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PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO DO LOBO‐IBÉRICO EM PORTUGAL Situação de referência Outubro 2015

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PLANO DE AÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO 

DO LOBO‐IBÉRICO 

EM PORTUGAL 

 

  Situação de referência 

Outubro 2015    

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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Citação recomendada: 

ÁLVARES,  F.,  BARROSO,  I.,  ESPÍRITO‐SANTO,  C.,  FERRÃO  DA  COSTA,  G.,  FONSECA,  C.,  GODINHO,  R.,  NAKAMURA, M., 

PETRUCCI‐FONSECA,  F.,  PIMENTA,  V.,  RIBEIRO,  S.,  RIO‐MAIOR,  H.,  SANTOS,  N.  &  TORRES,  R.*  2015.  Situação  de 

referência  para  o  Plano  de  Ação  para  a  Conservação  do  Lobo‐ibérico  em  Portugal.  ICNF/CIBIO‐

INBIO/CE3C/UA. Lisboa. 67 pp 

 

* Autores listados por ordem alfabética 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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ÍNDICE 

1. ÁREA DE PRESENÇA  4   1.1 Evolução 1900‐1996  4   1.2 O Censo Nacional de Lobo 2002/2003   6   1.3 Comparação entre censos (Evolução 1996‐2003)  9   1.4 Fatores ambientais e humanos relacionados com a presença de lobo  10   1.5 Potenciais áreas de expansão do lobo em Portugal a médio prazo   11   1.6 O lobo e as infraestruturas humanas   12   a. Estradas   12   b. Parques Eólicos   12 2. EFETIVO POPULACIONAL  14   2.1 Efetivo Populacional em 2002 e 2003  14   2.2 Efetivo Populacional entre 2004 E 2013  14   a. Tendência populacional nas áreas de prospeção contínua  16   b. Número de Indivíduos por alcateia para cada Núcleo Populacional  19 3. ECOLOGIA ESPACIAL  21   3.1 Dimensão das áreas vitais   21 

  a. Captura e marcação de lobos em Portugal  21   b. Seguimento de lobos marcados por telemetria rádio e GPS  22 

4. PARÂMETROS GENÉTICOS  24 

  4.1 Estruturação, conetividade e diversidade genética  24 

  4.2 Evidências de hibridação cão‐lobo  26 

5. ECOLOGIA TRÓFICA  28 

  5.1 Dieta do lobo  28 

  a. Variação regional da dieta  28   b. Variação local da dieta  29   c. Variação temporal da dieta  30   5.2 Disponibilidade de presas silvestres   31 

  a. Javali (Sus scrofa)  31   b. Corço (Capreolus capreolus)  32   c. Veado (Cervus elaphus)  33   d. Cabra‐montês (Capra pyrenaica victoriae)  34   5.3 Disponibilidade de presas domésticas   35 

  a. Distribuição e abundância do efetivo das principais presas domésticas  35   b. Evolução do efetivo pecuário na área de ocorrência do lobo  36 

6. PREDAÇÃO SOBRE EFETIVOS PECUÁRIOS  38 

  6.1 Evolução  38 

  6.2 Caracterização geral dos prejuízos em 2013   41 

7. MORTALIDADE E AMEAÇAS  45 

  7.1 Causas de morte  45 

  7.2 Doenças   46 

  7.3 Cães vadios e assilvestrados  47 

8. ATITUDES PÚBLICAS  53 

9. O LOBO NA CULTURA POPULAR  55 

10. LEGISLAÇÃO NACIONAL  57 

Literatura citada  59 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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1. ÁREA DE PRESENÇA

1.1 Evolução 1900‐1996 

Durante séculos o lobo (Canis lupus signatus) disfrutou, em toda a Península Ibérica, de condições favoráveis 

à sua sobrevivência. A densidade humana era baixa e existiam grandes quantidades de ungulados selvagens 

e  domésticos.  Esta  abundância  de  alimento,  aliada  a  uma  orografia  e  coberto  vegetal  que  lhe 

proporcionavam bom refúgio, levaram a que, durante esses séculos, a perseguição humana movida contra o 

lobo não tenha causado grande impacto nos seus efetivos populacionais (PETRUCCI‐FONSECA, 1990).  

Existe uma grande quantidade de informação escrita sobre a presença regular de lobo em todo o território 

nacional ao  longo do século XIX, e em números consideráveis quando comparados com a realidade atual 

deste predador no nosso país. No final do século XIX e início do século XX começam a notar‐se alguns sinais 

de mudança, verificando‐se o desaparecimento do lobo de algumas regiões, bem como uma diminuição nos 

seus efetivos populacionais (PETRUCCI‐FONSECA, 1990). 

No entanto, no início do século XX, ainda era possível encontrar registos da presença de lobo, desde as serras 

algarvias às regiões montanhosas do Minho e Trás‐os‐Montes, passando por todas as zonas  interiores do 

Alentejo e Beiras. Apenas em zonas litorais, áreas com maior densidade populacional (Lisboa, Porto, Coimbra, 

Aveiro, Península de Setúbal) é que a espécie aparentemente  já estaria ausente ou com presença muito 

esporádica (PETRUCCI‐FONSECA, 1990) (Figura 1.1). A espécie foi progressivamente desaparecendo de sul para 

norte e do litoral para o interior, sem que tal tenha ocorrido de uma forma linear e contínua, tendo existido 

momentos de inflexão (leia‐se aumento) populacional em diversas áreas, que posteriormente acabaram por 

sucumbir  às  pressões  e  ameaças  existentes.  Segundo  PETRUCCI‐FONSECA  (1990),  as  principais  causas  da 

regressão  do  lobo  durante  o  século  XX  estiveram  associadas  sobretudo  ao  aumento  da  rede  viária  em 

conjunção  com o  crescimento  da  população  humana  e  a  diminuição  dos  efetivos  pecuários  de  ovinos  e 

caprinos  (bem  como  de  presas  naturais)  as  quais,  isoladas  ou  em  conjunto,  potenciaram o  aumento  da 

perseguição humana, a diminuição da disponibilidade alimentar e a fragmentação das populações lupinas, 

entre outros fatores. 

Estima‐se que a área de distribuição do  lobo em Portugal entre 1900 e 1930 fosse de 44.100 km2,  tendo 

diminuído para 29.600 km2 entre 1930 e 1960 e para 24.200 km2 na década de 80 do século passado (Figura 

1.2). Entre 1980 e 1996 (ano da finalização do primeiro censo de lobo em Portugal) verificou‐se ainda uma 

diminuição  da  área  de  presença  da  espécie  para  cerca  de  19.400 km2.  Ainda  segundo  PETRUCCI‐FONSECA 

(1990), calcula‐se que no início de 1990 o lobo ocuparia em Portugal apenas 20% da sua área de distribuição 

original, que abrangeria a quase totalidade do território português.  

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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Figura 1.1. Evolução da distribuição de lobo em Portugal durante o século XX segundo PETRUCCI‐FONSECA (1990) até ao primeiro censo de lobo entre 1994 e 1996 (ICN, 1997). 

Figura 1.2. Evolução da área de presença de lobo em Portugal durante o século XX segundo Petrucci‐Fonseca (1990) até ao primeiro censo de lobo entre 1994 e 1996 (ICN, 1997). 

1930 1960 1980 1996

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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1.2 O Censo Nacional de Lobo 2002/2003 

O  primeiro  censo  de  âmbito  nacional,  realizado  entre  1994  e  1996,  resultou  da  compilação  de  diversos 

estudos parciais/regionais desenvolvidos por diferentes equipas a  trabalhar  simultaneamente no  terreno 

(PETRUCCI‐FONSECA et al., 1997; MOREIRA et al., 1997; VINGADA et al., 1997) ao abrigo de um Programa LIFE (B4‐

3200/95/275) (ICN, 1997). Porém, o facto de existirem diferenças nos métodos aplicados pelas diferentes 

equipas dificultou a comparação e interpretação final dos resultados obtidos (PIMENTA et al., 2005). Como tal, 

e dada a necessidade de  informação atualizada e credível que desse suporte à gestão da espécie a nível 

nacional, entendeu‐se posteriormente ser necessário o desenvolvimento de um estudo global e homogéneo 

que permitisse um melhor conhecimento sobre a real situação do lobo no nosso país. Assim, entre 2002 e 

2003 foi desenvolvida uma parceria entre o ICN e o Grupo Lobo para a realização de um Censo Nacional de 

Lobo cujos objetivos incluíam: 1) a atualização do mapa de distribuição do lobo em Portugal; 2) a estimação 

do número e distribuição das alcateias existentes; 3) a averiguação da ocorrência de reprodução nas alcateias 

detetadas; 4) a análise da tendência da população lupina face aos trabalhos anteriores. A área prospetada 

(cerca de 29.000 km2 divididos em quadrículas UTM de 10x10 km) foi dividida por 6 equipas de trabalho, as 

quais  obedeciam  a  critérios muito  específicos,  tanto  para  o  tipo  de  prospeção  no  terreno  como  para  a 

posterior análise dos dados  (ver anexo B – PIMENTA et al., 2005). No que concerne à área de presença e 

distribuição da espécie foram definidas 2 categorias, segundo os critérios elencados na Tabela 1.1. 

Tabela 1.1 ‐ Critérios utilizados para a definição de “Presença confirmada” e “Presença Provável” em cada quadrícula UTM 10x10 km prospetada durante o Censo Nacional de Lobo 2002/2003.

Presença confirmada (PC) 

Combinações mínimas (1/2/3/4+5)    

Presença Provável (PP) 

Combinações mínimas (1/2+4/3/4/5)  

         

1. Observação direta (incluindo animais mortos); 

2. Uivos: 

3. Dejetos (n≥3) atribuídos ao lobo (com presas selvagens 

e/ou  equinos/bovinos  nas  zonas  serranas  onde  estes 

animais são criados em regime de semiliberdade) em locais 

diferentes  (n≥2  e  distantes  pelo menos  2  km  na mesma 

quadrícula)  ou  concentrados  numa  extensão máxima  de 

2 km; 

4.  Dejetos  (n≥3)  atribuídos  ao  lobo  (com  presas 

domésticas)  em  locais  diferentes  (n≥2  e  distantes  pelo 

menos 2 km na mesma quadrícula) ou concentrados numa 

extensão máxima de 2 km; 

5.  Prejuízos  atribuídos  ao  lobo  (≥1  ocorrência/ano  em  2 

anos  consecutivos ou em 3 não  consecutivos)  registados 

nos últimos 5 anos, incluindo os anos do censo (1999, 2000, 

2001, 2002, 2003). 

    1.  Dejetos  (n<3)  atribuídos  lobo  (com  presas  selvagens  e/ou 

equinos/bovinos  nas  zonas  serranas  onde  estes  animais  são 

criados em regime de semiliberdade); 

2. Dejetos (n<3) atribuídos ao lobo (com presas domésticas); 

3. Dejetos (n≥3) atribuídos ao lobo (com presas domésticas) em 

locais diferentes (n≥2 e distantes pelo menos 2 km na mesma 

quadrícula) ou concentrados numa extensão máxima de 2km; 

4.  Prejuízos  atribuídos  ao  lobo  (≥1  ocorrência)  registada  nos 

últimos 5 anos,  incluindo os anos do censo (1999, 2000, 2001, 

2002, 2003); 

5. Presença confirmada (de acordo com os respetivos critérios) 

num dos três últimos anos, para além dos anos do censo (1999, 

2000, 2001). 

 

     

     

     

     

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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Os resultados finais deste censo evidenciaram uma área de presença global da espécie de 20.400 km2, dos 

quais  10.100 km2  foram  considerados  como  área  de  presença  confirmada  e  10.300 km2  como  área  de 

presença provável (Tabela 1.2).  

Tabela 1.2 – Área de presença de lobo em Portugal segundo o Censo Nacional de Lobo 2002/2003.  

Foram definidas duas grandes subpopulações lupinas separadas pelo rio Douro: uma a norte deste rio, com 

uma área de presença global de cerca de 13.600 km2 e em contacto com a população espanhola; e outra a 

sul do Douro,  com uma área de distribuição mais  restrita  (6.800 km2) e aparentemente  isolada quer  em 

relação à subpopulação a norte do Douro quer em relação à população espanhola (Figuras 1.3 e 1.4). 

Segundo a distribuição espacial das áreas de presença confirmada e dos grupos familiares identificados (ver 

Efetivo  Populacional  adiante)  foi  possível  definir  4  grandes  núcleos  populacionais  de  lobo  em  Portugal: 

Peneda‐Gerês, Alvão‐Padrela, Bragança e Sul do Douro (Figura 1.5). As linhas de fragmentação entre estes 

núcleos parecem estar associadas a vales de importantes rios como o Tâmega, o Tua‐Rabaçal e o rio Douro, 

que coincidem com zonas onde a presença humana se faz sentir com maior intensidade. Na região a sul do 

Douro podem ainda considerar‐se 2 subnúcleos: um mais central e estável denominado de Arada‐Trancoso 

e um outro mais instável, na região fronteiriça, denominado de Sabugal (assinalado com uma mancha laranja 

na Figura 1.5).

    Norte Douro    Sul Douro    Nacional              

Presença Confirmada    8.100 Km2    2.000 Km2    10.100 Km2 

             

Presença Provável    5.500 Km2    4.800 Km2    10.300 Km2 

             

Presença Total    13.600 Km2    6.800 Km2    20.400 Km2 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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Figuras 1.3, 1.4 e 1.5 Distribuição espacial da presença de lobo em Portugal, sua distinção entre áreas de presença confirmada e de presença provável e núcleos populacionais considerados, segundo o Censo Nacional de Lobo 2002/2003 (PIMENTA et al., 2005) 

 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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1.3 Comparação entre censos (evolução 1996‐2003)  

Apesar  das  metodologias  não  serem  totalmente  comparáveis  entre  os  dois  censos  nacionais  de  lobo 

realizados no nosso país, existem pontos de convergência que podem ser analisados conjuntamente, uma 

vez que a malha de amostragem foi, em ambos, baseada em quadrículas UTM 10x10 km. Não considerando 

a distinção entre áreas de presença confirmada e de presença provável (que não existiu no censo de 1996), 

é possível verificar as áreas de estabilidade, regressão ou aumento entre censos (Figuras 1.6 e 1.7).  

Os resultados demonstram que a presença de lobo se manteve estável entre censos na maior parte da sua 

área de distribuição (81,2%), e que os fenómenos de regressão (3,5%) ou expansão (15,2%) se deram nos 

limites da área de presença estável e não no interior dos núcleos populacionais identificados anteriormente. 

Não  foi  identificado o aparecimento de novos núcleos populacionais nem o desaparecimento de núcleos 

anteriormente  existentes,  podendo  ter  ocorrido  o  aparecimento  ou  desaparecimento  de  alcateias 

localmente, em zonas de presença estável, o que será abordado em capítulos posteriores. 

 

Figuras 1.6. e 1.7 ‐ Comparação das áreas de presença de lobo entre os censos de 1994‐1996 e 2002‐2003. 

 

1.4 Fatores ambientais e humanos relacionados com a presença de lobo 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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O lobo, sendo o carnívoro com a mais ampla distribuição geográfica a nível mundial (MECH & BOITANI, 2003) 

é uma espécie bastante generalista, no que concerne tanto ao tipo de habitat em que pode viver como à sua 

dieta.  Esta  espécie  pode  ser  encontrada desde  a  tundra  ártica  até  às  zonas  semidesérticas  da  Península 

Arábica, passando pelas  florestas temperadas do norte da Europa e pelos bosques mediterrânicos do sul 

deste continente. A sua dieta é igualmente variada, podendo abranger ungulados de grande porte como os 

alces  ou  os  veados,  passando  pelos  corços  e  javalis,  e  chegar  a  incluir  lagomorfos  (coelhos  e  lebres)  e 

pequenos  roedores. A escassez de presas  silvestres em várias  regiões da sua área de distribuição  (sendo 

Portugal  um  desses  casos)  leva  a  que  os  lobos  predem maioritariamente  animais  domésticos  (caprinos, 

ovinos, bovinos, equídeos ), o que constitui o principal motivo de conflito com o ser humano. 

Apesar de, a nível internacional, existirem várias publicações científicas nas quais se relaciona a presença de 

lobo com diferentes tipos de variáveis ambientais, em Portugal verifica‐se alguma escassez de estudos deste 

cariz. Nos últimos anos houve um estudo que incidiu particularmente no distrito de Vila Real (EGGERMANN et 

al., 2011) e um outro, ao abrigo do projeto LIFE Med‐Wolf  (LIFE11 NAT/IT/069 – www.medwolf.eu), que 

apesar de se ter focado na região fronteiriça da Beira Alta, produziu um modelo ecológico para toda a região 

a norte do rio Tejo e algumas áreas a sul deste rio (FERRÃO DA COSTA & PETRUCCI‐FONSECA, 2013). 

No  estudo  de  EGGERMANN  et  al.  (2011)  foram  relacionadas  diversas  variáveis  ambientais  com  pontos  de 

presença confirmada de lobo, entre 2005 e 2007, tendo‐se concluído que no distrito de Vila Real a existência 

de gado é o fator mais importante para a presença da espécie. Ainda de acordo com este estudo, o lobo pode 

sobreviver em zonas com habitat menos  favorável e aceitar um determinado grau de presença humana, 

desde que este não cause um nível de mortalidade insustentável para a viabilidade da espécie ou que exista 

uma excessiva fragmentação da área devido à presença de infraestruturas humanas. 

