plano de desenvolvimento sustentÁvel da amazÔnia legal ... · ... da amazônia legal (pdsa) para...

40
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA COORDENAÇÃO GERAL DE PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA COPLAGE MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS PROJETO “AÇÕES INTEGRADAS PARA O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA - PRODESAMPLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA LEGAL ESTUDOS DIAGNÓSTICOS SETORIAIS PDSA 2005-2008 TURISMO E ARTESANATO ACORDO ADA / OEA PROJETO BRA/OEA/04/001/PRODESAM BELÉM 2006

Upload: tranquynh

Post on 18-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONALAGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA

COORDENAÇÃO GERAL DE PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICACOPLAGE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS

PROJETO “AÇÕES INTEGRADAS PARA O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA - PRODESAM”

PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA LEGAL

ESTUDOS DIAGNÓSTICOS SETORIAIS PDSA 2005-2008

TURISMO E ARTESANATO

ACORDO ADA / OEAPROJETO BRA/OEA/04/001/PRODESAM

BELÉM2006

© 2006 Agência de Desenvolvimento da Amazônia – ADA Av. Almirante Barroso, 426 – MarcoCEP: 66.090-900 Belém – Pará – Brasil [email protected]

PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA LEGALESTUDOS DIAGNÓSTICOS SETORIAIS – PDSA 2005-2008

1. Produção Mineral: industrial e metalurgia2. Produção Rural: empresarial e familiar3. Produção Pesqueira: industrial e artesanal4. Transformação: industrial e manufatureira 5. Turismo e Artesanato6. Comércio Formal e Informal7. Serviço de Transporte: fluvial, terrestre e aéreo8. Serviço Financeiro: Bancos e microcrédito9. Infra-estrutura Física: energia, comunicação e transporte

EQUIPE TÉCNICAAdelaide Maria Pereira Nacif - ADAEveraldo Vasconcelos Martins - ADAGisalda Carvalho Filgueiras - Banco da AmazôniaPedro Arthur Abreu Leite - ADA

CONSULTORIA - UFPA / FADESPAlfredo Kingo Oyama Homma- EMBRAPA/PA – Produção Rural: empresarial e familiarAna Laura dos Santos Sena – IESAM – Comércio formal e informalDavid Ferreira Carvalho – UFPA/UNAMA – Serviço financeiro: Bancos e microcréditoHito Braga de Moraes – UFPA - Serviço de transporte: fluvial, terrestre e aéreoÍndio Campos – UFPA - . Transformação: industrial e manufatureira Márcia Jucá Teixeira Diniz – NAEA/UFPA – Produção pesqueira: industrial e artesanalMarcos Ximenes Ponte – UFPA – Infra-estrutura física: energia, comunicação e transporteMaurílio de Abreu Monteiro – UFPA – Produção mineral: industrial e metalurgiaTereza Ximenes – UFPA – Turismo e Artesanato

ARTE: PRODESAM – ACORDO ADA/OEANORMALIZAÇÃO: Biblioteca da ADA

2

Agência de Desenvolvimento da Amazônia Plano de Desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal : Estudos diagnósticos setoriais – PDSA 2005-2008. / Agência de Desenvolvimento da Amazônia, Universidade Federal do Pará, Organização dos Estados Americanos. – Belém: ADA, 2006.

9v. Conteúdo:v.1 Produção mineral:industrial e metalurgia . v.2 Produção rural : empresarial e familiar. v.3 Produção pesqueira: industrial e artesanal.v.4Transformação: industrial e manufatureira. v.5 Turismo e Artesanato. v.6 Comércio formal e informal . v.7 Serviço de transporte: fluvial, terrestre e aéreo. v. 8 Serviço financeiro: bancos e microcrédito . v.9 Infra- estrutura física: energia, comunicação e transporte.

1. Desenvolvimento sustentável- Amazônia Legal. 2. Plano de desenvolvimento- Amazônia Legal I. Universidade Federal do Pará. II. Organização dos Estados Americanos. III.Título.

CDU 338.984 (811)

SUMARIO

1

2

33.13.2

3.33.3.13.3.23.3.33.3.43.3.53.3.63.3.73.3.83.3.9

4

5

INTRODUÇÃO..........................................................................................................

PLANOS E PROGRAMAS PARA O TURISMO NA AMAZÔNIA....................

O SETOR TURISMO NO PLANO AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL-PAS...........TURISMO E A MATRIZ DE CONTABILIDADE SOCIAL.................................... TURISMO: COMPLEXAS CONEXÕES COM OUTROS SETORES DA ECONOMIA................................................................................................................POLOS TURÍSTICOS NA AMAZÔNIA LEGAL.....................................................Acre..............................................................................................................................Amapá..........................................................................................................................Amazonas....................................................................................................................Maranhão....................................................................................................................Mato Grosso................................................................................................................Pará..............................................................................................................................Rondônia.....................................................................................................................Roraima.......................................................................................................................Tocantins.....................................................................................................................

POSSIBILIDADES, LIMITES, PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E INDICAÇÕES PROGRAMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELDO SETOR....................................................................................

CONCLUSÃO............................................................................................................

REFERÊNCIAS.........................................................................................................

7

10

1313

1520202223242526282930

31

39

41

3

APRESENTAÇÃO

A realização dos Estudos Diagnósticos Setoriais pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), entidade vinculada ao Ministério da Integração Nacional, com o objetivo de subsidiar a elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal (PDSA) para o quadriênio 2005-2008 é um produto do Acordo ADA/OEA com a participação da Universidade Federal do Pará. Faz parte, também, de uma nova forma de se perceber o grau de inserção da Região Amazônica no contexto nacional e internacional. Dessa forma, pode-se otimizar as grandes vantagens competitivas regionais no contexto global.

As vantagens competitivas regionais atuais, diferentemente dos cenários regionais do passado que fundamentavam-se na valorização do extrativismo e produtos da floresta, implicam no entendimento de que a Amazônia é uma região de muitas possibilidades para a geração de riquezas e de desenvolvimento. Nesse contexto, o conceito de desenvolvimento não deve ser compreendido somente no sentido de desenvolvimento econômico. É mais do que isto, trata-se de um desenvolvimento muito mais amplo de natureza includente, que pode ser gerado nas dimensões da economia, da sociedade e do ambiente na Região Amazônica.

Portanto, se formos enumerar as vantagens competitivas regionais, veremos a composição de um novo padrão produtivo que passa a ser valorizado, e que sai da discussão clássica do industrial e do extrativismo. Vai mais além, contemplando a mineração, a pesca, a indústria, os serviços e o comércio e finanças, além da contínua preocupação da otimização da base infra-estrutural regional. Portanto, no corpo dos estudos ora apresentados, também são valorizados a infra-estrutura nos setores de energia, comunicação e transporte. Isso porque esses setores são sinalizadores de progresso.

Os estudos setoriais elaborados são os seguintes:1. Produção mineral: industrial e metalurgia;2. Produção rural: empresarial e familiar;3. Produção pesqueira: industrial e artesanal;4. Transformação: industrial e manufatureira;5. Turismo e artesanato;6. Comércio formal e informal;7. Serviços de transporte: fluvial, terrestre e aéreo;8. Serviços financeiro: bancos e microcrédito;9. Infra-estrutura física: energia, comunicação e transporte.

Assim, não seria exagero dizer que os estudos setoriais realizados refletem um novo estágio de desenvolvimento amazônico, fruto do atual momento da complexidade regional e da própria mudança na dinâmica da atual sociedade capitalista mundial. Neste sentido, o que de fato se busca é uma compreensão maior da realidade amazônica solidificada em bases científicas. Mais ainda: propor um paradigma de desenvolvimento sustentável com a valorização dos atores endógenos e o fortalecimento da inclusão social.

DJALMA BEZERRA MELLO

Diretor Geral da ADA

4

RESUMO: O estudo-diagnóstico do setor turismo, aqui apresentado está baseado em dados secundários. Foram considerados vários diagnósticos realizados nos últimos anos por órgãos governamentais, pesquisadores, sociedade civil e outras referências bibliográficas pertinentes ao tema. De acordo com o Termo de Referência PDSA 2005 – 2008 o referido estudo objetiva a caracterização do setor, realçando seus pontos fortes, pontos fracos, possibilidades, limites e principais tendências, além de indicações programáticas para o desenvolvimento sustentável do setor. Este Termo de Referência recomenda também a Matriz de Contabilidade Social como instrumento para a análise das relações entre o setor analisado e os demais setores da economia da Amazônia Legal.

Palavras chave: turismo, desenvolvimento sustentável, matriz de contabilidade social, Amazônia Legal

1 INTRODUÇÃO

A elaboração quadrianual do Plano de Desenvolvimento da Amazônia Legal (PDA) e sua atualização anual são partes das tarefas regimentais de planejamento da ADA. O referido Plano objetiva orientar o desenvolvimento sustentável da Região, indicar os caminhos da reestruturação de sua base produtiva e da superação de suas deficiências estruturais, visando maior integração sub-regional, maior consistência nas interações com as economias nacional e internacional, mais enraizamento das dinâmicas de desenvolvimento nos fundamentos naturais e culturais locais, maior capacidade distributiva, maior poder de difusão e generalização dos resultados econômicos. (Plano Amazônia Sustentável – PAS, 2004).

Os propósitos acima exigem que se elabore o PDA a partir de diagnósticos da região

que considerem as dimensões econômicas, sociais e institucionais nas diversas escalas da sua realidade. Para tanto, requer três níveis de análise: os Setores Produtivos, os Pólos Regionais e os Arranjos Produtivos Locais. Os setores produtivos terão como referências geográficas os estados federados e agregados de estado, dentre esses setores está o Turismo.

