planejamento tributÁrio para as microempresas com Ênfase no regime de tributaÇÃo simples...

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1 INTRODUÇÃO Hoje o Brasil sofre com alta carga tributária, visto ser uma das mais altas do mundo. O planejamento tributário é um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de tributos e surgiu como ferramenta para que o contribuinte possa diminuir o exorbitante valor pago de tributos e aumentar seu lucro. É sabido que os tributos (impostos, taxas e contribuições) representam importantes parcelas dos custos das empresas, senão a maior. Com a economia globalizada, tornou-se questão de sobrevivência empresarial a correta administração do ônus tributário. Planejamento tributário segundo Fabretti (2006, p. 32), é “ o estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo, pesquisando seus efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos onerosas, que exige antes de tudo, bom senso do planejador”. A problemática deste trabalho em questão é: de que forma o planejamento tributário pode, a partir de alternativas e escolhas lícitas, reduzir a carga tributária em uma microempresa do ramo de motos? Este artigo tem como objetivo geral demonstrar a relevância de se fazer planejamento tributário, mostrando seus benefícios e assim minimizar a incidência de impostos em uma microempresa do ramo de motocicletas, alcançando assim, melhores resultados econômicos. Os objetivos específicos são: 2

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O objetivo do presente estudo é demonstrar relevância e os benefícios do planejamento tributário para a redução da carga tributária de uma microempresa do ramo comercial de motos, adotando para essa redução o sistema único de arrecadação ou simples nacional (super simples).

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1 INTRODUO Hoje o Brasil sofre com alta carga tributria, visto ser uma das mais altas do mundo. O planejamento tributrio um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de tributos e surgiu como ferramenta para que o contribuinte possa diminuir o exorbitante valor pago de tributos e aumentar seu lucro. sabido que os tributos (impostos, taxas e contribuies) representam importantes parcelas dos custos das empresas, seno a maior. Com a economia globalizada, tornou-se questo de sobrevivncia empresarial a correta administrao do nus tributrio.Planejamento tributrio segundo Fabretti (2006, p. 32), o estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realizao do fato administrativo, pesquisando seus efeitos jurdicos e econmicos e as alternativas legais menos onerosas, que exige antes de tudo, bom senso do planejador. A problemtica deste trabalho em questo : de que forma o planejamento tributrio pode, a partir de alternativas e escolhas lcitas, reduzir a carga tributria em uma microempresa do ramo de motos?s encargos fiscais que recaem sobre ela

Este artigo tem como objetivo geral demonstrar a relevncia de se fazer planejamento tributrio, mostrando seus benefcios e assim minimizar a incidncia de impostos em uma microempresa do ramo de motocicletas, alcanando assim, melhores resultados econmicos. Os objetivos especficos so:

Analisar a importncia e os benefcios do planejamento tributrio para uma microempresa do ramo comercial de motos. Identificar e diferenciar a eliso e a evaso fiscal (sonegao fiscal);

Avaliar uma Microempresa do ramo comercial de motos e os tributos incidentes no sentido de analisar a relevncia e benefcio do planejamento tributrio para as operaes da entidade. Diante do exposto acima, a hiptese bsica :

Supe-se que o Planejamento Tributrio realizado com responsabilidade pelas microempresas pode resultar em grande economia nos nus tributrios;

As hipteses secundrias so:Acredita-se que o planejamento tributrio surge como uma alternativa para as microempresas tentarem amenizar o impacto da carga tributria nos seus negcios; Imagina-se que o planejamento tributrio tornou-se indispensvel e relevante frente a legislao tributria brasileira devido a sua complexidade; Supe-se que o planejamento tributrio deve ser implantado de maneira correta, e de forma contnua, para que se possa perceber seus resultados; O planejamento tributrio, forma lcita que dispe o contribuinte para reduzir sua carga tributria, exerce uma influncia determinante na busca por melhores condies de competitividade e de lucratividade e, porque no dizer, sua sobrevivncia no mercado. Como a carga tributria que incide sobre as empresas, micro empresa e empresas de pequeno porte considerado alta, podendo inviabilizar vrios negcios, ento compete ao contribuinte procurar solues para a reduo de seus encargos, buscando meio legais.

Assim, a utilizao da eliso fiscal a nica forma lcita de que dispe o contribuinte para reduzir sua carga tributria, sem que com isso, ocorra em qualquer tipo de penalidade ou ilicitude. Este trabalho se justifica pela importncia de se reduzir a carga tributria dentro das microempresas, pois o objetivo dessa diminuio, em momento algum, chega a ferir as normas tributrias vigentes no pas.

