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Planeamento Em Educação Física, Comparação Entre Professores Principiantes e Professores Experientes, Marta Filipa Gaspar Gomes

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  • MARTA FILIPA GASPAR GOMES

    MONOGRAFIA

    PLANEAMENTO EM EDUCAO FSICA

    COMPARAO ENTRE PROFESSORES

    PRINCIPIANTES E PROFESSORES EXPERIENTES

    ORIENTADOR:

    Professor Doutor Lus Sena Lino

    UNIVERSIDADE DA MADEIRA

    LICENCIATURA EM EDUCAO FSICA E DESPORTO

    2004

  • NDICE

    I. INTRODUO 8

    II. COLOCAO DO PROBLEMA 11

    III. OBJECTIVOS 13

    IV. REVISO DA LITERATURA 17

    1 O QUE O PLANEAMENTO 18

    2 PENSAMENTO DO PROFESSOR 23

    2.1 DECISES DE ENSINO 25

    2.2 PROCESSO DE DECISO 29

    2.3 PENSAMENTOS E DECISES PR-INTERACTIVAS 30

    2.4 PENSAMENTOS E DECISES PS-INTERACTIVAS 31

    2.5 RELAO ENTRE PLANEAMENTO E COMPORTAMENTO INTERACTIVO

    NA SALA DE AULA 31

    3 MODELOS DE PLANEAMENTO 34

    3.1 PLANIFICAO EM FUNO DOS OBJECTIVOS 34

    3.2 PLANIFICAO EM FUNO DAS ACTIVIDADES 37

    3.3 PLANIFICAO EM FUNO DOS CONTEDOS 43

    3.4 MODELO INTEGRADOR DE PLANIFICAO 43

    4 IMPORTNCIA DO PLANEAMENTO 46

    5 CARACTERSTICAS DE UM BOM PLANEAMENTO 50

    6 NVEIS DE PLANEAMENTO 52

    6.1 PLANEAMENTO ANUAL 54

    6.2 PLANEAMENTO DE UNIDADE DIDCTICA 58

    6.3 PLANEAMENTO DE AULA 62

  • 7 DIFERENAS ENTRE PROFESSOR PRINCIPIANTE E PROFESSOR

    EXPERIENTE 67

    8 ESTUDOS SOBRE PLANEAMENTO 73

    V. METODOLOGIA 81

    1 - AMOSTRA 82

    2 CONSTRUO E CARACTERSTICAS DOS QUESTIONRIOS 82

    3 APLICAO DOS QUESTIONRIOS 84

    4 PROCEDIMENTO DE TRATAMENTO DE DADOS 85

    4.1 ANLISE DE CONTEDO DAS RESPOSTAS DOS QUESTIONRIOS 85

    4.2 ANLISE ESTATSTICA DOS DADOS 87

    5 LIMITAES DO ESTUDO 87

    VI. APRESENTAO DOS DADOS 89

    VII. ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS 106

    VIII. CONCLUSES 114

    IX. RECOMENDAES 117

    X. BIBLIOGRAFIA 119

    ANEXOS 125

  • NDICE DE QUADROS

    QUADRO 1 - DECISES DE PR-IMPACTO (MOSSTON, 1981)

    26

    QUADRO 2 - DECISES DE PS-IMPACTO (MOSSTON, 1981)

    27

    QUADRO 3 CATEGORIAS RETIRADAS COM BASE NAS ORIENTAES PRTICAS DOS

    QUESTIONRIOS E NA CATEGORIZAO REALIZADA POR MASCARENHAS & CARREIRO

    DA COSTA (1995).

    85

    QUADRO 4 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    PRINCIPIANTES E EXPERIENTES

    90

    QUADRO 5 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    92

    QUADRO 6 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    PRINCIPIANTES E EXPERIENTES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    93

    QUADRO 7 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO

    96

    QUADRO 8 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS ENTRE

    PROFESSORES PRINCIPIANTES E EXPERIENTES

    98

    QUADRO 9 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES PRINCIPIANTES E EXPERIENTES EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO

    100

    QUADRO 10 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    102

    QUADRO 11 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO

    104

  • NDICE DE GRFICOS

    GRFICO 1 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    PRINCIPIANTES E EXPERIENTES

    90

    GRFICO 2 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    92

    GRFICO 3 COMPARAO DOS NVEIS DE PLANEAMENTO ENTRE PROFESSORES

    PRINCIPIANTES E EXPERIENTES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    93

    GRFICO 4 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO

    96

    GRFICO 5 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS ENTRE

    PROFESSORES PRINCIPIANTES E EXPERIENTES

    98

    GRFICO 6 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES PRINCIPIANTES E EXPERIENTES EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO

    100

    GRFICO 7 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    102

    GRFICO 8 COMPARAO DAS ORIENTAES PRTICAS DADAS PELOS

    PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO EM CADA NVEL DE PLANEAMENTO 104

  • NDICE DE ANEXOS

    ANEXO QUESTIONRIO

    I

    ANEXO DADOS ESTATSTICOS III

  • I. INTRODUO

    O presente estudo denominado, O Planeamento em Educao Fsica

    Comparao entre Professores Principiantes e Professores Experientes

    insere-se no mbito da cadeira de monografia relativa ao 5 ano da

    Licenciatura em Educao Fsica e Desporto da Universidade da Madeira.

    A pedagogia moderna impe queles que do ensino fazem profisso, os

    professores, uma resposta planeada s exigncias do processo de ensino-

    -aprendizagem. O planeamento em Educao Fsica constitui assim uma

    ferramenta essencial para a interveno pedaggica.

    Alis, num mundo em constante mudana, torna-se primordial a

    planificao, realizar antecipadamente uma representao mental do que

    vamos leccionar, com o intuito de diminuir a incerteza e proporcionar aos

    nossos alunos uma prtica sistemtica, coerente, lgica e sequencial.

    Mas, para que isto no caia na rotina e no absentismo, vital que o

    professor se muna da sua criatividade e imaginao, de forma a garantir um

    ensino mais cativante e com maior qualidade.

    Por estas razes, actualmente, a investigao em Educao Fsica tem-

    -se dedicado quase exclusivamente ao estudo dos processos cognitivos do

    professor, com o intuito de conhecer quais os processos de raciocnio que

    ocorrem na sua mente durante a sua actividade profissional.

  • Com a realizao deste trabalho pretendemos continuar essa linha de

    investigao. Para tal, elabormos um questionrio composto essencialmente

    por questes sobre os diferentes nveis de planeamento, de modo a

    verificarmos qual ou quais as orientaes ou decises dos professores de

    Educao Fsica aquando da elaborao do respectivo planeamento.

    Quisemos ento constatar se haveria diferenas entre professores principiantes

    e experientes do 3 ciclo e secundrio, no que se refere aos diferentes nveis

    de planeamento. Pretendemos tambm averiguar se existem ou no diferenas

    entre esses professores, no que diz respeito ao privilgio de determinada

    orientao.

    De modo a estruturarmos da melhor forma o presente trabalho, numa

    primeira fase enunciaremos quais os nossos objectivos com a realizao do

    presente estudo, e posteriormente faremos uma reviso de literatura sobre o

    tema. Neste ponto, definiremos o que o planeamento, seguidamente faremos

    referncia ao pensamento do professor, bem como aos modelos de

    planeamento, importncia do planeamento, s caractersticas de um bom

    planeamento, aos nveis de planeamento, s diferenas entre professor

    principiante e professor experiente, e por ltimo apresentaremos alguns

    estudos sobre o planeamento. No ponto seguinte, poderemos encontrar a

    metodologia utilizada para a realizao do presente trabalho. Para finalizar

    faremos a apresentao dos dados e posteriormente a anlise e discusso dos

    mesmos, seguidos das concluses e algumas recomendaes para futuros

    trabalhos.

  • II COLOCAO DO PROBLEMA

    Com a realizao deste trabalho pretendemos verificar a validade das

    seguintes hipteses:

    H1 No existem diferenas significativas entre professores principiantes e

    professores experientes, relativamente ao plano anual.

    H2 No existem diferenas significativas entre professores principiantes e

    professores experientes, relativamente ao plano de unidade didctica.

    H3 No existem diferenas significativas entre professores principiantes e

    professores experientes, relativamente ao plano de aula.

    H4 No existem diferenas significativas entre professores do 3 ciclo e

    secundrio, relativamente ao plano anual.

    H5 No existem diferenas significativas entre professores do 3 ciclo e

    secundrio, relativamente ao plano de unidade didctica.

    H6 No existem diferenas significativas entre professores do 3 ciclo e

    secundrio, relativamente ao plano de aula.

  • III. OBJECTIVOS

    Para a elaborao deste trabalho tivemos que estabelecer objectivos de

    carcter mais geral e outros mais especficos. Deste modo, apresent-los-emos

    neste sub-captulo.

    OBJECTIVOS GERAIS

    Este trabalho tem como objectivo principal conhecer quais os nveis de

    planeamento privilegiados pelos professores principiantes e pelos professores

    experientes e as deliberaes que eles tomam relativamente ao Planeamento,

    descrevendo essa mesma realidade, quer no 3 Ciclo do Ensino Bsico, quer

    no Secundrio.

    OBJECTIVOS ESPECFICOS

    Com este estudo, pretende-se:

    - Realizar um levantamento das deliberaes prticas dos professores

    relativamente a trs nveis de Planeamento: ao nvel anual; ao nvel de unidade

    didctica e ao nvel de aula;

  • - Averiguar qual o nvel de planeamento privilegiado pela maioria dos

    professores;

    - Estabelecer comparaes sobre os nveis de planeamento entre os

    professores principiantes e experientes;

    - Efectuar comparaes acerca dos nveis de planeamento entre professores

    do 3 ciclo e secundrio;

    - Realizar comparaes sobre os nveis de planeamento entre professores

    principiantes e experientes do 3 ciclo e secundrio;

    - Comparar as orientaes prticas dadas pelos professores em cada nvel de

    planeamento;

    - Fazer uma comparao sobre as orientaes prticas fornecidas entre

    professores principiantes e experientes;

    - Proceder comparao das orientaes prticas dadas pelos professores

    principiantes e experientes em cada nvel de planeamento;

    - Efectuar uma comparao das orientaes prticas dadas pelos professores

    do 3 ciclo e secundrio;

  • - Realizar uma comparao das orientaes prticas dadas pelos professores

    do 3 ciclo e secundrio em cada nvel de planeamento;

    - Proceder comparao das orientaes prticas dadas pelos professores

    principiantes e experientes do 3 ciclo e secundrio em cada nvel de

    planeamento;

    - Retirar ilaes de todas as comparaes efectuadas.

