plano de negÓcios de uma cervejaria artesanal na

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PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Marcos Vinicius Amaral de Souza Ricardo Amarante de Souza Lang Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro de Produção. Orientadora: D.Sc. Maria Alice Ferruccio Rio de Janeiro Agosto de 2014

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Page 1: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE

DO RIO DE JANEIRO

Marcos Vinicius Amaral de Souza

Ricardo Amarante de Souza Lang

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro de Produção.

Orientadora: D.Sc. Maria Alice Ferruccio

Rio de Janeiro

Agosto de 2014

Page 2: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

2

PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO

RIO DE JANEIRO

Marcos Vinicius Amaral de Souza

Ricardo Amarante de Souza Lang

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE

PRODUÇÃO.

Examinado por:

Profª. Maria Alice Ferruccio

Profa. Thereza Cristina Nogueira de Aquino

Sr. Carlos A. Ferreira de Carvalho

Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Novembro de 2014

Page 3: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

3

Souza, Marcos Vinicius Amaral de

Lang, Ricardo Amarante de Souza

Plano de Negócios de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de

Janeiro / Marcos Vinicius Amaral de Souza/ Ricardo Amarante de Souza Lang –

Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014.

X, 71 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadora: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.)

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de

Engenharia de Produção, 2014.

Referências Bibliográficas: p.67-71

1. Plano de Negócios, 2. Cervejaria Artesanal

I. Ferruccio, Maria Alice. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. Plano de Negócios de

uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro.

Page 4: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

4

“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós

mesmos”

(FRIEDRICH NIETZSCHE)

“Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo.

Quem acredita sempre alcança”

(RENATO RUSSO)

“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter

lutado”

(RUI BARBOSA)

“Acerte em tudo que puder acertar. Mas não se torture com seus erros”

(PAULO COELHO)

Page 5: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

5

AGRADECIMENTOS

Agradecemos principalmente aos nossos pais, que fizeram com que tudo isso

fosse possível. Apoiaram-nos incondicionalmente, compreenderam e nos apoiaram nos

momentos mais difíceis.

Aos nossos irmãos, namoradas e amigos de bar que sempre estiveram do nosso

lado para ouvir cada história de derrota e comemorar cada vitória.

A nossa orientadora e professora, Maria Alice Ferruccio, que nos auxiliou

durante a elaboração deste projeto final, assim como nos ensinou ferramentas de

engenharia e da vida ao longo de toda a faculdade.

A todos os mestres que tivemos durante esses cinco anos, que nos ajudaram a

crescer profissional e pessoalmente.

A UFRJ, que nos proporcionou oportunidades incríveis, como o intercâmbio,

que nos ajudou a expandir nossa visão de mundo e fez com que tivéssemos ideias

inovadoras, como a que apresentaremos aqui.

A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para nossa formação,

crescimento e realização desse projeto.

Marcos Vinicius Amaral de Souza

Ricardo Amarante de Souza Lang

Page 6: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

6

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA CIDADE DO

RIO DE JANEIRO

Marcos Vinicius Amaral de Souza

Ricardo Amarante de Souza Lang

Novembro/2014

Orientador: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.)

Curso: Engenharia de Produção

Elaboração de um plano de negócios a fim de estudar a viabilidade da abertura de uma

empresa de fabricação de cerveja artesanal por meio da criação de um plano de gestão

abordando os aspectos que implicam nos ambientes internos e externos à empresa. Da

mesma forma, complementam o estudo um plano de marketing que aborda os 6 P’s

(produto, preço, praça, promoção, pessoas e processos), um plano de operações que

define sua cadeia de valor, um plano financeiro que avalia a viabilidade econômico-

financeira da empresa e por fim um plano jurídico abordando a questão tributária.

Palavras-Chave: Plano de negócios, cervejaria artesanal

Page 7: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

7

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for acquiring the degree of Industrial Engineer.

BUSINESS PLAN FOR A CRAFT BREWERY IN THE CITY OF RIO DE JANEIRO

Marcos Vinicius Amaral de Souza

Ricardo Amarante de Souza Lang

November/2014

Advisor: Maria Alice Ferruccio (D.Sc.)

Course: Industrial Engineering

Preparation of a business plan in order to study the feasibility of opening a

manufacturing company of craft beer through the creation of a management plan

involving the internal and external business environments. Likewise, the study

complement a marketing plan that addresses the 6 P's (product, price, place, promotion,

people and processes), an operational plan that defines its value chain, a financial plan

that evaluates the company’s financial viability and finally a legal plan addressing the

tax issue.

Key-Words: Business Plan, Craft Brewery

Page 8: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 12

SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................................................. 15

1. PLANO DE GESTÃO............................................................................................................................. 16

1.1 Análise CAMGPEST ........................................................................................................................... 16

1.1.1 Entorno Cultural ....................................................................................................................... 16

1.1.2 Entorno Ambiental.................................................................................................................... 17

1.1.3 Entorno Mercadológico ............................................................................................................ 18

1.1.4 Entorno Geográfico .................................................................................................................. 20

1.1.5 Entorno Político ........................................................................................................................ 22

1.1.6 Entorno Econômico .................................................................................................................. 24

1.1.7 Entorno Social ........................................................................................................................... 25

1.1.8 Entorno Tecnológico ................................................................................................................. 27

1.2 Análise SWOT ................................................................................................................................... 28

1.2.1 Cruzamentos da Análise SWOT ................................................................................................. 30

1.3 5 Forças de Porter ............................................................................................................................ 32

1.3.1 Poder de barganha dos fornecedores ...................................................................................... 32

1.3.2 Poder de barganha dos clientes................................................................................................ 32

1.3.3 Ameaça de produtos substitutos .............................................................................................. 33

1.3.4 Ameaça de novos entrantes ..................................................................................................... 34

1.3.5 Rivalidade entre concorrentes .................................................................................................. 34

1.4 Business Model Canvas .................................................................................................................... 35

1.4.1 Proposta de Valor ..................................................................................................................... 36

1.4.2 Segmento de Clientes ............................................................................................................... 36

1.4.3 Relacionamento com clientes ................................................................................................... 36

1.4.4 Canais de Distribuição............................................................................................................... 36

1.4.5 Linhas de Receita ...................................................................................................................... 37

1.4.6 Recursos Chave ......................................................................................................................... 37

1.4.7 Atividades Chave....................................................................................................................... 37

1.4.8 Parceiros Chave ........................................................................................................................ 37

1.4.9 Estrutura de Custos................................................................................................................... 38

1.5 Fatores Críticos de Sucesso Comparativo ........................................................................................ 39

1.6 Segmentação de Mercado ............................................................................................................... 40

2 PLANO DE MARKETING ...................................................................................................................... 41

2.1 Marketing Estratégico ...................................................................................................................... 41

Page 9: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

9

2.1.1 Missão ....................................................................................................................................... 41

2.1.2 Visão ......................................................................................................................................... 41

2.1.3 Valores ...................................................................................................................................... 42

2.2 Marketing Tático .............................................................................................................................. 42

2.2.1 Preço ......................................................................................................................................... 42

2.2.2 Praça ......................................................................................................................................... 42

2.2.3 Promoção .................................................................................................................................. 43

2.2.4 Produto ..................................................................................................................................... 44

2.2.5 Pessoas ..................................................................................................................................... 46

2.2.6 Processos .................................................................................................................................. 47

3 PLANO DE OPERAÇÕES ...................................................................................................................... 47

3.1 Cadeia de Valor ................................................................................................................................ 47

3.2 Atividades Primárias ......................................................................................................................... 49

3.2.1 Logística Interna........................................................................................................................ 49

3.2.2 Operações ................................................................................................................................. 50

3.2.3 Logística Externa ....................................................................................................................... 52

3.2.4 Marketing e Vendas .................................................................................................................. 52

3.2.5 Serviço ...................................................................................................................................... 52

3.3 Atividades Secundárias .................................................................................................................... 53

3.3.1 Infraestrutura da empresa ........................................................................................................ 53

3.3.2 Gestão de Recursos Humanos .................................................................................................. 53

3.3.3 Desenvolvimento tecnológico .................................................................................................. 53

3.3.4 Aquisição ................................................................................................................................... 54

4 PLANO FINANCEIRO ........................................................................................................................... 54

4.1 Componentes da Demonstração de Resultados .............................................................................. 54

4.1.1 Formação dos custos e despesas .............................................................................................. 54

4.1.2 Formação do preço e receita .................................................................................................... 56

4.2 Demonstração do Resultado do Exercício ........................................................................................ 59

4.3 Investimento Inicial .......................................................................................................................... 60

4.4 Fluxo de Caixa .................................................................................................................................. 60

4.5 Viabilidade Econômica ..................................................................................................................... 61

4.6 Análise de Cenário Alternativo ......................................................................................................... 61

5. PLANO JURÍDICO ..................................................................................................................................... 63

5.1 Estrutura Jurídica ............................................................................................................................. 63

5.2 Estrutua Organizacional ................................................................................................................... 64

6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 66

Page 10: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

10

Índice de Figuras

Figura 1 - Composição do Mercado de Cervejas ........................................................... 19

Figura 2 - Distribuição Geográfica das Cervejarias Artesanais no Brasil ...................... 22

Figura 3 - Geração de empregos das cervejarias ............................................................ 25

Figura 4 - Equipamento de fabricação para consumo próprio........................................ 28

Figura 5 - Matriz SWOT ................................................................................................ 29

Figura 6 - Matriz SWOT ................................................................................................ 30

Figura 7 - Business Model Canvas ................................................................................. 38

Figura 8 - Segmentação de Mercado .............................................................................. 41

Figura 9 - Logomarca Cervejaria Carioca ...................................................................... 45

Figura 10 - Cadeia de Valor ........................................................................................... 48

Figura 11 - Estrutura Organizacional ............................................................................. 65

Page 11: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

11

Índice de Quadros

Quadro 1 - Características dos Concorrentes ................................................................. 35

Quadro 2 - FCS Comparativo ......................................................................................... 39

Quadro 3 - Atribuições e cargos ..................................................................................... 46

Quadro 4 - Custos por Insumo ........................................................................................ 55

Quadro 5 - Custo Total do Produto Vendido .................................................................. 55

Quadro 6 - Despesas Operacionais e Administrativas.................................................... 56

Quadro 7 - Formação do Preço ....................................................................................... 57

Quadro 8 - Relação de Impostos..................................................................................... 59

Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício ................................................... 59

Quadro 10 - Investimento Inicial .................................................................................... 60

Quadro 11 - Fluxo de Caixa ........................................................................................... 61

Quadro 12 - Indicadores de Viabilidade Econômica ...................................................... 61

Quadro 13 - Demonstração do Resultado do Exercício do Cenário Alternativo............ 62

Quadro 14 - Fluxo de Caixa do Cenário Alternativo...................................................... 62

Quadro 15 - Indicadores de Viabilidade Econômica do Cenário Alternativo ................ 63

Page 12: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

12

INTRODUÇÃO

O Plano de Negócios é um documento elaborado para se estudar a realidade, a

perspectiva e a estratégia de uma empresa esclarecendo quem ela é, o que é, como faz,

porque faz e onde quer chegar. Deve refletir também as características presentes no

ambiente econômico, de mercado, tecnológico e interno à empresa1.

