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CRISTIANE YAE ODANI SIGAHI Plano de negócio de uma aceleradora de startups para empresas maduras São Paulo (2015)

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CRISTIANE YAE ODANI SIGAHI

Plano de negócio de uma aceleradora de startups para empresas maduras

São Paulo

(2015)

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CRISTIANE YAE ODANI SIGAHI

Plano de negócio de uma aceleradora de startups para empresas maduras

Trabalho de Formatura apresentado à Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo para

obtenção do Diploma de Engenheiro de

Produção.

Área de Concentração:

Engenharia de Produção

Orientador:

Prof. Dr. Mario Sergio Salerno

São Paulo

(2015)

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Catalogação-na-publicação

Sigahi, Cristiane

Plano de negócio de uma aceleradora de startups para empresas maduras / C. Sigahi -- São Paulo, 2015.

132 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.

1.Plano de negócio 2.Aceleradora de startups 3.Inovação I.Universidade de

São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.

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A meus pais, meus amigos e meu companheiro, que são

a minha base e força para sempre continuar a alcançar meus

objetivos e sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Reinaldo e Marina, que sempre me apoiaram nos estudos e

incentivaram o meu ingresso e conclusão na faculdade de Engenharia.

Aos meus amigos que tornaram a minha jornada de cinco anos na Escola Politécnica

um desafio agradável e prazeroso.

Ao meu companheiro por todos os momentos de paciência, aprendizagem e alegria.

Aos consultores e sócios da Lunica Consultoria, Marcos e Ricardo, que ajudaram no

meu desenvolvimento pessoal e profissional. Agradeço especialmente ao Ricardo que revisou

e também me auxiliou nos estudos deste trabalho.

Aos fundadores da Liga Ventures, Rogerio, Guilherme e Daniel, que autorizaram a

divulgação e estudo da aceleradora.

Ao professor Mario Sergio Salerno pela orientação e suporte durante a execução deste

trabalho de formatura e também pelos aprendizados e conhecimentos transmitidos em aulas

durante o curso de Engenharia de Produção.

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Tempo é uma das coisas mais indefiníveis

e paradoxais: o passado já se foi, o futuro ainda

não chegou e o presente se torna o passado, mesmo

enquanto procuramos defini-lo, e, como se fosse

um relâmpago, num instante existe e se extingue.

Colton

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RESUMO

Na última década, startups foram protagonistas em oferecer ao mundo novas soluções

e produtos inovadores que mudaram a forma como as pessoas conduzem o seu consumo e estilo

de vida.

Nesse contexto, este trabalho apresenta um plano de negócios de uma aceleradora de

startups que oferece serviços para grandes corporações que buscam nos empreendimentos

nascentes uma nova forma de inovar.

A aceleradora Liga Ventures, objeto de estudo deste trabalho, é a responsável pela

metodologia e gestão de programas de aceleração de startups para grandes corporações. A

aceleradora Liga, portanto, não depende da monetização futura de participações das startups,

mas sim de taxas de gestão cobradas de empresas maduras.

O presente trabalho teve como objetivo modelar o negócio da empresa Liga Ventures,

identificar as oportunidades, riscos e ameaças no mercado em que a aceleradora atua. Foi

também feita uma análise financeira para verificação de sua viabilidade econômica.

Palavras-Chave: Plano de negócios. Aceleradora de startups. Inovação.

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ABSTRACT

Over the last decade, startups have been the main players in offering the world new

solutions and products that have changed people’s behaviour as consumers and the way they

conduct their lifestyle.

In this context, this graduation project presents a business plan for a startup accelerator

that offers services to big companies that search for new ways to innovate.

The enterprise focused on this graduation project, Liga ventures, is responsible for the

startups accelerator program’s methodology and management. Liga accelerator, therefore,

doesn’t depend on startups’ future exit value, they monetize their service by charging

companies a fee.

This project aims to model the Liga Ventures business plan, identifying opportunities,

risks and threats in their market. Furthermore, the author has created a financial analysis to

verify the company feasibility.

Keywords: Business plan. Startups accelerator. Innovation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Ecossistema empreendedor brasileiro ...................................................................... 29

Figura 2 - Website da aceleradora Liga Ventures .................................................................... 30

Figura 3 - Principais causas do encerramento de pequenas empresas ...................................... 36

Figura 4 - Cinco forças de Porter ............................................................................................. 40

Figura 5 - Matriz SWOT .......................................................................................................... 42

Figura 6 - Estrutura da tabela de estratégia .............................................................................. 43

Figura 7 - Quadro de modelo de negócio Canvas .................................................................... 44

Figura 8 - Relação entre quados modelo de negócio e proposição de valor Canvas ................ 46

Figura 9 - Proposta de valor Canvas ......................................................................................... 47

Figura 10 - Visão geral do plano de negócio ............................................................................ 53

Figura 11 - Dimensões para itens do plano de negócio ............................................................ 54

Figura 12 - Metodologia de construção do plano de negócio................................................... 55

Figura 13 - Usuários de internet no mundo .............................................................................. 58

Figura 14 - Evolução da atividade empreendedora no Brasil ................................................... 59

Figura 15 - Maiores centros concentradores de startups no mundo ......................................... 61

Figura 16 – As três empresas de internet mais valiosas em cada país...................................... 62

Figura 17 - Estágios de uma startup ........................................................................................ 63

Figura 18 - Fases de financiamento de startups ....................................................................... 64

Figura 19 - Ferramentas para inovação .................................................................................... 67

Figura 20 - Valor médio investido nas startups participantes do programa de aceleração ...... 74

Figura 21 - Porcentagem média de participação societária exigida como contrapartida ao

investimento e participação no programa de aceleração .......................................................... 74

Figura 22 – Tempo de validação do produto ............................................................................ 75

Figura 23 – Startups com faturamento ..................................................................................... 76

Figura 24 - Canvas de modelo de negócio de aceleradoras convencionais versus aceleradora

Liga Ventures ........................................................................................................................... 94

Figura 25 - Canvas de proposição de valor para as corporações .............................................. 96

Figura 26 - Canvas de proposição de valor para as startups .................................................... 99

Figura 27 - Relação entre stakeholders .................................................................................. 100

Figura 28 - Ecossistema da aceleradora Liga ......................................................................... 101

Figura 29 - Cinco forças de Porter da empresa Liga Ventures ............................................... 105

Figura 30 - Análise SWOT ..................................................................................................... 106

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Demonstração dos resultados do exercício ............................................................. 50

Tabela 2 - Estrutura de fluxo de caixa da empresa ................................................................... 51

Tabela 3 - Tabela comparativa de aceleradoras........................................................................ 73

Tabela 4 - Impacto das abordagens realizadas com startups nos objetivos de uma corporação

.................................................................................................................................................. 78

Tabela 5 - Empresas com abordagens de aproximação às startups .......................................... 80

Tabela 6 - Resumo dos programas de aceleração realizados pela Techstars para corporações 83

Tabela 7 - Tabela de estratégia de modelos de aceleradoras de startups ................................. 88

Tabela 8 - Tabela de estratégia: variações no produto de aceleração de startups .................... 91

Tabela 9 - Participação dos stakeholders na startup antes, durante e depois do programa de

aceleração ............................................................................................................................... 102

Tabela 10 - Alocação dos custos da empresa no preço do serviço ......................................... 111

Tabela 11 - Salários médios ................................................................................................... 111

Tabela 12 - Custos variáveis do serviço prestado .................................................................. 112

Tabela 13 - Preço do serviço .................................................................................................. 112

Tabela 14 – Tributos ............................................................................................................... 113

Tabela 15 – Investimentos iniciais ......................................................................................... 113

Tabela 16 - Custos fixos ......................................................................................................... 114

Tabela 17 - Custos variáveis ................................................................................................... 114

Tabela 18 - DRE da aceleradora Liga Ventures ..................................................................... 115

Tabela 19 - Taxa SELIC deflacionada pelo IPCA ................................................................. 116

Tabela 20 - Previsão de receitas para 5 anos .......................................................................... 116

Tabela 21 - Fluxo de caixa da Liga Ventures ......................................................................... 117

Tabela 22 - Indicadores de viabilidade ................................................................................... 117

Tabela 23 - Quantidade de programas em cada cenário ......................................................... 118

Tabela 24 – Sensibilidade a TIR: cenários vs preço do programa ......................................... 118

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ABRAII Associação Brasileira de Empresas Aceleradoras de Inovação e Investimento

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

DRE Demonstração do resultado do exercício

EBITDA Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços

NESTA National Endowment for Science Technology and the Arts

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PIS Programa de Integração Social

SEBRAE Serviço Brasileiro de apoio Às Micro e Pequenas Empresas

SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia

TI Tecnologia da Informação

TIR Taxa interna de retorno

VPL Valor presente líquido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 25

1.1 CONTEXTO ..................................................................................................... 25

1.1.1 A necessidade e os desafios de corporações maduras em inovar .......... 25

1.1.2 Uma possível solução: as startups ......................................................... 27

1.1.3 O cenário brasileiro ............................................................................... 27

1.1.4 Uma conexão entre a necessidade e a solução: Liga Ventures.............. 29

1.2 ESTÁGIO ........................................................................................................ 30

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 32

1.4 MOTIVAÇÃO .................................................................................................. 32

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 33

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................. 35

2.1 ASPECTOS GERAIS DO PLANO DE NEGÓCIO ..................................................... 35

2.1.1 Objetivos de um plano de negócio .......................................................... 36

2.1.2 Estrutura do plano de negócio ............................................................... 37

2.2 ANÁLISE ESTRATÉGICA E MODELO DE NEGÓCIO ............................................ 39

2.2.1 As cinco forças de Porter ....................................................................... 39

2.2.2 Análise SWOT ......................................................................................... 41

2.2.3 Tabela de estratégia ............................................................................... 42

2.2.4 Modelo de negócio Canvas ..................................................................... 43

2.2.5 Proposição de valor Canvas ................................................................... 45

2.3 ANÁLISE FINANCEIRA .................................................................................... 48

2.3.1 Demonstração do resultado do exercício ............................................... 49

2.3.2 Demonstração de fluxos de caixa ........................................................... 50

3 METODOLOGIA PARA CONSTRUÇÃO DO PLANO DE

NEGÓCIO .......................................................................................................... 53

4 ANÁLISE DE MERCADO E STAKEHOLDERS .................................... 57

4.1 CONDIÇÕES PARA O CRESCIMENTO DO NÚMERO DE STARTUPS ........................ 57

4.2 AS STARTUPS NO BRASIL ................................................................................ 59

4.3 ESTÁGIOS E STAKEHOLDERS RELACIONADOS ÀS STARTUPS .............................. 63

4.4 CORPORAÇÕES E POSSÍVEIS RELAÇÕES COM STARTUPS ................................... 66

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5 O SETOR DE ACELERADORAS DE STARTUPS ................................. 69

5.1 DEFINIÇÃO DE ACELERADORAS DE STARTUPS ................................................ 69

5.2 ACELERADORAS DE STARTUPS E SEU IMPACTO NO CENÁRIO BRASILEIRO ....... 71

5.3 A TENDÊNCIA NA RELAÇÃO ENTRE STARTUPS, CORPORAÇÕES E

ACELERADORAS .................................................................................................................... 76

5.4 VANTAGENS DA ACELERAÇÃO CORPORATIVA TERCEIRIZADA NO BRASIL ..... 80

5.4.1 Aceleradoras Verticais ........................................................................... 80

5.4.2 Aceleradoras corporativas ..................................................................... 81

5.4.3 Aceleradoras corporativas terceirizadas ............................................... 82

5.5 PRINCIPAL BENCHMARK ................................................................................. 82

5.6 A LIGA COMO SOLUÇÃO PARA O SERVIÇO DE ACELERAÇÃO .......................... 85

6 O MODELO DE NEGÓCIO DETALHADO DA EMPRESA LIGA

VENTURES ........................................................................................................ 87

6.1 TABELA DE ESTRATÉGIA PARA O MODELO DO NEGÓCIO DA ACELERADORA... 87

6.2 O CONCEITO DO NEGÓCIO .............................................................................. 89

6.2.1 Os clientes .............................................................................................. 89

6.2.2 Os produtos ............................................................................................ 89

6.3 O MODELO DE NEGÓCIO DA ACELERADORA ................................................... 91

6.4 A PROPOSIÇÃO DE VALOR DA ACELERADORA ................................................ 95

6.4.1 Valor para as corporações ..................................................................... 95

6.4.2 Valor para as startups ............................................................................ 97

6.5 VISÃO GERAL DO NEGÓCIO ............................................................................ 99

6.6 RISCOS, PROBLEMAS E PREMISSAS CRÍTICAS .............................................. 103

6.6.1 As cinco forças de Porter ..................................................................... 103

6.6.2 Análise SWOT ...................................................................................... 105

6.6.3 Principais riscos ................................................................................... 108

7 ASPECTOS FINANCEIROS ................................................................... 109

7.1 FONTES DE RECEITA .................................................................................... 109

7.2 CUSTOS E INVESTIMENTOS DO EMPREENDIMENTO ....................................... 109

7.3 PREÇO DO PROGRAMA COMPLETO DE ACELERAÇÃO DE STARTUPS ............... 110

7.4 DRE DA EMPRESA ....................................................................................... 112

7.5 FLUXO DE CAIXA DA EMPRESA .................................................................... 115

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7.6 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ........................................................................ 117

8 RESULTADOS .......................................................................................... 119

9 CONCLUSÃO ............................................................................................ 121

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 123

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ÀS STARTUPS ................................... 129

APÊNDICE B – DRE DA LIGA VENTURES PARA OS CINCO ANOS

DE OPERAÇÃO.............................................................................................. 130

APÊNDICE C – ATA DA VISITA AO CIETEC ......................................... 131

APENDICE D – COMPARAÇÃO ENTRE OS ECOSSISTEMAS DO

RANKING DO STARTUP GENOME ........................................................... 132

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1 INTRODUÇÃO

O primeiro capítulo aborda o contexto deste trabalho de formatura, apresentando o tema

e os objetivos do plano de negócio para a aceleradora de startups chamada Liga Ventures. Além

disso, identifica a empresa objeto de estudo deste trabalho e o vínculo com o estágio da autora.

1.1 Contexto

O contexto deste trabalho de formatura será explicado na seguinte forma:

A necessidade e os desafios de corporações maduras em inovar.

Uma possível solução: as startups.

O cenário brasileiro.

Uma conexão entre a necessidade e a solução: Liga Ventures.

1.1.1 A necessidade e os desafios de corporações maduras em inovar

O mundo está se transformando em um ritmo acelerado e para acompanhar as tendências

e a turbulência do mercado, as empresas precisam estar atentas ao desenvolvimento e

introdução no mercado de novos produtos, processos e novas tecnologias. Além disso, o

consumidor atual mostra-se mais exigente quanto aos padrões de qualidade e custos, tornando

a disputa entre agentes do mercado uma luta acirrada pela liderança, captura e retenção de

clientes.

Em resumo, trata-se de um novo e desafiador ambiente competitivo associado à

perspectiva de mudanças aceleradas, o que instiga e exige que todas empresas maduras

busquem na inovação uma forma de se manterem ativas, visíveis no mercado, e também de se

diferenciarem frente aos concorrentes. Não só isso, através da inovação pode-se encontrar novas

formas de reduzir os custos e melhorar a qualidade dos produtos ou dos serviços oferecidos.

De acordo com Goffin e Mitchel (2010), há quatro características principais no mercado

que levam à inovação, e elas são avanços tecnológicos, mudanças nos hábitos dos usuários,

competição intensificada e ambiente de negócio em constante mudança. No cenário atual todos

estes fatores chaves estão presentes nos mais diversos setores da economia, levando à

necessidade crescente de inovação.

Dentre os tipos de inovação existentes, a do tipo incremental é aquela que busca

melhorias em processos, produtos ou serviços já existentes, já a do tipo radical é aquela

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inovação que estabelece rupturas em mercados existentes ou cria novos mercados. As inovações

radicais ou disruptivas têm um maior valor para a empresa, por outro lado, são difíceis de se

gerenciar e envolvem muitos riscos.

Leifer et al. (2001) indicam que há sete fatores estratégicos decisivos para que empresas

de grande porte consigam implementar a inovação radical: criação de um centro e inovação

radical, mobilização de caçadores e centralizadores, monitorar e redirecionar projetos,

desenvolvimento de um conjunto de habilidades para captação de recursos, acelerar a transição

do projeto, ter as pessoas certas para realizar a inovação radical e um papel do líder bem

determinado.

Para uma empresa, é de fundamental importância que ela gerencie ambos os tipos de

inovação caso sua estratégia envolva manter-se competitiva no longo prazo.

Quanto às formas de inovar, elas podem ser realizadas no ambiente interno ou também

utilizando fontes e recursos externos à empresa. No âmbito de inovação com parceiros externos,

utiliza-se a expressão inovação aberta desenvolvida por Henry Chesbrough. A inovação aberta

é uma maneira de as empresas promoverem a inovação, aumentando o volume de novas ideias

na base do portfólio. Para isso utiliza-se fontes como os usuários do produto, fornecedores,

parceiros do negócio, universidades e outras instituições acadêmicas.

Dada a importância da inovação em uma empresa, por que empresas maduras têm tanta

dificuldade em promover e fazer uma gestão eficiente da inovação, principalmente quando ela

é radical? Christensen (1997) aponta como algumas razões de empresas maduras terem

dificuldade em inovar radicalmente:

O ritmo do progresso que a demanda do mercado absorve pode ser diferente do

progresso oferecido pela tecnologia, logo, um produto que pode não parecer atrativo

no momento pode satisfazer totalmente necessidades no futuro.

A dificuldade em gerir a alocação de capital aos processos de inovação, pois uma

vez que uma companhia deve focar na lucratividade da empresa, é arriscado manter

recursos para esses projetos envolvendo tecnologia disruptivas em vez de investir em

processos que sejam financeiramente mais atrativos.

Experiência na capacidade em criar versões melhoradas de produtos/serviços já

existentes.

Os novos mercados conquistados por tecnologias disruptivas exigem capacidades

diferentes daquelas que as companhias estão acostumadas.

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Organizações têm dificuldade em tolerar falhas e inovações disruptivas por

envolverem muitos riscos e pouco conhecimento sobre a viabilidade financeira,

podem não ser muito atrativas aos gestores.

As inovações radicais envolvem incertezas, exigem dos gestores uma tomada de decisão

que envolve riscos e que as companhias desenvolvam novas competências para compreender o

desconhecido e despender tempo para entender de assuntos e tecnologias não dominadas.

1.1.2 Uma possível solução: as startups

Segundo Ries (2012), uma startup é uma instituição humana projetada para criar novos

produtos e serviços sob condições de extrema incerteza. Hoje, com o crescimento do acesso à

internet e ambiente mais favorável a produtos envolvendo tecnologia, informações,

compartilhamento de dados, a situação é favorável à criação desse tipo de companhia por novos

empreendedores.

As startups, com sua estrutura enxuta e equipes dedicadas, ágeis e dispostas a assumir

riscos, mostram que têm vantagens competitivas em relação as empresas maduras, pelo menos

no quesito de inovação. Por essa razão, companhias consolidadas de sucesso, em vez de associá-

las como concorrentes, tem buscado uma abordagem de aproximação em relação a elas. Ao

associarem se às startups, as grandes empresas buscam soluções não limitadas aos recursos

internos que possam alavancar o negócio.

O que há de mais atrativo nas startups que pode ser aproveitado por grandes corporações

não é só o investimento em um empreendimento de grande potencial de crescimento. Há

também, nesse networking entre empresas maduras e empreendedores em busca de

investimento, a oportunidade em aprender a inovar a partir do conhecimento de novas

tecnologias e modelos de negócios diferentes e em trabalhar com profissionais talentosos com

quem possam compartilhar novas ideias.

1.1.3 O cenário brasileiro

O Brasil está vivenciando um boom na área com o surgimento de crescente número de

startups que buscam criar soluções inovadoras para diversos problemas, geralmente utilizando

novas tecnologias e auxilio da internet.

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No Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, encontra-se o décimo segundo maior

centro concentrador de startups, que apesar de incipiente quando comparado às norte-

americanas (Vale do Silício, Nova Iorque, Los Angeles e Boston são as quatro maiores), é um

local de grande potencial de crescimento de startups de qualidade. Isso porque a cidade abriga

universidades importantes, é considerada o maior centro urbano da América Latina e grande

parte da população tem acesso à internet.

O ecossistema1 empreendedor brasileiro está crescendo, já é possível encontrar formas

de incentivos e suporte público a esse tipo de empreendimento, como por exemplo o programa

Start-up Brasil2, o programa Construindo Startups de Classe Mundial3 da Prefeitura de São

Paulo e o Acelera Startup4 da FIESP. Também já foram realizados premiações e concursos

como o Startup Weekend5, IBM Smart Camp e Circuito Startup. E também pode se verificar

uma ampliação da rede de investidores e capital de risco para startups, como a Rocket Internet,

Monashees Capital +, Moville, Anjos do Brasil, etc.

Além disso, grandes empresas como Natura, Bradesco, Hospital Albert Einstein

também já possuem programas de incentivo e de aproximação às startups. O que se percebe no

cenário brasileiro é que já existe um começo de abordagens entre corporações e startups, mas

ainda em um estágio inicial.

