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Minimilho PLANTAR coleç o ã

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Minimilho

PLANTARcoleç oã

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Milho e SorgoMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2008

A CULTURADO MINIMILHO

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Coleção Plantar, 63

Produção editorial: Embrapa Informação TecnológicaCoordenação editorial: Fernando do Amaral Pereira

Mayara Rosa CarneiroLucilene Maria de Andrade

Supervisão editorial: Juliana Meireles FortalezaRevisão de texto: Francisco C. MartinsNormalização bibliográfica: Vera Viana dos SantosProjeto gráfico da coleção: Textonovo Editora e Serviços Editoriais Ltda.Editoração eletrônica: Mário César Moura de AguiarArte-final da capa: Mário César Moura de AguiarIlustração da capa: Álvaro Evandro X. Nunes

1a edição1a impressão (2008): 2.000 exemplares

Todos os direitos reservadosA reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

© Embrapa 2008

A cultura do minimilho / [editores técnicos, Israel Alexandre Pereira Filho,Décio Karam]. – Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica,2008.65 p. : il. – (Coleção Plantar, 63).

ISBN 978-85-7383-446-8

1. Colheita. 2. Comercialização. 3. Doença de planta. 4. Praga deplanta. 5. Sistema de cultivo. I. Pereira Filho, Israel Alexandre. II. Karam,Décio. III. Embrapa Milho e Sorgo. IV. Coleção.

CDD 635.67

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AutoresÂngela Aparecida Lemos FurtadoEngenheira química, D.Sc. em Tecnologia de ProcessosQuímicos e Biológicos, pesquisadora da EmbrapaAgroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro, [email protected]

Carlos Alberto VasconcelosEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fertilidade de Solo eNutrição de Plantas, pesquisador aposentado da EmbrapaMilho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Décio KaramEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Manejo de PlantasDaninhas, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, [email protected]

Editores TécnicosIsrael Alexandre Pereira FilhoEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Décio KaramEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Manejo de PlantasDaninhas, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, [email protected]

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Elton Eugênio Gomes e GamaEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Melhoramento de Plantas,pesquisador aposentado da Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, [email protected]

Elizabeth de OliveiraBióloga, Ph.D. em Fitopatologia, pesquisadora da EmbrapaMilho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Frederico Ozanan Machado DurãesEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fisiologia Vegetal,pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Fernando Tavares FernandesEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Fitopatologia,pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Gilson Villaça Excel PittaEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Fertilidade de Solo eNutrição de Plantas, pesquisador aposentado da EmbrapaMilho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Israel Alexandre Pereira FilhoEngenheiro agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

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Ivan CruzEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Entomolgia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Jamilton Pereira dos SantosEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Entomolgia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

José Carlos CruzEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Manejo e Conservaçãode Solos, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, [email protected]

José Magid WaquilEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Entomolgia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Maria Cristina Dias PaesNutricionista, Ph.D. Ciência de Alimentos e NutriçãoHumana, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo,Sete Lagoas, [email protected]

Paulo Afonso VianaEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Entomolgia, pesquisadorda Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

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Paulo César MagalhãesEngenheiro agrônomo, Ph.D. em Fisiologia Vegetal,pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Paulo Emílio Pereira de AlbuquerqueEngenheiro agrônomo, D.Sc. em Irrigação e Drenagem,pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Pedro Henrique Ferreira ToméEngenheiro agrícola, doutorando em Ciência dos Alimentospela Universidade Federal de Lavras (Ufla), Caixa Postal 37,CEP 37200-000, Lavras, [email protected]

Rogério Amaro GonçalvesEngenheiro agrícola, doutorando em Ciência dos Alimentospela Universidade Federal de Lavras (Ufla), Caixa Postal 37,CEP 37200-000, Lavras, [email protected]

Valéria Aparecida Vieira QueirozNutricionista, D.Sc. em Produção Vegetal, pesquisadorada Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

Vera Maria de Carvalho AlvesEngenheira agrônoma, Ph.D. em Fertilidade de Solo eNutrição de Plantas, pesquisadora da Embrapa Milhoe Sorgo, Sete Lagoas, [email protected]

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Apresentação

Em formato de bolso, ilustrados e escritos emlinguagem objetiva, didática e simples, os títulos daColeção Plantar têm por público-alvo produtores rurais,estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa edemais interessados em resultados de pesquisa obtidos,testados e validados pela Embrapa.

Cada título desta coleção enfoca aspectos básicosrelacionados ao cultivo de, por exemplo, hortaliça,fruteira, planta medicinal, planta oleaginosa, condimentoe especiaria.

Editada pela Embrapa Informação Tecnológica,em parceria com as demais Unidades de Pesquisada Empresa, esta coleção integra a linha editorialTransferência de Tecnologia, cujo principal objetivo épreencher lacunas de informação técnico-científicaagropecuária direcionada ao pequeno produtor rural e,com isso, contribuir para o aumento da produção dealimentos de melhor qualidade, bem como para a geraçãode mais renda e mais emprego para os brasileiros.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

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Sumário

Introdução............................................... 11Aspectos Fisiológicos ............................ 13Manejo e Tratos Culturais ....................... 15Nutrição e Adubação .............................. 19Manejo da Irrigação ................................ 21Controle de Plantas Daninhas ................. 25Controle de Pragas ................................. 30Controle de Doenças .............................. 37Colheita ................................................... 41Pós-colheita ............................................ 44Rendimento Comerciale Valor Nutritivo ...................................... 51Processamento ........................................ 53Comercialização ...................................... 64Referências.............................................. 65

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Introdução

O minimilho é o nome dado à inflores-cência feminina do milho (Zea mays L.) an-tes da polinização, ou seja, é a espiga jo-vem. Na verdade, o minimilho é apenas osabuguinho, o qual se usa como alimento.Pelo fato de seu cultivo ser efetuado emaproximadamente 60 dias (do plantio à co-lheita), período reconhecidamente curto,esse produto é considerado como hortaliça.

