntica (isto , o significado correto das palavras). Isto no tarefa de leigo, cuja inclinao natural leva-o a prejudicar o doente com expresses imprprias.

    Alis, os mdicos tambm no esto isentos de censura. O patologista que entra na sala de operaes fazendo

    19 17. Na verdade, a pupila aumenta ou diminui de acordo com a reao pessoal a um

    objeto, som, odor ou gosto, segundo Clifford B. Hides, no artigo Your Eyes Te Your

    Secrets publicado no Family Weekly, de 11 de agosto, 1966, pg. 4.

    20 1. Mann, Stella, Terrill, Beyond the Darkness, pg. 28.

    21 1-A. Arthur Ellen, "I Hypnotize the Stars, Family Weekly, 26 de janeiro, 1964, pg.

    15.

  • verdadeira atoarda com seus comentrios desabridos, ou o cirurgio que agrava com suas palavras a situao do paciente anestesiado, comentando em voz alta os possveis resultados adversos da operao, esto contribuindo para provocar uma parada cardaca ou outras conseqncia igualmente desfavorveis. Durante todo o tempo, o paciente experimenta um medo mortal. Da mesma forma, o mdico-assistente que afirma bruscamente ao doente que, sob o ponto de vista fsico, tudo est muito bem, e que tudo que ele sente de origem mental, faz quase o mesmo mal. Em primeiro lugar, muito freqentemente o mdico se engana; depois, se o paciente sofre de qualquer doena sria de origem mental, deve ser entregue aos cuidados de um especialista. Alm disso, o mdico que assim procede est apelando para o intelecto do doente, inteiramente intil num terreno onde s o subconsciente o responsvel. De fato, nesse caso deve-se registrar uma violenta reao do subconsciente num esforo que visa a provar o erro do mdico uma reao ao insulto, por assim dizer.

    Voltando primeira das razes acima mencionadas, o leitor supe que eu exagero quanto a que uma causa fsica pode ser desprezada no caso de uma queixa legtima? Ento, permito-me citar apenas alguns dos inmeros casos registrados nas minhas atividades profissionais como advogado.

    Uma mulher paraltica do pescoo para baixo foi esbofeteada e arrastada de um lado para outro para acabar com a sua histeria; tinha trs vrtebras fraturadas que faziam presso sobre a coluna. Um garoto vinha sendo criticado por no querer andar, em virtude de ser gordo e preguioso* e tinha o p quebrado. Um agricultor foi tachado de malandro por queixar-se de dores no pulso; a chapa de Raios-X mostrou que ele tinha um osso necrosado ou morto que foi preciso remover. Um colegial queixava-se de dores constantes que sentia por baixo da camada de gesso que lhe envolvia a perna. O mdico disse que ele no passava de uma criana. A constrio circulatria resultante exigiu a amputao da perna. Eu mesmo consegui acabar com um mal cardaco permanente porque certo cardiologista recusou-se a acreditar que eu fosse capaz de diagnosticar um ataque cardaco; em vez disso, aceitou o que mostravam os eletrocardiogramas.

    Casos dessa espcie ocorrem milhares de vezes todos os anos. Isso, porm, no quer dizer que todos os mdicos sejam descuidados. Advogados, carpinteiros e eletricistas cometem os mesmos erros. O que se pretende salientar a absoluta certeza de que no existe qualquer causa fisiolgica ou orgnica para justificar as queixas antes de classific-las como imprecisas, neurticas, ou psquicas. Os sintomas ainda so, e devem continuar sendo, um auxiliar da maior importncia para p diagnstico.

    Passemos, agora, aos casos nos quais as queixas no so motivadas por causas fsicas. Existe uma segunda rea que deve ser constantemente levada em conta. Trata-se dos males provocados pelas presses do ambiente. Talvez valha a pena citar dois casos registrados nas minhas atividades profissionais.

    Uma jovem senhora do Kentucky jamais estivera doente. Deu luz os filhos com a mesma facilidade com que executava diariamente seus afazeres domsticos. Um dia, trabalhando na cozinha, o fogo explodiu causando-lhe ligeiras queimaduras. Durante o tempo em que permaneceu hospitalizada, convenceu-se de que iria morrer. Emagreceu, ficou fraca e plida. A declarao do mdico no sentido de que seu estado geral era perfeitamente normal no a convenceu porque ela sabia que iria morrer.

    S havia um meio de cur-la: afirmar que ela sofria de uma doena complicadssima, mas curvel, e trat-la. Arranjamos um frasco de plulas de acar, que rotulamos com um nome em Latim como o que tnhamos dado sua doena imaginria (e isso deixou-a profundamente impressionada, sobretudo pela raridade do mal cujo

  • nome no ocorrera ao mdico), e prescrevemos doente um regime rigoroso de dieta, exerccios e medicamentos. Levantou-se em uma semana; e seis semanas depois voltou ao seu estado normal.22

    Outro caso ocorreu com um indivduo alto, forte, saudvel, que sofria de um mal nas costas. Durante vrios meses no experimentou nenhuma melhora. Entretanto, havia um problema de ambiente que foi aparecendo pouco a pouco durante as nossas palestras.

    que o cliente, pouco antes de adoecer, tinha-se mudado para um novo bairro, onde nem sua mulher, nem seus filhos, foram aceitos desde logo; os filhos brigavam todos os dias com os garotos vizinhos. Tomou-se aparente que as tenses provocadas por essa situao impediriam a cura enquanto ele vivesse naquele ambiente.

