plano de combate a desertificação em mg

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PLANO DE AO ESTADUAL DE COMBATE DESERTIFICAO E MITIGAO DOS EFEITOS DA SECA DE MINAS GERAIS PAE/MG

Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel

PROGRAMA DE AO NACIONAL DE COMBATE A DESERTIFICAO E MITIGAO DOS EFEITOS DA SECADESERTIFICA MITIGA SECAPAN-Brasil PAN-

Ministrio do Meio AmbienteSecretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural SustentvelCoordenao de Combate Desertificao

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PLANO DE AO ESTADUAL DE COMBATE DESERTIFICAO E MITIGAO DOS EFEITOS DA SECA DE MINAS GERAIS PAE/MG RELATRIO FINALNovembro/2010

REALIZAO MINISTRIO DO MEIO AMBIENTESecretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel Coordenao de Combate Desertificao

PROGRAMA DE AO NACIONAL DE COMBATE DESERTIFICAO E MITIGAO DOS EFEITOS DA SECA PAN - BRASIL CO-REALIZAO/SUPERVISO SECRETARIA DE ESTADO EXTRAORDINRIA PARA O DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI E DO NORTE DE MINASInstituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais

Ministrio do Meio Ambiente MMA Coordenao de Combate Desertificao Secretaria Executiva SGAN Quadra 601 Lote 1 Edifcio Sede da CODEVASF 4 andar sala 401 CEP.: 70830 901 Braslia/DF Fones: +55 61 4009 1295 4009 1861 e-mail: [email protected] Stio eletrnico: http://desertificacao.cnrh-srh.gov.br Secretaria Extraordinria para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas - SEDVAN Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais IDENE Projeto Estruturador de Convivncia com a Seca Cidade Administrativa do Governo de Minas Gerais Rodovia Prefeito Amrico Gianetti, s/n Bairro Serra Verde CEP 31630-900 Belo Horizonte MG Fones: 31 39155261 31 39155237 Stio eletrnico: www.idene.mg.gov.br

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SUPERVISO E REVISO: CCD/MMA/BRASIL Marcos Dal Fabbro e Luciana Hemtrio Valadares SEDVAN/IDENE/MINAS GERAIS Rbio de Andrade PARCERIA: INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAO PARA A AGRICULTURA/IICA - REPRESENTAO NO BRASIL PONTO FOCAL DA SOCIEDADE CIVIL: CRITAS DIOCESANA DE ALMENARA/ASA Decanor Nunes dos Santos CONSULTORIA TCNICA/ELABORAO: COOPERATIVA MULTIDISCIPLINAR DE ASSISTNCIA TCNICA E PRESTAO DE SERVIOS LTDA.

Rua Coronel Lopinho, 71, Morada do Parque. Cidade: Montes Claros UF: MG CEP: 39.401-355 Telefax: (38) 3214 2299. CNPJ-00.940.660/0001-52

EQUIPE DA COOMAP Djalma Marcelino Duarte - Eng. Agrnomo (coordenao geral) Luiz Arnaldo Fernandes - Eng. Agrnomo, DSc. (coordenao tcnica) Aparecida de Ftima Andrade - Cientista Social Csar Vincius Mendes Nery - Eng. Agrnomo, MSc. Dbora Saraiva Guimares Rocha Assistente Social Hlio de Morais Filho - Eng. Civil Mrcia Jlia Filocre Saraiva Pedagoga Marco Alexandre Souza Silva - Zootecnista Natlia Campos Guimares Almeida - Nutricionista Odilon Martins Guimares Jnior - Socilogo Sandra Ferreira dos Santos Administradora CONSULTORES DA COOMAP Joo Alberto Pratini Moraes - Gelogo, PhD. Geologia Eduardo Antonio Pinto Campelo - EconomistaEste documento, elaborado de acordo com os Termos de Referncia Solicitao de Propostas 480/2009 do Ministrio do Meio Ambiente, corresponde ao RELATRIO FINAL do Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca no Estado de Minas Gerais PAE-MG. Novembro/2010

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CONTEDO APRESENTAO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE SIGLAS SUMRIO EXECUTIVO 006 007 009 013 017

1.

INTRODUO

025 025 027 030

1.1. ANTECEDENTES 1.2. DESERTIFICAO: CONCEITOS E LOCALIZAO 2. 3. METODOLOGIA DIAGNSTICO AMBIENTAL DAS REAS SUSCETVEIS DESERTIFICAO 3.1. CLIMA 3.2. GEOLOGIA 3.3. RELEVO 3.4. SOLOS 3.5. VEGETAO 3.6. RECURSOS HDRICOS 3.7. UNIDADES DE CONSERVAO 3.8. AGROPECURIA 3.9. SITUAO SOCIOECONMICA 4. DIAGNSTICO INSTITUCIONAL DAS REAS SUSCETVEIS DESERTIFICAO 5. PROJEES

034 034 038 041 044 051 057 073 086 089

102 111 111 116 121 124

5.1. HISTRICO E CAUSAS DO AQUECIMENTO GLOBAL 5.2. EMISSES DE GASES DE EFEITO ESTUFA EM MINAS GERAIS 5.3. CENRIOS FUTUROS 5.4. CENRIOS FUTUROS PARA MINAS GERAIS 6. PROGNSTICO E PROPOSIES PARA AS REAS SUSCETVEIS DESERTIFICAO 6.1. EIXO TEMTICO AMBIENTAL 6.2. EIXO TEMTICO ECONMICO/PRODUTIVO

139 141 141

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6.3. EIXO TEMTICO SOCIAL 6.4. EIXO TEMTICO INSTITUCIONAL 6.5. ESTIMATIVAS DOS INVESTIMENTOS PARA A IMPLANTAO DAS AES PROPOSTAS 6.6. DETALHAMENTO CONCEITUAL E DE CUSTOS DAS AES 6.7. ESTRUTURA DE GESTO DO PAE MG: ARRANJOS INSTITUCIONAIS E POLTICAS PBLICAS REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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148 150

179 181

ANEXO 1. RELATRIO DAS OFICINAS MICRORREGIONAIS E SEMINRIO FINAL DO PAE- MG 191

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APRESENTAOEm consonncia com a Solicitao de Propostas N 480/2009 a Cooperativa Multidisciplinar de Prestao de Servios e Assistncia Tcnica Ltda. COOMAP apresenta este Relatrio Final, sistematizado em um nico documento, conforme Plano de Trabalho/Produto I do Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao - PAE-MG, aprovado pelo Estado de Minas Gerais e pelo MMA. O presente Relatrio Final resultante do Projeto de Cooperao Tcnica BRA/IICA/05/004 - Apoio s Aes de Implementao do Programa de Ao de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca - PAN BRASIL sob a responsabilidade do Ministrio do Meio Ambiente- MMA. A COOMAP venceu a licitao do MMA para a elaborao do Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca de Minas Gerais. Este Plano, que um desdobramento do Plano de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca, pretende orientar a poltica estadual de combate desertificao e a implantao de suas aes em Minas Gerais, atravs da colaborao entre o Governo Federal e o Governo de Minas Gerais para a mitigao dos efeitos da seca e o desenvolvimento sustentvel da regio que contm as reas suscetveis desertificao (ASDs) no Estado. Este documento resulta da consolidao de trs trabalhos/produtos parciais elaborados por uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas em planejamento regional, economia, sociologia, solos, recursos hdricos, vegetao, metereologia e questes relativas s regies secas e semi-ridas, sob a coordenao da COOMAP e com a participao e superviso do Governo Estadual atravs da Secretaria Extraordinria para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas SEDVAN e do Ministrio do Meio Ambiente, atravs da Coordenao de Combate Desertificao. As partes que compem este Relatrio Final, nos termos do Plano de Trabalho aprovado e que foram consolidadas nesta verso final so: a) Diagnstico Ambiental e Institucional das reas Susceptveis Desertificao do Estado de Minas Gerais; b) Projees: Mudanas Climticas X Impactos Ambientais e Socioeconmicos nas reas Susceptveis Desertificao do Estado de Minas Gerais; c) Prognstico e Aes para o Combate Desertificao no Estado de Minas Gerais.

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1. reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais FIGURA 1.2. reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais FIGURA 2.1. Municpios mineiros das reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais FIGURA 3.1. Precipitao pluviomtrica mdia nas reas susceptveis

desertificao do Estado de Minas Gerais FIGURA 3.2. Temperatura mdia anual nas reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais FIGURA 3.3. Dficit hdrico mdio anual das reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais FIGURA 3.4. Relevo predominante nas ASDs no Estado de Minas Gerais. FIGURA 3.5. Classes de solos das reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.6. Vegetao nativa das reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.7. Bacias hidrogrficas dos principais rios das reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.8. Municpios das reas susceptveis desertificao que apresentam unidade de conservao FIGURA 3.9. Distribuio da populao nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.10. Distribuio da renda per capita nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.11. Distribuio da renda per capita nos municpios de Minas Gerais FIGURA 3.12. Distribuio de intensidade de pobreza nos municpios de Minas Gerais FIGURA 3.13. Distribuio da esperana de vida ao nascer nos municpios de Minas Gerais FIGURA 3.14. Distribuio da esperana de vida ao nascer nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.15. Distribuio do percentual de pessoas com domiclios com banheiro e gua encanada nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais

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FIGURA 3.16. Distribuio do percentual de pessoas que vivem em domiclios com banheiros e gua encanada nos municpios de Minas Gerais FIGURA 3.17. Analfabetismo nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.18. Distribuio do ndice de Desenvolvimento Humano Municipal na educao nos municpios de Minas Gerais FIGURA 3.19. Distribuio do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais FIGURA 3.20. Distribuio do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos municpios de Minas Gerais FIGURA 5.1. Temperatura mdia anual compensada em Januria, em C FIGURA 5.2. Temperatura mdia anual compensada em Montes Claros, em C FIGURA 5.3. Temperatura mdia anual compensada em Araua, em C FIGURA 5.4. Temperatura mdia anual compensada em Pirapora, em C FIGURA 5.5. Temperatura mdia anual compensada em Tefilo Otoni, em C FIGURA 5.6. Temperatura mdia anual compensada em Curvelo, em C FIGURA 5.7. Temperatura mdia anual compensada em Espinosa, em C, no perodo de 1975-2000 FIGURA 5.8. Temperatura mdia anual compensada em Monte Azul, em C, no perodo de 1975-2000 FIGURA 5.9. Tendncia geral de elevao da temperatura do ar nas ASDs FIGURA 5.10. Variao da temperatura mdia anual, global e de Belo Horizonte, de acordo com os desvios da temperatura mdia do perodo 1961-90 FIGURA 5.11. Isotermas da temperatura mdia compensada anual em Minas Gerais: referentes ao perodo 1901-45 (linhas tracejadas) e 1991-2000 (linhas cheias)

