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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO – 10ª REGIÃO

4ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA/DF

Processo nº 0001350­22.2014.5.10.0004

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Processo nº 0001350­22.2014.5.10.0004

Reclamante: PAULO RICARDO GODOY DA FONSECA

Reclamada: BANCO DAYCOVAL S/A

S E N T E N Ç A

Vistos os autos.

PAULO RICARDO GODOY DA FONSECA ajuizou apresente Reclamação Trabalhista em desfavor de BANCO DAYCOVALS/A, qualificados nos autos, denunciando irregularidades nocontrato de trabalho, consoante narrativa propedêutica. Destaforma, pretende manifestação judicial positiva quanto aospedidos de fls. 9/10, pugnando pela condenação da reclamada.Os resumos dos pedidos e defesa serão expostos com osfundamentos desta decisão. Deu à causa o valor de R$300.000,00.

Apresentou a reclamada contestação escrita àsfls. 46/87, concedendo­se vista ao reclamante que, ao seuturno, ofertou a manifestação escrita de fls. 182/206.

As partes apresentaram prova documental, comoportunidade recíproca de manifestação, garantindo­se ocontraditório.

Quando da realização da audiência emprosseguimento (fls. 207/208v) procedeu­se à oitiva daspartes em depoimento pessoal, bem como restou produzida provatestemunhal.

Não havendo outras provas ou requerimentos,determinou­se o encerramento da instrução processual.

Razões finais orais remissivas, restandoinfrutíferas as tentativas conciliatórias formuladas

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oportunamente.

Em síntese, é o relatório.

FUNDAMENTOS

Jornada de trabalho.

O reclamante manteve vinculação empregatíciacom o reclamado de 20/3/2012 a 3/2/2014, tendo sidoimotivadamente demitido com o pagamento de suas verbasrescisórias.

Denuncia que durante todo o período prestouserviços como “gerente de relacionamento”, das 8h às 20h, com30min de intervalo, de segunda a sexta­feira, sem que fosseefetuado o pagamento da sobrejornada, cabendo assinalar quenão exercia funções de confiança, merecendo ter reconhecidasua jornada diária de 6h.

Em contestação a reclamada sustenta que o autorjamais foi “gerente de relacionamento”, mas sim “gerentegeral da agência”, estando enquadrado na exceção do artigo62, inciso I, c/c artigo 224, § 2º, ambos da Consolidação dasLeis do Trabalho.

A prova documental colacionada aos autos indicaque o autor foi indicado como outorgado nas procuraçõespúblicas de fls. 95/96 e 97/98, com vigência de 7/11/2012 a7/11/2013 e de 4/6/2013 a 4/7/2014, com poderes para assinarcédulas de crédito bancário e demais títulos de crédito, bemcomo contratos de empréstimo, financiamento, câmbio erespectivos instrumentos de garantia. As assinaturas nosdocumentos mencionados eram sempre em conjunto, jamaisisoladamente, consoante poderes expressos concedidos em taisinstrumentos.

Contudo, tais documentos de mandato não indicamser o autor “gerente geral da agência”, como quer fazer crero réu. É possível notar que as testemunhas ouvidas emaudiência ­ DENISE DE FIGUEIREDO BODSTEIN BENON DA SILVA eROGERIO MOURA E SILVA, também possuem poderes outorgados pelobanco, ou seja, nesta linha de raciocínio todos os trêsatores processuais seriam gerentes gerais de agência?Possivelmente negativa é a resposta.

Continuando. Os documentos de fls. 127/128 nãoindicam ter o autor qualquer fidúcia superior de ampla

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liberdade para o bom funcionamento da agência.

Em depoimento pessoal aduziu o autor “queminhas atividades eram de atendimento a clientes, toda parteadministrativa e burocrática referente a atividade bancária;que a reclamada não atua no varejo, salvo em empréstimosconsignados; que não tinha as atribuições constantes do item10 da contestação, pois estas são de gerente geral; que oSenhor Gilson Ribeiro era o gerente geral da agência esupervisor de área de empresas, possuindo mesa para trabalhono interior da agência; que eu não tinha subordinados; quenão tive conhecimento da procuração de fls. 95/96, nãoexercendo as atividades outorgadas; que reconheço minhaatuação consoante indicado no documento de fls. 127/128; quefiz a indicação do Senhor Rogério, mas a contratação foifeita pelo Senhor Gilson Ribeiro; que solicitei a demissão dagerente Denise de Figueiredo, sendo que o ato demissional foifeito pelo Senhor Gilson Ribeiro; que assinei o documento dedemissão da Senhora Denise de Figueiredo; que meu horário eracontrolado pelo gerente geral, sendo que o sistema do bancofaz a marcação do horário de início dos trabalhos; que oSenhor Gilson Ribeiro era o responsável pelas agências deGoiânia, Uberlândia e Brasília, visitando constantemente taisunidades”.

