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1 Disciplina: Auditoria – 1 Turma “B” Professor: Wolney Resende de Oliveira Alunos: Cláudia Raquel Leão Brizolla – 06/17946 Diego Boaventura Soares – 05/17402 Guilherme Cardoso Miranda – 08/48701 Matheus Lara de Souza – 05/36792 Sérgio Ricardo – 06/39125 PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA – PARTE II Brasília, novembro de 2007.

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Disciplina: Auditoria – 1 Turma “B”

Professor: Wolney Resende de Oliveira

Alunos: Cláudia Raquel Leão Brizolla – 06/17946

Diego Boaventura Soares – 05/17402

Guilherme Cardoso Miranda – 08/48701

Matheus Lara de Souza – 05/36792

Sérgio Ricardo – 06/39125

PLANEJAMENTO DOS TRABALHOS DE AUDITORIA – PARTE II

Brasília, novembro de 2007.

ÍNDICE

1. Introdução .......................................................................................... 03

2. Principais Procedimentos de Auditoria .............................................. 04

3. Vantagens e desvantagens do Planejamento ................................... 07

4. Planos de Auditoria ........................................................................... 08

5. Planejamento do Trabalho ................................................................ 11

6. Riscos de Auditoria ........................................................................... 18

7. Testes de Auditoria ........................................................................... 19

8. Conclusão ......................................................................................... 26

9. Referências Bibliográficas ................................................................ 27

3

INTRODUÇÃO

O planejamento do trabalho de auditoria consiste num processo

sistemático que permite ao auditor executar seu trabalho da maneira mais

objetiva e eficiente possível.

No presente trabalho serão apresentados alguns aspectos

indispensáveis para que o auditor estabeleça de maneira correta as metas de

seu serviço, fazendo com que a atividade possa ser realizada com excelente

qualidade e o menor custo possível.

Assim, para que o planejamento possa ser elaborado corretamente, faz-

se necessário o entendimento de algumas etapas que compõem a sua

estrutura, como por exemplo: os principais procedimentos a serem adotados;

as vantagens e desvantagens em se fazer planejamento; os planos de

auditoria; os riscos de auditoria; e os testes necessários.

Desse modo, o objetivo deste trabalho é tentar demonstrar da maneira

mais simples e concisa a importância do planejamento num trabalho de

auditoria, evidenciando conceitos e etapas fundamentais para a sua

consecução.

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PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

O planejamento da auditoria compreende a desenvolvimento de um

programa e uso de procedimentos que irão pautar o conhecimento do auditor

sobre determinada entidade e possibilitar a formação de um parecer da

mesma.

Segundo a norma NBC-T-11, o Conselho Federal de Contabilidade

conceitua procedimentos de auditoria como:

“Conjunto de técnicas que permitem ao auditor obter

evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar

sua opinião sobre as demonstrações contábeis auditadas e

abrangem testes de observância e testes substantivos”.

A aplicação desses procedimentos deve ser realizada em função da

complexidade e volume das operações, por meio de provas seletivas, testes e

amostragens. Cabe ao auditor, baseado na análise de riscos e outros

elementos que possuir, a determinação da amplitude dos exames necessários

para se obter elemento de convicção válidos.

Os testes de observância têm por objetivo a obtenção de uma segurança

que os procedimentos do controle interno estão efetivamente funcionando e

sendo cumpridos. O auditor deve considerar os procedimentos técnicos

básicos, como, inspeção, observação, investigação e confirmação, cálculo e

revisão analítica. A inspeção consiste no exame de registros, documentos e de

ativos tangíveis. A observação é o acompanhamento de processo ou

procedimento quanto a sua execução. A investigação e confirmação dizem da

obtenção de informações junto a pessoas ou entidades conhecedoras da

transação, interna ou externa. O cálculo é o ato de conferir a exatidão

aritmética de documentos que comprovem as transações, registros e

demonstrações contábeis. A revisão analítica é a verificação do

comportamento de valores representativos, mediante índices, quocientes,

quantidades absolutas ou outros meios, que identifiquem as situações ou

tendências atípicas.

A obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos

dados produzidos pela contabilidade, cabem aos testes substantivos, estes

divididos em transações e saldos, e procedimentos de revisão analítica. Na

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aplicação destes testes o auditor deve objetivar as conclusões quanto à

existência, se o comportamento patrimonial existe em certa data, quanto aos

direitos e obrigações, se existem em certa data efetivamente, quanto à

ocorrência, se o fato gerador já ocorreu, quanto à abrangência, se todas as

transações estão devidamente registradas, e quanto à mensuração,

apresentação e divulgação, se os itens estão de acordo com os Princípios

Fundamentais de Contabilidade e as Normas Aceitas no Brasil. Logo o auditor

deve desenvolver um entendimento do negócio para compreender a substância

econômica das transações de uma entidade e de que forma os princípios são

aplicados, e para o desenvolvimento de expectativas a respeito das

demonstrações contábeis. O auditor decomporá a auditoria das principais

contas e classe de transações, em auditoria de afirmações que contam em

cada saldo de conta e classe de transações presentes nas demonstrações.

Boyton (2002, p.179) mostra as categorias de afirmações nas demonstrações

que o auditor irá avaliar e tomar como decisões preliminares e averiguar as

evidências, “diferentes afirmações exigem diferentes evidências”. Observe:

Categoria de Afirmação Natureza

Figura: Categorias de afirmações em demonstrações contábeis

Segundo Crepaldi (2004), os principais procedimentos no planejamento

de auditoria a serem tomados são: as providências para a reunião com a

gerência, a reunião com a gerência da empresa, as informações a serem

obtidas da empresa, e o planejamento das horas de trabalho.

Existência ou Ocorrência

Integridade

Direitos e Obrigações

Avaliação ou Alocação

Apresentação e Divulgação

Ativos e passivos da entidade existem em determinada data e transações de

receitas e despesas ocorreram durante determinado período.

Todos as transações e contas que deveriam ser incluídas nas

demonstrações contábeis realmente o foram.

Ativos são os direitos da entidade e passivos são suas obrigações em

determinada data.

Quantias pelas quais componentes de ativos, passivos, receitas e despesas

foram incluídos nas demonstrações contábeis são adequadas.

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Das providências para a reunião com a gerência, incluem-se: a leitura

das atas de reuniões com acionistas e conselhos, leitura dos relatórios emitidos

pela auditoria interna, visita à fábrica e principais departamentos, conhecer as

legislações que regem a empresa em exame, comparação das demonstrações

e principais contas, em caso de primeira auditoria visitar o auditor externo

anterior e fazer leitura de seus papéis de trabalho, leitura do parecer e das

demonstrações financeiras do exercício anterior e leitura do relatório-

comentário do exercício social anterior.

Nas providências para a reunião com a gerência, devem-se discutir as

informações obtidas até então, e indagar se ocorreu alguma mudança na

natureza dos negócios, políticas financeiras, práticas contábeis, ou outros

procedimentos que ocasionariam um viés na análise do auditor.

O auditor deve enviar uma carta à empresa solicitando as informações

necessárias para a execução de seu serviço, como, cópias das

demonstrações, análise de contas, reconciliações bancárias, extratos

bancários, cópias de atas, cópias de contratos de empréstimos a longo prazo.

Na carta devem estar expostas quais contas, análises e reconciliações que o

auditor externo necessita, também, devem conter datas de cada informação, de

prometimento por parte da empresa e recebimento pelo auditor, e o funcionário

responsável. Isso auxiliará o auditor na organização de seu planejamento,

estabelecendo prazos para a realização dos serviços de auditoria.

Cabe ao auditor o planejamento das horas, estabelecendo a distribuição

de horas entre as visitas preliminares e finais, por classe de profissional e área

de auditoria, baseando-se no levantamento que determinou o valor do preço do

serviço de auditoria, a experiência adquirida na execução das providências

tomadas com a gerência e informações obtidas, e claro, com sua experiência

profissional.

Os procedimentos são atos a serem aplicados, os principais tipos que

são freqüentemente aplicados:

• Comparação dos demonstrativos e relatórios com os registros

contábeis.

• Comprovação com registros e inspeção de documentação.

• Inspeção física ou visual.