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LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1. Correlao entre as principais classes de solos descritas por Embrapa (1979) para as reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais e o atual Sistema Brasileiro de Classificao do Solo TABELA 3.2. rea, percentual e diferena no perodo de 2005 a 2007 das florestas nativas por sub-bacia hidrogrfica nas ASDs TABELA 3.3. reas, percentual e a diferena no perodo de 2005 a 2007 dos reflorestamentos de eucalipto por sub-bacia hidrogrfica nas ASDs TABELA 3.4. reas, percentual e a diferena no perodo de 2005 a 2007 dos reflorestamentos de pinus por sub-bacia hidrogrfica nas ASDs TABELA 3.5. Principais rios das ASDs, por bacia hidrogrfica, vazo mdia de longo perodo (Qmlp) e local da vazo TABELA 3.6 Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos e respectivos municpios pertencentes s ASDs TABELA 3.7. Qualidade das guas dos principais rios das ASDs do estado de Minas Gerais TABELA 3.8. Nmero de municpios com ocorrncia de veredas nas ASDs TABELA 3.9. Outorgas superficiais e subterrneas nas ASDs registradas no Sistema Integrado de Informao Ambiental (SIAM) TABELA 3.10. reas declaradas de conflito por cursos dgua nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.11. Parques federais nas reas susceptveis desertificao de Minas Gerais TABELA 3.12. Parques estaduais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.13. reas de proteo ambiental federais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.14. reas de proteo ambiental estaduais nas ASDs de Minas Gerais. TABELA 3.15. reas de proteo ambientais municipais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.16. Reservas biolgicas estaduais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.17. Reservas Biolgicas federais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.18. Reservas estaduais de desenvolvimento sustentvel nas de Minas Gerais

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TABELA 3.19. Reservas biolgicas municipais nas ASDs do Estado de Minas Gerais TABELA 3.20. Estaes ecolgicas estaduais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.21. Estaes ecolgicas municipais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.22. Refgios estaduais de vida silvestre nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.23. Florestas municipais nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.24. Reservas particulares de patrimnio natural nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.25. reas indgenas nas ASDs de Minas Gerais TABELA 3.26. Principais atividades agrossilvipastoris registradas no SIAM de empreendimentos que deram entrada para regularizao ambiental nas ASDs TABELA 4.1. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca Ministrio do Desenvolvimento Agrrio TABELA 4.2. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca CODEVASF TABELA 4.3. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca EMATER/MG TABELA 4.4. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca RURALMINAS TABELA 4.5. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca Gabinete Militar do

Governador/Coordenadoria de Defesa Cvel de MG TABELA 4.6. Programas, projetos e aes governamentais relacionados desertificao e mitigao dos efeitos da seca SEDVAN/IDENE TABELA 5.1. Participao dos setores socioeconmicos nas emisses TABELA 5.2. Participao dos subsetores industriais nas emisses totais do Setor Energia e participao dos energticos nas emisses totais do Setor Energia no ano de 2005 em Minas Gerais TABELA 5.3. Participao dos subsetores industriais nas emisses totais do Setor Processos Industriais e Uso de Produtos no ano de 2005 em Minas Gerais TABELA 5.4. Participao das fontes nas emisses totais do Setor Agricultura, Florestas e Outros Usos do Solo no ano de 2005 em Minas Gerais

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TABELA 5.5. Participao das Fontes nas Emisses Totais do Setor Resduos no ano de 2005 em Minas Gerais TABELA 5.6. Participao dos setores nas emisses totais de gases de efeito estufa em Minas Gerais no ano de 2005 em Minas Gerais TABELA 5.7. Participao dos Gases nas Emisses Totais de Minas Gerais no ano de 2005 em Minas Gerais TABELA 5.8. Temperaturas mdias anuais no perodo de 1901 a 200 e projees para o ano 2050 TABELA 6.1. Aes proposta para o eixo temtico ambiental do PAE-MG TABELA 6.2. Aes propostas para o eixo temtico econmico/produtivo das ASDs do PAE-MG TABELA 6.3. Aes propostas para o eixo temtico social do PAE-MGTABELA 6.4. Aes propostas para o eixo temtico institucional do PAE-MG TABELA 6.5. Investimentos para a implantao das aes propostas para o eixo temtico ambiental TABELA 6.6. Investimentos para a implantao das aes propostas para o eixo temtico econmico/produtivo TABELA 6.7. Investimentos para a implantao das aes propostas para o eixo temtico social TABELA 6.8. Sntese dos investimentos totais para a implantao das aes propostas do PAE MG por tipo de ASDs (em R$ 1,00) TABELA 6.9. Responsveis pelo sistema de operao de esgoto sanitrio nos municpios das reas susceptveis a desertificao em Minas Gerais TABELA 6.10. Faixa de populao, populao dos municpios por faixa, custo por habitante e total para a implantao de estaes de tratamento de esgoto TABELA 6.11. Estimativa de custo para a implantao dos aterros sanitrios em consrcios e dos galpes por municpios TABELA 6.12. Nmeros estimados de nascentes e custos para cercamento nas ASDs de Minas Gerais TABELA 6.13. reas vulnerveis a eroso do solo, quantidades de bacia de captao de gua da chuva e custos de construo TABELA 6.14. Nmero de propriedades rurais nas ASDs de Minas Gerais e o custo para o cadastramento das propriedades

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TABELA 6.15. reas vulnerveis a eroso do solo, quantidades de terraos e custos de construo TABELA 6.16. Custo do diagnostico detalhado da desertificao das terras TABELA 6.17. Estimativa de custos para pagamento de servios ambientais em nascentes nas ASDs TABELA 6.18. Custo para implantao de viveiros para produo de mudas de espcies nativas TABELA 6.19. Estimativa de custo de implantao de irrigao utilizando o sistema BUBBLER nas propriedades rurais das ASDs. TABELA 6.20. Estimativa de custos de implantao de pequenas fbricas de beneficiamento de frutas nas ASDs de Minas Gerais TABELA 6.21. Custo de implantao de unidades de triagem e reciclagem de lixo TABELA 6.22. Estimativa de custos para a implantao de aes de educao contextualizada do campo nas ASDs TABELA 6.23. Nmero de famlias, nmero de cisternas de placas e custo de implantao TABELA 6.24. Estimativa do custo de implantao de hidrmetros nas residncias rurais das ASDs de Minas Gerais

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LISTA DE SIGLAS AAF - Autorizao Ambiental de Funcionamento ACCOMONTES - Associao de Criadores de Caprinos e Ovinos de Montes Claros ADENE - Agncia do Desenvolvimento do Nordeste AMEIS - Associao Mineira de Entidades de Interesse Social ANA - Agncia Nacional de guas APA - rea de Proteo Ambiental APPs - reas de Preservao Permanente ASA - Articulao do Semi-rido ASDs - reas Susceptveis a Desertificao BIRD - Banco Internacional de Reconstruo e Desenvolvimento BPC - Benefcio de Prestao Continuada da Assistncia Social BPC - Benefcio de Prestao Continuada da Assistncia Social CAA - Centro de Agricultura Alternativa CAMPO VALE - Centro de Assessoria aos Movimentos Populares do Vale do Jequitinhonha CAV - Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica CBH - Comits de Bacia Hidrogrfica CCD - Coordenao Tcnica de Combate Desertificao CEMIG - Companhia Energtica de Minas Gerais CEPAGRI/UNICAMP - Centro de Pesquisas Meteorolgicas e Climticas Aplicadas Agricultura/ Universidade de Campinas CMDRS - Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentvel CNUMC - United Nations Framework Convention on Climate Change CODEMA - Conselho Municipal de Conservao e Defesa do Meio Ambiente CODEVALE - Comisso de Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e Parnaba CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente COOMAP - Cooperativa Multidisciplinar de Assistncia Tcnica e Prestao Servios Ltda. COP - Conferncia das Partes

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COP3 - Conferncia das Partes realizada em Recife PE COPAM - Conselho Estadual de Poltica Ambiental COPAM/CERH-MG - Conselho Estadual de Polticas Ambientais/Conselho Estadual de Recursos Hdricos de Minas Gerais COPANOR - Servios de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais CRAS - Centro de Referencia da Assistncia Social CUC - Coeficiente de Uniformidade de Christiansen DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra a Seca EA - Eficincia de Aplicao EFAs - Escolas Famlia Agrcola EMATER - Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural EMBRAPA - Empresa de Pesquisa Agropecuria Brasileira EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais FBOMS - Frum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento FEAM - Fundao Estadual do Meio Ambiente FETAEMG - Federao dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais FHIDRO - Fundo de Recuperao, Proteo e Desenvolvimento Sustentvel das Bacias Hidrogrficas do Estado de Minas Gerais FIRJAN - Federao das Indstrias do Estado do Rio de Janeiro FUNARBE - Fundao Arthur Bernardes FUNASA - Fundao Nacional de Sade GTCD - Grupo de Trabalho de Combate Desertificao HIDROTEC - Planejamento e Gesto dos Recursos Hdricos IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica ICMS - Imposto Sobre Circulao de Mercadorias IDH - ndice de Desenvolvimento Humano IDENE Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais IEF - Instituto Estadual de Florestas IFOCS - Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

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IGAM - Instituto Mineiro de Gesto das guas IICA - Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura IMA - Instituto Mineiro de Agropecuria INCRA - Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change JBIC - Japan Bank for International Cooperation MDA - Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA/SRA - Ministrio do Desenvolvimento Agrrio/Secretaria de Reordenamento Agrria MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDS Ministrio Desenvolvimento Social e Combate Fome MEC - Ministrio da Educao MMA - Ministrio do Meio Ambiente ONGs - Organizaes No Governamentais PAA - Programa de Aquisio de Alimentos PAE-MG - Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca no Estado de Minas Gerais PAN Brasil - Plano de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca PAPP - Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural PCPR - Projeto de Combate Pobreza Rural PDI-JEPAR - Programa Plano Diretor do Jequitinhonha e Pardo PDRI - Plano de Desenvolvimento Regional Integrado PETI - Projeto de Educao e Tecnologias Inteligentes PLANVALE - Plano Diretor de Recursos Hdricos para os Vales Jequitinhonha e Pardo PNUMA - Programa das Naes Unidas pelo Meio Ambiente PRODEA - Programa de Distribuio Emergencial de Alimentos PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar RAFA - Reator anaerbio de fluxo ascendente RPPN - Reserva Particular do Patrimnio Natural RURALMINAS - Fundao Rural Mineira de Colonizao e Desenvolvimento Agrrio

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SAFs - Sistemas Agroflorestais SEARA/ITER - Secretaria de Estado para Assuntos de Reforma Agrria/Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais. SEBRAE - Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas SEDESE - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social SEDR/MMA - Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel do Ministrio do Meio Ambiente SEDVAN - Secretaria de Estado Extraordinria para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel de Minas gerais SENAR - Servio Nacional de Aprendizagem Rural SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gesto de Minas Gerais SEPLAN - Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenao Geral SIAGER - Sistema de Apoio ao Gerenciamento de Recursos Hdricos SIAM - Sistema Integrado de Informao Ambiental SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza SRH/MMA - Secretaria de Recursos Hdricos do Ministrio do Meio Ambiente STRs Sindicato dos Trabalhadores Rurais SUAS - Sistema nico de Assistncia Social SUDENE - Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste SUPRAM - Superintendncias Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel UCs Unidades de Conservao UD - Uniformidade de Distribuio UNCCD - A Conveno das Naes Unidas de Combate a Desertificao UPGRH - Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos ZEE - Zoneamento Ecolgico Econmico do Estado de Minas Gerais