Então, de acordo com o depoimento supra, oreclamante era o empregado efetivamente responsável pelofuncionamento da agência, tanto sua parte administrativaquanto bancária, sendo que o senhor GILSON apenas servia paracom ele assinar documentos nos estritos termos dosinstrumentos procuratórios já mencionados. O senhor GILSON,na verdade, tinha uma função supra gerencial, pois era comoum supervisor das atividades das agências localizadas nosMunicípios de Goiânia, Uberlândia e Brasília, assinando emconjunto com os gerentes gerais e outros assim outorgados. Oreclamante também admite que participou diretamente dacontratação e demissão de outros gerentes, logicamente abaixodele na hierarquização administrativa da agência, pois não sepode presumir que servidores do mesmo nível administrativoindiquem contratações e demissões recíprocas.

Infelizmente nos deparamos no presente processocom uma prova testemunhal dúbia, onde os dois indivíduosouvidos (fls. 207/208v) deram versões diferentes dos atos.Ambos estavam compromissados a dizer a verdade e, emboraacareados, mantiveram suas versões. Vejamos quanto a estadiscussão:

A testemunha conduzida pelo autor, senhoraDENISE DE FIGUEIREDO BODSTEIN BENON DA SILVA, informou "quetrabalhei para a reclamada de 18/06/2012 a 01/08/2013, na

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agência de Brasília, como gerente de contas; que o reclamanteera tido como gerente geral, mas na verdade era também umgerente de relacionamento; que à época éramos três gerentesde relacionamento da agência, incluindo o reclamante; quealém dos gerentes mencionados havia apenas uma assistenteadministrativa; ...; que próximo de minha saída outro gerentede relacionamento foi contratado, não sabendo precisar se foipara me substituir ou não; que o reclamante não podia admitirou demitir funcionários, nem mesmo para liberar créditos; queo reclamante tinha uma carteira de clientes, diferente da dosdemais gerentes; ...; que várias vezes visitei clientes juntocom o reclamante, mesmo nas cidades de Unaí, Paracatu,Cristalina e Luziânia; que o reclamante também foi com outrogerente ao Município de Luiz Eduardo Magalhães/BA; que minhajornada era cumprida internamente em sua maioria, o mesmoocorrendo com o reclamante; que trabalhei com o Rogério eFelipe, ambos gerentes operacionais na mesma agência; que oSenhor Gilson era o superintendente da agência, mastrabalhava como gerente geral, inclusive discutindo conoscooperações de créditos; que o Senhor Gilson era sediado emUberlândia e atendia algumas agências, incluindo a deBrasília; que não sei informar quem assinou minha carta dedispensa; que eu saia junto com o reclamante até mesmo porsegurança, já que eram viagens para fora do DF; que em taisoportunidades os clientes visitados poderia ser meu ou deles;que também fiz poucas visitas com o reclamante dentro do DF,visando colaboração multa; que fiz algumas visitasacompanhada do gerente Felipe; ...”.

Fica claro que a atividade do autor eradiferenciadas dos demais gerentes da agência, tanto que eratido por eles como o gerente geral, embora fossesuperintendente. Contudo, fica claro que tal pessoa apenasvisitava a agência de Brasília regularmente, não dandoexpediente no local, já que era responsável pelas agências deoutras cidades, ficando sediado em Uberlândia.

A testemunha ROGERIO MOURA E SILVA, conduzidapela empresa/ré, informou “que trabalho para a reclamadadesde março/2013, sempre exercendo o cargo de gerentecomercial; que o reclamante era gerente geral da agência; queeu era responsável pela prospecção de negócio e o reclamantezelava pelos negócios da agência, além das instalaçõesfísicas e gerenciamento dos serviços e pessoas; que fuicontratado pelo reclamante, pessoa com a qual conversei sobrefunções e salário, posteriormente encaminhando meusdocumentos para efetivo registro; que éramos quatro pessoassubordinadas ao reclamante, além de mim a Senhora Simone,posteriormente substituída pela Senhora Selma, Denise eFelipe; que a Senhora Denise está nessa sala; que ocorreu denecessitar sair mais cedo ou chegar mais tarde, ou mesmo