  • IV. REVISO DA LITERATURA

    1 O QUE O PLANEAMENTO

    Segundo a UNESCO (1987) in Carvalheira (1996), o planeamento da

    educao surgiu aproximadamente em meados deste sculo, e tinha por

    finalidade responder s novas exigncias sociais face a um fenmeno que as

    sociedades, nem de perto, nem de longe tinham conhecido no passado, ou

    seja, uma mudana sem precedentes.

    A rapidez dessa mudana social marcada por vrios indicadores,

    como: a exploso demogrfica, o imperativo do desenvolvimento econmico, a

    luta contra a fome, a revoluo tecnolgica e cientfica, as consequncias e as

    novas expresses da ideia democrtica, e extenso e proliferao dos meios

    de comunicao, tudo isto teve uma consequncia particularmente grave

    segundo aquela organizao, que consiste no facto de que os conhecimentos

    que ajudaram as civilizaes mais antigas a resolver os problemas do seu

    meio, correm risco de se tornarem quase inteis

    s geraes mais jovens. Nesta acepo, o planeamento encontra assim a sua

    principal justificao no desenvolvimento.

    Face a toda esta mudana, actualmente, ao contrrio da noo

    Tradicional de Professor, guardio do saber, fundamentalmente considerado

    um transmissor e um classificador de conhecimentos, ope-se a actual noo

    de Professor, como algum que dever estar preparado para um mundo e um

  • saber em constante evoluo, e que, para alm de um informador /

    comunicador seja tambm um organizador de situaes de aprendizagem, um

    observador, um gestor e um avaliador (Sousa, 1991).

    Assim sendo, ao professor so exigidas um conjunto de mltiplas e

    complexas funes que implicam a necessidade de elaborar uma previso da

    aco que ir realizar, no sentido de, entre essas funes, estabelecer uma

    linha condutora que oriente essa aco no seu conjunto, tornando-a eficaz.

    Torna-se assim necessria, por parte dos professores, uma resposta planeada

    s exigncias do processo de ensino-aprendizagem.

    Contudo, e segundo Janurio (1984), o planeamento em Educao

    Fsica continua a constituir um obstculo ao trabalho dos professores, por

    dificuldades que resultam de diferentes concepes que se manifestam acerca

    do tema.

    Ainda segundo o mesmo autor, actualmente existem dois modos

    diferentes de conceptualizar a planificao que os professores realizam. Uma

    concepo cognitiva, similar descrita por Escudero (s.d.) in Janurio (1996),

    segundo a qual a planificao uma actividade mental, interna do professor.

    um conjunto de processos psicolgicos bsicos atravs dos quais se visualiza

    o futuro, se faz um inventrio dos fins e dos meios e se constri um marco de

    referncia que guie as suas aces. Nesta modalidade o centro das atenes

    est no pensamento do professor e no modo como processa a informao.

    Uma segunda acepo, diz respeito aos passos concretos que o professor vai

  • dando quando desenvolve a planificao (Clark & Yinger, 1986/87 in Janurio,

    1996; Clark & Peterson, 1986 in Pereira, s.d.; Zabalza, 1994;).

    De qualquer forma, uma e outra acepo, pensamentos e condutas

    margem daquilo a que se d mais relevncia segundo o modelo de anlise de

    planificao utilizado, esto presentes em qualquer processo de planificao

    didctica (Zabalza, 1994).

    No que diz respeito planificao do ensino, existem quase tantas

    definies, quantos os autores, as quais passaremos a apresentar:

    Para Taba (1972) in Carvalheira (1996), planificar desenhar de forma

    estruturada o acto de ensinar. prever, ordenar e desenhar o acto pedaggico,

    num processo em que professores e alunos se encontram.

    O planeamento pode ainda ser entendido na generalidade como mtodo

    de previso, organizao e orientao do processo de ensino-aprendizagem,

    concebido como um instrumento didctico-metodolgico, no sentido de facilitar

    as decises que o professor tem de tomar, para alcanar os objectivos a que

    se propes (Sousa, 1991).

    Por sua vez, Enricone & outros (1985) in Carvalheira (1996), consideram

    que o planeamento do ensino envolve a previso de resultados desejveis,

    bem como dos meios necessrios para alcan-los. Estes autores definem

    como planeamento do ensino, a previso racional e calculada de todas as

  • etapas do trabalho escolar, que envolvem as actividades docentes e discentes

    de modo a tornar o ensino convicto, econmico e eficiente.

    Para Saenz (1992) in Carvalheira (1996), planificar desenhar um

    caminho, seleccionar e estruturar as estratgias adequadas com o fim de

    atingir um produto desejado. Vista desta forma, a planificao um elemento

    mediador, ao nvel da sala de aula entre o professor e o aluno.

    Segundo Escudero (1982) in Zalbaza (1994), planificar converter uma

    ideia ou um propsito num curso de aco. Trata-se de prever possveis cursos

    de aco de um fenmeno e organizar de algum modo as nossas previses,

    desejos, aspiraes e metas num projecto que seja capaz de representar,

    dentro do possvel, as nossas ideias acerca das razes pelas quais

    desejaramos conseguir, e como poderamos levar a cabo, um plano para as

    concretizar.

    J Faria Jr. (1972), define planeamento como a previso de todas as

    etapas do trabalho escolar e a programao de todas as actividades, de forma

    que o ensino se torne eficaz, seguro e econmico. Assim sendo, o

    planeamento algo que se faz antes de agir. o conjunto das aces que

    consistem em, a partir do conhecimento de uma situao existente

    (levantamento e anlise), definir objectivos e prever os resultados de vrias

    hipteses alternativas de actuao para os atingir, escolher uma delas tendo

    em vista determinada situao ideal (Pires, 1995).

  • Contudo, a planificao ainda pode ser entendida como o conjunto de

    processos psicolgicos bsicos, atravs dos quais o professor visualiza o

    futuro, faz um inventrio dos fins e dos meios, e constri um marco de

    referncia que guie as suas aces (Clark, 1983 in Piron, 1999; Clark &

    Peterson, 1986 in Pereira, s.d.).

    Por ltimo, Olmpio Bento (1998), define planeamento como uma

    reflexo pormenorizada acerca da durao e do controlo do processo de

    ensino numa determinada disciplina. O autor afirma ainda que o plano um

    modelo racional, ou seja, que permite antecipadamente reconhecer e regular o

    comportamento actuante e que tem como funes motivar e estimular os

    alunos para as aulas, transmisso de vivncias e experincias, racionalizao

    da aco e tambm orientao e controlo.

    Assim sendo, para efeitos do presente estudo, podemos considerar a

    planificao como sendo um processo de tomada de decises, atravs de uma

    anlise da situao e seleco de estratgias e meios, que visa a

    racionalizao das actividades do professor e dos alunos, na situao de

    ensino-aprendizagem, possibilitando melhores resultados e em consequncia

    uma maior produtividade.

    2 PENSAMENTO DO PROFESSOR

    A investigao em Educao Fsica, depois de muitos anos dedicados

    quase exclusivamente anlise dos comportamentos observveis de ensino,

  • tem privilegiado recentemente o estudo dos processos cognitivos do professor.

    Segundo Pereira (s.d.), na actualidade, a maioria das investigaes sobre o

    ensino da Educao Fsica realiza-se dentro do paradigma dos processos

    mediadores do professor, vulgarmente denominados por paradigma do

    pensamento do professor.

    O objectivo principal do paradigma do pensamento do professor

    consiste em conhecer quais so os processos de raciocnio que ocorrem na

    mente do professor durante a sua actividade profissional (Marcelo, 1987; Villar,

    1987, 1990 in Pereira, s.d.).

    Janurio (1996), afirma que a rea de investigao denominada

    Pensamento do Professor contempla trs grandes dimenses de anlise,

    correspondente s trs categorias dos processos cognitivos dos professores

    propostos por Clark & Peterson (1986). So elas:

    a) As concepes e as teorias implcitas: representam as proposies

    e convices que os professores defendem, bem como as imagens e os

    valores que estes transportam para a actividade docente (representando

    proposies mais gerais como as teorias pedaggicas perfilhadas, as

    representaes de sucesso educativo, o conhecimento sobre o contedo

    de ensino, etc.); estas representaes so parte integrante do seu

    reportrio pedaggico-didctico;

  • b) As decises e os pensamentos pr e ps-interactivos ou de

    planeamento: referem-se aos pensamentos e decises pr e ps-

    interactivos, relativos organizao, estruturao e avaliao do

    processo ensino-aprendizagem (p. ex., as decises didcticas sobre a

    organizao da classe, o diagnstico das capacidades dos alunos ou as

    alternativas didcticas tomadas);

    c) Os pensamentos e decises interactivas, durante a interaco na

    sala de aula, constituindo os processos mentais que originam as

    decises imediatas, reclamadas pelas situaes pedaggicas concretas.

    O estudo da planificao tem vindo a receber, por parte dos

    investigadores do ensino que se baseiam nos princpios tericos e

    metodolgicos do paradigma dos processos de pensamento do professor, um

    lugar de destaque (Pereira, s.d.).

    Debrucemo-nos ento, essencialmente, sobre a planificao dos

    professores (decises pr e ps-interactivas), visto que dentro dessa

    categoria de pensamento que se situa o presente estudo.

    2.1 - DECISES DE ENSINO

  • De acordo com Janurio (1996), vrios autores, entre os quais Combs,

    Dawes & Tversky (1970), postularam uma teoria a teoria da Deciso, tendo

    por base o campo econmico. A teoria da Deciso consiste num estudo da

    natureza e forma, como as decises so, ou devero ser tomadas. (Combs,

    Dawes & Teversky, 1970 in Janurio, 1996).

    Para alm do campo econmico, esta teoria tem aplicaes noutros

    domnios, entre os quais o educacional desde as decises em matria de

    poltica educativa at s decises do professor na sala de aula. A aplicao

    desta teoria, ao nvel do processo de Ensino-Aprendizagem, confere uma

    importncia no que diz respeito tomada de deciso, s suas fontes e

    influncias, aos processos de recolha e tratamento da informao, bem como o

    estudo do objecto e do produto obtido (a deciso).

    Deste modo, relativamente ao momento de interaco pedaggica do

    professor, Janurio (1996) classifica as decises de ensino em trs tipos:

    a) Antes da interaco na aula;

    b) Durante a interaco;

    c) Aps a aula.

    Para Mosston (1966) in Janurio (1996), um episdio de ensino

    definido pelo tempo dedicado a uma situao de prtica dos alunos e pelos

    actos de ensino que originam e que a acompanham.