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SUMRIO EXECUTIVO

Em decorrncia de desastres humanitrios e ambientais oriundos de graves secas em vrias partes do mundo, bem como da enorme populao atingida periodicamente por rigorosas estiagens, a ONU realizou, em 1977, a 1 Conferncia Sobre Desertificao, tendo resultado dela a criao, em 1994, em carter permanente, da Conveno das Naes Unidas de Combate Desertificao UNCCD, da qual o Brasil signatrio. Com a ratificao desta conveno pelo Congresso Nacional em 1997, o Brasil elaborou e apresentou sociedade em 2004 o Plano de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca PAN Brasil, que constitui o marco definidor de conceitos, abrangncia, polticas, orientaes e aes de combate desertificao e desenvolvimento das reas semi-ridas no pas. Um dos eixos orientadores do PAN Brasil a participao efetiva no apenas das populaes atingidas, mas tambm dos governos dos estados afetados por processos de desertificao, participao esta considerada fundamental para as polticas de mitigao dos efeitos da seca. Assim, ficou definido que os estados afetados pela desertificao - que so os estados nordestinos mais as regies Norte e Nordeste de Minas Gerais e o Norte do Esprito Santo deveriam elaborar os seus respectivos Planos Estaduais de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca. A partir de 2009 o governo federal retomou com nfase a temtica da desertificao, com a realizao de vrios encontros e seminrios buscando o fortalecimento poltico-institucional da agenda de combate desertificao, com a mobilizao e pactuao de compromissos entre os atores relevantes, tendo sido firmado o Pacto pelo Desenvolvimento Sustentvel do Semirido, com ampla participao da sociedade civil e dos governos estaduais e federal, alm de ter sido realizado o 1 Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificao. Assim, em 2009 foram retomadas as discusses e aes para a retomada do PAE MG. Foi contratada a Cooperativa Multidisciplinar de Prestao de Servios e Assistncia Tcnica Ltda (COOMAP), de Montes Claros, pelo Ministrio do Meio Ambiente/IICA, por meio de licitao pblica, para a elaborao do PAE-MG,. Todo o processo de construo do PAE-MG foi acompanhado por representantes dos governos estadual (Secretaria de Estado para o

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Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas - SEDVAN) e federal (Ministrio do Meio Ambiente). As reas Susceptveis Desertificao (ASDs) foram definidas no PAN Brasil e subdivididas em semiridas, submidas secas e de entorno, abrangendo, em Minas Gerais, 142 municpios das regies Norte de Minas, Mucuri e Vale do Jequitinhonha, que ocupam uma rea de 177 mil km2 (30,3% da rea do estado). A populao de 2,2 milhes de habitantes, o que corresponde a 20% da populao mineira e a 10% da populao do semirido brasileiro. So estas regies de ASDs o objeto do PAE MG. Conforme metodologia adotada, a construo do PAE MG foi baseada na mais ampla participao da sociedade civil atravs da realizao de seis oficinas microrregionais e um seminrio final, que contaram com significativa participao dos agentes beneficirios e dos envolvidos, conforme consta no anexo 1. A estrutura do PAE-MG est constituda por um diagnstico ambiental que trata do meio fsico (clima, relevo, solos, etc.), por um diagnstico institucional que aborda a estrutura e aes do setor pblico nas ASDs, por um captulo de projees de cenrios climticos baseados na correlao entre mudanas climticas e impactos ambientais e socioeconmicos; e por um captulo contendo prognsticos, ou seja, linhas de aes a serem adotadas para melhorar, de maneira efetiva, a capacidade de adaptao das ASDs s mudanas climticas e ao avano da desertificao, bem como promover o desenvolvimento sustentvel nessas regies. De acordo com o diagnstico ambiental, as ASDs do estado de Minas Gerais apresentam distribuio irregular de chuvas, concentradas principalmente nos meses de novembro a janeiro, com prolongado e rigoroso perodo de seca, elevadas temperaturas ao longo do ano e radiao solar intensa, responsveis por um balano hdrico negativo nos meses de maio a setembro em toda a regio. Esta estiagem anual causa graves problemas scio-econmicos e ambientais, tanto na rea rural como urbana. A geologia e o relevo so bastante variados, resultando em distintas classes de solos. Dentre os diferentes tipos de solo que ocorrem nas ASDs, aqueles excessivamente drenados, desenvolvidos de rochas pobres em nutrientes de plantas e localizados em locais com restries climticas severas, apresentam fortes limitaes ao uso agrcola, constituindo grande parte das ASDs. A vegetao nativa

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est distribuda em trs biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlntica - que apresentam ainda certa integridade ecolgica e que, por isso, so mais vulnerveis ao do homem, especialmente aquelas sob influncia da Serra do Espinhao e reas que so importantes centros de biodiversidade e que representam enclaves de fitofisionomias nicas no estado, como a Floresta Decidual (Mata Seca). Das 112 reas mais importantes para a conservao da biodiversidade do estado, 19 esto localizadas nas ASDs. Da rea total das ASDs, aproximadamente 7% pertence a algum tipo de Unidade de Conservao. A principal atividade econmica das ASDs, do ponto de vista da disperso geogrfica e gerao de emprego, a agropecuria, que bastante diversificada, ocorrendo desde extrativismo vegetal, agricultura de subsistncia e agricultura familiar, at a agricultura irrigada, agropecuria empresarial e produo florestal altamente tecnificadas. Relativamente economia do estado de Minas Gerais, a produo agropecuria das ASDs de pouca importncia quantitativa. A maioria dos municpios possui baixa densidade populacional, e os ndices de Desenvolvimento Humano (IDH) so os menores do estado. O diagnstico institucional mostra uma forte presena dos setores pblicos federal e estadual de apoio s ASDs, com uma vasta gama de aes. O governo de Minas Gerais conta com uma estrutura especfica para a promoo do desenvolvimento das ASDs, constituda pela Secretaria Extraordinria para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas/SEDVAN e pelo seu brao operacional, o Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais/IDENE. Em que pese melhorias importantes verificadas nos ltimos anos, as aes pblicas no foram suficientes para elevar os indicadores scioeconmicos para os patamares mdios do estado. Assim, as ASDs continuam a ser as regies do estado com os piores ndices de desenvolvimento social, como o IDH. No captulo de projees constam os seguintes itens: histrico e causas do aquecimento global, emisses de gases de efeito estufa em Minas Gerais, cenrios futuros e cenrios futuros para Minas Gerais. Apesar das incertezas e controvrsias das projees das mudanas climticas e seus efeitos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas da ONU afirma que as alteraes no clima observadas nos ltimos cinqenta anos tm forte componente antrpico e, se nada for feito para diminuir as emisses dos gases responsveis pelo aquecimento

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global, inviabilizaro a sobrevivncia de vrias espcies e traro graves consequncias para a sobrevivncia da sociedade humana. Ademais, as regies mais vulnerveis aos efeitos do aquecimento global so aquelas que atualmente j apresentam restries climticas, sendo as ASDs as mais afetadas no pas pelas mudanas climticas. Por meio de dados meteorolgicos do incio at o final do sculo passado do Instituto Nacional de Meteorologia, foram calculadas as temperaturas mdias mensais e anuais nas ASDs. Foram ainda realizadas projees para a temperatura mdia para o ano de 2050. De acordo com essas projees, haver um aumento mdio de temperatura nas ASDs em Minas Gerais variando de 1,3oC a 3,8oC at o ano de 2050. Esse aumento de temperatura ser suficiente para alterar o regime de chuvas e de evapotranspirao. As quantidades de chuvas sero menores e concentradas num menor perodo e os veranicos sero mais longos, o que aumentar os conflitos pelo uso da gua nos municpios das ASDs mineiras, que j apresentam naturalmente baixa disponibilidade hdrica. Dentre as causas dessa elevao da temperatura est a emisso de gases de efeito estufa. Em Minas Gerais, no ano de 2005, para cada R$1.000,00 produzidos, foram emitidos 640 kg de gases de efeito estufa, sendo o setor agrcola, florestal e outros usos do solo os maiores emissores, com 51,4% do total emitido, valor este devido, principalmente, agropecuria. Contudo, o setor agropecurio tambm aquele que propicia a maior eliminao ou captura dos gazes de efeito estufa da atmosfera, atravs, sobretudo, da captura de carbono pelas plantas. Neste sentido, importante que se faa o balano lquido e no apenas o de emisses. Em seguida vem o setor energia, com 36,9% das emisses, em funo da queima de combustveis fsseis na indstria e nos transportes. Os setores que menos emitiram foram processos industriais, com 5,8% e de resduos, com 5,9% das emisses totais. Caso nada seja feito para diminuir as causas das mudanas climticas, haver crescente demanda para os poderes pblicos de todas as esferas investirem mais recursos nas atuais polticas pblicas de convivncia com a seca e combate a desertificao e de criarem novas aes para a adaptao aos novos cenrios climticos. No captulo das proposies constam os seguintes itens: apresentao das aes propostas para as ASDs; estimativas dos investimentos para a

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implantao das aes individualmente e por tipo de ASD; necessidade total de investimentos; proposta de modelo de gesto do PAE MG e detalhamento conceitual de custos das aes propostas. Para cada ao proposta foi definida uma ordem de relevncia e urgncia, classificada como muito alta, alta, mdia e baixa. Foram selecionadas e priorizadas 44 proposies de aes, classificadas em 4 eixos temticos: ambiental, econmico/produtivo, social e institucional. As 16 aes do eixo ambiental so as seguintes: Implantao de sistemas de tratamento de esgoto na zona urbana e rural; Tratamento e disposio adequada de resduos slidos nas zonas urbana e rural; Proteo de nascentes; Construo de bacias de captao de gua de chuva; Cadastramento de usurios de gua no meio rural das ASDs; Terraceamentos; Realizao de diagnstico detalhado das condies de degradao das terras; Criao de unidades de conservao; Pagamento por servios ambientais; Limitar a expanso da monocultura; Criao de viveiros municipais para a produo de espcies nativas para a revegetao das reas de Preservao Permanente; Programas de revitalizao de sub-bacias - cercamento das reas de preservao permanente; Criao de estradas ecolgicas; Construo de barragens de perenizao de cursos dgua; Fiscalizao de danos ambientais pelos rgos competentes e capacitao de agentes fiscalizadores; Criao de reservas agroextrativistas em reas de unidades de conservao de uso sustentvel; Adaptao do cdigo florestal estadual.

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As 19 aes do eixo econmico/produtivo so: Implantao de unidades demonstrativas com aes de convivncia com a seca; Incentivo fruticultura; Implantao de sistemas agroflorestais e silvopastoris; Estimular prticas rurais sustentveis; Estimular o cultivo de culturas mais adaptadas a regio; Sensibilizao dos agricultores para implementao de prticas de conservao de solos; Utilizao de tecnologias apropriadas ao plantio do eucalipto; Melhoramento e conservao de sementes crioulas; Assistncia tcnica aos pequenos agricultores com tecnologias apropriadas; Implementao de tecnologias sociais adaptadas ao semirido; Criao de animais adaptados regio; Reciclagem de lixo para criao de emprego e renda; Utilizao de sistemas alternativos de irrigao e aproveitamento de barragens j construdas para pequenos projetos de irrigao; Criao de pequenas fbricas para beneficiamento de frutas; Manuteno e ampliao de programas sociais e estruturadores; Regularizao fundiria; Pagamento de ajuda de custo aos representantes da sociedade civil; Criao de programas de emprego e trabalho interdisciplinar; Ampliar o acesso ao PRONAF Florestal; Poltica de preos mnimo de produtos agrcolas diferenciada para o semirido.

As 5 aes do eixo social so as seguintes: Educao do campo contextualizada e profissionalizante; Extenso dos programas sociais urbanos para a populao rural; Construo de cisternas de placas e ampliao para todos os municpios das ASDs; Eletrificao Rural;

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Instalao de hidrmetros para economia e gesto de gua nas comunidades rurais.

