plano de manejo da flona de irati - vol 1
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Volume 1 do Plano de Manejo da Floresta Nacional de Irati, contendo o diagnóstico da Unidade.TRANSCRIPT
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Plano de Manejo da
Floresta Nacional de Irati
FERNANDES PINHEIRO
Dezembro 2013
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PRESIDENTA DA REPBLICA DILMA VANA ROUSSEFF
MINISTRA DO MEIO AMBIENTE IZABELLA MNICA VIEIRA TEIXEIRA
PRESIDENTE DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE ROBERTO RICARDO VIZENTIN
DIRETOR DE CRIAO E MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAO GIOVANNA PALAZZI
COORDENADOR GERAL DE CRIAO, PLANEJAMENTO E AVALIAO DE UNIDADES DE CONSERVAO CAIO MARCIO PAIM PAMPLONA
COORDENADOR DE ELABORAO E REVISO DE PLANO DE MANEJO ALEXANDRE LANTELME KIROVSKY
COORDENADOR DA 9 REGIO DO ICMBio DANIEL PENTEADO
CHEFE DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI RICARDO AUGUSTO ULHOA
SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCAO AMBIENTAL CLVIS RICARDO SCHRAPPE BORGES - Diretor Executivo
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PLANO DE MANEJO DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI SUPERVISO TCNICA Augusta Rosa Gonalves Analista Ambiental, Engenheira Florestal, MSc.
Cirineu Jorge Lorensi
COORDENAO GERAL Cibele Munhoz
Ademar Luis Brandalise
Ricardo Augusto Ulhoa
ELABORAO DO VOLUME I Cibele Munhoz
Ademar Luis Brandalise
Ricardo Augusto Ulhoa
Andrea von der Heyde Lamberts
ELABORAO DO VOLUME II Augusta Rosa Gonalves
Cirineu Jorge Lorensi
Cibele Munhoz
Ademar Luis Brandalise
Ricardo Augusto Ulhoa
Andrea von der Heyde Lamberts
Randolf Zachow
FLORESTA NACIONAL DE IRATI Ademar Luis Brandalise
Adilson Jos Bora
Jair Ferreira Luz
Jocieli Aparecida Lawandowski
Maria Ins da Silva
Ricardo Augusto Ulhoa
Trajano Gracia Neto
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RELATRIOS TEMTICOS
AVALIAO ECOLGICA RPIDA Execuo: Natturis Consultoria e Advocacia Ambiental e Consiliu Meio Ambiente
e Projetos.
Financiamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade FUNBIO (Atlantic Forest
Conservation (AFCoF) e Fundo de Conservao da Mata Atlntica Funbio/KfW).
Coordenao Cosette Barrabas Xavier da Silva
Srgio Augusto Abraho Morato
Fabio te Vaarwerk
Anurofauna Carlos Eduardo Conte
Avifauna Alberto Urben Filho
Fernando C. Straube
Herpetofauna Srgio Augusto Abraho Morato
Carlos Eduardo Conte
Ictiofauna Gislaine Otto
Amaraldo Piccoli
Mastofauna Gledson Vigiano Bianconi
Rodrigo Csar Benet
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Meio Fsico Andr Rafael Possani
Vegetao Raul Silvestre
Cartografia Franco Amato
Apoio Tcnico Eliana Keyko F. Nery Nakaya
Maria Dolores Alves dos Santos Domit
Deborah Pina
DIAGNSTICO SOCIOECONMICO Execuo: Maria Vitria Yamada Muller
Financiamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade FUNBIO (Atlantic Forest
Conservation (AFCoF) e Fundo de Conservao da Mata Atlntica Funbio/KfW).
Responsabilidade Tcnica Kusum Vernica Toledo
Colaborao Antonio Luiz Zilli
Karen de Ftima Follador Karam
Leandro ngelo Pereira
Guilherme Silveira Dias
Superviso Maria Vitria Yamada Muller
Cibele Munhoz
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INVENTRIO DAS FLORESTAS NATURAIS NA FLORESTA NACIONAL DE IRATI, ESTADO DO PARAN. Execuo: Departamento de Engenharia Florestal Universidade Estadual do
Centro-Oeste UNICENTRO Campus de Irati e Fundao de Apoio da
Universidade Estadual do Centro-Oeste - FAU
Financiamento: Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e alimentao
FAO / Ministrio do Meio Ambiente - MMA (Projeto FAO UTF/BRA/062/BRA -
Consolidao dos instrumentos polticos e institucionais para a implementao do
PNF - Programa Nacional de Florestas).
Coordenao Afonso Figueiredo Filho Eng. Florestal, Dr.
Andrea Nogueira Dias Eng. Florestal, Dr.
Luciano Farina Watzlawick Eng. Florestal, Dr.
Inventrio Florestal Rafael Rode - Engenheiro Florestal
Alex Roberto Sawsczuk - Engenheiro Florestal
Flvio Augusto Ferreira do Nascimento - Engenheiro Florestal
Jlio Cezar Ferreira do Nascimento - Engenheiro Florestal
Ademar Luiz Chiquetto - Acadmico de Engenharia Florestal
Adisnei Barzotto Ribeiro - Acadmico de Engenharia Florestal
Agnaldo Jos de Mattos - Acadmico de Engenharia Florestal
Daniel Saueressing - Acadmico de Engenharia Florestal
Fabiano Carneiro - Acadmico de Engenharia Florestal
Francisco Alves de Moura Jnior - Acadmico de Engenharia Florestal
Hilbert Blum - Acadmico de Engenharia Florestal
Maria Dolores dos Santos - Acadmico de Engenharia Florestal
Marshall Watson Herbert - Acadmico de Engenharia Florestal
Raul Silvestre - Acadmico de Engenharia Florestal
Thiago Floriani Stepka - Acadmico de Engenharia Florestal
Vagner Putton - Acadmico de Engenharia Florestal
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Cubagem Ademar Luiz Chiquetto - Acadmico de Engenharia Florestal
Adisnei Barzotto Ribeiro - Acadmico de Engenharia Florestal
Maria Dolores dos Santos - Acadmico de Engenharia Florestal
Ricardo Yoshiaki Tani Acadmico de Engenharia Florestal
Enerson Cruziniani - Acadmico de Engenharia Florestal
Raul Silvestre - Acadmico de Engenharia Florestal
Identificao Botnica Daniel Saueressing Tcnico Florestal e Acadmico de Engenharia Florestal
INVENTRIO DAS FLORESTAS PLANTADAS NA FLORESTA NACIONAL DE IRATI, ESTADO DO PARAN. Execuo: Departamento de Engenharia Florestal Universidade Estadual do
Centro-Oeste UNICENTRO Campus de Irati e Fundao de Apoio da
Universidade Estadual do Centro-Oeste - FAU
Financiamento: Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e alimentao
FAO / Ministrio do Meio Ambiente - MMA (Projeto FAO UTF/BRA/062/BRA -
Consolidao dos instrumentos polticos e institucionais para a implementao do
PNF - Programa Nacional de Florestas).
Coordenadores Afonso Figueiredo Filho Eng. Florestal, Dr.
Andrea Nogueira Dias Eng. Florestal, Dr.
Luciano Farina Watzlawick Eng. Florestal, Dr.
Inventrio Florestal Rafael Rode - Eng. Florestal
Alex Roberto Sawsczuk - Eng. Florestal
Flvio Augusto Ferreira do Nascimento - Eng. Florestal
Jlio Cezar Ferreira do Nascimento - Eng. Florestal
Ademar Luiz Chiquetto - Acadmico de Engenharia Florestal
Adisnei Barzotto Ribeiro - Acadmico de Engenharia Florestal
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Agnaldo Jos de Mattos - Acadmico de Engenharia Florestal
Daniel Saueressing - Acadmico de Engenharia Florestal
Fabiano Carneiro - Acadmico de Engenharia Florestal
Francisco Alves de Moura Jnior - Acadmico de Engenharia Florestal
Hilbert Blum - Acadmico de Engenharia Florestal
Maria Dolores dos Santos - Acadmico de Engenharia Florestal
Marshall Watson Herbert - Acadmico de Engenharia Florestal
Raul Silvestre - Acadmico de Engenharia Florestal
Thiago Floriani Stepka - Acadmico de Engenharia Florestal
Vagner Putton - Acadmico de Engenharia Florestal
Cubagem Ademar Luiz Chiquetto - Acadmico de Engenharia Florestal
Adisnei Barzotto Ribeiro - Acadmico de Engenharia Florestal
Maria Dolores dos Santos - Acadmico de Engenharia Florestal
Ricardo Yoshiaki Tani Acadmico de Engenharia Florestal
Enerson Cruziniani - Acadmico de Engenharia Florestal
Raul Silvestre - Acadmico de Engenharia Florestal
Identificao Botnica Daniel Saueressing Tcnico Florestal e Acadmico de Engenharia Florestal
OFICINA DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO Cecil Roberto de Maya Brothehood de Barros Planejamento e moderao
Cibele Munhoz Planejamento e relatoria
Ricardo Augusto Ulhoa Planejamento
Ademar Luis Brandalise - Planejamento
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SUMRIO
VOLUME I - DIAGNSTICO
1. INTRODUO .......................................................................................... 16
2. INFORMAES GERAIS DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI ............ 19
2.1. REGIO DA UNIDADE DE CONSERVAO ........................................... 19
2.2. ACESSO UNIDADE ............................................................................... 21
2.3. ORIGEM DO NOME .................................................................................. 23
2.4. HISTRICO DA FNI .................................................................................. 23
3. ANLISE DA REPRESENTATIVIDADE .................................................... 27
4. ASPECTOS HISTRICOS, CULTURAIS E SOCIECONMICOS ............ 31
4.1 Aspectos culturais e histricos ..................................................................... 31
4.1.1. Os ciclos econmicos e a ocupao europeia da regio de Irati ....... 34
A erva-mate ................................................................................................ 35 A imigrao na regio centro-sul do Paran ........................................... 36
O ciclo madeireiro nas primeiras dcadas do sculo XX ....................... 37
O ciclo da madeira a partir dos anos 60 .................................................. 38
4.2 Caractersticas da populao da Regio da FNI .......................................... 39
4.2.1 Desenvolvimento Socioeconmico da Regio .................................... 39
4.2.2 Dinmica demogrfica ........................................................................ 45
4.2.3 Situao educacional da populao ................................................... 51
4.3 Viso da comunidade sobre a Floresta Nacional ................................... 53
4.4 Uso e ocupao do solo e problemas ambientais decorrentes .............. 55
4.5 Legislao Pertinente ............................................................................ 63
5 CARACTERIZAO DOS FATORES ABITICOS E BITICOS ................... 70
5.1 Clima ...................................................................................................... 70
5.2 Geomorfologia ....................................................................................... 75
5.3 Geologia................................................................................................. 78
5.4 Solos ...................................................................................................... 86
5.5 Hidrografia ............................................................................................. 90
MEIO BITICO ............................................................................................ 97
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5.6 Vegetao .............................................................................................. 97
5.7 Fauna ................................................................................................... 114
5.7.1 Mastofauna ...................................................................................... 114
5.7.3 Herpetofauna ................................................................................... 131
5.7.4 Ictiofauna ......................................................................................... 132
5.7.5 Invertebrados .................................................................................. 136
6 CARACTERIZAO DAS ATIVIDADES PRPRIAS AO USO MLTIPLO,
CONFLITANTES E ILEGAIS ............................................................................ 137
6.1 Atividades prprias ao uso mltiplo ............................................................ 137
6.2 Atividades conflitantes ................................................................................ 147
6.3 Atividades ilegais........................................................................................ 150
7. Aspectos Institucionais da Floresta Nacional de Irati. .................................. 151
7.1. Pessoal. .................................................................................................... 151
7.2. Infra-estrutura, Equipamentos e Servios. ................................................ 153
7.3. Estrutura Organizacional. .......................................................................... 166
7.4 Situao fundiria ....................................................................................... 167
