pn 6486.03-5; ap: tc castro d’aire, 1.ºj (108/00) · (1) em 00.05.04, o prédio rústico, sito...
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PN 6486.03-5; Ap: Tc Castro D’Aire, 1.ºJ (108/00)
Ap.es:
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I – Introdução:
(a) Os ap.es discordaram da sentença que julgou improcedente o pedido que tinham
apresentado em Tribunal: (i) reconhecerem os RR que desde o nascer do sol, 24.09,
até ao pôr-do-sol, 29.09 , de cada ano têm os AA direito de utilizar como suas as
águas do de Fafiães e as águas que brotam dos prédios rústicos, Lameiro,
Touceiras, insc. mat. (Meã- Castro D’Aire), art.º 2828; de cultura e videiras, insc.
mat. (Parada – Castro D’Aire) art.º2702; (ii) a não impedirem por qualquer meio
que a totalidade das águas do sigam o seu curso, não as derivando com o
fim de tomarem parte das mesmas;(iii) a consentirem e acatarem que no referido
período de tempo os AA entrem naqueles prédios rústicos, tomem como suas as
águas do e as conduzam para o leito do mesmo e, por meio deste, para os
prédios que na margem lhes pertencem.
(b) Naturalmente, discord aram também do vencimento que fez o pedido
reconvencional: (i) reconhecerem os AA e respeitarem o legitimo direito de
propriedade dos primeiros RR ao seu prédio rústico Lameiro;(ii) reconhecerem e
respeitarem o legitimo direito de propriedade destes à sua nascente de água e água
que dela provém nascida no dito prédio; (iii) reconhecerem e respeitarem o
legitimo direito de propriedade dos segundos e terceiros RR a toda a água da
nascente do prédio rústico de cultura e videiras; (iv) absterem-se de jamais criarem
obstáculos ao natural exercício desses direitos pelos reconvintes
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(c) Da sentença recorrida:
(1) As águas que nascem em terrenos baldios, como é o caso, não são susceptíveis
de actos de posse, não só porque a lei comina com a nulidade os actos de posse
sobre baldios, e não faria sentido que já pudesse haver actos de posse sobre
outros bens, ainda que imóveis, que nasçam em baldios, uma vez que o
objectivo da lei é o de manter sempre no domínio dos compartes o uso de
todas as vantagens que o baldio possa fornecer;
(2) Como argumento em favor desta tese podemos ver a redacção dada ao art.º
39/3 da Lei 68/93, red. Lei 89/99, 30.07, onde o legislador se refere à
possibilidade de constituição de servidão de águas que não tenham origem [no
baldio], parece querer dizer que as águas que nele nasçam têm um regime
semelhante ao dos próprios baldios: entendemos não serem susceptíveis de
actos de poder que se manifeste quando alguém actue por forma
correspondente ao exercício de ... um direito real1;
(3) Por último, e com interesse para o caso, em face do disposto no art.º1386/1 a.
CC... para que as águas nascidas em prédio particular deixem de ter essa
natureza e passem a ser públicas é necessário que sejam abandonadas, e que
além disso, formem à saída daquele prédio, ou do prédio para onde foram
transportadas uma corrente que se dirija directa ou indirectamente para o
mar; se forem consumid as antes as águas continuam a ser particulares e a
pertencer ao dono d e onde provêm, sem prejuízo dos direitos que o art.º 1391
CC atribui aos proprietários inferiores2;
(4) Ora, neste caso está assente que os AA utilizam as águas dos terrenos
particulares depois destas se juntarem ao e, assim, nos termos da citada
disposição legal passaram a ter a mesma natureza das águas fluviais;
(5) Assim tem a acção de improceder, mas procederá a reco nvenção, porque as
águas que nascem nos prédios dos RR, que os adquiriram por usucapião, são
particulares, pertencendo-lhes enquanto não se lançarem em correntes
públicas.
1 Citou Ac. RP, 95 .07.10, CJ (1995), IV, pp 176-180, embora considerando claramente que as águas que
nascem em baldios têm natu reza publica, nos termos do art.º1/5 Dec. 578 7 iiii.
2 Pires de Lima & Antunes Varela, Código Civil Anotado, III 2.ª ed, p 291.
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II – Cls/ Alegações:
(a) Provado ficou que os AA são donos dos prédios rústicos mencionados nos
autos;
(b) Provado ficou nomeadamente que o leito do de Fafiães, com origem no
lugar da Fonte Fria tem pequenos açudes, regos, levadas e talhadores feitos em
pedras e terra, que possibilitam a condução da águ a do dito para os
terrenos sitos em Fafiães, Meã, Sobrado, Sobreda, Vila e Laboncinho, os quais
foram construídos pelos antecessores desde tempos imemoriais, há mais de
150 anos, desde então tendo sido utilizados para rega dos ditos prédios;
(c) Os AA sempre usaram a dita água nessas circunstâncias à vista d e toda a gente
sem qualquer oposição e convictos de exercerem um direito próprio de não
lesarem interesses de terceiros;
(d) Entretanto, ficou provado também que o de Fafiães, tendo origem no
lugar de Fonte Fria, vai desaguar no rio ;
(e) Mas por incrível que pareça não foi dado como provado, quando deveria ter
sido, que o de Fafiães desagua na margem direita do rio ;
(f) E há dados mais que suficientes nos autos que pro vam terem entrado na posse
dos AA a água do de Fafiães, e também dos RR, porque estes regam os
seus campos com elas: há provas neste sentido tanto testemunhais como
documentais;
(g) Ora, a águ a que os primeiros RR possuem faz parte do caudal do de
Fafiães que lhes atravessa a propriedade;
(h) Mas caso assim se não entenda, a mesma água é propriedade dos mesmos AA
na época do Verão por estes a terem usucapido, pois pelos menos desde 1940
que também é escraviada por estes para o dito abaixo;
(i) A água do sítio d e Seixos, do mesmo modo, desde o ano de 1940 (entre S.
e S. Miguel) é escraviada abaixo para rega dos campos de Meã;
(j) Mas o Tribunal não valorou a prova testemunhal dos AA, sendo as
testemunhas no entanto elas próprias quem vão escraviar as águas para o
, com a finalidade de a seguir regarem os seus prédios;
(k) Por outro lado, o tribunal proferiu a sentença com base no DL 68/93, quando
deveria ter sido guiado pela norma do art,º1386 CC, dando como provado que
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as águas são particulares desde o nascer do sol do dia de S. ao pôr do sol
do dia de S. Miguel, conforme a prova documental e testemunhal;
(l) E caso assim não fosse entendido deveria ter julgado que as águas que nascem
no prédio dos primeiros RR e as que nascem n o terreno particular no limite
dos Seix os, no mesmo período, são propried ade dos AA: adquiriram-nas por
usucapião;
(m) Por fim, relativamente à água dos Seixos que nasce em terreno particular, a
decisão não está fundamentada, devendo ter um tratamento legal diferente do
da água do , mas parecendo que lhe foi dado idêntico tratamento: não se
trata de águas que poderiam ser públicas, pois que estas são de natureza
particular;
(n) Deve pois ser revogada a sentença recorrida de modo a que seja reconhecido
que as águas, quer as qu e são oriundas do de Fafiães, quer que nascem
no prédio rústico dos Seixos [e no prédio dos p rimeiros RR], no período entre
24.06 e 29.09 são p rop riedade dos AA, nos dias em que as usam para rega dos
seus prédios.