As 4 aes do eixo institucional so as seguintes: Incluso do PAE - MG no PPAG e oramento do estado; Proposio Assemblia Legislativa da poltica estadual de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca; Criao do Fundo de Desenvolvimento Regional; Criao do Centro Integrado de Convivncia com a Seca. Os custos de implantao so apresentados por regio das ASDs semirida, submida seca e entorno. Os investimentos totais estimados para a implantao das aes propostas so da ordem de R$ 1,29 bilho, sendo 54,2% para as ASDs semiridas, 28,7% para as submidas secas e 17,1% para as de entorno. No que se refere aos eixos temticos, o ambiental abarca 86,6% dos investimentos previstos, o econmico/produtivo 7,9% e o social 5,5%. Para a gesto do PAE - MG sugere-se que o j existente Comit Gestor de Convivncia com a Seca, vinculado a Secretaria de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas (SEDVAN) seja tambm o responsvel pela gesto estratgica do PAE-MG. Para assegurar a participao da sociedade civil neste Comit sugere-se a reestruturao da sua composio, de forma a contemplar alguns segmentos que atualmente no tm participao, como representantes dos governos municipais, do setor empresarial, dos trabalhadores, das organizaes no governamentais, de instituies de ensino e de pesquisa e de deputados da regio. A estrutura operacional do PAE MG deve estar a cargo do sistema SEDVAN/IDENE, cujas atribuies institucionais abrangem o combate

desertificao e mitigao dos efeitos da seca, alm da promoo do desenvolvimento regional nos setores produtivos, ambiental e social. Portanto, cabe a este sistema a implantao das aes de combate desertificao aqui previstas; a divulgao de informaes sobre o PAE - MG; o acompanhamento da sua execuo, contribuindo para formao de uma conscincia coletiva sobre a

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problemtica econmica, social e ambiental do avano da desertificao, mudanas climticas e mitigao dos efeitos da seca em Minas Gerais. Considerando que a institucionalizao da problemtica da convivncia com a seca e combate desertificao fundamental para sua consistncia de mdio e longo prazos e que a participao poltica imprescindvel para esta institucionalizao, sugere-se que a SEDVAN/IDENE elabore projeto de lei estabelecendo a poltica estadual de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca para apreciao do Comit Gestor de Convivncia com a Seca e encaminhamento Assemblia Legislativa, transformando ainda o PAE-MG no planejamento operacional desta poltica. Sugere-se tambm a criao do Fundo de Desenvolvimento Regional, que d consistncia financeira s aes de combate desertificao e a outras iniciativas de convivncia com a seca.

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1.

INTRODUO

1.1.

ANTECEDENTES

Historicamente, os estudos e registros sistemticos sobre a desertificao tiveram incio nos Estados Unidos em 1928, quando 6 anos de secas assolaram o meio-oeste americano (com terras j bastante degradadas), dando incio a uma srie de estudos e pesquisas acadmicas voltadas ao conhecimento dos processos de desertificao. No final da dcada de 60, outros 6 anos de secas, agravados por modelos de desenvolvimento equivocados e pela explorao colonial no sustentvel, assolaram o Sahel africano, resultando em mais de 500 mil perdas humanas. Estas e outras catstrofes ambientais de menor porte tiveram como conseqncia a conscientizao de que o crescimento econmico estava se dando s custas da destruio dos recursos naturais e da prpria qualidade de vida das populaes, mostrando que o modelo de desenvolvimento deveria mudar. Em 1977 ocorreu a 1 Conferncia Sobre Desertificao, sob o patrocnio da ONU, em Nairbi, que concluiu pela necessidade de implantar uma poltica especfica para as regies semi-ridas do mundo, tanto por suas caractersticas ambientais como pela situao geral de carncia das populaes destas regies. Desta conferncia resultou a criao da Conveno das Naes Unidas de Combate Desertificao - UNCCD, cujo texto base teve sua elaborao iniciada em 1993. Em 17/06/19941 o texto final foi concludo e aprovado pela Conveno, da qual o Brasil signatrio, tendo sido ratificada pelo Congresso brasileiro em 12/06/1997. Em decorrncia das orientaes e compromissos assumidos pelo Brasil na UNCCD, o governo brasileiro elaborou e apresentou, em 2004, o Plano de Ao Nacional de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca PAN Brasil, que constitui o marco definidor de conceitos, abrangncia, polticas, orientaes e aes de combate desertificao e desenvolvimento das reas semi-ridas no pas. Um dos marcos orientadores do PAN Brasil que a participao efetiva, no apenas das populaes atingidas mas tambm dos governos dos estados afetados por processos de desertificao, fundamental para

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Por esta razo o dia 17 de junho tornou-se o dia internacional de combate desertificao.

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a efetividade das polticas de mitigao dos efeitos da seca. Portanto, o PAN Brasil um instrumento de planejamento voltado para a definio das diretrizes e das principais aes para o combate e a preveno do fenmeno da desertificao nas regies brasileiras com clima semirido, submido seco e seus entornos. O programa vem sendo construdo por meio de articulaes que envolvem os poderes pblicos e a sociedade civil, sob coordenao da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel do Ministrio do Meio Ambiente (SEDR/MMA). Os Estados onde se localizam as reas suscetveis desertificao (ASDs) devem elaborar seus respectivos planos de ao estadual de combate desertificao, a exemplo do presente PAE - MG. Em Minas Gerais, desde 2004 vem-se articulando a elaborao do Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao e Mitigao dos Efeitos da Seca PAE - MG. A primeira oficina sobre o tema, sob a coordenao da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel e com participao da sociedade civil (representada pelo Centro de Assessoria aos Movimentos Populares do Vale do Jequitinhonha/Campo Vale e pela Articulao do Semi-rido/ASA) ocorreu no municpio de Salinas, em abril de 2004, tendo como objetivos sensibilizar os atores sociais sobre a problemtica da desertificao e sobre a Conveno das Naes Unidas de Combate Desertificao e dar incio construo do PAE-MG. Em 2006, aconteceu a Reunio da Comisso Ampliada de Combate Desertificao do Frum de Convivncia com o Semirido do Vale do Jequitinhonha. Nesses eventos foram discutidas e elaboradas proposies para o combate desertificao no estado, mas a partir deste evento o tema ficou em segundo plano. A partir de 2009 o governo federal retomou com nfase o tema da desertificao, com a realizao de vrios encontros e seminrios preparatrios para o 1 Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificao. Este encontro, realizado em Petrolina/Juazeiro em maro de 2010, teve por objetivo o fortalecimento polticoinstitucional da agenda de combate desertificao, com a mobilizao e pactuao de compromissos entre os atores relevantes, buscando elevar a agenda da desertificao de patamar. Neste evento foi firmado o Pacto pelo Desenvolvimento Sustentvel do Semirido, com ampla participao da sociedade civil e dos governos estaduais e federal. Tambm em 2009 foram retomados os esforos do governo estadual para a construo do Plano de Ao Estadual de Combate Desertificao e

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Mitigao dos Efeitos da Seca de Minas Gerais, tendo sido designada a Secretaria de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas SEDVAN, atravs do Projeto Estruturador de Convivncia com a Seca, como ponto focal estadual e coordenadora da agenda da desertificao no estado. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel SEMAD foi designada como ponto focal adjunto no desenvolvimento do PAE MG e nas aes estaduais de combate desertificao. Em dezembro de 2009 a COOMAP foi contratada pelo MMA para a elaborao do PAE - MG, quando foram retomadas as oficinas regionais para as discusses com a sociedade civil da temtica da desertificao, com a realizao, em 2010, de 6 oficinas micro-regionais nas cidades de Montes Claros, Jequitinhonha, Araua, Turmalina, Taiobeiras e Janaba. Em 16 e 17/06/2010 foi realizado, tambm em Montes Claros, o seminrio final de consolidao da participao da sociedade civil nas discusses de elaborao do PAE - MG, quando foram consolidadas as sugestes de diretrizes e propostas de aes. Tendo em vista que a desertificao e a seca afetam o desenvolvimento sustentvel atravs das suas inter-relaes com importantes problemas sociais, tais como a pobreza, a m situao sanitria e nutricional, a segurana alimentar e aqueles que decorrem da migrao, h de levar-se em considerao que o processo de combate desertificao e mitigao dos efeitos da seca no tem atingido as expectativas da populao e dos rgos competentes. Reflexo disto so os ndices de desenvolvimento social, a exemplo do IDH, que nas ASDs so os piores do estado. Dessa forma, faz-se necessria uma nova abordagem deste tema no contexto do desenvolvimento sustentvel, de modo a possibilitar a reviso e aprimoramento das polticas de desenvolvimento para as reas susceptveis desertificao, incorporando agora a temtica ambiental como fator determinante.

1.2.

DESERTIFICAO: CONCEITO E LOCALIZAO

De acordo com a Conveno das Naes Unidas para o Combate Desertificao UNCCD, a desertificao a degradao do solo em regies ridas, semi-ridas e submidas secas, resultante de diversos fatores, inclusive de variaes climticas e das atividades humanas, em um grau de

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intensidade que resulte na impossibilidade de seu uso para fins econmicos e sociais. Tal fenmeno afeta cerca de um sexto da populao do planeta e um quarto de sua rea total. Considerado como um fenmeno principalmente antrpico, a

desertificao no est relacionada, necessariamente, com o avano fsico do deserto (ou da areia) e tambm no deve ser confundida com a seca, que um fenmeno natural (tambm no necessariamente vinculado desertificao). A desertificao est relacionada, sobretudo, degradao da terra nas regies ridas, semi-ridas e submidas secas, resultante de vrios fatores, entre eles as variaes climticas e atividades humanas. A degradao da terra significa a perda ou reduo da produtividade econmica ou biolgica dos ecossistemas secos, causada pela perda da cobertura vegetal natural, eroso do solo e/ou deteriorao dos recursos hdricos. Devido ao mau uso dos recursos naturais, a desertificao acaba por se encontrar ligada formao progressiva de um deserto econmico com graves conseqncias sociais. Conforme definio aceita internacionalmente, o ndice de Aridez, definido como a razo entre a precipitao e a evapotranspirao potencial, estabelece as seguintes classes climticas: hiperrido, rido, semirido, submido seco e submido mido. Esse ndice foi utilizado para a elaborao do Atlas Mundial da Desertificao, publicado pelo Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e que serve como parmetro geogrfico da desertificao em todo o mundo. De acordo com a UNCCD, as reas susceptveis desertificao so aquelas de clima rido, semirido e submido seco. No Brasil, segundo definies do PAN Brasil e do Ministrio do Meio Ambiente, as reas Susceptveis Desertificao (ASDs) concentram-se na regio Nordeste, incluindo os espaos semiridos e submidos secos, alm de algumas reas igualmente afetadas pelos fenmenos da seca no norte de Minas Gerais e norte do Esprito Santo. O mapa abaixo (FIG. 1.1) mostra a localizao das ASDs no Brasil e em Minas Gerais. Em Minas Gerais, as reas Suscetveis Desertificao (ASDs) esto localizadas nas regies Norte de Minas, Mucuri e Vale do Jequitinhonha, ocupando uma rea de 177 mil km, ou seja, 30,3% da rea do estado (FIG. 1.2). De um total de 853 municpios, 142 (16,7%) esto em ASDs.