O governo brasileiro, em seu decreto-lei n° 55 de 18 de novembro de 1966, define a política nacional de turismo, cria o Conselho Nacional de Turismo e a Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR voltada para o controle e ordenamento da atividade turística no Brasil. Conforme o art.180 da Constituição de 1988 “A União, os Estados , o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico.

O PDA 1994/1977 dá ao turismo um caráter de prioridade, como um dos segmentos econômicos mais representativo para a construção de uma nova estrutura produtiva na Amazônia, em maior sintonia com seus ecossistemas. “O modelo de desenvolvimento sustentável, preconizado na estratégia do desenvolvimento regional, confere ao turismo uma

5

posição de destaque, por se tratar de uma atividade compatível com a preservação do ambiente natural, além de apresentar um potencial multiplicador significativo e elevar a capacidade de geração de emprego”.

A SUDAM e a OEA no âmbito do Programa de Estudos e Pesquisas nos Vales Amazônicos – PROVAM, realizaram em 1995 um estudo intitulado Linhas Básicas para um Programa de Desenvolvimento do Turismo na Região Amazônica, que teve por objetivo central promover e expandir o desenvolvimento da atividade turística, enfatizando o turismo ecológico. Outros documentos são produzidos como Recursos Naturais e Turismo na Amazônia (1997), e Estratégia para o Desenvolvimento Integrado do Ecoturismo na Amazônia Legal, (1997).

Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal – MMA e com a Organização dos Estados Americanos – OEA, a SUDAM dividiu a Região Amazônica em pólos de desenvolvimento do turismo nos estados que fazem parte da Amazônia Legal. “A Abordagem mais significativa do documento se apóia na Deliberação Normativa 303, que permite uma proposta de organização física da Região Amazônica, levando-se em conta a identificação de Pólos Turísticos”.

Os critérios de organização do território, com base em pólos turísticos, foram modificados pelo fato da Secretária de Turismo e da EMBRATUR, a partir de 1994, ter iniciado a implementação do Programa de Municipalização do Turismo, ficando a cargo de cada município, a responsabilidade de elaboração e implementação de seus planos de desenvolvimento turístico.

A Secretaria de Coordenação da Amazônia – SCA do Ministério do meio Ambiente, em 1999 publicou o Relatório “Diagnóstico de Análise do Pólo de Ecoturismo do Estado do Amazonas”. Produzido no âmbito do Programa de Ações Estratégicas para a Amazônia Brasileira – PRODEAM, resultado de parceria entre a OEA, a SUDAM e o Ministério do Meio Ambiente – MMA. O relatório subsidiou o Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal – PROECOTUR, que visa promover o desenvolvimento ordenado e integrado do ecoturismo, mediante a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, prevê fomento à formação e à capacitação para o desenvolvimento das atividades de ecoturismo, por intermédio do fortalecimento institucional e da articulação, bem como do intercâmbio de informações entre os órgãos governamentais e entidades do setor privado. O referido programa considera o ecoturismo como um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.

O Plano Amazônia Sustentável – PAS (2004) foi elaborado sob a coordenação geral do Ministério da Integração Nacional – MI e a secretaria executiva do Ministério do Meio Ambiente – MMA cuja versão final sintetizará a Política de Desenvolvimento da Amazônia –

6

PDA para o período 2004 – 2007, prazo do Plano Plurianual – PPA. A abrangência territorial do PAS corresponde aos estados da Região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Entretanto, para fins de planejamento os dados se referem a Amazônia Legal (definida por lei em 1953) e abrange integralmente oito estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e a maior parte do estado do Maranhão.

O PAS estabeleceu como prioridade cinco eixos temáticos: produção sustentável com tecnologia avançada, novo padrão de financiamento, gestão ambiental e ordenamento territorial, inclusão social e cidadania e infra-estrutura para o desenvolvimento. Ao se reportar aos econegócios e serviços ambientais enfatiza o turismo e o ecoturismo “os pontos de estrangulamento para o desenvolvimento pleno do turismo sustentável dizem respeito principalmente à infra-estrutura de transporte, ao saneamento e à baixa qualificação da mão-de-obra local”. Afirma que faltam condições infra-estruturais básicas para viabilizar a economia em muitas localidades, principalmente em termos de acesso à energia, manutenção de estradas vicinais e ramais, melhora da confiabilidade e segurança do transporte fluvial e acesso a comunicação.

O documento “Plano Plurianual 2004-2007 – Orientação Estratégica de Governo – Um Brasil para Todos”, ao abordar a questão do crescimento sustentável, enfatiza a determinação do atual governo de inaugurar uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo que assegure inclusão social e desconcentração da renda, com crescimento do produto e do emprego. De acordo com esse plano “a Amazônia tem sido foco da atenção nacional e mundial no que diz respeito à natureza e à sociedade. Na condição de natureza, ressalta-se a importância da maior floresta tropical do planeta enquanto acervo de biodiversidade e como base de prestação de serviços ambientais para a estabilização do clima global. Na condição de sociedade, alerta-se para os riscos de uma utilização predatória da base natural da região que poderá ameaçar tudo o que se poderá obter, no presente e no futuro, de uma utilização mais qualificada de seus atributos naturais e locacionais”.

7

2 PLANOS E PROGRAMAS PARA O TURISMO NA AMAZÔNIA

PLANOS PROGRAMAS PERÍODO OBJETIVOS

II Plano de Desenvolvimento daAmazônia – PDA

1975-1979Ferramenta para o crescimento da região e a redução de desigualdades inter-regionais.

I Plano de Turismo daAmazônia – PTA

1977Enquanto atividade secundária que pode ser ferramenta para atingir o crescimento econômico

Plano de Desenvolvimento daAmazônia

1992-1995

Expansão e desenvolvimento da atividade turística na região, explorando sua vocação para a geração de renda e emprego; aumento do fluxo de correntes turísticas para a Amazônia e elevação da oferta e qualidade dos produtos , roteiros, equipamentos e serviços turísticos.

Plano de Turismo daAmazônia – PTA

1992-1995

Coordenar as ações do governo e iniciativa privada para efetivação da atividade turística na região tendo como diretrizes a promoção do desenvolvimento turístico de forma ecologicamente sustentada; revitalização das ações e estruturas das instituições públicas e privadas componentes do trade turístico regional; maximização do aproveitamento dos recursos naturais e culturais na produção do turismo receptivo.

Plano de Desenvolvimentoda Amazônia (IIPDA)

1993-1997

Desenvolver em modelo de sociedade a partir do ecodesenvolvimetno com alta tecnologia e elevada qualidade de vida, priorizando a agroindústria, a bioindustria e o turismo ecológico.

8

Diretrizes para uma PolíticaNacional de Ecoturismo

1994

Organizar e sistematizar as ações voltadas para o setor com objetivo decompatibilizar as atividades de ecoturismo com a conservação de áreas naturais; fortalecer a cooperação interinstitucional; possibilitar a participação efetiva de todos os segmentos atuantes no setor; promover e estimular a capacitação de recursos humanos para o ecoturismo; promover, incentivar e estimular a criação e melhoria da infra-estrutura para a atividade de ecoturismo; promover o aproveitamento do ecoturismo como veículo de educação ambiental

Programa Nacional deMunicipalização

do Turismo-PNMT1994-997

Transmitir para os municípios a responsabilidade de elaborar, implementar seus próprios planos de desenvolvimento tursítico; implementar um novo modelo de gestão simplificado e unificado para Estados e municípios de forma integrada e participativa.

Política Nacional de Turismo– Diretrizes e Programas

1996-1999

Promover e incrementar o turismo como fonte de renda, de geração de empregos e de desenvolvimento sócio-econômico do País a partir da ordenação do setor público orientando o esforço do Estado e a utilização dos recursos púbicos para o bem estar social; da definição de parâmetros para o planejamento e a execução das ações dos governos estaduais e municipais; da orientação referencial para o setor privado.

Estratégias para oDesenvolvimento Integrado

do Ecoturismo naAmazônia Legal –

PROECUTOR

1997 –ainda em

vigor

Criar um modelo de desenvolvimento sustentável para os estados da Amazônia Legal mediante a viabilização e o ordenamento do ecoturismo; proteger e desenvolver os atrativos turísticos da região por meio de medidas como a implantação de áreas protegidas com manejo específico para ecoturismo; criar um ambiente de estabilidade para investimentos em empreendimentos de ecoturismo, mediante a definição de políticas e normas e o fortalecimento dos

9

órgãos de gestão ambiental e desenvolvimento turísticos estaduais e regional; viabilizar operacionalmente empreendimentos de ecoturismo por meio da realização de estudos de mercado, da identificação, desenvolvimento e adaptação à região de tecnologias para geração de energia, tratamento de efluentes, etc.e da disponibilização dos resultados para investidores privados; viabilizar financeiramente novos empreendimentos de ecoturismo mediante a ampliação de linhas de crédito específicas para o setor; melhorar ou implantar a infraestrutura básica necessária para viabilizar o aumento do fluxo para a Amazônia Legal.

Plano Nacional de Turismo 2003-2007

Desenvolver o produto turístico brasileiro com qualidade, contemplando as diversidades regionais, culturais e naturais; estimular e facilitar o consumo do produto turístico brasileiro nos mercados nacional e regional; estimular o desenvolvimento de novos produtos priorizando o ecoturismo, expandindo e aumentando o fluxo e elevando a oferta e qualidade dos serviços.