III – Contra Alegações:
(a) A situação de os AA serem donos dos seus prédios rústicos e de se terem
provado as características do leito do de Fafiães, com açudes, levadas e
talhadouros para a condução das suas águas para esses terrenos, e a sua
utilização para rega, nada relevará para pôr em crise a decisão recorrida, pelo
motivo de não se ter provado que as duas n ascentes de água dos reconvintes
pertencessem ou fizessem parte ou captassem ou diminuíssem ou
interceptassem de qualquer modo ou forma a água desse ou de qualquer outro
;
(b) E será até compreensível e natural que o tribunal não tivesse valorado a prova
das testemunhas dos AA, todos os depoentes interessados e consortes nas
águas do de Fafiães; pelo contrário, deu como provada a sua utilização,
só que não podia ter sido dado como provado que as duas nascentes
particulares dos reconvintes fossem de alguma forma utilizadas pelos
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recorrentes ou fizessem parte do de Fafiães ou de qualquer outro,
porque isso é falso e se não provou;
(c) Ao invés, a prova da sua natureza particular e da exclusiva utilização e da
propriedade dos reconvintes foi inequívoca;
(d) Por outro lado, refira-se que as águas do de Fafiães não são águas
particulares, e se os recorrentes defendem a aquisição delas por pré-ocupação
estão implicitamente a confessar o carácter público das mesmas águas,
designadamente no período de tempo em que não as utilizam;
(e) Contudo, aos recorridos não interessa pugnar pelas águas do de Fafiães
ou dos Seixos, a s interessa defender as duas nascentes de águas bem
dentro dos seus dois prédios, e que nada têm a ver, repete-se, com esses
s, conforme a sentença de primeira instância reconheceu e decidiu;
(f) Os recorrentes nas últimas alíneas das conclusões do seu recurso pretendem
até criar a confusão, chegando ao ponto de dizer, infundadamente que o
dos Seixos nasce em terreno particular e que teve um tratamento legal
diferente do de Fafiães, dizendo ainda sempre sem qualquer
fundamento sério e válido que se trata em ambos os casos de águas
particulares deles;
(g) Mas não chega sequer a fazer sentido o próprio pedido dos recorrentes, que
teimam em querer confundir as águas particulares das duas nascentes dos dois
terrenos dos reconvintes com as águas que dizem escraviar dos s;
(h) Quanto às restantes alegações dos recorrentes ou pecam por manifestamente
falsas ou por inócuas;
(i) Assim os recorrentes não têm qualquer fundamento sério para pôr em causa a
decisão recorrida.
IV – Matéria assente:
(1) Em 00.05.04, o prédio rústico, sito nos Seixos, composto de cultura com 310
videiras, que confronta do N com caminho de de , do
Nasc. e S com e , e do Po. com da , estava
insc. RF Castro D’Aire sob art.º matr. 2702, Parada, em nome de
e da na proporção de 2/3 e 1/3 respectivamente;
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(2) Em 00.05.04, o Lameiro que confronta a N com de , a nasc.
com de , a S com Junta de Freguesia e a Po com
e caminho, encontrava-se insc. RF Castro D’Aire sob o art.º matr.
2828, Parada, em nome de .
(3) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Salbom, composto de cultura co m 85
videiras, pastagem, um castanheiro e pinhal, confronta do N com de
, do Nasc. com , do S com limite do concelho, e do Po
com , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr. 199,
Parada de , em nome de da ;
(4) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Cavada, composto de cultura com 46
videiras e 6 oliveiras, que confronta do N com caminho, do Nasc. com
, do S com , e do Po com caminho,
encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr. 766, Parada de ,
em nome de ;
(5) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito nos Seixos, composto de cultura com 122
videiras e 10 oliveiras, que confronta do N com caminho, do Nasc. com Ana
da , do S com , e do Po com
, encontrava-se insc. RF Castro D’aire, so bre o art.º matr. 991, Par ada
de , em nome de ;
(6) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na , composto de pastagem, com14
oliveiras, que confronta do N com da , do Nasc.
com da , do S com , e do Po
com da , encontrava-se insc. RF Castro D’aire,
sobre o art.º matr. 1164, Parada de , em nome de ;
(7) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Terra Nova, composto de pastagem,
com 10 oliveiras e 25 videiras, que confronta d o N com caminho, do Nasc.
com , h erd. do S co m , e do
Po com caminho, encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr. 904,
Parada de , em nome de ;
(8) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Seix o, composto de cultura, com 26
videiras, que confronta do N com da , do Nasc. com
, do S com , e do Po com
de , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.996, Parada
de , em nome de ;
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(9) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Várzea, composto de pastagem com 15
videiras e com 9 oliveiras, que confronta do N com ,
do Nasc. com caminho, do S com caminho, e do Po com caminho, encontrava-
se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr. 269, Parada de , em nome de
de ;
(10) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na tapada, composto de cultura com
25 videiras, qu e confronta do N com d e do Nasc.
com de , do S com de , e do Po
com de , encontrava-se insc. RF Castro D’ aire, sobre o
art.º matr.239, Parada de , em nome de ;
(11) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito nos Aido, composto de cultura com
13 videiras e 3 oliveiras, que confronta do N com , do Nasc. com
de e outros , do S com Isidro , e d o Po
com , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o
art.º matr. 481, Parada de , em nome de ;
(12) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito nos Miradoiro, composto de cultura
com 22 videiras, que confronta do N , do Nasc. com
, do S com de , e do Po
com , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º
matr.756, Parada de , em nome de de ;
(13) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Porto do Rio, composto de cultura
com 36 videiras e 2 oliveiras, que confronta do N com da
, do Nasc. idem, do S com , e do Po com caminho,
encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.644, Parada de ,
em nome de ;
(14) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Tapadinho, composto de cultura
com 11 videiras, que confronta do N com rego, do Nasc. com de
, do S com caminho, e do Po com caminho, encontrava-se insc. RF
Castro D’aire, sobre o art.º matr. 879, Parada de , em nome de
de ;
(15) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Alto de Cima, composto de
pastagem, com 2 oliveiras e 10 videiras, que confronta do N com Junta de
Freguesia, do Nasc. com , do S com , e do
8
Po com de , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o
art.º matr.165, Parada de , em nome de ;
(16) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Vale do Pereiro, composto de
cultura com 15 videiras e 1 oliveira, que confronta do N com
, do Nasc. com da , do S com de
e do Po com , encontrava-se insc. RF
Castro D’aire, sobre o art.º matr. 958, Parada de , em nome de
;
(17) Em 00.04.20, o prédio r ústico, sito na Berraria, composto de pastagem,
com 8 oliveiras e 42 videiras, que confronta do N com
e outros, do Nasc. com caminho, do S com caminho, e do Po com
caminho, encontr ava-se insc. RF Castro D’aire, so bre o art.º matr.1045, Parada
de , em nome de de ;
(18) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Sorrego de Cima, composto de
cultura com 30 videiras e 30 oliveiras, que co nfronta do N com
de , do Nasc. com de , do S com
caminho, e do Po com rego, encontrava-se insc. R F Castro D’aire, sobre o art.º
matr. 791, Parada de , em nome de da ;
(19) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Alqueivo, composto de cultura
com 114 videiras e pastagem, que confronta do N com
, do Nasc. com de da , do S com
e do Po com , encontrava-se insc. RF Castro D’aire,
sobre o art.º matr.1030, Parada de , em nome de de
(20) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Casa da Eira, composto de
pastagem, com 2 oliveiras, que confronta do N com , do Nasc.