    Com a cooperao recproca, expliquei-lhe que precisava de um clima mais cordial para conseguir curar-se de seus males. Mudou-se novamente para um estado sulino, subme- teu-se a um severo modo de vida e recuperou imediatamente a sade. Livre das antigas tenses, progrediu rapidamente em seu trabalho e alcanou uma posio muito superior a quaisquer expectativas que pudesse alimentar anteriormente.

    Portanto, essas so situaes nas quais regstraram-se danos traumticos complicados por ocorrncias psicossomticas que foi preciso remover para conseguir a cura do doente. Os fatores ambientais nunca devem ser subestimados quando a sade do. paciente o objetivo precpuo e, de fato, o nico.

    Entretanto, como afirmamos anteriormente, mais de metade de todas as desordens tem origem psicossomtica. E a maioria absoluta dessas desordens provocada artificialmente pelo paciente no voluntariamente ou maliciosamente, exceto em casos bastante raros mas, provocada por fraquezas nem sempre de natureza fsica.

    So muitas as pessoas que precisam de doenas23. A doena pode servir-lhes de desculpa; pode servir-lhes de

    22 2. De forma bastante interessante, estudos sobre o efeito dos placebos

    proporcionaram notveis resultados, atuando to eficientemente em muitos tipos de

    molstias quanto as drogas geralmente utilizadas nesses casos. Veja-se tambm os debates

    sobre a cura do histerismo na obra de Vasiliev, Misteriosos Fenmenos da Psique Humana,

    pgs. 86, 91; e na de Cantor, Unitrol, pgs. 175 a 180.

    As provas de histeria no se limitam doena. Por exemplo, durante os primeiros anos da

    Segunda Guerra Mundial, uma mulher residente no condado de Coles, Illinois, afirmou ter

    sido atacada por um gs venenoso. O caso chegou s manchetes dos jornais, e misteriosos

    ataques de gs comearam a aparecer em nmero cada vez maior no somente naquele

    condado como tambm por todo o pais. Felizmente, o hbil Procurador do Estado, William

    K. Kidwell, conseguiu uma confisso no sentido de que o primeiro oaso nada tinha de

    verdico, e os ataques de gs cessaram imediatamente.

    23 3. Tillich, The New Being, pg. 36. E tambm Harry Smith, The Secret of

    Instantaneous Healing, pgs. 45, 48, 75, 81/90, 130/32, 171. 192, 198/9.

  • amparo. Todos ns vivemos num mundo de conoorrncia, financeira e socialmente. Vivemos tambm acossados por outras presses, como os problemas dos filhos que recaem sobre os pais, a presso das guerras frias ou no, da poltica, do envelhecimento, dos cabelos que vo embranquecendo e dos msculos que vo sendo tomados pela celulite.

    Um homem que no consegue a esperada promoo, nem alcana o sucesso comercial com que sonhava, dispe de uma desculpa razovel para seus males fsicos. possvel que uma taquicardia excessiva ou os espasmos do duodeno no lhe permitam trabalhar as horas extras exigidas para alcanar o sucesso.24 As enxaquecas podem reduzir as obrigaes sexuais de uma mulher frigida. Qualquer tipo de dor pode ter uma origem psicognica.

    Alm disso, doena gera doena. proporo em que continuam os sintomas psicossomticos originais, as atividades fsicas do paciente tornam-se geralmente reduzidas e podem at cessar quase completamente, como nos casos de invalidez. A inatividade gera debilidade, atrofia, anormalidade do tnus muscular, circulao deficiente; por sua vez, esses resultados produzem fraqueza e fadiga; estas, de sua parte, tendem a diminuir cada vez mais a atividade, e assim por diante. Desenvolve-se um crculo vicioso no qual o sintoma transforma-se em causa, e os efeitos produzem o sintoma.

    extraordinrio verificar como muitos paralticos, que durante anos no conseguiam mover um s msculo, fogem sem o menor auxlio quando ameaados por um incndio.25 Obviamente, em casos dessa espcie, a causa da paralisia no era de natureza anatmica. Por outro lado, devemos ter em mente que grande nmero de pessoas alimentam uma "vontade de morrer profundamente arraigada, embora no reconhecida e que, a menos que essa motivao possa ser erradicada, um tratamento de qualquer outro tipo raramente bem sucedido.26

    dupla a razo da prolongada discusso preliminar deste capitulo: em primeiro lugar visa a acentuar o papel preponderante desempenhado pelo subconsciente na criao das doenas; depois, adquirir a certeza de que compreendemos a diferena existente entre a cura, de modo mais ou menos milagroso, dos males que tm origem fsica verdadeira, e daqueles de natureza inteiramente funcional (isto , sintomtica).

    Se estou sentindo os efeitos da tenso provocada por uma enxaqueca e voc, com sua amabilidade e palavras agradveis, consegue fazer com que eu relaxe e desaparea a enxaqueca, nenhum poder psquico entrou em cena; mas, se tenho um vaso sangneo cardaco obstrudo, com o tecido rompido j penetrando pela parede do corao, e voc pronuncia um Abracadabra, obriga o vaso sangneo a abrir-se e o tecido rompido a voltar s condies normais, ento o caso cai numa categoria absolutamente diferente. Ou, digamos que tenho uma perna

    24 4. Veja-se referncias na nota 3.

    25 5. Williams, The Knack of Using Your Subconscious Mind, pgs. 39/42.

    26 6. Se o paciente se sente desprezado, tal pode ser o caso, e esse pode ser alterado

    simplesmente com a projeo de amor. Johnstone, Diga-o Agora, Christian Herald,

    outubro. 1965, condensado no Reader's Digest do mesmo ms, pg. 139.