A elaboração de um plano de negócios é a forma ideal para que se tenha um

retrato, o mais próximo da realidade possível, de um mercado e de um produto,

garantindo maiores possibilidades de êxito para quem busca iniciar um novo negócio ou

promover ampliações e inovações no mesmo2.

Dessa forma, com a realização prévia do Plano de Negócios busca-se reduzir a

mortalidade das pequenas e médias empresas que são fundamentais à economia do país

uma vez que de acordo com pesquisas do Instituto de Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) as mesmas representam 20% do PIB brasileiro e além disso

representam também 52% dos empregos formais no Brasil segundo o Serviço de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)3.

O presente trabalho irá tratar da elaboração de um Plano de Negócios para a

criação de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro estruturando

minuciosamente todas as questões que cercam este empreendimento tanto em relação ao

seu ambiente externo e interno, além de promover os planos de gestão, marketing,

operações, financeiro e jurídico.

Este projeto tem por objetivo geral formular um Plano de Negócios que vise a

criação de uma cervejaria artesanal fabricante em pequena/média escala de cervejas

diferenciadas.

Como objetivos específicos o projeto tem por finalidade:

1 http://www.cin.ufpe.br/~dmvb/empreendimentos/Check%20list.pdf acessado em 28/08/2014

2http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/COMO%20ELABORAR%20UM%20PLANO

_baixa.pdf acessado em 28/08/2014 3 http://www.as-coa.org/blogs/s%C3%A3o-paulo-2014-blog-six-facts-about-smes-brazil acessado em

28/08/2014

Page 13: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

13

- Identificar sob diferentes aspectos as características do mercado de cervejas

artesanais.

- Elaborar um plano de gestão para o negócio analisando os ambientes externos

e internos.

- Definir um plano de marketing de forma a estabelecer e posicionar a marca no

mercado.

- Traçar um plano operacional mapeando os principais processos e definindo a

sua cadeia de valor.

- Estimar um plano financeiro que identifique a viabilidade econômica

financeira do projeto.

- Apresentar os aspectos jurídicos aos quais o negócio deve se alinhar.

- Concluir se o projeto será rentável e tecnicamente possível.

Inicialmente, o assunto relativo às cervejarias artesanais vem ganhando força

dado que o mercado mundial de cervejas está em processo de mudança. Mercados do

leste europeu, asiáticos e da América Latina vem despertando o interesse de grandes

grupos cervejeiros internacionais que se consolidam cada vez mais no mercado leva a

um processo de concentração do poder de escolha do consumidor. A necessidade de

reduzir custos e produzir cervejas com longa vida de prateleira por causa dos longos

trajetos de distribuição faz com que as cervejas oferecidas tenham sabor muito

semelhante entre si diferindo apenas na embalagem e campanha de

marketing.(REINOLD, 2008)

Dessa forma, tais produtos massificados abrem espaço para que especialistas

regionais e locais desenvolvam um novo segmento de mercado com produtos que

possuem maior especificidade e diferenciação em termos de paladar tornando cada vez

mais forte a presença das cervejarias artesanais.

Com isso, a decisão de realizar um plano de negócios nesta área é justificada

pela oportunidade de negócio advinda do crescimento do mercado de cervejas

artesanais, estimado por especialistas do setor, que apesar de representarem pequena

Page 14: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

14

parcela do setor cervejeiro dominado pelas grandes cervejarias, conta com o interesse

dos consumidores específicos deste novo setor da indústria de bebidas4.

Além disso, o plano de negócios trata-se de uma oportunidade de utilizar os

conhecimentos adquiridos ao longo do curso em diversas esferas, pondo-os em prática

através da estruturação de uma empresa como um todo. Assim, serão aprofundados

assuntos já estudados e necessários à criação de um plano de negócios como: pesquisa

de mercado, análise de ambientes externos e internos, planejamento estratégico,

estrutura financeira de um negócio, planos de marketing, processos operacionais e

estrutura jurídica.

Este projeto deseja contribuir à comunidade científica fornecendo

conhecimentos empresarias de diferentes aspectos desde o início da criação de um novo

negócio até a sua implantação e operação de fato. Sendo neste caso mais específico ao

mercado de cervejarias artesanais, porém podendo ser replicado com suas devidas

adaptações a outros tipos de negócios em diferentes mercados.

A metodologia do trabalho utilizada será a aplicação das melhores práticas para

a estruturação de um plano de negócios utilizando as principais ferramentas

correspondentes a cada etapa do plano. Além disso, a literatura disponível sobre o tema

será utilizada para caracterizar o cenário no qual o assunto se insere e expor sua

problemática, de modo que as referências bibliográficas utilizadas serão apresentadas ao

longo e ao final do trabalho.

4 http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,promissor-mercado-das-cervejas-artesanais-atrai-cada-

vez-mais-empreendedores,3463,0.htm acessado em 28/08/2014

Page 15: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

15

SUMÁRIO EXECUTIVO

Todas as partes componentes neste projeto visam elucidar sobre diferentes

perspectivas como deverá se comportar a empresa em questão de acordo com as suas

características e diante das circunstâncias do ambiente que a cerca. Além disso, em cada

plano específico componente de um plano de negócios é descrito como será realizada a

atuação da empresa na respectiva esfera abordada por cada plano.

Sendo assim, posteriormente a parte introdutória do trabalho, o capítulo um trata

do Plano de Gestão onde são utilizadas ferramentas como a análise dos entornos

Cultural, Ambiental, Mercadológico, Político, Econômico e Tecnológico

(CAMGPEST)5, as 5 forças de Porter, a matriz Strenghts, Weakness, Oportunities and

Treats (SWOT), o Business Model Canvas, os fatores críticos de sucesso comparativo e

a análise de segmentação. Dessa forma, uma análise complementa a outra e

desenvolvem um diagnóstico dos ambientes internos e externos ao negócio em questão.

No capítulo três, é traçado o Plano de Marketing onde são discutidos a missão,

visão e valores do negócio a ser aberto e o marketing tático apresentando os 6P’s de

produto, preço, praça, promoção, processos e pessoas. No capítulo quatro o Plano

Operacional identifica as atividades primárias e secundárias da cadeia de valor assim

como o funcionamento das mesmas.

O Plano Financeiro é pautado no capítulo cinco onde são estimados os custos e

despesas, investimento e receitas para que possam ser previstos os fluxos de caixa

iniciais e com isso a análise dos índices de Taxa Interna de Retorno, Valor Presente

Líquido e payback. O Plano Jurídico, no capítulo seis, estrutura o âmbito jurídico no

qual a empresa é inserida. Por fim, o último capítulo traz a conclusão do trabalho, na

qual será avaliado depois de todo o estudo feito a validade e aplicabilidade do Plano de

Negócios realizado.

5 http://www.gn2.ufrj.br/ acessado em 29/08/2014

Page 16: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

16

1. PLANO DE GESTÃO

Na etapa inicial do projeto, o plano de gestão busca primeiramente fazer um

reconhecimento do ambiente externo ao qual a empresa estará inserida através das cinco

forças de Porter e da análise CAMGPEST, que estuda as questões culturais, ambientais,

mercadológicas, geográficas, políticas, econômicas, sociais e tecnológicas.

Posteriormente, a estratégia do negócio é complementada pela matriz SWOT, Business

Model Canvas, Fatores Críticos de Sucesso e Segmentação de Mercado.

1.1 Análise CAMGPEST

1.1.1 Entorno Cultural

Existem referencias de que a cerveja no Brasil já era consumida desde o século

XVII, porém a cachaça e o vinho eram as bebidas alcoólicas mais comuns. Somente

com a abertura dos portos e a vinda da família real portuguesa ao Brasil a cerveja

passou a ser introduzida no país de fato. Com o passar das décadas o consumo foi

crescendo e a fabricação de cervejas no Brasil foi surgindo iniciada principalmente por

famílias de imigrantes6.

O costume de fabricar a própria cerveja artesanalmente como não poderia deixar

de ser, também foi trazido da Europa, onde há muitos séculos a fabricação da cerveja

utilizando ingredientes selecionados e respeitando os processos de fabricação legítimos

é uma tradição.7

A influência da imigração alemã principalmente nos estados do sul do Brasil fez

com que as cidades dessa região mantivessem algumas tradições dessas famílias

imigrantes, dentre elas a fabricação das cervejas artesanais, fazendo com que hoje sejam

6 http://www.cervesia.com.br/historia-da-cerveja/72-a-historia-da-cerveja-no-brasil.html acessado em

30/08/2014 7 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em

30/08/2014

Page 17: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

17

referência a nível nacional desta cultura e apresentem diferentes microcervejarias que

contribuem o fortalecimento do turismo e cultura da região8.

Mesmo aparte da influência da imigração européia, muitas outras cervejarias

artesanais de outras regiões do país surgem e ganham destaque como consequência do

crescimento deste mercado de forma que hoje a cultura cervejeira se encontra espalhada

pelas regiões do Brasil.9

Além disso, a presença cada vez maior da cultura das cervejarias artesanais no

Brasil tem feito surgir diversos cursos de especialização em produção de cervejas e

eventos culturais que envolvem a degustação de cervejas artesanais e exposição das

mesmas em feiras culturais, roteiros turísticos, festivais, encontros culturais,

associações, clubes e etc10

.

1.1.2 Entorno Ambiental

O aspecto ambiental também merece destaque e tem bastante influencia no

mercado das cervejarias artesanais, uma vez que as principais matérias primas

fundamentais para a fabricação da cerveja, além da água, são de origem vegetal como a

cevada e o lúpulo.

A cevada no território brasileiro normalmente é plantada em regiões de

temperatura amena, como a região sul do país, visto que é uma cultura típica do

outono/inverno sendo geralmente plantada no mês de junho e colhida em novembro de

acordo com o clima da região na qual está sendo plantada11

.

Já o plantio do lúpulo é mais complicado de se adaptar as condições climáticas

do Brasil, pois necessita de características mais comuns ao clima temperado presente no

8 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em

30/08/2014 9 http://www.clubeer.com.br/blog/historia-brasileira-e-cervejaria-cervejas-artesanais/ acessado em

30/08/2014 10

http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/artesanal-e-caseira-1.731442 acessado em 30/08/2014 11

http://www.agrolink.com.br/cereaisdeinverno/informacoestecnicascevada.aspx acessado em 30/08/2014

Page 18: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

18

hemisfério norte, o que faz com que tal insumo seja na maioria das vezes importado de

países dessa região12

.

Existem vários tipos de lúpulo e malte (obtido a partir da cevada) que no caso

das cervejas artesanais são selecionados especificamente para dar o aroma, coloração e

sabor desejados. Dessa forma, muitas vezes para fabricar certos tipos de cerveja é

necessário que o produtor tenha de importar essas matérias primas uma vez que certas

especificações não são encontradas no Brasil, o que acaba encarecendo o produto

final13

.

Outra questão ambiental que impacta em custos para o fabricante é o tratamento

dos resíduos devolvidos ao meio ambiente. A quantidade de efluentes gerados por uma

cervejaria tem uma taxa que vai de 5 a 10 vezes a sua produção, o que evidencia

também o grande consumo de água que é realizado. A água contaminada por restos de

produtos, lubrificantes, antiespumantes e etc, necessita antes de ser lançada, passar por

um tratamento para que seus resíduos sólidos sejam retirados e após isso o seu ph seja

equilibrado para que assim possa ser devolvida ao meio ambiente14

.

