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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

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Plano de Ação Nacional

para a Conservação de

Albatrozes e Petréis

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Endereço do Editor

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

SCEN, Avenida L4 Norte, Trecho 2Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros

Coordenação-Geral de FaunaCoordenação de Proteção de Espécies da Fauna

70818-900 - Brasília - DF - BrasilTel./fax: + 55 61 33161215

http://www.ibama.gov.br

Colaboradores

PROJETO ALBATROZ

Avenida Rei Alberto I, 450, sala 5Terminal Pesqueiro Público de Santos

11030-380 - Santos - SP - BrasilTel./fax: + 55 13 32614039

E-mail: [email protected]://www.projetoalbatroz.org.br

BIRDLIFE INTERNATIONAL – PROGRAMA DO BRASIL

Rua Fernão Dias, 219, Cj. 205427-010 - São Paulo - SP - Brasil

Tel.: + 55 11 38152862Fax: + 55 11 38150343

E-mail: [email protected]://www.birdlife.org

© IBAMA 2006. O material contido nesta publicação não pode ser reproduzido, guardado pelo sistema “retrieval” ou transmitido dequalquer modo ou por qualquer outro meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação ou outros, sem a prévia autorização,por escrito, do Coordenador da Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna.

© dos autores 2006. Os direitos autorais das fotografias contidas nesta publicação são de propriedade de seus fotógrafos.

República Federativa do Brasil

Presidente

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Vice-PresidenteJOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA

Ministério do Meio Ambiente

MinistraMARINA SILVA

Secretário-ExecutivoCLÁUDIO ROBERTO BERTOLDO LANGONE

Secretário de Biodiversidade e FlorestasJOÃO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCO

Diretor do Programa Nacional de Conservação daBiodiversidadePAULO YOSHIO KAGEYAMA

Gerente da Gerência de Recursos GenéticosLÍDIO CORADIN

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis

PresidenteMARCUS LUIZ BARROSO BARROS

Diretor de Fauna e Recursos PesqueirosRÔMULO JOSÉ FERNANDES BARRETO MELLO

Coordenador Geral de FaunaRICARDO JOSÉ SOAVINSKI

Coordenador de Proteção de Espécies da FaunaONILDO JOÃO MARINI-FILHO

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Plano de Ação Nacional

para a Conservação de

Albatrozes e Petréis

Série Espécies Ameaçadas Número 2

Tatiana Neves (Projeto Albatroz)Fábio Olmos (BirdLife International – Programa do Brasil)

Fabiano Peppes (Projeto Albatroz)Leonardo Vianna Mohr (Ibama)

ColaboraçãoGrupo de Trabalho para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Brasília, 2006

(Planacap)

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Coordenação das Edições IbamaCleide Passos

Coordenação técnica da Série Espécies AmeaçadasOnildo Marini Filho

Revisão técnica do documentoJosé Airton de Vasconcelos, José Heriberto M. de Lima e Onildo Marini Filho (Ibama)Letícia Carvalho e Maria Carolina Hazin (Ministério do Meio Ambiente)Marcus Henrique Carneiro (Instituto de Pesca de São Paulo)

Revisão de textoEnrique Calaf Calaf, Nara Albuquerque e Maria José Teixeira (Edições Ibama)

Revisão finalLeonardo Mohr e Tatiana Neves

Edição de textoVitória Rodrigues

Normalização bibliográficaHelionidia C. Oliveira

Projeto gráfico e diagramaçãoPaulo Luna

CapaThomas SigristPintura em guache sobre papel

Dúvidas, sugestões e requisição de exemplaresOnildo Marini Filho ([email protected])

P699 Plano de ação nacional para conservação de albatrozes epetréis / Tatiana Neves... [et al.]. – Brasília: Ibama, 2006.

124 p. : il. color. ; 29 cm.

ISBN 85-7300-193-3

1. Plano (Planejamento). 2. Aves. 3. Ornitologia. 4.Extinção. 5. Espécies. I. Neves, Tatiana. II. Olmos, Fábio. III.Peppes, Fabiano. IV. Mohr, Leonardo Vianna. V. InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis. VI. Coordenação de Proteção de Espécies daFauna. VII. Título.

CDU(2.ed.) 598.2

Catalogação na FonteInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

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Agradecimentos

Roberto Kikuo Imai (Imaipesca Com.e Ind. de Pescados Ltda.); Wagner de OliveiraSimões e Sérgio Coutinho Datoguia (Itafish);José Kowalsky (Com. e Ind. de PescadosKowalsky Ltda.); Max Magalhães Stern (BahiaPesca); Guisepe Calzavara de Araújo (AlphaPesca Capt. Ind. e Com. de Pescados); AlexQuinta Blanco Alfaya (Cabedelo Pesca Ltda.);José Williams de Freitas Gouveia (WGPescados Ltda.); Marcelo Lima (Cooperativados Armadores de Pesca da Paraíba); GabrielCalzavara (Mucuripe Pesca); ReginaldoNascimento (Natal Pesca); Iranildo Pereira dePontes (Sindicato da Indústria de Pescados dosEstados do Pará e Amapá); Maguary Pesca;Presidente do Sindicato dos Armadores dePesca da Paraíba; Gilberto Rocha Raposo eJosé Américo Barbosa Barreto (Associação dePescadores do Distrito de Itaipava/ES).

Paulo Travassos, Fábio Hazin eRosângela Lessa (UFRPE); Flávia Lucena(Universidade Federal do Pará); Ruy Válka(MNRJ); Márcio Efe (PUCRS); VenâncioAzevedo (Instituto Oceanográfico/USP);Heloisa Azevedo (IFSP); Gastão Bastos, CarlosArfeli e Antônio Olinto (IPSP); DemétrioMartinho de Carvalho, Priscilla Gatto eLeonardo Sales (Instituto Albatroz); JaquelineGoerk (BirdLife International - Programa doBrasil); Carles Carboneras (SEO/BirdLife);José Tubino, Eliana Ferreira e FernandoScardua (FAO/Brasil); Celso Lin, FelipeAlbanez e Mabel Augustowski (CEMAR/IFSPe IUCN/Grupo Marinho); Gilberto Sales,Bruno Giffoni, Guilherme Maurutto eMargareth Buzin (Tamar/Ibama); Nilamon O.Leite Jr. e João Carlos Alciati Thomé (Tamar/

Ibama de Vitória/ES); Francisco Machado eSebastião Saldanha Neto (Seap); Ricardo JoséSoavinski (CGFAU); Inês Nascimento e João LuizXavier do Nascimento (Cemave/Ibama); ÍtaloJosé Araruana Vieira e Mutsuo Asano Filho(Cepnor/Ibama); Luis Fernando Rodrigues(Cepsul/Ibama); Letícia Reis de Carvalho eRicardo Casteli Vieira (MMA); Tatiana Walter(Fundo Nacional do Meio Ambiente/MMA);Sônia Fahlstrom (Conepe) e Renato Lima Pinto(Capitania dos Portos da Paraíba).

José Valdemarsen e Wilfried Thiele(Chefes do Comitê de Pesca da FAO/Romadurante a tramitação do processo deelaboração deste Planacap) e Svein Lokkeborg,especialista convidado pela FAO.

John Croxall (BAS/UK), Kim Rivera(NOAA/EUA), Warren Papworth (ACAP), EricGilman (Blue Ocean Institute) e CarlosMoreno (Universidade Austral do Chile).

Mestres e todos os tripulantes dosbarcos Itaipu, Itaúna, Imaipesca, Kaiko Marú,Taihei Marú, Progressão, Yamaia III, Marbela,Macedo IV, Oceano Brasil, Camburi, MarParaíso, Rio Solimões, Patamar e Fidgy e osbarcos de pesquisa Soloncy Moura e AtlânticoSul, que permitiram os embarques deobservadores em suas viagens de pesca,colaborando de maneira significativa para arealização deste Planacap.

T.S. Neves agradece ao Prof. CarolusMaria Vooren (FURG) pelos anos deensinamento e pelo estímulo desde o início.

André Dias, Cesar Musso, FranciscoPedro Neto, G. Robertson, Guillermo Moreno,Guy Marcovaldi, Luciano Candisani, RobertoImai e Tony Palliser, pela cessão de fotografias.

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Recomendação ..........................................................................................................

Parte 1: INFORMAÇÕES GERAIS

Introdução ....................................................................................................................

Ameaças aos Procellariiformes .............................................................................Enfrentando o problema mundialmente ................................................................A situação no Brasil ...............................................................................................

Objetivos .....................................................................................................................

Albatrozes e petréis no Brasil ..........................................................................................Características gerais ..............................................................................................Espécies que nidificam no Brasil ...........................................................................

Pardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana ............................................Pardela-de-asa-larga Puffinus lherminieri .....................................................

Espécies visitantes que interagem com a pesca .....................................................Albatroz-errante Diomedea exulans .............................................................Albatroz-de-tristão Diomedea dabbenena ....................................................Albatroz-real-meridional Diomedea epomophora .......................................Albatroz-real-setentrional Diomedea sanfordi ..............................................Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris ..........................Albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico Thalassarche chlororhynchos .........Albatroz-de-cabeça-cinza Thalassarche chrysostoma ..................................Piau-preto Phoebetria fusca ........................................................................Pardelão-gigante Macronectes giganteus .....................................................Pardelão-prateado Fulmarus glacialoides ....................................................Pardela-preta Procellaria aequinoctialis .......................................................Pardela-de-óculos Procellaria conspicillata .................................................Bobo-grande-de-sobre-branco Puffinus gravis ............................................

Agradecimentos ..........................................................................................................Lista de siglas e abreviaturas .....................................................................................Lista de figuras ............................................................................................................Lista de participantes do workshop para a preparação do Planacap ....................Histórico da Conservação de Procellariiformes no Brasil ................................................Apresentação ...............................................................................................................União de esforços pela preservação das aves marinhas ........................................

Sumário

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

As pescarias que capturam aves no Brasil ................................................................A pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudeste ..................................A pesca com espinhel pelágico das frotas nacional e arrendada realizada comembarcações baseadas nos portos das regiões Norte e Nordeste ..........................

A pesca com espinhel de fundo .............................................................................

A pesca com espinhel de superfície (boiado) para a captura de dourado,utilizado principalmente em embarcações do porto de Itaipava/ES .....................

A captura incidental de aves marinhas pela frota espinheleira no Brasil .............Espinhéis de fundo ......................................................................................Espinhéis pelágicos ......................................................................................

Medidas mitigadoras ..................................................................................................Espantador de aves ou toriline ....................................................................Largada noturna do espinhel ........................................................................Isca azul .......................................................................................................Lançamento lateral .......................................................................................Dispositivos de largada submersa .................................................................Isca descongelada ......................................................................................Iscas artificiais ..............................................................................................Limitação dos descartes ..............................................................................Aumento do peso do espinhel ...................................................................Limitação da pesca ..........................................................................................O uso de medidas mitigadoras no Brasil ............................................................

Parte 2: PLANO DE CONSERVAÇÃO

Metas e ações ...............................................................................................................Espécies que nidificam no Brasil ...........................................................................

Pardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana ............................................Manejo ..................................................................................................Pesquisa .................................................................................................

Pardela-de-asa-larga Puffinus lherminieri ........................................................Manejo ..................................................................................................Pesquisa .................................................................................................

Espécies visitantes que interagem com a pesca ...................................................Manejo .................................................................................................Pesquisa .................................................................................................

Referências bibliográficas .............................................................................................Apêndices

I. Relação de links para acessar NPOAs e políticas de conservação deProcellariiformes, no exterior ................................................................................

II. Categorias da IUCN para a elaboração de listas vermelhas ...............................III.Categorias e critérios da IUCN para a elaboração de listas vermelhas ..............IV.Mapas da evolução do esforço de pesca ...........................................................V. Portaria de criação do Grupo de Trabalho para a Conservação dos Albatrozes e

Petréis ..............................................................................................................

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Acap Agreement on the Conservation of Albatrosses and Petrels – Acordo sobre aConservação dos Albatrozes e Petréis

APA Área de Proteção AmbientalAvidepa Associação Vila-Velhense de Proteção AmbientalBP Barco pesqueiroCBRO Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (grupo de estudos vinculado à

Sociedade Brasileira de Ornitologia)CCAMLR Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da AntártidaCemave Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres/IbamaCepene Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste/

IbamaCepsul Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e

Sul/IbamaCGEUC Coordenação-Geral de Unidades de Conservação/IbamaCGFAU Coordenação-Geral de Fauna/IbamaCIRM Comissão Interministerial para os Recursos do MarCMS Convention on Migratory Species – Convenção sobre Espécies MigratóriasCofau Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna/IbamaCofi Comitee on Fisheries – Comitê de Pesca/FAOConepe Conselho Nacional de Pesca e AqüiculturaCPUE Captura por Unidade de EsforçoDema Departamento do Meio Ambiente/MREDepaq Departamento de Pesca e Aqüicultura/Ibama (extinto)Devis Departamento de Vida Silvestre/Ibama (extinto)Direc Diretoria de Ecossistemas/IbamaDiren Diretoria de Recursos Naturais/Ibama (extinta)DPA Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura (extinto)FAO Food and Agriculture Organization – Organização das Nações Unidas para a

Agricultura e AlimentaçãoFurg Fundação Universidade do Rio GrandeGerex Gerência Executiva/IbamaIbama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisIccat International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas – Comissão

Internacional para a Conservação do Atum do AtlânticoIFSP Instituto Florestal de São Paulo

Lista de siglas e abreviaturas

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IN Instrução NormativaInfraero Empresa Brasileira de Infra-Estrutura AeroportuáriaIpoa-Seabirds International Plan of Action – Plano de Ação Internacional para a

Redução da Captura Incidental de Aves Marinhas na Pesca com EspinhelIPSP Instituto de Pesca de São PauloIUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos

NaturaisMMA Ministério do Meio AmbienteMNRJ Museu Nacional do Rio de JaneiroMRE Ministério das Relações ExterioresMZUSP Museu de Zoologia/USPNMFS National Marine Fisheries Service – Serviço Nacional de Pesca Marinha

dos Estados Unidos da AméricaNPq. Navio de Pesquisa OceanográficaONG Organização Não-GovernamentalParna Parque NacionalPlanacap Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e PétreisProfrota Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota

Pesqueira Nacional/SeapRevizee Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica

Exclusiva BrasileiraSCRS Comitê Permanente de Pesquisas e Estatísticas/ICCATSeap Secretaria Especial de Aqüicultura e PescaSPU Secretaria de Patrimônio da UniãoSTWG Seabird Technical Working Group – Grupo de Trabalho sobre Aves

MarinhasTamar Centro Nacional de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas/IbamaUC Unidade de ConservaçãoUFRPE Universidade Federal Rural de PernambucoUFS Universidade Federal de SergipeUnisantos Universidade Católica de SantosUnivali Universidade do Vale do ItajaíUSP Universidade de São PauloZEE Zona Econômica Exclusiva

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Figura 1. Ilha da Trindade ...........................................................................................Figura 2. ilhas Itatiaia, município de Vila Velha, litoral do Espírito Santo ...................Figura 3. Baía do Sancho com ilha Dois Irmãos ao fundo, Arquipélago

de Fernando de Noronha ..........................................................................Figura 4. Albatroz-de-tristão Diomedea dabbenena preso a anzol e morto por

afogamento .................................................................................Figura 5. Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris .........................Figura 6. Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris juvenil, morto por

um espinhel ...............................................................................................Figura 7. Albatrozes-de-nariz-amarelo Thalassarche chlororhynchos, pardelas-pretas

Procellaria aequinoctialis, pardelas-de-óculos P. conspicillata e pombas-do-cabo Daption capensis aguardam os descartes de um espinheleiro ............

Figura 8. Bobo-grande Calonectris diomedea ..........................................................Figura 9. Pardela-de-óculos Procellaria conspicillata ................................................Figura 10. Pardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana .............................................Figura 11. Caranguejo Gecarcinus lagostoma predando filhote de tartaruga marinha

na Ilha da Trindade ....................................................................................Figura 12. Pteridófitas em encosta da Ilha da Trindade ..............................................Figura 13. Pardela-de-asa-larga Puffinus lherminieri na ilha Morro do Leão, Fernando

de Noronha ...............................................................................................Figura 14. Albatroz-errante Diomedea exulans ..........................................................Figura 15. Distribuição oceânica dos grandes albatrozes Diomedea spp. ....................Figura 16. Albatroz-de-tristão Diomedea dabbenena ..................................................Figura 17. Albatroz-real-meridional Diomedea epomophora ......................................Figura 18. Albatroz-real-setentrional Diomedea sanfordi ............................................Figura 19. Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris ........................Figura 20. Distribuição oceânica do albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche

melanophris ..............................................................................................Figura 21. Albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico Thalassarche chlororhynchos ..........Figura 22. Distribuição oceânica do albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico

Thalassarche chlororhynchos ......................................................................Figura 23. Albatroz-de-cabeça-cinza Thalassarche chrysostoma .................................Figura 24. Piau-preto Phoebetria fusca .........................................................................Figura 25. Pardelão-gigante Macronectes giganteus ...................................................Figura 26. Distribuição oceânica de Macronectes spp. ...................................................Figura 27. Pardelão-prateado Fulmarus glacialoides ....................................................

Lista de figuras

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Figura 28. Distribuição oceânica do pardelão-prateado Fulmarus glacialoides............Figura 29. Pardela-preta Procellaria aequinoctialis .......................................................Figura 30. Distribuição oceânica da pardela-preta Procellaria aequinoctialis a partir

de observações a bordo de espinheleiros ..................................................Figura 31. Pardela-de-óculos Procellaria conspicillata ...............................................Figura 32. Pardelas-de-óculos Procellaria conspicillata alimentando-se de descartes de

pesca ...........................................................................................................Figura 33. Distribuição oceânica da pardela-de-óculos Procellaria conspicillata ...........Figura 34. Bobo-grande-de-sobre-branco Puffinus gravis .............................................Figura 35. Distribuição oceânica do bobo-grande-de-sobre-grande Puffinus gravisFigura 36. Espinheleiro pelágico em operação ...........................................................Figura 37. Evolução do número de embarcações arrendadas e nacionais que pescavam

com espinhel pelágico no Brasil entre 1985 e 2004 ...................................Figura 38. Recolhimento de espadarte .......................................................................Figura 39. Evolução do número de embarcações nacionais e arrendadas que pescavam

com espinhel pelágico nas regiões Sul/Sudeste e Norte/Nordeste entre 1998e 2002 ........................................................................................................

Figura 40. Composição da captura de pescado da frota nacional de espinhel pelágico,em 2004 ....................................................................................................

Figura 41. Tubarões à bordo .......................................................................................Figura 42. BP Auster, operador arrendado de espinhel pelágico .................................Figura 43. Espinheleiro de fundo em operação ..........................................................Figura 44. BP Mar Paraíso, operador de espinhel de fundo ........................................Figura 45. Estimativa de mortalidade anual de aves oceânicas por espinheleiros de

fundo no Brasil, em 1998/1999 ....................................................................Figura 46. Um albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris e três

pardelas-pretas Procellaria aequinoctialis mortas em espinhel pelágico ........Figura 47. Estimativa de mortalidade anual de aves oceânicas por espinheleiros pelágicos

no Brasil, em 1998/1999 ............................................................................Figura 48. Lançamento de espinhel .............................................................................Figura 49. Toriline em operação ....................................................................................Figura 50. Confecção do toriline .................................................................................Figura 51. Largada noturna do espinhel ........................................................................Figura 52. Tingimento de lulas ....................................................................................Figura 53. Lançamento lateral do espinhel ....................................................................Figura 54. Isca artificial ...............................................................................................Figura 55. Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris capturado em

espinhel ......................................................................................................

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Nome Instituição Endereço eletrônicoAlexandre Filippini Cemave [email protected] Yamashita Gerex/SP [email protected] Maria Vooren Furg [email protected] Carneiro Projeto Albatroz [email protected]étrio M.R. de Carvalho Projeto Albatroz [email protected] Barbieri UFS1 [email protected] Fanta CCAMLR [email protected] Secomandi Unisantos [email protected] Coelho Projeto Albatroz [email protected] Peppes Projeto Albatroz [email protected]ábio Olmos BirdLife International2 [email protected] Carlos Ramos Seap [email protected]ão César Bastos IPSP [email protected] Sales Tamar [email protected]ão Luiz X. do Nascimento Cemave [email protected]é Heriberto M. de Lima Cepene [email protected] José Kowalsky Kowalsky pescados [email protected] Soto Univali [email protected] Bugoni Furg3 [email protected] Sales Projeto Albatroz [email protected] Fernando Rodrigues Cepsul [email protected] Henrique Carneiro IPSP [email protected] Asano Filho Cepnor [email protected] Alvares da Silva CGEUC4 [email protected] Gatto Projeto Albatroz [email protected] Castelli MMA [email protected] José Soavinski CGFAU [email protected] Imai Imai pescados [email protected] Wahrlich Univali [email protected] Válka Alves MNRJ [email protected] da Silva Neves Projeto Albatroz 5 [email protected] Rolim IPSP [email protected] de Melo Barros Cofau [email protected]

Instituição atual:1 IPSP.2 Consultor ambiental autônomo.3 Universidade de Glasgow, Escócia, Reino Unido e Projeto Albatroz4 Coordenação-Geral de Florestas/Ibama.5 Projeto Albatroz e Consultora do PNUD/Ibama.

Lista de participantes do workshop para a preparação do Planacap

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Guarujá/SP, 5 e 6 de abril de 2004.

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Em junho de 1997, o pesquisadorFábio Olmos encaminhou correspondênciaà Presidência do Ibama, relatando o problemada mortalidade incidental de aves marinhasdurante as operações pesqueiras envolvendoo uso de espinhéis, na qual alertava para aprevisibilidade de adoção de sançõeseconômicas contra os países que nãoadotassem medidas mitigadoras para evitar acaptura das mesmas.

Teve início, ainda na antiga estruturado Ibama, um intercâmbio entre o Depaq,vinculado à Diren, e o Devis, vinculado àDirec, para tratar do assunto. Em julho de1998, um representante do Depaq, CarlosFisher, após consulta à pesquisadora TatianaNeves, participou da reunião preparatóriapara as consultas da FAO, em Roma. Naocasião foram discutidos temas como omanejo da capacidade de pesca de tubarõese da captura acidental de aves marinhas napesca com espinhel, que resultaram naadoção, em 1999, de um Plano de AçãoInternacional para a Redução da CapturaIncidental de Aves Marinhas na Pesca comEspinhel (Ipoa-Seabirds). Os países associadosà FAO deveriam, então, preparar planosnacionais de ação para reduzir talmortalidade.

Ao retornar dessa reunião, orepresentante do Depaq solicitou aospesquisadores T. Neves e Carolus MariaVooren o envio de um projeto para aelaboração de um diagnóstico sobre a capturade aves marinhas na pesca com espinhel,conforme orientação do Ipoa-Seabirds.

Em junho de 1999, representantedo Devis e Cemave/Ibama, Maria CarolinaHazin, participou de reunião do grupo de

Histórico da Conservaçãode Procellariiformes no Brasil

trabalho criado pelo comitê coordenador doGrupo de Valdívia (relativo ao acordo decooperação para espécies migratórias), paradiscutir uma proposta de acordo regional paraa proteção de albatrozes, no âmbito daConvenção sobre Espécies Migratórias.

Em junho e agosto de 2000 forampromovidas reuniões pelo Ibama (Cemave,Devis e Depaq) com os pesquisadores F.Olmos, T. Neves e Jules Soto, para discussõessobre o tema. Ciente da responsabilidadebrasileira, a coordenadora do Devis, IolitaBampi, solicitou aos pesquisadores T. Nevese F. Olmos que elaborassem um plano de açãonacional visando a conservação de avesmarinhas.

Em julho de 2000, a pesquisadoraT. Neves foi indicada pelo Ibama e pelo MREpara representar o Brasil na segunda reuniãopreparatória do Acordo sobre a Conservaçãode Albatrozes e Petréis – Acap, ocorrida emHobart, Austrália. Durante essa reunião, apesquisadora iniciou contatos com o chefedo Cofi/FAO, John Valdemarsen, para aviabilização financeira da elaboração doplano de ação brasileiro.

Ainda em 2000, as seguintesatividades foram viabilizadas: (1) algumasviagens de treinamento de observadoresvoluntários em barcos de pesca, pelo ProjetoAlbatroz; (2) por meio do Depaq, uma bolsade Fomento Tecnológico, modalidadeEspecialista Visitante, no âmbito do ProgramaRevizee, para as pesquisadoras T. Neves eM.C. Hazin, visando à realização de estudosrelacionados à captura acidental de avesmarinhas em artefatos de pesca,respectivamente, nos litorais sul e norte dopaís, entre novembro de 2000 e janeiro de

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

2001; (3) foi encaminhado à FAO, porintermédio do Devis, um projeto de autoriade T. Neves e F. Olmos visando à elaboraçãode um plano de ação nacional; (4) emconjunto com a Univali, o Cemave realizou,em julho de 2000, o curso Técnicas dePesquisa para a Conservação de AvesSilvestres, com ênfase nos Procellariiformes;e (5) o oceanógrafo Alexandre Filippini,executor de projetos do Cemave em SantaCatarina, elaborou o projeto de pesquisa“Avaliação da Mortalidade deProcellariiformes nos Espinhéis da PescaOceânica no Sul do Brasil”.

Em dezembro de 2000 ocorreureunião entre as chefias do Cemave e doDevis com o Primeiro Secretário da Divisãode Meio Ambiente do MRE, para discutir aproposta brasileira para a reunião do Acap,ao qual o Brasil aderiu em junho de 2001.

Em julho de 2001 foi realizada emCuritiba, Paraná, reunião entrerepresentantes da CGFAU, Cemave, IFSP,CBRO, IPSP, Univali, Cepsul e CentroUniversitário São Camilo/SP, na qual o temafoi discutido e surgiu a proposta de realizaçãode um workshop e a criação de um grupo detrabalho pelo Ibama.

Em setembro de 2001, o Chefe doCemave, João Luiz Xavier do Nascimento,acompanhado da pesquisadora T. Neves, naocasião representando o Projeto Albatroz,representou o Ibama no primeiro TallerSudamericano sobre Conservación deAlbatrosses y Petreles, promovido pelaBirdLife International e Aves Uruguai, emPunta del Este, Uruguai.

Nos dias 24 e 25 de outubro de2001, no Cemave, em Brasília, foi realizadoo primeiro Workshop Brasileiro sobre aConservação de Aves Marinhas, que tevecomo tema central o problema da mortalidadede albatrozes e petréis em espinhéis.

Em abril de 2003 foi criado oInstituto Albatroz, que recebeu imediatamenteos recursos da FAO para elaboração do Planode Ação Nacional para a Conservação deAlbatrozes e Petréis – Planacap. O trabalhofoi realizado em conjunto pelo ProjetoAlbatroz e BirdLife International – Programa

do Brasil e submetido ao Ibama. O documentofinal, em sua versão em português, foi enviadoà organização financiadora, a FAO.

Em dezembro de 2003, emworkshop internacional organizado emconjunto pela BirdLife International e FAO emFutruno, Chile, o Projeto Albatroz apresentouo Planacap para a comunidade científica daAmérica do Sul.

Em abril de 2004 ocorreu emGuarujá, São Paulo, um workshop para adiscussão do Planacap, em uma promoçãoconjunta do Ibama e Projeto Albatroz, sendoa primeira reunião do Grupo de Trabalho,formalmente instituído pelo Ibama por meioda Portaria Ibama n° 55/04-N, de 1º de junhode 2004.

Em outubro de 2004, a versãoexecutiva do Planacap foi apresentada pelapesquisadora T. Neves na reunião do grupoad hoc WG-IMAF (Grupo de Trabalho paraCaptura Incidental na Pesca da CCAMLR),durante a XXIII Reunião da CCAMLR emHobart, Austrália.

Entre 8 e 12 de novembro de 2004foi realizado o primeiro encontro das partesdo Acap em Hobart, Austrália, onde o Brasilfoi representado pelo Coordenador deProteção de Espécies da Fauna, Onildo JoãoMarini Filho e pelo Secretário da Embaixadado Brasil na Austrália, Roberto Parente. Nestaocasião, foi conseguida uma redução nascontribuições dos países menosdesenvolvidos, entre eles o Brasil,possibilitando a sua adesão ao Acordo.

Em julho de 2005, apesar de não terratificado o Acap, o Brasil enviou para aprimeira Reunião do seu Conselho Consultivoum documento preparado por O.J. MariniFilho, T. Neves e Leandro Bugoni, intituladoRelatório Voluntário Brasileiro sobre aImplementação do Plano de Ação do Acap,que foi também apresentado à CCAMLR, emoutubro de 2005.

