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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão Mergus octosetaceus

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Plano de Ação

para a Conservação do

Pato-mergulhãoMergus octosetaceus

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EdiçãoINSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

Centro Nacional de Informação, Tecnologias Ambientais e EditoraçãoEdições Ibama

SCEN, Trecho 2, Bloco B, subsolo, Edifício-sede do IbamaCEP 70818-900 - Brasília-DF

Fone: (61) [email protected]

Diretoria de Fauna e Recursos PesqueirosCoordenação-Geral de Fauna

Coordenação de Proteção de Espécies da FaunaSCEN, Trecho 2, Bloco A, subsolo, Edifício-sede do Ibama

70.818-900 - Brasília, DF - [email protected]

http://ibama.gov.br

ColaboradoresTHE WILDFOWL AND WETLANDS TRUST

Slimbridge, Glos. GL2 7 BT, [email protected]

PROJETO BIOLOGIA E CONSERVAÇÃO DO PATO-MERGULHÃO - UFFFaculdade de Veterinária - UFF

R. Vital Brasil Filho 64, Santa Rosa24.230-340 - Niterói - RJ

[email protected]

INSTITUTO TERRA BRASILISRua do Ouro 136, Sala 801 - Serra30.220-000 - Belo Horizonte - MG

[email protected]

BIRDLIFE INTERNATIONAL - PROGRAMA BRASILAl. Grécia 297

06.474-010 - São Paulo - [email protected]

© Ibama 2006. O material contido nesta publicação não pode ser reproduzido, guardado pelo sistema “retrieval” ou transmitido dequalquer modo ou por qualquer outro meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação ou outros, sem a prévia autorização,por escrito, da Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna.

© Os direitos autorais das fotografias contidas nesta publicação são de propriedade de seus fotógrafos.

República Federativa do Brasil

Presidente

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Vice-PresidenteJOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA

Ministério do Meio Ambiente

MinistraMARINA SILVA

Secretário-ExecutivoCLÁUDIO ROBERTO BERTOLDO LANGONE

Secretário de Biodiversidade e FlorestasJOÃO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCO

Diretor do Programa Nacional de Conservação daBiodiversidadePAULO YOSHIO KAGEYAMA

Gerente de Recursos GenéticosLÍDIO CORADIN

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis

PresidenteMARCUS LUIZ BARROSO BARROS

Diretor de Fauna e Recursos PesqueirosRÔMULO JOSÉ FERNANDES BARRETOMELLO

Coordenador-Geral de FaunaRICARDO JOSÉ SOAVINSKI

Coordenador de Proteção de Espécies da FaunaONILDO JOÃO MARINI-FILHO

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Brasília, 2006

Mergus octosetaceus

Série Espécies Ameaçadas – nº 3

Baz Hughes (Wildfowl & Wetlands Trust)

Bruce Dugger (Oregon State University)

Hélio Jorge Cunha (Ministério do Meio Ambiente)

Ivana Lamas (Conservação Internacional)

Jaqueline Goerck (BirdLife International - Programa Brasil)

Lívia Lins (Instituto Terra Brasilis)

Luís Fábio Silveira (Universidade de São Paulo)

Renata Andrade (Instituto Terra Brasilis)

Sávio F. Bruno (Universidade Federal Fluminense)

Sônia Rigueira (Instituto Terra Brasilis)

Yara de Melo Barros (Ibama)

Colaboração: Grupo de Trabalho para Conservação do Pato-mergulhão

Plano de Ação

para a Conservação do

Pato-mergulhão

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Produção do Plano

Workshops: 18 a 22 de setembro de 2000 (São Roque de Minas/MG, Brasil)29 de outubro de 2002 (Brasília/DF, Brasil)

Primeira versão: Fevereiro 2001Versão Final: Janeiro 2006

Este Plano baseou-se nas discussões ocorridas durante os dois workshops mencionados e nas informações providas por especialistasdo Brasil, Argentina e Paraguai . A fonte das informações, quando não referenciadas especificamente, são os compiladores.

Revisões do PlanoEste Plano de Ação será monitorado anualmente pelos participantes e deverá ser revisado a cada cinco anos (primeira revisão em 2011).Entretanto, revisões emergenciais poderão ser efetuadas, a qualquer tempo, caso alguma mudança inesperada ameace a populaçãodessa espécie.

Abrangência GeográficaÉ necessária sua implementação nas áreas de ocorrência do pato-mergulhão: Argentina, Brasil e Paraguai.

Coordenação das Edições IbamaCleide Passos

Coordenação Técnica da Série Espécies AmeaçadasOnildo João Marini-Filho

Documento baseRevisão técnicaHélio Jorge Cunha e Yara de Melo Barros

Texto finalRevisão técnicaYara de Melo Barros

Revisão e edição de textoVitória RodriguesCleide Passos

Normalização bibliográficaHelionidia C. Oliveira

CapaMarcos Antônio Santos-Silva, Dr. rer. nat.Tel.: (61) 3307-2265, [email protected]

Projeto gráfico/DiagramaçãoPaulo Luna

MapasLeandro Cláudio Baumgarten e Noêmia Regina Santos do NascimentoElaborados nas dependências do Centro de Sensoriamento Remoto-CSR/Ibama

Pedidos de exemplares deste documento, dúvidas e sugestões devem ser encaminhados para: Onildo João Marini-Filho([email protected])

P699 Plano de ação para a conservação do pato-mergulhão (Mergusoctosetaceus) /Baz Hughes... [et al.]. – Brasília: Ibama, 2006.86 p. : il. color. ; 29 cm. (Série Espécies Ameaçadas, 3)

ISBN 85-7300-226-3

1. Plano (Planejamento). 2. Aves. 3. Ornitologia. 4. Extinção. 5.Espécies. I. Hughes, Baz. II. Dugger, Bruce. III. Cunha, Hélio. IV. Lamas,Ivana. V .Goerck, Jaqueline . VI. Lins, Lívia. VII. Silveira, Luís F.VIII. Andrade, Renata. IX. Bruno, Sávio F. X. Rigueira, Sônia. XI. Barros,Yara de Melo. XII. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis. XIII. Coordenação de Proteção de Espécies daFauna. XIV. Título. XV. Série.

CDU(2.ed.) 598.2

Catalogação na FonteInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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Agradecimentos

Nossos sinceros agradecimentos a Rosilene Aparecida Ferreira, então Diretora doParque Nacional da Serra da Canastra, pelo seu apoio na elaboração do Workshop para aConservação do Pato-mergulhão em setembro de 2000. Os recursos para a organizaçãoe condução do workshop e para auxiliar a publicação do plano foram fornecidos peloUnited States Fish and Wildlife Service por meio de seu Escritório de AssuntosInternacionais.

Sinceros agradecimentos ao atual Diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra,Engenheiro Florestal Vicente de Paulo Leite e à sua equipe, pelo apoio oferecido aospesquisadores durante sua gestão.

A Richard Hearn pelo acesso ao seu banco de dados sobre os avistamentos de pato-mergulhão; ao Instituto Terra Brasilis e ao pesquisador Sávio Bruno por fornecerem seusdados inéditos.

A todas as instituições e pesquisadores que participaram da elaboração destedocumento.

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Sumário

Lista de siglas e abreviaturas .............................................................................................

Lista de figuras ..............................................................................................................

Grupo de trabalho que participou das discussões para elaboração do Plano de AçãoApresentação ...................................................................................................................

Parte 1 - INFORMAÇÕES GERAIS

Introdução ......................................................................................................................

Informações sobre a espécie e sua história natural ..........................................................

Morfologia .................................................................................................................

Comportamento .........................................................................................................

Distribuição e habitat .................................................................................................

Alimentação ...............................................................................................................

Reprodução ................................................................................................................

Muda e desenvolvimento dos filhotes .........................................................................

Ameaças ..........................................................................................................................

Perda de habitat - importância crítica ........................................................................

Degradação do habitat - importância crítica ...............................................................

Mudanças hidrológicas - importância crítica ..............................................................

Distúrbios ambientais - importância alta ....................................................................

Fogo - Importância alta/desconhecida .........................................................................

Endocruzamento: importância baixa/desconhecida ....................................................

Caça - importância média/desconhecida ...................................................................

Predação - importância média/desconhecida .............................................................

Introdução de peixes exóticos - importância média/desconhecida .............................Competição - importância baixa/desconhecida ..........................................................

Poluição - importância baixa/desconhecida ................................................................

Exploração direta - importância baixa/desconhecida ..................................................

Retirada de ovos e jovens - importância baixa/desconhecida.....................................

Pesticidas (efeito indireto) importância baixa/desconhecida ................................................

Status ..............................................................................................................................

Argentina ....................................................................................................................

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Brasil ..........................................................................................................................

Paraguai .....................................................................................................................

Parte 2 - PLANO DE CONSERVAÇÃO

Objetivos ....................................................................................................................

Fiscalização e legislação .........................................................................................

Proteção da espécie e do habitat ...........................................................................

Monitoramento e pesquisa .....................................................................................

Conscientização pública e capacitação ..................................................................

Colaboração e comunicação internacional ............................................................

Referências bibliográficas...............................................................................................

Apêndices .........................................................................................................................

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Apêndice 1 - Ações de conservação recomendadas para a Argentina .........................

Apêndice 2 - Sumário da ações de conservação recomendadas para oBrasil ......................................................................................................

Apêndice 3 - Sumário das ações de conservação para o Paraguai ...............................Apêndice 4 - Fotos do pato-mergulhão no Parna da Serra da Canastra,

Minas Gerais .........................................................................................

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Lista de siglas e abreviaturas

CGFAU – Coordenação-Geral de Fauna/IbamaCEMAVE – Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres/IbamaCOFAU – Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna/IbamaDCBIO – Diretoria de Conservação de Biodiversidade/MMA

FUNATURA – Fundação Pró-NaturezaGEREX – Gerência Executiva/IbamaIBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IUCN – International Conservation UnionMMA – Ministério do Meio Ambiente

NAWTAG – North American Waterfowl Taxon Advisory GroupOSU – Oregon State University

PARNA – Parque NacionalPE – Parque Estadual

PBCPM – Projeto Biologia e Conservação do Pato-Mergulhão/UFFPROAVES – Associação Brasileira para a Conservação das Aves

RPPN – Reserva Particular de Patrimônio NaturalSSC – Species Survival Commission/IUCNUFF – Universidade Federal Fluminense

UFRJ – Universidade Federal do Rio de JaneiroUEL – Universidade Estadual de LondrinaUnB – Universidade de BrasíliaUSP – Universidade de São Paulo

USGS/FRESC – United States Geological Survey/Forest and Rangeland EcosystemScience Center

WWT – Wildfowl & Wetlands TrustWITWSG – Wetlands International Threatened Waterfowl Specialist Group/IUCN

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Lista de figuras

Figura 1- Habitat do Mergus octosetaceus. Parna Serra da Canastra e entorno, MG. (a)Cachoeira Casca D'Anta (b) No detalhe, uma família de Mergus subindo a partealta do rio São Francisco (c). Na margem esquerda, um casal flutua em águasricas em corredeiras (d) habitat típico da espécie, próximo à nascente do rioSão Francisco. (Fotos: Sávio Bruno ..................................................................

Figura 2 - Casal de Mergus octosetaceus. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005 ...........................

Figura 3 - Filhote de pato-mergulhão recém saído do ninho. Fotos: Sávio Bruno 2006 ...............

Figura 4 - Mergus octosetaceus alçando vôo sobre a lâmina de água no Parque Nacionalda Serra da Canastra. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005 ................................

Figura 5 - Casal de Mergus octosetaceus acompanhado de sete filhotes, em fuga frente aperigo iminente. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005 .........................................

Figura 6- Em águas turvas o pato-mergulhão nada com menos freqüência, permanecendogeralmente repousando à beira do rio. Foto: Sávio Bruno, outubro de 2003 ................

Figura 7- Família de Mergus octosetaceus, com sete filhotes, camuflada próximo a galhosna margem do rio. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005 ...................................

Figura 8- (a) Casal de Mergus octosetaceus vocalizando energicamente devido ao ruídodo disparo fotográfico (b) macho adulto de Mergus octosetaceus vocalizandoao retornar às proximidades do ninho onde a fêmea estava incubando. Foto:Sávio Bruno, agosto de 2006 ........................................................................

Figura 9- (a) Unidades de Conservação federais dentro da área de ocorrência de Mergusoctosetaceus: Áreas-chave com registros até 1992 - círculos; entre 1993 e 2005- triângulos (b) Distribuição histórica e atual de Mergus octosetaceus ..................

Figura 10 - Vista Geral da Serra da Canastra. Foto: Sávio Bruno, janeiro de 2005 ...........

Figura 11 - Alimentação (a) casal de Mergus octosetaceus em busca de alimento (b) olambari (Astyanax spp.): alimento básico dos patos-mergulhões; no detalhe,um pato-mergulhão macho à procura destes peixes. Fotos: Sávio Bruno, 2001e 2006 .........................................................................................................

Figura 12 - Fêmea de Mergus octosetaceus entregando um pequeno peixe diretamenteno bico de um de seus filhotes. Foto: Sávio Bruno .........................................

Figura 13 - (a) Casais de Mergus octosetaceus no Parna da Serra da Canastra (b) casalacompanhado de suas crias em fevereiro de 2005. Os subadultos possuem acomissura do bico de tonalidade clara, enquanto nos adultos é enegrecida. A fêmeaadulta, de penacho ligeiramente menor e cabeça menos robusta, encontra-sena retaguarda, com o macho imediatamente à frente (b) casal acompanhadode um filhote. Fotos: Sávio Bruno, 2005 ....................................................

Figura 14 - Cinco espécimens, provavelmente subadultos separados dos pais, em abril de2004. Foto: Sávio Bruno, 2004 .....................................................................

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Figura 15 - Fêmea de Mergus octosetaceus alçando vôo no momento em que abandonavao ninho em cavidade arbórea. Foto: Sávio Bruno e Cláudia Del Castilho, agostode 2005 .......................................................................................................

Figura 16 - Fêmea de Mergus octosetaceus prestes a ausentar-se de ninho em cavidaderochosa. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005 ..................................................

Figura 17 - Filhote de Mergus octosetaceus no momento em que abandona o ninho emcavidade abórea. Foto: Sávio Bruno e Cláudia Del Castilho, agosto de 2005 .....

Figura 18 - (a) e (b) Retirada de mata primária próximo ao rio São Francisco (Parna daSerra da Canastra) visando à expansão de pastagens. Foto: Sávio Bruno, abrilde 2004 .......................................................................................................

Figura 19 - Presença de lixo (plástico), sinalizando um processo, ainda que lento, progressivode degradação ambiental - rio São Francisco ..................................................

Figura 20 - (a) e (b) O impacto da mineração no rio São Francisco: Até o ano de 1996,mineradoras com suas bombas e outros maquinários causavam graves mudançashidrológicas e geológicas no leito daquele rio ......................................................

Figura 21 - Garimpo ilegal de diamantes, com a utilização de "bicas". Foto Sávio Bruno.Entorno do Parna Serra da Canastra, outubro de 2003 ..................................

Figura 22 - Processo erosivo causado por veículos utilizados em atividades esportivas. Foto:Sávio Bruno, 2006 ............................................................................................

Figura 23 - No Parna da Serra da Canastra, o rio São Francisco, ao receber as águas doscórregos Luciano e Cachoeirinha, sofre significativo impacto devido aossedimentos de solo carreados. Foto: Sávio Bruno, janeiro de 2006. ..............

Figura 24 - Avanço no Cerrado de áreas destinadas à agricultura e à pecuária extensiva(detalhe), comprometendo muitas vezes, até mesmo áreas próximas aos rios,em detrimento da vegetação nativa. Fotos: Sávio Bruno, cerrado de Minas Gerais,agosto de 2001; no detalhe, 1993 ................................................................

Figura 25 - Áreas de território comprovado do pato-mergulhão no Parna da Serra daCanastra sofrem o impacto de atividades turísticas. Foto: Sávio Bruno .............

Figura 26 - (a) Fogo na região do Parna da Serra da Canastra (b) equipes treinadas para ocombate ao fogo. Fotos: Sávio Bruno, setembro de 2004. ..............................

Figura 27 - Impacto causado pelo fogo nas margens do rio São Francisco no Parna da Serrada Canastra. Foto: Sávio Bruno, outubro de 2003 .........................................

Figura 28 - Exemplos de caça nas margens do rio São Francisco no Parna da Serra daCanastra: (a) armadilhas com grãos de milho e outros cereais (b) ceva. Fotos:Sávio Bruno, 2001 e 2006 ...........................................................................

Figura 29 - Cão doméstico vivendo livremente no Parna da Serra da Canastra. Foto: SávioBruno, setembro de 2004 .............................................................................

Figura 30- Biguá (Phalacrocorax olivaceus) em território de uma família de patos-mergulhõesno Parna da Serra da Canastra. Foto: Sávio Bruno, setembro de 2004 ............

Figura 31- Contaminação das águas pela decomposição de carcaças de animais domésticos(bovino) a céu aberto - rio São Francisco, entorno do Parna Serra da Canastra.Foto: Sávio Bruno, outubro de 2003 .............................................................

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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Grupo de trabalho que participou das discussões paraelaboração do Plano de Ação

ARGENTINANome Instituição Endereço eletrônicoAndrés Bosso Aves Argentinas [email protected]és Johnson Fundación Vida Silvestre Argentina [email protected] Gil Administración de Parques Nacionales [email protected] Carlos Chebez Administración de Parques Nacionales [email protected]

BRASILCarlos Bianchi COFAU / Ibama1 [email protected] Bomtempo CGUC / Ibama5 [email protected] Yamashita Gerex - SP / Ibama [email protected]ábio Olmos BirdLife International - Programa do Brasil2 [email protected] Leeuwenberg CGUC / Ibama [email protected]élio Jorge da Cunha Cofau / Ibama3 [email protected] Reis Lamas Terra Brasilis e Conservação Internacional [email protected] Maria Goerck BirdLife International - Programa do Brasil [email protected]ão L. X. do Nascimento Cemave / Ibama [email protected]é Fernando Pacheco BirdLife International - Programa do Brasil [email protected] Macedo Flores Proaves [email protected]ázara Maria Alves CGUC / Ibama [email protected]ívia Lins Instituto Terra Brasilis [email protected] Klemann Júnior Idéia Ambiental [email protected] dos Anjos UEL [email protected]ís Fábio Silveira USP [email protected] Iolita Bampi CGFAU / Ibama4 [email protected]ônica Koch Cemave2 [email protected] de Tarso Z. Antas Funatura [email protected] B. A. de Carvalho Projeto Biologia e Conservação do

Pato-mergulhão / UFF [email protected] Andrade Programa Pato-Mergulhão / Inst. Terra Brasilis [email protected] Balieiro Pineschi UFRJ [email protected] Silva e Silva BirdLife International - Programa do Brasil [email protected] Mamede Cofau / Ibama2 [email protected]ávio Freire Bruno Projeto Biol. e Cons. Pato-Mergulhão / UFF [email protected]érgio Brant CGUC / Ibama [email protected]ônia Rigueira Instituto Terra Brasilis [email protected]ísio L. Santos Abreu UnB [email protected]ívian Braz UnB [email protected] de Melo Barros Cofau / Ibama [email protected]

Instituição atual:1 USGS / FRESC 2 Desconhecida 3 DCBIO / MMA 4 CGUC / Ibama 5Projeto de Proteção da Mata Atlântica/RJ

PARAGUAINancy López de Kochalka Ministério da Agricultura [email protected] Pérez Itaipu Binacional [email protected] Clay Guyra Paraguay: Conservación de Aves [email protected]

EUROPABaz Hughes WWT e IUCN-SSC/ WITWSG [email protected] Putman Colaborador [email protected] Wege Birdlife International - Americas Program [email protected] Callaghan Ecostudy Environmental Consultancy [email protected] Jarrett Wildfowl & Wetlands Trust [email protected] Hearn Wildfowl & Wetlands Trust [email protected] Bartmann Dortmund Zoo, Germany

AMÉRICA DO NORTEBruce D. Dugger Department of Fisheries and Wildlife, OSU [email protected] Piekarz Akron Zoological Park e NAWTAG [email protected] Lubbock Sylvan Heights Waterfowl. [email protected]

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Apresentação

O Brasil é o país que detém a maior biodiversidade em todo o mundo. Ao mesmotempo, a intensificação de atividades humanas, como a expansão desordenada de cidades eo aumento da fronteira agrícola sobre áreas preservadas, têm gerado forte pressão sobre asdiversas paisagens e biomas brasileiros. As principais conseqüências destas ações são a perda,degradação e fragmentação de habitats, que se refletem no aumento do número de espéciespresentes na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, oficializadapela Instrução Normativa nº. 3 do MMA, de 27 de maio de 2003.