Com , do S com caminho, e do Po com
, encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.451, Parada de
, em nome de da ;
(21) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Murjal, composto de cultura com
30 videiras e 4 oliveir as, que confronta do N com de , do
Nasc. com , do S com e outro e do
Po com caminho, encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.338,
Parada de , em nome de ;
9
(22) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Sorrego de Cima, composto de
cultura com 12 videiras, que confronta do N com ,
do Nasc. com , do S com caminho e do Po com
rego, encontr ava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.792, Parada de
, em nome de de ;
(23) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Aida, composto de cultura com
165 videiras, pastagem, 10 oliveiras, um castanheiro e um canastro, que
confronta do N com e outros, do Nasc. com da
, do S com de e do Po com caminho, encontrava-
se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.478, Parada de , em nome de
;
(24) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Ribeira, composto de cultura com
70 videiras, pastagem com 2 oliveiras, que confronta do N com
de e outro, do Nasc. com , do S com
, e do Po idem e outro, encontrava-se insc. RF
Castro D’aire, sobre o art.º matr.719, Parada de , em nome de
;
(25) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Seixo composto de cultura com
115 videiras, 4 oliveiras, que confronta do N com , do
Nasc. idem, do S com e outros, e do Po
, encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.1127,
Parada de , em nome de da ;
(26) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Gaieta, composto de pastagem,
com 15 videiras, que confronta do N com carreiro, do Nasc. idem, do S com
, e do Po com , encontrava-se insc. RF
Castro D’aire, sobre o art.º matr.588, Parada de , em nome de
;
(27) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Berraria composto de pastagem,
com 6 oliveiras e 6 videiras, pinhal, que confronta do N com um caminho, do
Nasc. com , do S com caminho, e do Po idem, encontrava-se
insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.1044, Parada de , em nome de
;
(28) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito nos Seixos composto de pastagem,
com 6 oliveiras e 30 videiras, mato e dois sobreiros, que confronta do N com
10
, do Nasc. Com , do S com de
, e do Po com caminho, encontrava-se insc. RF Castro D’aire,
sobre o art.º matr.1109, Parada de , em nome de ;
(29) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Gaieta, composto de cultura com
25b videiras e fruteira, que confronta do N com , do Nasc. com
de , do S com , e do Po com
, encontrava-se insc. RF Castro D’Aire, sobre o art.º
matr.573, Parada de , em nome de ;
(30) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Tapadinho composto de cultura
com 40 videiras, 2 oliveiras, que confronta do N com carreiro e caminho, do
Nasc . de , do S com da , e do Po
e outro, encontrava-se insc. RF C astro D’aire, sobre o
art.º matr.634, Parada de , em nome de de ;
(31) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Lomba composto de cultura com
75 videiras, 4 oliveiras, que confronta do N com e
outros, do Nasc. caminho, do S idem, e do Po de e
outro, encontrav a-se insc. RF Castro D’aire, sob re o art.º matr.670, Parada de
, em nome de ;
(32) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Soeiro composto de cultura com
37 videiras, 4 oliveiras e pastagens que confronta do N com
, do Nasc. , do S com e
outros, e do Po com de e outro, encontrava-se insc. RF
Castro D’aire, sobr e o art.º matr.739, Parada de , em nome de
;
(33) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Covelo composto de cultura com
14 videiras, que confronta do N com , do Nasc. de
, do S com , e do Po com , encontrava-
se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.699, Parada de , em nome de
;
(34) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Cepa composto de cultura com 30
videiras, 3 oliveiras, que confronta do N com caminho, do Nasc. de
do S com da Fonte, e do Po de
e outros , encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º
matr.805, Parada de , em nome de Ilda de ;
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(35) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Alqueive composto de cultura com
48 videiras, que confronta do N com , do Nasc.com
, do S com , e do Po idem, encontrava-se insc.
RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.1025 Parada de , em nome de
;
(36) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito no Peso composto de cultura com 20
videiras e 10 oliveiras, que confronta do N com caminho, do Nasc. Benjamim
, do S com , e do Po com rego , encontrava-
se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.919, Parada de , em nome de
;
(37) Em 00.04.20, o prédio rústico, sito na Gaieta, composto de cultura com
150 videiras e 1 citrino, que confronta do N com
, do Nasc. com carreiro e rego, do S com , e do Po idem,
encontrava-se insc. RF Castro D’aire, sobre o art.º matr.574, Parada de ,
em nome de ;
(38) faleceu em 76.10.03, Parada Castro D’Aire;
(39) da faleceu em 93.04.28, Parada de , Castro D’Aire;
(40) O prédio (2) é utilizado pelos primeiros RR;
(41) Em 00.12.27, CN S.P. do Sul, por escritura pública, da ,
da , da , da ,
e , declararam os três
primeiros: pela presente vendem aos demais, pelo preço já recebido de 120
contos toda a água existente numa nascente situada junto à parede de suporte,
em pedra solta, no penúltimo socalco, no sentido N/S do prédio dos
vendedores, rústico, culto denominado Seixos com a área de 2760 m2, sito nos
limites do lugar do Laboncinho inscrito na matriz sob o art. 2702, descrito na
conservatória do registo predial de Castro D’Aire sob o n. 289 da Freguesia
de Parada de , os demais declararam: aceitam esta venda.
(42) Nascem águas na vertente Sul da Serra do Montemuro dos montes
baldios da Fonte Fria, a cerca de 2,3 km de Fafiães, Laboncinho, Meã, Parada,
Castro d’Aire.
(43) Formam pequenas linhas de água e depois corrente de reduzido caudal,
descendo a vertente da Serra.
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(44) Atravessam e banham prédios rústicos dos lugares de Laboncinho e Meã.
(45) Este recebe águas de nascentes públicas da dita serra, e outras que
nascem em terrenos particulares.
(46) O tem um leito íngreme com largur a e profundidade variáveis,
mas que vai alargando à medida que vai descendo a serra.
(47) Pedras e pen edos pontuam o seu percurso.
(48) Não é possível nele n avegar de barco.
(49) E é conhecido como de Fafiães.
(50) No leito do mesmo existem pequenos açudes, represas, regos, levadas,
talhadouros, feitos em pedra e torrões.
(51) Estruturas que possibilitam a condução da água do dito para o
terrenos situados em Fafiães, Meã, Sobreda, Sobrado, Vila e Laboncinho.
(52) As quais foram construídas pelos antecessores dos autores desde tempos
imemoriais, há mais de 150 anos.
(53) Desde então têm sido utilizadas para r ega dos ditos prédios.
(54) À vista de toda a gente.
(55) Sem qualquer oposição.
(56) Na convicção de exercerem um direito próprio.
(57) E de não lesarem interesses de terceiros.
(58) Desde há mais de 40 an os que os RR e seus antecessores respeitam o
direito as águas do dito dos AA e seus antecessores.
(59) Os primeiros RR , em data não d eterminad a, co nstruíram no prédio (2)
um reservatório para a água em blocos de cimento.
(60) A Sul do prédio (2) situa-se o prédio (1 ).
(61) Tal prédio é constituído por dois socalcos marginais a uma linha de água
que engrossa o caudal do de Fafiães.