No  estudo  conduzido  por  FERRÃO  DA  COSTA  &  PETRUCCI‐FONSECA  (2013),  numa  área  que  abrange  todo  o 

território nacional a norte do rio Tejo e ainda uma faixa com 100 km de largura a sul deste rio, e com base 

nos pontos de presença de lobo confirmada entre 2008 e 2013, verificou‐se que a altitude é o fator mais 

relevante para a presença de lobo em Portugal. Como é expectável, a altitude está correlacionada com outros 

fatores como uma menor densidade populacional urbana e/ou uma menor densidade de estradas, aliada a 

uma maior presença de animais pastoreados em regime extensivo e acessíveis a este predador. O facto de o 

lobo estar muito dependente de presas domésticas em Portugal fica também salientado no modelo obtido, 

uma vez que a presença da espécie não é mais provável em zonas com densidade urbana nula, mas sim em 

áreas com existência esparsa de localidades em território rural, que proporcionem espaços de refúgio para 

o lobo, e, ao mesmo tempo, proximidade à sua fonte de alimento principal, o gado. Também os locais de 

reprodução do lobo se caracterizam por uma menor densidade humana, proximidade a linhas de água (< 50 

m) e presença de um mosaico de manchas florestais, arbustivas e áreas abertas, de acordo com os resultados 

obtidos num estudo realizado na região do nordeste de Portugal (ALMEIDA, 2008). Estes  locais constituem 

áreas de grande importância para a conservação da espécie, atendendo à fidelidade das crias aos mesmos 

durante os primeiros 5 meses de vida (Maio‐Setembro).  

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1.5 Potenciais áreas de expansão do lobo em Portugal a médio prazo 

Seguindo os modelos criados no trabalho atrás referido (FERRÃO DA COSTA et al., 2013) foi possível criar um 

mapa de adequabilidade para a espécie em Portugal e com isso evidenciar áreas onde atualmente a espécie 

não está presente, mas poderá vir a estar num futuro próximo, pela adequabilidade da área e conectividade 

com zonas de presença atual (Figura 1.8).  

Além dos atuais 20.400 km2 dados como zona de presença de lobo em Portugal, os modelos criados preveem 

a possibilidade de recolonização de mais cerca de 8.500 km2, maioritariamente a sul do rio Douro junto ao 

Maciço Central (serras da Estrela e Gardunha), mas também áreas junto às serras do Caramulo (distrito de 

Aveiro) ou de S. Mamede (distrito de Portalegre). Para que tal aconteça, terão de ser asseguradas algumas 

condições, como a suficiência de disponibilidade alimentar (preferencialmente silvestre), a inexistência de 

perseguição humana e que as alcateias mais próximas consigam apresentar densidades que potenciem o 

aparecimento de novas alcateias (fator que pode beneficiar da expansão da população lupina espanhola). 

Figura 1.8. Potenciais áreas de expansão do lobo em Portugal a 

médio prazo segundo FERRÃO DA COSTA et al. (2013).

1.6 O lobo e as infraestruturas humanas 

a. Estradas 

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Tal como referido anteriormente, nomeadamente nos fatores que podem condicionar a presença do lobo 

numa determinada  região,  as  infraestruturas  humanas  (o  seu  número,  densidade,  localização,  extensão) 

desempenham um papel importante na adequabilidade de determinada área para a espécie. No caso das 

rodovias, estas foram apontadas como uma das causas da regressão do lobo no século XX (PETRUCCI‐FONSECA, 

1990)  e  atualmente  constituem  uma  fonte  de  impactes  potenciais  sobre  a  espécie,  nomeadamente: 

atropelamento, destruição e fragmentação de habitat, efeito de barreira e aumento da perturbação humana. 

Torna‐se então imperativo adotar medidas mitigadoras para estes efeitos aquando da construção de novas 

rodovias,  nomeadamente  autoestradas,  assegurando  a  permeabilidade  transversal  das  vias  (passagens 

inferiores ou superiores), bem como uma correta vedação das mesmas ou alterando o desenho inicial do 

troço a construir. 

Estudos pioneiros nos Estados Unidos da América, onde os lobos ocupam maioritariamente zonas de muito 

baixa densidade humana,  revelaram valores de densidade de estradas em redor dos 0,5 km/km2 como o 

limite máximo para que os lobos estivessem presentes em determinada zona (THIEL, 1985; MECH et al., 1988; 

FULLER et al., 1992; MLADENOFF et al., 1995, 1998, 1999). Porém, no continente europeu, onde a presença de 

lobo é mais heterogénea em relação à proximidade humana, foram encontrados valores de densidade de 

estradas em zonas ocupadas por lobo que podem variar dos 0,4 km/km2 na Finlândia (KAARTINEN et al., 2005) 

aos  1,12 km/km2  no  sul  da  Polónia  (JEDRZEJEWSKI  et  al.,  2005).  Na  vizinha  Galiza,  DENNEHY  et  al.  (2013) 

encontraram uma densidade  de  estradas  alcatroadas média  de  1,92 km/km2 para  25  territórios  de  lobo, 

chegando alguns territórios a conter uma densidade de 2,95 km/km2. 

Na  área  de  presença  de  lobo  em  Portugal,  a  densidade  de  estradas  varia  entre  os  0 km/km2  até  aos 

1,8 km/km2 (ambos os valores a norte do rio Douro), sendo que a média tanto a norte como a sul do rio 

Douro ronda os 0,47 km/km2 (Tabela 1.3).  

Tabela 1.3 – Densidades de estradas alcatroadas na área de presença de lobo em Portugal.

    Média    Mínimo    Máximo              

Norte Douro    0,47 Km/Km2    0 Km/Km2    1,8 Km/Km2 

             

Sul Douro    0,47 Km/Km2    0,06 Km/Km2    0,9 Km/Km2 

 

b. Parques Eólicos 

Nos últimos 15 a 20 anos, a aposta de Portugal nas energias renováveis, nomeadamente na energia eólica 

(Figura  1.9),  levou  à  construção  de  parques  eólicos  em quase  todas  as  áreas montanhosas  do  território 

nacional  (Figura  1.10)  (e2p,  2012). Sendo  o  isolamento  e  a  dificuldade  de  acesso  humano  fatores  que 

permitiram  ao  lobo  subsistir  nas  zonas  serranas  do  norte  e  centro  do  país,  tem  particular  relevância  a 

proliferação  de  parques  eólicos  nas  regiões  montanhosas  na  área  de  distribuição  do  lobo.  Estes 

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empreendimentos, ao facilitarem o acesso humano aos últimos refúgios da espécie, através da abertura de 

acessos, podem contribuir negativamente para a viabilidade do lobo nessas zonas a médio prazo. Impactes 

como o efeito de repulsa (ou seja, o evitar de uma zona anteriormente utilizada) ou o abandono de locais de 

reprodução já têm sido descritos em algumas monitorizações efetuadas no nosso país (FERRÃO DA COSTA & 

ÁLVARES, 2008; RIO‐MAIOR et al., 2009). 

Atualmente  existem  cerca  de  1.200  aerogeradores  (6  aerogeradores/100 km2)  instalados  em  área  de 

ocorrência regular de lobo, segundo o Censo Nacional de Lobo‐ibérico 2002/2003 (Figura 1.10), abrangendo 

estes aerogeradores o território de 46% (n=29) das alcateias identificadas. Tal como para as rodovias, para 

compatibilizar  a  presença  destas  infraestruturas  com  a  presença  da  espécie  são  necessárias  medidas 

mitigadoras,  que  podem  ir  desde  alterações  no  desenho  do  parque  eólico  à  própria  não  construção  do 

empreendimento. 

 

Figura 1.9. Potência eólica acumulada em Portugalaté 2011.  

Figura 1.10. Distribuição dos aerogeradores instalados em Portugal. 

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2.  EFETIVO POPULACIONAL 

 2.1  Efetivo Populacional em 2002 e 2003 

No  último  censo  nacional  de  lobo,  realizado  entre  2002  e  2003,  foram  identificadas  63  alcateias  (51 

confirmadas e 12 prováveis) e estimado um efetivo populacional entre 220 e 430 indivíduos (PIMENTA et al. 

2005).  Esta  estimativa  foi  realizada  com  base  numa  prospeção  sistematizada,  durante  duas  épocas 

reprodutoras, da área onde então se entendia ser possível a ocorrência de lobo em Portugal (Figura 2.1).  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.2  Efetivo Populacional entre 2004 e 2013 

A  ausência  de  um  censo  populacional  atualizado  não  permite  fazer  inferências  sobre  o  atual  efetivo 

populacional de  lobo a nível nacional. De forma a colmatar esta  lacuna,  foi  realizada uma compilação da 

informação disponível  sobre  a  situação populacional  do  lobo após o último  censo nacional  realizado em 

2002/2003. Esta informação foi disponibilizada pelas entidades envolvidas no presente plano de ação, que 

incluem equipas que têm vindo a realizar monitorizações desta espécie a nível local ou regional, de forma 

contínua ou pontual, entre 2004 e 2013 (todas as referências bibliográficas utilizadas para a compilação da 

informação disponível  são  indicadas no Anexo  I). A confirmação da presença de alcateias, do seu efetivo 

mínimo e da reprodução das mesmas, foi definida de acordo com os critérios referidos na Tabela 2.1, os quais 

se baseiam nos utilizados no censo de 2002/2003. 

 

Figura  2.1  ‐ Alcateias  confirmadas  e  prováveis detetadas  no  censo  nacional  de 2002/2003  (adaptado  de  PIMENTA  et  al. 2005)

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Tabela 2.1 ‐ Critérios utilizados para a definição de “Alcateia Confirmada” (Efetivo Mínimo), “Reprodução Provável” e “Reprodução Confirmada”, de acordo com os critérios utilizados no censo de 2002/2003. 

Alcateia Confirmada 

(Efetivo Mínimo)   Reprodução Provável   

Reprodução  

Confirmada        

Observação direta (≥2)  Registo fotográfico (≥2)  Escuta de coro de uivos  Identificação genética individual (≥2) 

Captura e marcação para seguimento por telemetria (≥2) 

Concentração elevada de dejetos (critério utilizado apenas para determinação de alcateia confirmada)  

 

Concentração elevada de dejetos  Observação de rastos na neve de um elevado nº de lobos (≥ 4 indivíduos) 

Observação simultânea de um elevado nº de lobos (≥ 4 indivíduos) 

Deteção de adultos a transportarem alimento para local de reprodução 

Deteção de fêmeas com evidências de estarem a amamentar  

Observação direta de crias 

Registo fotográfico de crias 

Escuta de coros de uivos com crias 

Recolha de cadáveres de crias do ano (< 6meses) 

 

Com base nestes critérios, entre 2004 e 2013 foram detetadas 47 alcateias (41 confirmadas e 6 prováveis), 

das quais 6 (4 confirmadas e 2 prováveis) se localizam em áreas que tinham sido identificadas apenas como 

zonas  de  presença  de  lobo,  sem  ocorrência  de  grupos,  durante  o  censo  de  2002/2003  (Figura 2.2).  A 

prospecção no período entre 2004 e 2013 não permitiu detectar evidências da presença em 5 alcateias que 

tinham sido identificadas no censo de 2002/2003 (3 a Norte do Douro e 2 a Sul do Douro). De referir que não 

houve  monitorização  posterior  ao  censo  de  2002/2003  na  área  ocupada  por  17  (27%)  das  alcateias 

identificadas  nesse  trabalho,  16  das  quais  a  Norte  do  rio  Douro  e  1  a  Sul  do  mesmo  (Figura 2.2).  Na 

subpopulação a Norte do Rio Douro, foram detetadas 40 alcateias (34 confirmadas e 6 prováveis), 5 das quais 

(3  alcateias  confirmadas  e  2  prováveis)  não  tinham  sido  identificadas  no  censo  de  2002/2003.  Na 

subpopulação a Sul do Rio Douro foram detetadas 7 alcateias confirmadas, uma das quais não tinha sido 

identificada no censo de 2002/2003 (Figura 2.2). 

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a. Tendência populacional nas áreas de prospeção contínua

A Figura 2.3 representa o número de anos de prospeção por alcateia, entre 2004 e 2013, sendo de destacar 

que não tendo todas as alcateias sido, ao longo deste período, objeto de uma monitorização sistematizada 

como a que é realizada num censo nacional, a informação compilada apresenta lacunas. Como referido, não 

existe informação disponível relativamente a 27% (N=17) das alcateias identificadas no censo 2002/2003, as 

quais se localizam maioritariamente no núcleo populacional de Bragança (Figura 2.3), tendo 30% (N=19) das 

alcateias identificadas no censo sido prospetadas apenas durante 1 ou 2 anos entre 2004 e 2013 (Figura 2.3). 

Contudo,  foi  possível  identificar  três  áreas  nas  quais  as  alcateias  têm  sido  alvo  de  uma  prospeção mais 

contínua entre 2004 e 2013, designadamente: Alto Minho, Alvão‐Padrela e Arada‐Trancoso, as quais incluem 

6, 10 e 6 alcateias, respetivamente. Todas estas alcateias foram prospetadas durante um mínimo de 4 anos. 

Na  análise  que  se  segue  foi  ainda  incluída  a  área  de  Sabugal,  que  integra  3  alcateias  e  para  a  qual  se 

considerou um mínimo de 2 anos de prospeção, por se tratar de uma região marginal de ocorrência de lobo 

e com presença de alcateias muito instáveis (Figura 2.3).  

Figura 2.2 ‐ Alcateias  confirmadas  e  prováveis detetadas de 2004 a 2013 

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Figura 2.3 ‐ Número de anos de prospeção por alcateia de 2004 a 2013. 

Os resultados de monitorização obtidos nestas quatro áreas de prospeção contínua permitem avaliar, a um 

nível regional, o grau de estabilidade das alcateias e a tendência populacional do lobo. Como indicadores da 

estabilidade das alcateias, foram estimadas as taxas de sucesso de deteção de: i) alcateia (Nº de anos em que 

a alcateia foi confirmada/Nº de anos de prospeção por alcateia), e ii) reprodução (Nº de anos com reprodução 

confirmada na alcateia/Nº de anos de prospeção por alcateia). Em cada área de prospeção contínua, destaca‐

se uma acentuada variação no grau de estabilidade das alcateias (Figura 2.4). No que respeita à deteção de 

alcateias, apenas um reduzido número de alcateias em cada uma das áreas em análise, tem valores elevados, 

sugerindo a sua maior estabilidade. Nas áreas de Alvão‐Padrela e de Sabugal cerca de metade das alcateias 

não foram confirmadas durante o período em análise (Figura 2.4A).  

No que respeita à reprodução o Alto Minho parece ser a área com maior estabilidade com duas das suas 

alcateias a apresentarem taxas superiores a 75% (Figura 2.4B). Pelo contrário, as áreas de Alvão‐Padrela, 

Arada‐Trancoso  e  Sabugal,  parecem  ser  constituídas  por  alcateias  com menor  estabilidade  reprodutora. 

Nestas alcateias, as taxas de deteção de reprodução são inferiores a 50% e, em mais de metade das mesmas, 

não foi detetada reprodução (Figura 2.4B). Na área de Sabugal não foi detetada reprodução em qualquer das 

alcateias identificadas (Figura 2.4B). 

 

 

 

 

 

 

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Figura  2.4  ‐  Sucesso  de  deteção  de:  A)  alcateia  (nº  de  anos  em  que  a  alcateia  foi  confirmada/nº  de  anos  de 

prospeção)  e  B)  reprodução  (nº  de  anos  com  reprodução  confirmada  na  alcateia/nº  de  anos  de prospeção por alcateia, entre 2004 e 2013. 

A  evolução  do  número  de  alcateias  detetadas  (confirmadas  e  prováveis)  nas  áreas  alvo  de  prospeção 

contínua entre 2004 e 2013 permite analisar a  tendência populacional do  lobo, a nível  regional. De uma 

forma geral, verifica‐se em todas as áreas uma ligeira variação no número de alcateias detetadas ao longo 

dos anos, situação resultante da dinâmica populacional associada a esta espécie (Figura 2.5). Não obstante, 

considerando‐se os anos em que foi prospetada, em cada área, a totalidade do habitat favorável ao  lobo 

(100% Área Favorável Prospetada), verifica‐se que o número de alcateias parece ter‐se mantido estável nas 

áreas do Alto Minho e de Arada‐Trancoso e ter diminuído na área de Alvão‐Padrela, comparativamente com 

o  número  de  alcateias  detetadas  no  censo  de  2002/2003.  A  situação  na  área  do  Alto  Minho  aparenta 

estabilidade, com 4 a 6 alcateias detetadas em quase todos os anos, e com uma elevada taxa de reprodução 

(Figura 2.5A e Figura2.4B). Na área de Arada‐Trancoso a população aparenta igualmente alguma estabilidade 

relativamente ao número de alcateias detetadas (5‐6 alcateias detetadas na maioria dos ano) apesar destas 

apresentarem um sucesso de reprodução muito reduzido (Figura 2.5B e Figura 2.4B). A área de Alvão‐Padrela 

apresenta um acentuado decréscimo no número de alcateias, com a deteção de 10 alcateias em 2002/2003 

e uma média de apenas 3 alcateias entre 2010 e 2013 (Figura 2.5C). Este decréscimo, associado ao reduzido 

sucesso de reprodução já referido sugere que as alcateias desta área serão as mais vulneráveis e as mais 

instáveis no que respeita às áreas analisadas. Na área de Sabugal foram detetadas 2 alcateias prováveis no 

censo  nacional  de  2002/2003,  seguindo‐se  um  período  no  qual  apesar  de  ter  sido  registada  a  presença 

regular  de  lobo,  apenas  em  2012  e  2013  foi  possível  confirmar  a  presença  de  uma  alcateia  e  com  uma 

localização diferente das alcateias identificadas no referido censo (Figura 2.5D).  

A  B

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Figura 2.5 ‐ Número de alcateias detetadas (prováveis e confirmadas) e percentagem de área favorável prospetada nas quatro áreas de estudo com prospeção superior a 4 anos (Alto Minho, Arada‐Trancoso e Alvão‐Padrela) ou 2 anos (Sabugal), entre 2002/2003 e 2013. 

 

b. Número de Indivíduos por alcateia para cada Núcleo Populacional 

Com  base  na  informação  disponível,  obtiveram‐se  números  médios  de  indivíduos  (adultos  e  crias)  por 

alcateia de 4,0 adultos e 3,3 crias a norte do Rio Douro e 4,2 adultos e 2,3 crias a sul do Rio Douro (Figura 2.6). 