Zelar pela conservação desta riqueza nacional é responsabilidade de cada cidadãobrasileiro, porém as iniciativas e medidas a serem adotadas para reverter este quadro devemser tomadas de maneira organizada e conjunta, em prol de um objetivo comum. Assim, aunião de esforços de governos, da sociedade civil e das instituições de ensino e pesquisa,visando à conservação da nossa biodiversidade, representa um passo importante nesta jornada.

Com o propósito de mudar esta situação de ameaça, o Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis e o Ministério do Meio Ambiente e o criarama Série Espécies Ameaçadas, que é composta de Planos de Ação para a proteção econservação da fauna brasileira ameaçada de extinção. Os dois primeiros números destaSérie abordaram, em ordem de publicação, o mutum-do-sudeste Crax blumenbachii e osalbatrozes e petréis (Ordem Procellariiformes).

O terceiro número desta Série é o Plano de Ação para Conservação do Pato-Mergulhão, espécie Criticamente Ameaçada que ocorria originalmente no Brasil, Argentina eParaguai. Atualmente existem registros apenas no Brasil e na Argentina, sendo que neste país aspopulações, se ainda existentes, devem ser extremamente reduzidas. Este fato reforça anecessidade de conservar a espécie em território brasileiro, desenvolvendo esforços conjuntos,de forma a garantir que o pato-mergulhão não seja extinto num futuro próximo. A estimativapopulacional atual é de apenas cerca de 250 aves na natureza e nenhuma em cativeiro.

O Plano apresenta informações sobre a biologia da espécie, identifica seus principaisfatores de ameaça e propõe uma série de medidas para implementação em diversas áreastemáticas, identificando atores potenciais e seguindo uma escala de prazos e prioridades,com o principal objetivo de conservar a espécie em longo prazo. Este Plano deverá serrevisado periodicamente, como forma de monitorar e avaliar o sucesso das ações executadase atualizar as necessidades de conservação.

Agradecemos a todos os participantes e patrocinadores que trabalharam pelaformulação deste Plano em todas as suas fases, demonstrando comprometimento com aconservação da biodiversidade brasileira.

MARCUS LUIZ BARROSO BARROS

Presidente - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

JOÃO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCO

Secretário de Biodiversidade e Florestas - Ministério do Meio Ambiente

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PARTE 1

INFORMAÇÕES GERAIS

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O pato-mergulhão Mergus octose-taceus é uma espécie piscívora que ocorre,em baixa densidade, em cursos d'água deregiões de floresta subtropical e cerrado commata de galeria. Os afluentes à montante dasbacias, intercalados por corredeiras e quedasem altitudes que atingem até 1.300mparecem ser seu ambiente mais favorável(Figuras 1 a,b,c,d,e,f). É a única espécierepresentante dos Mergini (Ordem Anseriformes)no Hemisfério Sul e pouco se conhece sobresua biologia.

A espécie é uma das aves maisameaçadas das Américas (Bartmann, 1994;Collar et al., 1992; Antas, 1996) sendoclassificada como criticamente ameaçada,tanto na Lista das Espécies da Fauna BrasileiraAmeaçadas de Extinção (Portaria MMA n.º003/2003 ), quanto na Lista Vermelha dosAnimais Ameaçados (IUCN, 2000), devido aodeclínio das suas já reduzidas populações(BirdLife International, 2000). Não háestimativas razoáveis para o total populacional,mas estima-se que menos de 250 aves aindaexistam em vida livre (BirdLife International,2000) e nenhuma em cativeiro. Existemregistros confirmados em quatro bacias (rio SãoFrancisco, rio Tocantins, rio Paraná e rio Doce)e três países (Paraguai, Argentina e Brasil).

O último registro no Paraguai,contudo, ocorreu em 1984 (Lopez, 2000) e naArgentina, desde 1993 houve somente doisavistamentos. Todos os registros nestes doispaíses referiam-se a aves isoladas, o que indicauma forte redução ou mesmo desaparecimentoda espécie nas regiões investigadas.

Como outros patos, é uma avesedentária e monogâmica. Acredita-se queos casais mantenham-se pareados por todavida e permaneçam em um mesmo trechode rio. Esta característica torna a espécieextremamente sensível à perda e degradaçãode seu habitat. Desmatamentos para expansão

Introdução

agrícola e pecuária, construção de represas equeimadas representam as ameaças maiscríticas (Johnson & Chebez, 1985, Bartmann,1988; Collar et al., 1992; Chebez, 1994).Atualmente o turismo ecológico, especialmenteesportes aquáticos como o rafting (Bruno &Bartmann, com. pess., 2002), o "bóia-cross" ea canoagem podem também representar umaameaça significativa (Bruno & Carvalho,2005).

A não ser pelos estudos pioneiros deGiai (1950, 1951, 1976), Partridge (1956),Bartmann (1988), Silveira & Bartmann (1996,2001), Bruno & Bartmann (2003), Lamas &Santos (2004), Lamas (no prelo) e Bruno(2004), quase nada é conhecido sobre abiologia e ecologia do pato-mergulhão. Sãourgentes, portanto, mais informações sobreparâmetros populacionais e fatores decontrole das populações desta espécie.

Fig. 1a

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Fig 1 - Habitat do Mergus octosetaceus.Parna Serra da Canastra e entorno, MG.(a) Cachoeira Casca D'Anta (b) Nodetalhe, uma família de Mergus subindoa parte alta do rio São Francisco (c) Namargem esquerda, um casal flutua emáguas ricas em corredeiras (d) habitattípico da espécie, próximo à nascentedo rio São Francisco.

Fig. 1b

Fig.1c

Fig. 1d

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.

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Morfologia

Mergus octosetaceus tem umcomprimento total entre 48 e 55 cm.Apresenta cabeça e pescoço enegrecidos, asregiões auriculares e laterais do pescoço sãomais escuras devido aos reflexos verde-metalizado nessa zona. Da região posteriorda cabeça, parte um penacho desenvolvido.O dorso e cauda são cinza com sobretonsacastanhados; asas de tonalidade semelhante,com um espelho branco bastante conspícuo.Peito e ventre cinza-acastanhados e, barradosde branco. Pés vermelhos. Bico negro, fino,estreito, serrilhado e de extremidaderecurvada (Navas, 1977; Sick, 1984; Bruno,2004) (Figura 2).

Não apresenta dimorfismo sexual,mas, quando avistados em pares, os machosse distinguem pelo tamanho, bico e penachomaiores (Partridge 1956; Bartmann, 1988;Silveira & Bartmann, 2001) e cabeça maisrobusta (Bruno, 2004).

Os filhotes apresentam a partesuperior do corpo negra, com três manchasbrancas: na asa, no lado do dorso e no lado dacauda. A parte inferior é completamente branca.Uma faixa branca se estende do bico até atrásdo olho. Há uma mancha branca em frente aoolho. A íris é cinza, o bico negro, pernas e péscinza-claros (Partridge, 1956) (Figura 3).

Para o leigo, a espécie pode lembrarum biguá (Phalacrocorax brasilianus), o qualpode ocorrer nos mesmos locais, diferindodele pelo corpo mais delgado, o bico estreitoe especialmente pelo penacho nucal. Deacordo com Bruno (2005b), outras características

Informações sobre a espéciee sua história natural

marcantes podem ser enumeradas: enquantoo pato-mergulhão possui os pés vermelhos eo bico negro, o biguá apresenta pés escurose bico amarelado.

Fig. 3 - Filhote de pato-mergulhão recém-saídodo ninho.

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06.

Fig. 2 - Casal de Mergus octosetaceus.S

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05.

Comportamento

Mergulham intensamente emremansos e ao redor de corredeiras para pescare costumam descansar pousados em rochas,troncos e galhos caídos, parcialmentesubmersos ou projetados sobre o curso d'águae praias ribeirinhas (Sick, 1984; Partridge,1956; Bartmann, 1988; Silveira & Bartmann,2001). É uma espécie alerta às movimentações

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ao seu redor, estando pronta para reagir diantede perigo iminente, mesmo nos momentos dedescanso. Quando estão sem filhotes ou comcrias subadultas, ao menor sinal de perigonormalmente entram na água emitindovocalizações de alerta e acabam por alçar vôosobre a lâmina d'água (Bruno, 2004). (Figura 4).

Durante a estação chuvosa, os riospodem tornar-se muito túrbidos por curtosperíodos. Bruno (com. pess. 2005) relata que,enquanto a água do rio permanece turva, os

Fig. 4 - Mergus octosetaceus alçando vôo sobre alâmina d'água no Parque Nacional da Serra daCanastra.

Fig. 5 - Casal de Mergus octosetaceus acompanhadode sete filhotes, em fuga diante de perigo iminente.

Fig. 6 - Em águas turvas o pato-mergulhão nada commenos freqüência, permanecendo geralmente emrepouso à beira do rio.

Fig. 7 - Família de Mergus octosetaceus com setefilhotes camuflada próximo a galhos na margemdo rio.

Sáv

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runo

, ag

osto

de

2005

.

Quando os adultos estão acompanha-dos de seus filhotes, ao sinal de perigo nãolevantam vôo imediatamente, mas se deslocampara a margem do rio e em determinadoinstante nadam vigorosamente, acompanhadospelos filhotes, ainda inaptos para voar. Nessascircunstâncias, os adultos vocalizam conti-nuamente (Bruno, 2004) (Figura 5).

Sáv

io B

runo

, ag

osto

de

2005

.

animais diminuem sua atividade e passama maior parte do dia repousando, predomi-nantemente sobre rochas, contudo, alertasàs possíveis ameaças à sua sobrevivência(Figura 6). Nadam vez por outra, observandoa superfície da água, onde têm a chance deencontrar pequenos invertebrados.

Os filhotes, quando perturbados,fogem por grandes distâncias ou procuramabrigo na vegetação circundante. Quandoforçados, voam baixo, normalmente, seguindoo leito do rio. Não apresentam o comportamentode fugir aprofundando-se na mata de galeria,mas de buscar, freqüentemente, suavegetação que se estende sobre as águas,camuflando-se sobre suas sombras, folhas egalhos (Bruno com., pess.) (Figura 7).

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2003

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Fig. 8a Casal de Mergus octosetaceus vocalizandoenergicamente devido ao ruído do disparofotográfico.

Apesar de extremamente aquáticos,são mais ágeis em terra que a maioria dosmergansos (Partridge, 1956). Sua agilidade emescalar cachoeiras, saltando de pedra empedra, aproxima-os mais dos patos de águastorrenciais, como Merganetta sp., do que dosmergansos. Os filhotes ainda muito jovens, commenos de duas semanas de vida, possuem acapacidade de mergulhar e o fazem tambémcomo mecanismo de fuga de predadores,como observado na Serra da Canastra (Bruno& Bartmann, com. pess., 2002).

Apresentam vocalização semelhantea um latido que pode ser ouvido eventual-mente ao levantar vôo e mais freqüentementeno período reprodutivo: um macho, noParna da Serra da Canastra, foi observadonadando em seu território, vocalizandocontinuamente por 10 minutos. Macho efêmea respondem a playbacks e chegam aaproximar-se 2,5m da fonte sonora(Silveira & Bartmann, 2001). Machosapresentam vocalização mais estridente esonora do que fêmeas. Bruno et al. (2006a e b), identificaram pelo menos trêsvocalizações distintas para a espécie duranteo período reprodutivo (Figura 8a e b).

Distribuição e habitat

O pato-mergulhão requer rios ecórregos de água clara, que atravessamflorestas subtropicais e cerrados (Partridge,1956; Johnson & Chebez, 1985; Bartmann,1988). Aparentemente prefere tributáriospróximos às nascentes, com pelo menos 1mde profundidade, intercalados por corredeirase cachoeiras, em altitudes de até 1.300m.

Partridge (1956) constata que adistribuição da espécie estaria limitada a áreasacima de cachoeiras, e desta forma a espécieestaria protegida da ação predatória de peixesgrandes (como o dourado Salminusmaxillosus) sobre os filhotes. Na Serra daCanastra, o território de um casal requer umtrecho mínimo de 5 km de rio (amplitude de 5 a12 km, Silveira & Bartmann, 2001).

Sáv

io B

runo

, ag

osto

de

2006

.

A determinação do nível deterritorialidade, dispersão e migraçãoapresentado pelo pato-mergulhão forneceráinformações cruciais para o estabelecimentode estratégias mais apropriadas para a proteçãoda espécie e seus habitats. Dessa forma,estudos de rádio-telemetria e localização porsatélites são necessidades urgentes.

M. octosetaceus ocorre, em baixasdensidades, em várias áreas disjuntas dentro desua área de distribuição histórica. Há registrosconfirmados para quatro bacias hidrográficas (rioSão Francisco, rio Tocantins, rio Paraná e rioDoce) e três países (Paraguai, Argentina e Brasil).A maioria dos registros históricos é do centro-sul do Brasil e áreas circundantes na Argentinae Paraguai (Figura 9a e b).

Fig. 8b macho adulto de Mergus octosetaceusvocalizando ao retornar às proximidades do ninhoonde a fêmea estava incubando.

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Fig. 9a – Unidades de Conservação federais dentro da área de ocorrência de Mergus octosetaceus:áreas-chave com registros até 1992 – círculos entre 1993 e 2005 - triângulos.

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Fig. 9b – Distribuição histórica e atual de Mergus octosetaceus.

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No Paraguai, a espécie parecerestrita a pequenos tributários do rio Paraná,nos estados de Itapua e Alto Paraná. O últimoavistamento confirmado foi em Itapua, em1984 (López, com. pess., 2000), entretantoacredita-se que a espécie esteja localmenteextinta (Brooks et al., 1993a, 1993b).Informações de locais sobre a existência da

01 Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba;

02 Área de Preservação Ambiental da Serra de Tabatinga;

03 Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins;

04 Floresta Nacional de Cristópolis;

05 Floresta Nacional da Mata Grande;

06 Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros;

07 Área de Preservação Ambiental Nascentes do Rio

Vermelho;

08 Reserva de Vida Silvestre das Veredas do Oeste Baiano;

09 Parque Nacional Grande Sertão Veredas;

10 Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu;

11 Parque Nacional Cavernas do Peruaçu;

12 Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio

Descoberto;

13 Área de Proteção Ambiental do Planalto Central;

14 Reserva Biológica da Contagem;

15 Parque Nacional de Brasília;

16 Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São

Bartolomeu;

17 Estação Ecológica de Pirapitinga;

18 Parque Nacional das Sempre-Vivas;

19 Área de Proteção Ambiental do Morro da Pedreira;

20 Parque Nacional da Serra do Cipó;

21 Área de Proteção Ambiental do Carste de Lagoa Santa;

22 Parque Nacional das Emas;

23 Parque Nacional da Canastra;

24 Área de Proteção Ambiental da Serra da Mantiqueira;

25 Parque Nacional de Itatiaia;

26 Área de Proteção Ambiental de Petrópolis;

27 Reserva Biológica do Tinguá;

28 Parque Nacional da Serra dos Órgãos;

29 Área de Proteção Ambiental de Guapimirim;

30 Reserva Biológica União;

31 Reserva Biológica do Poço das Antas;

32 Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio S. João /

Mico-Leão-Dourado;

Ordenamento numérico para Unidades de Conservação Federais

inseridas na área de abrangência de Mergus octosetaceus.

33 Parque Nacional da Tijuca;

34 Parque Nacional da Serra da Bocaina;

35 Área de Proteção Ambiental de Cairuçu;

36 Área de Relevante Interesse Ecológico Matão

de Cosmópolis;

37 Floresta Nacional Ipanema;

38 Floresta Nacional de Capão Bonito;

39 Área de Proteção Ambiental de Cananéia-Peruíbe-

Iguape;

40 Área de Relevante Interesse Ecológico

Ilha do Ameixa;

41 Estação Ecológica de Guaraqueçaba;

42 Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba;

43 Parque Nacional do Superagui;

44 Parque Nacional Saint-Hilaire / Langue;

45 Floresta Nacional Açungui;

46 Floresta Nacional Irati;

47 Parque Nacional do Iguaçu;

48 Estação Ecológica Mico-Leão-Preto;

49 Área de Proteção Ambiental Ilhas e Várzeas

do Rio Paraná;

50 Parque Nacional de Ilha Grande;

51 Floresta Nacional Três Barras;

52 Floresta Nacional de Chapecó;

53 Floresta Nacional Caçador;

54 Área de Relevante Interesse Ecológico Serra

das Abelhas - Rio da Prata;

55 Floresta Nacional Ibirama;

56 Parque Nacional da Serra do Itajaí;

57 Área de Proteção Ambiental de Anhatomirim;

58 Parque Nacional de S. Joaquim;

59 Parque Nacional da Serra Geral;

60 Parque Nacional de Aparados da Serra;

61 Floresta Nacional Passo Fundo;

62 Estação Ecológica de Aracuri-Esmeralda.

espécie na Reserva da Biosfera Mbaracayú(Clay, 2003) requerem confirmação.

Na Argentina, a espécie estárestri ta à província de Missiones, nonordeste do país, onde atualmente muitopouco é conhecido a respeito de seu atualstatus, podendo extinguir-se em um futuropróximo (Hearn, 1994; Bosso & Gil, 2000).

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, jan

eiro

de

2005

.

disjuntas em Goiás, Minas Gerais, Tocantinse Paraná).

Atualmente, o pato-mergulhãoocorre em Goiás, Parque Nacional daChapada dos Veadeiros e áreas adjacentes,como a RPPN Campo Alegre e o ParqueNacional das Emas (Yamashita & Valle 1990;Leeuwenberg, com. Pess,. 2001; Bianchiet al., 2005; Antas com. pess., 2005),Parque Nacional da Serra da Canastra eáreas adjacentes em Minas Gerais(Bartmann, 1988; Silveira, 1998; Silveira& Bartmann, 2001; Lamas, 2003; Bruno,2004), Parque Estadual do Itacolomi, emMinas Gerais na bacia do Rio Doce(Cerqueira Junior et al . , 2005), RiosTibagi e Congonhas no Paraná (Anjos etal., 1997; Anjos, 2003), e rio Novo noParque Estadual do Jalapão em Tocantins(Pacheco & Silva e Silva, 2002; Braz etal., 2003; Martuscelli, com. pess., 2002).O último avistamento para a espécie noParque Nacional das Emas ocorreu em1990.