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FIGURA 1.1. reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais.

FIGURA 1.2. reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais. Fonte: Santana (2007).

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2.

METODOLOGIA A construo do PAE - MG que abrange todos os municpios mineiros

situados nas regies semi-rida, submida seca e de entorno, em consonncia com o PAN-Brasil e com os pressupostos da Declarao do Semirido2 - foi realizada de forma participativa, com envolvimento de representantes da sociedade civil, representantes governamentais, empresas pblicas e privadas, universidades, ONGs e instituies comprometidas com um plano estadual que atenda s necessidades das regies vulnerveis ao processo de desertificao em Minas Gerais. Nesse contexto participativo, os pontos focais no processo de elaborao do PAE-MG foram a Coordenao Tcnica de Combate a Desertificao/MMA, Secretaria de Estado Extraordinria para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas/Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentvel e a organizao no governamental Articulao do Semi-rido/ASA. O desenvolvimento dos trabalhos foi monitorado por

representantes dos governos estadual e federal e do Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura (IICA). Foram utilizados como base de informaes um amplo levantamento bibliogrfico dos trabalhos j realizados por rgos estaduais e federais, instituies de ensino, ONGs e sociedade civil sobre as reas Susceptveis Desertificao (Zoneamento Ecolgico-Econmico, inventrios, censos, mapeamentos, estudos scio-econmicos, programas e projetos de desenvolvimento regional, teses, dissertaes e pesquisas de campo) Para a construo final do documento foram incorporados os resultados das discusses das oficinas participativas e seminrio final realizados em seis microrregies das ASDs Montes Claros, Baixo Jequitinhonha, Mdio Jequitinhonha, Alto Jequitinhonha, Alto Rio Pardo e Serra Geral e do seminrio final que aconteceu em Montes Claros em junho de 2010. A escolha dos municpios que compe as ASDs, feita no mbito do PAN Brasil, baseou-se em anlises de dados climatolgicos (Thornethwaite), em que se2

Declarao do Semirido o documento que apresenta as propostas da Articulao no Semirido Brasileiro - ASA para a convivncia com semirido e combate desertificao, construdo durante a Conferncia das Partes COP-3 realizada em Recife em 1999 (ver http://www.asabrasil.org.br/Portal/Informacoes.asp?COD_MENU=104)

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verifica a razo entre a precipitao e a evapotranspirao potencial, tendo-se a o ndice de aridez adotado internacionalmente como parmetro para o

estabelecimento das reas de risco e para a elaborao do Atlas Mundial da Desertificao. As ASDs so classificadas em trs subgrupos, conforme sua localizao, podendo ser ASDs do semirido, ASDs do submido e ASDs do entorno, conforme pode ser visto na Figura 2.1. As reas Susceptveis Desertificao enquadradas no grupo do semirido de Minas Gerais compreendem uma extenso de 27 mil km, onde se encontram 22 municpios situados na regio do Norte de Minas: Catuti, Espinosa, Gameleiras, Indaiabira, Jaba, Janaba, Juvenlia, Mamonas, Matias Cardoso, Mato Verde, Monte Azul, Montezuma, Ninheira, Nova Porteirinha, Pai Pedro, Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Santo Antnio do Retiro, So Joo do Paraso, Serranpolis de Minas, Vargem Grande do Rio Pardo e Verdelndia. A regio definida como ASD do Submido de Minas Gerais, segundo o PAN Brasil, perfaz uma superfcie total de 79 mil km, onde esto inseridos 61 municpios situados na regio do Norte de Minas e Jequitinhonha, assim localizados: Norte de Minas: guas Vermelhas, Berizal, Bonito de Minas, Braslia de Minas, Capito Enas, Chapada Gacha, Cnego Marinho, Cristlia, Curral de Dentro, Divisa Alegre, Francisco S, Fruta de Leite, Gro Mogol, Ibiracatu, Itacarambi, Januria, Japonvar, Josenpolis, Lontra, Luislndia, Manga, Mirabela, Miravnia, Montalvnia, Montes Claros, Novorizonte, Padre Carvalho, Patis, Pedra Azul, Pedras de Maria da Cruz, Riacho dos Machados, Rubelita, Salinas, Santa Cruz de Salinas, So Francisco, So Joo da Ponte, So Joo das Misses, Taiobeiras, Varzelndia, Jequitinhonha: Almenara, Araua, Bandeira, Berilo, Cachoeira de Paje, Chapada do Norte, Comercinho, Coronel Murta, Divispolis, Francisco Badar, Itaobim, Itinga, Jacinto, Jequitinhonha, Jordnia, Jos Gonalves de Minas, Mata Verde, Medina, Padre Paraso, Ponto dos Volantes, Rubim, Virgem da Lapa.

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FIGURA 2.1. Municpios mineiros das reas Susceptveis Desertificao no Estado de Minas Gerais. Fonte: Santana (2007).

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As reas Susceptveis Desertificao classificadas como entorno, tambm definidas pelo PAN Brasil como ASDs, envolvem uma rea de 69 mil km, compreendendo 59 municpios na regio do Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, assim localizados: Norte de Minas: Bocaiva, Botumirim, Buritizeiro, Campo Azul, Cara, Claro dos Poes, Corao de Jesus, Engenheiro Navarro, Francisco Dumont, Glaucilndia, Guaraciama, Ibia, Icara de Minas, Itacambira, Jequita, Juramento, Lagoa dos Patos, Lassance, Olhos D'gua, Pintpolis, Pirapora, Ponto Chique, So Joo da Lagoa, So Joo do Pacu, Uba, Vrzea da Palma, Urucuia. Jequitinhonha: Angelndia, Aricanduva, Capelinha, Carbonita, Couto de Magalhes de Minas, Datas, Diamantina, Felcio dos Santos, So Gonalo do Rio Preto, Felisburgo, Itamarandiba, Jenipapo de Minas, Joama, Leme do Prado, Minas Novas, Monte Formoso, Novo Cruzeiro, Palmpolis, Rio do Prado, Rio Vermelho, Salto da Divisa, Santa Maria do Salto, Santo Antnio do Jacinto, Senador Modestino Gonalves, Serro, Turmalina, Veredinha. Mucuri: Atalia, Franciscpolis, Itambacuri, Malacacheta, Setubinha.

A metodologia adotada para a construo do PAE - MG teve por princpio bsico a participao intensa de diversos atores da sociedade envolvida, de modo que as aes propostas possam ser acompanhadas pela populao das ASDs. Nesse intuito, foram selecionados mtodos e tcnicas de coleta de dados que permitiram um amplo entendimento dos participantes acerca das diversas variveis que compem a desertificao, possibilitando a identificao dos problemas atuais e potenciais e a proposio de novas aes no futuro. As aes propostas pela sociedade civil foram cotejadas com os levantamentos tcnicos, viabilidade econmica, legal e institucional, para ento se chegar a uma seleo de propostas prioritrias para o PAE MG.

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3.

DIAGNSTICO

AMBIENTAL

DAS

REAS

SUSCETVEIS

DESERTIFICAO

O diagnstico ambiental tem por objetivo descrever o meio fsico e a situao socioeconmica das ASDs para subsidiar a elaborao das proposies do PAE-MG. Em 2008, foi publicado o Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado de Minas Gerais ZEE (SCOLFORO; OLIVEIRA; CARVALHO, 2008a, 2008b, 2008c) que traz uma srie de informaes dos componentes ambientais e socioeconmicos das ASDs do estado de Minas Gerais, que foi amplamente utilizado na elaborao e orientao do presente diagnstico.

3.1.

CLIMA Nas ASDs de Minas Gerais a precipitao pluviomtrica mdia anual

varia de 750mm a 1.500mm, sendo as menores que 1000mm na regio semi-rida do estado, constituda por 22 municpios. Nesta regio, no trimestre mais quente a precipitao pluviomtrica varia de 300 mm a 500 mm, com valores que crescem do vale do So Francisco na direo de suas cabeceiras, ao sul. O trimestre mais seco e mais mido, para as reas semi-ridas e submidas secas so, respectivamente, junho/julho/agosto e novembro/dezembro/janeiro (FIG. 3.1). A precipitao

pluviomtrica mdia mensal apresenta uma grande estacionalidade, concentrandose nos meses de outubro a maro. Curtos perodos de seca, chamados de veranicos, podem ocorrer em meio estao chuvosa, criando srios problemas para a agricultura e pecuria. O mapa da figura. 3.2 apresenta a temperatura mdia anual das ASDs em Minas Gerais, mostrando que a temperatura mdia apresenta pequena variao, sendo maior que 21C na maior parte da rea de abrangncia do PAE-MG. O mapa da figura 3.3 mostra o dficit hdrico mdio anual das ASDs do estado de Minas Gerais. No perodo de maio a setembro os ndices pluviomtricos mensais reduzem-se bastante, podendo chegar a zero, com conseqente balano hdrico negativo (Figura 3.3).

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FIGURA 3.1. Precipitao pluviomtrica mdia nas reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais. Fonte: http://www.geominas.mg.gov.br, 2006.

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FIGURA 3.2. Temperatura mdia anual nas reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais. Fonte: http://www.geominas.mg.gov.br, 2006.

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FIGURA 3.3. Dficit hdrico mdio anual das reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais. Fonte: http://www.geominas.mg.gov.br, 2006.

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A durao da estao seca pode ser superior a seis meses e a umidade relativa do ar pode atingir valores inferiores a 15%, principalmente nos meses de julho e agosto, o que restringe o uso das terras para a agricultura (EMBRAPA, 1979). Como o inverno seco, quase sem nuvens, e as latitudes so relativamente pequenas, a radiao solar nesta poca tambm intensa. Em agosto-setembro essa intensidade pode reduzir-se um pouco em virtude da abundncia de nvoa seca produzida pelos incndios e queimadas, principalmente nas reas de cerrado. Quanto classificao climtica de Kppen, o clima predominante Aw clima tropical de savana, inverno seco e vero chuvoso; a temperatura mdia do ms mais frio superior a 18C; o ms mais seco tem menos de 60 mm de chuvas (EMBRAPA, 1979). Em menor extenso que o clima Aw, na rea submida seca de altitudes mais elevadas (serras) ocorre o clima do tipo Cw, segundo a classificao de Kppen - clima de inverno seco e vero chuvoso; temperatura do ms mais frio inferior a 18oC, e a do ms mais quente, superior a 22 oC; o ms mais seco tem precipitao inferior dcima parte da precipitao do ms mais chuvoso. Segundo o Relatrio de Avaliao do Painel Intergovernamental sobre Mudana do Clima, publicado em 2007 (IPCC, 2007), as reas semiridas do Brasil so as mais vulnerveis ao aquecimento global. A combinao das alteraes do clima, na forma de falta de chuva ou pouca chuva acompanhada de altas temperaturas e altas taxas de evaporao, aliada competio por recursos hdricos, pode levar a uma crise ambiental e socioeconmica potencialmente grave nessas reas.

3.2.