Durante muito tempo, os plantadoresde milho usavam as espiguetas – com pa-lhas e cabelos – como complemento alimen-tar, condimentado com diversos temperos.Com a evolução dos tempos – mesmo an-tes do advento das indústrias de conservasalimentícias – os familiares dos produtoresadotaram o minimilho como alimento do dia-a-dia, mas sem os “cabelos” e as palhas.

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No Brasil, a presença desse produtonos supermercados e, mais recentemente nosrestaurantes, revela sua aceitação pelo con-sumidor, mostrando o potencial do merca-do interno, com perspectiva futura para omercado externo. Além disso, a crescentedemanda das indústrias de alimento em con-serva, por produtores que se interessam pelocultivo do minimilho em grande escala, tor-nará esse produto mais constante nos su-permercados e nas casas especializadas emcomercialização de minialimentos, com pre-ços mais acessíveis.

Além de ter aproveitamento alimentardiversificado, tem a vantagem de conter bai-xo teor calórico, uma vez que 90 % de suacomposição é água. Dentre as mais variadasmaneiras de aproveitamento, estão o proces-samento industrial de enlatados em conser-va, a forma “minimamente processada” ex-posta em gôndolas refrigeradas de supermer-

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cados ou em delicatéssen, além das conser-vas caseiras elaboradas por pequenos agri-cultores que usam a mão-de-obra familiar.

Aspectos Fisiológicos

Germinação e emergência – Emcondições normais de campo, as sementesplantadas absorvem água, incham e come-çam a germinar. Com temperatura e umida-de adequadas, a planta emerge entre 4 e 5dias. Contudo, em condições de baixatemperatura e pouca umidade, a germinaçãopode demorar até 2 semanas ou mais.

Fase vegetativa – Essa fase é impor-tante, pois é quando se faz a adubação decobertura, momento em que a planta já apre-senta de 5 a 6 folhas. É quando inicia a ab-sorção de nitrogênio, o qual se acumula nointerior da planta, para posteriormente ser li-berado, de acordo com a necessidade desta.

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Em relação ao controle das plantas da-ninhas, essa fase é considerada crítica, por-que além dessas plantas concorrerem como minimilho na absorção de fertilizantes, águae luz, são as principais hospedeiras de do-enças que atacam a cultura.

Fase reprodutiva – A fase reproduti-va inicia quando o último ramo do pendãoestiver completamente visível e os cabelosainda não tiverem surgido (Fig.1). A emis-são da inflorescência masculina acontece 2a 4 dias antes do surgimento dos cabelos.

Fig. 1. Fase reprodutiva inicial quando se pode ver a emissãodos primeiros cabelos (ponto de colheita).

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No entanto, 75 % das espigas devem ter seuscabelos à mostra 10 a 12 dias após o apare-cimento do pendão.

Embonecamento – Essa fase tem iní-cio quando os cabelos já são visíveis, istoé, quando estão fora das espigas, fato quedetermina o ponto de colheita, ou seja, 2 diasapós o surgimento ou emersão dos cabelos.

Manejo e Tratos Culturais

O minimilho pode ser cultivado tantoem sistema convencional como em semea-dura direta. Na semeadura direta – após oprimeiro ano – o próprio cultivo se encarre-ga de produzir a palhada. O cultivo do mini-milho difere-se do milho para grãos, princi-palmente em relação à densidade de semea-dura, em que se adotam pelo menos cercade três vezes mais plantas por hectare.

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Cultivares – A maioria das cultivaresde milho – tanto do milho-doce quanto domilho-pipoca e normal – tem proporciona-do bons rendimentos de minimilho comer-cial, na densidade de semeadura de 180 milplantas por hectare, com espaçamento deentrelinhas de 80 cm e com 15 a 17 semen-tes por metro linear.

Época de plantio – O minimilho podeser semeado em qualquer época (sem restri-ções). Para isso, deve-se observar rigorosa-mente as condições climáticas, as quais po-dem influenciar na época da colheita, em fun-ção da variação do ciclo.

Nas regiões quentes, o minimilho podeser cultivado o ano todo, desde que as defi-ciências hídricas sejam supridas a contento,por irrigação adequada. Nessas condições, acolheita ocorrerá entre 50 e 60 dias após o

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plantio. Em épocas mais frias, o ciclo se alon-ga, variando de 60 a 70 dias, atrasando a en-trega do produto ao mercado consumidor.

Nota: para cultivos em período mais frio, re-

comenda-se usar cultivares de milho normal, por

serem mais tolerantes a variações climáticas.

Densidade de plantio – A produçãode minimilho está fundamentada principal-mente no manejo, mais especificamente nadensidade do plantio. Assim, para se obteresse produto, é necessário aumentar a den-sidade de semeadura em torno de três vezesmais que a usada na produção de milho emgrãos (60 mil plantas por hectare) densidadeesta que pode variar de 120 mil até 200 milplantas por hectare.