Fig. 10 – Vista geral da Serra da Canastra.

Em 1993, num levantamento realizado em376 km de rio foi encontrada uma únicaave (Benstead et al., 1993) e, recentemente,em amplos levantamentos, foramencontradas apenas aves isoladas (Bosso &Gil 2000). O registro mais recente daespécie no país foi de uma ave isolada norio Uruzú, bacia do rio Urugua-í, em maiode 2002 (Jorge Baldo, com. pess.). A espécieocorre em três áreas protegidas: ParqueNacional Iguazú, Parque Provincial Urugua-í e Reserva Privada Urugua-í, entretantopoucas aves ainda sobrevivem nestes locais.

No Brasil a espécie ocorria histo-ricamente em oito estados do centro-sul dopaís (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Tocantins,São Paulo, Rio de Janeiro - ocorrênciaduvidosa, Paraná e Santa Catarina) (del Hoyoet al., 1992; Collar et al., 1992; Sick 1997;BirdLife International 2000). Hoje seacredita que tenha sido extinto em trêsdesses (São Paulo, Rio de Janeiro e SantaCatarina), persistindo em pequenos nú-meros em localidades extremamente

Seis dessas áreas são protegidas:Parque Nacional da Serra da Canastra(Figura 10), Parque Nacional da Chapadados Veadeiros, Parque Nacional das Emas,Parque Estadual do Jalapão, Parque Estadualdo Itacolomi e Reserva Particular dePatrimônio Natural Campo Alegre, mas aspopulações no Paraná e Bahia (se existentes)

encontram-se atualmente desprotegidas.A população que ocorre nas imediações daRPPN Campo Alegre também não seencontra protegida. O número e a localizaçãodas áreas-chave para a espécie sãoinadequadamente conhecidos nos três paísesde ocorrência. A Tabela 1 apresenta uma listade todos os registros para a espécie.

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Tabela 1 - Inventário dos registros para M. octosetaceus (localidades em cada país são listadas nosentido norte-sul). Um registro errôneo para a cabeceira do Rio Sucuriú, Mato Grosso do Sul, não estáincluído aqui. Avistamentos no Parque Nacional da Serra da Canastra não estão exaustivamentedetalhados.

Localidade

Rio Iguazú

Rio Yacuy

Rio Urugua-í

Rio Uruzú

AguarayGuazúRio Piray Miní

Sublocalidade

Garganta DelDiablo, PN IguazúPto. Canoas,PN IguazúSaltosDestacamentoApepú, PN IguazúLocalização nãoespecificada

Localização nãoespecificada

A 17km da pontena rota 19Rio Palacio, 37kmda ponte na rota 19Ilha Yacú

km 10

km 15

km 20

Próximo à foz doRio Guairapo

25°39’ S 54°23’ W25°39’ S 54°23’ W25°39’ S 54°23’ W

25°39’ S 54°23’ W25°39’ S 54°23’ W

25°58’ S 54°11’ W25°61S 54°11W

25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W25°58’ S 54°06’ W

25°56’ S 54°16’ W

25°56’ S 54°16’ W

25°56’ S 54°16’ W

25°56’ S 54°16’ W25°56’ S 54°16’ W25°56’ S 54°16’ W

25°56’ S 54°16’ W

desconhecido25°55’ S 54°19’ W25°51’ S 54°10’ W25°51’ S 54°10’ W25°52’ S 54°08’ W

26°08’ S 54°39’ W

26°15’ S 54°25’ W26°19’ S 54°20’ W

26°17’ S 54°13’ W

Nºaves

221

11

12

612

5(3J)111

3

2

1

2111

ninho11

11

1

11

1

Status deProteção2

Total

Total

TotalTotal

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Últimoregistro

194219771956

Pré-19141978

19471949

1948194919501954196019851988

1984

1984

1948

19511952

1952

1952

1970s1986198819892002

1948

1970s1993

19931951

Observações

Com jovens, nºnão especificadoColetado

ColetadoColetado

ColetadoColetado

ColetadoColetadoColetadoColetadoColetado

Coletado

ColetadoColetado

Coletado

Coletado

Registro de umninhoAvistado duranteuma enchente

Coletado

Dado delevantamentoem 1997

Fonte

Collar et al. (1992)Johnson & Chebez (1985)

Delacour (1959) (cit. Collaret al., 1992)Partridge (1956),Johnson & Chebez (1985)Johnson & Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985) Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Forcelli (1987) (cit. Collar et al., 1992)Luthin (1988) (cit. Collaret al., 1992)Johnson & Chebez (1985)

Johnson & Chebez (1985)

Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)

Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)D. Callaghan in litt. 1992P. Canevari in litt. 1992(cit. Collar et al., 1992)A. Johnson in litt. 1993A. Johnson in litt. 1992(cit. Collar et al., 1992)Avistado por Jorge Baldoem maioPartridge (1956), Johnson &Chebez (1985)

J.C. Chebez in litt. 1992(cit. Collar et al., 1992)Hearn (1994)

Bosso & Fabricatore(com. pess.)

Argentina (Cobertura: Alta)

LatitudeLongitude

Localidade Sublocalidade Nºaves

Status deProteção2

Últimoregistro

Observações Fonte

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

29

km 18

Localização nãoespecificada

2km abaixo da fozdo Rio AlegríaPróximo à rota 14

Bonpland

À montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da Velha

À montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da Velha

55 km à montanteda Cachoeira daVelha

55 km à montanteda Cachoeira daVelha

próximo a Mateiros

Jaborandi

Rio PirayGuazú

Rio Tigre

Rio ParanayGuazú

Rio Garuhapé

RioMandarinas

Rio Victoria

Rio Yabebirí

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,TocantinsRio Novo,TocantinsRio Novo,TocantinsRio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Localidadedesconhecida,TocantinsRio Formoso,BahiaRio Formoso,BahiaRio Pratudão,Bahia

Localidade Sublocalidade LatitudeLongitude

Nºaves

Status deProteção2

Observações

Johnson & Chebez (1985)

Johnson & Chebez (1985),Collar et al. (1992)Johnson & Chebez (1985),Collar et al. (1992)Bosso & Johnson (com. pess.)Johnson & Chebez (1985)(cit. Collar et al. 1992)M. Nores in litt. para W.Belton (cit. Collar et al.,1992)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)Johnson & Chebez (1985)(cit. Collar et al., 1992)

Johnson & Chebez (1985)(cit. Collar et al., 1992)Partridge (1956), Johnson &Chebez (1985)

Paulo Martuscelli (com.pess. 2002)V. Braz (com. pess. 2002)

Pacheco & Silva e Silva(2002)Braz et al. (2003)

Braz et al. (2003)

Grupo de rafting viu trêsgrupos, dois com filhotes(com. pess. para Pacheco& Silva e Silva, 2002. Semmaiores informações.Observado por equipe defilmagem em setembro de2002 (com. pess. para

Pacheco & Silva e Silva,2002. Sem maioresinformações.Braz et al. (2003)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2002)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2000)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2000)Yamashita & Pineschi(1999)Yamashita & Pineschi(1999)

26°27’ S 54°42’ W

26°50’ S 54°50’ W26°50’ S 54°50’ W26°50’ S 54°50’ W26°48’ S 54°14’ W

26°35’ S 54°03’ W

26°41’ S 54°48’ W

26°47’ S 54°56’ W

27°15’ S 54°12’ W

26°52’ S 54°39’ W

27°29’ S 55°29’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°32’ S 46°43’ W

14°20’ S 45°30’ W

13°45’ S 43°40’ W

14°10’ S 45°30’ W

1

1131

1

2

1

Várias

1

1

2

4

6

1

2

6+

9

1

?3

?

?

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

195119511952

desconhecido

1995

1977

1984

1882

1953

1969

1912

2002

2001

2002

2002

2002

2002

2002

2002

1990s

2000s

2000s

ColetadoColetado

ColetadoColetadoDado delevantamentoTributário do rioPiray Guazú

Coletado

Tributário do rioSobierbio.Váriasaves observadas

Tributário do rioSobierbio (únicotributário do rioUruguai comavistamentos).Coletado

Casal com 4jovens

Casal + 7subadultos

Últimoregistro

Fonte

À montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da VelhaÀ montante daCachoeira da Velha

55 km à montanteda Cachoeira daVelha

55 km à montanteda Cachoeira daVelha

próximo a Mateiros

Jaborandi

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,TocantinsRio Novo,TocantinsRio Novo,TocantinsRio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Rio Novo,Tocantins

Localidadedesconhecida,TocantinsRio Formoso,BahiaRio Formoso,BahiaRio Pratudão,Bahia

V. Braz (com. pess. 2002)

Pacheco & Silva e Silva

(2002)Braz et al. (2003)

Braz et al. (2003)

Grupo de rafting viu trêsgrupos, dois com filhotes(com. pess. para Pacheco& Silva e Silva, 2002. Semmaiores informações.Observado por equipe defilmagem em setembro de2002 (com. pess. paraPacheco & Silva e Silva,2002. Sem maioresinformações.Braz et al. (2003)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2002)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2000)

Yamashita & Pineschi(1999, com. pess. 2000)Yamashita & Pineschi(1999)Yamashita & Pineschi(1999)

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°17’ S 46°53’ W

10°32’ S 46°43’ W

14°20’ S 45°30’ W

13°45’ S 43°40’ W

14°10’ S 45°30’ W

2

4

6

1

2

6+

9

1

?3

?

?

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Total

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

2002

2001

2002

2002

2002

2002

2002

2002

1990s

2000s

2000s

Casal com 4jovens

Casal + 7subadultos

Brasil (Cobertura: Moderada)

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30

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Localidade Sublocalidade LatitudeLongitude

Status deProteção2

Observações

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999)

Yamashita & Pineschi (1999,com. pess. 2002),C. Yamashita in litt. Para D.Capper (2000)

Sick (1958), (cit. Collar etal. 1992)

Bianchi (et al. 2005)

Sick (1985), (cit. Collar etal. 1992)Sick (1985), (cit. Collar etal. 1992)Sick (1985), (cit. Collar etal. 1992)Wege & Long (1995)

Yamashita & Valle (1990)(cit. Collar et al., 1992)

Leeuwenberg (com. pess.2001)

Bianchi et al., 2005

Antas, com. pess.

Flores, in litt

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Total

Total

Total

Total

Nenhuma

Total

Parcial

Parcial

13°30’ S 45°30’ W

15°00’ S 45°30’ W

12°05' S 45°00' W

12°40' S 45°05' W

13°20' S 44°40' W

13°20' S 44°20' W

14°15' S 44°30' W

14°15' S 46°20' W

14°10' S 46°40' W

13°20' S 46°15' W

17°40' S 48°50' W

13°51' S 46°57' W

14°00' S 48°00' W

14°05' S 47°42' W

14°05' S 47°42' W

14°07' S 47°47' W

14°10' S 47°50' W

14°10' S 47° 50'W

14°17' 745'' S47°48' 477'' W

Rio ArrojadoBahia

Rio Itaguari,BA

Rio Grande,Bahia

Rio Grande,Bahia

Rio Corrente,Bahia

Rio Corrente,Bahia

Rio Itaguari,Bahia

Rio Paranã,Goiás

Rio Paranã,Goiás

Rio Paranã,Goiás

Rio Quente,Goiás

Rio dasPedras, Goiás

Rio dasPedras, Goiás

Rio Tocantins,Goiás

PN ChapadadosVeadeiros,Goiás

Rio Preto, PNChapada dosVeadeiros,Goiás

Rio Preto, PNChapada dosVeadeiros,Goiás

Rio dasPedras,próximo aoPN ChapadadosVeadeiros,Goiás

Rio SãoMiguel, PNChapada dosVeadeiros,Goiás

Rio LajeadoPPPN CampoAlegre, Goiás

Rio dos CourosRPPN CampoAlegre, Goiás

Barreiras

Sítio Grande

Correntina

São Félix do Coribe

Cocos

Posse

Laciara

São Domingos

Nova Roma

Nova Roma

?

?

?

?

?

?

?

?

1

3

1

1

1

2

2

2

32

?

1

2

Nºaves

Últimoregistro

Fonte

Tributário do rioTocantins

Casal 4 jovens

Um casal e umindivíduoUm casal

Um Casal

1950

2003

1953

1960

1972

1897

1987

2000

20032004

1940

2005

2004e

2005

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

31

Localidade Sublocalidade LatitudeLongitude

Status deProteção2

ObservaçõesNºaves

Últimoregistro

Fonte

von Pelzeln (1868-71) (cit.Collar et al. (1992)

A. Whittaker in litt. 1992(cit. Collar et al. 1992),Wege & Long (1995)G.T. de Mattos in litt. (1992)(cit. Collar et al. 1992)

Stresemann (1954) (cit.Collar et al., 1992)

J.M. Dietz in litt. 1986 (cit.Collar et al., 1992)

Pearman in litt., (cit. Collaret al., 1992)Pearman in litt., (cit. Collaret al., 1992)Pearman in litt., (cit. Collaret al., 1992)Bartmann (1988)Bartmann (1988)Bartmann (1988)Bartmann (1988) Silveira(1998) Forrester in litt. to M.Owen (1991)Bruno &Bartmann (2003)Tobias etal., (1993)Silveira &Bartmann (2001) Silveira &

Bartmann (2001) Silveira &Bartmann (2001) Silveira &Bartmann (2001) Silveira &Bartmann (2001) Grupo deTrabalho para Recuperaçãodo Pato-mergulhão,com.pess.Bruno &Bartmann (2003); Bruno &Bartmann (2003); Lamas (noprelo)Bruno (2004): Brunocom. pess.Lins & Andrade(2004) e Terra Brasils (nãopubl.data) Bruno com.pess.Terra Brasilis (nãopubl.data)Cerqueira Junior et al., 2005

Partridge (1956), Pacheco &da Fonseca (1999)Partridge (1956), Pinto(1938) (cit. Collar et al.,1992)

Anjos et al., (1997)

Anjos (2003)

Anjos (2003)

Anjos (2003)

Guardamor,Goiás

PN Emas,Goiás

ribeirão doSalitre, MinasGerais

rio dasVelhas, MinasGerais

Rio São João,Minas Gerais

rio SãoFrancisco,Minas Gerais

PN Serra daCanastra,Minas Geraise arredores.Em inúmeroscursos d'água,incluindo o rioSão Franciscoe diversostributários(Bacia do SãoFrancisco), rioAraguari etributários dorio Grande(Bacia doParaná)

PE doItacolomi,Minas Gerais

Rio de Janeiro

RioParanapanema,Paraná

Rio Tibagi,Paraná

Rio Tibagi,Paraná

Rio Tibagi,Paraná

Rio Tibagi,Paraná

Fazenda Boqueirão

Várias

Rio Doce

Localidade nãoespecificada

Fazenda Caiuá,Santo Grande

Sertaneja

Rio Congonhas

Rio Congonhas

Rio Congonhas

5

2

2

1

1

727

54293442161089432115

47

1523322852

Total

Nenhuma

Nenhuma

Nenhuma

Parcial

Total

Nenhuma

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

1823

1990

1973

1819

1980

198719891989

1981198319831984198519901991199319961997199819992000200120012002

2002

20032004200420052005

16°00' S 50°40' W

18°10' S 53°00' W

19°17' S 46°55' W

19°55' S 43°56' W

20°10' S 46°37' W

20°15' S 46°40' W

20°15' S 46°40' W

20°25' 8,5' S43°30' 54°40'' O

23°0' S 43°0' W

22°54' S 49°59' W

22°58' S 50°58' W

22°59' S 50°59' W

23°01' S 50°57' W

23°01' S 50°57' W

Coletado

Único registrona área doparque

Tributário do RioQuebra-Anzol,Serra Negra

Tributário do RioSão Francisco

Limite Nortedo PN da Serrada Canastra

Individuo desapa-receu alguns mesesapós avistamento

Coletado. Não hácerteza se estasaves saõ do RJColetado

“registro daespécie”3 jovens

Provavelmenteum casal

1

1

4

12

2

2005

1816

1903

1995

1997

1998

2001

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Alimentação

Alimentam-se mergulhando embusca de peixes (6-19 cm de comprimento) emacroinvertebrados aquáticos (Figura 11).O forrageamento pode ocorrer tanto emcorredeiras, quanto em remansos (Partridge,1956; Bartmann, 1988; Silveira & Bartmann,2001). Os mergulhos duram, aproximadamente,15-20 segundos, em profundidades de até0,5m.

As presas descritas no Brasil são:Lambari (Astyanax spp. – Bartmann, 1988;Silveira & Bartmann, 2001; e A. bimacullatus- Pineschi & Yamashita, 1999). No Parna daSerra da Canastra, os peixes com tamanhoapropriado mais comum são o lambari (A.scabripinnis e A. rivularis) e o barrigudinho(Phalloceros caudimaculatus) (F. Vieira, com.pes., 2002). Acredita-se que estes sejam osprincipais itens alimentares neste local, mas

Localidade Sublocalidade LatitudeLongitude

Status deProteção2

ObservaçõesNºaves

Últimoregistro

Fonte

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

Nenhum

23°21' S 50°56' W

24°22' S 51°27' W

24°0' S 46°0' W

24°07' S 49°20' W

26°56' S 49°03' W

Coletado

Coletado

Coletado

Coletado

Localidadeincerta

Rio Tibagi,Paraná

Rio Ivaí,Paraná

São Paulo

Rio Itararé,São Paulo

SantaCatarina

SantaCatarinaRio Itajaí,SantaCatarinaRio Itajaí,SantaCatarina

SantaCatarina

Bacia do RioParaná

Rio Carapá,departamentode Canindeyú

também existem relatos do consumo deinsetos alados (Lamas, com. pess., 2002).

Bruno et al. (2006a) constataram queos pais capturam lambaris e ao emergirem deseus mergulhos são cercados pelos filhotes,entregando os peixes a um deles, que, aorecebê-lo, foge de seus irmãos em nados rápidos,sendo muitas vezes perseguido por eles.Comprovou-se neste estudo que a alimentaçãodos filhotes é feita principalmente pelos pais.

Fig. 11 – Alimentação (a) casal de Mergus octosetaceusem busca de alimento (b) o lambari (Astyanax spp.):alimento básico dos patos-mergulhões; no detalhe,um pato-mergulhão macho à procura desses peixes.

Paraguai (Cobertura: Baixa)

Rio Congonhas

Salto da Ararinha

Localidade nãoespecificada

Itararé

Localidade nãoespecificada

Localidade nãoespecificadaBlumenau

Taió

Laguna

Alto Paraná

Imediatamente àmontante dede Catueté

Desconhecida

28°29' S 48°47' W

27°00' S 55°50' W

24°08' S 54°35' W

8

1

?

2

1

1

1

1

1

1995

1992

1819

1820

Pré-1871

Pré-1887

1827

1827

Pré-1887

1891

1984

Anjos et al. (1997)

Sztolcman (1926) (cit.Collar et al., 1992),Partridge (1956)Stresemann (1954),Burmeister (1856) (cit.Collar et al., 1992)Von Pelzeln (1868-1971)(cit. Collar et al., 1992)

Burmeister (1856) (cit.Collar et al., 1992)

Burmeister (1856) (cit.Collar et al., 1992)

Von Berlepsch (1873-1874)(cit. Collar et al., 1992)

Stresmann (1948), Sick etal., (1981) (cit. Collar etal., 1992)

Mertens & Steinbacher(1955) (cit. Collar et al., 1992)

Bertoni (1901) (cit. Collaret al., 1992)Nancy López com. pess.