  • quebrada, voc pe as mos sobre a fratura, pronuncia uma orao, eu me levanto e comeo a andar sem o menor sinal de fratura, ento isso ser a manifestao de um poder que deve interessar-nos nas nossas discusses.

    E-' estamos interessados nessa rea devido s constantes referncias cura pela f, de todas .as vezes em que vm baila os poderes psquicos.. Sabemos que o subconsciente pode ser um poderoso instrumento no processo de cura. A vontade de viver, a confiana no prprio e total restabelecimento, so fatores de enoi?ne valor no processo de cura. Podem, inclusive, estabelecer a diferena entre a vida e a morte.

    Portanto, quando chegamos s desordens de origem psicossomtica, no h como negar que elas podem ser tratadas por uma sugesto apropriada. Numa situao na qual o paciente quer curar-se (e geralmente no se sente ou no se sentiria embaraado ao ter que enfrentar uma numerosa congregao), a confiana no curandeiro e a tenso dramtica desse momento a orao e a sugesto de que agora voc est curado podem produzir a cura permanente dessa doena ou, por outro lado, uma cura temporria, desde que as pres-ses que provocaram seu aparecimento inicial continuem presentes.27 preciso reconhecer que a tenso exerce poderosa influncia sobre o organismo humano,28 e deve ser responsvel por muitas desordens, quando no at por quase todas.

    Minha nica experincia pessoal na observao do trabalho de um curandeiro limitou-se televiso. Ao ligar o aparelho, o programa j estava no fim. Um casal idoso estava de p diante do pregador e do enorme pblico. A mulher, imediatamente identificada pela cifose visvel, ou corcunda, sofria de uma espondilite reumtica, s vezes chamada de doena de Marie-Strumpell. O curandeiro fez uma orao, e disse aos gritos que ela estava curada; a mulher, com a face banhada em lgrimas, disse que estava curada, mas continuava to corcunda como no incio da cerimnia.

    Isso no quer dizer que as curas milagrosas no possam acontecer. Quer dizer, apenas, que devemos excluir de nossas oonsideraes os casos como esse, nos quais a histeria do momento convence jg doente da prpria cura. Devemos, tambm, excluir as desordens do tipo das que apresentam diminuies espordicas e iexplicveis. Devemos excluir igualmente as que so criadas e curadas pelo subconsciente.

    A Bblia descreve os poderes de cura de Jesus. Algumas das doenas citadas eram indiscutivelmente de natureza psi- cognica; outras, porm, eram de natureza fsica como a cura de um brao paraltico, a da loucura (expulso de demnios), e a ressurreio de Lzaro. Temos ainda numerosos casos de curas ocorridas em diversos santurios religiosos que, aps cuidadosa investigao* (e a Igreja Catlica , provavelmente, mais

    27 7. Nesse terreno, particularmente interessante a explicao religiosa-sugestiva

    de Smith, The Secret of Instantaneous Heeding, pgs. 0, 18, 19, 24, 25, 29, 38/41, 45,

    48, 75, 81, 89, 90, 96, 130/32, 171, 192, 198/99.

    28 8. Selve, Stress; Selye, The Stress of Life;, Bykov, The Cerebral Cortex ana the Internal

    Organs. O cientista russo acentua a realizao de curas pela mudana de ares do paciente,

    pela troca da cor da pintura de um quarto, etc. (pg. 27); veja ainda Vasiliev, Misteriosos

    Fenmenos da Psique Humana, pgs. 86, 91.

  • rigorosa nas suas investigaes que as outras seitas), foram aceitas como milagrosas? A propsito, sou protestante.

    Atualmente, existem curandeiros que vivem longe da residncia deste autor e que deveriam ser examinados pelos leitores, sobretudo os de formao cientfica ou ctica. claro, porm, que nada de construtivo decorrente de tal aproximao poderia constituir um processo marcante do nosso conhecimento dessa rea.29 Um dos expoentes desse tipo de curandeirismo Kathryn Kuhlman, de Pittsburgh, de quem se diz ter curado diversos casos de cncer, meningite, e vrias outras doenas graves.30 Outros, menos conhecidos, atuam em outras cidades.

    Ivan Sanderson, o conhecido zologo, revelou um caso ocorrido nas Honduras Britnicas, onde certo feiticeiro fez um importuno calar a boca apontando-lhe o dedo e fazendo-o contorcer-se em dores, que ningum mais, a no ser o tal feiticeiro, conseguiu acalmar. E de forma particularmente interessante, a dor cessou imediatamente a uma ordem do curandeiro, embora o paciente estivesse num aposento separado onde no podia ouvi-la.31 O fato parece indicar uma dor de origem subconsciente, submetida a controle hipntico ou interligado.

    Situao muito mai* inusitada a que se refere aos curandeiros flipinos. Escrevi a um promotor de Manilha pedindo-lhe algumas informaes de primeira mo sobre o assunto, mas at agora no me foi possvel examin-las. Aparentemente, um tal Eleutrio Terte, de San Fabian, distrito de Pangasian, alm de outros, realiza regularmente operaes cirrgicas metendo as mos nuas no corpo dos pacientes e removendo o rgo doente, fechando-se a inciso quase instantaneamente depois, sem deixar a menor cicatriz.32 Um dos livros aqui citados

    29 10. Uma organizao chamada Spiritual Frontiers Fellowship, pelo quo sei, est

    empenhada nessas investigaes. Debate ainda mais interessante vem citado na obra de

    Mann, Beyond the Darkness, pgs. 22/4. Veja o caso descrito por Virginia Lively, Three

    Months in His Presence, publicado no Guidespost, agosto, 1966, p&g. 3.

