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PLANTAR Urucum coleçăo edição rev. e ampl.

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PLANTARUrucum

coleçăo

edição2ª

rev. e ampl.

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Amazônia OrientalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2009

A CULTURA DO URUCUM

2ª ediçãorevista e ampliada

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Coleção Plantar, 64

Produção editorial: Embrapa Informação TecnológicaCoordenação editorial: Fernando do Amaral Pereira

Mayara Rosa CarneiroLucilene Maria de Andrade

Supervisão editorial: Wesley José da RochaRevisão de texto: Corina Barra SoaresProjeto gráfico da coleção: Textonovo Editora e Serviços Editoriais Ltda.Editoração eletrônica e arte-final da capa: Carlos Eduardo Felice BarbeiroIlustração da capa: Álvaro Evandro X. Nunes

1a edição1a impressão (1994): 5.000 exemplares2a impressão (2004): 1.000 exemplares

Edição especial para o Fome Zero (2004): 1.000 exemplares

Edição especial para o ConvênioIncra/Fapd/Embrapa (2006): 1.000 exemplares

2ª edição1ª impressão (2009): 2.000 exemplares

Todos os direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

© Embrapa 2009

A cultura do urucum / Embrapa Amazônia Oriental. - 2. ed. rev. ampl. - Brasília, DF :Embrapa Informação Tecnológica, 2009.61 p. : il. ; 16 cm. - (Coleção Plantar, 64).

ISBN 978-85-7383-451-2

1. Comercialização. 2. Doença de planta. 3. Irrigação. 4. Praga de planta. 5.Variedade. I. Castro, Cleómenes Barbosa de. II. Martins, Carlos da Silva. III. Falesi, ÍtaloCláudio. IV. Nazaré, Raimunda Fátima Ribeiro de. V. Kato, Osvaldo Ryohei. VI. Benchimol,Ruth Linda. VII. Maués, Márcia Motta. VIII. Embrapa Amazônia Oriental. IX. Título.X. Coleção.

CDD 633.83

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Autores

Cleómenes Barbosa de CastroEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Agronomia,pesquisador aposentado da Embrapa Amazônia Oriental

Carlos da Silva MartinsEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Melhoramento Genético,pesquisador da Embrapa Amazônia [email protected]

Ítalo Cláudio FalesiEngenheiro agrônomo, B. S. em Agronomia,pesquisador da Embrapa Amazônia [email protected]

Raimunda Fátima Ribeiro de NazaréBioquímica, M. Sc. em Ciência e Tecnologia dos Alimentos,pesquisadora aposentada da Embrapa Amazônia Oriental

Osvaldo Ryohei KatoEngenheiro agrônomo, M. Sc. em Agronomia,pesquisador da Embrapa Amazônia [email protected]

Ruth Linda BenchimolEngenheira agrônoma, M. Sc. em Fitopatologia,pesquisadora da Embrapa Amazônia [email protected]

Márcia Motta MauésBióloga, D. Sc. em Ecologia, pesquisadora da EmbrapaAmazônia [email protected]

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Apresentação

Em formato de bolso, ilustrados e escritos emlinguagem objetiva, didática e simples, os títulos daColeção Plantar têm por público-alvo produtores rurais,estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa edemais interessados em resultados de pesquisa obtidos,testados e validados pela Embrapa.

Cada título desta coleção enfoca aspectos básicosrelacionados ao cultivo de, por exemplo, hortaliça,fruteira, planta medicinal, planta oleaginosa, condimentoe especiaria.

Editada pela Embrapa Informação Tecnológica,em parceria com as demais Unidades de Pesquisada Empresa, esta coleção integra a linha editorialTransferência de Tecnologia, cujo principal objetivo épreencher lacunas de informação técnico-científicaagropecuária direcionada ao pequeno produtor rural e,com isso, contribuir para o aumento da produção dealimentos de melhor qualidade, bem como para a geraçãode mais renda e mais emprego para os brasileiros.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

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Sumário

Introdução..............................................9

Características Gerais ............................. 14

Exigências Edafoclimáticas..................... 21

Tipos e Variedades.................................. 23

Produção de Mudas ............................... 26

Preparo da Área ...................................... 30

Coveamento e Plantio ............................. 30

Tratos Culturais....................................... 33

Controle de Pragas ................................. 38

Controle de Doenças .............................. 44

Colheita ................................................... 52

Beneficiamento ........................................ 53

Armazenamento ...................................... 57

Classificação ........................................... 59

Utilização do Urucumcomo Corante Natural............................. 59

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Introdução

O urucuzeiro é uma planta arbórea, de-nominada cientificamente de Bixa orellana L.,e pertence à família botânica Bixaceae.É originária da América Tropical. É umaplanta rústica, perene, de origem pré-colom-biana e pertence à flora amazônica. Podealcançar até 6 m de altura.

Possui um corante avermelhado, que éusado pelos indígenas tanto com aplicaçãomedicinal quanto como ornamento e proteçãocontra insetos, em forma de pintura sobre apele. A propósito, a palavra “urucu” é origináriado tupi uru-ku, que significa “vermelho”.

O corante, em forma de pó contido nafina camada do arilo, é conhecido no Brasilcomo colorau ou colorífico, e é muito usadona culinária, para realçar a cor dos alimentos,embora não possua aroma nem sabor. A bixina,

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que é o corante do urucum, age como fixadorda cor nos produtos comerciais. O corantetambém é empregado para fins industriais, naformulação de bebidas, na panificação e emoutras massas, em laticínios (como queijos),embutidos, cosméticos, tintas, como protetorsolar contra raios ultravioleta, entre outras.A coloração laranja ou avermelhada dos queijosde fabricação nacional indica, por exemplo, apresença do corante de urucum.