1.1.3 Entorno Mercadológico

Segundo dados da consultoria especializada no setor, (CERVESIA, 2011), o

Brasil com sua produção anual de 12,4 bilhões de litros é o terceiro maior produtor de

cerveja estando atrás somente de países como China (45 bilhões de litros por ano) e

Estados Unidos (35 bilhões de litros por ano), estando a frente até mesmo de países

como a Rússia (11,6 bilhões de litros por ano) e a Alemanha (10,8 bilhões de litros por

ano).

Nos anos de 2008 até 2011 as vendas cresceram 54% no ramo das cervejas

comuns e 79% nas artesanais15

. Segundo dados do Sistema Integrado de Produtos e

12

http://www.apcv.pt/pdfs/lupulo.pdf acessado em 30/08/2014 13

http://www.beerlife.com.br/portal/default.asp?id_texto=22 acessado em 30/08/2014 14

http://www.ambientelegal.com.br/sustentabilidade-e-mais-dificil-para-os-pequenos-cervejeiros/ acessado em 30/08/2014 15

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/cervejas-artesanais-estao-cada-vez-mais-presentes-no-mercado-brasileiro acessa do em 31/08/2014

Page 19: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

19

Estabelecimentos (Sipe/Mapa), 232 cervejarias e 1.110 tipos de cervejas estão

registrados no Brasil.

Em pesquisa realizada pela empresa Latin Panel o público consumidor deste

mercado ainda é em sua maioria masculino, embora atualmente as mulheres

representem por volta de 33% do consumo nacional de cerveja, sendo ainda considerada

a bebida predileta de 29% do público feminino da faixa etária entre 30 e 39 anos.

Também foi constatado que as mulheres entre 40 e 49 anos representam 24% do

consumo de cerveja no Brasil e que o público feminino gasta gasta 6% a mais do que o

masculino em cervejas do tipo Premium16

.

O mercado de cervejas em geral, atualmente, é caracterizado por ser altamente

concentrado com somente uma empresa possuindo aproximadamente 70% da fatia do

mercado. O que sobra é dividido por outros três grupos cervejeiros também de grande

porte que estabelecem entre si uma grande concorrência, além de uma pequena parcela

em torno de 1% que corresponde às cervejarias regionais e microcervejarias e

cervejarias artesanais.

Figura 1 - Composição do Mercado de Cervejas

Fonte: http://afrebras.org.br/ acessado em 31/08/2014

16

http://www.cervesia.com.br/dados-estatisticos/609-o-mercado-cervejeiro-brasileiro-atual-potencial-de-crescimento.html acessado em 31/08/2014

Page 20: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

20

No entanto, apesar da pequena participação no mercado apresentada pelas

cervejarias artesanais, as mesmas têm apresentado um crescimento bastante promissor

com previsão de ser quatro vezes superior ao crescimento anual do mercado de cervejas

tradicionais17

.

No ano de 2012 houve o maior número de registros por parte do Ministério de

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de cervejarias dos últimos 30 anos. Um

número de 31 novos registros de cervejarias foi atingido no ano em questão. Há vinte

anos esse número era de apenas 2 registros18

.

Embora este negócio esteja crescendo de forma extremamente positiva, a

intenção deste nicho de mercado não é competir com a grande indústria cervejeira, uma

vez que as dificuldades de logística enfrentada pelas pequenas cervejarias e os impostos

elevados aumentam bastante o preço das cervejas artesanais que possuem um mercado

consumidor específico e diferente dos consumidores usuais das cervejas mais comuns19

.

1.1.4 Entorno Geográfico

As cervejarias artesanais inicialmente eram típicas dos países europeus cujo

clima favorece o plantio das suas principais matérias primas. Entretanto, atualmente elas

se encontram espalhadas ao redor do mundo tendo se tornado uma cultura presente em

diversos países com características diferentes entre si.

Dentre os principais países que possuem maior tradição na fabricação de

cervejas artesanais as escolas: alemã, belga e americana, apresentam grande destaque no

cenário mundial. A escola alemã é uma das precursoras e mais tradicionais que desde

1516 estabeleceu a “Lei da Pureza” determinando que todas as cervejas produzidas na

17

https://www.papodebar.com/brasil-brau-2013/ acessado em 31/08/2014 18

http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos-7910904 acessado em 31/08/2014 19

http://oglobo.globo.com/economia/cervejas-importadas-chegam-ser-mais-baratas-que-artesanais-nacionais-9181277 acessado em 31/08/2014

Page 21: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

21

região da Baviera deveriam conter apenas os ingredientes básicos: malte, lúpulo, água e

levedura20

.

Já a escola belga se caracteriza pela complexidade da fabricação de cerveja que

utiliza diversos ingredientes extras a fim de obter sabores diferenciados, além disso, ela

também é conhecida pelos mosteiros que produzem algumas das consideradas melhores

cervejas do mundo. A escola americana muito conhecida pela produção em grandes

volumes há alguns anos mudou esse panorama com o surgimento de diversas

cervejarias artesanais conhecidas como craftbreweries.21

No Brasil, o grande número de registros de cervejarias foi feito em 2012 quando

31 novos produtores conseguiram a sua regularização com o Ministério de Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi o maior número de registros dos últimos 30

anos. Segundo os dados mais recentes levantados por este órgão, dentre os atuais cerca

de 232 estabelecimentos autorizados a fabricação e comercialização de cervejas muitos

deles estão espalhados por diversos estados brasileiros sendo que somente os estados do

Acre, Alagoas, Rondônia e Tocantins não receberam autorizações22

.

A maioria das cervejarias artesanais se encontra em São Paulo que possui 58

estabelecimentos com autorização, logo em seguida Santa Catarina e Rio Grande do Sul

possuem respectivamente 28 e 26 fabricantes. As cidades interioranas nesses três

estados representam boa parte desse número de estabelecimentos autorizados. O estado

de Minas Gerais vem crescendo nesse mercado e já atingiu 25 cervejarias artesanais

sendo seguido pelo Rio de Janeiro com 17. As restantes estão espalhadas por outros

estados do Brasil23

.

20

http://www.beerlife.com.br/ed01/estilos.asp acessado em 31/08/2014 21

http://www.beerlife.com.br/ed01/estilos.asp acessado em 31/08/2014 22

http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos-7910904 acessado em 31/08/2014 23

http://oglobo.globo.com/economia/registros-de-cervejarias-cresceram-15-vezes-em-20-anos-7910904 acessado em 31/08/2014

Page 22: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

22

Figura 2 - Distribuição Geográfica das Cervejarias Artesanais no Brasil

Fonte: http://www.acervacarioca.com.br acessado em 31/08/2014

1.1.5 Entorno Político24

No Brasil a concessão do registro de produtores, exportadores, importadores,

envasadores e atacadistas é realizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA), o qual é o órgão também incumbido de controlar a qualidade

das cervejas importadas e das que são produzidas dentro do país.

A regulamentação para cervejarias artesanais começou a ser discutida

recentemente tendo sido postergada e esquecida durante alguns anos até que, com mais

de dez anos após as regulações da produção de cerveja em escala industrial, o MAPA

passou a discutir regras para esse setor.

As principais regras estabelecidas definem que para ser permitida a

comercialização de cervejas produzidas artesanalmente, é necessário que a cervejaria

24

http://www.bebendobem.com.br/2012/11/mapa-abre-consulta-publica-para-regulamentar-producao-de-cerveja-artesanal-e-caseira/ acessado em 31/08/2014

Page 23: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

23

esteja registrada no MAPA contendo toda a documentação exigida. Dessa forma, para

que o produtor possa vender estando dentro da legalidade e sem entrar em conflito com

o órgão regulamentador, a cervejaria deve ter dentre outros documentos, CNPJ, alvará

de funcionamento, Inscrição Estadual, autorização ambiental, projeto e manual de boas

práticas, contrato social e demais documentos.

Outra questão também importante da regulamentação deste setor é o limite

máximo de produção de cerveja estabelecido para que o estabelecimento seja

considerado como uma cervejaria artesanal. Segundo a portaria nº142/2012 do MAPA

ficou estabelecido um limite máximo da produção anual de trinta mil litros de cerveja

para que uma cervejaria possa ser designada como estabelecimento artesanal ou caseiro

localizado em área urbana, ou seja, uma produção máxima a ser comercializada de

2.500 litros por mês.

Tal limite máximo de produção estabelecido é algo passível de maiores

discussões uma vez que parte das cervejarias artesanais fabrica uma quantidade mensal

maior que a estipulada e em algumas delas a produção de até mesmo somente um mês

pode vir a ultrapassar o limite anual.

Um aspecto positivo alcançado nos últimos anos pelos representantes do setor e

microempresários foi a instrução normativa que possibilita a utilização de outros

ingredientes de origem animal como leite, mel e chocolate, assim como de origem

vegetal no caso de frutas, ervas e flores, no processo de produção da cerveja juntamente

com os ingredientes obrigatórios malte, lúpulo, levedura e água. Com isso, as cervejas

produzidas artesanalmente podem explorar ainda mais novos sabores contribuindo para

uma diferenciação ainda maior.

Na esfera tributária as cervejarias artesanais sofreram ultimamente uma derrota

ao serem excluídas do sistema do Simples Nacional que facilita o pagamaneto de

impostos por parte das pequenas empresas25

. No entanto, a partir do início do ano de

2014 o teto para o enquadramento de empresas no Lucro Presumido passou de 48

milhões de faturamento para 78 milhões, com isso um maior número de empresas

25

http://destinocervejeiro.com/microcervejarias-sao-excluidas-simples-nacional acessado em 31/08/2014

Page 24: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

24

poderão ser beneficiadas incluindo as microcervejarias que já possuem um certo nível

de desenvolvimento26

.

1.1.6 Entorno Econômico

A situação econômica do país em geral há cerca de três anos era vista de forma

otimista com perspectivas positivas de desempenho e crescimento, porém, a realidade

mostrou que a situação não se traduziu em suas expectativas traçadas e o desempenho

em termos de crescimento de PIB e investimentos acabou caindo em ambos os casos,

desfazendo o cenário otimista de outrora27

.

No entanto, não há como negar que o mercado consumidor nos últimos anos de

uma forma geral tem aumentado seu poder aquisitivo assim como seu padrão de

consumo, principalmente devido aos aumentos do salário mínimo, apesar do aumento

nos preços dos bens. Dessa forma, passa a ser um fator macroeconômico que vem

contribuindo para alavancar as vendas de diversos setores da economia do país.28

O mercado de cervejas artesanais ainda possui uma pequena fatia do mercado de

cervejas quando comparado com as cervejarias industriais. No entanto, este aspecto do

crescente aumento da renda familiar no Brasil e a elevação dos padrões de consumo tem

ajudado bastante para que as cervejarias artesanais aumentem suas vendas e passem a

ter um maior crescimento de mercado29

.