Ao longo de 2005 o Planacap passoupor diversas revisões e atualizações, sobsupervisão da Cofau, de forma a tornar o textomais consistente com as ações dos setoresrelacionados à pesca, possibilitando apresente publicação.

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Apresentação

O Brasil é o país que detém a maiorbiodiversidade em todo o mundo. Ao mesmotempo, a intensificação de atividadeshumanas, como a expansão desordenada decidades e o aumento da fronteira agrícolasobre áreas preservadas, têm gerado fortepressão sobre as diversas paisagens e biomasbrasileiros. As principais conseqüências destasações são a perda, degradação e fragmentaçãode habitats, que se refletem no aumento donúmero de espécies presentes na ListaNacional das Espécies da Fauna BrasileiraAmeaçadas de Extinção, oficializada pelaInstrução Normativa nº. 3 do MMA, de 27 demaio de 2003.

Zelar pela conservação destariqueza nacional é responsabilidade de cadacidadão brasileiro, porém as iniciativas emedidas a serem adotadas para reverter estequadro devem ser tomadas de maneiraorganizada e conjunta, em prol de umobjetivo comum. Assim, a união de esforçosde governos, da sociedade civil e dasinstituições de ensino e pesquisa, visando àconservação da nossa biodiversidade,representa um passo importante nestajornada.

Com o propósito de mudar estasituação de ameaça, o Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis e o Ministério do Meio Ambientecriaram a Série Espécies Ameaçadas, queé composta de Planos de Ação para a proteçãoe conservação da fauna brasileira ameaçadade extinção. O primeiro número desta Sérieabordou o mutum-do-sudeste Craxblumenbachii.

Este segundo número da Série é oPlano de Ação Nacional para a Conservaçãode Albatrozes e Petréis, espécies de avesoceânicas que passam a maior parte de suasvidas em alto mar, procurando a terra firmesomente para reprodução, que geralmenteocorre em ilhas oceânicas. As duas principaisameaças aos albatrozes e petréis são a pescaindustrial realizada com espinhéis e aalteração de suas áreas de reprodução, devidoà introdução de espécies exóticas invasoras.

O Plano apresenta informaçõessobre a biologia do grupo, identifica seusprincipais fatores de ameaça e propõe umasérie de medidas para implementação emdiversas áreas temáticas, identificando atorespotenciais e seguindo uma escala de prazose prioridades, com o principal objetivo deconservar a espécie em longo prazo. EstePlano deverá ser revisado periodicamente,como forma de monitorar e avaliar o sucessodas ações executadas e atualizar asnecessidades de conservação.

Agradecemos a todos os parti-cipantes e patrocinadores que trabalharampela formulação deste Plano em todas as suasfases, demonstrando comprometimento coma conservação da biodiversidade brasileira.

MARCUS LUIZ BARROSO BARROSPresidente

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis

JOÃO PAULO RIBEIRO CAPOBIANCOSecretário de Biodiversidade e Florestas

Ministério do Meio Ambiente

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A idéia de um Plano de AçãoInternacional para a Redução da CapturaIncidental de Aves Marinhas na Pesca comEspinhel foi lançada pelos membros do Cofi,em 1997, visando estabelecer um acordointernacional que atendesse às questõesapontadas pelo Código de Conduta para aPesca Responsável. A adesão voluntária porparte dos países-membros da FAO foi oinstrumento eleito como o mais adequadopara o desenvolvimento deste Plano. O textofoi elaborado durante dois encontrosintergovernamentais realizados em 1998,sendo finalmente adotado durante a 23ªSessão do Cofi, em fevereiro de 1999 eendossado pelo Conselho da FAO em junhodo mesmo ano.

Ao aceitar o Plano Internacional oBrasil adotou, de forma voluntária, aresponsabilidade de desenvolver seu próprioplano de ação nacional. Diversos setorescomeçaram, então, a se organizar para arealização dessa importante tarefa, queenvolveu o poder público, empresas eorganizações do terceiro setor, uma vez queo trabalho era complexo e demandava oenvolvimento de atores tão diversos quantoo setor produtivo e entidades ambientalistas.

Apoiados pela FAO, o InstitutoAlbatroz e a BirdLife International – Programado Brasil elaboraram um diagnóstico sobre aconservação das espécies de albatrozes epetréis em território nacional e a sua relaçãocom a pesca. Ambas as instituições, envolvidashá mais de uma década com as questõesrelacionadas a esse grupo de aves, mantêmem seus bancos de dados informações

União de esforços pela conservaçãodas aves marinhas

históricas sobre a interação das aves com apesca. Esse pioneirismo possibilitou tambémuma aproximação com o setor pesqueiro,em especial com mestres e tripulações, oque gerou um valioso aprendizado sobre aíntima relação desses homens com o mar eauxiliou na abordagem a ser adotada paraa implementação de ações conservacionistas.

Por sua vez, os pescadores, apoiadospelos empresários da pesca, mostraram-sereceptivos, em muitos casos, às informaçõessobre a importância da conservação das aves,da biodiversidade e do ambiente marinhoem geral. Essa frutífera relação surtiu efeitosaté então inimagináveis como a adoçãovoluntária de medidas de mitigação e a efetivamodificação do comportamento dos pescadoresem relação às questões ambientais. Osalbatrozes tornaram-se ícones dessa novapostura, que nos mostrou que o manejo dequestões aparentemente insolúveis éplenamente possível.

Impulsionado por esses movimentos,o poder público tornou-se cada vez maisparticipativo e interessado em enfrentar aquestão. O Ibama, que vem se envolvendodiretamente no assunto há vários anos,consolidou sua posição de entidaderesponsável pelo tema, realizando umworkshop para a discussão deste Plano deAção Nacional para a Conservação deAlbatrozes e Petréis – Planacap. A Seap, emuma ação pioneira, previu a utilização demedidas de mitigação para evitar a capturade aves e tartarugas marinhas por embarcaçõesarrendadas (Decreto n° 4.810, de 19 deagosto de 2003) e vem buscando normatizar

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

nacional: a pardela-de-asa-larga Puffinuslherminieri e a pardela-de-trindade Pterodromaarminjoniana, esta última endêmica das ilhasde Trindade e Martin Vaz. As principaisdiscussões abordaram a preocupação sobreo manejo das áreas, envolvendo o risco deintrodução de predadores (como ratos), apartir de atividades como atracações denavios nas proximidades das ilhas e odesembarque. Também foram propostasmedidas de erradicação de predadoresintroduzidos (especialmente em Fernando deNoronha), a restauração dos habitats nativose mecanismos para evitar as atividades quecausem danos às populações de avesmarinhas. A realização de pesquisas paraapurar a possível ocorrência de atividadereprodutiva de outras espécies nas ilhas foitambém sugerida, assim como estudos sobrea interação dessas espécies com a pesca.

Fig. 1 - Ilha da Trindade.

Fig. 2 - IIhas Itatiaia, município de Vila Velha, litoraldo Espírito Santo.

Fig. 3 - Baía do Sancho com ilha Dois Irmãos aofundo, arquipélago de Fernando de Noronha.

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o Programa Nacional de Observadores, emparceria com o MMA e o Ibama, uma vezque prevê o estudo da interação de aves eoutros organismos com os petrechos de pesca.Na esfera estadual, a Secretaria do MeioAmbiente do Estado de São Paulo, por meiodo IFSP, criou o Programa para a Conservaçãode Albatrozes e Petréis – Procap, que vematuando em conjunto com o Projeto Albatroz,desde a sua criação, em fevereiro de 2002.

Vindos de todo o Brasil, 35representantes do MMA, Ibama, Seap, IFSP,Projeto Albatroz, BirdLife International –Programa do Brasil, empresas de pesca,Conepe e universidades reuniram-se, nos dias5 e 6 de abril de 2004, na Fortaleza de SantoAmaro da Barra Grande, em Guarujá, SãoPaulo, durante o workshop que teve comoobjetivo discutir o Planacap.

Durante essa reunião, as discussõesestiveram concentradas nos temas de manejoe pesquisa de espécies residentes (atividadesde preservação dos sítios reprodutivos emilhas oceânicas brasileiras) e visitantes(enfoque na interação entre as aves e aatividade pesqueira).

As ilhas de Trindade (Fig. 1) e MartinVaz (fora da costa do Espírito Santo), Itatiaia(Vila Velha, Espírito Santo) (Fig . 2) e oarquipélago de Fernando de Noronha(Pernambuco) (Fig. 3) foram focos centrais dadiscussão, uma vez que constituem locais dereprodução das duas únicas espécies depetréis que se reproduzem em território

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Outra questão que obteve consensodurante as discussões foi a inclusão daMarinha do Brasil, da CIRM e do MNRJ comoparticipantes em todas as ações referentesàs ilhas de Trindade e Martin Vaz, bem comoa inclusão do governo do estado dePernambuco nas ações referentes a Fernandode Noronha.

No entanto, a captura acidental dosalbatrozes e petréis nas pescas oceânicas,especialmente aquelas realizadas comespinhel pelágico, foi a questão central queimpulsionou a elaboração do Planacap. Foibastante produtiva a participação dos diversossetores na discussão, que esteve centrada emquatro linhas de ação: (1) o desenvolvimentode atividades educativas voltadasprincipalmente aos pescadores embarcados;(2) a normatização da obrigatoriedade do usode medidas mitigadoras por embarcaçõesbaseadas em território nacional, para evitar acaptura incidental das aves; (3) oestabelecimento de incentivos à adoção detais medidas, como a certificação ambientaldo pescado; e (4) o monitoramento destaadoção, por meio de um embasado programade observadores de bordo.

O resultado desse esforço foi aelaboração de um documento, no qual foramabordadas todas as questões relacionadas àsespécies envolvidas e suas interações com apesca, assim como a utilização de medidas demitigação no Brasil. Essa compilação deinformações tem o objetivo de instrumentalizar,com informações atualizadas, quaisquer dossetores envolvidos no problema.

O diagnóstico também serve comobase para a compreensão dos objetivos dasegunda parte do documento, composto pormetas e ações que representam a estratégianacional para a questão. A partir da publicaçãodeste Planacap, o Brasil estará honrando ocompromisso assumido perante as demaisnações pesqueiras e a FAO, conduzindo comseriedade e determinação a tarefa de buscara conservação dos albatrozes e petréis, bemcomo garantindo a continuidade daexistência dessas espécies no Brasil e nomundo.

Tatiana NevesFábio Olmos

Fabiano PeppesLeonardo Mohr

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RRRRRatificação do Acordo para a Conservação de Albatrozes eatificação do Acordo para a Conservação de Albatrozes eatificação do Acordo para a Conservação de Albatrozes eatificação do Acordo para a Conservação de Albatrozes eatificação do Acordo para a Conservação de Albatrozes ePPPPPetréisetréisetréisetréisetréis

O Ministério das Relações Exteriores – por meio de seu Departamento do MeioAmbiente (ponto focal para a questão) e da Embaixada do Brasil na Austrália – após aparticipação em reuniões preparatórias em Hobart (Austrália) e Cidade do Cabo (África doSul), assinou em junho de 2001 o Acordo para a Conservação de Albatrozes e Petréis – Acap(Agreement on the Conservation of Albatrosses and Petrels).

Austrália, Nova Zelândia, Equador, Espanha e África do Sul ratificaram o Acap,alcançando o número mínimo de integrantes para que ele entrasse em vigor, o que aconteceuem 1° de fevereiro de 2004. Posteriormente, o Acordo foi ratificado pelo Reino Unido.

Brasil, Argentina, Chile, França e Peru assinaram o Acap, sendo que nesses paíseso Acordo ainda se encontra em processo de ratificação.

Os participantes do workshop para a discussão do Plano de Ação Nacional para aConservação de Albatrozes e Petréis recomendam que o Brasil – por intermédio do Ministériodas Relações Exteriores, que está realizando uma consulta interministerial sobre a questão –promova a ratificação do Acap o mais breve possível.

Recomendação

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Parte 1INFORMAÇÕES GERAIS

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Ameaças aosAmeaças aosAmeaças aosAmeaças aosAmeaças aosPPPPProcellariiformesrocellariiformesrocellariiformesrocellariiformesrocellariiformes

As aves marinhas, de maneira geral,são bastante vulneráveis à predação duranteo período reprodutivo, acarretando quemuitas espécies dependam de habitatsinsulares para nidificarem, nos quaispredadores terrestres – especialmentemamíferos – estejam ausentes. A introduçãode predadores como ratos, gatos, porcos ecães, bem como de herbívoros que destroema cobertura vegetal e causam processoserosivos (como cabras), tem dizimado colôniasde aves marinhas em todo o mundo,ameaçando espécies ou levando-as àextinção. A introdução de espécies exóticasé um dos maiores problemas paraconsiderável parcela das aves marinhasameaçadas de extinção.

Outro fator de ameaça às avesmarinhas decorre de seus hábitos alimentares.Diversas espécies, além de predadoras depeixes e cefalópodes, capturam essas presasenfraquecidas ou mortas encontradas nasuperfície, tais como lulas agonizantes pós-reprodução ou restos de animais descartadospor grandes peixes ou mamíferos marinhos.Esse comportamento notável entre osProcellariiformes os torna pré-adaptados parasuplementar sua dieta utilizando os descartesde atividades pesqueiras, bem como paratentarem capturar iscas de anzóis. Dessa forma,tais espécies interagem com barcos pesqueiros,muitas vezes resultando na captura incidentalpor espinhéis e outras artes de pesca.

Introdução

Os barcos espinheleiros podemlançar à água de 800 a 4 mil anzóis/dia,dependendo da modalidade de pesca realizada.Durante o lançamento do espinhel, os anzóisiscados podem não afundar rapidamente,colocando-os ao alcance de aves marinhas queacompanham a embarcação em busca dealimento. As aves presas aos anzóis afundamcom o equipamento, ocasionando a morte porafogamento (Fig. 4).

Fig. 4 - Albatroz-de-Tristão Diomedea dabbenenapreso a anzol e morto por afogamento.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Enfrentando o problemaEnfrentando o problemaEnfrentando o problemaEnfrentando o problemaEnfrentando o problemamundialmentemundialmentemundialmentemundialmentemundialmente

Na década de 1990, tornou-se claroque a mortalidade de aves marinhas causadaspela pesca com espinhéis é uma questãoglobal e por isso só poderia ser abordada naesfera internacional. Essa compreensão

Alguns tipos de espinhéis, como osutilizados na pesca do dourado (Coryphaenaspp.), podem permitir que as avespermaneçam na superfície, mas elas sãovítimas de ferimentos – na maioria fatais –ocasionados por engolir os anzóis ou durantea recuperação do equipamento, pelospescadores. Embora em menor proporçãotambém ocorrem capturas durante a operaçãode recolhimento do espinhel.

A mortalidade de aves oceânicas,especialmente albatrozes, petréis e pardelas,associada à pesca com espinhéis, tem sidoreconhecida como uma grave ameaça a essasaves nos últimos 25 anos. Durante esseperíodo, houve um crescimento expressivono esforço de pesca por barcos utilizandoespinhéis destinados à captura de grandespeixes predadores. Esse incremento na pescaassocia-se a declínios significativos naspopulações de várias espécies de avescapturadas incidentalmente. Por exemplo,uma recente estimativa feita pela CCAMLRindica que a pesca com espinhéis de fundodirecionada ao “patagonian toothfish”(Dissostichus eleginoides) matou cerca de250 mil aves marinhas, em três anos (Brotherset al., 1999).

Estudos pioneiros feitos na décadade 1980, incluindo análises de recuperaçõesde anilhas por barcos pesqueiros (Croxall &Prince, 1990), identificaram a pesca comespinhéis como um problema sério para aconservação de albatrozes e outras avesmarinhas. Apregoada como “ambientalmenteamigável” quando comparada a técnicascomo as redes de deriva ou arrasto,atualmente se reconhece que a pesca comespinhéis é um fator de mortalidadesignificativo para aves marinhas, tartarugas epeixes não comerciais.

A maioria das espécies de albatrozese petréis gigantes está em declínio devido –pelo menos em parte – à mortalidade sofridanos espinhéis, sendo que eles tambémameaçam os petréis do gênero Procellaria(Barnes et al., 1997; Ryan, 1998). O númerode albatrozes-errantes Diomedea exulansobservado no oceano Índico diminuiu 99%entre 1981/82 e 1992/93, enquanto os

decréscimos para o albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris (Fig. 5) e opardelão-gigante Macronectes giganteusforam de 100 e 98%, respectivamente(Woehler, 1996). As populações de trêsespécies de albatrozes que nidificam nas ilhassubantárticas Geórgias do Sul (D. exulans, T.melanophris e T. chrysostoma) declinarammais de 30% desde 1976 (Croxall et al.,1998). De fato, poucas populações dealbatrozes e petréis gigantes têm se mantidoestáveis, sendo todas as espécies consideradasglobalmente ameaçadas e algumasclassificadas como “Em Perigo” (Endangered),como o albatroz-de-tristão Diomedeadabbenena (Croxall & Gales, 1998; Gales,1998; BirdLife International, 2004; IUCN,2004).

Fig. 5 - Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarchemelanophris.

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

desencadeou uma série de iniciativas porparte de governos, ONGs e agênciasmultilaterais, incluindo organizações ligadasao manejo pesqueiro. Em outubro de 1996,durante a primeira sessão do WorldConservation Congress da IUCN, emMontreal, um grupo de ONGs obteve aaprovação da resolução que solicitava umaação coordenada para reduzir a mortalidadedas aves marinhas. Essa resolução, apoiada portodos os países-membros da IUCN, exceto oJapão, evidenciou a problemática na esferainternacional.

Apoiando essa iniciativa, na 22ªSessão do Cofi, ocorrida em Roma em marçode 1997, foi solicitada uma consulta aespecialistas regionais – governamentais enão-governamentais – com o objetivo depropor linhas orientadoras para um plano deação para a redução da mortalidade incidentalde aves marinhas. De forma significativa, oJapão foi um dos dois países que se dispôs aorganizar esse esforço. Na mesma época, aBirdLife International – a ONG internacionalde maior destaque nas iniciativas para aconservação de aves – iniciou um programainternacional para a conservação de avesmarinhas (Seabird International ConservationProgramme), com o objetivo principal deobter a redução da captura incidental combarcos espinheleiros.

Além desses esforços, na 28ª Sessãoda FAO, ocorrida em outubro de 1995, foiadotado o Código de Conduta para a PescaResponsável, que estabeleceu princípios epadrões para práticas pesqueirasresponsáveis, para assegurar a conservação,o manejo e o desenvolvimento sustentáveisdos recursos aquáticos vivos. No artigo 7.6.9deste Código, é estimulada a adoção demedidas de manejo que minimizem a capturade espécies não-alvo e não consideradascomo recursos pesqueiros, além dodesenvolvimento e do uso de técnicas depesca seletiva e ambientalmente seguras. EsseCódigo constitui a base para as iniciativas deconservação das aves apoiadas pela FAO.

Em outubro de 1998, representantesda FAO e dos governos do Japão e dos EstadosUnidos organizaram uma consulta a fim deelaborar um plano de ação internacional (que

foi denominado Ipoa – Seabirds), no qualconstassem medidas para reduzir a capturaincidental de aves marinhas nas pescarias comespinhel. Na preparação para a consulta, foiestabelecido o Seabird Technical WorkingGroup – STWG, composto por 16especialistas das regiões com os maioresproblemas de captura incidental de aves. Elesprepararam, revisaram e sistematizaramdocumentos de apoio – incluindo uma revisãode Cooper (1999) – referentes à capturaincidental de aves marinhas e medidas paraa sua mitigação. Também foram produzidosdocumentos preliminares indicando diretrizespara medidas de redução da mortalidadeincidental de aves e um plano de ação para aimplementação das mesmas.

O STWG reuniu-se em Tóquio, emmarço de 1998, com a presença docoordenador do programa de conservação deaves marinhas da BirdLife International, sendopublicada, pela FAO, uma versão consolidadareunindo os documentos de apoio (Brotherset al., 1999). Essa reunião foi um avançonotável, pois demonstrou que uma dasmaiores nações pesqueiras do mundo estavadisposta a trabalhar em conjunto com umaONG internacional, a fim de resolver umproblema comum: evitar a mortalidade deaves marinhas e conduzir as atividadespesqueiras de forma ambientalmenteresponsável.

Na sessão plenária da FAO, realizadaem outubro de 1998, foi efetuada umaconsulta sobre o manejo da capacidadepesqueira, a pesca de tubarões e a capturaincidental de aves marinhas pela pesca comespinhéis. Na reunião, que teverepresentantes de 81 estados-membros, alémde observadores de várias agênciasgovernamentais e não-governamentais, foiaprovada a versão preliminar do Ipoa. O planorecebeu o endosso do Cofi em fevereiro de1999 e foi adotado pela Conferência da FAOem novembro do mesmo ano.

O Ipoa indica ações concretas eespecíficas para a redução da capturaincidental de aves marinhas pela pesca comespinhéis, nas esferas regional, nacional eglobal, estimulando que Planos de Ação

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Nacionais (NPOA – Seabirds) sejamelaborados. Foram solicitados aos estados-membros diagnósticos sobre a extensão damortalidade incidental em suas águas e porsuas frotas pesqueiras e, quando necessário,a elaboração de seus NPOAs. Eles devemconter prescrição, planos para a pesquisa edesenvolvimento e avaliação de medidasmitigadoras; planos de conscientização eeducação do setor pesqueiro (incluindotripulações) e programas de coleta de dados(incluindo programas de observadores) paraavaliar a dimensão da captura incidental e aeficácia das medidas mitigadoras.

Até o momento 9 países elaboraramou iniciaram seus planos de ação1, sendo aadoção uma medida absolutamentevoluntária.

Outra iniciativa internacional visandoà conservação de albatrozes e petréis foi aelaboração do Acap, estabelecido no âmbitoda CMS. Este acordo inclui países signatáriose não signatários da Convenção, e tem porobjetivo a redução da mortalidade de avesmarinhas, tanto em alto mar, devido àsinterações com a pesca oceânica, quanto nassuas colônias de reprodução, pela ação depredadores introduzidos.

Os países que ratificam o Acap seobrigam legalmente a adotar ações paragarantir a conservação, em longo prazo, dediversas espécies de aves marinhas (albatrozese petréis em sentido amplo) incluindo, senecessário, o manejo do habitat nas zonas denidificação. O Acap incorpora um plano deação com medidas concretas a seremdesenvolvidas pelos países signatários.

Até o presente, onze países jáassinaram o Acap (África do Sul, Austrália,Equador, Espanha, Nova Zelândia, ReinoUnido, Argentina, Brasil, Chile, França ePeru), sendo que os seis primeiros já oratificaram. O Acordo entrou em vigência em1° de fevereiro de 2004. O Brasil assinou oAcap em junho de 2001, por meio de suaembaixada brasileira na Austrália, sendo queo ponto focal para o tema é o Departamentodo Meio Ambiente do Ministério dasRelações Exteriores, que está promovendo

uma consulta interministerial para a suaratificação.

Várias organizações regionais degestão de pesca estão incorporando aproblemática da captura incidental de avesnas suas agendas. A Comissão para aConservação do Atum-do-sul (Thunnusmaccoyii), formada pela Austrália, Coréia,Japão, Nova Zelândia e a entidade pesqueiranacional de Taiwan, estabeleceu o usoobrigatório de torilines (espantadores de aves)em todos os barcos de pesca de espinhel parao atum-do-sul que operam ao sul dos 30°Sassim como recomendou a todos os barcosde outras bandeiras, que pescam na mesmazona, que também adotem o uso dos torilines.

Em 2002, a Iccat aprovou resoluçãosobre a captura acidental de aves marinhasnas pescarias de atuns com espinhel, na qualos países-membros são obrigados a informarao SCRS e à Comissão quanto ao andamentode seus NPOAs, bem como são encorajadosa coletar e voluntariamente fornecer ao SCRStoda a informação disponível sobre ainteração entre aves e as pescarias de atuns eafins, com vistas a possibilitar uma avaliaçãodo impacto da captura acidental resultante dasatividades dos barcos que pescam atuns noAtlântico.

Outras organizações de gestãopesqueira estão estudando a adoção demedidas similares. Paralelamente, algunspaíses têm adotado normas legais paraestabelecer a obrigatoriedade de algumas dasmedidas mitigadoras. Destacam-se por suaimportância:

Austrália: dispõe em seu Regulamentode Manejo de Pesca (Modif. n° 1/2001) o usoobrigatório de um conjunto de medidas paratodos os barcos de bandeira australiana e paraos que pescam em sua ZEE. Entre as medidasse encontram o toriline, a largada noturna doespinhel, o uso de iscas descongeladas e alimitação dos descartes.

Espanha: mediante Ordem Ministerial(BOE nº 123/2002), adota um conjunto demedidas mitigadoras para sua frota deespinhel de superfície que pesca em águasao sul dos 30°S, as quais incluem a largada

1 No Apêndice I, há uma relação de links para acesso aos planos de ação.

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

noturna do espinhel e a redução dosdescartes. Existem propostas para que sejamadotadas medidas legais similares por outrospaíses da União Européia.

Estados Unidos: estabelece controlerigoroso de suas pescarias com espinhel noPacífico (Alasca, Havaí e Mar de Bering/ilhasAleutas), especialmente para evitar amortalidade dos albatrozes-de-cauda-curtaPhoebastria albatrus2. Determina o usoobrigatório de medidas mitigadoras (torilinese largada noturna), incluindo a paralisação dapescaria quando é atingido certo número decapturas de albatrozes. Um programa comapoio governamental incentiva a instalação eo uso de dispositivos de largada submersa.

Uruguai: por meio do Decreto nº248/1997, indica como obrigatórias diversasmedidas mitigadoras para toda sua frotaespinheleira – torilines, largada noturna doespinhel e utilização de isca descongelada –bem como estabelece que observadorescientíficos acompanhem as embarcações depesca.

Gradualmente, as autoridadesresponsáveis pela questão, nos diferentespaíses, estão elaborando disposições ecolaborando mutuamente para introduzir, emcaráter obrigatório, um conjunto mínimo demedidas mitigadoras em suas frotasespinheleiras, para que no futuro a pesca comespinhel seja inofensiva para as aves marinhas.O assunto encontra-se atualmente em umaetapa de transição, que deverá ser a mais curtapossível para o benefício das aves e da própriapesca. Nesse sentido, é preciso estudar todasas possibilidades de aprimoramento dasmedidas mitigadoras existentes.

A situação no BrasilA situação no BrasilA situação no BrasilA situação no BrasilA situação no Brasil

Informações obtidas nas últimasdécadas demonstram que a captura incidentalde albatrozes, pardelas e petréis porembarcações brasileiras, ou baseadas emportos do Brasil, é significativa e tende acrescer juntamente com a ampliação da frota

pesqueira nacional. É preciso adotar maneirasde reduzir o número até um nível aceitável.

O Brasil aderiu ao Acap em junhode 2001, e em outubro do mesmo ano,durante o Primeiro Workshop Brasileiro sobrea Conservação de Aves Marinhas – que reuniurepresentantes do Ibama, MMA, DPA, Univali,Furg , Conepe, BirdLife International –Programa do Brasil, Projeto Albatroz e IFSP –foi elaborado um plano de ação emergencial,que subsidiou a confecção do presentePlanacap. No encontro, os seguintes itensforam definidos como proposta de estratégianacional para a conservação de albatrozes epetréis, a ser adotada pelo Governo:

• Promover pesquisas sobre aincidência da mortalidade de avesnas pescarias marítimas;

• Avaliar e quantificar possíveis per-das socioeconômicas relacionadascom a captura incidental dealbatrozes e petréis e propor alter-nativas para reduzi-las;

• Aplicar as medidas mitigadorasconhecidas para essas pescarias;

• Aperfeiçoar as medidas mitigadorasexistentes e desenvolver novaspara as pescarias atuais e futuras;

• Promover pesquisas sobre a biologiade albatrozes e petréis no Brasil,com vistas à sua conservação;

• Identificar e promover a proteção deáreas de reprodução e alimentaçãode aves marinhas no Brasil;

• Promover pesquisas para dimen-sionar os impactos dos poluentesno ambiente marinho – inclusivederivados do petróleo – sobrealbatrozes e petréis, propondomedidas mitigadoras;

• Desenvolver e implementar pro-gramas de formação e educaçãopara o setor pesqueiro quanto apráticas de pesca compatíveis coma conservação das aves;

2 Ver http://ecos.fws.gov/docs/recovery_plans/2005/051027.pdf. Acesso em 08/12/2005.

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• Ampliar e aprimorar programas deobservadores de bordo queregistrem as interações entre asaves marinhas e a pesca;

• Incorporar na legislação brasileiramedidas adequadas para aconservação das aves marinhas;

• Promover a ratificação dos acordosinternacionais relativos àconservação de aves marinhas dosquais o Brasil é signatário;

• Contribuir com critérios e padrõestécnicos para processos decertificação do pescado;

• Fomentar a cooperação entreempresas, ONGs, governos einstituições de ensino e pesquisa,nacionais e internacionais;

• Favorecer o intercâmbio interna-cional de dados sobre a mortalida-de de aves marinhas e o estado desuas populações;

• Buscar o envolvimento da socie-dade em relação à conservaçãodos albatrozes e petréis;

• Difundir essa estratégia nacional eas necessidades de conservação dealbatrozes e petréis do Brasil, nosfóruns internacionais.

