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Plano de manejo RPPN Mãe-da-lua Itapajé - Ceará Autor: Dr. Hermann Redies Itapajé, Ceará 25/03/2012

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Plano de manejo

RPPN Mãe-da-lua Itapajé - Ceará

Autor: Dr. Hermann Redies

Itapajé, Ceará – 25/03/2012

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Proprietária da RPPN: Associação Reserva ecológica Mãe-da-lua

Sede: Sitio Mãe-da-lua, Serrote-do-meio, Itapajé-CE, CEP 62600-000

CNPJ: 08.190.364/0001-93

Autor principal: Dr. rer. nat. Hermann Redies,

Doutor em ciências, Georg-August-Universität Göttingen, Alemanha (1987)

Presidente e representante legal da Associação Reserva ecológica Mãe-da-lua

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Agradecimentos Johanna Maria Redies ajudou com a revisão do texto. Agradeço às pessoas e empresas que disponibilizaram software gratuito. Para processar imagens, usei o gimp V. 2.6 com um sistema linux (OpenSuse 11.4). As fotos de satélite da RPPN e do seu entorno foram feitas com o programa “Google earth”. Consultei planos de manejo de outras reservas: da RPPN Mira-Serra (RS), da RPPN Cabeceira do Prata (Jardim, MS) e da RPPN Leão da Montanha (Urubici, SC).

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Apresentação

O plano de manejo da RPPN Mãe-da-lua descreve a fisionomia, a biodiversidade e outros aspectos da reserva, e define as atividades e normas para seu manejo. O tempo previsto para a implementação dos programas de manejo é de cinco anos. O roteiro metodológico (IBAMA 2004), disponibilizado no site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), serviu de base para a estrutura do plano. A proprietária da reserva é a Associação “Reserva ecológica Mãe-da-lua”, também chamada “Associação Mãe-da-lua” (Nome Fantasia no CNPJ). Esta é uma pequena associação ambientalista fundada em 2006, integrado por Hermann Redies e Johanna Maria Redies. Como a Associação não dispõe de muitas verbas, e a RPPN não é muito grande, foi resolvido fazer um plano simples e de baixo custo (IBAMA 2004, pág. 13, ponto c), que se limita ao essencial. O roteiro prevê explicitamente a possibilidade de o próprio dono da RPPN elaborar o plano (IBAMA 2004, pág. 24). A Associação Mãe-da-lua escolheu esta opção considerando o seguinte:

O presidente da Associação, Hermann Redies (HR), Doutor em Biologia, está morando na área administrativa ao lado da RPPN desde 2006. Ele conhece bem o terreno, a avifauna, os mamíferos, uma parte da flora, a vizinhança, etc. Disponibilizou-se para fazer o presente plano sem custos para a Associação Mãe-da-lua.

O inventário da avifauna, uma lista dos mamíferos e uma descrição da flora da RPPN Mãe-da-lua foram elaborados entre 2006 e 2010. Assim, importantes partes do capítulo “Diagnóstico” do plano já estão disponíveis (IBAMA 2004, pág. 25, seções 3 e 5).

A Associação Mãe-da-lua mantém um site na internet: www.mae-da-lua.org/port. Uma grande parte do material apresentado neste site foi incorporada no plano (por exemplo, o inventário da avifauna). Do outro lado, algumas seções escritas para o plano foram também publicadas no site. Então, os conteúdos de ambos são parcialmente semelhantes ou idênticos. Porém, o site apresenta mais informações sobre a fauna, incluindo fotos e gravações de muitas aves da RPPN.

O principal autor deste texto é Alemão, vive no Brasil desde 1999 e o seu português não é perfeito. Amigos brasileiros ajudaram na revisão do texto, mas, provavelmente, ainda existem alguns erros de gramática e ortografia. Por isso, pedimos desculpas.

Associação Mãe-da-lua, 25 de março de 2012

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Sumário

1 Lista de figuras ............................................................................................................................. 1

2 Lista de siglas ............................................................................................................................... 2

3 Introdução ..................................................................................................................................... 3

4 Informações gerais ....................................................................................................................... 4

4.1 Acesso ................................................................................................................................... 5

4.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN ................................................................... 7

4.3 Ficha-resumo da RPPN ......................................................................................................... 8

5 Diagnóstico ................................................................................................................................... 9

5.1 Caracterização da RPPN ....................................................................................................... 9

5.1.1 Clima .............................................................................................................................. 9

5.1.2 Relevo ............................................................................................................................ 9

5.1.3 Hidrografia ..................................................................................................................... 11

5.1.4 Vegetação ..................................................................................................................... 14

5.1.5 Fauna ........................................................................................................................... 21

5.1.6 Visitação ....................................................................................................................... 29

5.1.7 Pesquisas e monitoramento.......................................................................................... 30

5.1.8 Ocorrência de fogo ....................................................................................................... 31

5.1.9 Atividades desenvolvidas na RPPN .............................................................................. 31

5.1.10 Sistema de gestão ........................................................................................................ 32

5.1.11 Pessoal ......................................................................................................................... 32

5.1.12 Infra-estrutura ............................................................................................................... 33

5.1.13 Recursos financeiros .................................................................................................... 39

5.1.14 Formas de cooperação ................................................................................................. 39

5.2 Caracterização da propriedade ............................................................................................ 40

5.3 Caracterização da área do entorno ...................................................................................... 40

5.3.1 Dados do IBGE sobre população .................................................................................. 40

5.3.2 Principais serviços ........................................................................................................ 41

5.3.3 Situação no entorno da RPPN ...................................................................................... 41

5.4 Possibilidade de conectividade ............................................................................................ 42

5.5 Declaração de significância ................................................................................................. 43

6 Planejamento .............................................................................................................................. 44

6.1 Objetivos específicos de manejo ......................................................................................... 44

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6.1.1 Proteção da fauna ........................................................................................................ 44

6.1.2 Proteção da flora .......................................................................................................... 44

6.1.3 Educação ambiental ..................................................................................................... 44

6.2 Zoneamento ........................................................................................................................ 45

6.2.1 Zona de proteção .......................................................................................................... 46

6.2.2 Zona de visitação e recuperação .................................................................................. 46

6.2.3 Área administrativa da Mãe-da-lua ............................................................................... 46

6.3 Programas de manejo .......................................................................................................... 47

6.3.1 Manejo sem recursos.................................................................................................... 47

6.3.2 Programa de proteção básica ....................................................................................... 48

6.3.3 Programa de administração .......................................................................................... 49

6.3.4 Programa de manutenção da infra-estrutura ................................................................. 50

6.3.5 Programa de proteção e fiscalização ............................................................................ 53

6.3.6 Programa de (re)-construção de cerca ......................................................................... 54

6.3.7 Programa de pesquisa .................................................................................................. 55

6.3.8 Programa de visitação .................................................................................................. 56

6.3.9 Programa de comunicação ........................................................................................... 59

6.3.10 Programa de ampliação da RPPN ................................................................................ 60

6.4 Cronograma de atividades e custos ..................................................................................... 61

6.4.1 Cronograma: Programa de manejo básico .................................................................... 61

6.4.2 Cronograma: Programa de administração .................................................................... 61

6.4.3 Cronograma: Programa de manutenção da infra-estrutura ........................................... 62

6.4.4 Cronograma: Programa de proteção e fiscalização ...................................................... 62

6.4.5 Cronograma: Programa de (re)-construção de cerca .................................................... 63

6.4.6 Cronograma: Programa de pesquisa ............................................................................ 63

6.4.7 Cronograma: Programa de visitação ............................................................................. 64

6.4.8 Cronograma: Programa de comunicação...................................................................... 64

6.4.9 Cronograma: Programa de ampliação da RPPN ........................................................... 65

6.4.10 Cronograma: Resumo dos custos ................................................................................. 65

7 Anexos ........................................................................................................................................ 66

7.1 Anexo: Espécies da flora ..................................................................................................... 66

7.2 Anexo: Avifauna ................................................................................................................... 68

7.3 Anexo: Portaria 58, de 29 de Julho de 2009 ........................................................................ 80

7.4 Anexo: Fotos de satélite da RPPN (Google earth) ............................................................... 81

8 Referências bibliográficas ........................................................................................................... 82

9 Bibliografia consultada ................................................................................................................ 84

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1 Lista de figuras Figura 1. A paisagem da RPPN Mae-da-lua. ........................................................................................ 4 Figura 2. Mapa: Acesso à RPPN Mãe-da-lua, a partir da BR222. ........................................................ 5 Figura 3. Entorno da RPPN Mãe-da-lua. .............................................................................................. 6 Figura 4. Foto de satélite, do “Google earth”, mostrando o relevo da RPPN. ..................................... 10 Figura 5. Olho d'água das gameleiras. ................................................................................................ 11 Figura 6. Açude do Salitre, no nível máximo (sangrando). ................................................................. 12 Figura 7. Hidrografia da RPPN Mãe-da-lua. ....................................................................................... 13 Figura 8. Mata seca madura. ............................................................................................................. 15 Figura 9. Embiratanha na serra. ......................................................................................................... 16 Figura 10. Mata sub-úmida. Parte superior de uma barriguda (Ceiba glaziovii?). .............................. 17 Figura 11. Samambaia (“Barba de velho”) na mata sub-úmida (“mata fresca”). ................................. 18 Figura 12. Caatinga arbórea na planície. ........................................................................................... 19 Figura 13. Jacus verdadeiros no Olho d‟água das gameleiras. .......................................................... 21 Figura 14. Uma pequena catita, possivelmente Gracilianus sp. ......................................................... 24 Figura 15. Gato-maracajá Felis tigrina. .............................................................................................. 26 Figura 16. Veado Mazama americana. ............................................................................................... 27 Figura 17. Estradas e trilhas da RPPN Mãe-da-lua. ........................................................................... 34 Figura 18. Trechos de cerca. ............................................................................................................. 37 Figura 19. Zoneamento. ..................................................................................................................... 45 Figura 20. Vista geral da RPPN, com referências e os nomes de algumas áreas. ............................. 81

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2 Lista de siglas

COBIO Coordenadoria de Biodiversidade (CONPAM)

CONPAM Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente

HR Dr. Hermann Redies, representante legal da Associação Mãe-da-lua

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

SEMACE Superintendência Estadual de Meio Ambiente

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC Unidade de conservação

UFC Universidade Federal do Ceará

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3 Introdução

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) foi instituída pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 1990, por meio do decreto 98.914/1990. Desde o ano 2000, a RPPN faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). A lei 9.985 define a RPPN como unidade de uso sustentável (Art. 14). É uma “área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.” (Art. 21). As únicas atividades permitidas em uma RPPN são pesquisas científicas e visitação (Art. 21, §2º). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é a instituição federal responsável pela criação e fiscalização das RPPN. Atualmente, há 595 RPPN no Brasil, com 480,247.35 hectares protegidas. No Ceará, existem 21 RPPN, integrando um total de 11,241.24 hectares (http://sistemas.icmbio.gov.br/simrppn/publico, acesso 26/3/2012. Sem dúvida, o papel das RPPN na preservação da natureza é significativo, ainda que existam também problemas. Por exemplo, no Ceará, algumas RPPN são semi- abandonadas, e outras são utilizadas (pelo dono, morador ou vizinhos) para a criação de animais ou para plantação. A caça e os incêndios florestais também são comuns. A lei 9.985/2000 (“lei do SNUC”) determina que cada UC deverá dispor de um plano de manejo (Art. 27). No Art. 2, Inciso XVII da mesma lei, o plano de manejo é definido como “... documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”. Segundo o roteiro do IBAMA (IBAMA 2004), o planejamento de uma RPPN deve ser contínuo, gradativo e flexível (pág. 20). Para nossa RPPN, a característica de ser “gradativo” é particularmente relevante. Implica, entre outras coisas, que conhecimentos detalhados de toda a flora da UC não são necessários para a elaboração do plano de manejo. Dados novos podem ser incorporados em futuras versões. Por exemplo, no presente plano não há um inventário completo da flora da serra, mas tal inventário poderia ser incluído mais tarde, depois de efetuar uma pesquisa botânica (que é justamente parte do presente plano, veja seção 6.3.7.1, pág. 55). A situação atual da RPPN Mãe-da-lua é precária. Estamos, praticamente, sem fundos financeiros. O principal recurso é o trabalho voluntário de um sócio da Associação Mãe-da-lua. Faltam vigias e cerca, não é possível realizar educação ambiental, nem tomar medidas de prevenção de fogo. O presente plano de manejo, que foi elaborado sem verbas externas, é parte dos nossos esforços para superar estas dificuldades. Em particular, temos os seguintes objetivos (veja IBAMA 2004, pág. 21/22):

Providenciar uma descrição detalhada da RPPN para as instituições do governo federal e estadual, para potenciais doadores e para outras partes interessadas;

Definir planos e projetos para o manejo da UC;

Criar um documento que ajude na captação de verbas.