1 Ecossistema empreendedor: compreende às startups, aos investidores anjos, fundos de venture capital,

aceleradoras, incubadoras, entidades e associações ligadas a esses stakeholders citados. 2 Start-up Brasil é o Programa Nacional de Aceleração de startups, uma iniciativa do governo federal

criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. As startups selecionadas têm acesso a uma bolsa de até

R$ 200.000,00 em bolsas de pesquisa e desenvolvimento que recebem do governo através das aceleradoras

habilitadas. 3 Evento realizado pelo Instituto Brasil, BNDES, Prefeitura do Município de São Paulo e pela SP

Negócios, voltado à discussão e formulação de projetos e estudos sobre desenvolvimento econômico, e com apoio

à tecnologia e inovação. 4 Evento organizado pelo FIESP com o intuito de captar investimentos-anjo às startups para fomentar

o empreendedorismo. 5 Evento com duração de 54 horas que reúne empreendedores, mentores e investidores com o objetivo

em compartilhar de ideias, formar novas equipes e lançar novas startups.

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Figura 1 - Ecossistema empreendedor brasileiro

Fonte: Elaborado pela autora e equipe Lunica baseado em pesquisas por players existentes no mercado

brasileiro de startups

1.1.4 Uma conexão entre a necessidade e a solução: Liga Ventures

As aceleradoras surgiram como um negócio cujo objetivo é preparar, amadurecer e

alavancar startups de potencial. Em troca de suportes diversificados, que incluem mentorias,

acesso a metodologias, recursos financeiros, networking e treinamentos, uma aceleradora

geralmente ou cobra uma taxa de gestão ou adquire uma participação acionária nas startups

aceleradas. Aceleradoras têm como objetivo de que no final do processo de aceleração as

startups, já mais maduras, consigam captar mais investimentos de fundos ou de corporações.

Entretanto, um fato recorrente é que após a aceleração muitas startups não conseguem

estabelecer contatos estratégicos ou captar recursos de investidores (fundos de venture capital

ou corporações), o que limita sua possibilidade de sucesso futuro. Um segundo problema que

os empreendedores enfrentam é a dificuldade em atrair clientes suficientes para fazer o negócio

crescer. Esses entraves são comuns porque as aceleradoras tradicionais trabalham com uma

“cesta” de empreendimentos que podem ou não interessar a futuros investidores, além de

existirem incertezas de diferentes naturezas ao longo do processo de desenvolvimento das

próprias startups. Consequentemente, sem recursos suficientes para alavancar o projeto, é mais

difícil para uma startup escalar o negócio.

Com o propósito de aumentar as chances de sucesso das startups e ao mesmo tempo

atender a demanda de corporações em trabalhar com empreendimentos nascentes, três colegas

de trabalho de uma antiga aceleradora decidiram avaliar a possibilidade de fundar e desenvolver

a própria aceleradora, nomeada ao longo do processo de Liga Ventures.

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A Liga Ventures surgiu com a visão de adaptar o serviço e o produto de uma aceleradora

convencional de modo a oferecer às corporações e às startups a conexão ideal para ajudar ambas

a conquistarem os respectivos objetivos através de serviços de atração, seleção e aceleração

customizados às grandes empresas.

Para as startups o papel da Liga Ventures é facilitar o acesso ao mercado e dar a chance

de fazer negócios com corporações, já para as corporações, oferecer uma extensão ao P&D

existente, as auxiliando a conduzir uma abordagem eficiente junto aos empreendedores como

forma de buscar a inovação.

Figura 2 - Website da aceleradora Liga Ventures

Fonte: website da empresa

Este trabalho de formatura descreve o plano de negócios desenvolvido para essa

aceleradora, que tem como enfoque satisfazer as demandas por inovação de empresas maduras.

1.2 Estágio

Este trabalho de formatura foi desenvolvido junto aos sócios da Liga Ventures e também

com os sócios da consultoria estratégica Lunica Consultoria e Treinamentos S.A., local de

estágio da autora do presente trabalho.

A Lunica Consultoria foi fundada em 2004 e possui dois sócios, ela atua com projetos

de cunho estratégico tendo como diferencial o uso de metodologias atualizadas de gestão e

negócios e de tomada de decisão. Mesmo sendo uma boutique, ou seja, de porte relativamente

pequeno, a empresa já realizou mais de 100 projetos junto a diferentes setores da economia,

que incluem papel e celulose, energia, transporte e logística, internet/e-commerce, turismo,

serviços em geral e entretenimento dentre outros. O escopo típico dos projetos, além da natureza

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estratégica, envolve a avaliação detalhada de oportunidades de negócios, o estudo e análise de

cenários e do ambiente externo e por fim, o suporte à modelagem e tomada de decisões de

modelos de negócio.

Já a Liga Ventures é uma organização em formação, mas que conta com sócios

experientes no ramo de aceleradoras e no universo relacionado às startups. Esses sócios foram

pioneiros, dentro de outra organização, em desenvolver e adaptar metodologias e processos de

aceleração corporativa para a realidade brasileira. Os mesmos já participaram de diversas

atividades envolvendo o ramo de aceleradoras e tiveram a oportunidade de acelerar startups

promissoras presentes no mercado brasileiro.

A partir de resultados de sucesso em experiências anteriores (eventos e programas de

aceleração) que aproximaram novos empreendedores às grandes corporações, a equipe da Liga

Ventures teve a ideia em desenvolver um projeto para fomentar a inovação através de startups

para empresas maduras. Dessa forma, os três atuais sócios da aceleradora desenvolveram o

plano de vender programas de atração, seleção e aceleração de startups para grandes

corporações que queiram inovar ou manterem-se atualizadas quanto às novidades e surgimento

de novas tecnologias.

A consultoria Lunica enxergou possíveis sinergias entre o seu próprio negócio e o da

aceleradora. Isso porque a Lunica acredita que os programas de aceleração conduzidos pela

Liga são uma potencial fonte de soluções inovadoras para atuais e futuros projetos com clientes.

Além disso, devido ao know-how em desenvolver modelos de negócios estratégicos, a equipe

da Lunica integrou-se à equipe de mentores6 da aceleradora.

Nesse contexto, a autora deste trabalho de formatura fez um projeto com o objetivo de

desenvolver e estruturar um plano de negócio para os fundadores da aceleradora Liga Ventures.

E por ser um tema de interesse e devido à possibilidade de uma futura parceria, a autora obteve

orientação dos sócios da Lunica nos estudos de benchmarking das aceleradoras internacionais,

nos casos de empresas brasileiras que têm se aproximado de startups e também na estruturação

da modelagem do negócio da aceleradora.

6 Mentores: equipe de profissionais de diferentes setores do mercado (especialistas em startups,

investidores anjos, empreendedores de sucesso) vinculados a aceleradora que auxiliam as starups no processo de

aceleração.

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1.3 Objetivos

O primeiro objetivo deste trabalho de formatura é construir um documento para orientar

e ser utilizado pela aceleradora durante o processo de abertura e estabelecimento do negócio no

mercado. Dessa forma, o escopo deste trabalho é montar um plano de negócio que defina qual

a melhor estratégia frente às oportunidades no mercado, definindo os melhores produtos a partir

das necessidades dos clientes, quais os riscos do negócio e como se destacar frente aos possíveis

competidores existentes. Além disso, faz parte do escopo deste trabalho, montar um plano

financeiro da aceleradora de modo a analisar a viabilidade do empreendimento.

A autora acredita também que este trabalho de formatura trará valor aos investidores,

corporações e empreendedores que queiram entender e se envolver com a aceleradora Liga

Ventures, pois um dos focos deste trabalho foi documentar as vantagens dos programas de

aceleração de startups para os envolvidos.

Por fim, este plano de negócio visa contribuir com a estruturação e consolidação da

aceleradora Liga Ventures, de modo que ela perdure como uma empresa bem estabelecida no

mercado em que atua, demonstrando que o serviço proposto tem grande potencial em agregar

valor e servir como extensão aos esforços de P&D de corporações.

1.4 Motivação

A motivação da autora em desenvolver o tema proposto deve-se primeiramente à

relevância do assunto no cenário atual. Em meio a situações onde empresas de grande porte

fecharam suas portas por falta de compromisso com a inovação e empresas que surgiram de

pequenas ideias e hoje são as mais valiosas no mundo, startups têm sido protagonistas nesse

novo mercado em que para se manter ativo, é preciso saber se adaptar às constantes mudanças

do ambiente.

Outro fator relevante para a escolha deste tema a ser desenvolvido no trabalho de

formatura em Engenharia de Produção na Escola Politécnica da USP, é a percepção do

incentivo da universidade em formar profissionais com mentes cada vez mais abertas. Em uma

época não muito distante, abrir o próprio negócio era para poucos. Grande parte dos

universitários tinha como meta fazer uma trajetória longa e estável em indústrias.

A autora, ao vivenciar casos de pessoas que ingressaram nesse universo de

empreendedorismo e hoje compartilham o aprendizado e a satisfação em ter contribuído de fato

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com as mudanças nos hábitos dos brasileiros, percebe-se que o mercado está aberto àqueles

com vontade e dedicação em transformar uma ideia em um produto comercializável.

Por fim, a maior motivação deste trabalho, é contribuir para um negócio que a autora

acredita ser rentável e principalmente um negócio que certamente abrirá oportunidades não só

para grandes empresas, mas também para empreendedores que hoje têm como maior desafio,

encontrar um primeiro investimento para ter a chance de fazer a ideia tornar-se um caso de

sucesso.

1.2 Estrutura do trabalho

Este trabalho foi organizado em nove capítulos:

Capítulo 1: Introdução. Composto pelo contexto, objetivos, motivação e estrutura do

trabalho, o primeiro capitulo explica e expõe o tema do projeto realizado, descreve

sucintamente o ambiente em que esse está inserido e contextualiza a empresa a qual

a autora realizou o trabalho em conjunto.

Capítulo 2: Revisão da literatura. Levantamento dos principais conceitos já estudados

na área e utilização deles como base e ferramenta para o suporte do desenvolvimento

do projeto. Foram revisadas as literaturas com enfoque em estruturação de um Plano

de negócio, modelos de negócio, ferramentas de estratégia e conceitos financeiros.

Capítulo 3: Método. Capítulo dedicado à metodologia proposta pela autora para a

construção do plano de negócio da aceleradora Liga Ventures.

Capitulo 4: Análise de mercado e stakeholders

Capitulo 5: O setor de aceleradoras de startups

Capitulo 6: Modelo de negócio detalhado da empresa Liga Ventures

Capitulo 7: Aspectos financeiros

Capitulo 8: Resultados

Capítulo 9: Conclusão dos resultados obtidos nos capítulos 4, 5, 6 ,7 e 8.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

A análise de bibliografias relacionadas ao tema do trabalho já publicados na área tem o

propósito de servir como base de investigação deste trabalho de formatura.

Optou-se por dividir essa revisão em três partes principais:

Plano de negócio;

Análise estratégica e modelo de negócio;

Análise financeira.

O tópico de plano de negócios terá como base a estrutura proposta pela Universidade de

Syracuse nos Estados Unidos.

Já o tópico de análise estratégia e modelo de negócio, serão utilizados conceitos diversos

tais como as cinco forças de Porter, análise SWOT, Canvas de modelo de negócios, Canvas de

proposição de valor e a tabela de estratégia.

Para análise financeira serão utilizados como principais conceitos o demonstrativo de

resultado do exercício e demonstrativo de fluxo de caixa.

2.1 Aspectos gerais do plano de negócio

Um plano de negócio é um documento em que as ideias acerca de um empreendimento

são organizadas e avaliadas. De acordo com o Guia Como Elaborar Um Plano de Negócios,

desenvolvido pelo SEBRAE (2013), um plano de negócio é um documento que prescreve por

escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que eles sejam

alcançados. Além disso, ao escrever o plano no papel, o documento é uma forma de identificar

e restringir os erros ao invés de cometê-los no mercado.

Um plano de negócios é um documento interativo e que deve ser continuamente

adaptado de acordo com as mudanças e novos aprendizados adquiridos pelos autores sobre o

mercado em que o negócio está inserido. Dessa forma, é de extrema relevância que todos os

personagens envolvidos no projeto tenham conhecimento sobre o assunto, mantenham-se

atualizados e acompanhem o desenvolvimento do mesmo.

A elaboração do plano de negócios é um passo importante para os empreendedores

iniciarem o processo de concretização e análise da empresa, pois é uma forma de toda a equipe

alinhar os objetivos e expectativas sobre o empreendimento, além de ser um processo de

validação e reflexão de todas as ideias do negócio.

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A empresa de consultoria e auditoria Price Waterhouse and Copper, em seu paper

‘Como Criar Um Plano de Negócio’, cita que um plano de negócios bem elaborado:

Ajuda o empreendedor a focar nas ideias, tornando as ações pensadas para a

companhia mais verossímeis;

É uma ferramenta para os gestores acompanharem as fases de desenvolvimento da

companhia, estabelecer metas e objetivos a ser alcançado, mensurar o progresso da

empresa e mitigar os riscos e incertezas do negócio;

É um veículo de informações para a empresa, podendo utilizá-lo como forma de atrair

recursos financeiros ou parceiros estratégicos.

2.1.1 Objetivos de um plano de negócio

Segundo a pesquisa realizada em julho de 2014 pelo SEBRAE, há três principais

motivos de empresas fecharem, sendo a falta de planejamento prévio o principal delas. Segundo

a pesquisa, ao abrir a empresa, parte dos empreendedores não levanta informações importantes

sobre o mercado e mais da metade não realiza o planejamento de itens básicos antes do início

das atividades.

Figura 3 - Principais causas do encerramento de pequenas empresas

Fonte: SEBRAE (2014)

36%

34%

14%

8%

7%

1%

49%

22%

14%

9%

6%

0%

Um bom Planejamento antes da abertura

Uma boa gestão do negócio após a abertura

Políticas governamentais de apoio aos pequenos

negócios

Evitar que os problemas pessoais prejudiquem o

negócio

Melhora da situação econômica do país

Outros fatores

Na visão do empreendedor, fator mais importante para a

sobrevivência da empresa

Empresas encerradas Empresas em atividade

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Nesse contexto, o plano de negócio é a ferramenta necessária para um empreendedor

organizar as informações sobre o empreendimento e para montar o seu planejamento

estratégico. Dessa forma, os objetivos principais de um plano de negócio são:

Possibilitar a diminuição da probabilidade de morte precoce da empresa, uma vez

que riscos e situações adversas são previstas no processo de elaboração do

documento e também aumentar as chances de sucesso, possibilitando aos gestores

uma percepção correta das oportunidades;

Através do gerenciamento das operações e estabelecimento das estratégias do

negócio é possível aumentar a qualidade de comunicação, do grau de confiabilidade

e melhorar a imagem da empresa;

Servir como instrumento de apresentação e comunicação da empresa para diferentes

públicos:

Sócios potenciais para vender parte do negócio e estabelecer acordos e direção;

Parceiros para estabelecer estratégias conjuntas;

Bancos para conseguir financiamentos;

Intermediários que podem ser pessoas que ajudem a vender o negócio;

Investidores que são empresas de capital de risco, pessoas jurídicas ou outros

interessados;

Gerentes para estabelecer canal de comunicação;

Executivos de alto nível para aprovar e alocar recursos;

Fornecedores para outorgar crédito para compra de mercadorias e matéria-prima;

Pessoas Talentosas para serem contratados e fazer parte da empresa;

Própria empresa para comunicação interna com os empregados;

Clientes potenciais para vender o produto/serviço.

Servir como ferramenta que permita o estabelecimento da visão, missão e

posicionamento da empresa frente aos seus objetivos estratégicos.

2.1.2 Estrutura do plano de negócio

Não há um padrão definido de como estruturar um plano de negócios uma vez que os

tipos de negócio diferem muito um do outro em diversos aspectos. Entretanto, um plano de

negócio deve ser composto por seções que se relacionem entre si e permitam uma compreensão

do empreendimento. Para entender o negócio, Salim et al. (2005) apresentam uma série de

questões que devem ser respondidas pelo plano de negócio:

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Qual o meu negócio?

Aonde quero chegar?

O que vendo?

Para quem vendo?

Quais estratégias serão utilizadas?

Como conquistarei o mercado?

Quais são os fatores críticos de sucesso do meu negócio?

Quanto vou gastar?

Que retorno terei sobre o meu investimento?

Existem outros modelos de estruturas como, por exemplo, a da Universidade de

Syracuse em “Entrepreneurship Program at Syracuse University. The Nuts & Bolts of Great

Business Plan”. O modelo propõe uma estrutura de um plano de negócio completo que é

compatível com qualquer tipo de empresa independentemente do seu segmento de mercado. A

seguir, foram listados os tópicos principais do modelo proposto:

1) Sumário Executivo – É escrito depois de feita toda a análise do negócio, resumindo qual a

oportunidade que está sendo aproveitada, a definição do negócio, quais as vantagens

competitivas, quem são os clientes e como o negócio será rentabilizado.

2) Conceito do Negócio – Esta seção do plano de negócio descreve qual o objetivo do

empreendimento, descrevem quais serão os produtos e serviços oferecidos e qual a

estratégia de crescimento.

3) Análise da Indústria – Estudo referente ao panorama geral do mercado do negócio, ou seja,

quais são as tendências, potencial de crescimento e maturidade do segmento.

4) Análise e Pesquisa de Mercado – Esta seção detalha mais o segmento em que o

empreendimento atuará, analisando qual a importância do negócio, o tamanho do mercado,

quem são os clientes e quais são as características do comportamento deles.

5) Aspectos e Plano financeiros – Quais as fontes de receita, os custos fixos, custos variáveis

e os indicadores de desempenho do empreendimento.

6) Plano de Marketing – Como será o plano de venda do produto, portanto envolve a definição

dos canais, preços e promoção do negócio.

7) Plano Operacional e Recursos Humanos – Como os produtos ou serviços agregarão valor

aos clientes. Deve-se descrever também a capacidade, recursos e a equipe de funcionários

necessários para executar a operação.

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8) Cronograma de ações – Gráfico visual da agenda do planejamento de ações para o

lançamento do negócio.

9) Riscos, problemas e premissas críticas – Definem-se quais serão os desafios e riscos do

empreendimento.

2.2 Análise estratégica e modelo de negócio

Um elemento fundamental para construir um bom plano de negócio é analisar os fatores

externos e internos a companhia e também estruturar a própria empresa frente as características

do mercado. Logo, é preciso planejar quais serão as estratégias em relação aos competidores e

às tendências do mercado, e também estudar como criar uma proposta de valor aos clientes.

Este subcapítulo, portanto, descreve um conjunto de frameworks para auxiliar a

execução e a estruturar metas ou objetivos, que podem levar empresas a obter vantagem

competitiva. A vantagem competitiva, isto é, a capacidade de gerar maior valor econômico em

relação às organizações rivais, é definida ao entender qual será a estratégia e a estrutura da

empresa.

Para manter uma estratégia em uma companhia é de vital importância que a corporação

faça uma análise dos fatores externos à empresa e também das suas capacidades. Desse modo,

para analisar a vantagem competitiva da empresa, serão estudadas as cinco forças de Porter e

análise SWOT que juntas auxiliam nas decisões estratégicas e definição da posição da

companhia no mercado.

A tabela de estratégia é uma ferramenta ideal para avaliação, comparação e análise das

alternativas por um tomador de decisão.

Já o Canvas de modelo de negócios e Canvas de proposição de valor serão ferramentas

para, como os próprios nomes intitulam, estruturar o modelo de negócio e qual será a proposta

de valos oferecida aos clientes.

2.2.1 As cinco forças de Porter

Michael Eugene Porter desenvolveu um framework que explica os fatores que

influenciam o mercado e afetam o comportamento de compra através de cinco principais

fatores: rivalidade entre concorrentes, poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha

dos clientes, ameaça de produtos substitutos e ameaça de novos entrantes. Através do modelo

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é possível entender o ambiente externo competitivo e identificar ações estratégicas para o

futuro.

Dependendo da análise de cada uma das forças, é possível demonstrar a atratividade de

um determinado mercado. Segundo Porter (1996), o conhecimento dessas fontes subjacentes

de pressão competitiva põe em destaque os pontos fortes e os pontos fracos críticos da

companhia, anima o seu posicionamento em sua indústria, esclarece as áreas em que mudanças

estratégicas podem resultar no retorno máximo e põe em destaque as áreas em que as tendências

da indústria são da maior importância, quer como oportunidade, quer como ameaça.

Figura 4 - Cinco forças de Porter

Fonte: Adaptado de Porter (1996)

Na força de rivalidade entre concorrentes deve-se atentar aos seguintes pontos que

podem aumentar a concorrência, quantidade e tamanho dos players existentes no mercado, taxa

de crescimento da indústria lento, barreiras à saída desse mercado, ausência de diferenciação

do produto e custos fixos e de estoque elevados. Essa força é o principal determinante da

competitividade do mercado.

A situação em que há fornecedores com poder de barganha ocorre quando a indústria

dos fornecedores é mais concentrada que dos clientes, o serviço/produto do fornecedor é

diferenciado, os custos de mudança de fornecedor são alto, há poucos substitutos e o fornecedor

tem poder de verticalizar o setor para frente. Uma vez que os fornecedores podem aumentar o

custo de aquisição de recursos, essa é uma força que pode afetar diretamente na

competitividade.