A metodologia dessa pesquisa ser exploratria de cunho bibliogrfico, de anlise documental e descritiva, procurando obter conhecimentos e definies acerca do assunto e problema que a pesquisa se prope a investigar, no intuito de torn-lo mais explcito. Trata-se de uma pesquisa descritiva que busca conhecer a existncia de certos fenmenos, identificando suas causas e propor solues para diminuio de impostos. A pesquisa ser efetuada em um escritrio de contabilidade e na loja de Motocicletas em questo (Moto Mais) onde sero acessados s demonstraes contbeis, demais documentos e informaes que sero fornecidas pelo contador responsvel pela microempresa. Mtodo um conjunto dos meios dispostos convencionalmente para alcanar um fim e especialmente para chegar a um conhecimento cientfico [...] e metodologia o estudo cientfico dos mtodos. (Mtodo,1998,p.842) De acordo com Lakatos e Marconi (2002, p. 83), [...] o mtodo o conjunto de atividades sistemticas e racionais que, com maior segurana e economia, permite alcanar o objetivo, traando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decises do cientista.

Demo (1987, p. 19), destaca a importncia da metodologia da pesquisa para as cincias da seguinte forma:Metodologia uma preocupao instrumental. Trata das formas de se fazer cincia. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da cincia tratar a realidade terica e prtica. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vrios caminhos. Finalmente, considera-se metodologia um instrumento do pesquisador, uma vez que atravs da especificao dos caminhos a serem adotados que se torna possvel delimitar a criatividade e definir como [...] se pretende captar a realidade de seus fenmenos (ALVES, 2003, p. 59).

Este trabalho enfatiza-se por ser: bibliogrfica e documental. Quanto ao carter documental, Gil (2002, p.45) destaca que a pesquisa documental vale-se de materiais que no receberam ainda um tratamento analtico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Gil (2002, p.45) conclui que a pesquisa documental tambm pode valer-se de documentos de segunda mo, que de alguma forma j foram analisados, tais como: relatrios de pesquisa, relatrios de empresa, tabelas estatsticas, etc.

Para Gil (2002, p.44): A pesquisa bibliogrfica desenvolvida com base em material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos. Entretanto, a pesquisa bibliogrfica dispe da vantagem de permitir ao investigador o aceso a um universo bem mais amplo do que aquele que poderia pesquisar diretamente, principalmente quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espao.

A pesquisa bibliogrfica, ou de fontes secundrias, abrange toda a bibliografia j tornada pblica em relao ao tema de estudo, desde publicaes avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartogrfico, etc., at meios de comunicao orais: rdio, gravaes em fita magntica e audiovisuais: filmes e televiso. Sua finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que j foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferncias seguidas de debates que tenham sido transcritas por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. (MARCONI ; LAKATOS, 2002, p.71).

De acordo com Gil (2002, p. 46-47), as pesquisas descritivas tm como objetivo primordial:

A descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou, ento, o estabelecimento de relaes entre variveis. [...] Essas pesquisas tm como preocupao central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Este o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razo, o porqu das coisas.

A pesquisa a exploratria, j que o problema levantado no conhecido em profundidade e apresenta muitas situaes que constituem campo para aprofundamento de estudos.

Exploratria, segundo Gil (2002, p.41): Estas pesquisas tm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torn-lo mais explcito ou a constituir hipteses. J Marconi e Lakatos (2002, p.20) destacam que estudos exploratrios enfatizam a descoberta de idias e discernimentos. Conclui-se que um trabalho de natureza exploratria quando envolve levantamento bibliogrfico, entrevistas e anlise de exemplos que estimulem a compreenso e tem como finalidade bsica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idias para que se formule abordagens posteriores.2 PLANEJAMENTO TRIBUTRIO O planejamento tributrio nas microempresas assegura o correto cumprimento das obrigaes fiscais, servindo para chamar a ateno na importncia da reduo da carga tributria no pas, no diferindo dos demais planejamentos aplicveis e recomendveis. Todos tm por objetivo a previso e alternativas de escolhas lcitas que conduzem ao resultado fiscal das microempresas aos resultados desejados. Pode-se definir planejamento tributrio como um processo de escolha e uma ferramenta de gesto, a qual objetiva viabilizar um custo menor, no simulada e sempre anterior ocorrncia dos fatos geradores dos tributos, que objetivarem direta e indiretamente a reduo destes nus.