Na  área  do  Alto Minho,  verificaram‐se,  em  determinados  anos,  efetivos  máximos  de  16  indivíduos  por 

alcateia (8 adultos e 8 crias) (NAKAMURA et al. 2012).  

 

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 Figura 2.6 ‐ Número médio de indivíduos por alcateia a norte e a sul do Rio Douro, entre 2004 e 2013.O cálculo destes 

valores teve por base a confirmação anual do tamanho de grupo num total de 45 alcateias, 36 das quais com reprodução  confirmada,  na  região  a  norte  do  rio  Douro  e  de  20  alcateias,  8  das  quais  com  reprodução confirmada, na região a sul do rio Douro. 

 

 

   

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3. ECOLOGIA ESPACIAL 

3.1 Dimensão das áreas vitais  

a. Captura e marcação de lobos em Portugal 

O estudo da ecologia espacial do lobo em Portugal, recorrendo ao seguimento de animais por telemetria, 

iniciou‐se em 1982 na serra da Nogueira (núcleo populacional de Bragança) com a captura e marcação de um 

total de 10 lobos (3 fêmeas e 7 machos) seguidos por radiotelemetria entre 1982 e 1985 (PEREIRA et al. 1985). 

No núcleo populacional de Bragança, foram posteriormente capturados no Parque Natural de Montesinho 4 

lobos (3 fêmeas e 1 macho), entre 1990 e 1991, dos quais um era uma cria pelo que apenas 3 foram seguidos 

por radiotelemetria (MOREIRA 1992). Ainda na região nordeste do núcleo populacional de Bragança foram 

capturados mais 6 lobos (2 fêmeas e 4 machos), entre 1996 e 1997, dos quais 2 eram crias e 4 foram seguidos 

por radiotelemetria (MOREIRA et al. 1997; PIMENTA 1998) (Tabela 3.1).  

No núcleo populacional do Sul do Douro foram seguidos 3 lobos (1 fêmea e 2 machos) na região de Arada‐

Trancoso com recurso a radiotelemetria entre 1997 e 1999 (BASTOS 2001; GRILO et al. 2002). Posteriormente, 

em 2010, foi seguido por telemetria GPS um lobo macho no mesmo núcleo populacional (ROQUE et al. 2011).  

No núcleo populacional da Peneda‐Gerês foram seguidos 3 lobos machos por radiotelemetria, na zona de 

Montalegre entre 1999 e 2003 (ÁLVARES 2011). Posteriormente, em 2012, na mesma zona, foi seguido por 

telemetria GPS um lobo macho que foi alvo de tratamento clínico e reabilitação após a sua captura num laço 

ilegal (RIO‐MAIOR et al. 2012) (Tabela 3.1). Ainda no mesmo núcleo populacional mas na região do Alto Minho 

foram capturados 17  lobos  (14 fêmeas e 3 machos) entre 2007 e 2013, dos quais 15 foram seguidos por 

telemetria GPS, sendo os restantes 2 crias (RIO‐MAIOR et al. 2011; RIO‐MAIOR et al. 2014) (Tabela 3.1).  Tabela 3.1 ‐ Lobos capturados e seguidos por telemetria entre 1982 e 2014 em Portugal 

Núcleo Populacional 

  Nº lobos capturados   

Nº lobos marcados 

com colar de 

telemetria  

 Método de 

telemetria 

               

Peneda‐Gerês             

  Alto Minho    17 (14♀, 3♂)    15 (12♀, 3♂)    GPS 

  Montalegre    4 (4♂)     4 (4♂)    Rádio e GPS 

Bragança             

  Montesinho    10 (5♀, 5♂)    7 (3♀, 4♂)    Rádio 

  Nogueira    10 (3♀, 7♂)    10 (3♀, 7♂)    Rádio 

Sul Douro             

  Arada/Trancoso    4 (1♀, 3♂)    4 (1♀, 3♂)    Rádio e GPS 

  TOTAL    45 (23♀, 22♂)    40 (19♀, 21♂)    23 rádio; 17 GPS 

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b. Seguimento de lobos marcados por telemetria rádio e GPS 

Até  2014  foram  marcados  e  seguidos  por  telemetria  um  total  de  40  lobos  (19  fêmeas  e  21  machos) 

distribuídos por cinco áreas de estudo pertencentes aos núcleos populacionais de Bragança, Peneda‐Gerês e 

Arada‐Trancoso. Em Portugal, o seguimento de lobos foi efetuado com recurso à telemetria rádio durante a 

década  de  1980  e  1990  e, mais  recentemente,  recorrendo  à  telemetria GPS,  a  qual  permite  localizar  os 

animais de forma mais eficiente e rigorosa. A telemetria permite obter localizações dos lobos marcados ao 

longo do tempo que, por sua vez, fornecem informação sobre as suas áreas vitais  (área dentro da qual o 

animal  se  movimenta  enquanto  desempenha  as  suas  atividades  normais  de  rotina)  e  movimentos  de 

dispersão.  A  dimensão  das  áreas  vitais  dos  lobos marcados  foi  estimada  através  do método  do Mínimo 

Polígono Convexo  (MPC),  incluindo 100% das  localizações de  cada animal marcado – MPC100, que  foi  o 

método utilizado de forma generalizada nos estudos realizados no país.  

Foi possível obter as áreas vitais (MPC100) de 30 lobos seguidos por telemetria (Figura 3.1). Apesar de terem 

sido marcados 40 lobos com colares de telemetria (Tabela 3.1), na análise das áreas vitais médias apenas 

foram  considerados  dados  de  seguimento  de  30  lobos  (Tabela  3.2)  por  essa  informação  se  encontrar 

disponível e por se referirem a períodos de seguimento superiores a 2 meses. De referir que as áreas vitais 

relativas aos lobos seguidos na serra da Nogueira durante a década de 80 foram obtidas por aproximação 

com  base  na  informação  espacial  disponível.  As  suas  reduzidas  dimensões  médias  (MPC100=47  km2), 

relativamente  aos  valores  obtidos  em  estudos  análogos  realizados  noutras  regiões,  deverão  estar 

subestimadas  devido  ao  reduzido  número  de  localizações.  Assim,  não  considerando  estes  valores,  a 

dimensão média das áreas vitais de lobos residentes (lobos integrados em alcateias) foram menores no Alto 

Minho  (MPC100=135 km2) e mais extensas em Montalegre  (MPC100=270 km2). No que  respeita às áreas 

ocupadas  por  lobos  durante  os  seus  períodos  de  dispersão,  obtiveram‐se  as  áreas  médias  de  maiores 

dimensões para os lobos do Alto Minho (MPC100=1082 km2) em oposição aos lobos do núcleo populacional 

do sul do Douro, com as áreas médias mais reduzidas para lobos dispersantes (MPC100=414 km2) (Tabela 

3.2). As distâncias médias de dispersão obtidas para dois lobos seguidos na zona de Montalegre foram de 

20 km.  

Com base na informação de lobos residentes foi possível estimar as médias das áreas vitais para os diferentes 

núcleos populacionais. Obtiveram‐se áreas de 203 km2 para a Peneda‐Gerês, 116 km2 para Bragança e 185 

km2 para o núcleo populacional do Sul do Douro, o que corresponde a uma dimensão média de 168 km2 de 

área vital para o total da população de lobo em Portugal (Tabela 3.2). 

 

 

 

 

 

 

 

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Tabela 3.2 ‐ Áreas vitais (MPC100) médias dos lobos seguidos por telemetria entre 1982 e 2014, por núcleo populacional. A área vital média estimada para os lobos residentes inclui estimativas do seguimento parcial (seguimento durante um período inferior ao período total de seguimento) de lobos que foram residentes em mais do que uma alcateia. A área vital média estimada para lobos dispersantes inclui estimativas de seguimento parcial de lobos que tiveram períodos de dispersão ainda que tenham sido temporariamente residentes em alcateias.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Núcleo Populacional  

 

Área Vital  

(MPC100) 

Lobos residentes 

 

Área Vital 

(MPC100) 

Lobos dispersantes             

Peneda‐Gerês         

  Alto Minho     135 km2 (n=10)    1082 km2 (n=3) 

  Montalegre     270 km2 (n=5)    724 km2 (n=4) 

  MÉDIA    203 km2     

Bragança         

  Montesinho     184 km2 (n=6)    ‐ 

  Nogueira     47 km2 (n=4)    ‐ 

  MÉDIA    116 km2     

Sul Douro         

  Arada/Trancoso     185 km2 (n=3)    414 km2 (n=4) 

  MÉDIA    185 km2     

Figura 3.1 ‐ Representação geográfica das áreas vitais  (MPC100)  dos  lobos  seguidos por  telemetria  em  Portugal  entre 1982  e  2014.  A  tracejado representam‐se  as  áreas  vitais  de lobos dispersantes.

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4.  PARÂMETROS GENÉTICOS 

 

4.1 Estruturação, conetividade e diversidade genética 

O lobo‐ibérico apresenta uma menor diversidade genética e uma maior consanguinidade relativamente às 

populações de lobo do leste Europeu, certamente indicativas do seu longo isolamento geográfico, associado 

a reduções populacionais significativas (PILOT et al. 2014). À escala da população portuguesa constata‐se um 

fenómeno regional semelhante, tendo‐se verificado que a subpopulação a sul do rio Douro, geograficamente 

isolada e  com  reduções muito  significativas do efetivo populacional  nas últimas décadas,  comporta uma 

diversidade genética ligeiramente menor do que a subpopulação a norte do rio Douro, havendo evidências 

de isolamento genético entre estas duas subpopulações (Figura 4.1A e Tabela 4.1; GODINHO et al. 2007). No 

entanto, estima‐se que a partição genética em quatro grupos seja o cenário mais provável para a população 

de lobo em Portugal, com três grupos a norte do rio Douro que não apresentam uma associação geográfica 

perfeita  com os núcleos populacionais definidos no último censo por Pimenta et al.  (2005; Figura 4.1B e 

Tabela  4.1).  Estes  três  grupos,  localizados  no  Alto  Minho,  Noroeste  e  Nordeste,  são  geneticamente 

diferenciados e apresentam um moderado grau de conectividade entre si, ao contrário do que se observa 

entre norte e sul do Douro, onde a evidência de conectividade é muito reduzida (um indivíduo encontrado 

em 2004 a sul do Douro revelou uma possível ancestralidade na subpopulação a norte do rio Douro). Os lobos 

do Alto Minho, localizados entre os rios Minho e Lima, aparentam um maior grau de isolamento dos restantes 

núcleos populacionais a norte do rio Douro e possuem menor diversidade genética (Tabela 4.1; GODINHO et 

al. 2007). A mesma análise genética permitiu também compreender que o lobo encontrado em 2004 fora da 

área  de  presença  regular  a  sul  do  rio  Douro  (em  Idanha‐a‐Nova)  não  pertencia  geneticamente  a  essa 

subpopulação,  sendo,  com  grande  probabilidade,  um  indivíduo  dispersante  com  origem  na  população 

espanhola ou do Nordeste de Trás‐os‐Montes. 

 

Tabela  4.1  ‐  Parâmetros  de  diversidade  genética  (riqueza  alélica  e  heterozigotia)  nos  quatro grupos genéticos de lobo em Portugal e para a totalidade da população portuguesa, calculados com base em 39 microssatélites (N = nº de indivíduos analisados) 

Núcleos Populacionais (N)    Riqueza alélica    Heterozigotia        

Alto Minho (7) 

Noroeste (7) 

Nordeste (25) 

Sul do Douro (9) 

 2,5 

2,5 

3,3 

2,8 

 0,53 

0,59 

0,58 

0,46 

Portugal  

2,8  

0,54 

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A monitorização molecular (com base em marcadores genéticos para identificar indivíduos) realizada nas seis 

alcateias  presentes  no  núcleo  populacional  do  sul  do  rio  Douro  (Arada‐Trancoso)  entre  2007  e  2011 

evidenciou  a  existência  de  conectividade  entre  quatro  delas:  alcateias  de  Montemuro,  Leomil,  Lapa  e 

Trancoso (Figura 4.2). Não foi detetado qualquer movimento de dispersão em lobos das alcateias da Arada e 

de Cinfães, não havendo portanto evidência de conectividade entre estas alcateias, nem entre si nem com 

as restantes deste núcleo populacional (ROQUE et al. 2011). Após 2011 não existe informação disponível que 

Figura 4.1 ‐ Distribuição geográfica da estruturação genética do lobo em Portugal, estimada por estatística Bayesiana com base em informação de 39 marcadores autossómicos. A e B representam a subdivisão em dois  (K=2)  e  quatro  (K=4)  grupos,  respetivamente.  Cada  círculo  representa  um  indivíduo. As  cores  das secções correspondem à probabilidade de filiação do genoma do indivíduo a cada um dos grupos. 

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permita monitorizar esta situação de isolamento, assim como nunca foi avaliada a possível conectividade 

entre os núcleos Arada‐Trancoso e Sabugal. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4.2 Evidências de hibridação cão‐lobo 

No ano de 2011 foi efetuada uma avaliação genética de possíveis casos de hibridação entre lobo e cão com 

base em 47 amostras disponíveis no Sistema de Monitorização de Lobos Mortos (SMLM) e distribuídas pela 

área  de  ocorrência  nacional  da  espécie  (Figura  4.3).  Foi  confirmada  a  existência  de  um  único  caso  de 

hibridação junto à povoação de Cabana Maior (zona marginal de ocorrência de lobo situada na vertente sul 

Figura 4.2 ‐ Deteção de movimentos de indivíduos entre as alcateias a sul do Douro utilizando amostragem genética  não‐invasiva  no  período  de  2007  a 2011. Os  resultados apresentados baseiam‐se na  localização  geográfica  de  32  indivíduos identificados molecularmente múltiplas vezes. 

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da  serra do  Soajo, no  concelho de Arcos de Valdevez),  resultante da análise genética do  cadáver de um 

indivíduo  jovem nascido em 2008 (GODINHO et al. 2011). Em 2011 foi recolhido, no âmbito do SMLM, um 

segundo indivíduo híbrido na mesma área, com idade estimada de 2‐3 anos. A monitorização exaustiva desta 

área  e  de  áreas  adjacentes  através  de  amostragem  não‐invasiva  permitiu  detetar  um  terceiro  indivíduo 

híbrido  (PACHECO  2012).  Uma  avaliação  de  filiação  biológica  revelou  que  os  três  indivíduos  híbridos 

encontrados eram irmãos e resultavam de um único evento de hibridação que envolveu o cruzamento entre 

um lobo fêmea e um cão macho (GODINHO et al. 2011; R. GODINHO, dados inéditos). Os dois primeiros foram 

eliminados por atropelamento e o terceiro permanecia na região em setembro de 2011. Adicionalmente, em 

2014 foi detetado, pela primeira vez, um híbrido na subpopulação a sul do rio Douro, correspondente a uma 

cria na serra da Arada (R. TORRES, dados inéditos). 

 

 

 

Figura 4.3 ‐ Localização geográfica do único evento de hibridação cão‐lobo detetado em Portugal, a partir da análise de 42 microssatélites em 47 amostras.  O  triângulo  assinala  o  caso  de hibridação, na vertente sul da Serra do Soajo, junto ao vale do rio Lima.

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5. ECOLOGIA TRÓFICA 

A ecologia trófica do lobo constitui um dos parâmetros biológicos desta espécie com maiores implicações no 

conflito  associado  ao  Homem,  uma  vez  que  a  predação  de  animais  domésticos  gera  uma  elevada 

animosidade  por  parte  das  populações  humanas  locais.  O  lobo  é,  em  termos  tróficos,  um  carnívoro 

generalista apesar da sua alimentação se basear maioritariamente em ungulados de médio e grande porte. 

Ao longo de toda a sua área de ocorrência mundial, a representatividade de espécies pecuárias na dieta do 

lobo parece depender essencialmente da disponibilidade de presas silvestres alternativas  (e.g. ungulados 

silvestres) e da vulnerabilidade de presas domésticas tendo em conta o seu efetivo, forma de pastoreio e 

nível de proteção face a ataques de lobo. 

5.1  Dieta do lobo  

A partir da compilação dos trabalhos em dieta de lobo realizados em Portugal (33 estudos), apresentam‐se 

em  seguida  os  resultados  de  alguns  casos mais  ilustrativos  e  que  envolveram  um  tamanho  de  amostra 

superior a 70 dejetos analisados. Os dados de dieta são baseados na análise de restos macroscópicos contidos 

em dejetos e expressos em Frequência de Ocorrência (F.O.) de cada item alimentar. Foram considerados 10 

itens alimentares de acordo com a espécie‐presa, correspondendo a categoria “OUTROS” a um grupo que 

inclui  Lagomorfos, Micromamíferos  e Aves. O  conhecimento  sobre  a  dieta  do  lobo  em Portugal  provém 

maioritariamente de estudos realizados desde os  finais da década de 1970 até  finais da década de 1990, 

tornando‐se evidente a necessidade de estudos mais recentes que possam analisar a ecologia trófica do lobo 

face à atual disponibilidade de presas domésticas e silvestres. A única exceção, é o recente estudo de dieta 

realizado  a  sul  do  rio  Douro,  nomeadamente  nas  alcateias  da  Arada,  Montemuro  e  Cinfães  onde  se 

observaram padrões concordantes com estudos anteriores nessa região (TORRES et al.,2015a)  

a. Variação  regional  da  dieta:  Tendo  em  conta  a  dieta  do  lobo  nos  seus  principais  núcleos 

populacionais, é evidente uma acentuada variação regional na frequência de consumo dos distintos 

itens alimentares  (Figura 5.1). De um modo geral, a base da alimentação do  lobo são as espécies 

domésticas, nomeadamente cabras, ovelhas, vacas e equídeos (inclui cavalos, asininos e muares), as 

quais no total atingem uma elevada expressão (F.O. > 70%) na maioria das áreas em estudo. A única 

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exceção é a região do Parque Natural de Montesinho (NE do distrito de Bragança), onde as espécies 

pecuárias representam menos de 50% da dieta do lobo e os ungulados silvestres, como o javali, o 

corço  e  o  veado,  constituem  importantes  recursos  tróficos  (F.O.  >  30%).  O  consumo  das  várias 

espécies  pecuárias,  nomeadamente  equinos  e  bovinos,  parece  ter  por  base  distintas  estratégias 

tróficas, envolvendo por exemplo, a predação na área da Peneda‐Gerês e a necrofagia em algumas 

áreas a sul do rio Douro (QUARESMA, 2002; ÁLVARES, 2011). É de realçar a predação preferencial de 

equinos,  nomeadamente  no  núcleo  da  Peneda‐Gerês,  onde  são  essencialmente  pastoreados  em 

regime livre e se regista um consumo bastante superior face à sua disponibilidade (ÁLVARES, 2011). É 

ainda  de  salientar  o  consumo  regular  de  carnívoros,  representados  por  raposas,  gatos  e,  na  sua 

maioria,  por  cães  domésticos  (os  quais  podem  atingir  mais  de  10%  da  dieta),  evidenciando  a 

importância do lobo no controlo das populações de carnívoros de médio porte, e em particular, de 

cães vadios e assilvestrados.  