1 Cobertura: Boa = 67 100% das localidades-chave provavelmente identificadas; Moderada = 34 66% daslocalidades-chave provavelmente identificadas; Baixa = 0 33% das localidades-chave provavelmenteidentificadas 2 Status de Proteção: Total – todas as aves em áreas protegidas, Parcial – algumas avesem áreas protegidas; Nenhuma – nenhuma das aves em áreas protegidas.3 dados

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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Na Argentina, as aves consomemlambaris (Characidae), ciclídeos, bagres(Pimelodidae), virolito (Parodon affinis), larvasde Neuroptera (Dobson fly; Corydalis sp.) e,

Fig. 12 – Fêmea de Mergus octosetaceus entregando um pequeno peixe diretamente no bico de um deseus filhotes.

provavelmente, moluscos (Partridge, 1956).Acredita-se que, como outros mergansos, osfilhotes se alimentem de macroinvertebrados(Bartmann, 1988).

Reprodução

Há pouca informação disponívelsobre o sistema de acasalamento, dispersão emovimentos do pato-mergulhão. Nunca foramconduzidos estudos com a marcação dessasaves. Observações iniciais sugerem que opato-mergulhão forma pares que duram a vidatoda. Os jovens podem ficar nos mesmos rios

que seus pais, como faz o similarmenteterritorial “blue duck” (Williams, 1991), oupodem se dispersar à procura de um novoterritório.

São aves altamente sedentárias eapesar de disputas territoriais terem sidodocumentadas, supõe-se que brigas entrecasais estabelecidos em territórios adjacentessejam raras (Silveira & Bartmann 2001).

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Fig. 11b

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ninhadas) (Silveira & Bartmann, 2001). Lamas(com. pess.) observou entre 1 e 6 jovens comseus pais na Serra da Canastra, entre 2001 e2002, enquanto Pacheco & Silva e Silva (2002)verificaram um casal de adultos com quatrojovens em Tocantins. Adultos foramobservados com no máximo oito filhotes, queforam vistos carregados nas costas dos pais(Bartmann, 1988; Bruno & Bartmann, 2003).

Os machos provêem extensivocuidado parental, comportamento únicoentre os mergansos. Bruno et al., (2006c)pesquisaram o comportamento reprodutivona Serra da Canastra entre 2001 e 2005.Quatro casais foram acompanhados duranteesse período, totalizando 64 filhotesencontrados, com média de 4 filhotes porninhada, todos relativos a famílias que habitamo rio São Francisco.

Não há informações referentes àidade da primeira reprodução, entretantopresume-se que adultos maduros reproduzam-se anualmente.

A maioria dos jovens está apta a voarno final de setembro, entretanto, provavelmente,permanecem com os pais até dezembro/janeiro quando os adultos completam a muda.(Figura 13).

Nidificam em ocos de árvores ecavidades em rochas, principalmente dejunho a outubro. Os meses de junho e julhosão mais comuns para incubação e julho/agosto para o nascimento dos filhotes(Partridge, 1956; Silveira & Bartmann, 2001;Bruno & Bartmann, 2003).

A cópula, durante a qual o machomonta a fêmea agarrando seu penacho como bico, pode durar de 15-25 segundos,notavelmente mais longa que em outrosmergansos (Silveira & Bartmann, 2001).Somente a fêmea incuba, realizando uma aduas pausas diárias que duram de 60 a 90 min,tempo empregado, em sua maioria,forrageando ou alisando as penas (Partridge,1956; Bruno et. al., 2006a; 2006b). Enquantoa fêmea incuba, o macho passa a maior partedo tempo patrulhando o rio ou repousandonas rochas adjacentes ao ninho (Figura 7Apêndice 4). Nos ninhos à margem de águascalmas, o pato macho, permanece a maiorparte do tempo dentro do rio (Bruno et al.,2006b).

Há poucas informações sobre otamanho de ninhada, entretanto a média defilhotes na Serra da Canastra, entre 1996 e2000, foi de 2.7 (variando de 2 a 4, n=10

Fig. 13 – Casais de Mergus octosetaceus no Parnada Serra da Canastra 13a casal acompanhado desuas crias em fevereiro de 2005. Os subadultospossuem a comissura do bico de tonalidade clara,enquanto nos adultos é enegrecida. A fêmea adulta,de penacho ligeiramente menor e cabeça menosrobusta, encontra-se na retaguarda, com o machoimediatamente à frente 13b casal acompanhadode um filhote.

Fig. 13a

Fig. 13b

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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Os registros de ninhos da espécie são:

1. Um ninho em cavidade dePeltophorum dubium, no estadode Missiones, Argentina (Partridge,1956), a 25m de altura. Essa lo-calidade está atualmente submersapor uma represa (Chebez, com.pess., 2001). A cavidade tinha 3 mde profundidade e a entradamedia 15x35cm. O único mate-rial encontrado no ninho foi las-cas de madeira.

2. Um ninho (com sete ovos) foiencontrado em uma cavidade derocha, no Parna da Serra daCanastra, em 2002 (Lamas &Santos, 2004).

Na Serra da Canastra, MG, em 4 deabril de 2004, Bruno (com. pess. 2006)registrou, no rio São Francisco, um grupo de5 patos-mergulhões, o qual demonstravaestreita relação entre seus membros.Considerando-se a data de observação e otamanho dos animais, o autor sugere que setratava de subadultos separados dos pais. Em8 de fevereiro de 2005, no mesmo território,foi documentado pelo autor um grupocomposto por 9 indivíduos (um casal e seussete filhotes) referentes à ninhada de 2004.Na foto, os filhotes, subadultos, podem seridentificados pela coloração alaranjada nacomissura do bico e adjacências, enquantoos adultos apresentam a face uniformementeescurecida (Figuras 13 e 14).

Fig. 14 – Cinco espécimens, provavelmentesubadultos separados dos pais, a em abril de2004.

3. Um ninho na RPPN CampoAlegre, no Rio dos Couros (Antas,com. pess.).

4. Em 2005, dois novos ninhosforam identificados no Parna daSerra da Canastra. O primeiro emum oco de árvore (Figura 13)próximo à margem do rio SãoFrancisco e o segundo em umafenda sobre as escarpas quemargeiam o mesmo rio (Brunoet al., 2006a) (Figura 15); essesninhos foram monitorados pelasequipes de Sávio Bruno e doInstituto Terra Brasilis, até asaída dos filhotes (Bruno et al.,2006b).

Fig. 15 – Fêmea de Mergus octosetaceus alçandovôo no momento em que abandonava o ninho emcavidade arbórea. .

Fig. 16 - Fêmea de Mergus octosetaceus prestes aausentar-se de ninho em cavidade rochosa.

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2005

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36

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Muda e desenvolvimento

dos filhotes

Existe pouca informação sobre amuda. Na Argentina, Giai (1976) percebeuque os adultos apresentavam muda emfevereiro, em Missiones. Benstead et al. (1993)observou um único macho em muda no RioPiray Miní, em agosto de 1993. Assim comoem outros mergansos, a muda posterior àreprodução é completa, envolvendo um

período de 2 a 3 semanas, quando as avesmudam a penagem das asas, ficando assimcom o vôo prejudicado. Durante esse períodopoucas aves são observadas, provavelmentedevido ao seu comportamento discreto nessasituação vulnerável (Silveira & Bartmann,2001).

A Figura 17 mostra um filhote nomomento em que abandona o ninho. O destinodos jovens quando estes abandonam ospais é desconhecido (Silveira & Bartmann,2001).

Fig. 17 – Filhote de Mergus octosetaceus no momento em que abandona o ninho em cavidade arbórea.

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Uma compilação das ameaças aopato-mergulhão em cada país está apresentadana Tabela 2.

Cada fator de ameaça estáclassificado por importância de acordo comuma escala de cinco pontos:

• Crítica – pode levar à extinçãoda espécie em 20 anos oumenos;

• Alta – pode causar um declíniode mais de 20% da populaçãoem 20 anos ou menos;

• Média – fator que pode causarum declínio de menos de 20%da população em 20 anos oumenos;

• Baixa – afeta a espécie apenaslocalmente

• Desconhecida – fator que pareceafetar a espécie, mas não se sabea sua extensão.

Perda de habitat -

importância: crítica

Perda de habitat, devido à derrubadadas matas-de-galeria ao longo dos rios, é aprincipal ameaça para a espécie (Figura 18).Desmatamentos são realizados para amineração de diamante (Serra da Canastra),expansão agrícola, habitação humana,implementação de facilidades turísticas,criação de gado e subseqüentemente paracultivo de Pinus spp. e eucalipto (Eucaliptusspp.)

Ameaças

A perda ou diminuição da qualidadedo habitat também está criticamenterelacionada a modelos agropastoris baseadosem grandes empreendimentos monoativistasque destroem, transformam e simplificamcadeias alimentares (Viana & Bruno, 2000); afalta ou deficiência de saneamento básico,

Fig.18a e 18b Retirada de mata primária próximoao rio São Francisco (Parna da Serra da Canastra)visando à expansão de pastagens.

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sobretudo nas comunidades ribeirinhas; adestruição da rede de drenagem, áreas deextração de areia; o desenvolvimento desistema viário, o corte de morros, aterros,drenagens; o desmatamento para obtençãode lenha, escoras e carvão vegetal; o aumentoda poluição das águas e do solo com esgoto elixo (Figura 19), da poluição atmosférica esonora pelo tráfico de veículos, incluindo ode pequeno porte que sobrevoam áreasribeirinhas (Bruno, 2004).

No Brasil, apesar de a espécie haversido observada em seis áreas protegidas (vejaitem 2.3), o número de animais registradosé pequeno e é possível que existam outraspopulações em rios não protegidos,ameaçados pelos desmatamentos (Silveira &Bartmann, 2001; Pineschi & Yamashita, 1999,2000; Lamas, no prelo).

No Paraguai, a perda de habitat éextensiva. Um estudo recente sobre variaçõesna cobertura de terreno no leste do país(Alstatt et al., 2003) mostrou que a coberturavegetal declinou a níveis alarmantes duranteos anos 90. Análises de imagens de satélite(1989-1991) constataram que perto de 32%da região (45.018 km2 em uma área total deestudo de 140.235 km2) era coberta porflorestas. No final da década (1999-2001),entretanto, a cobertura vegetal foi reduzida a31.63 km2 – uma perda de 13.555 km2 (oucerca de 30%) em dez anos. Os remanescentes

Fig.19 - Presença de lixo (plástico), sinalizando umprocesso progressivo de degradação ambiental,ainda que lento. Rio São Francisco.

florestais continuam sendo destruídos a umataxa de 700-900km2 por ano (Guyra Paraguay,não publicado) Outrora, a despeito de as áreasao redor estarem sendo derrubadas, as matasde galeria eram poupadas, a fim de fornecersombra para o gado. Legalmente umadeterminada faixa de mata deve ser mantidaao longo dos corpos de água, mas essa medidanão foi implantada. Nos últimos anos, umamudança de atividades, de criação de gadopara plantação de soja, resultou na derrubadade árvores para maximizar a área de plantio.Assim, até mesmo os últimos remanescentesde mata estão desaparecendo.

Na Argentina, o desmatamento écontínuo na província de Missiones, devidoao corte e à queima de florestas, particularmentepor imigrantes ilegais vindos do Brasil. Estaperda de habitat, acompanhada da reduçãona qualidade da água, tem sido a principalcausa do declínio populacional da espécie(Johnson, & Chebez, 1985; Chebez, 1994;Bosso & Gil, 2000).

Degradação do habitat -

importância: crítica

No Brasil a tendência expansionistavisando ao aumento das fronteiras agrícolas,baseada em modelos de baixa sustentabilidade,tem sido, ao longo das últimas décadas, fatorprimordial de preocupação diante da perdageneralizada da biodiversidade, especialmenteno Cerrado (Figura 24). Este contextocontrapõe-se a modelos socioambientalmenteadequados às distintas realidades (Bruno,2004).

A degradação do habitat por meiodo assoreamento dos rios pode ter sido aprincipal causa do declínio populacional daespécie. No curto prazo, os efeitos diretos são:

• mortalidade de peixes, uma vezque os sedimentos afetam suarespiração;

• redução da visibilidade da água,fazendo com que os patostenham que mergulhar mais paraprocurar presas. O pequenonúmero de observações de aves

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em rios túrbidos na Serra daCanastra sugere que esses animaispodem procurar tributáriosmenores, onde a claridade daágua permita o forrageamento(Silveira & Bartmann, 2001).O turvamento das águas deve-se,em grande parte, a processoserosivos (Bruno, 2004).

Indiretamente, no longo prazo, osefeitos envolvem mudanças no habitat comoa alteração no substrato do leito, reduzindo adisponibilidade de cavidades a seremutilizadas por peixes e de alimento paramacroinvertebrados; a degradação dosubstrato para postura de ovas de peixes e oaumento da turbidez o que afeta adisponibilidade de luz para plantas aquáticas.A diminuição no desenvolvimento de plantaspode comprometer a disponibilidade dealimento para peixes e, sobretudo, diminuira proteção desses animais.

O assoreamento causado pela mine-ração (Figura 20) de diamantes representouameaça significativa aos indivíduos próximos àSerra da Canastra (Silveira & Bartmann, 2001).Entre 1970 e 1996, a mineração de diamantes,primeiramente por garimpeiros e, poste-riormente, por companhias comerciais,acarretou maciça destruição do habitat eassoreamento (ambos, diretamente pelalavagem de diamantes e indiretamente pelosubseqüente desmoronamento das áreasdesmatadas). A extração comercial dediamantes na Serra da Canastra foi proibidaem 1996, após a visita do então presidenteFernando Henrique Cardoso ao local,entretanto a ameaça de degradação ambientalpermanece, visto que o interesse noestabelecimento de novos empreendimentosde mineração continua. Foi registrado umgarimpo que utiliza “bicas”, que são desviosparciais do rio feitos por garimpeiros, fazendocom que a água passe por uma estruturametálica com degraus que retêm o diamante(Figura 21).

Fig. 20a e 20b – O impacto da mineração no rio SãoFrancisco: até o ano de 1996, mineradoras comsuas bombas e outros maquinários causavamgraves mudanças hidrológicas e geológicas no leitodaquele rio.

Fig. 21 – Garimpo ilegal de diamantes, com autilização de “bicas”. Entorno do Parna Serra daCanastra.

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Fig. 22 – Processo erosivo causado por veículosutilizados em atividades esportivas.

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Na região do Parna da Serra daCanastra e no Parque Estadual do Jalapão, oincremento no uso de veículos 4x4 na matavem causando erosão (Figura 22), provocandoo assoreamento dos cursos d’água e alterandoa vegetação das margens (Braz et al., 2003;Bruno com. pess. 2003; Lamas, no prelo).Bruno, (com. pess., 2005) acrescenta aindaque o rio São Francisco, ao receber seustributários que provêm de áreas ondeocorrem atividades agropastoris e estradas,,perde a qualidade da água que possuía,tornando-se mais turvo. (Figura 23).

A retirada seletiva de determinadasespécies de madeira para produção de móveise construção civil resulta na diminuição daqualidade do habitat.

O mau uso do solo por técnicasagropastoris inadequadas ocasiona ocarreamento de sedimentos e conseqüenteturvamento das águas. Entre essas técnicassobressaem, além da retirada da coberturavegetal, as excessivas arações e gradagens, bemcomo as altas taxas de lotação das pastagens(Bruno et al., 2005; Lamas, no prelo). A presençade estradas, ou mesmo a sua construção,também contribui para o agravamento dosprocessos de perda de solo e assoreamento derios, assim como deficiências no planejamentourbano e conseqüente crescimentodesordenado de vilas e cidades, acrescido devigoroso crescimento populacional (Bruno,2004).

Fig. 23 – No Parna da Serra da Canastra, o rio SãoFrancisco, ao receber as águas dos córregosLuciano e Cachoeirinha, sofre significante impactodevido aos sedimentos de solo carreados.

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Também na Argentina acredita-seque o assoreamento dos rios tem sido a maiorcausa de declínio populacional da espécie(Hearn, 1994). A maioria dos rios emMissiones sofreu alta taxa de deposição desedimentos durante os anos 70, sobretudo naestação chuvosa, quando os rios assumemcoloração avermelhada devido ao aumentonos níveis de sedimentos. O rio Iguazú, naArgentina, antiga área de ocorrência daespécie, foi duramente afetado peladerrubada de vegetação em sua cabeceira noBrasil. Apesar de tudo, a qualidade da águaem muitos rios tributários em Missiones écomparável àquela dos rios utilizados pelaespécie no Brasil (Bosso & Gil, 2000).

No Paraguai, todos os rios da bacia doParaná apresentam alta taxa de sedimentosresultante da erosão do solo decorrente dodesmatamento. Historicamente, a transparênciados tributários do rio Paraná, na área que foiinundada pela represa da Hidrelétrica de Itaipu,era de 2 m. Agora a transparência é menor que0,5m (Hermosa, 1999). Na represa, a taxa deerosão da borda é superior a 13m3/m por ano(Acha Navarro 1999). O depósito desedimentos na bacia do rio Monday, ondeprovavelmente a espécie ocorria no passado,foi estimado em 24,14 t/mês no córrego Ybuí(AlterVida, 2000a) e 209,19 t/mês no córregoAlegre (AlterVida, 2000b). O resultado é queambos, em particular, o Alegre, sofreramenorme assoreamento (Facetti, 2002).

Fig. 24 – O avanço no Cerrado de áreas destinadasà agricultura e à pecuária extensiva (detalhe),comprometendo muitas vezes, até mesmo áreaspróximas aos rios, em detrimento da vegetaçãonativa.

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Mudanças hidrológicas -

importância: crítica

A construção de represas representasignificativa e irreversível ameaça à espécie, sejapor meio da destruição direta do habitat, sejapor meio de mudanças ecológicas e hidrológicasnos corpos d’água remanescentes (Lamas, noprelo). Expressiva perda de habitat nos três paísesde ocorrência deve-se a represas. As represasde Itaipu, Acaray e Yacyreta no Paraguaiinundaram perto de 1.350 km2 (entre Brasil eParaguai), 300 km2 (no Paraguai) e 1.600 km2

(entre Paraguai e Argentina).O planejamento da represa de

Corpus no rio Paraná poderá inundar entre16.500 e 57.500 ha de habitat potencial paraa espécie na Argentina e Paraguai. NaArgentina, um terço do rio Urugua-í, área comregistros confirmados da espécie, foi inundadapela represa de Urugua-í em 1990 e podeter devastado a população remanescente(Johnson & Chebez, 1985). Existem aindaplanos de manter a represa de Urugua-í nacota mais alta possível. No Brasil, há projetosde represamento em larga escala no rio Tibagi,Paraná, a única área de Mata Atlântica comregistros recentes para a espécie (Anjos et al.,1997). Existem propostas de represas, maiorese menores, em toda a área de distribuiçãoconhecida e suposta para a espécie no Brasil.

A mudança de ambientes lóticos emlênticos é considerada uma grande eimportante ameaça em todos os locais deocorrência (Rigueira, com. pess. 2006)

No ciclo de Debates sobre aRevitalização e Transposição do rio SãoFrancisco promovido pela AssembléiaLegislativa de Minas Gerais em outubro de2003. Alencar1,2003 (apud Bruno, 2004) aotratar da recuperação daquele rio, afirma sernecessário subir até suas nascentes paraconstatar a real, global e grave situação em queele se encontra, verificando de fato e demaneira concreta a dimensão da degradaçãode sua bacia hidrográfica. O autor chama aatenção sobre a situação dos lençóis freáticosà montante de todos os formadores de suabacia, alertando que essa vazão tem diminuído.