  • Assim, e segundo o autor, as decises tomadas antes da interaco na

    aula correspondem s decises de planeamento e podero ser vistas no

    quadro 1 abaixo representado.

    As decises tomadas durante a interaco so denominadas decises

    de execuo, e so executadas a partir do momento de contacto e interaco

    professor-aluno. Constam de decises de ajustamento, tomadas face a uma

    Quadro 1 - Decises de pr-impacto (Mosston, 1981)

    1. Objectivo de um episdio

    2. Seleco do estilo de ensino

    3. Antecipao do estilo de aprendizagem

    4. A quem ensinar

    5. Matria de ensino. Envolve quatro decises adicionais: (a) porqu esta matria; (b)

    quantidade; (c) qualidade; (d) sequncia

    6. Onde ensinar

    7. Quando ensinar. Relativo a decises de tempo: (a) incio da actividade; (b) cadncia e

    ritmo; (c) durao; (d) paragem da actividade; transio entre tarefas; (f) fim do episdio

    8. Atitude (posture)

    9. Vesturio e apresentao dos alunos

    10. Comunicao

    11. Questionamento

    12. Disposies organizacionais

    13. Parmetro

    14. Clima

    15. Avaliao dos procedimentos e dos materiais

    16. Outras decises prvias

  • eventualidade de discrepncia ou alteraes relativamente s decises

    previamente pensadas.

    Por ltimo, temos as decises aps a aula decises de Avaliao

    referentes avaliao de um episdio de ensino, podendo estas serem

    tomadas depois de terminada a aula ou mesmo durante a mesma.

    No quadro 2 abaixo representado podemos ver as vrias decises de

    ps-impacto, segundo Mosston (1981) in Janurio (1996).

    Quadro 2 - Decises de Ps-impacto (Mosston, 1981)

    1. Recolha de informao sobre a prestao

    2. Avaliao da informao de acordo com um critrio

    3. Feedback ao (s) aluno (s)

    4. Avaliao do estilo de ensino seleccionado

    5. Avaliao do estilo de aprendizagem

    Calderhead (1984) in Janurio (1996), props uma outra classificao

    das decises, em funo do tempo que medeia entre a funo de concepo e

    a sua execuo na prtica:

    a) As decises reflexivas: representadas pela seleco de estratgias

    de ensino, estruturao dos contedos da unidade didctica,

    determinao de metas terminais ou modelo de avaliao. Para De

  • Ketele (1986) in Janurio (1996), estas decises designam-se por

    macro-decises.

    b) As decises imediatas: (ou micro-decises, segundo De Ketele,

    1986 in Janurio, 1996) caracterizadas por um tipo de raciocnio

    rpido e na maioria das vezes intuitivo, principalmente em situaes

    no esperadas.

    c) As decises de rotina: automatizadas e que permitem responder

    prontamente a situaes j vividas ou semelhantes.

    Para D Landsheere (1976) e Matos (1993) in Janurio (1996), a

    actividade educativa do professor () composta por diversas competncias e

    dimenses de actuao, as quais concorrem, integradamente, para a eficcia

    da funo docente.

    Assim sendo, o acto de ensino engloba as actividades interactivas de

    ensino, as decises prvias de preparao e planeamento das unidades

    didcticas e aulas, e as decises de ensino posteriores aula, de balano da

    actividade.

    2.2 - PROCESSO DE DECISO

  • Segundo Janurio (1996), as condies a partir das quais se estabelece

    o processo de deciso no so ainda totalmente conhecidas. Parece-lhe

    evidente que o ser humano tende a centrar-se em regras de escolha simples,

    evitando integrar toda a informao disponvel para formular a sua deciso.

    Ainda segundo o mesmo autor, uma das grandes diferenas entre as

    decises pr e interactivas reside na qualidade da actividade intelectual do

    professor.

    Enquanto o comportamento pr-interactivo mais ou menos deliberado

    e intencional, na situao de interaco a conduta do professor mais ou

    menos espontnea e qualitativamente menos racional (Marcelo, 1987 in

    Janurio, 1996).

    Charlier (1986/87) in Janurio (1996) relativamente actividade

    decisional do professor refere que, de um modo geral, as decises de ensino

    so tomadas a partir de um nmero reduzido de informaes seleccionadas e

    disponibilizadas.

    Clark & Peterson (1986) in Janurio (1996), privilegiam alguns aspectos

    da actividade mental dos professores, tais como, a intuio, o idealismo e as

    relaes afectivas, como elementos determinantes do seu trabalho. Para alm

    disso, Janurio (1996), afirma que um pensamento do tipo racional e lgico no

    , forosamente, o meio mais adequado para resolver problemas de ensino. A

    este respeito, Damsio (1995) in Janurio (1996), salienta o papel das

  • emoes nos processos de pensamento dos professores, ligando os

    sentimentos e as emoes racionalidade.

    Contudo, os professores efectuam escolhas racionais, em funo de fins

    e de meios disponveis, representam estratgias, traam cenrios e antecipam

    algumas situaes que ocorrem durante o processo de ensino, para em

    seguida formularem alternativas para a resoluo desses problemas. A

    existncia dessas alternativas est associada capacidade de preverem e de

    representarem vrios cenrios de ensino, de mobilidade intelectual e de uma

    atitude de antecipao.

    2.3 PENSAMENTOS E DECISES PR-INTERACTIVAS

    Segundo Piron (1999), a fase pr-interactiva est relacionada com as

    decises que o professor deve tomar antes de se reunir com os seus alunos.

    Esta fase engloba tudo o que diz respeito planificao do ensino.

    O planeamento segunda categoria dos processos de pensamento do

    professor, constitui um aspecto fundamental do ensino (Janurio, 1996). Em

    primeiro lugar devido ao facto da sua concepo e estruturao consistir num

    processo pessoal, ntimo e mental por excelncia, e em segundo lugar pelo

    facto do planeamento ser o processo pelo qual os professores aplicam os

    programas escolares, cumprindo a funo de os desenvolver e de os adaptar

  • ao contexto escolar (caractersticas da populao escolar, do meio evolvente e

    do estabelecimento de ensino) (Clark & Yinger, 1979 in Janurio, 1996).

    2.4 PENSAMENTOS E DECISES PS-INTERACTIVAS

    Segundo Shavelson & Stern (1981) e Placek (1984) in Janurio (1996),

    os pensamentos e decises ps-interactivas representam as cognies dos

    professores logo aps o trmino da lio e caracterizam-se pela sua utilizao

    para reflexo, bem como para a utilizao em termos de pr-planeamento da

    aula seguinte.

    Uma grande maioria desses pensamentos ps-interactivos dos

    professores definida para a apreciao da aula, no que se refere sua

    eficcia e quanto aos procedimentos utilizados.

    2.5 RELAO ENTRE PLANEAMENTO E COMPORTAMENTO INTERACTIVO NA

    SALA DE AULA

    As decises pr-interactivas designam-se tambm por decises de

    planeamento, se bem que no se circunscrevam apenas a decises prvias

    aula, dado que as posteriores (ps-interactivas), embora de natureza diferente,

    devem tambm ser consideradas como planeamento, pois permitem o balano

    da aula e do seu plano, e por outro lado, representam um primeiro momento de

  • planeamento, proporcionando uma ponte com as decises prvias para a aula

    ou aulas seguintes.

    comum dizer-se que o ensino resulta das decises de planeamento

    previamente tomadas. Assim sendo, em que medida que a actividade

    interactiva influenciada pelas decises de planeamento?

    Para tentar responder questo colocada recorremos a um estudo

    experimental realizado por Zahorik (1970) in Janurio (1996), que investigou os

    efeitos do planeamento sobre o comportamento de ensino. Aps a anlise dos

    resultados, concluiu que os professores que planeavam exibiam menos

    comportamentos de sensibilidade para com os alunos, focando-se apenas nos

    contedos. Por sua vez, os professores que no se tinham preocupado

    previamente com o que ensinar, concentravam-se nas ideias e experincia dos

    alunos.

    Um outro estudo, este protagonizado por Peterson et al (1978) in

    Janurio (1996), forneceu-nos resultados idnticos relativamente ao

    planeamento: os professores despendem muito tempo com o contedo; aps

    as matrias concentram esforos no planeamento dos processos de ensino

    (estratgias e actividades) e despendem pouco tempo com os objectivos.

    Os professores que no seu planeamento davam nfase ao contedo

    tendiam a colocar mais questes; os que se focalizavam nos objectivos durante

    o planeamento exibiam mais comportamentos dirigidos aos objectivos; os que

  • se referiam aos alunos no planeamento relacionavam-se positivamente com

    comportamentos orientados para o grupo; as decises sobre a organizao

    de grupos de trabalho estavam relacionadas com o tempo real consagrado a

    este modo de organizao.

    3 MODELOS DE PLANEAMENTO

    Qualquer planificao pressupe escolhas pedaggicas tericas que

    determinam uma prtica concretizada, em ltima anlise, na aula. O professor

    ter de fazer a escolha que melhor se adequa aos seus propsitos educativos

    e s condies concretas em que trabalha (Pais & Monteiro, 1996).

    A planificao poder ser feita em funo dos objectivos, em funo das

    actividades ou em funo dos contedos (Arends, 1995; Vilar, 1993).

    Entretanto, Vilar (1993), afirma que hoje em dia, ningum pe em causa o

    carcter total do processo de ensino-aprendizagem, processo esse que resulta

    da interaco de elementos diversificados que, por si s, no tm significado.

    Desta forma, surge assim o modelo integrador de planificao, o qual se

    assemelha mais planificao realizada pelos professores.

    3.1 PLANIFICAO EM FUNO DOS OBJECTIVOS

  • A tnica deste modelo colocada nas metas e nos objectivos como os

    primeiros passos de um processo sequencial. S depois que so

    seleccionados os modos de aco e as actividades especficas com o objectivo

    de alcanar as finalidades predeterminadas.

    Este modelo parte do princpio que o contexto social em que a

    planificao elaborada se mantm temporalmente e que a base de

    informao pode ser estabelecida de forma a revelar o grau em que os modos

    e os objectivos foram conseguidos (Arends, 1995).

    Contudo, a planificao em funo dos objectivos tem uma dificuldade

    que se prende com a clarificao das intenes subjacentes (Vilar, 1993). Na

    educao os objectivos so metas teis, concretas, prximas e exequveis, no

    entanto mais benfico discriminar ainda mais e melhor os objectivos, de

    modo a perspectivarmos os diferentes nveis de generalizao dos mesmos.

    Vilar (1993), classifica da seguinte maneira os diferentes nveis de objectivos:

    - Metas e finalidades;

    - Objectivos gerais;

    - Objectivos especficos;

    - Objectivos operativos.