 

 Figura  5.1  ‐  Variação  regional  da  dieta  do  lobo:  frequência  de  ocorrência  de  itens  alimentares  em  quatro  áreas 

localizadas nos principais núcleos populacionais de lobo 

 

b. Variação local da dieta: A variação espacial na dieta do lobo é também evidente a uma escala local, 

onde alcateias  adjacentes  ou próximas  fazem um uso diferencial  dos  recursos  tróficos  tendo em 

conta a sua disponibilidade (Figura 5.2). Esta variação é particularmente evidente no consumo de 

várias  espécies  pecuárias,  como  os  bovinos  e  caprinos,  resultado  de  variações  ao  nível  local  na 

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dimensão dos seus efetivos e nas práticas de pastoreio. Este padrão de variação revela‐se de extrema 

importância para a gestão do lobo, por evidenciar a necessidade de um conhecimento da realidade 

local para uma correta aplicação de medidas de prevenção de ataques. Além disso, é também de 

salientar a existência de alcateias adjacentes com diferenças muito acentuadas no que respeita à 

dependência  de  recursos  tróficos  de  origem  antropogénica,  evidenciando  a  importância  da 

diversidade e abundância de presas selvagens na redução do consumo de animais domésticos. 

 

 

 

Figura 5.2 ‐ Variação local da dieta do lobo: Frequência de ocorrência de itens alimentares em alcateias próximas ou adjacentes 

 

c. Variação temporal da dieta: O conhecimento da dieta do lobo em determinadas áreas ao longo de 

um certo período de tempo permite avaliar a evolução temporal no consumo dos itens alimentares, 

nomeadamente dos ungulados domésticos e silvestres (Figura 5.3). Em algumas regiões estudadas 

desde  1980,  verifica‐se  um  aumento  no  consumo  de  ungulados  silvestres  por  parte  do  lobo, 

inclusivamente em áreas onde os elevados efetivos pecuários continuam a constituir a base da sua 

dieta, como é o caso da alcateia do Gerês. É de realçar a crescente representatividade dos ungulados 

silvestres na dieta da alcateia das Rachas, situada a NE no núcleo populacional de Bragança, passando 

de 30% na década de 1980 para 70% na década de 1990. Pelo contrário, na região do Parque Natural 

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do Alvão o consumo de presas silvestres parece ter‐se mantido reduzido e constante (cerca de 14% 

da dieta) ao longo de uma década. 

 

 

 

 

 

Figura  5.3  ‐  Variação  temporal  da  dieta  do  lobo:  Frequência  de  ocorrência  dos  principais  itens  alimentares  em  três alcateias e ao longo de um período de tempo 

 5.2 Disponibilidade de presas silvestres  

a. Javali (Sus scrofa): O javali era bastante abundante em Portugal até final do século XIX. Contudo, este 

ungulado sofreu uma drástica redução no número de efetivos e na área de distribuição durante o 

início do século XX, tendo as suas populações ficado restritas às zonas de fronteira com Espanha e a 

algumas zonas de caça. Em 1967, devido à sua reduzida abundância, a caça ao javali  foi proibida, 

exceto  nalgumas  zonas  cercadas.  Foi  a  partir  dos  pequenos  núcleos  populacionais  nas  zonas  de 

fronteira, particularmente a sul do rio Tejo, que posteriormente ocorreu a expansão do javali para as 

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regiões interiores do centro e norte do país (FONSECA, 2004). Atualmente, o javali é o ungulado com 

maior distribuição e número de efetivos em Portugal, ocorrendo em todo o país, com exceção das 

grandes  zonas  urbanas  (Figura  5.4).  Devido  à  sua  recuperação,  o  javali  tornou‐se  uma  espécie 

relevante da fauna portuguesa, não só por provocar avultados estragos nas culturas agrícolas, mas 

também como presa selvagem do lobo‐ibérico e espécie cinegética. 

 

Figura 5.4 ‐ Distribuição do javali (Sus scrofa) em Portugal (© J. Carvalho) (1970; 2000 ‐ adaptado de FONSECA & 

CORREIA 2008; atual – adaptado de VINGADA et al. 2010). 

b. Corço (Capreolus capreolus): O corço é uma espécie nativa de Portugal, tendo as suas populações 

naturais persistido em pequenos núcleos a norte do rio Douro, nos últimos séculos. Nos finais do 

século XX, houve uma expansão generalizada desta espécie, tanto em área de distribuição como em 

abundância,  fruto  da  sua  dispersão  natural  e  de  processos  de  reintrodução,  promovendo‐se  o 

estabelecimento  de  novos  núcleos  populacionais  a  norte  e  a  sul  do  rio  Douro  (Figura  5.5).  A 

distribuição atual reflete, assim, não só a sua expansão natural mas também os vários programas de 

reintrodução, que tiveram como objetivo i) aumentar a disponibilidade de presas selvagens para o 

lobo‐ibérico (em áreas de distribuição deste predador) ou ii) fins cinegéticos (VINGADA et al. 2010; 

TORRES et al., 2015b). Estudos recentes mostram que as densidades de corço no Parque Natural de 

Montesinho, em Trás os Montes, são de 3,51 animais por 100ha (95% IC 2,26‐5,54)(VALENTE et al., 

2014). Esta zona será aquela cujas densidades de corço, a nível nacional, serão mais elevadas (TORRES 

et al., 2015b).  

 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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Figura 5.5 ‐ Distribuição do corço (Capreolus capreolus) em Portugal (© J. Carvalho) (1970; 2000 ‐ adaptado de SALAZAR 2009; atual – adaptado de VINGADA et al. 2010). 

 

c. Veado (Cervus elaphus): O veado é o maior cervídeo da fauna portuguesa. Apesar de esta espécie 

ter sido comum no nosso país durante os  tempos medievais, no  fim do século XIX encontrava‐se 

perto  da  extinção.  Contudo,  a  partir  dos  anos  1970,  a  distribuição  e  abundância  desta  espécie 

começou a aumentar no nosso país. Esta realidade deveu‐se sobretudo a uma série de programas de 

reintrodução no centro e sul do país mas também à dispersão natural das populações espanholas 

(VINGADA  et  al.  2010).  Na  atualidade,  as  populações mais  importantes  encontram‐se  nas  regiões 

transfronteiriças  (Tejo  Internacional, Montesinho, Contenda‐Barrancos) e na  serra da  Lousã  (esta 

resultado de um bem sucedido programa de reintrodução nos anos 1990) (Figura 5.6). Relativamente 

a densidades, estudos recentes mostram que as densidades destes ungulados no Parque Natural de 

Montesinho, Trás os Montes, são de 3,38 animais por 100ha (95% IC 2,18‐5,24)( TORRES et al., 2015c). 

 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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Figura 5.6 ‐ Distribuição do veado (Cervus elaphus) em Portugal (© J. Carvalho) (1970; 2000 ‐ adaptado de SALAZAR 2009; atual – adaptado de VINGADA et al. 2010). 

d. Cabra‐montês (Capra pyrenaica victoriae): De acordo com os registos  fósseis, esta espécie 

(subespécie Capra pyrenaica lusitanica) estava originalmente distribuída nas principais cadeias 

montanhosas do nosso país. Contudo, em 1893 esta espécie foi classificada como extinta. Em 

1997, foram reintroduzidos num cercado no Parque Natural Baixa Limia‐Serra do Xurés (Galiza, 

Espanha),  exemplares  da  subespécie  Capra  pyrenaica  victoriae,  provenientes  da  serra  da 

Gredos (Espanha). Alguns espécimes, por dispersão natural, entraram em território nacional 

na zona do Parque Nacional Peneda‐Gerês. Os primeiros avistamentos desta espécie no nosso 

país datam de 1999 (VINGADA et al. 2010). Presentemente, a sua distribuição está restrita a este 

Parque  Nacional.  Contudo,  desde  o  primeiro  censo  (em  2003,  foram  contabilizados  75 

indivíduos,  em  dois  núcleos  populacionais,  numa  área  de  977  ha  – MOÇO  et  al.  2006)  e  a 

população tem aumentado a sua área de distribuição e efetivo (em 2012, foram contabilizados 

cerca de 573 indivíduos, em três núcleos populacionais, numa área de 13.479 ha) (FERNANDES 

2013) (Figura 5.7). 

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Figura 5.7 ‐ Distribuição da cabra‐montês (Capra pyrenaica victoriae) em Portugal (© J. Carvalho) (2003 ‐ adaptado de Moço et al. 2006; atual – adaptado de Fernandes 2013). 

5.3 Disponibilidade de presas domésticas  

a. Distribuição e abundância do efetivo das principais presas domésticas: A análise da distribuição e 

abundância das principais presas domésticas do lobo ‐ ovinos, caprinos, bovinos e equinos ‐ teve por 

base os dados do recenseamento geral agrícola de 2009 (INE, 2011) (Figura 5.8). Na atual área de 

ocorrência do lobo verificam‐se evidentes variações regionais no efetivo pecuário de cada espécie. 

Para os ovinos, as maiores concentrações de animais por km2 encontram‐se sobretudo nos concelhos 

de Trás‐os‐Montes e da Beira Interior, sendo também de destacar alguns concelhos da região do Alto 

Minho. Relativamente aos caprinos, as maiores concentrações ocorrem na Serra do Alvão e na Serra 

Amarela, a norte do rio Douro, e na Serra de Montemuro e no Maciço da Gralheira, a sul do mesmo. 

Os bovinos (não incluindo as vacas leiteiras associadas a um regime de maior estabulação e menor 

acessibilidade para o lobo) apresentam as maiores concentrações na região noroeste de Portugal e 

nos concelhos de Arouca, Cinfães, Almeida, Sabugal e Idanha‐a‐Nova, na região a sul do rio Douro. 

As maiores concentrações de equídeos encontram‐se na zona oeste da região de Trás‐os‐Montes e 

no  Alto  Minho.  No  caso  de  Trás‐os‐Montes,  estes  valores  estão  associados  maioritariamente  a 

asininos e muares, sendo que na região do Minho prevalecem os equinos. 

 

 

b. Evolução  do  efetivo  pecuário  na  área  de  ocorrência  do  lobo:  Com  base  nos  recenseamentos 

agrícolas  realizados  em  1989,  1999  e  2009,  nos  concelhos  que  se  sobrepõem  com  a  área  de 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico em Portugal Situação de referência

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ocorrência de lobo, verificou‐se, de uma forma geral, uma redução do número total de animais das 

4 principais presas domésticas de  lobo ao  longo das últimas 3 décadas  (Figura 5.9).  Em  termos 

percentuais,  essa  redução  foi  sobretudo  expressiva  para  os  equídeos  (menos  60%),  caprinos 

(menos 48%) e bovinos  (menos 32%),  tendo sido pouco  importante para os ovinos  (menos 6%) 

(Figura 5.10). A par desta  redução do efetivo, ocorreu uma redução ainda mais  significativa do 

número de explorações das 4 espécies pecuárias, e um aumento do número médio de animais por 

exploração. Esse padrão foi especialmente marcado para os bovinos, tendo o número médio de 

animais  por  exploração desta  espécie mais do que duplicado na  área de ocorrência de  lobo,  à 

semelhança da tendência verificada para todo o território nacional. 

 

 

Figura 5.8 – Distribuição e abundância (Número de animais por km2) das principais presas domésticas do lobo na área de abrangência do Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico. Fonte: INE, 2011. Recenseamento Agrícola de 2009.

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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Figura 5.9 – Evolução dos efetivos das principais presas domésticas do lobo nos concelhos que se sobrepõem com  a  área  de  ocorrência  da  espécie,  expressos  em  número  total  de  animais  e  número médio  de animais por exploração. Fonte: www.ine.pt. Dados dos Recenseamentos Agrícolas de 1989, 1999 e 2009. 

 

 

Figura  5.10  –  Variação  percentual  entre  1989  e  2009  do  número  total  de  animais,  do  número  total  de explorações e do número médio de animais por exploração, para as principais presas domésticas do lobo nos concelhos que se sobrepõem com a área de ocorrência desta espécie. Fonte: www.ine.pt. Dados dos Recenseamentos Agrícolas de 1989, 1999 e 2009. 

 

Evolução do efetivo pecuário por espécie na área de ocorrência de lobo

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

1989 1999 2009

tota

l de

an

ima

is

0

5

10

15

20

25

30

35

40

de

an

ima

is p

or

ex

plo

raç

ão

Ovinos Caprinos Bovinos Equídeos

Ovinos Caprinos Bovinos Equídeos

Nº total de animais:

Nº de animais/exploração:

Variação percentual do nº total de animais, do nº de explorações e do nº de animais por exploração para cada tipo de gado entre 1989 e 2009

-80% -60% -40% -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Bovinos

Ovinos

Caprinos

Equideos

nº de animais por exploração nº de explorações nº total de animais

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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6. PREDAÇÃO SOBRE EFETIVOS PECUÁRIOS 

6.1  Evolução 

Com vista a travar a regressão da população de lobo que se verificou em Portugal ao longo do século XX, o 

Estado Português assumiu, no início da década de 90, a responsabilidade de indemnizar os proprietários de 

efetivos  pecuários  pelos  danos  causados  pelo  lobo,  desde  que  cumpridos  certos  requisitos  mínimos  de 

proteção  dos  mesmos  (Lei  de  Proteção  do  Lobo‐ibérico  ‐  Lei  nº 90/88,  de  13  de  agosto  e  Decreto‐Lei 

n.º 139/90, de 27 de abril).  

No início da década de 90, o montante de indemnizações por ataques de lobo era cerca de 100.000 € anuais, 

correspondentes a cerca de 500 ataques, tendo estes números vindo progressivamente a aumentar até 2001, 

devido em grande parte a um maior conhecimento dos proprietários sobre este direito. A partir de então o 

montante anual de indemnizações ronda os 700.000 €, correspondentes a cerca de 2.500 ataques atribuídos 

ao lobo (Figura 6.1). 

 

Figura 6.1 ‐ Evolução do número anual de ataques atribuídos ao lobo indemnizados pelo 

ICNF e respetivo montante de indemnizações, entre 1988 e 2013. 

Na Figura 6.2 apresenta‐se a evolução, de 1996 a 2013, do número anual de ataques atribuídos ao lobo nos 

4 núcleos populacionais  identificados no último Censo Nacional de Lobo (2002/2003), verificando‐se uma 

tendência de subida para os núcleos populacionais do Peneda‐Gerês e, em menor grau, do Alvão‐Padrela, 

em oposição à tendência de decréscimo, observada desde 2006, para o núcleo populacional de Bragança. 

 

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14

N

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

900000

€Número de ataques atribuídos ao lobo

Montante das indemnizações correspondentes

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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Figura 6.2  ‐ Evolução do número anual de ataques atribuídos ao  lobo nos 4  núcleos populacionais (Peneda‐Gerês, Alvão‐Padrela, Bragança e Sul do Douro) entre 1996 e 2013. 

 

Como se pode verificar pela Figura 6.3, a distribuição dos prejuízos atribuídos ao lobo não é homogénea na 

área de presença da espécie, devido ao facto destas ocorrências dependerem de vários aspetos, entre os 

quais estarão as características da paisagem, a presença e abundância de presas selvagens, bem como das 

espécies  pecuárias  presentes  e  do  tipo de maneio das mesmas  e  ainda  da  densidade  e  comportamento 

predatório dos lobos presentes.  

Também  ao  longo  do  tempo  se  constatam  variações  no  número  e  área  de  ocorrência  dos  prejuízos. 

Comparando a distribuição do número de ataques por freguesia em 2013 com a de 2003, verifica‐se que 

ocorreu uma contração da área de ocorrência de ataques, sobretudo no distrito de Bragança, associada ao 

decréscimo do número de ataques já referido, e uma expansão da área de ocorrência de prejuízos na zona 

da Beira Interior (Figura 6.3). 

  

Evolução do nº de ataques atribuídos ao lobo nos 4 núcleos populacionais

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

Peneda/Gerês Alvão Bragança Sul Douro

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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  Figura 6.3 – Distribuição por freguesia do número de ataques atribuídos ao lobo indemnizados pelo ICNF em 2003 e em 2013. 

Nº de ataques 200301 - 1011 - 2324 - 4546 - 8182 - 184

0 25 50 75 100 Km

N

0 25 50 75 100 Km

N

Nº de ataques 2013

1 - 1011 - 2324 - 4546 - 8182 - 219

0

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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6.2 Caracterização geral dos prejuízos em 2013 

Analisando a  relação percentual entre o número de alcateias  identificadas no Censo Nacional de Lobo em 

2002/2003 e o número de ataques registados em 2013 na área associada a cada núcleo populacional, verifica‐

se que mais de 50% dos ataques ocorreram no núcleo da Peneda‐Gerês, que então albergava cerca de 25% 

das alcateias a nível nacional, enquanto que na área correspondente ao núcleo de Bragança, com cerca de 40% 

das  alcateias  identificadas,  ocorreram menos  de  5%  dos  ataques  registados  nesse  ano.  Embora  os  dados 

apresentados se reportem apenas ao ano de 2013, a aplicação deste tipo de análise a outros anos permitiu 

concluir que o padrão encontrado se mantém desde há vários anos. 