• Confirmação direta de terceiros (circularização)

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• Testes matemáticos globais

• Inquirição oral

• Exame de documentos importantes

• Exame Analítico.

Também a seleção de procedimentos pode ser divida nas principais

áreas das demonstrações contábeis: disponibilidades, contas a receber,

estoques, realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado, diferido,

fornecedores, financiamentos, provisão para imposto de renda, impostos a

recolher, salários e contribuições sociais, demais contas a pagar, patrimônio

líquido, resultado e outras, por exemplo, seguros.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO PLANEJAMENTO

1. Vantagens:

*Fixar a importância relativa a cada trabalho.

*Discutir o exame das áreas de maior prioridade.

*Possibilitar a divisão racional do trabalho entre os elementos da equipe.

*Facilitar a administração do trabalho.

*Prever a descoberta de problemas.

*Pode ser utilizado, com adaptações, em outros trabalhos.

2. Desvantagens:

São mais difíceis de ocorrer e quase sempre estão relacionadas com a

má preparação do programa. Por outro lado um programa pode ofuscar a

capacidade de produção pessoal, tornando o trabalho do auditor mecanizado.

E também há risco de o planejamento não deixar bem explícito todos os

procedimentos, e por sua vez um procedimento deixe de ser aplicado no

momento devido. As desvantagens podem ser eliminadas se o auditor souber

claramente o motivo que o leva a aplicar determinado procedimento, além de

saber como aplicá-lo, também, deve ter suas causas definidas. Outro ponto é a

importância de manter em sigilo o planejamento de auditoria, pois o

conhecimento por funcionários internos poderia ocasionar a tentativa de

manipulação de dados para encobrir fraudes ou irregularidades.

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PLANOS DE AUDITORIA

Segundo Crepaldi (2004) o plano de auditoria consiste numa série de notas que abrangem o objetivo geral e a maneira de conduzir os trabalhos do auditor. Tais planos são elaborados com a finalidade de formalizar o planejamento (servindo de elemento comprobatório dos métodos de planejamento) e também para coordenar os procedimentos da auditoria, evitando que elementos relevantes sejam ignorados e que trabalhos feitos em épocas anteriores e que porem não tem mais funcionalidade sejam utilizados no exercício auditado. Os planos devem ser preparados especificamente para cada auditoria de forma a atender as necessidades do cliente no período em questão. De qualquer forma devem abranger comumente os seguintes pontos:

• Objetivos: O menos que se pode esperar de quem planeja uma auditoria é a definição clara do alcance do trabalho.

• Problemas especiais: Devem ser escritos com detalhes todos os problemas especiais que poderão ser encontrados na entidade auditada.

• Previsões de horas e esquema de trabalho: A previsão de horas constitui parte essencial do plano de auditoria, pois além de servir como controle na condução dos trabalhos, evita atrasos na finalização dos serviços prestados.

• Documentação e informações complementares: O plano deve conter também uma lista de todas as instruções especiais emitidas pelo cliente.

A ocasião mais simples para se preparar um plano de auditoria é no término dos trabalhos, pois os fatos e números são definitivos e não haverá dúvidas sobre os detalhes do plano seguido, mas esse procedimento acaba por anular a finalidade de preparar um plano, pois esses logicamente devem ser preparados antes das atividades do auditor. O momento mais conveniente para se começar a preparar um plano de auditoria então, se dá na conferência preliminar com o cliente, quando são discutidos os prazos de encerramento das contas, os problemas especiais e outros fatos que são a base para a formação do plano. Em seguida deve-se fazer um plano preliminar que deve cobrir ao menos o trabalho na área do controle interno sendo que esse será revisado após a contemplação das falhas e pontos fortes do controle interno. Com a preparação de programas mais detalhados o plano de auditoria começa a tomar forma e à medida que progride o trabalho deverão ser revisados segundo as necessidades. A redação do plano pode ser feita por qualquer pessoa, porém a responsabilidade básica por sua preparação cabe ao gerente encarregado ou ao sócio, se não houver gerente designado. Em beneficio da eficiência e do treinamento dos auditores, o sênior deve ser estimulado a dar toda a sua contribuição para a preparação do plano e, salvo em casos excepcionais, o gerente nunca deve preparar o plano sozinho.