    Ainda segundo o mesmo autor, num modelo de planificao que

    hipervaloriza os objectivos, e que pressupe que estes traduzam condutas

  • correspondentes a aprendizagens dos alunos, indispensvel sequencializar

    essas condutas no sentido de garantir a mxima eficcia.

    Assim sendo, e ainda de acordo com o Vilar (1993), o percurso pode ser

    o seguinte:

    - Leitura e anlise das metas educativas enunciadas no conjunto da legislao

    fundamental do respectivo sistema educativo;

    - Interpretao das finalidades educativas enunciadas para o respectivo nvel

    de ensino e seus ciclos;

    - Interpretao dos objectivos gerais (condutas formais) que se pretende

    alcanar com os alunos de um determinado curso;

    - Anlise do Programa a trabalhar e seleco dos contedos com cujo

    tratamento se julga ser possvel alcanar os objectivos gerais enunciados;

    - Formulao dos objectivos especficos, ou seja, os objectivos directamente

    relacionados com os contedos entretanto seleccionados;

    - Contextualizao da situao relativamente a alunos e recursos;

    - Formulao dos objectivos operativos, ou seja, as condutas observveis e

    mesurveis que os alunos tm de manifestar no termo do processo de

    tratamento dos contedos especificamente trabalhados. Esses objectivos,

  • porque so os nicos cuja formulao da exclusiva responsabilidade do

    professor isolado, implicam a considerao de algumas condies:

    - O objectivo deve ser redigido de forma a identificar, claramente, a

    conduta desejada, depurando-a de elementos acessrios;

    - Para que o objectivo operativo seja didacticamente vlido,

    necessrio que a conduta descrita seja inequivocamente observvel,

    isto , exteriorizvel;

    - A conduta deve ser clara e concreta; para essa clarificao e

    concretizao, torna-se necessrio enunciar as condies em que a

    mesma deve ocorrer;

    - Na definio do objectivo operativo deve constar o critrio de

    avaliao (critrio de performance), a fim de que no restem dvidas

    acerca do isomorfismo necessrio entre o objectivo e a conduta

    manifestada (o produto);

    - Definio da estratgia processual, incluindo a gesto do tempo e as

    modalidades, tcnicas e instrumentos de avaliao a utilizar.

    3.2 PLANIFICAO EM FUNO DAS ACTIVIDADES

  • Na ltima dcada tem sido posta em causa a viso de as organizaes e

    de as salas de aula serem orientadas para a satisfao de objectivos, bem

    como a perspectiva de que possvel realizar actividades com grande preciso

    num mundo caracterizado pela complexidade, mudana e incerteza (Arends,

    1995).

    Segundo Vilar (1993), nesta perspectiva a tarefa educativa constituda

    por um conjunto lgico de actividades que, tendo em vista determinadas

    finalidades, configuram uma prtica educativa que compromete os professores

    e os seus respectivos alunos.

    No campo da Educao, e sobretudo no da educao escolarizada, a

    questo fundamental acerca das actividades prende-se com a anlise e

    seleco das mesmas (Vilar, 1993).

    De acordo com Medina (1990) in Vilar (1993), a anlise e seleco das

    actividades passa pela resposta adequada a uma srie de interrogaes, as

    quais passamos a citar:

    - A actividade responde s expectativas, interesses e motivaes dos

    alunos?

    - A actividade adequada ao nvel de assimilao e estruturao da

    informao por parte dos alunos?

  • - A actividade coerente com o (s) estilos (s) cognitivo (s) dos alunos?

    - A actividade, tanto pela sua singularidade como pela credibilidade a nvel

    dos conhecimentos, apropriada turma e a cada um dos seus alunos?

    - A complementaridade entre actividades individuais e grupais adequada

    s exigncias da formao dos alunos?

    - A actividade promove o desenvolvimento de outros processos de

    informao e desenvolvimento cognitivo?

    - As actividades promovem novos processos de conhecimento, isto , a

    consolidao do que j foi aprendido, o desenvolvimento, a reconstruo, a

    crtica, etc.?

    - A actividade coerente com as exigncias de organizao lgica do

    contedo e da sequncia do seu tratamento?

    - A actividade tem em conta a estrutura epistemolgica do contedo a

    trabalhar?

    - Do ponto de vista de epistemologia do contedo a trabalhar, a

    sequencializao das actividades a mais adequada?

  • - As actividades esto em sintonia com o modelo de interaco assumido e

    posto em prtica?

    - O modo como as actividades so efectivamente postas em prticas

    corresponde ao estilo do professor?

    Para alm disso, e de acordo com Vilar (1993), fazer opes em termos

    de actividades a levar a cabo implica reflectir sobre:

    - As exigncias da formao integral do Homem;

    - A singularidade dos contedos a trabalhar;

    - A concepo metodolgica;

    - Os meios curriculares disponveis para utilizao;

    - A dimenso interactiva, ou seja, as relaes professor-aluno, aluno-professor

    e aluno-aluno;

    - O sistema organizativo da escola.

    No que concerne aos critrios para a escolha das actividades a levar

    a cabo para potenciar a aprendizagem dos alunos, Zabalza (1987) in Vilar

    (1993), prope os seguintes:

  • - Validez A seleco depende do facto da actividade permitir

    alcanar o pretendido;

    - Significao A seleco depende do facto de se a actividade

    possui realmente valor educativo;

    - Funcionalidade - A seleco depende do facto de se a actividade

    pode ser realizada face situao e/ou condies presentes e se

    compatvel com as restantes componentes do modelo didctico

    adoptado.

    Entretanto e de acordo com Rosales (1988) in Vilar (1993), para alm

    dos critrios de seleco das actividades, ainda necessrio, relativamente a

    essa seleco ter em conta os seguintes aspectos:

    - O diagnstico da capacidade do aluno para trabalhar nas actividades

    seleccionadas;

    - A avaliao da eficcia do desempenho do professor e do aluno na situao;

    - A clareza com que se expe o plano de trabalho.

    Assim sendo, e de acordo Vilar (1993), o percurso do professor para

    uma planificao em funo das actividades pode ser o seguinte:

  • - Leitura e anlise das metas educativas enunciadas no conjunto da legislao

    fundamental do respectivo sistema educativo;

    - Interpretao das finalidades educativas enunciadas para o respectivo nvel

    de ensino e seus ciclos;

    - Interpretao dos objectivos gerais (condutas formais) que se pretende

    alcanar com os alunos de um determinado curso;

    - Anlise do Programa a trabalhar;

    - Anlise da situao contextual, nomeadamente no que se refere aos alunos,

    meios e recursos;

    - Seleco fundamentada de actividades a realizar, tendo em considerao o

    marco tecnolgico;

    - Seleco dos contedos programticos que melhor sirvam a realizao das

    actividades seleccionadas;

    - Decises sobre a sequncia dos contedos;

    - Tendo em considerao os princpios de procedimento didctico, definir a

    estratgia processual, nomeadamente a definio de alguns objectivos

    processuais estratgicos, linhas metodolgicas possveis, gesto dos tempos e

  • dos recursos curriculares adequados, projecto de apresentao de resultados

    decorrentes das actividades, princpios e modalidades de avaliao do

    processo e dos resultados do mesmo.

    3.3 PLANIFICAO EM FUNO DOS CONTEDOS

    Segundo Vilar (1993), o modelo de planificao em funo dos

    contedos enfatiza a viso clssica de ensinar e, por isso mesmo,

    normalmente designado por modelo instrutivo. Ainda segundo o mesmo

    autor, este modelo valoriza as disciplinas acadmicas, sublinhando a

    importncia do contedo enquanto fruto do desenvolvimento do fazer

    cientfico-cultural.

    3.4 MODELO INTEGRADOR DE PLANIFICAO

    Tal como j foi referido anteriormente, hoje em dia, ningum pe em

    causa o carcter total do processo de ensino-aprendizagem, processo esse

    que resulta da interaco de elementos diversificados que, por si s, no tm

    significado (Vilar, 1993). Por outras palavras, todo e qualquer processo

    formativo exige um procedimento sistemtico de reflexo, de crtica e de aco

    sobre os elementos que, pelo facto de estarem dialogicamente relacionados

    entre si, formam um todo.

  • Segundo Vilar (1993), esses elementos, essenciais, do processo de

    ensino-aprendizagem so os seguintes:

    - A sua finalidade;

    - As actividades que envolvem os agentes intervenientes no processo;

    - Os contedos de que fazem parte das actividades;

    - A avaliao, enquanto averiguadora da interaco dos elementos antes

    apontados.

    Vilar (1993), afirma ser discutvel assumir um determinado modelo de

    planificao de forma isolada, ou seja, em detrimento de quaisquer outros. De

    acordo com este autor no existem modelos ideais, porque qualquer modelo

    tem as suas vantagens e desvantagens. Assim sendo, o autor defende que a

    planificao deve assentar num modelo que seja capaz de resolver,

    dialecticamente, a tenso das vantagens e inconvenientes dos diferentes

    modelos parciais.

    Atravs de um modelo integrador, a planificao encarada como um

    procedimento superador da fragilidade dos elementos constituintes de um todo,

    ao consider-los em permanente inter-relao e complementaridade. Contudo,

    esta integrao exige que o professor, enquanto prtico reflexivo, tenha uma

    clara percepo global do processo e tome as decises adequadas

    relativamente a finalidades, actividades docentes e discentes, contedos e

    avaliao didctica e curricular (Vilar, 1993).

  • Segundo Vilar (1993), para que o professor consiga optimizar o processo

    de ensino-aprendizagem, ter de proceder a uma reflexo prvia centrada nos

    seguintes aspectos:

    - Para qu vou ensinar, isto , que orientao global devo dar ao

    projecto para que as decises a tomar tenham sentido no marco mais

    amplo do projecto de realizao humana (projecto de formao)?

    - Como vou ensinar, isto , que tipo de actividades e esquemas

    organizativos podero promover a aprendizagem dos alunos?

    - Que vou ensinar, isto , quais so os elementos da cultura (os

    contedos) que permitem estimular e apoiar uma aprendizagem

    significativa, profunda e em interaco?

    - Como sei se houve aprendizagem, isto , como devo proceder para

    apreciar, sistematicamente e continuamente, o processo e os resultados

    que o mesmo vai produzindo?

    Assim sendo, o professor, ao assumir a tarefa de ensinar de forma

    crtica e construtiva, deve dar sentido e respostas adequadas s interrogaes

    que lhe so colocadas quando planifica de modo a optimizar o processo de

    ensino-aprendizagem, respeitando o carcter integrador desse sentido e

    dessas respostas (Vilar, 1993).