Programa de Regionalizaçãodo Turismo

2004 – ainda em vigor

Planejamento do turismo por regiões que integrem vários municípios com fins de cooperação e parceria dos segmentos envolvidos com o objetivo de dar qualidade ao produto turístico; diversificar a oferta turística; estruturar os destinos turísticos; ampliar e qualificar o mercado de trabalho; aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado internacional; ampliar o consumo do produto turístico no mercado nacional e aumentar a taxa de permanência e gastos médio do turista.

10

3 O SETOR TURISMO NO PLANO AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL - PAS

3.1 TURISMO E A MATRIZ DE CONTABILIDADE SOCIAL

O Termo de Referência PDSA 2005 – 2008 recomenda a Matriz de Contabilidade Social como instrumento para a análise das relações entre o setor analisado e os demais setores da economia da Amazônia Legal. Para a compreensão do processo de cálculo dos multiplicadores setoriais da economia amazônica foram apresentados pela ADA alguns resultados gerados, a partir das Matrizes de Contabilidade Social (MCS) para os Estados que compõem a Amazônia Legal, mostrando o padrão clássico de análise que visualiza as redes de conexões que cada setor estabelece com os demais setores da economia regional.

De acordo com Santana (2005) a estrutura da MCS é mais geral do que a matriz de insumo – produto (MIP), permite a incorporação das idéias teóricas que a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) está adotando na elaboração do Plano de Desenvolvimento da Amazônia (PDA). A MCS possibilita a representação interempresarial via coeficientes tecnológicos, as relações em cadeia para frente e para trás, fruto das conexões com a rede de fornecedores e clientes, as relações com a formação do valor adicionado e deste com a demanda final de forma endógena, assim como a ação institucional na distribuição de renda e de realização de gastos na economia, além de captar o entorno de cada atividade por meio de desagregação dos multiplicadores de impactos globais.

Pesquisando a literatura sobre o Turismo que tivesse usado a MCS encontramos o trabalho de Arbache e outros (2004). Os autores buscam sintetizar os principais indicadores do setor turístico no Brasil usando como base a MCS da economia brasileira, para o ano de 2002. No estudo variáveis chaves para o setor turismo são construídas como o PIB do turismo, a sua produção total, investimento privado, distribuição de remuneração no setor e distribuição de consumo. Algumas reflexões foram desenvolvidas sobre as características e potencialidades do setor. Com o objetivo de construir uma MCS do Brasil para o turismo utilizaram dados das seguintes fontes:

- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2002

- Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002/2003

- Pesquisa de Contas Satélites do Turismo - 1999

- Tabelas de Recursos e Usos do Novo Sistema de Contas Nacionais - 2002

- Contas Econômicas Integradas – 2002

Para os referidos autores, o objetivo maior da construção da matriz é a sua aplicação em um modelo de Equilíbrio Geral Computável para a simulação das relações entre o setor turismo e o restante da economia brasileira e afirmam “a MCS é um importante instrumento de análise do processo de formação e distribuição da renda na economia”. Dentre as análises

11

derivadas da MCS os autores citam: a estimação da renda familiar agregada bruta e líquida; a interferência do setor público no processo de formação da renda das instituições; a composição da renda familiar segundo suas fontes de geração; a incidência da carga tributária e das transferências governamentais; a composição da poupança bruta da economia, a distribuição da renda total por tipos de famílias divididas por diferentes classes de renda, a mensuração da importância relativa da qualificação da mão-de-obra para cada setor da economia; a importância do setor externo e do setor previdenciário em cada tipo de agente da economia.

O setor turismo não está incluído na tabela da Matriz de Contabilidade Social apresentada pela ADA. Os dados sobre este setor estão certamente dentro do setor serviços.Entretanto, a desagregação é difícil devido a diversidade dos serviços relacionados ao turismo. Isso pode ser obtido futuramente com a explicitação do setor serviço nas estatísticas nacionais.

No Plano Amazônia Sustentável (PAS,2004: 40), o setor Turismo é tratado de forma superficial, está explicitado apenas no seguinte parágrafo:

“Entre os usos não consultivos da natureza, destacam-se o ecoturismo, o turismo sustentável de massa tomando-se os cuidados necessários para minimizar os danos sócio-ambientais, o turismo científico, os esportes radicais, a observação de pássaros e a pesca amadora, entre outras atividades. Embora todas ainda estejam em fase nascente na Amazônia brasileira, seu potencial se revela nas altas taxas de crescimento do investimento privado em ecoturismo. Os pontos de estrangulamento para o desenvolvimento pleno do turismo sustentável dizem respeito principalmente à infra-estrutura de transporte, ao saneamento e à baixa qualificação da mão-de-obra local.”

Neste documento as categorias turismo, ecoturismo e artesanato são assim compreendidos:

O turismo é considerado uma atividade econômica complexa não apenas pelas características de seu produto, mas porque sua exploração representa uma movimentação de diversos outros setores da economia através de interligações horizontais e verticais. Desempenha um importante papel no crescimento da economia, na geração de receitas, na criação de emprego, e no desenvolvimento regional.

O ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (PRODEAM,1995). É um segmento da atividade turística que utiliza o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente.(MMA,2004). O ecoturismo, na industria do turismo e viagens, é o segmento que apresenta maior crescimento, resultando num incremento contínuo de ofertas e demandas por ecodestinos. Com várias denominações: turismo alternativo, turismo de natureza ou turismo sustentável, o ecoturismo está evoluindo para um tipo de viagem especializada, incorporando vários tipos de turismo: observação de pássaros, estudo científico, mergulho, canoagem, caminhada na mata e etc.

12

O artesanato é a esfera da cultura materializada em objetos, matéria prima para a reconstituição de culturas. O estudo do acervo artefatual, do “sistema de objetos” de qualquer sociedade contribui para o conhecimento da adaptação ecológica, da vida econômica da visão de mundo e, em última análise, do estilo de vida de agrupamento humano (RIBEIRO,1995).

Um dos aspectos marcantes da cultura amazônica é o artesanato.Centenas de peças ricas em detalhes guardam tradições e ganham novos traços com o passar do tempo, sem perder as marcas originais – a tradição de uma experiência ligada às raízes culturais.A cerâmica, produzida de forma rudimentar por artesãos, transformam-se em utensílios domésticos e peças decorativas inspiradas na arte marajoara e tapajônica, arte e trabalho são parte de um mesmo movimento. A criatividade está também manifestada nas esculturas de madeira, fibras vegetais, couros, raízes aromáticas, brinquedos de miriti, remos e canoas. No processo de produção do artesanato, tem uma função importante o mercado dos bens culturais e os sistemas de recompensa para aqueles que criam produtos culturais a onde há uma profunda relação entre o utilitário e o lúdico.

A produção artística constitui um âmbito da cultura extremamente amplo e variado, no qual encontram expressão, ao mesmo tempo, emoções, dimensões do desejo e do imaginário individual e coletivo, representações da realidade natural e social, concepções do mundo e da vida. Dentro da produção artística estão as artes figurativas, que se exprimem através de imagens, como é o caso da pintura, da escultura, da arquitetura, da dança, do cinema, da fotografia etc. Cada indivíduo nasce no interior de uma sociedade já constituída e formada através de uma longa série de experiências, interações e processos de comunicação. Sociedade que é dotada de uma tradição, isto é, de um patrimônio cultural, que surgiu ao longo do tempo, registrando-se na memória coletiva.

3.2 TURISMO: COMPLEXAS CONEXÕES COM OUTROS SETORES DA ECONOMIA

De acordo com o PAS, os pontos de estrangulamento para o desenvolvimento pleno do turismo sustentável na Amazônia dizem respeito principalmente à infra-estrutura de transporte, ao saneamento e à baixa qualificação da mão-de-obra local. Fatores esses que já em 1977, no Workshop de Pólos Turísticos nos estados da Amazônia Brasileira, os participantes apontaram os seguintes problemas: inadequação e insuficiência de suprimento de energia elétrica, falta de saneamento básico, comunicação deficitária, insuficiência de portos para embarcações, estradas precárias e mal conservadas, investimentos públicos insuficientes. As grandes distâncias e a manutenção precária das vias de acesso comprometem a consolidação da atividade nas áreas rurais.

Para minimizar esses problemas, registram-se algumas iniciativas governamentais como, por exemplo, o Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT, criado pelo Instituto Brasileiro do Turismo, em 1980, com o objetivo de descentralizar a gestão de atividades associando a questão da capacitação e autogestão dos municípios. Foi implantado

13

também o Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo para a Amazônia Legal – PROECOTUR, em 1990. A crítica que se tem feito a essas iniciativas é descontinuidade dos projetos e desarticulação dos órgãos executores.

O PAS destaca três questões relativas à matriz de transporte que merecem tratamento estratégico e que influenciam diretamente o setor turismo:

a) a abertura de novas estradas induz e sanciona o uso extensivo dos recursos; b) o asfaltamento de estradas e a melhoria geral da infra-estrutura em regiões já

ocupadas elevam o preço da terra e induzem à intensificação de seu uso, o que se traduz em padrões mais elevados de produtividade e competitividade;

c) a melhoria dos transportes fluviais, de interação multimodal e de competitividade entre rotas rodoviárias.

O referido plano considera que, ao longo das últimas décadas, grandes investimentos em infra-estrutura foram o principal vetor de transformação do espaço e da dinâmica social na Amazônia Ora defendidos como condição essencial ao desenvolvimento e à integração da região do País, ora criticados como vetor de devastação ambiental e fragmentação territorial. Em muitos casos, a mera expectativa de realização de grandes obras estimula a especulação fundiária, a grilagem de terras públicas, as migrações, a abertura de novas frentes de desmatamento e a ocupação desordenada do espaço.

