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JUNTOSCONTRA ACOVID-19

PLANO DECONTINGÊNCIADA UFES EM TEMPOSDE COVID-19

ESTRATÉGIAS A SEREM IMPLEMENTADASDURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTOSOCIAL E NUM FUTURO CENÁRIOPÓS-PANDEMIA

PLANO DE CONTINGÊNCIADA UFES EM TEMPOS DE COVID-19ESTRATÉGIAS A SEREM IMPLEMENTADAS DURANTE O PERÍODO

DE ISOLAMENTO SOCIAL E NUM FUTURO CENÁRIO PÓS-PANDEMIA

Grupo de trabalho:

PRESIDENTE:

Cláudia Maria Mendes Gontijo (docente)

INTEGRANTES:

Ana Carolina Galvão Marsiglia (docente)

Emanuelle Kisse dos Santos Pereira (discente)

Hilquias Moura Crispim (discente)

Júnia Cláudia Santana de Mattos Zaidan (docente)

Luar Santana de Paula (técnica-administrativa)

Neuza Maria Brunoro Costa (docente)

Neyval Costa Reis Júnior (docente)

Patrícia Paulino Bianchini (técnica-administrativa)

Rogério Naques Faleiros (docente)

Zenólia Christina Campos Figueiredo (docente)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

REITOR::

Paulo Sérgio de Paula Vargas

VICE-REITOR

Roney Pignaton da Silva

REVISÃO E DIAGRAMAÇÃO

Superintendência de Comunicação (Supec/Ufes)

Maio de 2020

PLANO DE CONTINGÊNCIA DA UFES EM TEMPOS DE COVID-19

3

SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................. 4

2. DELIMITAÇÃO DO OBJETO .................................................................................................. 6

3. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ..................................................................................10

1. TRAÇAR OS POSSÍVEIS CENÁRIOS DA PANDEMIA E RESPECTIVAS ESTRATÉGIAS ..........................11

2. REALIZAR DIAGNÓSTICOS, POR MEIO DE ENQUETES E OUTROS INSTRUMENTOS,

COM A COMUNIDADE ACADÊMICA DA UFES (EM ELABORAÇÃO) .................................................... 32

3. PROPOR ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS REMOTAS EM FACE DE

CONTINGÊNCIAS (EM ELABORAÇÃO) ................................................................................................ 33

4. PROPOR AÇÕES DE EXTENSÃO VINCULADAS À COVID-19 (AÇÕES JÁ EM CURSO) ..........................35

5. PROPOR AÇÕES DE PESQUISA VINCULADAS À COVID-19 (AÇÕES JÁ EM CURSO) ...........................36

6. PROPOR FORMAS DE REORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS EM FACE DE

CONTINGÊNCIAS (EM ELABORAÇÃO) ................................................................................................ 37

7. PROPOR A ORGANIZAÇÃO DE CAMPANHAS EDUCATIVAS QUE VISEM À PREVENÇÃO

DA CONTAMINAÇÃO PELA COVID-19 A SEREM DESENVOLVIDAS PELA SUPERINTENDÊNCIA

DE COMUNICAÇÃO – SUPEC (EM ELABORAÇÃO) ..............................................................................38

8. PROPOR AÇÕES RELACIONADAS À INFRAESTRUTURA FÍSICA AO FIM DO

ISOLAMENTO SOCIAL (EM ELABORAÇÃO) .........................................................................................39

9. PROPOR REPLANEJAMENTO DE COMPRAS, DE REVISÃO DE CONTRATOS

E DE DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA (AÇÕES EM CURSO) ...................................................................... 40

10. AMPLIAR O APOIO PSICOLÓGICO AOS ESTUDANTES E SERVIDORES (DOCENTES

E TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO), COMO TAMBÉM AMPLIAR OS

ESFORÇOS COM VISTAS À PERMANÊNCIA DURANTE E APÓS O ISOLAMENTO

SOCIAL (AÇÕES JÁ EM CURSO) ..........................................................................................................42

4. METODOLOGIA ...................................................................................................................43

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 45

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 46


4

Em 28 de abril de 2020, o Reitor da Ufes, Paulo Sérgio de Paula Vargas, emitiu a

Portaria nº 248, criando um Grupo de Trabalho (GT) cuja finalidade “é o assessoramento

à Administração Central na elaboração de propostas de ações estratégicas para a ges-

tão acadêmica e administrativa frente à situação de prevenção e combate à COVID-19,

no que se refere ao período de isolamento social e replanejamento dos trabalhos dos

técnicos e docentes, bem como a retomada futura das atividades de modo presencial,

observadas as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Operativo de Emergência da Ufes

- COE, especialmente o Plano de Contingência aprovado para a Ufes e suas possíveis

adequações1”. O prazo (prorrogável) de vigência da portaria é de trinta dias.

O GT é composto pelos seguintes integrantes da comunidade acadêmica: Cláudia

Maria Mendes Gontijo (docente - presidente), Ana Carolina Galvão Marsiglia (represen-

tante da Associação dos Docentes da Ufes - Adufes), Emanuelle Kisse dos Santos Pe-

reira (representante do Diretório Central dos Estudantes - DCE), Hilquias Moura Crispim

(representante do DCE - suplente), Júnia Cláudia Santana de Mattos Zaidan (represen-

tante da Adufes - suplente), Luar Santana de Paula (representante do Sindicato dos

Trabalhadores da Ufes - Sintufes), Neuza Maria Brunoro Costa (docente), Neyval Costa

CONSIDERAÇÕES INICIAIS1

1 Disponívelem:https://boletim.sigepe.planejamento.gov.br/publicacao/detalhar/35479.Acessoem:1ºmaio2020.


5

Reis Júnior (docente), Patrícia Paulino Bianchini ((representante do Sintufes - suplente),

Rogério Naques Faleiros (docente) e Zenólia Christina Campos Figueiredo (docente).

O objetivo do Grupo de Trabalho é a elaboração de um Plano de Contingência con-

tendo estratégias a serem implementadas durante o período de isolamento social e

num futuro cenário pós-pandemia. De maneira ainda preliminar, no Plano de Contin-

gência, pode ser definida a organização de procedimentos e de responsabilidades, com

o objetivo de orientar as ações durante um evento indesejado. Este Plano descreve de

forma clara, concisa e completa as respostas ou as ações que podem ser desencadea-

das diante de adversidades.

Encaminhamos para acompanhamento e sugestões da comunidade acadêmica,

pelo e-mail [email protected], o material que este GT produziu até a

presente data. Portanto, trata-se de um documento ainda em aberto. Em nossos pró-

ximos informativos, divulgaremos o resultado das enquetes realizadas com a comuni-

dade acadêmica, cujos dados ainda se encontram em processamento, bem como os

desdobramentos de cada um dos objetivos aqui listados.