Os melhores rendimentos de minimilhocomercial têm sido obtidos com densidadede 180 mil plantas por hectare, ou seja, se-

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meando-se de 15 a 17 sementes por metrolinear. Essa densidade de semeadura é queinfluencia as características comerciais doproduto (tamanho e diâmetro), além do nú-mero de espiguetas por planta.

Espaçamento entre linhas – A co-lheita do minimilho é feita manualmente. Porisso, o espaçamento entre linhas deve medir80 cm, para não dificultar essa operação eassim obter-se alto rendimento e a qualida-de exigida pelo mercado consumidor.

Escalonamento de plantio – Fatorescomo demanda e distância de mercado, cli-ma e cultivar devem ser levados em consi-deração. Para se produzir minimilho fresco,diariamente, é preciso dispor de excelenteinfra-estrutura de irrigação. Uma mesma la-voura de minimilho pode permitir até trêscolheitas por ciclo.

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Nutrição e Adubação

Na cultura do minimilho, o tempo deexploração do solo e a dependência por adu-bação têm escala de exigência bem menorque na cultura do milho em grão. Assim, gran-des aportes de fertilizantes não serão tradu-zidos em produtividade e lucros.

Na produção de minimilho, aplicam-seos mesmos nutrientes usados na cultura domilho em grão:

Nitrogênio – O N (nitrogênio) é umnutriente altamente móvel, redistribuído nointerior da planta, saindo de um órgão maisvelho para outro mais novo (e em cresci-mento). Os sintomas de sua deficiência ocor-rem nas folhas mais velhas, como a clorose-das-folhas, que causa amarelecimento dafolhagem e crescimento lento da planta.

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A adubação nitrogenada de plantio –junto com a formulação para suprir a neces-sidade de P (fósforo) e de K (potássio) –não deve ultrapassar os 30 kg/ha de N (ni-trogênio). Para a adubação de cobertura, re-comenda-se 60 kg/ha de N de uma só vez,quando as plantas estiverem bem desenvol-vidas no estágio de 4 a 5 folhas ou aos 25 a30 dias após sua emergência.

Fósforo – Recomenda-se proceder àanálise do solo e avaliar a disponibilidadedo P (fósforo). Por sua pouca mobilidadeno solo, esse elemento deve ser aplicado emtodo o plantio. Contudo, é altamente móvelna planta, sendo redistribuído ao sair de umórgão mais velho para outro mais novo, emcrescimento e com deficiência. Assim, ossintomas de sua deficiência irão ocorrer nasfolhas mais velhas, observando uma colora-ção arroxeada.

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Potássio – Geralmente, os sintomas dadeficiência de K (potássio) ocorrem nas fo-lhas mais velhas. Essa deficiência caracteri-za-se pela formação de necrose nas margensdas folhas, a qual aumenta em direção à ner-vura central. Quando essa adubação for su-perior a 60 kg de K

2/ha, recomenda-se apli-

car metade no plantio e metade junto com onitrogênio de cobertura.

Antes de proceder à adubação do plan-tio, recomenda-se ao produtor recorrer auma consultoria especializada (agrônomo outécnico agrícola), para elaborar um progra-ma de adubação adequado, com base nosresultados da análise do solo.

Manejo da Irrigação

Requerimento de água – A quantida-de de água consumida durante o ciclo com-

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pleto de uma cultura é denominada de usoconsuntivo, o qual incorpora a água aos te-cidos vegetais e a água transpirada pela cul-tura, que participa dos processos metabóli-cos, incluindo a fotossíntese, responsávelpela produção de açúcares e de amido dasplantas.

Ao se adicionar a água requerida pelacultura, há perdas inevitáveis por evapotrans-piração e por transpiração.

A perda por evaporação ocorre atra-vés da superfície do solo e dos tecidos dasplantas, o que constitui o sistema de plantio.Já a perda de água por transpiração aconte-ce nos tecidos vegetais das plantas. Assim,o requerimento de água por parte da plantase dá em função dessas perdas.

Manejo da irrigação – O manejo dairrigação da cultura do milho nada mais é

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que estabelecer o momento correto de seaplicar água e determinar sua respectiva lâ-mina (quando e quanto aplicar). Para isso, épreciso estabelecer um turno de irrigação fixoque normalmente é variável, de acordo coma variabilidade temporal da evapotranspira-ção da cultura.

Escolha do método ou sistema deirrigação – Conforme mostra a Tabela 1, aescolha correta do método ou sistema deirrigação é um dos fatores mais difíceis comque se defronta um técnico, pois as variá-veis envolvidas são diversas. Os sistemasde irrigação são:

• Irrigação por superfície (inundação,faixas e sulcos).

• Irrigação por aspersão (convencio-nal móvel e fixo, rolão, sistema line-ar, pivôcentral e autopropelido).

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• Irrigação localizada (gotejamento emicroaspersão).

• Irrigação por subsuperfície ou subir-rigação.

Diante da complexidade do assunto,sugere-se ao produtor buscar ajuda de umtécnico especializado em irrigação no culti-vo do minimilho.

Tabela 1 . Alguns valores de eficiência, segundo o sistema deirrigação.

Tabuleiros inundáveisFaixasSulcos

Irrigação por aspersãoConvencional móvelAutopropelidoPivô central e linear móvelConvencional fixo

Irrigação localizadaGotejamentoMicroaspersão

80 % a 90 %70 % a 85 %60 % a 75 %

65 % a 75 %60 % a 70 %75 % a 90 %70 % a 80 %

75 % a 90 %70 % a 85 %

EficiênciaSistema irrigação superficial

Fonte: Solomon (1990).