 

Figura 6.4 ‐ Relação percentual entre número de alcateias (a cheio) identificadas no Censo Nacional de Lobo 2002/2003 e número de ataques registados (a tracejado) por núcleo populacional em 2013. 

O relevo montanhoso, conjugado com a abundância de gado bovino e equino e o predomínio do regime de 

pastoreio livre destes animais, são provavelmente as razões que justificam que a área do núcleo do Gerês seja 

a de maior incidência de prejuízos. Por outro lado, o facto de na área do núcleo de Bragança os rebanhos – 

maioritariamente de gado ovino ‐ serem geralmente conduzidos por pastores e cães de gado e apresentarem 

dimensões relativamente reduzidas, contribui provavelmente para que este núcleo seja o menos afetado por 

prejuízos de lobo.  

De um total de 863 explorações afetadas com prejuízos atribuídos ao lobo em 2013, 75% sofreram entre 1 e 3 

ataques ao longo do ano, sendo que apenas 7% (n=62) foram atacadas de forma crónica, isto é, sofreram mais 

de 10 ataques durante esse ano, correspondendo a estas explorações 37% do total de ataques e 41% do total 

de  indemnizações (Figura 6.5). Atuar sobre estas explorações, nomeadamente no fomento das medidas de 

proteção do gado, é, assim, fundamental para reduzir os prejuízos causados pelo lobo, bem como o conflito 

existente com os produtores pecuários. 

0

10

20

30

40

50

60

Gerês Alvão Bragança Sul Douro

%

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Figura 6.5 – Percentagem das explorações pecuárias que sofreram ataques de lobo em 2013 em função do número de ataques registados ao longo do ano, na área de cada núcleo populacional identificado no Censo Nacional de Lobo 2002/2003. 

No que  respeita  ao  número  de  animais  afetados  em  cada  ataque  em 2013,  verifica‐se  que  a maioria  dos 

ataques atribuídos ao lobo afeta um pequeno número de animais, com 88% dos ataques a afetar entre 1 e 3 

animais (Figura 6.6). O núcleo do Gerês é o que apresenta uma maior percentagem de ataques com apenas 1 

animal morto devido ao facto de se tratar da área onde os bovinos e os equinos são mais afetados e destes 

animais estarem menos sujeitos a ataques com mortes múltiplas. Os ataques que afetaram 10 ou mais animais, 

embora raros (1,6%) foram responsáveis por cerca de 11% dos animais afetados no total e, como tal, de uma 

percentagem significativa do valor total das indemnizações a nível nacional, sendo também os que geram mais 

conflito.  Assim,  investigar  as  causas  destas  situações  de  forma  a  reduzir  a  sua  ocorrência,  deve  também 

constituir uma prioridade na gestão desta problemática. 

Figura 6.6 – Percentagem dos ataques de lobo registados em 2013 em função do número de animais 

afetados  (mortos  e  feridos),  na  área  de  cada  núcleo  populacional  identificado  no  Censo Nacional de Lobo 2002/2003. 

Ataques por exploração em 2013

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8 9 > 10

Nº de ataques de lobo

% d

e ex

plor

açõe

s pe

cuár

ias

Gerês Alvão Bragança Sul Douro

Animais afectados por ataque

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1 2 3 4 5 6 7 8 9 > 10

Nº de animais afectados

% d

e at

aque

s de

lobo

Gerês Alvão Bragança Sul Douro

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Figura 6.7 – Percentagem do número de animais das diferentes espécies pecuárias existentes na área de lobo (em cima) e predados pelo lobo (no meio), e percentagem do valor de indemnização atribuído por ataques de lobo às diferentes espécies pecuárias (em baixo). 

A  proporção  do  número  de  animais  de  cada  tipo  de  gado  predados  por  lobo  espelha  de  algum modo  a 

proporção  dos  efetivos  pecuários  existentes  em  cada  região,  sendo  que  o  Gerês  apresenta  a  maior 

percentagem  de  afetação  de  bovinos  e  equinos  e  Bragança  a  maior  afetação  relativa  de  ovinos,  que 

representam neste núcleo a quase totalidade dos animais afetados. Os núcleos do Alvão e do Sul do Douro 

% do nº de animais dos diferentes tipos de gado em cada núcleo de lobo e em toda a sua área de ocorrência (2009)

4,4 4,9 2,9 2,1 3,3

19,0 24,210,7 16,4 16,5

43,5

52,9 77,1 66,7 62,3

33,118,0

9,4 14,8 17,9

Gerês Alvão Bragança Sul Douro Nacional

Bovinos

Ovinos

Caprinos

Equideos

% do nº de animais de cada tipo de gado afectados por ataques de lobo na área de cada núcleo populacional e em toda a área de ocorrência (2013)

19,47,0 6,5 11,1

26,338,7 32,5 30,6

19,5

47,7

96,1

54,441,4

34,8

6,6 6,616,9

3,9

Gerês Alvão Bragança Sul Douro Nacional

Bovino

Ovino

Caprino

Equídeos

% do valor de compensação por tipo de gado na área de cada núcleo populacional e em toda a área de ocorrência de lobo (2013)

19,4 13,5 12,7 16,2

8,6 23,6

3,2

18,8 13,85,5

24,2 96,8 44,0

20,1

66,6

38,724,4

49,9

Gerês Alvão Bragança Sul Douro Nacional

Bovino

Ovino

Caprino

Equídeos

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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apresentam uma situação semelhante entre si, com os pequenos ruminantes a constituírem a grande maioria 

dos animais afetados. 

A nível nacional verificou‐se que, em 2013, a espécie mais predada foi de facto a mais abundante ‐ os ovinos, 

com 41% dos animais afetados. Não obstante, esta espécie foi menos predada que o esperado, tendo em conta 

que representa 67% do efetivo pecuário existente. Nos caprinos verificou‐se a situação inversa, pois apesar de 

representarem apenas 16,5% do efetivo pecuário existente, corresponderam a 30,6% dos animais afetados. 

De salientar que, apesar de gerarem um grande conflito social, os ataques de lobo são responsáveis pela perda 

de apenas 0,6% dos efetivos pecuários existentes na área de presença de lobo, sendo esse valor de 0,4% para 

os ovinos, de 1,2% para os caprinos, de 0,6% para os bovinos e de 2,1% para os equídeos (equinos e asininos). 

No  entanto,  devido  à  acentuada  variação  geográfica  da  intensidade  de predação,  esta  pode  resultar  num 

elevado impacto económico ao nível local ou da exploração pecuária. 

No que respeita aos valores das indemnizações atribuídas por ataques de lobo, as indemnizações relativas a 

bovinos  corresponderam  a  praticamente  50%  do  valor  total  pago  em  2013,  apesar  destes  representarem 

apenas cerca de 17% dos animais afetados, situação que decorre do elevado valor económico dos animais 

desta espécie.  

No núcleo do Gerês, apesar de se observar uma repartição mais ou menos equitativa do número de ataques 

registados  às  4  espécies pecuárias  (bovinos,  equinos,  caprinos  e  ovinos),  as  indemnizações  associadas  aos 

bovinos representaram a maior parte (67%) do valor das indemnizações neste núcleo populacional. No núcleo 

do Alvão a situação é ainda mais marcada, pois apesar dos ataques a bovinos representarem apenas 7% do 

total de ataques registado na área, esta espécie foi responsável por 39% do valor das indemnizações associadas 

a este núcleo. 

De referir que a Sul do Douro registaram‐se em 2013, à semelhança de 2012, alguns prejuízos em avestruzes, 

não incluídos nos gráficos anteriores, situação que, a par da recente reocupação da zona raiana beirã pelo lobo 

e do aumento do número de prejuízos registados em algumas explorações da Serra da Arada, é responsável 

pela subida no número de prejuízos registados na área correspondente a este núcleo populacional a partir de 

2012. 

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7. MORTALIDADE E AMEAÇAS 

7.1 Causas de morte 

Face  à  importância  da  informação  obtida  a  partir  de  lobos  mortos  para  a  conservação  desta  espécie,  foi 

implementado pelo ICNF, em 1999, o Sistema de Monitorização de Lobos Mortos de forma a assegurar um maior 

conhecimento  das  causas  de  morte  e  a  potenciar  o  desenvolvimento  de  estudos  com  relevância  para  a 

conservação da espécie, através da cedência de amostras biológicas a diversas entidades científicas. Para além 

da  coordenação  global,  o  ICNF  tem  a  seu  cargo  a  recolha  dos  cadáveres,  tendo  como  entidade  parceira  o 

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, responsável pela realização das necrópsias.  

Entre 1999 e 2014 foram recolhidos 100 lobos mortos, correspondendo a uma média de 6 a 7 lobos mortos 

recolhidos por ano, quase todos encontrados na área de presença regular da espécie, com exceção de um 

indivíduo, encontrado num local bastante afastado desta.  

Figura 7.1 – Localização de lobos mortos recolhidos no 

âmbito do SMLM, de 1999 a 2012. 

Dado que 12 dos cadáveres recolhidos ainda aguardam a realização de necrópsia, apresentam‐se de seguida 

os dados relativos a 88 exemplares recolhidos. 

O atropelamento foi a causa de morte mais detetada (35%), constituindo o tiro (20%), o laço (12%), doenças 

infeciosas (6%), o veneno (3%) e a agressão por outros canídeos (3%) as outras causas de morte determinadas. 

Em 10% dos animais analisados, a morte ocorreu devido a traumatismo de origem desconhecida e para outros 

10% dos cadáveres recolhidos não foi possível identificar a causa de morte.  

De  referir  que,  a  interpretação  e  utilização  dos  dados  obtidos  a  partir  de  animais  encontrados mortos  é 

limitada, na medida em que as causas naturais, bem como algumas antropogénicas, por originarem cadáveres 

difíceis  de  encontrar,  serão  certamente  subestimadas  relativamente  a  outras,  como  seja  por  exemplo  o 

atropelamento, cujos cadáveres são facilmente encontrados (ÁLVARES et al., 2010). Não obstante, em termos 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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de  conservação,  entende‐se  que  os  dados  assim  obtidos  são  extremamente  relevantes  por  constituírem 

indicadores dos níveis de mortalidade causada, diretamente e indiretamente, pelo Homem, e dos problemas 

de conservação relacionados com o lobo. 

 

Figura 7.2 – Causas de morte identificadas no âmbito do SMLM (N=88). 

O seguimento por telemetria GPS de lobos no Alto Minho, entre 2006 e 2013, permitiu estimar que a incidência 

real das causas de morte que mais afetam estas alcateias, resulta da perseguição ilegal por causas de origem 

humana. Num total de 15  lobos seguidos por  telemetria, 6  (40%)  foram mortos durante o seu período de 

seguimento, por tiro (N=3; 50%), laço (N=2; 33%) e veneno (N=1; 17%) (RIO MAIOR, et al., 2014). 

7.2 Doenças 

Das  doenças  infeciosas  ou  parasitárias  com potencial  impacto  na  dinâmica  populacional  e  no  estatuto  de 

conservação do lobo, conhece‐se a ocorrência na população desta espécie em Portugal do vírus da esgana, do 

parvovírus canino e da sarna sarcóptica. 

A infeção por vírus da esgana foi detetada como causa de morte de 3 lobos do SMLM, 1 no núcleo populacional 

de Bragança (1998) e 2 no núcleo do Sul do Douro (2008 e 2010). MÜLLER et al. (2011a) analisaram 2 destes 

casos (um em cada núcleo) e encontraram evidência de que o vírus terá tido origem na população de cães 

domésticos. Em dois estudos distintos, foram detetados anticorpos para o vírus da esgana em 11,1% (SANTOS 

et al., 2009) e em 25,9% dos lobos analisados (PNPG, 2010). O eventual impacto desta infeção na dinâmica 

populacional  do  lobo  em  Portugal  deve  ser  avaliado,  sobretudo  no  núcleo  populacional  do  Sul  do  Douro 

(MÜLLER et al., 2011b). 

O parvovírus canino foi detetado em 2 lobos do SMLM (de 5 animais analisados), não sendo considerado como 

causa de morte em nenhum deles  (as  causas de morte atribuídas a estes animais  foram atropelamento e 

esgana). No entanto não pode ser excluído que a infeção por este vírus tenha contribuído para a morte destes 

2 animais, provenientes dos núcleos populacionais do Gerês e do Sul do Douro. Foram detetados anticorpos 

para parvovírus em 18 de 49 lobos pertencentes aos núcleos a norte do Douro, ao contrário do observado em 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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7 lobos pertencentes ao núcleo do Sul do Douro, nos quais não foram encontrados quaisquer anticorpos para 

parvovírus  (SANTOS et al.,  2009;  PNPG, 2010). Os  animais  com anticorpos  são aqueles que  sobreviveram à 

infeção, pelo que a ausência de seropositivos no núcleo do Sul do Douro merece ser avaliada (MÜLLER et al., 

2011b). 

A sarna sarcóptica foi detetada em 4 lobos do núcleo populacional do Gerês e 1 do núcleo de Bragança. No 

núcleo do Gerês esta parasitose parece ser endémica, com uma proporção de animais seropositivos de 38% 

(PNPG, 2010; SANTOS et al., 2012). A sarna sarcóptica não foi confirmada como causa de morte de qualquer 

dos lobos analisados no âmbito do SMLM. 

Para  além  destes  agentes  patogénicos,  foi  detetada  a  ocorrência  dos  seguintes  agentes  ou  de  anticorpos 

específicos:  adenovírus  canino,  Babesia  canis/gibsonii,  Neospora  caninum,  Erlichia/Anaplasma  spp., 

Leishmania  spp,  Rickettsia  spp,  Borrelia  spp,  Eimeria  spp,  Sarcocystis  canis,  Cryptosporidium  spp, 

Ancylostoma/Uncinaria  spp,  Strongyloides  spp,  Toxocara  canis,  Toxascaris  leonina,  Trichuris  spp,  Eucoleus 

aerophilus,  Trichinella  britovi,  Taenia  hydatigena,  T.  serialis,  T.  pisiformis,  T.  polyacantha  e  Echinococcus 

intermedius (MAGALHÃES, 2003; SANTOS et al., 2004; FERREIRA, 2010; PNPG, 2010; SILVA, 2010; GUERRA et al., 2013; 

ROSA et al., 2013). 

7.3 Cães vadios e assilvestrados 

A  existência  de  cães  vadios  e  assilvestrados  é  apontada  como  um  dos  principais  fatores  de  ameaça  à 

sobrevivência  do  lobo.  Um  aspeto  que  assume  particular  importância  são  as  relações  que  se  podem 

estabelecer entre os  lobos e estes cães. Estes podem competir com os  lobos pelo espaço e pelo alimento, 

podendo mesmo atacá‐los quando aqueles estão em menor número ou até acasalar  com eles, originando 

híbridos férteis, como referido no Capítulo 4. Em populações saudáveis de lobo, o estabelecimento deste tipo 

de relações não parece constituir um perigo para o lobo. Com efeito, é relativamente frequente o consumo de 

cães  pelo  lobo.  Porém,  quando  a  população de  lobo  se  encontra  bastante  fragmentada  e  reduzida,  como 

acontece na maioria dos países da Europa Mediterrânica, a existência de cães assilvestrados e/ou vadios pode 

retardar ou mesmo  impedir  a expansão da população  lupina.  Em casos extremos poderá pôr em perigo a 

sobrevivência do lobo devido à poluição genética, ou seja, a integração e mistura de genes de origem canina 

na população lupina. Existem casos documentados (em vários países que não Portugal) de cães que se juntam 

a  grupos  de  lobos  ou  do  acasalamento  entre  cães  e  lobos,  sendo  comuns  as  observações  de  indivíduos 

resultantes destes cruzamentos. 

A predação que os cães exercem sobre os animais domésticos constitui  também um fator negativo para a 

conservação do lobo, nomeadamente em Portugal. O ceticismo generalizado relativamente à possibilidade de 

os cães poderem atacar o gado e os custos inerentes à utilização de técnicas que permitem determinar com 

fiabilidade o predador responsável por um ataque, fazem com que os prejuízos sejam geralmente atribuídos 

ao lobo. Este facto contribui para aumentar o conflito entre as comunidades rurais e o lobo, dificultando a 

criação das condições necessárias à conservação deste predador. 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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Pela importância desta problemática na conservação do lobo, o Grupo Lobo realizou, em 1995, um estudo que 

visou conhecer a situação dos cães vadios em Portugal (RIBEIRO, 1996). Este trabalho foi realizado através de 

inquéritos a diversos grupos de interesse: Associações de Caçadores, Associações de Agricultores, Associações 

de Criadores de Gado e a todas as Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Agrupamentos de Defesa Sanitária 

(atuais Organizações  de  Produtores  Pecuários)  e  Direções  Regionais  de  Agricultura  do  país.  Os  resultados 

obtidos foram integrados em mapas com a representação das divisões concelhias, e referem‐se ao período de 

tempo compreendido entre os anos de 1990 e 1995, inclusive.  

Os  resultados  obtidos  mostraram  que  o  fenómeno  dos  cães  vadios  é  generalizado,  verificando‐se  a  sua 

ocorrência em cerca de 95% do total de concelhos. A presença deste tipo de cães é considerada Ocasional em 

43,6% das respostas, Comum em 39,6% e Muito Abundante em 16,8%. 

Relativamente à sua origem, a principal causa é o abandono pelos donos  (63,6%),  sendo que em cerca de 

metade dos casos estes correspondem a caçadores que abandonam os seus cães durante ou após a época 

venatória. Os  cães  com dono, mas  sem controlo,  também constituem uma  fração  importante,  21%, desta 

população canina. 