7.5 Recursos Financeiros. ................................................................................ 167
7.6 Cooperao Institucional ............................................................................ 168
8. Declarao de Significncia. ........................................................................ 168
REFERNCIAS ................................................................................................ 173
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Resumo das Informaes da Floresta Nacional de Irati-PR. ........... 18
Quadro 2. Populao total e rea territorial dos municpios da regio da FNI
2010 ........................................................................................................ 20
Quadro 3. Distncia entre a sede da FNI e Curitiba e os principais centros
urbanos do entorno. ............................................................................................. 22
Quadro 4. ndice de Desenvolvimento Humano Brasil, Paran e Municpios
da Regio da FNI, 1991-2000. ............................................................................. 40
Quadro 5. Evoluo do ndice de Desempenho Municipal IPDM dos
municpios da Regio da FNI, 2002-2009. ........................................................... 40
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Quadro 6. Total de famlias e famlias pobres, distribuio por situao de
domiclio, taxa de pobreza e ndice de desigualdade social, segundo os
municpios da Regio da FNI, 2000. .................................................................... 43
Quadro 7. Nmero de pessoas dos grupos etrios de 10 a 13 anos e de 14 a
17 anos, total e ocupadas, por municpios da Regio da FNI, 2000 .................... 44
Quadro 8. Populao total dos municpios da Regio da FNI - 2000 e 2010 ... 46
Quadro 9. Taxas de crescimento geomtrico da populao, segundo os
municpios da Regio da FNI 1970-2010 .......................................................... 46
Quadro 10. Taxa de fecundidade total e esperana de vida ao nascer, segundo
municpios da regio da FNI- 1991/2000. ............................................................ 48
Quadro 11. Populao por grandes grupos etrios e ndice de idosos, segundo
os municpios da FNI 2010 ................................................................................ 49
Quadro 12. Razo de sexo da populao por grupos etrios, segundo os
municpios da Regio da FNI 2010 ................................................................... 50
Quadro 13. Populao com 15 anos e mais de idade, taxa de analfabetos por
situao de domiclio, de analfabetos funcionais e nmero mdio de sries
concludas, seg. os municpios da Regio da FNI 2000. ................................... 52
Quadro 14. Taxa de frequncia escola por grupos etrios, segundo os
municpios da Regio da FNI 2010. ................................................................... 53
Quadro 15. Estabelecimentos agropecurios por tipo de ocupao do solo nos
municpios da Regio da FNI, 1996 / 2006 .......................................................... 56
Quadro 16. Espcies nativas de uso tradicional na regio da FNI: .................... 58
Quadro 17. Rede de servios da regio da FNI. ................................................ 68
Quadro 18. Infraestrutura de apoio sade na regio da FNI. .......................... 69
Quadro 19. Caracterizao das unidades geolgicas da regio da FNI. ........... 82
Quadro 20. Processos de titulao mineral em tramitao no DNPM localizados
nas imediaes da FNI. ........................................................................................ 86
Quadro 21. Uso e ocupao da terra na regio da FNI. .................................... 98
Quadro 22. Distribuio das classes de tamanho dos fragmentos de floresta
nativa em estgio mdio e avanado de regenerao na regio da FNI. ............ 98
Quadro 23. Uso e ocupao da terra da FNI. .................................................. 101
-
Quadro 24. Parmetros fitossociolgicos das principais espcies das florestas
nativas em estgio avanado de sucesso na FNI. ........................................... 102
Quadro 25. Parmetros dendromtricos estimados para os plantios de Pinus
elliotti na FNI. ........................................................................................... 105
Quadro 26. Parmetros dendromtricos estimados para os plantios de Pinus
taeda na FNI. ........................................................................................... 106
Quadro 27. Parmetros dendromtricos estimados para os talhes com plantios
de diversas espcies na FNI. ............................................................................. 107
Quadro 28. Sortimento dos plantios de espcies exticas da FNI. .................. 108
Quadro 29. Parmetros dendromtricos estimados para os plantios de Araucaria
angustifolia. ........................................................................................... 112
Quadro 30. Riqueza de espcies de acordo com cada guilda e subguilda, para a
macrorregio. ........................................................................................... 122
Quadro 31. Riqueza das vrias guildas de ocupao do ambiente, confrontadas
com sua representao na avifauna da macrorregio. ...................................... 124
Quadro 32. Espcies da avifauna de interesse para a conservao. .............. 129
Quadro 33. Composio da equipe da FNI ...................................................... 152
Quadro 34. Descrio do uso, rea construda e status de conservao das
edificaes existentes na FNI em julho 2013. .................................................... 164
Quadro 35. Aplicao de recursos na FNI 2009/2011. ................................. 167
Quadro 36. Parcerias institudas no mbito da FNI. ......................................... 168
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Regio da Floresta Nacional de Irati .................................................. 20
Figura 2. Acessos Floresta Nacional de Irati. ................................................. 21
Figura 3. Placa na BR 153 indicando o acesso Floresta Nacional de Irati. .... 22
Figura 4. Posio geogrfica da FNI evidenciando sua importncia como
remanescente estratgico para a conservao da Floresta com Araucria. ........ 30
Figura 5. Genealogia dos municpios da regio da FNI. .................................... 34
Figura 6. Tipos climticos do Estado do Paran. .............................................. 70
-
Figura 7. Mdias de precipitao ao longo do ano na regio da FNI. ............... 72
Figura 8. Mdia de nmero de dias de chuva por ms, ao longo do ano, na
regio da FNI. ....................................................................................................... 73
Figura 9. Durao dos dias e nmero mdio de horas de insolao ao longo dos
meses do ano na regio da FNI. .......................................................................... 74
Figura 10. Compartimentos geomorfolgicos e nvel de dissecao da
paisagem da Regio da FNI. ................................................................................ 76
Figura 11. Hipsometria da FNI. ........................................................................ 78
Figura 12. Principais unidade geolgicas do Paran. ...................................... 79
Figura 13. Coluna cronolitoestratigrfica da Bacia Sedimentar do Paran,
mostrando a distribuio espacial e temporal das principais litologias observadas,
os grupos das principais formaes geolgicas e os ambientes formadores
dessas litologias. .................................................................................................. 80
Figura 14. Formaes geolgicas da regio da FNI. ....................................... 81
Figura 15. Formaes geolgicas da FNI. ....................................................... 85
Figura 16. Solos da regio da FNI. .................................................................. 87
Figura 17. Solos da FNI. .................................................................................. 89
Figura 18. Mapa de Drenagem da Regio da FNI. .......................................... 92
Figura 19. Hidrografia da FNI. .......................................................................... 93
Figura 20. Vrzea formada pelo encontro dos rios das Antas e Imbituvo. ..... 95
Figura 21. Aude no interior da FNI. ................................................................ 96
Figura 22. Uso e Ocupao do Solo na FNI .................................................. 101
Figura 23. Composio da rea de plantios florestais da FNI. ....................... 104
Figura 24. Composio etria dos plantios florestais da FNI. ........................ 104
Figura 25. Distribuio do volume comercial dos plantios de Pinus elliottii na
FNI. ...................................................................................................... 108
Figura 26. Distribuio do volume comercial dos plantios de Pinus taeda na
FNI. ...................................................................................................... 109
Figura 27. Diagrama UPGMA indicando a similaridade entre pontos amostrais,
mediante valores de composio especfica. ..................................................... 128
-
Figura 28. Proporcionalidade dos temas das pesquisas autorizadas no SISBIO
pela FNI. ...................................................................................................... 138
Figura 29. Nmero de estudantes que visitam a FNI para atividades de
Educao Ambiental, 2006 2009. .................................................................... 140
Figura 30. Barbaqu ...................................................................................... 143
Figura 31. Linha de transmisso Irati-Sabar. ............................................... 148
Figura 32. Placa indicando a entrada da FNI. ................................................ 153
Figura 33. Barraco. ...................................................................................... 154
Figura 34. Chamin. Ao fundo guarita localizada na entrada da FNI. ............ 155
Figura 35. Garagem ....................................................................................... 156
Figura 36. Escritrio administrativo da FNI. ................................................... 156
Figura 37. Casa funcional. ............................................................................. 157
Figura 38. Edificao utilizada como refeitrio, lavanderia e depsito. .......... 158
Figura 39. Sede da brigada ............................................................................ 159
Figura 40. Centro de visitantes. ..................................................................... 160
Figura 41. Bancos e mesas ........................................................................... 161
Figura 42. Trilha das Araucrias .................................................................... 162
Figura 43. Comunicao visual da FNI .......................................................... 163
Figura 44. A FNI no organograma do ICMBio. ............................................... 166
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Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
15
DIAGNSTICO
-
Diagnstico
Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
16
1. INTRODUO
A Floresta Nacional de Irati (FNI) localiza-se no estado do Paran e
abrange parte dos municpios de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares. Possui
rea de 3.495 hectares, situado em rea de domnio do bioma Mata Atlntica. A
maior parte de sua rea coberta por florestas nativas com predominncia de
araucria, ou seja, Floresta Ombrfila Mista, segundo classificao do IBGE e
cerca de 37,5% (1.308 ha) com reflorestamento de Araucaria, Pinus e Eucalyptus
(IBAMA, 2006). uma unidade de conservao, e como tal, foi instituda pelo
poder pblico, com limites definidos, com objetivos de conservao, por ter
caractersticas naturais relevantes em sua gesto e manejo deve ser garantida
sua proteo.