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Controle de Plantas Daninhas

Importância – Independentemente dequal seja o objetivo do uso, as perdas naprodução de milho – ocasionadas pela in-terferência das plantas daninhas – variam de10 % a 85 %. Uma lavoura de milho destina-da à produção de minimilho deve permane-cer no limpo até o final, para não dificultar acolheita, que só pode ser feita manualmente.

Conforme a disponibilidade de cadaprodutor, o controle ou manejo das plantasdaninhas pode ser feito de diversas formas,conforme descrito a seguir:

Controle preventivo – Evita a disse-minação de novas espécies de plantas dani-nhas nas áreas de plantio. Geralmente, a in-trodução dessas espécies ocorre por meiode sementes contaminadas, máquinas e im-plementos agrícolas, e animais.

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Para se evitar a contaminação do plan-tio com novas espécies de plantas daninhas,devem-se tomar os seguintes cuidados:

• As sementes a serem semeadas nãodevem conter sementes silvestres.

• As máquinas e implementos em geraldevem passar por um rigoroso pro-cesso de lavagem, para eliminar se-mentes de plantas daninhas armaze-nadas em locais que só podem serremovidas por meio da lavagem.

• Nos animais, observar se não estãotransportando sementes de novas es-pécies de plantas indesejáveis à áreade plantio.

Controle cultural – Consiste na ado-ção de práticas que aumentem a capacidadecompetitiva da cultura como:

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• Espaçamento entre linhas.

• Densidade do plantio.

• Época de plantio.

• Adaptação de variedades à região.

• Adoção de cobertura morta.

• Adubação e irrigação adequadas.

Medidas como variação nos fatores,densidade e época de plantio, espaçamento,adaptação de cultivares à região, adequaçãode fertilizantes e manejo de água de irrigaçãocorreto, não só reduzem a população deplantas daninhas, como tornam as plantasde milho mais competitivas.

Controle manual – Método ampla-mente usado em pequenas propriedades, oqual consiste de 2 a 3 capinas com enxadanos primeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir

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de então, o crescimento do milho contribuipara a redução das condições favoráveis paraa germinação das sementes e o desenvolvi-mento das plantas daninhas. Devem-se evi-tar danos ao sistema radicular das plantas,que nas primeiras semanas ainda estão bas-tante superficiais.

Nota: o controle manual de plantas daninhasdemanda mão-de-obra de aproximadamente 8 ho-mens/dia/hectare.

Controle mecânico – As capinas me-cânicas feitas com cultivador tracionado(por animais ou tratores) devem ser feitasnos primeiros 40 a 50 dias após a emergên-cia da cultura. Esse controle deve ser feitosuperficialmente e de preferência em diasquentes – e com solo seco – aprofundan-do-se as enxadas apenas o suficiente para oarranquio ou corte das plantas daninhas.

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Em dias mais quentes, as plantas dani-nhas capinadas se desidratam e morrem maisfacilmente.

Nota: a produtividade desse método é de apro-ximadamente 0,5 a 1 dia/homem/hectare (traçãoanimal) e 1,5 a 2,0 horas/hectare tracionado portrator.

Controle químico – O controle quí-mico de plantas daninhas consiste no usode herbicidas registrados no Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa) e nas secretarias de Agricultura esta-duais e municipais.

Nota: no controle químico de plantas, só se

devem usar herbicidas autorizados pelo Ministério

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),

mediante a orientação de um técnico especializado.

Existe, no mercado, uma série de her-bicidas que muitas vezes não podem ser usa-

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dos pelo fato de o híbrido apresentar sensi-bilidade ao princípio ativo base da formula-ção do produto, ou por deixar no solo, re-síduo químico que venha prejudicar o culti-vo de uma cultura subseqüente de outra es-pécie no sistema rotativo, não compatívelcom o herbicida usado no cultivo anterior.

O uso de herbicidas é caro e cabe aoprodutor de minimilho optar ou não por usaresse produto para manter a cultura no limpoaté a colheita, já que existem outras opçõescomo a capina mecânica, menos dispendio-sa e menos poluente ao meio ambiente.

Controle de Pragas

Pela ordem de importância econômi-ca, as pragas mais severas na cultura do mi-lho são:

• Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lig-nosellus).

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• Lagarta-do-cartucho (Spodopterafrugiperda).

Além dessas pragas, a larva-de-diabró-tica (Diabrotica sp.), a lagarta-rosca (Agro-tis ipsilon), e o vetor de doenças – a cigarri-nha-do-milho (Dalbulus maidis), dentre ou-tras, dependendo da região, podem ser tãoseveras quanto as duas primeiras citadas.

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lig-nosellus) – O ataque dessa lagarta (Fig. 2)ocorre no interior do colmo. Ela faz galeriasque provocam a morte ou o perfilamento(brotação lateral) das plantas. A planta demilho só é atacada por essa lagarta quandojovem, ao atingir a altura de 35 cm. A altaumidade do solo é o principal fator no ma-nejo da lagarta-elasmo, porque atua negati-vamente em qualquer estágio do seu ciclobiológico.