    30 11. Allen Spraggett, The 'Miracle' of Kathryn Kuhlman, no Borderline, vol. I, n.

    8, de setembro, 1965; e Suzy Smith, World of the Strange, pg. 89. Um livro publicado por

    Miss Kuhlman tem o titulo I Believe in Miracles.

    31 12. Smith, ESP, pgs. 143/44.

    32 13. Ormond e McGill, Into the Strange Unknown, pgs. 19 e seguintes. Fao muitas

    reservas sobre esse livro, em vista das declaraes relativas a outros assuntos para mim

    absolutamente inaceitveis. Essa obra merecera maior confiana se tambm no induisse

    uma fotografia de Deus (pg. 78); se um dos autores no tivesse realizado um vo pelo

    astral que o levou ao Shangri-La himalaio, onde recebeu lies de sabedoria transmitidas

    pelos dirigentes ancios, pgs. 167/73, e se ambos no tivessem descoberto a localizao

    dos discos voadores no sudeste da Asia. Sherman vem de publicar um livro, Wonder Healers

  • of the Philippines.

    As seguidas averiguaes desses .fatos tm-me fornecido informaes contraditrias. A

    esse respeito, o Tenente Thomas A. Gail, da Marinha de Guerra dos EUA, escreveu-me o

    seguinte, em 19 de abril de 1966:

    Eleutrio Terte um entre mais de trinta curandeiros espirituais praticantes nas

    Filipinas. Recentemente, tem-se registrado um interesse cada vez maior pelas atividades

    desses homens, sobretudo devido s notcias publicadas por um jornal britnico. Tais

    indivduos so tidos como capazes de realizar incises abdominais e outras sem usar nenhum

    instrumento cirrgico. Assim, dizem que removem um rgo doente e curam o paciente. A

    maior parte desses homens (e mulheres) alegam uma base espiritual para as qualidades que

    possuem.

    Um vez que realizamos investigaes idnticas s suas, averigei pessoalmente pelo menos

    dois curandeiros (com exceo de Terte). Num dos casos, o curandeiro removeu uma

    pedra do abdmen de um americano, curando-o, supostamente, de sua doena renal. No

    entanto, a pedra extrada era apenas um pedao de adobe. Outro curandeiro tinha que

    realizar tambm uma operao idntica. Foram retiradas amostras de sangue do abdmen

    do paciente. As amostras, porm, no eram de sangue humano.

    Portanto, enquanto no completarmos uma investigao mais detalhada no h a

    menor prova capaz de demonstrar quaisquer qualidades de cura desses homens.

    Creio ter respondido sua pergunta. Se quiser, poder escrever novamente dentro de

    mais alguns meses, depois de terminada uma investigao mais acurada sobre o assunto.

    O Tenente Gail revelou que W. H. Belk, residente rua 151, 1934, N. E., Miami, Flrida,

    realizou uma investigao e chegou a concluses opostas. Mr. Belk publica um pequeno

    jornal psquico no qual afirma ter observado pcssoalmente outro curandeiro filipino,

    Antonio Agpoa, remover cataratas, verrugas, tumores e curar doenas internas de todos os

    tipos. Os pacientes no sentem dor alguma, afirma Belk, acrescentando que nunca se

    registrou um caso fatal.

    Uma segunda carta do Tenente Gail, datada de 28 de julho de 1966, acrescenta:

    Na minha ltima carta insinuei a existncia de fortes provas indicando que o ucurandeiro psquico

    das Filipinas no passa de um mis- ficador. Hoje; posso reafirmar essa opinio depois de ter

    assistido pessoalmente aos processos cirrgicoP. Alm disso, consultei afamados psiclogos que

    investigaram esses homens durante seis semanas... Usaram filmes cinematogrficos coloridos,

  • contm inmeras fotografias que se diz terem sido batidas dessas operaes.

    Os exploradores h muito vm revelando curas aparentemente miraculosas de ossos quebrados, efetuadas pelos feiticeiros africanos. Admitindo que, em princpio, tais informaes possam ter sido fiel e veridicamente transmitidas, o segredo dessas curas imediatas mereceria ser estudado. Um autor, que escreveu muitas coisas sobre as crendices havaianas e os kahunas, muitos dos quais eram curandeiros, descreveu um incidente, infelizmente em segunda mo, da seguinte forma:

    Meus intimo e fiel amigo, J. A. K. Combs, de Honolulu, que grande estudioso da cincia kahuna, e que me tem sido de grande auxilio, tinha como sogra uma das mais poderosas mulheres kahunas das ilhas. Essa mulher dedicava-lhe grande amizade e revelou-lhe muitas coisas sobre seus conhecimentos secretos, seu poder e suas prticas. Na ocasio em pauta, Combs participou de uma festa praiana realizada em sua casa de veraneio. Muitos hspedes j haviam chegado quando um automvel foi dirigido para o extremo da praia, e dele saram diversos havaianos. Entre eles encontrava-se um homem ligeiramente embriagado, que tropeou ao descer do carro e caiu na areia. Ao levantar-se, todos puderam ouvir o rudo caracterstico de ossos quebrados.

    O exame revelou tuna fratura dupla da perna esquerda, exatamente adma do tornozelo. As pontas do osso eram perfeitamente visveis saindo para fora da pele. Combs, que ouvira o conhecido rudo de ossos quebrados, pois j sofrera uma fratura, percebeu imediatamente a gravidade do caso e props que o ferido fosse levado imediatamente a Honolulu. Mas a velha kahuna aproximou-se e comeou a agir. Ajoelhando-se ao lado do ferido, esticou-lhe o p e a pema comprimindo o ponto por onde os ossos fraturados rompiam a pele, e ento comeou a entoar em voz baixa uma orafio apropriada.