Em relação ao quadro permanente da instituição, possuímos 3.933 servidores, sub-

divididos em 1.885 docentes e 2.048 técnicos-administrativos. Nos dois gráficos a se-

guir, é possível identificar que a maior parte dos servidores possui menos de 60 anos.


6

DELIMITAÇÃO DO OBJETO2

O Plano de Contingência a ser elaborado abarcará a comunidade acadêmica da

Ufes, composta atualmente por 19.710 alunos de graduação (dados de matrícula 2020/1

– Prograd), 3.829 alunos de pós-graduação e 3.933 servidores (docentes e técnicos-ad-

ministrativos em educação). Por seu elevado quantitativo e pela natureza de suas ativi-

dades, nossa comunidade universitária possui intersecções com praticamente todos os

municípios do Estado do Espírito Santo e com estados circunvizinhos, sendo mister a

tarefa de elaboração de um plano que, a rigor, proteja toda a sociedade numa eventual

retomada das atividades presenciais.

Em termos etários, temos um gráfico indicando a seguir, em faixas, a configuração

dos alunos da instituição. Como podemos observar, a maior parte de nosso quantitativo

(meramente em termos de idade) não constitui2 grupo de risco definido nos protocolos

atinentes à COVID-19, contudo isso não diminui a necessidade de implementação de

medidas de segurança, considerando a vinculação desses estudantes às suas famílias

e a eventuais grupos de risco.

2 OGrupodeTrabalho,emenquete,farálevantamentodascomorbidadesvinculadasàCOVID-19emnossacomunidade.


7

Fonte: pró-reitorias de Graduação e de Pesquisa e Pós-Graduação.Obs: Na pós-graduação, não foram considerados 147 alunos, para os quais não possuímos informação sobre a idade.

Idade dos alunos (graduação e pós-graduação) Ufes 2020/1

3 Aquicompreendemosacategoriadocentecomo:ProfessordeEnsinoBásico,TécnicoeTecnológico;Pro-fessordoMagistérioSuperior(Permanentes,SubstitutoseVisitantes),ProfessorTitular-LivreeProfessor/TutorMaisMédicos.Disponívelem:http://progep.ufes.br/quadros-e-informacoes.Acessoem:1ºmaio2020.

Em relação ao quadro permanente da instituição, possuímos 3.933 servidores, sub-

divididos em 1.885 docentes3 e 2.048 técnicos-administrativos. Nos dois gráficos a se-

guir, é possível identificar que a maior parte dos servidores possui menos de 60 anos.


8

Quadro Permanente da Instituição - Ufes 2020/1

Fonte: http://progep.ufes.br/quadros-e-informacoes. Acesso em: 1º maio 2020.


9

Considerando (excluindo o Hucam) os lançamentos realizados no Sistema de Regis-

tro Eletrônico de Frequência (SREF) em abril de 2020, por ocasião da Resolução CUn nº

7/2020, temos um total de 2.775 servidores que estão desempenhando suas atividades

remotamente. Desse total, 102 possuem mais de 60 anos, 34 possuem imunodeficiên-

cias ou doenças preexistentes, cinco coabitavam, naquela data, com pessoas portado-

ras de COVID-19, 193 possuem filhos em idade escolar e 14 são lactantes ou gestantes.

No mês de maio, um perfil de preenchimento próximo a esse se repete, conforme se

observa na tabela a seguir.

Servidores (Docentes e Técnicos Administrativos (Exclusive HUCAM) SREFem 14/04/20

SREFem 14/05/20

Idade igual ou superior a 60 anos 102 102

Imunodeficientes ou doenças preexistentes crônicas ou graves (citadas no Anexo A da resolução)

34 43

Responsável pelo cuidado de uma ou mais pessoas com suspeita ou confirmação da doença COVID-19, desde que haja coabitação

5 6

Possui filhes em idade escolar, ou inferior, e que necessitem da assistência de um dos pais

193 227

Gestante ou lactante 14 19

Situação autorizada pelo Gestor da Unidade 2427 2287

Total 2775 2737

Fonte: SREF/Progep.

Contudo, certamente, essas ocorrências estão subdimensionadas, visto que as che-

fias e os gestores de unidades organizacionais, em geral, autorizaram o trabalho remo-

to, considerando o fato de se caracterizar como lançamento mais imediato no SREF.

Conquanto, será fundamental aos objetivos deste GT que as ocorrências no SREF sejam

lançadas de maneira o mais precisa possível, para melhor percepção das demandas e

ações de replanejamento atinentes à nossa comunidade.

Feita a caracterização preliminar de nossa comunidade, impõe-se, doravante, a ta-

refa de elaborar o Plano de Contingência com vistas a auxiliar o Reitor na elaboração de

estratégias ante o isolamento social e de atividades presenciais quando de seu retorno.


10

Os objetivos gerais deste Plano são:

• Traçar os possíveis cenários da pandemia e respectivas estratégias;

• Realizar diagnósticos, por meio de enquetes e de outros instrumentos, com a

comunidade acadêmica da Ufes (em elaboração);

• Propor estratégias e metodologias remotas em face de contingências (em elabo-

ração);

• Propor ações de extensão vinculadas à COVID-19 (ações já em curso);

• Propor ações de pesquisa vinculadas à COVID-19 (ações já em curso);

• Propor formas de reorganização das atividades administrativas em face de con-

tingências (em elaboração);

• Propor a organização de campanhas educativas que visem à prevenção da con-

taminação pela COVID-19 a serem desenvolvidas pela Superintendência de Co-

municação – Supec (em elaboração);

OBJETIVOS GERAIS E

ESPECÍFICOS3


11

• Propor ações relacionadas à infraestrutura física ao fim do isolamento social

(em elaboração);

• Propor replanejamento de compras, de revisão de contratos e de dotação orça-

mentária (ações em curso); e

• Ampliar o apoio psicológico aos estudantes e servidores (docentes e técnicos

-administrativos em educação), como também ampliar os esforços com vistas à

permanência durante e após o isolamento social (ações já em curso).

Cada objetivo geral foi desmembrado em objetivos específicos, conforme segue:

1 Traçar os possíveis cenários da pandemia e respectivas estratégias:

1.1 Acompanhar o cenário mundial, nacional e estadual;

1.2 Definir, a partir de orientações do COE-Ufes, níveis de isolamento ou flexibilização

gradativa do isolamento; e

1.3 Sugerir ao COE a elaboração de protocolo de biossegurança, com diretrizes garanti-

doras do distanciamento social necessário em aulas e eventos acadêmicos presen-

ciais, por exemplo (Plano de Biossegurança já elaborado).

