plano de gestão de resíduos sólidos urbanos

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Plano de Gesto de Resduos Slidos Urbanos

Guia do prossional em treinamento

Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Resduos SlidosNvel 2

Plano de Gesto de Resduos Slidos Urbanos

Guia do prossional em treinamento

Resduos SlidosNvel 2

Organizao Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental - SNSA Apoio organizao Programa de Modernizao do Setor de Saneamento - PMSS Promoo Rede de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental - ReCESA FEAM Financiamento FINEP/CT-Hidro do MCT | SNSA/Ministrio das Cidades | FUNASA/Ministrio da Sade Realizao Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental - NUCASE Coordenao Carlos Augusto de Lemos Chernicharo UFMG | Emlia Wanda Rutkowski - UNICAMP | Isaac Volschan Jnior UFRJ | Srvio Tlio Alves Cassini - UFES

Comit gestor da ReCESA Ministrio das Cidades, por intermdio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) e do Programa de Modernizao do Setor Saneamento (PMSS); Ministrio da Cincia e Tecnologia, por intermdio de sua Secretaria Executiva; Ministrio do Meio Ambiente, por intermdio da Secretaria de Recursos Hdricos (SRH), da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos (SQA) e da Superintendncia de Tecnologia e Capacitao da Agncia Nacional de guas (ANA); Ministrio da Educao, por intermdio da Secretaria de Educao Prossional e Tecnolgica; Ministrio da Integrao Nacional , por intermdio da Secretaria de Infra-Estrutura Hdrica; Ministrio da Sade, por intermdio da Fundao Nacional de Sade (FUNASA) e da Secretaria de Vigilncia em Sade; Caixa Econmica Federal (CAIXA), por intermdio da rea de Saneamento e Infra-Estrutura; Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico Social (BNDES);

Parceiros: ABES - Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ASSEMAE - Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento Assemae/MG - Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento de Minas Gerais Cedae/RJ - Companhia de guas e Esgotos do Rio de Janeiro Cesan/ES - Companhia Esprito Santense de Saneamento Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana Copasa Companhia de Saneamento de Minas Gerais DAEE - Departamento de guas e Energia Eltrica do Estado de So Paulo Frum Lixo e Cidadania do Estado de So Paulo Funasa/ES - Fundao Nacional de Sade do Esprito Santo Funasa/MG Fundao Nacional de Sade de Minas Gerais

DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas

SABESP - Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de gua e Saneamento S.A. SLU/PBH - Servio de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte

Fundao Rio-guas Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo PCJ - Consrcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundia

Sudecap/PBH - Superintendncia de Desenvolvimento da Capital - Prefeitura de Belo Horizonte UFSCar - Universidade Federal de So Carlos UNIVALE Universidade Vale do Rio Doce

Plano de Gesto de Resduos Slidos Urbanos

Guia do prossional em treinamento

Resduos SlidosNvel 2

R232

Resduos slidos : plano de gesto de resduos slidos urbanos : guia do prossional em treinamento : nvel 2 / Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). Belo Horizonte : ReCESA, 2007. 100 p. Nota: Realizao do NUCASE Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental e coordenao de Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Emlia Wanda Rutkowski, Isaac Volschan Junior e Srvio Tlio Alves Cassini. 1. Resduos slidos urbano - tratamento. 2. Saneamento urbano planejamento e gesto. 3. Meio ambiente proteo ambiental. I. Brasil. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental. CDD 628.4 Catalogao da Fonte : Ricardo Miranda CRB/6-1598

Conselho Editorial Temtico

Liste Celina Lange DESA EE - UFMG lvaro Luiz Gonalves Cantanhede DRHMA POLI UFRJ Egl Novaes Teixeira DAS FEC -UNICAMPProfissionais que participaram da elaborao deste guia Professor Liste Celina Lange Consultores Wesley Schettino de Lima (conteudista) | Izabel Chiodi Freitas (validadora)

Louise F. S. Sampaio (colaboradora)Bolsistas Chrystiny Schuery Amaral (conteudista) | Isabela Oliveira Fazzi (conteudista) Crditos

Ctedra da Unesco

Adese Lucas Pereira | Sara Shirley Belo LanaProjeto Grfico e Diagramao

Juliane Correa | Maria Jos Batista Pinto

Marco Severo | Rachel Barreto | Romero RonconiImpresso

Artes Grcas Formato Ltda permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

Apresentao da ReCESA

A criao do Ministrio das Cidades no Governo do Presidente Luiz Incio Lula da Silva, em 2003, permitiu que os imensos desaos urbanos passassem a ser encarados como poltica de Estado. Nesse contexto, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou um paradigma que inscreve o saneamento como poltica pblica, com dimenso urbana e ambiental, promotora de desenvolvimento e da reduo das desigualdades sociais. Uma concepo de saneamento em que a tcnica e a tecnologia so colocadas a favor da prestao de um servio pblico e essencial. A misso da SNSA ganhou maior relevncia e efetividade com a agenda do saneamento para o quadrinio 2007-2010, haja vista a deciso do Governo Federal de destinar, dos recursos reservados ao Programa de Acelerao do Crescimento PAC, 40 bilhes de reais para investimentos em saneamento. Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes em capacitao como um dos instrumentos estratgicos para a modicao de paradigmas, o alcance de melhorias de desempenho e da qualidade na prestao dos servios e a integrao

de polticas setoriais. O projeto de estruturao da Rede de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA constitui importante iniciativa nesta direo. A ReCESA tem o propsito de reunir um conjunto de instituies e entidades com o objetivo de coordenar o desenvolvimento de propostas pedaggicas e de material didtico, bem como promover aes de intercmbio e de extenso tecnolgica que levem em considerao as peculiaridades regionais e as diferentes polticas, tcnicas e tecnologias visando capacitar prossionais para a operao, manuteno e gesto dos sistemas de saneamento. Para a estruturao da ReCESA foram formados Ncleos Regionais e um Comit Gestor, em nvel nacional. Por m, cabe destacar que este projeto ReCESA tem sido bastante desaador para todos ns. Um grupo, predominantemente formado por prossionais da engenharia, mas, que compreendeu a necessidade de agregar outros olhares e saberes, ainda que para isso tenha sido necessrio contornar todos os meandros do rio, antes de chegar ao seu curso principal.Comit gestor da ReCESA

Nucase

Os guias

O Ncleo Sudeste de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental NUCASE tem por objetivo o desenvolvimento de atividades de capacitao de prossionais da rea de saneamento, nos quatro estados da regio sudeste do Brasil. O NUCASE coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, tendo como instituies co-executoras a Universidade Federal do Esprito Santo UFES, a Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ e a Universidade Estadual de Campinas UNICAMP. Atendendo aos requisitos de abrangncia temtica e de capilaridade regional, as universidades que integram o NUCASE tm como parceiros, em seus estados, prestadores de servios de saneamento e entidades especcas do setor.Coordenadores institucionais do Nucase

A coletnea de materiais didticos produzidos pelo Nucase composta de 42 guias que sero utilizados em ocinas de capacitao para prossionais que atuam na rea do saneamento. So seis guias que versam sobre o manejo de guas pluviais urbanas, doze relacionados aos sistemas de abastecimento de gua, doze sobre sistemas de esgotamento sanitrio, nove que contemplam os resduos slidos urbanos e trs tero por objeto temas que perpassam todas as dimenses do saneamento, denominados temas transversais. Dentre as diversas metas estabelecidas pelo NUCASE, merece destaque a produo dos Guias dos profissionais em treinamento, que serviro de apoio s ocinas de capacitao de operadores em saneamento que possuem grau de escolaridade variando do semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias tm uma identidade visual e uma abordagem pedaggica que visa estabelecer um dilogo e a troca de conhecimentos entre os prossionais em treinamento e os instrutores. Para isso, foram tomados cuidados especiais com a forma de abordagem dos contedos, tipos de linguagem e recursos de interatividade.Equipe da central de produo de material didtico - CPMD

Apresentao da rea temtica:Resduos slidos urbanosA srie de guias relacionada aos resduos slidos urbanos resultou do trabalho coletivo que envolveu a participao de dezenas de prossionais. Os temas que compem esta srie foram denidos por meio de uma consulta aos servios de limpeza urbana dos municpios, prefeituras, instituies de ensino e pesquisa e prossionais da rea, com o objetivo de se denir os temas que a comunidade tcnica e cientca da regio Sudeste considera, no momento, os mais relevantes para o desenvolvimento do projeto Nucase. Os temas abordados nesta srie dedicada aos resduos slidos urbanos incluem:

Gesto integrada de resduos slidos urbanos; Processamento de resduos slidos orgnicos; Sade e Segurana do Trabalho aplicada ao gerenciamento de resduos slidos urbanos; Gerenciamento de resduos da construo civil; Gerenciamento dos resduos de servios de sade e perigosos; Projeto, operao e monitoramento de aterros sanitrios. Certamente h muitos outros temasimportantes a serem abordados, mas considera-se que este um primeiro e importante passo para que se tenha material didtico, produzido no Brasil, destinado a prossionais da rea de saneamento que raramente tm oportunidade de receber treinamento e atualizao prossional.Coordenadores da rea temtica de abastecimento de gua

... possvel alcanar a mesma felicidade, considerando: mais qualidade, menos quantidade; mais alta tecnologia, menos material de consumo; mais amor e carinho, menos presentes; mais tempo para as crianas, menos dinheiro trocado; mais produtos duradouros, menos produtos descartveis; mais charme, menos maquiagem; mais esportes, menos artigos esportivos; mais animao, menos tecnologia de diverso. Gerard Gilnreiner

Sumrio

Introduo .................................................................................. 12 Resduos Slidos Urbanos: Panorama Scio-Ambiental ............... 13 Plano de Gesto Integrado e Sustentvel de Resduos Slidos Urbanos (GISRSU) ...................................................................................... 19 Etapas dos Servios de Limpeza urbana ......................................34 Gerao de Resduos Slidos Urbanos ................................34 Acondicionamento .............................................................44 Coleta e Transporte ...........................................................47 Limpeza de logradouros pblicos ......................................69 Tratamento ........................................................................71 Disposio nal .................................................................78 Sustentabilidade na Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos... 89 Referncias Bibliogrcas ...........................................................95