    Minutos depois, calou-se. Os que a cercavam observando tensa- mente a operao no viram coisa alguma at o momento em que, de repente, a velha ps-se a massagear delicadamente a perna do ferido, parando em seguida para dizer-lhe calmamente na lngua havaiana: Est acabado. Levante-se. J pode andar.*'

    O ferido, j inteiramente sbrio, ergueu-se bastante admirado, experimentou um primeiro passo, depois outro. A cura tinha sido completa o perfeita. A perna no mostrava o menor sinal de qualquer fratura.**

    Em casos como esse, a autenticidade da informao depende de muitas coisas: primeiro, o incidente teria realmente acontecido? segundo, Combs observou-o acuradamente? terceiro, sua descrio foi perfeita? quarto, Long tambm pde descrev-lo fielmente?

    O relato de Long,33 baseado em seus estudos sobre as tcnicas dos kahunas como curandeiros, mais ou

    fotografias e gravadores nessas investigaes. Passaram a maior parte do tempo investigando Tony

    Agpoa, um curandeiro de 28 anos que operava em Quezon. Concluiram que todos os processos so

    fraudulentos e baseados em truques e prestidigitao ... E reconheceram que Agpoa revelou-se um

    consumado prestidigitador

    33 14. Max Freedom Long, Secret Science Behind Miracles, pg. 192. Belativamento s

    asseres de Long, torna-se necessria umu nova investigao.

  • Uma das dificuldades que surgem em qualquer pesquisa consiste em determinar a

    autenticidade das informaes fornecidas por terceiros. A importante obra acima citada

    das que devem ser avaliadas, sobretudo uma vez que seu autor escreveu vrias outras da

    mesma natureza, c j que seus estudos foram considerados to importantes que serviram

    de base para a criao, na Califrnia, de uma seita chamada Huna. Sc os argumentos de

    Long fossem inteiramente aceitveis, responderiam a problemas ainda insolveis.

    J que a maior parte das matrias citadas por Long eram de origem havaiana, o nico

    lugar para comprov-las ou desmenti-las era o Hava, para onde me dirigi oom essa

    inteno. A fonte revelada para a maioria das informaes sobre os kahunas e seus poderes,

    a apario de fantasmas, os poderes espirituais dos que andam sobre fogo, e muitas outras

    coisas, era o falecido Dr. William Tufts Brigham, primeiro conservador do Museu Bishop,

    cujo nome, segundo afirma Long, consta do Who's Who.

    O atual conservador do museu, Dr. Kenneth Emory, distinto estudioso da cultura e da

    etnologia polinsias, afirmou bruscamente: Tenho a certeza de que se o Dr. Brigham fez

    algum dia as declaraes contidas nos livros de Long, f-las em tom de pilhria, O Dr.

    Albert W. Palmer escreveu uma crtica no publicada sobre a Secret Science na qual afirma,

    em parte:

    O Dr. Brigham jamais faria isso. Conheci-o muito bem; era um homem dotado de

    profundo senso de humor. Na verdade, no posso esconder a impresso de que estava

    apenas se divertindo com Long em algumas histrias que contou... O Dr. Brigham morreu, e

    as lendas que Long narra sobre ele devem ser levadas conta da sua imaginao. Antes de

    faz-lo, poderiamos notar o piscar de olhos do retinto de Brigham no Museu Bishop.

    Brigham possua um profundo senso de humor. Um homem desse tipo podera ser

    facilmente mal compreendido por outro com to pouco senso de humor como Long parece

    ser.

    Eis a duns pessoas importantes que, de fato, referem-se a Long como tendo sido

    enganado por Brigham. O prximo passo consistia em determinar se Brigham, na sua

    obra pessoal, revela o mesmo senso de humor; verificar tambm se seus assuntos refletiam

    uma crena ou descrena nos fantsticos fatos narrados por Long. O melhor trabalho

    disponvel para essa verificao uma obra em trs volumes, datilografada mas no

    publicada, de autoria de Brigham, existente no Museu Bishop, intitulada The Ancient

    Worship of the Haxoaiians. Alm disso, para um escritor profissional, parece que Brigham

    foi um homem repleto da alegria de viver e de um senso sardnico dissimulado.

  • Assim, por exemplo, referindo-se a certo kahuna que posou para uma esttua, afirma

    (pg. 52, vol. I): Morto, tem melhor aparncia que quando vivo. Anteriormente (pg. 11),

    falando de um macaru que exterminou numerosos kahunas, depois de uma orao dirigida

    ao deus tubaro, observa: No entanto, em ambas as verses o deus tubaro fez,

    aparentemente, um bem pblico e aps suas iniciais a essa observao W. T. B.

    Referindo-se aos espritos que encarnam nas pessoas, Brigham afirma (vol. II, pg. 305):

    Com certeza, agora, deve-se admitir que se trata de seres espirituais desempregados...

    esse o mesmo homem que, tal como salientado em outro captulo, atravessou correndo um

    lenol de lava candente somente para verificar se isso era possvel. Era, obviamente, um

    homem cheio de vitalidade, da alegria de viver e de grande senso de humor.