Para Borges (2002, p. 56) planejamento tributrio conceitua-se :

Uma tcnica gerencial que visa proteger as operaes industriais, os negcios mercantis e as prestaes de servios, visando conhecer as obrigaes e os encargos tributrios inseridos em cada uma das respectivas alternativas legais pertinentes para, mediante meios e instrumentos legtimos, adotar aquela que possibilita a anulao, reduo ou adiamento do nus fiscal.

Planejar eleger, escolher entres opes lcitas aquela que possa oferecer melhores resultados a entidade. Ou seja, uma ferramenta para reduo de custos.

Nogueira (1995, p. 202) declara que:Ningum obrigado a escolher, entre varias formas possveis, aquela que seja sujeita a impostos mais altos [....], pois a possibilidade de uma estruturao, que em face da legislao tributria seja mais favorvel, corresponde ao interesse justo do contribuinte, reconhecido pela ordem jurdica.

Nas microempresas, a ausncia de planejamento tributrio deixa as mesmas em desvantagens no que se refere a competitividade de mercado. Todavia, as microempresas que em fazer uso do planejamento tributrio possui uma enorme perspectiva de lucros em relao a seus concorrentes. Para que as microempresas tornem-se competitivas em seus negcios necessrio esforos criativos, inovadores e dinmicos, ou seja, sob esse aspecto que o planejamento tributrio deve ser visto e utilizado. O sistema tributrio nacional tem incio, no plano constitucional, a partir da Emenda Constitucional n. 18, de 1965. Na vigncia da Constituio anterior, o ento sistema tributrio brasileiro colocava os Estados e Municpios em plano de inferioridade, sendo mesmo razovel afirmar-se que a Emenda n. 18 aboliu, por via indireta, a prpria Federao.

Assim, ao conceituar sistema tributrio, Greco (2000,p.99) considera como um complexo orgnico constitudo pelos tributos institudos no pas ou em dada regio autnomos e os princpios e normas que os regem. Assim, conseqentemente, pode-se concluir que o Sistema Tributrio Nacional compe-se dos tributos institudos no Brasil, bem como dos princpios e normas que regulam esses tributos

Quando se analisa o principal princpio regente do sistema tributrio nacional, Machado (2005, p.222) afirma que, no pas, adota-se o princpio da estruturalidade orgnica do tributo, onde a espcie tributria determinada pelo seu fato gerador, sendo irrelevante o nome atribudo ao tributo ou a destinao de suas receitas.

Machado (2005, p.222) ressalta que os sistemas tributrios podem ser rgidos e flexveis ou racionais e histricos. Assim, tem-se que:

Rgidos: so os sistemas nos quais o legislador ordinrio de quase nenhuma opo dispe, visto como a Constituio estabelece o disciplinamento completo, traando todas as normas essenciais do sistema.

Flexveis: so aqueles sistemas nos quais o legislador ordinrio goza de faculdades amplas, podendo, inclusive, alterar a prpria discriminao de rendas.

Racionais: so os sistemas elaborados luz dos princpios ditados pela Cincia das Finanas e tendo em vista determinados objetivos polticos.

Histricos: so aqueles resultantes da instituio de tributos sem prvio planejamento. Os tributos so institudos de forma casustica, sem qualquer preocupao com o todo. A rigor, no devem ser considerados sistemas, posto que a este conceito no correspondem (MACHADO, 2005, p. 222).

O CTN, mesmo que tenha sido votado como lei ordinria, uma vez que nessa poca no houvesse distino formal entre lei complementar e ordinria, s pode ser alterado mediante lei complementar. Assim, na parte em que regula matria prevista na vigente CF como privativa de lei complementar (CF, art. 140). Planejamento tributrio planejar como pagar menos impostos, ou seja, utilizar-se de meios legais que permitam a reduo do valor a ser pago dos tributos. Assim, a importncia do Planejamento Tributrio est em seu carter preventivo, decorrendo do fato de no se poder escolher alternativas, seno antes de se concretizar a situao. Com a consolidao dos fatos, normalmente, somente h duas alternativas: pagar ou no pagar o tributo decorrente da previso legal descrita como fato gerador. Mas, a opo de no pagar se caracterizar como prtica ilcita, sujeitando-se a organizao ao punitiva do Estado, caso este venha a tomar conhecimento de tal prtica.3 Conceito de Tributo O art. 3 do CTN - Cdigo Tributrio Nacional conceitua tributo :

Art. 3 - Tributo toda prestao pecuniria, compulsria em moeda ou cujo valor nela possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. ( Brasil, CTN) Quando conceitua tributo, Greco (2000, p. 60) acredita ser o financiamento que o setor privado promove ao setor pblico de forma coerciva, como meio de contribuir para o financiamento geral da atividade pblica, com caracterstica no-vinculada.