Introduo

Caro Prossional, Voc j deve ter visto algumas cenas na televiso de inundaes provocadas pelo acmulo de lixo em bocas de lobo, ou desmoronamento de encostas devido o uso indevido de terrenos baldios como depsito de resduos. Da ns nos perguntamos, principalmente ns prossionais que trabalhamos com os servios de limpeza urbana, quais os porqus de todos esses problemas. Uns responderiam que os problemas acontecem porque falta informao a populao, outros diriam que falta recursos para melhorar a qualidade dos servios, porm a resposta a todas essas perguntas nos leva a concluir que est faltando em nossas cidades planos de gesto integrado e sustentvel de resduos melhor elaborados. Mas como elaborar esses planos? O que eles devem contemplar? Vocs, prossionais, com certeza possuem boa parte do conhecimento necessrio para elaborar esses planos, pois sabem quais as reais diculdades do trabalho que vocs executam. Conhecem, melhor do que ningum pelos anos de sua experincia prtica, quais as limitaes dos servios de limpeza urbana. Conhecem os caminhos menos penosos para se obter os resultados esperados na prtica. J ns, instrutores e monitores, acreditamos que planos de gesto de resduos slidos urbaPor isso estamos aqui hoje: para trocar informaes uns com os outros; construir um conhecimento novo: que integre teoria e prtica, que mude a maneira como vemos o mundo e que amplie nossos horizontes; e por m aprendamos a nos ajudar a solucionar um problema que afeta a todos ns indiferentemente: os resduos slidos urbanos. Dessa maneira, dividimos este guia em quatro conceitos chave: - Resduos slidos urbanos: Panorama Scio-Ambiental - Plano de Gesto Integrado e Sustentvel de Resduos Slidos Urbanos (GISRSU) - Etapas dos Servios de Limpeza urbana - Sustentabilidade na Gesto Integrada de Resduos Slidos Urbanos E esperamos que com essa diviso, a atividade de capacitao seja capaz de melhor orientar nossos estudos. Bons estudos! nos devem contemplar boa parte das reas do conhecimento humano, e no apenas se limitar a resolverem problemas operacionais pontuais. Assim, planos bem elaborados envolvem a participao de toda a sociedade; levam em conta suas limitaes e necessidades; dialogam e inserem outras cincias (engenharia, economia, sociologia, etc) em seu planejamento; despertam e incentivam o esprito de solidariedade coletiva, proteo e respeito ao prximo, entre outros.

Execute a dinmica Mo e P conforme as instrues abaixo. Essa dinmica tem por objetivos apresentar, integrar e socializar os participantes.

Dinmica Mo e P1. Participantes Prossionais, monitor e instrutor. 2. Material Crachs e cartelas no formato de p e mo, caneta hidrocor de cores diversas. 3. Desenvolvimento da dinmica: A turma deve estar em crculo. O instrutor, o monitor e cada prossional em treinamento recebero o crach e duas cartelas (uma no formato de mo e outra no formato de p) e caneta hidrocor. Na cartela em formato de mo, o prossional escrever as contribuies que ele traz para o curso e na cartela em formato de p escrever as expectativas que pretende levar da atividade de capacitao. Cada participante se apresentar e relatar turma as anotaes feitas. Aps todo o grupo ser apresentado, as cartelas sero axadas, formando um mural, na parede.

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Resduos Slidos Urbanos: Panorama Scio-Ambiental

FINALIDADE: - Reetir sobre as questes scio-ambientais que envolvem os resduos slidos; - Discutir sobre os problemas que os resduos slidos podem causar na sade; no meio ambiente e na sociedade - Propor intervenes para minimizar os impactos que os resduos slidos podem causar.

Alguns problemas envolvendo os resduos slidos j foram listados na introduo deste guia como: bocas de lobo entupidas por lixo, terrenos baldios servindo de depsito clandestino de resduos, entre outros. Nesta primeira parte do captulo, abordaremos de maneira ampla os problemas j comentados e, vocs, prossionais, reetiro e discutiro sobre os mesmos. Acompanhe atentamente a leitura do texto: Lixo: o que fazer?.Resduos Slidos

Restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inteis, indesejveis ou descartveis. Normalmente, apresentando-se em estado slido, semi-slido ou semilquido (com quantidade de lquido insuciente para que possa uir livremente). Fonte: IPT/CEMPRE, 2000.

Lixo: o que fazer?Diariamente acumulamos no planeta uma quantidade imensa de lixo resduos slidos, tecnicamente falando! Uma grande diferena entre os humanos e os outros seres vivos que somos capazes de raciocinar (!) e de transformar as coisas agregando valores, subjetividades, gerando novas coisas. vender....vender.... Da, nossa sociedade, ou a parte privilegiada dela, uma minoria absoluta, no produz mais massiva, a necessidades muitas vezes alienacom vistas a atender necessidades. Ao contr- das e/ou alienantes, gerando um excedente rio, hoje se produz e se induz, via propaganda que no serve, ou ultrapassado e consideFonte: http://ecologia.icb.ufmg.br Acesso Junho de 2007

Guia do prossional em treinamento - ReCESA

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rado obsoleto em uma velocidade que no compatvel com o tempo humano, mas sim com o tempo da produo e da necessidade de vender... Da, parte da humanidade produz lixo sem cessar, por um motivo bvio: encontrou no consumo a busca incessante para a felicidade; cada cidado americano produz, h muito, mais de um quilo de lixo por dia; os japoneses j zeram uma ilha, bem dentro do mar, para acumular sobre uma plataforma as montanhas de lixo que produzem diariamente: vdeo cassetes obsoletos, TVs, rdios, sons, computadores, etc; a grande maioria dos seres humanos no consegue sequer comer uma rao diria suciente para sobreviver. Veja o Continente africano, a

Etipia, e aqui no Brasil, os quase cinqenta milhes de brasileiros, iguais a ns em tudo que no foi construdo, ou destrudo pelo homem, e que no conseguem sequer comer. O lixo um retrato em branco e preto da forma com que a sociedade se organiza e produz, e principalmente, distribui!, ou concentra! Esta uma sociedade cuja tica a da excluso, e portanto no tem solidariedade como um princpio de sobrevivncia, da, todos corremos risco, pois s chegamos a esse requinte de organizao social graas conscincia de que somos os seres vivos mais frgeis do planeta, e somos seres gregrios por instinto de sobrevivncia. Se no retomarmos isto urgentemente, seremos aterrados junto com os nossos restos.Cludia Jlio Ribeiro Em: Jornal do SENGE Ano 6 - n 166 - Fevereiro/2007 - Pgina 7

Assista a trechos do documentrio Estamira de Marcos Prado. Durante a apresentao que atento para os problemas causados pelos resduos slidos. Se for preciso, anote os problemas para no esquec-los. Reita e discuta em grupo, com base no texto e no documentrio, os problemas causados pela m gesto dos resduos slidos. Na primeira parte desse captulo, ns discutimos de maneira ampla os problemas causados pelos resduos slidos. J nessa segunda parte, continuaremos a discutir os problemas, porm de maneira mais aprofundada e por segmento de conhecimento humano. Alm disso, voc prossional, propor aes e procedimentos para solucionar os problemas apresentados e discutidos. Acompanhe atentamente a leitura do texto: Resduos Slidos x Sade, Resduos Slidos x Meio Ambiente e Resduos Slidos x Sociedade. O objetivo dos textos fazer a correlao entre resduos slidos e as demais reas do conhecimento humano.

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Resduos Slidos X SadeOs resduos slidos urbanos so um componente importante do perl epidemiolgico de uma comunidade, exercendo inuncia, ao lado de outros fatores, sobre a incidncia das doenas. Do ponto de vista sanitrio, no se pode armar que o resduo urbano causa direta de doenas. No entanto, est comprovado o seu papel na transmisso de doenas provocadas por macro e microrganismos que vivem ou so atrados pelos componentes presentes nos resduos. Estes organismos encontram abrigo e alimento nos resduos de natureza biolgica, como fezes ou restos de origem vegetal, guas paradas depositadas em pneus e outros recipientes, e podem ser agentes responsveis por enfermidades transmitidas ao homem e a outros animais.

Doenas associadas aos resduos slidosDoenas Vetor Sintomas

Febre tifide Febre paratifide Ancilostomose Amebase Poliomielite Gastroenterites Elefantase Febre Amarela

Moscas Moscas

Febre contnua, manchas no trax e abdome, cefalia, diarria. Distrbios intestinais, perturbaes do sono, vmitos, dores abdominais.

Moscas e Baratas Baratas Baratas Mosquitos Mosquitos

Desinteria (fezes com sangue). Febre, nuseas, cefalia, vmitos, paralisia. Diarria, vmitos e febre. Aumento dos vasos, derramamento, edema linftico. Febre, calafrios, nusea, vmitos, pulso lento, cefalia, ictercia.

Leptospirose Peste

Ratos Ratos

Febre alta, coriza, cefalia, hemorragia, ictercia. Inamaes hemorrgicas, bao-fgado-pulmes e sistema central.

Toxoplasmose Hepatite infecciosa

Sunos e Urubus Contato com agulhas infectadas, plasma

Calcicaes intracerebrais, distrbios psicomotores. Febre, nuseas, ictercia, fadiga, dores abdominais.

Fonte: Noil A. de M. Cussiol (2005).

A ausncia de tratamento ou o tratamento inadequado dos resduos, bem como a eventual presena de alguns compostos qumicos, podem permitir que, atingindo as guas superciais e subterrneas, os resduos urbanos e os subprodutos de sua degradao comprometam a sade do homem, facilitando a proliferao de doenas e provocando desequilbrios ecolgicos.

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RESDUOS SLIDOS

Contato Direto (microvetores) - Bactrias - Vrus - Fungos - Vermes

Contato Indireto - Ar - gua - Solo - Artigos crticos - Artigos semi-crticos

Vetores Mecnicos - Moscas - Baratas - Ratos - Sunos

Fonte: Rocha, A. A. 1982

Vetores Biolgicos - Mosquitos - Ratos - Sunos

Alimentos HomemArtigos semi-crticos: So aqueles que entram em contato com as mucosas internas Artigos crticos: So aqueles que entram em contato tecidos sub-epidermiais, sistemas lesados, orgos e sistema vascular. Os matetirasi perfurocortantes esto nesta categoria

Resduos Slidos x Meio AmbientePoluio das guas devido a: a) gerao de lquidos lixiviados, devido umidade e decomposio bioqumica dos resduos, que percola e inltra no solo, vindo a atingir os mananciais de guas superciais (lagos, rios, etc.) ou podendo atingir os lenis de guas subterrneas, poluindo-os e/ou contaminando-os; b) gerao de lquidos lixiviados, onde as guas pluviais, de nascentes e crregos no desviados contribuem signicativamente para o volume resultante. Poluio do solo pela: a) inltrao de lquidos lixiviados carreando poluentes e espalhando-se pelo solo at a denominada rea de inuncia, poluindo-o ou contaminando-o; b) degradao supercial do solo no local da disposio inadequada, impossibilitando-o para determinados usos.Fonte: www.colband.com.br Acesso Junho de 2007

Poluio do ar: a)pelo espalhamento dos materiais particulados (poeiras) e materiais leves ocasionado pelo vento; b) pela liberao de gases e odores, decorrentes da decomposio biolgica anaerbia da matria orgnica contida no lixo, encontrando-se entre eles gases inamveis (metano) e de odores desagradveis (mercaptanas, gs sulfdrico); b) pelo desprendimento de fumaa e emanao de gases de combusto incompleta, devido caracterstica de degradao e fcil combusto dos resduos slidos.