O relatório do Grupo de Assessoria Internacional (IAG) do Programa Piloto Para Proteção da Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), sobre o Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 na Amazônia – Novas Tendências e investimentos em infra-estrutura destaca:

- A infra-estrutura pode abrir novas oportunidades econômicas para a população. Entretanto o sucesso dessa possibilidade depende de uma série de políticas e medidas integradas que levem em conta as lições do passado e a complexidade atual da região, bem como o rigor de sua execução, capazes de transformar os eixos e a energia em instrumentos de ordenamento do território. Não são as obras de infra-estrutura, a priori, que contribuem para degradação ambiental e os conflitos sociais na região, mas o fato de terem sido executadas sem cuidadosa análise, sem debate coma sociedade regional e sem contemplar ações de ordenamento, prevenção e mitigação dos efeitos perversos. Esse mesmo relatório afirma:

“ Registra-se hoje um a expressiva ineficiência nos procedimentos para a tomada de decisão nas obras de infraestrutura. A Amazônia, a par de sua grande extensão, não é mais a mesma dos anos sessenta, apresentando hoje grande diversidade social, que deve ser considerada na tomada de decisão. Melhor eficiência nas decisões depende assim de estudos que envolvam as dimensões econômica, ambiental, de uso da terra, política e também a dimensão social. As demandas de sociedades sub-regionais organizadas, com critérios e potencial claros para ação, são hoje elemento crucial para a tomada de decisão no conflito entre interesse nacional e direito regional. Em outras palavras, a sociedade local é hoje fator de viabilização, ou não, de obras planejadas de fora da região.”

Quanto ao acesso a energia: “a Região Norte tem a menor cobertura de domicílios atendidos com eletricidade dentre todas as regiões do Brasil. O déficit na área rural é particularmente agudo, com mais de um

14

milhão de domicílios que ainda não têm acesso ao serviço. A cobertura está em fase de crescimento e a universalização do atendimento é prevista pelo Ministério de Minas Energia para 2007. (PAS, p.48,49).

Outro ponto apontado pelo PAS como fator que influencia no desenvolvimento do turismo é o saneamento básico deficiente. Esse problema na Amazônia está diretamente relacionado com o sistema de urbanização e povoamento.

Durante muito tempo a região a amazônica foi considerada um espaço vazio que precisava ser povoado. A partir da década de 70, vários fatores convergem para a implementação de um arrojado projeto de “conquista” da região, foi estimulada a transferência de excedentes populacionais das regiões populosas para o grande “espaço vazio.” Implementam-se projetos voltados para a colonização rural e a ocupação das fronteiras. Programa de Integração Nacional (PIN), instalação de colonos em assentamentos rurais (INCRA), implantação de cidades ao longo de novos eixos viários (Transamazônica) e a BR-364. Registram-se aumentos populacionais significativos em muitos Estados.

Nos anos 80, a população do Norte cresceu a 3,8% a cada ano, tendo passado a se expandir a 2,4% ao ano entre 1992 e 1995. Um exemplo marcante é o aumento da população de Rondônia que, entre 1970 e 1990, teve sua população aumentada aproximadamente 10 vezes (Tabela 1). A densidade demográfica média é relativamente baixa, 3,4 habitantes por km², enquanto a do Brasil é de 19,9 habitantes por km².

No território amazônico 24% são consideradas propriedades privadas, 29% são áreas legalmente protegidas, incluindo as Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Os demais 47% da Amazônia Legal são áreas públicas e/ou terras devolutas.(IBGE, PAS, 2004). O fortalecimento das políticas preservacionistas em grande parte dos países da América Latina, apoiadas pelas Organizações não Governamentais (ONGs), contribuíram para a consolidação do Sistema de Áreas Protegidas, com a ampliação de seus territórios, fato que propiciou a elaboração de estudos específicos sobre cada uma das Unidades de Conservação, os diferentes ecossistemas, como da flora e da fauna associadas. As áreas protegidas se transformaram em destinos do turismo alternativo para a demanda interessada no estudo de diferentes ecossistemas como o Pantanal, a mata tropical inundável ou a mata chuvosa e a fauna associada.(SUDAM; OEA; PROVAM,1995)

15

Tabela 1: AMAZÔNIA LEGAL Evolução da População Residente, 1970-2000

Estado 1970 1980 1991 1996 2000 * (d.d.)Acre 218.006 301.303 415.911 483.593 557.526 3,63Amazonas 960.934 1.430.089 2.094.952 2.389.299 2.812.557 1,79Amapá 116.480 175.257 287.790 379.459 477.032 3,33Maranhão 3.037.135 3.996.404 4.897.857 5.222.183 5.651.475 17,03M.Grosso 612.997 1.138.601 2.010.776 2.235.830 2.501.353 2,77Pará 2.197.072 3.403.391 4.950.060 5.510.849 6.192.307 4,96Rondônia 116.620 491.069 1.132.692 1.229.306 1.339.787 5,81Roraima 41.638 79.159 217.583 247.131 394.397 1,45Tocantins - - 914.334 1.048.642 1.137.098 4,17A.Legal (A) 7.300.772 11.015.363 16.930.955 18.740.274 21.066.582 4,14Brasil(B) 93.139.037 119.002.706 46.825.475 157.079.573 169.779.570 19,92A/B % 7,8 9,3 11,5 11,9 12,4

Fonte: IBGE- Censos Demográficos e Contagem da População*densidade demográfica

O setor do turismo é fortemente influenciado pelas transformações demográficas. O grande aumento populacional gerou modificações nas cidades que cresceram rapidamente de forma desordenada. A urbanização acelerada (Tabela 2), associada às deficiências das políticas públicas e dos investimentos relativos à ocupação do solo urbano colocou milhões de pessoas em habitações insalubres, tanto nas áreas metropolitanas, quanto nas cidades e vilas do interior.Tais fatos repercutem diretamente nas atividades turísticas uma vez que sua exploração representa uma movimentação de diversos outros setores da economia.

Em 2004, o Ministro do Turismo e o BNDES enfatizaram a necessidade de se ter quantificado o impacto do turismo na economia brasileira, de forma a formular melhor s políticas de crescimento e investimento no setor. Para tornar mais precisa a medição do impacto do turismo no PIB, o \Ministério do Turismo encomendou ao IBGE uma medição anual segundo o critério da chamada “conta satélite”. Os dados obtidos serão utilizados como instrumento para impulsionar o turismo no Brasil.(www.2.uol.br/inf pessoal/notícias)

16

Tabela 2: AMAZÔNIA LEGAL Taxa de Urbanização, 1970-2000

ESTADOS Workshop de

Pólos Turísticos1970 1980 1990 2000

Acre 27,8 44,2 61,9 66,4Amazonas 42,6 60,0 71,4 74,8Amapá 54,8 59,1 80,9 89,0Maranhão 25,4 31,6 40,0 50,9Mato Grosso 39,1 57,1 73,2 79,4Pará 47,2 48,5 50,4 66,5Rondônia 51,9 47,6 58,2 64,1Roraima 43,1 60,5 64,6 76,1Tocantins 25,1 40,1 57,7 74,3Amazônia Legal 35,7 44,6 54,5 68,2Brasil 56,0 67,7 75,5 81,2

Fonte: IBGE – Censo Demográfico

O crescimento populacional quando não é acompanhado pelo crescimento da rede de esgoto, coleta do lixo e segurança publica leva o turista a ter uma visão negativa do local visitado. As infra-estruturas básicas de acesso, transporte, saneamento, eletricidade, coleta e tratamento de esgoto e de lixo, drenagem de águas pluviais ainda são deficientes em toda região, principalmente nas pequenas sedes municipais e vilas consideradas urbanas que não dispõem de equipamentos urbanos. “As grandes dimensões do território estadual, assim como a distância dos grandes centros emissores de turismo, tanto brasileiros como estrangeiros são condicionantes que contribuem para acentuar os efeitos negativos da insuficiência e carência de adequadas infra-estruturas de acesso e comunicação, exigindo dos visitantes excessivos esforços e desconfortos, que ainda estão longe de ser compensados com experiências e serviços turísticos de qualidades”.(Plano de Turismo do Estado do Pará, 2001).

Outro fator importante para o desenvolvimento do turismo diz respeito a qualificação da mão-de-obra. Os Planos de Desenvolvimento do Turismo dos Estados do Amazonas e do Pará enfatizam a necessidade da busca coletiva, do trabalho em comum, da valorização das várias vertentes de pensamento da sociedade, para a elaboração de uma proposta consensual e conjuntural que deve ser construída com uma metodologia integrativa. A Empresas Estaduais de Turismo: AMAZONASTUR e PARATUR iniciaram uma ampla rede de alianças estratégicas, de forma participativa, dialogando com as várias instituições, empresas, agentes sociais, reunindo idéias fundamentais para a realização de convênios de cooperação nas áreas científicas, tecnológicas, de promoção econômica, de gestão empresarial e qualificação de mão de obra para o desenvolvimento do turismo. Conforme Castro (2004) para que o avanço na qualidade da atividade turística seja alcançado o poder público necessitará dos conhecimentos e serviços de vários profissionais. Com a maior participação de estudiosos será maior a chance de ser obter planejamentos mais eficazes, que possibilitarão aumentos

17

significativos no número de turistas. Há consenso que a formação e gestão de recursos humanos são fundamentais e estratégicas. São necessárias ações no sentido de desenvolver programas de capacitação, que envolvam não só as instancias públicas como também instituições de ensino, pesquisa e extensão.

Na região Norte, os cursos superiores voltados para o turismo estão tendo um crescimento expressivo nos últimos anos.