Sendo um produto natural, o corante deurucum não causa danos à saúde humana, aocontrário do que ocorre com os corantes artificiais,que são comprovadamente cancerígenos.

O urucum possui dois corantesprincipais: a bixina, de coloração vermelha esolúvel em óleo, e a norbixina, tambémdenominada orelhina, éster da bixina, decoloração amarela e solúvel em água. É aforma de solubilidade que determina a

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aplicação dos corantes do urucum. A bixina,por exemplo, sendo lipossolúvel, éempregada em laticínios, como margarina,queijos, manteiga, e em outros produtosoleosos; já a norbixina, sendo solúvel emágua, aplica-se ao fabrico de iogurtes,sorvetes, refrigerantes, cervejas e à formula-ção de alguns tipos de queijo. A bixina, apesarde ser carotenóide, não possui atividadevitamínica A; entretanto, é um dos corantesnaturais mais estáveis.

As sementes são compostas quimica-mente de 40 % a 45 % de celulose, de 3,5 % a5,2 % de açúcares, de 0,3 % a 0,9 % de óleoessencial, de 3 % de óleo fixo, de 4,5 % a5,5 % de pigmentos, de 13 % a 16 % deproteínas, além de alfa e betacarotenos.

A concentração de bixina na sementevaria conforme a localização geográfica dacultura, a altitude da área onde é explorada,

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as condições climáticas locais e o tipo ou avariedade da planta. A concentração de bixinana semente não está associada nem aoformato nem à coloração da cápsula, ou àpresença de espinhos flexíveis. É muito variá-vel a concentração de corantes nas sementes,oscilando entre 1,94 % e 5,5 %, ou, raramen-te, acima desse percentual.

Os resíduos do beneficiamento dascápsulas, principalmente as cascas, queficam trituradas, são usados como aduboorgânico, cobertura morta e componente deração animal.

A cultura do urucuzeiro é praticamentedestinada ao pequeno produtor familiar, quese beneficia da cultura do urucuzeiro paraaumentar sua renda doméstica anual.

É uma atividade agrícola de baixo custo,apresentando de média a alta produtividade.

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Porém, para ser financeiramente estável, aurucultura requer a organização dos produtoresem associações e/ou sindicatos, para fortalecera cadeia produtiva e assegurar o principal elodessa cadeia, que é a comercialização. O pro-dutor familiar também não pode prescindir deassistência técnica se quiser superar os obs-táculos que se apresentarem.

A importância econômica do corante dourucum, num mercado no qual corresponde a90 % dos corantes naturais, é favorecida pelaproibição de uso de inúmeros corantessintéticos na formulação de alimentos. Na Itália,por exemplo, não é permitido o uso de sinté-ticos. Nos Estados Unidos e nos países euro-peus, somente é permitido um pequeno elencode sintéticos, e sob a condição de deficiênciada oferta de corantes naturais.

A China, a Índia, o Peru, o Quênia etoda a África Tropical Úmida implementaram,na década de 1980, um programa de cultivo

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entre os produtores familiares, visando absor-ver, com esse produto natural, o mercado entãoocupado pelos pigmentos sintéticos paraalimentos. No Brasil, não há ainda uma produ-ção de corantes naturais suficiente para atenderuma eventual proibição do uso dos sintéticos.

Os pigmentos sintéticos podem provo-car uma série de danos à saúde, a exemplo devasoconstrição, alergia, disritmia, taquicardia;ademais, são comprovadamente cancerígenos.É que, não sendo corantes naturais, não sãoassimilados pelo organismo humano e muitomenos eliminados, acumulando-se no organis-mo humano e provocando doenças depois deum determinado período de ingestão.

Características Gerais

As folhas do urucuzeiro têm dimensãode média a grande, coloração verde-clara eflores hermafroditas de tonalidade rósea, com

Semente seca com casca

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abundância de estames. Os frutos são cápsulasdispostas em panículas, com espinhos flexí-veis, os quais revestem a casca do fruto. Suacoloração varia de vermelha, a mais comum, averde e laranja (Fig. 1).

As sementes são pequenas, revestidaspelo arilo, finíssima película que contém ocorante vermelho – a bixina –, principal apli-cação comercial do urucuzeiro. Cada cápsula,conforme o tipo ou a variedade, pode conterde 30 a 50 sementes vermelhas. As cápsulaspodem ser bicarpelares, as mais comuns,tricarpelares e, excepcionalmente, tetracar-pelares.

Em regiões chuvosas, o urucuzeirofloresce e frutifica durante o ano todo, sendo,porém, influenciado por variações climáticas.As flores dessa planta são hermafroditas(possuem órgãos reprodutores de ambos ossexos), abrem-se ao amanhecer e são poli-

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17Fig. 1. Frutos de urucuzeiro.

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nizadas por vibração causada pelos insetospolinizadores (Fig. 2).

As abelhas da família Anthophonidae(Xilocopa frontalis e Epichalis rustica),conhecidas por mamangavas, são os princi-pais agentes polinizadores (Fig. 3). Essasabelhas vivem em área de mata ou devegetação secundária; por isso, recomenda-se preservar esses ecossistemas localizadosnas proximidades do plantio.