O segmento de cervejarias artesanais nos dias de hoje movimenta cerca de 2

bilhões de reais que corresponde a mais ou menos 5% do faturamento total do segmento

de cervejas que girou em torno de 40 bilhões de reais no ano de 2012 segundo o

Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). Além disso, as microcervejarias

26

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/colunistas/edino-garcia/2013/05/23/mais-empresas-poderao-optar-pelo-lucro-presumido-em-2014.htm acessado em 31/08/2014 27

http://exame.abril.com.br/topicos/pib-do-brasil acessado em 31/08/2014 28

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/aumento-do-poder-de-compra-promove-expansao-das-vendas acessado em 01/09/2014 29

http://www.cervesia.com.br/dados-estatisticos/164-cerveja-mercado-potencial.html acessado em 31/08/2014

Page 25: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

25

tem tido um crescimento do seu faturamento muito maior do que as cervejarias

populares.

Segundo dados da Associação dos fabricantes de refrigerantes do Brasil

(AFREBRAS) as microcervejarias tem importante papel na economia ao serem

responsáveis por 17,5% dos empregos gerados no setor apesar de possuírem somente

cerca de 1,5% do mercado total de cervejas.

Figura 3 - Geração de empregos das cervejarias

Fonte: AFREBRAS

1.1.7 Entorno Social

As características dos consumidores de cervejas artesanais também é outro ponto

que difere bastante das cervejas industriais. Enquanto os consumidores destas buscam

adquirir produtos a baixos preços valorizando a quantidade em relação à qualidade da

cerveja que consomem, o público das cervejas artesanais pode ser considerado mais

exigente e valorizam outros aspectos30

.

O público das cervejas artesanais, em contra partida à maioria dos consumidores

de cervejas comuns, procuram obter uma grande experiência ao degustar uma cerveja

produzida com mais cuidado e que atende fielmente aos requisitos de fabricação de uma

cerveja. Dessa forma, tais consumidores são considerados mais exigentes em termos da

qualidade da cerveja que estão consumindo31

.

Esses consumidores muitas vezes admitem pagar preços mais caros, que

algumas vezes chega a ser o dobro ou mais de uma cerveja comum, para comprar uma

30

http://edelbrau.wordpress.com/2012/02/13/cerveja-artesanal-x-industrial/ acessado em 01/09/2014 31

http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/noticias/2561-170314-diferencial-competitivo.html acessado em 01/09/2014

Page 26: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

26

cerveja produzida com mais perícia e que oferece diferentes tipos e sabores. Portanto,

este público é geralmente caracterizado também por consumidores com estabilidade

financeira e um bom poder aquisitivo32

.

Além disso, com o aumento do poder aquisitivo da população, o número de

pessoas viajando para o exterior vem aumentando. Com isso, essas pessoas tem tido

maior contato com países que apresentam uma maior cultura cervejeira, onde a cerveja

artesanal é consumida com maior frequência. Assim, ao experimentarem novas cervejas

com sabores diferenciados essas pessoas ao retornarem acabam mudando seu padrão de

consumo e sua exigência em relação às cervejas que consumirão de volta ao território

nacional33

.

Em muitos casos a fabricação de cerveja artesanal é encarada como um hobby

para os fiéis apreciadores de cervejas diferenciadas. Acompanhar os processos de

transformação dos ingredientes selecionados e adquiridos por si mesmo e combinando-

os da sua própria maneira para atingir sabores e aromas mais sofisticados no conforto da

própria residência é um atrativo e sinônimo de um lazer prazeroso para os consumidores

de cervejas artesanais34

.

Outro ponto a se destacar é que as cervejas artesanais por possuírem sabores

mais sofisticados e variados possuem muitas oportunidades de serem harmonizadas à

gastronomia. As cervejas mais elaboradas passaram a ser vistas como uma boa opção de

acompanhamento para pratos em restaurantes assim como para receitas culinárias,

proporcionando aos consumidores experiências gastronômicas de fato, assumindo

muitas vezes o papel do vinho como sendo uma bebida sofisticada e saborosa para ser

consumida com uma refeição especial35

.

32

http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2012/04/21/noticiasjornaleconomia,2825291/cervejarias-artesanais-apostam-em-publico-refinado.shtml acessado em 01/09/2014 33

http://economia.terra.com.br/consumidor-refinado-e-publico-alvo-de-cervejarias-artesanais,d12850f7fd66b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html acessado em 01/09/2014 34

http://www.otempo.com.br/pampulha/reportagem/artesanal-e-caseira-1.731442 acessado em 31/08/2014 35

http://www.beerme.com.br/mundo-da-cerveja/curiosidades/cervejas-especiais-e-gastronomia/ acessado em 01/09/2014

Page 27: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

27

1.1.8 Entorno Tecnológico

A fabricação de cervejas artesanais envolve três processos básicos que compõe

um roteiro básico de produção e que no total duram vários dias. Começa pela mostura

onde são extraídos os açúcares e outros componentes do malte, passando pela fervura

onde o mosto é fervido na caldeira e é adicionada o lúpulo que posteriormente é

separado e resfriado e por fim a fermentação onde o fermento é adicionado ao mosto e

dependendo do tipo de fermentação produz-se diferentes tipos de cerveja36

.

Os equipamentos envolvidos podem variar com o nível de tecnologia e

complexidade utilizada na fabricação, no entanto os mais essenciais são: caldeiras ou

até mesmo panelas de grande capacidade, o fogareiro para ferver o conteúdo presente na

caldeira, o moedor de cereais, fermentador, filtro de bagaços para filtrar as impurezas,

termômetro, muito importante principalmente no processo de fermentação, fermentador,

densímetro e trocador de temperatura37

.

Em termos de processos de produção uma novidade tecnológica descoberta no

mercado é a utilização de LED como fonte de luz para estimular a atividade de

leveduras durante o processo de fermentação onde a luz facilita a entrada de

carboidratos provenientes do malte e a liberação de álcool e CO2 pela mesma. Dessa

forma a etapa de fermentação ocorre mais rapidamente38

.

Com relação a equipamentos, uma inovação apresentada no mercado é um

equipamento lançado por uma pequena cervejaria da Nova Zelândia, a “The Williams

Warn”, chamado de “WilliansWarn Personal Brewery” no qual é possível realizar a

produção de cerveja em escala para consumo próprio num único recipiente. O mesmo é

capaz tanto de esquentar quanto esfriar além de carbonatar a cerveja artificialmente.

Assim, funciona de forma mais simplificada constituindo-se em um único aparelho

capaz de produzir a cerveja39

.

36

http://www.cervejaartesanal.com.br/curso.htm acessado em 02/09/2014 37

http://www.cervejaartesanal.com.br/equipamentos.htm acessado em 02/09/2014 38

http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/05/28/uso-de-led-acelera-a-fermentacao-na-producao-de-cerveja/ acessado em 01/09/2014 39

http://confrariadolupulo.wordpress.com/2013/08/15/a-ferrari-da-fabricacao-de-cerveja-caseira/ acessado em 01/09/2014

Page 28: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

28

Figura 4 - Equipamento de fabricação para consumo próprio

Fonte: http://confrariadolupulo.wordpress.com/2013/08/15/a-ferrari-da-fabricacao-de-cerveja-caseira/

acessado em 01/09/2014

Tais inovações tanto no que tange aos equipamentos quanto aos processos

produtivos muitas vezes surgem e são divulgados em eventos profissionais. São

congressos, feiras e encontros de tecnologia em cerveja nos quais especialistas da área

expõem equipamentos, insumos e acessórios, além de apresentarem palestras e mesas

redondas com novas técnicas e soluções para o processo de produção de cerveja.

1.2 Análise SWOT

Para fazer uma análise mais detalhada dos ambientes internos e externos deste

negócio em estudo é utilizada a análise SWOT na qual serão destacadas as forças e

fraquezas referentes aos ambientes interno do negócio e as oportunidades e ameaças que

compões o ambiente externo.

Page 29: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

29

Figura 5 - Matriz SWOT

Fonte: Os autores, adaptado de Kotler(1998

Forças

Utilização de insumos legítimos

Qualidade da Cerveja

Diferenciação do Produto

Quadro de funcionários enxuto

Excelente pós-venda

Baixo Custo com Propaganda

Fraquezas

Investimento inicial alto

Alto preço das cervejas

Complexidade do tratamento de efluentes

Insumos mais caros

Baixo poder de barganha com fornecedores

Baixa produção mensal

Pouca força da marca

Oportunidades

Perspectivas de crescimento do mercado

Eventos e feira de degustação de cervejas artesanais

Maior poder de compra dos consumidores

Harmonização com o setor gastronômico

Crescimento da procura por cervejas de qualidade

Ameaças

Regulamentação do setor

Alta tributação do setor

Concorrência diversificada

Sazonalidade do setor de bebidas

Dificuldade de se obter o registro do MAPA

Page 30: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

30

1.2.1 Cruzamentos da Análise SWOT

Fonte: Os autores, adaptado de Tiffany e Peterson (2000)

Ao identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da empresa e do

segmento de mercado de atuação da mesma, é importante utilizar tais informações para

auxiliar na elaboração de estratégias que advém dos cruzamentos entre as variáveis

internas e externas de forma que as escolhas das alternativas de estratégia possam guiar

eventuais linhas de ação a serem seguidas.

Primeiramente ao cruzar as Forças e Oportunidades do negócio tem-se a

estratégia ofensiva a fim de extrair o melhor dos mundos das situações possíveis em

busca do desenvolvimento do negócio. Tem-se por objetivo então explorar o

crescimento da busca por cervejas diferenciadas atrelado ao aumento da capacidade de

compra da classe média com a utilização de insumos de qualidade formando assim uma

Força

Interna

Fraqueza

Interna

Ameaça

Externa

Oportunidade

Externa

Sobrevivência

Crescimento

Manutenção /

Defesa

Desenvolvimento

Figura 1 - Matriz SWOT

Figura 6 - Matriz SWOT

Page 31: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

31

cerveja diferenciada do mercado. Além disso, oferecendo um produto de qualidade será

facilitada a parceria com o setor gastronômico especializado, como restaurantes

voltados para a classe média que exigem um produto de qualidade para harmonização.

Do mesmo modo, um produto diferenciado consegue aumentar seu poder de entrada em

feiras de degustação que têm como característica exatamente a busca por cervejas que

surpreendam o público.

Relacionando agora as Forças com as Ameaças adota-se uma estratégia de

manutenção na qual se monitoram as ameaças, mantendo as forças para exercer controle

sobre a situação. Dessa forma, a ameaça da ampla e diversificada concorrência é

controlada pela qualidade e diferenciação do produto. Além disso, a sazonalidade pode

ser controlada pelos baixos custos com propaganda e um quadro de funcionários enxuto

que fará a empresa sobreviver aos períodos de baixa de vendas. No mesmo sentido, uma

economia de custos levará a um preço competitivo controlando assim a alta tributação

que incidirá sobre o produto.

Com relação às Fraquezas e Oportunidades, é importante evoluir nos pontos

fracos de forma que os mesmos auxiliem a aproveitar oportunidades estabelecendo uma

estratégia de crescimento para a empresa. Com isso é necessário reverter o nível baixo

de produção e a pouca força da marca para que com o aumento da produção e um maior

fortalecimento da marca, seja possível aproveitar as oportunidades da tendência de

crescimento do mercado de cervejas artesanais. Fortalecendo a marca haverá o

consequente aumento do volume produzido, aumentando dessa forma o poder de

barganha sobre os fornecedores e aumentando a produção de cerveja.