Fig. 25 – Áreas de território comprovado do pato-mergulhão no Parna da Serra da Canastra sofremo impacto de atividades turísticas.

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Distúrbios ambientais -

importância: alta

Os hábitos sedentários da espécie,associados às peculiaridades de habitatrequeridas tornam-na particularmentesuscetível a distúrbios ambientais. O desen-volvimento de atividades de turismo comorafting, canoagem e bóia-cross, bem comooutras formas de transporte por rio representapotencial ameaça, uma vez que sabidamenteaumenta a mortalidade de outras espéciesaparentadas, tal qual com o merganso-grandeMergus merganser (Surmach & Zaykin, 1994).

Distúrbios causados por outrasatividades turísticas também produzemimpacto negativo. Por exemplo, na Serra daCanastra, alguns casais de pato-mergulhãoutilizam áreas visitadas ostensivamente por umnúmero alto e crescente de turistas (Silveira& Bartmann, 2001; Lamas, no prelo) (Figura25). É importante ressaltar que a prática dorapel pode ser muito impactante, considerandoque a espécie, no seu período reprodutivo,utiliza fendas em rochas próximas ao rio(Bruno com. pess., 2005).

Distúrbios causados por pescadoresforam registrados na Argentina, entretanto nosníveis atuais acredita-se que representemapenas ameaça local (Bosso & Gil, 2000).Incorporar medidas que mitiguem distúrbiosno Plano de Manejo do Parque ProvincialUrugua-í pode prevenir a extinção local daespécie (Chebez, com. pess., 2001).

1 Alencar, J. Velho Chico. Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 8 nov. Supl. JB Ecológico, p. 28.

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No PE do Jalapão os animais podemestar em risco devido ao intensivo ecoturismo,incluindo rafting e grande número debanhistas nas cachoeiras e corredeiras usadaspela espécie. A prática de rafting ao longo dorio Novo está rapidamente despontando comouma das mais atraentes atividades deecoturismo no Brasil e pode afetarnegativamente a espécie. Na região do Parnada Serra da Canastra, o bóia-cross vemdestacando-se entre as atividades aquáticas,sendo seu impacto sobre a população deMergus merecedor de atenção (Bruno, com.pess., 2005).

Perto da RPPN Campo Alegre, emGoiás, acontecem, periodicamente, festas nasproximidades do rio dos Couros com umaconcentração de até cinco mil pessoas, o quepode representar uma perturbaçãoextremamente relevante para a espécie.

Fogo - importância:

alta/desconhecida

O fogo é considerado um fatorecológico importante em ecossistemas decerrado (Coutinho, 1982). Estima-se que áreasde cerrado estabelecidas sejam queimadas acada dois anos. Isso ocorre normalmentedurante a estação seca, maio/setembro,quando as queimadas espalham-se pelocerrado. No entanto, queimadas freqüentese prolongadas podem destruir e degradarambientes (Figura 26).

Em 1991, por exemplo, a secaprolongada contribuiu para a queima de 1%do estado do Mato Grosso. Em 1994 foramqueimados 70% do Parque Nacional deBrasília e toda a extensão do Parque Nacionaldas Emas e do Parque Nacional do Araguaia.

Nos últimos anos, entretanto, temsido extremamente comum que fazendeirosqueimem áreas para sua utilização naagricultura, sobretudo naquelas dedistribuição de M. octosetaceus, nos trêspaíses de ocorrência. Em especial no Brasil,a área de ocorrência dessa espécie tem sidoseriamente afetada pelo fogo nos últimos anos.

Em 2002, 38.000 ha do Parna daSerra da Canastra foram queimados, incluindoáreas utilizadas pela espécie. Logo após arealização de levantamentos no estado doTocantins, que registraram um casal de patos,uma queimada devastou a área em agosto de2002 (Goerck, com. pess., 2002).

Em 2003, as queimadas afetaram ostrês principais sítios de ocorrência da espécieno Brasil. Na Chapada dos Veadeiros, Goiás,o fogo afetou aproximadamente metade deseus 66.000 ha (Global Fire Monitoring CenterWebsite, 2003). Em muitos casos os incêndiostiveram início pela queimada para preparaçãode pasto em áreas vizinhas aos limites dosparques, e espalharam-se devido aos fortesventos. No Tocantins, o fogo consumiu 70%do PE do Jalapão.

Em Minas Gerais, queimadas seespalharam por 15.000 ha do Parna da Serrada Canastra, incluindo áreas registradas comode uso pela espécie (Goerck com. pess.,2003; Riguera & Lins, com. pess., 2003;Bruno com. pess., 2003). Os impactoscausados nessas áreas afetaram a mata ciliar

Fig. 26a - Fogo na região do Parna da Serra daCanastra.

Fig. 26b - equipes treinadas para o combate aofogo.

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do rio São Francisco na parte alta do Parque.Logo após a presença do fogo, realizou-se umaavaliação local com registros fotográficosdaqueles 14 km até a Cachoeira Casca D’Anta.Pode-se observar que o fogo tem a capacidadede afetar também a outra margem do rio,

quando em altas labaredas. Considerando quea espécie incuba seus ovos em árvores ouescarpas próximas ao rio, justifica-se e reafirma-se a ação do fogo, especialmente atingindomatas ciliares, como fator de alta importância(Bruno com. pess., 2005) (Figura 27).

Fig. 27 – Impacto causado pelo fogo nas margens do rio São Francisco no Parna da Serra da Canastra.S

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Endocruzamento -importância: baixa/desconhecida

Habitats potencialmente favoráveisremanescentes no Brasil, Paraguai e Argentinaencontram-se isolados a ponto de que poucaou nenhuma troca exista entre as populaçõesestabelecidas. De acordo com Yamashita(com. pess., 2006), considerando que esta éuma espécie antiga, de um grupo antigo, queestá ligada ao ambiente geomorfologico e nãoao fitogeografico, provavelmente a ocupaçãodas áreas de ocorrência teria sido pormetapopulaçãoes desde o Plioceno/Plesitoceno, e quase sempre por populaçõesisoladas, portanto, sempre houve baixavariabilidade. Se o endocruzamento fosse umfator limitante, a espécie provavelmente nãoexistiria hoje.

Caça - importância:

média/desconhecida

Por causa das reduzidas populaçõese dos hábitos sedentários da espécie, os efeitosda caça podem ser catastróficos. Entretanto,aparentemente não representa ameaçasignificativa, uma vez que devido ao seupequeno tamanho e hábito discreto, aespécie não sofre pressão expressiva (Silveira& Bartmann, 2001).

Comunidades locais na Serra daCanastra sugerem que a caça ao pato-mergulhão era comum há algumas décadas,mas agora parece não ser significativa (Lamas,no prelo). A caça de M. octosetaceus no Brasilfoi descrita por Ihering2,1968 (apud Bruno,2004): “...tanto assim que se alimenta quasesó de peixes, o que aliás dá à sua carne osabor característico dos ictiófagos”. Em

2 Ihering, R. von.. Dicionário dos animais do Brasil.São Paulo: Universidade de Brasília, 1968. 790 p

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detrimento das questões legais, em 2005,durante pesquisas de campo na Serra daCanastra, ouviu-se de um morador às margensdo São Francisco o relato da captura de umexemplar de pato-mergulhão por criançasnaquele rio. De acordo com o morador, opato seria comido, porém, libertou o exemplarapós negociá-lo por ave doméstica. Arma-dilhas de caça contendo grãos de milho oubatata-doce como atrativos têm sidoobservadas ao longo do São Francisco,indicando que, mesmo não sendo o patomergulhão o maior objeto de desejo decaçadores, a prática da caça é, todavia, umarealidade a ser combatida (Bruno, com. pess.,2005) (Figura 28).

No PE do Jalapão, devido ao parcocontrole, não se sabe se a espécie é caçada(Braz et al., 2003). Na Argentina, a caça desubsistência provavelmente representa umaameaça, ainda que baixa, principalmenteconsiderando as altas taxas de imigração

Fig. 28b – armadilhas com grãos de milho e outroscereais, ceva.

observadas (Johnson & Chebez, 1985; Chebez,1994; Hearn, 1994; Bosso & Gil, 2000).

Predação - importância:média/desconhecida

Giai (1951) e Partridge (1956)sugerem que o gavião-pato (Spizasturmelanoleucus) e o gavião-de-penacho(Spizaetus ornatus) podem predar M.octosetaceus, enquanto Bruno & Carvalho(2006) destacam o gavião-de-asa-de-telha(Parabuteo unicinctus) e a águia-chilena(Geranoaetus melanoleucus) como possíveispredadores de animais adultos e Buteo sp. eAcciper sp. como ameaças aos filhotes.

Cães domésticos são predadorespotenciais de indivíduos jovens na Serra daCanastra (Lamas, no prelo). Esses cães podemeventualmente passar a viver selvagemente(Figura 29), aumentando os riscos de predação(Bruno com. pess., 2005). Acrescenta-se entreoutros canídeos relacionados como possíveispredadores de M. octosetaceus, o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o lobo-guará(Chrysocyon brachyurus), que incluem avesna sua alimentação (Bruno, 2004).

Fig. 29 – Cão doméstico vivendo livremente noParna da Serra da Canastra.

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Fig. 28a – Exemplos de caça nas margens do rioSão Francisco no Parna da Serra da Canastra

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Bartmann (1988) registrou apresença de lontras (Lontra longicaudis) nosterritórios ocupados pelo pato-mergulhão,sugerindo que essa espécie possa predarfilhotes de pato. De acordo com Bruno &Carvalho (2006), outros mustelídeos como airara (Eira barbara), o furão (Galictis cuja) eprocionideos como o quati (Nasua nasua) e omão-pelada (Procyon cancrivorus), tambémsão capazes de realizar tal feito. Bruno (2004)destaca que entre os felídeos presentes noParna da Serra da Canastra e que incluem emsua dieta aves e ovos, destacam-se o gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e o gato-maracajá(Leopardus wiedii), além de outros mamíferoscomo o gambá (Didelphis albiventris) e otamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla).A respeito dos répteis, o autor inclui o teiú(Tupinambis merianae) sem, contudo,descartar serpentes como cascavéis (Crotalusdurissus), jibóias (Boa constrictor) e caninanas(Spilotes pullatus) na lista de possíveispredadores, sejam de ovos ou de filhotes.

O impacto deste tipo de predaçãonão é significativo em populações saudáveis,entretanto, no caso do pato-mergulhão,devido aos baixos números populacionais apredação pode representar uma causa dedeclínio.

Introdução de peixes

exóticos - importância:

média/desconhecida

Na maioria dos reservatóriosformados pelo represamento para usinashidroelétricas foram introduzidos peixespredadores exóticos, incluindo: achigã(Micropterus salmoides), tucunaré (Cichlaspp.) e herbívoros como a tilápia. O númerode propriedades particulares que construiupequenos reservatórios ou tanques paraestocar peixes exóticos sofreu grandeaumento no Brasil, incluindo em MinasGerais. A maioria dessas espécies espalhou-se e elas podem vir a colonizar áreas deocorrência de M. octosetaceus, desequilibrandoas comunidades de presas da espécie (Lamas,no prelo). É sabido que predadores exóticos

causaram a extinção local de espéciespequenas em várias localidades, erepresentaram fator importante na extinçãodo pato-poc (Podiceps giganteus), bem comono declínio de outras espécies de patos.

Competição -

importância: baixa/

desconhecida

É possível que competição comoutras espécies possa reduzir o sucessoreprodutivo do pato mergulhão.

A competição por alimento seriacom o biguatinga (Anhinga anhinga) ou biguá(P. brasilianus) e a por ocos de nidificação,com o pato-do-mato (Cairina moschata),tucanos (Ramphastos dicolorus e R. toco),psitacídeos (Pionus maximilianii) e mamíferoscomo o gambá, a irara e o mão-pelada(Benstead et al., 1993; Silveira & Bartmann,2001; Bruno & Carvalho, 2006). A magnitudedesses efeitos é desconhecida.

Bruno registrou, em 2003, 2004 e2006, a presença do biguá (Phalacrocoraxolivaceus) no rio São Francisco, mergulhandoe descansando sobre rochas, em territóriopertinente a uma família de patos-mergulhões, próximo a São José do Barrreiro,MG, (Figura 30).

Fig. 30 – Biguá (Phalacrocorax olivaceus) emterritório de uma família de patos-mergulhões noParna da Serra da Canastra.

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Esse pesquisador observou também nomesmo rio, patos-do-mato na parte baixa e omergulhão (Podilymbus podiceps) além domergulhãozinho (Podiceps dominicus) na partealta do Parna da Serra da Canastra. Todos, deacordo com Sick (1997), incluem peixes em suadieta. Bruno & Carvalho (2006) acrescentamainda bem-te-vis, martins-pescadores e quasetodos componentes da Família Ardeidae eAnatidae, que também alimentam-se depequenos peixes, como competidoresinterespecíficos de M. octosetaceus.

Poluição - importância:baixa/desconhecida

A expansão da ocupação humana ea poluição associada (doméstica e industrial)podem representar ameaça crescente para aespécie. Silveira (1998) sugeriu que aausência de M. octosetaceus no rio SãoFrancisco à jusante do Parna da Serra daCanastra, abaixo da localidade de VargemBonita seja devida, em parte, à poluição. Noentanto, há registros da espécie nesse localem 2005 (Rigueira com. pess. 2006). ComoVargem Bonita é o primeiro municípiobanhado pelo rio São Francisco, é importanteo aprofundamento de estudos nessa vertente.A Figura 31 apresenta um exemplo decontaminação das águas no rio São Francisco.

Exploração direta - importância:baixa/desconhecida

Entre 1947 e 1960, Partridge eequipe coletaram 21 indivíduos no RioUrugua-í, nordeste da Argentina (Partridge,1956). Apesar de a coleta de espécimes paramuseus não ser considerada ameaça para asespécies, nesse caso em especial tal nível deexploração pode ter representado papelimportante no declínio populacional (Bosso& Gil, 2000). Nos últimos 20 anos é possívelque, na Argentina, tenha havido tráfico daespécie para coleções de aves.

Retirada de ovos e Jovens - importância: baixa/desconhecida

A retirada de ovos e jovens, seja paraalimentação das populações locais ou para otráfico, é uma ameaça para a espécie,entretanto acredita-se que tais atividadessejam extremamente raras ou inexistentesatualmente.

Pesticidas (efeito indireto) -importância: baixa/desconhecida

O incremento no uso de pesticidas,associado à expansão agrícola, poderepresentar ameaça para a espécie. Baixosníveis de pesticidas foram encontrados no rioIguazú (Bosso & Gil, 2000), entretanto oimpacto para a espécie permanece descon-nhecido. A construção das represas de Itaipue Yacyretá no Paraguai causou enormemortalidade de peixes devido à liberação defenóis, seja proveniente da decomposição debiomassa nas áreas inundadas (especificamente,lignina), seja dos herbicidas presentes nessasáreas (Enaprena, 1995). Altos níveis desubstâncias tóxicas, tais como cloretos,inseticidas em geral e metais pesados(chumbo, cromo e mercúrio) têm sidoregistrados em vários tributários desde 1984(Enaprena, 1995).

Os níveis de agrotóxicos na bacia dorio Monday também são altos. Por exemplo,

Fig. 31 – Contaminação das águas pela decomposiçãode carcaças de animais domésticos (bovino) a céuaberto – rio São Francisco, entorno do Parna daSerra da Canastra.

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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Desmatamento- Expansão da agricultura

- Atividade pecuária

- Plantações de pinheiros

- Habitações humanas

- Construção de hotéis

- Instalações de turismo

Corte seletivo- Móveis

- Cercas e construções

- Coleta de mel

- Lenha

- Produção de carvão

Assoreamento

- Mineração de diamantes

- Habitações humanas

Construção de barragens

Ecoturismo

Rafting

Pesca

AlterVida (2000a) relatou o uso de 30agrotóxicos na microbacia de Ybuí (em5.461ha) em um ano, com um volume de2.357 litros. Análises de pesticidas na água eem sedimentos de fundo na represa de Itaipu,conduzidos entre 1990-1998 (Facetti, 2002),encontraram Aldrin em 53% das amostras,com 26% destas excedendo os níveisrecomendáveis; 27% das amostras continhamDDT, com 18% excedendo o nível reco-mendável. O pesticida mais comum foiHeptaclor, encontrado em 69% das amostras,excedendo o recomendável em 12% dasamostras. De acordo com Facetti (2002), osDepartamentos de Itapua e Alto Paraná sãoresponsáveis por 52% do total de pesticidas

utilizados no Paraguai. Análises conduzidaspelo órgão governamental responsável pelocontrole de águas detectaram a presençade pest ic idas organoclorados, cujautilização é proibida, no baixo rio Monday(Facetti, 2002).

Na região da Serra da Canastra, ouso de agroquímicos no controle fitossanitárioe tratamento de doenças de cafezais tem sidouma constante, havendo relatos de casosgraves de intoxicação humana, ocorridosrecentemente em São Roque de Minas.Naturalmente, esses produtos acabam por seincorporarem ao meio hídrico e conse-qüentemente ao rio que drena aquela baciahidrográfica (Bruno, com. pess., 2005).

Crítica

Alta

Crítica

Alta

-

-

Média

Média

Baixa

-

-

Crítica

Crítica

Baixa

Alta

Alta

Média

Baixa

Alta

Desconhecida

Alta

Alta

Crítica

Alta

Crítica

-

-

-

Alta

Média

-

-

-

Degradação de habitat Classificação geral: crítica

Mudanças hidrológicas Classificação geral: crítica

Distúrbios Classificação geral: crítica

N/A Crítica -

Crítica Alta Crítica

Crítica Crítica Crítica

Média Alta -

Média Alta

Baixa Baixa -

Tabela 2. Ameaças ao pato-mergulhão em cada país de ocorrência.

Ameaça

Perda de habitat Classificação geral: crítica

Argentina Brasil Paraguai

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Incêndios florestais Classificação geral: alta/desconhecida

Endocruzamento Classificação geral: alta/desconhecida

Crítica/Desconhecida Crítica Crítica/Desconhecida

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Baixa Desconhecida

Caça Classificação geral: média/desconhecida

Média Baixa/Desconhecida Crítica/Desconhecida

Predação Classificação geral: média/desconhecida

Baixa/Desconhecida Média/Desconhecida Baixa Desconhecida

Introdução de Peixes Exóticos Classificação geral: média/desconhecida

NA Média/Desconheciada NA

Competição Classificação geral: baixa/desconhecida

Por alimento

Por sítios de nidificação

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Baixa Desconhecida

Poluição Classificação geral: baixa/desconhecida

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Baixa Desconhecida

Resíduos de espécimes para

indústria

Exploração direta Classificação geral: baixa/desconhecida

Baixa Baixa/Desconhecida -

Coleta de espécimes

para museus

Coleta de ovos/captura Classificação geral: baixa/desconhecidade jovens

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Baixa Desconhecida

Coleta por aviculturistas

Pesticidas (efeito indireto) Classificação geral: baixa/desconhecida

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Baixa Desconhecida

Baixa/Desconhecida Baixa/Desconhecida Alta

Ameaça

Perda de habitat Classificação geral: crítica

Argentina Brasil Paraguai

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A espécie é legalmente protegida aolongo de toda sua área de ocorrência. NoBrasil, ocorre em seis unidades deconservação: Parque Nacional da Serra daCanastra, Parque Nacional da Chapada dosVeadeiros, Parque Nacional das Emas, ParqueEstadual do Jalapão, Parque Estadual doItacolomi e RPPN Campo Alegre, Goiás, masas populações do Paraná e Bahia (se aindaexistentes) encontram-se desprotegidas.