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O cliente com poder de barganha ocorre quando há poucos compradores no mercado ou

realizam compras em grandes volumes, geralmente o produto oferecido pelo fornecedor é

padrão, há baixo custo em mudar de fornecedor e o comprador tem poder para verticalizar o

setor para trás. Dependendo do poder dos clientes, há a possibilidade de essa força destruir a

rentabilidade da indústria.

Os produtos/serviços substitutos têm desempenho semelhante aos produtos atuais e

pode servir para satisfazer a mesma necessidade do consumidor. Essa força é uma condição

para aumentar a oferta de opções aos clientes.

Novo entrante ocorre quando uma nova instituição decide investir em um mercado,

podendo aumentar a pressão para menores custos e preços. Nessa força, dependendo das

barreiras de entrada, como investimento inicial necessário, patentes, regulação, pode haver uma

maior ou menor tendência de novos entrantes.

O modelo de Porter é uma forma simplificada de associação dos principais fatores de

competitividade à equação fundamental dos negócios (lucro é igual a preço menos custos). As

forças de novos entrantes, clientes, produtos/serviços substitutos e rivalidade entre concorrentes

influenciam diretamente no preço e fornecedores e rivalidade entre concorrentes, nos custos.

Por fim, de acordo com Porter (1996), o conjunto dessas forças determina o potencial de lucro

final na indústria, que é medido em termos de retorno em longo prazo sobre o capital investido.

2.2.2 Análise SWOT

Enquanto as cinco forças de Porter é uma ferramenta que auxilia na análise da

competitividade de um ambiente dentro de um segmento do mercado, a análise SWOT

(strenghts, weaknesses, opportunities, threats) tende em focar mais em uma organização para

analisar seus potenciais internos e fatores externos.

A técnica creditada a Albert Humphrey é muito utilizada com o propósito de identificar

os principais fatores internos (forças e fraquezas) e externos (oportunidades e ameaças) a

empresa em que a organização opera que são importantes para atingir os objetivos estratégicos.

Através da ferramenta os gestores analisam e procuram enfatizar as forças competitivas da

empresa e as oportunidades ainda inexploradas, ao mesmo tempo em que expõe as áreas de

fraqueza que devem ser melhoradas e as ameaças que devem ser diminuídas.

O framework proposto pela análise SWOT, representado na Figura 05, é feita a partir

de um brainstorming dos seguintes fatores:

As forças são as competências que fazem uma companhia obter uma boa performance;

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Fraquezas são procedimentos ou características da companhia que a leva a não ter um

bom desempenho;

Oportunidades são tendências ou ideias que a companhia pode aproveitar para gerar

novas receitas;

Ameaças são situações fora do controle da companhia que precisam ser analisadas de

maneira a serem mitigadas.

Figura 5 - Matriz SWOT

Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007)

2.2.3 Tabela de estratégia

A tabela de estratégia permite construir, visualizar e selecionar alternativas que

compõem uma estratégia. A ferramenta auxilia o tomador de decisão identificar e estruturar

alternativas em várias dimensões de um mesmo problema. Ela pode ser utilizada quando é

necessário realizar um conjunto de tomadas de decisão em um universo em que há diferentes

alternativas para construir uma solução.

Howard (1988) define a ferramenta como uma forma de mostrar como a estratégia pode

ser especificada através da seleção de decisões em cada uma das diversas áreas, que muitas

vezes são pensadas como variáveis de decisão individual. Além disso, ela ajuda a encontrar

alternativas criativas e diferentes para um mesmo problema.

Uma tabela de estratégia é composta por colunas que são as dimensões ou áreas

relevantes para uma estratégia, e em cada uma dessas dimensões listam-se as alternativas

existentes relacionadas. As dimensões devem ser os parâmetros com maior relevância para

determinada decisão e geralmente são assuntos em que há mais de uma alternativa.

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Na Figura 06, ilustrou-se um exemplo de alternativas para elaborar uma estratégia para

uma empresa na indústria de roupas. A estratégia 1, por exemplo terá como público alvo as

mulheres adultas, as roupas serão padronizadas, venderá os artigos em lojas próprias, os

produtos serão produzidos na China e terá preço abaixo do praticado no mercado. Já a estratégia

2, focará em produtos altamente customizados aos clientes adultos do sexo masculino, terá loja

e fábrica própria e terá um preço maior que o dos competidores.

Figura 6 - Estrutura da tabela de estratégia

Fonte: Elaborado pela autora e equipe Lunica

A tabela de estratégia é, portanto, uma ferramenta para visualizar e listar todas as

alternativas relevantes para a tomada de decisão da estratégia de um problema e também

identificar as diferenças entre estratégias.

2.2.4 Modelo de negócio Canvas

A proposição de um modelo de negócio deve ser feita antes de construir o plano de

negócio, pois é a forma pela qual a empresa planejará agregar valor a um produto que será

comercializado aos potenciais clientes e então possibilitar a capitalização do negócio.

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Ostwalder et al. (2011) definem um modelo de negócio como a forma de descrever a

lógica de criação de entrega de valor por parte de uma organização. Para estruturar esse

conceito, os autores desenvolveram um esquema englobando nove componentes que cobrem as

principais áreas do negócio, que são os clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira.

Figura 7 - Quadro de modelo de negócio Canvas

Fonte: Ostwalder e Pigneur (2011)

Os nove componentes representados na Figura 07 são descritos como:

Segmentos de clientes: define os diferentes grupos de pessoas ou organizações que

uma empresa busca alcançar e servir. De acordo com a tomada de decisão sobre qual

tipo de segmento de cliente a empresa buscará criar valor, é importante obter a melhor

compreensão das necessidades, atributos e comportamentos comuns, de modo a

realizar o projeto nos moldes desse tipo de cliente.

Proposta de valor: descreve o pacote de produtos e serviços que criam valor para um

segmento de cliente e é a razão pela qual esses clientes escolhem uma empresa a

outra. Ela resolve um problema ou satisfaz uma necessidade do consumidor, podendo

ser os valores quantitativos (menor preço, maior velocidade) ou qualitativos (design,

marca/status).

Canais: é a forma como uma companhia se comunica e alcança o seu segmento de

clientes para entregar uma proposta de valor, ou seja, é a interface entre empresa e

clientes. Os canais podem ser diretos ou indiretos e particulares ou com parceria.

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Relacionamento com clientes: descreve os tipos de relação que uma empresa

estabelece com segmentos de clientes específicos. Esse fator pode ser guiado pelas

seguintes motivações, conquista do cliente, retenção do cliente ou ampliação das

vendas.

Fontes de receita: representa o dinheiro que uma empresa gera a partir de cada

seguimento de clientes. É importante para uma empresa saber quanto o seu cliente

está disposto a pagar pelo produto ou serviço oferecido e definir a forma de geração

de receita que pode ser resultante de pagamento único ou renda recorrente resultante

de pagamentos constante.

Recursos principais: descreve os recursos mais importantes exigidos para fazer um

modelo de negócio funcionar. Eles podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou

humanos.

Atividades-chave: descreve as ações mais importantes da empresa para fazer o

modelo de negócio funcionar. Elas podem ser categorizadas em produção

(relacionada à entrega de produtos), resolução de problemas (relacionam-se com

novas soluções para problemas de clientes específicos) e plataforma/rede (modelos

que tem uma plataforma como recurso principal).

Parcerias principais: descreve a rede de fornecedores e os parceiros que permitem o

modelo de negócio funcionar. Alianças são formadas com o propósito de mitigar

riscos, adquirir recursos e gerar economia de escala ou otimizar o modelo. As

parceiras podem ser do tipo estratégica entre não competidores ou entre concorrentes,

joint ventures para o desenvolvimento de novos negócios e relação comprador-

fornecedor para garantir suprimentos confiáveis.

Estrutura de custo: descreve todos os custos envolvidos na operação de um Modelo

de Negócios. Podem-se distinguir duas grandes classes de estrutura de custo, aquelas

direcionadas pelo custo (concentram na minimização dos custos) e as direcionadas

pelo valor (concentram na criação de valor).

2.2.5 Proposição de valor Canvas

É muito importante entender qual valor será agregado aos produtos e serviços oferecidos

aos clientes, pois ele é a essência e uma das bases de um plano de negócio. Por essa razão, com

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o intuito de auxiliar a criação de valor aos clientes, Ostwalder et al. (2014) criaram a ferramenta

para a ajudar no design dessa proposta.

O modelo de negócio Canvas, proposto por Ostwader e Pigneur, tem o papel de ajudar

o empreendedor a criar valor para o negócio, já a proposta de valor Canvas, a criar valor para

os clientes, tendo, portanto, o papel de complementar o primeiro mapa. A relação entre os dois

modelos é ilustrada na Figura 08.

Figura 8 - Relação entre quados modelo de negócio e proposição de valor Canvas

Fonte: Ostwalder et al. (2014)

A proposta de valor Canvas possui duas partes principais, uma sobre o perfil do cliente

e outra, denominada mapa de valor, onde é descrito como o empreendedor criará valor a esse

cliente. Segundo o autor, caso a proposta de valor de um produto ou um serviço traga benefícios

aliviando as dores e criando benefícios que estão de acordo com os objetivos dos clientes, ocorre

o chamado Encaixe.

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Figura 9 - Proposta de valor Canvas

Fonte: Ostwalder et al. (2014)

De acordo com Ostwalder et al. (2014), o perfil do cliente descreve um segmento de

cliente de uma maneira mais estruturada e detalhada e é dividida entre tarefas, dores e ganhos

dos clientes.

Tarefas: descreve o que os clientes estão tentando fazer no trabalho ou na vida. Essas

tarefas podem ser problemas que estão tentando resolver, necessidades que estão

tentando satisfazer ou alguma missão que precisem cumprir ou completar. O autor

distingue o tipo de tarefa dos clientes em três: tarefas funcionais (missão que precisem

cumprir ou problemas que têm de ser resolvidos), tarefas sociais (clientes que queiram

parecer bem ou ganhar poder e status) e tarefas pessoais (clientes que procuram um

estado emocional, como por exemplo, sentir-se bem ou seguro). Os autores identificam

também tipos de tarefas suporte que são formas como o cliente consome valor, podendo

ser classificados em comprador de valor, co-criador de valor e aquele que transfere

valor. (OSTWALDER et al. 2014)

Dores: descreve fatores ou riscos que irritam os clientes antes, durante e depois de

realizar alguma tarefa ou também que impedem de realizar a mesma. Ostwalder et al.

(2014) listam tipos de dores: resultados, problemas e características indesejadas,

obstáculos e riscos. (OSTWALDER et al. 2014)

Benefícios: descreve os resultados e benefícios que os clientes desejam. Elas podem ser

benefícios necessários, benefícios esperados, benefícios desejados e benefícios

inesperados. (OSTWALDER et al. 2014)

Para Ostwalder et al. (2014), o mapa de valor descreve as características de uma

proposição de valor específica de maneira mais estruturada e detalhada e é dividido em produtos

e serviços, aliviadores de dores e criadores de benefícios.

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Produtos e serviços: é a lista de tudo o que o empreendedor oferece. Ela pode ser do

tipo físico ou tangível (produtos manufaturados), intangível (serviços como, por

exemplo, assistência pós-venda), digital (serviços online) ou financeiro (fundos de

investimento). (OSTWALDER et al. 2014)

Aliviadores de dores: descreve como o produto ou serviço aliviará determinada dor.

(OSTWALDER et al. 2014)

Criador de benefícios: descreve como o produto ou serviço criará benefícios ao cliente.

(OSTWALDER et al. 2014)

Por fim, conforme explicado anteriormente, o encaixe é alcançado quando clientes

ficam satisfeitos em relação a proposta de valor do negócio de um empreendedor, que ocorre

quando a proposta foca no trabalho do cliente, alivia suas dores extremas e cria benefícios para

ele. O encaixe pode ser classificado em três tipos, encaixe de problema e solução, encaixe de

produto e mercado e encaixe de modelo de negócio.

Encaixe de problema e solução: ocorre quando o empreendedor se empenha em

construir a proposta de valor com foco nas tarefas dos clientes, nas suas dores e

benefícios. Esse encaixe ainda é teórico e precisa ser validado, para isso deve-se

verificar se os clientes dão importância à proposta. (OSTWALDER et al. 2014)

Encaixe de produto e mercado: ocorre quando há evidências de que o produto ou

serviço, aliviadores de dores e criador de benefícios estão de fato criando valor. É

preciso validar constantemente a proposta de valor em um processo interativo para

realizar as atualizações necessárias conforme mudanças no mercado e na companhia.

(OSTWALDER et al. 2014)

Encaixe de modelo de negócio: ocorre quando a proposta de valor é integrada em um

modelo de negócio escalável e rentável. (OSTWALDER et al. 2014).

2.3 Análise financeira

Com o intuito de estudar as atividades financeiras e contábeis da empresa serão

definidos e utilizados os conceitos de demonstrativo de resultados do exercício e demonstrativo

de fluxos de caixa.

Como principais indicadores, serão estudadas a TIR e o VPL.

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2.3.1 Demonstração do resultado do exercício

Gitman (2004) define a demonstração do resultado do exercício como uma síntese

financeira dos resultados operacionais da empresa durante certo período, sendo mais comum

aquelas que cobrem o período de um ano, com encerramento em 31 de dezembro do ano civil.

De maneira geral, uma DRE começa com o faturamento (vendas efetuadas no período),

do qual se subtrai o custo dos produtos vendidos. O lucro bruto resultante representa o valor

remanescente para cobrir custos de operação, financeiros e fiscais. A seguir, as despesas

operacionais, incluindo despesas de venda, despesas gerais e administrativas, despesas de

aluguel (se existir) e a despesa de depreciação, são deduzidas do lucro bruto. O resultado

operacional representa o lucro obtido com a fabricação e a venda de produtos; esse montante

não leva em conta os custos de financiamento e tributação. A seguir, os custos de financiamento

(despesas financeiras) são subtraídos do resultado operacional para que se determine o lucro

líquido antes do imposto de renda. Após a subtração as despesas financeiras, pode-se observar

qual o lucro líquido antes do imposto de renda. O imposto calculado às alíquotas apropriadas,

sendo deduzido para que se obtenha o lucro líquido após imposto de renda. Os dividendos pagos

a acionistas preferenciais devem ser subtraídos do lucro líquido antes de chegar ao lucro

disponível aos acionistas ordinários (GITMAN, 2004).

Málaga (2009) explica a estrutura da DRE conforme é mostrada na Tabela 01.

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Tabela 1 - Demonstração dos resultados do exercício

Fonte: Málaga (2009) – Formato padrão da DRE, segundo a Lei das S.A.

2.3.2 Demonstração de fluxos de caixa

Gitman (2004) define a demonstração de fluxos de caixa como movimentos de entrada

e saída de caixa durante um período considerado, ela oferece uma visão dos fluxos de caixa

operacionais, de investimento e financiamento da empresa e concilia tais fluxos com as

variações dos saldos de caixa e aplicações em títulos negociáveis nesse período.

Gitman (2004) exemplifica a estrutura de fluxo de caixa de acordo com a Tabela 02.

Receita bruta de venda de produtos

(-) Impostos sobre vendas

(-) Deduções sobre receitas brutas

Receita líquida de venda de produtos

(-) Custos dos produtos vendidos

(=) Lucro bruto

(-) Despesas com vendas

(-) Despessas gerais e admnistrativas

(-) Honorários dos administradores

(-) Outras receitas (despesas) operacionais, líquidas

(-) Resultado financeiro

Receitas Financeiras

Despesas financeiras

(+/-) Resultado da equivalência patrimonial

(=) Lucro Operacional

(+/-) Resultados não operacionais

(=) Lucro antes do imposto de renda, da contribuição social e participações

(-) Imposto de renda e contribuição social correntes

(-) Imposto de renda e contribuição social diferidos

(-) Participações e contribuições estatuárias

(-) Participações minoritárias (quando balanço consolidado)

(-) Reversão juros sobre capital próprio

Lucro/ prejuízo líquido do exercício

Número de ações, ex-tesouraria

Lucro/prejuízo líquido por ação do capital social no fim d exercício - R$

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Tabela 2 - Estrutura de fluxo de caixa da empresa

Fonte: Gitman (2004)

Alguns indicadores para analisar a série de fluxos de caixa são:

2.3.2.1 VPL

Gitman (2004) define valor presente líquido de uma série de fluxo de caixa como o valor

presente de cada quantia futura e depois somados os valores presentes para chegar ao valor

presente total.

Puccini (2011) define VPL como o valor presente de parcelas futuras de um fluxo de

caixa somado algebricamente com a grandeza colocada no ponto zero, que corresponde

normalmente ao investimento inicial.

Os fluxos podem ser negativos ou positivos, de acordo com as entradas e saídas de caixa.

A taxa utilizada no cálculo representa o rendimento esperado do projeto. Caso a o VPL seja

negativo, o retorno do projeto será menor que o investimento inicial, o que sugere a reprovação

de um projeto. Caso contrário, o valor obtido no projeto pagará o investimento inicial, o que o

torna viável.

A equação do VPL pode ser determinada matematicamente pela solução da Equação 1.

Fluxo de caixa das operações

Lucro líquido depois do imposto de renda

Depreciação

Aumento de contas a receber

Redução de estoques

Aumento de contas a pagar

Aumento de despesas a pagar

Caixa gerado pelas operações

Fluxo de caixa das atividades de investimento

Aumento de ativo imobilizado bruto

Alteração de ativo financeiro permanente

Caixa gerado pelas atividades de investimento

Fluxo de caixa das atividades de financiamento

Redução de instituições financeiras a pagar

Aumento de dívidas de longo prazo

Alterações de patrimônio líquido

Dividendos pagos

Caixa gerado pelas atividades de financiamento

Aumento líquido dos saldos de caixa de financiamento em títulos negociáveis

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Equação 1 – cálculo do VPL

𝑉𝑃𝐿 = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∑𝑉𝐹𝑛

(1 + 𝑖)𝑛

𝑛

𝑛=1

Onde, VF significa o fluxo de caixa de cada período, o n representa o período em questão

e i a taxa de retorno do projeto.

2.3.2.2 TIR

Puccini (2011) define taxa interna de retorno como a taxa intrínseca a um fluxo de

caixa dado. Em outras palavras, é a taxa de desconto que faz o VPL de um fluxo de caixa ser

zero.

A análise da TIR deve ser feita a partir de sua comparação com a taxa de atratividade

mínima do investimento.

A TIR pode ser calculada a partir da Equação 2.

Equação 2 – Cálculo da TIR

𝑉𝑃𝐿 = 0 = 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 + ∑𝑉𝐹𝑛

(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛

𝑛

𝑛=1

Onde, VF significa o fluxo de caixa de cada período e o n representa o período em

questão.

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3 METODOLOGIA PARA CONSTRUÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIO

Um dos objetivos desse trabalho é criar um documento que seja útil para todos aqueles

que queiram entender o universo relacionado à aceleradora Liga Ventures. Logo, a proposta da

metodologia deste plano de negócio é montar uma estrutura que contemple o estudo dos

stakeholders envolvidos, do setor de atuação da empresa e o modelo de negócio da aceleradora.

Primeiramente, os elementos necessários para compor um plano foram divididos em

três dimensões com o propósito de obter uma visão geral do conteúdo do documento. A primeira

diz respeito à própria empresa e suas incertezas e desafios no mercado em que atua. A segunda,

mais ampla que a primeira, sobre o segmento de atuação da Liga Ventures (aceleradoras de

startups), e a terceira parte e também a mais abrangente, sobre o mercado em que a aceleradora

se encontra, onde são descritas as startups e outros stakeholders envolvidos no processo de

aceleração de empreendimentos. Essa divisão foi ilustrada na Figura 10.

Figura 10 - Visão geral do plano de negócio

Fonte: Elaborado pela autora

Cada uma dessas dimensões contempla itens que são requisitos de um plano de negócio

de acordo com a estrutura proposta pela Universidade de Syracuse em “Entrepreneurship

Programa at Syracuse University. The Nuts & Bolts of Great Business Plan” como pode ser

observado na Figura 11.

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Figura 11 - Dimensões para itens do plano de negócio

Fonte: Elaborado pela autora

A partir dessa primeira divisão em três grandes áreas, cada uma delas foram detalhada

conforme é ilustrado na Figura 12. Com este plano de desenvolvimento para o trabalho de

formatura a autora pretende pesquisar e analisar os fatores do mercado que mais impactam na

atuação da aceleradora e explicar o modelo de negócio da empresa no cenário brasileiro atual.

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Figura 12 - Metodologia de construção do plano de negócio

Fonte: Elaborado pela autora

A separação desses assuntos nesse formato possibilitou a autora organizar melhor os

tópicos da estrutura utilizando ferramentas de modelagem de negócio, de estratégia e

financeiras citados no capítulo de revisão bibliográfica deste trabalho.

Os estudos do mercado, do setor e do cliente (corporações) foram construídos com base

em pesquisas em sites relacionados a startups e a aceleradoras, blogs de empreendedorismo,

notícias na web e uma visita ao CIETEC, localizado na Universidade de São Paulo. As

características do cenário brasileiro foram priorizadas no estudo, mas as tendências e principais

empresas internacionais também foram estudas durante o processo de construção deste trabalho

de formatura.