O número de cães vadios observados em conjunto variou entre 1 e 30 animais. Contudo, as observações mais 

frequentes são de 2 a 3 indivíduos. As matilhas são constituídas, na maioria dos casos, por animais sem raça 

(56%) ou por cães do tipo “coelheiro” (30%), integrando animais do tipo “pastor alemão” apenas em 6% dos 

casos. Em 85% dos casos, os grupos são formados por cães de tamanhos diferentes.  

Os ataques de cães vadios às espécies cinegéticas consideradas no inquérito (coelho e perdiz) ocorrem em 

todo o país (82% dos concelhos), sendo considerados frequentes na maioria dos concelhos (72%). 

No que se refere aos ataques a animais domésticos, ocorrem por todo o território (67% dos concelhos), mas 

com maior  incidência nos concelhos do centro e sul do país. As espécies domésticas mais atacadas são os 

pequenos  ruminantes  (ovinos e  caprinos)  ‐  44% dos  ataques  registados  ‐  e  as  aves de  capoeira  ‐  37%. Os 

ataques a espécies de maior porte (bovinos, equinos, asininos) são menos frequentes. A utilização generalizada 

das lixeiras como fonte de alimento pelos cães vadios, referida em 91% dos concelhos onde a sua presença foi 

confirmada,  parece  indicar  que  estas  desempenham  um  papel  importante  na  sobrevivência  dos  cães 

abandonados. 

Em relação aos ataques de cães vadios a seres humanos, a sua maioria (78%) são de pouca gravidade, sendo 

que num caso resultou na morte da pessoa atacada. As classes etárias mais vulneráveis são as crianças (0 ‐ 10 

anos) e os adultos de meia idade (50 ‐ 60 anos). 

Um estudo mais recente, realizado no âmbito do Projeto LIFE‐COEX (LIFE04 NAT/IT/000144), referente ao ano 

de 2004 (baseado em 330 entrevistas pessoais realizadas em 49 concelhos dos Distritos do Porto, Vila Real, 

Aveiro,  Viseu,  Guarda  e  Castelo  Branco),  vem  confirmar  os  resultados  obtidos  em  termos  de  ocorrência 

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(estando estes cães presentes em todos os concelhos amostrados e sendo observados com frequência por 

74% dos inquiridos). O número de cães observados variou entre 1 e 10 animais juntos, sendo no entanto mais 

frequentes as observações até 4 indivíduos, sendo as matilhas constituídas geralmente constituidas por cães 

de médio ou grande porte (33%) ou cães de diferentes tamanhos (23%), geralmente sem raça definida (52%) 

ou raças usadas no exercício da caça (43%). Os grupos podem ser constituídos por cães com ou sem dono, 

sendo  que  para  os  cães  sem  dono,  a  origem  mais  frequentemente  referida  é  o  abandono,  de  cães  de 

companhia (50% dos casos) ou de caça (45% dos casos). Em 59% dos concelhos existiam registos de ataques 

destes cães a animais domésticos, principalmente a aves de capoeira (43%) e ovinos (41%), mas também a 

caprinos, gatos e outros cães (CORTEZ et al., 2005). 

Apenas a aplicação efetiva da legislação em vigor referente à posse e circulação de cães (obrigatoriedade do 

registo  e  licenciamento,  bem  como  identificação  dos  cães  através  de  uma  chapa  metálica  na  coleira  e 

identificação  eletrónica),  a  implementação  de medidas  preventivas  (educação  e  informação  do  público  e 

gestão correta das lixeiras), bem como o controlo dos cães vadios ou errantes (captura e abate), permitirão 

limitar eficazmente a população destes cães. É fundamental alertar a comunidade em geral, mas também as 

entidades responsáveis para a gravidade da situação atual e para as implicações da existência de cães vadios, 

tanto em termos ecológicos como económicos e de saúde pública. 

Com a obrigatoriedade de identificação eletrónica dos cães usados em ato venatório, a partir de 1 de julho de 

2004 e de todos os cães nascidos após 1 de julho de 2008 (Decreto‐Lei n.º 313/2003 de 17 de dezembro), a 

atualização  do  processo  de  captura  e  abate  destes  cães  e  a  criminalização  do  abandono  dos  animais  de 

companhia, é expectável que o número destes cães diminua, mas tal deverá ser confirmado com novos estudos 

pois desconhece‐se atualmente a real dimensão deste problema em Portugal. 

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Figura 7.3.1. Frequência de ocorrência de cães vadios nos diferentes concelhos do país.

 

Figura 7.3.2. Frequência de ataques de cães vadios a espécies cinegéticas (coelho e perdiz) nos diferentes concelhos do país. 

Figura 7.3.3. Frequência de ataques de cães vadios a animais domésticos nos diferentes concelhos do país. 

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8. ATITUDES PÚBLICAS 

O estudo e conhecimento da dimensão humana na gestão da vida selvagem é uma ferramenta crucial nas 

tomadas de decisão sobre a implementação de planos de gestão. Uma gestão bem‐sucedida deve ter em 

consideração a capacidade de ouvir e incorporar os interesses dos diferentes grupos envolvidos no processo 

de tomada de decisão, de forma a chegar a um consenso para a aceitação pública da decisão final.  

A maioria dos casos de gestão de grandes carnívoros tende a ser mais político‐social do que biológica. Quando 

falamos  deste  grupo  de  animais,  a  componente  humana  é  particularmente  importante,  uma  vez  que 

suscitam emoções contraditórias e atitudes discordantes, envolvendo vários setores da sociedade.  

As perspetivas e interesses existentes no seio das comunidades sobre o que é realmente importante proteger 

são  muito  diversos.  Por  exemplo,  a  indignação  dos  criadores  de  gado  com  os  prejuízos  económicos 

resultantes da predação do lobo no gado, a insatisfação dos caçadores devido à pretensa competição pelos 

ungulados selvagens, ou a preocupação dos ambientalistas com a perda de biodiversidade, são exemplos de 

questões‐chave que distinguem alguns dos diferentes grupos de interesse.  

Um dos métodos para conhecer melhor a componente humana na gestão da vida selvagem é a avaliação das 

atitudes, positivas ou negativas, dos vários grupos de interesse em relação a uma determinada espécie e às 

opções para a sua gestão. Assim, será possível determinar o grau de aceitação do público perante este tipo 

de práticas e compreender os diferentes lados da questão.  

Um projeto que envolva a componente humana deve focar‐se em várias questões que abordem o nível de 

conhecimento do público (o que sabe e o quão correto é esse conhecimento); as expectativas do público (o 

que espera e porquê); e as atitudes públicas (o que pensam as pessoas sobre uma espécie e como irão reagir 

a diferentes opções de gestão). Todo este conhecimento, integrado com os estudos biológicos, habilita os 

gestores a melhor gerir o conflito homem‐animal.  

Por vezes, é a “capacidade de carga social”, mais do que fatores biológicos ou ecológicos, que impossibilita a 

ocorrência de uma espécie numa determinada  região. Neste  tipo de situações, mais do que melhorar as 

condições de habitat, é necessário trabalhar com as populações locais no sentido de encontrar soluções para 

a coexistência de homens e predadores. Se as pessoas são parte do problema, também terão que ser parte 

da solução.  

Em Portugal, a investigação sobre a dimensão humana neste âmbito surgiu em meados de 1990 com estudos 

pontuais, focados na gestão do lobo, em especial devido aos conflitos históricos existentes com os criadores 

de gado, os caçadores e a população local. Em geral, as atitudes da maioria dos grupos são neutras, e o nível 

de conhecimento é baixo (Figura 8.1). 

 

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Figura 8.1. Nível médio de  conhecimento  sobre a  temática do  lobo de diferentes grupos‐alvo numa escala que varia entre 0 (muito baixo) e 12 (muito alto). Adaptado de ESPÍRITO‐SANTO et al., 2013. 

Os estudos levados a cabo pelo Grupo Lobo têm mostrado que a opinião sobre o lobo difere entre o público 

em geral e os grupos‐alvo, como os caçadores e os criadores de gado (ESPÍRITO‐SANTO, 2007, 2014; ESPÍRITO‐

SANTO et al., 2013). Estes grupos‐alvo manifestam geralmente menor recetividade à presença da espécie do 

que os restantes grupos mas, de um modo geral, não se registam atitudes muito polarizadas (Figuras 8.2, 8.3 

e 8.4).  

 

Figuras 8.2, 8.3 e 8.4. Índice de atitude média em relação ao lobo para três grupos‐alvo no distrito de Vila Real (público geral, criadores de gado e caçadores), sendo 0 muito negativa e 5 muito positiva. Adaptado de ESPÍRITO‐SANTO, 2014. 

Contudo, aceitam que a espécie exista noutros locais do país, que não se extinga, e que possa estar presente 

para as gerações futuras (Figuras 8.5, 8.6, 8.7 e 8.8). 

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Figuras 8.5, 8.6, 8.7 e 8.8. Frequência de respostas do total da população amostrada em relação a afirmações de âmbito geral sobre a presença de lobo em Portugal e na sua região. Adaptado de Espírito‐Santo, 2014. 

Há ainda a referir a existência de zonas “críticas” onde se entende que a expansão do  lobo poderá estar 

fortemente comprometida. Os fatores sociodemográficos que podem estar por detrás da atitude negativa 

das populações dessas zonas e, consequentemente, de comportamentos/ações prejudiciais à presença da 

espécie (p. ex. furtivismo), são difíceis de identificar.  

Apesar das pessoas referirem que a principal razão pela qual não querem que o número de lobos aumente é 

a predação destes sobre o gado e os prejuízos causados, verifica‐se que o facto de já terem sofrido prejuízos 

causados pelo lobo não é um motivo diretamente associado a uma atitude mais negativa. Curiosamente, a 

circunstância de a pessoa conhecer alguém que  já  teve prejuízos parece ser uma característica comum a 

quem mostra mais desagrado com a presença do lobo. Estes dados poderão estar relacionados com o facto 

de  as  pessoas  serem  bastante  influenciadas  por  notícias,  verídicas  ou  não,  e  por  vezes  alarmantes  e 

sensacionalistas,  sobre  ataques  de  lobos  com  perda  de  um  grande  número  de  animais.  Torna‐se  assim 

importante estar atento ao tipo de mensagem que os media passam nas regiões onde os conflitos com a 

espécie são maiores. 

Por outro lado, os trabalhos realizados mostram que o medo tem uma relação estreita com a atitude para 

com o lobo. Pessoas que temem o lobo tendem a ter uma atitude mais negativa. Na maior parte das vezes, 

não se trata de um medo relacionado com a perda de cabeças de gado por predação do lobo, mas sim um 

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medo pela segurança pessoal, ou seja, as pessoas acreditam que o lobo pode efetivamente atacar os seres 

humanos. Na delineação de medidas de sensibilização e informação da população, o conteúdo da mensagem 

a incluir nas ações deve sempre conter informações factuais que esclareçam o público‐alvo acerca da não 

perigosidade  do  lobo  para  os  seres  humanos  e  do  real  impacto  da  predação  do  lobo  sobre  os  animais 

domésticos, o qual é normalmente sobrevalorizado e sobrestimado.  

Os grupos abordados nestes estudos mostram‐se dispostos a contribuir para a gestão do  lobo,  referindo 

como questões relevantes e a serem tidas em consideração, a presença de cães assilvestrados, a caça furtiva 

de  lobo,  a  perda  de  habitat,  as  lacunas  nos  programas  de  educação  ambiental  e  a  pouca  divulgação  de 

informação científica sobre a espécie.  

O impacto económico que os ataques de lobo têm nas explorações agrícolas é o principal motivo de conflito 

com a espécie (MILHEIRAS & HODGE, 2011). Com base em sessões participativas com criadores de gado da região 

de Almeida, foram indicadas como razões do conflito resultante da predação sobre os animais domésticos o 

prejuízo  económico  e,  além  disso,  as  dificuldades  e  injustiças  que  se  entende  existirem  no  processo  de 

indemnização (burocracia, atrasos no pagamento, valores inferiores aos reais, forma de cálculo dos valores, 

falta de acesso aos resultados da perícia, nomeadamente da análise forense, e dificuldade em apresentar 

contraprova)  e  a  falta  de  esclarecimento  sobre  os mecanismos  do mesmo.  Para  diminuir  o  impacto  da 

predação é  frequentemente proposta  a não‐recolha das  carcaças para possibilitar o  seu aproveitamento 

integral pelo lobo. É ainda sentida a falta de um diálogo mais estreito, nomeadamente com as autoridades 

responsáveis pela conservação da natureza, e da procura de soluções que deem resposta às preocupações 

dos criadores de gado, bem como de um maior esclarecimento sobre os benefícios que o lobo fornece às 

comunidades rurais (VASCONCELOS, in prep). 

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9. O LOBO NA CULTURA POPULAR 

A  perceção  dos  humanos  face  ao  lobo  é  fortemente  determinada  pelas  características  socioeconómicas 

originais dos vários povos que com ele convivem. Neste contexto, as sociedades mediterrânicas baseadas na 

agricultura e pastoreio sedentário, onde se inclui o território português, possuíam uma atitude geralmente 

positiva face ao lobo. Tal reflete‐se no folclore e mitologia das várias civilizações pré‐históricas que habitaram 

esta região, como é exemplo o carácter divino e totémico do lobo na cultura Celta e na Grécia e Roma antigas. 

Com  efeito,  para  os  povos  de  influência  céltica  que  habitavam  a  Península  Ibérica  antes  das  invasões 

romanas, o lobo era considerado um animal sagrado, representando uma divindade de caracter funerário e 

um  animal  simbólico  protetor  dos  guerreiros,  frequentemente  representado  em  vasos,  urnas  e  pratos 

cerimoniais  (ÁLVARES,  2013).  Porém,  o  cristianismo  veio  trazer  uma mudança  radical  no  pensamento  do 

mundo  ocidental  face  à  natureza,  e  ao  lobo  em  particular,  o  qual  se  torna  uma  alegoria  do mal  e  das 

imperfeições humanas. Como resultado, a partir do início da Idade Média, instaura‐se uma perceção do lobo 

ligada ao  simbolismo de animal diabólico,  sendo considerado uma besta maligna e  feroz, devoradora de 

homens, mulheres e crianças. Ao longo dos últimos séculos, a literatura e o folclore tornaram‐se campanhas 

extraordinárias  desta  imagem  negativa  do  lobo,  como  são  exemplo  as  atuais  histórias  infantis  como  o 

“Capuchinho  Vermelho”,  que  produziram  um  efeito  profundo  na  perceção  atual  do  lobo  pela  cultura 

ocidental (BOITANI, 1995).  

 O lobo em Portugal persiste desde há milénios numa paisagem dominada por humanos influenciados pelos 

contextos civilizacionais atrás referidos. Desta forma, o lobo mais do que qualquer outra espécie da fauna 

selvagem exerce uma forte influência nas perceções e práticas das comunidades rurais, resultando num rico 

património  etnográfico  com  pouco  paralelismo  ao  nível  europeu.  Essa  convivência  com  o  lobo  surge 

fortemente estigmatizada do ponto de vista material e simbólico, dando origem a um vasto legado cultural 

(VENTURA, 2008; ÁLVARES et al., 2011; RODRIGUES, 2013). Com o objetivo de minimizar o risco de predação deste 

carnívoro  sobre  o  efetivo  pecuário,  as  populações  locais  desenvolveram  e  utilizaram  diversos  engenhos 

armadilhados  destinados  à  captura  e  morte  de  lobos,  sendo  de  destacar  as  armadilhas  permanentes 

edificadas em pedra seca, genericamente conhecidas por “fojos do lobo”. A área de edificação de fojos em 

Portugal  coincide maioritariamente  com os  principais  sistemas montanhosos  do Noroeste  do  país,  onde 

atingem um grau de especialização técnica e operativa na caça ao lobo sem paralelo a nível mundial (ÁLVARES 

et al., 2000, 2011).  

Junto das  comunidades  rurais,  a  perceção  face  ao  lobo ultrapassa  a das  suas  características biológicas  e 

comportamentais como predador do gado, construindo‐se em seu redor uma imagem complexa que ainda 

sobrevive  no  imaginário  popular  e  na  tradição  oral.  São  diversos  os  elementos  culturais  que  ilustram  a 

dimensão mítica  e  simbólica  do  lobo  no  Norte  de  Portugal,  os  quais  são  expressos  em  crenças,  lendas, 

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responsos, adágios e práticas. No que respeita a práticas tradicionais relacionadas como o lobo, é de destacar 

a utilização de partes do corpo do  lobo na medicina tradicional, para a cura de doenças em humanos ou 

animais domésticos. É o caso da “gola do lobo”, cujo ritual de utilização aparenta ter origem na assimilação 

de crenças pagãs com a religiosidade cristã e constitui uma prática ainda em uso numa região circunscrita do 

Norte de Portugal (ÁLVARES et al., 2011). Além destas manifestações culturais de origem ancestral, existem 

também os “mitos modernos” associados ao lobo. É o caso da ideia generalizada nas populações rurais de 

que  os  lobos  atuais  são  diferentes  dos  existentes  no  passado,  do  ponto  de  vista  morfológico  e 

comportamental,  e  que  resultam  de  libertações  massivas  e  deliberadas  por  parte  do  Estado,  de 

investigadores ou de grupos ecologistas (ÁLVARES, 1999). Esta crença parece resultar de uma generalizada 

falta de conhecimento das comunidades locais relativamente à morfologia e dinâmica populacional deste 

carnívoro, e muitas vezes constitui um importante constrangimento à investigação de campo e à aplicação 

de medidas de conservação destinadas ao lobo. 