As unidades de conservao segundo o Sistema Nacional de Unidades de
Conservao da Natureza (SNUC) so divididas em dois grupos, Unidades de
Uso Sustentvel, ao qual pertencem as Florestas Nacionais (FLONA) e Proteo
Integral. As Unidades do primeiro grupo tm como objetivo bsico compatibilizar a
conservao da natureza com o uso sustentvel de parcela dos seus recursos
naturais. Nestes espaos a explorao do ambiente realizada de maneira a
garantir a perenidade dos recursos ambientais renovveis e dos processos
ecolgicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecolgicos, de forma
socialmente justa e economicamente vivel (Lei 9.985/2000).
As Florestas Nacionais (FLONA) tm por sua vez como objetivo bsico o
uso mltiplo e sustentvel dos recursos florestais e a pesquisa cientfica, com
nfase em mtodos para explorao sustentvel de florestas nativas. Para que as
unidades atinjam os objetivos definidos por lei grupo e categoria - e seus
objetivos especficos definidos em seu decreto de criao e detalhados nos
estudos complementares, so elaborados os seus Planos de Manejo (PM).
A rea que atualmente a Floresta Nacional de Irati foi inicialmente criada
como Estao Florestal de Irat ou Parque Florestal Manoel Enrique da Silva e
teve como objetivo principal pesquisar o Pinheiro-do-Paran (Araucaria
angustifolia) sob diferentes condies de cultivo. Segundo o Plano Florestal da
Estao Florestal de Irati (1949), as Estaes Florestais destinavam-se criao
de patrimnio nacional e a ampliao de conhecimentos sobre os aspectos
-
Diagnstico
Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
17
tcnicos, administrativos e financeiros de reflorestamentos. Posteriormente essas
reas foram utilizadas para testar o desenvolvimento de diferentes espcies e
procedncias de Pinus e Eucalyptus, em diferentes ambientes e tratos
silviculturais, como parte da poltica florestal do pas.
Dentro desta percepo a FNI teve seu primeiro PM elaborado em 1989
pela Fundao de Pesquisas Florestais do Paran (FUPEF). Atualmente esse
documento est sendo revisado no novo escopo dado pela Lei 9.985/2000 que
Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza, seguindo o
princpio da publicidade e da participao social, promovendo a sustentabilidade
econmica da unidade, a integrao com as demais polticas pblicas de proteo
ambiental e de uso sustentvel dos recursos naturais renovveis, o
desenvolvimento e adaptao de mtodos e tcnicas de uso sustentvel dos
recursos naturais, dentre outros.
A reviso do Plano de Manejo foi iniciada no mbito da Gesto
Compartilhada da Floresta Naciona de Irati, iniciada em dezembro de 2006, por
meio do Termo de Parceria firmado entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) e a Sociedade de Pesquisa em Vida
Selvagem e Educao Ambiental (SPVS) e posteriormente aditivada em 2008, j
com o novo rgo gestor da FNI, o Instituto Chico Mendes de Conservao da
Biodiversidade (ICMBio).
Em 2011 o termo de parceria foi desfeito, o que levou o ICMBio a dar
continuidade s atividades para finalizao do PM. Para servir como fundamentos
do processo de deciso para o planejamento foram realizados estudos
socioeconmicos, avaliao ecolgica rpida, inventrios das florestas nativas e
das florestas plantadas, bem como uma oficina de planejamento participativo
(OPP), na qual participaram representantes de diferentes atores sociais da regio.
O documento composto por dois volumes: I Diagnstico e II-
Planejamento, contando ainda com uma verso resumida denominada Resumo
Executivo.
O resumo da informao sobre a FNI est no Quadro 1.
-
Diagnstico
Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
18
Quadro 1. Resumo das Informaes da Floresta Nacional de Irati-PR.
Ficha Tcnica da Floresta Nacional
Nome da Unidade de Conservao: Floresta Nacional de Irati Coordenao Regional: Coordenao Regional Florianpolis (CR-9) Unidade de Apoio Administrativo e Financeiro: UAAF Foz do Iguau Endereo da sede: PR 153, Km 325 trecho entre Irati e
Imbituva/PR Fernandes Pinheiro/PR Caixa Postal 163 Irati PR 84500-000
Site: http://www.icmbio.gov.br
Telefone: (42) 3422.6944
Fax: (42) 3422.6944
e-mail: [email protected] Superfcie da Unidade de Conservao (ha):
3.495 ha
Permetro da Unidade de Conservao (km):
52,167km
Superfcie da Proposta de ZA (ha): 32.753 ha Permetro da Proposta de ZA (km): 97,616 km
Municpios que abrange e percentual abrangido pela Unidade de Conservao:
Fernandes Pinheiro/PR (78%) e Teixeira Soares/PR (22%)
Estados que abrange: Paran Coordenadas geogrficas (latitude e longitude):
5033'44,889"W e 2520'24,818"S
Data de criao e nmero do Decreto:
Em 1946 foi criado o Parque Florestal Manoel Henrique da Silva. Posteriormente sua rea foi enquadrada como Floresta Nacional pela Portaria n 559/IBDF de 25 de outubro de 1968.
Marcos geogrficos referenciais dos limites:
Limite Oeste: Rio das Antas Leste: Riacho Jacu e Rio Imbituva Norte: Foz do Rio das Antas desaguando no Rio Imbituva. Sul: Arroio Cochinhos e Estrada Rural Municipal entre Kartdromo e IAPAR.
Biomas e ecossistemas: Mata Atlntica Floresta Ombrfila Mista (FOM)
Atividades ocorrentes: Proteo, educao ambiental / visitao, pesquisa.
Educao ambiental : Visitas s trilhas, centro de visitantes e atividades ao ar livre com alunos da rede
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Diagnstico
Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
19
escolar municipal da regio e outros grupos organizados; Palestras em escolas.
Fiscalizao : Fiscalizao eventual com apoio de UCs prximas e da Polcial Ambiental Estadual.
Pesquisa: Realizadas por outras instituies de pesquisa, essencialmente voltadas pesquisa bsica de fauna e flora.
Visitao: A visitao feita, em geral, com acompanhamento por tcnico da unidade, sob agendamento prvio. Os principais pblicos so escolares, universitrios e pesquisadores, com uma mdia de 1.500 visitantes/ano. As atividades consistem essencialmente em caminhadas nas trilhas e visita exposio (diorama) no centro de visitantes.
Atividades conflitantes: Existncia de linhas de transmisso com atividades de manuteno; caa e pesca; uso de estrada interna unidade para acesso a rea particular.
2. INFORMAES GERAIS DA FLORESTA NACIONAL DE IRATI
2.1. REGIO DA UNIDADE DE CONSERVAO
A Floresta Nacional de Irati tem 78% de sua rea no municpio de
Fernandes Pinheiro e 22% em Teixeira Soares. Alm disso, faz divisa com mais
dois municpios, Irati e Imbituva (Figura 1). Esses quatro municpios passam, a
partir daqui, a ser chamados de Regio da Floresta Nacional de Irati.
Situa-se na regio centro-sul do Paran, no Segundo Planalto Paranaense,
rea de ocorrncia da Floresta Ombrfila Mista, entre as coordenadas geogrficas
251 e 2540 de latitude sul; e 5111 e 5115 de longitude oeste. Ao norte, faz
divisa com os municpios de Prudentpolis, Guamiranga, Iva e Ipiranga, a leste
com Ponta Grossa, ao sul com Rio Azul, Rebouas, So Joo do Triunfo e
Palmeira e a oeste com Incio Martins e Guarapuava.
Com uma rea de 310.307,97 ha e uma populao de 91.363 habitantes,
dos quais 65,5% residem em rea urbana, a Regio da FNI tem uma estrutura
fundiria baseada na pequena propriedade rural, sendo 88,3% da rea total
formada por 6.421 propriedades com at 50 ha.
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Figura 1. Regio da Floresta Nacional de Irati
Fonte: Mazza, 2006
Localizada na poro centro-sul do Estado do Paran, no que pode ser
considerado a rea core da Florestal Ombrfila Mista, a regio da FNI
caracterizada por apresentar uma condio de manuteno da cobertura original
relativamente melhor que o restante da rea de abrangncia desse ecossistema
em termos de rea (cerca de 32% com remanescentes de florestas nativas).
Entretanto, grande parte desses remanescentes esto pulverizados em
fragmentos de tamanho inferior a 1,0ha.
Quadro 2. Populao total e rea territorial dos municpios da regio da FNI 2010
Municpio Populao rea territorial
(ha)
Total Rural Urbana Fernandes Pinheiro 5.932 3.838 (64,7%) 2.094 40.650 Imbituva 28.455 10.567 (37,1%) 17.888 Irati 56.207 11.275 (20,1%) 44.932 99.529 Teixeira Soares 10.283 5.487 (53,4%) 4.796 90.308 PARAN 10.444.526 1.535.345 (14,7%) 8.909.181 19.988.000 Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2010.
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Com isso, a FNI com 3.495 ha, a REBIO das Araucrias (14.919,42 ha) e a
Estao Ecolgica de Fernandes Pinheiro (532.13 ha) representam alguns dos
principais remanescentes de floresta com araucria da regio.
2.2. ACESSO UNIDADE
O acesso rodovirio FNI facilitado pela sua proximidade a duas
rodovias importantes: a BR 277, que corta o Paran de Leste a Oeste, e a BR
153, a rodovia Transbrasiliana, que perpassa o pas de Norte a Sul (Figura 2).
Figura 2. Acessos Floresta Nacional de Irati.
O trajeto, partindo de Curitiba, tem incio pela BR 277 sentido Ponta
Grossa, por uma distncia de cerca de 45km, at uma inflexo desta mesma
rodovia na altura do km 147, logo aps o posto da Polcia Rodoviria Federal.