Em setembro de 2001, no Uruguai,foi realizado o primeiro Taller Sudamericanosobre Conservación de Albatrosses y Petreles,promovido pela BirdLife International, com apresença de representantes governamentaise de ONGs, incluindo o Brasil.

Os contatos interinstitucionaisrealizados durante o encontro possibilitarama execução de ações no Brasil, por meio doProjeto Albatroz. Tais ações se concentraramna produção e na divulgação de materialeducativo para os pescadores quanto aoproblema da captura incidental e nas formasde mitigação, bem como nos testes dessasmedidas e no monitoramento de embarcaçõespesqueiras. O presente Planacap se baseia eminformações e experiências obtidas pelo

Projeto Albatroz, nas quais o apoio recebidodas empresas de pesca parceiras foifundamental.

Em reconhecimento ao problemada mortalidade incidental, todas as espéciesde albatrozes que ocorrem regularmente noBrasil, assim como os petréis do gêneroProcellaria, foram incluídas na Lista de Espéciesda Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (INMMA n° 3, de 27 de maio de 2003). Assim, ogoverno brasileiro oficializa a necessidade deproposição de políticas públicas visando àconservação dessas espécies, e este Planacapvem ao encontro dessa demanda.

Em junho de 2004, por meio daPortaria Ibama n° 55/04-N, foi oficialmentecriado o Grupo de Trabalho para aConservação dos Albatrozes e Petréis,formado por representantes do poder público,ONGs, entidades de classe e especialistas emProcellariiformes, com o objetivo deassessorar o Ibama na implementação depolíticas públicas para a conservação.

Fig. 6 - Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarchemelanophris juvenil, morto por um espinhel.

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Objetivos

Os objetivos do Planacap são:

• Sumarizar as informações existen-tes sobre as espécies de albatrozes,pardelas e petréis que nidificamem território brasileiro ou são cap-turadas incidentalmente por em-barcações pesqueiras comerciais;

• Realizar um diagnóstico sobre aspescarias envolvidas na capturaincidental de albatrozes, pardelase petréis;

• Caracterizar as ameaças a essegrupo de aves (Procellariiformes) noBrasil;

• Identificar, descrever e priorizar asações necessárias para iniciar oprocesso de recuperação deespécies ameaçadas e mitigar oproblema da captura incidental;

• Identificar os atores necessáriospara que as ações atinjam osobjetivos;

• Fornecer um instrumento para queentidades governamentais e ONGspossam contextualizar e articularações em prol da conservação dealbatrozes, pardelas e petréis.

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Albatrozes, pardelas e petréisconstituem aqui um conjunto englobandotodos os membros da ordem Procellariiformes,também conhecidos por outros nomescomuns (por exemplo, bobos, painhos, pés-quentes, patos, urubus, pretinhas e almas-de-mestre). Este grupo de aves distribui-seamplamente pelos oceanos do mundo,apresentando maior diversidade noHemisfério Sul, onde ocorrem 22 espéciesde albatrozes, duas de petréis-gigantes e pelomenos 75 espécies menores das famíliasProcellariidae, Hydrobatidae e Pelecanoididae.

Em águas brasileiras ocorrem, comregistros documentados, dez espécies dealbatrozes (família Diomedeidae), 24 depetréis (família Procellariidae), cinco depainhos e almas-de-mestre (famíliaHydrobatidae) e uma de petrel-mergulhador(família Pelecanoididae) (Lima et al., 2002;Olmos, 2002; CBRO, 2005), sendo quedestas, apenas duas se reproduzem no Brasil:a pardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana(endêmica das ilhas Trindade e Martin Vaz) ea pardela-de-asa-larga Puffinus lherminieri(ilhas do litoral do Espírito Santo e deFernando de Noronha) (Sick, 1997; Soto &Filippini, 2000).

Apesar da escassez de espécies queaqui se reproduzem, a ZEE brasileira é umaárea de alimentação utilizada por pelo menos37 espécies de Procellariiformes, com asmaiores riquezas e abundâncias sendoencontradas nas águas mais frias e nasressurgências do Sul/Sudeste, especialmentena convergência subtropical, fora do litoralgaúcho, onde as águas quentes da Corrente

Albatrozes e petréis no Brasil

do Brasil se encontram com as águas frias daCorrente das Malvinas (Vooren & Brusque,1999).

Fig. 7 - Albatrozes-de-nariz-amarelo Thalassarche chlororhynchos,pardelas-pretas Procellaria aequinoctialis, pardelas-de-óculos P.conspicillata e pombas-do-Cabo Daption capensis aguardam osdescartes de um espinheleiro.

A região da plataforma continentalsofre influência das descargas da Lagoa dosPatos e do Rio da Prata, e tanto esta como asregiões mais profundas, recebem nutrientestrazidos pela Corrente das Malvinas, formandouma área de alta produtividade, na qual seconcentram presas importantes para as avesmarinhas, como lulas e pequenos peixes.

Grande parte dessas aves migra lon-gas distâncias até a Convergência Subtropicalpara se alimentar, incluindo migrantestransequatoriais como o bobo-pequenoPuffinus puffinus e albatrozes que nidificamnas ilhas Geórgias do Sul e Falklands/Malvinas.Além disso, durante o inverno, há uma pene-

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A grande capacidade de deslocamentoe a ampla área de distribuição dosProcellariiformes implicam que as atividadespesqueiras no Brasil interferem naspopulações que se reproduzem no Ártico,Antártida, ilhas subantárticas e ilhas doAtlântico central. Por exemplo, os albatrozes-errantes Diomedea exulans e as pardelas-pretas P. aequinoctialis que se reproduzemnas ilhas Geórgias do Sul têm uma de suasprincipais áreas de alimentação na plataformacontinental sul-americana, incluindo a áreasob influência da Convergência Subtropical,fora da costa do Rio Grande do Sul, Uruguaie Argentina (Prince et al., 1992; Weimerskirchet al., 1999; Berrow et al., 2000b), enquantoque as pardelas-de-óculos P. conspicillata (Fig.9) que nidificam apenas na ilha Inacessível3(arquipélago de Tristão da Cunha), têm suasprincipais agregações ao longo da costa Sul/Sudeste do Brasil (Olmos, 1997).

tração de águas frias e ricas em nutrientes vin-das do sul, que avançam pela plataforma con-tinental brasileira até 23-24°S (Campos et al.,1996). O fenômeno coincide com a disper-são pós-reprodutiva de espécies como apardela-preta Procellaria aequinoctialis e oalbatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarchemelanophris, que se tornam mais numerosasem águas brasileiras durante o período.

Características geraisCaracterísticas geraisCaracterísticas geraisCaracterísticas geraisCaracterísticas gerais

Os Procellariiformes estão entre asaves marinhas mais oceânicas, raramente seaproximando da terra, exceto para areprodução. Diversas espécies, notadamentealbatrozes, pardelas e petréis gigantes,realizam amplos movimentos migratórios elongas viagens, para a alimentação, quecobrem milhares de quilômetros. Porexemplo, os bobos-pequenos P. puffinus e ospetréis Calonectris diomedea (Fig. 8) e C.edwardsii se reproduzem no HemisférioNorte, realizando migrações transequatoriasem direção às águas de alta produtividade doAtlântico sul ocidental. Já os bobos P. gravise P. griseus que nidificam em ilhas doAtlântico Sul, migram para o Atlântico nortedurante o inverno meridional (Weimerskirch& Jouventin, 1987; Weimerskirch &Robertson, 1994; Walker et al., 1995;Warham, 1996; Weimerskirch et al., 1999;Berrow et al., 2000a; González-Solís et al.,2000b; Huin, 2002).

Fig. 8 - Bobo-grande Calonectris diomedea.

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Os Procellariiformes são K-estrategistasextremos: têm uma grande longevidade,baixa mortalidade de adultos e baixaprodutividade. Todas as espécies têm vida longa(uma fêmea do albatroz-real-setentrionalD. sanfordi se reproduziu aos 61 anos deidade [Robertson, 1998]), atingem amaturidade sexual tardiamente (cerca de 5-6 anos para as espécies menores e 11 anospara os grandes albatrozes [Warham, 1990]) eproduzem apenas um ovo por temporada,que pode ocorrer em intervalos de vários anos.Também não há a postura de reposição caso oovo seja perdido. Diversas espécies nidificamapenas a cada dois anos, sendo comum que o

Fig. 9 - Pardela-de-óculos Procellaria conspicillata.

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3 Para um mapa mundial de localização de ilhasoceânicas, ver HARRISON (1991).

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

intervalo entre as tentativas de reprodução sejaainda maior (Warham, 1990; 1996). Taiscaracterísticas tornam os Procellariiformes,especialmente os albatrozes, extremamentevulneráveis a fatores de mortalidade queatingem as aves em idade de reprodução, comoa captura incidental na pesca com espinhel(Moloney et al., 1994; Tuck et al., 2001).

Espécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no Brasil

Apenas duas espécies4 de pardelasnidificam em território brasileiro e ambas

4 IMBER (2004) sugeriu a nidificação de Pterodroma neglecta na Ilha da Trindade.5 Ver nos Apêndices II e III um sumário desses critérios

apresentam problemas particulares deconservação, por terem suas colônias em ilhasque são vulneráveis à introdução depredadores e destruição de habitats. Não háinformações sobre a captura incidental dessasespécies pela pesca, mas isso não pode serdescartado.

No status de conservação, sãoindicados as categorias e os critérios5

segundo a versão 3.1 da IUCN (2004),que foram extraídos de Machado et al.(2005).

Ninhos ativos e casais em vôos deexibição são observados por todo o ano. Osninhos são construídos em fendas e grutas nos

paredões rochosos, ocasionalmente formandopequenas colônias. Os atuais sítios denidificação podem representar umaadaptação às mudanças ambientais eintrodução de predadores em Trindade.A postura consiste de um único ovo, pesandoentre 43 e 80 g (média de 68,5 g), que éincubado de 52 a 54 dias, por ambos os pais,que se revezam na tarefa por um período quepode alcançar até 19 dias. Os filhotes estãoaptos a deixar o ninho após 95-100 dias, sendoque o maior fator de predação, durante esseperíodo, é o ataque pelo caranguejo terrestreGecarcinus lagostoma (Luigi, 1995) (Fig. 11).

Fig. 11 - Caranguejo Gecarcinus lagostoma predandofilhote de tartaruga marinha na Ilha da Trindade.

Nome comum: pardela-de-trindade

Nome científico: Pterodroma arminjoniana (Giglioli & Salvadori, 1869)

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (D2)

IUCN (2004): Vulnerável (D2)

CMS (2002): não consta

A espécie (Fig. 10) é um petrel detamanho médio, sem dimorfismo sexualevidente, com envergadura de 89 a 104 cme pesando de 300 a 475 g (Luigi, 1995).Apresenta grande polimorfismo deplumagem, com morfos claros (raros), escuros(comuns) e intermediários, o que já trouxedúvidas quanto ao número de espécies queexistiriam na Ilha da Trindade.

Fig. 10 - Pardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana.

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A pardela-de-trindade alimenta-seprincipalmente de lulas, peixes (perseguepeixes-voadores em vôo), medusas (Porpitasp.) e insetos hemípteros pelágicos (Halobatessp.), sendo raramente atraída por embarcações(Luigi, 1995).

Áreas de reprodução

Nidifica apenas na Ilha da Trindade(Fig . 12) e ilhotas próximas (20°30’S–29°19’W), que distam aproximadamente1.200 km do continente, e no arquipélagode Martin Vaz (20°15’S–28°55’W), situado acerca de 50 km de Trindade. Segundo Luigi(1995), contudo, a espécie não maisnidificaria em Martin Vaz. Essa pardela, comoespécie nidificante, é endêmica do Brasil.

Dispersão e migrações

Não há registros dessa espécie naAmérica do Sul continental, sugerindo queela utiliza águas afastadas da costa, comregistros ao sul até a ConvergênciaSubtropical. Curiosamente, é regularmenteobservada fora da costa leste norte-americana, em águas da Corrente do Golfo(fora da Carolina do Norte, entre maio esetembro) e há registros para o Atlânticonorte oriental (Açores e Inglaterra) (Brinkley& Patteson, 1998).

Status

Em meados da década de 1990, apopulação em Trindade foi estimada emcerca de 5 mil indivíduos (Fonseca-Neto,2004). Não há informações sobre Martin Vaz.A Ilha da Trindade sofreu um acentuadoprocesso de destruição da vegetação nativa;uma floresta dominada pelo pau-tucano(Colubrina glandulosa var. reitzii) ocupava85% da superfície da ilha até o início doséculo 18. A causa dessa perda parece tersido uma combinação de incêndios deinfluência humana e o pastoreio excessivopelas cabras que foram introduzidas (Olson,1981).

A destruição das florestas causouacentuado declínio das aves que nidificavamem árvores, como o atobá-de-pé-vermelhoSula sula – aparentemente extinto na ilha – eduas subespécies de fragatas endêmicas, otesourão-grande Fregata minor nicolli e otesourão-pequeno F. ariel trinitatis, ambasconsideradas “Criticamente em Perigo” peloMMA (2003). Atualmente, há um projeto dereconstituição da cobertura florestal deTrindade, conduzido pelo MNRJ, Marinha doBrasil e Ibama6.

Os predadores introduzidos, comoporcos, gatos e cabras, certamente tiveramimpacto sobre todas as aves marinhas. Osporcos foram eliminados pela Marinha doBrasil, que mantém um posto oceanográficoem Trindade, e os gatos parecem ter seextinguido. No entanto, ainda há o risco deque ratos sejam introduzidos. Segundo RuyVálka, pesquisador do MNRJ (in litt.), asúltimas cabras foram eliminadas de Trindadeem outubro de 2004 pelo batalhão defuzileiros navais “Tonelero”, mas haveráfuturas missões para confirmar essainformação, que o pesquisador consideraprovável.

Fig. 12 - Pteridófitas em encosta da Ilha da Trindade.A espécie de maior porte é o xaxim-duro (Cyatheacopelandii), endêmica da ilha.

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6 Ver http://acd.ufrj.br/~mndb/trimanpo.html.Acesso em 09/12/2005.

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A Marinha do Brasil tem intençãode construir um aeródromo e instalar turbinas

eólicas na Ilha da Trindade, o que pode afetarseriamente as populações de aves marinhas.

As pardelas do complexo Puffinuslherminieri/assimilis constituem um controversoagrupamento de 20 táxons distribuídos emmares tropicais, subtropicais e subantárticos(Harrison, 1990; Warham, 1990; Shirihai etal., 1995), com taxonomia obscura (Shirihaiet al., 1995; Austin, 1996; Bretagnolle etal., 2000). Austin et al. (2004) indicaramque os tratamentos taxonômicos até entãopropostos para esse complexo não sãosuportados pela f i logenia molecular,propondo que 14 táxons sejam reconhecidose sugerindo que outros cincoprovavelmente não são válidos.

As aves que nidificam em Fernandode Noronha são identificadas como P.lherminieri (Silva e Silva & Olmos, em prep.).Nas ilhas Itatiaia (Espírito Santo), Efe & Musso(2001) registraram uma pequena populaçãoreprodutiva identificada como P. lherminieri(Fig. 13), mas seu status taxonômico necessitaser avaliado.

Nome comum: pardela-de-asa-larga

Nome científico: Puffinus lherminieri Lesson, 1839

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): Criticamente em Perigo (D)

IUCN (2004): não constaCMS (2002): não consta

Fig. 13 - Pardela-de-asa-larga Puffinus lherminierina ilha Morro do Leão, Fernando de Noronha.

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A pardela-de-asa-larga é um petrelpequeno, com envergadura de 65 a 70 cm.No Espírito Santo, nove exemplares pesaramde 203 a 249 g (Efe & Musso, 2001). O altoda cabeça e o dorso são marrom-escuros; aface, a garganta e o ventre têm a cor brancae as coberteiras inferiores da cauda sãovariavelmente marrons. No Brasil, nidifica emcavidades naturais rochosas, mas em outrasregiões também pode cavar seu próprioburaco; nestas últimas, incuba seu único ovopor 49-50 dias e o filhote deixa o ninho com62-75 dias. No Espírito Santo há o registro deuma ave que incubou em agosto.

Há poucas informações sobre a suadieta, que inclui crustáceos, larvas de peixesplanctônicos (Harris, 1969) e peixes-voadoresem vôo. As aves desse grupo tambémcapturam presas mergulhando e perseguindo-as sob a água; P. l. nicolae das ilhas Seychelles(oceano Índico) mergulha até 15 m deprofundidade (Burger, 2001).

Áreas de reprodução

Puffinus lherminieri lherminierinidifica em várias localidades no Caribe (comoBahamas, Jamaica, Antilhas, Grenadinas,Bermuda e Tobago). No Atlântico sul, P.lherminieri também foi registrado nas ilhas deAscenção e de Santa Helena (pertencentesao Reino Unido), respectivamente comoalguns poucos subfósseis e aves vivas (Olson,1977) e abundantes restos subfósseis, sendoque a espécie parece ter sido totalmenteextinta após a colonização humana (Olson,1975).

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Os machos são maiores do que asfêmeas, pesando entre 8,19 e 11,9 kg e 6,35

No Brasil, nidifica nas ilhas Itatiaia,Espírito Santo (20°21’30"S–40°16’45") (Efe &Musso, 2001) e nas ilhotas Morro do Leão eMorro da Viuvinha, em Fernando de Noronha(aproximadamente 03°54’S–32°25’W) (Soto& Filippini, 2000).

Dispersão e migrações

Exemplares de P. lherminieri já foramobservados a 26°S na plataforma continentalentre São Paulo e Paraná (Olmos, 1997).

Status

No Brasil, menos de dez casais de P.lherminieri já foram observados em cada umadas localidades onde a espécie foi registrada.Nas ilhas Itatiaia, segundo Márcio Efe (in litt.),após o registro de nidificação, em 1993,aparentemente não houve novas ocorrências,contudo, não ocorreram trabalhos intensivosde busca. Seis ninhos ativos foramencontrados na ilha Morro da Viuvinha, emFernando de Noronha, em setembro de 2003(Silva e Silva & Olmos, em prep.).

Em Fernando de Noronha hápredadores introduzidos – ratos, gatos, cãese teiús – que provavelmente impedem aocupação da ilha principal pela pardela-de-asa-larga, além de certamente predaremoutras aves marinhas. A ilha Morro daViuvinha é próxima à praia e isso coloca aespécie em risco pela invasão de ratos, quepodem dizimar as aves que ali nidificam. Asilhas Itatiaia são manejadas visando ao uso poraves marinhas, especialmente trinta-réis

(Sterna spp.), e não apresentam predadoresintroduzidos.

Espécies visitantes queEspécies visitantes queEspécies visitantes queEspécies visitantes queEspécies visitantes queinteragem com a pescainteragem com a pescainteragem com a pescainteragem com a pescainteragem com a pesca

Vinte ou mais espécies de avesmarinhas interagem com a pesca de espinhelem águas brasileiras, seguindo embarcaçõese alimentando-se de descartes (Olmos, 1997;Neves & Olmos, 1998; Olmos et al., 2001).No entanto, várias dessas espécies alimentam-se apenas na superfície ou acompanham asembarcações por um curto período ou, então,são pequenas demais para engolir anzóisiscados e serem capturadas. Entre elas, pode-se listar Pterodroma incerta, P. mollis,Calonectris diomedea borealis, Calonectrisedwardsii, Puffinus puffinus, P. griseus,Oceanites oceanicus, Fregata magnificens,Morus capensis e Stercorarius spp.

É interessante notar que C. diomedeaé vítima de espinhéis no Hemisfério Norte(Cooper et al., 2003), mas isso ainda não foiconstatado no Atlântico sul ocidental.

Abaixo, apresentamos um sumáriosobre as principais espécies de albatrozes epetréis que interagem com a pesca no Brasil.Exceto quando indicado, as informações estãobaseadas em Murphy (1936), Warham (1990,1996), Gales (1993, 1998), Croxall et al.(1995), Tickell (2000) e BirdLife International(2004).

No status de conservação, indicam-se as categorias e os critérios7 segundo a versão3.1 da IUCN (2004), que foram extraídos deMachado et al. (2005).

7 Ver nos Apêndices II e III um sumário desses critérios

e 8,71 kg, respectivamente, nas ilhas Geórgiasdo Sul. A envergadura varia de 2,72 a 3,45 m.

Nome comum: albatroz-errante

Nome científico: Diomedea exulans Linnaeus, 1758

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (A1bd + A2bd)

IUCN (2004): Vulnerável (A4bd)

CMS (2002): Apêndice II

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

O albatroz-errante (Fig. 14) nidificaem colônias dispersas; a postura ocorreentre dezembro e fevereiro e a incubação,que é dividida entre os pais, dura cerca de11 semanas. Machos e fêmeas começam ase reproduzir com cerca de 11 anos deidade, tendo decrescido recentemente empopulações em situação de declínio, devidoà mortalidade causada pela pesca. O sucessoreprodutivo variou anualmente entre 52e 73% (64% em média) nas ilhas Geórgiasdo Sul.

O único filhote leva 40 semanas paradeixar o ninho, o que ocorre entre novembroe fevereiro. O longoperíodo reprodutivo(55 semanas) fazcom que a espéciese reproduzaapenas a cada doisanos ou mais. Casaisb e m - s u c e d i d o spodem retornar àcolônia apenas de 3a 4 anos apósproduzirem umfilhote. Em 1997,havia 19 aves com39 anos de idadenidificando em BirdIsland (Geórgias doSul) e é provávelque alguns indivíduosultrapassem os 50anos de idade.

Os jovensdeixam o ninho coma plumagem quaseque totalmente marrom-chocolate, que vaiclareando com a idade, sendo que os machostendem a se tornar mais brancos do que asfêmeas; indivíduos muito velhos adquiremuma plumagem snowy (branco-gelo).

Os jovens permanecem no oceanopor cinco anos, antes de retornar à sua colônianatal, exibindo alto grau de filopatria. Cercade 50% dos jovens das ilhas Geórgias do Sulsobrevivem até essa idade. Já os adultos, noperíodo de 1972 a 1985, apresentaramexpectativa anual de sobrevivência de 94%,

o que representou uma redução de 1 a 2%em relação à década de 1960, devido àmortalidade causada pelos espinheleiros. Osmachos têm uma expectativa desobrevivência 2% maior do que a das fêmeas,que se alimentam em latitudes mais baixas eassim parecem interagir mais com asembarcações pesqueiras.

Diomedea exulans e os outrosgrandes albatrozes capturam presasprincipalmente na superfície, tendocapacidade limitada de submergir. Nas ilhasGeórgias do Sul alimentam-se principalmente

de lulas e peixes, queperfazem, respec-tivamente, 35 e 45%da massa da dietados filhotes. Entre ospeixes, são consumi-dos os demersais“blackfin icefish”(Chaenocephalusaceratus) e “smalleyemoray cod” (Murae-nolepis microps),que devem serobtidos de descartede pesca ou doscorpos flutuantesapós a desova. Osalbatrozes tambémconsomem carniça(como mamíferosmarinhos mortos),tunicados, águas-vivas e crustáceos(como o “lobster krill”

Munida gregaria). Alterações nas condiçõesoceanográficas têm forte influência sobre ospadrões de forrageamento e presascapturadas (Xavier et al., 2003). A maiorparte do alimento é obtida durante o dia,embora haja algum forrageamento noturno.

Muitas das lulas consumidas sãoespécies mesopelágicas de grande porte,como a “giant warty squid” Kondakovialongimana (que pesa em média 3 kg) edevem ser capturadas como carniça, masos albatrozes podem capturar lulas grandes na

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Fig. 14 - Albatroz-errante Diomedea exulans.ans.

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A frota pesqueira brasileira parece capturarprincipalmente indivíduos pertencentes à população dasGeórgias do Sul (12 registros até 2001). Entretanto, a capturafora da costa do Rio Grande do Sul, de um exemplaranilhado no sul da Austrália, pode indicar a presença deaves de outras populações em águas brasileiras (Soto & Riva,2000; Olmos, 2002a).

Status

A população mundial tem aproximadamente8.500 pares reprodutivos anuais, o que corresponde a cerca

superfície durante a noite,quando elas realizam migraçõesverticais. A predisposição dessaespécie em consumir presasmortas faz com que ela seassocie a barcos pesqueirospara aproveitar os descartes,sendo bastante agressiva aodisputar os restos com as outrasaves.

Áreas dereprodução

No oceano Atlânticose reproduz nas ilhas Geórgiasdo Sul (cerca de 2 mil paresreprodutivos/ano), especialmenteem Bird Island (60% dapopulação do arquipélago). Apopulação reprodutiva das ilhasFalklands/Malvinas se extinguiuem 1959 devido à pressãohumana. Também se reproduznas ilhas Príncipe Eduardo eMarion; ilha Crozet e ilhaKerguelen; e ilha Macquarie,pertencentes, respectivamente,à África do Sul, França e Austrália.

Dispersão emigrações

O albatroz-erranteocorre na maior parte dooceano Austral; do Círculo PolarAntártico (cerca de 68°S) até oTrópico de Capricórnio (cercade 23°S) e, ocasionalmente, atémais ao norte, com algunsregistros fora da costa daCalifórnia e no Atlântico norte.Durante o inverno, a maiorparte se concentra ao norte daConvergência Antártica (Tickell& Gilson, 1968; Marchant &Higgins, 1991). Durante areprodução, a população dasilhas Geórgias do Sul se alimentasobre a plataforma das ilhas epara o oeste, especialmente ao

longo do talude, e fora da plataforma continental daPatagônia e sul do Brasil. Durante o verão, as fêmeas utilizama margem da plataforma continental da América do Sul(norte até cerca de 32°S) e os machos, as águas fora daPenínsula Antártica. No inverno, os machos se juntam àsfêmeas. As viagens de alimentação para as águas do norteda Argentina e sul do Brasil cobrem mais de 9 milquilômetros e duram aproximadamente 15 dias.

A espécie realiza movimentos de grande escala,sendo que os indivíduos que nidificam no Atlânticoparecem realizar uma migração circumpolar para leste,levando-os à costa sul da Austrália e ao oceano Pacífico,antes de retornarem às colônias de reprodução nas Geórgiasdo Sul. Aves anilhadas dessa população têm sidorecapturadas na costa Sul do Brasil (notadamente porespinheleiros operando fora do Rio Grande do Sul e SantaCatarina), África do Sul e sul da Austrália e Nova Zelândia.No Brasil, o albatroz-errante tem sido registrado desde oRio Grande do Sul até cerca de 23°S (Fig. 15).

Fig. 15 - Distribuição oceânica dos grandes albatrozes Diomedeaspp. a partir de observações a bordo de espinheleiros (dados doProjeto Albatroz).

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de 28 mil indivíduos adultos. A população dasilhas Geórgias do Sul decresceu 28% entre1960 e 1996 (0,8% ao ano), o que coincidiucom a diminuição na expectativa de

sobrevivência dos adultos e jovens. Umdeclínio anual de 10% na taxa de sobrevivênciados juvenis ocorreu concomitante a uma quedade 2 a 3% ao ano, na taxa dos adultos.

O albatroz-errante (D. exulans) dasilhas do Atlântico sul central foi consideradauma espécie plena – D. dabbenena – apenasrecentemente, com base em estudosmoleculares (Nunn et al., 1996; Nunn &Stanley, 1998). Morfologicamente, sediferencia do primeiro pelas menores medidasde asa, tarso e, notadamente, bico. Um machoapresentou envergadura de 2,83 m.