Por fim, o cruzamento entre Fraquezas e Ameaças é direcionado para a

mitigação dos impactos negativos causados pela vulnerabilidade do negócio

configurando como uma estratégia de sobrevivência. Neste sentido, é preciso monitorar

sempre os riscos advindos dos custos e investimento altos aliados a tributação do setor,

assim como desenvolver-se na questão do tratamento de efluentes para diminuir os

problemas de regulamentação do setor.

Page 32: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

32

1.3 5 Forças de Porter

Segundo o modelo elaborado por Michael Porter na década de 70 para analisar o

grau de atratividade de um setor, é necessário identificar e estudar os cinco fatores que

são chamados de cinco forças de Porter e que são os principais atores na determinação

da competitividade do setor.

1.3.1 Poder de barganha dos fornecedores

A fabricação de cerveja artesanal requer a utilização de insumos de alta

qualidade que compõe um dos principais fatores de diferenciação do produto. Os

insumos fundamentais (malte, lúpulo e fermentos), na maioria dos casos são importados

e logo se tratam de matérias primas que sofrem bastante com a tributação de

importações presente no país gerando um alto custo, e cujos preços ainda sofrem

também com as variações do câmbio.

Além disso, a cadeia de fornecedores nacional para pequenos cervejeiros é

bastante restrita não oferecendo muita opção para os fabricantes, de forma que 3

principais players atendem a maior parte do mercado. A “WE Consultoria”,

“ArteBrew”, e a “Malte & Cia” são os principais fornecedores de insumos atualmente

no mercado.

Portanto, devido ao fato de na maioria das vezes os insumos utilizados serem

importados e comprados em baixa escala devido a produção de cervejas não ser muito

grande, e principalmente à escassez de diversidade de opções de fornecedores, o poder

de barganha dos fornecedores neste setor é considerado alto.

1.3.2 Poder de barganha dos clientes

A força do poder de barganha dos clientes influencia na competitividade do setor

quando consegue realizar alguma interferência na estipulação dos preços dos produtos

Page 33: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

33

das empresas. Além disso, os consumidores também podem exercer sua força quando

estimulam a concorrência entre as empresas por terem uma variedade de escolhas

possíveis de consumo.

No caso da interferência dos clientes nos preços das cervejas artesanais, pode-se

dizer que a influência é diminuta. Isto acontece pois os clientes desse nicho de mercado

geralmente aceitam arcar com os preços mais elevados dessas cervejas em decorrência

dos insumos caros e custos de distribuição, na busca por um produto diferenciado das

demais cervejas padronizadas.

No entanto, os consumidores das cervejas artesanais costumam gostar de

experimentar diferentes sabores e tipos de cerveja. Dessa forma, não se configuram

como um público fiel a uma marca, fazendo com que haja maior competição entre as

diferentes marcas e estimulando que as mesmas estejam sempre lançando novos tipos

de cervejas.

Logo, devido ao fato dos clientes terem pouca influência sobre os preços que as

cervejarias artesanais podem cobrar e, no entanto, exercerem influência ao diversificar

os produtos que consomem, considera-se que o poder de barganha dos clientes é

moderado.

1.3.3 Ameaça de produtos substitutos

As cervejas artesanais possuem como produtos substitutos bebidas alcoólicas

que também apresentam a qualidade como principal diferencial. A principal é o vinho

que também é uma bebida alcoólica considerada sofisticada e que utiliza do seu sabor

para harmonizar com a gastronomia assim como algumas cervejas premium. Além do

vinho, a cachaça artesanal e a vodka também figuram como substitutos visto que são

produtos que também se preocupam com a qualidade e sabor, entretanto possuem um

teor alcoólico mais elevado e são um pouco mais caros.

A ameaça dos substitutos às cervejas artesanais é considerada fraca, pois a

pressão exercida pelos mesmos ao negócio das microcervejarias não é tão impactante já

que os preços tanto do vinho quanto da cachaça são na média maiores do que o da

cerveja artesanal.

Page 34: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

34

1.3.4 Ameaça de novos entrantes

Para avaliar a ameaça que novos entrantes podem exercer na competitividade do

setor é importante definir e mensurar os aspectos que influenciam o nível da barreira de

entrada de novos competidores.

Primeiramente o investimento inicial necessário para se começar a fabricação de

cervejas artesanais é considerado alto, uma vez que é preciso comprar equipamentos

caros e adquirir ou alugar uma instalação para iniciar sua produção. Outra questão

importante que funciona como uma barreira a criação de novas cervejarias é a

regulamentação necessária atualmente, que exige diferentes tipos de licenças

ambientais, sanitárias e etc, as quais requerem certa burocracia.

No entanto, existem também aspectos que favorecem a entrada de novos

concorrentes. Como as cervejarias artesanais não possuem uma larga produção este

setor possui baixa economia de escala o que faz com que o competidor já atuante não

tenha uma grande vantagem em custo em relação ao entrante. Além disso, os preços das

diferentes marcas de cervejas artesanais não variam muito entre si, estando geralmente

numa mesma faixa, assim favorecem os novos concorrentes a não encontrarem

resistência dos consumidores já que a troca de um produto para o outro não é custosa.

Deste modo, a ameaça de novos entrantes é considerada moderada visto que

apesar de possuir um investimento inicial alto e regulamentação exigente, a economia

de escala é baixa e custo de troca entre os concorrentes não é alto para o consumidor

final.

1.3.5 Rivalidade entre concorrentes

A intensidade da competição entre os concorrentes no setor de cervejas

artesanais tem criado um aumento do potencial deste mercado como um tudo

beneficiando os negócios neste ramo como um todo. O número de empresas

concorrentes pode ser considerado alto principalmente quando comparado com o

numero de cervejarias de grande porte o que faz com que a competitividade das cervejas

artesanais seja alta.

Page 35: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

35

A diversidade desses concorrentes decorrentes das diferentes características e

estratégias usadas pelas microcervejarias também intensifica a rivalidade. A pouca

diferença de preços entre os produtos concorrentes, assim como uma ameaça a novos

entrantes, também é mais uma característica deste setor que contribui para uma

competição mais acirrada.

No mercado das cervejarias artesanais da cidade do Rio de Janeiro as principais

competidoras são: a cervejaria “2 Cabeças”, que vende a cerveja de mesmo nome, a

Cervejaria Fraga que vende a “Cerveja Fraga” e a Brassaria Ampolis que vende a

cerveja “Biritis”. Tais cervejarias possuem as seguintes características:

Quadro 1 - Características dos Concorrentes

Fonte: Dados coletados de http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2013-11-21/jovens-empreendedores-apostam-

no-mercado-de-cervejas-premium.html acessado em 29/09/2014 e

http://www.portalimprensa.com.br/cdm/caderno+de+midia/65058/cerveja+gourmet+e+camisetas+eternizam+o+tr

apalhao+mussum+como+hit+da+cultura+pop acessado em 29/09/2014

1.4 Business Model Canvas

Nesta fase de planejamento, a estratégia do modelo de negócios é apresentada

através da ferramenta Business Model Canvas. Ela consiste em um mapa estratégico que

contempla os nove blocos que compõem os pontos chave do empreendimento e como

eles interagem.

A utilização desta ferramenta facilita a concepção do novo negócio por meio da

especificação dos principais itens componentes que serão identificados na caso de uma

cervejaria artesanal e são:

Proposta de Valor

Page 36: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

36

Segmentos de Clientes

Relacionamento com Clientes

Canais de Distribuição

Linhas de Receita

Recursos Chave

Atividades Chave

Parceiros Chave

Estrutura de Custos

1.4.1 Proposta de Valor

Produzir cervejas diferenciadas com qualidade superior a fim de oferecer uma

alternativa às cervejas com sabor padronizado e inferior.

1.4.2 Segmento de Clientes

Homens e mulheres de classe média entre 18 e 50 anos

1.4.3 Relacionamento com clientes

Festivais de cerveja

Eventos de Degustação de cerveja

Concursos de cerveja

Site

Redes Sociais

1.4.4 Canais de Distribuição

Lojas de cerveja

Supermercados

Page 37: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

37

Bares

Restaurantes

1.4.5 Linhas de Receita

Venda das cervejas produzidas

1.4.6 Recursos Chave

Equipamentos

Insumos selecionados

Garrafas

Tampas

Funcionários

1.4.7 Atividades Chave

Produção de cerveja

Distribuição

Divulgação da marca

Compra de insumos

1.4.8 Parceiros Chave

Associação de Cervejeiros Artesanais

Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja

Fornecedores de insumos

Distribuidores de cerveja

Pontos de venda especializados

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38

1.4.9 Estrutura de Custos

Compra de insumos

Logística de distribuição e propaganda

Folha de pagamento

Contas (luz, água, etc)

Aluguel da instalação

Manutenção de equipamentos

Figura 7 - Business Model Canvas

Fonte: Os autores, adaptado de OSTERWALDER, A.(2010)

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39

1.5 Fatores Críticos de Sucesso Comparativo

Com o intuito de estabelecer uma comparação entre a empresa apresentada neste

projeto e as demais cervejarias artesanais oriundas da cidade do Rio de Janeiro já

atuantes, e apresentadas anteriormente, serão confrontados os pontos fortes e fracos

anunciados na matriz SWOT. Foram fornecidos pesos para cada um deles e atribuído

notas de 1 a 10 às cervejarias em cada item de acordo com as características de mercado

de cada concorrente já ilustrada no quadro1, a fim de, no final, descobrir qual delas

possuirá uma maior pontuação.

Quadro 2 - FCS Comparativo

Fonte: Os autores, adaptado de Ferruccio (2014), disciplina de Marketing do curso de Engenharia de Produção UFRJ

Podemos constatar diante da tabela comparativa apresentada, que a cervejaria

apresentada neste projeto se coloca em segunda lugar no mercado tanto nos pontos

fortes quanto nos pontos fracos destacando-se no primeiro caso na qualidade do produto

e no segundo destaca-se pelo preço quando comparada às demais e pela produção

mensal perdendo apenas para a cerveja “2 Cabeças” que possui uma maior escala e

distribui para outras cidades além do Rio de Janeiro assim como a “Brassaria Ampolis”

que está presente em vários estados.

Page 40: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

40

1.6 Segmentação de Mercado

A identificação do perfil dos clientes que devem ser atingidos pelo negócio

proposto é de suma importância para que a empresa possa introduzir e direcionar o

produto de forma correta atendendo às diversas demandas do seu público alvo. Por isso,

nesta etapa será caracterizado o mercado de atuação da cervejaria com a identificação

dos diferentes segmentos de mercado, até que se chegue ao cliente padrão.

Portanto, a segmentação de mercado é feita da seguinte forma:

Mercado Potencial

Homens e Mulheres de 18 a 50 anos.

Mercado Disponivel

Homens e Mulheres de 18 a 50 anos e consumidores de cerveja.

Mercado Qualificado

Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja e de classe média.

Mercado Alvo

Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja, de classe média e

que priorizam qualidade ao preço da cerveja.