Tabela 3: REGIÃO NORTE Cursos Superiores de Turismo

ESTADO QUANTIDADE DE CURSOS %ACRE 1 4,8AMAPÁ 3 14,3AMAZONAS 8 38,1PARÁ 4 19,0RONDÔNIA 2 9,5RORAIMA 0 0,0TOCANTINS 3 14,3TOTAL 21 100,0

Fonte: ABBTUR, 2004

3.3 POLOS TURÍSTICOS NA AMAZÔNIA LEGAL

O Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal-PROECOTUR, objetiva prioritariamente a implantação de infra-estrutura ecoturística nos municípios pólos dos estados que compõem a região Amazônica, que foram estabelecidos seguindo uma metodologia específica, assim no Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins foram priorizados municípios que possuíam potencial para o desenvolvimento do ecoturismo. As áreas selecionadas têm em comum o fato de serem áreas com significativa diversidade biológica e a existência de um considerável contingente populacional que já ocupava essas áreas em épocas remotas.

3.3.1 Acre

Pólos Ecoturísticos: o Vale do Acre, na parte meridional do estado, e o Vale do Juruá, ao norte. O pólo Vale do Acre abrange a capital Rio Branco e os municípios de Porto Acre, Plácido de Castro, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Bujari e Xapuri. Região mais povoada do estado, o Vale do Acre detém vários atrativos para os visitantes, com destaque para os seringais nativos próximos de Xapuri, como a Reserva Extrativista Chico Mendes e os seringais Pimenteira e Cachoeira, onde o ritmo da vida na floresta e o cotidiano dos seringueiros podem ser vivenciados pelos visitantes. O Pólo Ecoturístico Vale do Juruá abrange os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo e é apontado por especialista como uma das regiões com maior

18

biodiversidade da Amazônia. Seus maiores atrativos são o Parque Nacional da Serra do Divisor, localizado na fronteira com o Peru, e as terras habitadas pelos índios Ashaninka.

A diversidade de manifestações culturais, como o rico artesanato indígena e as festas regionais, incluindo o Santo Daime, completam os atrativos ecoturísticos do Acre.

Elaborado por : RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

19

3.3.2 Amapá

Pólos Turísticos: Principais municípios: Macapá (capital), Santana, Laranjal do Jari e Oiapoque. A região onde fica o Amapá já foi disputada por franceses, ingleses e holandeses.A posse definitiva ao Brasil ocorreu em 1900.Foi inicialmente incorporado ao Estado do Pará, elevado à categoria de território em 1943 e a Estado, em 1988. Macapá é a única capital brasileira cortada pela linha do Equador, onde se pode observar o Equinócio, fenômeno natural que acontece no momento em que o Sol tem sua trajetória alinhada à Linha do Equador, e é ao mesmo tempo, o portão de entrada do Pólo Amapá. O acesso a esse Estado só e possível por transporte aéreo ou fluvial.Coberto pela floresta amazônica, a atividade turística é pouco explorada.

Elaborado por : RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

20

3.3.3 Amazonas

Pólos Turísticos: Manaus, Autazes, Barcelos, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru, Novo Airão, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Silves, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira. Este município pode ser considerado o município mais indígenas do Estado, com 95% da população pertencentes à famílias lingüísticas Tukano, Aruak, Maku e Yanomani. Oficilamente no Brasil, não existe regulamentação, políticas e diretrizes que possam nortear a prática do Ecoturismo Indígena. O que existe é apenas uma cartilha produzida pelo MMA, em 1997, que fornece alguns subsídeos e orientações sobre a atividade de forma geral sem levar em consideração a identidade territorial e cultural de cada povo e lugar.

“Na percepção de principal produto turístico em nível mercadológico da atualidade, o segmento turístico do Amazonas, percebe o ecoturismo como o principal produto (34%), uma variável que aumenta em proporcionalidade com as opiniões que apontam a floresta amazônica (24%), como atração prioritária. Demais itens como o Teatro Amazona (6%), Encontro das Águas (5%), Turismo de Aventura (5%), Turismo Cultural (5%), Patrimônio Histórico (5%), configuram um painel de complementaridade ao produto principal”. (Amazonastur,2005)

Elaborado por RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

21

3.3.4 Maranhão

Pólo Turístico: Floresta dos Guarás, uma formação florestal situada no litoral maranhense, a oeste da capital, São Luís. É onde estão alguns dos mais extensos e bem conservados manguezais do Nordeste e, também, um ponto de grande concentração de ninhais e dormidouros de aves, com destaque para o guará, que dá colorido e nome ao lugar. A região integra a Área de Proteção Ambiental Reentrâncias Maranhenses, nos municípios de Cururupu, Cedral, Guimarães e Porto Rico. As vilas tradicionais de pescadores da Floresta dos Guarás são atrativos adicionais muito interessantes. As atividades cotidianas dos moradores, sobretudo das ilhas, incluindo a feitura de suas embarcações e o retorno dos barcos após as pescarias, podem ser vivenciadas pelos visitantes. Os rústicos estaleiros artesanais, como os de Cururupu, são locais onde a tradição da construção naval se transfere de geração para geração.

Dois outros atrativos de destaque no pólo são suas praias, algumas com quilômetros de extensão em estado selvagem, e as dunas de areias brancas decoradas por lagoas de água doce nas ilhas de Lençóis e Bate-Vento. Embora menores que as formações dos famosos Lençóis Maranhenses, que ficam no litoral leste do estado, cenicamente a região apresenta belezas equivalentes. O pólo oferece ainda dois grandes faróis de navegação como atrações aos visitantes: o de Mangunça e o de São João, de onde tem-se um panorama espetacular das dunas da ilha de Bate-Vento, dos manguezais, das revoadas de aves e do mar aberto. A culinária regional tem como base peixes e frutos do mar frescos, generosamente disponíveis na região.

Elaborado por: RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

22

3.3.5 Mato Grosso

Pólos Turísticos: o Pólo do Norte Mato-Grossense, que tem Alta Floresta como portão de entrada e envolve outros dez municípios da região, o Pólo do Guaporé Mato-Grossense, próximo ao rio Guaporé e ao Pantanal, que tem o município de Cáceres como principal acesso ao ecoturismo na região.O território mato-grossense é formado basicamente pelos seguintes ecossistemas: o Pantanal, que cobre aproximadamente 10% do território, abriga inúmeras espécies de animais e plantas, constituindo-se o maior santuário ecológico do planeta; o Cerrado ocupa aproximadamente 40% da área física do Estado.A Floresta Equatorial Amazônica responde por aproximadamente 50% do território, é rica em fauna e flora. O Pantanal e parte do cerras pertencem à Bacia Platina, enquanto que a Floresta Equatorial e a outra parte dos cerrados pertencem à Bacia Amazônica. Além desses ecossistemas, há também no Estado a região Araguaia. O Parque Nacional do Araguaia abriga muitas aldeias indígenas.

Elaborado por RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

23

3.3.6 Pará

Pólos Turísticos: Pólo Tapajós, a oeste do estado; o Pólo Marajó, na maior ilha fluviomarinha do mundo; e o Pólo Costa Atlântica, que envolve a capital, Belém, e outras nove cidades de seu litoral atlântico.As cidades que o integram estão situadas na junção dos rios Amazonas e Tapajós, constituindo uma rede de canais, áreas inundáveis e lagos, propícios à pesca esportiva e à observação da fauna. Durante o verão, de agosto a dezembro, as águas esverdeadas do rio Tapajós baixam, fazendo surgir praias de areias alvas e finas, entre as quais as da Vila de Alter do Chão, distante 38 km de Santarém. O Pólo Tapajós é uma das regiões de ocupação portuguesa mais antiga da Amazônia, tendo, por isso, um rico patrimônio histórico. Cidades como Alenquer, Óbidos e Monte Alegre detêm um patrimônio histórico bem conservado, como o Forte de Óbidos. É uma região de forte influência cultural indígena e africana, materializada nas festas populares, na culinária e no artesanato local. A cidade de Oriximiná, por exemplo, abriga vários quilombos.

As fazendas e campos inundáveis da Ilha de Marajó são os atrativos principais do Pólo Marajó, do qual fazem parte Soure, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari, Breves, Melgaço e Ponta de Pedras. Banhada pelas águas dos rios Amazonas, Pará e Tocantins e pelo Oceano Atlântico, Marajó abriga a maior manada de búfalos do país, o faz deste ruminante uma presença constante no cotidiano marajoara, sendo utilizado inclusive como montaria. Roteiros de turismo rural, envolvendo passeios de búfalo, estão entre as atividades disponíveis. Por causa de sua situação ecológica, a ilha atrai grandes quantidades de aves e peixes, favorecendo a observação de aves e a pesca esportiva.

Composto por doze municípios, o Pólo Costa Atlântica tem como maiores atrativos o rico patrimônio histórico e arquitetônico da capital, como o Museu Emilio Goeldi, o Teatro da Paz entre outros, Belém é o portão de entrada do estado, além dos manguezais e as praias oceânicas dos municípios de Viseu, Augusto Corrêa, Quatipuru, São João de P|irabas, Salinópolis, Maracanã, Marapanim, Curuçá, São Caetano de Odivelas, Vigia, Colares, Santo Antonio do Tauá, São João da Ponta, Bragança, Magalhães Barata, Tracuateua e Santarém Novo. Em São João de Pirabas, a pesca esportiva em alto mar e a observação de aves de seus manguezais são atividades que atraem muitos turistas. Outros municípios próximos, como Tracateua, Maracanã, Marapanim e Curuçá também apresentam manguezais extensos e matas que atraem grandes quantidades de aves.

