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3ª SEQUÊNCIA DIDÁTICA América portuguesa: engenhos de açúcar no período colonial Nesta sequência didática, propõe-se que os alunos pesquisem sobre a história do Engenho São Jorge dos Erasmos e, se possível, visitem o local, cujas ruínas, localizadas em São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, são um monumento nacional aberto à visitação pública. A BNCC na sala de aula Objetos de conhecimento A estruturação dos vice-reinos nas Américas. Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa. Habilidade (EF07HI10) Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial. Objetivos de aprendizagem Identificar os diferentes agentes sociais pertencentes ao ambiente dos engenhos de açúcar durante o período colonial. Relacionar o engenho de açúcar ao contexto histórico em que se insere, em especial no que se refere à lógica mercantilista e ao uso de mão de obra escravizada. Conhecer diferentes fontes para o estudo da História do Brasil colonial. Conteúdos Colonização portuguesa na América. Engenhos de açúcar. Escravização de populações ameríndias e africanas. Material disponibilizado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atribuição não comercial (CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais, desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros. 137

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3ª SEQUÊNCIA DIDÁTICA

América portuguesa: engenhos de açúcar no período colonial

Nesta sequência didática, propõe-se que os alunos pesquisem sobre a história do Engenho São Jorge dos Erasmos e, se possível, visitem o local, cujas ruínas, localizadas em São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, são um monumento nacional aberto à visitação pública.

A BNCC na sala de aulaObjetos de conhecimento A estruturação dos vice-reinos nas Américas.

Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa.

Habilidade (EF07HI10) Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial.

Objetivos de aprendizagem Identificar os diferentes agentes sociais pertencentes ao ambiente dos engenhos de açúcar durante o período colonial.Relacionar o engenho de açúcar ao contexto histórico em que se insere, em especial no que se refere à lógica mercantilista e ao uso de mão de obra escravizada.Conhecer diferentes fontes para o estudo da História do Brasil colonial.

Conteúdos Colonização portuguesa na América.Engenhos de açúcar.Escravização de populações ameríndias e africanas.

Materiais e recursos Aulas expositivas. Projetor. Folhas de papel sulfite. Lápis. Lápis de cor. Canetas hidrocor.

Desenvolvimento Quantidade de aulas: 3.

Material disponibil izado em licença aberta do tipo Creative Commons – Atr ibuição não comercial(CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais,desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam l icenciadas sob os mesmos parâmetros.

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História – 7º ano – 3º bimestre – Plano de desenvolvimento – 3ª Sequência didática

Aula 1Um dos desafios enfrentados pelos professores de História é demonstrar

que a História não é apenas uma lista de nomes, datas e conceitos teóricos, mas que ela se refere a pessoas que viveram no passado em ambientes reais, cercados por cores, cheiros, ruídos etc. No esforço de demonstrar isso ou, pelo menos, de se aproximar disso, propõe-se uma sequência didática que visa auxiliar os alunos a desenvolver tanto a capacidade de observação e a atenção aos detalhes quanto a habilidade de descrever com eficácia um ambiente. A importância da ambientação é compreendida por muitos alunos em outros contextos fora da escola, como pelos jogos eletrônicos, que buscam, cada vez mais, criar ambientes realistas com recursos de animação, 3D etc. Evidentemente, não se pode viajar no tempo, mas é possível ter experiências que permitam vislumbrar uma reconstituição mental de um momento histórico. Para isso, sugere-se o estudo do Engenho São Jorge dos Erasmos, cujas ruínas estão localizadas em São Vicente, município do litoral paulista e local onde foi fundada a primeira capitania durante a colonização portuguesa nas terras que hoje formam o Brasil.