Na Argentina, são registradas trêsáreas protegidas: Parque Nacional Iguazú,Parque Provincial Urugua-í e Reserva PrivadaUrugua-í (Antas, 1996; Chebez, 1994;Chebez et al., 1998). São necessárioslevantamentos ao longo de toda a área dedistribuição da espécie no intuito dedeterminar seu atual status.

A despeito da situação de extremaameaça em que a espécie se encontra, poucasações conservacionistas têm sido tomadaspara protegê-la. Revisões de seu status foramconduzidas globalmente (Collar et al., 1992;Antas, 1996; BirdLife International, 2000) elocalmente na Argentina (Johnson & Chebez,1985; Chebez, 1994; Bosso & Gil, 2000) eBrasil (Pineschi & Yamashita, 1999, 2000).Levantamentos foram conduzidos nos trêspaíses de ocorrência (por exemplo, Bensteadet al., 1993; Anjos et al., 1997; Silveira, 1998;Pacheco & Silva e Silva 2002; Olmos & Silvae Silva, 2003; Hayes & Granizo, 1990; Brazet al., 2003). Foram realizados estudos deecologia básica na Argentina (Partridge, 1956)e no entorno do Parna da Serra da Canastra,Brasil (Bartmann, 1988; Silveira & Bartmann,1996; Silveira & Bartmann, 2001; Lamas, no

prelo; Lamas & Santos, 2004; Bruno &Bartmann, 2003; Bruno, 2004).

O primeiro Workshop Internacionalpara a Conservação do Pato-Mergulhãoaconteceu no Brasil, em setembro de 2000,sediado pelo Ibama no Parna da Serra daCanastra, Minas Gerais. Dez especialistas dostrês países de ocorrência da espécie(Argentina, Brasil e Paraguai), Europa e EstadosUnidos participaram do evento (BrazilianMerganser Recovery Team, 2001). Em 29 deoutubro de 2002, ocorreu o segundoencontro, também sediado pelo Ibama, destavez em Brasília. A reunião pretendia rever ostatus de conservação da espécie, finalizar otexto do Plano de Ação e discutir os detalhesde sua publicação, acordar o programa detrabalho para o período 2003-2005, identificarprojetos prioritários para a busca definanciamento e acordar meios financeirospara a operação do Grupo de Trabalho para aConservação do Pato-Mergulhão. A reuniãocontou com 19 participantes, incluindorepresentantes de três ONGs (BirdLifeInternational – Programa do Brasil,Conservação Internacional e Instituto TerraBrasilis), cinco universidades brasileiras(Universidade de Brasília, Universidade deSão Paulo, Universidade Federal Rural do Riode Janeiro, Universidade Federal Fluminensee Universidade Estadual de Londrina) além detécnicos de vários setores do Ibama.

Com a finalidade de facilitar a trocade informações entre as pessoas envolvidasna conservação da espécie foi criada uma listade discussão na web, pela IUCN-SSC/Wetlands International Threatened Waterfowl

Status

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Specialist Group ([email protected]). Essalista conta atualmente com 41 membros:quatro da Argentina, vinte e cinco do Brasil,três do Paraguai, seis do Reino Unido e trêsdos Estados Unidos.

Argentina

Status atual

M. octosetaceus (Pato serrucho ouMbigua-í, em Guarani) é consideradanacionalmente como espécie criticamenteameaçada (Fucema et al., 1997) e uma dasaves mais ameaçadas da Argentina.

Distribuída principalmente ao longodos tributários do rio Paraná, nas matas degaleria da província de Missiones, os registrosda espécie na bacia do rio Urugua-í não foramconfirmados e são considerados duvidosos.Até a metade do século 20, os rios do meio-norte de Missiones abrigavam provavelmentea mais importante e melhor conservadapopulação da espécie, em especial no rioUrugua-í. Hoje, somente as cabeceiras do rioParaná e a Área de Conservação do CorredorVerde (cerca de 1.200.000 ha) devem abrigarpequenas populações relictuais.

Apesar de a espécie ocorrer em trêsáreas protegidas no país (Parque NacionalIguazú, Parque Provincial Urugua-í e ReservaPrivada Urugua-í) existem poucos registrosrecentes. A espécie foi observada recen-temente no Parque Provincial Urugua-í, nosrios Uruzú e La Playita (Baldo e Arzamendia,com. Pess., 2002), o que confirma a presençadessa espécie na Mata Atlântica da Argentina.Alguns pesquisadores acreditam que umapopulação de tamanho considerávelpossa ainda existir no extenso sistemahidrográfico de Missiones (Giraudo &Povedano, 2004)

Tendência populacional

Na Argentina a espécie sofreumarcante declínio populacional. Seusprimeiros registros datam do início do séculoXX, embora, indubitavelmente, ocorresse no

país anteriormente. Por volta da década de50, era encontrada regularmente em rios deáguas claras, quando numerosos espécimesforam coletados para museus e realizadosvários trabalhos internacionais (Giai, 1951,1976; Partridge, 1956). Nas duas décadassubseqüentes, a falta de interesse resultou naausência de registros. Foram realizadastentativas de localizar a espécie em 1980,1983 e 1985. Neste último ano, Johnson &Chebez (1985) observaram patos na bacia doRio Urugua-í. Após a construção da represade Urugua-í, uma série de tentativas falhouem localizar a espécie novamente (Bensteadet al., 1993; Bosso & Gil, 2000) mesmoestando boa parte da bacia protegidaatualmente por um Parque Provincial e umareserva privada. O mesmo ocorreu no rioIguazú e tributários. A despeito da criação deum parque nacional e visitas regulares deguardas-parque e naturalistas, nenhum patofoi encontrado durante os anos 90 (Johnson& Chebez, op. cit., Saibene et al., 1996;Chebez et al., 1998). Buscas em localidadescom registros históricos para a espécie e depossíveis habitats favoráveis à sua ocorrênciatambém falharam na localização de aves. Osdois últimos avistamentos da espécie naArgentina foram de aves solitárias no CórregoPiray Miní, em 1993 (Benstead et al., 1993;Bosso & Gil, 2000) e no Rio Uruzú na baciado rio Urugua-í, em maio de 2002 (JorgeBaldo, com. pess.).

Proteção da espécie

A espécie é protegida pela LeiNacional n º 22421, Decreto Nacional nº 666/97 e Resolução SAGyP nº 144/83. Éoficialmente reconhecida como “em perigo”e foi declarada como “monumento natural”(uma espécie-bandeira ameaçada) naprovíncia de Missiones.

Proteção do habitat

Existem três áreas protegidas naregião histórica de ocorrência das aves no país(Parque Nacional Iguazú, Parque ProvincialUrugua-í e Reserva Privada Urugua-í).

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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Programas de conservação

Atualmente não existem atividadesde conservação da espécie no país. As últimasações neste sentido foram conduzidas pornaturalistas independentes e pela Fundación VidaSilvestre Argentina e Aves Argentinas/AsociaciónOrnitológica del Plata. Levantamentos daespécie foram conduzidos em 1991 (CórregoYabotí Miní, rio Iguazú), 1993 (Córregos Uruzú,Urugua-í, Piray Miní, Piray Guazú, Yacuy e rioIguazú - Expedição Pato Serrucho ’93), 1994 e1995 (córregos Yabotí Miní, Piray Guazú, Uruzú,Alegría, Paranay Guazú, Yasy, Antas e Tigre -Projeto Mbigua-í).

A Expedição Pato Serrucho ’93, quepercorreu 376 km de rios em Missiones, foifinanciada por Wildfowl & Wetlands Trust eInternational Waterfowl & Wetlands ResearchBureau (hoje Wetlands International). Foirealizada com o apoio da Fundación VidaSilvestre Argentina e da Administração deParques Nacionais. O Projeto Mbigua-í foicontemplado em 1994 pela Bolsa Claes Olrogda Aves Argentinas/Asociación Ornitológicadel Plata.

Estratégias conservacionistas nãoforam implementadas, em âmbito local ounacional.

BRASIL

Status atual

Paraná

O primeiro registro da espécie parao estado foi em 1922, no Salto da Ariranha,rio Ivaí. Avistamentos recentes no Paranáincluem oito indivíduos no rio Congonhas,tributário do rio Tibagi (Anjos et al., 1997) em1995. Em 1997 a espécie foi registrada aolongo do rio Congonhas e em 1998, dozeindivíduos, entre eles três juvenis, foramobservados na parte baixa do rio, próximo aorio Tibagi. Em 2001, duas aves (provavelmenteum casal) foram encontradas no rio Tibagipróximo à foz do rio (Orsi, com. pess.).

Em 2005, Márcio Rodrigo Gimenezrealizou, dentro de um projeto conduzido por

Luíz dos Anjos e apoiado pelo CNPq e pelaUEL, três expedições de busca da espécie norio Congonhas, por um período de seis meses,mas ela não foi localizada (Anjos, com. pess.,2006).

Bahia

Mais de 30 aves foram encontradasna Bahia durante a década de 90 (Pineschi &Yamashita, 1999, 2000), nos rios Pratudão,Corrente (Éguas) e Formoso entre as cidadesde Jaborandi e Vila dos Gatos. Entretanto,levantamentos recentes de 70 km nas mesmasáreas, conduzidos em julho de 2003, falharamna localização dessas aves (Olmos & Silva eSilva, 2003).

As matas de galeria foram retiradasda maioria das margens dos rios, seja paraagricultura, seja para pasto, restando muitopouco da vegetação natural. A água dos riosé agora utilizada para irrigação das plantaçõespelas populações ribeirinhas e muitas áreasforam queimadas e drenadas para a plantaçãode soja. Essa área encontra-se tambémameaçada pelos planos de construção dehidroelétricas (noticiado pela CompanhiaCaraíba Metais).

Tocantins

A espécie foi recentementeencontrada em três expedições ao estado(Pacheco & Silva e Silva, 2002; Martuscelli;com. pess.; Braz et al., 2003). Os registros maisrecentes apontam uma ave solitária no rioNovo, próximo a Mateiros, em maio de 2002(Braz et al., 2003), duas aves perto daCachoeira da Velha no PE do Jalapão, em maiode 2002 (Braz et al., 2003) e um casal comquatro jovens, avistados nesta última área, em27 de agosto de 2002 (Pacheco & Silva e Silva,2002).

Goiás

Levantamentos entre 1992 e 1999apontaram a presença da espécie no leste doestado nos municípios de Posse, Iaciara e São

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Domingos nas cabeceiras do rio Paranã(Pineschi & Yamashita, 1999, 2000).

Desde 1987, pelo menos em quatroocasiões M. octosetaceus foi observado noParna da Chapada dos Veadeiros. Em setembrode 2000, um par de aves (com quatro filhotes)foi visto no rio Preto por um consultor doIbama (Leeuwenberg, com. pess., 2001). Em31 de agosto e 1 de setembro de 2003, trêsaves foram encontradas no rio das Pedras,município de Nova Roma, o primeiroavistamento nesta região desde 1950 (Bianchiet al., 2005).

Também foram feitos registros em2004 e 2005 em Goiás, no Município de AltoParaíso, próximo à Chapada dos Veadeiros,na RPPN Campo Alegre e em seus limites, norio dos Couros e rio Lajeado. Também foramobservados um indivíduo no rio Lajeado emmarço/abril de 2005 e um casal no rio dosCouros em maio e junho de 2005 e, depoisda reprodução, foram vistos o mesmo casal etrês filhotes em agosto de 2005. (Antas, nãopublicado 2006).

No rio São Miguel há registroshistóricos e notícias do uso da sua parte médiano início da década de 1990. Este rio éafluente do Tocantizinho, mas merecedestaque pelos registros ali relatados e por seruma das possíveis vias de conexão entre aspopulações do Parna da Chapada dosVeadeiros e do Tocantinzinho, se as mesmasforem espacialmente separadas (Antas, 2006).

Minas Gerais

Em Minas Gerais, os primeirosregistros da espécie são de duas aves noribeirão do Salitre, em 1973 (G.T. DeMattos,1992, citado por Collar et al., 1992),uma ave no rio São João em 1980 (J.M. Dietz.1986, citado por Collar el al., 1992), e cincoaves no Parna da Serra da Canastra em 1981(Bartmann, 1988). Nesta região, a espécievem sendo registrada de forma contínua desde1981 (Bartmann, 1988; Pearman, citado porCollar et al., 1992; Silveira & Bartmann, 2001;Lamas, no prelo; Bruno & Bartmann, 2003;Lins & Andrade, 2004; Instituto Terra Brasilis,

não publicado). Os registros recentes para aregião são de 47 aves em 2002 (Lamas, noprelo), 15 em 2003 (S. Bruno, com. pess.), 28em 2004 (Bruno, com. pess.), 32 em 2004 e52 em 2005 (InstitutoTerra Brasilis, nãopublicado).

Em abril de 2004, um indivíduo daespécie foi visto em um lago artificial (Lagoada Curva) do Parque Estadual do Itacolomi,Ouro Preto, Minas Gerais (Cerqueira Junioret al., 2005). No entanto, depois de poucosmeses, o indivíduo desapareceu e ainda nãofoi confirmada a existência de uma populaçãoestabelecida nessa região.

O tamanho populacional para asáreas citadas é de: Serra da Canastra – 40 a50 pares; Emas – 1 a 5 pares (provavelmente);Chapada dos Veadeiros – 1 a 5 pares; Jalapão– 1 a 5 pares; Rios Tibagi / Congonhas – 1 a 5pares; Bahia – 1 a 5 pares (provavelmente).

Tendência populacional

Somente a população do Parna daSerra da Canastra está sendo monitoradaregularmente. Os números de produtividadeentre 1996 e 2000 (Silveira & Bartmann,2001) atingiram o total de 39 indivíduos (seispares produziram 27 jovens em 10 ninhadas).Levantamentos mais extensivos, realizados em2001/2002, concluíram que existem nomínimo 80 indivíduos na região da Canastra(Lamas, no prelo). Segundo estudosposteriores realizados pela equipe do InstitutoTerra Brasilis, a população da região da Serrada Canastra pode ser ainda maior (RenataAndrade e Lívia Lins, com. pess.). Bruno et al.(2006b) observaram 72 indivíduos (4 pares,produzindo um total de 64 filhotes) entre 2001e 2005.

Análises mais detalhadas sobre aexata localização das aves são necessárias paraa determinação da tendência populacional naárea do Parque e arredores. Foi alcançadosucesso reprodutivo na região da Canastra nosúltimos anos, embora não haja nenhumainformação a respeito do destino dos jovens.Levantamentos em outras áreas vêm sendorealizados em bases oportunistas einfreqüentes, assim não há informações

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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disponíveis sobre a sua tendência populacionalno Brasil. Apesar disso, espera-se que novosestudos no sudeste baiano e em Tocantinsofereçam mais informações.

Proteção da espécie

A espécie e seu habitat sãolegalmente protegidos no País (Lei nº 5.197de janeiro de 1967, Lei nº 9.605 de fevereirode 1998) A Instrução Normativa nº 3, de 26de maio de 2003, do Ministério do MeioAmbiente, classifica a espécie comocriticamente ameaçada de extinção. A Lei nº9.605 proíbe a poluição dos habitats úmidos,o uso de explosivos, a pesca com substânciatóxicas, bem como os incêndios propositais.O novo Código Florestal Brasileiro tambémfornece proteção à espécie ao garantir apreservação das matas de galeria ao longo doscursos d’água, especialmente quando se tratarda proteção de espécies ameaçadas. M.octosetaceus encontra-se também protegidopor leis estaduais, como, por exemplo, pelaDeliberação n° 41/95 do Conselho de PolíticaAmbiental - Copam, em Minas Gerais. AResolução Conama nº 279 (de junho de 2001)introduziu rigoroso estudo de impactoambiental para futuros empreendimentoshidroelétricos e termoelétricos no país.

Proteção do habitat

Parque Nacional da Serra daCanastra

Criado em 1972, com uma área de198.380,78 ha, nele são encontradas tanto aformação vegetal típica (campos de altitude)quanto a tropical atlântica. Há tambémcampos rupestres, pequena parcela de mataciliar e manchas de campo-cerrado. Um dosproblemas desse parque é que parte de suasterras (dois terços do parque) não foiindenizada, e hoje corre o risco de perdercerca de 130.00 ha devido ao movimentodos proprietários de terras da região(Rigueira, com. pess., 2006). Pelo menos 20pares vivem na área do parque e 21 paresem áreas adjacentes (Lamas, no prelo; Lins &

Andrade, 2004, Instituto Terra Brasilis, nãopublicado)

Parque Nacional das Emas

Criado em 2002, com uma área de133.064,42há, este parque possui váriasfisionomias do bioma cerrado, como: mataciliar, vereda, campo rupestre, matamesofídica, campo úmido, cerrado, cerradão,campo cerrado, campo sujo e campo limpo.Não há registros recentes e poucos detalhessobre aquele datado de 1990. Se existente, aespécie provavelmente encontra-se noslimites do parque.

Parque Nacional da Chapada dosVeadeiros

Criado em 2001, com uma área de65.038,16há, possui vegetação de cerrado,apresentando campos rupestres, mata ciliar,mata seca semidecídua, várias formas docerrado sensu strictu e veredas queserpenteiam os campos limpos. O últimoavistamento da espécie nessa área foi emsetembro de 2003. A maioria dos pares deveocorrer nos limites do parque. Pretende-seexpandir a área do parque para 210.000 ha,a fim de incluir o habitat da espécie,englobando a bacia do rio das Pedras.

Parque Estadual do Itacolomi

Criado em 1967, com uma área de7.543ha. A região encontra-se na transiçãoentre a Mata Atlântica e o Cerrado,representado por campos rupestres. Apenasum indivíduo foi avistado em 2004.

Parque Estadual do Jalapão

Criado em 2001, com uma área de160.000 ha, a sua vegetação é de cerrado ralocombinada com a areia, dunas, serras, valese veredas. Pelo menos três aves foramobservadas nos limites do parque por Braz etal. (2003) em maio de 2002 e um par comquatro jovens foram vistos por Pacheco & Silvae Silva (2002) em agosto de 2002.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Rios Congonhas e Tibagi

O ultimo registro foi feito em 2001.Espécie rara que ocorre em área semproteção legal. Ameaçada pela construção deempreendimentos hidroelétricos, há intençãode criação de uma Área de ProteçãoAmbiental – APA ao longo do Rio Congonhas(Anjos 2003). Essa proposta inclui reflo-restamento das margens do rio, conservaçãodos remanescentes florestais, educaçãoambiental enfocando o efeito do uso depesticidas, pesca sustentável, e monitoramentoambiental. Todas essas iniciativas, seimplementadas, devem beneficiar aespécie.

Bahia

As bacias dos rios Pratudo e Pratudãoforam recentemente (dezembro de 2000)decretadas Refúgio de Vida Silvestre Veredasdo Oeste Baiano (128.521 ha), com o objetivoexplícito de proteger o pato-mergulhão, entreoutras espécies (Olmos & Silva e Silva, 2003).O rio Carinhanha, na divisa Bahia/MinasGerais, encontra-se parcialmente protegidono Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

Programas

conservacionistas

Bartmann (1988, 1994), Silveira &Bartmann (1996, 2001), Bruno & Bartmann(2003), Bruno (2004), Lamas (2004), Lamas(no prelo), Lins & Andrade (2004), Andrade/Terra Brasilis (com. pess.) conduzirammonitoramentos e estudos de ecologia básicada espécie no Parna da Serra da Canastra.