O lançamento de flores ocorre depoisde 6 a 10 meses do plantio no local definitivo.A segunda floração se dará aproximadamenteentre 12 e 15 meses depois do estabelecimentodo cultivo. Com cerca de 90 dias da floração,as cápsulas estarão em condições de colheita.

A maturação dos frutos, da fecundaçãoaté a colheita, completa-se em cerca de 60 a80 dias.

19Fig. 2. Polinizador (Melipona rufiventris) em flor de urucuzeiro.

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20Fig. 3. Polinizador (Epichalis rustica) em flor de urucuzeiro.

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Exigências Edafoclimáticas

Conquanto o urucuzeiro seja cultivadoem todo o território nacional, as regiõesNorte e Nordeste são as mais propícias aoseu crescimento e a uma boa produtividade.

Clima

O urucuzeiro é uma planta heliófila,ou seja, seu estabelecimento tem de ser feitoa pleno sol.

As temperaturas para o cultivo devem,de preferência, oscilar entre 20 °C e 26 °C,com máximas de 36 °C a 38 °C e mínima de15 °C. Oscilação térmica acentuada doperíodo diurno para o noturno e ventos friosdurante a noite criam um ambiente desfa-vorável à fisiologia da planta, resultando emqueda considerável da produtividade.

A duração e a intensidade da lumino-sidade solar também interferem na fisiologia

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da planta, que requer, para um bom crescimentoe uma elevada produtividade, uma intensa eprolongada exposição à luz natural. Geadasprejudicam os cultivos.

O urucuzeiro prefere áreas onde aprecipitação pluvial oscile entre um mínimo de1.200 mm e um máximo de 3.000 mm, com aexistência de um período de estiagem de 3 ou4 meses, período indispensável à maturaçãodos frutos e ao seu beneficiamento.

Solo

As melhores condições edáficas para oplantio dessa bixácea são encontradas emsolos com perfil profundo, bem drenados, comtextura de média a argilosa, porém semcompactação. Solos muito argilosos e enchar-cados não são indicados para o cultivo.

Apesar da baixa exigência nutricional,a cultura desenvolve-se bem em solos nos

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quais os macro e os micronutrientes estejamequilibrados e principalmente o alumíniopermutável esteja neutralizado.

O estabelecimento de novos cultivosdeve ocupar, preferencialmente, áreas antro-pizadas, ou seja, aquelas que já foram desma-tadas, evitando-se, assim, novas derrubadas.Nessas áreas alteradas pelo homem, o terrenoé, ademais, fácil de ser preparado, fato quereduz consideravelmente os custos iniciaisdo cultivo.

Tipos e Variedades

Mesmo sendo considerada uma culturacíclica, ora motivando ora desmotivando oprodutor, o urucuzeiro ganhou da pesquisa,no decorrer dos últimos 20 anos, o lançamentonão só de tipos selecionados, como tambémde variedades com características genéticasdefinidas. Citam-se, entre esses, o tipo Piave

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Vermelha, um dos componentes principais dasvariedades criadas pela Embrapa AmazôniaOriental – BR-36 e BR-37 –, graças à boaprodutividade de sementes e, sobretudo, aoalto teor de bixina, da ordem de 5 %.

A pesquisa indica, como característicasgenotípicas de um bom tipo botânico ou deuma boa variedade: alto conteúdo de corantes,ou seja, acima de 2,5 % de bixina; boa produ-tividade de sementes por cápsula, que não sejainferior a 45 sementes; frutos preferencialmenteindeiscentes, ou seja, cuja cápsula não se abradurante o processo de maturação dos frutos;arbusto de porte baixo, para facilitar a colheitae as podas anuais; panículas (cachos) com umamédia de 25 cápsulas; e sementes que não sesoltem facilmente das cápsulas quando secas.

As cultivares Embrapa-36 (progênie0097) e Embrapa-37 (progênie 0108), criadasem 2001, são indicadas para o Estado do Pará.

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A Embrapa-36 é recomendada paraárea de terra firme, portanto, bem drenada, epara solos com classe textural que varie demédia a muito argilosa. A cultivar Embrapa-37também pode ser plantada em solos bemdrenados, profundos, permeáveis e comtextura suavemente argilosa ou até mesmoarenosa. Ambas não toleram, porém, enchar-camento.

A Embrapa-36 é de porte médio, alcan-çando até 1,63 m de altura. Suas frutificação ematuração ocorrem no período de maio adezembro. O teor de bixina oscila de 5,0 % a5,5 %, e apresenta rendimento mínimo de2,0 kg de sementes secas/planta/ano, consi-derando-se uma planta com 4 anos de idade.

A Embrapa-37 tem plantas de portemédio, com altura de 1,54 m. Suas floração ematuração ocorrem de maio a dezembro.O teor de bixina é idêntico ao da sua congê-

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nere, a Embrapa-36, com variação também de5 % a 5,5 % de bixina, mas com umaprodutividade média um pouco superior, ouseja, de 2,5 kg de sementes secas/planta/ano.

Produção de MudasA produção de mudas pode ser efetuada

pela via sexuada ou assexuada, respectiva-mente, por meio de formação de mudas eenxertia ou estaquia.

Na propagação sexuada, utilizam-sesementes colhidas de cápsulas maduras, bemconformadas e isentas de doença. Colocadasa secar a pleno sol, dessas cápsulas são retira-das as sementes maduras, que são deixadas àsombra, em ambiente ventilado. Um quilogramade sementes beneficiadas equivale aaproximadamente 20 mil mudas.