(62) Nesse prédio nascem águas que são aproveitadas pelos RR: as sobras,
depois, vão alimentar aquela linha de água.
(63) Isto apesar de durante alguns anos terem sido encanadas por meio de uma
vala construída em pedra e com cerca d e 5 a 6 metros de comprimento.
(64) Antes disso, já essas águas marginais, que engrossam o de
Fafiães, eram aproveitadas pelos AA, e seus antecessores desde há mais de
150 anos.
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(65) Na convicção de que tais água lhes pertenciam por fazerem parte do
caudal do .
(66) Os segundos e terceiros RR construíram no prédio (1) um depósito em
blocos.
(67) As águas do de Fafiães, no período compreendido entre o pôr do
sol de S. Miguel, 24.06, e o nascer do sol de S. , 29.09, seguinte são
usadas na merugem dos terrenos de pasto e feno bravo, em Meã, Sobreda,
Sobrado, Vila e Laboncinho.
(68) O quais são atr avessados ou banhados por elas.
(69) E no período compreendido entre o nascer do sol de s. e o pôr do sol
de S. Miguel, são usadas na rega dos terrenos de cultivo dos lugares de
Fafiães, Sobreda, Sobrado, Vila, Laboncinho e Meã.
(70) As ditas águas encontram-se divididas pelos AA e seus antecessores em
horas e minutos.
(71) E estes sempre respeitaram tal divisão.
(72) Desde há mais de 150 an os, ano após ano.
(73) A vista de toda a gente.
(74) Sem oposição de ningu ém.
(75) Na convicção de exercerem um direito próprio.
(76) E de não lesarem interesses alheios.
(77) A A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (4).
(78) Os AA. ão e mulher por si e seu s antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (7).
(79) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da forma
descrita a dita água no prédio (8).
(80) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (9 e 10).
(81) O A. por si e seus antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (11).
(82) A A. por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (12).
(83) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (13).
14
(84) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (14).
(85) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (16).
(86) O A. de por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (17).
(87) O A. Oscar da por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (18).
(88) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (19).
(89) O A. da por si e seus antecessores sempr e utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (20).
(90) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da forma
descrita a dita água no prédio (21).
(91) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (22).
(92) O A. por si e seus antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (23).
(93) O A. por si e seus antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (24).
(94) O A. da por si e seus antecessores sempre utilizou da forma
descrita a dita água no prédio (25).
(95) A A. por si e seus antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (26).
(96) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da forma
descrita a dita água no prédio (27).
(97) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (28).
(98) O A. por si e seus antecessores sempre
utilizou da forma descrita a dita água no prédio (29).
(99) O A. de por si e seus antecessores sempr e utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (30).
(100) Os AA. por si e seus antecessores sempre utilizou da forma descrita a
dita água no prédio (31).
15
(101) O A. de por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (32).
(102) A A. Ana de por si e seus antecessores
sempre utilizou da forma descrita a dita água no prédio (33).
(103) O A. da por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (34).
(104) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (35).
(105) O A. da por si e seus antecessores sempre utilizou
da forma descrita a dita água no prédio (36).
(106) O A. por si e seus antecessores sempre utilizou da
forma descrita a dita água no prédio (37).
(107) Desde há mais de 50 ano s que os AA por si e seus antecessores cultivam
milho, centeio, batata, colhem azeitona e uvas, lavram, regam, apascentam os
gados, cortam o feno e a erva, respectivamente nos ditos prédios.
(108) A vista de toda a gente.
(109) sem oposição de nin guém.
(110) Continuamente.
(111) Na convicção de exerceram direitos próprios.
(112) O de Fafiães corre no sentido N/S e fora dos limites do prédio (2)
fazendo extrema com este pelos lados Sul e poente.
(113) E paralelamente ao mesmo.
(114) O reservatório que os RR nele construíram é qu adrangular com cer ca de
0,50 de lado e em blocos de cimento.
(115) Foi construído há cerca de 2 anos e tem capacidade de 30 litros.
(116) Situa-se na extrema nascente do prédio (2).
(117) E a cerca de 20 metros de distancia do de Fafiães, pela estrema
Sul, e a 50 metro da extrema poente.
(118) Tal reservatório é p ara depósito de águ a que nasce no dito prédio.
(119) Sendo a nascente junto à fraga de Nasc.
(120) Tal água é orientada por canos de plástico até ao dito depósito e daí
igualmente por canos até uma casa de habitação.
(121) Este reservatório dista 1, 5 m da dita nascente, p ara S. desta.
16
(122) Os primeiros RR por si e seus antecessores, há mais de 20 anos, que
utilizam como seu este prédio e a dita nascente e a água que dela provém.
(123) Regando com a água que provém de tal nascente o prédio em questão.
(124) E utilizando-a para consumo doméstico.
(125) No prédio apascentam gado, cortam lenha e feno.
(126) Fazem-no a vista de toda a gente.
(127) sem oposição de nin guém.
(128) Continuamente.
(129) Na convicção de exercerem um direito próprio.
(130) No prédio (1) ex iste uma nascente.
(131) A qual corr esponde à da água referida em 41.
(132) Desta nascente, subterraneamente, parte um rego no sentido N/S durante
cerca de 5,5 metros até que atinge outro muro em pedra do mesmo terreno.
(133) Muro este com cerca de 3 metros de altura, onde existe uma abertura ou
buraco bem visível.
(134) A água da nascente, quando era necessários regar o terreno do socalco
inferior, entrava pelo já referido rego até cair pelo buraco do socalco.
(135) Depois os segundos e terceiros RR. colocaram tubo de plástico de 1,5 cm
de diâmetro a partir d a dita nascente e no sentido Nasc./Po., na distância de 38
metros.
(136) E contíguo ao dito prédio construíram um reservatório em cimento
quadrangular com cerca de 1 metro de lado.
(137) Daí a água é conduzida por cano plástico a descoberto durante 5 metros,
subterrâneo no demais percurso até às casas de habitação deles RR.
(138) Numa distância de cerca de 1800 metros.
(139) Há mais de 20 anos que os ditos RR por si e seus antecessores utilizam
tal água.
(140) No prédio em questão p ara regar o milho, batata e feijão.
(141) Também para consumo d oméstico, nas casa d e habitação deles.
(142) Fizeram bueiros e talhadouros, colocaram canos.
(143) A vista de toda a gente.
(144) Sem oposição.
(145) Continuadamente.
(146) E na convicção de exercerem um direito próprio.
17
V – Recurso – foi julgado nos termos do art. 705CPC:
(a) As águas livres3, seja qual for o seu regime, público ou comunal são, na
verdade, inapropriáveis, segundo a natureza das coisas e a lei, aliás
abundantemente citada na decisão recorrida.
(b) Contudo, parece poder conter-se no p edido dos AA, ainda assim, o
reconhecimento de que, tratando-se aqui de águas comunais, terem, como
vizinhos, uma administração com poderes e regras definidas, ao menos
segundo costume imemorial.
(c) Nesta medida, em parte fariam vencimento, mas também é certo que os RR
nunca lhes negaram aquela faculdade de facto e de direito.
(d) Entretanto, a circunstância de administrarem auto-organizadamente as águas
do não lhe concede título, na verdade, para agregarem a essa
administração outras águas cujo regime jurídico se não identifique com a
comunalidade das águas que integram a linha fluvial.