Os tópicos relacionados à empresa, assim como a estratégia e principais riscos foram

construídos junto com a equipe de sócios da aceleradora Liga e equipe de trabalho da

consultoria, local de estágio da autora. E especificamente para a proposta de valor da empresa

foram conduzidas entrevistas com startups e reuniões com grandes corporações.

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4 ANÁLISE DE MERCADO E STAKEHOLDERS

O primeiro passo para construir um plano de negócio e compreender o ambiente no qual

a empresa atuará é analisar o mercado. Portanto, primeiramente, com base em pesquisas

realizadas pela autora, foram coletados dados da indústria, foram identificadas as oportunidades

e as principais tendências no mercado.

É importante ressaltar que este trabalho visa construir um plano de negócio para uma

aceleradora de startups. Entretanto, o mercado em que a empresa está inserida e que foi

caracterizado envolve uma série de outros tipos de stakeholders que se relacionam diretamente

com startups e os seus diferentes estágios. Isso se justifica, pois, o sucesso do negócio depende

de todo ecossistema de startups existente, bem como de soluções competidoras à proposta da

aceleradora.

Com o propósito de compreender esse universo e discernir as características e funções

de cada agente pertencente a essa indústria relacionada às startups, este capitulo foi dividido

em partes que explicam e descrevem o contexto em que a aceleradora Liga Ventures está

imersa.

Os tópicos foram organizados na seguinte forma:

Condições para o crescimento do número de startups

As startups no Brasil: Este item descreve o cenário atual brasileiro.

Estágios e stakeholders relacionados às startups: Caracteriza as etapas de ciclo de vida

de uma startup e descreve os potenciais parceiros e as relações que podem existir com

os empreendedores.

Corporações e possíveis relações com startups: Este item descreve a importância e quais

as principais dificuldades em inovar para uma empresa madura. Também apresenta

algumas soluções para esse problema relacionadas às startups que existem no mercado.

4.1 Condições para o crescimento do número de startups

Uma pesquisa realizada em 2015 pela International Telecommunication Union apontou

que no mundo há 3,2 bilhões de usuários na internet o que representa quase um terço da

população mundial total. A pesquisa compara os números do ano 2000 com o ano de 2015,

mostrando que o número de internautas aumentou 700% em menos de duas décadas, tendo os

países em desenvolvimento significativa importância nesse crescimento (dos 3,2 bilhões de

pessoas com acesso à internet, 2 bilhões são de países em desenvolvimento).

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Figura 13 - Usuários de internet no mundo

Fonte: International Telecommunication Union (2015)

A mesma pesquisa apontou que até o final de 2015, o número de celulares ultrapassará

sete bilhões de unidades, quantidade que no ano de 2000 era de 738 milhões. Além disso foi

estimado que até 2015, 69% da população mundial terá cobertura 3G (terceira geração de

telefonia móvel que permite uma melhor navegação na internet).

Os números mencionados acima mostram o rápido crescimento da penetração da

internet e da posse de celulares pela população mundial. Essas mudanças permitiram um mundo

mais dinâmico onde pessoas estão mais conectadas, onde informações são mais difundidas e

também mais facilmente acessíveis.

Na última década, o mundo sofreu grandes mudanças culturais, restaurando-se um certo

otimismo em relação ao empreendedorismo e principalmente o desejo pela busca por realização

pessoal. A Revista Forbes em 2013 publicou o artigo “A Revolução Milenar das Startups” e

cita fatores favoráveis à entrada dos jovens nesse ambiente empreendedor. Dentre eles, a autora

Lisa Curtis cita que os jovens hoje preferem arriscar abrir o próprio negócio a receberem baixos

salários de estagiários no mundo corporativo, procuram no empreendimento a felicidade ou um

significado maior para a vida e desconfiam e há uma falta de credibilidade nos atuais líderes no

mercado em resolver os seus e os problemas do mundo.

Uma pesquisa foi realizada em 2014 pela Global Entrepreneurship Monitor para avaliar

a atividade empreendedora no Brasil. A amostra foi feita com dez mil indivíduos entre 18 e 64

anos nas cinco regiões do país e estudou qual a taxa de empreendedorismo dessa população.

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Quanto ao tipo de empreendedor, a metodologia utilizada foi a classificação em iniciais e

estabelecidos. O resultado foi um crescimento do número total de empreendedores no país em

relação ao ano anterior, fato que como pode ser observado na Figura 14 vem ocorrendo desde

2011.

Figura 14 - Evolução da atividade empreendedora no Brasil

Fonte: GEM Brasil (2014)

A revolução digital e tecnológica, o advento da internet, a evolução da telefonia móvel,

as mudanças na economia e no comportamento cultural das pessoas foram algumas das

principais causas que permitiram milhares de indivíduos em todo o mundo a arriscar em abrir

uma empresa própria a partir de uma ideia que acreditam ser inovadora, sendo necessário

poucos recursos para o empreendimento ser viabilizado.

Em resumo, o público mundial está amplamente conectado e tecnologias da informação

e comunicação mais maduras devido ao fácil acesso à internet e popularização de smartphones.

Essas mudanças levaram a valorização de negócios digitais e consequentemente, surgimento de

startups ligados a diversos setores da economia.

4.2 As startups no Brasil

O Vale do Silício, o maior centro de startups do mundo, foi onde nasceram empresas

consolidadas que começaram de startups, como por exemplo as companhias Google, Facebook,

Netflix entre outras. O centro é líder em produção de novas startups, em investimentos nesse

segmento, além de ser o maior polo atrativo de empreendedores de todo o mundo que têm o

anseio em seguir essa carreira.

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Apesar da difícil tarefa de replicar o Vale do Silício em outras regiões, diferentes centros

concentradores de startups surgiram ao redor do mundo e segunda a pesquisa “The Global

Startup Ecossystem” realizada pela Startup Genome7 em 2015, a cidade de São Paulo é o 12°

maior desses hubs de startups. Na pesquisa realizada pela mesma instituição em 2012, São

Paulo detinha a 13° posição nesse ranking, ou seja, em três anos mostrou que tem potencial de

crescimento para esse tipo de mercado.

A cidade de São Paulo é o único centro que concentra startups na América Latina dentre

os vinte maiores do mundo segundo essa classificação e teve a terceira maior taxa de

crescimento (3,5%) dentre os vinte centros em relação ao estudo anterior realizado em 2012.

Os cinco principais componentes que o Startup Genome usou para avaliar os

ecossistemas foram:

Performance: Performance em relação aos financiamentos e avaliação do valor de

venda de participações e ações das startups de cada ecossistema.

Funding: Financiamentos por fundos de capital de risco (Venture Capital) no

ecossistema.

Talent: Talento técnico, disponibilidade e custos no ecossistema (salário dos

empreendedores, grau de escolaridade).

Market reach: Alcance do mercado em relação ao Produto Interno Bruto da cidade e

facilidade de alcance de mercado internacional.

Startup Experience: Sucesso das startups no quesito de faturamento.

7 Startup Genome: uma organização não governamental que busca disponibilizar ferramentas e dados

para a comunidade mundial de startups.

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Figura 15 - Maiores centros concentradores de startups no mundo

Fonte: The Global Startup Ecossystem por Startup Genome (2015)

As empresas de maior sucesso e mais reconhecidas mundialmente ainda são na grande

maioria de origem norte-americana. Entretanto, startups brasileiras têm se mostrado

potencialmente escaláveis e o Brasil encontra-se entre os 20 países com as companhias

relacionadas à internet mais valiosas do mundo, segundo a Revista The Economist.

De acordo com essa pesquisa da revista The Economist, as três empresas de internet

brasileiras com maior valuation são a B2W, fusão entre as lojas online Americanas.com e a

Submarino.com, a UOL, provedor de acesso à internet e conteúdo na web, e a Buscapé, site de

comparação de preços e produtos na América Latina.

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Figura 16 – As três empresas de internet mais valiosas em cada país

Fonte: Start me up, The Economist (2014)

Hoje, segundo estimativas da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) há cerca

de 4 mil empresas com perfil de startup no país (29% concentradas no estado de São Paulo) e

acredita que elas movimentaram 2 bilhões de reais em 2014 e cada vez mais têm atraído

investidores. Na Terceira Conferência Nacional de Investimento anjo, promovida pela Anjos

Brasil, foi mostrado que essa modalidade de aporte no ano de 2014 totalizou R$ 688 milhões

investidos, representando um aumento de 11% em relação ao ano anterior.

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A análise de mercado de startups acima, mostra que há um mercado relacionado à novas

tecnologias que pode ser muito bem explorado, fator que propicia o contínuo crescimento de

novas startups. Além disso, pode-se concluir que o Brasil, principalmente o centro de São

Paulo, cidade onde se concentra grande área urbana, universidades de destaque e concentração

de tecnologia, é um potencial ecossistema produtor de startups de sucesso.

4.3 Estágios e stakeholders relacionados às startups

De acordo com Maurya (2012), as startups têm três principais estágios durante o ciclo

de vida que são o ajuste entre problema e solução, ajuste entre produto e mercado, e escala. O

primeiro estágio tem como objetivo determinar se existe um problema que vale a pena ser

resolvido, atentando-se para as necessidades dos clientes, se há possibilidade de resolver e

capitalizar a solução. O segundo estágio o objetivo é testar o quão bem a solução resolve os

problemas dos clientes e verificar se o que foi construído é o que as pessoas querem.

Finalmente, após passar por etapas em que se procurou um plano que funcione, o terceiro

estágio tem como meta acelerar o crescimento do modelo de negócio.

A Startup Commons Global 8 complementou ainda que paralelo à essas três fases

existem os estágios de ideação de algum produto e serviço com potencial de escalabilidade, o

estágio de concepção, ou seja, já há um objetivo claro e significativo, o estágio de compromisso

de um time para o desenvolvimento do produto/serviço, o estágio de validação da solução no

mercado, o estágio de escalabilidade, que é a fase de maior crescimento e por último, o estágio

de estabelecimento (Figura 17).

Figura 17 - Estágios de uma startup

Fonte: Startup Commons Global (2015)

8 Startup Commons Global: organização internacional que mede e compara os maiores hubs

concentradores de startups do mundo.

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Atrelado às fases de uma startup pode haver ou não a participação de determinados

stakeholders que financiam ou adquirem parte da empresa. Geralmente, nas fases iniciais é mais

comum os investimentos serem de procedência ou própria (ou de amigos e família), ou de

pequenos fundos, ou de órgãos públicos. Já nas fases em que a empresa está mais madura os

recursos são maiores e provém de investidores ou provedores de serviço privado.

A Figura 18 mostra os principais tipos de investimentos/investidores relacionados a

cada fase de vida de uma startup.

Figura 18 - Fases de financiamento de startups

Fonte: Startup Commons adaptado pela autora

Segue uma breve definição dos tipos de fonte de investimentos ou investidores

característicos de acordo com cada etapa do ciclo de vida de uma startup:

Financiamento próprio: as startups não exigem grande capital inicial, logo o primeiro

recurso captado geralmente provém do capital do próprio time de fundadores.

Auxílio: os primeiros financiadores, cujo capital é utilizado para cobrir os custos iniciais

do empreendimento, são geralmente pessoas conhecidas, como por exemplo familiares

e amigos.

Financiamento coletivo: hoje existem plataformas em que os fundadores de startups

anunciam o produto/serviço que pretendem desenvolver e os interessados podem

investir uma quantia de dinheiro para ajudar o negócio alavancar. Qualquer pessoa pode

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investir no empreendimento, e em troca pode receber desde descontos quando o produto

estiver pronto até ser sócio do negócio. A plataforma mais popular neste segmento é o

Kickstarter.

Incubadoras: são entidades criadas para auxiliar empreendedores na etapa inicial do

negócio. A oferta de serviço envolve infraestrutura, capacitação e suporte gerencial

(administrativo, comercial, jurídico) durante um período de 1 a 3 anos. Normalmente

não têm fim lucrativo, logo não investe capital no negócio, além disso, geralmente são

mantidas pelo governo.

Aceleradoras: são entidades também com o propósito de auxiliar novos empreendedores

no desenvolvimento do negócio. Entretanto, a grande maioria é gerida por investidores

privados que esperam o retorno do capital pela venda ou participação de empresas

aceleradas, portanto têm fins lucrativos. Os programas são mais curtos, a oferta de

serviço é mais abrangente e pode haver investimento da startup acelerada.

Investidores Anjos: são pessoas físicas que investem o capital próprio em empresas

nascentes. Podem atuar como mentores, apoiando os empreendedores nas decisões da

empresa, ou apenas assumir posição executiva tendo uma participação minoritária no

negócio.

Venture Capital: são fundos de investimentos que apostam em empreendimentos com

alto potencial de crescimento, mas com alto risco.

Corporações: é cada vez mais comum as grandes corporações adquirirem ou investirem

em startups como alternativa de buscar novas soluções para seus clientes e dessa forma,

investir em inovação.

Apesar dos diferentes estágios existentes no ciclo de vida de uma startup, as fases onde

são necessários maiores investimentos nem sempre são atingidas. O índice de mortalidade desse

tipo de empreendimento segundo a pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em 2014 é

de 25% no seu primeiro ano de vida e de 50% em até quatro anos de vida.

Portanto, cada stakeholder caracterizado acima possui fundamental importância no

desenvolvimento de empreendimentos nascentes, pois são os principais players que mantém,

incentivam e financiam esse ciclo.

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4.4 Corporações e possíveis relações com startups

Crescer através do processo contínuo de inovação é uma forma assertiva de se garantir

vantagem competitiva. Empresas como Apple, Microsoft, Google, IBM e Facebook que estão

entre as dez marcas mais valiosas do mundo no ano de 2015 segundo a revista Forbes, estão

também entre as 50 empresas mais inovadoras segundo o ranking de 2015 realizado pelo MIT

Technology Review.

Inovar significa assumir riscos o que para empresas estáveis, maduras e já bem

posicionadas no mercado pode comprometer a imagem ou a saúde financeira da companhia.

Grandes empresas devem alocar esforços para fazer uma boa gestão da inovação, para garanti-

la é preciso estar sempre atualizado quanto às novidades, entender e ter domínio de novas

tecnologias, fatores esses que às vezes pode não acontecer da maneira mais eficiente.

Empresas maduras geralmente são mais burocráticas, os processos de decisão em

relação a aceitar um projeto que despenda certa quantia de capital envolve a necessidade em

contatar diversos gerentes e líderes. Essa falta de agilidade, às vezes pode comprometer o

aproveitamento de oportunidades no mercado.

Em entrevista ao blog The Harvard Business Review (2013), Steve Blank, autor da obra

Lean Startup, comentou que há três principais motivos de uma grande corporação ter

dificuldades em inovar. O primeiro motivo é que as empresas já estabelecidas focam em

executar o modelo de negócio já existente com o intuito de operar de maneira mais eficiente. O

segundo ponto de Blank é que ao inovar, assumem-se riscos os quais as chances de falhar são

mais altas que de obter sucesso, por isso muitas vezes empresas maduras os evitam. Por fim, o

terceiro argumento diz respeito ao fato de que os melhores indivíduos para conduzir um projeto

de inovação não são as mesmas pessoas que já estão acostumadas com o modelo de negócio da

companhia vigente, é preciso que esses gerentes não tenham medo em quebrar regras e tenham

tolerância ao fracasso. Em outras palavras, o processo de começar um novo negócio é

totalmente diferente de continuar com um já existente.

Por essas razões, como forma de empresas maduras enfrentarem os desafios de inovar,

uma abordagem que vem se consolidando é a aproximação às startups. Ao mesmo tempo em

que grandes corporações almejam acesso a novos conhecimentos e tecnologias, diminuir o risco

e reduzir o tempo de inovação, as empresas nascentes precisam de um portfólio de clientes,

networking com fornecedores e outros profissionais e principalmente de recursos financeiros.

Resumidamente, uma vez que as corporações precisam dominar novas tecnologias e buscar

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inovar, o modelo das startups é a melhor solução para se testar e calibrar novos modelos de

negócio que as empresas maduras desconhecem.

A consultoria estratégica The Boston Consulting Group publicou em junho de 2014 o

artigo “Incubators, Accelerators, Venturing, and More: How Leading Companies Search for

Their Next Big Thing”, que explica algumas ferramentas de inovação ligadas as startups como

alternativas para grandes empresas repensarem seus modelos de inovação.

Figura 19 - Ferramentas para inovação

Fonte: BCG Perspectives (Junho/2014)

As abordagens citadas no artigo são classificadas em relação ao tempo para impactar

no negócio e proximidade com o core business:

Fusão e aquisição (M&A): aquisição por uma empresa madura de negócios já existentes.

Pesquisa e desenvolvimento interno (Internal R&D): desenvolvimento e estudos acerca

de novos produtos ocorrem com recursos internos da empresa.

Incubação corporativa (Business Incubation): objetivo de oferecer suporte e cooperar

com startups em suas fases iniciais. Espécie de terceirização da área de pesquisa e

desenvolvimento.

Aceleração corporativa (Business Incubation): objetivo em dar suporte através de

programas de aceleração para startups. Forma de aumentar o portfólio de opções de

desenvolvimento e crescimento da empresa.

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Corporações com um braço em Venture Capital (Venturing): objetivo em investir

capital em startups com grande potencial de crescimento em troca de participação na

empresa.

Corporações com parceria Estratégica (Strategic Partnerships): parceria entre empresas

já existentes em criar um negócio que tenha valor.

As empresas citadas no início deste subcapítulo são alguns exemplos de companhias que

têm utilizado as ferramentas envolvendo participação de startups. A estratégia da Apple, por

exemplo, é fazer aquisições de startups, a da Microsoft (Microsoft Ventures), Google (Google

Ventures) e IBM (IBM Venture Capital Group) é ter um braço para investir em empresas de

risco e a do Facebook é a aceleração de startups (FbStart).

Aqui no Brasil três principais abordagens entre corporações e startups foram identificadas

pela autora como iniciativas vinculadas às startups:

Eventos e Concursos: utilizados principalmente para promover o nome da empresa.

Geralmente esses eventos terminam com premiações que envolvem certa quantia de

dinheiro para a startup que tiver a melhor ideia.

Inovação Aberta: empresas que buscam reduzir o ciclo de P&D através de

aproveitamento de ideias de empreendedores.

Programas de aceleração de startups: empresas que oferecem um programa de

aceleração que envolve a disponibilização de espaço, consultores e networking para as

startup. Com essa abordagem, as corporações visam aprender novas tecnologias,

conhecer empreendedores talentosos e mudar a cultura interna de inovação da empresa.

Nesse processo, há geralmente um pequeno investimento nas startups com potencial de

crescimento e escalabilidade em troca de participação na mesma.

Concluindo, as startups têm se mostrado importantes players em criar novas tecnologias e

inovações disruptivas que estão revolucionando o mercado. E em vez de enxerga-las como

competidoras, grandes corporações já têm colocado em prática novas formas de abordagens e

aproximação com esse tipo de empresa.

Este subcapítulo buscou mostrar que hoje existem diferentes abordagens de relacionamento

entre startups e grandes corporações que podem ser exploradas. E independentemente da

abordagem escolhida, é fato de que hoje a relação entre startup e empresa madura constitui uma

grande oportunidade para ambas atingirem os respectivos objetivos, a primeira em escalar a

ideia e a segunda em inovar e conhecer novos modelos de negócio.

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5 O SETOR DE ACELERADORAS DE STARTUPS

Este capítulo detalhará as tendências e as oportunidades no setor de aceleradoras de

startups. Também será explicado como as corporações podem se aproximar e fazer a gestão

dessas startups com o auxílio de aceleradoras.

Esta seção foi dividida em:

Definição de aceleradoras de startups

Aceleradoras de startups e seu impacto no cenário brasileiro

A tendência na relação entre startups, corporações e aceleradoras

Vantagem da aceleração corporativa terceirizada no Brasil

Principal benchmark

A Liga como solução para o serviço de aceleração

5.1 Definição de aceleradoras de startups

A primeira aceleradora de startups, Y Combinator, foi fundada em 2005 em

Massachusetts, logo depois se mudou para a região do Vale do Silício. A pioneira lançou

negócios que hoje são muito bem-sucedidos como, por exemplo, o Dropbox que oferece um

serviço de armazenagem de dados e o Airbnb, empresa que conecta pessoas que ofertam

espaços para serem alugados a aquelas que querem alugar um espaço. A ideia de aceleradora

de startups foi importada ao Brasil entre 2010 e 2011, com a Aceleradora fundada em São Paulo

e a 21212, fundada no Rio de Janeiro.

As aceleradoras são, portanto, empresas com modelo de negócio recente, que surgiram

para atender uma demanda por auxílio no crescimento de empreendimentos nascentes. O que

esse tipo de empresa percebeu foi que startups têm potencial no mercado, mas existe uma

lacuna significativa entre a fase de ideação e escalabilidade do produto/serviço proposto. As

maiores dificuldades de equipes de fundadores de startups são a falta de experiência em

negócios, não ter acesso aos investidores ou corporações que possam ter interesse na empresa

e faltam-lhes recursos financeiros para colocar a ideia em prática.

Uma empresa que se encaixa nesse ramo de atividade possui características de

incubadoras e também de investidores. Pode ser caracterizado como um novo modelo de

incubação no sentido de que é uma instituição cujo objetivo é construir um ecossistema propício

para empresas no estágio inicial terem chances de sobreviver no mercado. Por outro lado,

aproximam-se de investidores porque geralmente fornecem oportunidades e acesso à

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70

investimentos, seja ele próprio da aceleradora ou de terceiros (parcerias com investidores anjos,

fundos de investimentos ou corporações).