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Resduos Slidos X Sociedadea)

desvalorizao de reas do entorno e do prprio local de disposio nal; aos riscos de desabamentos, com possveis perdas materiais e humanas, decorrentes da instabilidade dos resduos depositados em encostas ou reas no estveis, agravados em perodos de chuva que provoca eroso na massa de resduos no compactados. Isto tambm pode decorrer da tentativa de se espalhar e/ou compactar os resduos depositados em encostas, de cima para baixo, sem cuidado; enchentes decorrentes da diminuio da seo de escoamento, quando os resduos so lanados em curso dgua, devido ao

b)

assoreamento do leito ou ao entupimento dos sistemas de drenagem de guas pluviais, quando so abandonados em terrenos baldios ou nas vias pblicas.d)

degradao das condies sanitrias e de Sade Pblica; ao desconforto da populao do entorno, decorrente da poluio visual. Fonte: no identicada A disposio inadequada dos resduos causa, tambm, impactos negativos sobre a fauna e ora de ecossistemas locais, quando estes so transformados em pontos de despejo de resduos.Fonte: no identicada

e)

f)

c)

Fonte: Folha de So Paulo

Reita e discuta em grupo as aes e os procedimentos que devem ser feitos para reduzir os problemas causados pelos resduos slidos apresentados neste captulo.

Guia do prossional em treinamento - ReCESA

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Voc Sabia?

Cada dlar gasto em fornecer gua limpa e saneamento pode dar impressionantes nveis de retorno, de at US$ 14. Aqui os benefcios econmicos surgem de reas incluindo custos de sade reduzidos, aumento de produtividade com os trabalhadores gastando menos tempo procurando gua e maiores freqncias nas escolas.

Achim Steiner Em www.brasilpnuma.org.br

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Plano de Gesto Integrado e Sustentvel de Resduos Slidos Urbanos (GISRSU)Voc e seus colegas, na ltima atividade do captulo anterior, propuseram algumas aes e procedimentos visando resolver os problemas causados pelos resduos slidos. Todas aes e procedimentos devem estar organizados e sistematizados em um plano, que a partir de agora ser chamado de plano de gesto integrado e sustentvel de resduos slidos urbanos. Mas, o que deve conter esse plano? Quais seus objetivos e sua importncia? Essas e outras perguntas, que devem estar povoando sua cabea, comearo a ser respondidas com a leitura do texto a seguir, passando por uma atividade de elaborao de plano de gesto e encerrando o presente captulo com uma discusso da importncia de um diagnstico bem feito para o sucesso da execuo do plano. FINALIDADE: Discutir a importncia da elaborao de planos de gesto integrado e sustentvel de resduos slidos urbanos.

Gesto

o processo de conceber, planejar, denir, organizar e controlar as aes a serem efetivados pelo sistema de gerenciamento de resduos slidos. Este processo compreende as etapas de denio de princpios, objetivos, estabelecimento da poltica, do modelo de gesto, das metas, dos sistemas de controles operacionais, de medio e avaliao de desempenho e previso de quais recursos necessrios.Fonte: Arajo, 2002

Acompanhe atentamente a leitura do captulo Plano de GISRSU. O plano deve auxiliar os municpios na soluo dos problemas diagnosticados, permitindo a superao das limitaes atuais e a consolidao de um sistema de limpeza urbana mediante a implantao de um GISRSU. Deve conter uma srie de etapas: planejamento, projeto, implantao, operao e avaliao, contemplando os aspectos tcnicos, institucionais, administrativos, legais, sociais, educacionais e econmicos do sistema de limpeza pblica, como tambm informaes gerais sobre o municpio. As informaes relativas ao municpio abrangem coleta de dados quanto aos aspectos geogrcos, scio-econmicos, de infra-estrutura urbana, populao atual, utuante e prevista.Guia do prossional em treinamento - ReCESA

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O plano de gerenciamento um documento que apresenta a situao atual do sistema de limpeza urbana, com a pr-seleo das alternativas mais viveis, com o estabelecimento de aes integradas e diretrizes sob os aspectos ambientais, econmicos, nanceiros, administrativos, tcnicos, sociais e legais para todas as fases de gesto dos Resduos Slidos, desde a sua gerao at a destinao nal. Organizao de um Plano de GISRSU

Planejamento:

Dene metas e etapas para implementao das aes que objetivam colocar em prtica o plano. importante devido ao grande nmero de atores envolvidos no sistema de GISRSU. Abrange, em geral, a seleo de reas para disposio nal, a elaborao de projetos, a caracterizao do sistema de limpeza urbana, a gerao de resduos, etapas que devem ser includas para obter um plano de sucesso.

Preo:

Comparar os custos e benefcios antes da implantao do plano essencial para um retorno a longo prazo.

Poltica:

Considerada essencial para obteno de nanciamentos, garantindo os recursos necessrios para a implantao e operao do plano, constitui o conjunto de diretrizes e princpios que devem nortear a denio e a aplicao de instrumentos legais e institucionais de planejamento e gerenciamento ambiental.

Publicidade:

A informao do plano para o pblico deve ser sempre atuante e positiva sendo esta implementada desde o incio.

Perseverana:(controle social)

A comunidade escolhida dever estar comprometida com a atuao do plano e preparada para respostas em longo prazo.

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Realize a dinmica: Escolha do municpio conforme as instrues a seguir.

Dinmica Escolha do municpio1. Participantes Prossionais em treinamento. FINALIDADE: 2. Material Sacola contendo 25 papis (ou de acordo com o nmero de participantes) com numeraes de 1 a 5 referentes aos municpios descritos nas pginas seguintes. 3. Desenvolvimento da dinmica: O monitor deve circular a sacola pela turma e cada prossional tirar um papel. O nmero sorteado refere-se a um municpio que se encontra descrito nas pginas seguintes. 4. Objetivo da dinmica: Escolher o municpio que o prossional desenvolver o plano. Aps a elaborao, os planos sero apresentados por representantes de cada grupo, discutidos e guardados para posterior reavaliao ao nal da atividade de capacitao. OBS.: Para turmas inferiores a 25, o instrutor dever dividir o grupo de forma que se tenham 5 grupos. Elaborar plano de gesto de resduos slidos urbanos a partir de informaes referentes a alguns municpios ctcios baseados na realidade brasileira.

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Cidade 1Populao: 38.000 habitantes. Produo de resduo: no possui este dado. Responsvel pelos servios de limpeza urbana: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo. O diagnstico do sistema de limpeza urbana sinalizou para os seguintes problemas: Lixo a cu aberto. Necessidade de equipamentos de limpeza novos. Necessidade de capacitao tcnica da equipe operacional, em todos os nveis. Falta de uma legislao especca para disciplinar a questo do sistema de limpeza. Falta de scalizao dos servios e das posturas do contribuinte. Moradores e comerciantes no atentos aos horrios e dias corretos da coleta de lixo. Necessidade de educao ambiental a toda a populao. Dados complementares Coleta dos resduos domiciliares e comerciais e atende a todos os bairros. Limpeza de logradouros realizada de forma irregular. Coleta realizada por um nico caminho compactador em estado precrio. Os servios de limpeza urbana no contam com equipamentos prprios. 60% da populao residem na zona rural. Verica-se a presena de catadores na cidade e uma usina de reciclagem de papel.

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Resduos Slidos - Plano de gesto de resduos slidos urbanos - Nvel 2

Cidade 2Populao: 12.000 habitantes. Produo de resduo: 6.480 kg/dia. Responsvel pelos servios de limpeza urbana: Secretaria Municipal de Obras. O diagnstico do sistema de limpeza urbana sinalizou para os seguintes problemas: Inexistncia de aterro sanitrio: todo o lixo coletado lanado a cu aberto no lixo, situado na localidade vizinha, a 4km da cidade. Inexistncia de caminho coletor compactador. Coleta domiciliar onerosa. Presena de crianas no lixo, separando materiais comerciveis, para depois serem vendidos no municpio. No-cobrana da taxa de limpeza pblica. Baixa capacidade gerencial do setor de limpeza urbana. Inexistncia de curso de capacitao de garis. Frgil organizao da populao no tocante s questes relativas limpeza urbana. Dados complementares 70% da populao so atendidas pela coleta. reas perifricas: coleta de lixo alternada e os demais servios dependentes de disponibilidade de equipamento, veculos e recursos humanos. Proximidade com a cidade 5. Algumas crianas catadoras deram entrada nos postos de sade queixando-se de: febre, nuseas, ictercia (pele amarela), fadiga, dores abdominais.

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Cidade 3Populao: 4.500 habitantes Produo de resduo: no possui este dado. Responsvel pelos servios de limpeza urbana: Departamento de Obras, Urbanismo e Limpeza da Secretaria de Infra-estrutura Urbana e Rural. O diagnstico do sistema de limpeza urbana sinalizou para os seguintes problemas: rea de disposio nal caracterizada como lixo a cu aberto, sem tratamento ou scalizao. Limpeza de logradouros realizada somente na poca de eventos. Irregularidade na freqncia dos roteiros de coleta domiciliar. Cdigo de postura ultrapassado e inexistncia de legislao para o sistema de limpeza urbana. Ausncia de programas educativos. Carncia de recursos humanos qualicados. Dados complementares 90% da populao so atendidas pela coleta de resduos domiciliares e comerciais de maneira regular. Falta de engajamento da populao. O municpio no apresenta mercado para consumo de materiais reciclveis, alm de estar muito distante de centros recicladores.