Em seguida, as sementes são colocadasde molho, em água à temperatura ambiente,

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por 24 horas, com o propósito de acelerar agerminação, bem como de eliminar as sementeschochas, inviáveis, que bóiam na superfície daágua. As sementes boas devem ser semeadasimediatamente, em sacos de plástico. Algunsprodutores, porém, semeiam de imediato, ouseja, logo depois da retirada das sementes dascápsulas, sem colocá-las de molho.

Semeadura em canteiro

Consiste em colocar as sementes paragerminar em canteiros de aproximadamente20 cm de altura, 100 cm de largura, compri-mento variável, cujo substrato é formado deterriço de mata ou de mistura de terriço comesterco de curral, na proporção de 3:1. A semea-dura é realizada em sulcos distanciados 10 cmentre si, e as sementes nunca são enterradasem uma profundidade superior a 1cm.

Esses canteiros são sombreados comfolhas de palmeiras ou sombrites. Depois da

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germinação, 14 a 20 dias depois da semeadura,é realizada a repicagem para sacos depolietileno preto, de 11 cm x 22 cm, ou de17 cm x 27 cm, com substrato semelhante aoda sementeira. Esses sacos são colocados emripados, protegidos da incidência direta dosraios solares e do impacto direto das chuvas,evitando-se, entretanto, o excesso de sombra.

Semeadura em saco de plástico

O segundo método é muito semelhanteao descrito anteriormente, porém a diferençaconsiste em realizar a semeadura, de três aquatro sementes, diretamente em saco depolietileno preto. Depois da germinação, é feitoo desbaste, que deixa a plântula mais vigorosa.

Tratos culturais

As mudas em formação, tanto noscanteiros quanto no viveiro, devem ser bem

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conduzidas, para assegurar um futuro plantiodefinitivo, observando os seguintes proce-dimentos:

Monda – A capina manual, periódica,é necessária para eliminar as plantas invaso-ras, que podem prejudicar o desenvolvi-mento das mudas.

Irrigação – A umidade é importantepara o bom crescimento das mudas, devendoa água ser fornecida diariamente. Mas não deveser excessiva, a fim de não prejudicá-las.

Adubação – Se necessário, fazer acada 15 dias uma pulverização com adubofoliar (NPK mais micronutrientes) nadosagem de 20 cm³, ou 20 g para cada 20 Lde água.

Controle fitossanitário – Até que asmudas sejam levadas para o local definitivo,

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deve-se efetuar uma fiscalização rigorosa,mantendo sob controle a incidência depragas e doenças.

Preparo da Área

Recomenda-se a sistematização da áreano final do período de estiagem, em locais jáutilizados pelos agricultores, e, portanto,desmatados, procedendo-se à semeadura noinício da época chuvosa, para assegurar omelhor pegamento das mudas e maiscrescimento vegetativo.

Coveamento e Plantio

O coveamento é uma operação impor-tante, uma vez que proporciona o crescimentomais rápido das raízes e, conseqüentemente,da parte aérea. A cova deve ter 40 cm nas trêsdimensões.

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Separa-se a primeira metade da terra dacova para um lado, e a segunda metade para outrolado, invertendo-as quando do enchimento. Antesde encher a cova, adicionam-se, à terra da partede cima, 6 L de esterco de curral bem curtido ou3 L de esterco de galinha. Quando o solo é debaixa fertilidade, acrescentam-se a essa adubaçãoorgânica 100 g de superfosfato triplo.

Caso a análise do solo revele a necessidadede calagem, esta será feita, no mínimo, com30 dias de antecedência da adubação.

Executa-se o plantio da muda no iníciodo período chuvoso, de 15 a 20 dias depois doenchimento da cova. Assenta-se a muda no centroda cova, depois de retirada do saco de plástico.

Espaçamento

Os espaçamentos adotados pelosagricultores variam conforme o objetivo do

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plantio, as características do solo, o tipo oua cultivar adotada.

São comuns os seguintes espaçamen-tos: 3,5 m x 4 m; 4 m x 4 m; 4 m x 4,5 m; 4 m x5 m; 5 m x 5 m. Entretanto, recomendam-se osespaçamentos de 7 m x 3 m ou de 7 m x 4 m,que permitem a mecanização e o cultivo inter-calar de espécies alimentares, como arroz,mandioca, milho, feijão, jerimum, melancia,quiabo, maxixe, além de espécies de ciclolongo, como maracujá e mamão.

Podem ser utilizados também para oestabelecimento de Sistemas Agroflorestais(SAFs), adotando-se espécies florestais, comomogno, mogno-africano, teca, pau-d’arco,Acacia mangium, paricá, entre outras.

Espaçamentos mais amplos, como oindicado, permitem também melhordesenvolvimento das plantas e aumento dafertilidade, o que resulta em maior rentabilidade.

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Tratos Culturais

Em qualquer cultivo agrícola, os tratosculturais são indispensáveis para se obteremplantas sadias e produtivas. Os comumenteempregados são: adubação, coroamento,cobertura morta, poda, controle de plantasdaninhas, de pragas e de doenças.

Adubação

O urucuzeiro é tido como planta rústica,que se adapta a qualquer tipo de solo e queprescinde de adubação, ou que pelo menosnão necessita regularmente dessa prática.