As aceleradoras têm foco em empresas com modelos de negócio escaláveis e que

tenham potencial para crescer rapidamente. Elas buscam auxiliar empreendedores a definir

e construir o produto ou serviço inicial, de acordo com o determinado segmento de clientes

e recursos disponíveis.

De maneira geral, uma aceleradora tem o papel de ajudar uma empresa nascente

durante um período limitado de tempo no seu processo de desenvolvimento. Ela oferece

consultorias técnicas (jurídico, marketing, estratégia), assistência em relação à tecnologia,

suporte em relação à infraestrutura e ajuda a captar investimento de fundos e investidores.

As aceleradoras são geridas por investidores privados e geralmente fornecem o local

para o desenvolvimento do negócio. Oferecem também uma rede de conexões com outros

empreendedores e com profissionais experientes que podem servir de mentores da

aceleradora ou também como os próximos investidores e dependendo do caso dispõem de um

pequeno capital inicial para alavancar os negócios mais promissores (seed investment).

Deering (2014) define aceleradoras de startups ou aceleradoras sementes, como

organizações com fins lucrativos que promovem um ambiente físico para suportar o

crescimento e aceleração de startups.

Dessa forma, as aceleradoras de startups distinguem-se de incubadoras nas

características de que são instituições que visam ao lucro e de estarem diretamente relacionadas

ao sucesso das empresas que auxiliam. Portanto, geralmente possuem pacotes de serviços

orientados à rápida geração de resultados e com um tempo de apoio entre três a seis meses.

Para entender e exemplificar a diferença de atuação entre incubadoras e aceleradoras, a

autora visitou o Cietec, incubadora localizada na cidade universitária da USP. Algumas

principais diferenças observadas em relação ao Cietec foram: o Cietec é uma incubadora de

empresas nascentes sem fins lucrativos, as empresas incubadas não são necessariamente

escaláveis, os empreendimentos podem ser incubados por um período maior de tempo (até

quatro anos) e os investimentos provém principalmente de fundações e órgãos públicos como

o da FAPESP e do CNPq.

A aceleradora de startups NUMA9 localizada em Paris, realizou em fevereiro de 2015

um encontro de aceleradoras europeias que reuniu mais de cento e cinquenta líderes no ramo

para discutir e debater a situação atual e as tendências das aceleradoras. No documento

9NUMA: aceleradora francesa que em 2015 sediou o encontro mundial de aceleradoras.

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Accelerator Summit Booklet (2015) em que foi registrado os principais pontos do evento,

organizou-se as características gerais de um modelo de negócio de aceleradoras como:

Tipo de startups aceleradas: escaláveis e relacionadas à tecnologia

Fases do Programa: são geralmente estruturados em três etapas.

o Montagem do programa (atração de muitas startups), fluxo de investimentos

(deal flow) e Seleção das melhores startups.

o Lançamento do programa através do Demo Day, ou dia de demonstração, em

que startups se apresentam e se reúnem com investidores

anjos, Venture Capitals e outros fundos de investimentos.

o Novas rodadas de investimentos (follow-on investments) e venda de

participações (exit).

Seleção: é na maioria das vezes um processo rigoroso que seleciona menos de 10% das

startups dentre o portfólio de inscritos. Geralmente envolvem fases como pré-triagem,

entrevistas, sequência de apresentações (pitch) e sessões de perguntas e respostas. Os

critérios de seleção avaliam a qualidade do time de fundadores, a visão da startup

(ambição, escalabilidade, grau de ruptura) e o produto/serviço.

Estágio das empresas aceleradas: estágios iniciais de uma startup, ou seja, fases em que

estão no processo de encaixe entre problema e solução e encaixe entre mercado e

solução.

Duração do programa: varia de aceleradora para a aceleradora, mas é mais comum

encontrar programas com duração entre 3 e 5 meses.

Capacidade da aceleradora: Pequenas turmas para que essas recebam a devida atenção

durante o processo de suporte de mentores.

Comunidade: uma aceleradora depende de uma comunidade geralmente não

remunerada de profissionais, mentores e pessoas que já passaram por experiências

semelhantes para ajudar as startups a crescerem durante seu desenvolvimento.

Dia da Demonstração (Demo Day): dia em que as startups selecionadas realizam sua

apresentação (pitch) aos investidores, mídia e outros stakeholders do sistema.

5.2 Aceleradoras de startups e seu impacto no cenário brasileiro

O Blog Startupi dedicado a conteúdo sobre assuntos de interesse relacionados às startups

mapeou um total de vinte e cinco aceleradoras no Brasil, sendo dez delas localizadas no estado

de São Paulo. Já a Associação Brasileira de Startups (AB Startups) mapeou em 2014, um total

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de trinta e nove aceleradoras no Brasil. Os números, apesar de diferentes, mostram que o

mercado de aceleradoras no país ainda tem espaço para crescer, não só em comparação com a

quantidade desse tipo de empreendimento em outros países (apenas nos Estados Unidos, há 213

programas de aceleração ativos), mas também devido ao crescente número de startups que vem

surgindo no mercado brasileiro.

O modelo de negócio das aceleradoras de startups brasileiro segue normalmente um mesmo

padrão de comportamento. Geralmente realizam programas de aceleração com foco em startups

com soluções tecnológicas, os quais em troca de um investimento de capital semente ficam com

uma porcentagem de participação no empreendimento.

O Start-Up Brasil é uma iniciativa do governo federal em parceria com as aceleradoras

privadas brasileiras que julga ser as mais qualificadas para acelerar startups de software,

hardware e serviços de TI. De modo a auxiliar os empreendedores a escolher a aceleradora

certa, em todo o programa publica-se um guia de aceleradoras com as respectivas principais

características. Todas as aceleradoras do programa trabalham nesse modelo de investimento

semente em troca de uma participação da startup de acordo com o guia criado pelo próprio

programa, detalhes encontram-se na Tabela 03.

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Tabela 3 - Tabela comparativa de aceleradoras

Fonte: Guia de Aceleradoras do Programa Start-Up Brasil (2014/2015)

O escritório de advocacia Baptista Luz Advogados, com o apoio do programa Startup-Brasil

realizou uma pesquisa para analisar o perfil das aceleradoras brasileiras quanto à estrutura

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jurídica realizada na execução dos programas. O estudo foi realizado entre dezembro de 2013

e janeiro de 2014 e contou com a participação de 15 aceleradoras de um total de 24 convidadas.

A pesquisa mostrou resultados quanto duas práticas principais de aceleradoras:

investimento inicial e participação nas startups. O investimento inicial, segunda a pesquisa

variou entre R$ 5.000,00 e R$ 150.000,00, mas a tendência é desse investimento ser entre R$

20.000,00 e R$ 50.000,00.

Figura 20 - Valor médio investido nas startups participantes do programa de aceleração

Fonte: Baptista Luz Advogados – O perfil das aceleradoras brasileiras (2014)

Já em relação à participação nas empresas, a maior tendência mostrou ser a captação entre

10% e 20% da startup.

Figura 21 - Porcentagem média de participação societária exigida como contrapartida ao investimento e

participação no programa de aceleração

Fonte: Baptista Luz Advogados – O perfil das aceleradoras brasileiras (2014)

6,67%

46,67%33,33%

13,33%

até R$ 20.000

entre R$ 20.000,01 e R$ 30.000,00

entre R$ 30.000,01 e R$ 50.000,00

acima de R$ 50.000,01

21,43%

14,29%

64,29%

até 10%

maior que 20%

entre 10% e 20%

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As aceleradoras têm se mostrado importantes stakeholders no ecossistema de startups do

Brasil. Um estudo realizado pela ABRAII10 entre 2012 e 2014, estudou quinze aceleradoras

com o objetivo de avaliar o impacto dessas empresas no ecossistema empreendedor. Nesse

período 266 startups foram aceleradas, 88 milhões de reais foram investidos (11 milhões

investidos diretamente pelas aceleradoras e 77 milhões levantados por fundos e anjos) e 75%

dessas 266 startups possuem produtos lançados no mercado.

Outro dado levantado pela ABRAII (2015), utilizando as startups do programa Startup-

Brasil como base, mostrou que empresas que validaram o produto antes da aceleração levaram

quase 150 dias a mais que as empresas que validaram o produto durante a aceleração. (Figura

22).

Figura 22 – Tempo de validação do produto

Fonte: ABRAII (2015)

A ABRAII (2015) também concluiu que o número de startups com faturamento após o

programa de aceleração foi 30% maior que no período anterior à aceleração (Figura 23).

10 ABRAII: Associação brasileira de empresas aceleradoras de inovação e investimento.

482

334

0

100

200

300

400

500

600

Sem aceleração (empresas que

validaram o produto antes do

início do programa de aceleração)

Com aceleração (empresas que

validaram o produto durante o

programa de aceleração)

Tem

po

par

a val

idaç

ão d

o p

rod

uto

(d

ias)

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Figura 23 – Startups com faturamento

Fonte: ABRAII (2015)

Por fim, um estudo realizado em 2014 pela Escola de Negócios Dom Cabral revelou que

startups inseridas em aceleradoras, incubadoras ou parques tecnológicos a chance de

descontinuidade é 3,45 vezes menor de que uma empresa instalada em escritório próprio ou

sala alugada. De acordo com a pesquisa, essas instituições oferecem o tempo necessário para

alavancar o negócio sem ter os custos de um espaço próprio, e por oferecerem auxílio

educacional, financeiro e uma rede de relacionamento podem aumentar a chance de uma startup

em conseguir um investimento.

5.3 A tendência na relação entre startups, corporações e aceleradoras

Segundo o artigo “Winning Together: A Guide to Successful Corporate-Startup

Collaborations” publicado pela instituição NESTA, parcerias entre startups e empresas

maduras constituem uma grande oportunidade para ambas envolvidas. Empresas nascentes

permitem que companhias desenvolvam e testem soluções envolvendo novas tecnologias com

menores custos e redução de riscos à atividade central do negócio. Além disso, são um canal

para contato com indivíduos talentosos e de ideias que podem rejuvenescer a cultura de

inovação da empresa. Por outro lado, a corporação tem conhecimento e experiência no ramo

em que atua, economia de escala, relacionamento bem estabelecido com outras empresas,

3,0%

34,4%

4,2%

21,4%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Sem aceleração (antes do início do

programa de aceleração - período de

01/14 a 05/14)

Com aceleração (após o início do

programa de aceleração - peródo de

06/14 a 08/14)

Crescimento do número de empresas faturando

Crescimento da média de faturamento das empresas

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investidores e instituições, e possuem o poder da marca para os consumidores que já possuem

no portfólio.

No tópico 4.4 foram apresentadas algumas abordagens que empresas têm utilizado para

inovar de acordo com a proximidade da atividade principal e tempo para aplicar a estratégia.

Entretanto, há incertezas quanto à efetividade e os resultados de cada uma dessas abordagens

nos objetivos de uma companhia. Apesar da potencial sinergia que pode ser aproveitada por

companhias e startups, há ainda muitas dúvidas acerca do formato ideal de como se envolver e

aproveitar essa oportunidade.

Em entrevista à Folha de São Paulo, a gerente de inovação da rede de cosméticos Natura

afirmou que o maior desafio de uma grande empresa que se aproxima de iniciantes é encontrar

formas de se relacionar que, ao mesmo tempo, atendam necessidades das maiores, como gestão

de riscos e análises criteriosas, e consigam manter a velocidade das novas empresas.

Com o intuito de auxiliar empresas maduras a decidir qual tipo de estratégia realizar junto

às startups, a instituição NESTA criou uma tabela para explicar quais objetivos e resultados são

impactados por algumas dessas abordagens realizadas com startups.

Conforme mostra essa tabela onde cores mais intensas representam um maior impacto no

objetivo (Tabela 04), o processo de aceleração de startups (Business support) mostra-se de

forma geral o processo mais completo, pois envolve mudanças na cultura da empresa, podem

surgir soluções menos custosas e rápidas para problemas existentes e expandir o mercado ao

encontrar novas soluções aos clientes.

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Tabela 4 - Impacto das abordagens realizadas com startups nos objetivos de uma corporação

Fonte: NESTA - Winning Together: A Guide to Successful Corporate-Startup Collaborations (2015)

Nesse contexto, três principais modelos envolvendo programa de aceleração se destacaram

no processo de mapeamento de aceleradoras internacionais pela autora e que poderiam ser

utilizados como modelo pela aceleradora Liga:

Aceleradoras corporativas – são empresas maduras que decidiram criar o próprio

ambiente para acelerar e preparar startups de potencial nos moldes do seu negócio.

Neste caso, a corporação é responsável por criar um programa, atrair, selecionar e

acelerar as startups. Internacionalmente, empresas como Google, Volkswagen,

Citibank e Samsung desenvolveram os próprios programas de aceleração de

startups. Neste modelo, a equipe (os três sócios) da aceleradora Liga Ventures seria

empregada por alguma corporação que quisesse ter a própria aceleradora.

Aceleradoras Verticais – empresas maduras não possuem o próprio programa, mas

são parceiras de aceleradoras de startups focadas em seu segmento de atuação. Um

exemplo dessa abordagem é a aceleradora com foco na indústria de energia, Surge

Ventures, alguns de seus parceiros são a Shell, British Petroleum, General Electric

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entre outros. Outro exemplo, é a aceleradora fundada em abril de 2015, a Berrini

Ventures, dedicada ao setor de saúde do país. Neste caso, a equipe da Liga Ventures

teria a própria aceleradora, focaria em algum segmento de atuação e aceleraria o

próprio portfólio de startups.

Aceleradoras corporativas terceirizada – empresas maduras que possuem os

próprios programas de aceleração de startups, mas com gestão realizada por

terceiros. Alguns exemplos são empresas como Disney (indústria de

entretenimento), Barclays (setor financeiro) e Kaplan (setor de educação) que em

vez de gerir e criar o próprio programa, utilizaram os serviços e a metodologia da

aceleradora americana Techstars. Neste caso, a equipe da Liga Ventures seria

responsável por fazer a gestão de todo o processo de atração, seleção e aceleração

de programas de diversas empresas maduras.

A aceleração de startups envolvendo grandes corporações, apesar de ainda ser recente no

país, já foi testado por algumas empresas no Brasil. Os principais exemplos são os casos da

Editora Abril com a aceleradora Abril Plug & Play e a Telefônica com a Wayra (aceleradoras

corporativas).

Algumas outras empresas brasileiras recentemente tomaram iniciativa em relacionar-se com

startups (Tabela 05), sendo a maior parte delas abordagens envolvendo eventos ou premiações

em que as melhores startups inscritas no processo recebem quantias em dinheiro, têm a chance

de se apresentarem a empresas e a investidores, acesso a sessões com os mentores da empresa,

ou outros benefícios como direito de uso de ferramentas na internet ou cursos

profissionalizantes.

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Tabela 5 - Empresas com abordagens de aproximação às startups

Fonte: Elaborado pela autora baseado em mapeamentos de casos de empresas com abordagens juntos às

startups

Este subcapítulo buscou mostrar que o programa de aceleração é a abordagem mais eficiente

para impactar os objetivos das empresas maduras. E apesar de já existir algumas abordagens de

aceleração corporativa no Brasil (Editora Abril e Telefonica), o modelo ainda de modo geral

foi pouco explorado.

5.4 Vantagens da aceleração corporativa terceirizada no Brasil

Os modelos de aceleração vertical e corporativo serão analisados de modo a demonstrar os

motivos da escolha da Liga Venture por um modelo de aceleradora corporativa terceirizada.

5.4.1 Aceleradoras Verticais

O setor de aceleradoras de startups nos Estados Unidos e países europeus está cada vez

mais maduro e as startups especializadas em determinados setores como internet of things11 ou

fintech12 tem uma percepção de que aceleradoras dedicadas ao seu ramo agregam mais valor ao

11 Internet of things: conexão de aparelhos físicos através de softwares, sensores e internet. A conexão

entre os dispositivos permite que esses objetos armazenem e troquem dados, criando uma rede de aparelhos

inteligentes. 12 Fintech: startups dedicadas a soluções para o setor financeiro.

Empresa (s) Programa

Ano do último

programa Abordagem

Bradesco Inovabra 2014Programa de Inovação Aberta com

startups

Braskem Braskem Labs 2015Programa de Inovação Aberta com

startups

Editora Abril Abril Plug and Play 2015 Aceleradora Corporativa

Grupo RBS e.Brics Digital desde 2012 Venture Capital

Hospital Albert Einstein Circuito Einstein de Startups 2015Programa de Inovação Aberta com

startups

Itau Unibanco - RedPoint e-venture Cubo -Espaço de desenvolvimento do ecossistema

de startups

Natura - ANPROTEC Chamada Natura e ANPROTEC 2015Possibilidade de conectar startups à

empresa

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negócio. Por essas razões, uma tendência significativa nesses hubs é a verticalização do setor

de aceleradoras de startups.

Uma aceleradora vertical possui as mesmas características e funções de uma tradicional,

mas foca em um setor da economia. Esse tipo de modelo de negócio continua dependendo da

remuneração de participações de startups para gerar fluxo de caixa, ou seja, é um negócio em

que as startups são os clientes.

As principais vantagens para uma corporação do segmento específico de atuação da

aceleradora são que as aceleradoras verticais preparam apenas startups focadas em alguma

solução relacionada ao seu segmento de atuação e os custos e riscos desse processo são em

grande parte assumidos pela própria aceleradora. Em contrapartida, nesse tipo de aceleração, a

corporação não participa do processo como um todo, então não convive nem se beneficia da

oportunidade de trabalhar junto às startups.

5.4.2 Aceleradoras corporativas

Em termos de vantagens para a corporação, a aceleradora corporativa é tão eficiente e eficaz

quanto a aceleração corporativa terceirizada. A empresa madura convive com as startups,

aprende novas tecnologias, tem a chance de trabalhar com empreendedores de talento e também

de realizar posteriormente possíveis parcerias ou aquisições.

Entretanto, o processo de acelerar startups não é um trabalho trivial. Para que o processo

seja efetivo, é preciso garantir que as pessoas certas sejam alocadas no projeto, deve-se ter

experiência em atrair e selecionar empreendimentos e principalmente conhecer e entender as

necessidades dos empreendedores. Além disso, dependendo do estágio em que se encontra a

startup, ainda é preciso realizar tarefas que não diz respeito a especialização quanto ao

segmento em que a startup se encontra. Muitas startups ainda precisam de auxílios básicos,

como noções de finanças, auxílio jurídico, de marketing, construção e estruturação do próprio

modelo de negócio.

Nesse sentido, muitas das startups que se inscrevem em programas de aceleração ainda

precisam aprimorar o protótipo do produto criado, profissionalizar ou até mesmo compor a

equipe. Portanto, precisam de uma série de orientações de “mentores horizontais”, ou seja,

profissionais experientes com quem possam tirar dúvidas e auxiliar no processo de alavancagem

de uma ideia no universo das startups.

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5.4.3 Aceleradoras corporativas terceirizadas

Todas as vantagens descritas para a corporação no modelo de aceleradora corporativa

podem também ser atribuídos para o processo de aceleração corporativa terceirizada. A grande

diferença reside no fato de que a corporação além de aproveitar os benefícios dessa

aproximação pode também focar no seu core business e ter a certeza de contratar um programa

eficiente realizado por uma equipe experiente em executar tais programas.

5.5 Principal benchmark

Para estruturar a Liga Ventures e verificar o melhor modelo de execução do negócio, a

empresa que foi utilizada como benchmark foi a aceleradora Techstars com sede em Boulder,

Colorado.

A escolha da Techstars como benchmark justifica-se pelo fato de ela trabalhar com um

modelo de negócio que aproveitou a oportunidade do mercado em aproximar empresas maduras

às startups. A Techstars, apesar de ter os programas de aceleração próprios, isto é, depende do

sucesso da remuneração futura de participações em startups, ela também mantém relações

estratégicas com grandes corporações customizando programas de aceleração para elas.

Os objetivos da Techstars é satisfazer as necessidades de startups e também as de

corporações. Os fundadores da aceleradora americana acreditam que essa relação é uma

oportunidade que pode resultar em benefícios para as empresas maduras e empreendedores.

A Techstars foi a responsável pela gestão de programas de aceleração corporativos de

repercussão mundial que resultaram em sucesso para todos os envolvidos, startups

(investimentos), empresas maduras (inovação) e a aceleradora (receita).

Fundada por David Cohen, Brad Feld, David Brown e Jared Polis em 2006, a Techstars

possui programas de aceleração de startups em oito cidades: Austin, Berlim, Boston, Boulder,

Chicago, Londres, Nova Iorque e Seattle. Em 2015, foi considerada a terceira melhor

aceleradora dos Estados Unidos de acordo com o Seed Accelerator Ranking13.

Além dos próprios, a Techstars é responsável por uma série de outros programas de

aceleração vertical em conjunto com corporações. Alguns programas de destaque no portfólio

da Techstars são: Microsoft accelerator, Disney accelerator, Barclays accelerator e Kaplan

accelerator (Tabela 06).