    4 IMPORTNCIA DO PLANEAMENTO

  • Para Castro & outros (1978), a necessidade de planear em todos os

    sectores da actividade humana derivada das condies das sociedades

    complexas. Actualmente vivemos numa poca de mudanas contnuas e

    rpidas, decorrentes do progresso das cincias e consequente revoluo

    tecnolgica e industrial. Assim sendo, para que se alcance o sucesso

    imprescindvel que todo o trabalho seja planeado (Castro & outros, 1978).

    Na literatura encontram-se diversas justificaes quanto necessidade

    de planear o acto educativo. Assim, e destacando o autor, Janurio (1984),

    existem cinco razes pelas quais se deve planear o processo de ensino-

    aprendizagem:

    a) A arte do possvel, trata-se de acreditar que possvel optimizar

    os efeitos da aprendizagem, de guiar o desenvolvimento dos

    educandos, aumentando a probabilidade de ocorrncia dos

    resultados desejados, pela organizao das condies que garantam

    a sua consecuo. No fundo, trata-se de acreditar num futuro e

    torn-lo possvel se se organizarem as condies presentes;

    b) Modelo antecipativo, a actividade educativa no deve ser

    proveniente do acaso, mas deve surgir de um projecto pedaggico,

    de modo a ser uma actividade intencional, previsvel e controlada,

    que permita a eliminao de possveis erros e possibilite a vivncia

    antecipativa das situaes;

  • c) Libertao do professor, a funo do professor caracteriza-se pela

    tomada de decises, grande parte das quais tomadas anteriormente

    na fase pr-interactiva, nomeadamente quanto concepo do

    processo de ensino-aprendizagem e s decises que orientam a sua

    execuo e avaliao. Isto significa que o professor ter mais tempo

    disponvel para dedicar resoluo de situaes imprevisveis que

    possam surgir durante a aula, se outras decises j tiverem sido

    antecipadas quando da elaborao do plano de aula;

    d) Comunicao entre os docentes assume um papel de relevo, pois

    a elaborao em comum pelos professores de cada estabelecimento

    de ensino das unidades didcticas, a sua concepo, implementao

    e avaliao, constitui um instrumento de troca de ideias e

    aperfeioamento pedaggico;

    e) Eficcia do ensino, o planeamento por si s no tem valor, mas

    passa a t-lo se contribuir para a melhoria e eficincia do ensino e

    consequente maximizao das aprendizagens. Assim sendo, a

    eficcia do ensino a primeira justificao para a utilizao das

    unidades didcticas, de forma a apontar para a melhor orientao,

    sequencializao progressiva e maior coerncia e continuidade no

    processo ensino-aprendizagem.

    Uma outra justificao para a necessidade de planear o acto educativo

    -nos apontada por Mascarenhas & Carreiro da Costa (1995). Os referidos

  • autores consideram que o planeamento em Educao Fsica de extrema

    importncia, pelo facto de:

    - Permitir reduzir a incerteza e a ansiedade;

    - Ter utilidade, sobretudo em professores principiantes e/ou em incio de

    carreira e em professores estagirios, pois se no planeassem as suas

    aulas teriam muitas dificuldades. Por essa razo, pensam previamente

    quais as etapas, os momentos e qual a organizao da aula,

    aumentando assim a sua segurana na aula;

    - Permitir uma estruturao e visualizao prvia da interveno, que,

    por sua vez, permitir ao professor estar mais apoiado, organizado e

    seguro na aula. Assim os professores ficaram mais capazes face aos

    alunos, s suas capacidades e reaces, pelo facto de j terem previsto

    determinados acontecimentos no planeamento;

    - Permitir simular a aco e corrigir eventuais erros no decurso desta;

    - Prever os limites de actuao de alguns factores, tais como a

    disposio momentnea dos alunos e outros acontecimentos (p. ex.

    condies climatricas);

    - Ser a intencionalidade da aco docente, isto , ser o processo mental

    que liga o pensamento e a aco, permitindo desse modo ligar ou

  • adaptar o programa virtual s caractersticas do cenrio em que esto

    presentes;

    - Facilitar a comunicao e o trabalho de grupo entre professores, pelo

    facto do plano ser explcito (aparece escrito);

    - Permitir a participao dos alunos.

    Posto isto, se um professor desejar ser realmente eficaz no seu trabalho,

    se quiser que os seus alunos se transformem tanto quantitativamente como

    qualitativamente, desenvolvendo-se e aperfeioando-se no s fisicamente e

    no desempenho das diferentes matrias curriculares, mas tambm, numa

    perspectiva de formao pessoal, intelectual, moral, e se sobretudo quiser

    educar atravs das actividades fsicas, ele ter de planear.

    5 CARACTERSTICAS DE UM BOM PLANEAMENTO

    De acordo com diversos autores, tais como Faria Jr. (1972), Castro &

    outros (1978) e Torres & Corteso (1983) in Neves & Graa (1987), um plano

    para ser bom dever respeitar determinadas caractersticas, tais como:

  • - Coerncia O planeamento deve estar integrado no plano curricular

    geral, de modo a que a sua concretizao contribua para a consecuo

    das metas propostas nesse currculo. A coerncia de um plano existe se

    nele se revela uma adequada relao entre objectivos, contedos e

    estratgias propostas;

    - Unidade Nenhum planeamento pode tornar-se realmente eficaz se

    tiver uma multido de ideias antagnicas contra as quais lutar. A

    unidade tem por objectivo fazer convergir todas as actividades para os

    objectivos visados;

    - Continuidade O planeamento deve prever as diferentes etapas do

    trabalho a que nos propomos a realizar;

    - Flexibilidade O planeamento deve permitir, de acordo com as

    necessidades e interesse do momento, efectuar reajustamentos sem

    quebra da sua unidade e continuidade;

    - Objectividade O planeamento deve ser baseado em condies reais

    de local, tempo, recursos, capacidade, interesses e necessidades dos

    alunos. Um plano que no seja objectivo tornasse invivel, isto ,

    impraticvel, sem validade e aplicabilidade;

    - Clareza e Preciso O planeamento deve conter indicaes

    objectivas, de modo a que no seja passvel de vrias interpretaes.

  • 6 NVEIS DE PLANEAMENTO

    A aco educativa no uma aco da exclusividade do professor. Este

    constitui apenas um dos elementos de uma cadeia decisora mais ampla, no

    mbito global do sistema educativo. At aula propriamente dita, existe uma

    cadeia de decises com responsabilidades prprias, mas que contribuem todas

    para o mesmo fim: a organizao e estruturao da educao, das crianas e

    jovens em idade escolar (Mascarenhas & Carreiro da Costa, 1995).

    Para que a organizao e estruturao da aco educativa se realize

    necessrio conhecer quais as instncias de deciso e sobre o que decidem.

    Sousa (1991), define cinco nveis hierarquizados de

    responsabilidade/deciso na organizao do ensino:

    a) Poltico;

    b) Direco-Geral-Pedaggica;

    c) Direco Pedaggica da Escola;

    d) Grupo Disciplinar;

    e) Professor de Disciplina.

    O primeiro nvel corresponde ao nvel legislativo que responsvel por

    especificar prioridades, opes fundamentais, princpios e valores.

  • A Direco-Geral-Pedaggica tem a responsabilidade de elaborar

    Planos de Aco Pedaggica que visam longos perodos de tempo. Ela deve

    construir os currculos e os programas de acordo com os objectivos a atingir e

    estabelecer as finalidades para a realizao da poltica educativa.

    No nvel seguinte elabora-se o Plano Educativo de Escola que tem a

    durao de um ano. A partir deste nvel at ao ltimo, o planeamento desce de

    um nvel geral, nacional, para um mbito local, o que implica que tenha de

    existir uma adequao das caractersticas realidade existente.

    Cada grupo disciplinar, atravs do seu representante, deve tomar um

    conjunto de opes pedaggicas e didcticas. O grupo de professores

    responsvel pela construo do plano de Educao Fsica da Escola, que um

    plano a longo prazo.

    Cada professor deve realizar diferentes tipos de plano, de forma a

    estruturar o processo de ensino-aprendizagem. Este responsvel por

    elaborar o Plano Anual, o Plano de Unidade Didctica e, por ltimo, o Plano de

    Aula.

  • 6.1 PLANO ANUAL

    Segundo Neves & Graa (1997), importante que os professores no

    incio do ano lectivo tenham uma viso de conjunto sobre o processo de

    ensino-aprendizagem a desenvolver ao longo do ano. O incio do ano lectivo

    constitui assim um momento privilegiado para que os professores iniciem a

    preparao do respectivo ano.

    Olmpio Bento (1998), refere que o plano anual tem uma perspectiva

    global e procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas

    pessoas envolvidas. Os objectivos presentes no programa ou as normas

    programticas de cada ano so de uma formulao avalivel e concreta para

    professores e alunos, mas apenas de um modo muito geral. Trata-se de

    delinear um plano global, integral e realista da interveno educativa do

    professor, por um longo perodo de tempo.

    De acordo com Piron (1992) e Mascarenhas & Carreiro da Costa

    (1995), o plano anual depende de uma multiplicidade de factores como sejam:

    a) As instrues pedaggicas dos programas oficiais necessrio

    que o professor conhea bem os programas, de modo a poder

    estabelecer os objectivos prioritrios em cada ano de escolaridade e

    saber quais as aquisies que os alunos devero adquirir ao nvel da

    Educao Fsica;

  • b) O nmero de horas dedicadas Educao Fsica O tempo um

    factor determinante na aprendizagem dos alunos. Como a Educao

    Fsica uma actividade fsica educativa de carcter regular, contnuo

    e sistemtico, os professores devem considerar que o intervalo entre

    as aulas no seja demasiado grande, pois corre-se o risco dos

    efeitos da aula anterior desaparecerem. Estas tambm no devero

    ser realizadas logo aps as refeies;

    c) As condies materiais de trabalho existentes na escola No

    incio do ano, torna-se tambm fundamental estabelecer uma

    comparao entre aquilo que o programa exige e as condies

    existentes (materiais e instalaes). necessrio que os professores

    no se limitem a inventariar os meios disponveis, mas que estudem

    tambm todas as possibilidades que eles oferecem, tendo como

    referncia os objectivos do programa;

    d) O tipo de avaliao prevista pelas autoridades pedaggicas Os

    professores devem tambm definir as percentagens respectivas a

    cada domnio a ser avaliado (psicomotor, cognitivo e scio-afectivo)

    para cada ano de escolaridade.