    Acreditaria ele nas narrativas de Long? Obviamente, no. Long faz alarde das pessoas

    que caminham sobre fogo, assunto que discutimos detalhadamente cora os comentrios de

    Brigham (Brigham, op. cit., vol. H, cap. XI, pg. 260 e seguintes). Ademais, d grande

    importncia s razes das palavras da lngua havaiana. Brigham afirma (pg. 65) que,

    futuramente, no se pode esperar aprender os cnticos antigos, uma vez que

    desapareceram todos os documentos e que a linguagem dos ver da- eiros ancestrais est

    morta, acrescentando que o esprito e muitas vezes a beleza do pensamento original se

    perdem na traduo. Isso muito significativo quando os prprios havaianos acreditam

    que a alterao de uma simples palavra ou inflexo, no somente anularia a orao mas

    atrairia a clera do deus sobre o infrator.

    Long refere-se constantemente aos kahunas. O termo kahuna no tem o significado de

    mdico-feiticeiro, ou de mago negro, mas de qualquer lder ou especialista em instruo.

    Assim, estadistas, juizes ou quaisquer outros tcnicos (inclusive os curandeiros e feiticeiros

    mais elogiados) foram kahunas. Brigham afirma (pg. 67a): "Nem todos os leahunas

    havaianos foram charlates... e prossegue para esclarecer que o grupo do feiticeiros est

    situado nesta categoria. O ceticismo de Brigham sobre a posse de corpos pelos espritos

    vagabundos j foi revelado (Brigham, op. cit., pg. 305). E, uma vez que se atribui a

    Brigham o fato de ter falado a Long a respeito da marcha de fantasmas, interessante

    citar a seguinte passagem de sua obra (pg. 62):

    Perguntei-lhe (a seu motorista, que afirma ser um havaiano inteligente) se alguma vez tinha

    visto os fantasmas (que conforme se diz patrulham duas estradas da Ilha Grande), e ele

    surpreendeu-me com a resposta: Sim, vi-os por duas vezes quando regressava por este mesmo

    caminho, entre meia-noite e uma hora da madrugada...** Diverti-me tanto com a procisso

  • menos assim: segundo as crenas kahunas, o ego interior um modelo interno perfeito do ego exterior sem as suas imperfeies. Assim, quando ocorre a fratura de um osso do ego exterior, o ego interno continua ileso. Ento, o kahuna, pela orao, e com o emprego dos poderes curadores, obriga o corpo fsico a assumir a forma do ego interno ileso, e o osso se recompe.

    Alm da pesquisa mencionada na nota adiante citada, conversei com vrios mdicos que clinicaram nas ilhas durante muitos anos e tiveram inmeros contatos com os kahunas; ademais, falei tambm com outros profissionais que os conheciam perfeitamente. Infelizmente, nenhuma dessas pessoas conseguira verificar a teoria bsica kahuna relativa cura instantnea, embora seja exato que os kahunas sustentam que so capazes de curar praticamente quase toda a classe de males fsicos.34

    Outro caso idntico o que se diz ter ocorrido a Peter Hurkos. O autor do relato um cavalheiro mencionado como editor associado do News Week Magazine. Segundo ele, em 17 de maio de 1958 Hurkos sofreu uma fratura exposta da perna quando, em Nova York, se achava no apartamento de Henry Belk, a quem se faz referncia na nota 13. O informante afirma que Hurkos curvou a cabea como se estivesse orando, que o osso fraturado voltou ao lugar, e que a pele rasgada recomps-se e ficou perfeita.35 Revela, ainda, que inmeros cavalheiros altamente reputados que presenciaram o episdio gravaram um disco detalhado do que tinham observado e que ele, Steam, ouviu a gravao.

    Por enquanto, ainda estamos longe de saber se essas coisas so possveis e, em caso afirmativo, como operam, e qual o papel que podem desempenhar para mitigar os sofrimentos humanos. Pelo que sabemos sobre a ao do subconsciente, claro que deve-se dar maior importncia ao seu papel na causa das enfermidades e no auxilio sua cura. Na dcada de 20, existia um homem de nome Cou que se tomou famoso pela divulgao de uma simples frase que as pessoas repetiam por toda a parte: Todo dia, sob todo ponto de vista, vou cada vez

    iluminada dos fantasmas que csque- ci-me de perguntar-lhe se a procisso usava as antigas tochas

    de leo de kukui ou se dispunha de lmpadas de querosene.

    Dianto disso e das numerosas pesquisas realizadas em fontes ha- vaianas, estou convencido

    de que Mr. Long deve ter agido com certa credulidade ao documentar suas afirmaes. A

    propsito, minhas pesquisas incluiram a leitura de obras escritas na lngua havaiana h mais

    le cem anos por David Maio, e h mais de setenta e cinco anos por Samuel Kamakana,

    traduzidas para o ingls. Naquela poca, curandeiros e feiticeiros exerciam uma atividade

    muito maior. No entanto, no consegui encontrar um s relato sobre a cura instantnea de

    uma fratura ssea, tal como revelada por Long baseado em informao de segunda mo

    34 15. Eles se encarregam da cura de fraturas tanto no homem como cm cavalos. O

    curador do Museu Real Havaiano em Kauai, Mrs. Sara Wong Kelekoma Sheldon,

    descreveu-me os processos usados. E no tocante aos habitantes primitivos dessa regio, veja

    o trabalho de Mendieta, "Wari-Willka, publicado na revista Amricas de janeiro, 1967,

    pg. 17.

    35 16. Stearn, The Door to the Future, pg. 247.

  • melhor.36

    Isto apenas auto-sugesto. Se, utilizando a idia do ego interior, somos capazes de nos encarar como internamento fortes, saudveis, perfeitos e atuar como fazem os duendes com nossos exteriores deficientes a fim de tom-los iguais a essa imagem, confiando, implicitamente, em seu bom resultado , talvez possamos surgir mais fortes e melhores em todos os sentidos.