13 Seed accelerator ranking: ranking das melhores aceleradoras de startups dos Estados Unidos.

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83

Tabela 6 - Resumo dos programas de aceleração realizados pela Techstars para corporações

Fonte: Elaborado pela autora baseado nos dados da empresa Techstars

Programa Segmento FocoDescrição do

programa

Benefícios para a

startup

Quantidade e

ano das turmas

Fundo

arrecadado

pelas startups

(todos os

programas em

mil U$)

Sprint

Accelerator

Telecomunicaç

ões

Soluções focadas

em tecnologia

para celular

mentoria, laboratório e

recursos da Sprint;

investimentimento de

até US$ 120 k

2 turmas

(14/15)5.380

Nike

AcceleratorEsporte

Novas soluções

para atletasmentoria, networking

1 turma

(13)5.150

Barclays

AcceleratorFinanceiro

Soluções para o

serviço financeiro

mentoria e acesso a

ferramentas da

empresa

2 turmas

(14/15)7.170

Disney

AcceleratorEntretenimento

Novas ideias e

produtos para os

consumidores

mentoria, estúdio e

recursos da Disney;

investimentimento de

até US$ 120 k/time

1 turmas

(14)86.880

Microsoft Softwares

Soluções para a

tecnologia

Windows Azure/

Kinect

mentoria, acesso a

plataformas e

armazenamento da

Microsoft

3 turmas

(12/12/13)64.770

R/GA

Connected

Devices

Accelerator

Agência de

PropagandaInternet das coisas

mentoria, estúdio e

recursos da Disney;

investimentimento de

até US$ 120 k/time

2 turmas

(13/15)45.190

Kaplan Edtech

AcceleratorEducação

Inovação

tecnologica em

educação

-2 turmas

(13/14)34.450

10 ou 12

startups

aceleradas no

local da própria

empresa por 3

meses

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Nesses programas dedicados às corporações, a Techstars executa e faz a gestão do

programa, é responsável pelo recrutamento das startups, possui espaço físico para o programa

(ou caso a empresa preferir, pode usar o próprio espaço), disponibiliza um portfólio de mentores

de qualidade, tem know-how em executar programas de aceleração de startups, tem um

networking com empreendedores e investidores e oferece outros serviços essenciais para

startups (jurídico, gestão de fundos, serviços de TI, etc). Já as corporações oferecem serviços

de mentores para assuntos mais específicos, acesso a ferramentas (plataformas de

armazenamento, softwares de programação), networking e às vezes investimentos em dinheiro

(geralmente em troca de participação na empresa).

As principais vantagens para a corporação citadas são: oportunidade em trabalhar com

empreendedores talentosos focados em procurar soluções inovadoras, branding, mudança na

cultura de inovação da empresa, oportunidade em investir em negócios promissores e extensão

dos esforços em Pesquisa e Desenvolvimento.

Na descrição do programa de aceleração para corporações, a aceleradora denomina as

empresas maduras como parceiras e não clientes. Entretanto, o modelo de negócio da Techstars,

considerando os programas para as grandes empresas, mais se aproxima ao tipo de aceleradora

corporativa terceirizada.

Em entrevista a CXO Talk, David Cohen cita que grandes empresas estão percebendo as

mudanças no mercado e como a tecnologia está se movendo rapidamente. As parcerias com

aceleradoras de startups são uma maneira de acompanhar o ritmo da inovação e manter-se

competitivo no mercado.

Cohen cita o exemplo da Disney accelerator e da startup Sphero que criou um robô em

forma de esfera que foi fonte de inspiração e tecnologia para criação de um módulo real do

personagem do próximo filme da saga Star Wars. A startup Sphero por sua vez espera que junto

a Disney consiga vender uma linha de brinquedos devido ao sucesso do personagem.

Os programas duram três meses (tempo de aceleração para qualquer programa) e a

aceleradora detém de 7 a 10% em participação na startup. Segundo as estatísticas da própria

companhia, aproximadamente 90% das startups aceleradas ou continuam ativas no mercado ou

passaram por processos de aquisição. Somando o valor levantado em todos os programas, a

aceleradora conseguiu um investimento total de U$ 1,82 bilhões.

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5.6 A Liga como solução para o serviço de aceleração

A aceleradora Liga Ventures é composta por três sócios que já trabalharam em uma

aceleradora corporativa. Os três têm experiência, contatos e conhecem não só como funcionam

o universo das startups, mas também como selecionar as melhores de acordo com critérios de

escalabilidade, crescimento e encaixe com determinados requisitos que certa empresa exige.

A equipe da Liga enxergou nesse cenário uma oportunidade para construir uma aceleradora

de startups nos moldes das necessidades e tendências no universo corporativo brasileiro.

Existem corporações de diferentes ramos da indústria que estão abertos a tentar um

relacionamento com startups, e existem startups cujo esse envolvimento traria grandes

benefícios. Neste cenário, os sócios decidiram montar uma aceleradora com a proposta de valor

de que a Liga é a primeira aceleradora brasileira com foco em soluções para corporações

maduras que queiram relacionar-se com startups. Esse relacionamento pode ter como metas,

buscar novas soluções, conhecer novos modelos de negócio, novas tecnologias, novos talentos

e incentivar o empreendedorismo no Brasil.

Conforme explicitado anteriormente, para uma empresa madura inovar, é preciso que ela

esteja pronta para assumir riscos, tenha disposição e fôlego para manter-se atualizada, precisa

saber lidar com modelos de negócio distintos do core business da empresa e é de fundamental

importância que coloque o time certo para realizar inovação. Em vez de uma companhia

procurar a solução e resolver por si só todas essas tarefas, a Liga dispõe-se em assumir o papel

do time que liderará a aproximação da companhia às startups tomando como diretrizes os

objetivos do cliente que é a corporação.

Dessa forma, a solução elaborada é a customização e terceirização do serviço de atração,

seleção e aceleração das startups. Ou seja, a Liga seria contratada como uma equipe externa à

companhia para auxiliar no processo de abordagens com as startups.

Uma possível definição da empresa seria: a Liga é uma aceleradora de startups do tipo

“white label” com foco nas necessidades e objetivos de empresas maduras.

As principais vantagens dessa contratação em relação a aceleração pela própria companhia

são: o cliente pode focar no seu core business, a equipe da aceleradora contratada possui

experiência no ramo, conhece o universo e as necessidades das startups, podem haver sinergias

entre clientes da aceleradora no que diz respeito a networking, e há a oportunidade de aproveitar

o espaço de coworking da aceleradora.

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Resumidamente, a aceleradora Liga Ventures tem como foco a prestação serviços para

grandes corporações que queiram inovar através da aproximação com startups, estabelecendo

assim, uma extensão ao P&D.

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6 O MODELO DE NEGÓCIO DETALHADO DA EMPRESA LIGA VENTURES

Este tópico abordará os assuntos que tangem as características internas da aceleradora Liga,

detalhando o modelo de negócio da empresa, os clientes, os produtos e a proposição de valor

agregado aos produtos oferecidos.

Este capítulo foi organizado na seguinte forma:

Tabela de estratégia do negócio

O conceito do negócio

O modelo de negócio da aceleradora

A proposição de valor da aceleradora

Visão geral do negócio

6.1 Tabela de estratégia para o modelo do negócio da aceleradora

Primeiramente, para resumir a ideia do negócio, a equipe da Liga junto à consultoria Lunica

montou uma tabela de estratégia para mostrar as principais características da aceleradora e ao

mesmo tempo diferenciá-la dos demais tipos de aceleradoras existentes.

As dimensões escolhidas foram:

Tipo de aceleradora: foram caracterizados os três principais tipos de aceleradoras

existentes no mercado, as tradicionais, as corporativas e a corporativa terceirizada.

Especialidade: horizontais são aquelas aceleradoras que não possuem uma

especialidade, ou seja, as startups aceleradas do portfólio são de diversos segmentos

do mercado. As verticais são aquelas que procuram startups que desenvolvem

produtos/serviços em um mesmo segmento.

Clientes: podem ser as startups, investidores ou corporações.

Investimento: algumas aceleradoras realizam programas de aceleração com apenas

auxílio do governo (situação mais comum nos casos das incubadoras), outras com

investimentos dos setores público e privado (caso das aceleradoras que recebem um

investimento do programa Startup Brasil, por exemplo) e outras apenas com

investimento privado.

Parceria: define o tipo de relação que é estabelecido com os investidores. Parcerias

do tipo pipeline ou deal-flow são aquelas aceleradoras que tem investidores anjos

ou fundos de venture capital como parceiros e em troca de uma taxa mensal (cotas

de patrocínio) a aceleradora lhes fornece um portfólio de startups de potencial

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crescimento. Já a do tipo “Suporte às startups” são aquelas cujo investimento é

apenas para auxiliar as startups, geralmente é representado pelo seed investment.

Parcerias do tipo “Suporte à organização” são mais comuns nos casos de

incubadoras, onde o governo auxilia a organização nas suas atividades. E a parceria

do tipo “Suporte às startups e organização” ocorre quando o parceiro auxilia no

desenvolvimento das empresas nascentes e também no negócio da aceleradora.

Tabela 7 - Tabela de estratégia de modelos de aceleradoras de startups

Fonte: Elaborado pela autora

A Tabela 07 mostra que a aceleradora Liga é uma aceleradora corporativa terceirizada, cuja

especialidade são startups de qualquer segmento (o segmento é escolhido pelo cliente); as

corporações maduras são tanto clientes como também parceiras da aceleradora; o investimento

das corporações terão a finalidade de auxiliar o crescimento das startups e de cobrir os custos

dos programas de aceleração e seleção de startups; e a fonte de receita da Liga é a taxa cobrada

das corporações pela seleção e gestão das startups.

A partir da tabela de estratégia acima, definiu-se o segmento de clientes e os produtos

oferecidos a eles que serão mais detalhados no próximo tópico.

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6.2 O conceito do negócio

Os clientes da aceleradora, diferentemente das convencionais, não são as startups, mas sim

empresas consolidadas no mercado conforme explicitado anteriormente. Foi mencionado nos

tópicos 4.4 e 5.3 que a companhia pode ter diferentes motivos e objetivos em querer se

aproximar de empresas nascentes, e qualquer que sejam eles, a aceleradora Liga fará o papel de

intermediar essa aproximação para que ela seja realizada com sucesso.

6.2.1 Os clientes

Os clientes podem ser corporações de qualquer setor do mercado que queiram ter

experiências com startups.

As tarefas que as corporações precisam exercer e podem ser realizadas com auxílio das

empresas nascentes com intermédio da aceleradora são:

Rejuvenescer e mudar a cultura interna da empresa quanto à forma de pensar em relação

à inovação;

Associar a marca como empresa inovadora (promoção da marca);

Domínio de novas tecnologias;

Inovar ou resolver problemas da empresa com menor custo e menor tempo;

Novas soluções para complementar ou agregar valor aos produtos/serviços existentes;

Procurar novos modelos de negócio como novas formas de gerar receita (Novos

produtos ou serviços).

6.2.2 Os produtos

Em aceleradoras convencionais, os produtos oferecidos são para startups, sendo assim

compreendem em serviços de mentores, palestras, espaço de coworking e a aproximação que

criam com possíveis investidores.

Os produtos da aceleradora são serviços para grandes corporações e compreendem nos

seguintes produtos:

Eventos com startups: evento com duração de um dia que tem o objetivo em reunir

gerentes da empresa e as startups para debater e discutir assuntos específicos. Durante

os debates procura-se discutir lógicas de desenvolvimento e tecnologias das startups

para a realidade da empresa.

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Maratona de startups: corresponde a um evento com duração de um final de semana e

é baseado no modelo proposto pelo Startup Weekend. No início do evento, os

empreendedores recebem dicas e apoio de mentores e assistem palestras para ajudar na

consolidação do empreendimento e também para preparem o pitch final que será

apresentado à banca de jurados. Os vencedores podem receber premiações ou

dependendo do cliente, investimentos.

Serviço de aceleração de startups: corresponde à atividade de aceleração de startups para

a corporação e é o principal produto da aceleradora. Segundo a equipe da Liga, esse

produto é o mais completo no sentido de que é o mais eficaz em atender aos objetivos

da corporação. O produto pode variar quanto as fases existentes, duração dessas fases,

estágio das startups, segmento de atuação dessas startups, quantidade de ciclos (um

ciclo corresponde a um programa completo de aceleração) por ano, número de startups

que serão aceleradas e se o espaço para a realização da aceleração será no local próprio

da empresa contratante ou será realizado no espaço de coworking da aceleradora.

Para mostrar as possíveis variações do modelo de aceleração, a autora construiu uma tabela

de estratégia (Tabela 08) com as dimensões e diferentes alternativas para o cliente escolher.

Na dimensão de estágio da startup, as startups nos estágios de escalabilidade ou de

estabelecimento raramente procuram serviços de aceleração, uma vez que focam em

investimentos maiores de fundos ou corporações que queiram comprar alguma participação

significativa na empresa. Por isso que os estágios em destaque na Tabela 08 são os

recomendados pela aceleradora para o cliente escolher.

Na segunda dimensão, a corporação pode escolher acelerar startups que tenham produtos

com foco na atividade principal da empresa com o intuito de procurar soluções que tenham

sinergias com os produtos e serviços oferecidos pela empresa. Ou então, startups com foco

diversificado quando for o caso de a empresa quiser investir em alternativas diferentes do seu

core business.

A terceira e a quarta dimensão dizem respeito às fases de aceleração que a corporação pode

contratar. Um programa completo é composto pelo processo de atração, seleção e aceleração

de startups, que podem ter diferentes durações. Além disso, o número de startups aceleradas

também pode variar. Entretanto, nos casos em que a corporação já tenha as próprias startups

ou queira realizar o próprio processo de seleção, a aceleradora oferece o produto com apenas a

fase de aceleração. A fase de pré-aceleração é necessária quando o estágio das startups

aceleradas é ainda muito embrionário, exigindo, portanto, um período para amadurecê-las.

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A dimensão de quantidade de ciclos corresponde ao número de programas de aceleração

que serão realizados durante o ano. Vale ressaltar que uma abordagem com startups não deixa

de ser um processo de fomentar a inovação, logo, uma forma de garantir que os objetivos sejam

alcançados, é promover um processo contínuo desses programas.

Por fim, a última dimensão diz respeito ao local em que o processo de aceleração será

realizado. Segundo pesquisas do time da Liga, há corporações que preferem que os

empreendimentos sejam realizados dentro da própria empresa, pois dessa forma a corporação

por estar ao lado das startups tem a chance de conviver e aprender melhor com as equipes de

cada empreendimento. Por outro lado, há corporações que preferem que a aceleração seja

realizada no ambiente de coworking da aceleradora, pois dessa forma, além de não precisar

despender de um espaço próprio, as startups podem aproveitar o networking dentro do ambiente

da aceleradora.

Tabela 8 - Tabela de estratégia: variações no produto de aceleração de startups

Fonte: Elaborado pela autora

6.3 O modelo de negócio da aceleradora

Para analisar o modelo de negócio da aceleradora Liga foi utilizada a ferramenta Canvas

modelo de negócio. Primeiramente, antes de definir o modelo da aceleradora Liga, construiu-

se o Canvas modelo de negócio de uma aceleradora convencional para deixar claro o diferencial

que a Liga possui em relação às suas semelhantes (Figura 24).

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Os programas de aceleração convencionais geralmente têm patrocinadores como principais

parceiros do empreendimento, sendo eles os stakeholders responsáveis por auxiliar a

aceleradora a arcar com os custos dos programas e também pelas promoções de eventos.

As atividades-chave de aceleradoras são os eventos para atração e divulgação de startups,

processos de seleção e as mentorias oferecidas aos times de empreendedores. Essas atividades,

devem ser feitas com qualidade e acurácia para garantir maiores chances das startups captarem

novos recursos e escalarem. Dessa forma, os recursos-chave são os mentores, a equipe e o

espaço em que as atividades são promovidas, que também são os principais custos para uma

aceleradora (salário da equipe, aluguel do espaço e divulgação de eventos).

Essas atividades são a forma que aceleradoras entregam valor aos clientes que são as

startups e investidores. Ao oferecer programas e ensinar como fazer o negócio alavancar, a

aceleradora está ajudando empreendedores a crescer em um menor período de tempo que é

crucial para esse tipo de negócio. Além disso, ao auxiliar nesse processo de maturidade das

startups, os investidores acabam aproveitando dos programas para investir em

empreendimentos que após a aceleração têm menos riscos de falhar. Desse modo, a relação com

os clientes é de acompanhamento às startups e atendimento personalizado aos investidores.

Os canais de venda para os clientes são: o website da aceleradora, os próprios eventos de

seleção e divulgação dos times de empreendedores, a imprensa que divulga os eventos e

programas de aceleração e o espaço de coworking.

Por fim, a principal fonte de receita das aceleradoras convencionais, portanto, provém da

venda de participações das startups aceleradas ou de cotas de patrocínio dos investidores.

Conforme pode-se verificar na estrutura do modelo de negócio da Liga Ventures (Figura

24), a aceleradora possui as mesmas atividades-chave, custos e formas de canais de venda.

Entretanto, percebe-se que as principais diferenças entre os modelos de negócio são:

Proposta de valor diferente: programas de aceleração de startups com foco nas

necessidades das corporações.

A forma de geração de receita: advém principalmente da taxa de gestão das startups

paga pelas corporações.

O segmento de cliente: as corporações que querem realizar alguma abordagem com

startups como forma de inovação.

Recursos chave: além da equipe de sócios, mentores horizontais (assuntos de

marketing, financeiro, treinamento para pitch, computação e tecnologia) e espaço

de coworking, a aceleradora Liga Ventures também dispõe de mentores verticais

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(pessoal da própria corporação), que poderão discutir e aconselhar os

empreendedores sobre assuntos de acordo com a especificidade do negócio.

As parcerias principais são: investidores (outras empresas ou fundos que queiram

apoiar programas para se beneficiar das startups aceleradas), os próprios clientes,

(além de financiar os programas, as corporações “emprestam” o seu nome como

forma de atrair startups para os programas), por último, importantes parceiros para

a aceleradora são as startups, pois é através delas que a proposta de valor é entregue

e o motivo de as corporações contratarem a Liga Ventures.

A diferença entre os modelos de negócio de uma aceleradora convencional e da Liga

Ventures foi ilustrada na Figura 24 através da ferramenta Canvas modelo de negócio.

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Figura 24 - Canvas de modelo de negócio de aceleradoras convencionais versus aceleradora Liga Ventures

Fonte: Luz Geração Empreendedora – O analista de modelos de negócios (2014) e elaboração própria

(modelo da Liga Ventures)

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6.4 A proposição de valor da aceleradora

6.4.1 Valor para as corporações

Para auxiliar a construção da proposta de valor para as corporações, a autora deste trabalho

participou de duas reuniões de trabalho em que pode entender as necessidades e maiores

desafios em inovar para uma grande empresa.

Principais insights e comentários durante as reuniões:

“Empresas grandes fazem muito bem o que são especializadas em entregar. E como

nós não podemos errar, a tomadas de decisão por projetos que envolvem demasiados

riscos são vistos já como desafios que muitas vezes não valem a pena”.

“A cultura dentro da empresa, à medida que a corporação cresce, fica cada vez menos

propensa a gerar ideias disruptivas”.

“Para uma grande empresa o objetivo é obter lucros com o serviço/produto

comercializado. Para garantir a produtividade e crescimento, a empresa estabelece

metas aos funcionários, razão pela qual os fazem tomar decisões com visão de curto

prazo e pouco arriscadas. ”

“Uma das maiores dificuldades em inovar radicalmente para um gestor é aceitar

alocar grandes recursos (financeiros e pessoal) em um projeto que não se sabe se no

futuro renderá frutos para a empresa. ”

Definidos os produtos, caracterizado o segmento de clientes e montado o Canvas modelo

de negócio, prosseguiu-se com a construção do Canvas proposição de valor para mostrar de

fato a efetividade da proposição de valor que a aceleradora Liga Ventures entrega aos seus

clientes. O resultado foi ilustrado na Figura 25.

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Figura 25 - Canvas de proposição de valor para as corporações

Fonte: Elaborado pela autora

Após construir o mapa de proposição de valor, a equipe reforçou a proposta de valor do

negócio de que a Liga é a primeira aceleradora de startups com foco nas necessidades das

corporações por inovação.

Seja qual for a tarefa da corporação, a aceleradora acredita que com a startup certa todas

elas podem ser resolvidas, sendo o seu papel a seleção e preparação desta startup para suprir

tais necessidades. A seguir listou-se as formas que as startups podem resolver ou ajudar cada

tarefa da corporação.

Mudar e Rejuvenescer a cultura da empresa: Os integrantes desses time de startups

possuem características de líderes que são chave para mudar a cultura de um grupo de

pessoas. São pessoas de personalidade forte que conseguem com a força de vontade e

autoconfiança influenciar e motivar outros indivíduos a pensar de uma forma diferente

dos padrões atuais.

Promoção da marca: Muitas das últimas grandes mudanças nos hábitos das pessoas,

assim como as últimas inovações disruptivas foram ideias que surgiram de startups.

Portanto, ao divulgar abordagens com esse universo, as corporações associam à marca

uma percepção no público de que ela é inovadora, ou pelo menos de que está em busca

de inovação.

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Domínio de novas tecnologias: Startups lidam com novas tecnologias que podem ser

aproveitadas pela corporação.