Uma característica importante doalbatroz-de-tristão (Fig . 16) – tambémconhecido como albatroz-de-gough – é não

Nome comum: albatroz-de-tristão

Nome científico: Diomedea dabbenena (Mathews, 1929)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Em Perigo (B1 + 2e)

IUCN (2004): Em Perigo (A4bd; B2ab[v])CMS (2002): não consta

apresentar estágios de plumagem tão clarosquanto o albatroz-errante, especialmente asfêmeas, que se reproduzem e mantêm portoda a vida uma plumagem mais escura,principalmente na cabeça, pescoço e peito.As fêmeas mantêm uma faixa peitoral e aporção dorsal das asas negras mesmo quandoo dorso já adquiriu uma coloração quaseque totalmente branca. Os jovens deixam oninho com uma plumagem mais pálida eacinzentada do que os jovens de D. exulans(Ryan, 2000).

Fig. 16 - Albatroz-de-Tristão Diomedea dabbenena (ao centro).

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Comparativamente à D. exulans eD. dabbenena, o albatroz-real-meridional (Fig.

Adultos em incubação são observadosna ilha Gough (pertencente ao Reino Unido,distando cerca de 350 km SE de Tristão daCunha) em janeiro/fevereiro, enquanto filhotescom o tamanho dos pais, mas cobertos depenugem, estão presentes em setembro,deixando os ninhos em novembro/dezembro.A espécie nidifica bienalmente. O sucessoreprodutivo – que representa o número dejovens que deixam o ninho versus o númerode ovos postos – varia entre 46 e 69%. Osjovens começam a voltar às colônias com 4-5anos de idade. A filopatria é bastante elevada:80% dos indivíduos da espécie retornam a suacolônia natal. Em geral, os albatrozes-de-goughtêm sua primeira reprodução aos 8-9 anos deidade (10-12 para D. exulans), algunschegando a nidificar com 6 anos. A maiorlongevidade registrada, por meio doanilhamento, é de 22 anos.

Durante a reprodução, o principalitem alimentar em Gough são as lulas (seisespécies do gênero Histiotheuthis) e cercade outras 18 espécies de cefalópodes (Cherel& Clages, 1998). Exemplares acompanhandoespinheleiros fora da costa do Brasil sealimentam tanto de iscas descartadas (lulas Illexargentinus) quanto de vísceras de peixes,principalmente fígado de tubarão.

Áreas de reprodução

O albatroz-de-tristão foi extinto emTristão da Cunha no início do século 20, devidoà exploração de ovos e de filhotes para aalimentação dos habitantes locais. Contudo,entre um e três pares nidificam anualmentena ilha Inacessível (partencente aoarquipélago de Tristão da Cunha). A ilhaGough abriga quase que a totalidade daespécie, cerca de 1.500 pares.

Dispersão e migrações

Exemplares anilhados em Gough têmsido recapturados fora da costa do Uruguai edo Brasil (respectivamente, um e três registros),no sul da África e no sudeste da Austrália (Ryanet al., 2001). Os registros na América do Sul ena África sugerem deslocamentos paraalimentação, enquanto o australiano indica queexemplares da ilha Gough realizam migraçõescircumpolares similares a alguns D. exulans.Recentes estudos de rastreamento por satéliteconfirmam que, durante a reprodução, aespécie se alimenta na plataforma continentalda América do Sul e sugerem que a região éutilizada principalmente por machos, enquantoque as fêmeas forrageiam preferencialmenteà leste de Gough (R. Cuthbert, in litt.).

O MZUSP possui dois machosanilhados em Gough e capturados porespinheleiros brasileiros, além de quatrofêmeas de D. dabbenena não anilhadas ecapturadas da mesma forma; ambos foramobtidos entre Santa Catarina e o Rio Grandedo Sul, nos meses de outubro e novembro(Neves & Olmos, 2001).

Status

Entre 1979 e 1981, a populaçãoreprodutiva anual na ilha Gough foi estimada emaproximadamente 1.000 pares. Em 1999, 1.129filhotes foram censados, correspondendo a 1.500pares e equivalendo a uma população total de 9mil indivíduos (Ryan et al., 2001). Censos recentessugerem que a população declinou 28% ao longode 46 anos, enquanto modelos populacionaisprevêem um declínio anual de 2,9 a 5,3%(Cuthbert et al., 2004). Apenas um filhote foiencontrado na ilha Inacessível (Ryan et al., 2001).

Nome comum: albatroz-real-meridional

Nome científico: Diomedea epomophora Lesson, 1825

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (D2)

IUCN (2004): Vulnerável (D2)

CMS (2002): Apêndice II

17) tem as narinas bulbosas, o bico mais largoe robusto e a borda da maxila negra. Os jovens

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As posturas são feitas em novembroe dezembro, com os ovos eclodindo entrefevereiro e março. Os jovens deixam os ninhosapós oito meses, em outubro/novembro. Oscasais nidificam em intervalos mínimos de doisanos, quando bem-sucedidos. O sucessoreprodutivo nas ilhas Campbell (pertencentesà Nova Zelândia) foi de 58%, em média, aolongo de três anos.

Enquanto o albatroz-errante forrageiano talude ou fora da plataforma continental,o albatroz-real-meridional é encontrado naságuas sobre a plataforma. A dieta em massa,em Campbell, consiste de 75% decefalópodes, 21% de peixes, 3% decrustáceos e 1% de salpas (um tunicado). Noconteúdo alimentar de dois indivíduos

encontrados no Rio Grande do Sul ocorreu apescada-cascuda (Ctenosciaena gracilicirrhus)e as lulas Ommastrephes bartrami,Lycoteuthis diadema, Cyclotheuthis sp. eGrimalditheuthis sp. (Petry et al., 2001).

Áreas de reprodução

A espécie nidifica no arquipélagodas ilhas Auckland, pertencentes à NovaZelândia (composto pelas ilhas Auckland,Adams e Enderby), ilhas Campbell e tambémem Taiaroa Head, uma ilha ao sul da NovaZelândia.

Dispersão e migrações

Após a reprodução, as aves sedispersam para o leste, até a costa do Chile edo Peru, sendo registradas sobre as águas daplataforma continental. Dali contornam o CaboHorn e são encontradas sobre a plataformacontinental da Argentina (incluindo as Falklands/Malvinas) e o sul do Brasil, onde permanecemantes de migrar pelo Atlântico e o Pacífico,retornando às áreas de nidificação.

No Brasil, há registros para o RioGrande do Sul (espécimes no Museu deZoologia da Universidade do Rio dos Sinos)e o Rio de Janeiro (um espécime no MuseuNacional do Rio de Janeiro). Um antigoregistro para São Paulo é baseado em umexemplar capturado nas proximidades da ilhade Alcatrazes, ainda existente no MZUSP.Exemplares capturados no Rio Grande do Sul,um deles por um espinheleiro, haviam sidoanilhados em Campbell (Olmos, 2002b).

Status

A população de Campbell correspondea 99% da população mundial e é estimadaem 8.200 a 8.600 pares reprodutivos, tendoaparentemente se estabilizado após umcrescimento na década de 1980. Em 1995,55 pares estavam se reproduzindo emEnderby e cerca de 20 em Auckland e Adams.Nenhum D. epomophora puro está presenteem Taiaroa Head.

deixam o ninho com plumagem similar a dosadultos, diferenciando-se deles por apresentaro dorso das asas negro e uma quantidadevariável de penas escuras no dorso, o queproduz um efeito de finas manchas. Com otempo, o dorso das asas adquire a cor branca,a partir da borda anterior, até tornar-se quaseque totalmente branco em exemplares muitovelhos. A cauda também se torna branca (D.exulans mantém a maioria das retrizes compontas negras). A envergadura máxima é de3 m. Os machos são maiores, pesando entre8,1 e 9,45 kg, enquanto as fêmeas oscilamentre 6,5 e 9 kg.

Fig.17 - Albatroz-real-meridional Diomedeaepomophora.

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As aves começam a retornar àscolônias de reprodução em setembro e asposturas ocorrem no final de outubro emTaiaroa Head e meados de novembro emChatham. A incubação dura, em média, 79dias e o jovem deixa o ninho após 32-38semanas. Assim, a nidificação demora umamédia de 46 semanas, fazendo com que aespécie se reproduza bienalmente. Os jovensficam no mar entre 4 e 8 anos, antes deretornarem à colônia natal. A primeirareprodução ocorre entre 6-11 anos. A maiorlongevidade, obtida por anilhamento, foi de61 anos, sendo que este exemplar aindaproduziu um filhote antes de desaparecer.O sucesso reprodutivo em Taiaroa Head, aolongo de 17 anos, foi de 31% em média.Estima-se que 57% dos jovens sobrevivam atéa idade para reprodução. Na década de1990, entre 94,6 e 95,3% dos adultossobreviviam, enquanto nas décadas de 1940/50 chegavam a 98,9% os sobreviventes. Nasilhas Chatham, a produtividade anual entre1990 e 1996 foi de apenas 18%, devido àdegradação da cobertura vegetal, que causoua inundação de ninhos e a quebra de ovos.

A dieta nas ilhas Chatham éconstituída, em massa, por 85% de cefalópodes,14% de peixes e 1% de salpas. Em TaiaroaHead, as aves consomem, em massa, 80% decefalópodes, incluindo polvos aparentementeobtidos de descartes, 15% de peixes, 3% decrustáceos e 2% de salpas.

Áreas de reprodução

A espécie nidifica apenas em trêsilhotas do arquipélago das Chatham(Motuhara, Big Sister e Little Sister), além deTaiaroa Head. Nesta, a população inclui várioshíbridos entre D. epomophora e D. sanfordi,tendo status único.

Os adultos da espécie (Fig. 18) sedistinguem de D. epomophora e D. exulanspela combinação única de dorso branco edorso das asas totalmente negro. Os jovensdeixam o ninho com a plumagem similar ados adultos, diferenciando-se pela quantidadede penas escuras no dorso, que produzemum efeito manchado, e também por algumaspenas escuras no alto da cabeça. Assim comoD. epomophora, D. sanfordi tem narinasbulbosas e a borda da maxila negra, mas amorfometria é significativamente maior nasegunda. Adultos coletados no arquipélago dasChatham (pertencente à Nova Zelândia)pesavam entre 6,35 e 6,6 kg.

Fig.18 - Albatroz-real-setentrional Diomedea sanfordi.

Nome comum: albatroz-real-setentrional

Nome científico: Diomedea sanfordi (Murphy, 1917)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Em Perigo (A2c + B1 + 2ce)

IUCN (2004): Em Perigo (A4bc + B2ab [iii, v])

CMS (2002): não consta

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Dispersão e migrações

Após o término do período reprodutivoas aves se dirigem para o leste, até a costa doChile e do Peru, sendo observadas sobre aplataforma continental, onde se alimentam erealizam a muda de penas. Dali contornamo Cabo Horn e são encontradas sobre aplataforma continental da Argentina(incluindo as Falklands/Malvinas) e no sul doBrasil, que parecem ser importantes áreas dealimentação. As aves migram pelo oceanoAtlântico, passam pela costa sul-africana e sedirigem para o oceano Austral, retornando àsáreas de nidificação. Um exemplar foiencontrado nas Falklands/Malvinas oito dias apósdeixar as ilhas Chatham.

Sua presença no Brasil baseia-se noregistro de um indivíduo acompanhando umespinheleiro, fora da costa de Santa Catarina(Olmos, 2002b) e de outros registros foradeste estado e do Rio Grande do Sul, obtidospelo programa de observadores de bordo doProjeto Albatroz.

Status

A população das Chatham, quecorresponde a 99% da população mundial,foi estimada em 6.500-7.000 pares reprodutivos.Em Taiaroa Head, em 1995, havia 27 pares,incluindo cinco híbridos com D.epomophora.

Nome comum: albatroz-de-sobrancelha-negra

Nome científico: Thalassarche melanophris (Temminck, 1828)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (A2bd + 3bd + 4bd)

IUCN (2004): Em Perigo (A4bd)

CMS (2002): Apêndice II

Os adultos são brancos com as asasnegras e têm um característico bico alaranjadocom a ponta avermelhada (Fig. 19). Há umaconspícua faixa ocular escura, característicacompartilhada com outras espécies do gêneroThalassarche. Os jovens deixam o ninho com

uma faixa peitoral amarronzada e o biconegro, que depois se torna amarronzado coma ponta negra. A envergadura máxima é deaproximadamente 2,5 m. Nas Geórgias do Sul,os machos pesam entre 3,35 e 4,66 kg e asfêmeas entre 2,9 e 3,8 kg.

Fig. 19 - Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris.

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A espécie é notável pelo entusiasmoe a agressividade quando acompanhaembarcações pesqueiras e forrageia pordescartes, agrupando-se em grande númeroao redor de espinheleiros em operação.

Áreas de reprodução

No oceano Atlântico, as maiorespopulações estão no arquipélago dasFalklands/Malvinas (12 sítios), especialmentenas ilhas Steeple Jason e Beauchene (cadauma com mais de 100 mil paresreprodutivos). Também há colônias nasGeórgias do Sul e, no limite entre o Atlânticoe o Pacífico, em Diego Ramirez e ilhasIldefonso (Chile). Fora do Atlântico hácolônias nas ilhas Crozet, Kerguelen, Heard,McDonald, Macquarie, Bishop, Clerk,Antipodes, Campbell e Snares.

Dispersão e migrações

Os exemplares das Geórgias do Sul,durante o período reprodutivo, alimentam-se principalmente sobre a plataforma daquelearquipélago e a das South Orkney, não seaproximando da plataforma continental dasFalklands/Malvinas e da Patagônia. Após areprodução, a maioria das aves desloca-separa o sul da África, sendo encontradas naregião da Corrente de Benguela e no Caboda Boa Esperança. Há várias recapturas nosul da Austrália e na Nova Zelândia, sugerindoum deslocamento circumpolar. No entanto,há alguns registros de aves anilhadas em BirdIsland e capturadas no Uruguai, na provínciade Buenos Aires (Argentina) e uma no Rio deJaneiro (Olmos, 2002a).

As aves da ilha de Diego Ramirezutilizam as águas próximas ao Cabo Horn e acosta do Pacífico na América do Sul, na regiãosob influência da Corrente de Humboldt. Osexemplares das Falklands/Malvinas parecemse restringir às águas ao redor das ilhas e davizinha plataforma continental da Patagônia,durante o período reprodutivo. As avesanilhadas neste arquipélago têm sidorecuperadas ao longo da costa leste sul-americana até o Nordeste do Brasil

Burg & Croxall (2001) encontraramdiferenças genéticas entre aves das Falklands/Malvinas e das Geórgias do Sul tão grandesquanto estas e T. impavida, que é sua espécie-irmã e endêmica da ilha Campbell. O espécime-tipo de T. melanophris foi coletado no Caboda Boa Esperança, uma área utilizada pelosexemplares das Geórgias do Sul, de forma quea população das Falklands/Malvinas necessitade uma revisão taxonômica.

Nas Falklands/Malvinas, as aveschegam às colônias entre o final de agosto eo início de setembro, realizando as posturasem outubro; nas Geórgias do Sul, isso ocorretrês semanas depois. A incubação leva cercade 68 dias e os jovens deixam o ninho após116-125 dias, o que corresponde a março/abril para as aves das Falklands/Malvinas. Ociclo reprodutivo é relativamente curto,permitindo que a espécie se reproduzaanualmente. Mais de 90% dos ovos eclodeme entre 29 e 77% dos filhotes sobrevivem atéa idade de deixar o ninho. O sucessoreprodutivo nas Geórgias do Sul, entre 1975e 1991, variou de 0 a 64% (média de 29%),estando diretamente relacionado àdisponibilidade de krill (Euphausia superba).Os jovens retornam às colônias com 3 a 8anos de idade e começam a se reproduzircom 6-13 anos. A filopatria é moderadamenteelevada (58% dos jovens voltam às suas colôniasnatais nas Geórgias do Sul) e as aves adultasnão mudam de colônia. A sobrevivência anualpara machos e fêmeas é de 94 a 96%,respectivamente.

Nas ilhas Geórgias do Sul aalimentação é composta, em massa, por 40%de krill, 39,5% de lampréias Geotria australis,21% de cefalópodes (em especial, lulas dogênero Todarodes) e peixes. Nas Falklands/Malvinas, as presas principais são lulas(principalmente Loligo gahi) e peixes, que,juntas, constituem 90% da massa da dieta,sendo que medusas e crustáceos (“lobsterkrill” Munida gregaria) constituem o restante.Dessa forma, há importantes diferençasecológicas entre as duas populações.Thalassarche melanophris tem razoávelcapacidade de mergulho, podendo capturarpresas a pelo menos 5 m de profundidade.

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(Maranhão), com maior número ao sul do Riode Janeiro (Cabo Frio). Tal fato sugere umdeslocamento para o norte, talvez acompanhandoa Corrente das Falklands/Malvinas até a

convergência subtropical, e de lá para as águasfrias e ricas em nutrientes que se formamsobre a plataforma continental brasileiradurante o inverno.

Status

A população reprodutiva total eraestimada em cerca de 680 mil casais, com80% nas Falklands/Malvinas, 10% nas Geórgiasdo Sul e 3% no Chile. Recentemente, umarevisão apontou aproximadamente 530 milpares reprodutivos, com 70% nas Falklands/Malvinas, 20% nas Geórgias do Sul e 10% noChile.

Algumas populações nas Geórgias doSul tiveram uma redução de 35% desde 1989/90; em 1995, cerca de 9.500 paresnidificavam em Bird Island. No total, todas aspopulações ali monitoradas decresceram 31%no período. O sucesso reprodutivo e aexpectativa anual de sobrevivência dos

adultos também diminuíram. A colônia deSteeple Jason, a maior do mundo (68% dasaves do arquipélago), perdeu 41.200 pares,tendo hoje cerca de 150 mil casaisreprodutivos (Huin, 2001; B. Sullivan, com.pess.).

Estima-se que nos últimos 20 anos apopulação das Falklands/Malvinas decresceuentre 506.000 e 382.000 pares reprodutivos,sendo que de 468.000 para 382.000 paresapenas nos últimos cinco anos (Huin, 2000).Assim, infere-se que a espécie declinará cercade 65% ao longo de três gerações (65 anos) ecomo existem poucos locais onde ela está emcrescimento populacional, espera-se umdeclínio maior do que 50% ao longo doperíodo.

Fig. 20 - Distribuição oceânica do albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarche melanophris a partir deobservações a bordo de espinheleiros (dados do Projeto Albatroz).

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A característica principal da espécieé a faixa amarela ao longo da porção dorsalda maxila (Fig. 21), que termina com um desenhoarredondado, ao contrário de sua espécie-irmã,T. carteri do oceano Índico, que terminapontiagudo. Thalassarche chlororhynchostem a cabeça e o pescoço acinzentados, maisclaro no vértice, enquanto T. carteri tem acabeça branca, exceto por uma fracacoloração cinza na face. É um dos menoresalbatrozes: a envergadura de quatroexemplares variou entre 1,98 e 2,07 m. Osmachos parecem ser maiores do que asfêmeas, como nas demais espécies dealbatrozes. Exemplares de Gough pesaram de1,78 a 2,84 kg.

A espécie se reproduz anualmente,sendo que as primeiras aves chegam às áreasde nidificação em meados de agosto. Em

Fig. 21 - Albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico Thalassarchechlororhynchos.

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Nightingale (pertencente ao arquipélago deTristão da Cunha), a maioria dos ovos foi postaentre 10 e 20 de setembro, eclodindo noinício de dezembro, após aproximadamente78 dias de incubação (Elliott, 1957). EmGough, as posturas foram feitas em setembro/outubro e os primeiros filhotes eclodiram nofinal de novembro; em 2 de dezembro, 75%dos ovos já haviam eclodido e no final dedezembro, a maioria dos filhotes estavapraticamente emancipada (Ryan & Moloney,2000). Em Tristão da Cunha e Gough, osjovens deixam a colônia no final de abril einício de maio (Elliott, 1957; Swales, 1965).A expectativa anual de sobrevivência deadultos, nas ilhas Inacessível e Nightingale, foide aproximadamente 84%, enquanto quepara os juvenis da ilha Inacessível foi de 82%.

A dieta da espécie não é bemconhecida, mas foram encontrados cefalópodesem todos os conteúdos estomacais deexemplares coletados em Gough, enquantopeixes e anfípodos ocorreram em apenasalgumas amostras.

Áreas de reprodução

Reproduz-se nas ilhas do arquipélagode Tristão da Cunha (Tristão da Cunha,Nightingale, Inacessível, Middle e Stotenholf)e em Gough. As maiores populações estãonas ilhas de Tristão da Cunha e Gough.

Dispersão e migrações

Ao que parece T. chlororhynchosprefere águas mais quentes do que outrosalbatrozes. Na América do Sul, há poucosregistros ao sul da convergência subtropical,embora centenas tenham sido registradas forado Rio da Prata. A espécie é comum fora da

Nome comum: albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlântico

Nome científico: Thalassarche chlororhynchos (Gmelin, 1789)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (A1ad + A2b + B1)

IUCN (2004): Em Perigo (A4bd)

CMS (2002): Apêndice II

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costa sul e sudeste do Brasil (incluindo o Riode Janeiro) (Fig. 22) e há vários registros noNordeste. No sul da África ocorre fora dosistema da Corrente de Benguela,novamente preferindo águas oceânicas maisquentes. O número de exemplares emambas as regiões aumenta muito durante oinverno, quando as aves deixam as áreas dereprodução. Exemplares anilhados nas ilhas

Fig. 22 - Distribuição oceânica do albatroz-de-nariz-amarelo-do-atlânticoThalassarche chlororhynchos apartir de observações a bordo de espinheleiros (dados do Projeto Albatroz).

Status

Em 1972/1973, a população deTristão da Cunha foi estimada em cerca de 20mil pares reprodutivos e a de Gough, em 7.500pares. Em 1980, a população da primeira regiãofoi de 21.600-35.600 pares. Em 1982, 1.100casais se reproduziam na ilha Inacessível (Gales,1998; Ryan & Moloney, 2000). Há evidênciasde que todas as populações diminuíramsensivelmente desde a década de 1980. Em

Gough, na temporada 2000/2001, foramestimados 5.250 casais (Cuthbert et al., 2003).

Dados demográficos têm sidocoletados em duas colônias em Gough e Tristãoda Cunha, por 20 anos. Durante esta pesquisa,as populações declinaram 1,1 a 1,2%, ao ano.Entretanto, modelos populacionais estimammaiores taxas anuais de declínio, entre 1,5 e2,8%, em Gough, e 5,5% em Tristão da Cunha(Cuthbert et al., 2003). Tais declínios indicamuma redução de 58% ao longo de três geraçõesda espécie (71 anos).

Gough, Inacessível e Tristão da Cunha têmsido recapturados principalmente no sul daÁfrica, mas também nos estados de SãoPaulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,incluindo aves mortas por espinheleiros (Sotoe Riva, 2001; Olmos, 2002a). Há registrosda espécie na Nova Zelândia e no sul daAustrália, embora com ocorrência bemmenor do que T. carteri.

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Os adultos são bastante característicospor causa da cabeça cinza-ardósia e a coloraçãodo bico, que apresenta largas faixas amarelasna maxila e na mandíbula (Fig. 23). Os juvenistêm a cabeça amarronzada e o bico negro. Aenvergadura é de 2,1-2,4 m. Os machos dasGeórgias do Sul pesam entre 3,9 e 4,35 kg e asfêmeas, entre 3,52 e 4,17 kg.

Fig. 23 - Albatroz-de-cabeça-cinzaThalassarchechrysostoma.

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As colônias reprodutivas mostramgrandes variações anuais no tamanho daspopulações. A filopatria é elevada: 85%nidificam na colônia em que nasceram. A idademédia da primeira reprodução é de 12 anos(entre 10 e 14). Geralmente, os casais sereproduzem bienalmente quando bem-sucedidos, mas intervalos maiores que doisanos são comuns. As aves chegam às Geórgiasdo Sul em meados de setembro, realizandoas posturas em outubro e as eclosõesocorrendo em dezembro e janeiro. O sucessoreprodutivo no arquipélago tem média de39%, com variações anuais significativas emtodos os parâmetros reprodutivos. Cerca de60% dos ovos eclodem e 65% dos filhotesproduzidos sobrevivem para deixar osninhos, o que ocorre entre maio e junho.Os filhotes crescem mais lentamente que os

de T. melanophris, aparentemente porque okrill consumido em grande quantidade pelaúltima espécie apresenta maior quantidadede cálcio. A sobrevivência anual dos adultosdas Geórgias do Sul reduziu de 95 para 93%na década de 1990, coincidindo com umaredução no recrutamento, de 35 para 5%.

As aves das Geórgias do Sulalimentam-se principalmente de cefalópodes(49% da massa da dieta, sendo que 91%correspondem à lula Martialia hyadesi),peixes (35%, sendo 1/3 de lampréias Geotriaaustralis) e krill (17%). Ocorrem variaçõesanuais, especialmente quanto ao uso destecrustáceo, mas lulas e peixes são presasdominantes. As aves mergulham partindo dasuperfície ou em vôo, alcançando no mínimo5 m de profundidade. Há indícios dea l i m e n t a ç ã o t a m b é m n o t u r n a . N oBras i l parecem não seguir embarcaçõesconstantemente; entretanto, nasproximidades das Falklands/Malvinas, aespécie é um membro ativo entre os gruposde aves que procuram descartes depesqueiros.

Áreas de reprodução

Reproduz-se nas ilhas Geórgias doSul, Diego Ramirez, Príncipe Eduardo eMarion, Kerguelen, Crozet, Macquarie eCampbell.

Dispersão e migrações

Os indivíduos que nidificam nasGeórgias do Sul se alimentam em águasoceânicas, em um raio de aproximadamente1.500 km da colônia. Exemplares alianilhados têm sido recapturados ourastreados por satélite nas Falklands/Malvinas,

Nome comum: albatroz-de-cabeça-cinza

Nome científico: Thalassarche chrysostoma (Forster, 1785)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): não consta

IUCN (2004): Vulnerável (A4bd)

CMS (2002): Apêndice II

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sul da África (Corrente de Benguela), sul daAustrália e no norte da Nova Zelândia,sugerindo uma migração circumpolarsemelhante à de T. melanophris do mesmoarquipélago (Prince et al., 1998). Avesnidificando em Diego Ramirez e rastreadaspor satélite voaram principalmente para ooeste, permanecendo ao sul de 45°S. Háregistros ocasionais em direção ao Atlânticosul e à região das Falklands/Malvinas. Hápoucos registros confirmados no Brasil, emSão Paulo, Santa Catarina e Rio Grande doSul, sendo todos de jovens. Exemplares sãoobservados acompanhando espinheleiros nosul do Brasil, mas não houve nenhumacaptura confirmada.

Status

Em Bird Island, a população – quecorresponde a 15% do total das Geórgias doSul, que por sua vez corresponde a 56% dapopulação mundial – tem declinado 19-29%,desde 1975/76, e as taxas de recrutamento dosjovens passaram de 38 para 5%. Em PríncipeEduardo e Marion, a população (7% do totalmundial) declinou 1,75% ao ano, até 1992,depois crescendo e atualmente parecendoestável. Em Campbell a população (7% do totalmundial) tem decrescido desde a década de1940, sendo que três colônias reduziram entre79 e 87%. Os jovens são mais vulneráveis àcaptura por espinheleiros pelágicos.

É um dos albatrozes mais caracte-rísticos, com plumagem escura (Fig. 24) ecauda longa. É similar a P. palpebrata, quetambém ocorre no Brasil, distinguindo-se pelodorso marrom, que é apenas um pouco maisclaro do que a cabeça e o pescoço (em P.palpebrata, o contraste é muito mais evidentee o dorso é cinza-pálido) e pelo sulco mandibularamarelo (azul ou violeta em P. palpebrata). Temenvergadura de aproximadamente 2 m. EmTristão da Cunha, machos e fêmeas pesam,respectivamente, 2,4-2,9 kg e 1,8-2,5 kg.

Fig. 24 - Piau-preto Phoebetria fusca.

Nome comum: piau-preto

Nome científico: Phoebetria fusca (Hilsenberg, 1822)

Família: Diomedeidae

Status de conservação:

MMA (2003): não consta

IUCN (2004): Em Perigo (A4bd)

CMS (2002): Apêndice II

Seu ciclo reprodutivo é de setemeses e os casais nidificam bienalmente. Osninhos são construídos em terrenos íngremes,como falésias. Em Tristão da Cunha, os adultosretornam às colônias em setembro e osprimeiros ovos são postos, de forma bastantesincronizada, na primeira semana de outubro.A incubação dura perto de 71 dias, sendo queo casal se reveza em turnos que duram de 1a 21 dias. Um dos pais permanece semprecom o filhote durante seus primeiros 19-21dias de idade e então o filhote é deixadosozinho, exceto quando é alimentado. Osjovens são alimentados até deixarem o ninho,o que ocorre aproximadamente 164 dias apóso nascimento, não havendo abandono pelospais, como em outras espécies de albatrozese petréis. O sucesso reprodutivo varia bastanteentre os anos, apresentando uma média de43% nas ilhas Crozet. A idade média daprimeira reprodução é de 12-13 anos e aexpectativa de vida é de mais de 19,5 anos.A sobrevivência dos adultos varia entre 89,9e 96,7% e a dos juvenis é de 22,4%.