Tributo a prestao de dar e de pagar. No podemos falar em obrigao de fazer ou no fazer. Tributo o objeto da relao tributria. O tributo tem por objetivo carrear recursos financeiros para os cofres pblicos visando a satisfao das necessidades da coletividade. Segundo o art. 17 do Cdigo Tributrio Nacional CTN que os impostos componentes do sistema tributrio nacional so exclusivamente aqueles previstos em seu Captulo III, com as competncias e limitaes ali estipuladas. Ocorre que a vigente Constituio Federal previu a instituio de novos impostos, alm de atribuir Unio a denominada competncia residual. Conforme Fabretti (2006, p.109) pode-se resumir conceito de tributo, afirmando que sempre um pagamento compulsrio em moeda, forma normal de extino da obrigao tributria. Ou se autorizado por lei, o pagamento pode ser feito em outro valor que possa ser expresso em moeda. Assim, quando analisamos a competncia tributria podemos afirmar que a mesma no pode ser delegada, bem como possui limitaes a partir dos princpios jurdicos.3.1 Classificao dos Tributos de fundamental importncia a classificao dos tributos j que busca facilitar o estudo dos objetos classificados. Assim, Na abordagem de Machado (2005, p.298), classificam-se com base em dois critrios: competncia e quantificao.

No critrio de competncia, os impostos podem ser municipais, estaduais e federais, sendo bastante utilizada baseada na atual Constituio Federal, sendo rigorosamente jurdica.

J no critrio de quantificao, os impostos podem ser fixos ou graduados. Os primeiros quantificam-se diretamente pelo legislador, estabelecendo os valores a serem pagos de acordo com cada caso.

Segundo Machado (2005, p.298), os impostos fixos esto praticamente em desuso.Na verdade, como o imposto deve ser suportado em razo da capacidade contributiva, e o fato gerador do imposto nada mais do que um fato signo presuntivo de capacidade contributiva, o valor do imposto deve ser determinado em funo da quantificao desse fato. Deve ser proporcional capacidade contributiva. (MACHADO) 2005, p. 298. 3.2 Os Principais Impostos Incidentes No Sistema Tributrio Nacional, os principais impostos so: Imposto de Renda IR; Imposto de Exportao IE ; Programa de Integrao Social PIS; Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social COFINS; Imposto sobre Produtos Industrializados IPI; Imposto sobre Circulao de Mercadorias ICMS; e, Contribuio Social sobre o Lucro Lquido - CSLL. Imposto de Renda IR

O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, ou simplesmente imposto de renda, como geralmente conhecido, pertence competncia da Unio Federal, conforme Constituio Federal, art. 153, inc. III, e CTN, art. 43.

A carga tributria nacional afetada pela cobrana do Imposto de Renda IR, o qual recai sobre o lucro das pessoas jurdicas, com alquota de 15% para lucros mensais de at R$ 20.000,00, sendo aumentado para 25% para as parcelas que ultrapassarem este valor. Sua cobrana de fundamental importncia no oramento da Unio Federal. Tem, portanto, funo nitidamente fiscal. inegvel tambm a importncia do imposto de renda como instrumento de interveno do Poder Pblico no domnio econmico.

A base de clculo feita a partir do resultado da soma do percentual aplicado sobre a receita bruta mensal, somado dos ganhos de capitais, com receitas e resultados positivos, menos os rendimentos ou ganhos. Imposto de Exportao IE

Sobre o Imposto de Exportao IE, Motta Filho (2004, p. 40) afirma que compete Unio instituir e cobrar o referido imposto sobre os produtos nacionais ou nacionalizados. A Constituio brasileira considera que a cobrana de tributos aduaneiros no deve ser feita pelos Estados, mas pela Unio. No obstante, no Brasil nem sempre foi assim, pois na Carta Magna de 1946, esse imposto era de competncia estadual.

Sua funo vincula-se como instrumento de poltica econmica e menos relacionada ao provimento de recursos financeiros do Estado.