24

Elaborado por Ramos, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

25

3.3.7 Rondônia

Pólos Turísticos: vales dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira, perfazendo um corredor de belezas naturais que percorre desde o sul do estado até a capital, Porto Velho. Em sua maior parte, o pólo abrange a mais bem preservada e menos povoada região do estado, coberta por florestas e áreas inundáveis, situadas na fronteira com a Bolívia. De sul para o norte, o pólo se estende por cinco municípios: Cabixi, Pimenteiras, Costa Marques, Guajará-Mirim e Porto Velho, capital e portão de entrada do estado. Entre as cidades de Pimenteiras, ao sul do estado, Costa Marques e o Guaporé forma ecossistemas inundáveis, semelhantes ao pantanal, entremeados por canais e lagos. Essa região, de alta concentração biológica, está protegida pelos Parques Estaduais de Guajará Mirim, Serra dos Reis e Corumbiara, Reservas Extrativistas, pela Reserva Biológica do Guaporé e, no lado boliviano, pelo Parque Nacional Noel Kempf Mercado. É neste trecho que estão os grandes atrativos do pólo, também com grande potencial para a pesca esportiva.

Elaborado por: RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

26

3.3.8 Roraima

Pólos Turísticos: Parque Nacional do Monte Roraima e os lavrados roraimenses, e a área de Caracaraí, cidade localizada às margens do rio Branco, o principal do estado.É no Parque Nacional do Monte Roraima que está o ponto mais setentrional do país, a Serra do Caburaí, próximo à tríplice fronteira Brasil-Venezuela-Guiana. O parque ostenta formações geológicas de rara beleza, envolvidas por florestas, e acolhe nascentes de rios importantes da região, como o Cotingo, que exibe várias quedas d’água ao longo de seu curso. Nas rochas do parque é possível ver também registros de povos pré-históricos que habitaram a região. O Monte Roraima é um dos pontos mais elevados do país, com 2.875 metros de altitude. Próximos ao parque estão também o município de Uiramutã e a Serra do Sol, outro ponto culminante, com 2.400 metros de altitude.Ao sul do parque nacional está a Serra do Tepequém, encravada no lavrado roraimense, no município de Amajari. Trata-se de uma formação vulcânica, em cujo topo há uma cratera onde funcionou o primeiro garimpo de diamantes do estado. O antigo caminho usado pelos garimpeiros para subir seus 1.400 metros de altitude funciona hoje como uma trilha para apreciadores de trekking. Região de nascentes, a Serra do Tepequém tem ainda as cachoeiras do Paiva e do Funil com atrativos adicionais.

No centro do estado, onde as savanas dão lugar à densa floresta tropical, está o município de Caracaraí. Situado às margens do rio Branco, Caracaraí é cortada por vários outros rios que formam extensas várzeas durante a estação chuvosa, atraindo grande variedade de animais. A região está protegida por várias unidades de conservação, entre as quais o Parque Estadual da Serra da Mocidade e o Parque Nacional do Viruá. Por conta dessas características ecológicas, Caracaraí tem em operação três hotéis de selva que alojam visitantes do mundo inteiro, especialmente, os praticantes da pesca esportiva.

Elaborado por RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

27

3.3.9 Tocantins

Pólos Turísticos: a região do Cantão, às margens do rio Araguaia, e o Jalapão, uma grande área próxima à fronteira com Piauí e Bahia, cujos fantásticos atributos naturais são ainda pouco conhecidos até por pesquisadores.

Localizado nos municípios de Caseara e Pium, no oeste do estado, o Pólo Ecoturístico do Cantão tem como núcleo o Parque Estadual do Cantão, uma área protegida com 90.017,9 hectares, situado ao norte da Ilha do Bananal e às margens do rio Araguaia. Em termos ecológicos, o Cantão é uma área de transição entre o Cerrado e a densa floresta amazônica, com grande diversidade de espécies e de paisagens naturais. Seus ecossistemas abrigam mais de 500 espécies de aves, muitas das quais endêmicas, o que faz da região um paraíso para, os observadores de aves. Entre os meses de junho e setembro, as praias, lagoas e várzeas atraem uma variedade de quelônios, jacarés e mamíferos, como ariranhas e macacos, que também podem ser facilmente avistados pelos ecoturistas. A diversidade de peixes encontrados em seus mais de 800 lagos e lagoas faz da região um excelente lugar para os adeptos da pesca esportiva.

As incomparáveis paisagens do Jalapão, que abrange oito municípios do leste tocantinense, são o atrativo maior do outro pólo estadual. Praticamente isolado das frentes econômicas recentes que avançaram sobre a região, o Jalapão apresenta grandes dunas e chapadões, entrecortados por rios e veredas com vegetação característica do Cerrado, além de nascentes, corredeiras, cachoeiras, . Suas paisagens, que estão entre as mais originais do país, são protegidas por um mosaico de unidades de conservação. A região é apontada por especialistas como a mais bem preservada área de Cerrado do Brasil Central.

Elaborado por RAMOS, C. R. LAENA/NAEA/UFPA

28

4 POSSIBILIDADES, LIMITES, PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E INDICAÇÕES PROGRAMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SETOR

Recentes previsões da Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam para um grande aumento do turismo internacional nos próximos vinte anos. Para a OMT. esse setor é fortemente influenciado pelas transformações demográficas, pelo crescimento da economia e aumento do poder de compra dos consumidores. Considera o turismo como uma atividade que não é limitada geograficamente. Suas formas alternativas, como o turismo de congressos, o agro-turismo, o turismo rural ou o turismo ecológico contribuem para um significativo aumento dos turistas. No Brasil, segundo a Embratur, em 1970 foram registrados 249.900 turistas e em 2003, 4.090.590, houve um amento de aproximadamente de 1.600%. Vale notar que houve uma grande explosão a partir dos anos 80, intensificando-se na década de 90.

Tabela 4: Entradas Turísticas no Brasil - 1970 / 2003

Anos Turistas Anos Turistas1970 249.900 1997 2.849.7501975 517.967 1998 4.818.0841980 1.625.422 1999 5.107.1691985 1735.982 2000 5.313.4631990 1.091.067 2001 4.772.5751995 1.991.416 2002 3.783.4001996 2.665.508 2003 4.090.590

Fonte: Anuário Estatístico Embratur.2004.

Na análise desses dados por região, pode ser verificado que, apesar dos atrativos turísticos da Amazônia, a entrada de turistas na região norte só tem expressão nos Estados do Amazonas e Pará, que registram respectivamente 0,58% e 0,40% das entrada turísticas no Brasil, conforme a seguinte tabela.

Tabela 5: Entrada de Turistas no Brasil, participação regional – 2002/2003UF de

Chegada2002 2003 Var. %

2002/03%

AM 18.894 23.592 25 0,58BA 52.603 59.827 14 1,46CE - 76.795 - 1,88MS 66.591 43.196 -35 1,06PA 13.025 16.528 27 0,40PR 367.702 428.974 17 10,49PE 48.522 57.214 18 1,40RN - 41.778 - 1,02

RGS 491.295 566.134 15 13,84RJ 738.757 629.508 -15 15,39SP 1.681.809 1.991.281 18 48,68SC 59.304 73.694 24 1,80

Outros 244.898 82.068 -66 2,01BRASIL 3.783.400 4.090.590 8 100,00

Fonte: Anuário Estatístico Embratur.2004.Elaborado pela autora.

29

Nos planos de governos dos Estados há registros de objetivos e metas que poderão contribuir para o aumento do turismo na Amazônia:

-“Alem da possibilidade real de consolidar o Amazonas como o grande portal do turismo no Brasil, os segmentos do ecoturismo, do Etnoturismo, da Pesca, da Cultura, da Vida Rural, O plano de Turismo do Estado do Amazonas insere em suas formulações a necessidade de o turismo ter critérios de responsabilidade social, porque o Governo do estado, deve haver como medida essencial a relação homem / natureza numa sociedade globalizada”. (AMAZONASTUR,2005)

Esse Plano estabelece como objetivo principal transformar o Amazonas em destino turístico diferenciado, competitivo, ecologicamente correto, sustentavelmente viável, economicamente distribuidor de renda, promovendo emprego, cidadania e responsabilidade da gestão social, econômica e cultural. A meta para 2007 é atingir um total de 65 milhões de desembarques domésticos. Em 2004 esse número foi de 36,5 milhões. Apresenta como estratégias de atuação:

• Desenvolvimento da gestão estratégica da cadeia produtiva;• Desenvolvimento de negócios, empreendimentos e empregos no segmento turístico;• Implementação de infra-estrutura turística – construção de centros de atendimento

turístico, terminais fluviais, implementar ferramentas de apoio a atividade turística;• Desenvolvimento de produtos turísticos;• Fomentar o turismo da melhor idade;• Municipalização do turismo, com descentralização do planejamento com base na

sustentabilidade econômica, social, ambiental, cultural e política;• Estabelecer a gestão estratégica do turismo com base participativa, envolvendo a

comunidade;

A AMAZONASTUR construiu uma matriz para trabalhar com o gerenciamento da Cadeia Produtiva do Turismo estabelecendo a seguinte logística:

30

R&D Pesquisa e Desenvolvimento

DESIGN Projeto do Produto

PURCHASING Organizar compras de matérias primas e insumos

SERVICE Informação e parceria

DISTRIBUITIONS MARKETING &

SELLING

MANUFATURING Fabricar produzir

1. Pesquisa e Desenvolvimento – do produto turístico, a partir de estudos do mercado e viabilidade social, econômica e financeira, atendendo as expectativas de consumo;

2. Design e Projeto do Produto – o produto turístico deve primar pela inovação mantendo a cultura, os valores regionais, de forma global. O projeto do produto deve merecer um estudo de concepção capaz de diferenciá-lo ou posicioná-lo competitivamente dentre do contexto econômico local, regional e internacional;

3. Organizar compras de matéria-prima e insumos – a cadeia produtiva deve ser organizada para ser sustentável ou fazer links com cadeias próximas, ou arranjos produtivos locais. A cadeia do turismo interage com a comunidade produtiva;

4. Marketing e venda – o resultado mercadológico da cadeia produtiva deve ser sua meta em curto, médio e longo prazo;

5. Distribuição – os canais de distribuição da cadeia produtiva do turismo devem ser estruturados para atender as demandas e oferecer serviços e produtos de qualidade;

6. Serviços de Informação e Parcerias – fatores fundamentais para desenvolver a cadeia produtiva, implementá-la, desenvolvê-la, amplia-la, tornando-a em fator de sucesso.