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Modelo de Plano de auditoria:

Fonte: Crepaldi, 2004.

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Modelo de orçamento por horas: Fonte: Crepaldi, 2004.

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Modelo de orçamento em moeda:

Fonte: Crepaldi, 2004.

PLANEJAMENTO DO TRABALHO

As normas de auditoria geralmente aceitas exigem que o trabalho de

auditoria seja adequadamente planejado. Planejar significa estabelecer metas

para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e a um menor

custo possível. Segundo Crepaldi (2004), são etapas do planejamento:

• adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e

forma de organização da empresa;

• planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares;

• obter maior cooperação do pessoal da empresa;

• determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria;

• identificar previamente problemas relacionados com contabilidade,

auditoria e impostos.

Como adquirir conhecimentos sobre a empresa auditada

O auditor externo deve adquirir ou restabelecer conhecimentos sobre a

empresa para que possa planejar e efetuar seu exame de acordo com as

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normas de auditoria geralmente aceitas. Para obter esse conhecimento, deve

estudar, principalmente, as seguintes áreas da empresa:

Financeira

• comportamento do fluxo de caixa;

• se as operações da empresa estão gerando recursos suficientes para

sustentá-la financeiramente;

• principais credores bancários, encargos financeiros e formas de

pagamento;

• possíveis problemas de liquidez;

• se os fornecedores estão sendo pagos em dia;

• principais fornecedores e suas condições financeiras;

• se existem contas de clientes em atraso;

• principais clientes e suas condições financeiras;

• principais investimentos feitos ao longo do ano e a situação econômico-

financeira das empresas investidas.

Contábil

• princípios contábeis adotados na elaboração das demonstrações

contábeis;

• uniformidade de um exercício social para outro, na aplicação desses

princípios;

• quando as demonstrações contábeis estarão prontas;

• se as análises das contas estão sendo preparadas regularmente ao

longo do ano;

• se foram ou estão sendo tomadas providências para corrigir as

irregularidades ou erros identificados nas análises das contas.

Orçamentária

• situação atual do orçado em comparação com o incorrido;

• explicações para as variações significativas entre o orçado e o real;

• projeções até o fim do exercício social;

• pessoal;

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• políticas de admissões;

• políticas de treinamento;

• políticas de avaliação;

• políticas de aumentos salariais;

• estrutura organizacional da empresa;

• saída de funcionários importantes.

Fiscal e legal

• situação atual de processos envolvendo o nome da empresa;

• livros fiscais e legais e sua escrituração;

• resultado das investigações realizadas pelas auditorias fiscais;

• mudanças no contrato social ou estatuto.

Operações

• principais aquisições de bens do ativo imobilizado;

• principais baixas de bens ativo imobilizado;

• máquinas paradas, obsoletas, etc.;

• estoques obsoletos ou de lento movimento;

• novos produtos

• planejamento do inventário físico anual.

Vendas

• situação da empresa no mercado em comparação com os

concorrentes;

• políticas de propaganda;

• causas das devoluções de vendas;

• política de garantia dos produtos.

Suprimentos

• limites de aprovação de compras;

• sistemas de compras (informação da necessidade de compra, pesquisa

de possíveis fornecedores, seleção da melhor proposta e a compra);

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• problemas potenciais de compra (único fornecedor, dificuldade de

importação, crescimento muito elevado dos preços das matérias-rimas etc.).

Como planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares

No Brasil, e em vários países, as empresa encerram seu exercício social

em dezembro de cada ano. Esse fato ocasiona acúmulo de serviços nas firmas

de auditoria externa nos três meses seguintes a dezembro, enquanto nos

outros meses do ano (abril a dezembro) essas firmas têm certa ociosidade.

Para contornar esse problema os auditores externos executam, sempre que

possível, maior volume de serviços de auditoria nas visitas preliminares.

Cabe destacar que existem outros motivos para maior concentração de

serviços nas visitas preliminares, conforme exemplificação abaixo:

• detectar problemas de imediato;

• evitar esforço físico e mental muito grande dos auditores nos meses

de janeiro e março.