O Situation Report – 1254, boletim publicado pela Organização Mundial de Saúde

(OMS) em 24 de maio de 2020, indica que, no mundo, temos 5.204.508 pessoas con-

taminadas com o novo coronavírus (COVID-19), das quais 101.502 adquiriram o vírus

nas últimas 24 horas. Do total, 337.687 vieram a óbito. Contudo, a própria OMS assume

a possibilidade da subnotificação de casos e mortes, afetando diretamente o mapea-

mento global da disseminação do vírus e de suas consequências5.

Os Estados Unidos da América (EUA) registram, naquela data, o maior número de

4 Disponívelem:https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200524-covid-19-sitrep-125.pdf?sfvrsn=80e7d7f0_2.Acessoem:24maio2020.FontetambémmuitoútiléopainelcriadopelaJohnHopkinsUniversity&Medicine,disponívelem:https://coronavirus.jhu.edu/map.html.Acessoem:24maio2020.

5 “These factors, amongst others, influence the counts presented with variable underestimation of true case and death counts, and variable delays to reflecting these data at global level”(SituationReport–114,OMS,p.17).


12

casos: 1.568.448, dos quais 20.475 nas últimas 24 horas, e o maior número de óbitos:

94.011. Mesmo em países como China e Alemanha, que alcançaram certo grau de suces-

so na diminuição da velocidade de disseminação do vírus, ainda se verifica a chamada

transmissão comunitária, indicando a dificuldade e a dramaticidade dessa pandemia.

A Figura 1 elucida o quadro mundial, considerando o período de 18 a 24 de maio.

Figura 1 – Número de casos confirmados (COVID-19) entre 18 e 24 de maio (OMS)

O novo coronavírus, SARS-CoV-2, foi primeiramente identificado na cidade de Wuhan

(China), em dezembro de 2019, aumentando-se exponencialmente as ocorrências de

contaminação nas primeiras semanas. A Figura 2 indica, desde então, a disseminação

do vírus em distintas regiões do planeta, de acordo com a classificação da OMS. É pos-

sível evidenciar eventos dramáticos na Itália, na Espanha, no Reino Unido e nos EUA.

Fonte: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200524-covid-19-sitrep-125.pdf?sfvrsn=80e7d7f0_2. Acesso em: 24 maio 2020.


13

Figura 2 – Casos de COVID-19 no mundo confirmados entre 30/12/2019 e 24/05/2020

6 Fonte:https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200513-covid-19-si-trep-114.pdf?sfvrsn=17ebbbe_4.Acessoem:13maio2020.

A seguir, elencamos o grupo de dez países nos quais observamos a maior incidência

de contaminação até o momento. Entre parênteses, acompanhando cada país, temos

a chamada taxa de letalidade (definida como a relação de óbitos ocorridos entre os

infectados). O Brasil figura nesse grupo com um total de 330.890 casos e com uma taxa

de letalidade de 6,4%6.

Fonte: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200524-covid-19-sitrep-125.pdf?sfvrsn=80e7d7f0_2. Acesso em: 24 maio 2020.


14

Figura 3 – COVID-19: países selecionados e taxa de letalidade

No caso do Brasil, em 24 de maio de 2020, já se alcançou um total de 330.890 casos,

o segundo maior quantitativo do continente americano, dos quais 20.803 foram regis-

trados nas últimas 24 horas. Foram a óbito 21.048 pessoas (1.001 nas últimas 24 horas).

Como seria de se esperar, pois há certo delay na atualização dos dados, os números do

Ministério da Saúde apresentam-se um pouco mais elevados: 22.666 óbitos (653 nas

últimas 24 horas), num total de 363.211 casos confirmados7 (Figura 4). Os estados com

maior incidência de casos são: São Paulo (82.161), Rio de Janeiro (37.912), Ceará (35.595),

Amazonas (29.867) e Pernambuco (27.754). Tais ocorrências estão apresentadas na Fi-

gura 5, subdivididas entre as macrorregiões brasileiras, seguindo, entre parênteses na

legenda, a taxa de letalidade em cada uma delas.

7 Disponívelem:https://covid.saude.gov.br/.Acessoem:24maio2020

Fonte: adaptado de https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200524-covid-19-sitrep-125.pdf?sfvrsn=80e7d7f0_2. Acesso em: 24 maio 2020.


15

Figura 4 – Casos acumulados de COVID-19 por data de notificação

Figura 5 – COVID-19: macrorregiões brasileiras

Fonte: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 24 maio 2020.

Fonte: adaptado de https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 24 maio 2020.


16

Embora o Espírito Santo não figure entre os estados com os maiores números de ca-

sos, posiciona-se, segundo o Ministério da Saúde, entre aqueles que apresentam maior

coeficiente de incidência por notificação. Tal medida indica o risco de se tornar doente.

São eles: Amapá (751,2), Amazonas (720,6), Roraima (402,6), Ceará (384,8), Pernambuco

(290,5) e Espírito Santo (249)8.

Em relação ao coeficiente de mortalidade, definido como o número de óbitos, ex-

presso por mil habitantes, ocorridos na população geral, em determinado período, os

estados brasileiros apresentam os números presentes na Figura 6. Evidentemente, a

questão da mortalidade envolve, para além da contaminação e da política de isola-

mento, uma série de fatores ligados à infraestrutura, à disponibilidade de leitos, em

especial de UTI, ao acesso a medicações e equipamentos, entre outros.

Figura 6 – Coeficiente de mortalidade por COVID-19 por UF de notificação

8 Fonte:https://covid.saude.gov.br/.Ataxadeincidência,conformeoMinistériodaSaúde,édefinidacomoonúmerodecasosnovosdeumadoençaououtraafecçãodesaúdedivididopelapopulaçãoemriscodadoença(populaçãoexposta)emumespaçogeográficoduranteumtempoespecificado.

Fonte: adaptado de https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 24 maio 2020.


17

Tratando agora mais diretamente da situação da COVID-19 no Espírito Santo, apre-

sentamos, na Figura 7, a curva de disseminação do vírus a partir de seu primeiro regis-

tro, em 29 de fevereiro. De lá para cá (24 de maio), foram registrados 10.007 casos.

Considerando as faixas etárias de contaminação e os óbitos no estado, observa-se,

na Figura 8, que a maior incidência de contaminação está situada nas faixas de 30 a

39 anos e de 40 a 49 anos, sendo considerável também entre 20 e 29 anos e entre 50

e 59 anos, abarcando, assim, justamente, a PEA – População Economicamente Ativa.

Em relação aos óbitos, pela própria natureza da doença, estão mais concentrados em

população mais idosa.

Fonte: https://coronavirus.es.gov.br/painel-covid-19-es. Acesso em: 24 maio 2020.