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faltar, quando então me dirigir ao reclamante paraautorização; que o reclamante chegou a me acompanhar emvisitas a clientes; que fiz visita também sozinho, mas nuncaacompanhado de outro gerente comercial; que o Senhor Gilson ésuperintendente comercial da reclamada, sediado na agênciaUberlândia; que o Senhor Gilson visita a agência de Brasíliauma vez ao mês, ficando dois a três dias, no máximo; ...; queo reclamante não fazia prospecção de clientes e negócios, nãotendo carteira própria de clientes; que minha contratação nãonecessitou da autorização do Senhor Gilson, também nãoestando presente na minha entrevista; que o reclamante erasubordinado ao superintendente regional, Senhor Gilson; quenão sei informar a quem o reclamante se reportava acasonecessitasse ausentasse ou mesmo trabalhar em outro horário;que o Senhor Gilson não fazia gestão de equipe”.

Então, o testemunho acima tonifica o depoimentoautoral, pois reconhece que o autor era o responsável pelaagência de Brasília, pessoa que também participava dacontratação de empregados, sendo que o senhor Gilson erasuperintendente e ficava sediado em Uberlândia, visitando emensalmente a agência que trabalhava.

Estabelece o artigo 224, § 2º, da Consolidaçãodas Leis do Trabalho que a duração normal do trabalho dosempregados em bancos, casas bancárias e Caixa EconômicaFederal será de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, comexceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horasde trabalho por semana, mas que as disposições deste artigonão se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência,fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhemoutros cargos de confiança, desde que o valor da gratificaçãonão seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargoefetivo.

O reclamante efetivamente exercia cargo deconfiança, seja pela administração da agência, seja aindapela regulação interna dos trabalhos bancários, tendosubordinados que poderia indicar admissão e demissão, além deestar subordinado apenas ao superintendente Regional, tambémresponsável por outras agências e que ficava sediado emUberlândia/MG.

Portanto, tenho que o autor exercia funçãoexcepcionada da jornada regular dos empregados bancários, ouseja, durante toda a vinculação de emprego sua jornada era de8 (oito) horas diárias.

Indefiro o pedido de letra “c” do rol exordial,bem como os reflexos inerentes.

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Continuando. O artigo 62, inciso II, daConsolidação das Leis do Trabalho, também indica que não sãoabrangidos pela limitação de jornada, dentre outros, osgerentes, assim considerados os exercentes de cargos degestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto nesteartigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.

Este era exatamente o caso do autor, como jádescrito acima. Consoante próprio depoimento o reclamante erao responsável pelo funcionamento da agência, sob o ponto devista administrativo e bancário, contratando e demitindoempregados visando sempre a melhoria dos serviços prestadospelo banco. Sua era tal responsabilidade, de toda a agência,apenas estando subordinado ao superintendente Regional, comojá mencionado. No dia a dia do funcionamento da agência tinhaliberdade, como confessado, para resolver os problemasadministrativos e bancários que fossem ocorrendo, somentenecessitando de assinar conjuntamente aqueles títulos eoperações descritas nos documentos de fls. 95/96 e 97/98, oque não retira sua autonomia funcional.

Além do mais, a jornada de trabalho doempregado de banco gerente de agência é regida pelo artigo224, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, mas quantoao gerente­geral de agência bancária, presume­se o exercíciode encargo de gestão, aplicando­se­lhe o artigo 62 daConsolidação das Leis do Trabalho, consoante pacificado pelaSúmula nº 287 do TST.

A presunção do encargo de gestão do reclamantefoi corroborada por seu depoimento pessoal, não havendo nosautos prova forte o suficiente para descartá­la na análise dalide.

Neste sentido:

BANCÁRIO. GERENTE­GERAL DE AGÊNCIA. A destacadaposição hierárquica do Reclamante na estruturafuncional da Empresa deve ser levada emconsideração, tanto assim que o TST, em sua funçãopacificadora de jurisprudência, consolidou oentendimento esposado na “SÚMULA 287. JORNADA DETRABALHO.GERENTE BANCÁRIO. A jornada de trabalhodo empregado de banco gerente de agência é regidapelo art. 224, §2º, da CLT. Quanto ao gerente deagente bancária, presume­se o exercício de encargode gestão, aplicando­lhe o art. 62 da CLT.”(TRT/10; RO 001423­2013­016­10­00­0; 1ª Turma;Rel: juiz convocado JOÃO LUIS ROCHA SAMPAIO; DEJTde 19/12/2014)

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BANCÁRIO. GERENTE­GERAL DE AGÊNCIA. ART. 62, II,DA CLT. Porque presentes todos os requisitos parao enquadramento do reclamante no art. 62, incisoII, da CLT, não há horas extras a serem deferidas(Súmula 287/TST). (TRT/10; RO 002300­2012­015­10­00­0; 2ª Turma; Rel: Des. ELKE DORIS JUST; DEJT de12/6/2015)