A adubação praticada pelo produtoré bastante variável. Uma prática bem comumé a utilização de formulações de NPK, como10-28-20, 18-18-18, ou similares, que sãofacilmente encontradas no comércio.Geralmente, são formulações utilizadas em

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outras culturas, como em algodão, pimenta-do-reino, seringueira, fruteiras regionais, entreoutras.

A adubação deve se basear na análisede fertilidade do solo. Em solos de média aalta fertilidade, o urucuzeiro exige quantidademínima de fertilizantes. Já nos solos de baixafertilidade, o uso de fertilizantes e corretivosé uma exigência. Nesse caso, o produtordeve consultar o técnico da região, parareceber orientação.

Na falta de informações técnicas sobrecomo fazer a adubação, o produtor poderáfazer a primeira 2 meses depois do transplanteda planta para o local definitivo; e a segunda,no início da frutificação. A referência básicaé proceder à aplicação de 160 g de uréia, de160 g de superfosfato triplo e de 200 g decloreto de potássio. No primeiro ano, aplica-se o correspondente a um terço dessas

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doses. No segundo ano, utiliza-se o equiva-lente a dois terços dessas dosagens. A partirdo terceiro ano de cultivo, aplica-se anual-mente aquela quantidade total. O adubo élançado dentro da projeção da copa dourucuzeiro.

Coroamento

O coroamento deve ser feito à enxada,e tendo-se o cuidado de não formar bacias emvolta da muda, o que propiciaria o acúmulo deágua durante o período chuvoso e, conseqüen-temente, o encharcamento e riscos de mortepara a planta.

Controle de plantas daninhas

O controle de plantas daninhas pode serfeito com o uso de herbicidas, aplicados entre8 e 9 meses depois do plantio do urucuzeiro,cuidando-se para evitar a queima das folhas.

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Cobertura morta

A prática da cobertura morta é feita apartir do início do período de estiagem, usando-se de preferência os resíduos orgânicos dobeneficiamento do urucuzeiro. Usam-se tambémoutros produtos residuais vegetais, como folha-gens secas de gramíneas, restos de culturas,serragem de madeira e palha de arroz curtida.

A cobertura morta é uma prática muitoimportante nos cultivos agrícolas, por promovervários benefícios, como: aumento da atividademicrobiológica do solo; incorporação denutrientes, principalmente de nitrogênio, graçasà decomposição da matéria orgânica; e controleda perda de água do solo pela incorporação econseqüente manutenção hídrica do solo.

Poda

A poda é considerada uma das prá-ticas rurais mais importantes na cultura do

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urucuzeiro, porque dela depende a produ-tividade dos frutos e, conseqüentemente, dosgrãos. Concorre para a formação da copa eestimula novas brotações. Atua também napreservação da planta contra o ataque depragas e doenças, além de facilitar a pene-tração de luz solar e a aeração, permitindo amelhor distribuição dos frutos, o que, enfim,facilita a colheita.

Adotam-se três tipos de poda: deformação, de limpeza e de produção.

Poda de formação – Consiste na reti-rada da brotação apical (ponteiro) parafacilitar a formação da copa, definindo ofuturo da produção da planta.

Poda de limpeza – Eliminam-se galhossecos, doentes, e principalmente os ramosparasitados pela erva-de-passarinho, principalresponsável pela queda de produtividade dourucuzeiro.

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Poda de produção – Deve ser praticadano final de cada colheita ou duas vezes ao ano,eliminando-se os ramos doentes e malfor-mados, reduzindo, assim, a altura das plantas.

As futuras colheitas dependem daeficiência da execução desse tipo de poda.Se forem feitas fora de época, o ciclofisiológico será alterado e dará origem a umafrutificação alternada durante o ano.

Decorridos 8 dias dessa poda, surgemos novos ramos, responsáveis pela formaçãode botões florais.

Controle de Pragas

A cultura do urucuzeiro é pouco atin-gida por insetos-praga que possam causargraves danos ao crescimento e à produti-vidade da planta. Entre os principais, citam-se os seguintes:

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Tripes – Selenothrips rubrocinctus –Este inseto ocorre geralmente na época daestiagem. Localiza-se na parte inferior das folhas,alimenta-se da seiva e provoca o aparecimentode manchas amareladas, que se transformamem pontuações escuras. Se o ataque for intenso,provocará a queda das folhas.

Ácaro-vermelho – Tetranichus sp. –Causa os mesmos danos que o tripes e tambémocorre na época seca.

Saúvas – Atta spp. – Estas formigas-cortadeiras provocam sérios danos, pordesfolharem as plantas, especialmente noprimeiro ano do plantio, e carregarem assementes dos frutos secos.

Pulgões – Aphidae – Atacam asfolhas novas, sugando a seiva e prejudicandoo crescimento vegetativo das plantas. Hátambém métodos alternativos para seu controle,

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utilizando-se a calda de fumo e o extrato detimbó, infusão que é preparada macerando-seas raízes em água.

Cochonilhas – Pseudocopus spp.,Planacocus spp., Pinnaspis spp. – Estespequenos insetos são encontrados na base dotronco, nos ramos e nas folhas, sugando a suaseiva e prejudicando o desenvolvimento daplanta. A forma feminina apresenta-se comopontuações brancas, enquanto a masculina,como escamas brancas.

Lagarta-de-mariposa – Noctuidae –O inseto adulto deposita seus ovos sobre osfrutos. Com a eclosão dos ovos, as larvascomeçam a se alimentar das sementes. Mesmonão provocando sua total destruição, deixamo fruto danificado, exposto à instalação demicrorganismos patogênicos (fungos).