Figura 7 – COVID-19 no Espírito Santo


18

Foram registrados, no Espírito Santo, até o dia 24 de maio, um total de 447 óbitos

provenientes da COVID-19. Em relação à taxa de letalidade, definida como a proporção

de óbitos num determinado grupo, no caso, contaminados por faixa etária, a Figura 9

demonstra o quão arriscado é a contaminação pelo vírus em pessoas acima dos 60

anos de idade.


Figura 8 – COVID-19 no Espírito Santo por faixa etária (contaminação e óbitos)


19

Em relação à distribuição espacial do coronavírus, verifica-se sua maior recorrência

em áreas mais densamente povoadas, notadamente na Grande Vitória (GV). Dos 10.007

casos de contaminação registrados até o dia 24 de maio, 80,6% estão concentrados nos

municípios de Vila Velha, Vitória, Serra e Cariacica. Contudo, embora menor, há registros

de contaminação em praticamente todos os 78 municípios do Espírito Santo. Na Figura

10, apresentamos os dez municípios com a maior incidência absoluta de contaminação,

somando os outros 68 municípios, 1.938 casos registrados no Painel COVID-19/ES:


Figura 9 – COVID-19 no Espírito Santo por faixa etária (taxa de letalidade)


20

Considerando a categoria raça/cor, a partir dos dados do Painel COVID-19, podemos

perceber a maior incidência de contaminação entre os negros (aqui considerados como

pretos e pardos), seguido pelos brancos, “ignorados” (certamente por falha no registro),

amarelos e indígenas (há o registro de um óbito neste grupo)9. A Figura 11 apresenta a

evolução da contaminação, para cada um desses grupos, nas seguintes categorias: “em

aberto” (na qual não se tem ainda parecer conclusivo), cura, ignorado (novamente, por

compreensível falha de registro) e óbito pela COVID-19. Do conjunto dos 10.007 casos

registados até o dia 24 de maio, 53,8% são mulheres, 46,1% homens e 0,04% outros.


Figura 10 – COVID-19 no Espírito Santo por municípios de maior incidência

9 OestudorecentementepublicadoporGustavoHenriqueAraújoFordeeRasleydePaulaFordeindicaque:“aanálisecomparadadosdadosindicaproximidadenosíndicesdeinfectadosbrancosenegroseumagri-tantedesigualdadeentreosíndicesdeóbitosentrebrancosenegros,assim,conclui-sequeopertencimen-toraça/coreosefeitosdoracismo(interpessoal,institucionaleestrutural)impactamoíndicedeóbitospelaCOVID-19,noEspíritoSanto”.Disponívelem:https://bityli.com/covid19povonegrocapixaba.Acessoem:14maio2020.Oestudoconsideraosdadosrelativosaoperíodocompreendidoentreosdias29defevereiroe28deabrilde2020.


21

Desdobrando o gráfico acima nas faixas etárias definidas pelo Painel COVID-19, con-

siderando exclusivamente os óbitos, observamos que, embora as ocorrências de con-

taminação pelo coronavírus sejam relativamente próximas entre brancos e negros, há

mais óbitos neste segundo grupo (Figura 12), o que indica que a questão do acesso ao

sistema de saúde, em especial aos leitos de UTI, é determinante na configuração das

taxas de letalidade, visto que pretos, pardos e indígenas são tradicionalmente identifi-

cados10 com a parcela da população brasileira com maiores obstáculos de acesso aos

serviços públicos de saúde, educação, saneamento e habitação.


Figura 11 – COVID-19 no Espírito Santo por raça/cor e situação

10VerindicadoressociaisdoIBGE,disponíveisemhttps://www.ibge.gov.br/novo-portal-destaques.html?des-taque=27613&utm_source=covid19&utm_medium=hotsite&utm_campaign=covid_19.Acessoem:15maio2020.


22

Quando aplicamos o recorte às mulheres, as discrepâncias entre raça/cor no Espíri-

to Santo tornam-se ainda mais evidentes, indicando que justamente as parcelas mais

vulneráveis da população do ponto de vista socioeconômico, para as quais o isolamen-

to social é de difícil implementação, são as mais atingidas. Destaca-se aqui, comparati-

vamente, o elevado número de mulheres negras que vieram a óbito mesmo em idades

inferiores aos 60 anos, marco de definição etária para os grupos de risco (Figura 13).


Figura 12 – COVID-19 no Espírito Santo:

óbitos por raça/cor e faixa etária (447 óbitos em 24/05/2020)


23

O Espírito Santo apresentou, em 24 de maio, uma taxa de letalidade de 4,46%, abai-

xo, portanto, da taxa nacional (6,4%). Considerando os 10.007 casos confirmados na-

quela data, foram verificadas comorbidades em 38,9% deles, distribuídas de acordo

com a classificação do Painel COVID-19/ES: 1.914 cardio, 431 pulmão, 845 diabetes, 171

tabagismo, 446 obesidade e 95 renal. Ainda de acordo com o Painel, o estado dispõe

de 480 leitos de UTI e 501 de enfermaria, com taxas de ocupação de 81,4% e 54%, res-

pectivamente.

*


Figura 13 – COVID-19 no Espírito Santo: óbito de mulheres por raça/cor e faixa etária


24

Apresentados esses dados, cabe à Ufes um papel fundamental, neste momento, no

que se refere às ações de combate à pandemia. A Universidade possui 19.710 alunos de

graduação, 3.829 alunos de pós-graduação e 3.933 servidores (docentes e técnicos-ad-

ministrativos), numa população de 27.572 pessoas, subdividas em quatro campi e em

três regiões do estado, sendo necessária, portanto, a elaboração de um Plano de Con-

tingência e de um Plano de Biossegurança capazes de reduzir ao máximo a circulação e

o contato entre as pessoas, no âmbito do isolamento social e do cenário pós-pandemia.

Embora a taxa de transmissibilidade tenha caído de 2,19 para 1,64 entre 21 de março e

11 de maio de 202011, ela pode facilmente retornar a patamares superiores caso o retor-

no presencial às atividades e a flexibilização do isolamento social não sejam feitos de

maneira adequada e no momento preciso. No Brasil, essa taxa é de 2,8, posição preo-

cupante segundo as autoridades em saúde coletiva.

A pandemia causada pelo novo coronavírus impôs mudanças radicais na rotina de

toda a humanidade. No mundo inteiro, escolas e universidades, por concentrarem um

número expressivo de pessoas, precisaram ser fechadas devido ao alto poder de contá-

gio do vírus. Segundo dados da UNESCO, mais de 1 bilhão de alunos de todos os níveis

e modalidades de ensino tiveram suas atividades interrompidas no mundo12.