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Lagarta-do-cartucho (Spodopterafrugiperda) – Embora a lagarta-elasmo ata-que primeiro, a lagarta-do-cartucho é a prin-cipal praga do milho. O ataque dessa pragaocorre desde a fase das plantas pequenas,até o pendoamento e espigamento. No iní-cio do ataque, as lagartinhas raspam as fo-lhas, deixando áreas transparentes.

À medida que se desenvolve e cresce,essa lagarta aloja-se no cartucho da planta,destruindo o pendão que está por sair, difi-cultando a produção de polén e conseqüen-

Fig. 2. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus).

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temente impedindo a produção de grãos.A lagarta-do-cartucho (Fig. 3) danifica a es-pigueta e o colmo, causa a quebra da plantae inviabiliza a colheita.

O estágio em que a planta de milhoé mais sensível ao ataque dessa praga é quan-do atinge de 8 a 10 folhas. Nesse caso, re-comenda-se fazer o controle quando 17 %das plantas apresentarem folhas raspadas,

Fig. 3. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

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um indicativo de que as lagartas ainda não cau-saram danos que comprometam a cultura.

Para controle químico de pragas, exis-te, no mercado, uma série de inseticidas paratratamento de sementes (pragas de solo) eoutros para controle de pragas que atacamfolhas e colmos. A aplicação desses inseti-cidas pode ser feita por meio de pulveriza-ção ou água de irrigação. Para esse tipo decontrole, recomenda-se procurar um técni-co especializado, para orientação.

Existe ainda o controle por meio domanejo cultural, como a rotação e a suces-são de culturas, espaçamentos e época deplantio. Controle biológico e uso de cultiva-res resistentes são também outras alternati-vas recomendadas.

Controle biológico – O controle bio-lógico é uma das alternativas para substituir

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ou reduzir o uso de produtos químicos quan-do se pretende obter produtos mais saudá-veis e consequentemente ambiente mais lim-po. Na cultura do minimilho, o maior avançoem controle biológico diz respeito ao contro-le das lagartas-do-cartucho e da espiga.

Como exemplo de controle bioló-gico, tem-se a liberação das vespinhas(Fig. 4), que depositam seus ovos no interi-or dos ovos da lagarta, tornando-os inati-

Fig. 4. Trichrogramma parasitando ovos da lagarta-do-cartucho.

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vos. Essas vespinhas (para uso em controlebiológico) já existem em escala comercial deprodução.

Outro produto que tem dado bons re-sultados no controle da lagarta-do-cartuchoé o Baculovirus (Fig. 5), que tem mostradoeficiência de até 80 %, com a vantagem denão contaminar o meio ambiente.

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Fig. 5. Largartas-do-cartucho mortas por Baculovirus.

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Antes de usar Baculovirus e vespinhas,o produtor deve procurar orientação técnicacom um especialista em controle biológico.

Controle de Doenças

Na produção de minimilho, as doençasmais severas são as que ocorrem até a fasede florescimento. Por isso, essas doençaspodem afetar a qualidade do produto final.

Essas doenças podem ocorrer nas fo-lhas, nos colmos e no sistema radicular, equalquer uma delas pode causar danos eco-nômicos numa lavoura de milho voltada paraa produção de minimilho.

As doenças que mais podem afetar aprodução e a qualidade do minimilho são asdoenças foliares como a helmintosporiose(Helminthosporium turcicum), a ferrugem-comum (Puccinia sorghi), a ferrugem-po-

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lissora (Puccinia polysora), a ferrugem-bran-ca (Physopella zeae), a mancha-branca (Pha-eosphaeria), a mancha-de-cercosporiose(Cercospora) e as que causam o enfezamen-to nas plantas de milho, inibindo significati-vamente a redução de nutrientes absorvidospela planta e influenciando na produção dominimilho.

A ferrugem-comum (Puccinia sorghi)e as demais ferrugens citadas são doençasque reduzem a área foliar da planta, influen-ciando na qualidade e na produção de mini-milho. A Fig. 6 mostra uma folha atacadapela ferrugem-comum.

Outros tipos de doenças foliares comoa mancha-branca (Phaeosphaeria) e a man-cha-de-cercosporiose (Cercospora) tambémprejudicam a qualidade e a produção do mi-nimilho (Fig. 7 e 8).

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Fig. 6. Ferrugem comum (Puccinia sorghi).

Fig. 7. Mancha-branca (Phaeosphaeria).

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A maioria das doenças que atacam omilho é controlada com práticas de cultivocomo rotação e sucessão de culturas, espa-çamentos, épocas e densidade de semeadu-ra, e cultivares resistentes. Dependendo doobjetivo – como produção de sementes –deve-se fazer controle preventivo com pro-dutos químicos.

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Fig. 8. Mancha-de-cercosporiose (Cercospora).

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Colheita

O minimilho é colhido entre 50 e 60dias após a germinação das sementes, de-pendo da cultivar e da época de semeadura.No inverno, a colheita pode se aproximardos 70 dias. O ponto de colheita das espi-guetas é 2 a 3 dias após a emissão dos ca-belos. Para isso, o produtor deve ficar bematento, porque logo após o surgimento dopendão, em 3 a 4 dias ocorre a emissão dasespiguetas (Fig. 9).

No estágio descrito como ponto idealde colheita, o desenvolvimento da planta émuito rápido e dentro de 1 ou 2 dias, a espi-gueta pode passar do ponto de colheita, sa-indo fora dos padrões comerciais.

Ao retirar-se a primeira espigueta(Fig. 10), a planta produz uma segunda, porvolta de 3 dias. Sucessivamente, uma plantapode produzir até quatro espiguetas. A se-

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Fig. 9. Minimilho no ponto de colheita.