O Plano de Turismo no Estado do Pará estabelece para os próximos anos as seguintes “macro-estratégias”:• Abrangência espacial que cubra progressivamente as áreas de vocação turísticas

natural do Estado;• Ordenamento, desenvolvimento e promoção da atividade turística com articulação

entre o governo e a iniciativa privada;• Capacitação institucional como instrumento de mudança cultural para o turismo;• Descentralização da gestão turística, incentivando o fortalecimento dos órgãos

municipais de turismo e a participação da comunidade;• Integração entre os órgãos do Estado, estabelecendo interface entre os setores, com

ações conseqüentes para o desenvolvimento socioeconômico.• Integração entre os órgãos do Estado, estabelecendo interface entre os setores, com

ações conseqüentes para o desenvolvimento sócio-econômico

Nos Planos de Turismo de outros Estados da Região Norte, disponibilizados, via Internet, pode ser observado que esses Estados estão dando ênfase para a gestão compartilhada com a sociedade e suas instâncias de decisão, na perspectiva de abrir canais de diálogo, formando grupos de trabalho, estabelecendo projetos comuns, criando bases de uma rede de relações cujas conexões beneficiem múltiplas cadeias produtivas. A importância dessa forma de gestão tem sido amplamente discutida pelos agentes envolvidos.Grupos de trabalho buscam definir novas bases conceituais e operacionais da Política Estadual de Turismo. Um ponto comum ressaltado pelos participantes é

31

manutenção precária das vias de acesso aos pontos turísticos. A entrada de turistas no Brasil ocorre através das diferentes vias como mostra a Tabela 6.

Tabela 6: Entrada de Turistas no Brasil, segundo vias de acessoUF de

ChegadaVia Aérea Via Marítima Via Terrestre Via Fluvial Total

2002 2003 2002 2003 2002 2003 2002 2003 2002 2003

AM 10.447 15.722 - - 7.952 6.768 495 1.102 18.894 23.592

BA 46.356 55.947 6.247 3.880 - - - - 52.603 59.827

CE - 75.880 - 915 - - - - - 76.795

MS - - - - 48.121 31.215 18.470 11.981 66.591 43.196

PA 9.197 14.330 - - - - 3.828 2.198 13.025 16.528

PR 4.314 22.954 4.931 3.276 357.192 401.356 1.265 1.388 367.702 428.974

PE 38.694 52.082 9.828 5.132 - - - - 48.522 57.214

RN - 41.184 - 594 - - - - - 41.778

RGS 40.396 42.850 3.551 6.879 442.036 508.341 5.312 8.064 491.295 566.134

RJ 719.220 612.901 19.537 16.607 - - - - 738.757 629.508

SP 1.661.681 1.967.518 20.128 23.763 - - - - 1.681.809 1.991.281

SC 24.715 29.303 3.545 1.527 31.044 42.864 - - 59.304 73.694

Outros 79.650 23.895 28.014 1.167 135.644 45.746 1.590 11.261 244.898 82.068

Total 2.634.670 2.954.566 95.781 63.740 1.021.989 1.036.290 30.960 35.994 3.783.400 4.090.590Fonte: DPF e EMBRATUR

Depoimentos colhidos junto às agências de turismo revelam que os turistas estão se tornando cada vez mais exigentes em relação à qualidade das infra-estruturas, dos transportes, da oferta hoteleira e dos serviços. Consideram de grande importância a utilização de métodos modernos de gestão estratégica e a cooperação entre os setores públicos e privados, criando-se um clima favorável ao investimento, que permita o desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e a melhoria qualitativa da infra-estrutura. Dificilmente uma empresa isolada é capaz de fornecer o produto global de que desfruta o turista. A organização das viagens, os serviços de transporte, o alojamento e as atividades de lazer ficam a cargo de várias empresas. As autarquias regionais e locais são um elo essencial da cadeia produtiva do turismo.

Tabela 7: Agências de Turismo, Meios de Hospedagem, Transportadoras Turísticas e Organizadoras cadastrados na EMBRATUR-Região Norte - 2002/2003

UFAgencias de Turismo Meio de Hospedagem Transportadores

TurísticosOrganizadoras de

Eventos2002 2003 Var.

%2002 2003 Var.

%2002 2003 Var.

%2002 2003 Var.

%Norte 291 326 12 119 139 17 54 69 28 18 15 17RO 31 34 10 7 9 29 9 14 56 - 1 -AC 12 15 25 1 1 0 - - - - - -AM 77 99 29 14 36 157 6 8 - 7 5 29RR 17 20 18 8 9 13 1 3 200 4 - 100PA 117 114 3 26 22 15 13 14 8 4 6 50AP 19 24 26 6 4 33 1 3 200 1 1 -TO 18 20 11 57 58 2 24 27 13 2 2 -

Fonte: Anuário Estatístico Embratur.2004

32

Quanto a importância do turismo para o mercado de trabalho, são relacionados três tipos de emprego:(www.anmp.pt/ue/cdr00/cdr2911999.doc)

a) emprego direto visível, associado aos serviços prestados e às vendas aos turistas. Ex: o caso dos serviços de alojamento, de atividade de lazer e de transporte;

b) emprego indireto, de uma forma geral em empresas direta ou indiretamente fornecedoras das empresas de turismo primárias;

c) emprego induzido pela via da despesa efetuada por pessoas que ganharam com o turismo o dinheiro que gastam.

O turismo cria empregos flexíveis e contribui para a igualdade de oportunidades, na medida em que proporciona emprego para jovens e adultos. Integra pessoas que se encontram tradicionalmente marginalizadas no mercado de trabalho. Isso pode ser observado nas atividades agrícolas e turísticas em comunidades rurais.

Constitui um grande desafio encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos do turismo e a preservação do meio ambiente. Há que instituir e manter medidas e controles que assegurem a preservação do ambiente natural e o respeito da diversidade cultural e biológica. O atual governo federal, através da criação do Ministério do Turismo, elaborou o Plano Nacional de Turismo (PNT), numa perspectiva participativa com discussões e atualizações em âmbito nacional e regional. Este tem como finalidade “priorizar o turismo como elemento propulsor do desenvolvimento sócio-econômico do país” (MINISTÉRIO DO TURISMO/PNT, 2003, p.7). O PNT apresenta seus pressupostos que seriam a ética e a sustentabilidade através dos vetores: redução das desigualdades regionais e sociais; geração de renda; geração de emprego e ocupação; equilíbrio do balança de pagamentos (MINISTÉRIO DO TURISMO/PNT, 2003, p. 20).

Tabela 8: Aplicação em Turismo por Agentes Financeiros 2002/2003

Agente Financeiro 2002 2003 Variação%

BNDES BANCO DO BRASIL CAIXA ECO. FEDERALBANCO DO NORDESTE BANCO DA AMAZÔNIA

142.256.000 4.500,000 40.546.121 11.190.515 9.749.669

74.134.000 3.057.697 90.093.64177.305.170 1.059.137

-48%-32%122%591%89%

Fonte: Anuário Estatístico Embratur.2004

33

Tabela 9: Aplicações de Fundos Constitucionais por Agentes Financeiros 2002/2003

Agente Financeiro 2002 2003 Variação%FCO - Banco do Brasil FNE - Banco do Nordeste FNO – Banco da Amazônia

4.500.000 11.190.915 7.749.669

4.378.119 77.305.170 6.671.099

-3%591%-32%

Fonte: Anuário Estatístico Embratur.2004

O PNT, projetado para 2003 a 2007 apresenta-se assim estruturado:

MACROPROGRAMAS PROGRAMAS

• Gestão e Relações Institucionais;• Fomento;• Infra-estrutura;• Estruturação e Diversificação da Oferta

Turística;• Qualidade do Produto Turístico;• Promoção e Apoio à Comercialização;• Informações Turísticas.

• Programa Nacional de Financiamento e Promoção de Investimento do Turismo;

• Programa de Qualificação Profissional para o Turismo;

• Programa de Promoção e Apoio à Comercialização dos Produtos Turísticos Brasileiros;

• Programa de Regionalização do TurismoFonte: PNT, 2003

Dos programas mencionados no quadro acima, o Programa de Regionalização do Turismo-Roteiros do Brasil (PRT) foi lançado em abril de 2004 pelo Ministério do Turismo. O Programa foi formulado a partir dos resultados alcançados pelo PNMT, no intuito de apoiar o macroprograma do PNT - Estruturação e Diversificação da Oferta Turística. No PRT o planejamento do Turismo deixa de ser planejado somente em esfera municipal e passa a ser planejado por regiões turísticas que integrem vários municípios promovendo a . cooperação e a parceria dos segmentos envolvidos com o objetivo de dar qualidade ao produto turístico; diversificar a oferta turística; estruturar os destinos turísticos; ampliar e qualificar o mercado de trabalho; aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado internacional; ampliar o consumo do produto turístico no mercado nacional e aumentar a taxa de permanência e gastos médio do turista (BRASIL, 2004, p. 9).