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Cidade 4Populao: 28.000 habitantes; Produo de resduo: dado no encontrado; Responsvel pelos servios de limpeza urbana: Secretria Municipal de Obras. O diagnstico do sistema de limpeza urbana sinalizou para os seguintes problemas: Inadequao de equipamentos utilizados para a coleta de resduos domiciliares Falta de equipamentos para a coleta de spticos; Disposio nal em lixo a cu aberto; Baixa capacidade gerencial do setor de limpeza urbana; Falta de legislao especca sobre resduos slidos. Dados complementares 70% da populao residem sobre palatas; Apenas 1/3 dos resduos domiciliares so coletados regularmente, compreendendo as reas de terra rme; Os resduos gerados em terras alagadas so lanados sob as palatas, sem que haja qualquer iniciativa, de carter pblico ou particular, para o recolhimento dos mesmos. A cidade vem sofrendo com surtos de dengue periodicamente em reas onde se encontraram diversos recipientes vazios como (garrafas pets, pneus, etc)

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Cidade 5Populao: 73.500 habitantes. Produo de resduo: 44 toneladas/dia. Responsvel pelos servios de limpeza urbana: Secretaria de Municipal de Saneamento e Servios Urbanos. O diagnstico do sistema de limpeza urbana sinalizou para os seguintes problemas: Onerosidade da coleta dos resduos domiciliares e inertes, em funo da baixa capacidade de carga dos veculos coletores. No-cobrana de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e TLP (Taxa de Limpeza Urbana) pelo municpio. Inexistncia de disposio adequada para os resduos coletados: todo o lixo jogado em valas s margens do Rio Tocantins e enterrado posteriormente. No-cobrana, pelo municpio, da remoo do entulho gerado pelas obras. Presena de mo-de-obra infantil, separando material comercivel no lixo. Inexistncia de capacitao para os trabalhadores da limpeza urbana. Dados complementares 90% da populao atendida pela coleta de resduos domiciliares; Coleta diria dos resduos. Municpio com forte tendncia ao crescimento. 50% de toda a verba destinada limpeza urbana vo para a coleta. Equipamentos e veculos dos servios de limpeza urbana so de propriedade da prefeitura e encontram-se em bom estado de conservao. Vericou-se que o municpio tem gastado muitos recursos no tratamento da gua para consumo humano. A cidade 5 ca a jusante da cidade 2.

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Proposta de plano de gesto de resduos slidos urbanos

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Proposta de plano de gesto de resduos slidos urbanos

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Diagnstico dos servios de limpeza urbanaO plano deve ser elaborado por meio de informaes gerais sobre o municpio e o diagnstico da situao atual dos servios do sistema de limpeza urbana. A identicao da atual estrutura operacional do sistema, e as informaes de todas as etapas, desde a gerao at a disposio nal, fornecer elementos indispensveis para escolha e dimensionamento do sistema. A seguir algumas informaes necessrias ao diagnstico. FINALIDADE: Apresentar a importncia do diagnstico para elaborao de um plano de gesto sustentvel e integrado de resduos slidos urbanos.

Caractersticas do municpio Localizao geogrca; Aspectos climticos; Aspectos topogrcos, geolgicos e geotcnicos; Aspectos da fauna e ora; Levantamento dos distritos e comunidades rurais; Histrico de crescimento demogrco do municpio (populao); Infra-estrutura urbana; Caractersticas scio-culturais e scio-econmicos; Potencial turstico; Existncia de mercado para materiais reciclveis e composto orgnico; Existncia de associao de catadores, etc. Gerao

Princpios adotados para minimizar a gerao (3Rs), conscientizao e educao da comunidade; Informaes qualitativas e quantitativas dos resduos slidos urbanos; Quantidade de resduos gerados (cota per capita); Grandes geradores; Composio Gravimtrica, etc.Acondicionamento

Manejo adotado para o acondicionamento dos resduos gerados pelos grandes equipamentos urbanos: hospitais, shoppings, etc; Recipientes utilizados para o acondicionamento.Guia do prossional em treinamento - ReCESA

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Coleta e Transporte Veculos utilizados para coleta; Freqncia e regularidade de coleta; Horrios de coleta; Itinerrios da coleta; Levantamento das vias; Coleta diferenciada, etc. Tratamento e destinao final Local e caractersticas do depsito atual; Controle ambiental do local de depsito; Unidades de tratamento, etc. Outros servios Limpeza dos logradouros, praas, praias, boca de lobo, entre outros. Capina e poda; Recolhimento de animais mortos, etc. Reita e discuta em grupo outros itens relevantes para a elaborao do diagnstico do plano de gesto de resduos slidos urbanos. Outras informaes de interesse para uma melhor execuo do diagnstico: Identicao e anlise das disposies legais existentes (normas, regulamentaes etc.), incluindo contratos de execuo de servios por terceiros, sobre a limpeza urbana municipal; Identicao e descrio da estrutura administrativa dos servios de limpeza urbana e respectivos recursos humanos (nmero de funcionrios por funo); Identicao, levantamento e caracterizao da estrutura operacional dos servios prestados, informando a freqncia, turnos, veculos, equipamentos utilizados, roteiros de coleta, mapeamento das reas atendidas; levantamento dos servios de varrio, capina e limpeza; levantamento dos servios de coleta especial;

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Identicao dos aspectos sociais (presena de catadores na disposio nal, coleta informal, existncia de cooperativas ou associaes); Identicao, levantamento e caracterizao da estrutura nanceira do servio de limpeza urbana (remunerao e custeio; investimentos; controle de custos); Levantamento e caracterizao de aes ou programas de Educao Ambiental em desenvolvimento no municpio, identicando as associaes de bairros, ONGs, dentre outros.

Aps a obteno e a sistematizao de dados e informaes possvel identicar os problemas, decincias, lacunas existentes e suas provveis causas. Esta primeira fase subsidiar a elaborao do prognstico contendo a concepo e desenvolvimento do plano de gerenciamento contemplando as polticas gerais que orientaro a atuao municipal no planejamento, projeto, implantao e operao e monitoramento do sistema, que dever privilegiar solues voltadas para a minimizao da gerao, dentre outros em todas as etapas da limpeza urbana, a saber: gerao, acondicionamento, coleta/transporte, limpeza de logradouros, tratamento/disposio nal.

Voc Sabia? Gesto integrada de resduos slidos: dene quais decises, aes e procedimentos devem ser adotados, de forma integrada, para manter o municpio limpo, dando destino correto e seguro aos todos os tipos de resduos slidos, evitando danos ao meio ambiente. As etapas da gesto integrada so: informao, planejamento, recurso nanceiro, leis, operao e monitoramento. Gesto participativa: o municpio tem a participao dos muncipes indicando onde o municpio deve investir e em que reas devem atuar no desenvolvimento do oramento plurianual ou o oramento anual. Gesto compartilhada: Quando dois ou mais municpios trabalham juntos para solucionar um problema em comum, por exemplo, construo e operao de um aterro sanitrio para utilizao por dois municpios vizinhos.

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Reita e discuta sobre qual(is) tipo(s) de gesto voc considera mais interessante(s). Voc modicaria a gesto adotada no seu municpio? Por qu?

Voc Sabia? Um novo modelo de gesto A Lei n 11.107, em vigncia desde 6 de abril de 2005, regula a cooperao interfederativa para a gesto de servios pblicos por meio dos consrcios pblicos e convnios de cooperao. A nova lei oferece diversas alternativas para a prestao de servios pblicos, veja mais informaes em www.pmss.gov.br - Lei de Consrcio. Os novos rumos do saneamento bsico no Brasil - Lei 11.445 A lei 11.445 dispe sobre a poltica federal de saneamento bsico e passou a vigorar a partir de 22 de fevereiro de 2007. Ela dene saneamento bsico como as aes de abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, coleta e manejo de resduos slidos urbanos e coleta/manejo de guas pluviais urbanas. Veja mais informaes em www.pmss.gov.br

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Financiamento para projetos na rea de saneamentoQuando se fala em nanciamento na rea de resduos slidos, um agente nanciador a Caixa Econmica Federal. Suas aes esto voltadas ao desenvolvimento social, mas como no possvel falar de desenvolvimento social sem incluir saneamento bsico, a Caixa tem, atravs de seus programas sociais, contribudo reexamente para a melhoria das atividades ligadas aos resduos slidos. As linhas de credito desse rgo geralmente so disponibilizadas atravs de editais pblicos para a realizao de projetos na rea. Assim, importante est sempre consultando o site www.caixa.gov. br para no perder os prazos de inscrio para os projetos, uma vez que os editais no possuem datas certas para serem lanados. J o BNDES atua por intermdio de linhas, programas e fundos. De acordo com as Polticas Operacionais da instituio, os investimentos que forem classicados como ambientais faro jus condies especiais. Para isso, o BNDES oferece trs modalidades de apoio nanceiro: o Apoio a Investimentos em Meio Ambiente; o Apoio Ecincia Energtica PROESCO; e o Apoio ao Reorestamento de Carajs - REFLORESTA. Dentre as modalidades citadas o mais voltado s atividades com resduos slidos a primeira. Nessa modalidade possvel encontrar uma linha especica volta para projetos de coleta, tratamento e disposio nal de resduos slidos industriais, comerciais, domiciliares e hospitalares. Alm disso, os projetos devero envolver os investimentos relacionados ao Outro agente nanciador a Funasa (Fundao encerramento de eventuais depsitos de lixo (liNacional de Sade). Suas linhas de crdito so xes) existentes na regio. Em www.bndes.gov.br mais constantes. Atravs do site, www.funasa.gov. br, clicando no cone publicaes, encontram-se Por m, a prpria lei 11.445 trata do assunto nanvrios manuais sobre as diversas aes que a Fu- ciamento para o saneamento bsico no Brasil. Innasa desenvolve. A cartilha de resduos slidos d forme-se atravs do site www.planalto.gov.br/ccitodas as orientaes necessrias para que os mu- vil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm nicpios apresentem seus projetos e seus pleitos Funasa. Em www.funasa.gov.br

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FINALIDADE: - Discutir a respeito da caracterizao de resduos e seus componentes (gerao per capita, composio gravimtrica, quarteamento); - Discutir a inuncia do crescimento populacional na elaborao de planos de gesto integrada e sustentvel de resduos slidos urbanos; - Discutir as formas de minimizao da gerao de resduos slidos.

Etapas dos Servios de Limpeza Urbana

At agora, ns j discutimos a respeito dos problemas causados pelos resduos quando mal gerenciados e vimos a necessidade de se propor planos para os mesmos, visando solucionar os problemas j comentados e, inclusive, voc, prossional, j elaborou um plano juntamente com seus colegas. Assim, qual seria o prximo passo? Se voc voltar a algumas pginas atrs, recordar que um plano pode ser estruturado tendo por base as etapas dos servios de limpeza urbana. Assim, daqui por diante, ns abordaremos as etapas individualmente, objetivando a elaborao de planos mais ecientes.

Gerao de Resduos Slidos UrbanosEsta a primeira etapa dos servios de limpeza urbana. A partir dela que conseguimos: dimensionar a frota de veculos que recolher o lixo, denir o tipo de coleta a ser adotado em determinado municpio, orientar a melhor forma de tratamento a ser empregado aos resduos, entre outros. Assim, voc encontrar nesse captulo conceitos e atividades relacionados : caracterizao, gerao per capita, peso especico, quarteamento, composio gravimtrica e princpios de minimizao (3Rs) de resduos slidos. Acompanhe atentamente a leitura do captulo Gerao de Resduos Slidos. A caracterizao dos resduos slidos urbanos tem como objetivo principal subsidiar o planejamento das atividades do setor de limpeza urbana, assim como avaliar o potencial de reutilizao, reciclagem e recuperao dos resduos gerados em determinada cidade. a partir da caracterizao dos resduos, ou seja, do levantamento das caractersticas dos resduos de um municpio, que qualquer medida relacionada limpeza pblica tomada, assim como aes de gerenciamento j adotadas so avaliadas.