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4 Informações gerais

A RPPN Mãe-da-lua é uma unidade de conservação (UC) de 764,08 hectares no município de Itapajé no interior do Ceará, com dois habitats principais: Caatinga arbórea e mata da serra. A proprietária é a Associação Mãe-da-lua, uma pequena associação ambientalista sem fins lucrativos.

Figura 1. A paisagem da RPPN Mae-da-lua.

No primeiro plano, um açude seco e a vegetação de Caatinga. No segundo plano, a serra da RPPN Mãe-da-lua ("Serra dos Vertentes"). A distância entre o açude ("A" na foto) e a "mata fresca" na linha da serra ("B") é, aproximadamente, 1700 metros. Um gavião poderia voar de "A" a "B" em menos de 2 minutos. Porém, uma pessoa caminhando nas nossas trilhas sinuosas leva no mínimo 90 minutos para chegar.

18/02/2010. © Hermann Redies.

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4.1 Acesso

Saindo de Fortaleza – CE. Na BR222 segue em torno de 108 km, até “Pedra d'água” (GPS -3.761, -39.485), no município de Itapajé. Neste ponto, segue-se a estrada na direção do Retiro / Tejuçuoca. Veja Figura 2 e Figura 3.

É possível viajar de ônibus (Guanabara) até Pedra d‟água, continuando com um moto-táxi até a reserva.

O gerente da RPPN, Hermann Redies (HR), é localmente conhecido como “o alemão”. Muitas pessoas sabem informar como chegar até a “reserva do alemão”.

Figura 2. Mapa: Acesso à RPPN Mãe-da-lua, a partir da BR222.

A BR 222 conecta Fortaleza a Sobral, passando por Umirim e Itapajé. Quem não conhece a região, pode consultar um mapa rodoviário do Ceará para se situar melhor.

Para detalhes do entorno da RPPN, veja próxima página.

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Na estação seca: A partir de Pedra d‟água, dirigir 5 km até a casa do João Ferreira (GPS -3,798, -39,481). Dobrar à esquerda e entrar no Serrote-do-meio. A partir de lá, são ainda 6 ou 7 km. Seguir o croqui (Figura 3, flechas verdes) ou perguntar na vizinhança. O mais fácil seria pedir ajuda a um moto-taxista em Pedra d‟água, para guiá-lo até a entrada da reserva. Na estação das chuvas: Havendo muita água no Rio Caxitoré, não é possível passar por Serrote-do-meio. Neste caso, dirigir 9 km até uma ponte que está localizada um pouco antes do Retiro (Figura 3, flechas vermelhas). Depois da ponte, sobre o Rio Caxitoré, dobrar à esquerda. Seria melhor pedir ajuda a um moto-taxista para não se perder. Provavelmente, há moto-taxistas na entrada do Retiro, perto do comércio do Jairo Moura.

Figura 3. Entorno da RPPN Mãe-da-lua.

Um ponto de referência, também indicado na Figura 2, é a casa do João Ferreira, uma pequena casa na beira da estrada entre a Pedra d’água e o Retiro, imediatamente antes da entrada de Serrote-do-meio.

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4.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN

A Associação Mãe-da-lua comprou o terreno da RPPN em 2006, com a intenção de estabelecer uma reserva ecológica. Antes de comprar, nosso sócio Hermann Redies (HR) viajou durante vários meses pelo Ceará e Piauí, na busca de um terreno apropriado para uma reserva natural. A escolha final foi um compromisso: Para o padrão do Ceará, o terreno da Mãe-da-lua é muito bem preservado. É um dos poucos lugares no Ceará onde vivem ainda macacos-prego em liberdade. O terreno teve a documentação atualizada. Encontra-se perto de Fortaleza (120 km). Não havia energia, porém, a COELCE nos falou que ia estender a rede de energia até a reserva (e fez isso!). Contudo, também houve desvantagens, por exemplo, o preço relativamente alto de terra no Ceará e a densidade da população nesta região.

A história recente da propriedade é típica para a região. Até o início da década de 70, a reserva era uma fazenda de algodão. As plantações cobriram a planície e os declives de fácil acesso na serra, porém, não atingiram as partes mais altas da serra, nem as áreas onde escarpas impossibilitaram a agricultura. Em cima de um dos serrotes havia um bananal, que foi abandonado há décadas. A partir dos anos 70, o cultivo de algodão foi descontinuado por causa de uma praga (o “bicudo do algodão”), e a fazenda foi usada para criar gado em pasto nativo (Caatinga secundária), e para agricultura de subsistência com cortes de madeira e queimadas. As áreas de difícil acesso, e algumas das antigas áreas de algodão, ficaram sem mais interferência.

Em Janeiro de 2008, demos entrada no processo de criação de RPPN no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A portaria de criação da RPPN foi publicada no dia 29 de Julho de 2009 (Anexo, pág. 80).

Os principais documentos que definem a RPPN são os seguintes.

1) Registros públicos dos quatro terrenos que junto constituem a RPPN:

Matrícula 3.841, L 2-A, Cartório Brito Firmeza 2º Oficio, Itapajé, 01/11/2006, com averbação 02-3.841, 28/08/2007. 168,00 hectares;

Matrícula 3.695, L 2-A, Cartório Brito Firmeza 2º Oficio, Itapajé, 01/11/2006. 401,08 hectares;

Matrícula 3.909, L 2-A, Cartório Brito Firmeza 2º Oficio, Itapajé, 26/09/2007. 85,00 hectares;

Matrícula 3.922, L 2-A, Cartório Brito Firmeza 2º Oficio, Itapajé, 26/10/2007. 110,00 hectares;

2) Mapa geo-referenciado e memorial descritivo, elaborados para a criação da RPPN em 2008/2009, e anexados ao processo de criação;

3) Portaria 58 de 29 de Julho de 2009 (Anexo pág. 80).

O nome “RPPN Mãe-da-lua” se refere a uma ave, a “mãe-da-lua” (Nyctibius griseus), também chamada “urutaú” (do Tupi = ave fantasma). Trata-se de uma espécie noturna, da família Nyctibiidae, que produz um canto muito particular nas noites com luar, especialmente na época chuvosa (Sick 1997). A mãe-da-lua é comum na nossa RPPN.

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4.3 Ficha-resumo da RPPN

Nome da RPPN: RPPN Mãe-da-lua

Nome do proprietário: Associação “Reserva ecológica Mãe-da-lua”, CNPJ 08.190.364/0001-93

Representante legal: Dr. Hermann Redies

Contato: Dr. Hermann Redies

Endereço da RPPN: Serrote-do-meio, Itapajé.

Correspondência: Hermann Redies, Rua Joaquim Alexandre 140, CX postal 12. Itapajé-CE. CEP 62600-000

Tel. (85) 9248-6157 (o sinal, às vezes, é fraco).

E-mail: [email protected]

Página na internet: www.mae-da-lua.org/port

Área da RPPN: 764,08 ha

Principal município de acesso: Itapajé-CE

Município: Itapajé-CE. No limite com Pentecoste, Apuiarés e Tejuçuoca.

Coordenadas: Vértice 00, -03 48‟ 40,959” -39 28‟ 24,749” (veja memorial descritivo)

Ato de criação: Portaria 58, de 29 de Julho de 2009

Marcos e referências: Serra dos Vertentes.

Biomas: Caatinga, mata serrana seca, mata serrana sub-úmida (mata Atlântica)

Distâncias: 30 km do centro de Itapajé. Ca. 120 km de Fortaleza.

Meio principal de chegada: carro ou moto.

Atividades: Prevenção de caça e incêndios, monitoramento do terreno, levantamento da fauna e flora, visitação, educação ambiental.

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5 Diagnóstico

5.1 Caracterização da RPPN

Para uma vista geral da RPPN em foto de satélite, veja anexo pág. 81.

5.1.1 Clima

O clima no interior do Ceará é caracterizado por muito sol e calor, com temperaturas médias anuais entre 25º e 28ºC. Há pouca variação de temperaturas durante o ano (IPLANCE 1997, pág. 24/25). A precipitação no município de Itapajé é, na média, cerca de 850 mm (IPLANCE 1997, pág. 22/23). A época chuvosa vai de janeiro até junho, porém, é bastante irregular. O resto do ano, quase não há chuva. Secas de um ou mais anos são comuns, e cheias ocorrem também (Andrade-Lima 1981, Prado 2003).

5.1.2 Relevo

Os dados de altitude apresentados nesta seção são do “Google earth” (Google Inc.), do dia 11/12/2011, e de HR, medido com GPS (Etrex Garmin). O relevo é ilustrado na Figura 4.

Mais de 400 hectares no lado sul da RPPN são serra (“Serra dos Vertentes”), bastante acidentada, com vários vales e serrotes com uma altitude máxima de aproximadamente 650 m. Muitos lugares nesta parte da reserva são de difícil acesso (e por isso, preservadas). Há trilhas até a linha da serra, mas só para pedestres, e precisa-se de certa forma física para chegar.

O restante do terreno no lado norte é planície, com altitude de 200-220 m no “pé da serra” e gradualmente descendo para 100 metros de altitude, na extremidade norte do terreno.

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Figura 4. Foto de satélite, do “Google earth”, mostrando o relevo da RPPN.

Baixado no dia 11/12/2011. A linha azul é o contorno da RPPN. A linha branca dentro do contorno indica a transição entre planície e serra. Veja texto para mais explicações.

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5.1.3 Hidrografia

No semi-árido, água é particularmente importante. Na RPPN Mãe-da-lua há vários olhos d‟água e dois açudes, nos lugares indicados na Figura 7.

Olho d‟água das gameleiras. Na serra, é a fonte d‟água a mais importante. Abaixo de uma grande gameleira, a água pinga e corre das rochas e raízes, com uma vazão de no mínimo 1000 litros por dia. Veado, gato-maracajá, sagüi, macaco-prego, jacu e muitos outros animais bebem a água desta fonte (Figura 5), apesar de ser um pouco salobra.

Figura 5. Olho d'água das gameleiras.

Dois sagüis (Callithrix jacchus) estão bebendo.

RPPN Mãe-da-lua, 21/02/2010. (c) Hermann Redies.

Olho d‟água do Jan Filó, também localizado na serra. Esta fonte só dá água se (TBD) cavar e mantiver um buraco entre as rochas. Abandonamo-lo temporariamente, pois o lugar é frequentado por caçadores e não temos como vigiar regularmente. Agora, a fonte seca no fim do ano. Contudo, poderia facilmente ser reativada.

Olho d‟água do Zé Alves. Aqui, tinha água antigamente (20-30 anos atrás), porém, hoje a fonte é coberta de terra. Provavelmente, poderia ser reativada tirando a terra, que é úmida. Contudo, não temos os recursos para vigiar, por isso, deixamos o olho d‟água enterrado. É uma pena, porque o vale do Zé Alves, com uma fonte de água, seria um lugar maravilhoso para a fauna silvestre.

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Olho d‟água dos coqueiros. Situado no pé da serra, cobrindo uma área de aproximadamente 5 x 10 metros, com muita água, e rodeado de terreno que vira facilmente um brejo na época das chuvas. A água é salobra, mas há peixe e cágados e, frequentemente, um socó-boi está forrageando na água rasa. Muitos passarinhos bebem lá; eu vi também saracuras (Aramides sp), pai-luiz (Neocrex erythrops), macacos-prego e veados na redondeza.

Olho d‟água do Salitre. Outro olho d‟água perene na planície. Normalmente, não muito importante, porque o açude do Salitre é perto (veja abaixo).

Açude perto da sede da Mãe-da-lua. Cobre uma área de aproximadamente 2.5 hectares quando cheio. Este açude apresenta vazamentos (água passando por baixo da parede), e em muitos anos seca em outubro ou mais tarde, dependendo das chuvas que ocorrerem. É visitado por muitos animais, como guaxinim, raposa, gato-mourisco, veado e aves aquáticas. A água é potável.