BANCÁRIO. GERENTE GERAL. ART. 62, II, DA CLT. Aaplicação da regra exceptiva prevista no art. 62,inc. II, da CLT pressupõe ampla autonomia eliberdade do empregado no exercício de suasfunções. In casu, demonstrado que a reclamantedetinha efetivos poderes de mando e de gestão,correta a instância de origem ao lhe indeferir ashoras extras e o intervalo intrajornada, porconsiderar a empregada enquadrada no comando doinc. II do art. 62 da CLT, não sujeito a limitaçãode jornada. Recurso da reclamante parcialmenteconhecido e não provido. Recurso do reclamadoconhecido e não provido. (TRT/10; RO 001541­2012­019­10­00­7; 2ª Turma; Rel: Des. MÁRIO MACEDOFERNANDES CARON; DEJT de 10/10/2014)

Assim, inserido o autor na exceção do artigo62, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho, porexercer as funções de gerente geral da agência, indefiro ospedidos de horas extras e indenização pela não fruição dointervalo intrajornada, bem como os reflexos pretendidos.

Transporte. Indenização.

Aponta o autor que o trajeto residência­agência­residência, não era pago pela reclamada, sendoaproximadamente 600km por semana.

O reclamante tinha o combustível para uso deseu veículo pago pela empresa, que lhe fornecia cartãopróprio para tal mister, mas não há nos autos qualquercomprovação de que a quilometragem exordialmente informadaera realmente cumprida pelo autor e, ademais, que a funçãopor ele desempenhada era com uso obrigatório de veículopróprio.

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As viagens realizadas tiveram os combustívelressarcido, pois o autor não se insurge sobre tal fato, atémesmo para possível atendimento pessoal a clientes fora daagência.

Longe de tentar transferir os custos daatividade empresarial ao empregado, o reclamante não trouxeaos autos elementos suficientes a corroborar sua pretensão.

Indefiro a indenização almejada.

14º e 15º salários.

Denuncia o reclamante que no ato da pactuaçãolaboral ficou ajustado o pagamento do 14º e 15º salários,independentes do legal 13º salário, nos meses de março esetembro de cada ano, o que veio a ocorrer, mas à margem dafolha de pagamento regular. Requer a integração e taisvalores, com o pagamento dos reflexos legais.

Em contestação o banco/reclamado nega qualquercontratação de salário extra com o autor, sendo que ospagamentos realizados derivaram de acordo coletivo detrabalho, pois foram feitos sob a rubrica de “programa departicipação nos resultados ­ PPR”.

O contrato de trabalho de fls. 89/90 nadaindica acerca da existência de salários extras anuais, sendoque novamente a prova oral é contraditória, pois enquanto umatestemunha jamais recebeu, mas soube que outros recebiam taisparcelas, a outra testemunha nega a existência do benefício.

O supedâneo normativo apresentado peloreclamado são os acordos coletivos de trabalho de fls.156/170 (vigência de 1/1/2012 a 31/12/2012) e 140/155(vigência de 1/1/2013 a 31/12/2013).

Pois bem. Os mencionados instrumentos coletivosde trabalho não são aplicáveis ao reclamante, pois firmadospelo SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOSDE SÃO PAULO e o ora reclamado.

Conceder vigência plena aos indigitados acordoscoletivos nesta Unidade da Federação é o diretodescumprimento do preceito contido no artigo 8º, inciso II,da Constituição, qual seja, a unicidade sindical e suaatuação geograficamente limitada ao seu território derepresentação.

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Portanto, os pagamentos feitos ao reclamante atítulo de PPR não são 14º e 15º salários, mas efetivamentedeverão ser reconhecidos como salários extras, devendo serintegrados à remuneração obreira para fins de cálculo deaviso prévio, férias acrescidas de 1/3, décimo terceirosalário, repouso semanal remunerado, FGTS e multa fundiáriade 40%.

Indefiro a repercussão nas horas extras, poiscomo já dito, o reclamante estava inserido na exceção doartigo 62, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Complementação salarial. Luvas.

O reclamante informa que para sua contratação obanco/reclamado promoveu o pagamento de R$ 50.000,00 a títulode gratificação salarial e que tal parcela equipara­sejuridicamente às “luvas” recebidas por atletas profissionais.

Defende­se a ré indicando que se trata deempréstimo, formalizado por meio de contrato de mútuo, quealiás foi utilizado pelo reclamante.