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A dieta não está definida para aspopulações do oceano Atlântico. Em Crozet,70% da massa da dieta dos filhotes é compostapor peixes, 14% por lulas, 13% por krill e 3%por carniça. Em Príncipe Eduardo e Marion,os peixes representaram 32%, as lulas 32%,os crustáceos 23% e a carniça 1% da dieta.As lulas predadas têm entre 100 e 300 g, masrestos de indivíduos muito maiores, de até 5kg, ocorreram nas amostras. A espécie é umdos Procellariiformes com vôo mais ágil e umdos albatrozes com maior capacidade demergulho, atingindo aproximadamente 12 m.

Áreas de reprodução

No oceano Atlântico, a espécienidifica nas ilhas Gough e Tristão da Cunha.Também se reproduz nas ilhas Príncipe Eduardoe Marion, Crozet, Amsterdan e Kerguelen.

Dispersão e migrações

Ocorre ao norte da convergênciasubtropical (raramente chegando até 16°S) e

ao sul, ocasionalmente até 70°S, com grandedispersão pelo oceano Austral. As duasespécies de Phoebetria têm distintas áreas dealimentação, separadas grosso modo pelaconvergência antártica (50°S), com P. fuscautilizando águas ao norte desta. Não háinformação sobre migrações.

Status

A população reprodutiva anual éestimada em 12.500-19.000 pares,equivalente a uma população reprodutivatotal de aproximadamente 42.000 indivíduos.Os pares reprodutivos são estimados em5.000-10.000 em Gough, 4.125-5.250 nogrupo de Tristão da Cunha, 1.539 emPríncipe Eduardo e Marion, 2.620 nas ilhasCrozet, menos de cinco em Kerguelen e300-400 em Amsterdam. Na ilha Possession(Crozet), a população declinou 58% entre1980 e 1995. Em Marion, o declínio foi de25% entre 1990 e 1998. Em Gough, apopulação parece ter declinado 68% aolongo de 28 anos.

A espécie (Fig. 25) tem notávelpolimorfismo na cor da plumagem,apresentando distintas colorações conformeenvelhece. A maioria dos indivíduosobservados no Brasil é jovem com coloraçãomarrom ou fuligem (de onde surgiu o nomecomum “urubu”, utilizado por pescadores),mas também há registros de exemplaresbrancos. Os machos são bem maiores do queas fêmeas, apresentando envergaduras quevariam entre 2,07 e 2,44 m, em comparaçãocom 1,80-1,83 m das fêmeas. Pesam 5 kg(machos) e 3,8 kg (fêmeas), em média. Fig. 25 - Pardelão-gigante Macronectes giganteus.

Nome comum: pardelão-gigante

Nome científico: Macronectes giganteus (Gmelin, 1789)

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): não consta

IUCN (2004): Vulnerável (A4bcd)

CMS (2002): Apêndice II

Gui

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o M

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O pardelão-gigantedistingue-se de M. halli (quetambém ocorre no Brasil) porter a ponta do bico esverdeada,que é avermelhada nesta última.Contudo, quando o animal estácom calor, o bico pode se tornaravermelhado, podendo causarproblemas na diferenciação. Háconsiderável variação namorfometria e na coloraçãoentre aves de diferentes regiões,sendo que as populações deGough e das Falklands/Malvinastêm características próprias,sendo consideradas uma formadistinta: M. giganteus solanderi.

Nas Geórgias do Sul, oprocesso de nidificação começaem outubro, com a formação decolônias dispersas de até 300casais. A incubação dura de 55a 66 dias e os filhotes deixamo ninho com 104-132 dias,quando pesam 1,3x mais do queum adulto. A maturidade sexualé atingida aos 6-7 anos de idadee a expectativa de vida ultrapassaos 9,5 anos.

Macronectes giganteusé o único petrel que é preferen-cialmente predador e necrófagode mamíferos e aves, sendo umdos poucos a mostrar agilidadequando em terra. Nas Geórgiasdo Sul, os pingüins constituemitem importante da alimentaçãodurante o período reprodutivo(62 a 89% da massa da dieta);os demais itens são outras es-pécies de aves, em especialpetréis menores (6 a 9%), krill(1 a 21%), lobos marinhos (1a 6%), lulas (1 a 2%) e peixes(1%).

Áreas de reprodução

No oceano Atlântico, reproduz-se em duas ilhasna costa de Chubut (Argentina), ilha dos Estados, Falklands/Malvinas, Geórgias do Sul, South Orkneys, Shetland doSul, Gough e várias ilhas próximas à Península Antártica ea este continente. Em outras regiões, nidifica nas ilhasKerguelen, Príncipe Eduardo e Marion, Heard eMacquarie.

Dispersão e migrações

O rastreamento por satélite indicou que as avesdas Geórgias do Sul têm estratégias de forrageamentosexualmente diferenciadas: enquanto machospermanecem na região do arquipélago, alimentando-sede carcaças de pingüins e mamíferos marinhos, as fêmeaspodem se deslocar para a plataforma continental do sulda Patagônia, obtendo alimentos no mar (González-Solíset al., 2000a).

Adultos pós-reprodução não parecem fazergrandes deslocamentos, mas os jovens realizamdeslocamentos circumpolares seguindo os ventosdominantes. Exemplares registrados no Brasil haviam sidoanilhados nas ilhas Geórgias do Sul, Macquarie, Signy(South Orkneys) e ilhas da Península Antártica.

Fig. 26 - Distribuição oceânica de Macronectes spp. a partir deobservações a bordo de espinheleiros (dados do Projeto Albatroz).

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Status

A população global foi estimada em31 mil pares no início da década de 1990, o

que significou um declínio de 18%,comparativamente à década de 1980.

A nidificação se inicia em outubro,sendo altamente colonial. Os ninhos sãoconstruídos em fendas nas rochas e apostura ocorre em novembro/dezembro.A incubação dura cerca de 46 dias. Os jovensdeixam o ninho com 48 a 56 dias de idade ecomeçam a se dispersar em março e abril.A expectativa de vida dos adultos é de 12,8anos e a taxa de sobrevivência anual variaentre 90 e 95%.

Alimentam-se principalmente decrustáceos (krill), peixes e lulas, sendo que asproporções variam localmente. O peixepelágico Pleurogramma antarcticum é umapresa-chave. Também procuram carniça edescartes de pesca.

Áreas de reprodução

Nidificam em várias localidades naAntártica e nas ilhas Geórgias do Sul, Shetlandsdo Sul, South Orkneys, South Sandwich,Bouvet e Peter.

Dispersão e migrações

Distribui-se amplamente pelooceano Austral. Os jovens chegam atélatitudes subtropicais, seguindo correntes friascomo a das Malvinas e de Benguela;ocasionalmente há grandes mortalidades nacosta brasileira, em São Paulo e Rio Grandedo Sul, aparentemente associadas a essesdeslocamentos.

Nome comum: pardelão-prateado

Nome científico: Fulmarus glacialoides (Smith, 1840)

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): não consta

IUCN (2004): não consta

CMS (2002): não consta

A espécie (Fig. 27) apresenta umaenvergadura de aproximadamente 1,2 m e800 g de peso.

Fig. 27 - Pardelão-prateado Fulmarus glacialoides.

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Status

A espécie não está ameaçada deextinção. A única população monitorada

Fig. 28 - Distribuição oceânica do pardelão-prateado Fulmarus glacialoides a partir de observações abordo de espinheleiros (dados do Projeto Albatroz).

indica alta variação interanual, com tendênciade crescimento (Woehler et al., 2001).

A espécie apresenta plumagemmarrom-escura uniforme, bico claro e umamancha gular branca de extensão variável,ocasionalmente ausente (Fig . 29). Temenvergadura de 1,3-1,4 m e pesa até 1,4 kg(macho) e 1,3 kg (fêmea). Nas colôniasreprodutivas, apresentam comportamentonoturno. Nidificam em longos buracos,

escavados sob moitas de gramíneas eciperáceas. As aves vocalizam para atrair osparceiros. Chegam às Geórgias do Sul emsetembro e os primeiros ovos são encontradosapós meados de novembro. A incubação duracerca de 59 dias e os ovos eclodem emjaneiro. Os filhotes atingem o peso máximoaproximadamente aos 82 dias, quando pesam

Nome comum: pardela-preta

Nome científico: Procellaria aequinoctialis (Linnaeus, 1758)

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): Vulnerável (A4bcde)

IUCN (2004): Vulnerável (A2bcde + 3bcde)

CMS (2002): Apêndice II

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mais do que os adultos, sendoentão abandonados. Os jovensdeixam os ninhos com cerca de98 dias de idade. O sucessoreprodutivo varia de 12 a 54%(Hall, 1987).

Fig. 29 - Pardela-preta Procellariaaequinoctialis.

O monitoramento daespécie possibilitou o registro demergulhos de até 13 m, comsubmersão por até 45 s (Huin,1994). Nas Geórgias do Sul,durante o período reprodutivo,se alimenta principalmente dekrill, peixes-lanterna da famíliaMyctophidae e lulas oceânicas(principalmente Martialiahyadesi), indicando que ocorreforrageamento noturno, o que éapoiado por observações a partirde espinheleiros. Na região daCorrente de Benguela, as avesfora do período reprodutivoalimentam-se principalmentede peixes (50% da massa dadieta), crustáceos (13%) e lulas(11%) ativamente capturados,além de outros 21% constituídospor peixes descartados porbarcos de arrasto.

Áreas de reprodução

No oceano Atlântico,nidifica nas ilhas Falklands/

Malvinas e Geórgias do Sul. Também se reproduz nas ilhasPríncipe Eduardo e Marion, Crozet, Kerguelen, Auckland,Campbell, Antipodes e, talvez, em Macquarie.

Dispersão e migrações

Aves nidificando nas Geórgias do Sul realizamviagens de 12 a 15 dias durante o período de incubação,percorrendo entre 3 mil e 8 mil quilômetros para buscaralimento e deslocando-se até ao norte das Falklands/Malvinas e águas costeiras do norte e sul da Argentina.Durante o período de cuidado com a prole as viagens sãomais curtas, durando entre 2 e 11 dias e com umdeslocamento de 1.100-5.900 km; assim, as aves sealimentam na região da plataforma continental próxima àcolônia e às South Orkney e Shetland do Sul e ao longo dotalude continental do sul do Brasil até as Falklands/Malvinas(Berrow et al., 2000b).

O crescente número de registros de indivíduosda espécie em áreas sobre a plataforma continental sul-americana (incluindo o Brasil até cerca de 23°S) e Correntede Benguela sugere que ocorram migrações para estasregiões pós-reprodução, mas ainda não está confirmado.

Status

O comitê científico da CCAMLR estima queapenas na região ao sul da Convergência Antártica, até 138mil pardelas-pretas foram mortas por barcos espinheleirosilegais, nos últimos três anos. Essa é a ave mais capturada

Fig. 30 - Distribuição oceânica da pardela-preta Procellariaaequinoctialis a partir de observações a bordo de espinheleiros(dados do Projeto Albatroz).

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pelos espinheleiros pelágicos brasileiros.Nas Geórgias do Sul, onde a população foiestimada em 2 milhões de casais na décadade 1980, houve um declínio de 28% nos

ninhos ocupados entre 1981 e 1998(Berrow et al., 2000a). A população dasFalklands/Malvinas é avaliada entre 1 mil e5 mil casais.

É uma espécie semelhante a P.aequinoctialis, distinguindo-se pela máscarafacial branca (Fig. 31), que apresenta formato eextensão variáveis, sendo já visível nos ninhegos,e também por possuir morfometria menor.O peso, que varia de 1,01 a 1,3 kg (média de1,2 kg), é significativamente menor do que naspardelas-pretas das Geórgias do Sul.

Fig. 31 - Pardela-de-óculos Procellaria conspicillata.

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A pardela-de-óculos, assim como P.aequinoctialis, escava túneis para areprodução, que são freqüentementeconstruídos em solo encharcado, ao longo dedrenagens e riachos, com uma poça ou fossona entrada. As posturas são feitas no início deoutubro e a maioria dos ovos eclode apósmeados de dezembro. Os jovens deixam acolônia em março e abril.

Alimenta-se de cefalópodes, crustáceosdecápodes e peixes. Tem boa capacidade demergulho, sendo que algumas aves foram

observadas submergindo pelo menos até 6 mpara obter descartes de espinheleiros (Fig. 32).Parece ser muito mais diurna que P.aequinoctialis.

Áreas de reprodução

A única população reprodutivaocorre na ilha Inacessível. Aparentemente,também se reproduzia na Ilha de Amsterdam,o que explicaria os registros efetuados nooceano Índico durante o século 19.

Dispersão e migrações

Durante o verão, é a espécie maiscomum entre as aves que acompanhamespinheleiros de fundo sobre a plataformacontinental do Sul/Sudeste do Brasil, proval-velmente tratando-se de exemplares em períodonão reprodutivo. Durante o inverno, quando aságuas estão mais frias, praticamente desaparecedessas regiões, sendo então substituída porP. aequinoctialis. A quantidade de indivíduos

Fig. 32 - Pardelas-de-óculos Procellaria conspicillataalimentando-se de descartes de pesca.

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Nome comum: pardela-de-óculos

Nome científico: Procellaria conspicillata Gould, 1844

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): Em Perigo (B1ab)

IUCN (2004): Críticamente em Perigo (B1ab[v])

CMS (2002): Apêndice II

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nas águas mais mornas e salgadas da Correntedo Brasil, fora do talude continental, nesseperíodo, é superior àquele sobre a plataformadurante o verão (Olmos, 2001).

As águas fora da plataforma continentalbrasileira parecem abrigar a maior concentração

da espécie fora de sua zona de reprodução,mas também há concentrações, emboramenores, fora da plataforma continental dosul da África, em águas de maior salinidadesob a influência da Corrente de Agulhas(Camphuysen, 2001).

Fig. 33 - Distribuição oceânica da pardela-de-óculos Procellaria conspicillata a partir de observações abordo de espinheleiros (dados do Projeto Albatroz).

Status

Em 1999, a população foi estimada em 3.800-4.600 pares reprodutivos (Ryan &Moloney, 2000).

A espécie (Fig. 34) apresenta umaenvergadura que varia entre 1,0 e 1,18 m e

Nome comum: bobo-grande-de-sobre-branco

Nome científico: Puffinus gravis (O'Reilly, 1818)

Família: Procellariidae

Status de conservação:

MMA (2003): não consta

IUCN (2004): não consta

CMS (2002): não consta

peso de 715 a 950 g. Nidifica em buracosescavados no solo, sob moitas de gramíneas

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Dispersão e migrações

Puffinus gravis é um migrante intertropical quedeixa o Atlântico sul após a reprodução, migrandorapidamente para o Atlântico norte em abril/maio, ao longoda costa oeste. Nas Falklands/Malvinas surge em grandenúmero de dezembro a abril, enquanto parece ser maiscomum fora da costa brasileira em abril e maio (quandomigra para o norte) e novembro, o que indica umapredominância de indivíduos não reprodutivos. O retornopara o sul parece seguir uma frente ampla ao longo dooceano Atlântico central e ocidental. Indivíduos nãoreprodutivos parecem ficar nas áreas de invernada e aolongo das rotas migratórias durante todo o ano.

É a espécie mais capturada por espinheleirosde fundo, com o maior número ocorrendo em maio, oque coincide com a migração das aves jovens para onorte.

e ciperáceas. Embora sejabastante ativa no períodonoturno, também é encontradase exibindo e cavando ninhosdurante o dia. Chegam àscolônias reprodutivas em agostoe no mês subseqüente há grandenúmero de espécimes ocupandoas tocas. Aparentemente, amaioria das posturas ocorre emnovembro, mas há registros deovos em todos os meses doverão austral. A incubação dura53-57 dias e os filhotes deixamos ninhos com aproximadamente105 dias de idade. Os jovenscomeçam a voar em maio,deixando as colônias nesseperíodo (Rowan, 1952).

Freqüentemente P.gravis interage com golfinhos ebaleias para se alimentar. Podemergulhar mais de 10 m epermanecer submerso por 12 s.

Áreas de reprodução

Nidifica no arquipélagode Tristão da Cunha (Inacessívele Nightingale) e em Gough. Háuma pequena população nasilhas Falklands/Malvinas (ilhaKidney).

Fig. 34 - Bobo-grande-de-sobre-brancoPuffinus gravis.

Status

Na década de 1970, a população de Nightingalee Inacessível foi estimada em 5 milhões de pares, e a deGough entre 600 mil e 3 milhões de pares. Apenas 50-100 casais nidificam nas Falklands/Malvinas. A espécie nãose encontra ameaçada de extinção.

Fig. 35 - Distribuição oceânica do bobo-grande-de-sobre-brancoPuffinus gravis a partir de observações a bordo de espinheleiros(dados do Projeto Albatroz).

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As pescarias que capturamaves no Brasil

O conceito de pescarias utilizadoneste Planacap está de acordo com o deMarcovaldi et al. (2002): “uma atividade depesca exercida em uma determinada área,utilizando um petrecho de pesca específicoe que interaje com as aves (ou tartarugas)marinhas, agrupadas pelo princípio dahomogeneidade em relação a um conjuntode 12 parâmetros: caracterização dopetrecho de pesca, caracterização dasembarcações, área de atuação, distribuiçãotemporal do esforço de pesca, aspectosorganizacionais, pontos de desembarque,interfaces institucionais, categorias depescadores envolvidos, espécies-alvo,legislação incidente, potencial pesqueiro eunidade de esforço”.

O fundamento desse conceito é oestabelecimento de unidades de gestão. Talmodelo, da forma que vem sendo utilizadopelo Projeto Tamar/Ibama, tem se mostradoadequado para o monitoramento da capturade tartarugas marinhas, por amostras, podendogerar estimativas da taxa de captura porunidade de esforço (CPUE), com errosestatisticamente testáveis (Sales et al., 2003).

Com base no princípio anterior, aquisão consideradas oito pescarias que afetamas aves marinhas, sendo quatro delasprioritárias:

• A pesca com espinhel pelágico(ou de superfície) realizada porembarcações baseadas nosportos das regiões Sul e Sudeste;

• A pesca com espinhel pelágicoda frota nacional e arrendadarealizada por embarcaçõesbaseadas nos portos das regiõesNorte e Nordeste;

• A pesca com espinhel de fundo;

• A pesca com espinhel desuperfície (boiado) para a capturade dourado, utilizado princi-palmente em embarcações doporto de Itaipava/ES.

Apesar de a mortalidade de avesmarinhas associada à pesca estar historicamenterelacionada à pesca com espinhéis (tantopelágico quanto de fundo) realizada porembarcações arrendadas e nacionais, outraspescarias – com vara e isca viva, redes deemalhe de fundo, redes de arrasto e redesde deriva – têm demonstrado ser potenciaisfatores de mortalidade dessas aves, sendoaqui incluídas como pescarias potencialmenterelevantes, cujas taxas de captura incidentaldevem ser avaliadas.

As que mais evidência têm sobre opossível impacto sobre as populações de avesna costa do Brasil são as redes de emalhe defundo para a pesca do peixe-sapo (Lophiusgastrophysus) e espécies associadas. Observa-se a captura de aves durante o lançamento,quando organismos vivos aderidos à rederemanescentes dos lances de pesca anterioressão atrativos para as aves. Foi observada a capturade Procellaria aequinoctialis, P. conspicillata eFulmarus glacialoides ao largo da costa de SantaCatarina (F. Peppes, obs. pess.).

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A pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comA pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comA pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comA pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comA pesca com espinhel pelágico (ou de superfície) realizada comembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudesteembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudesteembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudesteembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudesteembarcações baseadas nos portos das regiões Sul e Sudeste

Essa pescaria (Fig. 36) é realizadapor frotas espinheleiras nacionais earrendadas baseadas nos portos das regiõesSul e Sudeste (Santos/SP, Itajaí/SC e Rio

Grande/RS). Essa atividade iniciou-se noBrasil em 1958, introduzida por japoneses,sofrendo várias interrupções e alteraçõestecnológicas.

Fig. 36 - Espinheleiro pelágico em operação.

O petrecho de pesca atualmenteutilizado no Brasil, conhecido como espinhelpelágico ou de meia-água, consiste em uma

Fig. 37 - Evolução do número de embarcações arrendadas e nacionais que pescavam com espinhelpelágico no Brasil entre 1985 e 2004 (fonte: Travassos & Hazin, 2004, 2005; www.setorpesqueiro.com.br).

A partir de 1994, os barcosoperando na ZEE brasileira trocaram omodelo japonês de espinhel – mais pesado,que necessitava de mais pessoal e era voltadopara a captura preferencial de atuns – pelomodelo americano, mais leve e voltado para

a pesca do espadarte/meca (Xiphiasgladius). Nota-se um grande crescimentoda frota dedicada a essa atividade, commaior part ic ipação de embarcaçõesarrendadas de 1992 a 1996 e de 2001 a2003 (Fig. 37).

linha principal de poliamida monofilamento,com cerca de 80 km, na qual são presos de800 a 1.200 anzóis iscados em linhas

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Bastões luminosos (light sticks) sãopresos às linhas secundárias para atrair peixese o lançamento do espinhel é feito logo apóso pôr-do-sol, para aproveitar o comportamentoda principal espécie-alvo, o espadarte (Olmoset al., 2001). No verão, no entanto, como opôr-do-sol ocorre mais tarde, especialmenteem altas latitudes, os espinhéis começam aser largados em horários ainda com luz dosol, de forma a evitar que a faina, que duraem média 5h22min (Azevedo, 2003; ProjetoAlbatroz, obs. pess.) se estenda até muitotarde. A frota que opera com espinhel pelágicoe que se encontra baseada em portos dasregiões Sul e Sudeste do Brasil é, em suamaioria, composta por embarcações nacionais,sendo que a proporção entre embarcaçõesnacionais e estrangeiras varia muito ao longodos anos (Iccat, 2002) (Fig. 39).

secundárias com grampos de metal (snaps).O conjunto afunda lentamente até 45-80 mde profundidade, menos que os 70-120 mdos espinhéis japoneses (Olmos et al., 2001).Os barcos assim equipados buscam capturarespécies como o espadarte (Fig. 38), albacora-laje (Thunnus albacares) e tubarões, enquantoos espinhéis mais profundos têm comoespécie-alvo a albacora-branca (T. alalunga)e a albacora-bandolim (T. obesus). A isca é alula argentina (Illex argentinus), geralmenteimportada da Argentina e do Uruguai.Também são utilizadas sardinhas (Sardinellabrasiliensis) e cavalinhas (Scomber japonicus),bem como iscas importadas de países sul-americanos com costa no oceano Pacífico.

Fig. 38 - Recolhimento de espadarte.

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Fig. 39 - Evolução do número de embarcaçõesnacionais e arrendadas que pescavam comespinhel pelágico nas regiões Sul/Sudeste (S-SE)e Norte/Nordeste (N-NE) entre 1998 e 2002 (fonte:Travassos & Hazin 2003).

A produção pesqueira total brasileiraregistrada em 2004 foi de 44.642,1 t de atuns,peixes-de-bico, tubarões e outras espécies depeixes de menor importância comercial. Essesvalores representam um decréscimo de 8,6%na produção, quando comparados aos dadosregistrados em 2003 (48.828,4 t). Apenas 43%dessa produção foram provenientes da pescacom espinhel pelágico, sendo que a pescacom vara e isca viva foi responsável pelorestante (57%) (Travassos & Hazin, 2005).Considerando-se apenas a produçãopesqueira originária da pesca com espinhelpelágico, os dados de 2004 apontaram umadiminuição de 32,7% quando comparadosaos resultados obtidos em 2003. O númerode barcos também declinou, passando de119, em 2003, para 89 em 2004, o querepresenta um declínio de 25,2% (Travassos& Hazin, 2005).

A área de atuação dessa frota estáconcentrada em três principais regiões: aolongo da costa de São Paulo, Santa Catarina eRio Grande do Sul; na Elevação de Rio Grandee no Canal de Hunter, e em menor escala nacadeia submarina de Vitória-Trindade(Azevedo, 2003). A escolha da área de pescapelo mestre da embarcação ocorre de formaempírica, sendo vários os fatores quedeterminam a escolha, como a temperaturada superfície do mar, a profundidade e a

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época do ano. De qualquer maneira, adistribuição do esforço de pesca da frotanacional do Sul e Sudeste do Brasil pareceser, entre todas as pescarias aqui consideradas,a que mais se assemelha a distribuição dasaves. É por esse motivo que, mesmo aplicandouma menor quantidade de anzóis, essapescaria é considerada, juntamente com afrota arrendada de espinhel pelágico do Nortee Nordeste, a que oferece maiores riscos decaptura incidental de aves marinhas.

Embora essa pescaria seja inten-samente direcionada ao espadarte e tunídeos(atuns), a captura do tubarão-azul (Prionaceglauca) pela frota nacional, baseada nosportos do Sul e Sudeste do Brasil tem semostrado relevante quando comparada àcaptura total, correspondendo a 15,7%(1.568.3 t) do total da captura em 2004(Travassos & Hazin, 2005) (Fig . 40).Considerando-se a sazonalidade, essaproporção pode aumentar ainda mais,chegando a atingir a maioria da captura.

Fig. 40 - Composição da captura de pescado dafrota nacional de espinhel pelágico, em 2004 (fonte:Travassos & Hazin, 2005).

Azevedo (2003) observou que emquatro cruzeiros (50.100 anzóis ou 49 lances)realizados em embarcações de Itajaí/SC,50,39% da captura total correspondeu atubarões-azuis, sendo que apenas o cruzeirorealizado no verão capturou 66,4% dos

indivíduos. Segundo Hazin et al. (2000),somente no oceano Atlântico, aproxima-damente dois milhões de indivíduos dessaespécie são capturados anualmente.Considerando as suas elevadas taxas decaptura e a sua vulnerabilidade, em virtudedas características biológicas como ciclo devida longo, crescimento lento e baixafecundidade, Azevedo (2003) concluiu pelanecessidade da adoção de medidas demanejo voltadas à conservação desse recurso.Por outro lado, a captura de tubarões (Fig. 41)exerce papel importante para a manutençãoda pesca, especialmente se considerada apolítica adotada para a distribuição daprodução de barbatanas entre empresas etripulações, na qual os salários dos pescadoresembarcados são pagos quase que integralmentepor essa produção.

Fig. 41 - Tubarões à bordo.

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Esses fatos são relevantes para aadoção de medidas mitigadoras da capturaincidental de aves marinhas, como a utilizaçãode iscas azuis, sendo necessários estudosprévios sobre a sua interferência na capturade tubarões e outros elasmobrânquios.

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Aparentemente a frota nacional nãorealiza o finning, uma prática cruel proibidano Brasil (Portaria Ibama n° 121, de 24/08/1998) que consiste no descarte vivo dostubarões capturados, após a retirada dasbarbatanas, as quais possuem um alto preçono mercado internacional. No Brasil, aocontrário da maioria dos outros países, a carnedo tubarão-azul tem valor no mercadointerno, o que colabora para que ospescadores conservem a carcaça para acomercialização da carne, evitando o finning(Azevedo, 2003).

A pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelpelágico das frotas pelágico das frotas pelágico das frotas pelágico das frotas pelágico das frotas nacionalnacionalnacionalnacionalnacionale arrendada realizada come arrendada realizada come arrendada realizada come arrendada realizada come arrendada realizada comembarcações baseadasembarcações baseadasembarcações baseadasembarcações baseadasembarcações baseadasnos portos das regiõesnos portos das regiõesnos portos das regiõesnos portos das regiõesnos portos das regiõesNorte e NordesteNorte e NordesteNorte e NordesteNorte e NordesteNorte e Nordeste

Em 2004, 89 embarcações foramregistradas no Brasil, sendo 34 arrendadas e55 nacionais (Fig. 37). Destas, 19 foramregistradas no porto de Recife, 8 emCabedelo, 48 em Natal, duas em Rio Grande,uma em Itajaí e 11 em Santos (Travassos &Hazin, 2005).