Açude do salitre. Superfície de cerca de 1,5 hectares quando cheio. Este açude secou somente uma vez entre 2006 e 2011. A água é potável. Veja Figura 6.

Durante a época das chuvas, vários pequenos riachos correm na reserva. Nas fazendas vizinhas, há outras fontes de água e açudes. O Rio Caxitoré, com água na estação das chuvas, passa 1.500 metros no sul da RPPN (Figura 4).

Figura 6. Açude do Salitre, no nível máximo (sangrando).

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Figura 7. Hidrografia da RPPN Mãe-da-lua.

ACC = Açude perto da casa sede. ACS = Açude do Salitre.

OAS = Olho d’água do Salitre. OAcoq = Olho d’água dos coqueiros. OAJF = Olho d’água do Jan Filó.

OAgam = Olho d’água das gameleiras. OAZA = Olho d’água do Zé Alves.

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5.1.4 Vegetação

A flora da reserva e seu estado de preservação são bastante variados. Em geral, as áreas de difícil acesso são as menos perturbadas. Numa parte da serra, a mata está crescendo sem interferência, desde 40 anos ou mais. Há até áreas onde a mata nunca foi cortada, porém, pelo menos algumas destas sofreram incêndios.

Um levantamento da vegetação da reserva feito por um botânico ou outra pessoa competente não está disponível, por enquanto (veja o projeto de pesquisa na seção 6.3.7.1, pág. 55). As informações seguintes são preliminares, baseadas nas observações e estimativas de HR. Para uma lista anotada de algumas espécies da flora da RPPN, veja anexo, pág. 66.

5.1.4.1 Flora da serra em altitudes acima de 500 m

Nas partes altas da serra, acima de 500 metros, os principais tipos de vegetação são:

Mata seca, mais ou menos bem preservada, com rica biodiversidade e várias aparências. Em algumas áreas, até as árvores velhas não excedem 2-4 metros de altura, veja Figura 8. Em outras áreas, as árvores são bem mais altas e grossas (Figura 9).

Segundo a classificação do IBGE, esta vegetação seria floresta estacional decidual montana (Velose et al. 1991, IBGE 1992, Araújo et al. 2007).

Mata sub-úmida madura, pelo menos em parte secundária ("mata fresca"). Cobre uma área de 5-7 hectares no alto da serra, numa elevação de 600 metros ou mais. Nesta mata, muitas árvores são altas, grossas e cobertas por lianas e epífitas (Figura 10). Em todo lugar se vê "samambaia" pendurada nos galhos (Figura 11). A "mata fresca" é parecida com a mata sub-úmida e úmida das serras de Baturité e Maranguape, Ceará. Ela se acha frequentemente dentro das nuvens, o que explica a abundância de “samambaia”.

No esquema do IBGE, essa vegetação é classificada como floresta estacional semidecidual montana (Velose et al. 1991, IBGE 1992, Araújo et al. 2007).

Para os fins do decreto 750 do dia 10 de fevereiro de 1993, a flora da nossa serra acima de 500 metros é incluída no domínio da Mata Atlântica (Araújo et al. 2007). Na “mata fresca”, e também em partes da mata seca, há árvores que identifiquei tentativamente como braúnas (Schinopsis brasiliensis). Esta espécie é classificada como ameaçada de extinção (Nickel Maia 2004). Seria necessário confirmar a identificação.

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Figura 8. Mata seca madura.

Área rochosa, na linha serra da RPPN Mãe-da-lua. As árvores têm somente 2-4 metros de altura.

RPPN Mãe-da-lua, 28/02/2010. © Hermann Redies.

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Figura 9. Embiratanha na serra.

A mais grossa embiratanha (Pseudobombax marginatum) da serra da RPPN Mãe-da-lua. Há várias outras embiratanhas no terreno, que atingem quase esta grossura.

RPPN Mãe-da-lua. 28/02/2010. © Hermann Redies.

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Figura 10. Mata sub-úmida. Parte superior de uma barriguda (Ceiba glaziovii?).

A árvore está carregada de vinhas, e parece que até cacti crescem em cima dela. A maior parte das folhas visíveis na foto é das vinhas.

"Mata fresca" da RPPN Mãe-da-lua. 28/02/2010. © Hermann Redies.

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Figura 11. Samambaia (“Barba de velho”) na mata sub-úmida (“mata fresca”).

Serra da RPPN Mãe-da-lua. 22/09/2007. © Hermann Redies.

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5.1.4.2 Flora em altitudes abaixo de 500 m

As partes baixas da serra e a planície são cobertas por Caatinga arbórea secundária em vários estágios de regeneração (Figura 12). Há áreas extensas com alta biodiversidade, que parecem ter crescido sem interferência desde há 30 anos ou mais. Outras áreas são menos preservadas. No sistema do IBGE, a vegetação é savana-estépica florestada ou arborizada (IBGE 1992, pág. 27/28). Contudo, este esquema não é geralmente aceito (Prado 2003). Segundo a classificação proposta por Andrade-Lima, a flora da RPPN seria “Unit II”: “...typical caatinga forest, characterized by a not too dense arboreous stratum, 7-15 m tall, with many thorn bearing species...” (Andrade-Lima 1981, pág. 158). Nos vales e nas encostas mais baixas da serra, a espécie de árvore mais comum é o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia). Outras espécies comuns são angico (Anadenanthera macrocarpa), arapiraca (Chloroleucon dumosum), aroeira (Myracroruon urundeuva), juazeiro (Ziziphus joazeiro), pau d‟arco roxo (Tabebuia impetiginosa), maniçoba (? veja Braga 1976, pág. 351/352), trapiá (Crateva tapia) e outros.

Figura 12. Caatinga arbórea na planície.

(A): Arapiraca (Chloroleucon dumosum). (B) Sabiá (Mimosa caesalpiniifolia). Nos arredores desde lugar, às vezes, é possível ver ou ouvir o Jacu verdadeiro (Penelope jacucaca), a pequena saracura-do-mangue (Aramides mangle) ou o macaco-prego (Cebus apella).

RPPN Mãe-da-lua, 21/02/2010. (c) Hermann Redies.

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Na planície, com altitudes entre 100 e 200 metros, árvores comuns são ameixa (Ximenia americana), catingueira (Caesalpinia pyramidalis), juazeiro (Ziziphus joazeiro), jucá (Caesalpinia ferrea), jurema preta (Mimosa tenuiflora), marmeleiro preto (Croton sonderianus), mofumbo (Combretum leprosum), sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), entre outros. Há também remanescentes de plantações de cajueiro (Anacardium occidentale), coqueiro (Cocos nucifera) e cirigüela (Spondias purpurea).

Os nomes latinos das espécies de árvores são baseados em Nickel Maia 2004 e Braga 1976. Para mais detalhes sobre as espécies da flora (anexo pág. 66).

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5.1.5 Fauna

5.1.5.1 Aves

A lista da avifauna da RPPN Mãe-da-lua, elaborada por HR entre 2006-2011, encontra-se no anexo (pág. 68). Quase todos os 167 registros da lista têm documentação material (foto ou gravação sonora). Veja também www.mae-da-lua.org/port/mdl_list_of_birds.html, com as páginas das espécies. Para métodos, veja http://www.mae-da-lua.org/port/methods.html.

Espécies ameaçadas de extinção

O Jacu verdadeiro Penelope jacucaca (Figura 13) é classificado como “vulnerável” (Bird Life International 2008, Silveira 2008). Contudo, na RPPN, a espécie é bem representada. Em 2010, foram contados 38 indivíduos na reserva, perto do Olho d‟água das gameleiras (Redies 2012).

Figura 13. Jacus verdadeiros no Olho d’água das gameleiras.

RPPN Mãe-da-lua, 01/08/2010. (c) Hermann Redies.

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O jacu verdadeiro consegue adaptar-se a uma variedade de habitats, incluindo Caatinga secundária madura (Snethlage 1928, Olmos 1993, Redies 2012). Este último tipo de vegetação não é raro no nordeste e tudo indica que a principal ameaça para Penelope jacucaca não é destruição do hábitat, mas a caça ilegal (Olmos 1993, Redies 2012). A proteção em unidades de conservação é frequentemente incompleta. Por exemplo, no caso da RPPN Mãe-da-lua, há dois problemas: às vezes, caçadores invadem a RPPN, e pelo menos uma parte dos jacus costuma deslocar-se para áreas desprotegidas fora da RPPN. Os programas de proteção (6.3.5, pág. 53) e de ampliação da RPPN (6.3.10, pág. 60) sugerem medidas para aumentar a proteção dos jacus.

Espécies vítimas de caça

As seguintes aves são procuradas pelos caçadores da região:

Tinamidae, como Crypturellus sp;

Anatidae, como a marreca Dendrocygna viduata;

Cracidae (veja acima);

Columbidae, em particular a juriti Leptotila verreauxi;

Rallidae, como saracuras Aramides sp. e o pai-luiz Neocrex erythrops;

Entre outras.

Espécies ameaçadas pelo tráfico

O comercio ilegal de aves de gaiola é muito popular na região. As seguintes espécies são frequentemente capturadas na redondeza da RPPN e possivelmente até dentro da RPPN:

Aratinga cactorum – Periquito, louro;

Cyanocorax cyanopogon – Cancã;

Turdus rufiventris – Sabiá-laranjeira, gonga;

Paroaria dominicana – Galo-de-campina;

Tangara cayana – Saíra-amarelo;

Sporophila lineola – Bigodinho;

Sporophila albogularis – Golinho;

Coryphspingus pileatus – Abre-e-fecha, Galinho-da-serra;

Cyanocompsa brissonii – Azulão;

Icterus cayanensis – Primavera;

Chrysomus ruficapillus – Papa-arroz;

Entre outras.

O Pintassilvia Carduelis yarellii e o Canário da terra Sicalis flaveola já não foram avistados no terreno da RPPN e no seu entorno, desde há 10-15 anos.

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Ocorrências notáveis ou incomuns

Na época das chuvas, há uma forte população da saracura-do-mangue Aramides mangle, pelo menos em alguns anos (Redies 2010). O registro de Buteogallus urubitinga (veja foto no nosso site http://www.mae-da-lua.org/port/species/buteogallus_urubitinga_00.html) o primeiro (e único?) registro documentado da espécie no Ceará desde mais que 60 anos (Rocha 1948). Aparentemente, pelo menos um casal é residente na Serra dos Vertentes (última observação do casal: Janeiro de 2012 por HR). Outras espécies incomuns e/ou pouco conhecidas incluem Neocrex erythrops, Pulsatrix perspicillata, Aegolius harrisii, Anopetia gounellei, Herpsilochmus sellowi e Casiornis fusca.

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5.1.5.2 Mamíferos

Segue um relatório dos mamíferos observadas na RPPN, de 2006 à 2011, por HR. As seguintes fontes foram consultadas para identificação das espécies: Eisenberg & Redford 1999; Von Ihering 2002; Melo Carvalho 1995. Veja também a seção relevante no nosso site: http://www.mae-da-lua.org/port/mdl_list_of_mammals.html.

Marsupialia

O cassaco Didelphis marsupialis foi avistado pelo menos uma vez perto do olho d‟água das gameleiras, em novembro de 2011. É bastante comum nos arredores da RPPN, e bem conhecido pela população rural, pois costuma invadir casas e galinheiros. Encontramos também uma espécie de catita ("mouse-

opossum"), talvez Gracilianus sp. (Eisenberg & Redford, 1999, pág. 57). Veja Figura 14.

Figura 14. Uma pequena catita, possivelmente Gracilianus sp.

RPPN Mãe-da-lua. 19/11/2009. © Hermann Redies

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Deve haver ainda outros marsupiais, como por exemplo, a catita Monodelphis domestica, comum nas habitações humanas da redondeza.

Xenarthra

O tamanduá (ou mambira)Tamandua tetradactyla existe ainda, porém é raro. Vi esta espécie somente uma vez. Apareceu também em um pátio na redondeza e já vi a carcaça sendo vendido na feira de Itapajé. Em minha opinião, há grande perigo de extinção local por conta da caça.

Há dois representantes da família Dasypodidae, a saber, o peba Euphractus sexcinctus e outra espécie que os sertanejos chamam de "tatu". Os caçadores que invadem a RPPN, frequentemente procuram estas duas espécies.