Mercado Penetrado (cliente padrão)

Homens e Mulheres de 18 a 50 anos, consumidores de cerveja, de classe média e

que priorizam qualidade ao preço da cerveja, usuários da cerveja em questão.

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41

Figura 8 - Segmentação de Mercado

Fonte: Os autores, adaptado de Ferruccio (2014), disciplina de Marketing do curso de Engenharia de Prdoução UFRJ

2 PLANO DE MARKETING

2.1 Marketing Estratégico

2.1.1 Missão

Produzir cerveja artesanal respeitando a lei da Pureza Alemã e utilizando

ingredientes originais para abastecer o mercado de consumidores de cervejas artesanais

da cidade do Rio de Janeiro.

2.1.2 Visão

Ser reconhecida como uma das melhores cervejarias artesanais da cidade do Rio

de Janeiro sendo referência de excelência e sabor.

Page 42: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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2.1.3 Valores

Qualidade

Tradição

Sabor

Diferenciação

2.2 Marketing Tático

2.2.1 Preço

O preço de marketing não está submetido de maneira direta ao preço avaliado

pelas finanças e está diretamente relacionado com o preço que o consumidor está

disposto a pagar ( ROSA, 2007).

Como referenciado na análise CAMGPEST, o mercado de cervejas artesanais

está sofrendo um grande crescimento no Brasil nos últimos anos. Dessa forma, com o

aumento gradativo da concorrência o preço aparece como um dos elementos chave para

o lançamento de um novo produto.

A partir de uma pesquisa de preços realizada nos principais sites de venda online

de cervejas artesanais40

, encontramos um preço mínimo ofertado por uma unidade de

330 ml, de R$ 5,90. Por se tratar de um produto novo no mercado, um posicionamento

de preço considerado ideal seria justamente próximo ao mínimo, ou seja, R$ 5,90 no

que se refere ao valor de compra pelo consumidor final.

2.2.2 Praça

Inicialmente o objetivo seria penetrar em regiões com maior poder aquisitivo,

como a zona sul da cidade do Rio de Janeiro, e regiões tradicionalmente boêmias como

o bairro de Santa Tereza e a Lapa. Pelo fato dessas regiões concentrarem uma

40

http://www.clubedomalte.com.br, acessado em 09/10/2014 http://www.puromalte.com.br, acessado em 09/10/2014

Page 43: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

43

população com maior poder aquisitivo ou um grande número de turistas, acreditamos

que a penetração poderia ser facilitada.

No que se refere aos pontos de venda, por se tratar de um produto diferenciado,

o objetivo seria atingir estabelecimentos como bares especializados e restaurantes de

primeira linha. Dessa forma, teria que ser pensado em contratar uma transportadora

terceirizada para que o produto fosse levado de maneira adequada até seus pontos de

venda.

2.2.3 Promoção

Com o advento do mercado de cervejas artesanais, o número de feiras de

apreciação desse tipo de produto aumentou substancialmente. Nesse sentido, para o

sucesso da Cervejaria Carioca, explorar a exposição nesse tipo de evento, com flyers

informativos e degustações gratuitas, se mostra a estratégia mais apropriada para

conseguir penetrar o mercado. Nesse sentido, é válido observar que o frequentador

padrão desse tipo de feira tem o perfil que a empresa busca, e que será explorado mais

pra frente nesse trabalho.

2.2.3.1 Propaganda

A ideia principal do produto é mostrar para o cliente sua qualidade superior aos

concorrentes diretos. Nesse sentido, seriam estabelecidas parcerias com

estabelecimentos especializados para que um representante da marca pudesse oferecer

gratuitamente uma degustação adequada do produto. Levando em consideração a

sustentabilidade financeira do negócio, essa degustação seria oferecida primeiramente

na zona sul do Rio de Janeiro.

2.2.3.2 Publicidade

Existe um grande número de web sites e “blogs” dedicados a avaliar cervejas

artesanais. Nesse sentido, serão oferecidas amostras do produto para os principais sites

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em circulação para que a partir da avaliação realizada sobre o produto o mesmo consiga

difundir seu nome na mídia.

2.2.3.3 Marketing Direto

Atualmente, pensar em inserir uma nova marca no mercado significa também

explorar ao máximo as possibilidades de relacionamento que a internet oferece. Nesse

sentido será criado um web site diferenciado, com a exposição de todo o processo

produtivo do produto e a possibilidade inicialmente de ter acesso ao “mapa da

degustação”, que seriam os pontos na cidade onde estaria disponível o produto para

degustação.

Da mesma maneira, a marca teria perfil em redes sociais como Facebook,

Twitter, e Instagram, para possibilitar um contato direto e eficaz com o consumidor.

2.2.4 Produto

O produto da cervejaria Cervejaria Carioca consiste na garrafa de 330 (trezentos

e trinta) mililitros da mais pura cerveja artesanal. Consiste em uma cerveja do tipo

Pilsen puro malte, ou seja, com malte oriundo apenas da cevada. Vale especificar que a

maioria das cervejas populares encontradas no mercado brasileiro são vendidas como

Pilsen, porém, devido a grande presença de cereais não maltados em sua composição,

como o milho e arroz, pertencem na verdade ao grupo Standart American Lager.

A escolha do tipo Pilsen está baseada principalmente na região onde a cerveja

será vendida. Tipicamente tropical, a cidade do Rio de Janeiro é conhecida pelas altas

temperaturas o ano todo e uma cerveja do tipo Pilsen possui uma maior drinkability

quando pensamos nesse contexto. Nada impede que a longo prazo, com a marca já

penetrada no mercado, seja oferecido outros tipos com diferentes aromas e especiarias

mas devido ao fato de estarmos nos referindo à uma cervejaria de pequeno porte o foco

será na produção apenas do tipo Pilsen.

Page 45: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

45

2.2.4.1 Temperatura

Quando nos referimos à uma cerveja temos que pensar na temperatura ideal para

o produto ser servido. Nesse sentido, a cerveja do tipo Pilsen tem como faixa de

temperatura ideal o intervalo entre zero graus Celsius à quatro graus Celsius. Entretanto,

por se tratar de uma cerveja de maior qualidade, acreditamos que a mesma deva ser

oferecida próximo ao teto máximo dessa temperatura. Isso se deve ao fato de que, em

temperaturas próximas à zero grau, as papilas gustativas se fecham fazendo com que

seja perdido a sensibilidade do sabor e dessa forma a apreciação do mesmo.

2.2.4.2 Logomarca

A logomarca da cerveja foi elaborada para representar o produto levando aos

clientes uma apresentação visual que utiliza uma estética capaz de promover aos

consumidores a experiência de estar consumindo um produto grandioso, por isso as

imagens do brasão e da coroa, com o fundo azul representando umas das cores da

bandeira da cidade do Rio de Janeiro.

Figura 9 - Logomarca Cervejaria Carioca

Fonte: Os autores

Page 46: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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2.2.5 Pessoas

Inicialmente, o processo de fabricação ficará a cargo do mestre cervejeiro, que

irá controlar os mesmos e o tempo de produção assim como temperaturas e sabor da

cerveja. Quanto aos processos de compra e venda e a parte de recursos humanos ficará a

princípio a cargo dos diretores da empresa. Obviamente uma futura expansão exigiria

um aumento e criação de novos cargos para suplantar a demanda.

Segue abaixo tabela com os cargos, códigos CBO e atribuição de cada

funcionário.

Quadro 3 - Atribuições e cargos

Fonte: Adaptado de http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf, acessado em 15/08/2014

Cargo Código/Cargo CBO Atribuições

Diretor/sócio

1231 . Marketing e vendas . Operacional/Logística . Financeiro . RH . Administração em Geral

Mestre cervejeiro

8401-10 . Controlar a produção da cerveja

Analista de pesquisa de mercado

1423-35 . Analista de estudos de mercado . Analista de informações de mercado . Analista de inteligência de mercado . Analista de marketing . Analista de mercado

Profissional de TI

3171 . Desenvolvimento da plataforma web . Desenvolvimento do sistema interno . Manutenção e atualização de sistemas

Contador 2522 . Demonstrações contábeis

. Controle fiscal

Auxiliar de limpeza 5143-20 . Limpeza das dependências da ADM

. Limpeza do local de produção

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47

2.2.6 Processos

Devido ao fato da empresa possuir uma estrutura enxuta e depender de processos

que devem ser seguidos à risca é necessário que todos os processos estejam bem

definidos e expostos para todos os colaboradores de modo a facilitar a gestão a vista.

Será necessária a atualização e revisão dos processos de maneira periódica para

que os fluxos de materiais e de pessoas estejam sempre otimizados.

3 PLANO DE OPERAÇÕES

O plano de operações é o documento que descreve detalhadamente todas as

atividades necessárias para o negócio proposto. Primeiramente, faz-se necessário

detalhar a cadeia de valor da Cervejaria Carioca para que fiquem evidenciados os seus

processos.

3.1 Cadeia de Valor

Porter (1985 e 1986) afirma que a vantagem competitiva apenas pode ser

compreendida analisando as inúmeras atividades distintas que esta empresa realiza e

que são geradoras de valor.

Porter (1985 e 1986) define que a cadeia de valor das empresas é composta de

nove categorias genéricas de atividades, sendo composta por dois grupos de atividades:

as primárias (5 atividades) e as de apoio (4 atividades), segundo a figura a seguir:

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48

Figura 10 - Cadeia de Valor

Fonte: Adaptado de Porter, Michael E. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus,1989

Adaptando o modelo de Porter à Cervejaria Carioca, pode-se definir o que cada

atividade inclui:

Atividades Primárias

Logística Interna: Consiste no recebimento da matéria-prima e seu

armazenamento assim como o seu manejo durante toda a cadeia produtiva até a

distribuição.

Operações: Essa atividade refere-se ao recibimento dos pedidos feito pelo

varejo, fabricação do produto conforme necessidade e presença no estoque, e

montagem do produto final da entrega.

Logística Externa: Consiste na entrega das cervejas até os pontos de varejo,

realizada por uma transportadora terceirizada.

Marketing e Vendas: Atividades relacionadas à promoção do produto, que serão

detalhadas melhor no plano de marketing.

Serviço: Serviço de pós venda, essencial para medir a satisfação do consumidor

e manter o contato com o mesmo para reclamações, sugestões, etc.

Page 49: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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Atividades Secundárias ou de Apoio

Infraestrutura da Empresa: Atividades responsáveis pela infraestrutura da

empresa.

Gestão de Recursos Humanos: Atividades relacionadas à contratação, seleção,

formação, demissão, etc.

Desenvolvimento Tecnológico: Investimento aplicado na aprimoração do

processo produtivo e busca de novas receitas para implementação futura, como

especiarias.

Aquisição: Atividades relacionadas a compra de matéria-prima.

3.2 Atividades Primárias

3.2.1 Logística Interna

O primeiro passo na cadeia de suprimentos da cervejaria será o recebimento da

matéria-prima dos fornecedores. Tal processo inclui o recebimento dos principais

ingredientes (água, malte, cevada e lúpulo). Vale ressaltar que os ingredientes serão

comprados de fornecedores com qualidade comprovada para garantir um produto final

adequado e no que se refere à água ela deve estar em plenas condições de uso.