Mosca-branca – Aleurodicus cocois,Aleurothrixus floccosus – Estes insetos

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causam danos diretos à planta ao se alimentaremda seiva, e sobretudo danos indiretos, porserem um vetor principal de diversos tipos devirose que diminuem o rendimento dos cultivos,além do que as substâncias açucaradas secre-tadas pelas ninfas dão lugar à instalação defungos, como a fumagina. É de difícil controle,por conta da sua alta capacidade reprodutiva,da resistência à maioria dos inseticidas e dosseus hábitos de vida (alojam-se no lado inferiordas folhas).

Chupão-das-cápsulas – Leptoglossusstigma – Ataca tanto os frutos novos quantoos maduros, perfurando-os e sugando-os(Fig. 4). Os frutos novos secam e morrem,enquanto os maduros ficam perfurados e suassementes expostas ao ataque de fungos.

Besouro-desfolhador – Compsussp. – Estes besouros roem as folhas, deixan-do-as com uma aparência rendilhada (Fig. 5).Atacam nas horas mais frescas do dia.

42Fig. 4. Chupão-das-cápsulas (Leptoglossus stigma).

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Fig. 5. Besouro-desfolhador (Compsus sp.).

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Antes de dar início ao controle daspragas, o agricultor deve verificar o nível dedano econômico causado por elas, isto é,deverá avaliar se o dano causado pela popu-lação de uma determinada praga compensa ocusto econômico que seu controle implicaria.

Não sendo possível fazer controlebiológico e/ou integrado, e considerando quenão há inseticidas registrados nos órgãos

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competentes para essa cultura, recomenda-se consultar um engenheiro agrônomoquando necessário.

Controle de Doenças

Oídio – O míldio-pulverulento (Oidiumbixae Viegas e Oidium sp.) é uma das doençasda cultura do urucuzeiro na Amazônia que maisprovocam danos econômicos, sendo tambémconhecida pelos nomes de mancha-branca,mancha-cinza, mofo-branco e oídio.

Essa doença inicia-se nas folhasjovens das partes mais baixa da planta,progredindo rapidamente para as partessuperiores da copa. Observam-se, em ambasas faces das folhas atacadas, colôniasfúngicas pulverulentas, constituídas demicélio e conídios do patógeno. As plantasafetadas sofrem desfolhamento, principal-

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mente na época mais chuvosa, ficandobastante debilitadas.

A remoção das folhas caídas duranteo ataque do patógeno na estação chuvosa ea poda dos ramos mais baixos da plantadurante os períodos mais secos são medidasde controle cultural que ajudam a reduzir aintensidade de ataque do oídio na próximaestação chuvosa. O controle poderá seriniciado quando cerca de 20 % das plantasapresentarem sintomas da doença. A pro-teção dos lançamentos novos em condiçõesde viveiro e no campo pode ser feita na épocade pós-frutificação e de colheita dos frutos,por meio de aplicações quinzenais e mensaisde enxofre molhável, dinocap e benomyl.

Queima-foliar – A queima foliar oumancha-de-alternaria é provocada pelo fungoAlternaria sp. Os sintomas iniciam-se por umaqueima foliar, que começa no ápice, conferindo

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uma coloração marrom ao tecido. Os danosprovocados por essa doença têm sido severos,principalmente depois da germinação dassementes, e continuam até quando as plantasatingem quatro a cinco folhas definitivas.Aplicações com fungicida à base de iprodione(0,2 % do produto comercial) em intervalossemanais têm se mostrado eficientes no controledessa doença.

Mancha-parda-das-folhas – A cer-cosporiose ou mancha-parda-das-folhas éprovocada pelo fungo Cercospora bixae, quecausa manchas circulares, cuja coloração variade marrom a cinza, com bordas púrpura ehalo amarelado, ocorrendo tanto em viveiroquanto em plantios definitivos. Durante operíodo mais chuvoso, essa doença podeocasionar desfolhamento intenso. Deve-seevitar, por isso, excessos de sombreamento ede umidade no viveiro, bem como se devediminuir a densidade de plantio.

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As medidas de controle preventivosão feitas por meio de podas e de outrostratos culturais recomendados para a cultura.Recomenda-se a aplicação de fungicidas àbase de benomyl (1 g/L), cobre (3 g/L) outiabendazol (1 g/L).

Antracnose ou ramulose – O agentecausal da antracnose é o fungo Colletotrichumgloeosporioides, de ocorrência bastante comumnos plantios de urucuzeiro com deficiênciasnutricionais. Observa-se, a princípio, a queimadas extremidades das folhas e dos ramos novos,que ficam quebradiços. Como conseqüência,observa-se um brotamento excessivo de ramoslaterais, motivo pelo qual essa doença tambémé conhecida como ramulose.

Como medida preventiva, devem serrealizados tratos culturais de rotina e aduba-ção equilibrada, bem como devem ser esco-lhidas plantas matrizes resistentes.

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Se a doença já se espalhou pelo plantio, ocontrole pode ser feito com aplicações, semanaisou quinzenais, de fungicidas à base de cobre, adepender da intensidade do ataque do patógeno.

Ferrugem – A ferrugem-do-urucuzeiroé provocada pelo fungo Uredo bixa, cujacaracterística é a formação de pústulas purpúrasobre a superfície das folhas. O tratamentopode ser feito por meio de fungicidas à basede cobre (3 g/L de ingrediente ativo), além detratos culturais adequados.