Entre 1992 e 1999, Yamashita &Pineschi (1999) conduziram levantamentos decampo em 14 áreas do Brasil Central emquatro estados diferentes (Goiás, Bahia, MinasGerais e Tocantins).

Em julho de 2001, teve início umprojeto na região do Parna da Serra daCanastra visando localizar todas as áreaspotencialmente favoráveis como habitat daespécie e assim realizar a revisão do planode manejo desse parque. Essa iniciativa do

Ibama foi conduzida pelo Instituto TerraBrasilis, a partir da qual deu início ao ProgramaPato-Mergulhão, que tem quatro principaisáreas de atuação (baseadas nas prioridadesapontadas por esse plano de ação): estudossobre a biologia reprodutiva da espécie erequerimentos de habitat, inventário dadistribuição na região, educação ambientalnas áreas rurais e urbanas (estudantes eprofessores, fazendeiros e comunidadeslocais) e campanha de divulgação da presençada espécie com o objetivo final de torná-lauma bandeira para a conservação local. Estetrabalho vem sendo apoiado por váriasinstituições, em especial pelo Instituto Estadualde Florestas de Minas Gerais.

Em 2005, Sávio F. Bruno (UFF)oficializou o projeto Biologia e Conservaçãodo Pato-mergulhão no Parque Nacional daSerra da Canastra e Entorno, MG, Brasil, o qualobjetiva a continuidade dos estudos ecológicosda espécie, incluindo componentescomportamentais, a partir do acompanhamentode casais já conhecidos que habitam o rio sãoFrancisco desde a nascente até o municípiode Vargem Bonita. O estudo tem enfatizadoespecialmente os aspectos relacionados como comportamento reprodutivo da espécie emquestão, englobando cuidados parentais,hábitos alimentares e principais ameaçasbióticas e abióticas. Os resultados obtidostambém têm sido utilizados na educaçãoambiental da área de entorno do Parna Serrada Canastra.

Em maio de 2005, começou umprojeto na Bacia do rio Ivaí e no rio Fortaleza(Bacia do rio Tibagi) visando à busca de registrosde novas populações da espécie e a avaliar dascondições do ambiente, identificando os locaiscom condições favoráveis à existência do pato-mergulhão. Este projeto, conduzido peloInstituto de Pesquisa e Conservação daNatureza – Idéia Ambiental, encontra-se nasegunda etapa de execução - a de investigaçãode trechos selecionados em dois rios na Baciado Ivaí (rio dos Patos e rio Ariranha) e no rioFortaleza (Bacia do Tibagi) (Klemann Juniorcom. pess. 2006).

Após as observações recentes daespécie no rio Preto e rio das Pedras na

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Chapada dos Veadeiros (Leeuwenberg, com.pes.,2001, Bianchi el al., 2005), existemplanos de expandir o parque para apro-ximadamente 210.000ha para incluir o habitatda espécie.

O Grupo de Trabalho para a Con-servação do Pato-mergulhão, reunido emBrasília, em outubro de 2002, acordou umtotal de oito ações de conservação prioritárias,listadas a seguir, por nível de prioridade eacompanhadas de seu atual status deimplementação.

Prioridade 1

Inventário de localidades-chave

Está sendo compilado um inventáriodas localidades-chave em uma base de Sistemade Informação Geográfica – SIG, incluindotodos os pontos da Tabela 1.

Levantamentos nas localidades-

chave

Levantamentos recentes foramconduzidos em Tocantins em 2002 (BirdLifeInternational – Programa do Brasil eConservação Internacional), na Bahia em2003 (BirdLife International – Programa doBrasil) e na Serra da Canastra a partir de 1996(Silveira & Bartmann (1996, 2001, TerraBrasilis, não publicado; Bartmann & Bruno,não publicado; Lamas; no prelo; Bruno eBartmann, 2003; Bruno, 2004 e Bruno et al.,2006b no prelo).

A Conservação Internacional planejatambém realizar novos levantamentos emTocantins (Jalapão) e Minas Gerais (ParqueNacional da Serra do Cipó) a fim de estimar onúmero de animais que vive nessas áreas.

O Instituto Terra Brasilis pretendeexpandir os levantamentos na região da serrada Canastra e incluir avaliações do impactoambiental que afetam a espécie tais como:mineração de diamante, construção derepresas, erosão, agrotóxicos e queimadas.A UFF, representada por Sávio F. Bruno, tem

desenvolvido trabalhos nessas vertentes,objetivando contribuir para as avaliações deimpactos ambientais na região, os projetoseducacionais e o monitoramento da biologiade M. octosetaceus.

Pesquisa biológica,

características de habitat

A UFF, por meio do projeto Biologiae Conservação do Pato-mergulhão (Mergusoctosetaceus Vieillot, 1817) no ParqueNacional da Serra da Canastra, MG, e Entorno,tem avançado nos estudos referenciados nopróprio título do projeto, com especialatenção à biologia reprodutiva.

Estão sendo elaboradas propostaspara a pesquisa biológica enfocando: ecologiareprodutiva da espécie e características dehabitat na região da Serra da Canastra(Instituto Terra Brasilis), e uso do habitat ecomportamento no Rio Congonhas (UEL). Umestudo sobre o efeito do fogo sobre a espécievem sendo desenvolvido na Serra da Canastra(Bruno, não publicado).

Na Chapada dos Veadeiros, PauloAntas está realizando trabalhos de levan-tamento, promovidos pela Funatura, e HélioJorge Cunha irá realizar dissertação demestrado sobre a ecologia dessa espécie.

4. Educação ambiental

O Instituto Terra Brasilis produziu eestá veiculando material educativo paradivulgação, sensibilização e envolvimento dacomunidade nas adjacências do Parna da Serrada Canastra. Essa ação inclui a veiculação deuma exposição ambiental educativa itinerantepara toda a comunidade escolar da região.A exposição é aberta por uma apresentaçãocênica em que o personagem, o pato-mergulhão, dialoga de forma lúdica com acomunidade local sobre a conservação dosrecursos naturais. Um folheto e calendáriocontendo informações sobre a espécie, e quebusca a participação da comunidade evisitantes na proteção do pato-mergulhão,também fazem parte desse material.

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Outros trabalhos de educação econscientização públicas também vêm sendoconduzidos na área por Sávio F. Bruno.

Prioridade 2

Manejo da espécie

Um projeto para avaliar a relevânciada colocação de ninhos artificiais, visandoauxiliar a reprodução da espécie foi definidocomo prioridade 2 e está em andamento.

Estudos sobre a viabilidade doestabelecimento de umapopulação em cativeiro etranslocação de aves e ovos

Durante o workshop de 2002,determinou-se como prioridade 2 a realizaçãode estudo para a avaliação da viabilidade deestabelecimento de uma população emcativeiro, ou translocação de aves e ovos deáreas destinadas à inundação quando daconstrução de represas para hidroelétricas.A priorização de tais estudos deve ser revistapelo Grupo de Trabalho para a Conservaçãodo Pato-mergulhão anualmente, considerandoque levantamentos recentes localizarampoucas aves e foi observado que localidades-chave estão sendo severamente afetadas pelofogo e pelo estabelecimento de hidrelétricas.

Prioridade 3

Identificação de habitats potenciaispor meio do uso SIG

Ainda não iniciada. Esta propostapoderá ser realizada pelo projeto Biologia eConservação do Pato-mergulhão / UFF.

Estabelecimento de acordos demanejo com proprietários deterra para a proteção da espécieem suas propriedades

Incluído na proposta do Instituto TerraBrasilis.

Paraguai

Status atual

Com apenas dois registros históricos,é notório que a espécie sempre teveocorrência no país. O primeiro registro foinoticiado por Bertoni (1901) na região do “AltoParaná” em 1891. A latitude (27°S) sugere queele se refere ao rio Paraná no Departamentode Itapua. O segundo avistamento, por NancyLópez, no rio Carapá, ocorreu imediatamenteà montante (oeste) de Catueté, Departamentode Canindeyú, em fevereiro de 1984. Ambosos registros são da bacia do rio Paraná,entretanto existe pelo menos uma citação nãofundamentada para a bacia do rio Paraguai(Collar et al., 1992).

A falta de avistamentos recentessugere que a espécie esteja atualmenteextinta no país (Hayes & Granizo, 1990;Brooks et al., 1993a, 1993b). A maioria dosrios no Paraguai está severamente degradadae acredita-se que apenas pequenos trechosdos rios Pozuelo e Carapá mantenham-serelativamente inalterados. Mesmo esses sãoperiodicamente inundados por sedimentos eprovavelmente agrotóxicos. A maioria dos riosem que um dia era favorável à presença deespécie sofreu desmatamentos, sobretudo nabacia do Paraná. Todos apresentam enormeaporte anual de sedimentos devido à erosãoem suas margens. Além disso, o enchimentoda barragem de Itaipu inundou as cabeceirasdos tributários do baixo Paraná noDepartamento de Canindeyú e ao norte doDepartamento de Alto Paraná.

Em 2002, Guyra Paraguay realizouentrevistas com as populações vizinhas àReserva da Biosfera de Mbaracayú,Departamento de Canindeyú. Todas asentrevistas foram conduzidas em Guarani –uma das línguas indígenas do país – e,posteriormente, traduzidas para o espanhol.Embora focadas em outras espécies, foramobtidos seis registros de pato-mergulhão (Clayet al., 2003). A cabeceira do rio Carapá, ondea espécie foi detectada em 1984, encontra-se a apenas alguns quilômetros a leste dareserva. Levantamentos na Reserva daBiosfera de Mbaracayú e nos trechos de rio

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preservados são urgentes, bem como nosremanescentes a leste e sudeste (Carapá,Pozuelo e Acaray-mi) visando definir a atualocorrência da espécie.

Tendência populacional

Se a espécie ainda existir no país, apopulação remanescente deve ser pequena.

Proteção da espécie

A espécie encontra-se protegidapela Lei de Crimes Ambientais nº 716/1995,usualmente conhecida com lei de DelitosEcológicos. Ela protege todas as espéciesameaçadas, proibindo sua destruição e seucomércio (partes e/ou subprodutos), além deimpingir aos infratores pena de 1 a 5 anos decadeia ou multa de 500 a 1.500 vezes o saláriomínimo vigente.

A experiência de manejo de reservasno Paraguai ilustrou que o estabelecimentode grupos locais interessados é uma excelenteforma de conseguir o comprometimento comrelação à conservação ambiental (López, com.pess.).

Proteção do habitat

Existem poucas áreas protegidas nopaís com potencial para a ocorrência dessaespécie. Além disso, o estado degradado dosrios, a falta de proteção efetiva e aproximidade com a confluência do rioParaná sugerem pouca chance de ocorrêncianessas áreas.

Programas

conservacionistas

Poucas ações para a conservação daespécie têm sido realizadas no país. Nenhumaave foi avistada durante os levantamentos aolongo dos 105 km do rio Carapá, 22 km dorio Ytambey e 71 km do rio Ñacunday entrejulho-setembro de 1989 (Granizo & Hayes,1989; Hayes & Granizo, 1990). Entretanto, apopulação nas vizinhanças da Reserva daBiosfera de Mbaracayú registrou a presençada espécie em 2002. Pequenos trechos dosrios Pozuelo, Piratiy e Jejui-mi foraminventariados (sem sucesso) entre agosto-setembro de 1992 (Brooks et al.,1993a,1993b).

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PARTE 2

PLANO DE CONSERVAÇÃO

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Objetivos

O objetivo deste plano de ação éassegurar permanentemente a manutençãodas populações e da distribuição geográficade Mergus octosetaceus, no médio e longoprazo; promover o aumento do efetivopopulacional e do número de populações,bem como propiciar a expansão dadistribuição geográfica da espécie na sua áreade ocorrência original.

Objetivos específicos

Cada item recebeu um nível deprioridade e um prazo para que seja atingido.A escala de prioridades possui quatro níveis:

Essencial - um objetivo específicocujo cumprimento é necessário para evitar odeclínio populacional que pode levar àextinção da espécie na natureza e/ou emcativeiro;

Alta - um objetivo específico cujocumprimento é necessário para evitar odeclínio de mais de 20% da população em20 anos ou menos;

Média - um objetivo específico cujocumprimento é necessário para evitar odeclínio de até 20% da população em 20 anosou menos;

Baixa - um objetivo específico cujocumprimento é necessário para prevenirdeclínios de populações locais ou que seestima terem apenas um pequeno impactosobre populações em uma grande área.

Os prazos para que cada objetivoespecífico seja alcançado têm seis categorias:

Imediato – deve ser alcançadodentro do próximo ano;Curto – deve ser alcançado entre1-3 anos;Médio - deve ser alcançado entre1-5 anos;Longo - deve ser alcançado entre 1-10 anos;Contínuo – um objetivo específicosendo atualmente implementado eque deve continuar a sê-lo;Completo – um objetivo específicoque foi alcançado durante apreparação deste plano de ação (asações associadas a estes objetivospodem necessitar serem revistas ourealizadas novamente dependendodas circunstâncias no futuro).

Os objetivos são divididos nasseguintes áreas:

1. Fiscalização e legislação2. Proteção da espécie e seu

habitat3. Monitoramento e pesquisa4. Conscientização pública e

capacitação5. Colaboração e comunicação

internacional

1 - Fiscalização e

legislação

Uma base legislativa forte é essencialpara a conservação da espécie. A legislaçãoque se aplica ao pato-mergulhão parece ser

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adequada, embora seu cumprimento preciseser reforçado.

1.1. Promover a proteção do pato-mergulhãoe seus habitats através de legislaçãonacional e regional.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Poder Legislativo com sugestõesdo Ibama e do MMA.

1.2. Reforçar a legislação existente, com oobjetivo de preservar o pato-mergulhãoe seu habitat, incluindo regulamentaçõesrelacionadas a florestas ripárias, caça ecoleta de ovos ou adultos da natureza.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Poder Legislativo, com sugestõesdo Ibama e do MMA.

1.3. Promover o desenvolvimento e aimplementação de planos de açãonacionais e internacionais para o pato-mergulhão.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Agências ambientais dos paísesde ocorrência

1.4. Estabelecer acordos bilaterais ou trilateraisentre os países onde a espécie ocorrepara a conservação do pato-mergulhão.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Agências ambientais dos paísesde ocorrência.

1.5. Incorporar as necessidades de con-servação do pato-mergulhão nos planosde manejo para os principais rios ondeele ocorre (Paraná, São Francisco eTocantins).Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, comitês de bacias.

1.6. Assegurar o estabelecimento de políticasamplas, para que atividades comoreflorestamento e turismo não impactem

negativamente o pato-mergulhão e seuhabitat.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais dos países de ocorrência.

1.7. Controlar a pressão de caça, ondeapropriado, através de reforço nafiscalização.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, agências ambientaisfederais e estaduais dos países deocorrência.

2 - Proteção da espécie edo habitat

Todos os sítios onde existe o pato-mergulhão devem ser adequadamenteprotegidos e manejados de acordo com umplano de manejo que priorize as necessidadesde conservação da espécie.

2.1. Envolver convenções internacionais naproteção do pato-mergulhão e seuhabitat, especificamente as ConvençõesRamsar e de Biodiversidade.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais dos países de ocorrência.

2.2. Avaliar uma designação de área protegidapara os sítios de ocorrência do pato-mergulhão.Prioridade: essencial.Escala de tempo: médioAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais federais e estaduais dospaíses de ocorrência.

2.3. Proibir legalmente atividades queprovoquem a destruição ou degradaçãodos sítios de ocorrência do pato-mergulhão.Prioridade: essencialEscala de tempo: médioAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais federais e estaduais dospaíses de ocorrência.

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2.4. Aumentar a disponibilidade de sítios denidificação onde for apropriado por meioda instalação de ninhos artificiais.Prioridade: médiaEscala de tempo: médioAtores: Projetos de pesquisa.

2.5. Reduzir distúrbios causados poratividades recreativas de pedestres, pormeio do desenvolvimento de trilhasorientadas nas áreas de ocorrência ondehá visitação pública.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Agências ambientais federais eestaduais dos países de ocorrência.

2.6. Implementar ou reforçar restrições aoacesso de animais domésticos nos cursosd’água com ocorrência da espécie,especialmente cães, que podem matarfilhotes ou causar distúrbios.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, MMA, agências ambi-entais federais e estaduais dos países deocorrência, órgãos gestores das áreasprotegidas.

2.7. Fazer cumprir a legislação que proíbe aintrodução de espécies exóticas noBrasil, a fim de coibir a introdução depeixes exóticos nos reservatórios ebarragens conectados a bacias usadaspelo pato-mergulhão.Prioridade: altaEscala de tempo: curto/médioAtores: Ibama, Agências ambientaisfederais e estaduais dos países deocorrência.

2.8. Recuperar habitats do pato-mergulhãopreviamente degradados, por exemplo,através de reflorestamento da mata degaleria ao longo dos rios nos sítios-chave.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, instituições de pesquisa,Agências ambientais federais e estaduaisdos países de ocorrência.

2.9. Produzir planos de manejo para sítios-chave e estabelecer acordos demanejo com proprietários de terraspara proteger a espécie em suaspropriedades.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, instituições de pes-quisa.

2.10. Regular a extensão de atividadesimpactantes como rafting, bóia-cross,acampamento, pesca e ecoturismo.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais federais e estaduais dospaíses de ocorrência.

2.11. Reduzir o assoreamento em riosproibindo atividades como mineraçãode diamantes e calcário e desmatamentonas áreas de ocorrência da espécie.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, MMA, agências ambi-entais dos países de ocorrência.

2.12. Assegurar que impactos negativos daconstrução de barragens sobre aspopulações do pato-mergulhão sejamminimizados e compensados.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Ibama, MMA, agênciasambientais federais e estaduais dospaíses de ocorrência.

2.13. Assegurar a proteção da bacia do rioTocantizinho e afluentes de seus cursosmédio e baixo, além da proteção detodo o curso do rio dos Couros e dabacia do rio São Miguel.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, agências ambientaisfederais e estaduais.

2.14. Ampliar o Parque Nacional da Chapadados Veadeiros de modo que inclua

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nesta unidade de conservação as áreasonde foram feitos registros recentes dopato-mergulhão bem com habitatadequado para a espécie.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama

2.15. Regularizar a situação fundiária doParque Nacional da Serra da Canastra,efetuando as indenizações pendentes,afim de evitar que as terras nãoindenizadas sejam perdidas como áreado parque.Prioridade: altaEscala de tempo: curtoAtores: Ibama.

3 - Monitoramento epesquisa

O monitoramento coordenado é abase de qualquer plano de ação. Este fornecedados para identificação e proteção de sítios-chave e meios de mensurar a efetividade daimplementação do plano. Buscas regularespodem também ajudar a deter atividadesilegais que afetem o pato-mergulhão, como acaça. Levantamentos coordenados do pato-mergulhão em de toda a sua área de distribuiçãoseriam logisticamente impossíveis. No entanto,levantamentos em sítios adequados para aespécie são necessários para localizar novaspopulações, identificar sítios-chave e avaliarseu status de conservação bem como parafornecer estimativas mais consistentes detamanho da população global e tendências.