Com base no atrás descrito, verifica‐se que junto das comunidades rurais, o lobo não possui uma imagem 

real  e  biológica,  mas  sim  uma  projeção  mítica  e  cultural.  De  forma  geral,  a  imagem  do  lobo  para  as 

comunidades agro‐pastoris apresenta um carácter duplo: por um lado, totémico e associado a uma figura 

benigna,  reminiscência  das  culturas  pagãs;  e  por  outro,  diabólico,  encarnação  dos  poderes  infernais  e 

herança da mentalidade cristã, fortemente potenciada na época medieval. Neste contexto, os esforços de 

conservação desta espécie implicam necessariamente um estreito envolvimento das comunidades rurais que 

com ele convivem. Por um lado, deverá ser assegurada uma retificação de mitos associados ao lobo através 

da sensibilização das comunidades locais, nomeadamente no que se refere a aspetos relativos à biologia, 

investigação e conservação da espécie. Porém, a herança cultural associada ao lobo, ainda bem patente em 

testemunhos materiais  e na memória  coletiva das  comunidades  locais,  apresenta‐se  também como uma 

oportunidade única e sem paralelo para o desenvolvimento de ações que promovam o valor recreativo e 

cultural  deste  carnívoro.  Estas  ações  deverão  valorizar  o  lobo  como  um  elemento  crucial,  não  só  na 

biodiversidade  regional  mas  também  na  identidade  da  cultura  e  tradição  populares.  Uma  vez  que  a 

distribuição  do  lobo  coincide  com  zonas  de  montanha  economicamente  desfavorecidas,  a  valorização 

económica e turística da imagem do lobo e do rico património cultural a ele associado pode constituir‐se 

como uma potencial fonte de rendimento económico no meio rural, podendo levar, no futuro, a um aumento 

da tolerância e aceitação deste carnívoro. 

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10. LEGISLAÇÃO NACIONAL 

Em Portugal o lobo apresenta, desde 1990, o estatuto de Em Perigo (EN), de acordo com o Livro Vermelho 

dos Vertebrados de Portugal (QUEIROZ et al. 2005 in CABRAL et al. 2005). 

A nível nacional, é a única espécie da fauna que tem uma legislação específica (Lei nº 90/88, de 13 de agosto 

‐ Lei de Proteção do Lobo ibérico ‐ e o Decreto‐Lei nº 139/90, de 27 de abril, que a regulamenta), pela qual é 

estritamente protegida. 

Relativamente  ao  seu  estatuto  legal  de  proteção,  é  considerada  uma  espécie  prioritária  de  interesse 

comunitário pela Diretiva Habitats, transposta para o direito interno pelo Decreto‐Lei n.º 140/99, de 24 de 

abril,  com  a  redação  dada  pelo Decreto‐Lei  n.º 49/2005,  de  24  de  fevereiro  e  alterada  pelo Decreto‐Lei 

n.º 156‐A/2013, que exige a designação de Sítios a  integrar a Rede Natura 2000 com vista à conservação 

desta espécie, bem como a sua proteção rigorosa em toda a área de distribuição. 

O lobo foi uma das espécies que esteve na origem da designação de 13 Sítios de Importância Comunitária a 

integrar a Rede Natura 2000. Deste processo resultou uma sobreposição em cerca de 30% da sua área de 

distribuição com Áreas Classificadas (Áreas Protegidas + Sítios de Importância Comunitária) (Figura 10.1).  

 

Figura 10.1 ‐ Sobreposição da área de distribuição do lobo e alcateias detetadas (Pimenta et al., 2005) com Áreas Classificadas (Áreas Protegidas + Sítios da lista Nacional). 

No que respeita às alcateias verifica‐se que, para cerca de 50% das alcateias detetadas em todo o país, a 

respetiva área vital sobrepõe‐se total ou parcialmente com Áreas Classificadas, o que demonstra que grande 

parte da população reprodutora de lobos em Portugal ocupa áreas com estatuto de proteção (Tabela 10.1). 

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Tabela 10.1 ‐ Proporção (%) da área de distribuição do lobo abrangida por Áreas Classificadas (AC) e Proporção (%) de alcateias com área vital total ou parcialmente abrangida por estas Áreas, a norte e a sul do rio Douro e a nível global. 

 % da área de distribuição do 

lobo abrangida por AC 

% de alcateias com área vital total ou 

parcialmente abrangida por AC          

Norte do Douro  30 Confirmadas  64 

59 Prováveis  33 

         

Sul do Douro  29 Confirmadas  50 

44 Prováveis  33 

         

Global  30 Confirmadas  63 

52 Prováveis  33 

A  percentagem  total  de  alcateias  cujas  áreas  vitais  se  sobrepõem  total  ou  parcialmente  com  Áreas 

Classificadas ultrapassa os 50% a norte do Douro, sendo um pouco inferior a esse valor a sul do Douro.  

No cumprimento dos objetivos da Diretiva Habitats, Portugal tem o compromisso de assegurar um estado de 

conservação favorável do lobo‐ibérico, o que implica que: 

A espécie deverá constituir, a longo prazo, um elemento vital dos habitats a que pertence, de acordo com a dinâmica das suas populações; 

A área de distribuição natural não deverá diminuir nem correr o risco de diminuir num futuro previsível; 

Deverá existir e ser assegurado habitat suficientemente amplo para que as suas populações se mantenham a longo prazo. 

O estado de conservação das espécies listadas nos anexos desta Diretiva é periodicamente (de 6 em 6 anos) 

objeto de avaliação. Com base na informação existente, Portugal procedeu em 2013 à avaliação do estado 

de  conservação  do  lobo  em Portugal  para  o  período  de  2007  a  2012,  tendo‐se  obtido  um  resultado  de 

“desfavorável” para a maior parte da área de distribuição da espécie. 

Este resultado, conjugado com o preceituado pelo Comité Permanente da Conservação da Vida Selvagem e 

Habitats Naturais da Europa (Convenção de Berna), designadamente nas suas recomendações n.º 17 (1989), 

n.º 43 (1995), n.º 59 (1997) e n.º 74 (1999), no âmbito da Conservação de Grandes Carnívoros na Europa, e 

pelo Plano de Ação para a Conservação do Lobo na Europa, preparado pela Large Carnivore Iniciative for 

Europe  (LCIE)  (BOITANI, 2000)  relevam a  importância de ser elaborado e  implementado, em Portugal, um 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo. 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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SALAZAR, D.C.  (2009). Distribuição e Estatuto do Veado e Corço em Portugal. MSc Thesis. Universidade de Aveiro, Aveiro. 101 pp. 

SANTOS,  N.,  ALMENDRA,  C.,  &  TAVARES,  L.  (2009).  Serologic  survey  for  canine  distemper  virus  and  canine parvovirus in free‐ranging wild carnivores from Portugal. Journal of Wildlife Diseases, 45(1):221‐226. 

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Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

63/67  

SANTOS, N., CARVALHO, H.,  RIO‐MAIOR, H., NAKAMURA, M. & ÁLVARES,  F.  (2012) Padrões  espacio‐temporais  da sarna  sarcóptica  em  canídeos  selvagens  e  domésticos  no  Parque  Nacional  da  Peneda‐Gerês.  III Congresso Ibérico do Lobo. 

SILVA, M.  (2010) Rastreio  de  parasitas  gastrintestinais,  pulmonares,  cutâneos  e  musculares  em  canídeos domésticos e silvestres no norte de Portugal. Tese de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, FMV‐UTL. 

SILVA, S. (2006). Aspetos da Biologia e Ecologia do lobo‐ibérico em parte da zona de atuação do Parque Natural do  Alvão  (Oeste  de  Trás‐os‐Montes).  Relatório  de  Curso  Pós‐graduado.  Universidade  de  Lisboa, Lisboa. 

THIEL, R.R. (1985). Relationship between road densities and wolf habitat suitability  in Wisconsin. American Midland Naturalist, 113:404‐407. 

TORRES,  R.T.,  ROCHA,  R.G.,  CRUZ,  T.,  CARVALHO,  J.,  SANTOS,  J.,  OLIVEIRA,  B.  &  FONSECA,  C.  (2012).  Plano  de reintrodução do corço (Capreolus capreolus) nas serra Freita, Arada e Montemuro. Relatório final. Departamento de Biologia & CESAM. Universidade de Aveiro, Aveiro. 75 pp. 

TORRES, R.T., SILVA, N., BROTAS, G., & FONSECA, C. (2015a). To Eat or Not To Eat? The Diet of the Endangered Iberian Wolf (Canis lupus signatus) in a Human‐Dominated Landscape in Central Portugal. PloS one, 10(6), e0129379. 

TORRES,  R.T.,  MIRANDA,  J.,  CARVALHO,  J.  &  FONSECA,  C.  (2015b)  Expansion  and  current  status  of  roe  deer (Capreolus capreolus) at the edge of its distribution in Portugal.  Annales Zoologici Fennici 51: 339–352. 

TORRES, R.T., VALENTE, A., MARQUES, T.A. & FONSECA, C. (2015c) Estimating red deer abundance using the pellet‐based distance sampling method. Journal of Forest Science 61(10): 422‐430. 

VALENTE, A.M., FONSECA, C., MARQUES, T.A., SANTOS, J.P., RODRIGUES, R. & TORRES, R.T. (2014) Living on the edge: roe deer (Capreolus capreolus) density in the margins of its geographical range. Plos One. 9(2): 1‐7. 

VASCONCELOS, L., ESPÍRITO‐SANTO, C., VENTURA, S. & LONGHITANO, L. (EM PREPARAÇÃO). PARTICIPATORY MEETINGS WITH 

LIVESTOCK OWNERS CONCERNING WOLF PRESENCE IN ALMEIDA. TECHNICAL REPORT ACTION E2. PROJECT MEDWOLF (LIFE11NAT/IT/069). 

VENTURA,  J.  (2008).  À  LAREIRA  DO MONTEMURO:  HISTÓRIAS  DE  LOBOS.  ED.  ASSOCIAÇÃO  PARA  A  DEFESA  DO  VALE  DO Bestança. 

VINGADA, J.V., FERREIRA, A.J., KEATING, A.L., SOUSA, J.P., SOARES, A.M.V.M., EIRA, C., FONSECA, C., FARIA, M., SOARES, M.,  LOUREIRO,  S.,  SENDIN, R. & FERREIRA,  S.  (1997). Conservação do  Lobo  (Canis  lupus)  em Portugal. Fomento e conservação das principais presas naturais do lobo. Relatório final do protocolo com o ICN, no âmbito do Programa LIFE (Projeto Conservação do Lobo em Portugal). Coimbra. 145 pp. 

VINGADA, J., FONSECA, C., CANCELA, J., FERREIRA & J., EIRA, C. (2010). Ungulates and their Management in Portugal. APOLLONIO, M., ANDERSEN, R. & PUTMAN, R.J (EDS). Cambridge: Cambridge University Press. 

64/67  

ANEXO I: Fontes bibliográficas para a situação de referência da monitorização do lobo entre 2004 e 2013

ÁLVARES, F. & G. FERRÃO DA COSTA (2006). Plano de Monitorização do lobo‐ibérico no âmbito da Ampliação do Parque Eólico de Pena Suar – Ano 

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ÁLVARES, F. & G. FERRÃO DA COSTA (2008). Plano de Monitorização do lobo‐ibérico no âmbito da Ampliação do Parque Eólico de Pena Suar – Ano 

2007 (3º Ano da Fase II) e análise global dos resultados. Relatório Técnico Final. ENERNOVA‐EDP/CIBIO‐UP. 44 pp.  

ÁLVARES, F., RIBEIRO, S. B., MONTERROSO, P. & PAUPÉRIO, J. (2007). Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico nos Sítios Rede Natura 2000 “Serras da 

Freita e Arada” e “Serra de Montemuro”. Ano I. Prossistemas. 38 pp. + Anexos.  

ÁLVARES, F., S. QUARESMA & G. FERRÃO DA COSTA (2005) b. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico nos Parques Eólicos da Serra da Freita (Freita I e 

Freita II). Análise da Situação Atual (Fase I). Lisboa, 34 pp. 

ÁLVARES, F., RIBEIRO, S. B. & MONTERROSO (2008). Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico nos Parques Eólicos da Serra da Freita (Freita I e Freita II). 

Relatório final da Fase II – Ano II. Prossistemas. 33 pp. + Anexos. 

ÁLVARES, F.  (2011). Ecologia e conservação do  lobo  (Canis  lupus, L.) no Noroeste de Portugal. Tese de Doutoramento. Universidade de Lisboa, 

Portugal. 

ARRIAGA, S.; PAIVA, A.;FONSECA, J.; LOPES, J.P.; MOREIRA, P. & MONTERROSO, P. (2009). Subestação de Vila Pouca de Aguiar 220 kv/60 kv e Linha  Vila 

Pouca de Aguiar‐Valdigem a 220 kV. Relatório Anual de Monitorização (2008/2009). Volume I – Relatório Técnico. REN/COBA. outubro de 

2009. 77 pp. 

BARBOSA, M.  (2012)  –  Seguimento  das  Alcateias  das Minas  e  das  Rachas  durante  o  ano  de  2012:  trabalho  de  campo  no  Parque  Natural  de 

Montesinho. (dados não publicados) 

BERNARDO, J., ROQUE, S., GODINHO, R., PEDRO, A.S. PETRUCCI‐FONSECA, F. & ÁLVARES, F. (2011). Plano de Monitorização do Lobo na Área das Alcateias da 

Lapa e Trancoso. Relatório Final – Ano I. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 47 pp + Anexos 

BIO3/GRUPO LOBO (2011). Monitorização do Lobo‐ibérico no Parque Eólico da Serra de Bornes. Relatório do 1º ano da Fase de exploração (2010). 

Bio3/Grupo Lobo, fevereiro de 2011. 40 pp. 

BIO3/GRUPO LOBO (2012). Relatório de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico da Meroicinha II e Parque Eólico do Alto do Marco. Relatório 

2 (Fase II – Construção), janeiro de 2012. 

BIO3/GRUPO LOBO (2012)b. Monitorização do Lobo‐ibérico no Parque Eólico da Serra de Bornes. Relatório do 2º ano da Fase de exploração (2011). 

Bio3/Grupo Lobo, abril2012. 39 pp. 

BIO3/GRUPO LOBO (2012) – Monitoirização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico de Mirandela. Relatório Ano 0. 46 pp. 

BIO3/GRUPO LOBO (2013) – Relatório de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico da Meroicinha II e Parque Eólico do Alto do Marco. Relatório 

4 (Fase III – Exploração), dezembro de 2013. 

BIO3/GRUPO LOBO (2013). Monitorização do Lobo‐ibérico no Parque Eólico da Serra de Bornes. Relatório do 3º ano da Fase de exploração (2012). 

Bio3/Grupo Lobo, abril 2013. 40 pp. 

CADETE D., PINTO S., BORGES C., SIMÕES F. & PETRUCCI‐FONSECA F.  (2012). O  Lobo na Região  Fronteiriça Portuguesa a  sul do  rio Douro: desafios  à 

monitorização e conservação. Poster session presented at: III Congresso Ibérico do Lobo, 2012 Nov 23‐25; Lugo (Spain). 

CADETE D., COSTA G., BORGES C. & SIMÕES F. (2014). Action A.2: Ex‐ante detailed survey of wolf presence in the Portuguese project areas. Final Report 

(Ribeiro S. & Petrucci‐Fonseca F., Coord.). Project LIFE MedWolf (LIFE11NAT/IT/069). Grupo Lobo/INIAV/FCUL, Lisbon, 52 pp. 

FERNÁNDEZ GONZÁLEZ, A., FERNÁNDEZ TUYA, P., MENÉNDEZ PÉREZ, D., GARCÍA GARCÍA, I., GARCÍA PÉREZ, J.A., TORRALBA BURRIAL, A., CALZÓN SALES, B., FERNÁNDEZ 

MENÉNDEZ, D., LOBATO CALVO, A. (2010). Seguimento das alcateias do lobo (Canis lupus) na bacia do Rio Tâmega. Ingenieros Asesores, S.A. e 

Biosfera, Consultoría Medioambiental, S.L. outubro de 2010. 113 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G., CÂNDIDO, A.T., QUARESMA, S., GRILO, C., COSTA, H. & ÁLVARES, F. (2004). Plano de Monitorização de Fauna na área dos Parques 

Eólicos de Pinheiro e de Cabril (Serra de Montemuro/Distritos de Viseu e Aveiro). Relatório Técnico Anual (Ano I – 2003). Prossistemas. 81 pp. 

+ Anexos. 

FERRÃO DA COSTA, G., QUARESMA, S., A.T. CÂNDIDO, GRILO, C. & ÁLVARES, F. (2005). Plano de Monitorização de Fauna na área dos Parques Eólicos de 

Pinheiro e de Cabril (Serra de Montemuro/Distritos de Viseu e Aveiro). Relatório Técnico Anual (Ano II – 2004). CIBIO. Prossistemas.  

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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FERRÃO DA COSTA, G., QUARESMA, S., A.T. CÂNDIDO, & ÁLVARES, F. (2006). Plano de Monitorização de Fauna na área dos Parques Eólicos de Pinheiro e 

de Cabril (Serra de Montemuro/Distritos de Viseu e Aveiro). Relatório Final (Ano III – 2005 & Análise Global dos Resultados 2003‐2005). CIBIO. 

Prossistemas. 143 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. & F. ÁLVARES (2007). PLANO DE MONITORIZAÇÃO DO LOBO‐IBÉRICO NO ÂMBITO DA AMPLIAÇÃO DO PARQUE EÓLICO DE PENA SUAR – ANO 2006. 

(2º ANO DA FASE II). RELATÓRIO TÉCNICO ANUAL. ENERNOVA‐EDP/CIBIO‐UP. 36 PP. 