O armazenamento dessa matéria-prima, e do produto final, será realizado em

ambientes separados especialmente preparados para tal fim, com controle de

temperatura e humidade. Devemos considerar nesse sentido, que a matéria prima deve

ser pedida de acordo com a demanda, visto que ingredientes como cevada e lúpulo não

perdem sua qualidade caso sejam expostos às condições impostas pelo tempo.

Nesse mesmo sentido, devemos levar em conta que devido ao pequeno porte da

empresa faz-se essencial uma forte comunicação entre os elos da cadeia, desde a equipe

de marketing e vendas passando pela produção e pós venda. Dessa maneira, é possível

aumentar a produtividade tornando a empresa mais competitiva.

Page 50: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

50

3.2.2 Operações

O volume de produção inicial a ser realizado será de 10.000 litros no primeiro

ano, no entanto, aumentando a partir do momento que a marca se consolidar no mercado

e o gastos em marketing e propaganda comecem a gerar retorno expandindo a clientela

e tornando o produto mais conhecido.

Com relação ao funcionamento da operação, levando-se em conta a necessidade

de pontualidade na entrega e eficiência da mesma haverá um rígido controle dos

pedidos efetuados pelos varejistas de maneira que a produção será realizada de forma

puxada produzindo-se as quantidades de acordo os pedidos realizados, visando a um

nível mínimo de estoque. A operação de fabricação será realizada em horário comercial

(de 9:00 AM as 18:00 PM), visto a necessidade de nessa primeira fase haver uma

contenção de despesas. A seguir são descritas as atividades realizadas durante a

operação.

3.2.2.1 Malteação

Inicialmente os grãos são secos e torrados, fazendo surgir a diferenciação entre

os grãos de acordo com o objetivo traçado. De acordo com a escilha do tipo de malte a

ser utilizado é que será definido os aromas e sabores e principalmente a coloração da

cerveja. O malte mais torrado, deixaria a cerveha mais escuro enquanto o malte menos

torrado a tornaria mais clara. No caso da produção da cerveja Pilsen, temos como

característica malte menos torrado o que acaba a tornando clara e leve no final da

produção. Essa etapa ocorrerá em um tonel de malteação.

3.2.2.2 Moagem

Na moagem, a casca é quebrada liberando o endosperma do grão. Em uma

moagem de qualidade a casca é removida totalmente, liberando por completo o

endosperma do grão.

Page 51: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

51

3.2.2.3 Brassagem

A partir do grão já aberto é que precisamos fazer as enzimas trabalharem. Nesse

caso as enzimas quebram os açucares presentes e não fermentáveis formando açucares

fermentáveis. Com a cerveja trabalharemos basicamente com dois tipos de enzima

durante esse processo: a Beta amilase e a Alfa amilase.

3.2.2.4 Fervura

A fervura faz com que o Ph do mosto diminua e as proteínas coagulem. Dessa

forma, os vapores volatizam sabores indesejados deixando o mosto com sabor mais

leve. A fervira deve ser realizada de maneira uniforme para que todo o mosto seja

afetado de maneira igualitária e demora entre 15 minutos e duas horas, dependendo do

volume de água a ser evaporada.

3.2.2.5 Fermentação

Como último passo desse processo, temos a fermentação que consiste na

conversão de carboidratos para dióxido de carbono e álcoois ou ácidos orgânicos. Para

tanto são utilizados leveduras, bactérias, ou uma combinação das mesmas, sob

condições anaeróbicas.

Algumas cervejas, podem sofrer mais de um processo de fermentação,

ocorrendo também alguma etapa já após o engarrafamento.

3.2.2.6 Engarrafamento

Como última etapa da operação, que acontece durante o processo de

fermentação, tem o engarrafamento. Após o mesmo pode ser necessário uma

fermentação dentro da garrafa para melhorar a qualidade do líquido.

Page 52: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

52

3.2.3 Logística Externa

A logistíca externa será realizada basicamente utilizando transportadoras

terceirizadas. Como a fábrica estará localizada no Rio de Janeiro, assim como os pontos

de venda, a entrega será feita “in loco” sem que haja a necessidade de um

armazenamento fora da fábrica.

O mesmo processo será realizado com a matéria-prima, sendo a mesma recebida

na própria fábrica por transportadoras terceirizadas.

3.2.4 Marketing e Vendas

Quanto às atividades relacionadas a promoção do produto, serão estabelecidas

campanhas publicitárias em revistas e sites especializados, além da distribuição de

degustação da cerveja em locais adequados. Vale ressaltar que essa parte foi detalhada

melhor no plano de marketing.

No que se refere à equipe de vendas, a mesma fará a prospecção de novos pontos

de vendas como a presença de representantes em bairros potenciais como zona sul e

Santa Tereza.

3.2.5 Serviço

Ao nos referimos ao pós-venda, haverá um questionário de satisfação que poderá

ser preenchido pelo site pelo consumidor final, além do contato de satisfação com os

pontos de venda. Considerado um ponto estratégico, pois a partir do feedback dos

clientes é que será possível aprimorar e consolidar a marca no mercado como uma

marca de qualidade.

Page 53: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

53

3.3 Atividades Secundárias

3.3.1 Infraestrutura da empresa

Será implementado um sistema de controle de gestão a fim de medir indicadores

sobre a produção, processos, e metas da empresa. Com a aferição desses indicadores é

que serão tomadas as decisões de gestão necessárias. Vale ressaltar a importância de

uma equipe forte de TI visto que todos os processos praticamente terão o sistema como

base.

3.3.2 Gestão de Recursos Humanos

A principal atividade será a gestão do número de funcionários necessários para

as tarefas. Pensando que em curto prazo a empresa pode ter um aumento da demanda

devido ao alto crescimento inicial, a mesma precisa estar pronta para contratar

funcionários qualificados, sendo a área de gestão de recursos humanos a responsável

por essa contratação.

Além dessa tarefa, a área terá como responsabilidades a administração de

problemas envolvendo funcionários, afastamentos, e demissões.

3.3.3 Desenvolvimento tecnológico

Quando nos referimos ao desenvolvimento tecnológico nesse segmento estamos

nos referindo principalmente aos equipamentos utilizados. Devido ao fato de ser um

setor em constante crescimento no mundo todo, novas tecnologias estão sempre sendo

geradas e devem ser aproveitadas de acordo com o orçamento da empresa. Nesse

sentido, a gestão da produção estará sempre em busca de melhores alternativas para que

haja uma melhoria contínua.

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54

3.3.4 Aquisição

Relativo à aquisão, a principal questão a ser avaliada é da matéria-prima. Devido

à necessidade de matéria-prima de qualidade, far-se-á necessário a manutenção de

fornecedores certificados para tal. A importância de um forte elo com esses

fornecedores também será primordial para a garantia de entrega dentro do prazo e a

manutenção de um estoque enxuto o que possibilitará uma economia de espaço e

produtos mais frescos para utilização na fabricação.

4 PLANO FINANCEIRO

As questões de aspecto financeiro do plano de negócios são abordadas nesta

etapa que busca estimar os investimentos iniciais necessários para abertura do negócio e

as receitas do mesmo, assim como os custos e despesas inerentes ao seu funcionamento

para que se averigue a viabilidade econômica do empreendimento.

Dessa forma, a seguir, primeiramente serão analisados os demonstrativos de

resultados estimados para os primeiros anos do negócio, com o detalhamento dos seus

componentes. Após isso, com o resultado calculado, serão visualizados os fluxos de

caixa projetados para que então chegue-se no valor presente líquido do negócio e sua

taxa interna de retorno para que possa ser avaliado de fato se trata-se de um

empreendimento viável economicamente.

4.1 Componentes da Demonstração de Resultados

4.1.1 Formação dos custos e despesas

Custo dos Produtos Vendidos

O principal custo dos produtos vendidos apontado é a compra dos insumos.

Após pesquisa e comparação entre os preços praticados pelos fornecedores, foi

Page 55: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

55

verificado que a compra dos insumos através da empresa “Malte & Cia” seria melhor

opção por ter custo e qualidade compatível com o mercado mas principalmente por se

localizar na própria cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, o que diminui

consideravelmente os custos com o transporte dos insumos. Assim, de acordo com as

cotações de custos dos insumos presente no site da empresa foi possível chegar aos

seguintes valores de compra dos insumos e frete de acordo com a cotação feita no site

dos correios para as sacas mais leves e de transportadora terceirizada para as sacas mais

pesadas.

Quadro 4 - Custos por Insumo

Fonte: O autores, dados extraídos de https://www.malteecia.com.br/loja_home.asp acessado em 02/10/2014 e

http://www2.correios.com.br/encomendas/malote/simular_preco.cfm acessado em 02/10/2014 e

http://www.afrerj.org.br/noticias_detalhes.php?id=6246 acessado em 02/10/2014

Quadro 5 - Custo Total do Produto Vendido

Fonte: Os autores

Despesas com Vendas

Dentro das despesas com vendas incluímos os gastos com propagandas e com a

distribuição do produto final aos revendedores. Para os gastos com propagandas, é

assumido que será necessário reaplicar parte das receitas obtidas em fortalecimento da

marca e busca por novos clientes, por isso será reservado R$ 5.000,00 para gastos com

propagandas.

Page 56: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

56

Os gastos com transporte para distribuição inicialmente foram estimados em

R$8.000,00 , no entanto nos períodos seguintes tenderão a aumentar de acordo com o

aumento previsto para ocorrer com as vendas.

Despesas Operacionais e Administrativas

Nesta parte do demonstrativo é lançado os valores mensais estimados para as

despesas da instalação, apresentados no quadro a seguir:

Quadro 6 - Despesas Operacionais e Administrativas

Fonte: Os autores, baseado em http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-uma-

microcervejaria#naveCapituloTopo acessado em 02/10/2014

Depreciação

A depreciação dos equipamentos foi estipulada seguindo o método de

depreciação linear num horizonte de tempo de 10 anos conforme a análise deste plano

financeiro. Assim, o valor da depreciação será de 10% ao ano do valor investido em

equipamentos, a ser contabilizada a partir do ano 1.

4.1.2 Formação do preço e receita

Formação do preço

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57

Para chegar no valor do preço unitário do produto, após o levantamento dos

custos incorridos na produção e das despesas relacionadas, foram agrupados todos os

gastos mensais envolvidos e divididos pelo volume mensal de produção para saber qual

era o gasto total realizado para se produzir uma unidade. Assim, aplicou-se uma

margem de 5% para chegar no preço final. Isso devido ao fato de que como as vendas

serão realizadas a estabelecimentos revendedores e distribuidores de cerveja , neste

mercado é comum os revendedores trabalharem com uma margem de lucro de 100% a

120% ao repassarem para o consumidor final. Dessa forma, para que o preço ao

consumidor final fique na faixa mencionada no plano de marketing a margem

trabalhada pelo produtor não pode ser muito alta e ganho deve se dar na escala.

Quadro 7 - Formação do Preço

Fonte: Os autores

Receitas

As receitas brutas conforme especificado serão advindas das vendas das cervejas

a estabelecimentos revendedores de bebidas como supermercados, restaurantes, bares e

distribuidores de cerveja.

Page 58: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

58

A garrafa será vendida ao preço de R$2,11 para os intermediários e o volume

mensal produzido inicialmente será de 10.000 litros em garrafas de 0,33 litros.