Mancha-de-alga – É causada pela algaCephaleuros virescens, que pode ser reconhe-cida pela presença de crostas circularespequenas, de coloração alaranjada, sobre asfolhas e os ramos. Em geral, a presença de algassignifica baixa condição nutricional das plantas.O controle é feito com fungicidas cúpricos a3 % (3 g/L de ingrediente ativo), além dos tratosculturais recomendados para a cultura.

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Fumagina – A fumagina caracteriza-se pelo revestimento das folhas e dos ramospor uma camada negra, resultante da espo-rulação do fungo Capnodium sp., o qual geral-mente está associado à presença de insetosconhecidos como cochonilhas. A aplicação deuma mistura de fungicida cúprico (3 g/L) +inseticida organofosforado a 1 % pode con-trolar essa doença.

Podridão-das-cápsulas – Provocadapor Fusarium sp., a podridão dos frutosmanifesta-se na forma de manchas necróticas,de forma e tamanho variáveis, sobre a superfíciedos frutos, cujas sementes se decompõem eficam recobertas por um micélio cotonoso(parecido com algodão), de cor branco-acinzentada, podendo ficar expostas atravésde rachaduras nos frutos mais afetados. Parao controle dessa doença, recomendam-se tratosculturais da cultura e aplicação de fungicidas àbase de benomyl ou tiabendazol (1g/L).

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Vassoura-de-bruxa – A espécieCrinipellis perniciosa é responsável por estadoença, a qual se caracteriza pela proliferaçãoanormal de brotos laterais, pela hipertrofia epelo inchamento da base dos ramos. Paracontrolar essa doença, podam-se os ramosafetados a 20 cm abaixo do ponto de incha-mento e evita-se o plantio em áreas próximas acacaueiros infestados com a doença.

Podridão-do-coleto – É tambémchamada podridão-basal-do-urucuzeiro,provocada pelo fungo Esclerotium rolfsii. Ossintomas são o amarelecimento e a murcha dasplantas, e a presença de sinais de patógenosna base do caule, na forma de um micéliobranco e espesso e de corpos esféricosmarrons, que são considerados formas deresistência do fungo.

O controle preventivo da podridão-do-coleto é feito evitando-se o sombreamento e a

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umidade em excesso no viveiro. O controlequímico se faz com o fungicida PCNB, naproporção de 30 g/m² a 50 g/m² de solo.

Tombamento-de-mudas – É umadoença de ocorrência comum em viveiros demudas de urucum. O fungo causador dessadoença é o Rhizoctonia solani, que provoca amurcha na base do caule, causando o tom-bamento da planta. O controle pode ser feitocom aplicações quinzenais com fungicidas àbase de cobre (3 g/L), alternadas com mancozeb(2 g/L), até o desaparecimento dos sintomas.

Erva-de-passarinho – Embora nãoseja considerada uma doença, a erva-de-passarinho (Loranthus sp.) é um parasita epífitados ramos de urucuzeiro, sendo consideradoum dos principais problemas para a cultura dourucuzeiro na Região Amazônica. A dispersãodas sementes é feita por pássaros do campo.

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Essas sementes possuem uma substânciaaderente que facilita a fixação nos ramos e aconseqüente germinação e posterior emissãode ramos e folhas. As raízes fixam-se forte-mente aos ramos, sugando a seiva da planta,que virá a morrer, caso não seja feito o controleadequado, que consiste no arranquio, tanto daplanta jovem quanto da adulta. Esse controledeve ser feito periodicamente, durante o ano.

Colheita

A produtividade do urucuzeiro ébastante variada e depende das condiçõesdo solo, da idade da planta, do tipo e dacultivar, e também dos tratos culturais empre-gados no decorrer do ano.

A partir da primeira frutificação, aprodução vai gradativamente aumentando,até o sexto ano, quando se considera estabi-

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lizada, desde que as práticas agrícolas reco-mendadas tenham sido bem feitas.

A produção esperada de um urucuzaladulto é de no mínimo 1.500 kg/ha de se-mentes secas.

As cápsulas surgem nas pontas dosramos, formando cachos ou racemos, os quaissão cortados a aproximadamente 20 cmabaixo do início das cápsulas. Nas colheitasdos cachos, utiliza-se ou tesoura de poda, oucanivete ou faca.

O ponto ideal da colheita é quandocomeça a secar a primeira cápsula em cada cacho.

Beneficiamento

Secagem dos frutos

Secam-se os frutos para reduzir o con-teúdo de umidade da semente até alcançar o

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percentual de 7 % a 10 %, valor aceitável parao armazenamento, a depender da época e daregião.

São empregados dois métodos parasecar as cápsulas: secagem natural e secagemartificial.

Secagem natural – Realiza-se pelaação direta dos raios solares sobre ascápsulas. Nesse processo, utiliza-se umterreiro com piso de cimento ou de asfalto,com cobertura de lona. Preferencialmente,deve-se utilizar uma superfície elevada paraa secagem das cápsulas, para evitar acontaminação das sementes por animais eaté mesmo pelo homem. As cápsulas sãoesparramadas nesse piso, tendo-se o cuidadode não deixá-las em camadas muito grossas.É recomendável revirá-las a intervalos de 2 a4 horas, afim de se obter uma secagemuniforme, que se completa depois de 50 a

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60 horas de insolação. Na prática, para saberse o grau de umidade ideal foi alcançado,esfregam-se algumas cápsulas nas mãos: se assementes se soltarem facilmente, é sinal de quese alcançou o ponto correto de secagem.