Chiroptera

Temos várias espécies de morcegos, entre outros os "vampiros", que são morcegos sugadores de sangue. Estes atacam não somente animais de grande porte, como cavalos (incluindo o cavalo do autor) e gado, mas também aves grandes como galinhas. Supostamente, podem ser um perigo para nossa população de jacus (Sick 1997, pág. 275).

Primates

Os primatas presentes na Reserva Mãe-da-lua são o soim (ou sagüi, Von Ihering 2002) Callithrix jachus e o macaco-prego Cebus apella. As duas espécies são comuns. Vale ressaltar que o macaco-prego não tem muitos inimigos naturais, uma vez que águias e gatos grandes (onça vermelha etc.) são localmente extintos. Isso explica a abundância desta espécie na RPPN e sua redondeza (40-60 indivíduos).

Carnivora

A raposa Cerdocyon thous (?) é bastante comum.

Há duas espécies de gato-do-mato. Uma delas é Felis yagouaroundi, o gato-mourisco. No fim de 2007 e início de 2008, vi repetidas vezes um animal adulto (provavelmente uma fêmea) com três jovens. Em 2011, vi um individuo solitário em outro lugar da RPPN. A outra espécie tem o tamanho de um gato doméstico e as cores da onça pintada (amarelo com manchas pretas). Trata-se de Felis tigrinus, uma espécie ameaçada de extinção (Oliveira 2008). Os sertanejos chamam este animal de "gato-maracajá" ou

às vezes "gato pintado" (Figura 15).

Outro carnívoro é o guaxinim Procyon cancrivorus, cujos rastros característicos podem frequentemente ser vistos.

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Em uma única ocasião, vi uma jaritacaca (ou cangambá, Von Ihering 2002), aparentemente Conepatus semistriatus (veja Eisenberg & Redford 1999, pág. 291/292). Moradores velhos da região confirmaram que antigamente, estes animais foram às vezes avistados. Do outro lado, os jovens que perguntei não conheciam a jaritacaca.

Figura 15. Gato-maracajá Felis tigrina.

O gato-maracajá, bebendo no olho d’água das gameleiras,

RPPN Mãe-da-lua, 25/07/2008. © Hermann Redies.

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Artiodactyla

Segundo relatos unânimes dos vizinhos, há algumas décadas, veados eram comuns na Serra dos Vertentes. Porém, os caçadores quase acabaram com a espécie. Desde que fundamos a reserva, a população de veado parece ter se recuperado um pouco e, atualmente, estes animais podem até ser

vistos perto da sede da Mãe-da-lua. A espécie é o veado-pardo Mazama americana. Na lista vermelha da IUCN, M. americana é classificado como “data deficient”, o que significa que não há informações suficientes para saber se a espécie é ameaçada ou não (Durate et al. 2008).

Figura 16. Veado Mazama americana.

Este veado veio beber água no açude central da RPPN Mãe-da-lua.

RPPN Mãe-da-lua, 01/01/2010. © Hermann Redies.

Não é impossível existir outra espécie de veado aqui. No ano passado, um trabalhador relatou ter visto um veado bem menor que Mazama americana, com cor diferente, a saber, mais cinza-amarelado do que vermelho. Isto corresponde à descrição de Mazama gouazoubira em Eisenberg & Redford 1999, pág. 345. Contudo, precisamos de mais observações para poder confirmar este veado na nossa RPPN.

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Rodentia

O roedor mais visível é o preá (Galea spixii).

Outro roedor é o punaré Thrichomys apereoides. Outrora, era muito comum na reserva, porém a caça tem diminuído muito a população. Parece que no passado, havia também o mocó Kerodon rupestris, mas desde que compramos a reserva em 2006, ainda não o vi.

Provavelmente, há várias espécies de ratos da família Muridae na reserva, mas tenho somente um registro documentado, a saber, Wiedomys pyrrhorhinos. Está última espécie é bastante comum e até já apareceu uma vez na minha cama, na sede da Mãe-da-lua.

Espécies ameaçadas de extinção Das espécies acima listadas, somente o gato maracajá é considerado ameaçado de extinção (Oliveira 2008). Contudo, acredito que o veado, o macaco-prego e o tamanduá são ameaçados de extinção regional, no estado do Ceará. Os macacos-prego, por exemplo, são tão incomuns, que os residentes de Itapajé às vezes me perguntam se eu comprei os macacos, para soltá-los na RPPN.

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5.1.6 Visitação

5.1.6.1 Observadores de aves

Em 2007 e 2008, recebemos, em cooperação com um guia local, um total de seis visitas de observadores de aves. A maior atração da RPPN são os jacus verdadeiros (Penelope jacucaca). Outras espécies interessantes para observadores incluem, por exemplo, Aramides mangle, Neocrex erythrops, Casiornis fusca, Anopetia gounellei e Herpsilochmus sellowi.

Consideramos a possibilidade de desenvolver o turismo de observação de aves, em busca de gerar recursos para o manejo da entidade.

5.1.6.2 Educação ambiental

HR já deu palestras sobre a RPPN em vários colégios da redondeza. Sem dúvida, os educadores têm grande interesse por assuntos ambientais e são dispostos para colaborar com a RPPN em busca de melhorar a educação ambiental.

As instituições de ensino (colégios, faculdades etc.) poderiam aproveitar a RPPN para realizar aulas de campo. A reserva seria ideal para aprofundar temáticas como:

Flora da Caatinga e da serra

Aves e mamíferos do Ceará

Espécies ameaçadas de extinção no nosso município / estado

O que é biodiversidade?

Caça no Ceará é crime ambiental

Queimadas e incêndios florestais

A programação poderia incluir palestras e caminhadas nas trilhas da reserva. Já recebemos grupos pequenos de 4-5 pessoas em duas ocasiões. Uma turma de 30 pessoas do IFCE Umirim visitou a RPPN nos dias 21/22 de dezembro de 2011.

Por enquanto, visitas de escolas e faculdades são problemáticas, pois a sede da Associação na área administrativa não é apropriada para receber grandes grupos de pessoas com conforto, e as trilhas são precárias. Veja seção 6.3.8, pág. 56.

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5.1.7 Pesquisas e monitoramento

A RPPN Mãe-da-lua oferece amplas oportunidades para trabalhos científicos, relevantes para a gestão da RPPN ou de interesse geral. Obviamente, pesquisas sobre espécies bem representadas na UC seriam mais fáceis de realizar. No seguinte, algumas propostas para projetos científicos:

Migrações locais do Jacu verdadeiro Penelope jacucaca

Migrações locais do veado Mazama americana

Comportamento do Jacu verdadeiro Penelope jacucaca na época da reprodução

Impacto ecológico de uma grande população de macacos-prego numa pequena UC, com recomendações de manejo

Levantamento da flora da serra da RPPN Mãe-da-lua

Fauna endêmica da Caatinga arbórea

As duas pesquisas sobre migrações poderiam contribuir diretamente para a proteção dos jacus e veados, pois estes animais costumam sair da reserva e migrar para lugares sem proteção (Redies 2012 e observação pessoal em 2010-2012). Informações sobre motivos e destinos destes deslocamentos ajudariam a definir medidas de conservação adequadas (ampliar a RPPN, por exemplo). Por enquanto, não temos planos concretos de conduzir estas pesquisas, por falta de recursos e de licenças.

Para o projeto de levantamento da flora serrana, veja seção 6.3.7.1, pág. 55.

A Associação Mãe-da-lua não permite a coleta de animais na RPPN. Os estudos realizados até agora são Redies, H. (2010) Little Wood Rail Aramides mangle in the Caatinga: vocalizations and habitat. Cotinga 32:137-141. Redies, H. (2012) Observations on White-browed Guan Penelope Jacucaca in northeast Brazil. Submitted for publication. Os dois trabalhos foram baseados em simples observações do comportamento das aves na natureza, incluindo gravações de vozes e fotos. Não houve nenhum tipo de coleta ou captura de aves.

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5.1.8 Ocorrência de fogo

No passado, havia numerosos incêndios florestais no terreno que hoje é RPPN. As causas mais comuns dos incêndios foram:

Queimadas fora do controle;

Pessoas coletando mel na mata, usando fogo para fazer fumaça.

Em 2007, houve um incêndio criminoso no nosso terreno. Nossa principal medida para a prevenção de incêndios é conversar com os vizinhos que fazem queimadas. Duas vezes, a CPMA fez vistorias em roças da vizinhança. Veja por exemplo este relatório no nosso site: “http://www.mae-da-lua.org/port/blog_cpma_prevencao_de_incendio_22122011.html” No dia 05 de dezembro de 2011, havia um incêndio florestal num terreno vizinho. Este fogo ameaçou a RPPN e foi apagado por nós. Veja “http://www.mae-da-lua.org/port/blog_incendio_05122011.html” para detalhes. Incêndios florestais são a mais séria ameaça que a nossa UC enfrenta. Entre Outubro e Dezembro, na época das queimadas, o perigo é particularmente grande. Infelizmente, por falta de verbas, não podemos implementar todas as medidas necessárias, como criação de aceiros, caminhos para rápido acesso, formação de uma brigada, etc. Mantemos contato com o PREVFOGO do IBAMA.

5.1.9 Atividades desenvolvidas na RPPN

Proteção da UC

A maior parte das atividades realizadas nos últimos anos tinha como objetivo proteger a RPPN dos seguintes perigos:

Incêndio florestal;

Caça;

Invasão por animais domésticos (cabras, gado, porcos, cachorros, etc).

As medidas tomadas para a proteção da RPPN são:

Vigiar a área. HR passa em média 5-12 horas por semana andando no terreno, principalmente em prol da prevenção à caça;

Presença permanente de HR ou de um vigia na sede da Mãe-da-lua, ao lado da RPPN;

Manutenção das trilhas na planície e na serra, para monitoramento e visitação.

Várias campanhas nas rádios locais (Radio Atitude de Itapajé, Radio Retiro) contra queimadas e caça, e para divulgar a RPPN.

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A polícia ambiental (CPMA) visitou a RPPN várias vezes desde 2009, respondendo a solicitações de HR. A CPMA fez vistorias em roças, falou com moradores sobre caça e queimadas, dando um grande apoio em momentos particularmente críticos. Sem a ajuda da CPMA, teria sido difícil continuar o projeto.

Atualmente, não temos as verbas para pagar vigias e realizar uma proteção mais eficiente.

Visitação

Veja seção 5.1.6, pág. 29.

Pesquisa

Veja seção 5.1.7, pág. 30.

Educação ambiental

Em 2009/2010, HR deu várias palestras nos colégios da região, em busca de apresentar a RPPN e contribuir para a educação ambiental.

No dia 18/10/2010, a CR5 do ICMBio (Sra. Eugênia) e a Mãe-da-lua fizeram uma reunião com moradores do entorno da RPPN e outras pessoas interessadas, sobre os objetivos da reserva e a política ambiental do governo federal. Esta reunião foi bem sucedida (cerca de 80 participantes), fortalecendo a posição da RPPN. A CR5 e HR fizeram também várias visitas em casas de caçadores, explicando a legislação ambiental.

Levantamento da fauna

Desde 2006, HR registra cuidadosamente as espécies de aves e mamíferos avistadas na RPPN (seção 5.1.5 pág. 21).

5.1.10 Sistema de gestão

A RPPN é conduzida pela proprietária, a Associação Mãe-da-lua. Não há conselho consultivo.

5.1.11 Pessoal

O presidente da Associação, HR, trabalha voluntariamente para a Associação, sendo o vigia, gerente e biólogo da RPPN. Por enquanto, HR mora na sede da Associação, na área administrativa ao lado da RPPN, para manter a presença permanente da Associação no local. Até 2011, HR contratou, de vez em quando, 1-2 pessoas por conta própria, para manutenção das trilhas. A falta de auxílio é um problema grande na gestão da UC. Veja seções 6.3.4, pág. 50 e 6.3.5, pág. 53.

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5.1.12 Infra-estrutura

5.1.12.1 Sede da Associação Mãe-da-lua

A sede da Associação Mãe-da-lua está situada na área administrativa ao lado da RPPN, por isso não está incluída no presente plano. Contudo, por conta da importância da sede para o manejo da RPPN, segue uma breve descrição.

A Associação Mãe-da-lua tem posse da sede e da área administrativa mediante contrato de comodato (Cartório Brito Firmeza, livro B-20, folha 1039) com o proprietário Hermann Redies. A sede é uma casa boa, construída em 2007, com alpendre de três lados, no total 210 metros quadrados. Há uma cozinha equipada, um grande escritório (que, eventualmente, pode servir como sala de reuniões), uma suíte para o morador/gerente e outra suíte para hospedes.