• evitar horas extras nos meses de janeiro a março;

• dar mais atenção à empresa auditada;

• emitir o parecer dentro de um prazo razoável de tempo, após a

empresa ter levantado as demonstrações financeiras.

A seguir, serão expostos exemplos de algumas áreas para as quais o

auditor externo poderia efetuar serviços de auditoria na visita preliminar:

• levantamento e avaliação do sistema de controle interno;

• revisão analítica das demonstrações contábeis intermediárias;

• teste das receitas acumuladas até a data da visita preliminar;

• teste das compras (matérias-primas, bens do imobilizado, etc.)

efetuadas até a data da visita preliminar;

• teste das depreciações, amortizações e exaustões registradas no

período;

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• teste da correção monetária sobre o ativo permanente e patrimônio

líquido, contabilizado no período;

• resumo das atas;

• atualização da pasta permanente

Cumpre ressaltar que, por ocasião da visita preliminar, o auditor externo

pode executar também auditoria sobre o saldo das contas do balanço

patrimonial. Entretanto, esse fato dependerá do grau de confiança que ele

possa depositar no sistema de controle interno da empresa.

Como obter uma maior cooperação do pessoal da empresa

A firma de auditoria tem um custo elevado com seus funcionários, por

serem eles de formação superior, e, também, a necessidade de um alto

investimento em treinamento, em virtude do fato desse tipo de serviço exigir um

grau de conhecimento técnico muito grande.

Como conseqüência, o preço de um serviço de auditoria para uma

empresa não é barato. Portanto o auditor externo deve, sempre que possível,

utilizar o pessoal da empresa para que seu serviço saia por um valor razoável.

Exemplificando, o auditor externo poderia utilizar o pessoal da empresa

nos seguintes serviços:

• apanhar documentos nos arquivos da empresa;

• preencher os papéis de trabalho de movimentação de contas de

investimentos, ativo imobilizado, ativo diferido e patrimônio líquido;

• preparar análise compondo os saldos das contas do balanço

patrimonial;

• reconciliar as cartas de confirmações de saldos de clientes e

fornecedores com os registros da empresa;

• preparar os mapas de revisão analítica.

Apesar de várias atividades estarem elencadas, na prática a única tarefa

realizada pelo pessoal da empresa é o apanhamento e entrega de documentos

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ao auditor. O auditor externo deve fazer alguns testes para certificar-se de que

esses serviços, feitos pelo pessoal da empresa, estão adequados.

Como determinar os testes detalhados de auditoria

O auditor externo deve planejar seu trabalho de modo que as áreas de

controle interno e revisão analítica sejam executadas em primeiro lugar, para

que ele possa determinar a natureza, extensão e datas dos testes detalhados

ou procedimentos de auditoria para as diversas contas do Balanço Patrimonial

e da Demonstração do Resultado do Exercício.

O grau de segurança de que as possíveis irregularidades ou erros serão

detectados pela própria empresa é evidenciado pelo levantamento e avaliação

do sistema de controle interno.

A revisão analítica constitui uma análise gerencial das contas do Ativo e

do Passivo e de Receitas e Despesas. O objetivo dessa análise é determinar o

relacionamento entre as diversas contas (como, por exemplo, estoques e

custos das vendas; contas a receber e vendas etc.) e averiguar as causas das

flutuações anormais, tendências etc.

Por conseguinte, a revisão analítica indica ao auditor externo as áreas

com possíveis problemas e aquelas onde podem ser reduzidos os testes

detalhados.

Logo, naquelas áreas onde o controle interno é fraco e existem

flutuações anormais ou tendências incomuns, o auditor externo executa maior

volume de teste, já que existe maior risco de que um erro ou irregularidade

tenha ocorrido sem que a empresa o tenha detectado.

O auditor externo, por meio do sistema de controle interno e da revisão

analítica, obtém conhecimento de como os dados contábeis são compilados

até serem levantadas as demonstrações contábeis e também da natureza dos

valores registrados nas diversas contas. Informações essas que o ajudam na

determinação dos procedimentos de auditoria e das datas mais adequadas

para executá-los.