(e) Esta é, enfim, abastecida e engrossada de várias proveniências,
nomeadamente a partir de águas baldias ou sobrantes que confluam no leito
do curso do .
(f) Mas as águas sobrantes, para serem adquiridas por usucapião, têm de sê-lo
com o intuito preciso de uma aprop riação real e não com a finalidade de tão
só as encaminhar para as linhas de água públicas ou comunais.
(g) Ora, o que ficou provado sugere a s este último aspecto do problema; por
conseguinte, o esforço dos recorrentes é baldado. Com efeito, e como
sustentam os recorridos o que verdadeiramente está em causa é a
propriedade das águas que ficou provado, sem protesto dos AA, nascerem nos
prédio rústicos dos RR, as quais a s sobrantes alimentam o curso de água
comunal, digamos assim.
(h) Por isso mesmo, aos RR confere a lei a faculdade de as aproveitar a bel
prazer deles e enquanto retirem ou possam retirar das mesmas a melhor
utilidade, qual seja a de as represarem e canalizarem para consumo
doméstico.
3 Linhas de água iniciadas algures e que, recolhendo afluentes, formam leitos, no s quais directa ou
indirectamente se conduzem ao mar, bordejando paisagens díspares e co ntinuadas vizinhanças.
18
(i) A menos que, por dano ecológico, algum regulamento os impeça... mas
estaríamos aqui no domínio de um litígio publicístico.
(j) Não se vê portanto como poderiam fazer valimento os argumentos das
conclusões da apelação.
(k) Tudo visto, e os arts. 1261, 1262, 1287, 1296, 1386 e 1391C C, foi a sentença
recorrida mantida inteiramente, despicienda a correcção anotada no início.
VI - Reclamação – nos termos do disposto no art. 700/3 CPC:
(a) Os AA alegaram na Pi que estão na posse da água d e Fafiães, para rega dos
seus terrenos desde o ano de 1832;
(b) Mas o tribunal fez disse tábua rasa e das provas juntas aos autos a propósito:
nem valorizou os depoimentos das testemunhas4 que em audiência disseram já
os seus pais, avós e bisavós terem regado com a água da ribeira, desde aquela
data;
(c) Por outro lado, ficou provado na audiência qu e os AA tinham adquirido o
direito aquela água por pré-ocupação, art. 1386/1. d CC: parece que isto, para
o tribunal, nada contou;
(d) Contudo, tanto uma como outra das circunstância de facto e de direito
apontadas são importantes para a decisão da causa: a água é propriedad e dos
AA, para rega dos seus campos, desde o S. ao S. Miguel;
(e) Por isso mesmo é que, desde a data de 1940, constante de do cumento junto nos
autos, e por escala, os moradores de Meã, Parada, Castro D´Aire, no período
referido, vão acima, abaixo, escraviar a água, para com ela
regarem os seus campos: a água que nasce no prédio dos RR está, deste modo,
na posse dos AA, pelo menos desde então, para aquele fim episódico;
(f) Fazem-no aind a hoje, lavradores, com a finalidade e o intuito preciso de uma
apropriação real, com consciência e profunda convicção d e naquele período do
ano a água lhes pertencer para rega das suas propriedades, das quais
sobrevivem;
4 Uma delas tem cerca de 80 anos de idade.
19
(g) E não o fazem com a finalidade de tão só as encaminhar para as linhas de água
públicas ou comunais, como é r eferido no d espacho reclamado: desígnio
absurdo e comportamento tonto, se assim fora;
(h) É que não está aqui em causa nenhuma água sobrante dos RR que alimente o
curso de água do , mas sim estão em causa as águas que co rrem po r um
leito, que nascem no lugar da Fonte Fria, e qu e atravessam os terreno dos
primeiros AA: são essas que a p artir do S. até ao S. Miguel são utilizadas
para a rega do milho, centeio, batata e outras culturas dos vizinhos, insiste-se,
desde o ano de 1832;
(i) Parece não ter sido dada qualquer relevância ou importância, pelo tribunal, a
estes factos, incluindo uma escala de trabalhos, organizada e elaborada pelos
moradores e proprietários das águas e terrenos, desde o ano de 1940;
(j) E ignorad a ainda assim qualquer importância a dar à sonegação pelo R.
Coriolano de uma certidão de antiga sentença com a partilha das águas em
questão, cuja mostrou no entanto a alguns dos AA;
(k) Ora, os recorrentes não põem em causa que nos prédios dos RR nasçam águas,
o que alegam é pertencerem-lhes muito embora: na época do S. ao S.
Miguel: são propriedade dos AA, porque as adquiriram por pré-ocupação e/ou
por usucapião, não a s as sobras, mas todas elas;
(l) Entretanto, a sentença recorrida limitou-se basicamente a aplicar a lei dos
baldios a este caso e não teve presente, que muito antes de ter sido publicada,
já os recorrentes eram possuidores e donos da dita água, há várias décadas5 ;
(m) Ademais, deve ter se presente que é esta água rega os campos dos agricultores
há muitos e muitos anos, e nunca ousou sequer limitar-lhes o caudal, ou pôr
em causa o seu direito, naquele período entre S. e S. Migu el: as d ecisões
até agora proferidas estão erradas, não trataram o problema convenientemente,
com o enquadramento legal correcto;
(n) O acórdão a proferir haverá de ser porém uma decisão justa, sã e convincente.
VII - Resposta: não houve.
VIII – Decisão intercalar:
20
(a) Segundo o princípio da unidade do ciclo hidrológico, a água é só uma, não
obstante a diversa situação e estado em que se encontre: a precipitação, a
infiltração, os escorrimento e a evapo ração das águas, super ficiais ou
subterrâneas, inter-relacionam-se na permanente renovação6.
(b) Por isso mesmo, não deixam os autores de reclamar reformas legislativas
consistindo na declaração da dominialidade da água, como tal afecta ao uso
público, inalienável e imprescritível7: da unidade do regime hidrológico
deveria derivar a unidade do regime jurídico das águas.
(c) Contudo, são esperadas ainda as reformas sucessivas, que a prática aconselhe
e determine, para elimin ar as distintas classificações jurídicas e a propriedade
privada das águas, tidos porventura em conta os direitos adquiridos pelos
particulares8.
(d) Na verdade, não foi posto em letra de lei o Código das Águas em que
trabalharam os peritos em paralelo com a Reforma de Abril do Código Civil e
esta, perante as novas fig uras de direitos reais e de modos de gestão que a Lei
Fundamental consagra[va] como a de posse útil, d e gestão... das comunidades
locais e autogestão, considerou ser cedo para tentar uma definição daqueles
novos institutos antes que resulta[ssem] clarificados pela própria experiência
vivida e por legislação especial que [viesse a] concretizar o seu conteúdo.
(e) Entretanto, no direito positivo português, como ensinou Marcello Caetano9,
foi adoptado o sistema da enumeração específica das coisas públicas, deixada
uma residual cláusula genérica: ...demais bens que estejam no uso directo ou
imediato do público.
5 As leis dos baldios são d e 1 976 e de 1993.
6 Vd. Peixoto, , O Ramo Aéreo do ciclo hidrológico, in Colectânea de Estudos Hidrológicos,
( Luís Abecassis, org.), Lisboa, 1974, p. 43: o ciclo hidrológico é uma sequência fechada de
fenómenos natura is em que o globo ced e à atmosfera ág ua no estad o de vapor, que depois lhe é
devolvida no estado líquido ou só lido, parcialmente retida na superfície, infiltrando-se no solo e
escoando-se donde passa novamente para a atmosfera no estado de va por [cit. Lo bo, Mário Tavarela,
Águas, Titularidade do Do mínio Hídrico, Coimbra Editora, 1985, p. 14, nota 17 ].