    Aps ter em conta estes factores, o professor deve organizar o ano

    lectivo em vrias etapas, decompondo-o em perodos mais curtos para que

    possa ir adequando o percurso de desenvolvimento dos alunos face s suas

  • necessidades e possibilidades de aperfeioamento, progredindo com a

    finalidade de atingir os objectivos estabelecidos para esse ano de escolaridade.

    Segundo Corteso & Torres (1983) in Mascarenhas & Carreiro da Costa

    (1995), podemos organizar o ano em quatro etapas:

    a) Avaliao Inicial Esta deve constituir a primeira etapa do ano. O

    professor deve ficar com uma ideia clara sobre as maiores

    dificuldades dos alunos em cada bloco programtico e o (s) bloco (s)

    em que a turma est mais atrasada relativamente ao programa desse

    ano de escolaridade. Aps esta avaliao inicial, o docente poder

    seleccionar os objectivos do ano e estabelecer prioridades para a

    fase seguinte;

    b) Etapas de Desenvolvimento Consideram-se duas etapas de

    desenvolvimento. Uma que vai at ao Carnaval e a outra que dura

    at ao meio do terceiro perodo. Nestas etapas o professor poder

    rever e consolidar aprendizagens j efectuadas e as unidades

    devero permitir que o professor avalie o grau de concretizao dos

    objectivos, para poder propor novos desafios e, caso seja necessrio,

    proceder reorganizao das actividades e da prpria turma;

    c) Etapa de Concluso do Ano Nesta ltima etapa, o professor

    poder fazer uma reviso dos objectivos realizados nas outras

  • etapas do ano e/ou recuperar os alunos mais atrasados e orientar e

    aperfeioar as habilidades dos mesmos.

    Para realizar uma planificao a longo prazo, Corteso & Torres (1983)

    in Neves & Graa (1987), sugerem que os professores procedam do seguinte

    modo:

    a) Renam documentos tais como programa, planificaes de anos

    anteriores e livros;

    b) Utilizando um calendrio, marquem as frias e feriados que iro ter, e

    deste modo calculando os tempos lectivos que iro dispor;

    c) Analisem cuidadosamente o texto dos programas, nomeadamente os

    esquemas conceptuais que presidiram sua elaborao, as

    finalidades que ele se prope atingir e os temas organizadores

    estabelecidos. Se estes aspectos no estiverem explcitos, procurem

    em grupo identific-los;

    d) Analisem as caractersticas gerais da populao;

    e) Tomando em considerao esquemas conceptuais, finalidades,

    temas organizadores, bem como as caractersticas gerais do

    contexto, organizem os contedos em blocos, de modo que cada

    bloco constitua um todo coerente de aprendizagem a realizar

  • unidades de ensino , definindo os objectivos gerais que devem ser

    alcanados com cada um destes blocos;

    f) Identifiquem os aspectos que, em princpio, se prestam para um

    tratamento interdisciplinar;

    g) Apontem, em linhas gerais, as estratgias atravs das quais os

    contedos iro ser tratados. Procurem escolher estratgias variadas,

    de modo a que no haja monotonia ao longo do ano;

    h) Distribuam aproximadamente o tempo disponvel pelas unidades de

    ensino. Atribuam em princpio mais tempo s actividades iniciais, pois

    que tendo boas bases os alunos podero prosseguir depois

    rapidamente.

    6.2 PLANO DE UNIDADE DIDCTICA

    De acordo com Olmpio Bento (1998), as unidades didcticas so partes

    fundamentais do programa de uma disciplina, na medida que apresentam quer

    aos professores quer aos alunos, etapas claras e bem distintas de ensino e

    aprendizagem. Segundo este autor, nesta fase que decorre a maior parte do

    planeamento e da docncia do professor, e aqui que deve ser explorada a

    sua criatividade.

  • Piron (1988a, 1992), refere que a unidade didctica corresponde aos

    perodos durante os quais a actividade se concentra numa modalidade

    desportiva determinada. Estes perodos podem demorar de seis a oito

    semanas e pode acontecer que diferentes actividades possam coexistir durante

    um dado perodo.

    Neste nvel de planeamento muitos dos professores limitam-se a

    distribuir a matria de ensino pelas diferentes aulas, no tendo em

    considerao outros passos importantes no planeamento, predominando, por

    isso, nas suas aulas sempre a mesma funo didctica (Olmpio Bento, 1998).

    por esse motivo que o planeamento da unidade didctica no deve

    centrar-se unicamente na matria, mas tambm no desenvolvimento da

    personalidade dos alunos, levando-os a compreender as funes principais de

    cada aula. Ele deve adequar os exerccios idade, s qualidades fsicas e

    possibilidades de aprendizagem dos alunos, j que estes no se encontram

    todos no mesmo estdio de desenvolvimento ou de aprendizagem motora.

    Segundo Olmpio Bento (1998), o plano de uma unidade didctica

    dever sempre compreender os objectivos a atingir, a preparao e

    estruturao didcticas da matria, a funo e tarefas didcticas das diferentes

    aulas e o emprego de Maios e materiais de ensino.

    Janurio (1984), refere cinco etapas que os professores devem ter em

    conta na construo de uma unidade didctica:

  • a) Formulao de objectivos comportamentais terminais Em

    primeiro lugar os professores tm de estabelecer um plano que

    contenha as metas a atingir. Assim, a formulao das competncias

    terminais da unidade didctica devem estar relacionadas com os

    objectivos especficos da Educao Fsica, que constituem o

    elemento que direcciona o ensino e a aprendizagem;

    b) Estruturao de contedos Para a construo da unidade

    didctica, h que partir da definio dos objectivos terminais e

    seleccionar, por prioridades, as matrias e os objectos de ensino.

    necessrio que sejam analisadas as tarefas de aprendizagem, com a

    consequente melhoria das suas competncias motoras;

    c) Mobilizao e disposio dos recursos Na elaborao da

    unidade didctica torna-se necessrio que o professor maximize os

    espaos e os materiais disponveis. A repartio dos espaos e

    instalaes disponveis, no esquecendo a possibilidade da utilizao

    de recintos da comunidade exteriores escola, uma tarefa

    imprescindvel para o funcionamento escolar. necessrio que ele

    tenha em considerao que tem de gerir os recursos necessrios

    para as actividades, nunca esquecendo que trabalha sozinho;

    d) Avaliao Um outro aspecto que devemos ter em conta a

    avaliao. A avaliao pedaggica tem vrias funes e,

    habitualmente confundida com classificao. Para que o ensino da

  • unidade didctica seja eficaz, que promova aprendizagens

    superiores, as decises que o professor toma devem basear-se em

    informaes correctas sobre a realidade do processo de ensino-

    -aprendizagem. Piron (1988a), refere que a avaliao deve ser

    efectuada com regularidade, de forma a permitir ao aluno

    acompanhar o seu progresso medida que vai avanando na

    unidade didctica. Segundo Janurio (1984), podemos categorizar as

    decises de avaliao pedaggica em relao unidade didctica

    em trs tipos:

    - Avaliao Inicial Esta deve constituir a identificao dos pr-

    requisitos para a aprendizagem. O ritmo e o grau das

    aprendizagens dependem em grande parte do domnio das

    aprendizagens consideradas imprescindveis para a aquisio de

    novos contedos. Desta forma, torna-se imprescindvel conhecer

    as caractersticas dos nossos alunos, pois quando a sequncia

    das vrias tarefas de aprendizagem no levam em conta o

    domnio das anteriores, cada vez menos alunos atingem graus

    elevados na aprendizagem em causa;

    - Avaliao de Processo So as informaes necessrias para

    o controlo correctivo do processo de ensino-aprendizagem. Para

    tal, primordial que as tarefas de aprendizagem da unidade

    didctica sejam estruturadas e sequencializadas;

  • - Avaliao Final No se trata de uma classificao final dos

    alunos, mas sim, de tentar saber se os objectivos da unidade

    didctica foram adequados, se os contedos estavam ajustados

    ao nvel motor dos alunos, se as estratgias de ensino foram as

    melhores e se as metas terminais foram atingidas.

    e) Estratgia Geral Esta ltima etapa tem como objectivo fornecer

    informaes sobre a organizao e a abordagem da unidade

    didctica. O professor necessita de organizar a turma de acordo com

    as caractersticas de participao na aula e em funo das

    actividades fsicas a realizar, e deve antecipar problemas

    relacionados com a disciplina e organizao, para poder preveni-los.

    6.3 PLANO DE AULA

    Segundo Olmpio Bento (1998), a aula realmente o verdadeiro ponto

    de convergncia do pensamento e da aco do professor. Matos (1992) in

    Gomes & Matos (1992), refere que o plano de aula deve conter a organizao

    das situaes de aprendizagem, de um modo coerente, incorporando as

    decises tomadas, tendo em conta os alunos e a matria de ensino, com as

    suas potencialidades educativas no cumprimento das exigncias didctico

    metodolgicas fundamentais. Antes do incio da sesso, o professor j deve

    possuir um projecto da forma como ela deve ocorrer, constitudo por decises

    fundamentais, tais como a definio clara dos objectivos gerais e intermdios, a

  • escolha e a ordem das actividades e dos mtodos, quais os pontos fulcrais da

    aula, quais as principais tarefas didcticas, que estratgias utilizar para motivar

    os alunos, formaes e repartio dos postos de trabalho a privilegiar, etc. S

    assim, possvel realizar um trabalho sistemtico, regular e consciente de

    educao e formao.

    Devido ao carcter exclusivo das aulas de Educao Fsica,

    necessrio tambm que o professor tenha em considerao as condies

    climatricas, bem como o estado e nmero de instalaes, de locais e

    materiais desportivos.

    Segundo Matos (1992) in Gomes & Matos (1992), Piron (1992) e

    Olmpio Bento (1998), existe um conjunto de exigncias didcticas elementares

    que o professor deve respeitar na preparao das suas aulas:

    - Garantir um elevado tempo de empenhamento motor por parte dos

    alunos;

    - Motivar e estimular os alunos, de modo a que tenham uma atitude

    activa e crtica em relao a si mesmos;

    - Apresentar os objectivos de uma forma clara e motivante, indicando

    apenas o essencial, para que os alunos no se percam com coisas

    superficiais;

  • - Estabelecer uma boa relao com os alunos, com o intuito de criar um

    clima positivo na aula e promover uma boa atmosfera de trabalho;

    - Conceder bastante tempo exercitao e tambm um espao para o

    controlo e avaliao em todas as aulas, tendo em conta que cada

    aluno tem um ritmo biolgico diferente e que por isso deve ter um

    ensino individualizado.