Começar a aula com uma apresentação, de cerca de 10 minutos, sobre a expedição de colonização comandada por Martim Afonso de Sousa e a fundação da vila de São Vicente. Depois, explicar sobre a introdução do cultivo de cana-de-açúcar na América portuguesa. Destacar que, no começo da colonização, para alguém montar um engenho, precisaria ter dinheiro e escravos. O dinheiro que financiou a construção dos primeiros empreendimentos no Brasil foi obtido por meio de empréstimos de banqueiros holandeses, italianos e portugueses. A mão de obra era, em sua maior parte, formada por pessoas africanas escravizadas e seus descendentes. Inicialmente, os senhores de engenho escravizaram os indígenas; pouco tempo depois, passaram a usar africanos escravizados. O tráfico de escravos africanos era lucrativo tanto para os traficantes quanto para o rei de Portugal, que cobrava impostos sobre esse comércio. Vale lembrar que, embora os escravizados de origem africana tenham substituído os indígenas na maioria das capitanias da América portuguesa, a escravização de indígenas continuou a ser praticada em algumas regiões, como na capitania de São Vicente 1.

Se for possível, recomenda-se projetar o quadro a seguir para os alunos, para introduzir a temática do trabalho nos engenhos.Ofício O que fazia o trabalhadorFeitor-mor administrava o engenhoMestre de açúcar controlava o trabalho de beneficiamento do açúcarBanqueiro substituía o mestre de açúcar no período noturnoPurgador trabalhava na purificação do açúcarCaldeireiro trabalhava nas caldeirasOficial de açúcar auxiliava o mestre de açúcarFeitor de campo vigiava e castigava os escravosOurives fazia objetos de ouro e prataFerreiro produzia objetos de ferroCarpinteiro construía e consertava objetos de madeira

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História – 7º ano – 3º bimestre – Plano de desenvolvimento – 3ª Sequência didática

Sapateiro confeccionava e consertava calçadosOleiro fabricava louças e outros materiais de barroPedreiro construía e reformava moradiasAlfaiate confeccionava e consertava roupasPescador era responsável pela pesca, especialmente nos

dias santos, em que não se comia carneFonte: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos, engenhos e escravos na sociedade colonial. São

Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 261-279.Deve-se ressaltar que esses trabalhos eram realizados por africanos

escravizados e seus descendentes, bem como por trabalhadores livres assalariados, que eram minoria entre a população colonial. Isso significa que, para o funcionamento da produção e para que a economia e a sociedade funcionassem, era essencial o trabalho das pessoas escravizadas. Nos engenhos, os que trabalhavam carpindo, plantando, colhendo e pescando eram chamados escravos de campo e constituíam 80% dos escravizados. Aqueles que trabalhavam diretamente no fabrico do açúcar chegavam a 10% do total. Os escravizados domésticos (trabalhadores da cozinha, faxina, arrumação etc.) e os artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro etc.), juntos, compunham os outros 10%.

Sugere-se que a parte expositiva dure metade do tempo da aula. Em seguida, propõe-se exibir o vídeo sobre o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos (ver seção Ampliação). O importante é que os alunos tentem reconstituir mentalmente como era o funcionamento de um engenho de açúcar. Depois, pedir a eles para redigir um texto de cerca de 20 linhas em que se imaginem caminhado pelo engenho na época do seu funcionamento.

Convidar os alunos a escrever como se eles estivessem no papel do narrador do texto, que vê o cenário e os objetos ao redor. Seguindo essa linha de pensamento, sugerir que pensem nas variações do terreno, que prestem atenção aos detalhes das construções, da vegetação ao redor, às pessoas e aos animais que circulariam por aquele espaço. Pedir que se concentrem também na interação entre as pessoas e nas interações entre elas e o espaço. Vale lembrar que a forma como alguém vê determinado cenário (no caso, o engenho) pode ser influenciada pelo seu estado de ânimo. Por exemplo, o filho pequeno de um senhor que estivesse correndo pelo engenho poderia achar maravilhoso que o dia estivesse ensolarado e enxergasse espaços para brincar, correr e se esconder, enquanto o mesmo dia ensolarado poderia significar um calor insuportável para as pessoas escravizadas que estavam trabalhando. Estabelecer a segunda metade do tempo da aula para a escrita do texto.

Aula 2Nesta aula, devolver as produções escritas dos alunos acompanhadas de

um comentário geral sobre o conteúdo e o empenho da turma na realização da atividade.