3.1. Continuar os levantamentos para localizarnovas populações do pato-mergulhão eperiodicamente refazer levantamentosem sítios onde esta espécie ocorreatualmente bem como em locais deocorrência histórica.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

3.2. Compilar um inventário de sítios-chavepara o pato-mergulhão.Prioridade: essencial

Escala de tempo: curtoAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

3.3. Monitorar sítios-chave anualmente,incluindo detalhes como número de aves,sucesso reprodutivo, qualidade da águae características do habitat.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

3.4. Encorajar observadores de aves emoradores locais a enviarem dados sobreo pato-mergulhão para alguns pontos decontato nacionais e estabelecer ummecanismo centralizado para coletaressas informações.Prioridade: baixaEscala de tempo: curto.Atores: Ibama, agências ambientais dospaíses de ocorrência, instituições depesquisa, ONGs

3.5. Realizar pesquisas sobre o pato-mergulhão nos sítios-chave, incluindoestudos de ecologia, comportamentoreprodutivo, biologia, requerimentos dehabitat, dinâmica populacional, dispersãoe variabilidade genética.Prioridade: essencialEscala de tempo: curtoAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

3.6. Analisar o habitat e as características físicasdos sítios com registros históricos erecentes do pato-mergulhão paracaracterizar os habitats adequados paraa espécie.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

3.7. Verificar a viabilidade de estabelecer umapopulação do pato-mergulhão emcativeiro.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Ibama, agências ambientaisfederais e estaduais dos países deocorrência, instituições de pesquisa.

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4 - Conscientização

pública e capacitação

Com exceção dos moradores locaisque vivem nos poucos sítios-chave do pato-mergulhão e suas redondezas, a espécie édesconhecida das pessoas que vivem em suasáreas de ocorrência, incluindo agênciasgovernamentais. A conscientização públicatem o papel fundamental de obter aparticipação das comunidades locais e dosvisitantes. Programas de educação etreinamento para moradores locais,conservacionistas, chefes de parques,legisladores e outros são urgentementenecessários para ligar a conservação do pato-mergulhão ao uso sustentável dos recursos ehabitats naturais.

4.1. Conduzir programas de educação sobreconservação de ambientes naturais entrea população local próxima aos sítios-chave utilizando o pato-mergulhão comoespécie-bandeira.Prioridade: essencialEscala de tempo: médioAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

4.2. Criar “Bases de Conservação” do pato-mergulhão próximas aos sítios-chave,fornecendo informações gerais sobre aespécie, seu habitat, principais ameaçase regras de comportamento para visitantes,turistas e comunidade local.Prioridade: altaEscala de tempo: médioAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

4.3. Formar grupos locais interessados empromover a conservação do pato-mergulhão.Prioridade: médiaEscala de tempo: médioAtores: Instituições de pesquisa, ONGs.

4.4. Conduzir programas de treinamento sobreconservação de habitats naturais paraprofissionais relevantes, tais como chefesde parques nos sítios-chave, usando o

pato-mergulhão como espécie-bandeira.Prioridade: essencialEscala de tempo: médioAtores: Ibama, agências ambientais dospaíses de ocorrência, instituições depesquisa, ONGs.

4.5. Aumentar a conscientização pública sobrea necessidade de conservar o pato-mergulhão mediante campanhas namídia e outros meios locais, regionais,nacionais e internacionais.Prioridade: altaEscala de tempo: médiaAtores: Ibama, agências ambientais dospaíses de ocorrência, instituições depesquisa, ONGs.

5 -Colaboração e

comunicação

internacional

Revisões sobre a implementação deplanos de ação bem-sucedidos para asespécies ameaçadas da IUCN (por exemplo,o Plano de Ação de Faisões - McGowan &Garson, 1995) têm evidenciado a importânciada colaboração efetiva e a comunicação entrepopulações locais, pessoas que tomam asdecisões, grupos especiais interessados eagências internacionais (Garson, 2000).Grupos de trabalho internacionais, que juntamespecialistas de interesse nacional einternacional, têm sido estabelecidos paraimplementar planos de ação para espéciesameaçadas, como o ganso-pequeno-de-testa-branca (Anser erythropus) e zarro-castanho(Aythyla fuligula). Tal colaboração maximizaa chance de assegurar recursos para projetosde conservação.

A preocupação com o pato-mergulhãoestá crescendo, e muitos indivíduos eorganizações, dentro e fora dos países deocorrência, expressaram interesse emempreender esforços para conservar esta espécie.

5.1. Formar Grupos de Trabalhointernacionais e nacionais para implementaro plano de ação para a conservação do pato-mergulhão.

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Prioridade: essencialEscala de tempo: imediatoAtores: Ibama, Agências ambientais dospaíses de ocorrência, Instituições depesquisa, ONGs.

5.2. Estabelecer uma rede de comunicaçãopara grupos de interesse relevante.Prioridade: médiaEscala de tempo: contínuoAtores: Atores: Ibama, agências ambi-entais dos países de ocorrência,Instituições de pesquisa, ONGs.

5.3. Fornecer feedback regular sobre aimplementação do plano de ação para aconservação do pato-mergulhão para

relevantes contatos governamentais enão-governamentais, nas áreas deocorrência e fora delas.Prioridade: essencialEscala de tempo: imediatoAtores: Ibama, agências ambientais dospaíses de ocorrência, instituições depesquisa, ONGs.

5.4. Revisar anualmente os progressosalcançados e os esforços empreendidosna execução do Plano de Ação.Prioridade: essencialEscala de tempo: contínuoAtores: Ibama, Agências ambientais dospaíses de ocorrência, instituições depesquisa, ONGs.

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1. Fiscalização e legislação

• Promover a proteção do pato-mergulhão e seus habitats por meiode legislação nacional e regional.

• Reforçar a legislação existente,com vistas a preservar o pato-mergulhão e seu habitat, incluindoregulamentações relacionadas aflorestas ripárias, caça e coleta deovos ou adultos da natureza.

• Promover o desenvolvimento e aimplementação de planos de açãonacionais e internacionais para opato-mergulhão.

• Estabelecer acordos bilaterais outrilaterais entre os países onde aespécie ocorre para a conservaçãodo pato-mergulhão.

• Incorporar as necessidades deconservação do pato-mergulhãonos planos de manejo dos principaisrios onde o pato-mergulhão ocorre(Paraná, São Francisco e Tocantins).

• Assegurar o estabelecimento depolíticas amplas para que atividadescomo o reflorestamento e turismonão impactem negativamente opato-mergulhão e seu habitat.

2. Proteção da espéciee do habitat

• Envolver convenções internacionaisna proteção do pato-mergulhão eseu habitat, especificamente asConvenções Ramsar e de Biodi-versidade.

APÊNDICES Apêndice 1 - Ações de conservação

recomendadas para a Argentina

• Avaliar uma designação de áreaprotegida para os sítios deocorrência do pato-mergulhão.

• Proibir legalmente atividades queprovoquem a destruição oudegradação dos sítios de ocorrênciado pato-mergulhão.

• Aumentar a disponibilidade desítios de nidificação onde forapropriado mediante a instalaçãode ninhos artificiais.

• Reduzir distúrbios causados poratividades recreativas de pedestres,por meio do desenvolvimento detrilhas orientadas nas áreas de suaocorrência onde há visitaçãopública.

• Implementar ou reforçar restriçõesao acesso de animais domésticosnos cursos d’água com ocorrênciada espécie, especialmente cães,que podem matar filhotes oucausar distúrbios.

• Proibir a introdução de peixesexóticos em reservatórios e lagosconectados a bacias usadas pelopato-mergulhão.

• Recuperar para o pato-mergulhãohabitats previamente degradados,por exemplo, mediante oreflorestamento da mata de galeriaao longo dos rios nos sítios-chave.

• Regular a extensão de atividadesimpactantes como rafting, bóia-cross, acampamento, pesca eecoturismo.

• Assegurar que impactos negativosda construção de barragens sobre

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

as populações do pato-mergulhãosejam minimizados e compensados.

3. Monitoramento e pesquisa

• Continuar os levantamentos paralocalizar novas populações dopato-mergulhão e, periodicamente,refazer levantamentos em sítiosonde esta espécie ocorre atualmentebem como em locais de ocorrênciahistórica.

• Compilar um inventário de sítios-chave para o pato-mergulhão.

• Monitorar sítios-chave anualmente,incluindo detalhes como númerode aves, sucesso reprodutivo,qualidade da água e característicasdo habitat.

• Encorajar observadores de aves emoradores locais a enviarem dadossobre o pato-mergulhão paraalguns pontos de contato nacionaise estabelecer um mecanismocentralizado para coletar essasinformações.

• Realizar pesquisas sobre o pato-mergulhão nos sítios-chave,incluindo estudos de ecologia,comportamento reprodutivo,biologia, requerimentos de habitat,dinâmica populacional, dispersãoe variabilidade genética.

• Analisar o habitat e as característicasfísicas dos sítios com registroshistóricos e recentes do pato-mergulhão para caracterizar oshabitats adequados para a espécie.

• Verificar a viabilidade de estabeleceruma população do pato-mergulhãoem cativeiro.

4. Conscientização pública ecapacitação

• Conduzir programas de educaçãosobre conservação de ambientesnaturais entre a população local

próxima aos sítios-chave utilizandoo pato-mergulhão como espécie-bandeira.

• Criar “Bases de Conservação” dopato-mergulhão próximas aos sítios-chave, fornecendo informaçõesgerais sobre a espécie, seu habitat,principais ameaças e regras decomportamento para visitantes,turistas e comunidade local.

• Formar grupos locais interessadosem promover a conservação dopato-mergulhão.

• Conduzir programas de treinamentosobre conservação de habitatsnaturais para profissionais relevantes,tais como chefes de parques, nossítios-chave, usando o pato-mergulhão como espécie-bandeira.

• Aumentar a conscientizaçãopública sobre a necessidade deconservar o pato-mergulhãomediante campanhas na mídia eem outros meios locais, regionais,nacionais e internacionais.

5. Colaboração e comunicaçãointernacional

• Formar Grupos de Trabalhointernacionais e nacionais paraimplementar o plano de ação paraa conservação do pato-mergulhão.

• Estabelecer uma rede de comu-nicação para grupos de interesserelevante.

• Fornecer feedback regular sobrea implementação do plano de açãopara a conservação do pato-mergulhãopara relevantes contatos governa-mentais e não-governamentais,tanto nas áreas de ocorrênciaquanto fora delas.

• Revisar anualmente os progressosalcançados e os esforços empre-endidos na execução do Plano deAção.

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1. Fiscalização e legislação

• Promover a proteção do pato-mergulhão e seus habitats por meioda legislação nacional e regional.

• Reforçar a legislação existente,visando a preservar o pato-mergulhão e seu habitat, incluindoregulamentações relacionadas aflorestas ripárias, caça e coleta deovos ou adultos da natureza.

• Promover o desenvolvimento e aimplementação de planos de açãonacionais e internacionais para opato-mergulhão.

• Estabelecer acordos bilaterais outrilaterais entre os países onde aespécie ocorre para a conservaçãodo pato-mergulhão.

• Incorporar as necessidades deconservação do pato-mergulhãonos planos de manejo para osprincipais rios onde o pato-mergulhão ocorre (Paraná, SãoFrancisco e Tocantins).

• Assegurar o estabelecimento depolíticas amplas para que atividadestais como reflorestamento e turismonão impactem negativamente opato-mergulhão e seu habitat.

• Controlar a pressão de caça, ondeapropriado, mediante reforço nafiscalização.

2. Proteção da espécie e do habitat

• Envolver convenções internacionaisna proteção do pato-mergulhão e

seu habitat, especificamente asConvenções Ramsar e de Biodi-versidade.

• Avaliar uma designação de áreaprotegida para os sítios deocorrência do pato-mergulhão.

• Proibir legalmente atividades queprovoquem a destruição oudegradação dos sítios de ocorrênciado pato-mergulhão.

• Aumentar a disponibilidade desítios de nidificação onde forapropriado por meio da instalaçãode ninhos artificiais.

• Reduzir distúrbios causados poratividades recreativas de pedestres,mediante o desenvolvimento detrilhas orientadas nas áreas deocorrência onde há visitaçãopública.

• Implementar ou reforçar restriçõesao acesso de animais domésticosnos cursos d’água com ocorrênciada espécie, especialmente cães,que podem matar filhotes oucausar distúrbios.

• Fazer cumprir a legislação queproíbe a introdução de espéciesexóticas no Brasil, a fim de coibira introdução de peixes exóticosnos reservatórios e barragensconectados a bacias usadas pelopato-mergulhão.

• Recuperar para o pato-mergulhãohabitats previamente degradados,por exemplo, mediante o reflores-

Apêndice 2 – Sumário das ações de conservação

recomendadas para o Brasil

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

tamento da mata de galeria aolongo dos rios nos sítios-chave.

• Produzir planos de manejo parasítios-chave e estabelecer acordosde manejo com proprietários deterras para proteger a espécie emsuas propriedades.

• Regular a extensão de atividadesimpactantes como rafting, bóia-cross, acampamento, pesca eecoturismo.

• Reduzir o assoreamento em riosproibindo atividades como mine-ração de diamantes e calcário edesmatamento nas áreas de ocor-rência da espécie.

• Assegurar que impactos negativosda construção de barragens sobreas populações do pato-mergulhãosejam minimizados e compensados.

• Verificar a viabilidade de estabe-lecer uma população do pato-mergulhão em cativeiro.

• Assegurar a proteção da bacia dorio Tocantizinho e afluentes de seuscursos médio e baixo, além daproteção de todo o curso do riodos Couros e da bacia do rio SãoMiguel.

• Ampliar o Parque Nacional daChapada dos Veadeiros de modoa incluir nesta unidade deconservação as áreas onde foramfeitos registros recentes do pato-mergulhão bem como habitatadequado para a espécie.

• Regularizar a situação fundiária doParque Nacional da Serra da Ca-nastra, efetuando as indenizaçõespendentes, evitando que as terrasnão indenizadas sejam perdidascomo área do parque.

3. Monitoramento e pesquisa

• Continuar os levantamentos paralocalizar novas populações do

pato-mergulhão e periodicamen-te refazer levantamentos em sítiosonde esta espécie ocorre atual-mente bem como em locais deocorrência histórica.

• Compilar um inventário de sítios-chave para o pato-mergulhão.

• Monitorar anualmente os sítios-chave, incluindo detalhes comonúmero de aves, sucesso repro-dutivo, qualidade da água e carac-terísticas do habitat.

• Encorajar observadores de aves emoradores locais a enviarem dadossobre o pato-mergulhão paraalguns pontos de contato nacionaise estabelecer um mecanismocentralizado para coletar estasinformações.

• Realizar pesquisas sobre o pato-mergulhão nos sítios-chave, inclu-indo estudos de ecologia, com-portamento reprodutivo, biologia,requerimentos de habitat, dinâ-mica populacional, dispersão evariabilidade genética.

• Analisar o habitat e as característicasfísicas dos sítios com registroshistóricos e recentes do pato-mergulhão para caracterizar oshabitats adequados para a espécie.

• Verificar a viabilidade de estabe-lecer uma população do pato-mergulhão em cativeiro.

4. Conscientização pública ecapacitação

• Conduzir programas de educaçãosobre conservação de ambientesnaturais entre a população localpróxima aos sítios-chave utilizandoo pato-mergulhão como espécie-bandeira.

• Criar “Bases de Conservação” dopato-mergulhão próximas aos sí-tios-chave, fornecendo informa-ções gerais sobre a espécie, seu

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Plano de Ação para a Conservação do Pato-mergulhão

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habitat, principais ameaças e regrasde comportamento para visitantes,turistas e comunidade local.

• Formar grupos locais interessadosem promover a conservação dopato-mergulhão.

• Conduzir programas de treinamentosobre conservação de habitats na-turais para profissionais relevantes,tais como chefes de parques nossítios-chave, usando o pato-mergulhão como espécie-bandei-ra.

• Aumentar a conscientizaçãopública sobre a necessidade deconservar o pato-mergulhãoatravés de campanhas de mídia eoutros meios locais, regionais,nacionais e internacionais.

5. Colaboração e comunicação

internacional

• Formar Grupos de Trabalho inter-nacionais e nacionais paraimplementar o plano de ação paraa conservação do pato-mergulhão.

• Estabelecer uma rede de comu-nicação para grupos de interesserelevante.

• Fornecer “feedback” regular sobrea implementação do plano de açãopara a conservação do pato-mergulhão para relevantescontatos governamentais e não-governamentais, tanto nas áreas deocorrência quanto fora delas.

• Revisar anualmente os progressos al-cançados e os esforços empreendi-dos na execução dos planos de ação.

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1. Fiscalização e legislação

- Reforçar a legislação existente, oque pode ajudar a preservar opato-mergulhão e seu habitat, in-cluindo regulamentações relativas aflorestas ripárias.

2. Monitoramento e pesquisa

• Desenvolver e implementar pro-gramas nacionais e internacionaispara monitorar o status e distribui-ção do pato-mergulhão e seuhabitat.

• Continuar os levantamentos paralocalizar novas populações do pato-mergulhão e, periodicamente,repetir os levantamentos nos sítiosonde esta espécie ocorre atualmenteou há registro de ocorrência

Apêndice 3 – Sumário das ações de

conservação recomendadas para o Paraguai

histórica. Em ordem de prioridade,estes são:

• Levantamentos nos rios em Piratíy,Carapá e Pozuelo.

• Entrevistas com população local,especialmente pescadores, portoda a extensão da drenagem dorio Paraná no Paraguai.

• Levantamentos de outros tributáriosdo rio Paraná que desemboquemno Paraguai, especialmente os riosMonday e Ñacunday.

• Levantamentos de tributários do rioParaguai, incluindo as porçõessuperiores do Apa e rio Estrella, oAquidaban, o Ypané, o AguarayGuazú, o Jejui e o Tebicuary.

Outras ações dependerão dodescobrimento de novas populaçõesremanescentes.

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Apêndice 4 – Fotos do pato-mergulhão

no Parna da Serra da Canastra, Minas Gerais.

Figura 1 – Casal de patos-mergulhões comfilhotes. Foto: Sávio Bruno, 2001.

Figura 2 – Casal de patos-mergulhões voandosobre o rio. Foto: Sávio Bruno, agosto de2005.

Figura 3 – Casal de patos-mergulhões. Foto:Sávio Bruno.

Figura 4 – Casal de patos-mergulhões. Foto:Sávio Bruno.

Figura 5 – Casal de patos-mergulhões. Foto:Sávio Bruno.

Figura 6 – Casal de patos-mergulhões. Foto:Sávio Bruno.

Figura 7 - Enquanto a fêmea incuba os ovos,o macho de pato-mergulhão repousa diantedo ninho, flutuando em águas calmas. Foto:Sávio Bruno, agosto de 2005.

Figura 8 – Casal de patos-mergulhões com oitofilhotes. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2001.

Figura 9 - Família de patos-mergulhões no rioSão Francisco; os filhotes têm cerca de 4 diasde vida. Foto: Sávio Bruno, agosto de 2005.

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Fig. 2 – Casal de patos-mergulhões voando sobre o rio.

Fig.1 – Casal de patos-mergulhões com filhotes.

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Fig. 3 – Casal de patos-mergulhões.

Fig. 4 – Casal de patos-mergulhões.

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Fig. 5 – Casal de patos-mergulhões.

Fig. 6 – Casal de patos-mergulhões com filhotes.

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Fig. 7 – Enquanto a fêmea incuba os ovos, o macho de pato-mergulhão repousa frente ao ninho, flutuandoem águas calmas.

Fig. 8 – Casal de patos-mergulhões com oito filhotes.

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Fig. 9 – Família de patos-mergulhões no rio São Francisco; os filhotes têm cerca de quatro dias de vida.

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