    No que se refere estrutura da aula de Educao Fsica a grande

    maioria dos autores, tais como Matos (1992) in Gomes & Matos (1992), Piron

    (1992), Ferreira (1994), Rodrigues (1994) e Olmpio Bento (1998), da opinio

    que esta divide-se em trs partes, sendo elas:

    a) Parte Inicial ou Preparatria De acordo com Ferreira (1994), esta

    parte da aula visa preparar o indivduo para o trabalho que se ir

    desenvolver, de acordo com o objectivo principal desta, estipulado

    sobretudo do ponto de vista funcional. Piron (1992), Rodrigues

    (1994) e Olmpio Bento (1998), acrescentam ainda que esta parte se

    divide em duas fases. Primeiro a fase que precede a entrada dos

    alunos no local da aula e ocupada, por parte do professor, com

    rotinas administrativas, relaes afectuosas com os alunos,

    recordao de regras de comportamento e distribuio de algumas

    tarefas relativamente colocao de material no espao de aula.

    Ainda nesta parte, o professor dever apresentar a matria aos

    alunos, enunciar os objectivos gerais e especficos da aula, o

  • contedo, o modo de organizao da mesma e ainda motivar os

    alunos para a prtica. A outra parte consiste na apresentao da aula

    e na realizao de aces motoras, realizando uma preparao

    funcional do organismo para as cargas seguintes. Segundo Olmpio

    Bento (1998), a durao desta parte ronda normalmente entre os 8 a

    12 minutos.

    b) Parte Principal ou Fundamental Segundo Rodrigues (1994), esta

    parte da sesso visa atingir os objectivos operacionais definidos para

    a mesma, sendo por isso considerada a parte mais importante da

    sesso. Por essa razo que durante esta parte que efectuado a

    maioria do trabalho que corresponde ao objectivo principal da aula

    (Ferreira, 1994). J Piron (1992), afirma que nesta parte o professor

    deve ter em considerao que a capacidade de trabalho com a

    ateno dos alunos se mantm durante curtos perodos de tempo.

    Desta forma, ele dever propor as actividades mais complexas e os

    novos gestos tcnicos no incio desta parte. Segundo Olmpio Bento

    (1998), a durao desta parte ronda normalmente os 25 minutos.

    c) Parte Final ou de Encerramento Nesta parte h que reduzir

    progressivamente o trabalho para permitir que o organismo volte a

    um estado to prximo quanto possvel do estado inicial, bem como

    criar-lhe condies para todo o processo de recuperao que se ir

    processar (Ferreira, 1994). Assim sendo, o professor dever propor a

    realizao de exerccios de relaxamento e estiramento, de modo a

  • que se verifique o retorno calma. De acordo com Olmpio Bento

    (1998), o professor dever ainda proceder a um balano, onde

    realiza uma avaliao da sesso, do que correu bem e mal e faz uma

    ligao com as aulas seguintes. Para alm disso, o professor poder

    tambm proceder a uma estimulao dos sentimentos e emoes de

    prazer e bem-estar nos alunos. Segundo Olmpio Bento (1998), a

    durao desta parte ronda normalmente os 5 minutos.

    7 DIFERENAS ENTRE PROFESSOR PRINCIPIANTE E PROFESSOR

    EXPERIENTE

    De acordo com Janurio (1996), a experincia profissional costuma ser

    definida em funo da antiguidade de prestao de servios. Com efeito, um

    primeiro critrio diz respeito quantidade de experincia, a qual pode ser

    medida por horas de voo para os pilotos, por tempo de servio para os

    funcionrios pblicos ou por nmero de operaes efectuadas por um cirurgio.

    Contudo, e de acordo com o mesmo autor, nem sempre o tempo de

    servio equivale experincia profissional, pois dez anos de repeties das

    experincias dos primeiros anos de profisso no acrescentaro muito de novo

    memria profissional e ao conhecimento pedaggico.

  • Assim sendo, o critrio de quantidade no suficiente para definir se um

    professor expert (Janurio, 1996).

    Deste modo, um outro critrio utilizado ser a qualidade da experincia.

    De acordo com Berliner (1986) in Janurio (1996), a qualidade da experincia

    depende do conhecimento.

    Como tal, o conceito de expert assinalado por Berliner (1986) in Piron

    (1999), considerado o mais alto estdio de desenvolvimento profissional de

    um professor. Este autor define cinco fases no desenvolvimento profissional:

    1 Iniciado O professor/aluno estagirio tem um comportamento

    racional. Equivale ao primeiro ano de prtica pedaggica em

    contexto real.

    2 Iniciado Avanado O professor tem a capacidade de desenvolver

    um conhecimento estratgico que lhe permita reconhecer

    semelhanas em determinadas situaes e responder

    ajustadamente em diversos contextos. Equivale ao 2 e 3 anos de

    prtica pedaggica dos professores.

    3 Professor Competente O professor tem a capacidade para

    efectuar uma escolha consciente do que necessrio realizar e

    consegue identificar as situaes chave da interaco. Equivale

    aos 3 e 4 anos de prtica pedaggica dos professores.

  • 4 Professor Eficaz O professor possui um grande repertrio de

    experincias e de meios, e possui um sentido apurado daquilo que

    se produziu ou no na aula. Para alguns professores equivale ao 5

    ano de prtica pedaggica.

    5 Professor Expert O professor age fluida e intuitivamente na

    maioria das situaes, intervindo de forma mais analtica quando

    confrontado com problemas especficos no decorrer das suas

    aulas. Ao longo da carreira profissional apenas alguns professores

    conseguem atingir este nvel de competncia.

    Tal como afirma Janurio (1996), a quantidade um critrio mais fcil e

    cmodo de utilizar. Por essa razo utilizarei esse critrio como base para fazer

    a distino entre professor principiante e professor experiente. Assim sendo,

    para efeitos do presente estudo considerei professor principiante aquele que

    tenha dois ou menos anos de servio, e professor experiente aquele que tiver

    mais de cinco anos de servio.

    De acordo com Berliner (1986) in Piron (1999), existem algumas

    caractersticas que distinguem os professores experientes dos principiantes,

    sendo elas:

    - Os professores experientes realizam as suas inferncias a partir de

    objectos ou de ocorrncias, enquanto os principiantes limitam-se a uma viso

    mais literal dos objectos ou ocorrncias;

  • - Os experientes classificam os problemas que se devem resolver a um

    nvel relativamente elevado, enquanto os principiantes os classificam a partir de

    particularidades menos profundas;

    - Os professores experientes possuem padres precisos e rpidos para

    a sua capacidade de reconhecimento;

    - Ao contrrio dos principiantes, os experientes conseguem construir

    representaes diferentes dos problemas;

    - Os experientes evidenciam possuir capacidades cognitivas e de auto-

    regulao superiores;

    - Os professores com maior experincia profissional constroem a sua

    competncia de uma forma gradual, durante um longo perodo de tempo e para

    uma prtica significativa.

    Por sua vez, Silverman (1991) in Janurio (1996), enuncia as

    caractersticas dos professores eficazes e experientes do seguinte modo:

    - Planeiam para a gesto da classe e para a aprendizagem dos alunos;

    - Antecipam situaes e elaboram planos de contingncia;

  • - So conhecedores dos diferentes nveis de prtica dos alunos e usam

    a informao no planeamento e na interveno;

    - Requerem muita informao para planear;

    - Possuem um repertrio de estilos de ensino e conhecem quando os

    aplicar;

    - Proporcionam explicaes e demonstraes precisas e focadas;

    - Proporcionam um tempo adequado para a prtica do aluno;

    - Maximizam a prtica e o empenhamento adequado do aluno;

    - Minimizam a prtica e o empenhamento inadequado do aluno;

    - Minimizam o tempo de espera dos alunos.

    Outros autores tais como Siedentop & Eldar (1989) in Piron (1999),

    efectuaram, igualmente, uma interpretao da noo de expert em termos de

    comportamento. Segundo eles, um professor experiente possui as seguintes

    caractersticas:

    - O processo de controlo dos estmulos sugere que os professores

    experientes observam coisas que os restantes no vm e que so capazes

    de realizar discriminaes mais sensveis;

  • - Os professores experientes reagem mais depressa aos estmulos

    identificados. Estes tm acumuladas na memria experincias e respostas s

    quais podem recorrer rapidamente;

    - Os professores experientes dispem de um repertrio de

    comportamentos muito mais vastos, que lhes possibilita adequar melhor as

    suas respostas especificidade da situao;

    - Os professores experientes so capazes de controlar uma maior

    quantidade de elementos.

    Num outro estudo realizado por Pinheiro (1989) in Piron (1999), foram

    detectadas vrias diferenas entre os professores experientes e os professores

    principiantes, tais como:

    - Os professores experientes recolhem mais informao que os

    principiantes;

    - Os professores experientes efectuam um maior nmero de

    interpretaes e tomam mais decises;

    - Os professores experientes possuem uma maior preciso na avaliao

    diagnstico;

  • - A avaliao diagnstico dos principiantes mais superficial, levando-os

    a cometer alguns erros graves.

    8 ESTUDOS SOBRE PLANEAMENTO

    Actualmente, a investigao em Educao tem vindo a privilegiar o

    estudo dos processos cognitivos do professor. Como j foi referido

    anteriormente neste trabalho, a investigao sobre os processos cognitivos do

    professor engloba trs grandes categorias de pensamento, sendo elas a

    planificao (pensamentos pr-activos e ps-activos), os pensamentos e

    decises interactivas e as teorias e crenas (Clark & Peterson, 1986 in

    Janurio, 1996).

    Contudo, actualmente, de entre estas trs categorias, os aspectos

    relacionados com a planificao tm recebido por parte dos investigadores do

    ensino, um lugar de destaque. Assim sendo, so diversos os estudos

    realizados nesta rea do pensamento do professor, alguns dos quais

    passaremos a apresentar de seguida.

    Num estudo realizado por Pereira (s.d.), a 63 professores do ensino

    bsico e secundrio, este constatou que 76,2% dos professores planifica o

    processo de ensino em Educao Fsica. Relativamente aos tipos de

    planificao que os professores realizavam no decurso do ano lectivo

    destacaram-se as seguintes: anual, unidade didctica e aula. A planificao

    das unidades didcticas era efectuada por quase todos os professores (91,2%).

  • Em seguida verificou que o tipo de planificao que os professores realizavam

    com maior frequncia era a anual (68,7%). Apenas 39,6% dos professores

    responderam que elaboravam os planos de aula.