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Identificação prévia de problemas

A auditoria deve ser planejada de modo que os problemas sejam

evidenciados com antecedência, para que a administração da empresa tenha

tempo de solucioná-los sem que haja atraso na divulgação das demonstrações

financeiras anuais.

Esse fato exige que o auditor execute os testes de auditoria

primeiramente nas contas com possíveis problemas, contas essas que são

evidenciadas pela avaliação do sistema de controle interno e da revisão

analítica.

A seguir tem-se um exemplo dos problemas relacionados com

contabilidade, auditoria e impostos, que poderiam ser identificados a priori pelo

auditor externo:

• falta de atendimento de novas normas contábeis emitidas pela

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou pelo Instituto Brasileiro de

Contadores (IBRACON);

• quebra da uniformidade na aplicação de princípios contábeis,

tornando necessária a divulgação em nota explicativa e ressalva no parecer do

auditor externo;

• novas transações registradas em desacordo com os princípios

fundamentais de contabilidade;

• erros nos procedimentos ou cálculos das depreciações,

amortizações, exaustões, correção monetária etc.;

• impostos calculados erroneamente ou não recolhidos dentro do

prazo estabelecido;

• provisões aparentemente baixas ou altas;

• ativos registrados como despesas e despesas registradas como

ativo;

• transações que estão sendo registradas com regime de caixa;

• falta de atendimento de recentes legislações fiscais.

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RISCOS DE AUDITORIA

É o risco de que o auditor possa inadvertidamente não modificar

adequadamente seu parecer sobre demonstrações contábeis que contêm erros

ou classificações indevidas materiais (BOYNTON).

A Resolução CFC nº. 700/91, ao tratar das Normas de Auditoria

Independente das Demonstrações Contábeis, também descreve o conceito de

riscos de auditoria e classifica-o quanto a análise da relevância:

“11.2.3 – Riscos de Auditoria

11.2.3.1 - Risco de auditoria é a possibilidade de o auditor vir a

emitir uma opinião tecnicamente inadequada sobre demonstrações

contábeis significativamente incorretas.

11.2.3.2 – A análise dos riscos de auditoria deve ser feita na

fase de planejamento dos trabalhos, considerando a relevância em

dois níveis:

a) em nível geral, considerando as demonstrações contábeis

tomadas no seu conjunto, bem como os negócios, qualidade da

administração, avaliação do sistema contábil e de controles internos

e situações econômicas e financeira da entidade; e

b) em níveis específicos, relativos ao saldo das contas ou

natureza e volume das transações.”

Durante o procedimento de auditoria existe um grau de risco que os

trabalhos estejam contaminados por erros e irregularidades. E de acordo com a

relevância destes, isso pode prejudicar seriamente a carreira de um auditor.

Para que se diminuam os riscos é necessário que o planejamento de

auditoria, leve sempre em consideração que eles existam, procedimentos

específicos para localizá-los devem ser incluídos no planejamento.

De acordo com Franco (1992), os tipos de risco são:

1. Risco inerente ou implícito: quando o erro ou irregularidade

ocorre nos registros ou nas demonstrações contábeis.

2. Risco de controle: quando o erro ou irregularidade não foi

detectado pelo sistema de controle interno da entidade

auditada.

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3. Risco de detecção: ao aplicar os procedimentos de

auditoria, o auditor também não detecta os erros.

Existe ainda o modelo de risco de auditoria, que é utilizado na tomada

de decisões sobre evidência de auditoria:

RA = RI x RC x RD,

Estes símbolos são os três tipos de riscos descritos a cima, mas na

prática, muitos auditores não tentam quantificar cada componente, tornando

impossível resolver matematicamente o modelo.

TESTES DE AUDITORIA

Os testes de auditoria, também denominados testes de procedimentos

ou ainda testes de observância, têm como objetivo verificar se os

procedimentos contábeis e de controle interno estão em pleno funcionamento

e também se estão adequados para avaliar a efetividade do sistema contábil e

possibilitar a apuração e registro corretos (ATTIE, 1992, p. 139).

Algumas vezes ocorre que em algumas empresas existe um sistema de

controle interno avançado descrito em seus manuais de procedimentos, mas o

que se presencia na realidade é um sistema em uso diferente daquele contido

nos manuais (ALMEIDA, 1996, p. 60).