Resolução de problemas em menor tempo e menores custos e Novas soluções para

produtos/serviços existentes: Startups possuem equipes dispostas a arriscarem e a

testarem novas soluções e novos produtos ou serviços com recursos mínimos. A

aceleradora nesse ponto, inclusive, incentiva as startups a praticar o modelo lean, em

que se estabelece uma sequência de testes, validações e aprendizagem. Esse modelo de

funcionamento de

Novos modelos de negócio: Uma startup pode propor novos modelos de negócio seja

na forma de produzir ou de vender que pode compor novas e diversificadas fontes de

receita para a corporação.

6.4.2 Valor para as startups

As startups não são os clientes da aceleradora, mas são parceiras da aceleradora em criar

valor para os seus clientes. É essencial para a aceleradora que startups de qualidade tenham

interesse nos programas de aceleração da Liga Ventures. Dessa forma, elaborou-se um quadro

de proposição de valor às startups como forma de mostrar o valor na conexão entre a corporação

e os empreendimentos nascentes (Figura 26).

O Canvas de proposição de valor para as startups foi construído com base em conversas

e entrevistas com três empreendedores em fases distintas de desenvolvimento da startup: uma

em fase de validação do produto, duas em fase de crescimento (escalabilidade) sendo que uma

delas não participou de programas de aceleração e outra, sim.

O questionário (Apêndice A) serviu como guia para uma pesquisa com perguntas

abertas cujo o objetivo era entender as principais necessidades de empreendedores que podem

ser supridas por uma aceleradora de startups. Além disso, nas pesquisas a autora procurou saber

a opinião dos empreendedores sobre programas de aceleração corporativa e a visão deles em

existir uma empresa envolvida no processo de aceleração.

Principais insights e comentários das entrevistas:

“As maiores dificuldades para uma startup são manter o crescimento, pivotar caso o

modelo inicial não tenha se validado, buscar novos parceiros e investidores”.

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“O que me atrai em programas de aceleração de startups é o smart money14”.

“Quando existe uma marca conhecida atrelada, isso traz credibilidade ao programa,

pois a maior parte das aceleradoras são novas e desconhecidas quanto à sua eficácia”.

“A maior vantagem em ter alguma corporação madura associada ao programa são os

consumidores já existentes dessa marca que podem ser um potencial cliente do meu

produto”.

“Quando busquei por processos de aceleração para minha startup fui muito motivado

pelo acesso ao capital, contatos do mercado e futuramente pela potencial relação com

investidores. O que também deve ser levado em consideração é o formato proposto

pelo programa/aceleradora, devendo atentar principalmente quanto de equity a

aceleradora pedirá em troca do programa e dinheiro disponibilizado”.

“Depois de passar por alguns programas de aceleração, o que eu mais valorizo é o

acesso à mercado e contatos daquele programa/aceleradora. Dinheiro ajuda,

principalmente para minimizar o custo de oportunidade do seu tempo quando se

decide empreender. Porém, para sua startup ou negócio dar certo, ele tem de ser

validado e testado no mercado, e portanto, nada melhor do que sua aceleradora para

auxiliar nesse processo”.

“Pelo o que vi e percebi no mercado, poucas aceleradoras realmente fazem um

trabalho diferenciado. Quando busquei o processo de aceleração eu tinha em mente

algo muito mais organizado e que realmente potencializaria meu negócio, mas na

prática isso não aconteceu. A partir disso, posso afirmar que o que eu mais gostaria

de uma aceleradora seria acesso a mercado”.

“Acredito que seja vantajoso (uma corporação estar vinculada ao programa), ainda

mais se a corporação vinculada tenha sinergia com o programa, permitindo assim às

startups aceleradas a possibilidade de testar com uma empresa os produtos e/ou

serviços desenvolvidos. ”

“Nosso maior desafio (após o programa de aceleração) é ter receita recorrente e/ou

suficiente para conseguir manter toda a equipe e em processo de crescimento”.

14 Smart Money: diz respeito aos mentores do programa, o networking com outros empreendedores e

investidores e acesso a ferramentas.

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Figura 26 - Canvas de proposição de valor para as startups

Fonte: Elaborado pela autora

De maneira geral, a proposta de valor para as startups é que a aceleradora Liga oferece

o melhor programa de aceleração ao dispor dos melhores mentores e ao conectar os

empreendedores a outras startups e a empresas consolidadas com experiência, clientes e

networking a oferecer.

As principais tarefas de uma startup são: aprimorar o produto ou serviço, captar

investimentos e clientes, crescer e escalar o negócio. Através do processo de aceleração da Liga

Ventures as startups têm acesso a mentores de qualidade, eventos em que os empreendedores

têm a chance de mostrar o negócio pra um público de possíveis clientes e investidores,

networking tanto com outras startups, como com profissionais de grandes corporações e chance

de validar o produto com clientes das grandes corporações.

6.5 Visão geral do negócio

Os três principais stakeholders para o negócio em questão são as corporações, as startups e

a aceleradora. Enquanto a corporação se beneficia dos conhecimentos da startup, a startup

cresce com o auxílio dos mentores da corporação e da aceleradora, que por sua vez é a

responsável pela aproximação do time de empreendedores à grande empresa. A relação entre a

Liga Ventures, corporação e startups foi ilustrada na Figura 27.

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Figura 27 - Relação entre stakeholders

*S-UP = startup

Fonte: Elaborado pela autora

A aceleradora é a intermediária responsável em encontrar a startup certa para a corporação

que oferecer a melhor condição de crescimento para ela.

Para resumir o funcionamento do negócio como um todo, construiu-se o esquema da Figura

28, onde o programa completo é composto pelas etapas de atração, seleção, aceleração e

divulgação das startups. No caso da Tabela 09 foi exemplificado a questão da participação das

startups nos momentos pós atração e seleção de empreendimentos.

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Figura 28 - Ecossistema da aceleradora Liga

Fonte: Elaborado pela autora

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No ecossistema da aceleradora, para cada cliente haverá diferentes startups selecionadas de

acordo com a necessidade e requisitos de cada corporação, que participarão de diferentes

programas associados a determinada empresa.

No fim de cada programa de aceleração ocorre o Dia da Demonstração (Demo Day). Nesse

dia, as startups aceleradas apresentam o produto/serviço desenvolvido para outros investidores

e fundos com o intuito de captar mais recursos para escalar o negócio.

A ideia da linha do tempo foi adicionada ao esquema da Figura 28 para mostrar a relação

com a Tabela 09 que explica o que ocorre com a participação nas startups, antes, durante e após

o processo de aceleração. Para o tempo t0 foi adotado o momento em que o programa de

aceleração se inicia, ou seja, quando o processo de seleção é concluído. Para o tempo t1 foi

adotado o momento do Demo Day que simboliza o fim do programa de aceleração e a

oportunidade das startups se apresentarem a possíveis outros investidores. Por fim, o tempo tf

indica o tempo futuro, momento em que hipoteticamente as startups já possuem um portfólio

de clientes e necessitam de maiores investimentos ou estejam interessados em exits (venda de

uma participação significativa da empresa por uma quantia maior de capital).

Tabela 9 - Participação dos stakeholders na startup antes, durante e depois do programa de aceleração

Fonte: Elaborado pela autora

Resumidamente, a aceleradora Liga tem o papel de prestar o serviço de aceleração (atração

e seleção opcionais) que é comprado por alguma empresa. A empresa madura por sua vez, em

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troca do seed investment, é o starkeholder que detém uma parcela da startup. No período pós

aceleração, essa participação pode ou ser vendida para outros investidores, ou dependendo do

interesse das partes devido à sinergia criada entre corporação e fundadores do empreendimento

durante a etapa de aceleração pode haver aquisição da startup pela empresa ou possíveis

parcerias entre as partes.

Vale ressaltar que a Tabela 09 exemplifica uma possível situação referente às porcentagens

adquiridas de uma startup qualquer. Ou seja, os stakeholders podem ser diferentes, assim como

as porcentagens de participação podem não ser os números que foram utilizados no exemplo.

Nesse contexto, também é valido esclarecer casos em que a startup selecionada já participa

de outros programas (governamentais por exemplo) em que pode haver restrição de venda de

participações ou de utilização da tecnologia desenvolvida. Nesses casos, na etapa de seleção

haverá discussão entre corporação, empreendedores e seus advogados para decidirem se a

startup participará ou não do programa.

Vale reforçar novamente que as condições de participação das startups depende da

regulamentação de cada programa e do contrato e acordo entre corporação e startup. E na

situação final, caso uma startup criar uma solução escalável e ao mesmo tempo a corporação

esteja interessada em utilizar ou adquirir essa solução, as condições de participações ou direito

de uso e decisões no rumo do empreendimento também dependem do combinado entre os sócios

da startup e a corporação. Conforme citado anteriormente, uma das hipóteses para essa situação

é a aquisição da startup pela corporação ou parceria entre as partes, o que ao ver da aceleradora,

é um dos objetivos de ambos em relação ao programa.

6.6 Riscos, Problemas e Premissas Críticas

Para analisar os riscos da empresa, assim como os principais problemas e ameaças a serem

enfrentados ao abrir o negócio, foram utilizadas as ferramentas das cinco forças de Porter e

análise SWOT.

6.6.1 As cinco forças de Porter

Um dos princípios da aceleradora Liga é realizar o trabalho com eficiência e para isso é

preciso dedicar tempo a cada programa, consequentemente para cada startup. Por essa razão, o

número de programas que serão executados simultaneamente, assim como a quantidade de

startups que terão que ser gerenciadas ao mesmo tempo é um fator chave para a aceleradora.

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Dessa forma, o poder de barganha dos clientes pode ser alto, principalmente se o número

de clientes e quantidade de programas contratados for muito pequeno. As empresas que

trabalham com poucos e sempre os mesmos clientes, sofrem grandes influências deles no que

diz respeito ao estabelecimento de preços, restando-lhes uma margem de lucro menor que a

esperada.

Os principais fornecedores da aceleradora são os mentores e palestrantes. A maior parte das

pessoas que compõem o time de mentores da Liga Ventures são profissionais que não são

remunerados pelo trabalho oferecido. Os principais motivos de se tornar mentor em uma

aceleradora é o interesse em estar próximo de novas tecnologias e novas formas de modelo de

negócio e também é uma forma de auto divulgação.

Já os palestrantes são na maioria profissionais que cobram uma determinada taxa por visita

ou hora gasta. Apesar de geralmente serem figuras importantes no universo de startups ou no

mercado relacionado ao programa de determinado cliente, há um limite de preço que é

considerado aceitável pela aceleradora. Por conseguinte, o poder de barganha dos fornecedores

é baixo.

A barreira para novos entrantes é baixa considerando que o custo inicial para abrir o negócio

não é elevado e também porque as aceleradores já existentes no mercado constituem potenciais

players que podem migrar facilmente para esse segmento. Além disso, aceleradoras

internacionais podem também quererem entrar no mercado de aceleradoras brasileiras e, por

conseguinte, no de aceleração corporativa. Outro ponto importante sobre as aceleradoras

convencionais é que apesar de não serem concorrentes no quesito clientes, uma vez que a

aceleradora Liga Ventures tem como foco o segmento corporativo, ambos os modelos de

aceleradora disputam pelas mesmas startups em cada programa.

Produtos substitutos poderiam ser aceleradoras verticais com foco em algum segmento do

mercado ou as próprias aceleradoras corporativas (próprias). Essa é uma força considerada

média, pois acredita-se que no atual cenário brasileiro não existam profissionais experientes o

bastante para realizar tais abordagens. Entretanto, constitui uma força que a longo prazo pode

ser considerada alta.

Uma concorrente foi identificada no mercado de atuação da Liga Ventures, a aceleradora

de startups Aceleratech que além de já trabalhar para as startups, decidiu também oferecer o

serviço para grandes corporações com o nome de Aceleracorp. A Aceleratech já é uma

aceleradora consolidada no mercado e foi no ano de 2014 considerada a melhor da América

Latina. Apesar de representar uma forte concorrente, a Liga Ventures possui como vantagens

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competitivas o pioneirismo, a parceria com a aceleradora Plug and Play localizada no Vale do

Silício e a mais experiente equipe para o tipo de aceleração proposto.

Por ser um mercado novo e promissor, uma vez que há uma potencial demanda desse

serviço por grandes corporações, a presença dessa única concorrente no mercado não significa

que não haverá clientes suficientes para ambas. Por outro lado, mais uma vez, essa rápida

entrada da Aceleratech no mercado em questão demonstra a baixa barreira de entrada por novos

players que é o maior risco para a Liga Ventures.

Figura 29 - Cinco forças de Porter da empresa Liga Ventures

Fonte: Elaborado pela autora

6.6.2 Análise SWOT

A análise SWOT ajuda o empreendedor a entender o que a organização pode oferecer, as

fraquezas que precisam ser minimizadas para alcançar o sucesso e quais parceiros podem

eventualmente trazer valor para o negócio. A Figura 30 resume a análise SWOT.

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Figura 30 - Análise SWOT

Fonte: Elaborado pela autora

Para utilizar o framework SWOT é preciso que a equipe o faça de maneira crítica, ou seja,

deve reconhecer de fato quais são as falhas ou os possíveis erros que poderão ocorrer devido

aos fatores externos e internos.

6.6.2.1 Forças

A primeira principal força da empresa é o pioneirismo no Brasil quanto ao modelo de

aceleradora com foco nas necessidades de corporações. Portanto, se a demanda pelo serviço se

mostrar significativa e a concorrência começar a aumentar, a Liga terá mais experiência e nome

no ramo.

Uma segunda força para a aceleradora é o networking que a equipe possui. Além de uma

extensa conexão com mentores de diferentes segmentos e áreas do mercado, a aceleradora

possui fortes conexões com aceleradoras internacionais que mantém a equipe atualizada em

relação às novidades no ramo e também oferecem palestras de valor às startups.

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Uma terceira importante força da Liga é que os três sócios já trabalharam em aceleradoras

de startups e têm experiências em atrair, selecionar e acelerar empreendimentos com potencial

de crescimento.

A última força da aceleradora é que a Liga Ventures é a representante oficial da aceleradora

Plug and Play Tech Center localizada no Vale do Silício. As corporações ao comprar o serviço

da Liga Ventures têm a opção de também fazer parceria com a Plug and Play, oferecendo às

startups aceleradas a oportunidades de passar um tempo na aceleradora norte americana. O

diferencial é um atrativo significativo para atrair startups.

6.6.2.2 Fraquezas

A primeira fraqueza é que o modelo de aceleração para corporações é um serviço que pode

ser facilmente copiado por aceleradoras já existentes no mercado. O serviço prestado pelas

demais aceleradoras que já atuam hoje no Brasil é semelhante ao da Liga, o oque as diferencia

é a forma como dirigem o modelo de negócio e para quem destina o produto.

A segunda fraqueza deve-se ao fato de que a fonte de receita da aceleradora advém de um

número relativamente pequeno de clientes. A capacidade da Liga em acelerar startups não é

ilimitada, e para manter um padrão de qualidade do serviço prestado a aceleradora impôs um

limite de até dez startups aceleradas simultaneamente. Sendo assim, a aceleradora espera que

em período de regime, ela trabalhe com até quatro clientes diferentes, um número que apesar

de ser o ideal para ela, reconhece ser uma potencial fraqueza da empresa.

6.6.2.3 Oportunidades

A primeira oportunidade que a empresa visa aproveitar é o interesse de grandes corporações

em inovar através de startups. Essa abordagem exige não só a seleção da startup que melhor se

adeque aos objetivos da empresa, mas é também necessário que esse time de empreendedores

estejam maduros o suficiente para que a relação seja de fato proveitosa. Nesse contexto, a

aceleradora fará o papel de atrair, selecionar e preparar as startups certas para o mercado do seu

cliente.

Uma segunda oportunidade envolve o crescimento do número de usuários de internet e de

celulares que por sua vez foram uma das causas do crescimento e firmamento da cidade de São

Paulo como um dos maiores ecossistemas de startups do mundo.

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6.6.2.4 Ameaças

Quanto às ameaças para a empresa, o primeiro ponto de atenção é que na cidade de São

Paulo existem aceleradoras já bem estabelecidas e renomadas. Mesmo tendo modelos de

negócio diferentes, a Liga e as demais aceleradoras competirão pelas mesmas startups.

Uma segunda ameaça para a aceleradora Liga é a entrada de novos competidores não só no

ramo de aceleração de startups (aceleradoras tradicionais), mas também no ramo corporativo.

Uma possível grande ameaça são as aceleradoras internacionais quererem entrar no mercado

brasileiro, uma vez que os ecossistemas paulista e carioca têm se mostrado cada vez mais

importantes.

6.6.3 Principais riscos

A partir das análises de Porter e SWOT, a autora determinou como principais riscos para a

aceleradora:

O sucesso de aceleradoras de startups está relacionado aos resultados e repercussão

dos primeiros programas que realizar. Dessa forma, o primeiro programa de

aceleração de startups que será realizado pela Liga Ventures tem muita importância

para a empresa. O risco está, portanto, atrelado em a aceleradora conquistar clientes

comprometidos e que estejam alinhados com o objetivo de promover o melhor

programa de aceleração do Brasil.

Insuficiência ou poucas startups de qualidade inscritas nos programas.

Número reduzido de clientes pode aumentar o poder de barganha das grandes

corporações ao querer diminuir a margem de lucro da empresa a ponto de os

programas sejam insustentáveis.

Aceleradoras convencionais podem querer seguir o mesmo ramo de aceleração

corporativa e aumentar a concorrência por clientes.

Aceleradoras internacionais podem entrar no mercado brasileiro também no ramo da

aceleradoras corporativas terceirizadas.

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7 ASPECTOS FINANCEIROS

Foi realizado um plano financeiro simplificado da aceleradora com o intuito de

verificar a viabilidade do negócio. Por questões de confidencialidade para com os clientes da

aceleradora, os valores do plano financeiro foram mascarados por um multiplicador.

7.1 Fontes de receita

Conforme explicado anteriormente, a fonte de receita da aceleradora Liga Ventures provém

de eventos, de maratonas e de programas que combinam as fases de atração, seleção e

aceleração de startups, tempo de duração dessas fases, quantidade de startups aceleradas e local

onde o programa é realizado.

7.2 Custos e investimentos do empreendimento

Os custos de setup são os custos iniciais e investimentos necessários para que a operação

seja realizada. Os principais custos e investimentos são:

Marketing e Presença digital: gastos com a construção do website da empresa,

presença nas redes sociais, campanhas de marketing na web, design do logotipo.

Abertura da empresa: contrato social e registros na junta.

Reforma e Mobiliário do espaço de coworking.

Eletrônicos: computadores e outros instrumentos de trabalho.

Os custos fixos são os gastos que não sofrem variações de valor com o aumento ou

diminuição da operação. Ou seja, independem do nível da atividade e os principais custos desse

tipo são:

Aluguel do espaço

Rede de Internet, telefonia, luz, água

Segurança e limpeza

Jurídico e contabilidade da empresa

Viagens (visitas para reuniões com possíveis clientes, eventos importantes

envolvendo startups)

Pró-labore (custo referente ao salário dos três sócios)

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Os custos variáveis da aceleradora podem variar proporcionalmente ou ao número de

clientes ou ao total de startups aceleradas durante o programa de aceleração. Os custos variáveis

ao número de clientes são:

Campanha de Lançamento: ferramentas e marketing para o evento de divulgação do

programa, gastos com comunicação.

Mentores: palestrantes contratados esporadicamente para tratar de algum assunto

específico.

Equipe: para ajudar no processo de atração e seleção das melhores startups para o

programa.

Os custos varáveis ao número de startups são:

Jurídico: para criar contratos entre a startup, a aceleradora e a corporação

Ferramentas: utilização de plataformas para o website da startup, softwares,

armazenamento de dados.

Equipe: para ajudar os sócios no programa de aceleração das startups.

7.3 Preço do programa completo de aceleração de startups

Primeiramente, a autora assumiu para fins de simplificação das contas, a venda de apenas

um tipo padrão de produto, ou seja, o programa completo de aceleração composto pelas fases

de atração, seleção e aceleração das startups; duração de seis meses sendo um mês de

atração/divulgação/eventos do programa, um mês para a seleção e um mês para a solução de

assuntos burocráticos com as startups selecionadas e mais três meses de aceleração; aceleração

de quatro startups no espaço do próprio cliente.

Existem algumas formas de precificar um produto ou serviço, dentre elas a precificação

baseada em custos, na concorrência ou na demanda. No caso da Liga Ventures, não se sabe a

forma que o único concorrente cobra pelo mesmo tipo de produto e como trata-se de um negócio

novo no mercado brasileiro a demanda e o quanto os clientes estariam dispostos a pagar são

dados ainda incertos. Logo, a precificação em primeiro momento foi feita com base nos custos

existentes.

Para cada programa completo vendido, existem custos fixos e variáveis associados. Uma

vez que o preço do programa será estimado em termos de custos, é preciso decidir qual a

porcentagem do total será alocada a amortização dos custos variáveis e dos custos fixos do

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programa. Uma segunda decisão quanto a formulação do preço do programa foi em relação ao

lucro esperado pelos sócios. O resultado da alocação dos custos no preço do serviço foi

mostrado na Tabela 10.