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As caractersticas quali-quantitativas dos resduos slidos podem variar em funo de vrios aspectos, tais como: sociais, econmicos, culturais, geogrcos e climticos, ou seja, os mesmos fatores que tambm diferenciam as comunidades entre si. Para o planejamento e dimensionamento de todas as etapas do sistema de GISRSU til conhecer os seguintes parmetros: produo per capita, composio gravimtrica, peso especco, dentre outros, assim como, os mtodos para determin-los.

Produo per capita a quantidade de resduos gerada diariamente por habitante de uma determinada regio. Para estimar a produo per capita de projeto, ou seja, para uma projeo futura, necessrio realizar uma anlise demogrca do municpio em estudo. Esta anlise permite a elaborao de projetos adequados s populaes ao longo de um determinado tempo. Para projetos de aterros, por exemplo, usualmente considera-se um perodo de 20 anos a partir da implantao do projeto. Reita e discuta em grupo a seguinte pergunta: como a previso errnea de crescimento populacional pode afetar o gerenciamento de resduos slidos? Qual soluo voc adotaria para minimizar o problema? Acompanhe atentamente a leitura do texto: Ferramentas de auxlio na estimativa populacional.

Ferramentas de auxlio na estimativa populacionalA anlise demogrca de uma rea um dos esgotamento sanitrio, abastecimento de gua primeiros estudos a serem executados no pla- e resduos slidos, que devem comportar a nejamento urbanstico. gerao no chamado ano zero, ou incio de plano, assim como no ano de nal de plano. Essa permite que se projetem sistemas ade- Um dimensionamento errado do crescimento quados s populaes ao longo de um perodo da populao pode ocasionar falhas em todo tempo. Um exemplo disto so os sistemas de um planejamento, como foi o caso da capital mineira.

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Existem modelos estatsticos que possibilitam este extrapolamento da populao, tais como: aritmtico, geomtrico, logstico e o decrescente. Cada um deles com caractersticas distintas que buscam descrever melhor o cenrio local. Esse cenrio deve ser denido com anlises qualitativas, levando em considerao potenciais de crescimento, industrializao do municpio entre outros fatores e anlises quantitativas, considerando um histrico de crescimento do local, taxas de natalidade e mor-

talidade, etc. Essas anlises buscam adequar um modelo matemtico a uma realidade com inmeras variveis. Porm, h na modelagem matemtica uma limitao quanto preciso nas previses do crescimento populacional. Essa limitao oriunda das equaes, que no consideram variveis de desenvolvimento scio-econmico como: crescimento vegetativo, crescimento da economia, taxas de fecundidade, entre outras.Para saber mais sobre os modelos, consulte o site www.ibge.gov.br.

Faa em casa o exerccio sobre projeo populacional. O objetivo escolher o melhor mtodo dentre os comentados no texto que se adequem ao exemplo dado. Exerccio: Calcule a populao de projeto (20 anos) para um municpio de porte pequeno (at 50.000 habitantes) usando os modelos geomtrico e aritmtico. Os dados populacionais so os seguintes:

Ano 1996 2000 2007

Populao (habitantes) 21590 22360 24920

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Faa, individualmente, a leitura do texto Composio gravimtrica.

Composio gravimtricaComposio gravimtrica dos resduos a razo entre o peso, expressa em percentual, de cada componente e peso total de resduos. Os componentes comumente discriminados so: matria orgnica putrescvel, metais ferrosos e no-ferrosos, papel, papelo, plsticos, vidro, rejeitos, entre outros. A determinao da composio gravimtrica possibilita desde o dimensionamento e otimizao da coleta at a viabilizao do tratamento e disposio nal adequada. O mtodo mais utilizado o do quarteamento conforme Norma Brasileira ABNT NBR 10007:2004 que xa os requisitos exigidos para amostragem de resduos slidos.

Execute o mtodo do Quarteamento com o kit resduo e monte a composio gravimtrica. O objetivo da dinmica mostrar a tcnica do quarteamento.

Dinmica Escolha do quarteamento1. Participantes Todos os prossionais em treinamento. 2. Material Kit resduo, recipientes para acondicionar os resduos, balana. 3. Desenvolvimento da dinmica: A partir dos resduos depositados no centro da sala, o instrutor solicitar que voluntrios auxiliem na dinmica. Para a determinao da composio gravimtrica necessrio quartear a amostra, ou seja, dividir o total de resduos dispostos em quatro partes. Duas das partes obtidas pelo quarteamento e localizadas em posio diametralmente opostas so descartadas. Nessa amostra realiza-se a separao e a pesagem dos materiais por componentes presentes na mesma. Separe os materiais de acordo com a tabela composio gravimtrica e pese cada material. Faa tambm o percentual que cada material representa no total amostrado.Guia do prossional em treinamento - ReCESA

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Composio Gravimtrica dos Resduos Slidos Material Papel Papelo Vidro Plstico lme Plstico duro Plstico PET Alumnio Ferrosos Outros metais Pano/trapo Couro Borracha Madeira Pedra/terra Rejeitos Outros Matria Orgnica Total

Massa

(Kg)

Percentual (%)

4. Objetivo da dinmica: Apresentar o mtodo do quarteamento.

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Procedimentos para coleta da amostra em escala realDeve-se pegar amostras representativas escolhendo a procedncia do veculo ou veculos coletores, ou seja, pegar amostras de diversas reas da cidade que tenham caractersticas distintas. Os resduos coletados so descarregados no solo e procede-se ento o rompimento do maior nmero de sacos com resduos, sendo coletadas quantidades em cinco pontos, uma no topo e quatro nas laterais do monte de resduos de modo a preenPeso Especco

cher quatro tonis de 200 litros cada. Se o local de realizao do mtodo no for cimentado, estender uma lona plstica para que o solo no se misture com a amostra interferindo no resultado. Iniciase a mistura e o quarteamento da amostra, ou seja, a diviso em quatro partes do total de 800 litros de resduos dispostos. Repete-se o quarteamento obtendo-se uma amostra nal de 200 litros ou de 100 kg.

o peso dos resduos em funo do volume por eles ocupados nas condies normais em que se apresentam para a coleta, sem sofrerem processos de reduo. No Brasil, o peso especco do lixo solto varia, em mdia, de 200 a 250 kg/m..

3RSPara o sucesso no gerenciamento dos resduos slidos necessrio priorizar as aes, conhecidas como princpio dos 3 Rs, de reduzir, reutilizar e reciclar, nessa seqncia hierrquica. A reutilizao no deve ser considerada at que as possibilidades de reduo na fonte tenham se esgotado, assim como, a reciclagem no deve ser priorizada at que as possibilidades de reutilizao ndem, at chegar disposio nal.

Reduo Reutilizao

Reciclagem

Disposio nal

Assista a reportagem do jornal nacional Reciclagem. Fique atento aos conceitos e aes de reduo, reutilizao e reciclagem mostrados na reportagem. Alm disso, observe atenciosamente as boas prticas adotadas em relao aos resduos slidos na cidade que aparece ao nal da reportagem

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Reita e discuta em grupo, com base no lme e no texto: 3Rs, quais aes poderiam ser adotadas para se reduzir, reutilizar e reciclar os resduos nos municpios e como voc conseguiria a adeso da populao para essas aes.

Voc Sabia?Metal Na produo de 1000 toneladas de barra de ao a utilizao de sucata consumiria 74% menos de energia e 41% menos gua do que o processo de transformao da matria bruta em produto nal. Alm disso, a quantidade de poluentes atmosfricos seria reduzido em 86% e de poluentes minerais em 97%. ta, feldspato, brax e carbonato de sdio, matrias-primas que tambm utilizam energia para sua extrao ou produo. Papel A economia de energia com a reciclagem de papel da ordem de 70%. Com relao conservao de gua, a produo de cada tonelada de papel consome cerca de 100 mil litros de gua, enquanto que a reutilizao do papel gata apenas 37 mil litros de gua por tonelada. Outro fato interessante que na produo de papel reciclado necessrio adicionar uma parte de matria-prima virgem (celulose), mas mesmo assim a reciclagem poupa o corte de cerca de 10 a 20 rvores adultas por tonelada produzida.

A reciclagem de 75 latas de ao poderia poupar uma rvore que seria utilizada como carvo em sua produo, assim como, 100 latas de ao poderia poupar o equivalente a um lmpada de 60W acessa durante 1 hora.Na produo de 1 tonelada de alumnio a partir da bauxita consome cerca de 16 MWh de energia, enquanto que, se for produzido a partir de alumnio reciclado, seriam necessrios apenas 0,8 MWh de energia. Assim, a produo de uma lata de Plstico alumnio nova a partir de uma recuperada eco- O plstico que produzido a partir de matriasnomiza 95% de energia. primas como petrleo, gs-natural, carvo mineral e vegetal, apresenta uma economia em torno Vidro de 90% com a reciclagem, sendo que alguns A cada tonelada de vidro reciclado economiza-se destes energticos so no renovveis, alm de 290 kg de petrleo gastos na fundio. Alm dis- o plstico ser um dos piores resduos para os so, como o vidro 100% reciclvel podendo-se aterros, pois demora mais de 200 anos para se introduzir o caco de vidro em propores que va- degradar sendo que alguns tipos no se matriam de 15 a 80% do total da composio, depen- ria-prima virgem (celulose), mas mesmo assim a dendo do tipo de produto fabricado e colorao, a reciclagem poupa o corte de cerca de 10 a 20 reciclagem deixa de utilizar areia, calcrio, dolomi- rvores adultas por tonelada produzida.

Paulo Hlio Kanayama, Em minimizao de resduos slidos urbanos e conservao de energia.

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Assista pea, encenada por seus colegas, do texto: Boicote ao Saco. O objetivo da dinmica discutir sobre o grave problema ambiental causado pelo uso exagerado de sacos plsticos, bem como criar um momento de descontrao durante a atividade de capacitao. Descrio da dinmica: Boicote ao Saco

Dinmica Boicote ao saco1. Participantes: Prossionais que se candidatem como voluntrios 2. Material : Trechos do texto: Boicote ao saco. 3. Desenvolvimento da dinmica: Cada voluntrio receber um pedao de papel e tentar incorporar a personagem ali descrita. Ser dado um tempo para o ensaio da pea que contar com 9 personagens, sendo que 2 delas sero os funcionrios do supermercado (caixa e empacotador), os 7 restantes sero diversos consumidores que encaram a situao das sacolas de plstico de diferentes maneiras (Didtico Educado com Pressa, Esquisito, Compadecido Social, Consumidor Exigente, Fashion, Chique e o Eco-Scio- Terrorista). As personagens podem ser interpretadas por homens e/ou mulheres. O ideal que haja a participao de ambos.