Quando há divergência entre o que está estabelecido formalmente e o

que se verifica na prática, o auditor necessita realizar testes para levantar a

efetividade dos procedimentos e do controle interno, bem como avaliar este

último, para que se possa ter direcionamento e base para realizar o trabalho de

auditoria na organização.

Segundo Attie (1992, p.139):

“Após a consecução da documentação e avaliação do controle

interno, o auditor tem condições de elaborar o programa de trabalho

visando cobrir os pontos-chaves de controle e dirigir seus testes em

função destes.”

Assim, a realização de testes permite ao auditor avaliar e mensurar as

atividades que deverão ser realizadas, e por isso consiste numa etapa

importante para o planejamento e execução de sua auditoria.

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É importante lembrar que, para levantar e avaliar o controle interno de

uma empresa, o auditor necessita realizar três atividades básicas: ler os

manuais de procedimentos; conversar com os funcionários e observá-los; e

fazer uma inspeção física desde o início da operação até o registro no razão

geral.

No quadro que se segue fica mais claro e simples compreender as

etapas que precedem à execução do trabalho de auditoria.

Passos de auditoria

Fonte: Almeida, 1996.

A realização dos testes de auditoria se dá basicamente na avaliação do

controle interno e na revisão analítica. Na revisão analítica, o auditor testa os

saldos das contas do balanço patrimonial e os valores acumulados das contas

de receitas e despesas, visto que o saldo destas pode estar errado para mais

(superavaliado) ou para menos (subavaliado). Como as transações contábeis

são registradas pelo método das partidas dobradas, quando se testam as

contas devedoras para superavaliação, também estão sendo testadas

indiretamente as contas credoras nessa mesma direção (ALMEIDA, 1996, p.

36).

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Teste para superavaliação

No teste para superavaliação, verifica-se se existe alguma conta em que

seus valores foram registrados para mais. Nesse teste o auditor parte do valor

que está registrado no razão geral para o documento que dá suporte à

transação (nota fiscal, duplicata, etc.). O quadro a seguir apresenta os passos

da auditoria na consecução do teste de superavaliação.

Fonte: Almeida, 1996.

De acordo com Almeida (1996, p. 42), os procedimentos básicos de

auditoria do teste para superavaliação são:

• Conferir a soma da conta do razão geral;

• Selecionar débito e conferir seu valor com o valor total do registro final;

• Conferir a soma do registro final;

• Selecionar parcela no registro final e conferir seu valor com o valor total

do registro intermediário;

• Conferir a soma do registro intermediário;

• Selecionar parcela do registro intermediário e conferir seu valor com o

valor total do registro inicial;

• Conferir a soma do registro inicial;

• Selecionar parcela no registro inicial e conferir o seu valor com a

documentação comprobatória.

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Os procedimentos supracitados têm por objetivo detectar os valores

levados a débito que foram registrados com valor superior. Essa

superavaliação, com base em Almeida (1996, p. 42), poderia ser feita

verificando-se o seguinte:

• Falta de documento ou documento inválido;

• Soma a maior dos registros ou razão geral;

• Transferência a maior do valor do documento para o registro inicial e do

valor de um registro para outro ou para o razão geral.

Como forma de ilustrar o teste para superavaliação, segue a seguir um

exemplo simples e que é auto-explicativo, bastando para a compreensão do

mesmo o acompanhamento dos procedimentos básicos citados anteriormente.

Fonte: Almeida, 1996.

Nesse exemplo, a Filial A prepara o resumo das compras do dia (registro

inicial) baseado nas notas fiscais de compra dos fornecedores. Em seguida, a

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Filial A elabora um resumo mensal de compras (registro intermediário), que

expressa a soma dos resumos diários de compra. O resumo mensal de

compras de cada filial é enviado para a matriz da empresa, onde é preparado

um resumo de compras do mês de todas as filiais (registro final). Este último

resumo é que serve de base para contabilização no razão geral (ALMEIDA,

1996, p. 42).

Teste para subavaliação

No teste para subavaliação, é analisado se existe algum registro de

valor a menos nos saldos das contas da empresa. Nesse exame o auditor parte

do documento para o razão geral, conforme apresenta-se no quadro a seguir.