A cobrana desse imposto calculada com base no preo normal do produto, ou similar, ao tempo da exportao, em uma venda em condies de livre concorrncia no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato do Conselho Monetrio Nacional (MOTTA FILHO, 2004, p. 41).

4 Conceito Eliso Fiscal, Evaso Fiscal, Sonegao Fiscal e Fraude. Eliso condutas (atos ou omisses) lcitas, no simuladas e anteriores ao fato gerador. Na abordagem de Motta Filho (2004,p.33), nos dias atuais possvel diminuir as cargas tributrias, bastando para isto saber faz-lo, pois o mesmo pode ocorrer de duas formas distintas, legalmente ou no. A forma legal e mais difundida no meio contbil denomina-se eliso fiscal ou economia legal, ou seja, quando ocorre a correta realizao do planejamento tributrio. A esse respeito, o autor assegura que:

A eliso fiscal um conjunto de sistemas legais que visam diminuir o pagamento de tributos. O contribuinte tem o direito de estruturar o seu negcio da maneira que melhor lhe parea, procurando a diminuio dos custos de seu empreendimento, inclusive dos impostos. Se a forma celebrada jurdica e lcita, a fazenda pblica deve respeit-la (BORGES, 2002, apud MOTTA FILHO, 2004, p. 33).

Existem duas espcies de eliso fiscal:

1) aquela decorrente da prpria lei e

2)a que resulta de lacunas e brechas existentes na prpria lei.

No caso da eliso decorrente da lei, o dispositivo legal permite ou at mesmo induz a economia de tributos. Existe um interesse claro e consciente do legislador de dar ao contribuinte determinados incentivos fiscais. Os incentivos fiscais so exemplos tpicos de eliso induzida por lei, uma vez que o prprio texto legal d aos seus destinatrios determinados benefcios. o caso, por exemplo, dos Incentivos Inovao Tecnolgica (Lei 11.196/2005).

J a segunda espcie, contempla hipteses em que o contribuinte opta por configurar seus negcios de tal forma que se harmonizem com um menor nus tributrio, utilizando-se de elementos que a lei no probe ou que possibilitem evitar o fato gerador de determinado tributo com elementos da prpria lei. Temos como exemplo uma empresa de servios que decide mudar sua sede para determinado municpio, visando pagar o ISS com uma alquota mais baixa. Mas, quando o contribuinte ou a microempresa adota a forma ilegal de reduzir custos destinados ao pagamento de tributos est praticando a sonegao fiscal.

Segundo Amaral (2002, p. 67), sonegao fiscal :

todo ato doloso que consiste em falsear, inserir ou omitir declarao inexata em documento de natureza fiscal com a inteno de eximir-se, total ou parcialmente do pagamento de tributo.

Contribuindo com este tema, o art. 1 da Lei Federal n. 4.729, de 14 de julho de 1965, define sonegao fiscal como sendo:

Art. 1 Constitui crime de sonegao fiscal:

I prestar declarao falsa ou omitir, total ou parcialmente, informao que deva ser produzida a agentes das pessoas jurdicas de direito pblico interno, com a inteno de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;

II inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos ou operaes de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a inteno de exonerar-se do pagamento de tributos devidos Fazenda Pblica;

III alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operaes mercantis com o propsito de fraudar a fazenda pblica;

IV fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter deduo de tributos devidos Fazenda Pblica, sem prejuzo das sanes administrativas cabveis;

V exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficirio do pagamento, qualquer porcentagem sobre a parcela dedutvel ou deduzida do Imposto sobre a Renda como incentivo fiscal.

Conforme diz Eduardo Borges;

Evaso Fiscal so condutas ilcitas ou posteriores ao fato gerador, incluindo simulao, fraude e sonegao.

Sonegao toda ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendria;

1) da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal , sua natureza ou circunstncias materiais;

2) das condies pessoais do contribuinte, suscetveis de afetar a obrigao tributria principal ou crdito tributrio correspondente.

Fraude toda ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrncia do fato gerador a obrigao tributria principal, ou a excluir ou modificar suas caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir seu pagamento.