Impostos41

Os impostos pagos pela empresa seguem a modalidade do Lucro Presumido que

trata-se de uma tributação opcional para pessoas jurídicas que possuem uma receita

bruta anual inferior ou igual a R$78.000.000, ou uma receita bruta total de R$ 6.500.000

multiplicado pelo número de meses de atividade no ano-calendário anterior.

Nesta modalidade o Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a

Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) são tratados de forma simplificada.

As alíquotas pré definidas de cada um desses impostos são multiplicadas pelo

percentual de lucro presumido pelo modelo para cada tipo de atividade e então

descontadas diretamente do faturamento.

O lucro presumido para a atividade em questão é de 32%. Com isso, segundo a

tributação do Lucro Presumido a pessoa jurídica irá pagar o imposto à alíquota de 15%

do percentual do lucro presumido no caso do IRPJ e 9% do percentual do lucro

presumido no caso do CSLL. Com isso, os percentuais finais referentes a cada imposto

que descontam diretamente do faturamento são 4,8% no caso do IRPJ e 2,88% no caso

do CSLL.

Além disso, quanto ao imposto pago por produtos industrializados, o IPI, é

possível optar pelo Regime de Tributação de Bebidas Frias (REFRI) que permite tarifas

menores, na qual o IPI é cobrado de acordo com as vendas, sendo pago o valor de

R$0,4087 por litro.

Assim, o percentual total de imposto sobre o faturamento que é pago juntando-

se com PIS e COFINS será de 11,33% sobre o faturamento mais R$ 0,4087 por litro

vendido.

41

http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2013/capitulo_xiii_irpjlucropresumido_2013.pdf acessado em

02/10/2014 e http://www.lefisc.com.br/materias/2011/492011ir.htm acessado em 02/10/2014

Page 59: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

59

Quadro 8 - Relação de Impostos

Fonte: Os autores, dados extraídos de

http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2013/capitulo_xiii_irpjlucropresumido_2013.pdf acessado em 02/10/2014

e http://www.lefisc.com.br/materias/2011/492011ir.htm acessado em 02/10/2014

4.2 Demonstração do Resultado do Exercício

Em posse das informações acerca dos componentes que interferem no resultado

da empresa é possível então elaborar a tabela de Demonstração do Resultado do

Exercício dos anos 1 ao 10.

Tendo em vista o retorno dos gastos em marketing e propaganda e o crescimento

do mercado de cervejas artesanais em geral, é projetado que a partir do ano 2 a marca já

esteja mais estabelecida no mercado do Rio de Janeiro e por isso é estimado um

aumento de 5% ao ano em relação a produção inicial do volume vendido assim como

das despesas e custos atrelados.

Dessa forma, o Demonstrativo do Resultado do Exercício para o ano 1 ao ano 10

é o seguinte:

Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício

Fonte: Os autores

Page 60: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

60

4.3 Investimento Inicial

O investimento inicial para que se ponha em prática todo o planejamento já

realizado é composto pela compra de todos os equipamentos necessários para o ínicio

da produção, pela reforma da instalação onde a produção será realizada, pelos cursos e

treinamentos iniciais necessários para obter os conhecimentos sobre fabricação de

cerveja artesanal e pelo gasto com a abertura da empresa.

Quadro 10 - Investimento Inicial

Fonte: Os autores, baseado em http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/Como-montar-uma-

microcervejaria#naveCapituloTopo acessado em 02/10/2014

4.4 Fluxo de Caixa

Diante das informações já levantadas é possível gerar o fluxo de caixa da

empresa para os próximos períodos, com a premissa de crescimento da produção de 5%

por ano em relação ao ano 1, a apartir do ano 2. Para isso, investimentos serão

realizados ao longo dos anos a fim de tornar possível o crescimento de toda estrutura

produtiva. Além disso, foi considerado um capital de giro necessário ao andamento do

negócio de R$43.500,00 segundo estimativa recomendada pelo Sebrae para este tipo de

empreendimento.

Page 61: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

61

Quadro 11 - Fluxo de Caixa

Fonte: Os autores

4.5 Viabilidade Econômica

Após o fluxo de caixa apresentado podemos calcular através de indicadores

financeiros a viabilidade econômico-financeira do projeto. Logo, os indicadores de

Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback foram escolhidos para

avaliar o desempenho econômico.

Quadro 12 - Indicadores de Viabilidade Econômica

Fonte: Os autores

Diante dos valores apresentados pelos indicadores, percebe-se que pelo fato do

valor presente líquido do projeto descontado a uma taxa mínima de atratividade de 14%

possuir um valor positivo e pelo fato da taxa interna de retorno possuir um valor de

27%, maior que a taxa mínima adotada, pode concluir que o empreendimento é viável

financeiramente.

4.6 Análise de Cenário Alternativo

É importante para certificar e dar mais segurança ao que foi estipulado pelo

plano financeiro que sejam considerados cenários alternativos que possam vir a

Page 62: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

62

modificar as expectativas geradas inicialmente. Com isso, é vantajoso simular diferentes

situações para verificar qual seria o comportamento financeiro do negócio diante de

possíveis mudanças.

Assim, é interessante estar preparado para um cenário mais pessimista no qual

suponhamos que no momento do lançamento da cerveja no mercado a aceitação inicial

do novo produto seja mais lenta e que o mercado de cervejas artesanais apresente um

crescimento menor que o esperado gerando então uma demanda menor. Diante disso, a

produção precisaria ser menor para que o produto não fique imobilizado e acabe sendo

desperdiçado causando prejuízo ao negócio.

Dessa forma, considerando as vendas do primeiro ano menor que o esperado e

por isso reduzindo o volume mensal, a partir do ano 2, em 15% ao produzir 8.500 litros

por mês, os novos DRE, Fluxo de Caixa e indicadores de viabilidade econômica

encontrados seriam os seguintes:

Quadro 13 - Demonstração do Resultado do Exercício do Cenário Alternativo

Fonte: Os Autores

Quadro 14 - Fluxo de Caixa do Cenário Alternativo

Fonte: Os autores

Page 63: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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Quadro 15 - Indicadores de Viabilidade Econômica do Cenário Alternativo

Fonte: Os autores

Portanto, de acordo com os novos números encontrados percebe-se que neste

novo cenário a taxa interna de retorno do negócio continua maior que a taxa de desconto

utilizada, porém com uma diferença bem pequena o que demonstra que ainda assim o

negócio seria viável economicamente, só que, no entanto, com uma rentabilidade bem

menor.

5. PLANO JURÍDICO

5.1 Estrutura Jurídica

Na questão jurídica o regime tributário utilizado é o Lucro Presumido, que se

trata de uma forma de tributação simplificada do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas

(IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Tal tributação é opcional

para pessoas jurídicas que possuem uma receita bruta anual inferior ou igual a

R$78.000.000, ou a R$ 6.500.000 multiplicado pelo número de meses de atividade no

ano-calendário anterior.

O lucro presumido para a atividade em questão é de 32%. Com isso, segundo a

tributação do Lucro Presumido a pessoa jurídica irá pagar o imposto à alíquota de 15%

sobre o lucro presumido no caso do IRPJ e 9% sobre o lucro presumido no caso do

CSLL.

Já com relação ao imposto pago por pordutos industrializados, o IPI, é possível

optar pelo Regime de Tributação de Bebidas Frias (REFRI) que permite tarifas

menores, na qual o IPI é cobrado de acordo com as vendas, sendo pago o valor de

R$0,4087 por litro.

Page 64: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

64

Portanto, os tributos que serão pagos pela empresa são:

4,8% de IRPJ

2,88% de CSLL

3% de COFINS

0,65% de PIS

R$ 0,4087 por litro vendido de IPI

Dessa forma, o total de imposto pago será de 11,33% sobre o faturamento mais

R$ 0,4087 por litro vendido.

5.2 Estrutua Organizacional

A estrutura organizacional da empresa será composta de maneira enxuta,

contendo apenas os profissionais estritamente necessários para a evolução do negócio.

Primeiramente será formada pelos dois sócios idealizadores do projeto que irão atuar

como sócios-diretores, e terão abaixo as áreas de marketing, operações, logística e as

demais atividades secundárias que farão parte da área de apoio.

Page 65: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

65

Figura 11 - Estrutura Organizacional

Fonte: Os autores

O Marketing tem por finalidade cuidar da imagem externa da empresa através de

sua divulgação e propaganda para prospecção de novos consumidores. Além disso,

também é responsável pelo relacionamento com os stakeholders como as associações e

promotores de eventos cervejeiros.

As operações ficam a cargo da supervisão do mestre-cervejeiro que é o

responsável pelos processos de fabricação da cerveja de forma a garantir que a produção

seja executada de acordo com o planejado e acompanhando os estoque de matéria prima

em processo e o estoque de produtos finais.

A área de logística é a responsável por realizar a compra dos insumos de acordo

com a melhor proposta de fornecedor assim como efetuar a distribuição das cervejas nos

pontos de venda regionais. Já a área de apoio é formada pelos setores financeiro,

administrativo e recursos humanos representados pelos sócios, e jurídico terceirizado.

Page 66: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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6. CONCLUSÃO

Ao final deste trabalho pode-se chegar à conclusão sobre a oportunidade de

criação de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro por meio da

estruturação de um plano de negócios que avaliou a conjuntura do mercado na qual a

empresa se insere, planejando as esferas de gestão, marketing, operações, financeiro e

jurídico de atuação do novo negócio.

De acordo com a avaliação realizada sobre o mercado de cervejas artesanais,

constatou-se que o mesmo atualmente encontra-se aquecido, passando por um processo

de crescimento de forma que oportunidades de novos negócios possuem boas

perspectivas de prosperidade. Isso se dá devido aos fatores econômicos, sociais e

mercadológicos verificados no plano de gestão.

Além disso, a aposta na fabricação de uma cerveja respeitando os processos de

fabricação minuciosos e a utilização de insumos legítimos e selecionados garante a

qualidade demandada pelo público consumidor de cervejas artesanais e faz com que

apesar da falta de força da marca no mercado, a Cervejaria Carioca tenha um bom

posicionamento diante de seus concorrentes .

Após a entrada no mercado o plano de marketing mostrou-se como sendo um

planejamento fundamental para que a marca possa se aproveitar das crescentes

oportunidades geradas pelos eventos desse mercado expondo e consolidando cada vez

mais a marca. Da mesma forma o plano operacional mostrou-se importante para que

haja o sustentamento em termos de logística interna, externa e processos, para que o

mercado que venha a ser conquistado seja atendido com o melhor nível de serviço

possível.

Ao fim, tendo em vista as estimativas de receita, custos e despesas e levando em

consideração todos os investimentos necessários para a abertura e funcionamento do

negócio nos próximos anos, os indicadores financeiros analisados mostraram boas

perspectivas de retorno para o negócio em questão, viabilizando o empreendimento em

termos econômicos e financeiros.

Page 67: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

67

Dessa forma pode-se concluir que o presente Plano de Negócios para a abertura

de uma cervejaria artesanal na cidade do Rio de Janeiro trata-se de uma oportunidade de

negócios interessante e atrativa aos seus idealizadores e ao mercado no qual se insere.

Page 68: PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA CERVEJARIA ARTESANAL NA

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