    Entretanto, certas incongruncias dos escritores que tratam do assunto tocam as raias do absurdo. Um deles, que se diz capaz de curar at o cncer e outras doenas graves, afirma que o curandeiro deve ver uma coisa perfeita,37 pois, caso trate de doena como pertencente ao paciente nenhuma cura pode ser conseguida:38

    . . . isso porque, se o fizermos, no podemos, subsequentemente, livr-lo do mal... O curandeiro procura encarar o homem como perfeito, que no precisa ser curado de coisa alguma.

    E adiante, reafirma:39

    Se algum v mentalmente um homem doente, esse homem continuar doente mentalmente.

    No entanto, o mesmo escritor declara logo a seguir:40

    Uma vez que a nossa compreenso espiritual no suficiente para permitir que curemos mentalmente os ossos fraturados, chamamos um cirurgio; e j que no podemos andar sobre a gua, tomamos um bote.

    O recurso de usar o exemplo religioso com a ortopedia claro e fcil, mas absolutamente inadequado. Se os ossos se encontram numa justaposio razovel, imobilizados, e em condies de poderem voltar posio correta, ento, a cura se processar naturalmente. Isso, entretanto, no verdade no tocante ao cncer ou ao enfisema. Se esse homem capaz de ver a perfeio no primeiro caso, pode faz-lo no segundo; caso contrrio, sua f tem limites enganosos.

    telepatia DENTRE TODOS OS poderes psquicos, provavelmente o mais conhecido e o mais amplamente aceito a

    telepatia, que significa a leitura dos pensamentos alheios.

    36 17. Williams, The Knack of Using Your Subconscious Mind, pgg. 60 e 61; e Larson,

    Your Forces and How to Use Them, pg. 59.

    37 18. Eric Holmes, The Science of Mind, pg. 212.

    38 19. Op cit., pg. 202.

    39 20. Op. cit., pg. 203.

    40 21. Op&cit., pg. 219.

  • Todos ns j conseguimos saber, em certas ocasies, exatamente o que outra pessoa estava prestes a dizer, antes mesmo que o fizesse. No entanto, o fato pode reduzir-se apenas ao conhecimento do modo de pensar dessa pessoa, da sua maneira de se expressar, e de conhecer o modo como reagiria em determinada situao. Ou pode ter sido a manifestao de certo poder teleptico ainda no completamente desenvolvido.

    Quando meu irmo e eu freqentvamos a Universidade de Illinois, podamos ficar cada um no canto oposto da sala, bastando trocar um olhar para sabermos exatamente o que o outro estava pensando. E raramente precisvamos recorrer comunicao verbal entre ns dois, exceto em se tratando de auxiliar os outros.41 Aps meu casamento com Jean, conseguia responder a uma pergunta que ela ainda no fizera.

    Entretanto, aprendi imediatamente uma coisa: Jean no gostava de algum capaz de ler seus pensamentos. E os outros tambm no. Todos tm direito prpria intimidade. E desde ento, com exceo de um inocente deslize, afastei-me pessoalmente desse campo.

    Devo comparar a telepatia a um truque com cartas de baralho. H anos, aprendi a baralhar com enorme habilidade, e a distribuir as cartas minha vontade por cima, por baixo, ou como quisesse. Uma noite, h mais ae trinta anos, um parceiro de bridge afirmou em voz alta que longe do pblico os artistas podiam executar toda sorte de truques com o baralho, mas ningum seria capaz de fazer o mesmo numa mesa de bridge. Apenas acabou de falar, dei ao meu parceiro dez cartas de espadas e, ao outro, trs ases. Apostei uma espada. E ante o olhar atnito do meu parceiro, rompi numa gargalhada e mostrei as minhas cartas explicando a natureza da lio que acabava de dar.

    A paitir desse dia nunca mais repeti a proeza. Seria incorreto e desleal. Da mesma forma, imiscuir-se na mente alheia, pelo menos com intenes pouco recomendveis, equivaleria a agir como um bisbilhoteiro vulgar. Para fins de experincias cientificas, ou para o desenvolvimento de poderes latentes, acho que a telepatia deveria ser explorada integralmente. Mesmo-porque, e como medida de defesa, qualquer um pode esvaziar a mente a qualquer momento.

    O inocente deslize a que me referi ocorreu em 1964, quando minha mulher, minha filha e eu estvamos hospedados no Bel-Air Hotel, em Saint Louis. Acabvamos de tomar o elevador quando um desconhecido, que inegavelmente estivera nadando, tambm entrou acompanhado de seus dois filhos. Eu estava perto dos botes da cabina. Irrefletidamente, observei: Pelo que sei, o senhor est hospedado no segundo andar.

    O desconhecido concordou, encarando-me com olhos de espanto, e apertei o boto. Minha filha, depois que eles saram, observou: Voc precisa acabar com essa mania. Acho que o homem ficou amedrontado.

    41 1. O poder que possuem os gmeos de se comunicarem desse modo tem sido

    salientado inmeras vezes. No artigo que Robbins publicou no This 'Week Magazine de 28 de janeiro de 1962 sob o ttulo Os Gmeos Podem Ler os Pensamentos do Outro, citado por

    Smith, ESP, pg. 25, narrando as experincias realizadas pelo Dr. Robert Sommer na

    Universidade de Alberta, Canad; bem como as experincias dos D rs. Thomas Duane e

    Thomas Behrendt, da Escola Mdica de Jefferson, uma das quais foi descrita pelo Science de 15 de outubro de 1965, pg. 367.