No caso específico das universidades, em países como Alemanha, França e Itália,

o fechamento das instituições trouxe diversas consequências. Na Alemanha, no caso

da Universidade Livre de Berlim, após a suspensão das aulas presenciais, os alunos

puderam desistir de fazer as provas sem ter prejuízo acadêmico e as atividades dentro

do campus foram suspensas. Na Itália e na França, houve adoção de ensino a distân-

cia. Contudo, em ambos os países, são relatadas dificuldades para o estabelecimento

dessa modalidade, devido à falta de estrutura.

Em Portugal, 13 universidades suspenderam suas atividades presenciais13, além do

fechamento de bibliotecas e museus ligados a elas. Terminado o Estado de Emergên-

cia, na Universidade do Porto, foi iniciada a volta gradual das atividades presenciais,

11 Ataxadetransmissibilidadeindica,namédia,quantaspessoasumpacientecomCOVID-19podeinfectar.Enquantoessataxaforsuperiora1,adoençacontinuaráaseexpandir.Disponívelem:https://www.agaze-ta.com.br/es/cotidiano/estudo-mostra-queda-na-velocidade-de-transmissao-do-coronavirus-no-es-0520.Acessoem:15maio2020.

12 Disponívelem:https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse.Acessoem:24maio2020.

13 Disponívelem:https://www.leiaja.com/noticias/2020/03/12/covid-19-treze-universidades-de-portugal-sus-pendem-aulas/.Acessoem:24maio2020.


25

preconizando a manutenção do regime de ensino a distância “em que o prejuízo para

a aprendizagem do estudante não seja significativo” e do teletrabalho “para todos os

profissionais em que a sua atividade o permita”14. As atividades de ensino e de aprendi-

zagem presenciais até o final do ano letivo ficarão restritas às aulas práticas e laborato-

riais, e têm prioridade aquelas que são essenciais para a conclusão de cursos.

Na Universidade de Maryland (EUA), os alunos em vulnerabilidade social precisa-

ram fazer um cadastro para receber equipamentos, e os professores tiveram uma se-

mana para converter seus materiais para plataformas on-line. Além disso, o que é dis-

ponibilizado nas plataformas se converte em propriedade intelectual da Universidade,

sem controle, portanto, por parte de seus autores. Já na Universidade Columbia (EUA),

o relato é que as aulas foram suspensas por dois dias para orientação aos professores

quanto ao uso de uma plataforma digital.

Na Universidade de Nottingham (Inglaterra), os professores se deparam com as

dificuldades de compatibilizar ensino on-line e as tarefas domésticas, devido ao fe-

chamento das escolas primárias e secundárias. No entanto, como as universidades

inglesas cobram anuidade dos estudantes, existe grande pressão para a adoção das

ferramentas de ensino virtual. Há também a preocupação com a adesão às aulas e os

direitos autorais dos materiais. Na Universidade Nacional de Córdoba (Argentina), as

atividades presencias foram suspensas e os cursos passaram a realizar atividades e

aulas a distância logo na semana seguinte15.

Na Universidade de Pequim (China), as aulas foram suspensas, e os professores

disponibilizam aulas gravadas para os alunos e ficam disponíveis para tirar dúvidas por

meio do aplicativo WeChat16. Nas instituições italianas de Siena e Politécnica de Milão,

as aulas são ministradas totalmente a distância, “mudando todo o seu calendário aca-

dêmico por causa do coronavírus”. São utilizadas aulas ao vivo e gravadas17.

14Disponívelem:https://up.pt/covid-19/retoma-gradual-das-atividades-presenciais-na-u-porto/.Acessoem:24maio2020.

15Disponívelem:https://www.adusp.org.br/index.php/defesauniv/105-condicoes-de-trabalho/3604-pand-e-ad.Acessoem:24maio2020.

16Disponívelem:https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/04/14/estou-dando-aulas-em-beijing-sobre-o-quin-ze-que-narra-uma-tragedia-social/.Acessoem:24maio2020.

17 Disponívelem:https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/coronavirus-calendario-academico/.Acessoem:24maio2020.


26

Assim como em outras partes do mundo, no Brasil, as aulas de todas as instituições

de ensino dos diferentes níveis e modalidades foram suspensas como forma de ame-

nizar a contaminação pelo novo coronavírus. O governo federal, por meio do Ministério

da Educação, emitiu a Portaria nº 343, de 17 de março de 2020, que dispõe, no art. 1º,

sobre a substituição “das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar

a situação de pandemia”18, enfatizando, no § 2º do art. 1º, sobre a responsabilidade das

instituições quanto à “definição das disciplinas que poderão ser substituídas”, à dispo-

nibilização de ferramentas aos alunos que permitam o acompanhamento dos conteú-

dos ofertados e à realização de avaliações durante o período da autorização.

A Portaria ainda prevê, em seu art. 2º, § 1º, que, alternativamente, as atividades

poderão ser suspensas, mas que elas “deverão ser integralmente repostas para fins de

cumprimento dos dias letivos e horas-aulas estabelecidos na legislação em vigor”. No

§ 2º, assinala que “As instituições poderão, ainda, alterar o calendário de férias, desde

que cumpram os dias letivos e horas-aula estabelecidos na legislação em vigor”.

Também foi publicada a Medida Provisória nº 934, de 1º de abril de 2020, que estabe-

lece normas excepcionais quanto ao cumprimento dos 200 dias letivos para a educação

básica e para o ensino superior, devido ao enfrentamento da situação de emergência

da pandemia.

Diante das autorizações previstas na citada Portaria, segundo dados do Ministério

da Educação (MEC)19, das 69 universidades federais, que atendem a 1.123.691 estudan-

tes, sete adotaram o regime de aulas parciais (Figura 14) e outras sete optaram por

aderir a aulas com uso de Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs (Figura 15).

Outras 55 universidades são registradas pelo MEC com “aulas suspensas”, incluindo

aí aquelas que suspenderam o calendário acadêmico e aquelas que suspenderam as

atividades presenciais (Figura 16).

18ComprazoprorrogadopelaPortarianº395,de15deabrilde2020,afimdegarantirocumprimentodasdeterminaçõesdoMinistériodaSaúdequantoaoisolamentosocial.

19Disponívelem:http://portal.mec.gov.br/coronavirus/.Acessoem:24maio2020.


27

Fonte: Ministério da Educação. Acesso em: 25 maio 2020.

Figura 14: Regime de aulas parciais em universidades federais


Figura 15: Implementação de aulas TIC/remotas em universidades federais


28


Figura 16: Universidades federais com aulas suspensas


29

As universidades e os institutos federais passaram, com a suspensão das atividades

presenciais, a se dedicar a diversas ações de combate ao novo coronavírus. São inú-

meros projetos de pesquisa e de extensão desenvolvidos por professores e estudantes

das instituições. Além de ações de solidariedade em prol da comunidade acadêmica e

a sociedade civil.