GEOLOGIA

O desenvolvimento deste item se restringe geologia de superfcie das reas Susceptveis Desertificao do estado de Minas Gerais. A descrio geolgica foi elaborada a partir do levantamento de solos do Norte de Minas Gerais, rea de atuao da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE (EMBRAPA, 1979). A geologia superficial est representada em maior extenso por formaes geolgicas de origem metassedimentar. As diversas formaes da rea, cronologicamente, se situam desde o Pr-cambriano at o Holoceno, destacando-

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se, por sua maior extenso, aquelas atribudas ao Pr-cambriano A (Grupo Bambu) e ao Cretceo (Formao Urucuia e Areado), alm de recobrimentos referidos provavelmente ao Tercirio. O Holoceno representado por sedimentos recentes, aluvionares, que se distribuem ao longo dos rios, e por depsitos coluviais do sop das encostas. Os sedimentos de origem fluvial so, geralmente, no consolidados, de natureza e granulometria variveis, formados por camadas estratificadas de cascalhos, areias, siltes e argilas sem disposio preferencial por depsitos orgnicos. Apresentam maior extenso geogrfica ao longo dos rios So Francisco, das Velhas, Urucuia, Pardo, Paracatu, Carinhanha e Verde Grande. O TercirioQuaternrio refere formao de coberturas detrticas arenosas, siltosas, conglomerticas ou argilosas, s vezes laterizadas, s vezes apresentando banco de seixos mais grosseiros. Litologicamente predominam caractersticas de composio arenosa. A formao apresenta-se em superfcies de relevo plano, recobrindo rochas do grupo Bambu, desenvolvendo-se,

principalmente, ao longo das depresses do rio So Francisco, Paracatu, Urucuia e Verde Grande. Em alguns locais sofre interpenetrao dos terraos fluviais. O Cretceo ocupa uma grande extenso nas ASDs semi-ridas e submidas secas, distribuindo-se principalmente na margem esquerda do rio So Francisco, sendo, depois do Grupo Bambu, o que possui maior expresso geogrfica. Compreende as formaes Urucuia e Areado. A Formao Urucuia ocorre geralmente sob a forma de extensas superfcies tabulares, apresentando escarpas bem marcadas. Litologicamente composta por arenitos de cores variegadas, com estratificao cruzada e leitos de siltitos e folhelhos cinzaesverdeados e avermelhados. A Formao Areado apresenta-se em menor proporo que a Urucuia, formando tambm longas superfcies tabulares no centro e sudeste das ASDs semi-ridas e submidas secas. Litologicamente constituda principalmente por arenitos de matriz sltica e por outros, com intercalaes de argilitos, siltitos e conglomerados. O Pr-cambriano destaca-se pela extenso que ocupa na rea. Compreende o Pr-cambriano A, o Pr-cambriano B e o Pr-cambriano Indiviso. O Pr-cambriano A abrange o Grupo Bambu e o grupo Macabas que, conforme alguns autores compem o Supergrupo So Francisco. O Pr-cambriano B composto pelo Grupo Espinhao.

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O Grupo Bambu, que ocorre em maior extenso, constitudo por trs formaes: Parano, Paraobeba e Trs Marias. A Formao Parano restringe-se s cristas de algumas serras, apresentando-se litologicamente constituda por quartzos-arenito, filitos e metassiltitos, geralmente de espessura muito varivel. A Formao Paraopeba ocupa superfcies extensas praticamente dispersas por toda a rea de ocorrncia do Grupo Bambu. Apresenta-se sob diferentes formas de relevo, desde os movimentados, onde se associam Formao Parano, at as formas topogrficas planas, intercaladas por morros de calcrio. Litologicamente apresentase como uma unidade bastante complexa com freqentes e distintas variaes faciolgicas. Destacam-se calcrios e ardsias, alm de siltitos, argilitos, margas e conglomerados basais, abrangendo grande variao de composio e estrutura. A Formao Trs Marias e a Formao Paraopeba abrangem grande extenso dentro das ASDs, apresentando-se na paisagem como uma srie de elevaes de topos aplainados, formando mesas, com encostas normalmente em degraus. Sua litologia constituda por ardsias finas e siltitos ardosianos calcferos, ambos intercalados por lentes de calcrio argiloso. Nessas formaes os calcrios constituem a litologia predominante, apresentando-se de cor cinza-escura, microcristalinos carbonosos, laminados e macios, com intercalaes espordicas de marga cinza-escura e freqentes vnulas de calcita recristalizada. Os conglomerados so constitudos por uma matriz argilo-arenosa, com seixos de arenitos brancos ou rseos, quartzitos e gnaisse alterado. Os filitos so cinza-esverdeados, exibindo foliao marcada. Os metassiltitos so de colorao cinza-esverdeada, apresentando-se laminados. Os argilitos e ardsias so muito semelhantes, diferenciando-se pela clivagem ardosiana. O Grupo Macabas distribui-se geograficamente ao sul, centro e leste das reas submidas secas, constituindo um relevo formado por colinas alinhadas com vales encaixados. Sua litologia composta por sedimentos com fraco metamorfismo, prevalecendo os quartzitos conglomerticos e vrios filitos; estes, por vezes, apresentam-se laminados, contendo seixos irregularmente distribudos, com aspecto de sedimentos glaciais (tilitos). Nas rochas conglomerticas, podem ser

reconhecidas, freqentemente, rochas retrabalhadas da Srie Minas e tambm gnaisses e granitos.

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O Pr-cambriano B, do Grupo Espinhao, localiza-se aproximadamente na parte central das reas Susceptveis a Desertificao em relevo muito movimentado, constituindo cristas alinhadas. Est representado associadamente com partes do Grupo Macabas, abrangendo reas de cristas mais elevadas das serras do Espinhao. O Pr-cambriano Indiviso ocupa uma faixa no sentido norte-sul, aproximadamente no centro das ASDs. Litologicamente composto por biotitagnaisse, gnaisse facoidal, biotita-xisto, plutonitos e granitos comuns, porfirides, cortados por veios de quartzo e diques de pegmatitos. No Zoneamento Ecolgico-Econmico do Estado de Minas Gerais (SCOLFORO; OLIVEIRA; CARVALHO, 2008a), a geologia do estado foi avaliada quanto facilidade de contaminao dos aqferos, em funo da litologia e de falhas e fraturas. De modo geral, a presena de falhas e fraturas e de rochas porosas, como arenitos, aumenta a possibilidade de contaminao dos aqferos, enquanto a ausncia de falhas e fraturas e a presena de rochas macias, como os granitos, oferecem menor possibilidade de contaminao. Em funo desses indicadores predomina nas ASDs uma vulnerabilidade muito baixa contaminao dos aqferos, no dispensando, contudo, o monitoramento ambiental, na busca do desenvolvimento sustentvel. Nos municpios das ASDs onde ocorrem os Sistemas Aqferos Carbonticos (abrange principalmente partes dos municpios de Montes Claros, So Joo da Ponte, Varzelndia, Verdelndia, Pedras de Maria da Cruz, Bonito de Minas, Cnego Marinho, Manga e Juvenlia) e Peltico-Carbonticos (principalmente partes dos municpios de Corao de Jesus, So Joo do Pacu e So Joo da Lagoa), as guas subterrneas apresentam elevada condutividade eltrica devido concentrao de sais, comprometendo o uso para irrigao e dessedentao animal e humana, alm do uso domstico.

3.3.

RELEVO O relevo das ASDs de Minas Gerais compreende a Chapada do rio So

Francisco, Patamar do rio So Francisco, Campo de Dunas do Mdio So Francisco, Depresso do Alto/Mdio So Francisco, Planalto da Borborema, Planalto Centro

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Sul Mineiro, Patamar Sertanejo, Planalto dos Geraizinhos, Depresso do rio Jequitinhonha e Chapadas, Planaltos e Patamares (FIG. 3.4).

FIGURA 3.4. Relevo predominante nas ASDs no Estado de Minas Gerais. Fonte: http://mapas.ibge.gov.br, 2005.

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A seguir so descritas as formas de relevos de ocorrncia nas regies semiridas mineiras por apresentarem caractersticas de maior vulnerabilidade ocorrncia de secas e degradao dos solos dentro das ASDs. As depresses do alto/mdio So Francisco (Superfcies de Aplainamento da Depresso Sanfranciscana) so caracterizadas pelas grandes superfcies rebaixadas ao longo do rio So Francisco e seus afluentes. Estendem-se como um plano ligeiramente inclinado, desde os sops das encostas dos planaltos e das serras, at os terraos e plancies fluviais. Possuem tipicamente relevo plano ou plano e suave ondulado, podendo ocorrer reas onduladas. Os declives variam de 0 a 8% e as altitudes variam de 450 a 750 metros. Geologicamente, so constitudas de recobrimento de material argiloso, argilo-arenoso ou arenoso, referidos ao Tercirio/Quaternrio e material retrabalhado derivado de rochas do grupo Bambu, o qual constitui o principal embasamento dessas reas. Como principais solos, destacam-se os Neossolos Quartzarnicos, os Latossolos Vermelho-Amarelos distrficos de textura mdia, os Latossolos Vermelhos eutrficos de textura argilosa, os Cambissolos eutrficos de textura argilosa e mdia. As formaes vegetais de maior ocorrncia so o cerrado, a caatinga e a transio floresta/caatinga (EMBRAPA, 1979). Os Campos de Dunas do Mdio So Francisco (Terraos e Plancies Fluviais) correspondem aos nveis mais inferiores, relativos s zonas de assoreamento mais recentes e que recortam as grandes superfcies aplainadas da Depresso Sanfranciscana. Possuem relevo plano, com declives de 0 a 3% e so basicamente constitudos de sedimentos aluviais, com alguma ocorrncia de depsitos orgnicos e com condies hidromrficas em muitas reas. Destacam-se as extensas faixas do rio So Francisco e seus afluentes, especialmente os rios Verde Grande e das Velhas. As altitudes variam de 430 a 550 metros, e os solos predominantes so Neossolos Flvicos, solos hidromrficos (Gleissolos e

Organossolos), Cambissolos e alguns Argissolos. As formaes vegetais de maior destaque so as florestas e as caatingas, ambas de vrzea (EMBRAPA, 1979). O Planalto da Borborema e o Planalto dos Geraizinhos compreendem as grandes superfcies de aplainamento que ocorrem nos limites nordeste e leste com o estado da Bahia e que se estendem para o oeste e sudoeste. Apresentam-se de forma bastante recortada at encontrar a Serra do Espinhao. Seus nveis variam de 700 a 1.050 metros. Correspondem aos recobrimentos de materiais argilosos do

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Tercirio,

sobre

rochas

gnissicas

do

Pr-cambriano

Indiviso

e

rochas

predominantemente quartzticas do Pr-cambriano A e B. Os solos so principalmente Latossolos Vermelho-Amarelos distrficos, de textura argilosa. As formaes vegetais so representadas pelo cerrado e florestas (Embrapa, 1979).

3.4.

SOLOS

Correlacionando

as

classes

de

solo

do

Sistema

Brasileiro

de

Classificao de Solos (CAMARGO; KLAMT; KAUFFMAN, 1987), com as classes do segundo nvel categrico do sistema atual (EMBRAPA, 1999), elaborou-se a Tabela 3.1 com os principais solos que ocorrem nas ASDs de Minas Gerais.

TABELA 3.1. Correlao entre as principais classes de solos descritas por Embrapa (1979) para as reas susceptveis desertificao do Estado de Minas Gerais e o atual Sistema Brasileiro de Classificao do Solo Classes de solos * Classes do 2 nvel categrico ** Latossolos Latossolos Vermelho-Amarelos Latossolos Vermelhos Podzlicos Argissolos Vermelho-Amarelos Argissolos Vermelhos Areia Quartzosa Solos aluviais Cambissolos Gleis Neossolos Quatzarnicos Neossolos Flvicos Cambissolos Solos Hidromrficos

Fonte: Classificao Brasileira de Solos segundo Camargo; Klamt; Kauffman (1987) e, ** Classificao Brasileira de Solos segundo Embrapa (1999).