O número de embarcações arren-dadas registradas em portos do Norte eNordeste diminuiu drasticamente entre 2002e 2004. Em Cabedelo, por exemplo, das 37embarcações operando em 2002 restamapenas oito. Havia, no entanto, umaexpectativa de reversão desse quadro, tantopela abertura de novos arrendamentos quantopela nacionalização de embarcaçõesestrangeiras ou pela construção de novasembarcações nacionais. Em entrevistarealizada com empresários da pesca nos portoscitados, a expectativa era de recuperação donúmero anterior de embarcações, ou umnúmero ainda maior. Na Bahia, onde não háuma frota industrial de espinhel pelágicosignificativa, busca-se incentivar a instalaçãode embarcações estrangeiras. Contudo, essaexpectativa de retomada do crescimento da

frota não se concretizou: em 2005, somente35 embarcações arrendadas estavam per-missionadas pela Seap em todo o Brasil.

Os barcos arrendados podemapresentar outros tipos de espinhéis diferentesdo monofilamento utilizado pelas embarcaçõesnacionais, como é o caso do BP Auster (Fig.42), que utiliza um sistema espanhol cuja linhaprincipal é feita de poliamida trançada eequipada com 2.000 anzóis. Não se conheceao certo qual é o impacto desse equipamentosobre as populações de aves marinhas. Assim,o Programa Nacional de Observadores deBordo (Probordo) é fundamental para quesejam descritas as técnicas utilizadas, os locaisde pesca e a influência dessa frota sobre asespécies capturadas incidentalmente.

Fig. 42 - BP Auster, operador arrendado de espinhelpelágico.

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Apesar de a pesca com espinhelrealizada com embarcações estrangeiras estarbaseada em sua maior parte nos portos doNorte e Nordeste do Brasil, pode estarinteragindo fortemente com albatrozes epetréis que se concentram na costa Sul eSudeste. A grande autonomia dos barcos,associada ao tipo de armazenamento dopescado (que é congelado em câmarasfrigoríficas) possibilita a pesca desde baixaslatitudes no Hemisfério Norte até o extremosul da costa brasileira. A distribuição do esforçode pesca da frota arrendada no Brasil dependeda época do ano e da espécie visada. Assim,no caso específico dos barcos licenciados paraa pesca de atuns, que têm como espécie-alvoas albacoras, a pescaria é desenvolvidapredominantemente ao norte de 20°S,direcionando a pesca para a albacora-

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bandolim (T. obesus), geralmente no períodode outubro a abril. Entre maio e setembro, apescaria é concentrada ao sul de 20°S, quandodireciona-se a pesca para a albacora-branca(T. alalunga). Esse direcionamento é feitoalternando-se a configuração do espinhel, emgeral com o aumento ou a diminuição donúmero de linhas secundárias, por seção deespinhel e, dessa forma, buscando-se a faixade profundidade de maior concentração decada espécie.

Ao direcionar a pesca para aalbacora-bandolim, a configuração maisutilizada do espinhel situa-se entre 15 e 18linhas secundárias por unidade de espinhel,enquanto que para a albacora-branca sãousadas geralmente entre sete e 12 linhassecundárias. A operação de pesca é iniciadacom o lançamento do espinhel no início damadrugada e o seu recolhimento começa porvolta das 10-11 horas da manhã.

Para os barcos licenciados para apesca do espadarte, a configuração utilizadaé geralmente de quatro linhas secundárias porunidade de espinhel. O espinhel é lançadoao final da tarde e recolhido ao amanhecer,entre 5-6 horas da manhã. O padrão deoperação desses barcos, quanto à distribuiçãodo esforço de pesca, por área e por períododo ano, é bastante semelhante àquele dosbarcos arrendados licenciados para a pescadas albacoras.

Apenas com a implantação demonitoramento por meio de observadores debordo será possível compreender aimportância dessa frota para a conservaçãodas aves marinhas.

No final de 2003 a Seap baixounorma (IN n° 3, de 19/09/2003) na qualregulamentou novos arrendamentos e proibiu

o arrendamento de embarcações que realizama pesca ilegal, não-registrada e não-reportada,incluídas nas listas da Iccat e da CCAMLR.

O Decreto n° 4.810, de 19/08/2003,estabeleceu normas para a operação deembarcações pesqueiras nas zonas brasileirasde pesca, instituindo a obrigatoriedade dapresença de observadores de bordo e desistema de monitoramento das embarcaçõesem toda a frota arrendada no Brasil. Além disso,o edital de convocação para novosarrendamentos, publicado em outubro de2003, abriu inscrição para 48 novos pedidos edeterminou os critérios de avaliação, incluindoentre eles o uso de medidas ou equipamentosde mitigação da captura incidental de aves etartarugas marinhas.

A pesca com espinhel deA pesca com espinhel deA pesca com espinhel deA pesca com espinhel deA pesca com espinhel defundofundofundofundofundoA pesca com espinhel de fundo (Fig.

43) atualmente realizada pela frota nacionalfoi introduzida em 1994 por cruzeiros depesquisa pesqueira realizados pelo NPq.Orion, do IPSP. Apesar das pescariasdirecionadas para o cherne (Epinephelusniveatus), namorados (Pseudopercis spp.) epeixe-batata (Lopholatilus villarii), com autilização de linhas de fundo serem feitas comuma arte historicamente utilizada no Brasil,as pesquisas desenvolvidas a bordo dessaembarcação permitiram a introdução decabos de aço e guincho hidráulico, que foramum aporte tecnológico que culminou noestabelecimento de uma frota nacional capazde realizar capturas até 600 m deprofundidade (Ávila-da-Silva & Bastos, 1999;Silva, 2000; Tutui et al., 2000; Ávila-da-Silvaet al., 2001; Ávila-da-Silva, 2002).

Fig. 43 - Espinheleiro de fundo em operação.

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As embarcações que utilizam oespinhel de fundo (Fig. 44) são adaptações apartir de antigos barcos de arrasto, possuindocascos de madeira, comprimento entre 15 e23,6 m e motores de 156 a 350 HP (Ávila-da-Silva et al., 2001). A conservação do pescadoa bordo é feita em porões com gelo e asviagens duram de 10 a 15 dias, com umatripulação entre cinco e nove pessoas. A linhaprincipal de aço tem de seis a sete milhasnáuticas de comprimento e mede de 4,5 a 8mm de diâmetro; as linhas secundárias têm90 cm de comprimento e distam de 6 a 10 mentre si (Ávila-da-Silva et al., 2001; Haimovici& Velasco, 2003). O anzol utilizado é ocircular com ponta recurvada, tipo MustadTuna Circle nº 13, com 3 mm de diâmetro e30 mm de abertura.

Fig. 44 - BP Mar Paraíso, operador de espinhel defundo.

O espinhel tem entre 1.500 e 2 milanzóis e são realizadas duas ou três largadaspor dia. A isca preferencial é a lula argentina(I. argentinus, a mesma utilizada pelos barcosque operam com espinhel pelágico), masenquanto no espinhel de fundo é utilizadaem pedaços, no espinhel pelágico é iscadainteira. Também são utilizados pedaços depescado de baixo valor comercial, como osarrão (Helicolenus lahillei), abrótea-de-profundidade (Urophycis cirrata) e caçonetesSqualus spp. e Mustelus spp. (Haimovici &Velasco, 2003). As largadas são geralmentediurnas, para evitar a interação com oscrustáceos isópodes Politolana sp. eBathynomus giganteus, que têm hábitos

noturnos e consomem os peixes mortospróximos ao fundo, podendo causar grandeprejuízo aos pescadores (Rodrigues, 1997;Ávila-da-Silva et al., 2001).

A pesca com espinhel de fundo, talcomo é feita no Brasil, está voltada à capturade poucas espécies-alvo, como o peixe-batata, chernes e namorado. A partir de 1999,o bagre (Genidens barbus) e a corvina(Micropogonias furnieri), que são capturadosem profundidades muito inferiores (menos de80 m) tornaram-se também espécies-alvo(Ávila-da-Silva et al., 2001; Ávila-da-Silva,2002; Haimovici & Velasco, 2003).

O batata e o cherne-poveiro são asespécies mais abundantes nas capturas e assimcomo as demais espécies que habitam asregiões demersais de águas profundas daplataforma continental, apresentamcrescimento lento, alta longevidade, idade dematuração tardia e baixa taxa de mortalidadenatural, o que as tornam extremamentevulneráveis à exploração (Dayton et al., 1995;Coleman et al., 2000 apud Ávila-da-Silva,2002). Segundo Haimovici & Velasco (2003),que analisaram a frota de espinhel de fundoatuante na costa Sul e Sudeste do Brasil entre1997 e 1998, foi registrada a presença de 42embarcações, sendo todas nacionais, excetoo BP Solgun, de origem norueguesa e compermissão para pescar em águas brasileiras.Os portos utilizados por essa frota sãoprincipalmente os de Santos, Itajaí e RioGrande.

No Sul e Sudeste do Brasil vemocorrendo uma diminuição no número deembarcações que utilizam essa arte de pesca,supondo-se inclusive a sua quase extinção.Tal fato associa-se mais à baixa rentabilidadeda pescaria (devido ao rápido declínio dosestoques explorados) do que a fatoresimpositivos. Por conseqüência, houve umadiminuição do impacto nas populações deaves que interagem com essa pescaria no país.No entanto, devido aos altos índices decaptura registrados em 1998 – quando oesforço de pesca anual médio era de cercade 17,7 milhões de anzóis, o que gerou acaptura de 4.214 (entre 2.201 e 6.226) avesmarinhas por ano (Olmos et al., 2001) - a

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As embarcações medem de dez a15 metros e são equipadas com motores de90 a 130 HP, tendo capacidade de carga entre12 e 13 t de pescado. A autonomia é de 12 a20 dias e levam entre seis e oito tripulantes.A maioria dos barcos está equipada comGlobal Position System (GPS), sonda e rádio.Existem três artes de pesca praticadas pelafrota, todas utilizando anzóis: a) pesca decurrico; b) pesca com espinhéis (desuperfície, para dourado, e pelágico paraespadarte); e c) pesca de linha de fundo oulinha de mão.

Muitas vezes, tais modalidades depesca são utilizadas concomitantemente.Mesmo os espinhéis para dourado e paraespadarte/meca são usados pela mesmaembarcação no mesmo cruzeiro de pesca,respectivamente, durante o dia e a noite. Essasduas artes de pesca são as mais preocupantesquanto à captura incidental de aves marinhas.

Na pesca do dourado, segundo ospróprios pescadores, os anzóis iscados ficamboiando totalmente na superfície, o que ostorna disponíveis para as aves durante toda aoperação de pesca. São utilizados entre 800 e1.200 anzóis e o equipamento é solto apenasuma vez; o barco percorre o espinhel, retiraos peixes fisgados e coloca novas iscas. Segundorelatos de pescadores, freqüentemente hácapturas de aves marinhas, o que acaba pordificultar a pescaria. Segundo os relatos,geralmente as aves são encontradas vivas, sedebatendo na superfície na tentativa deescapar, e por serem de difícil libertação doanzol, acabam sacrificadas.

Foram realizados dois embarquescom observadores do Projeto Albatroz, nafrota de Itaipava, com o intuito de descrevercom detalhes a interação das aves com essapesca. No entanto, em ambos os casos, aembarcação não utilizou a pesca do douradoe do espadarte. Os barcos são equipados comtodos os petrechos de pesca, porém a escolhade quais serão utilizados ocorre no mar, o quedificulta o monitoramento direcionado aoespinhel. Em nenhum dos casos foram

pesca com espinhel de fundo deve sermonitorada quanto à captura de avesmarinhas, e o licenciamento de novasembarcações estrangeiras deve ser criterioso,devendo dispor sobre a obrigatoriedade douso de medidas mitigadoras utilizadas empescarias similares, como torilines pareados.

A pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelA pesca com espinhelde superfície (boiado)de superfície (boiado)de superfície (boiado)de superfície (boiado)de superfície (boiado)para a captura depara a captura depara a captura depara a captura depara a captura dedourado, utilizadodourado, utilizadodourado, utilizadodourado, utilizadodourado, utilizadoprincipalmente emprincipalmente emprincipalmente emprincipalmente emprincipalmente emembarcações do Pembarcações do Pembarcações do Pembarcações do Pembarcações do Porto deorto deorto deorto deorto deItaipava/ESItaipava/ESItaipava/ESItaipava/ESItaipava/ES

A frota baseada no porto de Itaipava,localizado em Itapemirim (município ao sulde Vitória/ES), assim como nas cidadesvizinhas de Piúma, Anchieta e Vila Velha écomposta por cerca de 290 barcos e ao menos250 são filiados à estação-rádio instalada naAssociação de Pescadores de Itaipava(Gilberto Raposo, Chefe do Departamento dePesca da Prefeitura de Itapemirim, com.pess.). Segundo ele, cerca de 70% da frotautiliza regularmente o porto de Itaipava, cujaprodução pesqueira é responsável por 50%da produção total do Espírito Santo, com12.300 t/ano.

Apesar de essa pescaria ter origemnos portos do Espírito Santo, a sua área deatuação é bastante ampla, atingindo desde acosta dos estados do Nordeste até o RioGrande do Sul, estando, dessa forma,disseminada. As embarcações utilizadas sãode pequeno e médio portes e têm um relativobaixo custo de operação, o que vemimpulsionando o surgimento, em outrosportos, de novos barcos que utilizam talpescaria. Portanto, estudos que listem edescrevam as características dessas embar-cações e seus petrechos de pesca, bem comoa regulamentação para a operação dasmesmas, são temas que demandam atençãourgente das autoridades pesqueiras brasileiras.

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registradas capturas de aves, mas osobservadores puderam avistar exemplares dealbatrozes-de-sobrancelha-negra T. melanophris,pardelas-pretas P. aequinoctialis, bobos-grandes-de-sobre-branco P. gravis, trinta-réisSterna spp. e gaivotas-rapineiras Stercorariussp. É importante ressaltar que essa frota atuaem área de ocorrência potencial da pardela-de-trindade P. arminjoniana , espécieameaçada de extinção (MMA, 2003).

Em outro cruzeiro, sem o acom-panhamento de observadores, o mestreconcordou em testar o tingimento de iscas,mas o método aplicado foi inadequado e oteste tornou-se inviável.

São necessários mais estudos e,principalmente, a realização de observaçõesa bordo para uma descrição adequada dospetrechos de pesca e seus métodos deutilização, bem como da ocorrência decapturas incidentais e suas medidas demitigação.

Na comunidade pesqueira deItaipava, os filhos de pescadores tendem acontinuar na pesca, e há em Piúma umaescola de pesca direcionada aos mesmos (quecursam os ensinos fundamental e médio) ecom forte influência sobre a frota, preparandonovos mestres e dando continuidade àstradições pesqueiras locais. A tradição dosmestres linheiros de Itaipava ganhounotoriedade e a comunidade começou ainfluenciar na pesca em outras regiões doBrasil, principalmente quanto à pescariademersal com linha. Uma vez que Itaipavatem uma comunidade pesqueira consolidada,a região é propícia para o desenvolvimentode projetos educativos na pesca.

A captura incidental deA captura incidental deA captura incidental deA captura incidental deA captura incidental deaves marinhas pela frotaaves marinhas pela frotaaves marinhas pela frotaaves marinhas pela frotaaves marinhas pela frotaespinheleira no Brasilespinheleira no Brasilespinheleira no Brasilespinheleira no Brasilespinheleira no Brasil

Espinhéis de fundo

Os dados disponíveis sobre amortalidade de aves marinhas em espinhéisde fundo foram obtidos entre abril de 1994 emaio de 1995, pelo NPq. Orion, e durante

cruzeiros em agosto de 1996 e junho de1997, pelo BP Margus II, como parte doPrograma Revizee, de abrangência nacionale interinstitucional, envolvendo a CIRM einstituições de ensino e pesquisa como o IPSP,Instituto Oceanográfico da USP e Furg (Olmoset al., 2001; Olmos & Bugoni, no prelo).

Ao longo dos 19 cruzeiros realizados,o NPq. Orion lançou 340.777 anzóis, em umtotal de 157 dias de pesca, prospectando aplataforma continental e o talude superiorentre 19°30’S e 27°56’S. Atuou emprofundidades entre 49 e 468 m, capturando109 aves (0,32 ave/1.000 anzóis), das quais49 foram coletadas para identificação (Neves& Olmos, 1998; Tutui et al., 2000). A principalespécie capturada foi o bobo-grande-de-sobre-branco P. gravis (34 indivíduos),seguido pelo albatroz-de-nariz-amarelo T.chlororhynchos (seis), pardela-preta P.aequinoctialis (seis), pardela-de-óculos P.conspicillata (dois) e albatroz-de-sobrancelha-negra T. melanophris (um).

Os 12 cruzeiros do BP Margus IIforam realizados entre o Rio de Janeiro e oRio Grande do Sul (22°00’–34°40’S), emprofundidades de 100-500 m. O esforçoempregado foi de 187.908 anzóis ao longode 69 dias de pesca, resultando na morte de19 aves (0,1 ave/1.000 anzóis), das quais 15foram identificadas, sendo as mais capturadasP. gravis e P. aequinoctialis (cinco espécimescada), T. melanophris (quatro) e P.conspicillata (um).

Como nenhuma tentativa deprevenir a captura de aves foi feita, a notáveldiferença entre os cruzeiros do NPq. Orione do BP Margus II pode ser atribuída a doisfatores: a) o NPq. Orion operou principalmenteem áreas de pesca conhecidas e em faixasde profundidade mais limitada, enquanto oscruzeiros do BP Margus II atuaram em áreamaior, de forma sistemática, realizandolançamentos em faixas batimétricas paralelasque nem sempre correspondiam aospesqueiros. As áreas de pesca conhecidas, nasquais o NPq. Orion operou, podem coincidircom agregações de presas, como lulas epequenos peixes que são explorados pelasaves e que ali podiam estar congregadas; b)

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Espinhéis pelágicos

As primeiras estimativas da mor-talidade de aves marinhas por espinheleirospelágicos no Brasil (Fig. 46) foram feitas porVaske (1991) e Neves & Olmos (1998), com

o NPq. Orion capturou 46 das 109 aves entremaio e junho, na região de Cabo Frio,coincidindo com a migração de P. gravis (a maiscapturada) para o oceano Atlântico norte. Essaespécie é um migrante transequatorial quedeixa as águas do Sul do Brasil durante oinverno (Vooren & Brusque, 1999).

A região de Cabo Frio tem a maiorprodutividade primária da costa Sudestebrasileira devido à ressurgência, e é provávelque seja uma área de alimentação para asaves migrantes. Puffinus gravis é ummergulhador hábil, capaz de apanhar presasa vários metros de profundidade, o que é umacondição importante na seleção das avescapturadas devido à rápida submersão docabo de aço do espinhel. Essa espécie foicapturada em maior número, apesar deconstituir, no máximo, 20% das avesobservadas ao redor de barcos (Olmos, 1997),mostrando que a técnica de pesca é seletivaem relação às aves capturadas.

Com base nos dados da frota sediadaem Santos, sabe-se que os 35 espinheleirosde fundo operando na ZEE brasileira, até1998, empregaram um esforço de pescaanual médio de cerca de 17,7 milhões deanzóis. Utilizando as taxas de captura doNPq. Orion e do BP Margus II comoparâmetros, esse esforço corresponde a umamédia de 4.214 (de 2.201 a 6.226) avesmarinhas mortas, por ano.

Assim, e considerando também asmédias ponderadas para cada espécieobtida a partir da soma das aves capturadas,por ambos os estudos, pode-se estimarque em meados da década de 1990 afrota brasileira de espinheleiros de fundotenha capturado cerca de 2.568 (de 1.341a 3.794) P. gravis, 724 (de 378 a 1.070) P.aequinoctialis, 197 (de 103 a 292) P. conspicillata,395 (206 a 584) T. chlororhynchos e 329 (de172 a 486) T. melanophris, por ano, na ZEE(Fig. 45).

Fig. 45 - Estimativa de mortalidade anual de aves oceânicas por espinheleiros de fundo no Brasil, em1998/1999.

base em informações de 120 cruzeiros feitospor 15 barcos baseados em Santos, e por Neves(2000), em seis cruzeiros realizados pelo NPq.Atlântico Sul, da Furg.

A frota de Santos capturou 139 aves(0,095 aves/1.000 anzóis), resultado pro-

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vavelmente subestimado, já quese baseia em informaçõesobtidas junto aos própriospescadores e em aves coletadaspelos mesmos, sem observadoresde bordo. A grande maioria(95,7%) foi capturada durante oinverno, em águas ao sul de24°S. Entre as aves capturadas eidentificadas estão T. melanophris(34 exemplares), P. aequinoctialis(18), T. chlororhynchos (17), P.conspicillata (seis), Procellariasp. (seis), Diomedea exulans(dois) e D. dabbenena e P. gravis(um exemplar de cada) (Neves& Olmos, 1998).

O NPq. Atlântico Sulcapturou mais aves: a taxa decaptura ao longo de seiscruzeiros foi de 0,73 ave/1.000anzóis, provavelmente devidoao equipamento, mais leve ecom maior flutuabilidade. Asespécies capturadas foram T.melanophris (quatro espécimes)e P. gravis e P. conspicillata (doisespécimes de cada).

Tais resultados diferemde Vaske (1991), que registrou71 aves capturadas em 52 diasde pesca, a maioria das quais P.aequinoctialis (58 exemplares),com números muito menores deP. conspicillata (seis), D. exulans(quatro), T. melanophris (dois) eFulmarus glacialoides (umexemplar). Considerando todosos lançamentos feitos, a taxa decaptura foi de 1,35 ave/1.000anzóis (T. Vaske, com. pess.).Esses cinco cruzeiros foramrealizados durante o inverno eno início da primavera, o quedeve ter contribuído para as altastaxas de captura.

Utilizando-se dos resultados da frota santista(Neves & Olmos, 1998), do NPq. Atlântico Sul (Neves,2000) e de Vaske (1991), Olmos et al. (2001) estimaramque a frota de espinheleiros operando no Sul/Sudeste doBrasil capturava anualmente, em média, 3.084 (2.165 a4.004) P. aequinoctialis, 1.623 (1.139 a 2.107) T.melanophris, 690 (484 a 896) T. chlororhynchos, 568 (399a 738) P. conspicillata, 243 (171 a 316) D. exulans, 122(86 a 158) P. gravis, 41 (29 a 53) F. glacialoides e 41 (29 a53) D. dabbenena (Fig. 47). Dados extrapolados indicam acaptura de 243 (171 a 316) Procellaria spp., que poderiamser P. aequinoctialis e P. conspicillata, segundo os mesmosautores.

Posteriormente, Soto & Riva (2000), estudandoespinheleiros baseados em Itajaí, reportam taxas de capturapara albatrozes Thalassarche spp. de 2,18 aves/1.000 anzóise para pardelas Procellaria spp. de 3,33 aves/1.000 anzóis,

Fig. 46 - Um albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarchemelanophris e três pardelas-pretas Procellaria aequinoctialismortas em espinhel pelágico.

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em três embarques realizados fora da costasul do Brasil.

Informações mais recentes obtidasem 32 cruzeiros de pesca (351 lances e371.368 anzóis) monitorados por observadoresdo Projeto Albatroz, entre 2000 e 2005,atuando entre 20oS e 40oS e 26oW e 52oW,mostraram que a CPUE foi de 0,09 ave/1.000

anzóis (Neves et al., 2005). Calculando astaxas de captura para cada ano, temos oseguinte panorama: em 2002, 0,2 ave/1.000anzóis e 105.300 anzóis amostrados; em2003, 1,8 ave/1.000 anzóis e 56.700 anzóisamostrados e em 2004, 0,03 ave/1.000anzóis e 90.858 anzóis amostrados(CCAMLR, 2005).

Fig. 47 - Estimativa de mortalidade anual de aves oceânicas por espinheleiros pelágicos no Brasil, em1998/1999.

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Descreve-se, nesse item, uma sériede medidas desenvolvidas conjuntamente porespecialistas em aves marinhas e em pesca,com o objetivo de evitar a captura incidentalde aves durante as atividades pesqueiras. Essasmedidas são também apresentadas em umapublicação educativa produzida em conjuntopela Sociedade Espanhola de Ornitologia(SEO, entidade parceira da BirdLife, naEspanha) e o Projeto Albatroz (Carboneras &Neves, 2002).

Uma medida mitigadora é aquidefinida como uma modificação do equi-pamento e/ou procedimentos de pesca,desenvolvida com o objetivo de reduzir aprobabilidade de que aves marinhas sejamcapturadas incidentalmente. A compreensãodos fatores que afetam a captura das aves éfundamental para a escolha das medidasmitigadoras.

A maior parte das aves é capturadadurante as operações de lançamento dosespinhéis (Fig. 48), podendo se afogar nesseprocesso. Algumas também são capturadasdurante o recolhimento do equipamento, masisso é menos freqüente.

Medidas mitigadoras

Fig. 48 - Lançamento de espinhel.

As medidas aqui descritas foram, emsua maioria, amplamente testadas, tendocomprovada eficácia no mar. O uso combinadodessas medidas (por exemplo, a largadanoturna e a utilização de toriline), aliadas àredução dos descartes, reduzsignificativamente a captura de albatrozes ede outras aves marinhas.

Em algumas regiões do mundo, porexemplo, em águas subantárticas da zona deaplicação da CCAMLR, é obrigatório o usode várias medidas de mitigação. Igualmentealgumas frotas, como a espanhola, que operaespinhel de superfície quando pesca ao suldos 30°S, devem incorporar obrigatoriamentediversas medidas mitigadoras, entre as aquimencionadas. Algumas podem ser usadas emqualquer tipo de espinhel, outras são maiseficientes ou em espinhéis de fundo ou emespinhéis pelágicos.

Revisões sobre medidas mitigadorasestão presentes em Cooper (1999) e Cooperet al. (2000).

Espantador de aves ou toriline

Desenvolvido a partir de um modelojapônes, o espantador (Fig. 49) é conhecidocomo toriline (tori=ave, em japonês). É ummecanismo muito eficiente para evitar acaptura de aves, que ficam incomodadascom a presença de objetos estranhospendurados na área de lançamento doespinhel e assim se mantêm afastadas,mesmo quando o alimento é visível.Contudo, deve ser corretamente utilizadopara que a sua eficácia seja completa.

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O desenho mais eficaz consiste emum cabo que se mantém tenso a certa alturada popa da embarcação (de onde sãolançados os anzóis iscados na largada doespinhel), no qual são pendurados fitas oucabos coloridos que balançam. Para umamaior efetividade, sempre devem serutilizados em par, ou seja, um cabo em cadabordo da embarcação, sempre na popa.

O toriline é um cabo longo, entre60 e 150 m (dependendo da altura do convésem relação à linha de água), que tem umadas extremidades presa a um mastro fixadona popa, enquanto a outra se arrasta livresobre a água, com uma pequena bóia naponta para aumentar a resistência na água.Desse cabo, pendem fitas ou cabos coloridos,que balançam com o vento e afugentam asaves.

A construção do espantador de aves(Fig. 50) tem um custo muito reduzido, jáque pode ser construído com materiaisdisponíveis na própria embarcação ou defácil e barata aquisição. O correto empregode um toriline duplo evita, por si só, 80%dos ataques das aves. A utilização de 1toriline é obrigatória na zona da CCAMLR,

Fig. 49 - Toriline em operação.

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sendo recomendado o seu uso duplo. Podeser necessário um período de adaptação atéque o toriline duplo seja utilizado semproduzir enredamento.

Fig. 50 - Confecção do toriline.

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Esses são alguns dos materiaissugeridos para a construção dos torilines:

Mastro: o mastro principal consisteem um tubo de aço inoxidável de duaspolegadas, com 4,50 m de comprimento paraum barco cujo convés fica situado até 3 macima da linha de água. Deve ter umainclinação de 25°, ficando 0,5 m de um ladodo ângulo (parte inferior do mastro) e 3,70 mdo outro (parte superior do mastro), o queserve para girar o mastro e possibilita situar alinha principal do toriline mais próxima oumais afastada do espinhel, conformenecessário. Em sua extremidade superior, omastro principal deverá ter uma argolasoldada, na qual irá passar o cabo principaldo toriline.

Para a fixação do mastro deve serinstalada uma base (um cano de açoinoxidável de 2,5 polegadas), que será soldadana parte interna do costado da embarcação.Essa base deverá ter orifícios para que possaser introduzido um pino ou parafuso, queservirá para fixar o mastro principal. O pinodeverá ser amarrado com um “cabo fiel”, paraevitar que se perca no convés.

Cabo ou linha principal: de seda/náilon cardada 2 mm de espessura ou outromaterial flutuante, possuindo de 60 a 150 mde comprimento. A esse cabo devem serfixadas fitas ou cabos coloridos. Umaextremidade do cabo é amarrada ao topo domastro enquanto a outra é arrastada pelobarco. Opcionalmente, uma pequena bóia ououtro elemento que ofereça resistência podeser preso à extremidade que se arrasta, paradar maior tensão à parte aérea do caboprincipal. A união com o cabo secundárioocorre por um nó no cabo principal, que deveter uma alça para fixar o nó; atrás dessa alça écolocado um grampo (snap) giratório, que seune ao cabo secundário, usado para recolhero toriline.