Dentre os inúmeros projetos de pesquisa, destacamos o realizado pela Universidade

Federal da Paraíba que liberou a licença de um respirador pulmonar criado por pesqui-

sadores da instituição que custa 37 vezes mais barato que os disponíveis no mercado.

Já a Universidade do Rio Grande do Norte tem produzido álcool líquido para desinfetar

ambientes. A Universidade Federal de Campina Grande desenvolveu uma plataforma

que permite a consulta de dados sobre o avanço da COVID-19. E a Universidade Federal

de Alagoas abriu os seus laboratórios para auxiliar na testagem de pacientes20.

Na extensão, citamos a Universidade Federal de Ouro Preto, que desenvolveu um

programa de rádio com informações sobre a COVID-19, e também a Universidade de

Pernambuco, que criou um projeto a fim de mapear a percepção das pessoas sobre

o novo coronavírus21. Somente a Universidade de Brasília aprovou 115 projetos, nesse

período da pandemia, relacionados com a questão da COVID-19.

Há 823 pesquisas sobre coronavírus em andamento nas instituições federais de

ensino superior (Ifes) e 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes,

sendo produzidos, até o momento, 992.828 litros de álcool em gel e 912 mil litros

de álcool líquido. Há, ainda, 104 ações de produção de EPIs, sendo produzidos,

até o momento, 162.964 protetores faciais, 85.514 máscaras de pano, 20.200 uni-

dades diversas, 6 mil aventais e 2 mil capuzes. Também já foram realizadas 697

campanhas educativas e 341 ações solidárias, além de outras iniciativas. Já as

ações de testagem do coronavírus chegam a 53, com números iniciais de 2.600

testes diários e de 55.001 testes realizados. As Ifes realizaram 198 parcerias com

prefeituras e 79 com governos estaduais (MARINHO, 2020)22.

20Disponívelem:http://anesp.org.br/todas-as-noticias/2020/4/23/covid-19-o-que-fazem-as-universidades.Acessoem:24maio2020.

21 https://ufop.br/sites/default/files/relatorio_final.pdf.Acessoem:24maio2020.

22CominformaçõesdaAndifes:TherezaMarinho,disponívelem:http://ufes.br/conteudo/andifes-divulga-numeros-sobre-atuacao-das-universidades-no-combate-covid-19.Acessoem:24maio2020.


30

Além das ações de pesquisa e de extensão, as universidades federais encontram-se

engajadas em ações de solidariedade em prol das comunidades. No relatório apresen-

tado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Supe-

rior (Andifes), foram apontadas 341 ações solidárias de 46 universidades.

Além das universidades federais, também podemos destacar o trabalho desenvol-

vido pelas universidades estaduais em todo território nacional, que também têm se

engajado em projetos de combate à pandemia. A Universidade de São Paulo tem proje-

tos na área de diagnóstico da doença, desenvolvimento de ventiladores de baixo custo,

vacina, tratamentos, simuladores dos números da COVID-19, investigação dos efeitos

da pandemia na vida social, equipamentos de proteção individual, qualidade do ar,

administração e economia durante a pandemia23

Na Universidade Federal do Espírito Santo, as atividades presenciais estão suspen-

sas desde o dia 17 de março de 2020, por meio da Resolução nº 4/2020, atualizada pela

Resolução nº 7/2020, ambas do Conselho Universitário. Nesses documentos, fica esta-

belecida a suspensão das atividades de ensino presenciais, a manutenção de serviços

essenciais e a possibilidade de realização de “atividades de apoio ao ensino-aprendi-

zagem, de caráter opcional por parte dos discentes, não avaliativas e sem cômputo

de crédito ou carga horária para disciplinas regulares”. A proposição dessas atividades

visou, como escrito na segunda resolução, no seu art. 8o, “manter redes de amparo e de

interação com os estudantes e também proporcionem ampliação, aprofundamento e

produção de conhecimentos, assim como aprimoramento profissional, observando-se

e respeitando-se a heterogeneidade”.

Assim como as universidades citadas anteriormente, a Ufes também possui diver-

sos projetos que estão em desenvolvimento para o combate ao novo coronavírus . No

campo das ações solidárias, mais de oito toneladas de alimentos dos Restaurantes

Universitários já foram doadas a instituições filantrópicas e quase dez mil máscaras

de tecido foram fabricadas e doadas a pessoas em situação de vulnerabilidade social

pelos projetos Máscaras Solidárias desenvolvidos nos campi de Maruípe e de Alegre.

23Disponívelem:https://jornal.usp.br/universidade/usp-contra-a-covid-19-conheca-as-varias-acoes-da-uni-versidade-para-ajudar-no-combate-a-pandemia/.Acessoem:24maio2020.

24AlgumasdasaçõesdesenvolvidaspelasUfespodemservisualizadasem:http://coronavirus.ufes.br/inicia-tivas.Acessoem:25maio2020.


31

Entre as inúmeras ações realizadas por professores, técnicos e discentes da Ufes,

nas mais diferentes áreas de conhecimento, destacamos alguns exemplos de atuação

da Universidade no enfrentamento ao novo coronavírus: o mapeamento do número de

leitos hospitalares e de respiradores no Espírito Santo; planejamento sobre as pers-

pectivas futuras para o controle da COVID-19; desenvolvimento de modelo matemático

para simulação do avanço do coronavírus; produção de sabão pelo Projeto Sabão Eco-

lógico; canal de assistência auxiliar para fisioterapeutas no atendimento a pacientes da

COVID-19; restauro de camas e de equipamentos hospitalares; indicação de materiais

sobre a COVID-19 a pessoas com deficiência; fabricação e distribuição de álcool em gel;

elaboração de livro que responde a dúvidas de crianças sobre a COVID-19; vídeos de

conscientização sobre a COVID-19 para as crianças; participação em projeto de tradução

de informações sobre favelas brasileiras para disponibilizar, em inglês, a agentes inter-

nacionais que desejam fazer doações a coletivos, associações e cooperativas de am-

paro às favelas; fabricação de equipamentos de proteção individual para profissionais

da saúde; Projeto Ação Cidadã – programa de combate à pandemia em comunidades

da Grande Vitória; ação de combate a fake news sobre a COVID-19; cessão de equipa-

mentos para diagnóstico da COVID-19 ao Laboratório Central da Sesa; propostas para

período de pandemia com vistas a reduzir impactos sociais e econômicos à população,

entre outras.

Assim, todas as ações da Universidade, desde a suspensão das atividades presen-

ciais, em 17 de março de 2020, têm sido no sentido de garantir a proteção da comuni-

dade universitária, e também da sociedade capixaba, por meio do desenvolvimento de

pesquisas e de extensão. As atividades administrativas desempenhadas pelos nossos

técnicos-administrativos em educação e pelos gestores estão sendo realizadas por meio

de trabalho remoto, proporcionado graças à informatização dos processos ocorrida nos

últimos anos. Desse modo, conseguimos garantir, por exemplo, progressões funcionais

de técnicos e de docentes, planejamentos de capacitação, reuniões dos conselhos, dos

colegiados e das câmaras, aquisição de equipamentos para proteção individual, trami-

tação de todos os processos de interesse público, realização de colações de grau etc.