O mapa mostrado na Figura 3.5, onde se optou por manter a legenda original do mapa confeccionado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE apresenta as classes de solos das reas susceptveis desertificao no estado de Minas Gerais.

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FIGURA 3.5. Classes de solos das reas susceptveis desertificao de Minas Gerais. Fonte: http://mapas.ibge.gov.br, 2005.

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3.4.1. Tipos de Solos

Latossolos

Os Latossolos so solos profundos ou muito profundos de horizonte ABw-C (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Para fins agrcolas, os Latossolos Vermelho-Amarelos podem ser considerados os mais importantes, tendo em vista as grandes extenses que ocupam nas ASDs do estado de Minas Gerais. Apresentam boas condies fsicas, praticamente sem problemas de eroso e de mecanizao. Mesmo os solos eutrficos apresentam baixos teores de fsforo, no entanto os teores de potssio variam de mdio a alto. Na regio, so muito utilizados para pecuria e plantio de eucalipto. Nas ASDs, os Latossolos Vermelho-Amarelos apresentam horizonte A moderado ou fraco, raramente proeminente. Podem ser distrficos (pobres em nutrientes) ou eutrficos (ricos em nutrientes); de textura mais freqentemente mdia, apresentando tambm textura arenosa e argilosa, possuindo boa permeabilidade. A vegetao a de cerrado nos topos das chapadas, ocorrendo tambm formaes de transio, como floresta/cerrado, floresta/caatinga e caatinga/cerrado (EMBRAPA, 1979). Os Latossolos Vermelhos das ASDs podem ser distrficos ou eutrficos. Quanto ao uso agrcola, de modo geral so utilizados para a agricultura, principalmente os eutrficos, e pecuria. Os distrficos so utilizados tambm com reflorestamento de pinus e eucalipto. Os Latossolos Vermelhos distrficos apresentam textura freqentemente argilosa, mas podem apresentar tambm textura mdia e muito argilosa, sendo o relevo plano e suave ondulado, e as formaes vegetais predominantes so as de cerrado e transies florestas/caatinga. Os Latossolos Vermelhos eutrficos ocupam maiores extenses que os distrficos nas reas susceptveis a desertificao, com relevo predominantemente suave ondulado e plano e a vegetao representada por formaes de transio entre florestas e caatinga (EMBRAPA, 1979). So solos que se prestam bem ao uso agropecurio.

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Argissolos

Os

Argissolos

Vermelhos

compreendem

solos

minerais,

no

hidromrficos, com horizonte B textural (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Nas ASDs semi-ridas e submidas secas os Argissolos Vermelho-Amarelos apresentam horizonte A moderado, seguido do horizonte Bt bastante espesso e drenagem um pouco deficiente, principalmente naqueles influenciados por deposies quartenrias nas vrzeas. Em geral, so solos de textura mdia no horizonte A e muito argilosa no Bt, podendo tambm apresentar cascalho (EMBRAPA, 1979). Podem ser distrficos ou eutrficos. Os distrficos so geralmente utilizados para a pecuria extensiva e os eutrficos, para agricultura. Nos Argissolos Vermelhos distrficos o relevo, em sua maior parte, suave ondulado e ondulado, constatando-se tambm forte ondulado. A vegetao predominante a de cerrado e formaes de transio, tais como floresta/caatinga e caatinga/cerrado/floresta (EMBRAPA, 1979). Os Argissolos Vermelhos eutrficos, antigas Terras Roxas Similares, possuem relevo que varia de plano at forte ondulado, predominando os relevos suaves ondulados e ondulados, ocorrendo em algumas reas rochosidade e/ou pedregosidade, principalmente de calcrios. A vegetao a de floresta, caatinga ou de transio entre floresta e caatinga.

Neossolos Quartzarnicos

Os Neossolos Quartzarnicos so solos minerais, casualmente orgnicos na superfcie, hidromrficos ou no, geralmente profundos, essencialmente quartzosos, com textura areia ou areia franca em pelo menos dois metros da superfcie. As fraes areia grossa e areia fina so constitudas essencialmente de quartzo, com praticamente ausncia de minerais primrios facilmente

intemperizveis (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Os Neossolos Quartzarnicos so de baixa fertilidade natural, com alta susceptibilidade eroso e srias limitaes de armazenamento de gua disponvel, o que restringe seu uso agrcola. Devido alta taxa de infiltrao de gua, o manejo da irrigao deve ser bastante criterioso. Na regio, geralmente esses solos so utilizados com extrativismo vegetal (lenha, frutos do cerrado e

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plantas medicinais) e a pecuria extensiva em meio vegetao natural. Nos topos das chapadas, onde ocorrem maiores precipitaes pluviomtricas, so utilizados com eucalipto. So distrficos e geralmente cidos, com horizonte A fraco ou moderado, seguido do horizonte C de grande espessura. O relevo plano e suave ondulado de topo de chapada, onde a vegetao a de cerrado. Nas reas com cotas mais baixas, podem aparecer caatinga, o cerrado e as formaes de transio entre cerrado/caatinga e floresta/cerrado (EMBRAPA, 1979).

Neossolos Flvicos

Os Neossolos Flvicos compreendem solos minerais, pouco evoludos, no hidromrficos, formados em depsitos recentes, de tal ordem que apresentam como horizonte diagnstico apenas o A, e sucesso de camadas estratificadas sem relao pedogentica entre si (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Esses solos, por definio, so desenvolvidos apenas nas plancies aluviais, em depsitos de origem fluvial, sendo muito utilizados para agricultura e pecuria, por ocuparem as reas mais midas da paisagem, apesar dos riscos de inundao. Nas ASDs predominam Neossolos Flvicos eutrficos, ocorrendo muito pouco os de carter distrfico. Podem apresentar atividade de argila alta ou baixa e textura variando de arenosa a argilosa, sendo os argilosos e de argila de atividade alta bastante coesos quando secos. O relevo plano e a vegetao caracterizada por formaes florestais, caatinga, cerrado e transies destas (EMBRAPA, 1979).

Neossolos Litlicos

Os

Neossolos

Litlicos

so

solos

minerais

no

hidromrficos,

rudimentares, pouco evoludos, rasos, com horizonte A diretamente sobre a rocha ou cascalheira espessa, ou sobre horizonte C pouco espesso ou mesmo exguo. Apresentam grande diversificao morfolgica e so bastante heterogneos quanto aos atributos qumicos, fsicos e mineralgicos (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Nos Neossolos Litlicos eutrficos pratica-se a agricultura de subsistncia, enquanto os distrficos so utilizados com pecuria extensiva. Em vrios locais de ocorrncia destes solos h fortes limitaes ao uso produtivo devido a sua pouca

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profundidade, ao relevo acidentado, presena constante de pedregosidade e rochosidade e s limitaes hdricas, principalmente na regio semi-rida. Os Neossolos Litlicos distrficos ocupam, relativamente, extenses reduzidas e apresentam, quase sempre, bastante pedregosidade e rochosidade na superfcie. A textura varia de arenosa, mdia, argilosa, siltosa, por vezes com cascalho, ou mesmo apresentando-se cascalhenta em alguns solos. O relevo varia de ondulado a montanhoso e as formaes vegetais predominantes so os cerrados e formaes de transio floresta/caatinga e floresta/cerrado, bem como caatinga/floresta (EMBRAPA, 1979).

Cambissolos

Os Cambissolos compreendem solos minerais, no hidromrficos, com horizonte A seguido de B incipiente, com drenagem variando de acentuada at imperfeita (OLIVEIRA; JACOMINE; CAMARGO, 1992). Nas ASDs so encontrados Cambissolos rasos a profundos, com variao de cor desde amarela at vermelha, argila de atividade alta ou baixa, e com saturao por bases variando de baixa a alta. Podem ser distrficos ou eutrficos. Quanto ao uso agrcola, esses solos so utilizados, de modo geral, para a pecuria. Os Cambissolos distrficos apresentam textura mais freqentemente argilosa e o relevo predominante o suave ondulado, mas aparece tambm o forte ondulado. A vegetao predominante a de cerrado, mas verificam-se ainda formaes de transio floresta/cerrado. Os eutrficos apresentam textura variando de mdia at muito argilosa e so bem a muito moderadamente drenados, com relevo geralmente suave ondulado, podendo ocorrer tambm relevos plano, ondulado e forte ondulado. A vegetao predominante a transio

floresta/caatinga, podendo ocorrer tambm, isoladamente, em formaes de caatinga e de floresta, bem como reas de vrzeas (EMBRAPA, 1979).

Solos Hidromrficos

Os solos hidromrficos so formados em vrzeas, reas deprimidas, plancies aluviais e locais de terras baixas com excesso de umidade e em bordas de chapadas em reas de surgncia de gua subterrnea (OLIVEIRA; JACOMINE;

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CAMARGO, 1992). Nessas condies, desenvolvem-se solos com horizonte superficial de colorao acinzentada ou preta em virtude da reduo do ferro que se processa em meio anaerbio devido ao excesso de umidade do solo, com conseqente acumulao de matria orgnica proveniente da decomposio dos resduos vegetais. Nas ASDs so utilizados para agricultura, destacando-se a produo de arroz, olercolas, frutas e pastagens. A ocorrncia desses solos limita-se s vrzeas midas e veredas e so desenvolvidos de sedimentos de natureza e granulometria variadas, com relevo plano de vrzea ou de vereda com vegetao predominante de vrzea (EMBRAPA, 1979).

3.4.2. Limitaes ao Uso, Vulnerabilidade e Contaminao dos Solos De modo geral, os solos das ASDs apresentam baixa disponibilidade de fsforo, elemento essencial s plantas, mesmo aqueles classificados como eutrficos. Os solos originados principalmente de arenitos, como os Neossolos Quartzarnicos, apresentam drenagem excessiva e baixa reteno de umidade. J os originados de rochas calcrias apresentam pH elevado, limitando o

desenvolvimento adequado das culturas pela deficincia de micronutrientes catinicos, principalmente quando cultivados sob irrigao com gua subterrnea. Os Neossolos Flvicos e hidromrficos merecem ateno especial por estarem localizados prximos aos cursos dgua e, alm disso, muitos Neossolos Flvicos apresentam argila de atividade alta, o que dificulta o seu manejo. Os Neossolos Litlicos e Cambissolos geralmente so pouco espessos e ocorrem em relevos mais acidentados, o que confere maior erodibilidade. De acordo com Scolforo; Oliveira; Carvalho (2008a), nas ASDs predominam solos de classes variando de mdia a muito baixa vulnerabilidade eroso e contaminao ambiental, funo de predominarem solos mais profundos, o que no dispensa o monitoramento do ambiente, sempre buscando o desenvolvimento em bases sustentveis. No obstante, os desmatamentos, as queimadas, o uso inadequado dos solos, o cultivo intensivo e o super-pastoreio geram profundas alteraes na estrutura dos solos e nos ciclos hidrolgicos, favorecendo a eroso e as perdas de gua por

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escoamento superficial e evaporao, alm da reduo da sua capacidade produtiva.

3.5.