  • E certo homem quase perdeu um timo negcio exatamente porque possua poderes telepticos. Quando um fregus estava para chegar sua loja de louas, e s vezes at antes, Sam preparava o pedido que ainda deveria ser feito, fazia o embrulho e ficava espera. Isso deixava as pessoas nervosas, tanto que passaram a fazer compras em outro lugar, o que obrigou Sam a abandonar de vez seus poderes telepticos.42

    Mas como culp-los? Enquanto Sam ficava bisbilhotando sobre o que eles pensavam da mercadoria, no pretenderia descobrir as intenes daquele contador para com sua nova secretria, ou a briga que ele e sua mulher tiveram na noite anterior?

    Mas nosso objetivo no consiste em discutir o uso desses poderes e, sim, a sua existncia. H muito que j no mais possvel duvidar da telepatia. Estamos familiarizados com o funcionamento do telgrafo da selva onde, mesmo sem o rufar dos tambores ou o envio de mensagens, os nativos que se encontram a muitos quilmetros de distncia so informados da prxima chegada de um grupo de caadores ou de uma expedio cientfica.43

    Felizmente, o Dr. Rhine teve a coragem de acreditar na existncia dos poderes psquicos e de dedicar sua carreira a esse problema. As experincias que realizou na Universidade I>uke, com o emprego do baralho de Zener e outras formas de mensagem, demonstraram seguidamente que certas pessoas sensitivas podem, facilmente, receber mensagens enviadas pelos transmissores. 44 Alm disso, verificou-se tambm que freqentemente os gmeos podem se ajudar mutuamente nos trabalhos escolares ou receber mensagens sob outras condies.45

    O uso efetivo da telepatia foi igualmente demonstrado mesmo com grande distanciamento geogrfico das

    42 2. Robbins, The Psychic Powers of Sam Benson, publicado no This Week

    Magazine de 13 de setembro de 1964, e condensado no Reader s Digest de janeiro de 1965.

    43 3. Ormond e McGill, Into the Strange Unknown, pg. 49; Long, Secret Science Behind Miracles, pgs. 131 e 154; MacLaine, A Tip from a Seasoned Traveler, publicado no Carte Blanche, nmero de aniversrio de 1964, pg. 31; Dunninger, Whats on Your Mind, pg. 7; Smith, ESP, pgs. 32/3; Ford e Bro, Nothing So Strange, pg. 139.

    44 4. J. B. Rhine, New Frontiers of the Mind, pgs. 74/111, 162/173, 199/228; Eisenbud, The World of Ted Seris: The Man with the Camera Brain*', True: The Magazine

    for Men, janeiro, 1967, pgs. 119/ 120: Ruth Montgomery, My Psychic Friends, Readers Digest, abril, 1967, pg. 151.

    45 5. Duane e Behrendt (do Jefferson Medical College, Filadlfia), no Science, de 15

    de outubro, 1965, pg. 367; Smith, ESP, pgs. 25/6, narrando as experincias

    canadenses.

  • pessoas.46 O obstculo de portas fechadas, de milhares de quilmetros de distncia, e a colocao do leitor numa cabina Faraday, no afetaram os resultados de maneira aprecivel. E a comunicao no fica limitada a uma s coisa, como um nmero, por exemplo, mas pode abranger uma idia completa, uma imagem pictrica, um aviso de perigo, ou qualquer outra mensagem transmitida.

    Dunninger, que mentalista, e Rhine, que psiclogo, possuem uma formao profundamente diferente. No entanto, ambos concordam sobre certas coisas. Em primeiro lugar, o experimentador precisa acreditar que a comunicao teleptica possvel. Se sua atitude negativa, os resultados tambm o sero. Geralmente, o meio ambiente deve ser favorvel tpido, confortvel, amistoso, e descontrado.47 Deve haver uma atitude de incentivo, muito embora, caso exista uma afinidade positiva entre transmissor e receptor, provvel que o meio ambiente no tenha grande importncia.

    Por que funciona a telepatia? De acordo com certos conceitos primitivos, a matria de que se compe o ego interno constituiria uma rede invisvel atravs da qual as idias podem ser transmitidas. Determinadas pessoas que reconhecem a energia eltrica produzida pelo crebio e pelo sistema nervoso criam, na imaginao, certo tipo de sistema radiof- nioo receptor e transmissor.48 Pareceria difcil conceber tal mensagem radiofnica projetada a uma distncia de milhares de quilmetros. Por outro lado, j se disse que determinados instintos correlatos, como o instinto do lar que possuem os pombos-correios, so anulados pela proximidade das estaes radioemissoras.49 Experincias realizadas pela Fora Area demonstraram que os paralticos podem aprender a

    46 6. Clarence Johnson, Psychical Research, pg. 21; Pollack, The Case of Croiset the Clairvoyant: the Man With the Xray Mind, True: The Magazine for Men, abril, 1964,

    pg. 54 e seguintes, narrando o trabalho dos Drs. Histemarker e Pasilive; Puharich, Beyond

    Telepathy, pg. 209; Williams, The. Wisdom of Your Subconscious Mind: Wilkins &

    Sherman, Thoughts Through Space, 1951, pgs. 13/15, 203/233; Sherman, How to

    Make ESP Work for You, pgs. 60/75; Smith, ESP, p. 25 e seguintes; Long,

    Self-Suggestion, pgs. 23/4; Dunninger, Whats on Your Mind, pgs. 25, 30, 44, 55, 66,

    67 e 77; St. Johns, When Time Stood Still, GuUwposts, dezembro, 1966, pg. 6. Quanto

    experincia em massa realizada pelos russos, veja Science News, 91:118, 4 de fevereiro,

    1967.

    47 7. Veja-se referncias da nota anterior, juntamente com a exposio do Sherman na

    obra Thoughts Thr