A partir de agora, precisaremos, coletivamente, continuar a planejar ações que leva-

rão ao retorno gradual das nossas atividades, pois, conforme demonstrado na primeira

parte desta Introdução, os cenários que se avizinham não são os mais animadores.


32

2 Realizar diagnósticos, por meio de enquetes e outros instrumentos, com a comunidade acadêmica da Ufes (em elaboração):

2.1. Realizar enquetes com alunos de graduação e de pós-graduação, visando à per-

cepção do perfil socioeducacional e de acesso à internet e às tecnologias de in-

formação e comunicação, bem como para captar a opinião desse público sobre as

possíveis estratégias a serem adotadas;

2.2. Realizar enquetes com o corpo docente, visando conhecer as condições de traba-

lho e a identificação de suas posições com relação ao isolamento social, sua flexi-

bilização e alternativas acadêmicas para as atividades de ensino, de pesquisa e de

extensão;

2.3. Realizar enquetes com os servidores técnico-administrativos, visando conhecer as

condições de trabalho e a identificação de suas posições com relação ao isolamen-

to social, sua flexibilização e alternativas operacionais para as atividades que de-

senvolvem;

2.4. Realizar enquetes com os gestores (docentes e técnicos-administrativos) visando

apreender suas percepções acerca dos fatores de risco associados à COVID-19 e

possível retorno ao trabalho após o período de isolamento, bem como seu conhe-

cimento em relação às atividades remotas; e

2.5. Realizar enquetes com a sociedade em geral e com o público externo, visando apre-

ender sua percepção das ações acadêmicas e administrativas adotadas pela Ufes

durante o isolamento social e no cenário pós-pandemia.

Tais objetivos estão esquematizados na figura a seguir:


33

3 Propor estratégias e metodologias remotas em face de contingências (em elaboração):

3.1 Propor, com base nos dados produzidos por meio das enquetes, formas de reorga-

nização das atividades acadêmicas dos cursos de graduação e de pós-graduação,

observando a oferta dos cursos;

3.2 Garantir e ampliar a relevância social da instituição em diversas áreas do conheci-

mento durante o isolamento social e no cenário pós-pandemia;

3.3 Pensar, a partir dos dados das enquetes, estratégias educacionais que possam ser

desenvolvidas remotamente;


34

3.4 Propor, em médio e longo prazos, a normatização dos Projetos Pedagógicos de Cur-

sos para utilização de metodologias de ensino a distância em situações ordinárias

e/ou contingenciais, tais como futuros períodos de isolamento social;

3.5 Propor às instâncias pertinentes que debatam constantemente com a comunidade

acadêmica sobre a qualidade de ensino dos cursos ofertados pela Ufes; e

3.6 Implementar processo de formação dos professores para a utilização de ferramen-

tas on-line, se adotadas.



35

4 Propor ações de extensão vinculadas à COVID-19 (ações já em curso):

4.1. Valer-se da extensão como veículo de combate às desigualdades sociais, amplian-

do-se ainda mais a política de abertura de editais específicos para o combate à

pandemia;

4.2. Propor, a partir do conhecimento gerado no contexto da pandemia, ações de exten-

são relevantes para a sociedade associadas ao combate à COVID-19;

4.3. Propor ações de divulgação e de projetos de extensão que sejam factíveis em con-

texto de isolamento social; e

4.4. Ampliar a participação da sociedade na Ufes em eventos on-line ou presenciais

(quando autorizados) que divulguem as diversas ações empreendidas durante a

pandemia e o isolamento social.



36

5 Propor ações de pesquisa vinculadas à COVID-19 (ações já em curso):

5.1 Propor ações de pesquisas relacionadas à COVID-19 no âmbito dos laboratórios, do

Hucam e dos programas de pós-graduação da Ufes;

5.2 Propor a priorização de recursos financeiros da Ufes, de agências de fomento

(Fapes) e de instituições parceiras para desenvolvimento de pesquisa, tradução e

publicação de artigos/comunicações científicas relacionadas à COVID-19;

5.3 Incentivar a disponibilização de equipamentos e de servidores para a testagem do

coronavírus; e

5.4 Propor a priorização de recursos financeiros para a manutenção de equipamentos

necessários à testagem do coronavírus.



37

6 Propor formas de reorganização das atividades administrativas em face de contingências (em elaboração):

6.1 Desenvolver ferramentas de trabalho remoto por meio da Superintendência de Tec-

nologia da Informação (STI) e da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep);

6.2 Definir, em função dos níveis de isolamento, metodologias que garantam o distan-

ciamento social nos termos encaminhados pelo COE;

6.3 Promover a formação de gestores e de técnicos-administrativos em educação vi-

sando à utilização de ferramentas de trabalho remoto; e

6.4 Replanejar os afastamentos de capacitação previstos para servidores docentes e

técnicos-administrativos.



38

7 Propor a organização de campanhas educativas que visem à prevenção da contaminação pela COVID-19 a serem desenvolvidas pela Superintendência de Comunicação – Supec (em elaboração):

7.1 Propor campanhas de valorização da Ufes e de seus serviços, docentes, técnicos-adminis-

trativos e estudantes, com ênfase na visibilidade às ações específicas sobre a COVID-19;

7.2 Indicar campanhas de conscientização e de preservação dos espaços públicos;

7.3 Propor ações de prevenção e de conscientização sobre a necessidade de distancia-

mento social;

7.4 Recomendar a construção de sistema de comunicação (aplicativo) que propicie

imediato abastecimento de itens de higiene pessoal e execução de serviços de lim-

peza nos espaços da Universidade; e

7.5 Liberar a logomarca da Ufes para utilização em equipamentos de proteção indivi-

dual (EPIs) adquiridos pela instituição.



39

8 Propor ações relacionadas à infraestrutura física ao fim do isolamento social (em elaboração):

8.1 Sugerir adequação de espaços de ampla circulação (Biblioteca Central e Setoriais,

Restaurantes Universitários, Teatro Universitário, Cine Metrópoles e demais auditó-

rios da Ufes);

8.2 Sugerir a promoção de adequações em espaços de ampla circulação destinados

às atividades físicas (aulas e práticas esportivas), tais como ginásio, salas de luta,

dança, vestiários, entre outros;

8.3 Sugerir formas de organização de salas de aula e laboratórios de aulas práticas

visando à garantia do nível de distanciamento social determinado pelo COE;

8.4 Propor a instalação de dispenser para papel toalha, sabonete líquido e álcool em

gel, como também de higienizadores para os pés nas entradas dos ambientes e de

barreiras de testagem;

8.5 Sugerir alterações de layout de espaços administrativos visando à garantia do nível

de distanciamento social determinado pelo COE; e

8.6 Empreender especial atenção aos espaços universitários mais diretamente ligados

à área da saúde, considerando a maior incidência de contaminação.