VEGETAO As formaes vegetacionais naturais das ASDs compreendem a floresta

atlntica, campo rupestre de altitude, caatinga, cerrado e campo cerrado. De modo geral, as caatingas so caracterizadas como florestas de porte baixo (nano florestas), compostas principalmente por rvores e arbustos armados de espinhos ou acleos e folhagem com forte carter decduo e predominncia de nano e microfilia. O Domnio das Caatingas abriga outras fito fisionomias alm da prpria caatinga, como as florestas estacionais, cerrados e campos rupestres encontrados sobretudo nas serras e planaltos (RODAL, 2002). As florestas altas de caatinga, como as florestas estacionais deciduais, ocorrem em faixas descontnuas nas reas fortemente marcadas por uma estao chuvosa curta e outra seca, mais prolongada, responsvel pela caducifolia da maior parte das rvores, em resposta ao longo perodo de deficincia hdrica (OLIVEIRA FILHO; JARENKOW; RODAL, 2006). Essas florestas so tambm denominadas de caatinga arbrea ou mata seca e, apesar da fisionomia de sua vegetao ser diferente das catingas tpicas, o longo perodo sem folhas e, sobretudo, a flora, conectam-nas fortemente com as Caatingas (ANDRADE-LIMA, 1981). Segundo Scolforo; Carvalho (2006), o estrato dominante apresenta dossel que varia de aproximadamente 6 metros de altura, quando sobre afloramento de rochas, a 15 metros de altura, quando em solos mais profundos, com rvores emergentes que podem chegar a 30 metros de altura. A deciduidade do dossel acentuada na poca seca, com baixa ocorrncia de epifitismo e ocorrncia de cactceas e bromeliceas terrestres, palmeiras e lianas. Essa fisionomia normalmente est associada a solos eutrficos (Latossolo Vermelho, Argissolo Vermelho e Cambissolos) e a afloramentos rochosos (EMBRAPA, 1979). Essa vegetao pode ocorrer como enclaves nos Domnios do Cerrado e da Floresta Atlntica. A incluso da mata seca no Domnio da Mata Atlntica, aliado ao fato de estarem ameaadas tem gerado conflitos quanto ao uso dos locais de sua ocorrncia. A Figura 3.6 abaixo mostra o mata vegetacional das ASDs.

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FIGURA 3.6. Vegetao nativa das reas susceptveis desertificao de Minas Gerais. Fonte: http://mapas.ibge.gov.br , 2005

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A caatinga hipoxerfila apresenta fisionomia aberta, podendo apresentar arbustos e rvores esparsas, plantas suculentas, rupolas e reptantes. Ocorrem em clima fortemente sazonal e com elevada restrio hdrica, em solos geralmente eutrficos e afloramentos rochosos (SCOLFORO; CARVALHO, 2006). Na regio Norte de Minas aparecem predominantemente com um estrato arbustivo-arbreo relacionando-se, principalmente, com as classes de solos Neossolos Quartzarnicos distrficos no municpio de Manga (margem esquerda do rio So Francisco) e Latossolos Vermelho-Amarelos nos municpios de Monte Azul, Espinosa e Porteirinha. O estrato arbreo, pouco significativo, raramente ultrapassa os cinco metros de altura, sendo representado por embiruu (Pseudobombax sp.), catingueira (Caesalpinia pyramidalis), angiquinho (Acacia sp.), imburana-de-cambo

(Cammiphora leptophloeus), angigo (Anadenanthera macrocarpa), entre outras. O estrato arbustivo mais denso e, em certas reas onde o solo mais arenoso, aparecem espcies como cansano (Jatropha urens), coro (Neoglaziovia variegata), moror (Bauhinia cheilantha) e diversas espcies de cips e de orqudeas epfitas dos gneros Vanilla e Oncidium. Esporadicamente, essa formao torna-se mais aberta deixando espaos vazios onde aparecem gramneas. (EMBRAPA, 1979). Em algumas reas dos municpios de Mato Verde e Espinosa a caatinga apresenta-se com um grande nmero de espcies comuns caatinga hipoxerfila propriamente dita, no entanto, ainda tem um estrato arbreo mais bem definido e um menor nmero de cactceas e leguminosas espinhosas. As espcies aroeira (Myracrodruon urundeuva), angico (Anandenanthera macrocarpa), brana ou paupreto (Schinopsis brasiliensis) constituem, ao lado do cedro (Cedrella sp.), peroba (Aspidosperma sp.) e barriguda (Cavanillesia arborea) o seu estrato mais alto. Em alguns Neossolos Flvicos ao longo dos rios So Francisco, Gorutuba e Verde Grande, aparece uma vegetao mais arbustiva, como accia (Acacia farnesiana), paja (Triplaris gardneriana), catingueiro (Caesalpinia pyramidalis), juazeiro (Ziziphus juazeiro), alagadio (Mimosa sp.) e pau-de-colher (Maytenus rigida). Tal formao limita-se a pequenas reas e geralmente est associada com a floresta de vrzea (caduciflia e subcaduciflia) (EMBRAPA, 1979). O cerrado e formaes afins ocupam a maior parte das ASDs do submido seco de Minas Gerais. Ocorrem em clima regularmente sazonal, com

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estaes seca e chuvosa bem definidas, solos geralmente bem drenados e cidos (SCOLFORO ; CARVALHO, 2006). A gua parece no ser um fator limitante para a vegetao do cerrado, principalmente pelo estrato arbreo-arbustivo, devido s razes pivotantes

profundas, que atingem camadas de solo permanentemente midas, mesmo na estao seca. A maior evidncia de que gua no o fator limitante do crescimento e produo do estrato arbreo-arbustivo do cerrado o fato de se encontrarem extensas plantaes de eucalipto, crescendo e produzindo plenamente, sem necessidade de irrigao. Uma espcie caracterstica do cerrado e de grande importncia econmica regional o pequi (Caryocar brasiliense). No Domnio dos Cerrados ocorrem formaes florestais nas reas mais midas, prximas aos cursos dgua, com destaque para as veredas, ou seja, florestas pereniflias de vrzea com buriti (EMBRAPA, 1979). As veredas so ambientes tpicos do cerrado e se localizam prximo s nascentes, funcionando como vias de drenagem, contribuindo para a perenidade e regularidade dos cursos dgua (BOAVENTURA, 2007). So ambientes caracterizados, geralmente, pela presena da palmeira buriti (Mauritia flexuosa), espcie tpica das reas midas de interior das veredas. Essa comunidade ocupada por densa vegetao herbceagraminosa e outra arbustiva-arbrea. A vegetao das veredas ajuda a proteger o sistema formado pelo solo, pelas plantas e pela gua que ocorre em reas geralmente planas ou pouco ngremes, brejosas ou alagadas, com presena de solos hidromrficos. As veredas tambm funcionam como um corredor natural da fauna e da flora, interligando ecossistemas e permitindo a movimentao do fluxo gnico, sendo consideradas reas de Preservao Permanente (APP). As florestas estacionais semideciduais so caracterizadas por dossel superior a 4 metros, com rvores emergentes de at 40 metros de altura e subbosque denso. Apresentam deciduidade intermediria da massa foliar do dossel na poca mais fria e seca. Ocorrem em reas de regime de precipitao sazonal dos domnios de Mata Atlntica e do Cerrado e na forma de enclaves e florestas associadas a corpos dgua permanentes ou intermitentes (SCOLFORO;

CARVALHO, 2006). O Campo Rupestre um tipo de vegetao predominantemente herbceo-arbustiva, ocupando trechos de afloramentos rochosos, geralmente em altitudes superiores a 900 metros. Este tipo de vegetao ocorre geralmente em

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solos cidos, pobres em nutrientes ou nas frestas dos afloramentos rochosos. Em geral, a disponibilidade de gua no solo restrita, pois as guas pluviais escoam rapidamente para os rios, devido a pouca profundidade e reduzida capacidade de reteno do solo. Nas ASDs essa fisionomia ocorre na Serra do Espinhao e as espcies caractersticas so a sempre-viva (Paepalanthus ssp.) e a canela-de-ema (Vellozia sp.), de grande importncia ecolgica (VIANA et al., 2004). De acordo com o Zoneamento EcolgicoEconmico do Estado de Minas Gerais (SCOLFORO; OLIVEIRA; CARVALHO, 2008a), nas ASDs ocorrem ainda reas com certa integridade ecolgica e que, por isso, so mais vulnerveis ao do homem, especialmente aquelas sob influncia da Serra do Espinhao e reas que so importantes centros de biodiversidade e que representam enclaves de fito fisionomias nicas no estado, como as Florestas Deciduais. A seguir apresentada a situao da cobertura florestal nativa e plantada por sub-bacias hidrogrficas nas ASDs em Minas Gerais. Para o diagnstico das reas de cobertura nativa inseridas nas ASDs foram utilizados dados do Inventrio Florestal do Estado. Este inventrio est baseado num conjunto de informaes relacionadas aos recursos florestais, servindo como instrumento para identificar e determinar os principais atores e as principais causas que levam alterao do uso do solo e ao empobrecimento de sua diversidade biolgica. As reas de flora nativa, eucalipto e pinus existentes nas bacias hidrogrficas nas ASDs esto retratadas nas tabelas 3.2, 3.3 e 3.4, mensuradas em hectares e percentuais existentes no perodo 2005-2007, apresentando a variao da supresso da flora nativa, bem como a variao das reas de florestas plantadas.Comparando os anos de 2005, 2006 e 2007 nas Unidades de

Planejamento e Gesto de bacias hidrogrficas nas reas Suscetveis Desertificao, verifica-se que houve um aumento na rea de plantio de eucalipto em 43 mil ha e, conseqentemente, uma reduo de 42 mil ha de reas de florestas nativas e de 261 ha da rea de pinus. Isso significa que a cultura do eucalipto temse caracterizado como a opo econmica mais vivel nas reas mais planas, como as chapadas. Entretanto, constata-se a preocupao de ambientalistas que alegam ser esta cultura prejudicial s sub-bacias, o que, conseqentemente, poderia trazer prejuzos s populaes situadas nas suas respectivas reas de abrangncia. Contudo, esta posio polmica e no comprovada cientificamente.

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TABELA 3.2. rea, percentual e diferena no perodo de 2005 a 2007 das florestas nativas por sub-bacia hidrogrfica nas ASDsSub-bacia hidrogrfica Bacia hidrogrfica 2005 rea (ha) SF6 RIO JEQUITA RIO SO FRANCISCO RIO SO FRANCISCO RIO SO FRANCISCO RIO JEQUITINHONHA RIO JEQUITINHONHA RIO JEQUITINHONHA RIO PARDO 1.333.903,8 % 53,24 2007 rea (h) 1.323.271,4 % 53,24 Total de Floresta Nativa Diferena no perodo rea (ha) -10.632,4 -2.887,9 % -0,42

SF9

RIO COCH RIO VERDE GRANDE RIO VACARI

1.838.169,1

58,87

1.835.281,2

59,01

-0,30

SF10

1.414.422,9

50,50

1.409.361,1

53,10

-5.061,8

-0,18

JQ1

1.164.577,8

58,90

1.160.076,1

58,67

-4.501,7

-0,22

JQ2

RIO ARAUA

885.326,9

54,68

877.233,7

54,18

-8.093,3

-0,5

JQ3

RIO SALINAS RIO SO JOO DO PARAISO

1.247.391,2

42,04

1.242.945,8

41,89

-4.445,3

-0,14

PA1 TOTAL

659.700,72 7.883.791,7

52,82

652.817,25 7.848.169,4

51,28

-6.883,4 -42.