Secagem artificial – O agricultorprecisa recorrer a secadores movidos aenergia solar, a lenha, a petróleo ou outrafonte, principalmente durante a época chuvosa,quando as temperaturas baixam e a colheita émais freqüente. A temperatura dos secadoresdeve-se elevar lentamente, sem ultrapassar olimite de 60 °C. Os secadores podem ter usodiversificado, ou seja, podem ser usados paraa secagem de outros produtos agrícolas, comocafé, cacau e milho, cuidando-se, porém, paraque a fumaça de um produto não se espalhepara os outros, alterando-lhes o odor natural.Os secadores devem ser usados poragricultores familiares.

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Extração das sementes

Há dois processos de extração desementes de urucum das cápsulas: métodoconvencional e método mecânico.

Método convencional – Consiste emcolocar as cápsulas secas em um saco egolpeá-lo com uma vara, forçando os grãosou sementes a se desprenderem das cápsu-las. Esse método é usado somente parapequenas plantações, pois apresenta algumasdesvantagens, tais como: exigência denumerosa mão-de-obra, elevado tempo deoperação, perdas de corante e desprendi-mento incompleto das sementes ou dosgrãos das cápsulas.

Método mecânico – Este método,que é utilizado em grandes plantios, requerequipamento apropriado, que pode ser umadebulhadeira ou uma descachopadeira, e até

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mesmo uma trilhadeira comum usada paragrãos, desde que adaptada para tal.

Há no mercado um equipamento queapresenta rendimento de até 200 kg desementes/hora, o qual executa, simultanea-mente, três operações: separa as sementes ouos grãos da cápsula, separa as impurezas (talos,restos de cápsulas, placenta, grão chocho, alémde outras) das sementes ou dos grãos, e ventila.

Armazenamento

O corante de urucum, localizado noarilo que envolve a semente, é muito sensívela erosão, perdendo conteúdo quando recebequalquer pressão. Assim, em toda a cadeiaprodutiva da cultura, os agricultores devemevitar atritos.

O atrito deve ser evitado tambémdurante o processo de armazenamento dos

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grãos, e, embora se desconheça o melhormodo de acondicionar o produto colhido ebeneficiado, sugere-se o ensacamento emsacos de polietileno escuros ou mesmo nosde fabricação de juta ou malva.

O peso do saco de sementes não deveser superior a 50 kg, mas, por cautela, é indicadooptar por um limite de 30 kg por saco. O motivoé óbvio, pois, quanto maior for o peso do saco,maior será a área de atrito, e, conseqüentemente,maior será a perda de corante, o que resultaráem prejuízos na comercialização.

Depois do ensacamento, os sacosdevem ser levados para um estrado demadeira, e arrumados contrafiados, deixando-se espaços entre os blocos, de forma quepermita uma boa ventilação e a regularidade datemperatura e da umidade. O armazém deveestar instalado em local que permita uma boacirculação de ar e uma boa penetração de luz.

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Classificação

As sementes de urucum são classifi-cadas em três tipos:

Tipo 1 – Umidade maior que 10 %,teor de bixina acima de 2,5 %, impurezas me-nores que 5,0 % e ausência de matéria estranha.

Tipo 2 – Umidade de 10 % a 14 %,teor de bixina de 2 % a 2,5 %, impurezas me-nores que 5 % e presença de matéria estranha.

Tipo 3 – Umidade maior que 14 %,teor de bixina menor que 1,8 %, impurezasmaiores que 5 % e presença de matéria estra-nha. Este último tipo não tem especificação.

Utilização do Urucumcomo Corante Natural

Os corantes naturais comumenteempregados na indústria alimentícia são: os

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carotenóides, que são pigmentos de colora-ção amarela e solúveis em óleo; a páprica, queé encontrada nas pimentas-vermelhas(Capsicum annum); o betacaroteno; a cúrcumalonga, de cor amarelo-ouro; e o extrato deurucum, em óleos extraídos de Bixa orellana.

O corante bixina corresponde aaproximadamente 70 % da quantidade encon-trada em todos os demais corantes naturais, ea 50 % de todos os ingredientes naturais comfunção corante nos alimentos.

Embora os corantes naturais sejammais caros que os sintéticos, até mesmo paraas grandes indústrias que importam tecno-logias e otimizam sua produção ao longo dotempo, aproximadamente 55 % delasacreditam na tendência ao consumo decorantes naturais.

No que se refere ao aproveitamentodo urucuzeiro para fins coloríficos, estima-

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se que, da produção brasileira de grãos deurucuzeiros (12.000 t/ano), divididas entremicro, pequenos, médios e grandes produ-tores, cerca de 60 % dessa produção destina-se à fabricação de colorífico, sendo os40 % restantes fornecidos às grandes indús-trias de corantes e/ou de exportação. Dessaprodução, 78,2 % são provenientes da agricul-tura familiar, segmento para o qual, em suamaioria, o produto é tido como única fontede renda, ocupando uma área média decultivo de 1,32 ha. O fabrico do colorífico érealizado por métodos caseiros e chega atéàs agroindústrias de porte.

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Obs.: as fotos da Fig. 1 (páginas 16 e 17) desta publicação, cuja autoria não écitada, são originárias do arquivo da Embrapa Amazônia Oriental.

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