Cabo secundário: do mesmo materialque o cabo principal, mas com menorcomprimento, serve para recolher o torilineapós o uso. Uma extremidade une-se ao caboprincipal a cerca de 2-3 m da ponta do mastroe a outra é amarrada ao convés em algum

lugar conveniente, como em um ponto fixode amarração. O comprimento irá variar emfunção da distância do ponto de amarraçãomais próximo.

Fitas: de polipropileno coloridas (porexemplo, azul, vermelho, verde, amarelo, rosae laranja), com 3 cm de largura, unidas emfeixes de quatro fitas ao cabo principal, a cada2 m, e ao longo de todo o seu comprimento.Os pedaços de fita devem ter 4 m decomprimento e ser fixados ao cabo principal,de forma que cada porção tenha cerca de 2m. Em cada feixe, utilizar cores não repetidas.Em alguns países, em vez de fitas, são usadoscabos finos com um revestimento (tubing) dematerial sintético que lhes confere certarigidez. Esses cabos são fixos em ordemdecrescente de tamanho, em intervalosregulares ao longo do cabo principal.

Um toriline com bom ajuste aobarco não deve apresentar nenhum risco deembaraçamento ao espinhel, contudo, pode-se colocar um dispositivo adicional desegurança chamado “elo fraco”, caso issoocorra. Ele consiste em um pedaço de 50cm de uma linha de náilon mais fina que alinha principal do espinhel (2 mm). No casode embaraçamento, o elo fraco romperáantes do espinhel, liberando o aparelho depesca. Para evitar a perda do aparelho, o elofraco deve situar-se entre o mastro e o cabosecundário.

Largada noturna do espinhel

Os albatrozes e boa parte das outrasaves marinhas alimentam-se preferencialmentedurante as horas de luz; somente algunspetréis, como a pardela-preta P.aequinoctialis, são capazes de buscar alimentona escuridão. As taxas de captura de avesmarinhas durante largadas noturnas deespinhel são reduzidas entre 60 e 96%quando comparadas a largadas diurnas. NoHavaí, Boggs (2003) indica redução de 98%(de 0,06 para 0,001 ave/1.000 anzóis) com ouso dessa técnica, em barcos voltados para apesca do espadarte.

Essa medida (Fig. 51) é especialmenteeficaz quando acompanhada de uma reduçãototal das luzes no convés do barco e quando

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a pesca ocorre em noites encobertas e/ou comLua nova. Quando da largada do espinhel, obarco deve manter acesas apenas as luzesimprescindíveis de navegação e segurança.

Trabalhar no escuro é especialmenteincômodo para a tripulação, particularmentequando o mar está revolto. Entretanto, sabe-se que em pescarias em que o horário delargada é estritamente noturno (por exemplo,a pesca do espadarte com balizas luminosasou nas regiões em que a largada noturna éobrigatória), a incidência de capturas émínima. A captura de espécies ativas à noite,como P. aequinoctialis, também pode serreduzida se o lançamento for evitado nasprimeiras horas após o crepúsculo ou antesdo alvorecer.

A captura de aves aumenta emnoites claras com Lua, quando muitas avespodem estar ativas e acompanhar aembarcação: de três a seis vezes mais avessão capturadas em noites enluaradas, emcomparação com as noites sem Lua. Issoreforça a recomendação de que olançamento noturno deve ser combinado comoutras medidas mitigadoras.

Isca azul

Essa medida foi desenvolvida noHavaí, onde os pescadores começaram a

Fig. 51 - Largada noturna do espinhel (com autilização de bastões luminosos).

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tingir iscas na tentativa de aumentar a capturade peixes. O uso da técnica resultou naredução de 94-95% na captura de aves emrelação à utilização de iscas não tingidas(McNamara et al., 1999; Boggs, 2001). Boggs(2003) eliminou totalmente a captura,durante a pesca de espadartes no Havaí,utilizando uma combinação de largadasnoturnas e iscas azuis. Essa técnica tambémtem sido empregada por embarcaçõesjaponesas (Minami & Kiyota, 2002). Háevidências de que iscas azuis também sãomenos atraentes para tartarugas marinhas enão afetam a captura de peixes comoespadartes e atuns (NMFS, 2001).

O uso de iscas azuis foi poste-riormente adaptado para o Brasil, onde têmsido adotadas por tripulações de espinheleirospor pelo menos três anos. A idéia originalpartiu dos pescadores de espadarte, que jávinham tingindo iscas de azul-brilhante paraaumentar as capturas de peixes. Pesquisadoresbrasileiros aumentaram a coloração externapara o azul-índigo, o que faz com que a iscase camufle com a cor do mar e se torneinvisível para as aves. Essa coloração maisintensa não é permanente e ao se diluir, aisca mantém uma camada mais profunda deazul-brilhante, conservando intacta suaatratividade para os peixes.

Em relação às aves, o tingimento éuma medida muito eficaz, especialmente seaplicada de forma combinada com outrasmedidas, como a largada noturna e o toriline.Em algumas regiões do mundo, a cor da águado mar não é absolutamente azul, masesverdeada, e nesses casos, seria maisconveniente experimentar outras tonalidades,mesclando o verde ao azul.

A isca tingida de azul (Fig. 52) vemsendo utilizada regularmente por pescadoresno Sul do Brasil, já que demonstrou sereficiente também como um elemento atrativopara os peixes. A tinta empregada é umcorante alimentício que não interfere naqualidade do pescado obtido e que éinofensiva para o pescador que a manipula.Trata-se de uma medida de baixo custo, jáque a quantidade de tinta empregada épequena.

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Para o tingimento, é necessárioprimeiro descongelar a lula, tirando-a doresfriamento poucas horas antes da largadado espinhel. Devem ser diluídos 50 g docorante em 50 litros de água, que pode ser amarinha. O processo ideal utiliza dois tonsde azul, em proporções iguais,comercialmente conhecidos como “azul-brilhante” ou “azul n° 1” e “azul-índigo” ou“azul n° 3”. O último, mais escuro, serve paracamuflar a isca na superfície e evitar que asaves ataquem os anzóis em busca das iscas.Depois de alguns minutos em contato com aágua do mar, a cor se dilui e permanecesomente o azul-brilhante, que parece ser maisatrativo para os peixes. As iscas devempermanecer submersas na solução por, pelomenos, 15 minutos.

O corante também faz com que asiscas fiquem mais resistentes e assimpermaneçam mais tempo nos anzóis, o quepossibilita serem utilizadas mais de uma vez.

Lançamento lateral

Essa forma de lançamento (sidesetting) (Fig. 53) foi recentemente testada noHavaí (Gilman et al., 2003). A largada da linhaprincipal do espinhel é feita pela lateral daembarcação; concomitantemente, os anzóissão lançados na direção da proa, o maispróximo possível da lateral da embarcação,estando as linhas secundárias presas à linhaprincipal apenas quando os anzóis lançadospassam pelo ponto onde a linha principal estásendo lançada. Uma “cortina de aves” (várioscabos que tocam a água, pendendo de um

Fig. 52 - Tingimento de lulas.

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lmos poste que se projeta perpendicularmente à

lateral da embarcação) pode ser utilizada paradesencorajar ainda mais as aves.

Algumas embarcações adaptadaspara o uso do espinhel já praticam olançamento lateral devido a limitações de seudesenho para o lançamento convencionalpela popa.

O objetivo desse tipo de largada éque os anzóis sejam lançados em uma áreaadjacente ao casco em movimento, na qualas aves não arriscam aproximação e aturbulência oculte as iscas. Ao prender aslinhas secundárias à principal, apenas após olançamento dos anzóis, evita-se que hajatensão na linha secundária que retarda oafundamento da isca.

No Havaí, essa foi a medida miti-gadora mais eficiente em comparação ao usode iscas azuis e dispositivos de largadasubmersa em pescarias de espadarte comlançamentos diurnos (Gilman et al., 2003).Outra vantagem é a pequena mudança narotina de trabalho da tripulação.

Fig. 53 - Lançamento lateral do espinhel (Adaptadode Gilman et al. 2003).

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Dispositivos de largadasubmersa

Em algumas regiões como a Austrália,Nova Zelândia e o Havaí foram desenvolvidosmecanismos de largada submersa do espinhel,que consistem em um tubo, com até 9 m decomprimento, acoplado à popa do barco eque pode largar a linha em uma profundidadede até 6 m. Alguns fabricantes, como aempresa americana Mustad, comercializamesse tipo de produto. Em outros casos, ospróprios pescadores os fabricam.

Esses mecanismos são muito eficazescom o espinhel de superfície, especialmenteem condições de mar calmo. Para o espinhelde fundo, contudo, sua eficácia é maislimitada, especialmente com o sistema delinha dupla ou “pedra-bóia”, pois quando seproduz um nó ou um corte na linha, aoperação deve ser interrompida durantevários minutos, tempo que os anzóispermanecem ao alcance das aves. Emcondições severas de mar pode-se criar umatensão na linha principal, que em algummomento pode fazer aflorar o espinhel àsuperfície.

Atualmente, estão sendo desenvol-vidos testes em alguns países para comprovara eficácia e melhorar esses mecanismos (porexemplo, novos mecanismos que possibilitemlargar o espinhel na profundidade desejada).Em teoria, essa é uma medida mitigadora quepode proporcionar ótimos resultados, comoindicado por Gilman et al. (2003) para oHavaí, apesar dos problemas no desenho dodispositivo por ele utilizado.

Isca descongelada

A isca congelada é menos densa quea água e, portanto, flutua. Quandodescongelada, aumenta a sua densidade e oanzol afunda mais rápido. Estudos recentescom a lula argentina (a isca congelada maisutilizada) demonstram que os resultados quepropiciaram menores índices de captura deaves são conseguidos quando as iscas estão

apenas parcialmente descongeladas, já queessa é a condição em que afundam maisrápido.

O descongelamento de iscas, mesmoque parcial, requer espaço, o que podeimplicar alguns problemas em barcospequenos. Entretanto, a diferença emflutuabilidade é grande e isso pode impedirque as aves alcancem os anzóis, o que éextremamente proveitoso, tanto para a pescaquanto para a conservação das aves.

Iscas artificiais

A utilização de iscas artificiais (Fig.54) de, por exemplo, plástico ou borracha,embora se apresente como uma medidamitigadora, revela-se menos eficaz quandocomparada a outras metodologias. O princípioé que, ao apanhá-las, as aves percebam quenão são comestíveis e as soltem sem ingeri-las. Experimentos realizados na Nova Zelândiademonstraram que sua utilização não reduza captura de peixes e que podem ser muitoatrativas para algumas espécies-alvo.

Fig. 54 - Isca artificial.

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Essa medida tem o inconvenientede utilizar um material que pode ser caro e,por outro lado, algumas aves podem ficarpresas ao anzol quando de seu apresamento.Além disso, não existem iscas artificiaisespecíficas para todos os tipos de pescarias.

Em alguns países, determinadaspescarias de espinhel de superfície utilizamhabitualmente iscas vivas. Assim, um pescadovivo é preso ao anzol pela cabeça e quandoé lançado à água começa a nadar. Como nãoafunda com suficiente rapidez, essa técnicaigualmente atrai a atenção das aves, que se

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lançam para capturar o pescado na superfícieou durante a submersão.

Limitação dos descartes

Considerando que um dos objetivosé não atrair as aves para perto do espinhel,deve-se restringir o despejo de restos depeixes no mar, de forma que em nenhummomento isso coincida com a largada doequipamento. A melhor prática é armazenaros restos para descartá-los mais tarde. Quandoisso ocorrer, é altamente aconselhado triturá-los primeiro e, se possível, fazê-los chegar àágua por meio de um tubo. Quanto menosvisíveis forem os restos, menor será aaglomeração das aves. Deve-se evitar jogá-los pela borda enquanto os anzóis estiveremna superfície. Quando não houver outrasolução, pode-se lançar os descartes enquantose está recolhendo o espinhel, mas isso deveser feito pelo costado oposto àquele em queestão os anzóis. Como última solução, pode-se usá-los para desviar a atenção das avesdurante a largada do espinhel.

Aumento do peso do espinhel

Mesmo que algumas espéciespossam mergulhar 20 m ou mais, a maioriadas aves marinhas não consegue submergirmais que uns poucos metros. Por isso, éimportante que tanto a linha principal quantoas secundárias afundem rapidamente, paraque os anzóis fiquem fora do alcance das aveso mais rapidamente possível. Uma medidaeficaz é aumentar o peso do equipamento:na zona da CCAMLR, é obrigatório para osistema espanhol de espinhéis de fundo com“pedra-bóia” o uso de um lastro de 8,5 kg, acada 40 m de cabo, ou um lastro de 6 kg, acada 20 m.

A situação ideal é que os anzóisafundem a uma velocidade mínima de 0,3m/s, que parece ser uma velocidade segurapara as aves. Para isso, pode-se juntar peso àlinha principal ou às secundárias. Com essepropósito, no Havaí são usados distorcedorespesando 60 g a 1 m dos anzóis na pesca de

atuns e espadartes (Gilman et al., 2003).Também podem ser utilizadas linhassecundárias de aço recobertas por capaplástica. Outra possibilidade é utilizar açotrançado em lugar de monofilamento denáilon na linha principal: mesmo com pesosimilar, o aço “corta” a água com maiorefetividade.

Juntar lastro à linha principal podeimplicar em uma complicação adicional,especialmente quando se usam mecanismosde recolhimento automático. Assim,freqüentemente é necessário um período deadaptação para que a tripulação se familiarizee não sejam produzidos nós. Entretanto, umavelocidade de afundamento superior tambémsignifica mais tempo de pesca, pois éconsiderável o tempo que um espinhel, sempesos, leva para alcançar grande profundidade.

Limitação da pesca

Limitar os direitos de pesca é a maisdrástica medida para evitar a captura de avesna pesca com espinhel. É evidente a relação:se anzóis não são jogados ao mar, não hácapturas incidentais. Contudo, essa medidaprejudicaria uma atividade econômicaimportante, afetando também os trabalhadorese seus dependentes – que subsistem da pesca–, e só deve ser aplicada em casos extremos,quando todas as demais medidas não surtiremo efeito desejado.

No âmbito da CCAMLR (por exemplo,na zona 48.3, ao redor das ilhas Geórgias doSul) é proibida a pesca com espinhel durantea época em que os albatrozes estão presentesnas colônias de reprodução. Nos demaismeses a pesca é liberada, mas com ascondições impostas pela Comissão.

Nas pescarias do Alasca, a legislaçãoestabelece que a temporada de pesca sejasuspensa no momento em que dois oumais exemplares do albatroz-de-cauda-curtaPhoebastria albatrus – espécie ameaçadacom uma população mundial muito reduzida– forem capturados.

As medidas mitigadoras descritasneste Planacap servem justamente para evitar

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a introdução de limitações à pesca. A aplicaçãocorreta dessas medidas, bem como ocontínuo estímulo ao desenvolvimento denovos métodos para evitar a morte de avesnas pescarias, deverá desembocar na situaçãoideal: possibilitar a continuidade dasatividades pesqueiras e a existência daspopulações de aves marinhas (Fig. 55).

desenvolvimento dos testes. Juntas, essasempresas detinham, em 2001, 52% doesforço de pesca total empregado nessasregiões, em número de embarcações.

As medidas escolhidas por essesarmadores de pesca, entre todas as sugeridasno Ipoa-Seabirds, foram aquelas que mais seaproximavam da realidade das embarcaçõesnacionais e seus tripulantes, quanto à suaaplicabilidade. Foram utilizados o toriline eiscas tingidas de azul.

Os resultados evidenciaram que ainformação disponibilizada em linguagemadequada – quanto à importância daconservação das aves e o impacto econômicodas interações entre aves e pesca na produçãopesqueira – foi a mais importante ferramentapara a adoção voluntária das medidas sugeridas,comparadas à introdução de observadores debordo e à cessão de equipamentos e medidasprontas para o uso. Por três anos, pelo menosquatro embarcações utilizaram torilines eiscas azuis no seu cotidiano de pesca;progressivamente, os mestres podem adotar,de maneira voluntária, medidas de mitigação,mas um melhor acompanhamento dessaatividade é muito necessário.

Os testes de medidas mitigadorascontinuam (incluindo a captura incidental detartarugas marinhas), por meio de parceriaentre o Ibama (CGFAU, Cemave, Cepsul eTamar) e o Projeto Albatroz, utilizando-se oNPq. Soloncy Moura. Os resultadospreliminares são apresentados nas Tabelas 1e 2. Foram realizados cruzeiros entre os dias17 e 25 de março e 2 e 11 de julho de 2003,quando foram lançados espinhéis pelágicoscom 300 anzóis em locais com profundidadesvariando de 200 a 1.300 m, entre as latitudes24°30’ e 28°30’S e longitudes 41° e 48°W.Apesar do número de anzóis para cadatratamento ser pequeno, as tabelas mostramos resultados obtidos para a produçãopesqueira e para a captura incidental.

Considerando que o número amostralé muito pequeno e que a captura foirelativamente baixa durante as pescarias, avariação no número amostral pode estarinterferindo no cálculo da CPUE. No entanto,o fato dos únicos quatro albatrozes-de-

O uso de medidasmitigadoras no Brasil

A dominância de embarcações etripulantes nacionais confere à frota deespinheleiros pelágicos, baseada no Sul/Sudeste, uma característica que facilita omanejo da captura incidental de avesmarinhas, por meio de trabalhos educativosvoltados a pescadores brasileiros. Trabalhosque têm se mostrado eficientes, mas queprecisam avançar.

Em parceria com o Ibama, o ProjetoAlbatroz realizou, em 2000 e 2001, testes demedidas mitigadoras em algumas dessasembarcações brasileiras, com o objetivo deavaliar a eficiência no que se refere à reduçãoda captura incidental de aves marinhas etambém na relação dessas medidas com aprodução pesqueira e a aceitabilidade porparte das tripulações (mestres e demaispescadores). Para os testes, foram escolhidastrês das principais empresas baseadas nosportos do Sul e Sudeste do Brasil, sendo duasde Santos e uma de Itajaí, com as quais seconstituiu importantes parcerias no

Fig. 55 - Albatroz-de-sobrancelha-negra Thalassarchemelanophris capturado em espinhel.

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sobrancelha-negra terem sido capturados emanzóis com nenhuma medida mitigadora(com isca natural, sem toriline) pode ser umindício da eficácia das medidas utilizadas.

Adicionalmente, Soto & Riva (2000)indicaram que cinco cruzeiros que lançaram64.150 anzóis, em 64 lances capturaram 15Thalassarche spp. e duas pardelas-de-óculosP. conspicillata, o que corresponde a uma taxade captura de 0,28 ave/1.000 anzóis, o que

é bastante alto, se for considerado o usosimultâneo de iscas tingidas e largada noturna.Esse aparente fracasso quanto ao uso demedidas mitigadoras deve ser investigado,uma vez que não foi claramente indicado qualo tingimento utilizado nem a forma pela qualocorreram as largadas noturnas, considerandoque elas podem ser comprometidas por noitesclaras ou pelo uso de iluminação excessivapela embarcação.

Tabela 1 - Resultados dos testes de medidas mitigadoras realizados a bordo do NPq. Soloncy Moura, em2003, expressos em taxas de Captura por Unidade de Esforço (CPUE=número de indivíduos capturados/1.000 anzóis) para quatro tratamentos: iscas tingidas de azul + toriline (n=1.000 anzóis); iscas tingidas deazul, sem toriline (n=600 anzóis); iscas naturais + toriline (n=2.000 anzóis) e isca natural, sem toriline(n=1.200 anzóis).

Isca azul Isca natural

Com toriline Sem toriline Com toriline Sem toriline

Espadarte (Xiphias gladius) 14,0 3,3 10,0 5,8

Tubarão-azul (Prionace glauca) 9,0 6,7 7,5 7,5

Atuns (Thunnus spp.) 0 3,3 2,5 1,7

Outros peixes 4,0 3,3 2,5 0

Outros tubarões 3,0 0 1,0 3,3

CPUE total 30,0 16,7 23,5 18,3

Tabela 2 - Resultados dos testes de medidas mitigadoras de captura incidental realizados a bordo doNPq. Soloncy Moura, em 2003, expressos em taxas de Captura por Unidade de Esforço (CPUE=númerode indivíduos capturados/1.000 anzóis) para quatro tratamentos: iscas tingidas de azul + toriline (n=1.000anzóis); iscas tingidas de azul, sem toriline (n=600 anzóis); iscas naturais + toriline (n=2.000 anzóis) eisca natural, sem toriline (n=1.200 anzóis).

Isca azul Isca natural

Com toriline Sem toriline Com toriline Sem toriline

Albatroz-de-sobrancelha-negra T. melanophris 0 0 0 3,3

Tartaruga-cabeçuda Caretta caretta 0 0 0 0,8

Tartaruga-de-couro Dermochelys coriacea 0 1,7 0 0

CPUE total 0 1,7 0 4,2

Recentemente, articulações com aSeap, Ibama e o Projeto Albatroz possibilitaramque mecanismos de mitigação fossemincluídos em editais de fomento para aconstrução e modernização de embarcações,no âmbito do Profrota , da Seap. Por exemplo,no Edital Seap n° 5, de 01/12/2005, um dositens de pontuação é a inclusão de

mecanismos para reduzir a captura incidentalde aves e tartarugas marinhas namodalidade de espinhel pelágico, sendopontuadas as propostas que incluam o usode isca tingida e/ou anzóis redondos, paratodas as águas de jurisdição brasileiras, etoriline ou dispositivo de largada submersapara áreas ao sul de 20°S 8.

Pescado

Captura incidental

8 Ver http://200.198.202.145/seap/profrota.htm. Acesso em 18/12/2005.

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Parte 2PLANO DE CONSERVAÇÃO

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Objetivos

• Assegurar a viabilidade das colônias reprodutivas de Procellariiformes em territóriobrasileiro;

• Reduzir a captura incidental de aves pela pesca com espinhel para níveis mínimos,iguais ou inferiores a 0,001 ave/1.000 anzóis, fazendo com que o Brasil torne-seum agente significativo para a conservação de albatrozes e petréis que ocorremdentro e fora do seu território.

Objetivos específicos

Cada item recebeu um nível de prioridade e um prazo para que seja atingido.A escala de prioridades possui quatro níveis:

Essencial: quando o cumprimento é necessário para evitar um declínio populacionalque pode levar à extinção da espécie na natureza;

Alto: é necessário para evitar um declínio de >20% da população, em 20 anos ou menos;

Médio: um objetivo cujo cumprimento é necessário para evitar um declínio de até20% da população, em 20 anos ou menos;

Baixo: quando é preciso para prevenir declínios de populações locais ou quando seestima um pequeno impacto sobre populações, em uma grande área.

Os prazos para que cada objetivo específico seja alcançado têm seis categorias:

Imediato: deve ser alcançado dentro do próximo ano;Curto: entre 1 e 3 anos;Médio: entre 1 e 5 anos;Longo: entre 1 e 10 anos;Contínuo: que está sendo desenvolvido e que deve continuar;Completo: que foi alcançado durante a preparação deste plano de ação.

As ações associadas a estes objetivos podem ser revistas ou refeitas no futuro, deacordo com as circunstâncias.

Os prazos devem ser considerados a partir da publicação deste Planacap.

Metas e ações

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Espécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no BrasilEspécies que nidificam no Brasil

PPPPPardela-de-trindade ardela-de-trindade ardela-de-trindade ardela-de-trindade ardela-de-trindade Pterodroma arminjoniana.Pterodroma arminjoniana.Pterodroma arminjoniana.Pterodroma arminjoniana.Pterodroma arminjoniana.

Habita um local (Ilha da Trindade) que está sob o controle da Marinha do Brasil, oque faz com que qualquer iniciativa deva, necessariamente, envolver esta Instituição. Comoetapa preliminar para a implementação das ações propostas, recomenda-se que seja realizadauma reunião entre os representantes do MMA, Ibama, Marinha do Brasil, CIRM e MNRJ parao estabelecimento de uma parceria governamental em prol da conservação das aves marinhasdesta ilha e a de Martin Vaz. A formalização da parceria é pré-requisito para que os objetivossejam alcançados.

MANEJOObjetivo 1Evitar a introdução de ratos em Trindade e em Martin Vaz.

Açõesa) Publicação de instrumento normativo estabelecendo a obrigatoriedade de desratização

prévia e sua comprovação, para qualquer embarcação que fundeie nas proximidades(menos de 1 milha náutica) ou venha aportar nestas ilhas.Prioridade: altaPrazo: imediatoAtores: Ibama e Marinha do Brasil.

Objetivo 2Restaurar os habitats nativos em Trindade, restabelecendo a sua cobertura florestal.

Açõesa) Estabelecer em Trindade um viveiro de mudas produzidas a partir de sementes coletadas

na ilha ou de populações indicadas por especialistas.Prioridade: essencialPrazo: médioAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Mapear áreas passíveis de reflorestamento e espécies indicadas para cada uma delas.Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

c) Elaborar um plano de metas para o reflorestamento da ilha ao longo dos próximos dezanos.Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 3Erradicar espécies introduzidas que danificam habitats nativos em Trindade.

Açõesa) Eliminar as cabras que possam ter sobrevivido em Trindade.

Prioridade: essencial

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Prazo: imediatoAtores: Ibama e Marinha do Brasil.

b) Confirmar a extinção de gatos em Trindade, eliminando qualquer exemplar remanescente.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama e Marinha do Brasil.

c) Publicar instrumento jurídico proibindo a introdução, sem prévia anuência formal doIbama, de quaisquer animais ou plantas em Trindade e Martin Vaz.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, MMA e Marinha do Brasil.

Objetivo 4Evitar atividades que possam causar danos às populações de aves marinhas emTrindade e Martin Vaz.

Açõesa) Elaborar estratégias de conservação das aves marinhas, que sejam incorporadas às normas

de conduta e procedimentos para as atividades desenvolvidas nas ilhas, visando suacompatibilização com a recuperação das populações de aves marinhas.Prioridade: altaPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Criar uma UC abrangendo as ilhas de Trindade e Martin Vaz.Prioridade: altaPrazo: médioAtores: Ibama, MMA e Marinha do Brasil.

PESQUISA

Objetivo 1Avaliar e monitorar o status da pardela-de-trindade P. arminjoniana em Trindade eMartin Vaz.

Açõesa) Realizar censos das populações em Trindade e Martin Vaz.

Prioridade: médiaPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Estabelecer um programa para o monitoramento da sobrevivência anual de aves marcadase dos parâmetros reprodutivos da espécie em Trindade.Prioridade: médiaPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 2Definir a distribuição oceânica da espécie.

Açãoa) Implementar um projeto de rastreamento das aves, por satélite, para identificar áreas de

forrageamento e dispersão.

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90

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, Marinha do Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

PPPPPardela-de-asa-larga ardela-de-asa-larga ardela-de-asa-larga ardela-de-asa-larga ardela-de-asa-larga PPPPPuffinus lherminieriuffinus lherminieriuffinus lherminieriuffinus lherminieriuffinus lherminieri

Esta espécie ocorre no Brasil em duas localidades bastante distintas: em Fernandode Noronha e nas ilhas Itatiaia, em Vila Velha/ES. As colônias de Fernando de Noronha estãona área do Parna Marinho de Fernando de Noronha e também há a possibilidade de ocorreremna APA adjacente. Dessa forma, as ações recomendadas devem ser inseridas nos planos demanejo das unidades. As ilhas Itatiaia não têm status de área protegida.

MANEJO

Objetivo 1Assegurar maior status de proteção às ilhas Itatiaia, áreas sob a administração daSPU.

Ação a) Criar uma UC abrangendo as ilhas Itatiaia e o entorno imediato.

Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, MMA, SPU, Prefeitura Municipal de Vila Velha/ES, instituições de ensinoe pesquisa e ONGs.

Objetivo 2Evitar que predadores introduzidos tenham acesso às colônias reprodutivas emFernando de Noronha e nas ilhas Itatiaia.

Açõesa) Controlar o desembarque nas ilhas ocupadas pela espécie, assegurando a atracação apenas

de embarcações sem possibilidade de transportarem roedores.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, Governo de Pernambuco, Prefeitura Municipal de Vila Velha/ES, Marinhado Brasil, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Implementar medidas de monitoramento que permitam a detecção rápida de ratos nasilhas Itatiaia (Vila Velha), Morro do Leão e Morro da Viuvinha (Fernando de Noronha).Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

c) Eliminar os ratos introduzidos em Fernando de Noronha e nas ilhas-satélites e realizar ocontrole dos mesmos, utilizando estações permanentes de iscas com rodenticidas.Prioridade: essencialPrazo: longoAtores: Ibama, Governo de Pernambuco, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

d) Eliminar os lagartos teiús ou tejos Tupinambis merianae de Fernando de Noronha. Osmétodos de controle não devem prejudicar o lagarto endêmico Euprepis atlanticus(=Mabuya maculata).