Desse ponto segue-se por aproximadamente 98km, at o km 245, no viaduto de
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entrada do municpio de Irati, donde toma-se a BR 153, em direo a Imbituva,
por cerca de 3,8km, at o km 325. Desse ponto, toma-se a direita, percorrendo
1,5km por via cascalhada, at a entrada da FNI (Figura 3).
Figura 3. Placa na BR 153 indicando o acesso Floresta Nacional de Irati.
Tendo como origem regies ao Norte da unidade, pode-se acessar a FNI
diretamente pela BR 153, atravessando o municpio de Imbituva e seguindo em
direo a Irati, por 23 km, at o km 325, donde toma-se a esquerda, percorrendo
1,5km por via cascalhada, at a entrada da FNI. As distncias entre a FNI e as
principais cidades constam no Quadro 3.
Quadro 3. Distncia entre a sede da FNI e Curitiba e os principais centros urbanos do entorno.
Local Distncia aproximada Vias de Acesso Principal
Curitiba 158 km BR-277 e BR 153
Irati 8 km PR-153
Fernandes Pinheiro 13,5 km PR-438, BR 277 e BR 153
Imbituva 20 km BR 153
Teixeira Soares 20 km PR-438, BR 277 e BR 153
Fonte: Google Earth, acesso: 24/05/2012.
O atendimento ao transporte aerovirio, com linhas regulares, mais
prximo regio, exercido pelo aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Ponta
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Grossa, a cerca de 90km de distncia possui o Aeroporto Municipal Santana, que
recebe avies de pequeno e mdio porte, mas onde, atualmente, no existem
linhas comerciais em operao.
2.3. ORIGEM DO NOME
A partir de 1943 o Instituto Nacional do Pinho iniciou a aquisio de terras
visando o reflorestamento e a experimentao florestal, voltados principalmente
para a araucria. Assim, em 1946 foi criado o Parque Florestal Manoel Henrique
da Silva, na ento localidade de Fernandes Pinheiro, municpio de Teixeira
Soares, no Paran.
Entretanto, corriqueiramente era utilizado o ttulo Estao Experimental
para o tratamento dessas reas e a tendncia em se associar os nomes das
reas pblicas a topnimos, ou seja, a entes geogrficos da regio: segundo o
Plano Florestal da Estao Florestal de Irat(INP, 1949):
Esta Estao (E.F. de Fernandes Pinheiro) costuma ser chamada Estao Florestal de Irat, por estar situada na srie geolgica de Irat.
Em 25 de outubro de 1968, sob tutela do Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal IBDF, a rea foi reenquadrada como Floresta
Nacional de Irat.
O nome da srie Irati, que na lngua tupi significa rio do mel, provm de
local onde afloram os folhelhos pretos desta formao geolgica: a cidade
paranaense de Irati (AMARAL, 1971), limtrofe Floresta Nacional.
2.4. HISTRICO DA FNI
A extrao e comercializao da madeira uma das mais antigas
atividades econmicas exercidas no Brasil. Ocorrendo desde seu incio de forma
emprica e desordenada, atravessou fases sucessivas de pujana e depresso.
Essa instabilidade criou, ao longo de mais de quatro sculos, um complexo de
insegurana, que passou de gerao em gerao (INP, 1948).
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Pouco antes da II Guerra Mundial, verificou-se substancial aumento na
exportao de madeiras, sobretudo para a Europa e especialmente para a
Alemanha que, quela altura, cuidava de compor imensos estoques com objetivos
estratgicos (INP, 1948).
Facilidades cambiais e abundncia de matria prima favoreciam o
incremento dos negcios e, assim, a indstria madeireira viveu uma fase de
prosperidade. At esse momento, as serrarias trabalhavam em regime de vinte
quatro horas.
Com o incio da II Guerra em setembro de 1939, estancou-se, de sbito, as
exportaes para a Europa, interferindo fortemente no comrcio internacional
brasileiro. Com isso, restou basicamente apenas um destino contnuo para as
exportaes madeireiras: a Argentina (INP, 1948).
Em toda a regio produtora do sul do pas, os trens corriam em verdadeiros
vales formados de pilhas de madeira, cuja altura aumentava continuamente,
criando srio problema para o governo. Essa circunstncia fez com que
crescessem os embarques de madeira brasileira sob consignao para a praa
de Buenos Aires, onde passou a ser vendida a preo desvantajoso, chegando por
vezes a no cobrir os custos de explorao.
Coincidindo com esses fatos, o transporte ferrovirio comeou a diminuir
pela dificuldade de manuteno das ferrovias, pela dificuldade de importao de
material rodante para a recuperao das linhas e das locomotivas e pela
dificuldade de obteno de combustvel: a madeira utilizada era, paradoxalmente,
rara no interior das florestas, em decorrncia de graves erros administrativos.
Desenhava-se assim, um quadro de perspectivas sombrias ao setor madeireiro,
levando o poder pblico a tomar medidas acauteladoras sobre o futuro da
indstria madeireira (INP, 1948).
Sob esse panorama foi criado, em 1939, o Servio do Pinho, sob o mbito
da Comisso de Defesa da Economia Nacional, que realizou levantamento sobre
a capacidade de produo do parque madeireiro dos Estados do sul, visando
regular a produo das serrarias de acordo com a real capacidade de transporte
ferrovirio. Alm disso, fixou cotas de exportao de madeira para os trs Estados
do sul, disciplinando as remessas para o nico mercado extrangeiro normalmente
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operante poca. Tais medidas impediram o aumento dos estoques margem
das ferrovias, que poca estavam estimados em 40.000 vages, bem como
provocaram a reao dos preos, os quais se elevaram a valores de remunerao
mais justos. Com o sucesso das medidas adotadas ficou resolvido no mais ser
abandonada prpria sorte a indstria madeireira (INP, 1948).
Assim, a partir do ncleo constitudo pelo Servio do Pinho, foi criado em 19
de maro de 1941 o Instituto Nacional do Pinho (INP), pelo Decreto n. 3.124,
posteriormente reorganizado pelo Decreto-lei 4.813, de 08 de outubro de 1942,
com a incumbncia de controlar e regulamentar a economia madeireira e tratar do
florestamento e do reflorestamento das zonas devastadas. Para isso foi traado
um plano de instalao de vrias estaes experimentais distribudas pela regio
de ocorrncia da A. angustifolia, para o plantio e observaes sobre a cultura do
pinheiro do Brasil (INP, 1948b).
Neste cenrio em 1946 foi iniciada a compra, pelo INP, das terras para
formao do Parque Florestal Manoel Henrique da Silva, na regio de ocorrncia
natural da araucria. A Unidade foi destinada implementao de estudos e
ensaios com a Araucaria angustifolia com o objetivo inicial de avaliar e testar os
mtodos de plantio, espaamento, tratos culturais etc, gerando subsdios para os
plantios em grande escala (Hosokawa et al., 1990). Nessa rea foram realizados
plantios de araucria no perodo entre 1943 (pelo antigo proprietrio da terra) at
1961.
Com a publicao da Portaria IBDF n 559 em outubro de 1968, j sob a
administrao do IBDF, o Parque Florestal Manoel Henrique da Silva foi
enquadrado como Floresta Nacional, respaldado em artigo do Cdigo Florestal de
1965 que definiu a figura dessa categoria de unidade de conservao.
Desde o incio do sculo, estudos vinham sendo conduzidos visando
introduo e a aclimatao do gnero Pinus no Brasil (Lfgren, 1906). Na dcada
de 1930 foram feitos os primeiros estudos sobre os chamados pinus subtropicais,
com a implantao de extensas reas experimentais pelo Instituto Florestal de
So Paulo (P. elliotti e P. taeda). A introduo de espcies exticas com fins
comerciais ocorreu, por um lado em razo da diminuio de espcies nativas nos
Estados do sul e sudeste do pas e, por outro lado em funo do aumento da
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demanda de celulose para a fabricao de papel e de madeira para serraria
(KRONKA, BERTOLANI, & PONCE, 2005).
Na dcada de 1950, alguns particulares, ainda em muito pequena escala, e
outros rgos de pesquisa estatais iniciaram testes por meio do plantio de
diversas variedades de pinus (KRONKA, BERTOLANI, & PONCE, 2005). Na FNI
os plantios de pinus foram realizados de 1960 a 1981 (FIGUEIREDO FILHO,
2006).
Foram tambm realizados plantios experimentais de outros gneros e
espcies como: Acacia sp., Eucalyptus spp, Cupressus lusitanica e Cunninghamia
lanceolata.
Processo de gesto da FNI
A gesto da FNI acompanhou as tendncias e orientaes segundo as
diferentes fases e contextos histricos.
Assim, as primeiras atividades no Parque Florestal tiveram incio em 26 de
setembro de 1946, sob a coordenao do agrnomo Ferno de Lignac Paes
Leme, do silvicultor austraco Erwin Grger e, a partir de 1949, do agrnomo
Ernesto Silva Arajo, que foi o diretor da Unidade at o ano de 1978. Um relatrio
do INP datado do final de 1949 sugere a denominao Estao Florestal de Irati,
e define claramente quais eram os objetivos de tais reas na poca:
...so essencialmente empresas de reflorestamento em estado de organizao, dedicadas cultura de Araucria (...) no apenas destinadas criao de um patrimnio nacional, mas tambm ampliao de nossos conhecimentos sob os aspectos tcnicos, administrativos e financeiros de reflorestamento....
Os objetivos permaneceram muito prximos aos anteriores, na gesto do
INP, mas agora focados no gnero Pinus.
Em 1989 foi elaborado, pela Fundao de Pesquisas Florestais FUPEF, o
primeiro e nico Plano de Manejo da Floresta Nacional de Irati, com objetivos
predominantemente dirigidos ao aspecto produtivo, no tendo sido contemplados
outros temas de manejo voltados conservao. Ele era composto por um
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inventrio das florestas nativas e plantadas, um levantamento de fauna,
levantamento da malha viria e algumas propostas para uso pblico, voltadas
para atividades de lazer. O inventrio das florestas plantadas foi feito de forma
muito detalhada, objetivando subsidiar a colheita dessas florestas. O
levantamento da malha viria recomendava a adequao das vias internas para o
escoamento da produo, e o inventrio faunstico apontava (contrariando o que
sabemos hoje, a partir de levantamentos posteriores) para uma diversidade pouco
significativa da fauna aqui existente, e conclua que a explorao florestal na
Unidade no acarretaria nenhum impacto representativo sobre a nossa
biodiversidade. No foi feita nenhuma proposta de zoneamento para a FNI, no
se definiu nenhuma estratgia para a conservao dos nossos remanescentes de
floresta nativa e no foram mencionadas prticas minimizadoras do impacto da
explorao dos plantios florestais. Esse Plano de Manejo vigorou at 1999, ano
de seu vencimento. Suas propostas de manejo no foram executadas de forma
adequada, o que interfere na qualidade dos povoamentos existentes atualmente.