Depois, apresentar aos alunos o conceito de desenho arqueológico. Trata-se de um desenho de caráter técnico que é usado como registro visual de achados arqueológicos. Nem sempre, por diversas razões, é possível fazer um registro fotográfico de um achado arqueológico, e certas informações (por exemplo, as dimensões ou as secções de um objeto) não podem ser obtidas

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apenas por meio da fotografia. No entanto, sempre são feitos desenhos arqueológicos durante as pesquisas de campo. O desenho arqueológico é feito dentro de determinadas convenções, pois é usado tanto para fins de registro quanto de classificação e catalogação. Os desenhos arqueológicos costumam ser classificados em desenho de materiais e desenho de campo, cada um atendendo a determinadas convenções. O primeiro é um registro visual de determinado objeto e deve fornecer informações relacionadas à forma e às dimensões do objeto, suas secções, o material do qual é feito (por exemplo, se trata de uma cerâmica ou de um objeto de metal); e o segundo é usado para compreender os níveis estratigráficos e as estruturas em um sítio arqueológico. O desenho de campo nos permite fazer, por exemplo, reconstituições de estruturas arquitetônicas que se encontram em ruínas e é feito por meio de plantas e perfis estratigráficos. Essa apresentação deve durar um terço do tempo da aula.

VladisChern/Shutterstock.com

Desenho arqueológico de ruínas de templo na Grécia. Com base nos conceitos de desenho arqueológico, de materiais e de

campo, pedir aos alunos que façam desenhos arqueológicos com base em fotografias e vídeos do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos. Se for possível, projetar, para que toda a turma veja.

Aula 3Nesta aula, a turma deve se organizar para realizar uma exposição dos

trabalhos, tanto os textos quanto os desenhos arqueológicos. Sugere-se fazer

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uma roda de conversa para que todos os alunos opinem sobre qual é a melhor forma de montar essa exposição e quem eles gostariam de convidar, alunos de outras turmas, pais e familiares etc. A discussão deve durar um terço do tempo da aula, e o restante do tempo deve ser dedicado à montagem da exposição. Se possível, fazer registros fotográficos e audiovisuais da preparação e da exposição, compartilhando posteriormente com a comunidade escolar.

Avaliação Participação em sala de aula (assiduidade e interação). Elaboração de redação. Criação de desenhos arqueológicos. Organização de exposição dos textos e desenhos arqueológicos feitos durante

a sequência didática.Para auxiliar na avaliação, sugere-se a ficha e as questões a seguir.

Ficha para o professor

Nome do(a) aluno(a): ____________________________________________________________________________________1. Participou das discussões de maneira ativa? ( ) Sim. ( ) Não.

2. Elaborou a redação? ( ) Sim. ( ) Não.

3. Criou o desenho arqueológico? ( ) Sim. ( ) Não.

4. Participou da organização da exposição? ( ) Sim. ( ) Não.

1. De que maneira os senhores conseguiram o capital inicial para construir os primeiros engenhos na América portuguesa?

Resposta: O dinheiro que financiou a construção dos primeiros engenhos no Brasil foi obtido por meio de empréstimos de banqueiros holandeses, italianos e portugueses.2. A escravização dos africanos e o uso do seu trabalho nos engenhos de

açúcar se disseminaram pela colônia portuguesa na América, praticamente substituindo a escravização dos indígenas. Aponte um lugar do país onde continuou ocorrendo a escravização indígena.

Resposta: Capitania de São Vicente 1.

Ampliação CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA. Desenho de campo. Disponível em:

<http://www.camertola.pt/gabinetes/desenho>. Acesso em: 13 out. 21018. Informações sobre desenho de campo, um dos tipos de registro visual feitos em sítios arqueológicos.

COSTA, Sílvia. Desenho arqueológico. Disponível em: <http://silviacosta-desenhoarqueologico.blogspot.com/2010/08/desenho-de-estruturascampo.html>. Acesso em: 13 out. 2018. Blog da desenhista Sílvia Costa, com desenhos arqueológicos.

MONUMENTO NACIONAL RUÍNAS ENGENHO SÃO JORGE DOS ERASMOS. Disponível em: <http://www.engenho.prceu.usp.br/projetos/>. Acesso em: 11

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out. 2018. Site oficial do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.

PROJETO de restauro e adaptação do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, 12 jul. 2015. Duração: 12min56s. Disponível em: <https://youtu.be/OgtCgw8EU9c>. Acesso em: 13 out. 2018. Vídeo sobre o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.

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