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Prioridade: essencialPrazo: longoAtores: Ibama, Governo de Pernambuco, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 3Erradicar os predadores introduzidos em Fernando de Noronha.

Açõesa) Eliminar completamente cães e gatos ferais de Fernando de Noronha.

Prioridade: essencialPrazo: longoAtores: Ibama, Governo de Pernambuco, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Realizar uma campanha de identificação e esterilização dos cães e gatos pertencentesaos residentes na ilha.Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, Governo de Pernambuco, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

c) Proibir o embarque de novos cães e gatos nas aeronaves e embarcações destinadas àFernando de Noronha, de preferência por meio de instrumento jurídico.Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, MMA, Infraero, Governo de Pernambuco e Marinha do Brasil.

d) Estabelecer um programa permanente de monitoramento e eventual controle daspopulações de ratos e lagartos teiús Tupinambis merianae, na área do Parna Marinho deFernando de Noronha e da APA de Fernando de Noronha, com o objetivo de impedirrecolonizações.Prioridade: essencialPrazo: longo (e que deve ser mantido continuamente).Atores: Ibama, Governo de Pernambuco, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

PESQUISA

Objetivo 1Buscar novas colônias reprodutivas da espécie.

Açãoa) Realizar levantamentos com o auxílio de play-back e inspeção de cavidades nas ilhas-

satélite de Fernando de Noronha e áreas promissoras da ilha principal (como áreas deblocos caídos na Ponta da Sapata).Prioridade: médiaPrazo: médioAtores: Ibama, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 2Avaliar se a disponibilidade de sítios de nidificação (cavidades) é um fator limitante paraa espécie nas ilhas Itatiaia e em Fernando de Noronha.

Açãoa) Realizar experimentos com cavidades artificiais para avaliar se elas são ocupadas por

novos pares reprodutivos, aumentando as populações locais.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Prioridade: médiaPrazo: médioAtores: Ibama, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 3Monitorar as colônias da espécie.

Açãoa) Implantar um projeto de monitoramento dos ninhos conhecidos nas ilhas Itatiaia e em

Fernando de Noronha.Prioridade: altaPrazo: longo (e que deve ser mantido continuamente).Atores: Ibama, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Espécies visitantes que interagem com a pescaEspécies visitantes que interagem com a pescaEspécies visitantes que interagem com a pescaEspécies visitantes que interagem com a pescaEspécies visitantes que interagem com a pesca

Ao contrário do que ocorre com as espécies nidificantes – que por se reproduziremem locais diferentes requerem distintas atividades de conservação e manejo –, as espéciesvisitantes interagem de forma semelhante com a pesca e, portanto, as atividades de manejosão as mesmas para todas as espécies.

As medidas propostas estão baseadas em quatro linhas principais:

· Normatização da obrigatoriedade do uso de medidas mitigadoras;· Estabelecimento de medidas de incentivo à adoção de tais medidas;· Monitoramento desta adoção por meio de um sólido programa de observadores

de bordo;· Desenvolvimento de atividades educativas voltadas principalmente aos pescadores

embarcados.

Adicionalmente, essas atividades devem considerar também ações para evitar acaptura de tartarugas marinhas, ou a mortalidade dos indivíduos eventualmente capturados.

MANEJO

Objetivo 1Fornecer respaldo legal à obrigatoriedade de uso de medidas mitigadoras para evitara captura incidental de aves marinhas na pesca com espinhel.

Açõesa) Elaborar e promulgar normas regulamentando o uso de medidas mitigadoras em todas as

embarcações que utilizem espinhéis. A legislação deve determinar combinações demetodologias para embarcações que não utilizem iscas artificiais. Tais medidas deverãoser obrigatórias para todos os barcos nacionais e arrendados, considerando-se asespecificidades de cada modalidade de pesca:

Espinhel pelágico (meca e atum) – isca azul e largada noturna, combinadas com uma oumais das seguintes medidas: toriline, lançamento lateral, configurações de linhas secundáriasque maximizem seu afundamento e limitação dos descartes.

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9393

Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Espinhel de fundo – combinações de duas ou mais das seguintes medidas: uso de iscadescongelada, configurações de linhas secundárias que maximizem seu afundamento,toriline, isca azul, lançamento lateral e limitação dos descartes.

Espinhel boiado (dourado) – deve ser realizado um diagnóstico para o estabelecimentode medidas mitigadoras.

Observação: poderão ser identificadas/definidas outras medidas mitigadoras.

Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, MMA, Seap, MRE, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa eONGs.

b) Incorporar na política de renovação da frota nacional testes voltados à introdução e/oumedidas de incentivo à adoção de mecanismos de largada submersa ou largada lateralpara embarcações de espinhel, bem como a construção de esteiras para descarte derejeitos do processamento do pescado pelo bordo oposto ao lançamento do espinhel.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, MMA, Seap, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 2Buscar formas de incentivo à adoção de medidas mitigadoras por meio da certificação,com a possível agregação de valor do pescado capturado com o uso das mesmas.

Açãoa) Incentivar a certificação do pescado capturado com o uso de medidas mitigadoras,

atribuindo-lhe um selo seabird friendly ou “capturado sem danos às aves marinhas”.Prioridade: altaPrazo: médioAtores: Ibama, Seap, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 3Implantação de um programa nacional de observadores treinados em cursos deformação específicos e com reconhecimento legal da função, como mecanismo decontrole e avaliação do uso de medidas mitigadoras e sua eficiência, de acordo com oPrograma Nacional de Observadores de Bordo – Probordo, da Seap.

Açõesa) Regulamentar a função de observador de bordo, definindo o perfil do profissional, suas

obrigações e atividades.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, MMA e Seap.

b) Definir os conteúdos metodológicos dos cursos de treinamento dos observadores (Manualdo Observador de Bordo), para que eles incorporem tópicos específicos sobre aidentificação e a coleta de dados sobre aves e tartarugas marinhas, bem como osprocedimentos para a certificação do pescado.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

c) Promover cursos por meio da Seap e do Ibama, em convênio com instituições executoras,nos quais o observador seja treinado para a realização do trabalho nos preceitos doobservador/educador. O credenciamento de observadores será atribuição das instituiçõesexecutoras, com chancela da Seap, visando ao reconhecimento legal da função.Prioridade: essencialPrazo: imediatoAtores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

d) Manter um sistema unificado de informação sobre os observadores e a frota monitorada,alimentado com os dados gerados pelos observadores. O gerenciamento do sistema deveser realizado pela Seap, por meio das instituições executoras e do Ibama. Este último como apoio dos seus centros especializados. Deve haver previsão para a construção de umsistema de informações integrado.Prioridade: altaPrazo: curtoAtores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

e) Incluir a obrigatoriedade da coleta de dados relacionados à captura incidental de espéciesdas listas oficiais de animais ameaçados de extinção (aves, tartarugas, cetáceos e outros),incluindo o recolhimento e a conservação de carcaças de aves, obtenção de dadosbiológicos das mesmas e o envio às instituições de pesquisa/museus. O Ibama, por meioda Cofau, deverá também receber os dados coletados.Prioridade: altaPrazo: curto (e que deve ser mantido continuamente).Atores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

f) Criar um organismo interinstitucional (comitê ou conselho) para atender as demandasreferentes ao programa de observadores de bordo na frota pesqueira brasileira (barcosarrendados e nacionais). Esse organismo deverá ter representantes do Ibama, MMA, Seap,setor produtivo, grupo de trabalho para a conservação de albatrozes e petréis, dos projetosde conservação, comitês científicos de gestão de recursos pesqueiros, das associações derepresentação de observadores de bordo legalmente constituídas, das instituições de ensinoe pesquisa e das ONGs.

O papel desse organismo será o de assessorar a Seap na gestão dos assuntos relacionadosao Programa Nacional de Observadores de Bordo, com as seguintes atribuições:

• Avaliar estratégias, prioridades e procedimentos de monitoramento a bordo e sugerirajustes quando necessário;

• Dar apoio à definição das estratégias operacionais e ao credenciamento de observadores,sugerindo critérios de seleção;

• Analisar os dados e informações coletadas e elaborar relatórios técnicos sobre o programa.

Prioridade: médiaPrazo: médioAtores: Ibama, MMA e Seap.

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Objetivo 4Cobertura de 100% da frota arrendada de espinheleiros, por observadores,imediatamente após a publicação do Planacap, de acordo com o que prevê o Probordo,e de uma porcentagem de cobertura, para a frota nacional, a ser definida pelo Comitê-Gestor do Probordo.

Açãoa) Elaborar norma definindo critérios e mecanismos para a seleção de pescarias nacionais

que deverão ser monitoradas por observadores.Prioridade: essencialPrazo: curtoAtores: Ibama, MMA e Seap.

Observação: as ações previstas neste item dependem da implantação do programa deobservadores de bordo, como previsto no Objetivo 3.

Objetivo 5Avaliar a interação de outras modalidades de pesca, além das já mencionadas, comas aves marinhas.

Açõesa) Realizar embarques de observadores para a obtenção dessas informações, avaliando o

número de aves mortas por unidade de esforço, e a composição específica.

b) Compilar as informações já obtidas por observadores.

c) Com base nas informações obtidas, propor ações de manejo.

Prioridade: altaPrazo: médio (e que deve ser mantido continuamente).Atores: Ibama, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 6Estabelecer mecanismos voltados ao desenvolvimento de atividades educativas e dedivulgação da importância da conservação das aves marinhas, especialmente parapescadores ligados à pesca com espinhel.

Açãoa) Desenvolver projetos de educação ambiental nas seguintes linhas de atuação:

• Criação de metodologia de educação ambiental específica para todas as partes envolvidasna pesca de espinhel;

• Incentivos para que pescadores de espinhel utilizem medidas mitigadoras;• Desenvolvimento de atividades e produtos para promover a conscientização, educação

e capacitação dos pescadores, assim como a conservação do ambiente marinho;• Promoção da alfabetização e educação formal integral entre os pescadores das empresas

de pesca dos principais portos brasileiros;• Formação e capacitação de profissionais que atuem dentro da área da pesca, visando ao

desenvolvimento de técnicas e conhecimento que fortaleçam os valores éticos depreservação ambiental e de cidadania;

• Promoção da mentalidade marítima na população brasileira, ampliando a visibilidade sobreos potenciais socioambiental e econômicos, alertando a sociedade para a necessidade daadministração responsável e compartilhada dos espaços e recursos marinhos.

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Prioridade: altaPrazo: médio (e que deve ser mantido continuamente).Atores: Ibama, MMA, Seap, MEC, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

PESQUISA

Objetivo 1Aprimoramento do conhecimento das áreas críticas quanto à captura de aves naspescarias com espinhel, nas quais deverá ser requerida a utilização de medidasmitigadoras complementares.

Açãoa) Realizar pesquisas sobre a distribuição oceânica das espécies de albatrozes e petréis

ameaçados, identificando áreas preferenciais de alimentação onde ocorrem concentraçõesde aves, a dinâmica sazonal das concentrações e sua sobreposição com as áreas de pesca.Prioridade: altaPrazo: longoAtores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 2Estudar aspectos da biologia de aves marinhas vulneráveis às pescarias.

Açãoa) Realizar pesquisas sobre a ecologia e o comportamento alimentar das espécies de albatrozes

e petréis, identificando características, situações, períodos e áreas mais vulneráveis àcaptura incidental.Prioridade: altaPrazo: longoAtores: Ibama, Seap, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

Objetivo 3Desenvolver medidas mitigadoras mais efetivas ou aprimorar medidas já existentes,avaliando sua eficácia.

Açõesa) Realizar pesquisas para o desenvolvimento de medidas mitigadoras simples e facilmente

aplicáveis.Prioridade: altaPrazo: médioAtores: Ibama, Seap, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

b) Pesquisar configurações de pesos nas linhas que resultem em taxas de submersão maisrápidas e menor taxa de captura de aves.Prioridade: altaPrazo: médioAtores: Ibama, Seap, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

c) Pesquisar métodos de largada submersa, gerando tecnologia para projetos de novasembarcações, incorporando tais dispositivos.Prioridade: altaPrazo: médioAtores: Ibama, Seap, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e ONGs.

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Apêndice I: Relação de Apêndice I: Relação de Apêndice I: Relação de Apêndice I: Relação de Apêndice I: Relação de linkslinkslinkslinkslinks para acessar NPOAs e políticas para acessar NPOAs e políticas para acessar NPOAs e políticas para acessar NPOAs e políticas para acessar NPOAs e políticasde conservação de Pde conservação de Pde conservação de Pde conservação de Pde conservação de Procellariiformes, no exteriorrocellariiformes, no exteriorrocellariiformes, no exteriorrocellariiformes, no exteriorrocellariiformes, no exterior.....

Os seguintes países têm frotas pesqueiras de espinhel que capturam (ou suspeita-seque capturam), acidentalmente, Procellariiformes: África do Sul, Angola, Argentina, Austrália,Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, Finlândia,França, Islândia, Japão, Madagascar, México, Moçambique, Namíbia, Noruega, Nova Zelândia,Panamá, Peru, Reino Unido, Rússia, Suécia, Taiwan, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã.

Para os países abaixo listados, obteve-se informações quanto às políticas de conservação deProcellariiformes, incluindo elaboração de NPOAs (países com NPOAs já elaborados estãoassinalados com um asterisco). Para os demais, não há informações disponíveis.

ÁFRICA DO SUL*http://www.environment.gov.za/PolLeg/GenPolicy/2003jan08/SA-NPOA_2.pdf

ARGENTINANão iniciou a elaboração de seu NPOA, o que é esperado para 2006, coordenado pela ONGAves Argentinas (Parceira da Birdlife na Argentina) (Esteban Frere1 in litt.). http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/007/y5742e/y5742e00.htm

AUSTRÁLIA *http://www.deh.gov.au/biodiversity/threatened/publications/recovery/albatrosshttp://www.afma.gov.au/information/publications/fishery/baps/docs/antbap03.pdfhttp://www.deh.gov.au/biodiversity/threatened/publications/tap/longline/

CHILE *Já escrito e em processo de publicação (Carlos A. Moreno2 in litt.). http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/007/y5742e/y5742e00.htm

ESTADOS UNIDOS *http://www.fakr.noaa.gov/protectedresources/seabirds/npoa/npoa.pdfhttp://ecos.fws.gov/docs/recovery_plans/2005/051027.pdf

JAPÃO *ftp://ftp.fao.org/FI/DOCUMENT/IPOAS/national/japan/NPOA-seabirds.pdf

NOVA ZELÂNDIA *http://www.doc.govt.nz/Conservation/001~Plants-and-Animals/004~Seabirds/002~National-Plan-of-Action-to-Reduce-Catch-of-Seabirds-in-NZ-Fisheries/index.asp

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PERUhttp://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/007/y5742e/y5742e00.htm

REINO UNIDO (ilhas Falklands/Malvinas e Georgias do Sul) *http://www.falklandsconservation.com/March_2004_FI_NPOA-Longline.pdf

TAIWANEm processo de elaboração.

UCRÂNIAAté o presente, a frota de espinhel ucraniana é composta por apenas um barco (“Mellas”),que opera na área 41 da FAO capturando o “patagonian toothfish” (Dissostichus eleginoides).Esta embarcação opera segundo as medidas de conservação indicadas pela CCAMLR no queconcerne à pesca com espinhel. Tendo em vista este quadro, a Ucrânia não prevê a elaboraçãode um NPOA (Dr. Volodymyr Herasymchuk3 in litt.).

URUGUAIAinda não elaborou seu NPOA, o que será iniciado em fevereiro de 2006, por meio daDinara (“Dirección Nacional de Recursos Acuáticos”, vinculada ao “Ministerio de Ganadería,Agricultura y Pesca”). Participarão da elaboração, entre outros, ONGs (como Aves Uruguay eAveraves) e setor pesqueiro, com a intenção de produzir um documento preliminar aindaem 2006. Já existem normas regulando algumas pescarias que capturam aves e hámonitoramento, que é utilizado para a avaliação de novas pescarias (Yamandú Marin4 inlitt.).http://www.fao.org/documents/show_cdr.asp?url_file=/docrep/007/y5742e/y5742e00.htm

Todos os acessos aos documentos acima foram realizados em 18/12/2005.

1 Coordenador do Programa de Aves Marinhas da Birdlife para a América do Sul.2 Professor na Universidade Austral do Chile.3 Chefe da Divisão de Cooperação Internacional do Departamento de Estado para a Pesca da

Ucrânia.4 Setor de Tecnologia Pesqueira, Dinara, Uruguai.

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Um táxon está Extinto quando não há dúvida de que o último indivíduo morreu. Presume-seque um táxon esteja Extinto quando estudos exaustivos em seu habitat conhecido e/ouesperado, em períodos apropriados (diurno, sazonal, anual), ao longo de sua distribuiçãohistórica, falharam em registrar um único espécime. Os estudos devem ser conduzidos emuma escala de tempo apropriada ao ciclo e à forma de vida do táxon.

Extinto na Natureza (Extinct in the Wild) – EWUm táxon está Extinto na Natureza quando somente são conhecidos espécimes cultivados,em cativeiro ou com uma ou mais populações naturalizadas vivendo muito afastadas de suadistribuição histórica. Presume-se que um táxon está Extinto na Natureza quando estudosexaustivos em seu habitat conhecido e/ou esperado, em períodos apropriados (diurno, sazonal,anual), considerando-se sua distribuição histórica, falharam em registrar um único espécime.Os estudos devem ser conduzidos em uma escala de tempo apropriada ao ciclo e à forma devida do táxon.

Criticamente em Perigo (Critically Endangered) – CRUm táxon está Criticamente em Perigo quando as melhores evidências possíveis indicamque ele se enquadra em qualquer um dos critérios de A a E para Criticamente em Perigo(Apêndice III) e, portanto, encontra-se em risco extremamente alto de extinção na natureza.

Em Perigo (Endangered) – ENUm táxon está Em Perigo quando as melhores evidências possíveis indicam que ele se enquadraem qualquer um dos critérios de A a E para Em Perigo (Apêndice III) e, portanto, encontra-seem risco muito alto de extinção na natureza.

Vulnerável (Vulnerable) – VUUm táxon está Vulnerável quando as melhores evidências possíveis indicam que ele se enquadraem qualquer um dos critérios de A a E para Vulnerável (Apêndice III) e, portanto, encontra-seem risco alto de extinção na natureza.

Apêndice II: categorias da IUCN para aApêndice II: categorias da IUCN para aApêndice II: categorias da IUCN para aApêndice II: categorias da IUCN para aApêndice II: categorias da IUCN para aelaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhas

Traduzido a partir da versão 3.1da IUCN (2004).

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Apêndice III: categorias e critérios da IUCN para aApêndice III: categorias e critérios da IUCN para aApêndice III: categorias e critérios da IUCN para aApêndice III: categorias e critérios da IUCN para aApêndice III: categorias e critérios da IUCN para aelaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhaselaboração de listas vermelhas

Compilado de Machado et al. (2005).

Redução populacional (ob-servada, estimada, inferidaou suspeita) com base emqualquer um dos itens abai-xo.

1-Redução já ocorrida. Cau-sas de redução reversí-veis, bem conhecidas e jáausentes. Taxa de redu-ção de:

2-Redução já ocorrida. Cau-sas de redução ainda atu-antes ou pouco conheci-das ou irreversíveis. Taxade redução de:

3-Redução projetada paraos próximos 10 anos outrês gerações. Taxa de re-dução de:

4-Redução já ocorrida e pro-jetada envolvendo períodode 10 anos ou três gera-ções. Taxa de redução de:

a-Observação direta

b-Índice de abundânciaapropriado para o táxon

c-Declínio na área deocupação, extensão daocorrência e/ouqualidade do habitat

d-Níveis reais ou potenci-ais de exploração

e-Efeitos da introdução detaxa, hibridização, pató-genos, poluentes, com-petidores ou parasitas

50% em dez anos ou emtrês gerações

Maior ou igual a 30%

Maior ou igual a 30%

Maior ou igual a 30%

70% em dez anos ou emtrês gerações

Maior ou igual a 50%

Maior ou igual a 50%

Maior ou igual a 50%

90% em dez anos ou emtrês gerações

Maior ou igual a 80%

Maior ou igual a 80%

Maior ou igual a 80%

Critérios Vulnerável Em Perigo Criticamente em Perigo

A. População em declíneo

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

B. Distribuição restrita e declínio ou flutuação

1-Extensão da ocorrência:

2-ou área de ocupação:e pelo menos duas das trêscaracterísticas a seguir:

a-Distribuição geográficaaltamente fragmentada.Táxon assinalado em:

b-Diminuição contínua em:(i)Extensão da ocorrência(ii)Área de ocupação(iii)Área, extensão e/ou

qualidade do habitat(iv)Número de localidades

ou subpopulações(v)Número de indivíduos

adultos

c-Flutuações extremas nadistribuição geográfica

< 20.000 km2

< 2.000 km2

Não mais que 10localidades

Qualquer taxa

Qualquer taxa

< 5.000 km2

< 500 km2

Não mais que 5 localidades

Qualquer taxa

Qualquer taxa

< 100 km2

< 10 km2

1 só localidade

Qualquer taxa

Qualquer taxa

Critérios Vulnerável Em Perigo Criticamente em Perigo

C. Tamanho populacional reduzido e em declínio

Populações estimadas em:e uma das seguintes situa-ções:

1-Declínio populacionalcontínuo estimado:

2-Declínio populacionalcontínuo e pelo menos umadas seguintes situações:

a-Populações estruturadasda seguinte forma:

(i)Nenhumasubpopulação commais de:

(ii)Número de indivíduosem uma subpopulação:

b-Flutuaçõespopulacionaisextremas

< 10.000

10% em 10 anos ou 3gerações

1.000

100%

Qualquer taxa

< 2.500

20% em 5 anos ou 2gerações

250

Pelo menos 95%

Qualquer taxa

< 250

25% em 3 anos ou 1geração

50

Pelo menos 90%

Qualquer taxa

D. Tamanho populacional reduzido e restrito

Número de indivíduos madu-ros:Ou para a categoria Vulne-rável (2):

< 1.000 (1)

Área de ocupação de 20km2 ou 5 ou menoslocalidades, de modoque o táxon pode serafetado por atividadesantrópicas ou eventosestocásticos em períodomuito curto de tempo,podendo assim tornar-se Criticamente emPerigo ou mesmo Extinto.

< 250

(Não aplicável)

< 50

(Não aplicável)

E. Análise quantitativa

Mostrando que a probabilidade de extinção na natureza é de pelo menos 10%, em 10 anos.

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Apêndice IVApêndice IVApêndice IVApêndice IVApêndice IV: Mapas da evolução do esforço de pesca das frotas arrendada e: Mapas da evolução do esforço de pesca das frotas arrendada e: Mapas da evolução do esforço de pesca das frotas arrendada e: Mapas da evolução do esforço de pesca das frotas arrendada e: Mapas da evolução do esforço de pesca das frotas arrendada enacional de espinhel pelágico, entre 1998 e 2002, considerando os meses denacional de espinhel pelágico, entre 1998 e 2002, considerando os meses denacional de espinhel pelágico, entre 1998 e 2002, considerando os meses denacional de espinhel pelágico, entre 1998 e 2002, considerando os meses denacional de espinhel pelágico, entre 1998 e 2002, considerando os meses deverão (outubro a abril) e inverno (maio a setembro).verão (outubro a abril) e inverno (maio a setembro).verão (outubro a abril) e inverno (maio a setembro).verão (outubro a abril) e inverno (maio a setembro).verão (outubro a abril) e inverno (maio a setembro).

Preparação dos mapas: Guilherme Maurutto (Tamar/Pesca).Subsídio à preparação: dados oficiais apresentados pelo Brasil à ICCAT, compilados

por Fábio Hazin e Paulo Travassos (UFRPE).

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (inverno/1998)

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (verão/1998)

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (inverno/1999)

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (verão/1999)

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (inverno/2000)

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (verão/2000)

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (inverno/2001)

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (verão/2001)

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (inverno/2002)

Esforço de pesca da frota espinheleira arrendada (verão/2002)

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (inverno/1998)

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (verão/1998)

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (inverno/1999)

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (verão/1999)

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (inverno/2000)

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (verão/2000)

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Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (inverno/2001)

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (verão/2001)

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (inverno/2002)

Esforço de pesca da frota espinheleira nacional (verão/2002)

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Apêndice VApêndice VApêndice VApêndice VApêndice V: P: P: P: P: Portaria de criação do Grupo de Tortaria de criação do Grupo de Tortaria de criação do Grupo de Tortaria de criação do Grupo de Tortaria de criação do Grupo de Trabalho para arabalho para arabalho para arabalho para arabalho para aConservação dos Albatrozes e PConservação dos Albatrozes e PConservação dos Albatrozes e PConservação dos Albatrozes e PConservação dos Albatrozes e Petréisetréisetréisetréisetréis

PORTARIA n° 55/04-N, de 01/06 2004.

O Presidente do INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOSNATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA, no uso das atribuições previstas no art. 24, Anexo I, daEstrutura Regimental aprovada pelo Decreto n° 4.756, de 20 de junho de 2003, e art. 95,item VI do Regimento Interno aprovado pela Portaria GM/MMA n° 230, de 14 de maio de2002;

Considerando que das 113 espécies de albatrozes e petréis conhecidas, 43 (38%)utilizam a Zona Econômica Exclusiva do Brasil e, dessas, 19 interagem diretamente com apesca com espinhel, nove sofrem mortalidade acidental, sendo que destas, uma é consideradacriticamente em perigo, duas são em perigo de extinção, quatro como vulneráveis e duascomo quase ameaçadas, segundo os critérios da União Internacional para a Conservação daNatureza e dos Recursos Naturais – IUCN;

Considerando o Plano Internacional para a Redução da Captura Acidental deAlbatrozes e Petréis com a Pesca com Espinhel, desenvolvido e proposto pela Organizaçãodas Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO, em 1998, e a crescentepreocupação internacional sobre a questão;

Considerando a adesão do Brasil ao Acordo Internacional para a Conservação deAlbatrozes e Petréis, em junho de 2001; e

Considerando os resultados do I Workshop Brasileiro sobre a Conservação de AvesMarinhas, realizado pelo Ibama em outubro de 2001, e ainda como parte da Estratégia Brasileirapara a Conservação de Albatrozes e Petréis,

RESOLVE:

Art.1º Criar o Grupo de Trabalho para a Conservação dos Albatrozes e Petréis, coma seguinte composição:

I) Representantes do Poder Executivo:

a) O Coordenador da Coordenação-Geral de Fauna – CGFAU/Difap/Ibama;b) O Coordenador da Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna – Cofau/

CGFAU/Difap/Ibama;c) um representante da Coordenação-Geral de Gestão de Recursos Pesqueiros –

CGREP/Difap/Ibama;d) um representante do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves

Silvestres – Cemave/Ibama;e) um representante da Gerência Executiva do Ibama/SP;

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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

f) um representante do Ministério do Meio Ambiente – MMA – Programa Revizee;g) um representante da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência

da República – Seap/PR;h) um representante da Divisão do Meio Ambiente – Dema/MRE.

II) Representante de Entidades de Classe:

a) um representante da Confederação Nacional de Pescadores – Conepe;

III) Especialistas:

a) Alexandre Filippini;b) Carolus Maria Vooren;c) Edison Barbieri;d) Fábio Olmos Correa Neves;e) Jules Marcelo Rosa Souto;f) Tatiana da Silva Neves

Art. 2o O Grupo de Trabalho para a Conservação de Albatrozes e Petréis, de caráterconsultivo, será presidido pela Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, por meio doCoordenador da Coordenação-Geral de Fauna – CGFAU/Difap/Ibama, que, em caso deimpedimento, será substituído pelo Coordenador da Coordenação de Proteção de Espéciesda Fauna – Cofau/CGFAU/Difap/Ibama, e secretariado por Tatiana Neves.

Art.3o O Grupo de Trabalho terá prazo de validade de 02 (dois) anos, a partir da datada publicação desta Portaria.

Art.4o As ações e demais competências do Grupo de Trabalho serão contempladasno regimento publicado anexo a esta Portaria.

Art.6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MARCUS LUIZ BARROSO BARROSPresidente

Publicado no Diário Oficial da União de 02/06/2004, Seção 1, Página 67.