7 Lobo, Mário Tavarela, cit., p. 15.
8 Id. id.
9 Vd. Marcello Caetano, Manual de Direito Administrativo, 8ª ed., II, 1969, p. 847, nota 1.
21
(f) Deste modo, no conjunto das águas, este pensamento considera integradas no
domínio público as águas referidas no art. 49/2.3.4 Const.P.33, em conjugação
com os nºs 1 a 7 do art. 1 da Lei das Águas10.
(g) Por conseguinte, são do domínio hídrico dos concelhos e freguesias, as
nascentes que brotem em terrenos baldios e de logradouro comum municipal
ou paroquial, enquanto não transponham, abandonadas, os limites do baldio
ou do logradouro; ou as águas subterrâneas que nos mesmos terrenos
existam11, e reservatórios, fontes e poços construídos à custa do concelho ou
da freguesia12.
(h) Resta então, para o caso sub judice, o domínio hídrico privado, que o Código
Civil tratou a s na perspectiva d as águas particulares, art. 1386 13: constam
da enumeração taxativa deste preceito14.
10 Vd. Freitas do Amaral, Dio go, A Utilização do Domínio Público pelos Particulares, Lisboa, 1965, p.
13.
Lei das Águas
Artigo 1º
São do domínio púb lico :
1º. As águas salgadas das s, enseadas, baías, porto s artificiais, docas, fozes, rias, esteiros e seus
respectivos leitos, cais e praias, até onde alcançar o colo da máxima preamar de águas vivas;
2º. Os lagos, lagoas, canais, valas e correntes de água naveg áveis ou flutuáveis, com seus resp ectivos
leitos e margens;
3º. As va las e correntes de água não navegáveis nem flutuáveis bem como os respectivos leitos nos troços
em que atravessarem terrenos p úblicos, municipais ou de freguesia;
4º. Os lagos, lagoas e pântanos formados pela natu reza nesses terrenos e os circundados por diferentes
prédios particulares;
5º. As á guas nativas que brotarem em terrenos públicos, municipa is o u de freguesia, as águas pluvia is
que neles caírem, as qu e por eles correrem a bandonadas, e as águas subterrâneas que nos mesmos
terreno s existam;
6º. As águas das fontes públicas e as dos poços e reservatórios construído s à custa dos concelhos e
freguesias;
7º. As águas qu e nascerem em alg um prédio particular, do Estado ou dos corpos administrativos e as
pluviais que neles caírem, logo que umas e outras transponham, a ban don ada s, os limites dos resp ectivos
prédios, se forem lançar-se no mar ou em outras águas do domínio público.
11 Lei das Águas, art. 1/4.5, §1 (1919).
12 Lx. cit., art. 1/5.6, §1.
13 Não era esta a orientação do Código de Seabra que regulava todas as categorias de águas, públicas,
comuns e particulares, arts. 431 e 464; nem da Lei das Águas que se ocupou conjuntamente das águas
públicas e particulares: foi entendido não cab er no Código Civil, co mo corpo legal do direito privado, a
matéria das águas públicas; vd. Vaz Serra, Códig o Civil, Preâmbulo (proj.).
14 Art. 1386 CC
1. São particulares:
a) as águas que nascerem em prédio particular e as pluviais q ue nele caírem, en quanto não
transpuserem, abandonadas, o s limites do mesmo prédio ou daquele para onde o dono dele as tiver
conduzido, e ainda as que, u ltrapassando esses limites e correrem por prédios particulares, forem
consu mid as antes de se lançarem no mar ou em outra água pública;
b) as águas subterrâneas existentes em prédios particulares;
c) os lagos e lagoas existentes dentro de um prédio particular, qua ndo não sejam alimen tados por
corrente p ública;
d) as águas originariamente púb lica s que ten ham entrado no domínio p rivado até 21 de Março de
1868, por pré-ocupação, doação régia ou concessão;
22
(i) É suposta, pois, uma certa classificação das águas que inicialmente cristalizou
no Decreto nº8, de 1 de Dezembro de 1892: públicas, comuns e privadas;
vindo a ser alterada pela Lei das Águ as que as admitiu a s públicas ou
particulares; consonante, por fim, o Código Civil.
(j) Importa agora citar: entre nós têm-se atribuído predominantemente o mesmo
valor jurídico às palavras fonte e nascente compreendendo nelas as ág uas
que brotam em prédios particulares, enquanto não saem dos limites desse
prédio15.
(k) Mas o abandono da água corrente, maxime vazante, não é abandono do
direito à nascente: este assenta a s sobre uma intenção de renúncia à água.
(l) Entretanto, por águas subterrâneas, conceito que também nos pode interessar,
entende-se as que existem no subsolo a qualquer profundidade não aflorando
naturalmente à superfície: segundo o direito em vigor, têm, em princípio, a
natureza pública ou privada do terreno onde existam, públicas as dos terrenos
públicos; privadas as dos prédios particulares16.
(m) Contudo, a solução adoptada actualmente entre nós contém uma restrição:
licenciamento prévio para a abertura de poços e furos de captação de água17,
que releva da séria preocupação com os problemas graves da poluição química
e bacteriológica ou da progressiva salinização e ex austão dos aquíferos.
(n) Neste sistema, portanto , as águas subterrân eas permanecem de natureza
privada, não obstante a restrição em causa, mas em outros países de regime
misto, é facultado ao Estado integrar no domínio público quaisquer águas
privadas através da sua inscrição pura e simples numa lista oficial18.
(o) Finalmente, uma... solução encontra-se já fortemente generalizada em
numerosos países: a dominialidade integral dos recursos hídricos
e) as águas públicas concedid as perpetuamente para rega s ou melhoramentos agrícola s;
f) as águas subterrâneas existentes em terrenos públicos, municipais ou de freguesia , exploradas
mediante licença e destin adas a regas ou melhoramentos agrícolas.
2. Não estando fixado o volume das águas referidas nas a líneas d), e) e f) do nú mero anterior, entender -
se-á que há direito a s ao caudal necessário para o fim a que as mesmas se destinam.
15 Guilherme Moreira, I, p. 949; Cunha , III, p. 339.
16 Vd. Lobo, Mário Tavarela, op. cit., p. 51; acrescenta o autor: nos termo s do art. 1386.d.f. CC, passam a
particulares a s águas públicas aí mencionadas, independentemente d a natureza d o terreno onde nasçam.
17 Vd. art. 11/1, Lei 11/8 7, 07.04: todas as utilizaçõ es de água carecem de autorização prévia de entidade
competen te, devendo essa autorização ser acompanhada da d efin ição dos resp ectivos condicionamentos.
A solução tem raiz na salvaguard a das captações de agua destinadas ao abastecimento de Lisboa; vd.
Lobo, Mário Tavarela, As águas no direito civil portug uês e no d ireito comparado, sep. RDES XX, nº2,
p. 71, nota 148.