Inicialmente, compete à Justiça do Trabalhoapreciar e julgar pretensão referente a contrato de mútuo quesimula luvas pagas ao trabalhador, consoante decisão Regionaltomada nos autos do processo TRT/10­RO 001583­2012­018­10­00­1 (1ª Turma; Rel: Des. RICARDO ALENCAR MACHADO; DEJT de31/5/2013).

Consoante manifestação judicial da eminentedesembargadora ELKE DORIS JUST, as luvas desportivas sãopagas a atletas pela assinatura do contrato em razão doreconhecimento de seu desempenho antes da contratação peloclube que pretende incluí­lo em seus quadros. O instituto éoriundo do direito comercial, pelo estabelecimento de umparalelo com o “fundo de comércio”, valor do ponto comercial.Conforme jurisprudência do TST, as luvas têm naturezasalarial, não se confundindo com prêmios ou indenizações.

As chamadas “luvas” têm viés de antecipaçãosalarial, na medida em que pagas pelo histórico da carreirado atleta e, neste caso, do empregado bancário.

A jurisprudência do Tribunal Superior doTrabalho vem reconhecendo que as luvas têm natureza salarial,aplicando­se por analogia o artigo 12 da Lei 6.354/1976.Também reconhece a existência de fraude no pagamento deluvas, por meio de simulação de empréstimo, para o fim deatrair a contratação do autor.

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Neste caso específico, o banco/reclamado nãotrouxe aos autos qualquer documento que comprove acontratação do empréstimo (mútuo), sendo necessárioreconhecer, portanto, que houve sim uma antecipação salarial.

A jurisprudência daquela Corte Superior vem sefirmando no sentido de que as luvas se destinam a estimular eincentivar a contratação de empregados, e, com essafinalidade, tal como original e expressamente prevista nalegislação aplicada ao atleta profissional, a parcela sereveste de natureza salarial.

Constatado nos autos que o valor pago a títulode "luvas", ainda que de uma única vez, constitui antecipaçãosalarial, utilizado como atrativo para a celebração docontrato de trabalho, devida é a sua integração ao saláriopara fins de cálculo de aviso prévio, férias acrescidas de1/3, décimo terceiro salário, repouso semanal remunerado,FGTS e multa fundiária de 40%.

Indefiro a repercussão nas horas extras, poiscomo já dito, o reclamante estava inserido na exceção doartigo 62, inciso II, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Gratuidade de Justiça.

Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584, de1970 (artigo 14, § 2º), para a concessão da assistênciajudiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seuadvogado, na petição inicial, para se considerar configuradaa sua situação econômica (artigo 4º, § 1º, da Lei nº 7.510,de 1986, que deu nova redação à Lei nº 1.060, de 1950).

Defiro ao reclamante os benefícios dagratuidade de Justiça, ficando dispensado do pagamento decustas processuais, honorários periciais, traslados einstrumentos, consoante previsão do artigo 790, § 3º, daConsolidação das Leis do Trabalho.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, julgo PROCEDENTES EM PARTE,os pedidos exordialmente formulados nos autos da presenteação movida por PAULO RICARDO GODOY DA FONSECA em desfavor deBANCO DAYCOVAL S/A, condenando a reclamada ao adimplementodas seguintes obrigações: integração dos salários extras

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pagos como PPR à remuneração obreira para fins de cálculo deaviso prévio, férias acrescidas de 1/3, décimo terceirosalário, repouso semanal remunerado, FGTS e multa fundiáriade 40%; integração das “luvas” ao salário para fins decálculo de aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, décimoterceiro salário, repouso semanal remunerado, FGTS e multafundiária de 40%; conforme for apurado em regular liquidaçãode sentença, com aplicação de juros moratórios sobre oprincipal corrigido (TST, Súmula 381) e tudo nos termos dafundamentação retro que fica integrando este dispositivo,limitados aos valores exordial e individualmente perquiridos.

Fica a reclamada condenada ao recolhimento dacontribuição previdenciária nos termos da Súmula nº 368,inciso I, do TST, e fiscal, nos termos da legislação vigente.

Custas, pela reclamada, no importe de R$700,00, calculadas sobre R$ 35.000,00, valor arbitrado àcondenação nesta oportunidade (Consolidação das Leis doTrabalho, artigo 789, § 1º e 2º).

Oficie­se a CEF e SRTE/DF.

Intimem­se as partes pelo DEJT.

Brasília/DF, 14/10/2015.

(assinada eletronicamente)

DENILSON BANDEIRA COÊLHO

Juiz do Trabalho Titular

4ª Vara de Brasília/DF