A coordenação nacional do programa fica a cargo do Ministério do Turismo apoiado pelo Conselho Nacional do Turismo e pelo Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo. No âmbito estadual é coordenado pelo órgão estadual de turismo, apoiado pelo Fórum Estadual de Turismo e parceiros. Já em esfera regional ainda será definido a partir da estruturação do programa, apoiado pelo órgão estadual de turismo. Fórum Estadual e parceiros e no âmbito local através da unidade de turismo do município, apoiado pela representatividade dos segmentos sociais, econômicos e políticos locais (BRASIL, 2004).

34

No seminário realizado pela ADA em agosto de 2005, o Ministério do Turismo fez uma exposição sobre “Resultados e Diretrizes 2005”.Entre os pontos destacados estão as exportações brasileiras (Tabela 10), onde o turismo ocupa o sexto lugar e o recorde histórico na geração de divisas através do turismo.(Tabela 11)

Tabela 10: Exportações Brasileiras- Principais Produtos, Comparados ao Turismo jan./dez. 2004 ( US$ milhões F.O.B.)

Soja Grãos

Min. Ferro

Carros Soja Farelo

Avião Turismo Petróleo bruto

Carne Frango

Manofets Ferro-aço

Lamin. Planos

Motores Carne bovina

Auto peças

Calçados

5.364 4.759 3.351 3.271 3.269 3.222 2.528 2.494 2.115 2.007 1.972 1.963 1.961 1899Fonte:MDIC/SECEX/MTUR

Tabela 11: Receita Cambial Turística – Geração de Divisas Através do Turismo(US$ milhões)

Ano 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004Valor 972 840 1.069 1.586 1.628 1.810 1.731 1.998 2.479 3.222

Fonte: Banco Central do Brasil

O Ministério do Turismo indicou os seguintes objetivos e metas para 2007:• Gerar 1.200.000 novas posições de trabalho no setor turismo• Desenvolver 3 produtos turísticos por estado em 2007;• Atrair 9 milhões de turistas estrangeiros por ano;• Gerar 8 bilhões de dólares em divisas;• Aumentar de 35 para 65 milhões de desembarques em vôos domésticos.

O Banco da Amazônia apresentou os seguintes Programas e Linhas de Crédito:

• Programa de Financiamento ao Turismo Sustentável (FNO-Turismo). Beneficiários: Empresas de todos os portes. Atividades Financiadas: ecoturismo, turismo rural, turismo convencional, outras

atividades do setor turismo, artesanato.

• FNO-Especial Beneficiários: micro e pequenas empresas. Atividades financiadas: todas as atividades do FNO-Turismo.

• Fundo de Amparo ao Trabalhador/Programa de Geração de emprego e Renda (FAT-PROGER Turismo).

Beneficiários: Micro e pequena empresa com faturamento bruto anual de até R$ 5 milhões.

35

Finalidade: Investimento fixo com ou sem capital de giro associado (limitado a 40% do valor do financiamento total)

• PRONAF- Turismo Rural Beneficiários: agricultores familiares. Finalidade: investimento fixo com ou sem capital de giro associado

• BNDES – Automático Beneficiários: empresas de todos os porte dos setores industrial,comércio e serviços e

infra-estrutural. Atividades financiadas: investimento fixo e capital de giro associado.

• Amazônia turismo pessoal Beneficiários: todos os clientes pessoas físicas com limite de crédito aprovado. Finalidade: incentivar o turismo doméstico na Amazônia.

• Amazônia turismo empresarial Beneficiários: empresas /agências devidamente cadastradas na EMBRATUR, de

idoneidade comprovada, amparadas em garantias e custodiadas. Atividades financiadas: capital de giro.

O Ministério das Cidades disponibilizou recursos para a construção dos Planos Diretores dos Municípios Brasileiros. Os municípios, com mais de 20 mil habitantes, além dos que integram Regiões Metropolitanas e Aglomerados Urbanos, têm até outubro de 2006, conforme o Estatuto das Cidades, para elaborar ou atualizar seus planos. Ficou estabelecido também a obrigatoriedade do Plano Diretor para as cidades que são de especial interesse turístico ou os que estão na área de influência de algum tipo de empreendimento der impacto ambiental de âmbito regional.

De acordo com esse ministério é necessário levar em consideração as leis de zoneamento, as limitações ambientais, os sistemas viários de transporte, bem como a organização institucional e seu reflexo na integração das atividades de planejamento regional e urbano.

A análise do Plano Estadual do Turismo em vários Estados apontam a importância do diagnóstico da cadeia produtiva do turismo como condição fundamental para estimular e promover o ordenamento dos diversos segmentos turísticos: ecoturismo, turismo rural, turismo de aventura, turismo esportivo, turismo de pesca, etnoturismo e outros.

36

5 CONCLUSÃO

A análise dos Planos, Programas e Projetos voltados para o setor turismo revela que o modelo de desenvolvimento sustentável, preconizado na estratégia de desenvolvimento regional, confere ao turismo uma posição de destaque, por se tratar de uma atividade com potencial multiplicador significativo.

A Amazônia é tida como o grande espaço de atrativos turísticos de ordem natural: rede hidrográfica, praias desertas, regiões de várzeas, grandes quantidades de pássaros etc. Atrativos de ordem cultural: danças típicas, festas religiosas, rituais e o rico artesanato que revela, através das formas físicas dos objetos, a expressão simbólica de uma cultura.

Apesar das potencialidades dessa região, o setor turismo ainda encontra grandes obstáculos para ser plenamente desenvolvido, por motivos já apontados em vários fóruns: políticas públicas deficientes, base organizacional e institucional ainda em construção; investimentos insignificantes em infra-estruturas voltadas ao turismo, descontinuidade de projetos promissores. Isso demonstra que o aumento do nível de coordenação entre os agentes é um fator indutor básico para o processo de desenvolvimento do turismo, no qual é de fundamental importância a vontade e o apoio político no mais alto nível.

37

38

REFERÊNCIAS

ALENCAR,A et al. Desmatamento na Amazônia: indo Além da “Emergência Crônica”. Belém: IPAM, 2004

ARBACHE, J. S. et al. Matriz de contabilidade social do Brasil para o turismo – 2002. Brasília,DF: UnB, 2004.

BRASIL. Ministério do Turismo. Estados e regiões – programa de regionalização do turismo – roteiros do Brasil: diretrizes políticas. Brasília , 2004. Disponível em: <http//www.turismo.gov.br>. Acesso em: 20 out. de 2005.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional ; Ministério do Meio Ambiente . Plano Amazônia Sustentável – PAS. .Brasília , .2004. v.1

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://.mma.gov.br/pot/gab/fórum/links>. Acesso em: 9 set. 2005.

CASTRO, A. L. C. et al. Índice de desenvolvimento e turismo. Disponível em: <http://www.abbtur.org.br/index.php?secao=ver_artigo&id=2>.

COMPANHIA PARAENSE DE TURISMO ; PROECOTUR. Disponível em: <http:www.paratur.pa.gov.br.> Acesso em: 27.Ago. 2004.

EMBRATUR. Pólos de Ecoturismo: planejamento e gestão. São Paulo: TERRAGRAPH, 2001.

______ . Política nacional de turismo: diretrizes e programas – 1996-1999. Brasília , 1996.

______. Diretrizes para uma política nacional de ecoturismo. Brasília, 1994 (mimeo).

______. Programa de desenvolvimento do ecoturismo na Amazônia Legal : . carta-consulta. Brasília, 1997.

FIGUEIREDO, S. L. Ecoturismo, festas e rituais na Amazônia. Belém, UFPA. NAEA, 1999.

______. O Ecoturismo e a questão ambiental na Amazônia. Belém: UFPA. NAEA, 1999.

PROECOTUR. Disponível em: <http//www.mma.gov.Br/port/sca/proeco/html>. Acesso em: 18. abr. 2004.

RIBEIRO, B. Artesanato Indígena, porque e para quem? In: FIGUEIREDO A. et al (org.) As artes visuais na Amazônia. [s.l.]: FUNARTE; SEMEC, 1985.

39

SANTANA, Graça; QUARESMA, Helena D. A B. O. Turismo em Fortalezinha: trilhando caminhos para a responsabilidade social. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE TURISMO, 23., 2003. Anais... [s.l.]: ABBTUR . No prelo.

SANTANA, A. C. et al . Aplicação da matriz de contabilidade social ao crescimento intersetorial da Amazônia . Belém: ADA, 2005.

SOUZA, Marcelo J. L. Como pode o turismo contribuir para o desenvolvimento local In: RODRIGUES, Adyr Balastreri (org.). Turismo e desenvolvimento local. São Paulo: Hucitec, 1999.

SUDAM. Plano de Desenvolvimento da Amazônia 1992-1995. Belém, 1992. (mimeo)

______. Plano de Turismo da Amazônia – PTA – 1992 – 1995. Belém, 1992 (mimeo)

SUDAM ; OEA. Programa de Estudos e Pesquisas nos Vales Amazônicos : linhas básicas para um programa de desenvolvimento do turismo na Região Amazônica. Belém, 1995.

SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: turismo cultural, ecoturismo e ética. São Paulo: Aleph, 2000. v 5.

TRIGO, L. G. G. Turismo e qualidade tendências contemporâneas. Campinas: Papirus. 1993.

40