23
subterrâneos, escreveu um autor de referência nesta matéria19, ex pondo os
exemplos da Lei de 1964 húngara, da Lei das Águas checa de 1955, de Israel
de 1999; Lei das Águas de 3 de Agosto, do Japão, Lei dos Rios de 1964,
Canadá, Lei de 1906 e Lei das Águas de 1909, Marrocos (1919 e 1925),
Argélia, União Soviética, Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador
Explorado de 4 (17) de Janeiro de 1918, República Democrática Alemã, etc,
etc.
(p) Antes de mais... parece ser prudente ficarmo-nos (perante a súbita mudança de
alguns dos ordenamentos citados a que se tem assistido a partir de 1989) por
uma ideia geral, ancorada na oportuna imobilidade legislativa, de se
considerar privadas as águas subterrâneas, submetidas porém na sua
exploração a mecanismos mais ou menos apertados de condicionamentos
quanto a licenças, a distâncias, a profundidade dos furos20.
(q) Ainda assim, esta solução, que vem alicerçada na doutrina da água como um
acessório do prédio, não tenha hoje em dia, face aos progressos da ciência
hidrológica, uma razoável base científica: geólogos e engenheiros observam
que as águas subterrâneas se movem muito lentamente, como se constituíssem
um grande rio com um curso heterogéneo21..., não permanecendo
normalmente imobilizadas num aquífero22; estendem-se estes pelo subsolo de
vários prédios23.
18 Lobo, Mário Tavarela, Águas, Titularidade do domínio Hídrico, p. 5 2 e nota 42.
19 Id . id., p. 53.
20 Não obstante o art. 10/1 da Lei 11/87 , 07.04, Lei de Bases do Ambiente, se referir, sem mais distinções,
às categorias de águas interiores de superfície e águas interiores subterrâneas, estendendo-se o d iploma
aos leitos e margen s dos cursos de água de superfície, ...às zonas de infiltrações..., no cumprimento do
art. 51 do mesmo diploma (legislação complementar, obrigatória no prazo de 1 ano), não foi editado
nen hum diplo ma sobre o assunto; surgiu depois o DL 70/90, de 2 de Março, ao abrigo da autorização
legislativa concedid a pelo art. 1 da Lei 9 2/98, 12.09, que mantém a distinção domínio público hídrico e
domínio hídrico privado, parecendo contudo submetê-los aos mesmos princípios de administração,
nomeadamente ao do respeito pela bacia hidrográfica, conjuntos de bacias ou zo nas consideradas afins,
numa óptica de utilização da água, como un idades de planeamento e gestão .
21 Vd. Peixoto, , A p roblemática da água, in Colectânea de Estudos Hidrológicos (Abecassis,
Luís, org.), Lisbo a, 1974, p. 17.
22 Veloso, F. A. Castro, A Legislação sobre a Ág ua Subterrânea e a Fixação da Indemnização do
Proprietário e aos Titulares de Outros Direitos Reais Afectados, doc. TRB inédito, com vista à
nacionalização da água.
23 Abecassis, Luís, Aponta mento, doc. TRB Grupo de Trabalho para o Decénio Hidrológico
Internacional (1974).
24
(r) Em suma, é praticamente impossível definir, então, uma partilha equitativa
dos volumes que devam corresponder a cada prédio24.
(s) Mas, quanto a este tema, vistos os arts. 1348 e 1394 CC25, a faculdade
concedida ao proprietário de procurar águas subterrâneas no seu prédio, para
além de dependente dos regulamentos, vem acrescentada da noção de r essalva
dos direitos que terceiros hajam adquirido por título justo.
(t) Entenda-se: estes direitos de terceiro só se refer em, segundo a doutrina e a
jurisprudência, às circunstâncias e à arquitectura normativa de ter de ser
guardada nas escavações uma certa distância, porventura igual à profundidade
a escavar... como apontava o antigo direito.
(u) Agora, tendo presentes estes tópicos há-de reflectir-se sobre o regime jurídico
da ex ploração das águas subterrâneas nos tradicionais concebimentos, sejam
antigos ou modernos: (i) a doutrina romanista de Lobão26 sanciona o princípio
de liberdade de exploração subterrânea e foi consagrada no Código d e Seabra
e no art. 102 da Lei das Águas27; (ii) a doutrina de Guilherme Moreira e da
RLJ ensina que o direito do proprietário de explorar por qualquer forma
águas no seu prédio não é de modo algum limitado por quaisquer nascentes,
fontes ou aquedutos já existentes e que com essa exploração possam ser
prejudicados, mas sublinha: ao não poder ele apropriar -se das águas
superficiais pertencentes aos prédios vizinhos, deverá ser considerado
responsável pelos prejuízos causados através da derivação das águas já
nascentes ou corridas em prédios alheios, e através de poços, fossas ou valas
que abra; os autores dão enfim autonomia ao problema das infiltrações
provocadas por obra do homem (canos, tubos, perfurações...), qual problema
desembocou, na Revista, em admissão de este tipo de infiltrações poderem
afectar direitos de terceiro28; (iii) o passo em frente do modelo levado ao
24 Id ., id.
25 Corresponde ao art. 450 Código de Seabra e ao art. 102 da Lei das Águas.
26 Aut. cit., Dissertação sobre as Águas Su bterrân eas, §§1.3 e 4: qualquer prédio compreende todo o a r
perpendicular até ao céu e tudo o debaixo até aos infernos: ...pode qualquer no seu prédio abrir de novo
poço, ou fazer valado , ou mina pelo s quais cortando as veias das águas que irã o utilizar ao vizinho, o
privem delas.
27 Vd. Pires de Lima & Antunes Varela, Código Civil Anotado, 2ª ed., III, p. 324: não se a figura fácil
substituí-lo [ao princípio da liberdade de exploração de águas] por outro que harmonize, em termos
socialmente mais vantajosos, os interesses conflituantes dos proprietários.
28 Esta doutrina está expressamente consagrada no art. 1394/2 CC: sem prejuízo do disposto no art. 1396,
a diminuição do caudal de água pública ou particular, em consequência da exploração de água
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Codice Civile, segundo o qual se instituiu o respeito pelos direitos às águas
anteriormente usuf ruídas por outros proprietários29, garantidos através do que
a lei italiana dispõe para a conciliação de interesses opostos: suscitada
controvérsia entre proprietários a quem uma água não pública possa ser útil, a
autoridade judiciária deve valorar os interesses inter-relacionados de cada
qual, tendo em conta as vantagens advindas à agricultura ou à indústria,
através do uso a que a água é destinada ou pretendem destiná-la30.
(v) Ora, neste último ponto de vista deve ser realçado que tem em conta a
circunstância de a mesma água subterrânea poder interessar a proprietários
diversos, impedindo ou prejudicando, pode muito bem ser, a sua extracção de
determinado prédio, o exercício de igual direito pelo proprietário de outro:
deriva daí uma conciliação necessária de interesses em colisão, sob espécie de
interesses gerais, do cultivo agrícola ou do consumo produtivo.
(w) A jurisprudência e os autores portugueses têm preferido esta solução31, mas
não parece, à primeira vista, estar consagrada no regime estabelecido nos arts.
1348 e 1394 CC32: surgiram por isso sugestões, com vista a corrigir a doutrina
das infiltrações provocadas, no sentido de o autor da obra de lesão dos
interesses pré-existentes ser obrigado a repor o estado de coisas anterior ou
compelido à indemnização competente no caso de ter provocado alterações, ou
diminuição das águas de fontes públicas ou particulares.