Aps a publicao da Lei do SNUC esforos tm ocorrido no sentido de
adequar a FNI ao conceito de Unidade de Conservao, onde a conservao da
biodiversidade, dos processos ecolgicos, do patrimnio cultural e o uso
sustentvel dos recursos naturais tornam-se seus objetivos de gesto e manejo,
tendo como uma das principais diretrizes a participao social. Nesse contexto foi
priorizada a criao e consolidao do Conselho Consultivo da FNI e o
estabelecimento de parcerias com instituies de pesquisa e ensino.
3. ANLISE DA REPRESENTATIVIDADE
A Mata Atlntica, reconhecidamente um dos biomas mais ricos em
diversidade biolgica do mundo, tambm um dos mais ameaados do planeta.
Essa formao, que poca da chegada dos portugueses revestia cerca de 15%
do territrio do Brasil, representa hoje menos de 7% de sua cobertura original.
Cerca de 62% da populao brasileira reside dentro do territrio sob o domnio da
Mata Atlntica e, conseqentemente, nela est a maior concentrao das
atividades produtivas do pas.
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Graas sua ampla distribuio, o bioma Mata Atlntica composto por
vrios tipos de ecossistemas relacionados entre si, tais como a Floresta Ombrfila
Densa, a Floresta Ombrfila Mista (Floresta com Araucrias), a Floresta
Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional Decidual e os ecossistemas
associados como manguezais, restingas, brejos interioranos, campos de altitude e
ilhas costeiras e ocenicas. Essa amplitude contribui para a constituio de uma
grande variabilidade de ambientes, de espcies e gentica, levando a enquadrar
a regio da Mata Atlntica como Hotspot de Biodiversidade (MYERS et al., 2000)
O Estado do Paran originalmente apresentava quase que a totalidade de
seu territrio recoberto pelo bioma Mata Atlntica. Atualmente grande parte dos
remanescentes ainda existentes esto concentrados principalmente em unidades
de conservao.
No sul do Brasil um dos ecossistemas mais caractersticos do bioma Mata
Atlntica corresponde Floresta Ombrfila Mista (IBGE, 2004), tambm
conhecida como regio das matas de araucria (Maack, 2002), pinheiral
(Rizzini e Coimbra Filho, 1988) ou floresta com araucria. Segundo Koch e
Corra (2002) a exuberncia da Floresta com Araucria era tamanha que os
viajantes chegavam a ficar vrios dias quase sem ver a luz do sol, encoberta
pelas copas entrelaadas dos pinheiros. A devastao da Floresta Ombrfila
Mista seguiu um ritmo semelhante por toda a sua rea de ocorrncia, tendo
iniciado de forma lenta entre os sculos XVIII e XIX, para se intensificar durante a
1 Guerra Mundial, quando os mercados nacional e internacional se viram
privados do pinho-de-riga, madeira produzida na Europa, voltando-se ento para
o pinheiro-brasileiro. A explorao da araucria foi mais intensa a partir de 1934,
atingindo seu auge no perodo de 1950 a 1970.
No Estado do Paran existiam, originalmente, cerca de 73.780 km de
Floresta Ombrfila Mista (quase 40% da rea do Estado). Em 1965 existiam
apenas 21,6% da rea original desse tipo de formao remanescente, sendo
cerca de 18,6% considerados como mata virgem (Maack, 2002). At a dcada
de 1970 a araucria foi o principal produto brasileiro de exportao, respondendo
com mais de 90% da madeira remetida para fora do pas (Seitz, 1986).
Levantamentos realizados no ano de 2002 estimaram que os remanescentes de
Floresta Ombrfila Mista, nos estgios primrios ou mesmo avanados, no
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Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
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perfaziam mais de 0,7% da rea original (MMA, 2002), o que a colocava entre as
tipologias mais ameaadas do bioma Mata Atlntica. As indicaes mais otimistas
registram entre 1 a 2% de reas originais cobertas pela Floresta Ombrfila Mista
nos trs Estados do Sul (Koch e Corra, 2002). Estudos realizados pelo PROBIO
Araucria (Castella e Britez, 2001), indicavam a ocorrncia de apenas 0,8% de
Floresta Ombrfila Mista em estgio avanado, sendo que a distribuio espacial
desses remanescentes apresentava-se dispersa em fragmentos pequenos e
mdios, no superiores a 5.000 ha. O mesmo estudo indicava ainda a inexistncia
de reas intocadas j quela poca.
A Floresta Ombrfila Mista, em funo de seu nmero de espcies
endmicas, foi enquadrada como uma rea de Endemismo de Aves (Endemic
Bird Area - EBA), rea Montanhas da Floresta Atlntica (BIRDLIFE
INTERNATIONAL, 2012).
A FNI constitui uma das dez Florestas Nacionais da regio sul e uma das
65 unidades enquadradas nessa categoria no Brasil. Dentre as da regio sul, a
segunda maior em rea total. Constitui, junto com as outras Florestas Nacionais
do sul e do sudeste, algumas das mais antigas reas da Unio que foram
posteriormente transformadas em UCs, considerando-se sua aquisio pelo
Instituto Nacional do Pinho nas dcadas de 1930-1940.
Essa UC contribui para o cumprimento da misso do ICMBio1
1
Proteger o patrimnio natural e promover o desenvolvimento socioambiental.
e constitui
tambm a representao institucional na regio.
Nesse contexto, fica saliente a importncia, pela sua simples existncia, da
Floresta Nacional de Irati. Com um total de 3.495ha, essa unidade de
conservao apresenta diversos tipos de cobertura vegetal, sendo que cerca de
60% correspondem a reas naturais, ou seja, cerca de 2.000ha de formaes
nativas. Por representar um grande remanescente de florestas naturais, sua
posio geogrfica estratgica para a conexo entre diversos fragmentos da
regio, fortalecendo seu papel na manuteno do patrimnio gentico.
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Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
30
A FNI est inserida na bacia hidrogrfica do Tibagi, que abrange um
territrio de 2.493.738ha e 53 municpio distribudos na poro centro-oriental do
Paran. A bacia do Tibagi, de maneira geral, apresenta uma reduzida rea de
cobertura florestal, por volta de 3,4% da rea total (83.878ha). Dessa rea de
cobertura florestal existente, a unidade responsvel pela conservao de cerca
de 2,4% do total, correspondente aos seus remanescentes naturais.
Em conjunto com a Reserva Biolgica das Araucrias, a Estao Ecolgica
Fernandes Pinheiro e a proposta de Refgio de Vida Silvestre do Rio Tibagi
(Figura 4), a FNI compe um corredor de biodiversidade relativamente extenso.
Alm disso, essas unidades formam um mosaico de unidades de conservao de
diferentes categorias e com representantes dos dois grupos previstos no SNUC,
proteo integral e de uso sustentvel.
Figura 4. Posio geogrfica da FNI (em verde) evidenciando sua importncia como remanescente estratgico para a conservao da Floresta com Araucria.
Legenda: Em laranja - Estao Ecolgica de Fernandes Pinheiro; em azul: Reserva Biolgica das Araucrias; em verde - Floresta Nacional de Irati. Fonte: SPVS
Os outros 37% da cobertura vegetal da FNI so ocupados por silvicultura,
sendo cerca de 430ha compostos por plantios de araucria e cerca de 860ha por
plantios de espcies exticas, principalmente de pinus. Esses plantios constituem
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Floresta Nacional de Irati Plano de Manejo
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um ativo florestal passvel de explorao, que configura importante fonte de
recursos financeiros a serem reinvestidos em conservao da biodiversidade.
Alm disso, a explorao do pinus existente na unidade altamente
recomendada, do ponto de vista ecolgico, considerando tratar-se de uma
espcie extica que, via de regra, apresenta ndices bastante baixos de riqueza e
diversidade e por seu alto potencial de contaminao biolgica, especialmente em
reas abertas, como por exemplo, campos e banhados.
Considerando os aspectos acima citados, nas avaliaes realizadas no
mbito do Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade
Biolgica Brasileira - PROBIO, a FNI foi enquadrada como uma rea prioritria
para conservao do bioma Mata Atlntica de importncia extremamente alta
(Ma622) pelo Ministrio do Meio Ambiente em 2006 (MMA, 2012).
4. ASPECTOS HISTRICOS, CULTURAIS E SOCIECONMICOS
4.1 Aspectos culturais e histricos
A histria do Brasil pr-cabralino recente costuma ser estudada atravs das
lnguas nativas. Quando os europeus passaram a ocupar a costa oriental da
Amrica do Sul, encontraram etnias vinculadas a quatro principais grupos
lingusticos: arawak, tupi-guarani, j e karib.
A expanso dos ndios pertencentes ao grupo Guarani teria tido seu ponto
de origem em algum lugar na Amaznia em direo ao sul, onde ocuparam as
bacias dos rios Paraguai, Paran e Uruguai e seus afluentes. Pesquisas indicam
que as populaes Guarani, em contnuo processo de crescimento demogrfico e
de expanso territorial, a partir do sudoeste da Amaznia (bacia do rio Guapor),
teriam sucessivamente ocupado a rea do atual Mato Grosso do Sul e, atravs da
bacia do Paran, ingressado no sul do Brasil pelo noroeste paranaense
(Brochado 1984; Noelli 1998, 1999-2000).
As lnguas associadas matriz lingustica Macro-J tiveram sua expanso
iniciada pelos J meridionais (Kaingang e Xkleng) h cerca de 3 mil anos, a
partir da Regio Centro-Oeste do Brasil em direo ao sul, ocupando mais
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especificamente as regies altas dos planaltos (Cunha, 2008). Os jesutas do
sculo XVII, fundadores das redues do sul do Brasil, registraram a presena
desses grupos indgenas no Guaranis na regio que hoje se estende do sul do
Estado de So Paulo at a margem direita do rio Iguau, denominando-os de
Cabeludos e Gualachos.
Na poca da chegada dos europeus na Amrica podemos dizer que os
Guarani ocupavam, alm do litoral da baia de Paranagu para o sul, todos os
vales dos grandes rios do interior, e os J (Kaingang e Xokleng) ocupavam as
regies mais altas nos interflvios desses rios.
provvel que os Kaingang e os Xokleng tenham chegado primeiro na
regio do Paran, pois em quase todo o Estado os stios Guarani esto prximos
ou sobre os stios arqueolgicos dos Kaingang e dos Xokleng. Com a chegada
dos Guarani e, na medida em que estes iam conquistando os vales dos rios, os
Kaingang foram sendo empurrados para o centro-sul do Paran.
O territrio paranaense, at o incio do sculo XVII pertencia ao Imprio
Espanhol e era chamado de Provncia ou Repblica del Guayr. Por essa poca,
a regio do Guayr tinha se tornado abrigo para Guaranis que fugiam dos
comerciantes em busca de ouro e escravos. A partir de 1610 a Coroa Espanhola
fomentou a criao de 15 redues jesuticas no Guayr, visando diminuir a
resistncia indgena e para facilitar a efetiva conquista desse territrio. No vale do
rio Tibagi foram fundadas quatro redues: San Francisco Javier (1622), Nustra
Seora de Encarnacin e San Jos (1625) e San Miguel (1627). Essas redues,
em sua maioria, eram formadas sobre antigas aldeias Guarani e J (Parellada,
2007 apud Montoya, 1985).
A durao dessas redues foi curta, pois j em 1631 todas elas haviam
sido destrudas pelos bandeirantes paulistas. Grande parte dessas tm
localizao incerta, tendo-se apenas aproximaes de onde deveriam estar
situadas (Parellada, 2007). A reduo de So Miguel localizava-se onde hoje o
municpio de Tibagi, a cerca de 80km, em linha reta, da FNI.
A partir do final do sculo XVII, quando as populaes Guarani tiveram
uma drstica reduo em funo, principalmente das guerras contra os
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colonizadores, os Kaingang voltaram a se expandir por todo o centro do Paran
(Mota, 2005).
Apesar de todas as lutas dos Kaingang para expulsar os brancos, os
caciques foram vencidos um a um e aceitaram fixar-se nos aldeamentos definidos
pelo governo, sob pena de serem exterminados, como de fato alguns o foram.
Praticamente todos os grupos Kaingang que viviam no Sul do Brasil foram
conquistados e aldeados at o final do sculo XIX. Simultaneamente ao
aldeamento, os territrios foram sendo ocupados pelas fazendas e a colonizao
nacional foi se consolidando nas dcadas seguintes.
Atualmente a populao indgena do Paran est estimada em 9000
indivduos, habitando 17 Terras. As TIs mais prximas FNI so:
TI Rio dAreia, localizada a cerca de 70km de distncia da unidade, no
municpio de Incio Martins. Abriga 51 Guaranis;
TI Marrecas, a cerca de 90km da FNI, nos municpios de Guarapuava e
Turvo. Abriga uma populao de 385 ndios, pertencentes s etnias
Kaingang e Xet.
No perodo a partir da segunda metade do sculo XIX e incio do sculo XX
que foi se configurando a diviso geopoltica da regio, a partir do territrio do
municpio de Ponta Grossa (Figura 5).
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34
Figura 5. Genealogia dos municpios da regio da FNI.
Fonte: IBGE, 2012.
4.1.1. Os ciclos econmicos e a ocupao europeia da regio de Irati
A ocupao da regio da FNI foi regida por vrios ciclos econmicos, que
se iniciaram com o ciclo da minerao do ouro, no sculo XVI. At ento, o atual
Estado do Paran era habitado exclusivamente por populaes indgenas. A
descoberta desse metal precioso na bacia do rio Paranagu estimulou a
explorao agrcola da regio do litoral e do primeiro planalto curitibano. A
posterior queda da produo de ouro fez com que parte da populao que vivia
em funo das atividades mineradoras procurasse novos locais para habitar.
Assim, gradativamente, ocorreu um processo de interiorizao da populao do
primeiro planalto curitibano, alcanando os Campos Gerais, no segundo planalto
paranaense. O crescente mercado interno demandava cada vez mais produtos
agropecurios, e essa populao, anteriormente vivendo da subsistncia, iniciou
atividades de maior alcance para suprir essas necessidades do mercado,
tornando-se criadores e agricultores.
A pecuria tornou-se a principal atividade econmica da regio, estimulada
pelo estabelecimento da rota de comrcio que levava gado e muares do Rio
Grande para o abastecimento de So Paulo e das Minas Gerais. O transporte dos
animais se fazia por uma rota conhecida como o Caminho das Tropas, ligando
Viamo, no Rio Grande do Sul, a Sorocaba, em So Paulo, onde havia o principal
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mercado pecurio da poca. A regio onde hoje est a FNI se situava nesse
caminho, ao longo do qual foram fundadas pequenas povoaes e estabelecidas
grandes fazendas, cujos campos naturais serviam de pastagem para engorda e
descanso dos animais. Essas povoaes propiciaram a ocupao populacional do
territrio e o conseqente incio das atividades econmicas e sociais.
A fora de trabalho para essa atividade consistia principalmente em
escravos, que incluam negros, ndios e seus mestios, e havia tambm um
contingente significativo de trabalhadores livres, chamados agregados. Da
miscigenao dessas etnias surgiu uma nova, o caboclo, que at os dias atuais
faz parte dos grupos tnicos caractersticos da regio.
A erva-mate
Ao longo do sculo XVIII, outra atividade comea a ganhar importncia na
economia paranaense, a explorao, beneficiamento e exportao da erva-mate.
Em uma fase inicial, a erva-mate dividiu com a pecuria o status de principal
negcio da economia regional. A partir da primeira metade do sculo XIX, com o
declnio da atividade de criao de gado, a erva-mate assume o posto de principal
produto de exportao paranaense, e esse cenrio permaneceria at 1929.
Encontrada de forma natural em meio s matas da regio Centro-Sul do
Paran, a erva-mate (Ilex paraguariensis) teve seu consumo difundido e
assimilado de diversas formas pela populao da Amrica do Sul e vrios pases.
Sua extrao, preparao e beneficiamento, transporte e exportao tornaram-se
lucrativos ao ponto de atrair investimento em infra-estrutura, mecanizao e
industrializao da produo. A atividade ervateira estimulou o estabelecimento
de empresas relacionadas ao seu suporte, proporcionando o desenvolvimento da
regio em diversos setores, auxiliando na construo de suas caractersticas
urbanas, culturais e produtivas. A indstria surgiu no Paran para aproveitar
melhor a erva-mate e inseriu o Estado no cenrio do comercio internacional
martimo.
A erva-mate contribuiu diretamente para a ocupao da regio centro-sul
do Paran e, conseqentemente, da Regio da FNI. A abundncia de erva-mate
nessa regio e a sua crescente importncia na economia do Estado atraiu muitos
dos antigos trabalhadores das fazendas de gado, com o declnio da atividade
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pecuarista, na primeira metade do sculo XIX. Irati, situada no centro da regio
produtora, teve sua realidade poltica, econmica e social fortemente influenciada
pela erva-mate. As primeiras famlias a se estabelecerem nesse municpio vieram
de Palmeira, Campo Largo, Lapa, Itaioca, Assungui e Curitiba.
A produo ervateira era voltada quase exclusivamente para a exportao,
atendendo demandas dos mercados da Argentina e Uruguai. Assim, essa
atividade sofreu grandes oscilaes devido a causas externas regio,
culminando com o decrscimo expressivo das exportaes nas dcadas de 1910
e 1920, o que marcou o fim da preponderncia dessa atividade na economia do
Estado. Ao mesmo tempo, uma nova fora surgia no cenrio da economia
paranaense: a extrao da madeira.
A imigrao na regio centro-sul do Paran
Durante o sculo XIX, com os crescentes movimentos pelo fim do trfico e
da abolio da escravatura, o Governo Imperial passou a estimular e apoiar a
vinda de imigrantes europeus para o pas. Essa vinda se intensificou a partir de
meados do sculo. Os poloneses tiveram grande importncia na ocupao da
regio. Foram eles os difusores das carroas, influenciando significativamente o
desenvolvimento das vias de transporte terrestre. No final do sculo vieram os
ucranianos, e introduziram uma outra dimenso cultural, de cunho religioso, pois
eram catlicos praticantes do rito oriental, cujas caractersticas marcaram
inclusive a arquitetura. Outros grupos tnicos tambm chegaram, como os
italianos e alemes, que contriburam na diversificao agrcola e instalao das
primeiras manufaturas, e os srios e libaneses (chamados de turcos) que
estimularam o desenvolvimento do comrcio, inclusive o comrcio itinerante, na
figura do mascate, que prestava um grande servio para as populaes que
habitavam os sertes da regio.
Na dcada de 1890, a populao da regio das matas do Imbituva dobrou
de tamanho, indicando um significativo deslocamento humano para aquela regio.
Em 1899, chega regio de Irati a Estrada de Ferro So Paulo-Rio Grande. Em
1907, criado o municpio de Irati e, no ano seguinte, chega o primeiro
contingente de colonos, os holandeses. Ainda nesse ano comeam a chegar
imigrantes ucranianos e poloneses, cerca de 300 famlias, e tambm alguns
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austracos. Em 1909 vieram os alemes, em 1910 e 1912, mais ucranianos e
poloneses e, em 1913, italianos.
A mo de obra dos imigrantes teve um papel decisivo no desenvolvimento
do ciclo econmico da madeira.
O ciclo madeireiro nas primeiras dcadas do sculo XX
Inicialmente, a exemplo do que aconteceu em todo o Brasil, a madeira
exportada era retirada do litoral, pois a falta de vias de ligao entre este e o
interior do estado constitua-se no maior empecilho para a explorao das
extensas florestas de pinheiros, que eram utilizados apenas nos limites de serra
acima. Aps a abertura da Estrada da Graciosa, ligando Curitiba a Antonina, em
1873, da construo da Estrada de Ferro Paranagu-Curitiba, em 1885 e do
ramal Morretes-Antonina em 1891, a explorao da madeira pode tornar-se uma
das atividades econmicas mais importantes do Estado. A araucria angustifolia
o pinheiro do Paran crescia em florestas exuberantes na regio de Irati. Sua
madeira branca, leve e fcil de trabalhar foi o principal alvo da explorao nas
primeiras dcadas do sculo XX.