40

9 Propor replanejamento de compras, de revisão de contratos e de dotação orçamentária (ações em curso):

9.1 Em um possível retorno às atividades presenciais, antecipar e dinamizar processos

de aquisição por parte da Ufes;

9.2 Garantir a aquisição e a distribuição de insumos de proteção (EPIs e produtos para

higienização), como também a desinfecção dos espaços da Universidade;

9.3 Redefinir, no âmbito do Planejamento Estratégico, das prioridades de compra e

aquisição, com a celeridade que o contexto exige, a partir dos cenários estabeleci-

dos;

9.4 Revisar/ampliar contratos essenciais com vistas a proporcionar melhor conserva-


41

ção dos campi, notadamente o de limpeza de áreas internas e externas;

9.5 Indicar aquisição de equipamentos que permitam a realização de trabalho remoto; e

9.6 Buscar a viabilização de estratégias de aquisição de EPIs de baixa complexidade

(máscaras) que privilegiem pequenos produtores e cooperativas locais, buscando

melhor distribuição de renda na comunidade, valendo-nos de Grupos PET, Empre-

sas Juniores e demais núcleos de pesquisa que já possuem expertise em trabalho

comunitário e economia solidária.



42

10 Ampliar o apoio psicológico aos estudantes e servidores (docentes e técnicos-administrativos em educação), como também ampliar os esforços com vistas à permanência durante e após o isolamento social (ações já em curso):

10.1 Incentivar a criação de redes solidárias entre os membros de nossa comunidade,

voltadas, inclusive aos estudantes e profissionais advindos de mobilidade acadê-

mica/internacionalização, valendo-se de serviços (Diretoria de Atenção à Saúde

– DAS/Progep) e núcleos (Núcleo de Psicologia Aplicada do Centro de Ciências Hu-

manas e Naturais – NPA/CCHN) já existentes;

10.2 Incentivar ações que mantenham o contato, mesmo que remoto, entre membros

da comunidade acadêmica;

10.3 Dar visibilidade às ações institucionais e aos canais de comunicação como forma

de fomentar a sensação de pertencimento, mesmo em cenário tão adverso; e

10.4 Ampliar os esforços institucionais com vistas à permanência de nossos estudan-

tes, em especial àqueles em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica.



43

Serão utilizadas, para o alcance dos objetivos, estatísticas e quadros de informa-

ções disponibilizadas pelas unidades administrativas e acadêmicas da Ufes. Para além

das informações já disponíveis, o GT promoverá mapeamento do perfil de nossa co-

munidade a partir de enquetes, notadamente para medir a amplitude e a qualidade de

acesso à internet e suas condições de trabalho/estudo em seus domicílios, e a opinião

sobre adoção das estratégias propostas.

Considerando o objetivo deste Grupo de Trabalho, qual seja, o de produzir um Plano

de Contingência, também serão realizadas reuniões com pró-reitores, diretores de cen-

tros de ensino, servidores técnico-administrativos em educação, membros do COE e do

Gabinete da Reitoria e com as entidades representativas, a sociedade civil organizada e

os poderes públicos municipais, estadual e federal, de modo a construir coletivamente

as reflexões e os encaminhamentos pertinentes à sua área de conhecimento, gestão e

representação política, tal como explicitado na figura a seguir:

METODOLOGIA4


44


45

Um plano de contingência, no caso da COVID-19, deve estar em consonância com as

determinações sanitárias e de prevenção advindas das esferas administrativas federal,

estadual e municipais, preservando a autonomia da universidade para suas delibera-

ções. Deve ser municiado com o conhecimento produzido no âmbito do COE e debati-

do com a comunidade acadêmica. Noutros termos, embora se destine ao conjunto de

estudantes e servidores (docentes e técnicos-administrativos) da Ufes, deve levar em

consideração as interações, intersecções e externalidades a ela vinculadas. Portanto,

faz-se necessário o diuturno acompanhamento da pandemia no país e no mundo, a

partir dos quais diversos objetivos, aqui descritos, serão “calibrados”.

Cada um dos objetivos gerais e específicos se desdobram em uma série de

tratativas com diversas unidades organizacionais, conforme esquematizado, ao

que esperamos contar com a participação de todos e todas. Encontramo-nos em

etapa de elaboração do Plano e agradecemos as sugestões que forem enviadas

para [email protected].

CONSIDERAÇÕES FINAIS5


46

Business continuity planning BCP da Yale University. Disponível em: https://emergen-

cy.yale.edu/planning/business-continuity-planning. Acesso em: 29 abr. 2020.

Business continuity planning. BCP da Universidade do Estado da Califórnia. Disponí-

vel em: https://www.calstatela.edu/sites/default/files/groups/Environmental%20Heal-

th%20and%20Safety/pandemic_master_april_2019.pdf. Acesso em: 29 abr. 2020.

Business continuity planning. BCP Harvard. Disponível em: https://www.ehs.harvard.

edu/programs/business-continuity. Acesso em: 29 abr. 2020.

Business continuity planning. BCP Universidade de Essex. Disponível em: https://www.

essex.ac.uk/-/media/documents/about/governance/university-of-essex-covid19-busi-

ness-continuity-plan-v1.pdf. Acesso em: 29 abr. 2020.

Regime de Tratamento Especial – UNIFEI. Disponível em: https://unifei.edu.br/blog/

regime-de-tratamento-excepcional-para-os-cursos-de-graduacao-presenciais/. Acesso

em: 27 abr. 2020.

UFRB. Plano de Contingência 2019. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/portal/ima-

ges/coronavirus/plano-contingencia-ufrb-covid19.pdf. Acesso em: 1º maio 2020.

REFERÊNCIAS6


47

UFRJ. Plano de Contingência para enfrentamento da pandemia causada pelo novo co-

ronavírus (covid-19). Disponível em: https://coronavirus.ufrj.br/wp-content/uploads/si-

tes/5/2020/04/Plano-de-Continge%CC%82ncia1.pdf. Acesso em: 1º maio 2020.

UnB. Plano de Contingência em saúde do coronavírus para a UnB. Disponível em: ht-

tps://noticias.unb.br/images/Noticias/2020/Documentos/Plano_de_Contigencia_Coro-

na_Virus_UnB.pdf. Acesso em: 1º maio 2020.

Grupo de Trabalho

Portaria nº 248, de 28 de abril de 2020.

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