(x ) Por outro lado, nem sempre é fácil distinguir as infiltrações naturais das
infiltrações provocadas, enquanto que, p.ex., estas últimas, resultado de um
artifício ou obra do homem, também não estão todas ref erenciadas com
nitidez, na lei, como violações de direitos d e terceiro: pode ser posto o
subterrânea, não constitui violação de direitos de terceiro, excepto se a captação se fizer por meio de
infiltrações provo cadas e não naturais.
29 Vd. Astuti, G., Aque Privati, in Enciplopedia d el Diritto, I, 1958, p. 397; Barassi e Barbero, cits. Ac.
RP, 83.11.15, CJ, Ano VIII, 5, p. 211.
30 Lobo, Mário Tavarela, cit., p. 63; vd. art. 91 2 C.Cv. italiano.
31 Vd. Par. PGR, 58/76, 76.07 .16, BMJ 263/70; Ac. RP, 83.11.15 cit.
32 Considere-se, todavia, também o disposto no já citad o art. 2, DL 70/90, 02.03: a administração do
domínio púb lico hídrico do Estado e do domínio hídrico privado rege-se pelos seguintes princípios: a)...;
b)...;
c) utilização racional d a água e protecção dos aquíferos, dos leitos e d as margen s, salva guardando
aspectos de qualidade e qua ntidade; d)...;
definição como um bem de consumo ou factor de produção estruturante do desenvolvimento, a que é
atribuído um valor e um custo.
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problema de somente d everem ser consideradas assim aquelas que af ectem
a s certos e determinados veios.
( y) No entanto, o Ac. RP, 83.11.15, cit., pronunciou-se sem hesitar: a proibição
de infiltrações provocadas em veios que corram em prédio vizinho, constante
do art. 1394/2 CC, sugere... idêntica ilegitimação do corte do veio que do
prédio próprio flui para o prédio vizinho, o que... se insere perfeitamente no
contexto da disposição genérica do nº133 do mesmo preceito, completando-a e
ilustrando-a.
(z) Reverificada, no entanto, a matéria dada como provada34, não há dúvidas que
as águas deste litígio não resultam de qualquer infiltração provocada pelos
RR , tendo-nos dito o tribunal, sem crítica dos AA aliás, que nascem nos
prédios deles, e que as construções se destinam a proveito próprio: regas e
consumo doméstico.
(aa) Por outro lado, nada na matéria provada, e porque essas circunstân cias
não foram sequer trazidas aos debates, nos indica tratar-se de uma utilização
anti-económica ou gravemente atentatória dos interesses da comunidade,
considerado, no limite, o impedimento ao abandono sobrante.
(bb) Enfim, nada indica que tenha havido qualquer abandono de água
corrente, sobeja, com intenção de renúncia à água, pelo que se não configura
aqui abandono do direito à nascente; nem foi dado como provado, para apoio
de uma apropriação usucapiativa, a existência de artefactos hidráulicos sob
ingerência dos AA nos prédios dos RR35
33 Vd. Lobo, Mário Tavarela, cit., p. 66: ...esta disposição legitima a pesquisa de águas subterrâneas em
prédio próprio, mas condiciona ndo -a amplamente a que não prejudique direitos q ue terceiro haja
adquirido por justo título, sem qualquer referência ao prédio em que esses d ireitos se localizem; na mesma ordem de ideias, os mais autorizados autores não fazem quaisquer restrições ou considerações
limitativas, parecendo admitir a violação de direitos de terceiro tanto numa como noutra das hipóteses,
vd. Pires de Lima, in Lições, p. 239; Pires de Lima & Antunes Varela, Código Civil Anotado cit., p. 294;
RLJ, Ano 77, p. 40 7; Guilherme Moreira, As Águas no Direito Civil Portugu ês, I, 2ª ed., p. 559 : ad mite a
responsabilidade pela derivação das [águas] que formam já nascentes ou cursos em prédios alh eios.
34 IV.(41)(60)(62)(112)(114)(118).
35 Esta nota era exigida também na Lei das Águas:
..................
Art. 99º.
O dono do p rédio onde h ouver alguma fonte ou nascente de água po de servir-se dela e dispor do seu uso
livremente, salvo o d ireito que algum terceiro tenha adquirido a esse uso por título justo.
§ único. Consid era-se título justo qualquer meio legítimo de adquirir os direitos imobiliários,
reconhecido pela lei civil. A prescrição, porêm, sómente será atendida para os efeitos d êsse artigo
quando, alêm dos demais requisitos exigidos na lei geral, seja acompanhada de construção de o bras no
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(cc) Não se vê, pois, porque razão haveria de pro ceder o recurso, devendo, em
princípio, ser mantida a decisão singular.
(dd) Por fim, também não v ai sem se dizer que as sentenças precedentes,
invocadas na minuta, não se debruçaram sobre feitos análogos, antes sobre
impedimentos do curso de águ a através de intervenções no leito da ribeira:
naturalmente levaram à procedência do pedido d e remoção36.
(ee) No entanto, o despacho singular não conheceu de uma questão que pode,
ainda assim, revelar-se essencial para a boa decisão: os recorrentes juntaram
com a minuta do recurso documento, que alegaram terem obtido depois do
encerramento dos debates (e os recorridos não os contrariaram), o q ual,
assente a circunstância, deve ser admitido: tratar-se-á de doação régia das
águas em disputa.
(ff) Muito embora, o texto do documento é de caligrafia hoje ilegível: admitindo-o
agora, art. 524/1 CPC, deve ser junta pelos AA, segundo o art. 541/1 do
mesmo diploma legal, uma cópia legível.
(gg) Por conseguinte, foi revogado, ao abrigo do disposto no art. 201/1 CPC,
o despacho reclamado, para que se seguisse o intercalar passo processual
acima referido.
IX – Interim:
(a) Os recorrentes acabaram por apresentar a leitura da cópia do documento que lhes
foi solicitado.
(b) Já os serviços da Torre do Tombo, na sequência de diligências oficiosas para
localizar qualquer eventual doação régia pertinente, tinham aludido à có pia não
como uma doação régia, mas designando-a sentença judicial.
(c) E tanto se confirma, tratando-se, porém, de várias peças d e um processo que
correu p elo julgado de Castro d’Aire e que, na fase do recurso, terminou por
acordo das partes envolvidas.
prédio onde existir a fonte ou nascente, de onde possa inferir-se o abandono d o primitivo direito do dono
do mesmo prédio.
36 Vd. V.(b )(c).
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X - Cumpre apreciar e decidir
(a) Em suma: foi caso, na verdade, de divisão de águas comunais e, como tal, o
litígio teve como objecto todas as águas nascidas para além de certas coordenadas
geográficas.
(b) Contudo, não se refere na causa qualquer doação régia e, evidentemente, com o
Código de Seabra, o regime das águas particulares derrogou o direito antigo, com
um novo conceito de bem comum, residual e remetida para os baldios a propriedade
dos fregueses.
(c) Desta forma, nada mais há a alterar ao que ficou decidido no despacho singular
inicial cujo texto, aqui, foi reproduzido, também, e mais amplamente fundamentado:
não há razão vencedora, pois, nos argumentos do recurso.
(d) Por isso mesmo, vai confirmada a sentença de 1ª instância.
XI – Custas: sem custas, neste passo, p or se tornar necessário à definitividade da
solução do caso, em 2.ª instância.
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