É ligada à rede de energia da COELCE. Durante o ano inteiro, as principais fontes de água são várias cisternas ao redor da casa, alimentadas com água de chuva. Há uma garagem, um estábulo para cavalo, quartos para cachorros de guarda, etc.

Existe conexão com a internet (via modem) e sinal para telefone celular.

A sede é suficiente para receber pequenos grupos de visitantes.

5.1.12.2 Estradas e trilhas

Já criamos estradas e trilhas em muitas partes da RPPN, principalmente para monitoramento (caçadores, incêndios) e observação de animais silvestres. No obstante, as estradas precisam de uma reforma para possibilitarem acesso com carro 4x4; e algumas trilhas que sobem/descem a serra possuem trechos precários, sem muita segurança. Para visitação, as trilhas devem ser melhoradas.

Falta acesso fácil para a extrema do leste do terreno, onde o perigo de incêndio é grande, devido à direção do vento e à frequência de queimadas no terreno adjacente (família Bento).

Veja Figura 17.

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Figura 17. Estradas e trilhas da RPPN Mãe-da-lua.

Medições feitas por HR com GPS Garmin Etrex. Mapeado com software GPS Trackmaker Professional.

A legenda continua na próxima página.

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Figura 17. Estradas e trilhas da RPPN Mãe-da-lua. (continuação da prévia página).

Os símbolos numerados de 1 a 8 são referências importantes:

1 Açude do Salitre

2 [S] Sede da Associação Mãe-da-lua

3 [W] Ruína da casa do Walt Ferreira

4 Olho d’água dos coqueiros

5 Olho d’água das gameleiras

6 Olho d água do Jan Filó

7 Barriguda grande na Mata fresca

8 Coqueiro do Zé Alves

As letras designam as estradas e trilhas:

a Caminho no Salitre (pedestres, cavalos)

b Estrada na planície (carro 4x4)

c Trilha na grota, até Mata Fresca (pedestres)

d Trilha na linha da serra (pedestres)

e Trilha do Olho d’água dos coqueiros até na linha da serra (pedestres)

f Trilha Saco do Zé Alves (pedestres)

g Trilha Saco do Bomfim (pedestres)

h Trilha das cajazeiras (pedestres, cavalos)

j Trilha para o Olho d’água do Jan Filó (pedestres)

k Trilha lado leste (Batista) (pedestres)

m Trilha na planície (pedestres, cavalos)

n Trilha na Mata da Odette (pedestres)

o Estrada até casa do Walt Ferreira (carro 4x4)

p Trilha na planície (pedestres, cavalos)

q Estrada, depois trilha até a cerca dos Bento (carro 4x4, depois pedestres)

r Trilha dos dois cumarus

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5.1.12.3 Cerca

Um assunto muito importante para a gestão da nossa RPPN é a cerca externa. Atualmente, a maior parte da reserva está desprotegida, pois a cerca é muito velha ou não existe.

A função da cerca externa é (ou seria):

Impedir a entrada de animais domésticos (cabras, porcos etc.) na RPPN.

Animais domésticos como cabras e porcos comem e destroem plantas jovens. Sua presença impede a regeneração e proteção da vegetação nativa, um dos objetivos principais da nossa unidade (seção 6.1.2, pág. 44).

Por enquanto, obrigamos os vizinhos a prender os animais que invadem a RPPN. Isso resultou em muitas brigas, dois casos no foro, visitas da CPMA em duas casas, avisos mandados pela CR5 do ICMBio, etc. O “prejuízo político” foi grande, e agora alguns vizinhos consideram a RPPN um problema. Uma cerca nova poderia melhorar esta situação.

Diminuir o perigo de incêndios.

Agora, a cerca velhíssima no lado este da reserva (trecho “A” na Figura 18) tem um rodapé de madeira que queima facilmente. Em Novembro de 2007, elementos criminosos incendiaram este rodapé em quatro lugares, tentando provocar um incêndio florestal (por pura coincidência, o fogo foi detectado cedo). A cerva nova teria arame farpado em lugar do rodapé inflamável.

Junto com a cerca, planejamos criar aceiros, especialmente no lado este, trecho “B”.

Delimitar a RPPN. Há trechos onde o limite do terreno já não está demarcado.

Os limites da RPPN são mostrados na Figura 18, cada trecho sendo designado por uma letra maiúscula. A direção do vento é indicada pelas três flechas grandes.

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Figura 18. Trechos de cerca.

Cada letra maiúscula designa um trecho do contorno. Por conta da direção do vento (flechas grandes), o maior risco de incêndios é nos trechos A, B, C, D.

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A situação atual dos trechos da cerca é a seguinte (Figura 18): “A”: Cerca velha, em parte caída, altamente inflamável (rodapé de madeira velha);

“B”: Cerca velha, com muitos buracos. Às vezes, até o gado do vizinho passa.

“C” e “D”: Não há cerca;

“E”: Há cerca, mas precisa de reforma;

“F” e “G”: Quase não há cerca. Terreno acidentado.

“H”: Cerca velha, com muitos buracos. Às vezes, até o gado do vizinho passa.

“J” e “K”: Por enquanto, mantido por vizinhos;

“L”: Cerca nova.

Na linha da serra não há cerca, pois o terreno ali é muito acidentado.

Veja também o projeto de construção de cerca e aceiros na seção 6.3.6, pág. 54.

5.1.12.4 Açudes

Para açudes, veja a seção 5.1.3.

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5.1.13 Recursos financeiros

Até agora (Janeiro de 2012), não houve nenhum recurso financeiro proveniente de doadores ou parcerias. Os trabalhos com trilhas e pequenos trechos de cerca foram pagos por HR.

5.1.14 Formas de cooperação

Quatro vizinhos, proprietários de fazendas na Serra dos Vertentes, proibiram a caça nos seus terrenos, ajudando a proteger a serra.

Numerosos caçadores desistiram de frequentar o terreno da RPPN.

Os “pequenos” agricultores têm agora mais cuidados com as queimadas, para não causarem incêndios florestais. Muitos criadores resolveram não criar mais cabras ou porcos “soltos”, para os animais não invadirem a RPPN. As visitas da CPMA e do ICMBio contribuíram significativamente para esta mudança de atitude.

HR foi convidado para dar palestras em vários colégios na redondeza.

Nossa cooperação com vizinhos, colégios e outras instituições poderia melhorar muito, se a Mãe-da-lua tivesse mais pessoas e verbas. Por exemplo, seria possível

Fazer uma campanha publicitária “Vamos preservar a Serra dos Vertentes!”, junto com outros proprietários, personalidades da vida pública e associações;

Dar mais palestras sobre a RPPN e sua flora e fauna nas instituições de ensino.

De modo geral, há muitas pessoas na vizinhança que querem contribuir para a preservação da natureza e têm simpatia com a RPPN Mãe-da-lua. A maior parte dos problemas que continuamos enfrentando, vem dos moradores do terreno da família Bento, no lado leste da RPPN. Aqui, a falta de cooperação é quase total. Veja o relatório sobre o incêndio florestal do 5 de dezembro de 2011 (http://www.mae-da-lua.org/port/blog_incendio_05122011.html).

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5.2 Caracterização da propriedade

A RPPN é a totalidade da propriedade da Associação Mãe-da-lua. A área administrativa, com a sede da Associação, é localizada ao lado da RPPN. A Mãe-da-lua detém a posse desta área, mediante contrato de comodato, porém, não é proprietária. Portanto, este item não é aplicável.

5.3 Caracterização da área do entorno

5.3.1 Dados do IBGE sobre população

A RPPN está localizada no município de Itapajé, perto dos municípios de Tejuçuoca, Apuiarés e Pentecoste. A capital Fortaleza se encontra a 120 km.

5.3.1.1 Itapajé

População: 48.350 pessoas

Endereços rurais: 5.219 endereços

Endereços urbanos: 12.134 endereços

População residente – Homens: 23.990 pessoas

População residente – Mulheres: 24.360 pessoas

População residente – alfabetizada: 34.308 pessoas

Fonte: site do IBGE na internet http://www.ibge.gov.br/

Os dados para municípios vizinhos podem ser baixadas do mesmo site.

A população rural dos arredores da RPPN não tem o mesmo grau de alfabetização que o IBGE achou no município. Na minha experiência, a maioria dos homens adultos da vizinhança não sabe ler nem escrever. As mulheres frequentemente possuem mais conhecimentos, e muitas são realmente alfabetizadas.

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5.3.2 Principais serviços

Em Itapajé, existem serviços básicos de saúde, resgate, transporte (rodoviária), correios e acesso a internet. Há várias pousadas e agências do Banco do Brasil e do Banco Bradesco. No Retiro, pequena localidade no município de Tejuçuoca, a 10 km da RPPN, há outra pousada com restaurante (“Pousada do Sol”), perto do Comércio do Jairo Moura (Figura 3, pág. 6). Na mesma localidade, há também a oficina do Claudio (“Oficina suprema”), onde se concertam, com grande competência, carros e motos. Em Fortaleza, capital do Ceará e centro turístico, há todas as facilidades que faltam em Itapajé, como câmbio e aeroporto.

5.3.3 Situação no entorno da RPPN

O entorno da RPPN consiste em fazendas e terrenos de tamanho variável, e em pequenas aldeias e povoados. Quase ninguém vive só da agricultura ou pecuária. Os donos de fazendas grandes (500-1000 hectares e acima) geralmente possuem outros negócios na cidade, por exemplo, um comércio. Praticamente todos os agricultores “pequenos” recebem assistência do governo, como “bolsa família”, “seguro safra”, etc. Muitos moradores do entorno trabalham temporariamente em Fortaleza, voltando para casa somente no fim de semana. As principais atividades econômicas praticadas perto da RPPN são: Criação de bovinos, caprinos, suínos e ovinos. Muitos habitantes têm um pequeno rebanho de gado ou criam cabras, ovinos, etc. Já houve muitos conflitos com os vizinhos, por conta de animais domésticos que invadiram a RPPN, prejudicando a flora da reserva. Plantação de milho e feijão, usando queimadas. Isso é uma das bases da agricultura familiar. Depois das chuvas, em Julho ou Agosto, os trabalhadores cortam a vegetação na área da futura plantação. A madeira fica espalhada no chão, para secar, até outubro ou novembro, quando é incendiada. Frequentemente, as queimadas causam incêndios florestais, sem dúvida a maior ameaça que a RPPN Mãe-da-lua enfrenta. Plantio de cajueiro. Cajueiros podem ser vistos em muitas propriedades. A safra da castanha de caju acontece entre Setembro e Novembro.

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5.4 Possibilidade de conectividade

Por enquanto, não há possibilidade de formar corredores ou mosaicos com outras reservas. A UC mais próxima é a RPPN Elias Andrade, situada a cerca de 20 km da RPPN Mãe-da-lua, no município General Sampaio. Como indicado na seção 5.1.14 (pág. 39), vários vizinhos fazem um esforço para proteger a flora e a fauna das suas terras na Serra dos Vertentes.

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5.5 Declaração de significância

No norte do estado do Ceará, há pouquíssimas tentativas de preservar a flora e fauna da Caatinga. O código florestal (lei..), segundo o qual 20% da área das fazendas deve ser preservada, é ignorado pela quase totalidade dos proprietários rurais. Aonde deveria ter áreas de preservação permanentes, há geralmente plantio. A agricultura, a caça e o tráfego de animais silvestres causaram enormes prejuízos à flora e fauna. A destruição continua até hoje. Neste ambiente devastado, a Associação Mãe-da-lua tenta preservar uma área de 764 hectares de Caatinga e serra. A RPPN Mãe-da-lua é nossa contribuição para a preservação das espécies ameaçadas da fauna e flora local. Fauna: O jacu verdadeiro Penelope jacucaca era uma ave comum há poucas décadas. Porém, a caça quase acabou com essa espécie, a qual é agora classificada como ameaçada de extinção pela IUCN (categoria VU) e pelo IBAMA. Na RPPN Mãe-da-lua, em 2007, descobrimos uma população bastante grande destes jacus. Em 2007, contamos 16 indivíduos num olho d‟água da RPPN, e em 2010, 38 indivíduos (Redies 2012). Possivelmente essa é a maior população de Jacu verdadeiro que ainda existe na Caatinga do Norte do Ceará. Esperamos que a RPPN Mãe-da-lua contribua para sua preservação. A RPPN ajuda também na proteção de várias outras espécies que são perseguidos por caçadores. Por exemplo, contamos com uma população impressionante da saracura-do-mangue Aramides mangle (Redies 2010). Em 2010, ouvi 8-10 casais cantando ao redor da sede da Associação. Desconheço outro lugar da Caatinga onde tenha tanta saracura-do-mangue. Acredito que esta abundância é devido ao nosso esforço para prevenir a caça. Protegemos o veado Mazama americana, outrora comum na serra dos Vertentes, mas hoje quase desaparecido. Parece que a população dos veados recuperou-se um pouco desde que compramos o terreno. Protegemos também o gato-maracajá Felis tigrinus, ameaçado de extinção, o macaco-prego Cebus apella e outros mamíferos. Flora: Preservamos a flora nativa da caatinga e da serra. As mudanças climáticas e a alteração da composição da terra pela agricultura vão, provavelmente, empatar a restauração da biodiversidade que havia antigamente nestas terras. Porém, podemos contribuir com a preservação de muitas espécies, por exemplo, da aroeira, do freijorge, do pau d‟arco, árvores que hoje são raras e localmente quase extintas. Educação ambiental: A RPPN encontra-se perto das cidades de Itapajé, Umirim, Tejuçuoca, Apuiarés e outras. Nós poderíamos receber turmas de alunos e estudantes para aulas no campo. Não falta interesse da parte dos educadores, nem disposição do nosso lado. Por enquanto, nossa infra-estrutura não é apropriada, porém, esperamos que no futuro, possamos contribuir mais com a educação ambiental.

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6 Planejamento

6.1 Objetivos específicos de manejo

Com base na Lei 9985/2000, Art. 4, os objetivos do manejo da RPPN Mãe-da-lua são os seguintes.

6.1.1 Proteção da fauna

Conservação do Jacu verdadeiro Penelope jacucaca, espécie ameaçada de extinção, na natureza (pág. 21).

Conservação do gato maracajá Felis tigrina (ameaçado de extinção), do veado Mazama americana (raro, “data-deficient”) e do macaco-prego Cebus apella (quase extinto no Ceará), na natureza (pág. 24).

Proteção de todas as outras espécies da fauna nativa, que ocorrem na RPPN (pág. 21, pág. 24).

6.1.2 Proteção da flora

Regeneração e proteção da biodiversidade da flora da Caatinga arbórea; em particular, proteção de espécies ameaçadas ou raras, como aroeira Myracrodruon urundeuva, pau d‟arco Tabebuia impetiginosa e freijorge Cordia trichotoma.

Regeneração e proteção da biodiversidade da flora serrana.

6.1.3 Educação ambiental

Educação ambiental em parceria com instituições dos municípios vizinhos (Itapajé, Tejuçuoca, Umirim e outros).

Educação ambiental na vizinhança imediata da RPPN.

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6.2 Zoneamento

De acordo com o grau de preservação da vegetação, foram definidas duas zonas (Figura 19).

Figura 19. Zoneamento.

Veja texto para explicação das letras A-G.

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A linha separadora está definida pelos seguintes pontos: A (-3,8426 / -39,4715): Limite oeste (cerca Luiz Pinto) B (-3,8418 / -39,4707): Olho d‟água dos coqueiros C (-3,8423 / -39,4685): Cruzamento do juazeiro grosso D (-3,8407 / -39,4656): Tocaia velha E (-3,8384 / -39,4657): Dois cumarus F (-3,8355 / -39,4630): Ruína da casa de Walt Ferreira G (-3,8341 / -39,4605): Limite leste (cerca Bento) Com a exceção do trecho F-G, toda a linha corresponde a trilhas existentes no campo.

6.2.1 Zona de proteção

A área sul da RPPN, integrando uma pequena parte da planície e toda a serra, é a zona mais preservada, e será administrada em acordo com as especificações do roteiro do IBAMA 2004, pág. 41. As únicas atividades previstas nesta zona são:

Manutenção manual de trilhas e estradas

Fiscalização

Visitação de baixo impacto

6.2.2 Zona de visitação e recuperação

O lado norte da RPPN, integrando a maior parte da planície. Dentro desta zona há algumas áreas com Caatinga arbórea secundária madura, possuindo impressionante biodiversidade. Outras áreas são mais degradadas.

Esta zona é apropriada para visitação, pois é facilmente acessível, e também por conta dos dois açudes, que permitem a observação de animais silvestres, especialmente de aves, com relativa facilidade. A zona vai ser administrada seguindo as normas do roteiro do IBAMA 2004, pág. 41/42.

Por enquanto, a recuperação da vegetação é espontânea. Porém, no futuro, projetos de reflorestamento poderiam ser realizados em partes desta zona.

6.2.3 Área administrativa da Mãe-da-lua

A sede da Associação Mãe-da-lua está situada numa área administrativa imediatamente ao lado da UC (Figura 19, símbolo “S”). Reservamos esta área para o futuro centro de visitantes, para a residência do morador ou gerente, etc.

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6.3 Programas de manejo

6.3.1 Manejo sem recursos

A Associação Mãe-da-lua não dispõe de verbas próprias. Os sócios, que até o fim do ano 2011 assumiram pessoalmente todas as despesas da RPPN, já não podem contribuir. Alguns dos programas apresentados neste capítulo podem ser realizados sem custos para a Associação Mãe-da-lua, a saber: 6.3.2 Programa de proteção básica 6.3.3 Programa de administração 6.3.7 Programa de pesquisa 6.3.8 Programa de visitação (em parte) Os outros programas dependem da futura captação de recursos. Havendo verbas, o “Programa de proteção básica” será substituído por outros programas.

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6.3.2 Programa de proteção básica

Sem a Associação Mãe-da-lua receber o apoio financeiro necessário, nós só conseguimos realizar alguma proteção básica com medidas improvisadas.

Quando houver recursos, este programa será substituído pelo programa de proteção (6.3.5) e outros. Depois da (re)-construção da cerca (seção 6.3.6) e com a manutenção apropriada (seção 6.3.4), a atividade “Medidas contra animais domésticos” deverá ser (quase) desnecessária.

Objetivo:

Na medida do possível, proteger uma grande parte da RPPN contra incêndios, caçadores e invasão de animais domésticos (cabras, cachorros, etc).

Atividades e normas:

Prevenção à caça. Investindo 5-12 horas por semana, HR pode fiscalizar mais ou menos a metade da RPPN, a saber, a planície entre o açude do Salitre e o pé da serra, o vale das gameleiras, a linha da serra e a descida para o Olho d‟água do Jan Filó. As seguintes partes da RPPN ficariam sem ou quase sem vigia: o saco do Bomfim, o saco do Zé Alves, o lado do Batista e a parte norte do salitre. Veja Figura 20, pág. 81.

Prevenção ao fogo. HR vai monitorar brocas e queimadas ao redor da RPPN, especialmente no lado oriental da mesma. Ele vai entrar em contato com os vizinhos quando necessário e possível.

Medidas contra animais domésticos. HR continuará tomando medidas apropriadas contra a presença de cabras, gado, cachorros, etc. na RPPN.

Presença no local. Por enquanto, HR continuará morando na sede da Associação Mãe-da-lua, para manter a presença permanente e visível da Associação ao lado da RPPN.

Recursos:

Trabalho voluntário de HR

Apoio da Polícia ambiental (CPMA)

Apoio da CR5 do ICMBio e do Prevfogo do IBAMA

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6.3.3 Programa de administração

6.3.3.1 Sistema de gestão

Atualmente, a RPPN é administrada pela proprietária, a Associação Mãe-da-lua. Por enquanto, não temos a intenção de criar um conselho, porém, estamos abertos à ideia.

Objetivo:

Um sistema simples, eficiente e de baixo custo, para conduzir a RPPN.

Atividades e normas:

Continuação do sistema atual.

6.3.3.2 Captação de recursos

Objetivo:

Arrecadar fundos para implementar este plano de manejo.

Atividades:

Elaborar projetos para captação de recursos externos.

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6.3.4 Programa de manutenção da infra-estrutura

6.3.4.1 Manutenção de cerca

Uma grande parte da cerca que delimita a RPPN está em péssimo estado, com extensos trechos onde sobram só algumas estacas acabadas e arame farpado no chão. Veja seção 6.3.6, pág. 54.

Por enquanto, a manutenção da cerca só é possível nos trechos em melhor estado de conservação, são eles: “L” (660 m) e “A” (1630 m), veja pág. 37, Figura 18. Assim, este programa de manutenção se refere, no momento, somente a uma parte da reserva e deve ser estendido depois da (re)-construção da cerca dos outros trechos.

Objetivos:

Proteger a flora da RPPN contra cabras, porcos etc.;

Melhorar as relações com a vizinhança (pág. 36);

Prevenir a entrada de pessoas indesejadas;

Marcar os limites da unidade.

Atividades:

Duas vezes por mês, e depois de chuvas grandes, inspecionar os trechos “A” e “L”.

Pode ser incluído no patrulhamento (seção 6.3.5, pág. 53).

Concertar a cerca se houver danos.

Recursos:

Por ano, 12 dias de serviço

Por ano, 1 dia coordenação/supervisão

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6.3.4.2 Criação e manutenção de aceiros

Nos trechos “A”, “B”, ”C” e “D” (Figura 18, pág. 37), há alto risco de incêndio florestal, por causa da direção do vento e da frequência de queimadas na vizinhança. Ao lado do trecho “A”, existe uma estrada que também funciona como aceiro, porém, nos outros trechos, temos que criar e manter aceiros de 5 metros de largura, como proteção contra incêndios. Isso seria particularmente urgente no trecho “B”, por conta da atitude irresponsável dos moradores do terreno adjacente. Veja http://www.mae-da-lua.org/port/blog_incendio_05122011.html.

Objetivo:

Facilitar o combate aos incêndios florestais.

Atividades e normas:

Criar aceiros nos trechos “B”, “C”, “D”

Manutenção dos aceiros uma vez por ano, depois das chuvas (Agosto/Setembro).

Inspecionar o aceiro e seu entorno a cada duas semanas, a partir de Outubro, continuando até o início das chuvas. Pode ser incluído no patrulhamento (seção 6.3.5, pág. 53).

Recursos:

Criação dos aceiros: trecho “B” 12 dias de serviço, trecho “C” 8 dias, trecho “D” 4 dias;

Total: 24 dias de serviço no primeiro ano;

Manutenção dos aceiros: trecho “B” 6 dias de serviço, trecho “C” 4 dias, trecho “D” 2 dias;

Total: 12 dias de serviço nos anos 2-5;

Planejamento/coordenação: Ano 1: 4 dias, anos 2-5: 2 dias.

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6.3.4.3 Manutenção de estradas e trilhas

A Figura 17 (pág. 34) mostra as estradas (trechos „b‟, „o‟ e „q‟, em verde) e trilhas (em vermelho) da RPPN. Depois de uma reforma, as estradas poderiam servir para veículos de visitantes. Nos anos 2007-2011, dirigi nestas estradas com um carro 4x4 (Landrover 90).

Objetivo:

Uma rede de trilhas e estradas para monitorar o terreno, principalmente para detectar atividades de caçadores.

Na época das queimadas (outubro-dezembro), ter rápido e fácil acesso a todas as áreas da RPPN, para o combate de incêndios, se for necessário.

Quando houver visitação, as estradas e caminhos relevantes devem estar em bom estado, para o conforto dos visitantes e prevenção à acidentes.

Atividades:

No ano 1, na zona de visitação, reformar as estradas para veículos com máquinas apropriadas;

Cada ano, depois da época das chuvas, manter as trilhas e estradas.

Recursos:

Reforma inicial das estradas: um dia de trator (prefeitura?)

Cada ano, 30-60 dias de serviço, dependendo das chuvas.

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6.3.5 Programa de proteção e fiscalização

Patrulhar é perigoso, pois alguns dos caçadores são vagabundos violentos. É muito cansativo e, frequentemente, precisa ser a noite. Seria bom levar isso em consideração, ao se falar da remuneração dos vigias. Objetivos:

Prevenir a entrada de caçadores na RPPN

Prevenir a entrada de pessoas que coletam mel

Prevenir cortes de madeira ou coleta de material vegetal (e.g. casca de árvores) Atividades:

Patrulhar 2-3 vezes por semana. As patrulhas são “voltas” na RPPN, começando e terminando na sede da Associação. Veja Figura 17, pág. 34 e Figura 20, pág. 81. Repetir a rotina seguinte a cada duas semanas:

Primeira semana, Segunda, Quarta, Sexta, cada dia com uma rota diferente.

Rota 1 - Vale do bomfim, passando pelo Saco das Gameleiras. 7 horas a pé. Rota 2 - Vale do Zé Alves. 6 horas a pé. Rota 3 - Lado leste (Batista). 6-7 horas a pé.

Semana seguinte, Segunda e Quarta, cada dia com uma rota diferente. Rota 4 - Olho d‟água do Jan Filó. 5 horas a pé. Rota 5 - Salitre. 4 horas a pé.

Desta maneira, a reserva inteira poderá ser monitorada em duas semanas. Existindo atividades de caçadores, serão necessárias, provavelmente, patrulhas durante algumas noites, já que este é o horário preferido dos caçadores.

Identificar infratores (fotos?);

Dependendo da situação, pedir assistência da CPMA, do ICMBio ou da PM de Itapajé / Tejuçuoca;

Dependendo das circunstâncias, denunciar os infratores. Recursos:

22 dias de serviço por mês (patrulha de duas pessoas a pé);

Apoio da Polícia ambiental (CPMA);

Apoio da CR5 do ICMBio;

Apoio da PM de Tejuçuoca ou de Itapajé.

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6.3.6 Programa de (re)-construção de cerca

Trecho Descrição Cumprimento Cumprimento

Trecho (m) Cerca nova (m)

“A” Salitre, lado Bento 1630 1630

“B” Lado sul, Bento 1808 1700

“C” Batista, lado norte 1244 800

“D” Batista, lado leste 650 650

“H” Lado oeste, Luis Pinto 2351 2351

7683 7131

Tabela 1. Cerca a ser (re)-construída. Total: 7131 m.

Em “B” e “C”, a cerca é menos comprida que o trecho, pois a construção da cerca é impossível em uma parte do mesmo (rochas, escarpas etc.).

Para a designação dos trechos, veja Figura 18, pág. 37. Os trechos prioritários são “A” e “B”, no lado oriental, por conta do risco de incêndios (o vento vem do lado oriental), para prevenir a entrada de animais domésticos e para melhorar o relacionamento com os vizinhos. A segunda prioridade é o trecho “H”, porque em grande parte a cerca está caída; e os trechos “C” e “D”, pois não há cerca nenhuma. . Objetivos:

Proteger a flora da RPPN contra cabras, porcos etc.;

Melhorar as relações com a vizinhança (pág. 36);

Prevenir a entrada de pessoas indesejadas;

Marcar os limites da UC.

Atividades:

(Re)construir 7.131 metros de cerca;

Manutenção da cerca reconstruída.

Recursos:

Mão-de-obra e material;

Restos de arame farpado das antigas cercas.

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6.3.7 Programa de pesquisa

6.3.7.1 Levantamento da flora da serra

Objetivo:

Levantamento da flora na mata serrana seca;

Levantamento da flora na mata serrana sub-úmida.

Atividades e normas:

Procurar parceria com uma instituição de pesquisa, por exemplo, com a Universidade Federal do Ceará (UFC). O levantamento da flora poderia ser objeto de uma tese de mestrado ou doutorado em botânica.

Recursos:

Trabalho voluntário e/ou verbas disponibilizadas pela instituição parceira.

6.3.7.2 Outros projetos

Objetivo:

Contribuir com a biologia da fauna do nordeste, aproveitando as oportunidades especiais que a RPPN Mãe-da-lua oferece;

Contribuir com conhecimentos científicos para melhorar o manejo da RPPN. Atividades e normas:

Dependendo do projeto, e se for oportuno, procurar parceria com uma instituição de pesquisa;

Conduzir pesquisas sobre a fauna da RPPN;

Publicar em revistas científicas.

Recursos:

Trabalho voluntário e/ou verbas disponibilizadas pela instituição parceira.

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6.3.8 Programa de visitação

A Associação Mãe-da-lua não sabe se vai haver um centro para visitantes e quando isso seria. Por isso, apresentamos abaixo dois programas de educação ambiental, um sem infra-estrutura adicional (6.3.8.1) e o outro com um centro de visitantes (6.3.8.2).

6.3.8.1 Educação ambiental, usando a sede da Associação

Objetivos:

Educação ambiental;

Divulgar a RPPN. Atividades e normas:

Manter estradas de acesso à RPPN (para micro-ônibus, etc.). Veja seção 6.3.4.3 para estradas e trilhas dentro da RPPN;

Receber pequenas turmas (7-8 pessoas) de alunos e estudantes dos municípios do entorno (Itapajé, Tejuçuoca, Umirim, Apuiarés, etc.), por um dia (sem hospedagem);

Caminhadas na reserva, para os visitantes conhecerem e estudarem a biodiversidade da RPPN.

Recursos:

Estradas de acesso poderiam talvez ser mantidas pela prefeitura.

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6.3.8.2 Educação ambiental com um centro de visitantes

Objetivos:

Educação ambiental

Divulgar a RPPN

Atividades e normas:

Construção de um centro de visitantes na área administrativa da Mãe-da-lua, perto da sede. A área administrativa não é parte da RPPN (Figura 19) e por isso excluída no presente plano. Contudo, a construção de um centro de visitantes é necessária para a educação ambiental, e mencionada aqui para fins informativos.

Manter estradas de acesso à RPPN (para micro-ônibus, etc.). Veja seção 6.3.4.3 para estradas e trilhas dentro da RPPN.

Receber turmas (até 60 pessoas) de alunos e estudantes dos municípios do entorno (Itapajé, Tejuçuoca, Umirim, Apuiares, etc.), para visitas de um ou mais dias (com hospedagem);

Caminhadas guiadas na reserva, para os visitantes conhecerem e estudarem a biodiversidade da caatinga e da serra.

Dar palestras no centro de visitantes, sobre a RPPN, a proteção da natureza, a fauna regional, etc.

Recursos:

Pedir a prefeitura para manter as estradas de acesso;

Os visitantes deveriam pagar uma taxa para o guia e o palestrante.

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6.3.8.3 Observadores de fauna silvestre

Dependendo da época do ano, a reserva é apropriada para a observação de aves e mamíferos.

Objetivos:

Gerar renda para a manutenção da RPPN

Educação ambiental

Atividades e normas:

Desenvolver o turismo de observação de animais silvestres, em colaboração com empresas de turismo e guias de aves.

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6.3.9 Programa de comunicação

Objetivo:

Divulgação da RPPN;

Prevenção aos incêndios na época das queimadas e prevenção à caça;

Educação ambiental.

Atividades:

Publicação do site da Mãe-da-lua na internet, sobre a flora e a fauna da RPPN e sobre diversos assuntos ambientais (“Blog da Mãe-da-lua”).

Irregularmente, pequenos programas na rádio (“Rádio Atitude” de Itapajé e “Rádio Retiro”), para divulgar a RPPN e fazer propaganda contra caça e queimadas.

Distribuição gratuita de banners com fotos dos animais da RPPN Mãe-da-lua e com pequenos textos educativos sobre caça, queimadas e a preservação do meio ambiente.

Sinalização e divulgação das normas da RPPN, com placas “Proibido caçar”, etc.

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6.3.10 Programa de ampliação da RPPN

A compra de mais terras para a RPPN é indicado pelas seguintes razões:

A mais importante ave da RPPN é o jacu verdadeiro, espécie ameaçada de extinção. Esta ave faz migrações locais (Snethlage 1928, Redies 2012) em toda a Serra dos Vertentes, e está em perigo (caçadores) quando visita áreas não protegidas. A compra de mais terrenos iria melhorar a situação.

O mesmo vale para o veado Mazama americana e o gato-maracajá Felis tigrinus.

Adjacente à RPPN existem numerosas áreas preservadas e com alta biodiversidade, mas que agora estão sem proteção.

Não houve negociações com os proprietários, mas acredito, com base em conversas informais, que seria possível comprar entre 300 e 1500 hectares. O preço da terra era cerca de 100 Reais por hectare há 5 anos. Agora é, possivelmente, mais elevado.

Objetivos:

Melhorar a proteção do Jacu verdadeiro Penelope jacucaca e de outras espécies ameaçadas.

Dar proteção permanente a mais áreas ainda preservadas e com alta biodiversidade.

Atividades e normas:

Captar recursos;

Comprar mais terras.

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6.4 Cronograma de atividades e custos

A seguinte versão da seção 6.4. é abreviada.

Abreviated version of section 6.4., for download.

O início dos cronogramas (Ano 1) é vinculado à aprovação deste plano pelo ICMBio. Alguns programas devem ser adaptados à disponibilidade de verbas.

6.4.1 Cronograma: Programa de manejo básico

ATIVIDADES Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Vigiar (Prevenção de caça e fogo) x x

Medidas contra animais domésticos x x

Presença visível no local x x

Este programa deverá ser substituído pelo Programa de Proteção e Fiscalização (6.3.5, pág. 53) e por outros programas, quando houver recursos.

6.4.2 Cronograma: Programa de administração

ATIVIDADES Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Elaboração de projetos para captação de recursos x x x x x

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6.4.3 Cronograma: Programa de manutenção da infra-estrutura

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

6.4.4 Cronograma: Programa de proteção e fiscalização

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

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6.4.5 Cronograma: Programa de (re)-construção de cerca

Estou assumindo um custo médio de 10 R$ por metro de cerca com estacas de sabiá a cada metro, 8 fios de arame farpado, e incluindo a limpeza do terreno (faixa de 3-4 metros) onde é necessário. Em alguns casos, será possível aproveitar o arame farpado da cerca velha. Para os trechos “B”, “C”, “D” e em parte “H”, o transporte das estacas até o lugar do trabalho será um problema maior, pois o terreno é acidentado, não possui acesso para caminhão e também é difícil até para animais de carga, como burro ou jumento.

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

6.4.6 Cronograma: Programa de pesquisa

ATIVIDADES Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Levantamento da flora da mata seca x x

Levantamento da flora da mata sub-úmida x x

Outros projetos x x x x x

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6.4.7 Cronograma: Programa de visitação

ATIVIDADES Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Educação ambiental, usando a sede x x x

Educação ambiental com centro de visitantes x x x

Turismo de observadores da fauna silvestre x x x x x

6.4.8 Cronograma: Programa de comunicação

Programas na rádio, distribuição de banners e a colocação de placas dependem da prévia captação de recursos.

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

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6.4.9 Cronograma: Programa de ampliação da RPPN

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

Os custos dependem dos tamanhos dos terrenos e de suas infra-estruturas.

6.4.10 Cronograma: Resumo dos custos

Details available on request from Associação Mãe-da-lua.

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7 Anexos

7.1 Anexo: Espécies da flora

Esta tabela contém as espécies da flora identificadas por HR na RPPN Mãe-da-lua, principalmente árvores. A presente lista é preliminar e incompleta.

Veja seção 6.3.7.1, pág. 55, para o projeto de levantamento da flora.

Bibliografia consultada: principalmente Nickel-Maia 2004. Também Braga 1976, Andrade Lima 1989, Lorenzi 1998, 2000.

Nome vernacular Nome científico

Ocorrência Comentário

Ameixa Ximenia americana Altitude < 500 m

Angico Anadenanthera colubrina Altitude < 500 m

Arapiraca Chloroleucon dumosum Altitude < 500 m

Aroeira Myracrodruon urundeuva Toda RPPN Ameaçada

Barriguda Ceiba glaziovii Altitude > 200 Duas espécies ?

Braúna Schinopsis brasiliensis Altitude > 500 m Ameaçada. ID precisa de confirmação.

Burra-Leiteira Sapium lanceolatum

Cajazeira ? Determinar nome científico

Cajueiro-bravo ? Determinar nome científico

Canafístula ? Determinar nome científico

Carnaubeira Copernicea prunifera Planície Plantações abandonadas

Catingueira Caesalpinia pyramidalis Altitude < 500 m

Catanduva Piptadenia moniliformis Altitude < 500 m

Croatá Toda RPPN Determinar nome científico

Cumaru Amburana cearensis Altitude < 500 m

Embiratanha Pseudobombax marginatum

Toda RPPN

Feijão-Bravo Capparis cynophallophora Altitude < 500 m

Freijorge Cordia trichotoma Altitude < 500 m

Imburana Commiphora leptophloeos Altitude < 500 m

Juazeiro Ziziphus joazeiro Altitude < 500 m

Jucazeiro Caesalpinia ferrea Altitude < 500 m

Jurema-branca ?

Jurema-preta Mimosa tenuiflora Planície

Mamaluco ? Mata fresca Determinar nome científico

Mandacaru Cereus jamacaru Altitude < 500 m

Maniçoba ? Altitude < 500 m Andrade-Lima 1989, pág. 148

Maracujá-do-mato Passiflora cincinnata ? Altitude < 500 m Andrade-Lima 1989, pág. 42

Marmeleiro-Preto Croton sonderianus Altitude < 500 m

Mofumbo Combretum leprosum Altitude < 500 m

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Mororó Bauhinia cheilantha Altitude < 500 m

Pacoté Cochlospermum vitifolium Altitude < 500 m

Pau branco Auxemma oncocalyx Altitude < 500 m

Pau d‟arco amarelo

Determinar nome científico

Pau d‟arco roxo Tabebuia impetiginosa Toda RPPN Principalmente na serra

Pereiro Aspidosperma pyrifolium Planície

Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Altitude < 500 m

Trapiá Crateva tapia Altitude < 500 m

Violete Dalbergia cearensis Altitude < 500 m

Algumas árvores comuns em outras regiões da caatinga no Ceará são ausentes, por exemplo: Marizeira, oiticica, surucucu.

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7.2 Anexo: Avifauna

Lista das aves da RPPN Mãe-da-lua Hermann Redies, 14/12/2011

Classificação segundo South American Classification Comittee (SACC) da American Ornithologists’ Union (Remsen et al. 2008). Todas as espécies na lista (N=166) foram vistas ou ouvidas na RPPN. A grande maioria dos registros é documentada por fotos e/ou gravações sonoras. Espécies que vivem na redondeza da RPPN, porém, não vivem dentro da RPPN, não foram incluídas (e.g. Athene cunicularia, Mimus saturninus, Icterus jamacaii). Algumas espécies foram avistadas somente uma vez e são atípicas para os habitats da RPPN Mãe-da-lua. Estas são consideradas vagantes ou errantes e marcadas por uma estrela *.

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Tinamiformes

Tinamidae Crypturellus parvirostris - Inhambu-chororó Crypturellus tataupa - Inhambu-chintã Nothura boraquira - Codorna-do-Nordeste

Anseriformes

Anatidae

Dendrocygna viduata - Viuvinha Amazonetta brasiliensis - Ananaí Anas bahamensis - Pato-do-queixo-branco Nomonyx dominicus - Bico-roxo

Galliformes

Cracidae

Penelope superciliaris - Jacupemba Penelope jacucaca - Jacucaca

Podicipediformes

Podicipedidae

Tachybaptus dominicus - Mergulhão-pequeno Podilymbus podiceps - Mergulhão

Pelicaniformes

Phalacrocoracidae

*Phalacrocorax brasilianus – Biguá

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Ciconiiformes

Ardeidae

Tigrisoma lineatum - Socó-boi Butorides striata - Socozinho Bubulcus ibis - Garça-vaqueira *Ardea cocoi - Garça-moura Ardea alba - Garça-branca-grande Egretta thula - Garça-branca-pequena

Incertae Sedis Cathartidae

Cathartes aura - Urubu-de-cabeça-vermelha Cathartes burrovianus - Urubu-de-cabeça-amarela Coragyps atratus - Urubu-de-cabeça-preta Sarcoramphus papa - Urubu-rei

Falconiformes

Accipitridae

Chondrohierax uncinatus - Caracoleiro Rostrhamus sociabilis - Gavião-caramujeiro Accipiter bicolor - Gavião-bombachinha-grande Geranospiza caerulescens - Gavião-pernilongo Buteogallus urubitinga - Gavião-preto Buteogallus meridionalis - Gavião-caboclo Parabuteo unicinctus - Gavião-asa-de-telha Buteo magnirostris - Pega-pinto Buteo nitidus - Gavião-pedrês

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Falconidae

Herpetotherinae

Herpetotheres cachinnans - Acauã Micrastur ruficollis - Gavião-caburé

Falconinae

Caracara plancus - Caracará

Gruiformes

Aramidae

Aramus guarauna - Carão

Rallidae

Aramides mangle - Saracura-do-mangue Aramides cajanea - Três-potes Neocrex erythrops - Pai-Luiz Gallinula chloropus - Frango-d'agua-comum Porphyrio martinica - Frango d'agua azul

Cariamiformes

Cariamidae

Cariama cristata - Seriema

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Charadriiformes

Charadriidae

Vanellus chilensis - Quero-quero

Scolopacidae

Tringa solitaria - Maçarico solitário

Jacanidae

Jacana jacana - Jaçanã

Columbiformes

Columbidae

Columbina minuta - Rolinha-de-asa-canela Columbina talpacoti - Rolinha-caldo-de-feijão Columbina squammata - Fogo-apagou Columbina picui - Rolinha-branca Claravis pretiosa - Pomba-de-espelho Patagioenas picazuro - Asa-branca Zenaida auriculata - Pomba-de-bando Leptotila verreauxi - Juriti

Psittaciformes

Psittacidae

Aratinga cactorum - Periquito-da-Caatinga Forpus xanthopterygius - Tuim

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Cuculiformes

Cuculidae

Piaya cayana - Alma-de-gato Coccyzus melacoryphus - Papa-lagarta Coccyzus americanus - Papa-lagarta-de-asa-vermelha Coccyzus euleri - Papa-lagarta-de-euler Crotophaga major - Anu-coroca Crotophaga ani - Anu-preto Guira guira - Piririguá Tapera naevia - Saci

Strigiformes

Tytonidae

Tyto alba - Coruja-da-igreja

Strigidae

Megascops choliba - Corujinha-do-mato Pulsatrix perspicillata - Murucututu Glaucidium brasilianum - Caburé Aegolius harrisii – Caburé-acanelado

Caprimulgiformes

Nyctibiidae

Nyctibius griseus - Mãe-da-lua

Caprimulgidae

Chordeiles pusillus - Bacurauzinho Nyctidromus albicollis - Curiango Caprimulgus parvulus - Bacurau-pequeno Hydropsalis torquata - Bacurau-tesoura

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Apodiformes

Apodidae

Streptoprocne biscutata - Andorinhão-de-coleira-falha

Trochilidae

Phaethornithinae

Anopetia gounellei - Rabo-branco-de-cauda-larga

Trochilinae

Chrysolampis mosquitus - Beija-flor-vermelho Chlorostilbon aureoventris - Besourinho-de-bico-vermelho Eupetomena macroura - Tesourão Amazilia fimbriata - Beija-flor-de-garganta-verde

Trogoniformes

Trogonidae

Trogon curucui - Surucuá-de-barriga-vermelha

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Coraciiformes

Alcedinidae

Ceryle torquata - Martim-pescador-grande Chloroceryle amazona - Martim-pescador-verde Chloroceryle americana - Martim-pescador-pequeno

Bucconidae

Nystalus maculatus - Rapazinho-dos-velhos

Piciformes

Picidae

Picumnus limae - Pica-pau-anão-da-caatinga Veniliornis passerinus - Pica-pauzinho-anão Piculus chrysochloros - Pica-pau-dourado-escuro Celeus flavescens - Pica-pau-de-topete-amarelo Campephilus melanoleucos - Pica-pau-de-topete-vermelho

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Passeriformes

Furnariidae

Furnariinae

Furnarius figulus - Casaca-de-couro-da-lama Furnarius leucopus - Casaca-de-couro-amarelo Synallaxis frontalis - Petrim Synallaxis scutata - Estrelinha-preta Certhiaxis cinnamomeus - Curutié

Dendrocolaptinae

Sittasomus griseicapillus - Arapaçu-verde Dendroplex picus - Arapaçu-de-bico-branco Lepidocolaptes angustirostris - Arapaçu-do-cerrado Campylorhamphus trochilirostris - Arapaçu-beija-flor

Thamnophilidae

Taraba major - Choró-boi Thamnophilus doliatus - Choca-barrada Thamnophilus pelzelni - Choca-do-planalto Herpsilochmus sellowi - Chorozinho-da-Caatinga Herpsilochmus atricapillus - Chorozinho-de-chapéu-preto Formicivora grisea - Papa-formigas-pardo Formicivora melanogaster - Formigueiro-de-barriga-preta

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Tyrannidae

Elaeniinae

Myiopagis viridicata - Guaracava-de-olheiras Elaenia spectabilis - Guaracava-grande Camptostoma obsoletum - Risadinha Phaeomyias murina - Bagageiro Euscarthmus meloryphus - Barulhento Hemitriccus margaritaceiventer - Sebinho-de-olho-de-ouro Todirostrum cinereum - Relógio Tolmomyias flaviventris - Bico-chato amarelo

Fluvicolinae

Myiophobus fasciatus - Filipe Hirundinea ferruginea - Gibão-de-couro Lathrotriccus euleri - Enferrujado Cnemotriccus fuscatus - Guaracavuçu Fluvicola albiventer - Lavadeira-de-cara-branca Fluvicola nengeta - Lavadeira-mascarada Arundinicola leucocephala - Lavadeira-de-cabeça-branca Machetornis rixosa - Severino

Tyranninae

Myiozetetes similis - Bentevizinho-penacho-vermelho Pitangus sulphuratus - Bemtevi Empidonomus varius - Peitica Myiodynastes maculatus - Bemtevi-rajado Megarynchus pitangua - Bemtevi-de-bico-chato Tyrannus melancholicus - Suiriri Casiornis fuscus - Caneleiro-enxofre Myiarchus swainsoni - Irrê Myiarchus ferox - Maria-cavaleira Myiarchus tyrannulus - Maria-cavaleira-de-rabo-enferrugado

Tityridae

Pachyramphus viridis - Caneleiro-verde Pachyramphus polychopterus - Caneleiro-preto Pachyramphus validus - Caneleiro-de-chapéu-negro

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Vireonidae

Cyclarhis gujanensis - Pitiguari Vireo olivaceus - Juruviara Hylophilus amaurocephalus - Vite-vite-de-olho-cinza

Corvidae

Cyanocorax cyanopogon - Cancã

Troglodytidae

Troglodytes aedon - Corruíra Thryothorus longirostris - Garrinchão-de-bico-grande

Polioptilidae

Polioptila plumbea - Balança-rabo-de-chapéu-preto

Turdidae

Turdus rufiventris - Sabiá-laranjeira Turdus amaurochalinus - Sabiá-poca

Thraupidae

Paroaria dominicana - Galo-da-campina Nemosia pileata - Saíra-de-chapéu-preto Thraupis sayaca - Sanhaçu-cinzento Tangara cayana - Saíra-amarelo Hemithraupis guira - Saíra-de-papo-preto Conirostrum speciosum - Figuinha-de-rabo-castanho

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Incertae sedis

Coereba flaveola - Mariquita

Emberizidae

Ammodramus humeralis - Tico-tico-do-campo-verdadeiro Volatinia jacarina - Tiziu Sporophila lineola - Bigodinho Sporophila albogularis - Golinho Arremon taciturnus - Tico-tico-do-mato-de-bico-preto Coryphospingus pileatus - Galinho-da-serra

Cardinalidae

*Piranga flava - Sanhaçu-de-fogo Cyanocompsa brissonii - Azulão

Parulidae

Parula pitiayumi - Mariquita Basileuterus culicivorus - Pula-pula Basileuterus flaveolus - Canário-do-mato

Icteridae

Cacicus solitarius - Iraúna-de-bico-branco Icterus cayanensis - Primavera *Gnorimopsar chopi - Graúna Chrysomus ruficapillus - Papa-arroz Agelaioides badius - Asa-de-telha Molothrus bonariensis - Gaudério Sturnella superciliaris - Polícia-inglesa-do-sul

Fringillidae

Euphoniinae

Euphonia chlorotica - Vivi

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7.3 Anexo: Portaria 58, de 29 de Julho de 2009

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7.4 Anexo: Fotos de satélite da RPPN (Google earth)

Figura 20. Vista geral da RPPN, com referências e os nomes de algumas áreas.

OAJF = Olho d’água do Jan Filó.

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9 Bibliografia consultada

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