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Boicote ao SacoJ sou conhecida nos mercados onde compro por uma atitude no mnimo estranha para as moas dos caixas e os garotos das sacolas: no pego sacolinhas de plstico. Difcil passar as compras, pagar, brecar o ensacolador que geralmente esconde minhas coisas furiosamente em dezenas de saquinhos enquanto eu pago e ainda explicar, ao mesmo tempo, o porqu da recusa aos sacos. Aos poucos, pr sair dessa sinuca diria, criei vrias personagens e visto uma delas enquanto visito as gndolas. A deciso por uma ou outra depende do tamanho da la, do tamanho da grana, do tamanho da compra, e, claro, do fgado... Duas consumidoras moveram uma ao na justia, sustentando que consumiram, durante aproximadamente cinco dias, gua contaminada pelo cadver. O relatrio do Corpo de Bombeiros constatou que a gua estava com odor, colorao amarela e com gosto de enxofre.

A didtica educada com pressa: Sabe, um saquinho desses dura 50 anos e eu j tenho vrios em casa. Precisamos com urgncia produzir menos lixo. Obrigada. A esquisita: Sabe, plstico feito de petrleo que o resultado da decomposio de orestas e dinossauros. Como os tomos no se desintegram espontaneamente, com certeza h nessas sacolinhas tomos de samambaias gigantes ou brontossauros. No uma judiao? (Essa faz sucesso quando a la est grande. Uma vez um cara de Piracicaba pegou o gancho e disparou um discurso que no parava nunca mais...)

A compadecida social: Sabe, que se eu colocar meu lixo e meus reciclveis nessas sacolinhas todas brancas e todas iguais, os coletores de lixo e de reciclveis* vo fazer a maior confuso. COITADOS!!! E o pessoal da cooperativa precisa muito (dou nfase!) dos meus reciclveis para pagar aluguel, comprar material da escola dos lhos, pagar a conta de luz... Sabe, gosto de facilitar o trabalho dos coletores. Uso sacos grandes transparentes para os reciclveis e pretos para o lixo. meu Fome Zero! (Essa tem provocado sorrisos simpticos!)

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A consumidora exigente: Sabe, uma sacolinha dessas custa cerca de cinco centavos. Seu patro - todos odeiam o patro! - me empurra um monte delas, embute no preo e eu termino pagando pelo que no quero. J no basta o preo das coisas? (s vezes me empolgo nessa parte) Ns compramos sem saber, e isso no justo. E bl, bl, bl... No ? Se o mercado tem impresso o nome no danado do saco a coisa pode virar comcio. Eu me recuso a sair fazendo propaganda do seu patro de graa. Quem ele pensa que ? O qu ele pensa que sou? A fashion: Euuuu? Sair com um monte de sacolinhas penduradas nos dedos? Cruzes! Acho um horror, uma po-bre-za!

A Chique: Na Sua e na Alemanha ningum pega saquinho. Argh... A eco-socio-terrorista (para essa eu preciso estar com tempo livre): Voc tem lhos? Sabe, a gente desperdia tanta coisa, n? J imaginou como vai estar o planeta quando seu lho estiver maior? A gente no pra de fazer lixo! Sabia que cada um de ns produz, em mdia, 1 kg de lixo por dia? Sabia que hoje so 6 bilhes de pessoas no planeta fazendo lixo o tempo todo? Todos os dias? Olha aqui, , t vendo essa embalagem? Quando seu lho estiver beeeeem velhinho ela ainda vai existir desse mesmo jeito. O planeta vai estar um lixo s! Coitado. Do planeta e do seu lho...

De uns tempos para c ando pedindo descontos por no pegar as sacolas. J consegui alguns. A cidade em questo (So Sebastio, SP) tem um programa municipal de coleta seletiva em parceria com uma cooperativa de triadores de materiais reciclveis.Georgeta de Oliveira Gonalves, Educadora Ambiental - Em Jornal Imprensa Livre (Litoral Norte de So Paulo)

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FINALIDADE: - Discutir sobre a importncia do acondicionamento para o plano de gesto integrada de resduos slidos urbanos; - Apresentar a respeito da adequao dos recipientes diferentes tipos de resduos slidos (domiciliar, industrial, construo civil, etc); - Propor formas de conscientizao da populao para o correto acondicionamento dos resduos slidos.

AcondicionamentoUma pergunta a voc, prossional: quem gera os resduos? A resposta bvia. Ora, quem gera os resduos somos ns, seres humanos. Aps a gerao, o que fazemos? A resposta deve ser bvia tambm. Na maioria dos casos, os colocamos em sacos plsticos para serem levados pelos caminhes coletores. Assim, seqencialmente, a etapa seguinte a ser abordada a do acondicionamento. Neste captulo, voc encontrar conceitos referentes ao acondicionamento de resduos, bem como sua importncia para o plano de gesto, ver quais os recipientes mais apropriados aos diferentes tipos de resduos slidos e discutir o papel da sociedade nessa etapa. Acompanhe a leitura do captulo Acondicionamento. Deve-se se estar atento para os benefcios proporcionados pelo correto acondicionamento, bem como a escolha dos recipientes conforme a origem dos resduos. Acondicionar os resduos slidos domiciliares signica prepar-los para a coleta de forma sanitariamente adequada, como ainda compatvel com o tipo e a quantidade de resduos. A qualidade da operao de coleta e transporte de lixo depende da forma adequada do seu acondicionamento, armazenamento e da disposio dos recipientes no local, dia e horrios estabelecidos pelo rgo de limpeza urbana para a coleta. A populao tem, portanto, participao decisiva nesta operao. A importncia do acondicionamento adequado est em: Evitar acidentes; Evitar a proliferao de vetores; Minimizar o impacto visual e olfativo; Reduzir a heterogeneidade dos resduos (no caso de haver coleta seletiva); Facilitar a realizao da etapa da coleta.

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A escolha do tipo de recipiente mais adequado deve ser orientada em funo: das caractersticas do lixo; da gerao do lixo; da freqncia da coleta; do tipo de edicao; do preo do recipiente. Os tipos de acondicionamentos de resduos mais utilizados conforme a sua origem so: Origem dos resduos Domstico e Comercial Sacos plsticos, contineres de plstico e contineres metlicos.Sacos plsticos

Formas de acondicionamento

Pblico

Sacos plsticos descartveis apropriados, contineres coletores ou intercambiveis, recipientes basculantes ou cestos, contineres estacionrios, tambores de 100/200 L e cestos coletores de caladas. Contineres estacionrios.Caamba Cesto coletor de calada

Construo Civil

Servios de Sade

Sacos plsticos especicados de acordo com as cores: transparente (resduos comuns reciclveis), colorido opaco (resduos comuns no reciclveis) e branco leitoso (resduos infectados ou especiais); contineres nas cores: branca (resduo infectante) e qualquer cor (resduo comum).Bombonas Continer

Industrial

Tambores metlicos, bombonas plsticas, contineres plsticos e caixas de papelo.

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Acompanhe a leitura do texto: Acidentes e riscos ocupacionais. Fique atento sobre a importncia da sociedade nessa etapa do gerenciamento.

Acidentes e riscos ocupacionaisA sade do trabalhador envolvido nos processos de operao do sistema de gerenciamento dos resduos slidos municipais est relacionada no s aos riscos ocupacionais inerentes aos processos, mas tambm s suas condies de vida. Nos pases latino-americanos no existem dados e informaes sistematizados sobre acidentes de trabalho. Quanto a doenas relacionadas ao trabalho com resduos slidos municipais, as informaes praticamente inexistem. claro que os riscos de acidentes e de agravos sade dependem da atividade exercida pelo trabalhador. Dentre os acidentes mais freqentes, citam-se os ligados ao acondicionamento incorreto de resduos slidos: Cortes com vidros: caracterizam o acidente mais comum entre trabalhadores da coleta domiciliar e das esteiras de catao de usinas de reciclagem e compostagem, e tambm entre os catadores dos vazadouros de lixo. As estatsticas deste tipo de acidente so subnoticadas, uma vez que os cortes de pequena gravidade no so, na maioria das vezes, informados pelos trabalhadores, que no os consideram acidentes de trabalho.Fonte: www.ambientebrasil.com.br - Acesso em Junho de 2007

A principal causa destes acidentes a falta de informao e conscientizao da populao em geral, que no se preocupa em isolar ou separar vidros quebrados dos resduos apresentados coleta domiciliar. A adoo obrigatria

de sacos plsticos para o acondicionamento dos resduos slidos municipais, com efeitos positivos na qualidade dos servios de limpeza urbana, infelizmente amplia os riscos pela opacidade dos mesmos e ausncia de qualquer rigidez que possa proteger o trabalhador. A utilizao de luvas pelo trabalhador atenua, mas no impede a maior parte dos acidentes, que no atingem apenas as mos, mas tambm braos e pernas.

Joo Alberto Ferreira e Luiz Antonio dos Anjos, em www.scielo.br

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Reita e proponha, com base no texto Acidentes e riscos ocupacionais, formas de se conscientizar a sociedade a respeito do correto acondicionamento.

Voc Sabia?Faz-se necessrio realizar uma ampla campanha educativa, envolvendo toda a comunidade, cujo contedo contemple informaes sobre os dias e os horrios da coleta, bem como disponibilize informaes sobre os critrios de acondicionamento do lixo. Os responsveis pelo gerenciamento da limpeza urbana devem orientar a populao atravs de campanhas e folhetos e fazer a scalizao das aes para que sejam cumpridas. sar em sacos plsticos (ou sacolas plsticas) e colocados nos logradouros no mximo 01 (uma) hora antes do horrio estipulado para coleta. Na coleta domiciliar, os moradores devero ser orientados para no colocarem o lixo na rua em volumes de massa superior a 20 kg ou em grande nmero de pequenos sacos ou sacolas, dificultando o manuseio e atrasando a coleta. Quando sacolas plsticas forem utilizadas, devem estar amarradas O acondicionamento dos resduos slidos de ou colocadas em um saco maior, para maresponsabilidade do gerador, que dever enva- nuseio nico.Acesse o software: Bacia Hidrogrca Virtual e veja os equipamentos de proteo individual necessrios para o manuseio dos resduos slidos feito pelos trabalhadores do servios de limpeza urbana. O objetivo conscientizar os trabalhadores da importncia do uso desses equipamentos.