FERRÃO DA COSTA, G; ALMEIDA, M.; GUERRA, A.M. & PETRUCCI‐FONSECA, F. (2009). Plano de Monitorização do Lobo. Parque Eólico Alto da Coutada. Ano 

0 – 2008‐2009. Lisboa, agosto de 2009. 52 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. (2010). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico da Serra do Barroso III. Relatório Técnico Anual 2009. fevereiro de 

2010. 48 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. (2011). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico da Serra do Barroso III. Relatório Técnico Anual 2010. fevereiro de 

2011. 48 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. (2012). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico da Serra do Barroso III. Relatório Técnico Anual 2011. fevereiro de 

2012. 58 pp. + Anexos 

FERRÃO DA COSTA, G. (2013). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico da Serra do Barroso III. Relatório Final de Projeto. março 2013. 60 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. (2014). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico da Serra do Barroso III – Reforço de Potência. Relatório Anual, Ano 0. 

março 2014. 58 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. & PETRUCCI‐FONSECA, F. (2008). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico de Negrelo e Guilhado. Relatório Técnico Anual 

2007. fevereiro de 2008. 25 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G. & PETRUCCI‐FONSECA, F. (2011). Plano de Monitorização do Lobo – Parque Eólico de Negrelo e Guilhado. Relatório Técnico Anual 

2010. abril de 2011. 36 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G., GUERRA, A.M.; ALMEIDA, M.; PETRUCCI‐FONSECA, F.; CORDEIRO, A.; MASCARENHAS, M.; COSTA, H. (2011). Monitorização do Lobo‐ibérico 

no Parque Eólico da Serra de Bornes. Relatório do 1º ano da Fase de exploração (2010). Bio3/Grupo Lobo, fevereiro de 2011. 40 pp. 

FERRÃO DA COSTA, G., BARRETO, D., FRAGOSO, C. & PETRUCCI‐FONSECA, F. (2012). Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico da Falperra‐

Rechãnzinha. Relatório do Ano 0. janeiro de 2012. Grupo Lobo. 30 pp. 

GRUPO LOBO (2012)a. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico do Alto da Coutada. Relatório de Projeto – 1º Ano de exploração 

(2011)  ENEOP2, maio de 2012, 93 pp. 

GRUPO LOBO (2012)b. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico do Alto da Coutada. Relatório final de projeto (2012)  ENEOP2, outubro 

2013), 93 pp 

GRUPO LOBO (2012)c. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico da Falperra. Relatório Ano 1 (2012). ENEOP2, dezembro 2012, 40 pp 

GRUPO LOBO (2013)a. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico de Vila Cova. Relatório Ano 1 (2012). ENEOP2, fevereiro 2013, 45 pp. 

GRUPO LOBO (2013)a. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico de Gevanças II. Relatório Ano 2 (2013). ENEOP2, maio de 2014, 39 pp. 

GRUPO LOBO (2014)a. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico de Gevanças II. Relatório Ano 2 (2013). ENEOP2, maio de 2014, 39 pp. 

GRUPO LOBO (2014)b. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico de Vila Cova. Relatório Ano 2 (2013). ENEOP2, maio de 2014, 39 pp. 

GRUPO LOBO (2014)c. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico. Parque Eólico da Falperra. Relatório Ano 2 (2013). ENEOP2, maio de 2014, 41 pp. 

OLIVEIRA,  P.,  GOMES,  C.,  VINGADA,  J.,  DIOGO,  H.,  FERREIRA,  J.,  RODRIGUES,  P.  &  EIRA,  C.  (2008).  Relatório  de Monitorização  de  Fauna.  Situação  de 

Referência. Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor. Ecovisão. Edição 2/0. setembro de 2008. 

PAUPÉRIO, J., RIBEIRO, S. B. & F. ÁLVARES (2006). Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico nos Parques Eólicos da Serra da Freita (Freita I e Freita II). 

Relatório da Fase II – Ano I (2005/2006). Prossistemas. 55 pp. + Anexos. 

PETRUCCI‐FONSECA, F. & FERRÃO DA COSTA, G. (2005). Plano de Monitorização da população lupina na área de influência do Parque Eólico da Serra do 

Alvão. 1ª Fase – Situação de Referência. Grupo Lobo/FCUL. Lisboa, setembro de 2005. Anexo ao RECAPE. 40pp. 

PETRUCCI‐FONSECA, F.; GUERRA, A.M.; FERRÃO DA COSTA, G. & EGGERMANN,  J.  (2006) a). Plano de Monitorização da População Lupina no âmbito da 

construção da A24  (IP3) e A7  (IC5) no Sítio Natura 2000 Alvão/Marão – Situação de  referência  (2005). Grupo Lobo e Centro de Biologia 

Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa, 54 pp. 

PETRUCCI‐FONSECA, F.; GUERRA, A.M.; FERRÃO DA COSTA, G. & EGGERMANN,  J.  (2006) b). Plano de Monitorização da População Lupina no âmbito da 

construção da A24 (IP3) e A7 (IC5) no Sítio Natura 2000 Alvão/Marão – – Relatório de progresso semestral do Ano II (2006).). Grupo Lobo e 

Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa, agosto de 2006, 32 pp. 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

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PETRUCCI‐FONSECA,  F.;  GUERRA,  A.M.;  FERRÃO  DA  COSTA,  G. &  EGGERMANN,  J.  (2007).  Plano  de Monitorização  da  População  Lupina  no  âmbito  da 

construção da A24 (IP3) e A7 (IC5) no Sítio Natura 2000 Alvão/Marão – Relatório Final do Ano II (2006). Grupo Lobo e Centro de Biologia 

Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa, 51 pp. 

PETRUCCI‐FONSECA, F.; GUERRA, A.M. & FERRÃO DA COSTA, G. (2008). Plano de Monitorização da População Lupina no âmbito da construção da A24 

(IP3) e A7 (IC5) no Sítio Natura 2000 Alvão/Marão – Relatório Final do Ano III (2007). Grupo Lobo e Centro de Biologia Ambiental da Faculdade 

de Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa, 48 pp. 

PETRUCCI‐FONSECA, F.; GUERRA, A.M. & FERRÃO DA COSTA, G. (2009). Plano de Monitorização da População Lupina no âmbito da construção da A24 

(IP3) e A7 (IC5) no Sítio Natura 2000 Alvão/Marão – Relatório Final do Ano IV (2008). Grupo Lobo e Centro de Biologia Ambiental da Faculdade 

de Ciências da Universidade de Lisboa. Lisboa, 48 pp. 

PETRUCCI‐FONSECA F., S. ROQUE, D. CADETE, I. AMBRÓSIO, G.F. COSTA & A. MARQUES. (2009b). Fatores que influenciam a população de lobo no Centro de 

Portugal: implicações para uma estratégia de conservação ‐ junho de 2005 a novembro de 2008. Relatório de Execução Material ‐ Projeto 

PPCDT/BIA‐BDE/60296/2004. Centro de Biologia Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa, 76pp. 

PETRUCCI‐FONSECA, F.; GUERRA, A. & FERRÃO DA COSTA, G. (2010). Plano de Monitorização da População Lupina, no âmbito da construção da A24 e A7 

no Sítio Natura2000 Alvão/Marão. Relatório Final de Projeto. Ano V (2009) & Análise Global. Grupo Lobo / Centro de Biologia Ambiental, 

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 88 Páginas. 

MACHADO, A. L., SILVA, B., BARREIRO, S., ALVES, P. & F. ÁLVARES (2005). Plano de Monitorização de Fauna (Lobo, Aves e Morcegos) na Área do Parque 

Eólico de Arga. Relatório Final da FASE I. CIBIO‐UP/Prossistemas – Consultores de Engenharia, S. A. 

MACHADO, A. L., RIBEIRO, S. B., PAUPÉRIO, J. & F. ÁLVARES (2006). Plano de Monitorização de Fauna (Avifauna, Lobo‐ibérico e Morcegos) na Área do 

Parque Eólico de Arga. Relatório Final do Ano I da FASE II. CIBIO‐UP/Prossistemas – Consultores de Engenharia, S. A. 

MACHADO, A. L., RIBEIRO, S. B., MONTERROSO, P. & F. ÁLVARES (2007). Plano de Monitorização de Fauna (Lobo, Aves e Morcegos) na Área do Parque 

Eólico de Arga. Relatório Final do Ano II da FASE II. CIBIO‐UP/Prossistemas – Consultores de Engenharia, S. A. 

MACHADO, A. L., RIBEIRO, S. B., CARDIA, P., MOREIRA, P., MONTERROSO, P. & F. ÁLVARES (2008). Plano de Monitorização de Fauna (Lobo, Aves e Morcegos) 

na Área do Parque Eólico de Arga. Relatório Final do Ano III da FASE II. CIBIO‐UP/Prossistemas – Consultores de Engenharia, S. A. 

MOREIRA,  L.  (2008).  Relatório  do  ensaio  de  um  método  de  monitorização  para  a  população  de  lobo  que  possa  ser  integrado  na  rede  de 

monitorização de biodiversidade do DGAC‐Norte 

NAKAMURA, M. & ÁLVARES, F. (2010). Situação populacional da alcateia da Cruz Vermelha. Relatório Técnico. CIBIO‐UP/VERANDA. 5 pp. 

NAKAMURA, M.; RIO MAIOR, H.; GODINHO, R. & ÁLVARES, F. (2012). Investigação Aplicada à Conservação do Lobo no Noroeste de Portugal. Componente 

I ‐ Monitorização Populacional e Avaliação de Impactes. Relatório Técnico – Ano V. CIBIO‐UP/ 92pp. +Anexos. 

NAKAMURA, M.; RIO MAIOR, H.; GODINHO, R. & ÁLVARES, F. (2013). Investigação Aplicada à Conservação do Lobo no Noroeste de Portugal. Componente 

I ‐ Monitorização Populacional. Relatório Técnico – Ano II. CIBIO‐UP/ 56pp. +Anexos. 

NAKAMURA, M.; RIO MAIOR, H.; GODINHO, R. & ÁLVARES, F. (2014). Investigação Aplicada à Conservação do Lobo no Noroeste de Portugal. Componente 

I ‐ Monitorização Populacional. Relatório Técnico – Ano III. CIBIO‐UP/ 57pp. +Anexos.Ribeiro, S.B., Paupério, J. & Álvares, F. (2007). Plano de 

Monitorização do Lobo‐ibérico na área do Parque Eólico de lagoa de D. João Feirão e Parque Eólico de Ribabelide. Relatório da Situação de 

Referência (2006/2007). CIBIO/Profico Ambiente. 36 pp + Anexos. 

RIO‐MAIOR, H. & ÁLVARES, F. (2007). Programa de Monitorização do lobo na área de implantação do Parque Eólico do Alto Minho I. Ano 1. Relatório 

técnico anual. Veranda/CIBIO. dezembro de 2007. 75 pp. + Anexos. 

RIO MAIOR, H.; R. GODINHO & ÁLVARES, F. (2008 a). Projeto de Investigação e Conservação do lobo no Noroeste de Portugal – Ano 1.  Relatório técnico 

Anual. Veranda/CIBIO. março de 2008. 95 pp. + Anexos 

RIO MAIOR, H.; NAKAMURA, M. & ÁLVARES, F. (2008 b). Programa de Monitorização do lobo na área de implantação do Parque Eólico do Alto Minho I 

‐ Ano 2. Relatório técnico anual. Veranda/CIBIO. dezembro de 2008. 79 pp. 

RIO MAIOR, H.; R. GODINHO & ÁLVARES, F. (2009 a). Projeto de Investigação e Conservação do lobo no Noroeste de Portugal – Ano 2.  Relatório técnico 

Anual. Veranda/CIBIO. março de 2009. 141 pp. + Anexos 

RIO MAIOR, H.; NAKAMURA, M. & ÁLVARES, F. (2009 b). Programa de Monitorização do lobo na área de implantação do Parque Eólico do Alto Minho I 

‐ Ano 3. Relatório técnico anual. Veranda/CIBIO. dezembro de 2009. 112 pp. 

RIO MAIOR, H.; R. GODINHO & ÁLVARES, F. (2010 a). Projeto de Investigação e Conservação do lobo no Noroeste de Portugal – Ano 3.  Relatório técnico 

Anual. Veranda/CIBIO. março de 2010. 74 pp. + Anexos. 

Plano de Ação para a Conservação do Lobo‐ibérico

67/67  

RIO MAIOR, H.; NAKAMURA, M. & ÁLVARES, F. (2010 b). Programa de Monitorização do lobo na área de implantação do Parque Eólico do Alto Minho I. 

Relatório técnico final. Veranda/CIBIO, dezembro de 2010. 107 pp. + Anexos. 

RIO MAIOR, H.; R. GODINHO & ÁLVARES, F. (2011). Projeto de Investigação e Conservação do lobo no Noroeste de Portugal.  Relatório técnico final. 

Veranda/CIBIO. março de 2011. 100 pp. + Anexos 

ROQUE S., R. GODINHO, D. CADETE, S. PINTO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2008). Plano de Monitorização do Lobo Ibérico nas áreas dos Projetos 

Eólicos das Serras de Montemuro, Freita, Arada e Leomil – Ano I. Relatório Anual. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 116 pp+Anexos 

ROQUE S., R. GODINHO, D. CADETE, S. PINTO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2009). Plano de Monitorização do Lobo Ibérico nas áreas dos Projetos 

Eólicos das Serras de Montemuro, Freita, Arada e Leomil – Ano II. Relatório Anual. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 195 pp+Anexos. 

ROQUE S., R. GODINHO, D. CADETE, S. PINTO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2010) a. Plano de Monitorização do Lobo Ibérico nas áreas dos Projetos 

Eólicos das Serras de Montemuro, Freita, Arada e Leomil – Ano III. Relatório Anual. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 141 pp+Anexos. 

ROQUE S., R. GODINHO, D. CADETE, S. PINTO, A.S. PEDRO, J. BERNARDO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2011). Plano de Monitorização do Lobo Ibérico 

nas áreas dos Projetos Eólicos das Serras de Montemuro, Freita, Arada e Leomil – Ano IV e Análise Integrativa dos Resultados (2006–2011). 

Relatório Final. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 193 pp.+Anexos. 

ROQUE, S., J. BERNARDO, R. GODINHO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2013). Plano de Monitorização do Lobo a Sul do Rio Douro – Zona Este: Relatório 

Final Ano I. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 85 pp + Anexos. 

ROQUE, S., F. MOREIRA, R. GODINHO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2014). Plano de Monitorização do Lobo a Sul do Rio Douro – Zona Este: Relatório 

Final Ano II. CIBIO‐UP/Grupo Lobo, 85 pp  + Anexos 

RODRIGUES,  P.;  CADETE, D.;  PINTO,  S. & ROQUE,  S.  (2009).  Parque  Eólico  do  Sabugal.  Estudo  de Monitorização  das  Comunidades  de  Aves,  Lobo, 

Morcegos, Flora e Vegetação. Relatório Final (Fase de Construção). Biota/Procme, 106 pp. 

RODRIGUES, P.; CADETE, D.; PINTO, S. & MALVEIRO, S. (2010). Parque Eólico e Linha Elétrica do Sabugal. Estudo de Monitorização das Comunidades de 

Aves, Lobo, Morcegos, Flora e Vegetação. Relatório Final (Fase de Exploração – 1º Ano). Biota/Tecneira (Grupo Procme), 130 pp. 

RODRIGUES, P.; AUGUSTO M.; MALVEIRO, S.; DIAS, C.; ROSA A.P.; CADETE, D. & PINTO, S.  (2012). Parque Eólico e  Linha Elétrica do Sabugal. Estudo de 

Monitorização das Comunidades de Aves, Lobo, Morcegos, Flora e Vegetação. Relatório Final (Fase de Exploração – 3º Ano). Biota/Lestenergia, 

160 pp. 

ROQUE S., D. CADETE, S. PINTO, F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES (2010) b. Plano de Monitorização do Lobo‐ibérico na área do Parque Eólico da Lagoa 

de D. João Feirão. Relatório Técnico Anual (2009/2010). CIBIO/Profico Ambiente. 40 pp + Anexos. 

ROQUE S., D. CADETE, S. PINTO,  F. PETRUCCI‐FONSECA & F. ÁLVARES  (2010)  c.  Plano de Monitorização do  Lobo‐ibérico na  área do Parque Eólico de 

Ribabelide. Relatório da Fase de Exploração (2009/2010). CIBIO/Profico Ambiente. 41 pp + Anexos. 

SARAIVA, T. ; PETRUCCI‐FONSECA, F.; FERRÃO DA COSTA, G.; BARRETO, D.& MARQUES, L. (2011). Monitorização do Parque Eólico da Serra do Alvão e Linha 

de Transporte de Energia. Relatório Anual de Monitorização do Lobo‐ibérico. Ecosativa, Lda. São Teotónio, janeiro de 2011. 32 pp. 

SIERRA, P & F. ÁLVARES (2005). Monitorização do lobo (Canis lupus) na área de influência do Parque Nacional da Peneda‐Gerês. Relatório Anual de 

Projeto. Grupo Lobo/PNPG. Lisboa. 32 pp. 

SOUSA, M.  J.;  SALGUEIRO. N.  C.;  COSTA, H.;  SAYANDA, D.;  BERNARDINO,  J.;  PEREIRA,  D. & QUARESMA,  A.  (2007).  Parque  Eólico  do  Sabugal.  Estudo  de 

Monitorização do Lobo. Relatório Final (Ano 0 – 2007). Procels/Tecneira, 21 pp. 

SOUSA, M. J.; SALGUEIRO. N. C. & FERRÃO DA COSTA, G. (2008). Parques Eólicos da Serra de Bornes. Monitorização do Lobo. Relatório Final. outubro de 

2008. Procesl 32 pp. 

TORRES R.T., ROCHA, R.G., CRUZ, T., CARVALHO, J., SANTOS, J., OLIVEIRA, B. & FONSECA, C. (2012) Monitorização do lobo a sul do rio Douro ‐ zona Oeste 

(Ano I). Relatório final. Departamento de Biologia & CESAM. Universidade de Aveiro, Aveiro. 

TORRES R.T., FERREIRA, E., ROCHA, R.G., MACEDO, A., OLIVEIRA, T., CARVALHO, J., & FONSECA, C. (2013) Monitorização do lobo a sul do rio Douro ‐ zona 

Oeste (Ano II). Relatório final. Departamento de Biologia & CESAM. Universidade de Aveiro, Aveiro.