Assim, diante do exposto, pode-se concluir que sonegao fiscal ou fraude baseia-se na utilizao de procedimento que visam a violao direta da lei fiscal ou de seu regulamento, destaca-se que a fraude mais difcil de ser perdoada, uma vez que ela flagrante, bem como o contribuinte age conscientemente contra a lei.5 Microempresas Existem algumas limitaes para que uma empresa seja considerada uma micro ou pequena empresa (MPEs) no Brasil e, como conseqncia, aproveitar algumas vantagens desse status como, por exemplo, a incluso no Super Simples. Atualmente, existem trs definies utilizadas para limitar o que seria uma pequena ou micro empresa conforme diz a Lei Geral para as Micro Empresas. De acordo com essa lei, que foi promulgada em dezembro de 2006, as micro empresas so as que possuem um faturamento anual de, no mximo, R$ 240 mil por ano.

Outra definio vem do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A entidade limita as micro s que empregam atnove pessoas no caso do comrcio e servios, ou at 19, no caso dos setores industrial ou de construo. J as pequenas so definidas como as que empregam de 10 a 49 pessoas, no caso de comrcio e servios, e 20 a 99 pessoas, no caso de indstria. J rgos federais como Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) tm outro parmetro para a concesso de crditos. Nessa instituio de fomento, uma microempresa deve ter receita bruta anual de at R$ 1,2 milho; as pequenas empresas, superior a R$ 1,2 milho e inferior a R$ 10,5 milhes.

As micro e pequenas empresas esto amparadas por atos normativos que tm o pressuposto de simplificar a apurao e o recolhimento de impostos e contribuies, o cumprimento dos deveres instrumentais correspondentes, bem como os respectivos procedimentos de fiscalizao. o que determina o disposto no artigo 179 da Constituio Federal de 1988:

Art. 179 - A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios dispensaro s microempresas e s empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurdico diferenciado, visando a incentiv-las pela simplificao de suas obrigaes administrativas, tributrias, previdencirias e creditcias, ou pela eliminao ou reduo destas por meio de lei. (BRASIL, CF/88. p,82) Entretanto, observando a legislao tributria pertinente, contrariamente a uma viso preliminar, possvel verificar que as microempresas e as empresas de porte, como as demais empresas, esto sujeitas a "todos" os tributos vigentes, salvo expressas disposies legais em contrrio, conforme a competncia de cada pessoa poltica tributante.

Deste modo, a legislao das micro e pequenas empresas, em geral, reduzem a sua carga tributria, todavia, sem as isentarem do recolhimento dos diversos tributos vigentes. Inclusive quanto aos deveres instrumentais pertinentes (tambm denominados de "obrigaes acessrias") pouco h de simplificao, sendo que em alguns casos, especialmente em relao legislao do ICMS (conforme o Estado da federao) so at mais complexos do que o regime ordinrio.

Especialmente em mbito federal, no uso de sua competncia constitucional, a Unio, nos termos da Lei n 9.317/1996, atravs do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuies da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte - SIMPLES, favorece os contribuintes nele enquadrados, com a apurao e o recolhimento de diversos tributos atravs de um nico documento de arrecadao (DARF-SIMPLES), de forma centralizada pelo estabelecimento matriz, e calculados pela aplicao de uma nica alquota sobre o valor da receita bruta mensal, conforme a seguir .

De acordo com o artigo 2 da referida Lei n 9.317/1996, considera-se:

a) microempresa, a pessoa jurdica que tenha auferido, no ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00; e O enquadramento no SIMPLES opcional, conforme seu artigo 8, desde que o contribuinte no esteja includo em uma das "vedaes" dispostas na extensa lista de seu artigo 9.

Em termos de consolidao da legislao vigente, atualmente o regime tributrio aplicado pelo SIMPLES est regulamentado pela Instruo Normativa da Secretaria da Receita Federal (SRF) n 355/2003. Conforme demonstrado no quadro 1: MICROEMPRESA

Receita Bruta Acumulada no Ano - Calendrio

Percentual de Tributao das Empresas NO Contribuintes do IPI

Percentual de Tributao das Empresas Contribuintes do IPI

at R$ 60.000,00

3%

3,5%

de R$ 60.000,01 a R$ 90.000,00

4%

4,5%

de R$ 90.000,01 a R$ 120.000,00

5%

5,5%

Nota 1: A microempresa, optante pelo SIMPLES, que, no decurso do ano-calendrio, exceder o limite de receita bruta acumulada de R$ 120.000,00, estar sujeita, a partir, inclusive, do ms em que verificado o excesso, aos percentuais previstos para as empresas de pequeno porte, por faixa de receita bruta, observando sua excluso do regime, no ano subseqente, nessa condio, podendo, entretanto, inscrever-se como empresa de pequeno porte, desde que no haja ultrapassado o limite de receita bruta de R$ 1.200.000,00.