O primeiro grande propulsor da exportao do pinheiro paranaense foi,
sem dvida, a Primeira Guerra Mundial, pois, com a impossibilidade de
importao do similar estrangeiro, o pinho-do-paran passou a abastecer o
mercado interno e tambm o dos pases vizinhos, em especial o argentino.
Multiplicaram-se as serrarias, concentrando-se no centro-sul e deslocando-se
para o oeste e sudoeste do Estado. Desse modo, a exportao do pinho tornou-
se o carro chefe da economia paranaense, ultrapassando a importncia da erva-
mate como fonte de arrecadao de divisas para o Estado. O desenvolvimento do
transporte feito por caminho aps a dcada de 30 libertou a indstria madeireira
da dependncia exclusiva da estrada de ferro, e possibilitou a sua penetrao
cada vez mais para o interior, em busca das florestas de pinheiro nativo.
A explorao da madeira era uma atividade nmade e, por isso, no se
integrava vida social e econmica da regio. Localizadas as reas florestais,
iniciava-se sua explorao intensiva e, uma vez esgotado o patrimnio natural
existente, as serrarias se transferiam para outros lugares. Embora em vrios
locais se criasse um ncleo habitacional, com casas para trabalhadores,
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mercados etc., tudo se desfazia com a transferncia das empresas exploradoras.
Alm disso, como as reas de explorao se localizavam longe dos centros
urbanos e rgos de fiscalizao, as condies de vida e de relaes de trabalho
eram precrias, se no desumanas.
Entre o final da dcada de 1920 e os anos 1960 foram devastados 40.000
km de florestas nativas, resultando no esgotamento do patrimnio natural e
tornando a situao socioeconmica da regio precria, uma vez que a riqueza
oriunda da explorao madeireira foi apropriada por poucos, quase nada restando
no lugar.
O declnio da explorao da araucria, em meados da dcada de 40,
decorrente da Segunda Guerra Mundial, que impediu a exportao da madeira
para a Europa, gerou uma crise no setor florestal e consequentemente a
precarizao socieconmica da regio.
O ciclo da madeira a partir dos anos 60
Segundo Wachowisky (1972), com o esgotamento das florestas naturais do
Paran, a fim de garantir a continuidade da atividade madeireira e evitar uma
crise no setor, foram realizados estudos que apontaram como soluo o plantio
de espcies exticas madeirveis.
A introduo de espcies alctones com fins silviculturais teve incio em
1903, por Navarro de Andrade, que trouxe mudas de eucalipto que produziriam
madeira para dormentes de estradas de ferro.
Apesar de diversas tentativas anteriores com a utilizao de mudas de
origem europeia, apenas em 1948, por meio do Servio Florestal do Estado de
So Paulo, obteve-se sucesso com o plantio do gnero Pinus, agora com
espcies de origem americana: Pinus palustris, P. echinata, P. elliottii e P. taeda.
Dentre essas, as duas ltimas se destacaram pela facilidade nos tratos culturais,
rpido crescimento e reproduo intensa no sul e sudeste do Brasil.
A partir da segunda metade da dcada de 1960 o setor madeireiro foi
marcado pela poltica de incentivos fiscais para o reflorestamento, a qual permitia
s pessoas jurdicas a deduo do imposto de renda a pagar de importncias a
serem aplicadas em empreendimentos florestais. No Estado do Paran, entre
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1966 e 1975 foram reflorestados 655.546ha, sendo 62,4% dessa rea recoberta
com plantios de pinus (BREPOHL, 1976).
Com esse desenho, o setor madeireiro ganhou um novo impulso, agora
com a atividade de reflorestamento, a qual permanece relevante na economia
regional at os dias de hoje.
4.2 Caractersticas da populao da Regio da FNI
4.2.1 Desenvolvimento Socioeconmico da Regio
O ndice de Desenvolvimento Humano/IDH um indicador utilizado com o
propsito de evidenciar as condies de desenvolvimento socioeconmico de um
pas, estado e/ou municpio. Ele permite que se verifique o grau de desigualdade
entre unidades poltico-administrativas, auxiliando na gesto de polticas pblicas.
O IDH-M o ndice que evidencia o desenvolvimento humano entre os
municpios.
No incio da dcada 1990 o Paran alcanou o ndice de IDH de 0,711,
colocando o estado na 6 posio dentre os demais estados do pas, cujo IDH era
de 0.696. Uma dcada depois, em 2000, se verifica que houve uma melhora, com
o ndice alcanando 0,787, o que manteve o estado na mesma posio no ranking
nacional, destacando-se que agora o IDH do Brasil 0,766. Contudo, segundo a
classificao utilizada pelo PNUD/ONU, o Paran permanece no nvel de mdio
desenvolvimento.
Os municpios da Regio tambm apresentaram melhoria no IDH no
perodo 1991/2000. Porm, todos esto distantes da mdia estadual,
evidenciando sua condio mais frgil no conjunto da socioeconomia paranaense.
Irati o municpio que tem a melhor situao e Fernandes Pinheiro a pior, ficando
no 299 lugar entre os 399 municpios paranaenses (Quadro 4).
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Quadro 4. ndice de Desenvolvimento Humano Brasil, Paran e Municpios da Regio da FNI, 1991-2000.
Brasil, Paran e Municpios da Regio da FNI IDHM, 1991 IDHM, 2000 Posio em 2000
Brasil 0,696 0,766 -
Paran 0,711 0,787 6a
Fernandes Pinheiro 0,625 0,711 299a
Imbituva 0,684 0,727 248a
Irati 0,677 0,743 186a
Teixeira Soares 0,654 0,738 205a
Fonte: PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000
No Estado do Paran, o Instituto Paranaense de Desenvolvimanto
Econmico e Social Ipardes desenvolveu, em 2009, o ndice Ipardes de
Desempenho Municipal - IPDM, o qual mede o desempenho da gesto e aes
pblicas dos 399 municpios paranaenses, considerando trs eixos: emprego e
renda, sade e educao.
A leitura dos resultados considerando-se o ndice final feita a partir de
valores variando entre 0 e 1, sendo que quanto mais prximo de 1, maior o nvel
de desempenho do municpio.
Quadro 5. Evoluo do ndice de Desempenho Municipal IPDM dos municpios da Regio da FNI, 2002-2009.
Municpio IPDM
2002 2005 2007 2008 2009
Fernandes Pinheiro 0,4894 0,5199 0,5979 0,6065 0,6575
Imbituva 0,5601 0,6249 0,6459 0,6580 0,6651
Irati 0,6194 0,6654 0,6849 0,7002 0,6993
Teixeira Soares 0,5565 0,5962 0,6610 0,6507 0,6550 Fonte: IPARDES
Observando os dados do Quadro 5 verifica-se que, entre os anos 2002 e
2009, houve melhora na qualidade de vida das populaes dos quatro municpios
da Regio da FNI, de maneira global, para esses trs eixos medidos pelo IPDM.
Essa melhoria ocorreu de maneira mais significativa em Fernandes Pinheiro, que
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no incio do perodo de medio apresentava o pior desempenho, e em 2009
praticamente se equivaleu aos demais municpios da Regio, ultrapassando
inclusive o de Teixeira Soares.
Outro indicador que expressa s condies socioeconmicas de uma
regio a renda familiar. O ndice de pobreza medido pela renda familiar per
capita at meio salrio mnimo. Por meio da anlise de tal indicador se pode
apreender a situao de privao humana, relacionada s necessidades bsicas.
IPARDES (2007), em estudo socioeconmico do Territrio Centro-sul do
Paran, onde se insere a regio da FNI, verificou que, em 2000, o percentual de
famlias pobres dessa poro do Estado era de 36,7% do total de famlias
residentes. Embora a Regio da FNI apresente uma taxa menor que a do
Territrio, o percentual de famlias em condio de pobreza era de 31,1%, ou
seja, um percentual bem maior do que a mdia estadual, de 20,9%.
Quando se observa a situao isolada de cada um dos municpios da
regio da FNI, a situao se apresenta ainda mais aguda no municpio de
Fernandes Pinheiro, cuja taxa de pobreza representava 46,7% do total de
famlias. Irati o municpio que se encontra em melhor situao com taxa de
27,4%, ndice um pouco abaixo da mdia estadual, mas acima da mdia do
Territrio Centro-Sul.
Nos municpios de Irati e Imbituva, a situao mais aguda de pobreza est
entre as famlias que residem na rea urbana, cuja taxa de 62,6% no primeiro e
50,8% no segundo municpio (Quadro 6). Esta situao tpica para a mdia do
Estado do Paran e tambm para a Regio da FNI. Porm, destoa da mdia do
Territrio Centro-Sul, cujas taxas mais elevadas de pobreza so encontradas na
zona rural.
Nesse sentido, dois municpios da Microrregio se equiparam ao Territrio:
em Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares as maiores taxas de pobreza esto na
zona rural, representando 77,1% e 67,0% do total de famlias. Contudo
importante considerar que parcela das famlias da rea rural tm uma renda no
monetria, indireta, advinda da produo para consumo prprio, cujos valores no
so contabilizados nos clculos relativos taxa de pobreza.
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Por sua vez, o Brasil est colocado entre os pases com os menores
ndices de desempenho em relao distribuio da renda, apesar de melhorias
significativas ao longo dos ltimos 20 anos (UNDP, 2012). Por sua vez, o Paran
apresenta a pior distribuio de renda (ndice de Gini2
O ndice de Gini, que mede o grau de desigualdade de uma populao,
aponta para um panorama bastante prximo mdia do Estado na regio da FNI.
Isso demonstra que, alm de pobres, os municpios da regio da FNI tambm
apresentam alta concentrao das riquezas, o que agrava ainda mais a situao
socioeconmica local.
= 0,607) entre os Estados
do sul e sudeste do pas, com um resultado significativamente mais grave do que
a mdia nacional (0,539).
2 O coeficiente de Gini consiste em um nmero entre 0 e 1, onde 0 corresponde completa igualdade de renda (onde todos tm a mesma renda) e 1 corresponde completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada tm).
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Quadro 6. Total de famlias e famlias pobres, distribuio por situao de domiclio, taxa de pobreza e ndice de desigualdade social, segundo os municpios da Regio da FNI, 2000.