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Fig. 10. Colheita do minimilho.

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gunda colheita é mais produtiva, pois a mai-oria das plantas está em plena produção.Após a colheita, as plantas com espiguetasfora do padrão comercial podem ser apro-veitadas em alimentação animal ou ainda per-manecer no solo como cobertura (palhada)no sistema de plantio direto (SPD), de pre-ferência quando se trata de leguminosa parafazer rotação de cultura, benéfica a todo sis-tema de produção.

A colheita do minimilho deve ser feitanas primeiras horas da manhã, quando o teorde umidade das plantas (e das espiguetas) émais elevado e a temperatura do ambiente ébaixa. A perda de 2 % da umidade causaráperdas na qualidade comercial do produto.

Pós-colheita

Após a colheita, as espiguetas devemser transportadas para local adequado (à

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sombra e ventilado), de preferência acondi-cionadas em câmara fria, com temperaturacontrolada entre 3 °C e 5 °C, por 2 horas.

Essa medida deve ser providenciadacom certa urgência, pois a cada 2 horas deatraso do resfriamento após a colheita, oproduto pode se tornar altamente perecível,o que leva a diminuir o tempo de permanên-cia dele em condições saudáveis até o desti-no, que pode ser a agroindústria de conser-vas alimentícias ou pequenas empresas queprocessam o produto artesanalmente (pro-cessamento mínimo) e o distribuem em su-permercados e restaurantes.

Outro processo também usado é aimersão do minimilho em água gelada porcerca de 20 a 30 minutos, para evitar perdade umidade e preservá-lo nas condições exi-gidas para comercialização.

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Ainda na pós-colheita, é importante pro-mover o resfriamento do minimilho, para man-ter seu frescor até chegar à unidade de pro-cessamento. Para isso, deve-se acondicionaras espiguetas em caixas de isopor de 50 L.

Primeiro, coloca-se uma camada de500 g de gelo moído no fundo da caixa. Emseguida, despejam-se 2 kg a 3 kg de minimi-lho, formando uma camada sobre o gelomoído. Depois, acrescentam-se mais umacamada de gelo moído e outra de minimi-lho, até encher a caixa.

Em termos de conservação, os dois úl-timos processos (água gelada e gelo moído)são melhores, uma vez que em algumas situ-ações, o produto pode ser reidratado.

Nota: a qualidade do produto só será manti-da se as condições prescritas na pós-colheita foremobservadas.

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Embalagens – A preparação das em-balagens para a comercialização do produtofinal se dá logo após o resfriamento. O tipode embalagem depende do mercado a que oproduto se destina, seja distribuição diretaao consumidor, seja para supermercados erestaurantes ou para agroindústrias de con-servas alimentícias.

No primeiro caso, o produto, ainda compalha, deve ser embalado em caixas de pa-pelão nas dimensões 40 cm de comprimen-to por 30 cm de largura e 9 cm de altura,tamanho suficiente para comportar de 2 kga 2,5 kg.

No caso de entrega direta em super-mercados ou em restaurantes, o produto éentregue em baldes de 20 L (já processadoem conservas).

No caso de entrega na agroindústria deconservas, as espiguetas despalhadas devem

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ser conservadas em gelo moído ou em águagelada e acondicionadas em embalagens deplástico com capacidade de 200 L (bombo-nas), podendo também já se apresentar naforma processada (em conserva), a exem-plo do produto entregue em supermercadose restaurantes.

Transporte do produto final – Pelofato de o minimilho ser um produto altamenteperecível, recomenda-se transportá-lo o maisrápido possível, sempre nas horas em que atemperatura é mais amena. No caso do pro-duto minimamente processado e em conser-va, o transporte deve ser feito em caminhõesfrigoríficos, com temperatura controladaentre 5 ºC e 7 ºC.

Armazenamento do produto final –O minimilho deve ser armazenado a umatemperatura de 5 ºC a 7 ºC, com umidaderelativa de 90 %. É que a taxa respiratória

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desse produto é uma das mais elevadas en-tre os hortifrutigrangeiros.

Quando armazenado a 28 °C, a taxarespiratória do minimilho se eleva entre 8 e10 vezes – se comparado com a temperatu-ra a 0 ºC – comprometendo a qualidade doproduto (murchamento) quanto às caracte-rísticas comerciais.

Nota: temperaturas baixas reduzem a taxade conversão de açúcar em amido, sem que a eli-minem por completo.

O armazenamento do produto – emgrandes quantidades – deve ser feito em câ-maras frias, nas temperaturas citadas anteri-ormente (entre 5 °C e 7 °C). Caso se arma-zene em menor quantidade, deve-se acondi-cionar as espiguetas em filmes de PVC, paraevitar desidratação. Em seguida, deve-seconservar o produto em freezer (sob tem-peratura controlada) ou em geladeira.

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Padrões de mercado – O minimilhodestinado à indústria de conservas alimentí-cias deve obedecer a padrões de tamanho,diâmetro, coloração e até formação das fi-leiras de grãos embrionários do sabugo, queé a parte que se come.

Em relação à coloração das espigue-tas, estas devem apresentar tom amarelo-cla-ro ou cor-de-pérola. Por sua vez, as fileirasnão podem ser tortuosas. Além disso, de-vem ser isentas de falhas e imperfeições.Os padrões exigidos pelo mercado – tantopara industrialização como para consumo innatura – recebem a seguinte classificação:

Pequeno – Deve medir de 4 cm a 8 cmde comprimento, por 1 cm de diâmetro.