Coleta e TransporteFINALIDADE: Se continuarmos a percorrer o caminho dos resduos slidos, aps corretamente acondicionados, voc, prossional, provavelmente deve propor que os mesmos sejam coletados e transportados com segurana ao tratamento e/ou disposio nal adequados. Dessa maneira, na etapa de coleta discutem-se: qual o tipo de coleta a ser adotada (comum ou coletiva); o que deve contemplar um plano para elaborao de coleta; como estabelecer o itinerrio para a frota de caminhes coletores; como inserir os catadores na coleta seletiva; como a sociedade pode e deve separar seus resduos. J para o transporte, as perguntas so: qual veculo mais apropriado a ser utilizado; quais outras alternativas se tm para transportar os resduos; quantos caminhes sero necessrios utilizar; quantos garis comporo a guarnio. Essas perguntas sero respondidas atravs da leitura e atividades desse Captulo. Vamos l!- Discutir a insero e importncia dos catadores na coleta seletiva. - Discutir a importncia da coleta seletiva; - Apresentar e discutir a etapa da coleta de resduos slidos e os componentes da mesma (freqncia, horrio, itinerrio, guarnio);

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Acompanhe a leitura do captulo Coleta. Fique atento aos componentes e ao roteiro e elaborao da coleta. Coletar os resduos signica recolher o resduo acondicionado por quem o gera para encaminh-lo, mediante transporte adequado, a uma possvel estao de transferncia, a um eventual tratamento e disposio nal. Alm disso, a coleta bem estruturada no propicia: a disposio em lugares inadequados como terrenos baldios ou margens de crregos e rios; a queima dos mesmos; a proliferao de vetores transmissores de doenas; a degradao visual da paisagem; entre outros. Para que a coleta de resduos slidos cumpra seu papel, algumas etapas e componentes devem estar presentes e bem delineados. A seguir, apresentam-se os componentes e uma proposta de roteiro para elaborao de um projeto de coleta.

Componentes da coleta

Informaes

Freqncia de resduos num determinado local da cidade. Diria: necessria em vias pblicas de com grande gerao de resduos (reas centrais e ruas de intenso comrcio). o perodo do dia no qual realizada a coleta. Diurno: econmico e permite melhor scalizao, porm interfere no trco, causa maior desgaste do trabalhador, conseqentemente, menor produtividade.

Alternada: feitas em rea de mdia e baixa gerao de resduos (bairros residenciais).Uma coleta alternada pode trazer uma economia de 30 a 40% em relao diria.

Horrio

Noturno: interfere menos no trnsito, maior produtividade, porm causa rudo, diculta a scalizao, custo da mo-de-obra maior, risco maior de danos e acidentes.

Itinerrio

o trajeto que o veculo deve percorrer dentro de um mesmo setor, num mesmo perodo, coletando e

transportando o mximo de resduos com um mni-

mo de percurso improdutivo, com o menor desgaste possvel para a guarnio.

Guarnio

D-se o nome de guarnio ao conjunto de indivduos que recolhem e armazenam o resduo no caminho ou outro veculo durante a coleta, podendo variar: -Do tipo de equipamento -Das disponibilidades de pessoal para o servio;

-Dos volumes e das quantidades de resduos; -Do rendimento desejvel do conjunto pessoal/equipamento;

-Da quantidade de ruas ngremes, sem sada ou de difcil acesso para equipamento de maior porte.

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Roteiro

Informaes-Pesagem do volume de resduos diariamente; -Peso especco aparente; -Anlise topogrca do local (aclives e declives); -Local para recolhimento dos veculos; -Zonas de ocupao; -Caracterizao qualitativa do resduo;

Dados para o projeto de coleta

-Anlise do sistema virio existente (avenidas largas, ruas de grande trco, vielas, etc); - Levantamento das vias com asfalto, paraleleppedos, lajotas, etc;

-Locais de disposio nal e/ou estaes de transbordo; -Localizao dos grandes centros geradores de

Tabulao dos dados

Depois de levantar todos os dados, os mesmos devem ser tabulados a m de se obter valores mdios de pesagem, volume, das distncias e dos tempos. Em seguida, procede-se a anlise dos dados, considerando parmetros relativos freqncia e ao horrio da coleta em funo da fermentao dos resduos, das Com base nos resultados da anlise dos dados levantados, o municpio dever ser dividido em circuitos ou condies de iluminao e pavimentao das ruas e a qualidade dos servios a ser prestado.

Anlise dos dados

Concepo do projeto

zonas geradoras que individualmente forneam material suciente para completar a viagem do caminho

Acompanhe a leitura do texto Cubagem.

CubagemPara se efetuar a diviso da cidade em roteiros, fundamental que as caractersticas particulares de seus bairros sejam conhecidas. Um mtodo bastante simples e que pode adotado em qualquer cidade o da cubagem, que consiste: - Escolher um recipiente-padro de transferncia para os trabalhadores utilizarem na operao de coleta. Lates de 100 litros so uma boa opo; - Determinar o nmero de recipientes-padro coletados em cada quarteiro da cidade no decorrer da semana. Deve ser anotada tambm a quantidade de recipientes-padro necessria para completar uma carga do veculo empregado; - Registrar as cubagens dirias, quadra por quadra, em mapas, onde tambm estaro os sentidos de trfego e topograa; - Determinar a extenso do itinerrio, que ser limitado pelo nmero de viagens que o veculo coletor far do local de destino em cada dia; - Multiplicar o nmero de viagens dirias previstas pela quantidade de recipientes-padro que o veculo coletor pode conter. Este ser o tamanho do itinerrio medido em nmero de recipientes; - Traar em mapa o itinerrio que parecer mais apropriado, somando o nmero de recipientes por quadra at que se atinja o total calculado no item anterior.Em www.abes-sc.org.br

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Faa, em grupo, de no mximo 5 participantes, o exerccio a respeito da coleta seletiva. Para realizao do exerccio proposto, a formao dos grupos ser feita como descrita. Exerccio: para os prossionais cujo municpio j possui a coleta seletiva, a tarefa consiste em descrever a coleta seletiva em seus municpios, ressaltando os pontos positivos e negativos, as diculdades encontradas e caso haja, como os catadores so inseridos nesse processo.

Para os prossionais cujo municpio ainda no possui a coleta seletiva, a tarefa consiste em descrever quais seriam as etapas para implantao da coleta seletiva em seus municpios e, caso haja, como os catadores poderiam ser inseridos no processo.

Ao nal os grupos apresentaro suas respostas uns para os outros e discutiro a respeito das vantagens e diculdades da implantao e operao da coleta seletiva.

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Acompanhe a leitura do captulo Coleta Seletiva. Fique atento aos passos necessrios para se implantar a coleta seletiva nos municpios. Para planejar um programa de Coleta Seletiva de lixo, preciso analisar vrios aspectos com vistas a escolher dentre os vrios tipos de programas existentes o que melhor se adapta ao municpio. O programa deve ser implantado aos poucos, at atingir toda a cidade. Alguns fatores contribuem para o pequeno ndice de reciclagem dos resduos como o alto custo da coleta seletiva para as municipalidades e a falta de um sistema corretamente dimensionado em termos: da capacidade de armazenamento e processamento de resduos nas unidades de triagem; a existncia de mercado para o material segregado; e a credibilidade que

deve ser mantida no sistema de coleta. Com vistas a minimizar estes e outros problemassero discriminadas neste guia, de forma resumida, todas as etapas a serem seguidas para o planejamento de um programa de coleta seletiva de lixo.

1 - Caracterizao de resduosAntes de iniciar qualquer projeto de coleta seletiva, importante avaliar qualitativa e quantitativamente o perl dos resduos slidos gerados em diferentes pontos do municpio. Faa, em grupo, de no mximo 5 participantes, o exerccio da correlao entre: Parmetro x Descrio x Importncia. Exerccio: Algum embaralhou as colunas das Descries e da Importncia do quadro a seguir de maneira que no h mais correspondncia entre Parmetro Descrio Importncia. Sua tarefa consiste em reorganizar a tabela de maneira que se estabelea correspondncia correta. Desenvolvimento: Na coluna dos Parmetros h um numerao de 1 a 6. Essa numerao dever aparecer nas outras colunas tambm de maneira que haja correspondncia entre Parmetros Descrio Importncia. Assim cada nmero aparecer 3 vezes no quadro. Objetivo: Reorganizar a tabela e analisar a importncia dos parmetros para a coleta seletiva.

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Parmetro

Descrio

Importncia

(1) Taxa de gerao por habitante (Kg/hab.dia)

(

) Quantidade de gua contida na massa de lixo

(

) Inuencia a escolha da tecnologia de tratamento e equipamentos de coleta, poder calorco, densidade e velocidade de decomposio biolgica da massa de lixo.

(2) Composio fsica

(

) Normalmente so analisados N, P, K, S, C, relao C/N, pH e slidos volteis.

( ) Ponto de partida para estudos de aproveitamento dos diversos materiais e para a compostagem.

(3) Densidade aparente

(

) Quantidade de matria orgnica contida no lixo. Inclui a matria orgnica no-putescvel (papel, papelo,etc) e putrescvel(verdu ras,alimentos,etc).

(

) Dene a forma mais adequada de tratamento e disposio nal.

(4) Umidade

(

) Relao entre massa e volume do lixo

(

) Avaliao da utilizao do processo de compostagem. Avaliao do estgio de estabilizao do lixo enterrado.

(5) Composio qumica

(

) Volumes efetivamente coletados e n de habitantes atendidos.

(

) Importante para o dimensionamento de instalaes e equipamentos.

(6) Teor de matria orgnica

(

) Refere-se s porcentagens de cada material no lixo, como papel, vidro, metal, plstico e outros.

(

) Determina a capacidade volumtrica dos meios de coleta, transporte, tratamento e destinao nal.

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2 - Elaborao de Plano de ColetaAps o levantamento das informaes acima, deve-se proceder ao planejamento em si. Primeiramente escolhe-se qual tipo de modalidade de coleta ser implantado. Os quatro tipos so: coleta porta-a-porta, em postos de entrega voluntria (PEV ou LEV), em postos de troca e por catadores. Modalidade porta-a-porta - assemelha-se coleta convencional, porm, os veculos coletores percorrem os domiclios em horrios e dias especcos, diferentes dos dias da coleta convencional. Nesta os moradores colocam os reciclveis na calada, acondicionados em contineres distintos. O tipo e o nmero de contineres variam de acordo com o sistema implantado.

Modalidade PEV - utilizam normalmente contineres ou pequenos depsitos, dispostos em pontos xos no municpio, onde o cidado espontaneamente deposita os reciclveis no local apropriado, como mostrada na guras a seguir.