Municpio Total de famlias
FAMLIAS POBRES
Taxa de pobreza (%) ndice de Gini Situao de domiclio
Total (Abs) Urbano Rural
Abs % Abs %
Fernandes Pinheiro 1.676 179 22,9 603 77,1 782 46,7 0,600
Imbituva 7.000 1.231 50,8 1.192 49,2 2.423 34,6 0,580
Irati 15.261 2.614 62,6 1.560 37,4 4.174 27,4 0,560
Teixeira Soares 2.244 253 32,9 515 67,0 769 34,2 0,580
TERRITRIO CENTRO-SUL 64.338 8.867 37,5 14.752 62,5 23.620 36,7 -
PARAN 2.824.283 395.344 67,1 194.076 32,9 589.420 20,9 0,607
Fonte: IBGE Censo Demogrfico/ microdados, 2000 Nota: Dados trabalhados pelo IPARDES
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Outro indicador que colabora para entender a situao de uma
determinada regio o referente presena de trabalho infanto-juvenil. Por meio
de tal informao se pode perceber o quanto as famlias dependem da
contribuio do trabalho ou da renda de seus filhos, ao mesmo tempo em que se
pode deduzir o comprometimento que haver na formao escolar, nos riscos
sade, bem como na formao integral dos futuros cidados.
No Estado do Paran, em 2000, cerca de 17% da populao de
trabalhadores se encontrava na faixa etria entre 10 a 17 anos. Neste mesmo
perodo, no Territrio Centro-Sul, este grupo era bem superior mdia estadual,
representando cerca de 27% do total de trabalhadores. Entretanto, a regio da
FNI se aproximava da situao estadual, onde o percentual de trabalhadores
infanto-juvenil era de 19,5% (Quadro 7).
Quando se examinam as faixas etrias, constata-se que o grupo de
adolescentes de 14 a 17 anos tem significativa participao na populao de
trabalhadores do Territrio Centro-Sul: eles representam 41,6%. Na Regio da
FNI, embora a participao seja menor, 33,6%, ainda se encontra acima da mdia
estadual, 28,7%.
Quadro 7. Nmero de pessoas dos grupos etrios de 10 a 13 anos e de 14 a 17 anos, total e ocupadas, por municpios da Regio da FNI, 2000
Municpios
Pessoas
Total % de Ocupados
10 a 17 anos
10 a 13 anos
14 a 17 anos
10 a 17 anos
10 a 13 anos
14 a 17 anos
Fernandes Pinheiro 16,3 5,2 27,3
Imbituva 3.846 1.920 1.927 21,1 4,7 37,4
Irati 8.152 4.129 4.023 19,0 5,8 32,6
Teixeira Soares 1.348 697 651 20,5 7,7 34,3
Regio da FNI 14.442 7.295 7.149 19,5 5,7 33,6
Territrio centro-sul 38.671 19.169 19.501 26,7 11,5 41,6
Paran 1.502.974 746.331 756.642 16,9 4,9 28,7
Fonte: IBGE Censo Demogrfico/ microdados, 2000. Nota: Dados trabalhados pelo IPARDES
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Com relao situao dos municpios onde se situa a FNI, o percentual
de trabalhadores em idade infanto-juvenil, 10 a 17 anos, se situa entre a mdia
estadual e a do Territrio Centro-Sul. Fernandes Pinheiro apresenta a melhor
situao, com somente 16,3% daquela populao de trabalhadores, cuja
participao menor que a verificada para o Paran. De outro lado est Imbituva,
onde a participao daquele pblico de 21,1%. Entretanto, o que se constata
em todos os municpios a tendncia de maior participao da populao
adolescente, entre 14 a 17 anos, no conjunto de trabalhadores. No total do
Territrio a participao deste pblico de 42%, e o municpio de Imbituva o
nico que se aproxima desta participao, tendo 37,4% dos jovens como
trabalhadores.
Os trs indicadores apresentados at o momento IDH, famlias pobres e
trabalho infanto-juvenil - permitem que se reconhea que tanto o Territrio Centro-
Sul, quanto mais especificamente a Regio da FNI, so regies paranaenses com
expressivas carncias socioeconmicas.
4.2.2 Dinmica demogrfica
Entre os anos de 2000-2010 o Paran experimentou um crescimento de
9,2% no total da populao residente, sendo que mais de 85% da sua populao
estava concentrada na zona urbana, em 2010. A Regio da FNI apresentou
crescimento populacional de 1,0%, ndice maior que a mdia estadual. Embora
em 2010 a maior parte da populao (69,1%) residisse na rea urbana dos
municpios, a proporo de populao residente na rea rural era quase o dobro
daquela que se verificava para o Estado como um todo (Quadro 8).
Teixeira Soares foi o municpio que apresentou a maior taxa de
crescimento entre 2000 a 2010, (2,3%), seguido de Imbituva (1,5%) e Irati (0,7%).
Situao diferente do municpio de Fernandes Pinheiro, que no perodo perdeu
populao, apresentando uma taxa de crescimento negativa de -0,7%.
Com relao situao de domiclio, o que se verificava em 2010 era que
em Irati e Imbituva a maior concentrao populacional tambm se dava na zona
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urbana, 79,9% e 62,9% respectivamente, condio semelhante a do Estado e da
microrregio. Porm os municpios de Fernandes Pinheiro e Teixeira Soares so
tipicamente rurais, no primeiro 64,7% da populao reside no meio rural e no
segundo 53,6%.
Quadro 8. Populao total dos municpios da Regio da FNI - 2000 e 2010
Municpio Populao - 2000
GU 2000 (%)
Populao - 2010 GU
2010 (%)
Urb Rur Total Urb Rur Total Fernandes Pinheiro 1.965 4.403 6.368 30,9 2.094 3.838 5.932 35,3
Imbituva 14.781 9.715 24.496 60,3 17.888 10.567 28.455 62,9 Irati 39.306 13.046 52.352 75,1 44.932 11.275 56.207 79,9 Teixeira Soares 3.785 4.407 8.192 46,2 4.796 31.167 10.283 46,6 REGIO da FNI 59.837 31.571 91.408 65,5 69.710 31.167 100.877 69,1 PARAN 7.786.084 1.777.374 9.563.458 81,4 8.912.692 1.531.384 10.444.526 85,3 Fonte: IBGE Censo Demogrfico, 2010. Legenda: Urb Urbana; Rur Rural; e GU Grau de urbanizao.
O que chama a ateno nos municpios da microrregio a situao
instvel no que se refere dinmica demogrfica. No municpio de Irati se
percebe que nas ltimas dcadas a taxa de crescimento populacional vem
decaindo a cada recenseamento (Quadro 9Quadro 9), o que leva a crer que
brevemente o municpio poder apresentar taxas negativas de crescimento.
Quadro 9. Taxas de crescimento geomtrico da populao, segundo os municpios da Regio da FNI 1970-2010
Municpio Taxa de crescimento geomtrico (%)
1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010
Fernandes Pinheiro - - 0,2 -0,7
Imbituva 0,8 -1,6 3,3 1,5
Irati 1,5 1,1 1,0 0,7
Teixeira Soares 0,0 -4,5 0,6 2,3
Fonte: IBGE Censo Demogrfico 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. Nota: Dados trabalhados pelo IPARDES
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Imbituva e Teixeira Soares tambm apresentam uma situao instvel no
que se refere dinmica populacional. No perodo 1980-1991 tiveram taxas
negativas de crescimento, sendo que Teixeira Soares teve uma taxa de -4,5%,
com perda real de populao. Na dcada seguinte (1991-2000) Imbituva
recuperou parte de sua populao, com crescimento positivo de 3,3%, e Teixeira
Soares na ltima dcada apresenta taxa positiva. Fernandes Pinheiro, municpio
criado em meados da dcada de 1990, j passou a apresentar taxa negativa de
crescimento no perodo seguinte, 2000-2010.
Sem dvida, o componente migratrio, dentre os fatores demogrficos,
vem tendo um peso substantivo na conformao do quadro populacional regional.
O j conhecido processo de modernizao da agricultura paranaense, deflagrado
em algumas regies principalmente a partir da dcada de 1970, foi
paulatinamente se estendendo a todas as reas do Estado, provocando intensos
movimentos de evaso populacional das reas rurais. Os municpios que
compem o territrio no fugiram s caractersticas mais gerais que marcaram
esse processo. Mais especificamente, ainda que substantivas parcelas dos
emigrantes rurais tenham se fixado em centros urbanos prximos de suas reas
de origem, predominaram os deslocamentos de maior distncia, resultando em
saldos migratrios negativos para fora da regio (IPARDES, 2007).
Subjacentes s alteraes na dinmica de crescimento populacional da
regio, fortemente condicionadas pelos processos migratrios, interagem tambm
as mudanas no comportamento reprodutivo e no perfil de mortalidade da
populao observadas no perodo. O nmero mdio de filhos nascidos vivos por
mulher no transcorrer do perodo reprodutivo, estimado para o Estado no incio da
dcada de 1990, situava-se em 2,6, tendo declinado para 2,3 em torno do ano
2000. Os municpios da regio da FNI evidenciavam nveis de fecundidade mais
elevados do que a mdia do Estado nesse perodo. No entanto, todos
experimentaram queda nas taxas de fecundidade no intervalo de dez anos em
questo (Quadro 10).
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Quadro 10. Taxa de fecundidade total e esperana de vida ao nascer, segundo municpios da regio da FNI- 1991/2000.
Municpio Taxa de fecundidade total
(1) Esperana de vida ao
nascer (2) 1991 2000 1991 2000
Fernandes Pinheiro 3,6 3,0 61,8 69,9
Imbituva 3,2 2,9 65,7 67,5
Irati 2,7 2,4 63,3 66,1
Teixeira Soares 3,8 2,7 61,8 68,1
Paran 2,6 2,3 65,7 69,8
Fonte: IPARDES, 2007; PNUD.
Outro dado populacional relevante a ser considerado se refere situao
etria da populao dos municpios e, em particular, os dados relativos ao grau de
envelhecimento da populao. Segundo os dados do Censo 2010, o grau de
envelhecimento da populao do Estado atingia quase 33%, o que indicava que
para cada 100 jovens menores de 15 anos de idade do Paran havia 33 idosos
acima de 65 anos.
Dentre os municpios da Regio da FNI o que vai se observar uma
situao um pouco distinta daquela do Estado, ou seja, o ritmo de envelhecimento
da populao residente menor em trs dos municpios: Fernandes Pinheiro,
Teixeira Soares e Imbituva, c