Grande – Deve medir de 8 cm a 10 cmde comprimento, por 1,5 cm de diâmetro.

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Rendimento Comerciale Valor Nutritivo

Rendimento comercial – O rendimen-to do minimilho é em torno de 15 % a 20 %do peso total colhido, porque 75 % a 80 %desse peso se resume em palha verde e emcabelo.

Valor nutritivo – Por seu valor nutrici-onal, aparência, textura crocante, sabor sua-ve e baixo teor calórico, o minimilho é umvegetal de grande importância na culinária.

Geralmente, esse produto é usado emsaladas, em sopas e em refogados, além decomplementar pratos à base de cereais oude carnes. Diferentemente do milho verde –cujos grãos são usados em receitas caseirasou submetidos a processos industriais –, ominimilho é consumido só no sabugo.

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O valor nutritivo das espiguetas do mi-nimilho é semelhante a de vegetais classifi-cados como hortaliças, a exemplo do repo-lho, da couve-flor, do tomate, do pepino eda berinjela, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Composição química do minimilho, comparado comoutras hortaliças.

Nutrientes

Umidade (%)Carboidratos (g)Proteína (g)Lipídeos (g)

Minerais (mg)CálcioFósforoFerro

VitaminasTiamina (B

1) (mg)

Riboflavina(B2) (mg)

Vitamina C (mg)Niacina (mg)Vitamina A (UI)

89,108,201,900,20

28,0086,000,10

0,050,08

11,000,03

64,00

92,105,301,700,20

64,0026,00

0,70

0,050,80

62,000,70

75,00

94,104,101,000,20

18,0018,00 0,80

0,060,04

29,000,60

735,00

96,402,400,600,20

19,0012,00

0,10

0,020,02

10,000,10

-

Unidade/100 g peso fresco

Fonte: Magda (1995).

RepolhoMinimilho Tomate Pepino

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Processamento

O minimilho pode ser comercializadosem palha nas formas minimamente proces-sada ou em conserva, o que permite maioragregação de valor a esse produto.

Tanto no processamento mínimo quan-to na elaboração da conserva, são necessá-rios alguns cuidados para que o produto fi-nal não se deteriore, pondo em risco a saú-de do consumidor. Assim, o uso de matéri-as-primas adequadas e a adoção das boaspráticas de fabricação (BPF), em todas asetapas do processo, são de fundamental im-portância para garantir a excelência do pro-duto final.

As etapas de processamento de mini-milho minimamente processado e do mini-milho em conserva estão representadas nofluxograma da Fig. 11 e descritas a seguir.

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Fig. 11. Fluxograma do processamento de minimilho minima-mente processado (A) e em conserva (B).

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Colheita e transporte – A colheita dominimilho deve ser feita nas primeiras horasda manhã, usando-se caixas de plástico oude isopor limpas, guarnecidas com gelomoído (picado). No caso de se transportargrandes quantidades para agroindústrias dealimentos, deve-se usar veículo com câma-ra refrigerada entre 5 °C e 7 °C, a mesmatemperatura indicada para conservar o pro-duto, evitando-se perda de água e deteriora-ção até o momento do consumo.

Higienização – Antes de serem despa-lhadas, as espiguetas devem ser lavadas emágua corrente para que as sujidades proceden-tes do campo sejam removidas. Em seguida,são submersas em solução com 100 ppm decloro livre (50 mL de hipoclorito de sódio a2 %, para 10 L de água) por 15 minutos.

Despalhamento – Nessa etapa é feitaa retirada manual da palha, dos cabelos e

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dos resíduos, usando uma faca de aço ino-xidável. Durante o despalhamento deve serfeita também a seleção das espiguetas, eli-minando-se as defeituosas, danificadas oucolhidas fora do ponto. Após a seleção, asespiguetas são lavadas novamente em águacorrente.

Classificação – Nessa etapa faz-se aclassificação das espiguetas de acordo como tamanho, devendo medir de 4 cm a 12 cmde comprimento por 1 cm a 1,8 cm de diâ-metro.

Sanitização – Esse processo consisteem deixar as espiguetas em solução de clo-ro a 20 ppm (10 mL de hipoclorito de sódioa 2 %, para 10 L de água), por 15 minutos.

Após essas etapas, dependendo doproduto final a ser obtido, o processamentode minimilho segue dois destinos diferentes,conforme descrito a seguir.

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Minimilho minimamente processado

Centrifugação – Centrifugar as espi-guetas em centrífuga manual, para retirar oexcesso de água. Outra maneira de se remo-ver a água, é secando as espiguetas manual-mente (uma a uma), em papel-toalha.

Acondicionamento – Arrumar adequa-damente as espiguetas em bandejas de iso-por de 15 cm x 15 cm (Fig. 12), revestindo-as com filme de PVC. Também pode-se acon-dicionar o produto em embalagens de polieti-leno tereftalato (PET), próprias para esse fim.

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Fig. 12. Minimilhominiprocessadoem bandeja de isopor.

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Armazenamento – As embalagens deminimilho minimamente processado devemser armazenadas sob refrigeração em tem-peratura entre 5 °C e 10 ºC.

Minimilho em conserva

Branqueamento – A finalidade dobranqueamento é inativar enzimas e mantera cor natural do minimilho. Para isso, bastadespejar as espiguetas em água fervente, emquantidade suficiente para cobri-las, ondedevem permanecer submersas por 2 minu-tos. Em seguida, são retiradas e mergulha-das em água fria.

Higienização da embalagem – Asembalagens mais usadas para conserva deminimilho são recipientes (potes) de vidro,que devem ser higienizados.

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Para se proceder à higienização dessesrecipientes e de suas tampas, primeiro, deve-se lavá-los com água e detergente neutro eem seguida enxaguá-los em água correntepotável. Depois, deve-se deixá-los imersosem solução de cloro ativo a 100 ppm (50 mLde hipoclorito de sódio a 2% para 10 L deágua) por 15 minutos.

Nota: para saber se há falhas nos vidros quepossam vir a trincar durante o processamento tér-mico, deve-se passar água fervente e deixá-losemborcados sobre papel-toalha, até escorrer o ex-cesso de água. Os vidros que apresentarem falhasdevem ser eliminados.

Acondicionamento e envazamento –Nessa etapa, o minimilho é colocado nosrecipientes (potes) previamente higienizados.As espiguetas devem permanecer bem en-caixadas nos recipientes, para que não flutu-em ao se adicionar a solução de cobertura,que deve apresentar a seguinte formulação:

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Solução de cobertura

Ingredientes

• 500 mL de água potável (50 %).

• 500 mL de vinagre branco de álcool(50 %).

• 25 g de açúcar (2,5 %).

• 20 g de sal refinado (2,0 %).

• Pimenta-do-reino (ou vermelha)e mostarda em grão (a gosto).

Nota: deve-se evitar temperos verdes comosalsinha, cebolinha e orégano.

Como preparar

Misturar todos os ingredientes e des-pejar a solução sobre as espiguetas, até queelas fiquem totalmente submersas.

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Exaustão – A finalidade da exaustão éeliminar o ar contido dentro dos tecidos ve-getais, formar vácuo e fixar a cor do produ-to. Esse procedimento é feito com a imer-são dos recipientes abertos ou semi-abertosem água fervente (banho-maria), com o ní-vel de água do banho-maria atingindo nomáximo 2/3 da altura dos recipientes(Fig. 13).

Fig. 13. Etapa de exaustão.

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Para se garantir uma boa exaustão, atemperatura da solução no interior do potedeve atingir de 85 % a 87 %, por 15 a 20minutos.

Após a exaustão, os potes devem serimediatamente fechados, antes que a tempe-ratura fique abaixo de 85 ºC e haja reduçãodo vácuo no interior do produto final.

Outra forma de expulsar as bolhas dear é introduzir uma faca dentro dos potes.Após a eliminação das bolhas, deve-se lavaras tampas dos potes com água quente. Emseguida, deve-se adequar o vedante e pro-ceder ao fechamento dos potes.

Nota: devem-se usar só tampas novas, poiso vedante que as reveste internamente perde seupoder de vedação depois do primeiro uso.

Tratamento térmico – O tratamentotérmico tem como objetivos eliminar micror-ganismos que causam alterações nos alimen-

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tos e promover o cozimento do minimilho,melhorando sua textura.

Nessa etapa, os recipientes contendominimilho devem permanecer totalmenteimersos na água. Nesse caso, o nível de águadeve ultrapassar a altura dos potes pelo me-nos em 5 cm. Para se evitar choques e trin-caduras, os recipientes devem ficar bem fir-mes dentro da panela.

Dependendo do tamanho dos potes, otempo para esterilização comercial varia de25 a 60 minutos. Para potes de 300 mL, otempo ideal para tratamento térmico é de 30minutos, a partir do momento em que a águado banho-maria entrar em ebulição.

Resfriamento – Deve ser feito imedi-atamente após o tratamento térmico, deixan-do-se escorrer água fria (potável) e cloradalentamente pelas bordas internas da panela,até a temperatura baixar para 40 ºC.

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Os recipientes devem permanecer imer-sos até ficarem mornos, para evitar que suastampas enferrujem. Ao serem retirados daágua, devem ser colocados sobre superfí-cie limpa para secar naturalmente.

Rotulagem e armazenamento – Apóso resfriamento, o produto é rotulado e envi-ado à seção de armazenamento.

Na seção de armazenamento, as caixascontendo os potes lacrados devem ser em-pilhadas sobre estrados, para evitar o conta-to direto com o chão. Além disso, devemser armazenadas em ambiente arejado, fres-co e seco, para evitar danos às embalagense alterações no produto.

Comercialização

Normalmente, o minimilho minimamenteprocessado é comercializado diretamente em

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supermercados, restaurantes e casas espe-cializadas em minialimentos. Nesses casosdeve ser exposto em gôndolas refrigeradascom temperatura que pode variar de 1 °C a10 °C. Caso as bandejas sejam expostas emcondições de 1 °C a 5 °C, a validade doproduto pode se estender até 7 dias.

Quando em conservas (processadaspelo próprio produtor), a comercializaçãose dá com as indústrias de conservas ali-mentícias por meio de contratos com res-taurantes e supermercados, os quais comer-cializam o produto a granel.

Referências

MAGDA, R. R. Tender juice baby corn. FoodMarketing & Technology, Nurnberg, v. 9, n. 3, p.4-6, 1995.

SOLOMON, K. H. Irrigation systems and theirwater application efficiencies. Agribusiness worl-dwide, Westport, v. 12, n. 5, p. 16-24, 1990.

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