Fonte: Almeida, 1996.

Almeida (1996, p. 43) cita os procedimentos básicos de auditoria do

teste para subavaliação:

• Selecionar e inspecionar o documento-suporte;

• Verificar a inclusão do valor do documento no registro inicial;

• Conferir a soma do registro inicial;

• Verificar a inclusão do valor total do registro inicial no registro

intermediário;

• Conferir a soma do registro intermediário;

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• Verificar a inclusão do valor total do registro intermediário no registro

final;

• Conferir a soma do registro final;

• Verificar a inclusão do valor total do registro final no razão geral;

• Conferir a soma do razão geral.

Esses procedimentos têm por objetivo identificar os valores lançados a

crédito com valor inferior ao real. Esses créditos lançados poderiam ser

subavaliados por meio das seguintes maneiras (ALMEIDA, 1996, p. 44):

• Não-inclusão do documento no registro inicial;

• Soma a menor dos registros ou do razão geral;

• Transporte a menor do valor do documento para o registro inicial e do

valor de um registro para outro ou para o razão geral.

A seguir é apresentado um exemplo de teste para subavaliação.

Fonte: Almeida, 1996.

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Nesse exemplo, a Filial A prepara o resumo das vendas do dia (registro

inicial) com base nas notas fiscais de venda. Em seguida, a mesma filial

prepara um resumo mensal de vendas (registro intermediário), que expressa a

soma dos resumos diários de vendas. O resumo mensal de vendas de cada

filial é encaminhado para a matriz da empresa, onde é preparado o resumo de

vendas do mês de todas as filiais. Esse último registro é que serve de base

para contabilização no razão geral (ALMEIDA, 1996, p.43).

Portanto, nota-se que os procedimentos dos testes apresentados

anteriormente são similares, diferenciado-se basicamente um do outro pela

ordem de partida do auditor em sua consecução, onde o teste de

superavaliação é iniciado no valor registrado no razão geral, e o teste de

subavaliação tem partida nos documentos-base das operações.

Almeida (1996, p. 35) destaca:

“A experiência tem demonstrado que é mais prático dirigir os

testes principais de superavaliação para as contas devedoras

(normalmente, as contas do ativo e despesas) e os de subavaliação

para as contas credoras.”

Isso se deve principalmente pela tentativa das empresas em recolher

menos tributos, aumentando (superavaliando) as despesas e diminuindo as

contas credoras (especialmente receitas) e também em mascarar a sua

verdadeira situação patrimonial, aumentando o valor de seus ativos, em

especial os do Imobilizado.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho pôde permitir a inferência de que o planejamento é

uma etapa indispensável para a auditoria, e que sua correta utilização implicará

na diminuição de erro do auditor na emissão de seu parecer.

O profissional da auditoria, uma vez que siga fielmente as etapas do

planejamento, terá maiores chances de alcançar com sucesso seus objetivos.

Assim, por meio dos conceitos e pontos abordados nesse trabalho,

espera-se que o objetivo do mesmo tenha sido alcançado: demonstrar a

relevância do planejamento no trabalho da auditoria e sua relação com as

chances de sucesso na consecução das metas do auditor.

Por fim, ficou claro que, o auditor, ao fazer uso dos procedimentos

adequados de auditoria, somados à realização de planos e testes de auditoria,

é capaz de identificar os potenciais riscos da empresa auditada, e assim

realizar com maior eficácia o seu serviço e com menor chance de erro em seu

parecer.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: Um moderno Curso e

Completo. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.

• ATTIE, William. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 2ª ed. São Paulo:

Atlas, 1992.

• BOYNTON, William C. Auditoria (Modern Auditing). Tradução de José

Evaristo dos Santos 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

• CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC T 11 - IT 7 -

Planejamento de Auditoria. Disponível em:

http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2005/00103

5. Acesso em: 31 de outubro de 2007.

• CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. 3. ed.

São Paulo: Altas, 2004.

• FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. 2ª ed. São

Paulo: Atlas,1992.

• PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Auditoria de Demonstrações

Contábeis – Normas e Procedimentos. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.