Tabela 10 - Alocação dos custos da empresa no preço do serviço

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

Para cálculo do preço do programa de aceleração completo foram estimados os custos

variáveis com base nos dados e estimativas dos sócios e da autora. Em relação aos salários dos

profissionais necessários, pesquisas foram feitas nas plataformas de emprego CATHO,

Trainning e ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento). A média

estimada para cada um dos profissionais encontra-se na Tabela 11.

Tabela 11 - Salários médios

Fonte: Elaborado pela autora baseado em dados de plataformas de empregos e associações.

O web-designer é o profissional necessário para auxiliar os sócios tanto na atração e seleção,

quanto na aceleração. Na fase de seleção é necessário um web-designer durante um mês. Já na

aceleração, dois profissionais pelos três meses. Os encargos sociais foram estimados em 80%

do salário do profissional.

Foi estimado que cada startup precisa de quatro horas de serviço de advogados para firmar

o contrato com a corporação, totalizando R$ 1.000,00 por startup (4 hrs*250 R$/hr).

Em relação às palestras, estimou que por mês, durante a fase de aceleração, haverá duas

palestras.

Profissionais necessários Salário (unidade)

Web-designer 4500 (R$/ mês)

Advogado 250 (R$/ hr)

Contador 250 (R$/ hr)

Palestrantes 3000 (R$/ palestra)

Preço 100%

Impostos 20%

Custos Variáveis 40%

Custos Fixos 15%

Lucro 25%

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O resultado dos custos totais do programa completo de aceleração encontra-se na Tabela

12.

Tabela 12 - Custos variáveis do serviço prestado

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

A partir do valor total dos custos variáveis calculados, obteve-se o preço total de

R$239.250,00 do programa completo de aceleração de startups (Tabela 13).

Tabela 13 - Preço do serviço

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

7.4 DRE da empresa

O demonstrativo de resultados financeiros da empresa foi construído com base nas

projeções da própria empresa em relação aos números de programas de aceleração esperados

para o próximo ano de 2016.

A base de cálculo foi realizada de acordo com o regime de lucro presumido para receitas

decorrentes de prestação de serviços em São Paulo. A referência dos valores das alíquotas foi

Custos Variáveis Custo (R$)

Seleção

Campanha de lançamento 5.000

Equipe (atração e seleção) 8.100

Jurídico contratos 4.000

Aceleração

Ferramentas 12.000

Equipe (aceleração) 48.600

Palestas 18.000

Total programa completo 95.700

Preço 100% 239.250,00R$

Impostos 20% 47.850,00R$

Custos Variáveis 40% 95.700,00R$

Custos Fixos 15% 35.887,50R$

Lucro 25% 59.812,50R$

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o site da Receita Federal15. As deduções e outros impostos foram sintetizados na Tabela 14

abaixo.

Tabela 14 – Tributos

Deduções e outros

impostos Alíquota

PIS 0,65%

COFINS 3,00%

ISS 5,00%

IRPJ (32% X 15%) = 4,80% sobre receitas de até R$ 60 mil mensal

(32% X 25%) = 8,00% sobre receitas que excederem R$ 60 mil mensal

CSLL (32% X 12,5%) = 4,00%

Total 17,45%

Fonte: Receita Federal

Espera-se que para esse primeiro ano de operação a empresa realize quatro programas

completos de aceleração. Portanto, uma receita anual total equivalente a quatro vezes

R$239.250,00.

Os valores dos custos iniciais e investimentos foram estimados conforme mostra na Tabela

15.

Tabela 15 – Investimentos iniciais

Investimentos e custos iniciais Custo Mensal (R$)

MKT & Presença Digital 15.000

Abertura da empresa 5.000

Reforma e Mobiliário do Espaço 150.000

Eletrônicos 25.000

Total Custos de Setup 195.000

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

Os valores dos custos fixos foram estimados conforme mostra os dados na Tabela 16.

15 Disponível em: http://idg.receita.fazenda.gov.br/

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Tabela 16 - Custos fixos

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

Os valores dos custos variáveis calculados na precificação do programa de aceleração,

foram resumidos na Tabela 17.

Tabela 17 - Custos variáveis

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

Utilizando o modelo de DRE proposto por Gitman (2004) a operação resulta em um lucro

líquido de R$16.603,00 no primeiro ano de exercício.

Custos Fixos Custo Mensal (R$) Custo Anual (R$)

Aluguel do Espaço 8.000 96.000

Luz, Água, Rede e Telefonia 2.000 24.000

Segurança e Limpeza 2.000 24.000

Jurídico e contabilidade 2.000 24.000

Viagens 1.000 12.000

Pro-Labore 15.000 180.000

Total Custos Fixos 30.000 360.000

Custos Variáveis Custo (R$)

Seleção 17.100

Aceleração 78.600

Total programa completo 95.700

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Tabela 18 - DRE da aceleradora Liga Ventures

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

7.5 Fluxo de caixa da empresa

Para construir um demonstrativo de fluxo de caixa, foi simulado um período de cinco anos

sem considerar a inflação.

A taxa para estimar e analisar o VPL e a TIR do projeto foi a SELIC projetada para 2015

deflacionada pelo IPCA projetado para o mesmo período. A Equação 3 for utilizada para

deflacionar a taxa SELIC pelo IPCA.

Equação 3 – Taxa nominal para taxa real

(1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙) × (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜) = (1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙)

O resultado da deflação da taxa SELIC e valores das taxas foram organizadas na Tabela 19.

DRE (mil R$) 2016

Receita

Total de Programas 957.000

Deduções sobre receita bruta

PIS (0,65%) 6.221

COFINS (3%) 28.710

ISS (5%) 47.850

Lucro Bruto 874.220

Total Custos Fixos 360.000

Total Custos Variáveis Seleção 68.400

Total Custos Variáveis Aceleração 314.400

Lucro operacional 131.420

IRPJ (4,8% + 8%) 76.537

CSLL (4%) 38.280

Lucro/prejuízo líquido 16.603

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Tabela 19 - Taxa SELIC deflacionada pelo IPCA

Taxa Valor

SELIC 14,25%

IPCA 9,32%

Taxa SELIC deflacionada 4,51%

Fonte: elaborado pela autora baseado nas projeções do Banco Central

A quantidade de programas de aceleração que serão as receitas previstas para os próximos

anos são:

Tabela 20 - Previsão de receitas para 5 anos

Período Qtdd de programas Receita

Ano 1 4 R$ 957.000

Ano 2 4 R$ 957.000

Ano 3 6 R$ 1.435.500

Ano 4 8 R$ 1.914.000

Ano 5 8 R$ 1.914.000

Total 30 R$ 7.177.500

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

A Liga Ventures prevê que cada cliente realizará um programa de aceleração por semestre,

ou seja, no seu primeiro ano de operação terá dois clientes que durante o ano de 2016 comprarão

dois programas completos cada um. No segundo ano de operação, de modo a assumir uma

posição mais conservadora devido à atual crise política e econômica brasileira, a equipe acredita

que apesar do impacto positivo que terão os primeiros casos, a aceleradora também terá

dificuldades em conseguir mais clientes. Entretanto, a partir do terceiro e quarto ano convencerá

mais empresas maduras a comprar o seu produto.

O fluxo de caixa da empresa considerando todas as receitas programadas para os cinco anos

resultou na seguinte Tabela 21.

Para utilizar a estrutura de fluxo de caixa proposto por Gitman (2004), o EBITDA (lucro

antes dos impostos, taxas, depreciação e amortização) foi no caso do fluxo da empresa tratado

como o seu lucro operacional. O cálculo do lucro operacional de cada ano pode ser consultado

no Apêndice B.

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Tabela 21 - Fluxo de caixa da Liga Ventures

Em (mil R$) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

EBITDA 0 131 131 377 623 623

IR 0 -77 -77 -115 -153 -153

CSLL 0 -38 -38 -57 -77 -77

Investimentos -195

Fluxo de caixa do projeto -195 17 17 205 393 393

Fluxo de caixa do projeto acumulado -195 -178 -162 43 436 829

Fluxo de caixa descontado -195 16 15 179 330 315

Fluxo de caixa descontado acumulado -195 -179 -164 16 345 661 Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

O valor presente líquido trazido a taxa SELIC deflacionada pelo IPCA e a TIR resultaram

em valores favoráveis ao empreendimento. O VPL resultou em um valor positivo, indicando

que o investimento será pago pelo projeto. Já a TIR resultou em uma taxa maior que a taxa

mínima de atratividade representada pela SELIC deflacionada pelo IPCA, indicando também

um projeto que é atrativo aos empreendedores.

Esses indicadores de viabilidade da empresa podem ser visualizados na Tabela 22 abaixo.

Tabela 22 - Indicadores de viabilidade

Indicador Valor

VPL (em mil R$) R$ 632,03

TIR 53%

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

7.6 Análise de sensibilidade

Os resultados da TIR e do VPL obtidos no capítulo anterior demonstraram viabilidade do

negócio. Entretanto, as premissas de número de clientes e de preço do programa podem variar

em relação ao cenário planejado, o que pode significar riscos ao empreendimento.

A quantidade prevista de programas de aceleração simulado no fluxo de caixa do capítulo

7.5 representa o cenário mais provável de acordo com as previsões da equipe da Liga Ventures.

Porém, dependendo da economia e da situação política brasileira o número de clientes pode

variar em relação ao cenário previsto podendo esse número ser mais pessimista ou mais

otimista. A Tabela 23 indica o número de programas de aceleração em cada cenário.

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Tabela 23 - Quantidade de programas em cada cenário

Período Pessimista Conservador Base Otimista

Ano 1 4 4 4 4

Ano 2 4 4 4 4

Ano 3 4 6 6 8

Ano 4 4 6 8 8

Ano 5 4 6 8 8

Total 20 26 30 32

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

Outro fator que pode influenciar nos resultados apresentados anteriormente é o preço do

programa de aceleração. Conforme citado no capítulo 6.6.1, a força referente ao poder de

barganha dos clientes pode ser alta dependendo do número de contratos com corporações,

consequentemente, o preço do programa pode sofrer alterações.

A fim de analisar os riscos do empreendimento em relação a esses dois parâmetros, foi feita

uma análise de sensibilidade da TIR.

Tabela 24 – Sensibilidade a TIR: cenários vs preço do programa

Preço do programa de aceleração

TIR -15% -10% -5% Base 5% 10% 15%

Pessimista S/R S/R S/R -23% 12% 38% 61%

Cenários Conservador -34% -4% 18% 38% 57% 75% 93%

Base -2% 18% 36% 53% 70% 86% 103%

Otimista 8% 28% 46% 63% 81% 98% 115%

S/R = Sem Resposta

Fonte: elaborado pela autora baseado nos dados da empresa

A análise de sensibilidade da Tabela 24 mostra o limiar de viabilidade do negócio quando

o preço do programa e o cenário de número de programas são variados. Por exemplo, caso o

cenário real fosse o pessimista, o preço do programa teria que aumentar pelo menos em 5%

para o negócio ser viável.

Dado que a TIR do projeto no cenário e preço base resultou em uma taxa de 53%, a análise

de sensibilidade acima demonstra a existência de uma margem de segurança que garante a

viabilidade do negócio.

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8 RESULTADOS

No ano de 2015, a aceleradora Liga Ventures firmou acordos com dois clientes que

consolidaram o modelo de negócio planejado.

O primeiro cliente, uma empresa multinacional atuante na área de tecnologia da informação,

realizou um programa em que o prêmio é a aceleração de cinco startups pela Liga Ventures.

Neste caso, a corporação optou em não desenvolver a aceleradora própria, mas sim adquirir um

produto em que as startups são aceleradas pela Liga Ventures. A abordagem realizada, apesar

de não ser o produto principal tratado neste trabalho, representa uma aproximação importante

e estratégica com a empresa madura contratante. Esse cliente pode enxergar na premiação um

produto de entrada, isto é, uma experimentação do que é e como é o relacionamento com

empreendedores. E no futuro próximo, experimentar os resultados de uma aceleradora

corporativa terceirizada pela Liga.

O segundo cliente, uma empresa líder no Brasil em seguro de vida, automóvel e residencial,

adquiriu o principal produto proposto pela aceleradora (contrato de três anos, ou seja 6

programas de aceleração): uma aceleradora corporativa, com a metodologia e gestão da equipe

da Liga Ventures e parceria com a aceleradora Plug and Play. Nos meses de novembro e

dezembro ocorrerá a fase de seleção das startups inscritas, depois os cinco empreendimentos

selecionados serão acelerados por três meses no local da empresa contratante e em seguida terão

a oportunidade de mais três meses de aceleração no Vale do Silício.

Ambos os serviços de aceleração terão seu início já no ano de 2016 e espera-se resultados

promissores às startups aceleradas, às corporações contratantes e à aceleradora Liga. Além

disso, essas duas primeiras experiências já tiveram repercussão muito positiva, julgando pelo

número de startups inscritas e notícias divulgadas na internet. Logo, os dois casos citados

poderão servir de exemplos para que mais empresas maduras se interessem e queiram contratar

a Liga Ventures no processo de construir a própria aceleradora.

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121

9 CONCLUSÃO

A autora acredita que o presente trabalho de formatura atingiu todos os objetivos

propostos: foi feito um plano de negócio em que se definiu o melhor modelo de negócio para a

aceleradora Liga Ventures, foi verificada a viabilidade econômica do negócio e houve a

confirmação da proposta de valor aos principais stakeholders envolvidos a julgar pelos

resultados obtidos, isto é, através dos contratos firmados.

A partir das pesquisas de mercado, a autora buscou mostrar que o universo relacionado

às startups no Brasil, mais especificamente a cidade de São Paulo, representa um mercado

promissor a ser explorado.

Os principais stakeholders relacionados a aceleradoras de startups foram definidos e

caracterizados possibilitando aos leitores uma melhor compreensão do universo em que a Liga

Ventures está inserida. O negócio da aceleradora também foi caracterizado e diferenciado do

modelo proposto por incubadoras. Tabelas de estratégia e a ferramenta Canvas modelo de

negócio foram essenciais para definir e diferenciar o modelo da empresa objeto de estudo deste

trabalho.

Através de pesquisas das principais tendências no setor de aceleradoras de startups e

estudado o cenário atual brasileiro a autora identificou que a melhor oportunidade para a

empresa Liga Ventures é a oferta de serviço de aceleração corporativa terceirizada. Isto é,

oferecer o serviço de gestão de startups (atração, seleção e aceleração) para as empresas

maduras que queiram desenvolver a própria aceleradora como forma de buscar novas

alternativas de inovar dentro do ambiente corporativo.

A ferramenta Canvas proposição de valor, o feedback obtido de entrevistas com

empreendedores e insights de reuniões com corporações que a autora participou, permitiram a

elaboração da proposta de valor da aceleradora que é conectar corporações e startups

satisfazendo ambas as necessidades, ou mais especificamente:

Proposta de valor às corporações: primeira aceleradora dedicada totalmente às

necessidades de empresas maduras em busca de inovação. As startups são o meio

por qual as corporações podem testar e buscar novas soluções ou novos modelos de

negócio de maneira eficaz, eficiente, menores custos e menores riscos.

Proposta de valos às startups: melhor programa de aceleração no mercado (melhores

mentores e melhor metodologia) e maior chance de sucesso. A conexão com as

corporações oferece um networking estratégico no seu ramo de atuação, permite o

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acesso a um portfólio de clientes fiéis da corporação e possibilidade de futuros

investimentos ou aquisição em caso de sinergia com o negócio da corporação.

As análises SWOT e de Porter auxiliaram na identificação dos riscos para a empresa. O

negócio da aceleradora é um modelo com poucas barreiras de entrada, que por essa razão, para

manter-se ativa no seu mercado, a Liga precisa se diferenciar como equipe e através de suas

parcerias estratégicas (atualmente a Liga possui a parceria com a Plug and Play Tech Center).

A análise financeira realizada indicou viabilidade do negócio e a análise de sensibilidade

mostrou que, apesar das incertezas existentes, há uma margem que assegura essa viabilidade

econômica.

Posteriormente, o modelo ainda pode confirmar sua viabilidade pelos dois contratos

com duas empresas de grande porte.

O presente trabalho de formatura foi relevante para a aceleradora, pois o documento foi

utilizado como base para a definição de propostas de valor aos clientes e também para a

definição dos seus diferenciais frente aos riscos existentes. Além disso, as referências utilizadas

neste plano de negócio e os estudos sobre o possível impacto das startups na busca pela

inovação por empresas maduras foram utilizadas como argumento para atrair e conseguir

clientes.

A autora acredita que o trabalho também é relevante para o mercado como um todo,

porque explica e propõe uma maneira alternativa para empresas de grande porte inovarem

através de startups. Portanto, constitui um documento de consulta e de estímulo para que outras

indústrias que desconhecem sobre o assunto entenderem e se interessarem por essa nova

abordagem.

Por fim, a autora acredita que a construção deste documento confirmou a abordagem de

que a aceleração corporativa terceirizada constitui um modelo de negócio sustentável e que

impacta positivamente no ambiente de inovação.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ÀS STARTUPS

1. Qual a diferença entre aceleradoras e incubadoras na sua opinião?

2. Você inscreveria sua startup em algum programa de aceleração?

3. Quais os motivos de querer (ou não) participar de um programa de aceleração?

4. Em caso de resposta afirmativa na questão anterior, o que você valoriza/espera de uma

aceleradora?

5. Qual a sua visão sobre programas de aceleração corporativos (por exemplo a Wayra ou

a ex-Abril Plug and Play)?

6. Na sua visão, é vantajoso uma corporação estar vinculada ao programa de aceleração?

7. Qual a maior dificuldade pós programa de aceleração?

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APÊNDICE B – DRE DA LIGA VENTURES PARA OS CINCO ANOS DE OPERAÇÃO

DRE (mil R$) 2016 2017 2018 2019 2020

Receita

Total de Programas 957.000 957.000 1.435.500 1.914.000 1.914.000

Deduções sobre receita bruta

PIS (0,65%) 6.221 6.221 9.331 12.441 12.441

COFINS (3%) 28.710 28.710 43.065 57.420 57.420

ISS (5%) 47.850 47.850 71.775 95.700 95.700

Lucro Bruto 874.220 874.220 1.311.329 1.748.439 1.748.439

Total Custos Fixos 360.000 360.000 360.000 360.000 360.000

Total Custos Variáveis Seleção 68.400 68.400 102.600 136.800 136.800

Total Custos Variáveis Aceleração 314.400 314.400 471.600 628.800 628.800

Lucro operacional 131.420 131.420 377.129 622.839 622.839

IRPJ (4,8% + 8%) 76.537 76.537 114.817 153.097 153.097

CSLL (4%) 38.280 38.280 57.420 76.560 76.560

Lucro/prejuízo líquido 16.603 16.603 204.892 393.182 393.182

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APÊNDICE C – ATA DA VISITA AO CIETEC

1. Introdução

O Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia é uma associação sem fins

lucrativos que incentiva a transformação do conhecimento em produtos e serviços inovadores

e competitivos.

Fundado em 1997, o Cietec é a entidade gestora da incubadora de empresas de base

tecnológica de São Paulo, instalada no campus IPEN/USP da Cidade Universitária, em São

Paulo, cuja governança é conduzida por um conselho de direção estratégica.

São disponibilizados às empresas modalidades de pré-incubação, incubação e pós-

incubação cujo ingresso ocorrem em função dos respectivos planos de negócio.

2. Visita

A visita foi realizada no dia 08 de outubro de 2015 onde a autora pode acompanhar a

apresentação do local e de algumas empresas à equipe da Lunica Consultoria.

O Cietec atualmente abriga 115 empresas algumas já mais desenvolvidas que outras. Há

diversos tipos de empreendimento incubados de diferentes estágios de vida, existem empresas

focadas em educação, em agronegócios, em internet of things, em saúde, em tecnologia da

informação, dentre outras.

O Cietec cobra uma taxa de aluguel das empresas incubadas e não detém nenhuma

participação nas mesmas. Essas empresas buscam no centro um lugar para desenvolverem o

projeto, networking com outros empreendedores, gestores e empresas que visitam o centro e

também acesso a investimentos como PIPE/FAPESP, CNPq e FINEP.

De acordo com a percepção da autora, nem todas as empresas incubadas são

necessariamente escaláveis, mas a grande maioria tem potencial para criar um produto que

possa ser aproveitado por algum cliente.

As empresas podem ser incubadas por um período de até 4 anos e durante esse intervalo de

tempo recebem menos auxílio que uma aceleradora oferece. Isso porque a equipe da Cietec é

relativamente enxuta para o número de empreendimentos existentes.

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APENDICE D – COMPARAÇÃO ENTRE OS ECOSSISTEMAS DO RANKING DO

STARTUP GENOME

Comparação entre ecossistemas do ranking realizado pelo Startup Genome em 2015.

Tamanho da Bolha – população na cidade

Londres

Nova York

Paris SingapuraSydney

Chicago

Moscou

São Paulo

Toronto

Los Angeles

Amsterdâ

São Francisco

Tel Aviv SeattleBerlin Austin

Bangalore

VancouverMontreal

Boston

-2.000-1.500-1.000

-5000

5001.0001.5002.0002.5003.0003.5004.0004.5005.0005.5006.0006.5007.0007.5008.0008.5009.0009.500

10.00010.50011.00011.50012.00012.500

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000

mer

o d

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ps

PIB per capita