    Ainda de acordo com Pereira (s.d.), existem diversos factores que

    influenciam a planificao em Educao Fsica. Quatro factores foram

    classificados pelos professores como os mais importantes: (a) administrativos

    (instalaes e equipamentos) (80,4%); (b) programa (58,3%); (c) alunos (nvel

    de prestao, comportamento, etc.) (45,8%); (d) caractersticas da turma

    (motivao, comportamentos, etc.) (25%). Outros factores como a satisfao

    dos alunos, manuais escolares, caractersticas pessoais dos professores

    apresentam-se com um nvel muito baixo de preocupaes dos professores

    quando planificam o seu ensino.

    De acordo com o estudo realizado pelo mesmo autor, os pensamentos

    sobre os contedos (38,2%) so os mais frequentes durante a planificao,

    seguidos dos pensamentos sobre os procedimentos de instruo (27,1%) e os

    objectivos (14,4%). Por ltimo, aparecem os recursos e os alunos com 6,8% e

    4,3%, respectivamente.

    J Marcelo (1987) in Pereira (s.d.), afirma que as limitaes

    administrativas, alunos, influncias pessoais e recursos de curriculum so os

    mais importantes factores externos que os professores devem ter em

    considerao quando tomam as decises de planificao.

  • Housner & Griffey (1985) in Janurio (1996), compararam professores

    experientes e inexperientes. Deste modo, verificaram que os professores

    experientes requerem mais informao aquando do processo de planeamento,

    principalmente quanto experincia anterior dos alunos e recursos disponveis.

    Quanto tomada de decises pr-interactivas, os dois grupos de professores

    diferem claramente. Assim, enquanto que nas decises sobre procedimentos

    de estratgia, os professores com experincia do o dobro de orientaes, no

    que concerne s decises sobre a actividade no existem diferenas entre os

    dois grupos.

    Goc-Karp & Zakrajsek (1987) in Janurio (1996), referem que as

    decises mais valorizadas pelos professores aquando do planeamento so: as

    actividades e os aspectos organizacionais (tais como o tempo, os espaos e os

    equipamentos).

    Zahorik (1975) in Piron (1999), solicitou a um conjunto de professores que

    indicassem as decises que tinham em conta na planificao das aulas. Assim,

    81% referiram as actividades, 70% mencionaram os contedos, 56% indicaram

    os objectivos e apenas 37% falaram da avaliao.

  • De acordo com Kneer (1986) in Janurio (1996), que questionou 128

    professores sobre o plano de aula, 30% declararam utilizar regularmente um

    plano redigido. As tarefas de planeamento mais utilizadas foram: o uso de

    progresses (85%), a anlise de tarefas de aprendizagem (70%), a

    especificao de objectivos (60%) e a determinao do nvel de entrada do

    aluno (55%). Ainda segundo o mesmo autor, so precisamente os professores

    com maior experincia que mais aplicam estes procedimentos.

    As razes invocadas pelos professores no utilizadores do plano de aula

    escrito prendiam-se com a sua no necessidade (55%), por levar demasiado

    tempo (19%), por no acreditar na sua utilidade (6%) ou pela incapacidade de

    o realizar (3%).

    O estudo efectuado por Placek (1984) in Piron (1999), vem comprovar os

    resultados obtidos por Kneer (1986). Este investigador acompanhou quatro

    professores de diferentes nveis de escolaridade durante duas semanas e

    chegou s seguintes concluses:

    - Dois dos quatro professores no redigiam a planificao das actividades;

    - A planificao anual consistia apenas numa simples relao de

    actividades;

    - Na maioria das vezes, os planos de aula eram realizados na mesma

    manh durante o trajecto de carro para a Escola ou imediatamente antes

    da aula;

  • - Um dos professores nunca efectuava uma preparao prvia.

    Placek (1984) in Piron (1999), observou ainda que, a par do

    comportamento dos alunos, as preocupaes prticas representam os factores

    que mais influenciam o processo de planeamento. As maiores zonas de

    preocupao situam-se nas decises sobre actividades a ensinar, material

    disponvel e organizao da classe. O mesmo autor destacou, ainda, dois

    factores que influenciam o processo de planeamento: o comportamento dos

    alunos e as preocupaes prticas dos professores. Relativamente ao primeiro

    factor, assinala a participao dos alunos, a sua motivao e comportamentos

    incorrectos. Quanto ao outro factor, refere trs tipos de decises: uma sobre

    quais as actividades a ensinar, outra sobre o material disponvel e, por ltimo,

    como organizar a classe.

    Noutro estudo sobre a planificao que contou com a colaborao de sete

    professores eficazes do nvel elementar, Stroot & Morton (1989) in Piron

    (1999), verificaram que os professores despendiam mais tempo e se centravam

    mais nos planos de aula do que nas unidades didcticas e no plano anual.

    Na realizao do plano de aula os seus objectivos consistiam em

    determinar: os objectivos da aprendizagem, o material necessrio, a

    organizao dos alunos e da aula, as actividades, a avaliao do aluno e, por

    ltimo, a avaliao crtica da aula.

  • Segundo os autores, os trs factores mais importantes que influenciam a

    planificao so: a) objectivos da aula, b) organizao da aula e c) nvel de

    prestao do aluno.

    Stroot & Morton (1989) in Piron (1999), focam trs razes para explicar a

    importncia da planificao:

    1. Garante que a progresso da aula se mantenha e que os professores

    estejam centrados na tarefa;

    2. Refora a confiana e a segurana no professor;

    3. As autoridades pedaggicas exigem uma planificao das actividades.

    Os autores aferiram ainda que os professores mais experientes pareciam

    menos dependentes de uma preparao prvia do que os demais.

    O estudo de Twardy & Yerg (1987) in Piron (1999), que contou com a

    participao de 30 futuros professores de Educao Fsica, utilizou a tcnica de

    reflexo em voz alta para recolher os elementos em que os professores se

    baseavam para realizar a planificao.

    Aps a anlise das declaraes dos professores inquiridos, os autores

    constataram que os professores se baseavam principalmente no contedo e na

    estrutura das actividades e que deixavam para segundo plano o diagnstico

    das necessidades dos alunos e a determinao dos objectivos da aula.

  • Graham, Hopple, Manros & Sitzman (1992) in Piron (1999), compararam

    os professores experientes e os professores principiantes quanto s decises

    de planificao. Para tal, utilizaram diversas fontes: observao, entrevistas

    semi-estruturadas, notas de campo, etc.

    Os autores chegaram s seguintes concluses:

    Os Professores Experientes:

    - Apoiam-se na sua experincia para planificar as aulas;

    - Ensinam de formas diversas a partir do conhecimento das

    caractersticas dos alunos;

    - Investem mais tempo no desenvolvimento de tarefas que vo ao

    encontro das necessidades dos alunos.

    Os Professores Principiantes:

    - Apoiam-se, sobretudo, em documentao escrita para planificar as suas

    aulas;

    - Utilizam a primeira aula do dia para determinarem se o planeamento das

    restantes aulas vlido ou se deve ser alterado;

    - Tomam as decises tendo em conta o plano escrito que realizaram e

    ignoram as necessidades e os interesses dos alunos;

    - Mudam frequentemente de tarefas durante a aula em funo de uma

    necessidade aparente em realizar tudo o que estava previsto.

  • Num estudo efectuado por Mascarenhas & Carreiro da Costa (1995), a 35

    professores distribudos pelo 2 e 3 ciclos e ensino secundrio, os resultados

    alcanados indicavam que:

    - Independentemente do tempo de experincia os professores agiam de forma

    semelhante;

    - Em relao aos nveis de ensino, os professores do 2 e 3 ciclos actuavam

    de modo semelhante, bem como os professores do 3 ciclo e secundrio.

    Contudo, j ocorriam diferenas entre os professores do 2 ciclo e do

    secundrio;

    - Relativamente s orientaes prticas dadas pelos professores aquando do

    plano anual, concluram que os professores privilegiavam as estratgias de

    ensino, os recursos, os objectivos e a avaliao;

    - Na elaborao do plano de unidade didctica, as categorias que os

    professores privilegiaram foram as estratgias de ensino, a avaliao, os

    objectivos e os recursos;

    - No que concerne ao plano de aula, as preocupaes dos professores

    aquando do planeamento prendiam-se com as estratgias de ensino, o clima

    de aula/disciplina, a tica profissional e os recursos.

  • V. METODOLOGIA

    1 AMOSTRA

    Participaram neste estudo 32 professores de Educao Fsica de diversas

    escolas da Regio Autnoma da Madeira, dos quais 16 leccionavam no 3

    Ciclo e os restantes 16 no Secundrio. Desses 16 professores de cada um

    desses nveis de ensino, 8 eram considerados Professores Principiantes e 8

    Professores Experientes.

    NVEL DE ENSINO PROFESSOR

    PRINCIPIANTE

    PROFESSOR

    EXPERIENTE TOTAL

    3 CICLO 8 8 16

    SECUNDRIO 8 8 16

    TOTAL 16 16 32

    2 CONSTRUO E CARACTERSTICAS DO QUESTIONRIO

    De modo a analisar o Planeamento em Educao Fsica procedeu-se

    elaborao de um questionrio (ver, Anexo II), atravs de uma adaptao

    realizada ao questionrio utilizado por Mascarenhas & Carreiro da Costa (1995)

    no seu estudo.

    O objectivo do questionrio que os professores inquiridos respondam se

    realizam ou no diferentes Nveis de Planeamento (Plano Anual, Plano de

  • Unidade Didctica e Plano de Aula) e, em caso afirmativo, indiquem trs

    orientaes prticas para a elaborao desse Nvel de Planeamento.

    Para alm disso, os professores so questionados quanto ao nvel de

    ensino que leccionam e aos seus anos de experincia.

    Pelo facto de ter utilizado um questionrio elaborado a partir de uma

    adaptao realizada ao questionrio usado por Mascarenhas & Carreiro da

    Costa (1995), no seu estudo, no foi necessria realizar uma validao do

    instrumento.

    No entanto, segundo Piron (1982), em qualquer estudo um

    comportamento deve ser classificado da mesma maneira por diferentes

    observadores ou pelo mesmo observador, para que se registe fidelidade inter

    e/ou intra-observadores, respectivamente.

    Tendo em conta que a anlise do planeamento efectuada no presente

    estudo foi realizada por apenas um observador, houve apenas a necessidade

    de efectuar uma fidelidade intra-observador.

    Assim sendo, de modo a testar essa fidelidade, observmos um

    inqurito de um professor, numa situao de pr-teste em dois momentos

    distintos, com o espaamento de uma semana entre eles, e calculmos a

    percentagem de acordos e desacordos segundo a frmula de Bellack, que de

  • acordo com Piron (1982) e Siedentop (1980) e Anderson (1989) in Piron

    (1982), constitui a forma