Modalidade em postos de troca - consiste na troca de reciclveis por bens ou benefcios, que podem ser alimento, vale-transporte, vale-refeio, descontos, etc. Modalidade com participao de catadores consiste na utilizao de catadores de lixo na coleta seletiva, visto que estes trabalhadores j fazem este trabalho. uma forma de tirar essas pessoas do trabalho informal e dar a elas um trabalho reconhecido, com melhores condies.

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Em seguida devem ser analisadas as caractersticas do municpio como: Instalaes fsicas Identicar no municpio possveis locais para segregao (usina de triagem) e armazenagem e para implantao de um ptio de compostagem, levando em conta a distncia aos setores de coleta.

Recursos materiais existentes

Tambores, lates e outros que possam ser reutilizados na coleta seletiva (evitando a aquisio de produtos novos), necessidade de adaptao do veculo de coleta convencional ou aquisio de outro veculo para realizar a coleta seletiva.

Pessoal envolvido

Quantidade de pessoas envolvidas na limpeza e na coleta convencional de lixo e a rotina da limpeza (como feita a coleta e a limpeza da cidade, freqncia, horrios). E a quantidade de pessoal necessrio para realizar a coleta seletiva.

Aps analisar e denir as instalaes fsicas, os materiais usados e o pessoal envolvido, importante denir o destino dos reciclveis coletados: Preo e compradores Os preos podem ser obtidos atravs do boletim do CEMPRE (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), disponvel na internet. E os compradores devem ser procurados no prprio municpio, ou em municpios prximos para no encarecer o transporte. Em caso de no haver viabilidade de venda devido distncia, pode-se armazenar os reciclveis e aguardar at obter uma quantidade suciente que torne vivel a venda destes materiais.

Doao

Opo a ser escolhida pelo municpio, em que os materiais arrecadados so doados a associaes que o vendem ou reaproveitam.

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3 - Custos e benefcios da coleta seletivaDo ponto de vista estritamente nanceiro, a viabilidade de um programa de coleta seletiva pode ser determinada por uma anlise de custo-benefcio. Os custos analisados sero os de capital e de operao/manuteno. Os custos de capital so aqueles com terrenos, instalaes, veculos, conjunto de contineres para segregao, projeto do sistema e demais custos iniciais. Os custos de operao/manuteno compreendem os salrios e encargos, combustveis e lubricantes, gua, energia, seguros, licenas, manuteno, administrao, divulgao, conscientizao, servios de terceiros, leasing de equipamentos, dentre outros. Os benefcios se traduzem em rendas (resultado da venda de reciclveis), economias (quanto mais materiais so desviados do aterro maior a economia para a Prefeitura), benefcios sociais (gerao de empregos diretos e indiretos) e ao meio ambiente (menos extrao de matria prima para a fabricao de novos produtos).

4 - Montagem da parte operacionalAgora hora de montar a parte operacional, como transporte, local de armazenagem, instalao dos coletores, etc.: Coleta e Transporte do lixo Analisar se ser adquirido um novo caminho para a coleta seletiva ou o caminho j usado na coleta convencional ser adaptado, e como fazer o remanejamento dos dias de coleta para inserir o dia de coleta seletiva. Decidir se os reciclveis sero recolhidos no mesmo dia da coleta convencional ou em dias diferentes e a rota do veculo coletor, contemplando um roteiro econmico e lgico, que pode ser o mesmo usado pela coleta convencional. Aps denir o tipo de coleta seletiva e a quantidade de reciclveis presentes no lixo municipal ser fcil denir a melhor forma de colet-los. Uma anlise de custos de aquisio de um novo veculo e contratao de mo-de-obra mostrar as reais possibilidades do municpio no planejamento desse tipo de coleta.

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O transporte do lixo at o local de armazenamento ou at o comprador dever ter seus custos analisados, levando em conta os gastos com a implantao de um local para armazenamento e triagem dentro do municpio. Isso possibilitar escolher a opo mais vantajosa. Local de armazenamento e/ou triagem do material Escolha do local para armazenar os reciclveis e separ-los por tipo, dependendo do tipo de coleta escolhido. Neste local, os reciclveis so recebidos, separados, caso estejam misturados, prensados ou picados e enfardados. Tambm pode ser feito um pr-beneciamento, que ir agregar valor sucata a ser comercializada, como, por exemplo, no caso de plsticos, a retirada de rtulos, lavagem, separao por cor, etc. E aquisio de uma prensa para enfardar os materiais, mostrados nas guras a seguir.

Instalao dos coletores De acordo com o tipo de coleta devero ser instalados os coletores que iro receber o lixo da populao. Estes podem ser separados para receber os vrios tipos de reciclveis como papel, plstico, metal e vidro, ou podem ser resumidos a apenas um coletor para receber todos os tipos de materiais reciclveis que sero separados na usina de triagem. Deve-se fazer um estudo para escolher os locais onde os coletores sero implantados. Para PEV (ponto de entrega voluntria) e LEV (local de entrega voluntria ), os locais devem ser movimentados e iluminados para evitar vandalismo. Devem ser contemplados com coletores internos (dentro do estabelecimento) os rgos pblicos e as escolas.

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5 - Campanha de Educao Ambiental importante que sejam realizadas campanhas frequentes de educao ambiental para informar populao sobre importncia e a necessidade de se realizar a coleta seletiva de lixo, bem como seus benefcios. O sucesso de um programa de coleta seletiva deve estar baseado no trip tecnologia/mercado/conscientizao e depende principalmente do ltimo fator deste trip: a colaborao da populao. E a populao somente ir colaborar se estiver sensibilizada. Um dos problemas que interferem na reciclagem o mau acondicionamento dos resduos pela populao, fato este gerado pela falta de informao acerca da coleta seletiva. Faa, individualmente, a leitura do texto A importncia dos catadores. Fique

A importncia dos catadoresDaiane da Silva tem 19 anos. catadora de papel. Na base da pirmide da excluso social brasileira, ela contribui diariamente para minimizar o impacto do consumo inconseqente sobre o meio ambiente. Mas no sabe disso. Nem se preocupa. Para ela, a notcia de que a terra pode vir a car, em mdia, at 4 graus mais quente daqui ao ano de 2100 signica pouco ou quase nada.O que incomoda Daiane perder o acesso aos restos que garantem o alimento dela e dos lhos. muito importante, diz, sobre a reciclagem de papel e alumnio. Porque se no tiver lixo para a gente reciclar, como vamos dar comida aos lhos? A gente morre de fome. Daiane mora em um barraco, numa invaso, em frente ao prdio da Procuradoria Geral da Repblica (PGR), a cerca de um quilmetro do Palcio do Planalto e da entrada da Esplanada dos Ministrios. Jonas do Nascimento, 32 anos, pai de 8 lhos, catador de latas. um dos inmeros annimos que diariamente contribuem para que o Brasil seja uma potncia mundial na reciclagem de alumnio. No que se refere ao individual, faz a sua parte, sem jamais ter ouvido falar em aquecimento global ou efeito estufa. As latas, ele cata para poder comprar arroz e feijo. Recebe R$ 2 pelo quilo do alumnio. Confrontado com a informao de que o aquecimento global uma realidade, Nascimento demonstra preocupao. Vai ser pior. J no est prestando. E aparece um negcio desse a, acaba tudo.Adaptado de http://folhaverde.wordpress.com

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atento na contribuio dos catadores para o meio ambiente e a sociedade. Reita e discuta em grupo, com base no texto: Importncia dos catadores, qual o papel deles no servio de limpeza urbana, qual o seu papel como gestor, como deve ser a relao entre vocs e como os municpios podem contribuir

Como o poder pblico pode contribuir para a formao de associaes de catadoresPara incorporar a participao dos catadores no sistema de gesto de resduos slidos urbanos necessrio: 1) Promoo pelo poder pblico em parceria com diversos setores da sociedade do reconhecimento legal e fortalecimento do catador enquanto categoria prossional autnoma; 2) Acesso ao processo licitatrio e s condies de infra-estrutura pelas organizaes de catadores; 3) Criao da gura de cesso de reas para utilizao pelos catadores; 4) Estabelecimento de parcerias entre catadores e poder pblico na execuo de servio de limpeza de forma descentralizada; 5) Autorizao legal para apropriao dos resduos secos pelos catadores; 6) Formalizao de contratos com os catadores, organizados sob diversas formas associativas, para a coleta seletiva de resduos urbanos. Para saber mais sobre como organizar associaes acesso o site: http://www.ibam.org. br/publique/media/Botelim4.pdf.Adaptado de www.polis.org.br

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para a insero dos catadores. Acompanhe a leitura do captulo Transporte. Fique atento importncia da escolha de veculos para o transporte de resduos. Transportar os resduos slidos signica lev-los da fonte onde foram gerados at uma estao de transferncia, ou estao de tratamento, ou destino nal. Deve-se estar claro que o transporte de resduos slidos deve: ser seguro, tanto para o meio ambiente, quanto para os trabalhadores do servio de limpeza urbana; ser eciente e, na medida do possvel, econmico; interferir o menos possvel no trnsito da cidade e na rotina de seus cidados. Para que as condies acima sejam cumpridas, a escolha do veculo coletor de sua importncia e deve ser feita considerando-se principalmente: a natureza e a quantidade dos resduos; as condies de operao do equipamento; preo de aquisio do equipamento; mercado de chassis e equipamentos (facilidade em adquirir peas de reposio); os custos de operao e manuteno; as condies de trfego da cidade. Reita e discuta em grupo a seguinte pergunta: caminhes compactadores de resduos so adequados a qualquer cidade? Por qu? A seguir encontram-se alguns veculos de limpeza urbana suas vantagens e desvantagens: Vantagens Possibilidade de utilizao em outros servios do Municpio. Desvantagens Resduo pode se espalhar pela rua

FINALIDADE: - Conceituar a etapa de transporte de resduos slidos; - Discutir sobre a escolha apropriada dos veculos dos servios de limpeza urbana; - Discutir e resolver o dimensionamento da frota de veculos coletores e de

Basculante convencional

devido ao do vento; A altura da carroceria exige dos garis grande esforo na manipulao do resduo.

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Vantagens Resduo coletado ca bem acondicionado, evitando-se que seja visto pelas pessoas ou se espalhe pelas ruas.

Ba ou Prefeitura

Desvantagens Diculta a arrumao no interior da carroceria.

Vantagens Capacidade de transportar muito mais resduo; Baixa altura de carregamento (no nvel da cintura), facilitando o servio dos coletores; Rapidez na operao de descarga do material; Eliminao dos inconvenientes sanitrios decorrentes da presena de trabalhador arrumando o

Compactadores

lixo na carroceria ou do espalhamento do material na via pblica. Desvantagens Preo elevado do equ