Nota 2: Esto acrescidos de 50% os percentuais referidos acima, em relao s atividades relacionadas como estabelecimentos de ensino fundamental (1 a 8 srie); centros de formao de condutores de veculos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga; agncias lotricas; e agncias terceirizadas de correios.

Nota 3: Alm do exposto na nota "2", acima, a partir de 1 de janeiro de 2004, a alquota total do SIMPLES para as pessoas jurdicas que aufiram receita bruta decorrente da prestao de servios, em montante igual ou superior a 30% da receita bruta total, foi majorada em 50%.

Quadro 1 Carga Tributria do Simples

Fonte:Disponvel em:< www.ncnet.com.br/contabil/tabelas/tabsimples.html> Cabe mais uma vez ressaltar que no h iseno de tributos, apenas simplificao da arrecadao e reduo da carga tributria, sendo que o valor devido mensalmente pelas microempresas e empresas de pequeno porte determinado mediante a aplicao dos seguintes percentuais sobre as faixas de receita bruta acumulada, at o prprio ms, conforme demonstrado no quadro acima.

Infelizmente em nosso pas, a maioria das microempresas encerram suas atividades com pouco mais de um ano de exerccio social, conforme pesquisas existentes. Dentre os fatores que contribuem para o encerramento das atividades, encontram-se aqueles relacionados falta de tecnologia. Outro fator importante para as microempresas a obteno de crdito. O Estatuto da Microempresa (Lei n. 9.841/99) estabelece tratamento diferenciado simplificado e facilitado na obteno de crdito nas Instituies Financeiras Oficiais, assim como o SEBRAE, que atravs de suas sedes estaduais e site oficial na Internet, viabiliza programas de microcrdito, atravs de editais. O Estatuto tambm estabelece que o limite de crdito deve ser concedido sem as exigncias de garantias, permitindo o aval.

6 Principais regimes de tributao As pessoas jurdicas de Direito Pblico vale dizer, a unio, os estados, o distrito federal, e os municpios, tem sua competncia tributria, que , uma parcela do poder tributrio. O exerccio dessa competncia, porm, no absoluto.

Em sentido amplo, possvel entender-se como limitao ao poder de tributar, toda e qualquer restrio imposta pelo sistema jurdico s entidades dotadas desse poder. Alis, toda atribuio de competncia implica necessariamente limitao.

Em sentido restrito, entendem-se como limitaes do poder de tributar o conjunto de regras estabelecidas pela Constituio Federal, em seus arts. 150 e 152 nas quais residem princpios fundamentais do Direito constitucional tributrio, a saber: legalidade (art.150 I); Isonomia (art. 150 II); Irretroatividade (art. 150, III, a); Anterioridade (art. 150, III, b); Proibio de confisco (art. 150, IV); Liberdade de trfego (art. 150, V); Imunidade (art. 150, VI); Outras limitaes (arts. 151 e 152).6.1 Simples Nacional O Simples Nacional que substituiu o Simples Federal, surgiu para amenizar os tributos impostos pelo governo, das micros e pequenas empresas, pois o sistema tem regras diferenciadas para ambas.

O Simples foi institudo pela MP n 1.526, de 1996, posteriormente convertida na Lei n 9.317, de 1996. Sofreu alteraes posteriores, a seguir apresentadas:

Lei no 9.528, de 1997, art. 4o;

Lei no 9.732, de 1998, art. 3o;

Lei no 9.779, de 1999, art. 6o;

Lei no 10.034, de 2000, arts.1o e 2o;

MP no 1.990-29, ltima edio com o no 2.189-49, de 2001, art. 14);

MP no 1.991-15, art. 40 e art. 47, inciso IV), ltima edio com o no 2.158-35, de 2001, arts. 40 e 93, IV;

MP n 2.113-30, de 2001, ltima edio com o no 2.158-35 (art. 57);

MP no 2.158-34, de 2001, ltima edio com o no 2.158-35, de 2001, art.73;

Lei n 10.194, de 2001, art. 1;

Lei n 10.426, de 2001, art. 7;

Lei no 10.637, de 2002, art. 26;

Lei n 10.684, de 2003, arts. 23 e 24;

Lei n 10.833, de 2003, arts. 19 e 82; Fonte: Disponvel em: